antroponímia em língua umbundu no bié: nomes portugueses e

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e umbundu MÁRIO VICOMO AFONSO Tese orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Linguística. 2020

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Page 1: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS

Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes

portugueses e umbundu

MÁRIO VICOMO AFONSO

Tese orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira, especialmente

elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Linguística.

2020

Page 2: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS

Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes

portugueses e umbundu

MÁRIO VICOMO AFONSO

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM LINGUÍSTICA

2020

Page 3: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e
Page 4: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

I

ÍNDICE LISTAS DE FIGURAS ____________________________________________________ III

LISTAS DE TABELAS ____________________________________________________ IV SÍMBOLOS FONÉTICOS, CONVENÇÕES E DIACRÍTICOS ___________________ V

ABREVIATURAS _______________________________________________________ VII AGRADECIMENTOS ___________________________________________________ VIII

RESUMO ________________________________________________________________ IX ABSTRACT ______________________________________________________________ X

INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 1 CAPÍTULO I

BREVE RESENHA HISTÓRICA ____________________________________________ 3 Os Ovimbundu ______________________________________________________ 3

1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história ____________________________ 3 1. Localização geográfica dos Ovimbundu __________________________________ 9

O Bié ______________________________________________________________ 13 2.1. A origem do Bié: lenda e história ____________________________________ 13

2.2. Localização geográfica do Bié _______________________________________ 18 A língua: umbundu __________________________________________________ 20

3.1. O alfabeto umbundu _______________________________________________ 28 3.2. Particularidades da língua umbundu _________________________________ 33

3.3. Particularidades dos nomes umbundu ________________________________ 42 As tradições ________________________________________________________ 48

4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte _____________________________ 48 4.2. Estrutura familiar e sucessão _______________________________________ 53

4.3. Atribuição dos nomes ______________________________________________ 56 CAPÍTULO II

ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA UMBUNDU ____________ 60 O sistema antroponímico português ____________________________________ 60

1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido) _________________ 63 1.2. Evolução do sistema _______________________________________________ 68

1.3. O sistema atual ___________________________________________________ 73

Page 5: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

II

O sistema antroponímico Bantu _______________________________________ 77

2.1. O sistema umbundu _______________________________________________ 79 2.2. A escolha dos nomes _______________________________________________ 83

Influência europeia no sistema antroponímico de Angola __________________ 84 Caraterísticas e composição dos antropónimos do Bié _____________________ 92

CAPÍTULO III ___________________________________________________________ 99 ANÁLISE DOS DADOS ___________________________________________________ 99

1. OBJECTIVOS ______________________________________________________ 99 2. METODOLOGIA __________________________________________________ 101

3. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS __________ 104 3.1. Resultados estatísticos ___________________________________________ 104 3.2. Constituição de nomes nos registos da Conservatória e da Igreja __________ 106 3.3. Constituição de nomes por década nos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié ___________________________________________ 109 3.4. Frequência dos nomes nos registos da Conservatória e da Igreja Congregacional

no Bié _________________________________________________________ 111 3.5. Frequência dos primeiros nomes dos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié ___________________________________________ 114 3.6. Frequência dos segundos nomes dos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié ___________________________________________ 116 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ___________________________________ 117

5. SÍNTESE _________________________________________________________ 124 CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 126 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 128

APÊNDICES ____________________________________________________________ 136 Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu _________ 136 Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié ____________ 145 Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes _____________________ 146 Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié ________________ 147 Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié ____________________________ 148 Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90 ____________ 185

ANEXOS _______________________________________________________________ 211 Anexo 1- Carta para autorização de recolha de dados _______________________ 211 Anexo 2- Carta de autorização de recolha de dados da Comissão Multissetorial __ 212 Anexos 3- Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de outubro sobre a composição dos nomes

angolanos _________________________________________________ 213

Page 6: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

III

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1- Processo migratório dos povos Bantu ___________________________________ 4

Figura 2- Mapa geográfico de Angola ___________________________________________ 8

Figura 3- Mapa dos reinos Ovimbundu- século XIX _______________________________ 9

Figura 4- A dinastia do reino Viye ____________________________________________ 15

Figura 5- Mapa geográfico e etnográfico de Angola _______________________________ 17

Figura 6- Mapa geográfico do Bié _____________________________________________ 19

Figura 7- Classificação das línguas Bantu _______________________________________ 22

Figura 8- Mapa geográfico e linguístico de Angola _______________________________ 24

Figura 9- Línguas faladas em Angola __________________________________________ 25

Figura 10- Línguas mais faladas em casa, distrito do Bié ___________________________ 26

Figura 11- Representação ortográfica dos sons africanos ___________________________ 29

Figura 12- Representação fonemática e ortográfica do umbundu _____________________ 31

Figura 13- Estrutura familiar dos Ovimbundu ___________________________________ 54

Figura 14- Relação familiar entre tios, tias, sobrinhos e netos _______________________ 54

Figura 15- Nomes masculinos mais frequentes nos processos da inquisição de Lisboa entre 74

Figura 16- Nomes femininos mais frequentes nos processos da inquisição entre ________ 75

Figura 17- Origem dos nomes próprios e apelidos e alcunhas na antroponímia umbundu __ 82

Figura 18- Composição dos nomes nas ex-colónias portuguesas em África ____________ 87

Figura 19- Origem dos nomes próprios e apelidos na antroponímia do Bié _____________ 98

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1- Nasalização obrigatória na língua umbundu ____________________________ 32

Quadro 2- Exemplos de semelhança lexical entre tchokwe e umbundu ________________ 34

Quadro 3- Prefixos nominais do umbundu ______________________________________ 36

Quadro 4- Prefixos nominas compostos ________________________________________ 43

Quadro 5- Prefixos e pré-prefixos do umbundu __________________________________ 46

Quadro 6- Terminologia de consanguinidade dos Ovimbundu ______________________ 55

Quadro 7- Antropónimos aportuguesados _______________________________________ 91

Page 7: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

IV

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Composição dos nomes do Registo da Conservatória do Bié ______________ 106

Gráfico 2- Composição dos nomes do Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié

_______________________________________________________________________ 107

Gráfico 3- Composição dos nomes nos dois Registos _____________________________ 107

Gráfico 4- Sistema de nomes mais frequentes na antroponímia do Bié, 1976-2000 ______ 108

Gráfico 5- sistema antroponímico do Bié por décadas ____________________________ 109

Gráfico 6- Sistema de nomes mais frequentes do Registo de Batismo da Igreja

Congregacional do Bié em 3 décadas __________________________________________ 110

Gráfico 7- Sistema de nomes mais frequentes nos dois registos da antroponímia do Bié entre

as décadas de 70, 80 e 90 ___________________________________________________ 111

Gráfico 8- Frequentes dos nomes próprios e apelidos no Registo da Conservatória do Bié 112

Gráfico 9- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes do Registo de

Batismo da Igreja Congregacional do Bié ______________________________________ 112

Gráfico 10- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes dos Registos da

Conservatória do Bié e da Igreja Congregacional do Bié __________________________ 113

Gráfico 11- Frequência dos prenomes femininos nos Registos da Conservatória do Bié e da

Igreja Congregacional do Bié ________________________________________________ 114

Gráfico 12- Frequência dos prenomes masculinos nos Registos da Conservatória do Bié e da

Igreja Congregacional do Bié ________________________________________________ 115

Gráfico 13- Frequência dos segundos nomes nos Registos da Conservatória do Bié e da Igreja

Congregacional do Bié _____________________________________________________ 116

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1- Dados do Registo de batismo da Igreja Evangélica ______________________ 104

Tabela 2- Dados do registo de nascimento da Conservatória do Bié _________________ 105

Page 8: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

V

SÍMBOLOS FONÉTICOS, CONVENÇÕES E DIACRÍTICOS

Vogais orais e nasais

[ɐ͂] vogal média ou central, semifechada, nasal

[ɛ] vogal anterior ou palatal, semiaberta, oral

[e] vogal anterior ou palatal, semifechada, oral

[e͂] vogal anterior ou palatal, semifechada, nasal

[i] ou [y] vogal anterior ou palatal, fechada, oral

[ĩ] ou [~y] vogal anterior ou palatal, fechada, nasal

[ɔ] vogal posterior ou velar, semiaberta, oral

[o] vogal posterior ou velar, semifechada, oral

[õ] vogal posterior ou velar, semifechada, nasal

[u] vogal posterior ou velar, fechada, oral

[ũ] vogal posterior ou velar, fechada, nasal

Consoantes

[p] consoante oclusiva, bilabial, surda, oral

[~b] consoante oclusiva, bilabial, sonora, nasal

[t] consoante oclusiva, linguodental, surda, oral

[~d] consoante oclusiva, linguodental, sonora, nasal

[k] consoante oclusiva, velar, surda, oral

[~g] ou [ng] consoante oclusiva velar vozeada, nasal

[m] consoante oclusiva, bilabial, sonora, nasal

[n] consoante oclusiva, alveolar, sonora, nasal

[ŋ] ou [ñ] consoante velar, nasal

[ɲ] ou [ny] consoante oclusiva, palatal, sonora, nasal

[f] consoante fricativa, labiodental, surda, oral

[v] consoante fricativa, labiodental, sonora, oral

Page 9: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

VI

[s] consoante fricativa, linguodental, surda, oral

[z] consoante fricativa, linguodental, sonora, oral

[tʃ] consoante fricativa, pós alveolar não vozeada, oral

[l] consoante lateral, alveolar, sonora, oral

[ʎ] consoante lateral, palatal, sonora, oral

[w] semivogal velar, oral

[w̃] semivogal velar, nasal

SIMBOLOS CONVENCIONAIS

[ ] transcrição fonética

/ / representação fonológica

> evoluiu para

< deriva de

~ variantes fonéticas

= significado

SIMBOLOS DIACRÍTICOS

~ vogal nasal

' vogal acentuada

´ tom alto

H tom alto

L tom baixo

º tom flutuante

­ levantamento do tom

¯ abaixamento do tom

ˇ tom ascendente

ˆ tom descendente

Page 10: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

VII

ABREVIATURAS

s substantivo

v verbo

sl singular

pl plural

m masculino

f feminino

m masculino

adv advérbio

adj adjetivo

Page 11: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

VIII

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e forças para superar

todos os desafios que surgiram ao longo desta caminhada, à Doutora Esperança Cardeira pela

orientação e paciência durante a fase da elaboração deste trabalho, à Comissão Multissetorial

para a Ratificação do Novo Acordo Ortográfico, especialmente à Doutora Paula Henriques pela

confiança e consideração. Agradeço a família Jairo Afonso, em especial a minha mãe,

Conceição Maria Afonso, aos meus filhos.

Sem esquecer todo o apoio moral e material vindo da Pastora Idalina Sitanela, da

Doutora Dora Etaungo, dos membros da Igreja Presbiteriana de Algés em Lisboa, dos meus

colegas da Universidade de Lisboa, em especial a Maura Fernanda Inácio Romão, a Joana Alda

da Costa Mbambi, Hilário Nambalo, Arnaldo Samulingua, a Dona Maria do Céu e a todos que

direta ou indiretamente estiveram presentes nos momentos difíceis.

“A vida não é feita de grandes sacrifícios e deveres, mas de

pequenas coisas; entre as quais o sorriso e a gentileza que

habitualmente dispensamos são o que ganha e preserva a

afeição”.

(Sir Humphry Davy 1778-1829)

Page 12: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

IX

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar um ensaio sobre a tipologia dos antropónimos do

Bié, analisando a atribuição de nomes em língua umbundu, a constituição e a frequência dos

nomes do Bié. Trata-se de um estudo sobre a Antroponímia em língua umbundu: nomes

portugueses e nomes umbundu

Realizou-se um estudo sistemático sobre a frequência e a constituição de nomes do Bié, de

acordo com as seguintes fontes documentais: registos de batismo e de nascimento do Registo

Civil da Conservatória do Bié e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié.

Os resultados obtidos mostram que o sistema antroponímico do Bié na década de 70 era

constituído por nomes de dois elementos, na década de 80 por nomes de três elementos e na

década de 90 por nomes de quatro elementos. Quanto a frequência registou-se que Maria,

António e José são os nomes próprios mais frequentes e Jamba, Cassinda e Ngueve como

segundos, terceiros e quartos nomes mais frequentes.

Acreditamos que a constituição e a frequência dos nomes do Bié estão relacionadas com a

influência do sistema europeu e a substituição de nomes africanos por nomes europeus na era

colonial.

De acordo com os resultados obtidos podemos concluir que o sistema antroponímico do Bié

tem semelhanças com o sistema antroponímico europeu, melhor dizendo, trata-se de um sistema

combinatório (nomes europeus e nomes africanos). Os nomes europeus e cristãos, ocorrem

como nomes próprios e apelidos. Os nomes umbundu ocorrem como complemento

antroponomástico (sobrenomes e apelidos).

A constituição de nomes umbundu está associada a critérios de natureza antropológica. Por

consequência, os pais e os padrinhos não têm papel decisivo na escolha do nome da criança.

Em suma, os nomes do Bié, atualmente, são constituídos por 5 elementos, conforme prescreve

o Decreto-Lei n.º 10/85 de 19 de outubro.

Palavras-Chave: onomástica, história, língua umbundu, léxico.

Page 13: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

X

ABSTRACT

This is a study about Anthroponymy in Umbundu language: Portuguese names and Umbundu

names. This work aims to present an essay about the typology of Bié anthroponyms and to

analyze the names in Umbundu language, the constitution and frequency of Bié names. A

systematic study of the frequency and constitution of Bié names was realized, according to the

following documentary sources: baptism and birth names from the Civil Registry of the Bié

Conservatory and the Evangelical Congregational Church of Bié. The results show that Bié's

anthroponomic system in the 70s consisted of names of two elements, in the 80s names of three

elements and in the 90s was constituted by names of four elements. As for frequency, it was

registered that Maria, António and José are the most frequent proper names, on the other hand,

Jamba, Cassinda and Ngueve are the most frequent names as second, third and fourth names.

We believe that the constitution and frequency of Bié names are related to the influence of the

European system and the substitution of African names by European names in the colonial era.

According to the results obtained, we can conclude that Bié's anthroponomic system has

similarities to the European anthroponomic system, in other words, it is a combinatorial system

(European names and African names). European and Christian names occur as first names and

surnames. Umbundu names occur as anthroponomical complements (surnames).

The constitution of umbundu names is associated to anthropological criteria. Consequently,

parents and godfathers do not play a decisive role in choosing the child's name.

In short, Bié's names are currently made up of 5 elements, as prescribed by Decree-Law n. º

10/85 of October 19.

Keywords: onomastics, history, umbundu language, lexicon.

Page 14: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

1

INTRODUÇÃO

A antroponímia em língua umbundu está relacionada com o nascimento e a morte. Em

princípio, trata-se de dois processos culturais em que as famílias procuram constituir epata (=

família) para a procriação e o anseio de conceber filhos, assim como entender os mistérios da

morte, o que implica a escolha de determinados nomes que traduzam o momento do seu

nascimento. Por outro lado, os Ovimbundu adotam também a nomes de um antepassado vivo

ou morto com a preocupação de se perpetuar a memória deste ente querido1. É comum

verificarmos neste sistema os seguintes nomes: Cassinda, Chilombo, Ngueve, António.

“Chamar pelo seu nome é evocar a pessoa naquilo que tem de mais íntimo. [...] E quem ouve

chamar pelo seu nome deve responder, eis-me aqui. Reconhece que existe uma relação entre

ele e o seu nome” Yambo (2003:28).

Este trabalho enquadra-se na área da antroponímia, baseada nos parâmetros da

antroponímia portuguesa e umbundu. Este estudo foi realizado com base nos dados do distrito

do Bié, na localidade de Cuíto. É um distrito histórico constituído por um vasto mosaico cultural

e multilinguístico. O trabalho tem como objetivo apresentar a constituição dos nomes do Bié,

bem como a frequência de nomes masculinos, femininos e nomes em português e umbundu e

refletir sobre a razão da escolha de nomes europeus, cristãos e umbundu, na antroponímia do

Bié.

Trata-se de um estudo pioneiro, posto que não há investigações anteriores sobre os

nomes do Bié nem na área da antroponímia angolana. Este trabalho poderá servir de apoio a

estudos futuros sobre a antroponímia angolana e na elaboração de dicionários onomásticos e

etimológicos dos nomes do Bié. Também poderá contribuir para o conhecimento dos critérios

de atribuição de nomes na cultura Ovimbundu.

Este trabalho está constituído por três partes essenciais. No capítulo I, apresentamos a

descrição genealógica, a caraterização geográfica e os principais reinos Ovimbundu. Apesar da

complexidade cultural, no distrito do Bié, os bienos são maioritariamente Ovimbundu.

Outrossim, procuramos também descrever a situação geolinguística, cultural, tradicional dos

1 Chamo-me Mário Vicomo Afonso, nome composto pelos prenomes Mário Vicomo, com origem no tio materno e Afonso, apelido paterno.

Page 15: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

2

bienos. É de referir que os aspetos culturais são indispensáveis para a compreensão dos

processos de atribuição de nomes na antroponímia em língua umbundu no Bié.

O capítulo II refere-se ao sistema antroponímico português e em língua umbundu.

Considerando que se trata de dois modelos diferentes, achamos por bem especificar o

funcionamento de cada sistema de nomes. Nesse ponto procuramos descrever as caraterísticas

de cada sistema antroponímico, a legislação sobre a composição dos nomes completos, a

terminologia antroponímica e a evolução dos sistemas.

Relativamente ao Capítulo III, trata-se de uma apresentação dos dados e análise dos

resultados do registo de nascimento da Conservatória do Bié e do registo de batismo da Igreja

Congregacional do Bié.

Nesse ponto, testamos os resultados e comparamo-los de acordo com os registos

selecionados para o efeito. Analisamos também a frequência de cada elemento do nome e a

constituição dos nomes em língua umbundu, por meio de figuras e quadros estatísticos

devidamente legendados.

Page 16: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

3

CAPÍTULO I

BREVE RESENHA HISTÓRICA

Os Ovimbundu

1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história

Referimos neste ponto, a origem dos povos Bantu e Ovimbundu. De acordo com

Figueira (1938:11) “o termo Bantu foi utilizado pela primeira vez na Comparative Grammar of

South African Languages de Bleek em 1867”. Ainda o mesmo autor diz que em quicongo,

Bantu é o plural de muntu (pessoa), no umbundu - omanu é o plural de omunu (pessoa). O termo

Bantu é também utilizado para se referir a origem das línguas dos povos africanos que têm

como base a raiz ntu como designativo do ser, gente ou pessoa. Ainda Figueira (1938:11)

adianta que os Bantu são “habitantes da África Negra, desde as zonas de influência equatorial

ao Cabo da Boa Esperança - a Cape Town”.

Segundo a teoria, os ancestrais dos povos Bantu eram habitantes da confluência do rio

Benuê e Camarões que migraram para o Leste e Sul do continente africano. Silva (1996:449,

citado por Lopes, 2011:36) afirma que “os ancestrais dos povos que hoje habitam ao sul, a

sudeste e a sudoeste da confluência do rio Benuê e Níger, como iorubás, edos, nupês e ibos,

etc., vivem nessa região provavelmente há milhares de anos”. Redinha (1975:7) afirma que a

“composição étnica dos Bantos Ocidentais apresenta traços nigerianos e camaroneses na sua

zona noroeste, e fusões importantes de sangue etíope, e fortes marcas dos Camitas Orientais

nos Grupos do Sudoeste”. O movimento migratório Bantu aconteceu entre 1000 antes de Cristo

e 1100 depois de Cristo. Por conseguinte, há diferentes opiniões sobre a possível origem dos

Bantu, tal como se pode observar na figura 1.

Page 17: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

4

Fonte: Andrade (2007:23)

De acordo com a figura 1, note-se que Jonhston (1919; 1923) e Philipson (1976; 1985)

concordam que o processo migratório tenha começado na Nigéria e Camarões ao oriente, Leste

e sul de África. Para Heine, Hoff e Vossen (1977) o processo migratório teria surgido na região

da Nigéria e estendeu-se até a África Central (Congo, Sudão e Uganda) e posteriormente para

o oeste e sul da África Austral. Guthrie (1962ab; 1971) e Oliver (1966) supõem que os povos

Bantu tenham vindo do sul da República do Congo, da Zâmbia a África oriental (Malawi e

Moçambique). Alguns autores afirmam que o limite dos povos Bantu parte da linha do equador

ao sul de África, tal como argumenta Lopes (2011):

[…] o povoamento da bacia do rio Congo e seus arredores, incluindo o antigo Zaire, Angola,

Congo, Gabão e Zâmbia, está ligado à longa e sucessiva migração dos bantos a partir dos atuais

Chade e Camarões. Entre 300 e 100 a.C., uma dessas levas de migrantes, vinda já do leste do

continente, da região dos Grandes Lagos, chega à região. (Lopes, 2011:52)

Este autor considera que a origem dos Bantu está relacionada com as sucessivas

migrações que partem do Chade e Camarões até a bacia do rio Congo e região dos Grandes

Lagos. Alguns migrantes vindos da zona leste de África, provavelmente da região dos grandes

Figura 1- Processo migratório dos povos Bantu

Page 18: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

5

lagos teriam chegado a Angola, Congo, Zaire, Gabão e Zâmbia entre os anos 300 e 100 antes

de Cristo. Em contrapartida, o Dicionário Eletrónico Infopédia Porto Editora (2003) descreve

o seguinte:

[…] este povo, oriundo dos Camarões, iniciou por volta do ano 1000 a. C. um movimento

migratório que o levou para além dos seus assentamentos agrícolas e o trouxe até ao Centro, o

Este e o Sul da África, chegando até ao Sudoeste da Costa Sul Africana nos séculos III e IV d.

C.

Partindo deste pressuposto, os Bantu oriundos dos Camarões no ano 1000 a. C migraram

para o centro, este e sul de África à procura de melhores condições de vida entre os séculos III

e IV depois de Cristo. Segundo a tradição oral, a origem dos povos Ovimbundu está relacionada

com o processo migratório que parte da fronteira entre Nigéria e Camarões, África Central,

Oriental e Sul. Deste modo, a semelhança lexical entre os Ovimbundu e Igbo (Nigéria) é muito

próxima2.

Devido ao movimento migratório dos povos Bantu no centro, leste e sul de África, os

costumes têm a mesma origem e são idênticos. A título de exemplo, verifica-se a aproximação

lexical do Kiswahili e do umbundu3.

Para Petter (2015) as populações bantu teriam atingido a atual República dos Camarões

durante o segundo milénio a. C.. A expansão prosseguiu gradativamente para o leste e sudeste,

para se tornar um fenómeno maior: a expansão dos bantos. Alguns povos bantu progrediram

para a margem norte da floresta equatorial e atingiram a região dos grandes lagos, por volta do

primeiro milénio a. C.. Acredita-se que a expansão na floresta parece ter seguido os cursos da

água. Os Bantu teriam descido os afluentes da margem direita do rio Congo e subido para a

margem esquerda antes de atingirem as savanas ao Sul da floresta. Ainda Petter (2015:53) “a

partir dessa região e a partir da África oriental, a expansão prosseguiu para o Sul; os bantos

chegaram ao Sul do Zambeze no século IV e ao Limpopo, no Século seguinte”.

2 Veja-se, p. ex., em Igbo- Chukwu (Deus) e umbundu - Suku (Deus). 3 Por exemplo, em Kiswahili – ngombe (boi, vaca), nyoka (cobra), mume (marido), mbua (cão), mti (árvore), kulala (dormir), tal como em umbundu- ongombe (boi, vaca), onyoha (cobra), ombua (cão), mume (irmão mais velho), uti (árvore), okulala (dormir).

Page 19: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

6

Por outro lado, as migrações dos povos bantu oriundos do Sul da África é considerada

como uma das possíveis origens dos povos Ovimbundu. Conforme a descrição de Petter, os

Benue-Congo ocupam uma área bastante extensa, desde a África ocidental, Central, oriental e

austral: Os Benue- Congo ocupam aproximadamente dois terços do Sul da Nigéria e da República dos

Camarões, a parte Sul da república Centro Africana e do Congo, grande parte da República

Democrática do Congo, Tanzânia, Uganda, Quênia, Ilhas comores, Moçambique, Angola

Ruanda, Burundi, Namíbia, Zâmbia, Maláui, Zimbábue, Botsuana, Suazilândia, África do Sul,

Lesoto, Guiné Equatorial e Gabão, assim como uma pequena parte da Somália.

(Petter 2015:60)

Para Figueira (1938) os povos bantu oriundos da África do Sul penetraram em Angola

pelo oriente do Continente Negro. Segundo a tradição encontrada pelos navegadores

portugueses e primeiros exploradores, supõe-se que tenha sido um século antes da descoberta

da “África Bantu”, por volta de 1380. A semelhança cultural e linguística tem sido o principal

fundamento de que os Ovimbundu sejam descendentes dos povos Bantu oriundos da África do

Sul.

Relativamente aos Bantu-Congo e Bantu-Lunda pressupõe-se que migraram para o

planalto de Benguela e posteriormente para o centro de Angola à procura de terras favoráveis à

agricultura, pastoreio, caça e fabricação de ferro. Mcculloch (1952) afirma:

[…] os povos Ovimbundu representam a fusão de diversos povos. Principalmente do sul do

Bantu e do Congo ou do Bantu central. As famílias dominantes em grande parte são oriundas

das Lunda. Entraram no planalto de Benguela durante a século XVII e começaram a formar os

seus próprios reinos. (Mcculloch 1952:4-5)

Os jagas bangalas oriundos das Lundas migraram para as terras de Benguela durante o

século XVII. Presume-se que o contacto linguístico e cultural entre estes povos fez com que

houvesse grandes semelhanças lexical e gramatical entre si.

É indubitável a semelhança lexical do umbundu e do Lunda-Cokwe. Provavelmente, o

contato cultural e linguístico pode ter sido a causa desta semelhança. Para Figueira (1932),

Mcculloch (1952), Capello & Ivens (1882) e Childs (1942) a origem dos Ovimbundu estará

Page 20: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

7

relacionada com o processo migratório dos Lunda Tchokwe para o interior de Angola. Em

conformidade com Childs (1942), a origem dos Ovimbundu tem que ver com quatro fatores:

[…] a evidência disponível sobre origens e migrações dos Ovimbundu é principalmente de

quatro tipos: (1) linguística; (2) lendária, seja dos vários grupos dos Ovimbundu ou das tribos

das quais eles parecem ter surgido; (3) histórico; (4) evidência de vizinhos. (Childs 1942:169)

Os povos Bantu migraram pelo sudoeste angolano, tendo atingido as regiões do planalto

de Angola. Em conformidade com Redinha (1975):

as atuais populações angolanas são constituídas por Bantos, por alguns pré-Bantos e um número

apreciável de não Bantos. Os Bantos angolanos pertencem à grande divisão dos Bantos

Ocidentais, conquanto haja a assinalar, no sudoeste da Província, uma penetração relativamente

extensa de Bantos Meridionais, atingindo para norte os Umbundos, até aos Bienos e Bailundos.

(Redinha 1975:7)

Na opinião de Redinha, os Bantu são resultado da divisão dos povos Ocidentais e

Meridionais provenientes da Nigéria e Camarões. As migrações bantu em Angola, segundo

Martins (1993), são constituídas por 9 grupos étnicos: Kikongos (século XIII), Nyaneka (século

XV ou XVI), Jagas (século XVI), Hereros (século XVI), Ngangelas (século XVII), Kiokos

(século XVIII), Ambos (século XVIII), Kwangalis (século XIX) e Makokolos (século XIX).

Note-se que o grupo 4, Hereros, parte do Oriente africano, isto é, Congo Belga, Zâmbia

a Luena, centro (Bié e Huambo), sudoeste (Benguela) e Sul de Angola (Namibe, Huila e

Cunene). De acordo com este mapa, percebe-se que a presença dos Ovimbundu nas regiões da

Huila, Namibe e Cunene até à atualidade é fruto do processo migratório dos povos Bantu em

Angola. Na perspectiva de Daniel (2002:11) “fazem parte do grupo Bantu: os Quicongos,

Quimbundos ou Ndongos, Lunda-Quiocos, Mbundos ou Ovimbundu, Ganguelas, Nhanecas-

Humbe, Hereros e Ambós ou Ovambos ou Cuanhamas. Os Xindongos fazem parte das línguas

sanas e os Bosquímanos das línguas Koikoi”. Esta perspectiva de Daniel parece ser contradiótia,

uma vez que os Xindongos fazem parte dos (Ovambos) e os Bosquimanos são povos Khoisan

do Norte / setentrional. Khoisan é o menor dos quatro troncos linguísticos da África, faladas na

maior parte do Botsuána, Namibia e em alguns conclaves de países vizinhos, tais como: sul de

Angola e da Zâmbia, oeste do Zimbábue, norte da África do Sul, (Petter 2015). Observa-se na

figura 2, o processo migratório de povos em Angola.

Page 21: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Fonte: Martins (1993:41)

É importante relembrar que o processo migratório de povos em Angola deu-se a partir

de vários pontos do continente africano. A figura 2 confirma mais uma vez que os Ovimbundu

resultaram de processos miscigenares de povos vindo do Leste, Sul e Norte.

Petter (2015) diz que as populações africanas se miscigenaram em grande escala no

continente africano e os grupos humanos agrupavam-se nos vales dos rios e nas bacias lacustres,

por razões climáticas, ecológicas e outras.

Portanto, os Ovimbundu provêm do grupo Benuê, habitantes do leste da Nigéria que

migraram para a República Democrática do Congo. Mais tarde estes povos deslocaram-se para

Leste de Angola (Lundas Tchokwe) até atingirem a costa Oeste, território dos Nano (Planalto

de Benguela). A fusão de povos vindos de diferentes partes do continente é sem dúvida a

hipótese mais acertada sobre a origem dos Ovimbundu. Efetivamente, a origem dos povos

Bantu está vinculada ao processo miscigenar resultado das migrações Bantu do Ocidente ao

Oriente e Sul do continente africano.

Figura 2- Mapa geográfico de Angola

Page 22: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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1. Localização geográfica dos Ovimbundu

Os Ovimbundu são considerados como um dos maiores grupos étnico-linguístico de

Angola pelo facto de o Umbundu ser a língua nacional mais falada em quase todo o território

angolano. Antes da chegada dos portugueses os Ovimbundu já estavam organizados em reinos

e governados por um rei (ou soba) que era responsável por aquele espaço territorial. Os

membros do reino eram obrigados a prestar tributo e respeito ao chefe da tribo. Henderson

(1990:23) diz que “em finais do século XIX, os Umbundu estavam organizados politicamente

em doze reinos, dos quais o do Bailundo, o do Huambo, Bié, Chiyaka, Galangue e Andulo”.

Como podemos ver na figura abaixo.

A

Fonte: Edward (1962)

Tal como referimos anteriormente, os doze reinos Ovimbundu são: Mbailundu, Viye,

Ciyaka, Ndulu, Ngalangi, Wambu, Cassongue, Civula, Kalukembe, Citata, Cingolo e Caconda.

Milheiros (1951) afiança que os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as tribos que

ocupam a parte central de Angola desde o litoral, espalhando-se até aos concelhos de Ambriz,

Figura 3- Mapa dos reinos Ovimbundu- século XIX

Page 23: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Amboim, Ambaca, Quibala, Ganda, Caconda, Alto Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Libolo,

Benguela, Porto Amboim, Bié e Alto Cuanza. Mcculloch (1952:2) relata que “os Ovimbundu

não tinham organização política centralizada, mas o seu território era dividido em reinos e cada

um estava tradicionalmente sob o controlo de um soba”.

Existiam cerca de vinte e dois reinos antes da ocupação dos portugueses. Os reinos

tributários prestavam contas aos reinos independentes. Deste modo, Mcculloch classifica dois

grupos:

(i) Reinos Independentes – Mbailundu (Bailundu, baIlundo, Balundo, Balhundo),

Viye (Ovi Ye, Bié, Bihe, Bieno, Biheno), Wambu (Huambu, Huambo, Hambo),

Ciyaka (Quiyaca, quiaca), Ngalangi (Galangue, Galange, Galangi, Ngalangi),

Civula (Quibula), Ndulu (Andulo, Ondulo, Ondura), Cingolo (Quingolo),

Kalukembe (Caluquembe, Calunguembe, Caluqueme), Sambu (Sambo, Sambos),

Eketete (Quiquete), Kakonda ou Cilombo-conoma (Caconda ou Quilombo) e

Citata (Quitata).

(ii) Reinos Tributários – destacam-se os seguintes: Kasongi (Cassongue), Ngalanga

(Galanga), Namba, Sanga, Cenge (Cienge), Cipeyo (Quipeyo), Mbongo (Bongo),

Elende (Lende).

De acordo com Milheiro (1951), os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as

tribos que ocupam a zona central de Angola, a partir do litoral e espalhando-se pelas

circunscrições e Concelhos do Ambriz, Amboim, Ambaca, Quibala, Ganda, Caconda, Alto

Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Lobito, Benguela, Porto Amboim, Bié, Alto Cuanza.

the homeland of the Ovimbundu is the Benguella Highland in west central Angola. Strictly

speaking, the Highland comprises those regions which have an elevation of 4, 000 feet or more,

and the boundaries of Ovimbundu territory closely correspond with this area”.

(Mcculloch 1952:3)

Segundo Mcculloch, a terra natal dos Ovimbundu está localizada no centro oeste de

Angola, no planalto de Benguela, e compreende todas as regiões que possuem uma elevação

superior a 4.000 pés, equivalente a 1. 219, 2 metros. Segundo o mesmo autor, os limites dos

Page 24: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

11

Ovimbundu situam-se entre as províncias administrativas do Bié, Benguela e Huila, isto é, do

distrito de Benguela, Huambo, Cuanza Sul, Bié e Huila até à costa atlântica.

De acordo com Daniel (2002), os Ovimbundu estão difundidos em quase todo o

território angolano, isto é, desde o oriente, centro, norte e sul de Angola. Após o período de

guerra civil, os Ovimbundu deslocaram-se para as outras províncias, o que resultou na expansão

dos Ovimbundu, com exceção das regiões dos Lunda-Cokwe e Bacongo:

o povo Umbundu ocupa as províncias de Benguela, Cuanza- Sul, Namibe, Huila, Huambo,

Cuando-Cubango, Bié e Moxico refletindo-se noutras províncias tais como: Luanda, Bengo,

Kwanza-Norte, Malange, Cunene e Lundas. (Daniel 2002:11)

Os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as tribos que ocupam a parte central

de Angola desde o litoral, espalhando-se até aos concelhos de Ambriz, Amboim, Ambaca,

Quibala, Ganda, Caconda, Alto Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Libolo, Benguela, Porto

Amboim, Bié e Alto Cuanza (Milheiros 1951). Childs (1949:168-181) descreve os quatro reinos

Ovimbundu mais importantes:

(1) Ndulu – é considerado como um dos mais antigos reinos Ovimbundu e segundo a

lenda, os fundadores seriam de regiões próximas da margem do rio Kwanza e

Luando. Teriam conquistado as terras depois de terem expulsado os Luimbe que

vivem no Leste de Ndulu. A imigração resultou da guerra entre os portugueses e os

reinos de Angola, que terminou em 1671.

(2) Bailundu – segundo a lenda, são oriundos de Cipala, região sujeita ao domínio de

Bailundu até ao fim do século XVIII. É de Cipala que vem a mulher do rei de

Bailundu. Segundo a lenda, a sua fundação não foi antes de 1700. Também segundo

a lenda, a fundação da tribo de Sambu está relacionada com uma mulher descendente

de Bailundu.

(3) Wambu – o primeiro soba foi Wambu Kalunga proveniente de Sela, nordeste do

Bailundu. Quanto à origem da família real do reino de Ciyaka, acredita-se terem sido

parentes de Wambu Kalunga que os expulsou da tribo de Ndombe (sul Bantu) no

reino de Ciyaka, durante a primeira metade do século XVII. Segundo Childs, o rei

Page 25: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

12

Wambu Kalunga foi progenitor dos fundadores da dinastia do Cingolo, Citata ou

Cikuma, Kalukembe, Elende e Eketete.

(4) Viye – estima-se que Viye era um caçador de elefantes dos povos Humbi que chegou

ao vale do Kwanza e que se casou com a princesa do povo de Songo. O seu filho

Ulundu fundou o reino de Viye. Childs (1949:6) considera ter isso acontecido em

1750. Magyar (1859, citado por Mcculloch, 1952:7) comenta que os habitantes do

Viye são originários das tribos Ngangela. A origem do reino Viye está ligada à lenda

dos ancestrais e das migrações contemporâneas dos Lunda na bacia do Congo e no

ocidente de Angola.

Henderson (1990:22) afirma que os Ovimbundu “estabeleceram-se a Sul do rio Cuanza,

no planalto central, dispersando-se pelos distritos mais populosos de Angola: Huambo,

Benguela e Bié”. Ainda o mesmo autor comenta que no século XIX, a imbo (plural ovaimbo =

aldeias) era composta por dez a cinquenta fogos, com uma população que oscilava entre as 100

e 1000 pessoas.

Por conseguinte, os Ovimbundu estão localizados no planalto de Angola, isto é,

Huambo, Bié, Benguela, onde o umbundu é falado fluentemente. Por outro lado, o umbundu é

falado em outros distritos, mas não como língua nativa, por exemplo, Bié, Huila, Benguela,

Cuanza Sul, Namibe e nas zonas fronteiriças.

Os Ovimbundu são povos que viviam da agricultura, da caça, da criação de animais e

do comércio no interior de Angola e na África Central. Segundo a tradição oral existiam vinte

e dois reinos. O território dos Ovimbundu compreendia uma vasta área no centro ocidental de

Angola desde o litoral até ao planalto de Benguela.

Note-se que os Ovimbundu são o povo que mais teve participação ativa na vida

económica e social de Angola, desde o contacto com os portugueses, sobretudo na construção

do caminho-de-ferro em Moçâmedes, nas minas e pescas em Benguela, na recolha de café no

norte de Angola, no corte de cana em Catumbela (Benguela) pelo facto de serem os mais

independentes e numerosos.

Page 26: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

13

O Bié

2.1. A origem do Bié: lenda e história

Segundo a tradição oral havia um homem chamado Kopeta, do clã Humbi, na região da

Wila, que tinha um filho Vingongombanda Kopeta, caçador de elefantes. Durante a caça atingiu

um elefante. Convencido de que o animal estava morto, voltou à aldeia a pedir que o ajudassem

a transportá-lo. Naquela altura era raro um homem caçar um elefante. Dadas as circunstâncias,

deduziram que talvez Vingongombanda tivesse poderes místicos como um feiticeiro. Por esta

razão, foi expulso da aldeia. Inconformados com a situação, os seus familiares decidiram

acompanhá-lo até ao local da caça. Constataram que o animal não tinha sido morto.

Uma vez expulso da aldeia alguns homens decidiram acompanhá-lo nesta jornada,

seguindo os rastos do elefante. Alcançaram a região de Etalala, localizada na margem do rio

Kukema. Decidiram comunicar ao soba de Etalala a sua missão, enquanto aproveitavam para

descansar. O soba prontificou-se a ajudá-los a localizar o animal.

Durante o tempo que passaram na região de Etalala, Vingongombanda aprendeu a caçar

animais de pequeno porte com auxílio dos bois. Havia estabelecido contrato com os

proprietários de bois, para que sempre que voltasse da caça pudessem repartir a carne. Todas

as vezes que Vingongombanda precisava de ir à caça utilizava a seguinte expressão: olongombe

Viye, que em português significa ‘tragam os bois’. Vingongombanda decidiu continuar a

viagem até chegar ao local onde o animal fez um enorme buraco. Presumindo que o elefante

talvez tivesse passado ali a noite atribuiu a este local o nome de Ndjamba (elefante), nome atual

de um município no distrito da Huila.

Depois de muitos dias de viagem, o caçador chegou à região da Lubya onde encontrou

a princesa Kahanda que estendia a carne ao sol. Vingongombanda, ansioso por saber se aquela

carne era do animal que procurava, dirigiu-se a Kahanda. Esta, assustada, saudou-o com gestos.

Ela encontrava-se no acampamento com o seu irmão e seus acompanhantes. Vingongombanda

explicou as razões da sua trajetória até atingir o acampamento. Depois de terem confirmado

que o animal havia atravessado os rios Kwanza e Luango, Vingongombanda achou por bem

desistir da trajetória e voltar a Huila. No pouco tempo que Vingongombanda permaneceu no

acampamento apaixonou-se por Kahanda. O irmão mais velho da princesa não concordou com

o namoro dos dois.

Page 27: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

14

Após o sucedido, o irmão de Kahanda saiu do acampamento com alguns dos seus

homens e partiu para a sua terra, deixando Vingongombanda e Kahanda no acampamento, com

alguns acompanhantes da princesa. Quando o irmão de Kahanda chegou à sua terra, foi

questionado pelo seu pai sobre o paradeiro de sua irmã. Depois de tomarem conhecimento do

sucedido, os pais de Kahanda pediram que os dois viessem ao Songo, terra natal de Kahanda.

Os pais da princesa queriam saber qual era o desejo do caçador.

O facto de pertencerem a tribos diferentes estava na base da rejeição deste

relacionamento. Depois de muita persistência por parte da princesa, os pais decidiram aceitar o

casamento. Enviaram alguns acompanhantes que pudessem auxiliar Kahanda e decidiram voltar

à região de Etalala (Kukema) para pedir ao soba que lhes concedesse um lugar para morar.

Portanto, Kahanda, depois de algum tempo, gerou um filho que se chamou Viye4, mas segundo

as circunstâncias do nascimento era suposto atribuir-lhe os seguintes nomes: Humbi, Songo ou

Luimbi, de acordo com a tradição de atribuição de nomes.

Devido às circunstâncias da sua trajetória depois de ser expulso de sua terra natal e afim

de evitar constrangimentos, decidiu nomear Viye ao seu filho, expressão que em umbundu

significa “venham”. Segundo a lenda, a origem do Bié está, assim, relacionada com fatores

muito anteriores à chegada dos portugueses a Angola.

estando a filha do soba Bomba nesta povoação de Ungundo a visitar as parentas, aconteceu

chegar ao país um ousado caçador de elefantes chamado Bié, filho do soba do Humbe, que, com

grande comitiva, tinha passado o Cunene e estendidas as suas excursões venatórias até àquelas

remotas terras. [...] pouco depois do encontro dos dois jovens, Cahanda era raptada e Bié

plantava a estacada de grande povoação que ainda hoje é a capital do país, país a que deu o seu

nome, fazendo-se aclamar soba. (Pinto 1881:138-139)

Pinto, seguindo a tradição oral, faz menção da existência de um caçador de elefantes

que fundou o distrito do Bié e de sua esposa Cahanda. Por outro lado, Keiling (1934:24)

comenta que “elegeram um chefe que, a partir deste momento, foi independente e deixou de

reconhecer o rei Humbe como soberano, formando uma nação, que se chamou Bié, derivado do

4 O mesmo que Bié. Em umbundu as letras b, d, g, j não aparecem isoladas. A letra b em “Bié” surge por adaptação portuguesa de Viyé. Outrossim, as letras b, d, j e g ocorrem sempre antecedidas de m ou n segundo o alfabeto umbundu.

Page 28: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

15

nome da sua fundadora – Viyé- irmã de Galangue”. Para Keiling, a origem dos bienos está

relacionada com o nome de uma mulher, irmã do soba Galangue.

Por outro lado, Dias de Carvalho (1890, citado por Mcculloch, 1957) refere dois chefes,

“Quingúri e Schakambindi, dos antepassados do reino do Viyé, que teriam vindo das terras de

Moropu (Lunda) e que conquistaram o Songo e instalaram-se em Luanda”. Posteriormente,

estes chefes deslocaram-se para a margem sul do rio Cuquema, onde viviam os Ngangela, para

fundarem o reino do Viyé. Capello & Ivens (1882) reforçam a mesma ideia da seguinte forma:

continuando as conquistas para o oeste, estabeleceram diversos ramos, como o do Bié, que

parece ser originário de Muzumbo-Tembo, cuja filha ou neta se relacionou com um monarca do

Sul, dando como resultado os ganguellas, bienos, bailundos, que assim naturalmente, pouco a

pouco conquistaram as terras em que se acham. (Capello & Ivens 1882:173-174)

Os bienos seriam, pois, originários da união de um rei do Sul com uma filha ou neta de

Muzumbo-Tembo. O resultado deste relacionamento deu origem aos bienos, ganguelas e

bailundos. Segundo os mesmos autores, o soba N´Dembo-Tembo tomou para si ao Sul as terras

de Cassai, ao Oeste o Jombo, ao Norte o Mieji, ao poente o Songo. Cassanje-Tembo ocupou

para si as terras do Norte entre Cuango e Tala-Magongo. Segundo a tradição oral, os bienos são

descendentes dos quiôcos, que depois fundaram os seus próprios reinos e começaram a

relacionar-se com outras raças, o que veio a dar origem aos bienos. Veja-se na figura 4 a dinastia

dos sobas do reino Viye.

Fonte: Adaptado de Pinto (1881:141)

Figura 4- A dinastia do reino Viye

Page 29: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

16

Pinto (1881) relata que da união de Bié e da formosa Cahanda nasceu um único filho

varão, que teve o nome de Jambi, e que sucedeu ao seu pai. Jambi teve dois filhos, dos quais o

primogénito se chamou Giraúl e o segundo Cangombi. Giraúl herdou o poder por morte do seu

pai. Com receio do seu irmão, que tinha grande influência no povo, fê-lo prender secretamente

de noite e vendeu-o como escravo, em Luanda. Cangombi foi comprado pelo governador-geral,

de quem foi escravo.

Sobre a fundação da capitania portuguesa, Santos (1986:347) assegura que “em 1769

foi fundada a capitania-mor do Bié pelo governador Dom Francisco Inocêncio de Sousa

Coutinho, passando desde então a ser habitada por sertanejos dedicados ao comércio de

escravos”. Ainda a mesma autora afirma que “em 1846, Rodrigues Graça descreve que esta

província se acha no centro das riquíssimas possessões dos potentados do Andulo, Bailundo,

Camexe, Bunda, Ambuelas, Quiboco, Mazaza, Cassaby e Lumbige”. Childs (1970, citado por

Santos, 1986: 347) considera que Bié (Viye) era um reino do povo Ovimbundu fundado no

princípio do século XVIII. Este grupo Bantu anexou vários grupos, muitos dos quais não eram

Ovimbundu, e alguns nunca foram assimilados.

Os bienos dedicavam-se ao comércio de longa distância, tal como destaca Santos

(1986:34): “a formação da base social deste comércio de longa distância, com centro no reino

umbundu do Bié (planalto central de Angola), começou após a criação daquela capitania-mor

em 1769, quando ali se fixaram sertanejos brancos, negros e mestiços dedicados ao comércio

de escravos”. Ainda segundo a mesma autora o primeiro capitão-mor do Bié foi Joaquim José

Rodrigues, nomeado em 1770 com a finalidade de dominar a desordem entre negociantes, que

havia naquele sertão.

Em síntese, há três teorias sobre a origem dos bienos segundo a tradição: (1) são

descendentes dos Mohumbes; (2) a irmã de Galangue é a fundadora do Viye (3) são

descendentes dos quiôcos e lundas.

A primeira teoria está associada à origem do caçador de elefante que fundou o distrito

do Bié. Capelo & Ivens (1886:161) afirmam que “um vasto distrito ou província se estendia

desde o Bié para além do Cuanhâma e era governado por um chefe conhecido pelo nome de

Humbi-Inêné”. Para Pinto (1881) os mohumbes estão difundidos em vários pontos, tais como

Namibe, Benguela e Bié. Hoje, a verdadeira raça mohumbe, no Bié, é representada pela nobreza

e gente rica do país. Pinto refere que os bienos são descendentes da raça Humbe:

Page 30: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

17

os bienos são mohumbes, nome que na África Austral de oeste dão aos descendentes da raça do

Humbe, os quais não se encontram só no Bié, mas estão também espalhados em outros pontos,

sobretudo frente da costa entre Moçâmedes e Benguela, misturados com os Mundombes, que

são a verdadeira raça daquele país. (Pinto 1881:139)

Quanto à segunda teoria, Keiling (1934) afiança que a origem do Bié está relacionada

com a irmã de Galangue, que fundou o reino e difundiu o nome Viye. Contrariamente, a tradição

oral menciona apenas o caçador de elefante, o fundador do Viye.

A terceira hipótese, segundo Capello & Ivens (1882), Dias de Carvalho (1890) e

Mcculloch (1952), pretende que os bienos são descendentes dos Lundas Tchokwe.

Certo é que existem 11 grupos étnicos: 9 grupos Bantu: Kikongo, Kimbundu, Lunda-

Tchokwe, Ovimbundu, Nganguela, Helelo, Nyaneka- Lucumbi, Vambo, Oshindonga e 2

grupos não Bantu: Cuissis e Bosquímanos. O contacto linguístico e cultural entre povos

vizinhos é um fenómeno natural; por esta razão é normal encontrarmos regiões fronteiriças com

mais de uma língua nativa e com semelhanças culturais, como podemos observar no mapa

seguinte, que mostra os processos migratórios de povos vindos de vários pontos do continente

e que se instalaram em Angola.

Fonte: Martins (1993:37)

Figura 5- Mapa geográfico e etnográfico de Angola

Page 31: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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O Bié é constituído por vários grupos étnicos, tais como: Ovimbundu, Nganguela,

Luimbe e Tchokwe e uma pequeníssima área de Kimbundu nas fronteiras entre Andulo, Cuanza

Sul e Malanje. A sua localização geográfica está na base da multiculturalidade e diversidade

linguística, devido às zonas fronteiriças entre as zonas 2, 3, 4 e 5 (vd. Figura 5). Os bienos são

oriundos de vários grupos étnicos que cruzaram o território angolano durante o período

migratório e a familiaridade cultural e linguística entre Lundas-Tchokwe, Kimbundu,

Bacongos, Nyaneka-Humbi, Ngangelas e Ovimbundu é tão próxima que evidencia

miscigenação dos povos bantu de Angola.

2.2. Localização geográfica do Bié

Angola é um país da costa ocidental da África, limitado a norte e a Nordeste pela

República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano

Atlântico. Angola é composta por 18 províncias: Luanda, Malanje, Cabinda, Zaire, Uíge,

Lunda-Sul, Lunda-Norte, Bengo, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte, Benguela, Huíla, Huambo, Bié,

Moxico, Cunene, Cuando Cubango e Namibe.

No século XIX, “o Bié limita ao N. com o sertão do Andulo, N. O. com o Bailundo, a

O. com o país de Moma, a S. O. com os Gonzelos de Caquingue, ao S. e L. com os povos

ganguelas livres” (Pinto 1881:138). Ainda segundo o mesmo autor, o rio Cuquema limitava o

distrito do Bié a oeste, sul e leste. O Bié possuía uma área de 2.500 milhas quadradas (4.023.360

m) e uma população com cerca de 95 000 habitantes, o que resulta em 38 habitantes por milhas

quadradas. O distrito do Bié pertence ao planalto central de Angola (Huambo, Bié e Benguela).

De acordo com a descrição recente, o Bié está delimitado ao Norte pela província do Cuanza-

Sul, Malanje e Lunda-Sul, a Leste pelo Moxico, a Sul pelo Cuando Cubango e a Oeste pelos

distritos da Huíla e Huambo.

Segundo os dados do Censo Populacional e Habitacional de Angola em 2016, a

população do Bié é de aproximadamente 1. 455 255 milhões de habitantes com uma área de 70.

314 km2. Localizando-se no centro de Angola, o Bié é constituído administrativamente por 9

municípios, nomeadamente: Cuíto, Chinguar, Andulo, Camacupa, Chitembo, Cunhinga,

Catabola, Cuemba e Nhârea, como podemos observar na figura abaixo.

Page 32: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

19

Fonte: adaptado de Fundo de Apoio Social5

É de salientar que a extensão do distrito do Bié vai até à costa setentrional sul com uma

latitude de 11º e 15º e ao oeste meridianos com 14º e 18º. A capital do Cuíto tem cerca de

974 000 habitantes e é composta pelas seguintes comunas: Cunje, Trumba, Chicala,

Cambândua e Cuíto.

A população do Bié é constituída por diferentes etnias e línguas, tais como: os

Ovimbundu (Cuíto, Chinguar, Camacupa, Cunhinga, Nhârea, Catabola e Andulo); os Tchokwe

(Cuemba), provenientes do nordeste de Angola (Lunda-Tchokwe e Moxico) e residentes na

zona leste (Cuemba); os Nganguela (Chitembo), provenientes do Cuando Cubango e residentes

na zona sul do Bié e por último, os Luimbi (na fronteira entre Chitembo e Moxico), pequeno

grupo étnico incorporado na zona Sul entre Chitembo e Moxico. Apesar de ser um distrito

multilingue, o Umbundu é a língua maioritariamente falada pelos bienos.

5 Disponível em: http://fas.co.ao/mat/fas-bie/. Acesso Julho de 2019.

Figura 6- Mapa geográfico do Bié

Page 33: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

20

A língua: umbundu

Nessa secção apresentamos a origem e a classificação das línguas africanas,

particularmente as línguas bantu, a situação linguística em Angola, o alfabeto umbundu, a

semelhança lexical do umbundu e tchokwe, os prefixos nominais para a formação de nomes.

É importante salientar que as línguas Bantu são faladas na África do Sul, Angola,

Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Lesoto, Malawi,

Moçambique, Namíbia, Quénia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo,

Ruanda, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. Greenberg (1963, citado por

Ngunga, 2004:26-27) classifica as línguas africanas em quatro grupos linguísticos, tais como:

Afro-asiático (Semítico, Egípcio, Cushítico, Berber, Chádico); Nilo-Sahariano (Songhai,

Sahariano, Maban, Fur, Chari-Nilo, Koman); Congo-Kordofaniano (Níger-Congo e

Kordofaniano); Khoi e San (Khoi, San, Sandawe, Iraqw, Hatsa ou Hadza).

Segundo Greenberg (1963:7), “as línguas bantas são oriundas do Leste da Nigéria,

concretamente do Vale Central do Benuê, entre a Nigéria e Camarões”. Ainda Greenberg (1963,

citado por Guldemann, 2018:3) considera quatro grupos de línguas africanas (Sudánica, Bantu,

Hamítica, Semítica e Bosquímano). Guldemann (2010:27) diz que “accordingly the Bantuistic

linguistic tradition has been and still is very important for the discipline as a whole. Westermann

(1927, 1935, 1949) and Greenberg (1949, 1963) established the genealogical relationship of

Bantu to the rest of Niger-Congo”. “Greenberg criticou o uso de critérios tipológicos e não

linguísticos para a classificação genética das línguas africanas” (Petter 2015:56).

A proposta apresentada por Greenberg (1963) que previa quatro famílias de línguas

africanas (Khoisan, Congo-Kordofaniana, Nilo-Saharaniana e Afro-asiática) tem sido

questionada por vários especialistas em linguística histórica e comparativa sobre os critérios de

classificação (Campbell & Poster 2008).

Para Dixon (1997, citado por Guldemann 2018:2) “most parts of Greenberg’s

classification are indeed not based on evidence according to mainstream criteria of the general

discipline”. “Greenberg’s (1963a) classification is not only entrenched deeply among

Africanists, however. This is reflected by the reluctance of non-specialist linguists to take into

account relevant and publicly available findings that question important parts of Greenberg’s

scheme” (Guldemann 2018:3). Por esta razão, (Westphal 1962a, 1962b, 1971; Sands 1998b;

Güldemann e Voßen 2000), não consideraram, desde o início, a hipótese Khoisan sugerida por

Greenberg.

Page 34: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

21

A proposta apresentada por Greenberg (1963) sobre a existência de quatro grupos de

línguas africanas, bem como as subclassificações: afro-asiático, nigero-conglês e nilo-sahariano

apresentadas por Dimmendaal (2013) não apresentam fundamentos claros sobre os critérios

utilizados para a classificação das línguas africanas.

As teorias sobre a origem das línguas Bantu propõem a existência de um grupo Benuê-

congo, tal como afirma Zerbo (2010:332): “existem quatro divisões fundamentais dentro do

Benuê-congo: 1. Línguas do planalto; 2. Jukunóide; 3. Rio Cross, cuja principal língua é a da

comunidade efik-ibibio; 4. Bantóide, que corresponde ao Bantu”.

Por outro lado, Petter (2015) considera dois grandes grupos linguísticos: nigero-

congolesas e afro-asiáticas. Do mesmo modo, Guldemann (2018:258-260) confirma a

existência de dois grandes grupos: “Niger-Congo e Afro-Asiático”. Para Guldemann (2018),

os supergrupos Khoisan e Nilo-Sahariano devem, por enquanto, ser decompostos em várias

unidades mais pequenas.

As línguas Bantu apresentam semelhanças ao nível morfológico, lexical e de estruturas

tipológicas. Petter (2015) sugere que as línguas africanas devem ser classificadas de acordo

com os seguintes critérios: (i) a relação entre uma mesma língua de origem próxima; (ii) a

proximidade geográfica e (iii) a classificação genética.

Guthrie (1948:74-82) diz que as línguas africanas estão classificadas em “16 zonas (A,

B, C, D, E, F, G, H, K, J, L, M, N, P, R, S)”, como se pode ver na figura 7.

Pelo contrário, Guldemann (2010:3) sugere uma macro-area constituida por 5 zonas

linguísticas "the African macro-areas […] are from north to south (I) Sahara spread zone, (II)

Chad-Ethiopia, (III) Macro-Sudan belt, (IV) Bantu spread zone, (V) Kalahari Basin”.

Com base na classificação de Guthrie (1948) pode-se dizer que o Bié faz parte de duas

zonas linguísticas: (i) zona R “umbundu” (do sul de Angola, Namíbia ao Botswana); e (ii) zona

K “Kyoko / Ngangela” (nordeste de Angola, Congo Kinshasa a Zâmbia). É importante referir

que o Bié tem quatro línguas nacionais (Umbundu, Tchokwe, Luimbe e Nganguela).

Page 35: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

22

Fonte: adaptado do Bantu zones6

De acordo com o Dicionário Houaiss (2001) “o umbundu é a língua falada pelos

habitantes das zonas meridional e central de Angola que compreende as variantes de amboim,

biene, bailundo, sambo, huambe, galange, nganda e caconda”. Daniel (2002) afirma que a

língua umbundu ocupa atualmente um vasto espaço territorial desde o litoral centro, meio da

metade do Oeste, centro Norte do Cunene até as terras altas. Está difundida em quase todo o

território nacional; por consequência, é a segunda língua mais falada depois do português:

a língua umbundu, apesar de hoje ser entendida quase em todo o país, é concretamente a língua

dos Ovimbundu, povo que ocupa um vasto espaço retangular do Litoral centro ao meio da

metade oeste e do centro Norte ao Cunene, subindo da beira-mar para as terras altas.

(Daniel 2002:11)

Segundo Lusakalalu (2005:14) “existem os Ovimbundu do Wambu, Ovimbundu do

Sambu, Ovimbundu do Mbalundu, Ovimbundu do Viye, Ovimbundu de Kakonda e Ovimbundu

do Ndombe”. Para Fernandes & Ntondo (2002:54) “a língua umbundu é constituída pelas

6Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas bantas#/media/Ficheiro: Bantu zones.png. Acesso 17 de fevereiro de 2020.

Figura 7- Classificação das línguas Bantu

Page 36: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

23

seguintes variantes: Ambei, Kacisanje, Kakonda, Lumbu, Mbalundu, Mawanya, Ndombe,

Nganda, Sambu, Sele, Sumbi, Viye, Cikuma e Wambu”.

No tocante à formação de glossónimos, etnónimos e xeno-etnónimos, em umbundu

acrescenta-se ao radical prefixos nominais, tais como (u- oci-), para o singular; (ovi- e va-), para

o plural. Para Lusakalalu (2005) os glossónimos em umbundu podem ser constituídos da

seguinte maneira: u-+ mbundu (auto-glossónimo no singular para indicar a língua). Para a

formação de etnónimos adiciona-se o prefixo nominal ovi- + mbundu (auto - etnónimo no plural

para indicar o grupo étnico).

Para a formação de gentílicos no singular utiliza-se o prefixo (u-), por exemplo: uwambu

(do Huambo), usambu (do Sambo), uviye (do Bié), ukakonda (de Kakonda), ulisboa (de

Lisboa), undombe (do Ndombe). Para o plural utiliza-se o prefixo (va-), como em: Vawambu

(os do Huambo), Vasambu (os de Sambo), Vaviye (os do Bié), Vakakonda (os de Kakonda),

Valisboa (os de Lisboa), Vandombe (os de Ndombe).

Note-se que na língua portuguesa, o glossónimo português que corresponde a “língua”

e o etnónimo português que corresponde a “povo português” são a mesma palavra. No umbundu

a formação de glossónimo obtém-se a partir do prefixo (u-) + mbundu (a língua) e ovi-

+mbundu (o povo). Do mesmo modo, obtém-se o etnónimo por meio do prefixo u- (no singular)

e va- (no plural), por exemplo, umbalundu (o povo do Bailundo) – vambalundu (o povo do

Bailundu); para a formação de glossónimos e etnónimos em umbundu não existe um único

prefixo para o singular e plural.

Para a formação de topónimos utiliza-se prefixos específicos, como oci- (singular) e ovi-

(plural), como se vê em ocimbundu e Ovimbundu:

O glossónimo Umbundu apresenta morfologicamente o prefixo nominal u- e a raiz -mbundu.

Esta raiz com zero prefixo nominal não corresponde a nenhum topónimo. Acopla-se ao prefixo

ci- ou (tchi-), dependendo da ortografia usada. A forma plural deste prefixo é vi-. Estas formas

fazem-se acompanhar dum chamado pré́-prefixo o-, também chamado simplesmente vogal

inicial ou aumento, por certos linguistas. Assim obtêm-se os etnónimos ocimbundu no singular

e Ovimbundu no plural. (Lusakalalu 2005:14)

Umbundu é a língua nativa mais falada em quase todo o território angolano e, tal como

nos assegura Daniel (2015), o Bié é a região onde a variante do umbundu das missões

evangélicas se manteve sem nenhuma influência das línguas europeias até ao século XX:

Page 37: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

24

1- Bié, que até ao fim do século vinte conservou o umbundu sem influências das

línguas europeias, mas somente a de América do Norte por causa da

Evangelização dos Missionários.

2- Bailundo; Andulo; Mungo; Huambo; Sambo; Caconda; Ngalangi, onde o

Umbundo é a única língua nativa.

3- Moxico; Lundas; Malange; Huila; Benguela; Namibe; Cuando-Cubango; Cuanza

Sul; Zumbe; Cassongue; Ciyaka; Chingue e Mussende, onde para além de

Umbundu, há bastantes línguas nativas. (Daniel 2015:12)

Como se pode observar na figura 8, as línguas nativas aparecem distribuidas por zonas

e destacadas a cor, segundo mapa geográfico e linguitisco do Censo (2016).

Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:5)

De acordo com os dados do Censo (2016) existem cerca de 8 línguas nativas mais

faladas: Fiote, Kikongo, Kimbundu, Cokwe, Umbundu, Muhumbi, Kwanhama e Nganguela.

Para além destas línguas existem cerca de 20 a 40 línguas e dialetos.

Figura 8- Mapa geográfico e linguístico de Angola

Page 38: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

25

A língua umbundu compreende uma vasta extensão territorial que parte do oeste ao

leste, do centro ao sul e norte de Angola. A língua umbundu é a única língua nativa falada no

Huambo e Benguela; embora o umbundu seja a língua maioritariamente falada em Benguela,

Huambo e Bié, é também a língua falada em algumas localidades de Angola como Huila,

Cuando-Cubango, Moxico, Namibe, Cuanza-Sul, Malange, Lundas e Luanda.

Costa (2016:367) afirma que “com o acabar da guerra, em 2002, este número aumentou

significativamente, pois desde aí houve uma explosão do povo umbundu que viveu vários anos

no cativeiro da UNITA”. Ainda a mesma autora diz que com o alcance da paz, os Ovimbundu

regressaram às cidades. Ainda conforme Costa (2016:379) “em Angola, o facto de a língua

portuguesa funcionar como língua oficial, língua da administração e língua do sistema de

ensino, facilita a sua aprendizagem mesmo até em meios informais”. Segundo os dados

estatísticos do Censo populacional em Angola o português ocupa o primeiro lugar como língua

oficial.

Em relação à língua umbundu, Fernandes & Ntondo (2002:62) afirmam que “a língua

umbundu é uma das línguas mais importantes faladas no planalto central de Angola”. O

umbundu é a segunda língua mais falada no território angolano depois do português (vd. figura

9).

Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:51)

Figura 9- Línguas faladas em Angola

Page 39: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

26

Na figura 9, verifica-se um diferencial de 54 % do português e umbundu contrastando

com 45 % das demais línguas nacionais. Acreditamos que as línguas nacionais tendem a

desaparecer, na medida em que o português ocupa 71,1 % de falantes em Angola. Angola é um

país multilingue e multicultural, mas carece de políticas que preservem as línguas nativas. Por

consequência, regista-se uma redução de falantes de línguas nativas, embora a língua umbundu

no Bié seja a mais falada em casa, veja-se a figura 10.

Deste modo, “as línguas Bantu e não bantu, consideradas nacionais, não gozam de

nenhum estatuto definido, servindo somente de línguas de comunicação a micro - nível, quer

dizer, entre os membros de um mesmo grupo etnolinguístico” (Fernandes & Ntondo 2002:18).

É evidente que as línguas nativas de Angola tendem a desaparecer, ou seja, estão a ser

substituídas pelo português e Lingala (língua da República Democrática do Congo) por

influência do contacto linguístico. Mingas (2000:36) afirma que “a língua umbundu ocupa o

primeiro lugar, totalizando cerca de 2.500.00 locutores, num universo constituído por diversas

línguas nacionais”.

Ademais, o Censo Populacional e habitacional (2016) no distrito do Bié, mostra que a

língua umbundu é a mais falada em casa com 68,7%, português 52,4 %, Nganguela 10, 4%, o

Tchokwe 5,5%, Nyaneka 2,6%, Kimbundu 1,6%, Fiote 1,2% e o Kikongo 1,2%. Veja-se a

figura 10.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:16)

Figura 10- Línguas mais faladas em casa, distrito do Bié

Page 40: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

27

Verifica-se um diferencial de 16,3% entre o umbundu e o português. Esta diferença pode

ser crucial nos próximos tempos, visto que as línguas nativas não fazem parte do sistema de

educação angolano e não são ensinadas pelos pais, particularmente nas zonas suburbanas e

urbanas.

Sobre o ensino das línguas nativas de Angola, no período colonial, nas missões ou

escolas missionárias evangélicas americanas, canadianas e portuguesas, no centro e sul de

Angola, o Decreto n.º 77 de 9 de dezembro de 1921 do alto-comissário da República de Angola

José Mendes Ribeiro Norton de Matos determinava o seguinte:

Artigo 1. É vedado na catequese das missões, nas suas escolas e em qualquer

relação com os indígenas, o emprego das línguas indígenas por escrito.

Artigo 2. Não é permitido ensinar, nas escolas das missões, línguas indígenas.

Artigo 3. O uso da língua indígena só é permitido, em linguagem falada, na

catequese.

Nas Escolas Missionárias, as línguas nativas não podiam ser ensinadas e nem escritas;

a língua oficial a ser ensinada era a língua portuguesa, segundo a portaria n.º 7079 do Governo

português.

Em relação às escolas missionárias, o uso do português era a principal diferença entre

católicos e evangélicos. As escolas católicas eram seminários fundados para promover e

despertar a vocação sacerdotal. Nas missões evangélicas, o ensino tinha como objetivo a

formação académica e profissional de quadros. Ensinavam diferentes disciplinas, em particular

o português. “O curso tinha a duração de três anos e dividia-se em três secções: a academia, a

bíblia e a industrial. Na primeira seção estudava-se português, história, ciências e matemática”

(Henderson 1990:167). Após a criação da “Escola Means” em 1950, passaram a ensinar a ler e

escrever umbundu e português. Ainda conforme Henderson (1990:168), “os alunos estudavam

durante três ou quatro anos para aprender os rudimentos da leitura, da escrita em umbundu e da

aritmética, iniciando-se também na aprendizagem da língua portuguesa e da Bíblia”. Depois

dos Missionários Norte Americanos aprenderem a língua local, fixaram o sistema ortográfico e

fonológico da língua umbundu. Por consequência, surgiram diversas obras escritas em

umbundu de acordo com o sistema ortográfico americano, tais como: Lyra Evangélica de Hinos

Evangélicos em umbundu, compilado pelo Reverendo Collins & Arthur Steed, (1925),

Viovusenge “do mato” de Mabel Stokey, (1916), Alivulu Akuala Olondaka Viwa kuenda

Page 41: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

28

Ovilinga Viovapostolo “Os Quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos”, British and Foreign

Bible Society, (1923), Ungende Wukuakristru, “O peregrino” (1955). Para Costa (2016:373),

“o ensino bíblico e da catequese, nas missões facilitou o desenvolvimento das línguas locais”.

Para Henderson (1990:163):

a tarefa mais importante para as missões protestantes, depois da sua sobrevivência, era sem

dúvida a tradução das Escrituras para as línguas locais [...] em troca dos serviços prestados e do

ensino do quimbundo, do kikongo ou do umbundu, os missionários comprometiam-se a ensinar-

lhes a ler e a escrever. (Henderson 1990:163)

Henderson descreve o interesse dos jovens que se juntavam para ajudar os missionários,

e que tinham vontade de aprender a ler e escrever em troca dos serviços prestados nas missões

protestantes. Portanto, a língua umbundu passou a ser usada nas escolas missionárias no estudo

bíblico a partir da década de 50.

3.1. O alfabeto umbundu

Relativamente à ortografia das línguas africanas, a África foi influenciada por três

sistemas alfabéticos, de acordo com Batibo (2015), desde o século XVIII, depois da chegada

dos colonizadores e missionários (francês, ingleses e portugueses):

the Roman alphabet was introduced into Africa mainly from the eighteenth century onwards,

after the arrival of the European colonialists and missionaries. The three main colonial powers,

the British, the French, and the Portuguese, and each interpreted African sounds according to

their own writing systems and traditions”. (Batibo 2015:153)

Ainda conforme Batibo (2015:155) “the orthographic imperfections in the ex-colonial

languages have also been exported to the African continent. In English, for example, there is

not a one-to-one relationship between the sounds of the language and the corresponding

graphemes”. Vê-se que no Inglês não há relação entre os sons e grafemas (k-kin, ck-kick, ch-

choir, q-quick e c-cow). Veja-se, na figura 11, três tipos de ortografias para a representação

dos sons africanos.

Page 42: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

29

Fonte: Batibo (2015:153)

O alfabeto da língua umbundu é constituído por 24 grafemas, dos quais 19 para a

representação ortográfica de consoantes e 5 grafemas para a representação de vogais e

semivogais. De acordo com o Instituto Nacional de Línguas (1980), o alfabeto umbundu é

constituído pelas seguintes letras e grupos: a, mb, c, nd, nj, e, f, ng, h, i, k, l, m, n, ny, ŋ, o, p, s,

t, u, v, w, y). Para além dos grupos nasais mb [𝑏"], nd [𝑑$], nj [𝚥]̃, ng [𝑔(] existem no umbundu

sequências nasais constituídas por consoantes seguidas da glide /w/, como: fw, hw, kw7, lw, mw,

nyw, pw, sw, tw, mbw, ndw, ngw, njw. Segundo o Instituto Nacional de Línguas, o sistema

fonológico do umbundu é composto por: (i) consoantes oclusivas surdas (p, t, c, k); oclusivas

sonoras (b, d, j, g); fricativas surdas (f, s, h); fricativas sonoras (v); lateral (l); (ii) semivogais

(w, y); (iii) nasais (m, n, ny, ŋ); (iv) vogais orais (i, e, a, o, u) e nasais (ã, ẽ, ĩ, õ, ũ). De acordo

com Schadeberg (1982) a língua umbundu possui um sistema vocálico subjacente de três vogais

nasais (𝚤̃– 𝑎(– 𝑢() e cinco vogais orais (a-e-i-o-u) em comparação com o sistema de superfície de

cinco vogais nasais (𝑎(– �̃�– 𝚤–̃ 𝑜(– 𝑢() e cinco vogais orais (a-e-i-o-u). Daniel (2015) refere que:

em umbundu as letras m e n precedem as oclusivas sonoras para formarem as seguintes

sequências: mb, ng, nj, ny, que equivalem apenas a meio tom e não se consideram como letras

ou sons. Por este facto, funcionam como grupos (mb- Mb; nd-Nd; nj- Nj; ny-Ny).

(Daniel 2015:919)

Em umbundu os grafemas b, d, j e g não aparecem isolados como no português e são

sempre antecedidas de m e n. Daniel (2015) considera que as letras m e n só têm meio tom e

juntam-se a outras letras para formarem um tom, como em: mb, nd, nj e ng.

7 Kwosi (todos os), mwange (meu), pwãi (afinal!) mbwa (cão).

Figura 11- Representação ortográfica dos sons africanos

Page 43: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

30

É importante realçar que estes grupos só têm som quando são associados a uma vogal

para a formação de [mba], [mbe], [nda], [nde], [nja], [nje] e [nga], [nge]8. Para o Instituto

Nacional de Línguas (1980), no contexto natural (m e n + b, d, j, g), o n equivale a nasal

obrigatória. As oclusivas pós-nasais sonoras (mb, nd, nj, ng) não aparecem isoladas na língua.

Schadeberg (1982) diz que as consoantes sonoras b, d, j, g ocorrem geralmente após as nasais

homorgânicas (mb, nd, nj, ng) que são os únicos encontros consonâticos no Umbundu:

the voiced stops b, d, j, g occurs only after homorganic nasals, and the resulting mb, nd, nj [ɲj],

and ng [ŋg] are the only consonant clusters in Umbundu. They are always tautosyllabic, and

phonetically they might be considered as prenasalized (voiced) stops. Morphology provides the

following four alternations: (1) b, d, j, g / N_ v, l, y, Ø / elsewhere.

(Schadeberg 1982:110-111)

Relativamente as letras t, c, k, constituem um caso excecional à regra obrigatória de pós

nasais. Por exemplo: /ótáva/, /óndáva/ (aceita/guarda-me); /ótála/, /ondála/ (feiticeiro /

serpente); /ókúkála/, /okúkekama/ (ficar/ajoelhar-se); /ókukápa/ (pôr).

Na conceção de Vieira (1919), os grafemas q, c equivalem aos fonemas [k] e [s]. Por

exemplo, okamoko (faquinha, faca pequena); osekulu (o velho). Ainda o mesmo autor

argumenta que a letra g corresponde ao fonema [g] mesmo antes do E ou I, como, usenge (o

mato), upange (trabalho), lingi (façam). Quanto ao h, não é letra inútil, mas representa sempre

aspiração como o da língua inglesa (ohenda-compaixão, handanga-substituto, ohali-

sofrimento). Ainda Vieira (1919:49) refere que “não usamos nh e ch em umbundu embora estes

sons existam como em português, mas preferimos traduzi-los pelas fórmulas fonéticas

adaptadas na escrita das línguas africanas9”.

No que diz respeito a representação fonológica, gráfica e lexical com base no sistema

tonal do umbundu, podemos verificar na figura 12, as 24 letras do alfabeto umbundu e seus

respetivos fonemas.

Em umbundu o grafema <ñ> corresponde ao fonema velar /ŋ/, tal como em ñala [ŋala]-

(senhor), nyañula [ɲaŋula]- (tirar), ñuatisi [ŋwatisa] (ajuda). Este fonema é distinto do fonema

palatal /ɲ/, como em português venho [vɐɲu]. Para Batibo (2015:153-154) “moreover, in the

8 Por exemplo /mba/lundu, /mbe/mbwa, /nda/tembo, /nde/mba/, /nja/mba, /nje/nga /nga/pa, /nge/va. 9 Ny=nh e Ty=tch.

Page 44: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

31

case of the Bantu languages, the common pre-nasal consonants [mb], [nd], [nz], [ɲJ] and [ŋg]

cannot be properly represented”. Por outro lado, Batido refere que “three graphemes (ng') were

used to represent a single sound [ŋ] in a language like Kiswahili; similarly, the graphemes tch

represent a single sound [tʃ] in Monokotuba (spoken in the Democratic of Congo)”.

Por conseguinte, na língua umbundu os grafemas ng=ñ correspondem ao fonema velar

[ŋ], distinto dos grafemas nh=ny10 que equivalem ao fonema palatal [ɲ]. Portanto, estes fonemas

são produzidos no mesmo ponto de articulação, mas em modo de articulação diferentes.

Fonte: Instituto Nacional de Línguas (1980:121)

No tocante à nasalização vocálica do umbundu, o quadro 1 mostra que as combinações

de vogais e consoantes (VCV, VhV, Y e não y, VŋV), podem desencadear nasalidade específica.

10 Por exemplo, ovinyama /óvíɲáma/ (os animais), onyma (atrás, costas), okunyama / ókú ɲyãma/ (mamar, chuchar), tyalua / calua - / tʃálwa/ (muito), otchimbaka / ocimbaka / ótʃ ímbáka/ (muro).

Figura 12- Representação fonemática e ortográfica do umbundu

Page 45: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

32

O Instituto Nacional de Línguas descreve 6 séries de combinações (vogais e consoantes) que

dão origem a nasalização obrigatória do umbundu.

Quadro 1- Nasalização obrigatória na língua umbundu

Série I- VCV11 com a consoante lateral /l/ – /kwãlã/ (quatro), /nõlã/ (escolha),

/hẽlã/ (ontem).

Série II- VhV com a fricativa velar /h/ – /ámálẽhẽ/ (rapazes), /ókúkomõhã/

(admirar).

Série III- C ou V antes de /w/12 e V ou SV no final- /ekwĩ/ (dez), /óhúkwĩ/ (pobre).

Série IV- Os segmentos (n, s, v) – são suscetíveis de assinalar a nasalização das

vogais próximas, em certos contextos- /nõ/ (em), /ókútékãvã/ (escurecer),

/ósãi/ (lua).

Série V- y e não y13 – realiza-se como consoante e semivogal. Por exemplo:

/ólónõyi/ (heróis), /ekãi/ (mulheril), /pwãi/ (pois), /útõi/ (coragem),

/ólóhũi/ (lenha).

Série VI- VŋV – /óŋõŋõ/ (corcunda), /ókútyẽŋã/ (torcer, enrolar).

Fonte: adaptado do Instituto Nacional de Línguas (1980:111-114)

Por outro lado, Schadeberg (1982:109) diz que “the most striking feature of Umbundu

phonology is provided by nasalized segments, both vowels and consonants”. Ainda segundo

Schadeberg (1990) o seguimento sistemático fonético do umbundu é constituído por 10

segmentos nasais: três consoantes verdadeiras (𝑣(, 𝑙$, ℎ"), duas semivogais (𝑦(, 𝑤5) e cinco vogais

(𝑎(, �̃�, 𝚤,̃ 𝑜(, 𝑢(). Ademais, as consoantes nasalizadas: labiodental [v(], lateral [l$] e a fricativa glotal

ou próximas [h"] são todas contínuas sonoras, à medida em que, as semivogais [y(] e [w5 ] ocorrem

frequentemente como variantes nmonossilábicas das vogais (i e u). Deste modo, ocorrem entre

alomorfes pré-vocálicos dos prefixos nominais oku (classe 15) e ovi- (classe 4), por exemplo,

/ókwamà/ (acompanhar), /óvyamé/ (ofertas).

11 V-vogal; C- consoante; SV- semivogal. 12 O (w) em umbundu tem valor da semivogal /u/. 13 Em umbundu o (y) é sempre antecedido de vogal. Funciona como consoante, como em: yalua, yange, otyeñga. Por outro lado, é semivogal quando seguido da vogal /i/: onalavãyi, pwãyi, ekãyi, olonõyi.

Page 46: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

33

Para Schadeberg (1982) uma característica notável na fonologia umbundu está

relacionada com a propagação bidirecional da nasalidade (v�̃�v – 𝑣(�̃�𝑣(). Ao passo que, a

propagação unidirecional é a mais frequente nas línguas, com base num segmento nasal em

cada uma das duas posições periféricas da sílaba. Nas sequências (𝑣(�̃�𝑣() [+nasal], a ocorrência

de uma vogal nasal depende da nasalização da consoante seguinte. Por conseguinte, nos radicais

monossilábicos nasalizados os traços [+nasal] são inerentes a vogal particularmente em

segmentos nasalizados. De acordo com Schadeberg (1982) a nasalidade em umbundu estende-

se da esquerda para a direita em silabas iniciais e da direita para esquerda em silabas finais:

the nasalized consonants 𝑣", 𝑙%, ℎ', and less so 𝑦" are rare in the languages of the world. It is

extremely unusual to assign them phonemic status. Their highly marked status may explain

another unusual feature of Umbundu phonology: Generally, nasality spreads either left-to-right

(normally from syllable-initial nasals) or right-to-left (normally from syllable-final nasals). In

Umbundu, nasality spreads both ways from nasalized consonants.

(Schadeberg 1982:131)

Com efeito, a língua umbundu dispõe de seguimentos que permitem a propagação

bidirecional da nasalidade tanto em sílabas iniciais, bem como em sílabas finais. De outro

modo, verifica-se também a existência de cincos vogais nasais e orais a nível da estrutura de

superfície e cinco vogais orais e três nasais ao nível da estrutura subjacente. A nasalização

obrigatória ocorre sempre com as consoantes pré-nasais (mb, nd, nj, ng), enquanto a nasalização

especifica está relacionada com o seguimento sistemático fonético do umbundu.

3.2. Particularidades da língua umbundu

A língua umbundu apresenta estruturas gramaticais e lexicais semelhantes ao Tchokwe

e Nganguela, conforme argumenta Mcculloch (1952:9) “in general structure, however,

umbundu shows remarkable similarity in grammar and vocabular to Luena, Luchazi and other

Languages of the Ganguella [Nganguela] group”. Ainda Mcculloch (1952) descreve as

seguintes características da língua umbundu:

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34

(i) Presence of nasal vowels before and after ‘l’, ‘h’, ‘v’ and ‘w’14.

(ii) In certain nasal compounds, subtraction occurs, involving the second consonant,

but not nasal, e.g. muntu is realized as omunu.

(iii) Compared with the Lunda-Luena Languages Umbundu exhibits an unusually large

number of defective verbs.

(iv) A vowel system of five vowels.

(Mcculloch 1952:9)

As observações feitas por este autor referem: (i) a presença de vogais nasais antes de (l,

h, v e w). Seguindo o mesmo ponto de vista, o Instituto Nacionais de Línguas faz também

menção à ocorrência da nasalização obrigatória; (ii) a semelhança fonológica e semântica entre

muntu = pessoa em kikongo e omunu = pessoa em umbundu; (iii) a existência de inúmeros

verbos defetivos; (iv) a existência de um sistema vocálico composto por cinco vogais. Note-se

que o alfabeto tchokwe é constituído por 31 grafemas e dígrafos: a, mb, c, nd, ndv, e, f, ng, h, i,

j, k, kh, l, m, n, ny, o, p, ph, s, t, th, tf, tv, u, v, w, x, y, z.

As principais semelhanças entre o umbundu e tchokwe têm que ver com: (i) a ocorrência

de consoantes pré-nasais no tchokwe (m e n). (ii) ocorrência de oclusivas sonoras pós-nasais

(mb, nd, ng); (iii) nasal palatal (ny); (iv) semelhança lexical. Observa-se no quadro 2 a

semelhança lexical entre o umbundu e tchokwe.

Quadro 2- Exemplos de semelhança lexical entre tchokwe e umbundu

14 Em Kikongo muntu (pessoa – singular) e em umbundu omunu (pessoa – singular). O sistema da nasalização em umbundu é motivado por mecanismos que desencadeiam a nasalidade. Isto é, a nasalização em umbundu não ocorre apenas com os grafemas (m e n). A nasalização surge quando o 'l', 'h', 'v', 'y' e 'w' surgem na posição intervocálica, por exemplo: /écélãlã/, /nõlã/, /kulíhã/, /ókútékãvã/, /ónálavãyi/, /pwãyi/. (cf. Instituto Nacional de Línguas 1980).

Tchokwe Umbundu Significado

Ngalo Ongalu Cesto, balaio

Ku kanga / hanga Okukanga Fritar

Kulu / ngulu Ongulu Porco

Phoko Omoko Faca

Ku jikúla Okuykula / okuyulula Abrir

Longa/nonga Elonga Prato

Kutonga Okutonga Coser a roupa

Page 48: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

35

Costa (2016:373) diz que “as línguas Bantu têm um sistema linguístico com

características próprias que as distinguem de outras línguas não bantu”. Ainda segundo a mesma

autora apresenta as seguintes caraterísticas do umbundu:

1. Não há oposição de género (masculino e feminino);

2. Não há especificação de sistema de classes;

3. Não existem as letras q, r, x e z e o som [r] é substituído por [l];

4. O diacrítico til é usado para representar o alofone velar [ñ] variante [n];

5. As letras f, h, k, l, m, n, p, s, t, v equivalem a um único fonema, ao passo que b nunca

aparece isolada, mas sim antecedida pela letra m 15;

6. A letra c tem valor sonoro [tʃ] como do [ch] em inglês16;

7. A letra d aparece sempre acompanhado da letra n 17;

8. A letra n aparece sempre ligada às letras g e j que formam o grupo consonântico ndj

e ng18.

As características do umbundu sugeridas por Costa (2016) apresentam algumas

controvérsias relativamente a não distinção de classes nominais, fonemas e grafemas.

Deste modo, sugerimos apresentar algumas características do umbundu, tais como: o

sistema de classes nominais, língua sintética aglutinante e língua tonal.

Podemos considerar que o sistema de classes da língua umbundu é constituído por

desinências que servem para marcar o número singular e plural. Melhor dizendo, a flexão dos

nomes é feita através da adição de um prefixo nominal singular ou plural (PN-S e PL) ao radical,

veja-se os exemplos 1 a, b e c:

1 (a) O - manu- a- manu

PN-S + radical. PN- PL + radical

(pessoa) (pessoas)

(b) I- mbo Ova-mbo/Ova + imbo

15 Ombolo “o pão”, ombembua “a paz”, Ocivimbi “o morto”. 16 Change, Choose, Ocivimbi, Ocali “de graça”, Calua “muito”. 17 Ondjala “a fome”, Ondjamba “o elefante”, Ñgala “Senhor, Deus”. 18 Ondjango “casa feita de pau e capim em forma redonda”.

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PN-S+radical PN-PL + radical

(aldeia) (aldeias)

(c) Oci- mbundu Ovi- mbundu

PN-S + radical PN-PL + radical

(nevoeiro) (nevoeiros)

Malumbu (2006:68) assevera que a flexão do número plural é feita “por meio das

desinências (a-, ova-, olo-, ovo) em substituição dos radicais do singular (e, i, o e u)”. Tomemos

como exemplo os seguintes substantivos: elunda (aldeia abandonada) - alunda ou ovalunda

(aldeias abandonadas), imbo (aldeia) - ovambo ou ovaimbo (aldeias), ombolo (pão) – olombolo

(pães), utima (coração) - ovitima ou itima (corações). Em contrapartida, Daniel (2015:920) diz

que “em umbundu o plural forma-se antepondo às palavras os prefixos: olo-, a-, i-, ovo-, ovi-,

otu-, va-, vo-, por exemplo, omoko (faca) – olomoko (facas), ocihemba (remédio) - ihemba,

ovihemba (remédios), okulu (perna) – ovolu (pernas), tate (pai) – votate (pais) e mãi (mãe) –

vomãi (mães)”.

Os prefixos em umbundu, segundo Malumbu (2006) e Daniel (2015), servem para a

formação do género e número dos nomes. Para outros autores como Fernandes & Ntondo

(2002) existem 15 classes de prefixos substantivais para a marcação do número singular e

plural, e 3 classes para a formação do locativo, tal como se vê no quadro 3.

Quadro 3- Prefixos nominais do umbundu

Classes Prefixos Exemplos Significado

1ª omu-, u-, o- omulemba, ufeko, osanji Figueira, rapariga, galinha

2ª oma-, ova-, a- omanu, ovambo, alundi, pessoa, aldeias, intrigas

3ª u- uvey, ungende Doença, viagem

4ª ovi- ovikolo Cordas

5ª e- elimi, epito Língua, porta

6ª a-, ova- alimi, apito, Línguas, portas

7ª oci- ocimboto, ociluvialuvia Sapo, figura

8ª ovi- ovimboto, oviluvialuvia Sapos, figuras

9ª o Ø- ohondo, ohole Quarto, pecado

10ª olo- olongombe Bois

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Fonte: adaptado de Fernandes & Ntondo (2002:75)

Segundo Fernandes & Ntondo (2002:32) “a classe de nomes que indicam o grau de

parentesco em umbundu pertence às 1ª e 2ª classes, de prefixo nominal zero”. Desta forma,

subtrai-se o prefixo nominal, como em onekule- nekulu (neto), ondombua-ndombua (noiva),

ondatembo- Ndatembo (sogro). Este processo é frequente na língua umbundu quando se

pretende simplificar nomes. Por influência do português os nomes tendem a começar por

consoantes, o que não é uma caraterística específica do umbundu. Os nomes em umbundu foram

aportuguesados e simplificados, o que causou a omissão dos grafemas iniciais dos prefixos

nominais, mas conservando os seus traços morfológicos e sintáticos. Por exemplo: /óngevé /

ngévé/, ónjámba / jámba/, óhósi / hóssi/.

Ademais, Schadeberg (1990:10) refere que “nouns have prefIxes which are the basis for

dividing nouns into classes”. Como se pode observar na classificação de prefixos nominais de

Schadeberg, existem 15 classes de prefixos nominais e 3 classes de locativos:

Forma Antes de Antes de Nasal

Básica CV V irregular Exemplo

1. u- omu- úkáyi (mulher)

2. a- ova- ova- oma- álúme (homens)

3. u- ow- omu- úliví (armadilha)

4. ovi óvitá (guerra)

5. e- Æ épúmbu (nó)

6. a- ova- ova- ásénjele (leite)

7. oci- ócinhamà (animal)

9. on- óndímba (coelho)

11ª olu- olunjenje, olunjalo, olunjala Franja, travessa, unha

12ª oka- okalenge Gato

13ª otu- otulenge Gatos

14ª u- Ulongisi, umeke Mestre, cegueira

15ª oku- Okulisola, okulipolapo Conciliação, sossego

16ª pa Locativo

17ª ku Locativo

18ª vu Locativo

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10. olo-n- ólombóngo (dinheiro)

11. olu- ólusapó (estória)

12. oka- okalenge (gato)

13. otu- ótuló (sono)

15. oku- ókulu (perna)

16. pa- pépúmbu (no nó)

17. ku- kónjilà (no caminho)

18. vu- vúliví (na armadilha)

Por outro lado, Schadeberg (1990) diz que as formas singular e plural dos nomes

contáveis pertencem a classes diferentes. Por consequência, as classes nominais de 1 a 15

podem ser agrupadas em 10 pares ou géneros, como se pode observar nos exemplos de

Schadeberg (1990:10-11):

1. género I (classe 1/2) – /úfeko / áféko/ (rapariga-raparigas), /ómunù / ómanù/ (pessoa-

pessoas);

2. género II (classe 3/4) – /útí / óvití/ (árvore-árvores);

3. género III (classe 5/6) – /ékambà / ákambà/ (amigo-amigos), /épyá / óvapyá/ (lavra-

lavras), /imbo / óvambò/ (aldeia-aldeias);

4. género IV (classe 7/4) – /óciná / óviná/ (coisa-coisas);

5. género V (classe 9/10) – /ónjíla / ólonjíla/ (passaro – pássaros), /ómbwá / ólombwá/

(cão – cães);

6. género VI (classe 11/10) – /ólwí / ólondwí/ (rio – rios);

7. género VII (classe 11/6) – /ólusingá / álusingá/ (veias)

8. género VIII (classe 12/13) – /ókafwandà / ótukafwandà/ (tarântula-tarântulas);

9. género IX (classe 3/6) – /úlimà / álimà/ (ano, anos), / útá / óvotá/ (arma – armas),

/ómongwá / óvongwà/ (sal – sais), /ómwengè / ámwengwè/ (cana-de açucar, canas-

de-açucar);

10. género X (classe 15/6) – ( /ókulù / óvolù/ (perna – pernas), /ókwók (w)o / óvók

(w)o/ákwók(w)o/ (braço – braços).

Page 52: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Ainda Schadeberg (1990:11) “the locative nominal prefix is place before the inherent

nominal prefix; in this position (always before a vowel) the locative NPx loses its own vowel”.

Por exemplo: classe 16 – /pólwí/ (no rio), /púliví/ (na armadilha); classe 17 – /kólwí/ (no rio),

/kúliví/ (armadilha para); classe 18 – /vólwí/ (no rio), /vúliví/ (na armadilha).

Quanto ao processo de aglutinação, em umbundu os pronomes pessoais e verbos são

sempre aglutinados, ao passo que os nomes comuns podem dar origem a novas palavras, veja-

se os exemplos 2 a, b, c, d:

2 (a) Nangasole = onanga (pano) + sole (gosta de);

(b) Katchilingitchimwe= Ka (não) + tchilingi (faz) +tchimwe

(nada/mal);

(c) Ndilisukula= ndi (eu) + li (me) + sukula (lavo);

(d) Tuapandula= tua (nós) + pandula (agradecer, dizer obrigado).

Os exemplos 2 a, b estão relacionados com a aglutinação de duas ou mais formas

nominais, verbais e pronominais para a formação de novas palavras. Pelo contrário, os

exemplos 2 c, d demonstram que a aglutinação de morfemas verbais e pronomes reflexos não

dão origem a novas palavras. Melhor dizendo, em umbundu as desinências pessoais aparecem

antes dos pronomes pessoais e de formas verbais. Nesta língua há sujeito nulo como em 2 c “[-

] ndilisukula (lavo-me) = ame ndilisukula (eu lavo-me)”. Podemos afirmar que o processo de

aglutinação em umbundu é frequente em casos específicos como em 2 c, d. Além disso, utiliza-

se para aglutinar preposições e nomes com valor de locativo, quando as duas palavras iniciam

com vogais, como ko + ondjo = k’ondjo (em casa), ku + upange= k’upange (no serviço / no

trabalho).

Em relação ao sistema tonal, o Instituto Nacional de Línguas de Angola (1980)

considera que na língua umbundu é marcado por um tom alto representado pelo sinal / ´/ sobre

a vogal, ao passo que as vogais sem notação tonal são lidas em tom baixo. Por outro lado, no

umbundu existem tons baixos marcados pelo sinal ¯, por exemplo: /ó¯nala/ó¯ndala (fome /

palavra); e tons altos marcados pelo sinal ­, como /ókú­púla/ ókú­túla/ (perguntar / tirar da

cabeça). A posição dos acentos tonais pode influenciar o significado de uma mesma palavra.

Note-se que: /ónjíla/ ¹ /ónjila/- (caminho, pássaro), /ótála/ ¹ /ótala/=feiticeiro, feitiço.

Relativamente aos tons ascendente / ˇ/ e descendente / ˆ /, eles prolongam a duração da silaba

alvo e modificam a entoação da palavra, como /kalungӑ/=saudação, /ómbâmbi/=frio. Os tons

Page 53: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

40

complexos são opostos aos tons de base /ómbâmbi/ ¹ /ómbámbi/=frio/cabra do mato. Por

último, os tons intermédios alteram o significado de uma mesma palavra, quando ocorrem no

meio da palavra ou na penúltima sílaba: /ókúlóngí¯sa/ ¹ /ókúló¯ngi¯sa/= ensinar, cavar fundo.

Observa-se que no exemplo /ókúlóngí¯sa/ todas as sílabas são marcadas por tons altos

exceto a última sílaba (-sa). Muitos fonemas do umbundu são nasais e os tons desta língua

podem mudar o sentido da palavra de acordo com o contexto, tal como referimos no parágrafo

anterior, como ómbâmbi¹ómbámbi.

Para Schadeberg (1986:427) “umbundu has three contrastive tones: low (L), high (H),

and downstepped high ('H). […] high-to-Low falling tones are extremely rare; they occur in

some demonstratives and in one particular verb form”, como se pode ver nos exemplos abaixo:

/tùlevalisa/ (emprestar); /ócilandisà/ (vender); /kàtúkacitólà/ (nós não vamos rasgar)

L LLL L HHH HL L H H H º H

Schadeberg (1990:8) “a word can also contain floating tones, i.e., tones which are not

linked to any vowel. There are on1y Low floating tones in surface representations, and they

only occur between High tones”. Schadeberg (1990) diz que (i) um tom baixo flutuante baixa

todos os tons altos seguintes, como em: HLHH – u-lume (homem); (ii) um tom baixo flutuante

antes da última sílaba tem uma representação mais direta, isto é, na penúltima sílaba há uma

passagem de tom alto para tom baixo e na última sílaba permanece o mesmo nível de descida

de tom alto para tom baixo, por exemplo: HHL º H – o-mah" i (pé); (iii) quando dois tons altos

estão no início de palavras são imediatamente seguidos por uma descida de tom. Por

consequência, o primeiro tom alto é realizado num tom mais baixo que o segundo, como em:

HHL º H H – oku-tanga (ler, estudar).

No umbundu todos os prefixos nominais são totalmente idênticos, pois dependem

inteiramente do radical. Além disso, os tipos de tons resultam do número de sílabas do radical,

do prefixo e do número de tons do radical:

phonologically speaking, nouns may be classified according to (i) the number of syllables in the

stem, (ii) the number "of syllables of the prefix, and (iii) the tone of the noun stem. All nominal

prefixes are tonally identical, thus the tone type of a noun depends entirely on its stem.

(Schadeberg 1986:428)

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41

Por conseguinte, todas as vogais podem ser nasalizadas desde que precedam um

segmento consonântico que desencadeia a nasalização (l e h), embora não sejam grafadas com

diacrítico til (~). As consoantes médias /h/ e /l/ no final de palavras só desencadeiam a

nasalização obrigatória quando a vogal que as precede é nasal e não oral, em certos contextos.

Por exemplo, [hika] (esforçar-se), [halisa] (aconselha) e [helie] (quem), [okulala] (dormir),

[okulekisa] (mostrar), [okuleluka] (ser justo) ≠ /hẽlã/hĩse/- (ontem, mais ou menos), [aswelẽlã]

(lágrimas) que desencadeiam a nasalização obrigatória.

Por outro lado, as consoantes médias /h/ e /l/ no final de sílaba desencadeiam a

nasalização obrigatória, por exemplo: /ñalã/, /nõlã/, /tãlõ/, /kwãlã/ (senhor / escolher / cinco /

quatro); /nyalẽ´hã/ (estende), /twĩhẽ/ (dê-nos), /ámálẽhẽ/ (rapazes), /kulĩhã/ (conhece). Nem

sempre é necessário representar os sons nasais na escrita, já que não alteram o sentido das

palavras. Deste modo, evita-se sobrecargas desnecessárias, a não ser em casos raros que possam

causar ambiguidade a nível lexical, por exemplo: /ókúfẽla / ókúféla/ = (cavar/ encher de ar),

/ócípãla / ócípála/ = (distante / cara).

Os tons altos e baixos auxiliam na distinção de palavras homónimas, na medida em que

algumas palavras só possuem tons baixos, /¯kwãlã/, outras tons altos, /ocipãla/, /ócípálã/ e

outras tons altos e baixos, /ombela / ó­mbé­lá/ (chuva torrencial) ≠ /o¯mbé­la/ (chuva). Por

consequência, a entoação tonal é crucial para a determinação do significado de nomes. Um

nome mal entoado não pode ser decifrável e o portador não o reconhece como seu nome.

Por regra, todos os prefixos nominais têm tons idênticos. Assim, o tipo de tom de um

nome depende do seu radical. Por outro lado, verifica-se também a oposição de tons no início

e final de sílaba (cf. Schadeberg 1986). Radicais monossilábicos: classe 5 /é-yó / è-yo/ (dente),

classe 6 /óva-yò / òva-yo/ (dentes), classe 9 /ón-jó / òn-jó / (casa), classe 13 /ótu-ló / òtu-ló/

(sono), classe 15 /óku-lyá / òku-lyá/ (comida) – radicais dissilábicos: classe 9 /ón-dukò / òn-

duko/ (nome), classe 3 /ú-lume/ ù-lúme (homem); radicais trissilábicos: classe 5 /é-kokolò/ è-

kokolo/ (lagarto), classe 6 /á-sénjele / à-sénjele/ (leite), /é-ce𝑙$á𝑙$á / è-ce𝑙$á𝑙$á (oito); radicais

quadrissilábicos: classe 5 /é-salamiℎ"ò / è- salamiℎ"o/ (suor), /ú-yéveleli / ù-yéveleli/ (escutar).

Podemos dizer que no umbundu os tons variam de acordo com o número de silaba do

prefixo, o número de silaba do radical e da sua função morfossintática, por exemplo:

/hácindelèkó/ (não é homem branco) /ócindéle/ (homem branco). É importante referir que o tom

baixo (L) no início de sílabas pode significar “tamanho, quantidade ou qualidade” /ònjó/ ¹

/ónjó/ (casa grande, casa).

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42

3.3. Particularidades dos nomes umbundu

Conforme Malumbu (2016:76), “a atribuição do género faz-se através de nome ou

apelidos vernaculares. Existem nomes e apelidos que, na sua origem, podem ser atribuídos

somente a pessoas do sexo masculino e outros para o sexo feminino”. Em umbundu, os nomes

de pessoas são constituídos por um prefixo nominal que se junta ao nome para indicar o género.

Chimbinda (2009) distingue três classes de nomes (nomes sinalizados, nomes não sinalizados

e comum de dois géneros). Consideramos mais abrangente a terminologia nomes marcados,

nomes não marcados e nomes uniformes, pelo que a usaremos nos parágrafos seguintes:

a) Nomes marcados

Estes nomes são constituídos por um prefixo que determina o género masculino e

feminino. Segundo Chimbinda (2009) os nomes marcados apresentam sempre marcas do

prefixo que indica a progenitura: (i) nomes marcados acrescidos dos prefixos nominais sa-, se-

, so- (pai de) que indicam o género masculino. Por exemplo: Sa+ngombe (boi); Sa- + mbenje,

(cabaça); Se- + eyala (lixeira); So- (pai de) + onjamba (gémeos); (ii) nomes marcados

acrescidos dos prefixos nominais na-, ne-, no- (mãe de) para a marcação do género feminino;

Nangombe Na- + mbenje; Neyala Ne- + eyala; Sonjamba, So- + onjamba; Nonjamba No- +

onjamba.

Para Malumbu (2016), existe a possibilidade de transformar um nome masculino em

feminino e vice-versa, desde que se lhe anteponha um prefixo (na- ou sa-) para o género para

que se pretende transitar:

existem nomes que originariamente designam somente pessoas do sexo masculino e que podem

ser atribuídos a pessoas do sexo feminino com a condição de que lhes se anteponha a partícula

na- como Navita (de Vita), Nakativa (de Kativa). Por outro lado, existem nomes atribuídos

somente a pessoas do género feminino, mas que toleram ser atribuídos a pessoas do género

masculino, com a condição de que lhes se anteponha a partícula sa- como Savihemba (de

Vihemba), Sangueve (de Ngueve), Sakahita (de Kahita), Sawandi (de Wandi).

(Malumbu 2016:77)

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43

No entanto, estes nomes não fazem parte do nome completo dos pais, mas servem como

simples alcunhas que significa “mãe de ou pai de”. Os progenitores não precisam mudar de

nomes, embora sejam tratados no seio familiar e por amigos próximos, como “Sambenje” (o

pai) e “Nambenje” (a mãe). Segundo a tradição, Sonjamba, pai de gémeos e Nonjamba, mãe de

gémeos.

Portanto, os nomes de filhos derivados do nome da mãe e do pai são atribuídos aos

primogénitos e noutros casos aos secundogénitos, por exemplo: ‘Njamba’ derivado de

Sonjamba e Nonjamba são atribuídos aos primogénitos e ‘Ngueve’ (segundo gémeo) derivado

de ‘Sangueve’ e ‘Nangueve’ são atribuídos aos secundogénitos.

Atualmente, são atribuídos sem terem em conta a regra de atribuição, por exemplo, os

filhos podem se chamar Savita ou Navita, ao invés de 'Vita'. É provável que o fenómeno “xará”

tenha motivado o surgimento destes nomes quando as regras não são observadas por meio de

princípios circunstanciais ligados ao nascimento. Achamos por bem apresentar exemplos de

nomes derivados de alcunhas dos progenitores formados a partir dos prefixos nominais: sa-, se-

, so, e na-, ne-, no-.

Quadro 4- Prefixos nominas compostos

Pai Mãe Filhos Sambenje Nambenje Mbenje

Sanjila Nanjila Canjila

Sangueve Nangueve Ngueve

Samuto Namuto Muto

Siessingui Nessingui Chissingui

Sachivango Nachivango Chivango

Sambundo Nambundo Bundo

Sanganjo Nanganjo Canganjo

Sachilombo Nachilombo Chilombo

Sachingolo Nachingolo Chingolo

Samandele Namandele Mandele

Sachivinda Nachivinda Chivinda

Sachindemba Nachindemba Chindemba

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44

b) Nomes não marcados

São nomes específicos para cada género e só se distinguem por meio do significado.

Segundo Chimbinda (2009), os nomes não marcados são atribuídos de acordo com o género

(masculino ou feminino). Ainda segundo o mesmo autor, estes nomes indicam sempre as

circunstâncias que tenham ocorrido antes, durante e após a gestação. Estes nomes devem estar

sempre relacionados com determinados critérios como a profissão, o cargo ou traços

psicológicos e físicos. Como por exemplo: (i) nomes masculinos não marcados, Tchivinda

(ferreiro), Nguvenge (homem bêbado), Kalei (Ministro ou substituto), Handanga (genro do rei)

Epalanga (irmão mais novo, adjunto, Vice-presidente, Vice-rei ou substituto), Kaliata

(segurança ou guarda-costas de alguma entidade); (ii) nomes femininos não marcados, por

exemplo, Tchindumba (mulher sem marido), Wendo (mulher que nasceu depois de vários

abortos), Ngalo (peneira, crivo), Tchilombo (acampamento). Para Malumbu (2016), há nomes

que só podem ser atribuídos a pessoas do género masculino, tais como: Kativa, Savihemba,

Tchakusanga, Kasoma, Ulika, Kapiñgala, Tchivukuvuku, Tchikomo. Por outro lado, há nomes

que só podem ser atribuídos a pessoas do género feminino, tais como: Kawende, Navihemba,

Nakatumbu, Ngeve, Tchilepa, Ndembele, Tuluka, Kandjala, Tchitula.

c) Nomes uniformes

São aqueles que não apresentam marcas de distinção do género. Por exemplo, Ndala

(víbora), Numelye (desamparada ou desamparado), Kalunga (morte, falecimento), Kalitangi

(criança que nasce com o umbigo enrolado no corpo), Muhongo (criança que nasce depois de

Sangandala Nangandala Ngandala

Sassusso Nassusso Susso

Sanduva Nanduva Nduva

Sapitia Napitia Capitia

Seyala Neyala Eyala

Sambango Nambango Bango

Savita Navita Cavita

Page 58: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

45

nove meses de gravidez), Katanha (órfão de pais desde a nascença), Henda (compaixão, pena,

piedade, caridade).

As partículas, tchi-/ci-, ka-, u-, ku- com função de afixos verbais, na língua umbundu,

juntam-se aos nomes e adjetivos para a formação de novas palavras a partir de outras já

existentes. Os prefixos tchi-/ci- e ka- servem para designar profissão ou agente, ao passo que o

prefixo u-, tchi-/ci- e ka- serve para exprimir qualidade ou estado dos substantivos e adjetivos.

Os prefixos ka- e u- também podem designar origem ou naturalidade, tendo em conta as

palavras de Malumbu (2016):

os afixos verbais tchi e ka podem designar profissão, ou agente: katetavilonga, tchipilika. O

afixo u- pode designar estado ou qualidade dos substantivos: ulungi, utende, ungandji. Os afixos

ka, tchi e ku podem designar estado ou qualidade do adjetivo: tchendangolo, kulivela, katalahai.

Os afixos ka- e u- podem designar origem ou naturalidade: kaputu, umbalundu. O afixo tchi

pode designar aumento, ou grandeza: otchitapalo, otchihosi. (Malumbu 2016:213)

O prefixo tchi-/ci- também pode ter valor pejorativo ou designar aumento ou grandeza.

Em certos casos, o prefixo tchi-/ci- é também funciona como argumento com traços [+

humanos] e [+ animado], por exemplo, tchikambi (falta + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo); tchikapa

(põe + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo); tchisanga (encontra + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo),

(tchikuata apanha + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo), tchitali (olha + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo);

pode também ter valor de (estado ou qualidade): tchivela (enfermo, magro), tchitende (louco).

Alguns afixos em língua umbundu, quando adicionados a um nome podem mudar de

significado. Por exemplo, U (classe 1) “pronome demonstrativo, origem ou estado” –

Utchinguar “os de Chinguar”, Ulika “solitário”; Va (classe 2) “origem”- Vambalundu “os de

Bailundo”, Valisboa “os de Lisboa”; Ci- / Tchi- (classe 7) pode ser “aumentativo ou designar

efeito da ação”- Chipilika, Chimuku; o prefixo Ka- (classe 12) pode ser diminutivo, negação,

pejorativo, origem, pronome obliquo reto, acusativo ou dativo”- Kambissi “peixe pequeno”,

Kaputu “de Portugal”, Kapule “pergunta-lhe”, Kataleco “observa-o; Ku- (classe 17) “negação

ou locativo” – Kupiti “não passas”, Ku Viye “no Bié”.

Page 59: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

46

Por outro lado, os prefixos para a formação de nomes compostos podem ter os seguintes

valores: (procedência) Sa- Se- So – “pai de” – Sonjamba (pai de Jamba/gémeos); Na- Ne- No

(mãe de) – Nonjamba (mãe de Jamba/gémeos); (negação) Si - Sikuete “não tenho”, Sipopi “não

falo”; Sa - Sandele “não fui”. Por último, as palavras compostas pelo prefixo “Ca- / Tcha” pode

ter valor de (estado ou qualidade), por exemplo, Tchakusola “agradável, alegre”, Cakusuka

“maduro”, Calela “leve”. No quadro 6 podemos constatar que há prefixos para a formação de

nomes a partir de verbos e nomes comuns.

Quadro 5- Prefixos e pré-prefixos do umbundu

Prefixo Função Exemplo Prefixos verbais

OKa- (classe 12)

-Marcador de negação - Argumento

Kapiti (não passe); Kapule (pergunta-lhe).

Oci- /Tchi- (classe 7)

- Argumento -Cikapa (põe isto ou aquilo); tchikambi (falta + o, a, lhe, isto, isso)

Ku- (Classe 17)

-Marcador de negação

Kumoli (não verás); Kupekela (não vais dormir)

Sa- Si-

-Marcador de negação

Sandele (não fui) Sakuvanja (não te vi) Sitavi (não vou aceitar) Sipopi (não vou falar);

Prefixos nominais

U- (Classe 1)

-Indicador de origem; -Indicador de estado ou qualidade; -Marcador do singular.

-Umbalundu (do Bailundo) -Ulika (solitário); -Uvye (do Bié)

Va- (Classe 2)

-Indicador de origem -Marcador do plural

-Vambalundu (os de Bailundo); -Vaviye (os do Bié)

E- (Classe 3)

-Marcador de estado ou qualidade; -Indicador de número e género.

-Essuvo (ódio); Essoco (calunia); -Epito (porta); Esualali (soldado)

A- (Classe 5)

-Marcador do plural Apito (portas); assualali (soldados).

Oci- /Tchi- /Ci- (classe 7)

-Aumentativo; -Efeito da ação ou qualidade; -Marcador do singular

-Cimuku (rato grande); -Civinda (Ferreiro); -Cimunu (de omunu =ladrão)

Page 60: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

47

Olo- / Lo- (Classe 10)

-Marcador de concordância (plural)

Olo/Lonamba (tubérculos); Olo/Longonjo (pernas)

OKa- (Classe 12)

-Diminutivo; -Designador de profissão; -Indicador de origem, naturalidade

-Kandimba (coelho pequeno); -kaluwongo (enfermeiro); -Kaputu (de Portugal)

Ku- (Classe 17)

-Locativo (=direção) -Kussenge (na mata)

Mu- (Classe 18)

-Locativo; (indicam interioridade depois de verbos de movimento);

Mussenge (no interior da mata); Mutunda (sair do interior).

Prefixos para a formação de nomes composto

Na- Ne No-

-Indica filiação; -Marcadores de género feminino e singular.

Navita (mãe de Vita); Neyala (mãe de Eyala); Nonjamba (mãe de Jamba)

Sa- Se- So-

-Indica filiação; -Marcadores do género masculino e singular

Savita (pai de Vita); Seyala (pai de Eyala); Sonjamba (pai de Jamba)

Ca- / Tcha- -Prefixo pré-radical que indica qualidade ou estado

Calepa (alto) Calenda (inflamado)

Podemos considerar que os prefixos para a formação de nomes compostos, na-, ne-, no-

(= mãe de) e sa-, se-, so- (= pai de) são utilizados exclusivamente para a formação de nomes

atribuídos aos progenitores segundo a circunstância do nascimento dos filhos. Os prefixos sa-,

se-, so- para além de serem utilizados na formação de nomes compostos, servem também como

marcadores de negação quando antecedem as formas verbais (cf. quadro 5). Os prefixos

nominais “olo-, o-, na-, tcha-/ca-” são subtraídos quando aportuguesados ou transformados a

nomes de pessoas, por exemplo, olonamba > namba, olomoko > moko, osoma > soma,

tchakuvala > kuvala. Podemos afirmar que os prefixos em umbundu podem ter várias

significações e a sua interpretação só é possível de acordo com o contexto em que ocorrem.

Page 61: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

48

As tradições

4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte

Nesse ponto reportamos alguns aspetos da cultura dos Ovimbundu e a relação que existe

entre a tradição e a atribuição de nomes. É importante referir que muitos nomes em umbundu

surgem por influência de acontecimentos da vida como a iniciação, o casamento, o nascimento,

as doenças, a morte e problemas familiares.

O processo de iniciação para os homens e mulheres começa a partir dos 12 aos 15 anos.

Para os rapazes começa com a circuncisão e para as raparigas desde o aparecimento da primeira

menstruação, embora estas fases difiram de região para região. A circuncisão era um ritual

hereditário praticado apenas pelos membros pertencentes ao mesmo clã e era feita sem qualquer

anestesia, sem queixa e sem remédio.

Em relação à iniciação nas mulheres, Milheiros (1951:91) afiança que “nalgumas tribos

as raparigas ficam fechadas na Embala19 do soba, durante oito dias”. No decorrer desse período,

os pais fazem testes para confirmar se as filhas estão realmente virgens para o alembamento

(casamento tradicional)20, usando o desvirginamento artificial ou outras condições exigidas

pelo noivo.

Na perspetiva de Kakumba (2013:25) “a iniciação cultural é o rito da puberdade que

consiste na educação sociocomunitária e cultural dos indivíduos”. Os adolescentes aprendem

desde pequenos o hábito e o gosto pela sua cultura. Os valores culturais são passados nesta fase,

de acordo com a tradição de cada tribo. Segundo Kakumba (2013), transmitia-se a cultura de

geração em geração. Os conhecimentos obtidos nos ondjango21 não podiam ser revelados a mais

ninguém. Mcculloch diz que o processo de iniciação nos Ovimbundu também era realizado em

acampamentos:

tribal initiation for boys (okulisevisa evamba) and girls (uso wakãı) is carried on in camps or

“schools” in southern and southern-eastern Umbundu chiefdoms, especially in Kalukembe,

19 Habitação do soba, do chefe de uma tribo africana, cubata. 20 Tributo de honra que o homem presta à família do noivo. 21 Local de reuniões e de transmissão de costumes ou saberes da comunidade aos mais novos bem como histórias, provérbios e preparação para a vida conjugal (alembamento).

Page 62: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Kakonda and Ngalangi. Sporadic instances of individual camps have also occurred recently in

Viye, Bailundu, Sambu, Wambu, Cingolo and Cikuma”. (Mcculloch 1952:44)

Após o cumprimento do ritual de iniciação e circuncisão, os adolescentes começam a

frequentar as reuniões em ondjango com os restantes membros da tribo. Os ondjango são

instituições tradicionais onde os membros do clã se reúnem para discutirem assuntos da

comunidade, contar anedotas, advinhas, histórias e até mesmo para partilharem refeições. Para

Figueira (1930:110-111) “o onjango das aldeias é o local onde os adultos se reúnem. Os rapazes

só o podem frequentar uma vez atingida a maioridade”. Milheiros (1951:57) refere que “o

onjango é frequente nas sanzalas constituídas por uma palhota redonda com paus a toda a volta

e coberta de capim”. De acordo com Mcculloch (1952:26) “o onjango é constituído por um teto

em forma de viga, fixado em postes robustos de madeira e deixado em aberto para que todos

possam ver e ouvir o que acontece no interior”. Etimologicamente, ondjango é uma palavra que

deriva de ondjo (casa) + yo (de) ohango (capim) que significa “casa de partilha, de festas e de

resolução de problemas”.

O ondjango é o local onde se realizam os julgamentos tradicionais, a partilha alimentar

comunitária, a conversa, a narrativa das tradições, a solidariedade, a transição de valores

culturais, a educação e os ritos de iniciação. São considerados como escolas primárias da vida,

onde os jovens adquirem conhecimentos diversos. Kavaya (2006, citado por Kakumba,

2013:25) afirma que “onjango é uma realidade inspiradora para uma conceção pedagógica que

tem em conta o homem como ser aberto à vida e ao diálogo interpessoal”.

Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952: 44-45) menciona o plano educativo dos

Ovimbundu, sobretudo: (i) no âmbito psicológico, o medo de perigos reais ou imaginários é

transmitido pela mãe, pelo irmão mais velho e pelos avós; (ii) no âmbito social, uma criança de

oito anos deve aprender tudo sobre etiqueta e uso social, principalmente os meninos; (iii)

treinamento de habilidades antes dos oito ou nove anos de idade, imitando atividades dos

adultos.

Os contos tradicionais baseados em provérbios e cânticos tradicionais transmitidos em

ondjango eram fundamentais para a vida social dos Ovimbundu, tal como descreve Kavaya

(2006):

Page 63: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

50

[...] com os provérbios o homem muntu reforça os seus argumentos filosóficos seja para

solucionar um conflito, como para ensinar sábias sentenças, ou moralidade tirada de uma

história, e com a variedade das suas imagens comunicam-se os encantos poéticos, estéticos e

morais. (Kavaya 2006:152)

Os provérbios têm carácter pedagógico e fazem parte dos ensinamentos dos povos

africanos desde a adolescência até à fase adulta. Para Kavaya, os provérbios servem para

reforçar um argumento, ensinar lições da vida social. Os provérbios constituem outra fonte de

nomes nos Ovimbundu. Alguns nomes, para além de se referirem aos acontecimentos da vida,

também tinham caráter pedagógico, ou seja, todos os nomes na língua umbundu possuem

caráter educativo.

Em relação ao casamento, a escolha da noiva dependia de costumes familiares, bem

como do grau de parentesco. Quando a família tivesse fama de feitiçaria ou maus hábitos na

aldeia era motivo suficiente para a rescisão do alembamento. Figueira (1938) sustenta que na

união vital se respeita a consanguinidade. Não se permite o envolvimento de parentes diretos,

o que vai até ao segundo grau de parentesco não colateral. Tanto os homens como as mulheres

procuram união fora do elumbo (=tribo). Ainda o mesmo autor relata que, antigamente, os

Ovimbundu não casavam por qualquer sentimento, mas sim por simpatia ou por determinação

paterna da tradição secular. Aos oito anos de idade a rapariga ficava comprometida à primeira

pessoa que a tinha pedido aos pais em casamento.

O alembamento era uma festa que variava segundo as condições de cada família. No dia

do alembamento o noivo devia entregar, obrigatoriamente, à família da noiva os requisitos

exigidos na carta de pedido como lenços, panos africanos, fatos, vestidos, calçados, bebidas

fortes (garrafão de vinho, garrafas de aguardente, cerveja, refrigerantes) e valores monetários.

O não cumprimento era passível de uma coima estipulada pelos tios maternos da noiva.

Deste modo, quando alguém quisesse casar tinha de pedir opinião aos seus parentes

mais velhos para darem um parecer sobre os costumes e hábitos, como eram os seus óbitos,

alegrias, tristezas, doenças e só assim podiam escolher a futura esposa.

Para Mcculloch (1952:18) “the oluse and the oluina are both divided into male and

female sides: the oñele yohonji (the side of the bow) and the oñele yohumba (the side of the

basket)”. Segundo Kakumba (2013:40-41) o alembamento nos Ovimbundu ocorre em duas

fases:

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51

1. A primeira fase tinha a duração de um ano sem nenhum contacto sexual. Atualmente,

nas zonas urbanas, este princípio deixou de ser cumprido e por consequência muitas

adolescentes ficam gestantes antes mesmo do alembamento. A família do noivo devia

entregar um litro de óleo de palma, uma missanga, uma enxada e um garrafão de

vinho;

2. A segunda fase tinha também a duração de um ano, que terminava com uma festa.

Kakumba afirma que o casamento era uma coisa sagrada e era precedido de três

rituais (okuvala, okulomba e okutambela22).

A união conjugal para os povos Bantu tem como objetivo fundamental a procriação. De

acordo com Yambo (2003:10) “o muntu considera a procriação como um dom inestimável que

Suku Kalunga, Ndala-Kalitanga ou Nzambi deu à humanidade”. No pensamento Bantu, espera-

se com ansiedade e alegria o surgimento de novos membros na família. Pelo contrário a morte

dos filhos, em especial de gémeos, ou a infertilidade são motivos para a realização de certos

rituais, por exemplo, os banhos com ervas aromáticas e adivinhos. Procura-se entender as

causas das mortes, doenças no lar, a morte de recém-nascidos e da infertilidade.

Na perspetiva de Yambo (2013:19) “os Ovimbanda ou Asakuli (Terapeutas

Tradicionais) e ocimbanda c'ongombo (adivinho) têm o poder de intercetar o mal que se abate

sobre uma família ou mesmo na Comunidade e como tal detêm também certos poderes

sobrenaturais”. Estes costumes são frequentes entre os Ovimbundu, e as tradições estão ligadas

aos processos de nomeação.

Cada família possuía um ocimbanda, membro da família ou da aldeia que era

especialista neste tipo de tratamentos espirituais por meio de adivinhos, plantas medicinais

fervidas e banhos terapêuticos com ervas aromáticas. Yambo (2003:17) diz que “para o muntu

a conceção humana é para gerar seres vivos e sãos continuadores da prole e do Clã, além da

Etnia”.

No que se refere à tradição oral, durante a gravidez a mulher é proibida de pegar ou

cruzar-se com certos animais. Acredita-se que o bebé pode nascer com alguma deficiência

22 Okuvala- consiste num acordo que se fazia entre os familiares do noivo e da noiva, mas o devido ritual fazia-se normalmente antes da idade da puberdade da futura noiva; Okulomba- o mesmo que alembamento, ou seja, a família do noivo deve trazer um casaco para o pai da noiva e um jogo de panos para a mãe; Okutambela- apresentação oficial do noivo aos restantes familiares da futura noiva, isto para fortalecer o desejo feito na primeira fase “Okuvala” (Cf. Kakumba, 2013:38-39).

Page 65: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

52

corporal. Nas regiões de Chiumbe, Lundas e Luenas “é vedado a mulher grávida pegar em

certos animais para que os filhos não se pareçam com eles, ou comer determinados seres ou

alimentos” (Milheiros 1951:73). Nos últimos meses de gravidez, dão à mulher medicamentos

compostos de plantas trituradas e fervidas para fortificar a mãe e auxiliar o desenvolvimento do

feto. Figueira (1938:125) destaca que “a posição do feto é observada constantemente nos

últimos dias da gravidez. Deve-se evitar o encontro de animais feios, tais como cobras,

macacos, lobos, onças e certas aves”. Sempre que nasce um filho faz-se uma cerimónia com

batuques, danças tradicionais, comezainas, libações e caçadas.

Na conceção de Mcculloch (1952), durante o parto a mulher é sempre acompanhada

pelas anciãs da aldeia e pela família do marido, uma vez que o homem não pode se fazer

presente no momento do parto, ou seja, não é permitida a presença de um homem durante o

parto, a não ser que surjam complicações que impliquem a presença de um médico tradicional:

durante o primeiro parto, a mulher é assistida por mulheres mais velhas da vila. Geralmente,

parentes do marido. Nenhum homem deve estar presente, a menos que o atraso do parto

implique a presença de um médico ou de um ocimbanda. (Mcculloch 1952:40)

No tocante ao nascimento de gémeos, Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952:40-41)

considera que “os gémeos são bem-vindos, mas são considerados prodígios. O nascimento

requer a consulta de um Ocimbanda”. Ainda o mesmo autor comenta que após o nascimento

dos gémeos, enquanto as crianças crescem, toda a vila participa de uma cerimónia para

preservar as suas vidas.

Em caso de morte de um dos gémeos, os pais são expressamente proibidos de chorar,

para que o outro gémeo não se aperceba da infelicidade do seu irmão. Segundo a tradição,

muda-se a casa do óbito para que o gémeo vivo não tome conhecimento do óbito. Este

pensamento é também apresentado por Kakumba (2013):

no funeral dos gémeos se transferia o óbito para uma outra casa. A mãe não podia chorar, para

não manifestar a angústia, evitando que o irmão vivo tivesse o mesmo destino. O funeral do

gémeo era feito no cruzamento de dois caminhos. (Kakumba 2013:40)

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53

As crianças mortas em resultado de aborto espontâneo ou parto normal e que não tenham

chorado durante o nascimento devem ser enterradas em olonacas23. Muitos destes rituais

tradicionais já não são praticados nas áreas urbanas. Por exemplo, há regiões em que se faz a

substituição do gémeo morto criando uma estátua antropomórfica pequena com o mesmo traje

da roupa do gémeo vivo e que deverá sempre ser transportada pela mãe.

De acordo com esses aspetos tradicionais, os futuros filhos destes casais que tenham

sofrido ou experienciado tais acontecimentos serão nomeados consoante a circunstância

incomum do nascimento. A tradição é o principal recurso para a atribuição de nomes na cultura

Ovimbundu. Não se pode compreender o processo de nomeação dos Ovimbundu sem ter em

conta as tradições, sobretudo a vida e a morte.

4.2. Estrutura familiar e sucessão

As famílias africanas são constituídas por vários membros, ou seja, duas ou mais

famílias unidas por meio de um único homem. Aghassian, Augé, Grandin, Héritier, Marie &

Messiant (1975) distinguem família elementar ou restrita (constituída por um homem, esposa e

filhos) e família composta ou extensa (unidades familiares mais vastas). Ainda segundo

Aghassian et al. (1975:22) “o laço de filiação (social) é entre a mãe e o filho, o irmão da mãe

(tio materno) e o pai é apenas considerado como progenitor”.

O grau de consanguinidade e reciprocidade é frequente entre os Bantu, por exemplo:

Mãy (mãe biológica) em comparação com Mãy (irmã da mãe - tia materna), Tate (pai biológico)

em relação a Tate (irmão do pai - tio paterno). De acordo com Milheiros (1951:121) “a família

Ovimbundu é constituída pelo marido, mulher, sobrinhos, filhos e netos”.

De acordo com a figura 13, podemos dizer que a estrutura familiar dos Ovimbundu está

constituída por duas partes: família paterna (oluse) e família materna (oluina). Conforme

proposto por Aghassian et al. (1975), os filhos de dois irmãos são entre si primos e os filhos de

duas irmãs são irmãos.

Por outras palavras, “os filhos de dois irmãos ou de duas irmãs são uma variedade

particular de irmãos e irmãs entre si e os primos paralelos chamam pai ao irmão do pai e mãe à

irmã da mãe” (Aghassian et al. 1975:136-137).

23 Terreno húmido e fértil próximo ao rio utilizado para pequenas plantações em qualquer época do ano. Cf. José

Redinha (1974:40) “Onaca” agricultura laboriosa, cuidada, regada e estrumada.

Page 67: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

54

Segundo Milheiros (1951:109) “os filhos pertencem à mãe, embora o verdadeiro poder

paterno pertença ao tio (irmão da mãe) da criança”. Veja-se na figura 14, a relação de tio

materno e sobrinho uterino.

Como se observa nas figuras 13 e 14, podemos dizer que há distinção entre tio paterno

e tio materno pelo facto de que os tios maternos têm uma relação muito próxima com os

sobrinhos uterinos (de pai para filho). A relação entre tio e sobrinho na linhagem patrilinear nas

famílias africanas consiste apenas numa relação de familiaridade de pai e sobrinho. Outra

Pakulu (avó)

Nhohonu (tio paterno)

Epalume (primo) Cepua (prima)

Sohãy (Pakãy)(tia paterna)

Makulu (avô)

Família paterna e materna

Tate (pai ou tio materno)

Mãy (mãe ou tia materna)

Onekulu (neto)Ocimumba(sobrinho uterino)

Pakulu (avó)

Nhohonu (tio paterno) Sohãy (Pakãy)

(tia paterna)

Makulu (avô)

Tate (pai ou tio materno)

Mãy (mãe ou tia materna)

Onekulu (neto)

Ocimumba(sobrinho uterino)

Tio mãe

Eu

Irmã (tia)

Irmão (tio)

Sobrinhos uterinosFilhos

Netos

Irmã Irmão

Figura 13- Estrutura familiar dos Ovimbundu

Figura 14- Relação familiar entre tios, tias, sobrinhos e netos

Page 68: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

55

particularidade existente nas famílias Ovimbundu consiste na relação de fraternidade entre os

filhos do irmão e os filhos da irmã. Com base no quadro 4, entende-se que a estrutura familiar

dos Ovimbundu é constituída por parentes próximos e colaterais.

Quadro 6- Terminologia de consanguinidade dos Ovimbundu

Terminologia Significado Reciprocidade Significado

Pakulu Avô Onekulu Neto (a)

Makulu Avó Onekulu Neto (a)

Tate Pai Omõla Filho (a)

Mãy Mãe Omõla Filho (a)

Mume Irmão Mukãy Irmã

Huvange / Kota Irmão mais velho Huvange / Kota Irmã mais velha

Nhohonu / Manu Tio materno Mãy Tia materna

Tate Tio paterno Sohãy / Pahãy /

Tatekãy

Tia paterna

Mandji Irmão mais novo Mandji Irmã mais nova

Epalume Primo Cepua Prima

Ocimumba Sobrinho Ocimumba Sobrinha

Onekulu Neto Onekulu Neta

Mbwale Meu senhor Mbwale Minha senhora

Sando-mbwa Noivo Ndombwa Noiva

Ndatembo Sogro Ndatembo Sogra

Nawa Cunhado Nawa Cunhada

Em relação à sucessão da herança, ela recai no irmão, ou primogénito dos filhos da irmã

mais velha. Em alguns casos, se uma tribo passou a pertencer a uma mulher, os sobrinhos desta

passam a ser os herdeiros de todos os bens. A título de exemplo, na sucessão de sobas24 herdam

os filhos mais velhos, caso não existam herda um neto ou sobrinho mais velho. Os tios são mais

considerados do que os pais biológicos. Nas sociedades africanas a herança transmite-se por

24 Típico dos povos africanos. Os sobas têm os mesmos poderes que um rei. Este governo é constituído por um sistema hierárquico: um Mwekalia (Vice); Epalanga (Assistente); Kaley (Porta-voz); Nganbole (Juiz); Komandanti (Conselheiro), entre outros.

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via uterina (=filiação matrilinear). A herança recai sempre nos filhos mais velhos e na ausência

destes recai nos netos ou sobrinhos uterinos.

Adão (2010:145) reforça esse ponto, dizendo que “nas culturas bantu a herança e a

sucessão atende à consanguinidade e à idade, isto é, numa mesma família por via de regra herda

o primogénito”. O mesmo autor comenta que existem alguns critérios culturais a que os povos

Bantu obedecem, como por exemplo:

1. Herda o filho mais velho da irmã mais velha do de cujus.

2. Herda o irmão mais velho. Quando o de cujus é do sexo feminino, sucede-lhe a

filha mais velha, na falta, a irmã mais velha.

3. No caso do de cujus ser do género masculino e possuir várias mulheres, herda o

filho primogénito, qualquer que seja a sua mãe.

4. Um avô pode considerar como seu filho um neto natural e dar origem a nova

família com diferente forma de sucessão.

De acordo com Kakumba (2013:160) “o sobrinho, filho da irmã, é herdeiro de tudo o

que é do tio, assim como o filho”. Esta prática ainda é frequente entre os povos bantu de Angola.

Podemos afirmar que os processos de sucessão e atribuição de nomes em umbundu funcionam

da mesma forma. Por exemplo, se um neto ou sobrinho é herdeiro da gestão de bens dos avós,

ou tios maternos, o mesmo ocorre com o processo de atribuição de nomes. Existe uma relação

muito próxima entre netos e avós, sobrinhos uterinos e tios maternos.

Os primogénitos e secundogénitos herdam nomes dos avós maternos e paternos, e os restantes

filhos herdam nomes dos tios maternos. Este costume está presente no sistema de nomes em

língua umbundu até ao presente momento. De acordo com Adão (2010), os netos são

considerados como filhos naturais dos avós.

4.3. Atribuição dos nomes

A atribuição de nomes nos Ovimbundu pode ser da responsabilidade dos avós e dos

pais. Para Milheiros (1951: 81) “é a avó que escolhe o nome aos netos”. Por seu turno, Sayango

(1997: 34) diz que “é o pai, e não a mãe, que tem a prioridade na escolha do nome de um

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57

membro da sua família para ser o sando25 do primeiro bebé, quer se trate dum menino ou duma

menina”. Ainda segundo o mesmo autor, se o pai não tiver a quem nomear, a mãe do bebé pode

escolher o nome dos seus pais ou irmãos. Em relação aos Kimbundu e Bacongo a

responsabilidade recai nos pais. Nos Kyokos a responsabilidade é da parteira e para os

Nganguelas é das anciãs pertencentes ao clã. Segundo Sayango (1997), seleciona-se o nome de

um parente vivo ou morto para se manter a linhagem:

escolhe-se o nome do bebé depois do parto, nunca antes. O casal pede conselhos aos pais, tias e

tios ou outros parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-

nascido, dando-lhe o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome.

(Sayango 1997:33)

Por regra, a atribuição de nomes nos Ovimbundu é feita por meio do fenómeno xará que

consiste em atribuir o mesmo nome de um parente próximo para que seja lembrado vivo ou

morto. Atualmente, os nomes são escolhidos antes ou depois do nascimento, dependendo do

desejo dos progenitores.

Segundo os costumes previamente consignados no ponto anterior sobre a sucessão,

atribui-se obrigatoriamente o nome dos avós maternos ou paternos aos primogénitos. Aos

secundogénitos e restantes filhos atribuem-se nomes dos tios ou tias maternas e paternas,

embora não seja uma regra fixa. Os primeiros nomes são sempre do xará e os segundos refletem

o momento ou a circunstância de nascimento. Tomemos como exemplo as seguintes

circunstâncias: miséria, guerra, paz, acampamento, sofrimento, óbito, dias de semana, meses

do ano, doenças e queimaduras. As circunstâncias podem ser de natureza diversa e servem para

a formação de segundos nomes em língua umbundu.

Os nomes opcionais são originários de alcunhas e nomes de família. É comum registar

nomes de caráter pejorativo relacionados com a época ou momento do nascimento. Por

exemplo, se o individuo nasceu na época da colheita de feijão chamar-se-á Cipoke.

Ademais, muitos indivíduos optavam por alcunhas que designavam objetos ou coisas

incomuns tanto em português como em umbundu como: bacio, remendo, sabonete, quintal,

sapato, chapéu, mosquito, botão, fantasma, feiticeiro, canivete, Londovi (casca da árvore

utilizada para fazer corda artesanal), cipala (fase), sanji (galinha), ngulu (porco) cingufo

25 O mesmo que xará, ou seja, aquele que tem o mesmo nome que outro.

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58

(instrumento musical), nambi (óbito), visimilo (pensamento, conhecimento), longuembia

(mágoa, sofrimento), chilulu (fantasma, alma de outro mundo).

Na cultura africana a vida e a morte são processos extremamente importantes para a

constituição de nomes. Segundo Vasconcellos (1928:245) “os povos selvagens denominam os

seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento”. Com efeito, os nomes na

cultura Ovimbundu são na maior parte relacionados com nomes de objetos, nomes proverbiais,

nomes de acontecimentos, nomes de animais e de superstições.

Segundo os costumes tradicionais, os nomes em umbundu são reflexo de

acontecimentos históricos que marcam o início de uma nova vida. Os ocimbanda ou curandeiros

tradicionais eram detentores de poderes sobrenaturais. Influenciavam a atribuição de nomes

com base na consulta de espíritos e adivinhos, conforme declara Yambo (2003:19) “aquilo que

o adivinho ou o terapeuta disser não é matéria de discussão, é uma ordem que deve ser cumprida

sob pena de maiores calamidades”. Ainda segundo o mesmo autor, o consenso que se apurar

durante as consultas será determinante na escolha de um nome, para que os próximos filhos não

sejam levados à morte por espíritos malignos. Henderson (1990:70) assevera que “os

otulupokopoko, ou espíritos dos bebés já falecidos, representavam uma ameaça muito especial

para os bebés vivos, e, por conseguinte, os pais tentavam enganar os espíritos pondo aos seus

filhos nomes de animais tão desprezíveis como é o porco”. De modo a confundir os

otulopokopoko era frequente o surgimento de determinados nomes desprezíveis, quando numa

família os filhos anteriores tivessem todos morrido por causa destes espíritos. Filho (2008)

apresenta o mesmo ponto de vista que Henderson (1990), ao afirmar que os nomes depreciativos

confundiam os espíritos malignos que tentassem atacar as crianças:

acredita-se que os espíritos malignos têm uma preferência especial em atacar as crianças

pequenas. Um dos modos de evitar isto é retardar a nomeação, pois a falta de nome faz com que

essas entidades tenham dificuldade em reconhecer sua possível vítima, sendo assim uma das

formas usadas para ludibriá-los. Outra forma de enganá-los é atribuir nomes repulsivos às

crianças. (Filho 2008:10)

Muitas famílias retardam o processo de nomeação quando se registam antecedentes

infelizes, e de maneira a evitar que se repita a mesma situação atribuem nomes desagradáveis

para que estes espíritos não vitimizem os bebés recém-nascidos. Segundo a filosofia africana

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59

acredita-se que os nomes com significados ruins podem afastar os espíritos malignos de se

apoderarem das almas como é o Cilulu (fantasma, alma do outro mundo). Atribuem-se também

nomes de animais ferozes e não ferozes, tal como Ondjamba (elefante ou gémeos), Hombo

(cabrito), Ngulu (porco). Os problemas do casal em gerar filhos são considerados como uma

das motivações para a atribuição de nomes, por exemplo, Yambo (2003:34) diz que “Canjika26

é o nome próprio que se dá a uma criança depois de muitos que precederam terem todos

falecidos”. Ainda segundo Yambo (2003) os ciclos da vida, tais como o nascimento, o

casamento e a morte têm grande influência no surgimento de nomes que indicam circunstâncias

incomuns. Por exemplo, Civimbi (quando uma criança nasce depois de muitos irmãos mortos),

Sapalo (nome que se dá às crianças que nascem no sábado); Tchilombo (criança que a mãe

concebeu sem ser iniciada e deu à luz quando ainda se encontrava na iniciação); Kapiñala

(herdeiro de tudo o que é dos mais velhos, desde o feitiço até aos bens), Mwenyo (criança que

sobrevive depois de muitos problemas de saúde).

Além disso, os nomes que surgem depois de muitas mortes na família são atribuídos

segundo a causa da morte. No nascimento de um novo membro realiza-se uma cerimónia

familiar que dá início ao processo de atribuição do nome. Yambo (2003) assegura que os nomes

não são atribuídos por acaso, há sempre uma razão por detrás de cada nome. Para Bastide (1981,

citado por Filho, 2008:9) a multiplicidade do indivíduo, com seus diversos laços de

pertencimento social, encontra expressão nos diversos nomes que ele recebe.

Presume-se que a criança deve herdar traços físicos ou comportamentais do xará. Por

exemplo, o provérbio ou sabedoria kikoongo: “otumbula o muntu kesokolola ezina ko”

significa que o filho tem sempre o mesmo comportamento que o xará (Damba, 2011)27. Para os

Ovimbundu: “Wa piñala ocipa cukongo, lolona viaco ale” – o herdeiro assume todas as

consequências da herança; “wa piñala ongunda, haeye o piñala akolokolo” – quem herda os

haveres, herda os deveres.

26 Canjika- de oka/ka (classe 12) + onjika. 1. Pau aguçado que se estaca na terra para assegurar a parede de uma casa; 2. Pau biforcado e espetado na terra; 3. Milho cozinhado com carnes e legumes.

27 Disponível em: http://www.mundamba.com/article-os-nomes-ou-cognominos-kikongos-82681091.html, acesso 15 de janeiro de 2020.

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60

CAPÍTULO II

ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA

UMBUNDU

O sistema antroponímico português

O sistema antroponímico português no período medieval era constituído por nomes de

um único elemento. Para Santos (2003) durante o século X e meados do século XI a maioria

dos indivíduos possuía apenas um nome. Após a invasão germânica na península ibérica, os

nomes latinos foram substituídos por nomes germânicos. Segundo Rowland (2008:13) “a

natureza e a intensidade da penetração germânica em cada região, teve variações no grau e

rapidez da substituição de nomes latinos por nomes germânicos durante os primeiros séculos

da Idade Média”. Percebe-se que o surgimento de novos costumes e nomes de origem

germânica causou alterações no sistema português no período medieval. É importante realçar

que a influência germânica teve impacto sobre a antroponímia e toponímia, ao passo que a

influência islâmica foi a nível do léxico comum. Segundo Piel (1960) o léxico antroponímico

foi influenciado pela contribuição germânica, enquanto que o léxico comum foi influenciado

pela contribuição lexical árabe.

Os nomes germânicos consistiam na aglutinação de dois elementos. Segundo Piel (1942,

citado por Bobone 2017:21) a população ibérica “estava farta de chamar aos seus filhos Primus,

Secundus, Quintus, Septimus, etc., e quando ouviu os lindos nomes que os godos traziam, tão

sonoros, tão exóticos, não puderam resistir à tentação de se chamarem também como eles”.

Ainda segundo o mesmo autor, “fica assim caracterizada a natureza do fenómeno: a moda”. Na

obra “Arte Visigótica em Portugal” Fernando António de Almeida e Silva Saldanha fazem

menção ao uso dos nomes godos no período da Reconquista até ao século XIII:

praticamente a entrada do povo Visigodo só se verificou em 509 quando, depois da batalha de

Vouillé, foi arrasada Tolosa; mas, por outro lado, a tradição das suas qualidades, ficou. Por isso,

mais tarde, quando da Reconquista, era de bom tom ser-se ou pretender-se ser um rebento da

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61

velha cepa germânica. Foi mesmo a moda, até ao séc. XIII, tomarem-se nomes godos.

(Almeida & Saldanha 1962:23)

Os nomes romanos eram opostos aos nomes germânicos por serem limitados e rígidos,

ao passo que os nomes germânicos disponham de uma diversidade semântica. Note-se que os

romanos tinham o costume de atribuir nomes de acordo com a ordem de nascimento. Bobone

(2017:21) diz que “pelo final do primeiro milénio cristão, quase toda a população tinha adotado

nomes germânicos”. Por esta razão, muitos nomes eram compostos por nomes romanos e nomes

germânicos.

Por outro lado, o surgimento do sistema de dois nomes deveu-se ao conselho da Igreja

que pretendia anexar o nome de um santo depois do nome pessoal, com o objetivo de difundir

os nomes cristãos no sistema medieval. A reconquista cristã no século XV possibilitou a

formação dos reinos peninsulares medievais das maiores regiões da Espanha a nível económico

e cultural. “Só nos finais do século XI começam a mesclar-se com estes os nomes dos santos

mais venerados: Pedro, João e Maria, num primeiro tempo, depois os nomes de apóstolos e

mártires como Vicente, Estevão, Lourenço e Bartolomeu” (Bobone 2017:23). José Mattoso

(1999, citado por Bobone, 2017:24) “já no final do século XII estes nomes já se tinham

estendido a todo o território Entre Douro e Minho”. Durante a contrarreforma da igreja Católica

e do Rituale Romanum de 1614, o Concílio de Trento de 1545 a 1563 estabeleceu normas sobre

como os párocos poderiam proceder para o registo de batismo, casamentos e óbitos.

De acordo com Santos (2003), o sistema antroponímico português passou a ser

constituído por dois e três elementos entre os séculos XII e XV. Para Gonçalves (1971), o

modelo mais comum no período medieval era constituído por um nome próprio e a este

juntavam-se outros elementos. Bobone (2017:59) afirma que desde o século XII se verificou o

alargamento do nome na sua forma carateristicamente medieval – uma composição de três

elementos: nome próprio, patronímico e apelido. Segundo Neves (2001), o aumento

populacional e o surgimento de homónimos originaram mudanças no sistema antroponímico

português:

à medida que as populações aumentavam, tornava-se difícil distinguir as pessoas por um só

nome que, por vezes, se teria de repetir. Os romanos foram obrigados a complicar o processo,

passando a nomear os cidadãos com três ou quatro vocábulos. (Neves 2001:7)

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62

Em tempos remotos era costume repetir um mesmo nome, o que dificultava a

identificação de pessoas em centros mais povoados; o surgimento do patronímico ligado ao

nome de batismo fez com que as formas homónimas desaparecessem.

Considera-se rico o sistema antroponímico, quando composto por diferentes

combinações antroponímicas. Pelo contrário, considera-se pobre se for constituído por

homónimos. De acordo com Santos (2003:230) “na Idade Média, a evolução do antropónimo

de um só nome para uma forma constituída por dois elementos foi talvez, o marco mais

significativo do processo de formação do sistema antroponímico”.

Outro fator que também pode ser considerado é a semelhança da estrutura familiar dos

latinos e portugueses, como nos afirma Soledade (2012):

vincula-se ao sistema latino que, em princípio, refletia a estrutura familiar inserida na

organização social do patriciado romano. Mas, na língua do Lácio, a antroponímia foi sendo,

paulatinamente, reformulada pelos seus falantes, devido, entre outros fatores, à ascensão política

e social da plebe, à integração dos chamados bárbaros e à promoção do Cristianismo.

(Soledade 2012:324)

Neste sentido, as novas tendências provocadas pela influência dos povos germânicos a

nível político, social, cultural e religioso tiveram impacto sobretudo na antroponímia. E após

um longo período de transformações linguísticas e culturais, o sistema antroponímico português

passou a ser constituído por diversas combinações. Para Santos (2003) os nomes com um, dois,

três ou quatro elementos consistiam em diferentes combinações não fixas. Ainda segundo a

mesma autora, os nomes compostos por dois elementos eram os mais usados, geralmente

constituídos por um nome próprio seguido de um patronímico; na sua ausência figuravam

outros designativos como “Martim Negro” e “Estevão Sapateiro”. Quanto aos nomes

compostos por três e quatro elementos apresentavam semelhanças ao nome composto por dois

elementos. É importante reafirmar que não existia uma regra fixa para diferentes combinações

nominais, veja-se: Vasco Martins de Vilela, Domingos Eanes Calvo Mata Mouros. Para Bourin

(1990, citado por Franco, 1995:24), entre 1125 - 1130, o nome único entra em queda cedendo

a sua primazia ao novo sistema constituído por dois elementos: nome próprio e sobrenome. Esta

nova forma de identificar os indivíduos, a partir da segunda metade do século XII (1160),

abrange 80% das formas antroponímicas, enquanto que na França meridional ela atinge os 90%.

Page 76: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

63

Segundo Câmara Jr. (1997, citado por Silva, 2012) os nomes eram constituídos por um

prenome, sobrenome ou apelido:

um indivíduo possuía dois ou mais nomes formados por uma locução constituída por um

prenome seguido de um sobrenome, ou apelido, que indica melhor a proveniência geográfica

ou toponímica, a profissão, a filiação, a particularidade física e moral ou a circunstância do

nascimento. (Silva 2012:34)

Ainda segundo o mesmo autor cada elemento desempenhava uma função especifica, tal

como indicar a proveniência geográfica, a profissão, a filiação e particularidades físicas, morais

ou circunstâncias do nascimento. Podemos afirmar que o sistema antroponímico português foi

evoluindo de acordo com a influência cultural de outros povos. Santos (2003) sugere que a

desagregação do sistema constituído por um nome e a sua substituição por um sistema

constituído por dois a quatro nomes foi a mais importante evolução que ocorreu durante a época

medieval. Segundo Monteiro (2008:52) “a regra da acumulação de morgados estimulou o

aumento do número dos nomes. [...] esta prática ficou reforçada quando a legislação pombalina

de 1769 baniu as restrições à acumulação de morgados”. Ainda segundo o mesmo autor, “era

normal que um primogénito e senhor de casa acumulasse uma apreciável quantidade de

apelidos, ao contrário daquilo que era anteriormente a prática corrente”.

1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido)

O nome é o conjunto de elementos portadores de significado que funcionam como

marcadores de identidade pessoal, geralmente atribuído no momento do batismo. Sobre este

ponto, Vasconcellos (1928:9) considera “nome completo, ou conjunto formado pela designação

individual propriamente dita, acompanhada de outra ou outras designações que de ordinário se

lhe juntam”. Ainda segundo o mesmo autor a palavra nome tem quatro aceções: (i) nome

próprio (nome de batismo, registo ou crisma); (ii) nome completo (conjunto formado pela

designação individual acompanhada de outras designações); (iii) elementos do nome (apelido

e sobrenome); (iv) alcunha. Diogo & Oliveira (2009) sustentam que o nome é um dos primeiros

atributos que um individuo recebe. Para Ainiala, et al. (2012) os nomes podem ser analisados

em duas perspetivas: (i) o nome como combinação de palavras; (ii) o nome como identificador

individual. Por outras palavras, o nome atribui identidade a uma pessoa após o nascimento. Em

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64

função disso, um individuo sem nome é socialmente desconhecido. O nome exerce um papel

insubstituível na vida social do cidadão, ou seja, está diretamente relacionado com o sujeito.

O nome não pode ser concebido apenas como um conjunto de elementos sonantes, mas

como um sistema interligado de elementos que desempenham diferentes funções. Segundo

Rowland (2008) a função principal do nome consiste em identificar uma pessoa, destacando a

personalidade de cada indivíduo:

a função denotativa do nome serve em teoria apenas para marcar a identidade pessoal, ou a

individualidade, de cada um, distinguindo-o, tal como o número do bilhete de identidade, de

todas as restantes pessoas no interior de determinada população de referência. (Rowland 2008:2)

Os componentes do nome desempenham uma função importantíssima, ou seja, indicam

a linhagem ou a origem familiar. A motivação do nome varia consoante a cultura, a localidade,

os costumes e a época, e pode estar relacionada com a religião, o local de nascimento, a

profissão, a tradição familiar, a apropriação de nomes estrangeiros e a moda. Vasconcellos

(1928:141-143) afiança que os nomes podem ter várias motivações, tais como: “o nascimento,

o batismo, a devoção particular e o apadrinhamento”. Ainda segundo o mesmo autor os nomes

podem ter origem em apelidos do padrinho ou de um protetor, dos avós ou de outros parentes

ou apelidos adotados por circunstâncias especiais. Do ponto de vista de Santos (2003), a

atribuição de nomes está relacionada com nomes religiosos (nomes de santos), nomes de origem

familiar (pais, avós ou bisavós), nomes de personagens locais e nomes políticos ou militares.

Relativamente aos elementos do nome, Bobone (2017:71) assevera que “as palavras

apelido, sobrenome, cognome, alcunha e nome próprio são usadas indiferentemente, nos

autores clássicos para definir o conjunto dos nomes que aparecem depois do primeiro”.

O nome completo no período medieval era composto por nome próprio, sobrenome,

alcunhas e apelidos (Vasconcellos 1928). Segundo Nunes (1999), o prenome simples e

prenome composto correspondem a primeiros nomes e apelido ou sobrenome correspondem a

segundos nomes.

O nome próprio designa apenas um sujeito e pode variar segundo o género da pessoa.

Segundo Oliveira (2005), o nome próprio é um designador rígido por representar um indivíduo

de uma maneira única e direta.

Segundo a tradição cristã, o nome próprio é atribuído no batismo, conforme explica

Vasconcellos (1928:8) “o nome próprio é a designação que a pessoa recebe no batismo, no

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65

registo, em crisma”. Para Cabral (2008:241) “o nome próprio é o “nome de pia” (batismal) que,

à luz da tradição cristã, transporta a sacralidade da pessoa humana, qualificando-a no que tem

de mais essencial. É o nome da alma”. Raposo & Nascimento (2013) consideram nomes

canónicos ou antropónimos os nomes de batismo e de família que funcionam semanticamente

como nomes próprios. Ainda segundo Raposo & Nascimento (2013:998) o nome próprio pode

ser entendido em três perspetivas: “(i) dimensão formal que consiste no número de elementos

que compõem o nome próprio; (ii) dimensão semântica baseada em critérios de obrigatoriedade

e motivação semântica; (iii) dimensão ontológica relacionada com a natureza do seu referente”.

Naidea Nunes, em Antroponímia Primitiva da Madeira (1999:27) afirma que “a atribuição dos

prenomes realiza-se com base nas influências externas: tradição religiosa, tradição literária e

tradição histórica. A preferência de determinado prenome em detrimento de outro varia com o

tempo, segundo a moda e a popularidade dos nomes”.

Existem nomes próprios simples quando constituídos de um único elemento e

compostos quando constituídos por mais de um elemento feminino ou masculino, geralmente

com ou sem a preposição de. Por exemplo: Maria João, João Maria, Ana Sofia, Maria das

Dores, Maria da Esperança, João de Deus, Maria da Ascensão, Maria do Carmo. Conforme

afirma Vasconcellos (1928:327) “do mesmo modo que o nome próprio e o sobrenome, também

o apelido pode ser simples ou composto: melhor certamente seria dizer complexo”. Vale

ressaltar que o nome próprio é indispensável para distinguir um ou mais indivíduos enquanto o

sobrenome insere o sujeito no contexto familiar.

Nessa sequência, podemos dizer que não há homem sem nome, nem nome sem

sobrenome. De acordo com Franco (1995:22) “o sobrenome era o segundo designativo de

identificação e tinha como função indicar o nome próprio do pai”. Durante o período medieval

os sobrenomes passaram a ser usados como apelidos, como se verá adiante sobre a transição

dos patronímicos a nomes de família. Segundo Bobone (2017:72) “a gramática de João de

Barros, em 1540, define o sobrenome como sinónimo de patronímico”. Vasconcellos (1928:11)

sustenta que “sobrenome é um patronímico, nome de pessoa, expressão religiosa ou outra, que

se junta imediatamente ao nome individual, com o qual como que forma corpo: Méndiz,

Augusto, César, da Conceição”.

Iria Gonçalves, em Amostra da Antroponímia Alentejana (1971), refere que o

patronímico podia ser constituído pelo nome próprio do pai, quer na forma genitiva, quer na

forma nominativa. Ao contrário do que se pensava sobre o período de desagregação do

patronímico na forma genitiva, Iria Gonçalves sugere que este processo em Portugal tenha

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66

durado até ao século XVI. Para Carvalhinho (2007:5) “sobrenome é tudo aquilo que não pode

ser considerado nome de batismo”. Segundo Franco (1995:103) “o sobrenome faz com que o

indivíduo tenha consciência da sua existência ao evidenciar a sua família, ao esclarecer a sua

origem”. Ainda segundo a mesma autora, o sobrenome representa uma interpretação sobre o

passado e o presente do sujeito, "impondo" a presença da família a que pertence. Diante deste

pressuposto podemos dizer que o sobrenome, para além de estar relacionado com o nome do

pai, indica similarmente a relação existente entre o sujeito e seus antepassados. Na conceção de

Vasconcellos (1928:144) “o nome e sobrenome formam de certo modo um nome duplo ou

composto (nome próprio): José António, Maria da Conceição”. Ainda segundo o mesmo autor,

quando um nome se compõe por nome e sobrenome, sem apelido, o sobrenome deixa de ser

independente.

Por conseguinte, o sobrenome funciona como a segunda parte do nome que tem a função

de identificar a origem familiar de um sujeito. Antigamente muitos sobrenomes eram

transmitidos depois do matrimónio. Desta forma, no século XIX por influência da burguesia,

as mulheres passaram a acrescentar o sobrenome do marido ao seu nome depois do casamento.

Apelido é o designativo familiar que se transmite de geração a geração, e que vem a

seguir ao nome próprio. De acordo com Vasconcellos (1928:11) “apelido é designação de

família, transmitida ordinariamente de geração em geração”. Bobone (2017) considera os

apelidos como património familiar por serem intransmissíveis a qualquer sujeito que não

pertença à mesma família.

Os apelidos especificam a proveniência da linhagem do sujeito independentemente do

estrato social. Por outras palavras, o apelido é genérico, isto é, comum a toda a família ao passo

que o sobrenome é individual, conforme afirma Vasconcellos (1928), que o sobrenome pode

ser comum a vários irmãos, a alcunha é simplesmente nome não opcional, e o apelido é relativo

a toda família:

a diferença fundamental entre sobrenome e apelido, na nomenclatura atual, e mais corrente, está

em que aquele é individual, ou apenas comum a vários irmãos, embora às vezes transmissível a

filhos, e o apelido é genealógico, isto é, comum na essência á família toda. A alcunha é

adventícia. (Vasconcellos 1928:12)

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67

Segundo Bobone (2017:51-52) “o apelido propriamente dito, nasce nos séculos XI e XII

nos reinos cristãos da Reconquista”; “os apelidos nasceram de alcunhas, dos nomes de terras

de onde as pessoas são naturais ou terras que possuem, dos nomes de profissão ou de invocações

religiosas”.

No decorrer da Idade Média, também o patronímico paterno passou a ser usado como

nome de família. A distinção entre sobrenome e apelido nem sempre foi clara, já que os

sobrenomes e alcunhas podem ser apelidos, conforme nos diz Vasconcellos (1928:13-14)

“encontramos, por exemplo, nos livros de Linhagens (sec. XIV, ou XIII-XIV), sobrenome, no

sentido de apelido, e bem assim no de alcunha”. Na época da reconquista cristã, entre o século

XI e XV, o sobrenome passou a ser usado como nome de família.

Segundo Vasconcellos, “hoje não falta quem por sobrenome entenda tudo o que se junta

ao nome, seja sobrenome propriamente dito, seja apelido, seja um e outro” (1928:14). Queiroz

e Moscatel (2016:167) afirmam que “a história dos apelidos em Portugal pauta-se pela ausência

de regras claras, embora possam ser identificados costumes, por vezes específicos de certos

estratos sociais, de certas épocas, e até de determinadas regiões”. Ainda segundos os mesmos

autores, a noção de apelido também foi entendida de modo diferente ao longo dos séculos. Para

Vasconcellos (1928:118) “o contacto de portugueses com os forasteiros fazia nascer apelidos

novos, e contribuía para modificar o antigo sistema de denominação, ainda que há apelidos de

fora, que se adaptaram aos que cá existiam, como Geraldes”.

De acordo com Bobone (2017) o termo apelido não apresenta correspondência

semântica com as línguas mais próximas:

a palavra “apelido”, que em português e espanhol significa nome de família, parece ser uma

criação original da Península Ibérica, pois não tem parentesco com os seus sinónimos nas

línguas mais próximas: cognomen em latim, cognome em italiano, surnom em francês.

(Bobone 2017:323)

Ivo Castro, em O nome dos portugueses (2001), diz que os nomes de família ocupam

sempre a posição final. Podem desempenhar funções conjuntivas, quando identificam todos os

sujeitos pertencentes a mesma família. E quando os distinguem de todos os que não pertencem

à mesma família desempenham funções separativas.

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68

1.2. Evolução do sistema

O sistema latino era constituído por três nomes, isto é, nome de identificação pessoal,

nome de clã e de família. Vasconcellos (1928:101) afirma que “os cidadãos romanos

costumavam juntar ao praenomen, um nomen gentilicium, e um cognomen que era uma

designação de um ramo da gens”.

[...] no que tange ao Império Romano, a distinção das pessoas era feita através do prenomen,

gentílicum e cognomen. O primeiro representava o nome próprio de cada indivíduo; o segundo

repetia a designação do clã ou da gens a que ele pertencia e o último se referia à sua família ou

seu grupo familiar inserido na gens. (Câmara Jr. (1979, citado por Silva 2012:34)

As invasões germânicas do século V foram cruciais para a decadência do sistema

romano. Morlet (1972) salienta que a conquista da Gália pelos Bárbaros resultou no declínio

do sistema antroponímico latino composto por três designações que deu lugar ao sistema de um

único nome usado pelos invasores. Para Bobone (2017), o sistema tria nomen foi substituído

após os séculos V e VI pelo sistema germânico, que identificava as pessoas por meio de um

único nome. Em compensação, o sistema germânico, com uma ampla variedade onomástica,

aglutinava dois elementos, p. ex., Adefonso (Athal = nobre) + (funs = inclinado), Rodorigus

(Horths = fama) + (Riks = rei, poderoso).

De acordo com Bobone (2017:31) “desagregando-se o sistema romano que identificava

a pessoa, a linhagem e o ramo particular de que era originária, exploraram durante alguns

séculos a variedade e a riqueza luxuriante dos nomes bárbaros”. Deste modo, começou-se a

utilizar o patronímico, formado a partir do nome do pai associado a um sufixo latino que

designava filiação. Nas palavras de Vasconcellos (1928:11) “o patronímico é o nome de pessoa,

expressão religiosa ou outra, que se junta imediatamente ao nome individual”. João de Barros

(1541, citado por Bobone, 2017:65) adianta que “patronymico nome é aquelle que significa

filho, neto, ou descendente daquele que tem o nome donde o nós formámos ou derivámos: como

Ioam Fernandez, filho de Fernando, António Gonçalvez, filho de Gonçalo: Diogo Nunes, filho

de Nuno”. Para Bobone (2017:31) “o patronímico é o elemento identificativo que se situa entre

o nome próprio e o apelido”. Bobone (2017:32) sustenta que “nas línguas da Península Ibérica

os patronímicos formaram-se a partir da declinação latina dos nomes”.

Page 82: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

69

Durante a Idade Média, o patronímico difundiu-se em toda a Península Ibérica, como

complemento do nome próprio. Além disso, “a exuberância germânica perdeu-se, passaram a

repetir-se com frequência os mesmos nomes, e o sobrenome cresceu em importância, pois

ajudava a distinguir pessoas homónimas” (Bobone 2017:41). De acordo com Gonçalvez

(1971:349) “durante os tempos medievais, a avassaladora maioria dos portugueses usava, como

identificativo pessoal, um patronímico”. Ainda conforme Gonçalves (1971:349) “o patronímico

começou por ser construído, em toda a parte, a partir do nome próprio do pai”.

Ora, “a estrutura do nome medieval gozou poucos séculos de estabilidade, pois começa

a desagregar-se no século XV” (Bobone 2017:63). Nos finais da Idade Média, o patronímico

entrou em declínio e passou a funcionar como nome de família. Vasconcellos (1928:117) diz

que “a decadência do patronímico principia depois dos meados do século XV, e que o sistema

já estava desorganizado no século XVI”. Para Nunes (1999:41) “em finais do século XV e

inícios do século XVI, os patronímicos teriam já perdido o valor como indicativo de filiação”.

Como resultado, os patronímicos perderam a significação original e difundiram-se como

apelidos ou nome de família. Bobone (2017:33) afirma que “Pelos finais da Idade Média os

patronímicos começam a perder o caráter mutável, tornando-se apelidos que perduram na

mesma família, embora alguns povos se tenham mantido fiéis à forma patronímica por alguns

séculos”. Queiroz e Moscatel (2016:167) afirmam que “nos finais do século XV, já alguns

patronímicos começavam a ser usados como apelido, ou seja, como forma de identificar uma

família”. Bobone (2017:63) declara que “os patronímicos começam a ser usados como apelidos,

a ser transmitidos por gerações sucessivas, em vez de serem derivados, a cada geração, do nome

próprio do pai” e Vasconcelos (1928:120): “depois de extinta a significação do patronímico, e

ele passar a apelido, continua este muitas vezes ainda agora a seguir-se regularmente ao nome

próprio”.

Ainda segundo Vasconcellos (1928:117) uma das principais razões do desaparecimento

do patronímico “devia estar na confusão que provinha de fazer de apelido um simples

patronímico” e (1928:328) “à medida que a função do patronímico se ia obliterando, este

tornava-se apelido, amiúde reforçado com a adjunção de alcunhas e apelidos geográficos: e

assim as gerações sucessivas acharam-se de posse de apelidos de várias espécies”.

Page 83: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

70

As alcunhas estão relacionadas com as particularidades físicas ou morais, profissionais,

usadas em vez do nome próprio, ou seja, servem para especificar uma particularidade pessoal.

Segundo Nunes (1999:45) “as alcunhas ou sobrenomes são, inicialmente, atributos individuais

com pleno sentido que identificam socialmente os indivíduos”.

Para Vasconcellos (1928) a alcunha nasce de uma significação pejorativa ou generosa.

Na Idade Média as alcunhas começaram a ser usados como apelidos, conforme comenta Bobone

(2017), e algumas personagens poderosas adotaram alcunhas como apelidos, na época das

primeiras navegações ultramarinas, tal como João Gonçalves Zarco. Algumas alcunhas

passaram a nomes de família (Castro 1987).

Segundo Vasconcellos (1928:191), “nascem a cada passo alcunhas, e das alcunhas

apelidos”. Note-se que os patronímicos e apelidos são de caráter hereditário, transmitidos de

pais para filhos, enquanto as alcunhas são designações pessoais de caráter não hereditário.

Portanto, podem derivar de nomes geográficos, nomes de animais, de plantas, de

profissões, nomes de comida, de bebida, vestuário, nomes religiosos e outras circunstâncias.

Segundo Nunes (1999:42) “para designar melhor um individuo, juntava-se ao nome, ora a

indicação da sua terra, ora uma alcunha”. É oportuno referir que “a geografia gera apelidos por

vários modos: dando um nome próprio, ou comum, de lugar, sítio, região, etc., ou dando um

adjetivo, que pode chamar-se étnico” (Vasconcellos 1928:155). Nunes (1999:43) assevera que

“os nomes de origem geográfica ou toponímica indicam a naturalidade ou residência dos

indivíduos”. Após a decadência dos patronímicos, os nomes geográficos começaram a ser

usados como apelidos.

De acordo com Vasconcellos (1928:158) “os apelidos retirados diretamente de nomes

geográficos começaram, [...] por designar locais de nascimento, residência ou procedência, mas

também senhorios (honras, coutos, terras, simples quintas, etc.)”. Para Bobone (2017) as

alcunhas ou apelidos geográficos foram substituindo os patronímicos. Por conseguinte, os

apelidos geográficos perderam a sua função original de indicativo de procedência e

transformaram-se em simples nomes de família. A título de exemplo, “um individuo natural de

Sintra veio viver para Lisboa, e os vizinhos começaram a denominá-lo o Sintra, e a dizerem a

família do Sintra” (Vasconcellos 1928:173).

Segundo Nunes (1999:42) “com o tempo os patronímicos perderam a sua significação

primitiva e passaram à classe de meros apelidos de família; o mesmo aconteceu às designações

geográficas e às alcunhas”.

Page 84: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

71

É importante apresentar nesta secção a distinção de sobrenome, apelido, alcunha e

cognome, conforme as seguintes aceções:

1. Sobrenome

“nome que se segue ao nome de batismo; apelido, nome de família; alcunha ou

cognome acrescentado ao nome próprio de uma pessoa ou família”.

(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)

“datação: sXIV, nome de família, que se segue ao nome de batismo; apelido, nome

ou alcunha que se acrescenta ao nome próprio de uma pessoa ou família; palavra ou

frase que qualifica pessoa ou coisa”.

(Dicionário Eletrónico da Língua Potuguesa, 2001–2009)

“nome que se acrescenta ao nome de baptismo; nome de família. = apelido;

designação, geralmente distintiva e não ofensiva, que se se usa em vez do nome de

pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.

(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008 – 2020)

2. Patronímico

“relativo ao nome dos pais; (antropónimo) que derivou do nome dos pais e que é

comum a todos os descendentes de uma pessoa; nome que designa uma filiação ou

uma linhagem de sangue ou de adoção”.

(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)

“datação: 1540; diz-se de nome antroponímico formado do nome do pai ou de nome

de ascendente; etimologia: gr. Patronumikós, -ê, -ón, tirado do nome do pai, pelo

lat. Patronymicus, a, um”.

(Dicionário Eletrónico da Língua Portuguesa, 2001–

2009)

Page 85: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

72

“do grego (patronumikós, -ê, -ón); relativo ao nome do pai ou do ascendente (ex.:

sufixo patronímico); diz-se de ou nome derivado do nome do pai ou do ascendente

e comum a todos os descendentes (e.: nome patronímico; Heráucidas [descendentes

de Hércules] são patronímicos). = patrónimo.

(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008–2020)

3. Apelido

“nome de família; sobrenome; denominação por qualidade ou característica ilustre;

cognome; Brasil: alcunha; Antiquado, ato ou efeito de convocar ou chamar;

chamamento”.

(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)

“datação: 1055–1065, ato ou efeito de convocar, chamamento; nome de família,

sobrenome; qualificação ou titulação que aponta determinada característica peculiar

de alguém ou de algo; regionalismo: Brasil, o mesmo que alcunha (denominação ou

qualificativo). Ex.: Jerónimo, por apelido, o Careca”.

(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)

4. Alcunha

“nome de família. = sobrenome; designação particular que se usa em vez do nome

próprio de certas pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.

(Dicionário Priberam, 2008 – 2020)

“datação: sXV, diacronismo: antigo. Epónimo (nome de animal, planta, topônimo

etc.) que se acrescentava ao nome próprio como um sobrenome; qualificativo

especial (p. ex., nobre, leal etc.) que os reis atribuíam às vilas e cidades denominação

ou qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de

alguém, ou em acréscimo deste, ou em lugar do nome designativo de um grupo de

pessoas, um povo etc.

(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)

Page 86: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

73

“qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de

alguém, ou que é acrescentado a esse nome (geralmente derivado de uma

particularidade física ou moral); cognome, epíteto.

(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa (2003 –2020)

5. Cognome

“datação: 1533, o mesmo que alcunha (denominação ou qualificativo)” (Dicionário

eletrónico Houaiss (2003–2009).

“epíteto; apelido; alcunha; nome de família” (Dicionário Infopédia da Língua

Portuguesa 2003–2020).

Como se pode confirmar nas aceções anteriores, o sobrenome, o patronímico, o apelido

alcunha e o cognome possuem significações diferentes em Portugal bem como no Brasil.

Em Portugal, o apelido refere-se ao nome de origem familiar, enquanto o patronímico

deriva do nome dos pais. Ao passo que, a alcunha resulta de características físicas ou morais de

um indivíduo. Geralmente, no interior de Portugal, os indivíduos são conhecidos pelas suas

alcunhas por serem mais notáveis. Pelo contrário, no Brasil, os indivíduos são conhecidos pelo

sobrenome ou apelido, muitas vezes originários de acontecimentos, de características físicas e

morais.

Deste modo, usa-se apelido ou nome de família, em Portugal e sobrenome ou apelido,

no Brasil. É importante relembrar que os apelidos podem derivar do nome próprio, do

sobrenome e de alcunhas.

1.3. O sistema atual

O sistema antroponímico português pode ser composto pelos seguintes elementos,

segundo (Gonçalves 1971): N- nome próprio; P- patronímico; A- Apelido ou alcunha; E-

qualquer outro elemento que se junta ao nome sem fazer parte dele.

Na verdade, o sistema antroponímico atual é resultado de um longo processo evolutivo

que teve início na Idade Média. Para Belo (1997:7) “o nome tal como hoje é usado, isto é, o

Page 87: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

74

nome próprio ou de batismo ou prenome, acrescido do patronímico ou sobrenome ou nome de

família só se usa há quatro séculos”.

Recentemente, o sistema antroponímico português é constituído por diferentes

combinações nominais de origem latina, grega e hebraica, tal como nos afirma Neves (2001:9)

“no português, a maioria dos nossos nomes baseia-se nas línguas latina, grega, hebraica e nos

germanismos”. É importante realçar que no século XVI a reforma cristã definiu novos modelos

de nomeação.

De acordo com Rowland (2008:13), “o processo de nomeação em boa parte da Europa

deveu-se ao movimento da Contrarreforma católica e, mais especificamente, ao Concílio de

Trento (1545-1563)”. Ademais, a “atribuição de nomes estava muito ligada ao culto católico

dos santos e havia regras de transmissão de nomes (entre padrinhos e afilhados, entre avós e

netos, de pai para filho mais velho)” (Cabral 2008:243). Rowland (2008) observa a frequência

dos nomes masculinos e femininos nos processos de inquisição entre os séculos XVI – XIX,

figuras 15 e 16.

Fonte: Rowland (2008:24)

Como podemos observar na figura 15, os nomes masculinos mais frequentes eram: João

(século XVI), e Manuel (século XVII/XIX).

Figura 15- Nomes masculinos mais frequentes nos processos da inquisição de Lisboa entre o século XVI e XIX

Page 88: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

75

Fonte: Rowland (2008:24)

Quanto aos nomes femininos mais frequentes, como se pode ver na figura 16, eram:

Isabel (século XVI) e Maria (séculos XVII-XIX).

Atualmente o sistema é regulado pela Lei n.º 131/95 de 06 de junho, no artigo 103º:

1- O nome do registando é indicado pelo declarante ou, quando este o não faça,

pelo funcionário perante quem foi apresentada a declaração.

2- O nome completo deve compor-se, no máximo, de seis vocábulos gramaticais

simples, dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio e quatro a

apelidos, devendo observar-se, na sua composição, as regras seguintes:

a) Os nomes próprios devem ser portugueses, de entre os constantes da

onomástica nacional ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua

portuguesa, não devendo suscitar dúvidas sobre o sexo do registando;

Figura 16- Nomes femininos mais frequentes nos processos da inquisição entre os séculos XVI-XIX

Page 89: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

76

b) São admitidos os nomes próprios estrangeiros sob a forma originária, se

o registando for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da

portuguesa, desde que tais nomes sejam admitidos no respetivo país;

c) A irmãos não pode ser dado o mesmo nome próprio, salvo se um deles for

falecido;

d) Os apelidos são escolhidos entre os que pertençam a ambos ou só a um

dos pais do registando ou a cujo uso qualquer deles tenha direito,

podendo, na sua falta, escolher-se um dos nomes por que sejam

conhecidos;

e) Se a filiação não ficar estabelecida, pode o declarante escolher os apelidos

a atribuir ao registando e, se não o fizer, observa-se o disposto no artigo

108º.

3- As dúvidas sobre a composição do nome são esclarecidas por despacho do

diretor-geral dos Registos e do Notariado, por intermédio da Conservatória dos

Registos Centrais.

Recentemente, a escolha de nomes é responsabilidade dos pais, que procuram dar nomes

de estrelas mundiais, atores famosos ou de personagens bíblicas. Alguns nomes atuais são de

origem estrangeira, embora haja restrições na escolha de nomes, de acordo com os critérios

exigidos por lei. Os nomes de origem estrangeira são adaptados à fonética e à grafia portuguesa.

Belo (1997:9) comenta que “os nomes próprios obedecem a modas e, mais do que isso, a ciclos,

ou seja, são muito usados em determinadas épocas para depois entrarem em desuso e mais tarde

voltarem a estar na moda”.

Podemos afirmar que não há uma norma que estabeleça o uso ou desuso de sistemas de

nomes ou mesmo a frequência de nomes, pois variam de geração a geração. Note-se que os

nomes religiosos eram mais frequentes na Idade Média e menos frequentes na época moderna.

Atualmente os indivíduos procuram buscar nomes de diferentes línguas e origens como símbolo

de distinção.

Page 90: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

77

O sistema antroponímico Bantu

O nome numa comunidade Bantu pode ser entendido de várias formas. Yambo

(2003:29) defende que “o nome é uma mensagem e não uma simples etiqueta posta sobre a

cabeça do indivíduo. E esta mensagem tem um sentido que convém captar e compreender”.

Ainda segundo o mesmo autor, na cultura Bantu a pessoa que dá o nome funciona como

emissor, o nome como mensagem que se dirige ao recetor, sendo a o suporte da mensagem a

criança a quem é atribuído o nome. No pensamento africano existe uma relação indissociável

entre o nome e a pessoa. Esse facto é verificado por Ainiala et. al (2012:138) “all over Africa,

a name’s meaning is traditionally quite significant and the relationship between a person and

his name is perceived as being nearly inseparable”.

Para os africanos, o nome é uma pessoa ao passo que no pensamento europeu o nome

refere-se a uma pessoa, conforme sugerem Ainiala et al. (2012:138) “according to European

thinking, a name refers to a person, a name in African thinking is a person”. Segundo Richard

Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:125) “in the first place, they tell the other members

of the community who the individual in question is and secondly, they tell the community who

he is or who he is expected to be”.

Filho (2008:7), por seu lado, afirma que “nomear é fazer a individuação e assinalar uma

posição no sistema de relações sociais (a família, a linhagem, o clã, a localidade, a casta, o

estado)”. Ainda segundo Filho (2008), a perspetiva do prenome nas práticas de nomeação

europeias serve para identificar um sujeito dentro de uma localidade ou grupo familiar, ao

contrário dos nomes pessoais africanos que têm valor referencial e sempre relacionados com a

alma da pessoa.

É oportuno referir que, na antroponímia Bantu o número de nomes tem que ver com a

diferença cultural das comunidades africanas. O sistema antroponímico africano era,

geralmente, formado por um ou dois nomes. “The number of given names varies a great deal in

different communities. There is often one given, sometimes two, one of which can be a secret

name, the other public” (Ainiala et al. 2012:139).

Em relação ao número de nomes no sistema africano, José Leite de Vasconcellos

(1928:581), especifica o seguinte: “os que nas cidades desempenham serviços, ou não artífices,

usam nomes únicos, por exemplo, António, ou acompanham-nos de apelidos dos patrões”.

Ainiala et al. (2012) elencam um conjunto de fatores associados ao momento ou circunstância

do nascimento:

Page 91: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

78

(…) a child may, for example, be given the name of the day of the week on which he was born

(‘Friday’). These weekday names are quite common in West Africa. Similarly, a child may be

given a name after the season or time of day at his moment of birth (‘dry season’, ‘night’). A

name may also convey a wide variety of events associated with his time of birth: the community

has suffered from hunger, it has been a rainy day or the child’s father had been hunting or at

war. (Ainiala et al. 2012:139)

De facto, os nomes Bantu são conexos a determinados princípios da cultura africana.

Partindo desse pressuposto, o sistema antroponímico Bantu é formado por nomes de

nascimento, nomes individuais, alcunhas e nomes coletivos, como se pode ver em Ainiala et al.

(2012:140-141):

1. Birth name (temporary names descriptive of the child or names according to the

time of birth, derogatory-protective names etc.).

2. Individual name (main name):

a) Names given in a name giving ceremony (namesakes, names according

to the time of birth, systematic names, names descriptive of the child,

names of aspiration, proverbial names etc.);

b) Names given/adopted later in life (initiation names, monarch names,

teknonyms etc.).

3. Bynames referring to an individual (nicknames, pejorative names, war names,

hunter names, wanderer names, monarch names, dance names, society names,

praise names, initiation names, ox names).

4. Collective names (clan names, soldier group names, initiation group names,

professional community names etc.).

Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:128) refere que se usa, frequentemente, o

nome de um parente a fim de preservar a sua memória:

Page 92: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

79

(…) namesakes quite often have common traits. Sharing the same name in many cultures also

concerns the notion of preserving the memory of an ancestor or even his reincarnation back

into the family. Sometimes, it is understood that namesakes will also fill the same place in the

network of relatives. It is clear, that name sharing in this kind of community emphasises the

common features of namesakes and draws attention away from their individuality.

(Ainiala et al. 2012:128)

Para concluir, podemos afirmar que algumas destas práticas de atribuição de nomes em

África ainda são frequentes, particularmente nas zonas rurais. Ademais, o sistema

antroponímico africano não é uniforme, na medida em que há uma diversidade cultural. No

sistema antroponímico Bantu os nomes são atribuídos de acordo com o momento ou a

circunstância relacionada com o dia, mês, ano, mortes, alcunhas, nomes sociais, nomes

ancestrais, nomes de dança e nomes de iniciação. José Leite de Vasconcellos (1928), também

relata a ideia de que os povos indígenas:

denominam os seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento: se na ocasião

deste se vê um animal, se se observa um fenómeno da Natureza, ou se se dá certo acontecimento,

escolhem o nome do acontecimento, do fenómeno, do animal. (Vasconcellos 1928:245)

Por outro lado, Filho (2008) diz que na antroponímia africana alguns nomes são dados

após o nascimento e outros nomes são adquiridos consoante o caráter, a idade e o cargo. Em

alguns povos é comum uma criança não ter nome fixo até uma semana, por causa das ameaças

à sobrevivência que, segundo a cultura, os espíritos malignos podem causar aos recém-nascidos.

2.1. O sistema umbundu

O sistema de nomes em língua umbundu depende de aspetos culturais que estão

diretamente relacionados com o processo de escolha do nome. Há uma forte conexão entre o

sistema antroponímico Ovimbundu e o sistema Bantu, no que diz respeito aos processos de

constituição de nomes. Segundo Filho (2008:108-109) “a prática mais comum para associar

alguém aos membros das gerações ascendentes do grupo de parentesco é dar à pessoa o nome

de um parente morto ou de um ancestral ou ainda que remeta a estes”. O modelo de Sayango

(1997:34-35) especifica três processos de constituição de nomes em língua umbundu:

Page 93: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

80

1. Onduko yovomola ou yokucitiwa (nome de nascimento, ou de infância).

Trata-se de uma prática cultural, a qual designamos por fenómeno sando28 (xará) que

consiste na escolha do nome de um parente direto matrilinear ou patrilinear vivo ou morto.

Segundo o pensamento dos povos Bantu de Angola, acredita-se que o recém-nascido

apresentará as mesmas caraterísticas físicas ou emocionais do xará. Ainiala et al. (2012:139)

dizem que “it is believed – and hoped – that the features of a namesake will be passed on to a

child because, according to African thinking, the name may influence the bearer’s personality”.

“A característica extremamente difundida na África Ocidental é a dos nomes pessoais dizerem

respeito aos traços físicos ou da personalidade do nomeado” (Filho 2008:11).

No pensamento africano, dar o nome de um ancestral falecido permite que esse ancestral

retorne à família. Geralmente os primogénitos recebem o nome do avô paterno e as

primogénitas o nome da avó materna:

Giving a namesake, that is, naming a child after other individuals, such as relatives, friends or

deceased ancestors, is quite common. As a child is given a deceased ancestor’s name, this

ancestor is also thought to return amongst his family. Sometimes being named after family is

quite systematic. The tendency, for example, is that the first son will always be given his father’s

father’s name and the daughter will be given the father’s mother’s name whereas the next are

named after the mother’s parents and so on. (Ainiala et al. 2012:139)

Para a compreensão desse facto nos Ovimbundu, tenhamos em mente as seguintes

palavras de Yambo: “é o desejo de ver reincarnado na criança o ente querido defunto. E quantas

vezes não se ouviu “dizer em segredinho”: o fulano “voltou” através do filho do beltrano ou

sicrano” (Yambo 2003:22).

2. Okulisapa (elogiar-se), nome que vem depois do nome próprio. Geralmente, por

iniciativa própria ou sugerido por alguém, mas sempre relacionado com o momento do

nascimento:

28 O mesmo que xará (individuo com o mesmo nome que outro).

Page 94: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

81

1- Nomes em umbundu que indicam circunstâncias particulares relacionadas

com o dia e o mês. É importante dizer que a atribuição de nomes referente

aos dias de semana está relacionada com a umbundização dos dias de semana

em português. Sapalo (criança que nasce no sábado), Sesa / Osesa (se nascer

na sexta-feira), Kaquarta (se a criança nascer na quarta-feira), Kaquinta

(criança que nasceu na quinta-feira), Lumingu (criança que nasceu num

domingo). Quanto aos meses do ano civil tem que ver com as estações do ano,

por exemplo, Susu (janeiro, mês de pobreza e fome), kayovo (fevereiro, mês

da salvação ou de pequenas colheitas), Elombo (março, mês de colheita de

muitos produtos como, batata doce, pepino, abobóra e outros), Kavambi

(junho, mês de frio e de preparação das nacas), Kanyenye (agosto, mês da

colheita de milho e feijão; mês de separar os grãos do sabugo e de descascar

o feijão).

2- Nomes que indicam circunstâncias relacionadas com o momento do

nascimento: Tchocovava (chuva torrencial) ou Tchitenha (estiagem),

quando um individuo tenha nascido numa época de fenómenos naturais;

Sandambongo (criança que nasceu quando o pai esteve em viagem de

negócio); Kamenga (cadeia) criança que nasceu quando o pai esteve na

cadeia, Vitangui (problema) quando a criança nasceu num período de

conflitos conjugais; Mbela (chuva) criança que nasceu num dia de chuva;

Vita (vida) se a criança nascer num período de guerra.

3- Nomes proverbiais ou sabedoria umbundu: Simwila- (hokandjupe tchange,

ñasi ale likalyange)29; Katulo- (lyanga otulo, hokalyange ovisokasoka)30;

Visoka- (ovisoka-soka vyovutima)31; Ohombo- (ya lia oluku; ocive ya telako

29 A uma viúva que cuida sozinha dos filhos, não lhe peça nada emprestado. 30 Durma antes e pensa depois, de contrário, o sono não vem. 31 O coração pensa em tudo e às vezes sem razão.

Page 95: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

82

omõla)32; Cikola- (cikola citumala, chivola cifa)33; Onjila- (viosi vi lale;

miapia ka lale)34.

3. Cikambi - derivado de okukamba (faltar), nomes que indicam deficiência física:

Chitende de Ocitende (mudo) criança que nasce com afasia ou disfasia; Mbei (doente) criança

que nasceu com uma doença crónica ou prolongada; Mwenyo de omwenyo (vida) na infância

esta criança estive muito doente e a doença deixou sequelas. Os nomes de circunstâncias do

nascimento da criança são escolhidos depois da criança receber o nome do seu xará.

Na figura 17, apresentamos um modelo de constituição de antropónimos em língua

umbundu. Este sistema é constituído por: (1) nomes próprios: onduko yomãlã e okulisapa.

Como se pode ver, onduko yomãlã corresponde ao primeiro nome de nascimento que tem

origem em nomes ancestrais. Os okulisapa são os segundos nomes, que exprimem

circunstâncias históricas e nomes de iniciação; (2) nomes opcionais: ocikambi- alcunhas físicas

e morais. Ocikoti- nomes opcionais que funcionam como nome de família ou apelidos. Este

sistema tradicional é seguido até à atualidade, particularmente nas zonas rurais.

32 Tal mãe, tal filha. 33 Coisa madura demora a crescer, coisas frágeis morrem. 34 Dormem os filhos, mas a mãe não.

Figura 17- Origem dos nomes próprios e apelidos e alcunhas na antroponímia umbundu

Page 96: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

83

2.2. A escolha dos nomes

No que respeita à escolha de nomes, ela tem que ver com os costumes dos povos

africanos, sendo o sistema umbundu semelhante ao sistema antroponímico Bantu. Yambo

(2003:22) salienta que o grupo de nome “o mais variado, vai das circunstâncias palpáveis em

que a criança nasce à preocupação de perpetuar a memória deste ou daquele ente querido

(Ociluke c´ange)”. Depois do nascimento “o casal pede conselhos aos pais, tias e tios ou outros

parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-nascido, dando-lhe

o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome” (Sayango 1997:33). Chimbinda

(2009)35, por seu lado, sugere que o processo de seleção de nomes nos Ovimbundu consiste em

escolher o nome de um sando associado ao nome que exprime circunstância do nascimento.

Segundo os costumes, os pais chamam pai, mãe, irmão ou mano aos filhos primogénitos ou

secundogénitos pelo facto de ser xará dos avós, tios e tias.

De acordo com Chimbinda (2009), é comum os filhos serem chamados tate yange (meu

pai) ou ndatembo yange (meu sogro), por este ter os mesmos nomes que o xará. Yambo

(2003:23-24) enumera doze razões que estão na base da escolha de nomes:

1. A classe de nascença;

2. Os gémeos segundo o que nasce em primeiro, em segundo e aos que

nascem depois dos gémeos;

3. Os dias de semana;

4. O nome do progenitor;

5. Os traços físicos do recém-nascido;

6. As circunstâncias ligadas ao nascimento;

7. Coincidência com acontecimentos sociais

(viagens, prisões, falecimentos e festas);

8. Falecimento dos seus antecessores;

9. Relações sociais;

10. Nomes de mensagens (agradecimento a Deus,

pedido de proteção, lamentações, censuras,

35 Disponível em: https://www.voaportugues.com/a/angola-book-umbundu/1609814.html, acesso maio de 2019.

Page 97: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

84

preocupações quotidianas);

11. Nomes teóforos;

12. Nomes teóforos e nomes de honra.

Os Ovimbundu tinham o costume de atribuir nomes de animais ferozes aos gémeos e

trigémeos. Em alguns reinos Ovimbundu como Wambu, Mbalundu, Ciyaka e Galange,

considera-se Jamba (elefante) o primeiro gémeo sem distinção do género; Ngueve

(hipopótamo) a segunda gémea; Hosi (Leão) o segundo gémeo. Assim sendo, nos reinos de

Ndulu e Viye, Njamba é o primeiro gémeo sem dissemelhança do género; Ngueve o segundo

gémeo, masculino ou feminino, e Hosi o terceiro gémeo, independentemente do género. Em

todos os reinos Ovimbundu, segundo os costumes, Kasinda (empurrar) é a criança que vem

após os gémeos ou trigémeos, sem distinção do género.

Por um lado, existem princípios que têm que ver com as regras de atribuição de nomes,

por exemplo, existem nomes masculinos que são transformados em nomes femininos sem terem

em conta o significado e o género do nome. Por outro lado, não se pode atribuir nomes em que

a circunstância está relacionada com o doador do nome e não com o herdeiro do nome. A título

de exemplo, o nome do xará Kamakangua (=queimadura) não pode ser transferido para o filho

por se tratar de eventos diferentes. Por consequência, os progenitores não obedecem, por vezes,

às regras de atribuição de nomes.

Influência europeia no sistema antroponímico de Angola

Na conceção de Cabral (2008:259) “os nomes de pessoas, tal como eles evoluíram na

Península Ibérica e, mais ou menos contemporaneamente, se espalharam pelo mundo através

do processo de expansão colonial, são um instrumento social para constituir pessoas com

características determinadas”. Segundo Richard (1988, citado por Ankumah, 2014:207), “antes

da colonização, os apelidos não eram comuns na África”. Este processo só foi possível depois

da colonização europeia e do domínio total dos territórios africanos. Conforme Ainiala et al.

(2012) o sistema antroponímico africano sofreu mudanças após a extensão da colonização

europeia e do cristianismo, nos finais do século XIX:

Page 98: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

85

however, not until the extension of Christianity and European colonization did they truly begin

to revolutionize the African naming systems starting at the end of the 19th century – the same

as traditional cultures that otherwise ended up getting completely made over.

(Ainiala et al. 2012:141)

Outro ponto de vista encontramos em José Leite de Vasconcellos (1928:581) “por

nomes coloniais entendem-se aqui os nomes usados nas nossas colónias e os que se usaram em

territórios ultramarinos que já foram nossos e hoje o não são. Eles têm duas origens

fundamentais: indígena, e portuguesa”.

A introdução de nomes cristãos e europeus foi o início da transformação do sistema

africano. Conforme Ainiala et al. (2012:141) “the Europeans that had arrived in Africa favoured

the use of biblical and European names in the colonies because African names were difficult

for them to pronounce”. Por um lado, a adoção de nomes europeus e cristãos significava para

os africanos tornar-se assimilado. Por outro lado, os cristãos africanos mudavam de nomes

quando fossem batizados. “Um dos desdobramentos da implementação do Estado colonial em

África foi o esforço para domesticar as práticas de nomeação indígenas e adaptá-las às formas

europeias” (Filho 2008:12).

Segundo Figueira (1938:21) “alguns nomes se perderam devido à ação colonizadora da

Europa, à Civilização que substituiu muitos nomes nativos por europeus”. Leite de

Vasconcellos (1928) também faz referência à substituição de nomes africanos em Angola por

nomes de coisas, dias de semana e nomes vulgares:

os Pretos em Angola, quando vão trabalhar com os Portugueses, não declaram os seus nomes

nativos, mas substituem-nos por outros, iguais a nomes de coisas, como (no Lobito, planalto de

Chimbôa): Sapralo (=sobrado), Colungo «antilope»; candieiro, muito vulgar, e se há mais de

um, chamam-se Candieiro 1º, Candieiro 2º [...]; Carruagem, Cicleta (de bicicleta). Nomes de

mulheres: Caquinta «2.ª feira». (Vasconcellos 1928: 581)

Page 99: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

86

De acordo com Ainiala et al. (2012) há quatro períodos que se deve ter em conta na

evolução do sistema antroponímico africano:

(1) Period of traditional naming system;

(2) Coexistence of traditional and new names;

(3) Replacement of African names;

(4) Renaissance of African names.

(Ainiala et al. 2012:142)

As observações feitas por Ainiala et al. (2012) revelam que o primeiro período é anterior

ao colonialismo, isto é, antes de meados do século XIX, quando o sistema de nomes africanos

não tinha sofrido nenhum contacto cultural e linguístico. Quanto ao segundo período, está

relacionado com a forte presença colonial e do cristianismo com início no final do século XIX.

O terceiro período regista a forte presença europeia em África antes da Segunda Guerra

Mundial.

O quarto período, o renascimento de nomes africanos, situa-se após a Segunda Guerra

Mundial, entre a década de 50 e 60, quando algumas colónias africanas, como a República

Democrática do Congo e a África do Sul, já se tinham tornado independentes. A título de

exemplo, no Zaire em 1972 os nomes africanos tornaram-se obrigatórios. Segundo as mesmas

autoras, os nomes africanos voltaram a ser utilizados a partir de 1950, quando as colónias

africanas começaram a se tornar independentes em quase todo o continente africano:

african personal names became popular again in the 1950s and 1960s when African nationalism

gained strength and the colonies began to become independent in different parts of the continent.

Personal names became one visible way to indicate a new African identity.

(Ainiala et al. 2012:141)

Consequentemente, a maior parte dos nomes completos na zona Norte de Angola ocorre

em línguas nativas, o que pressupõe a valorização de nomes tradicionais nos povos Bacongo.

Por exemplo, Mbiyavanga Nangonde Mbambi, Lulendo Menakuntuala, Nsoki Malengue.

A influência colonial nos povos Bacongo não foi completa, ao contrário dos povos do

Sul de Angola. Nos anos 50 e 60 o sistema antroponímico angolano já tinha evoluído para um

sistema combinatório (nomes europeus, cristãos e africanos). Veja-se a figura abaixo.

Page 100: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

87

Fonte: Filho (2008:16)

Os dados apresentados por Filho (2008) revelam que os países com maior frequência de

nomes combinados são a Guiné e Angola. De acordo com estes dados, fica evidente que o

sistema de nomes em Angola era preferencialmente constituído por nomes cristãos seguidos de

nomes africanos.

Os angolanos adotaram o sistema de composição de nomes europeus introduzido no

período colonial, de acordo com os princípios da Lei de composição de nomes da década de 60

e da combinação de nomes europeus e em línguas nativas. Ademais, regista-se a ausência de

patronímico no sistema de nomes do Bié, tal como afirma Filho (2008:16) “patronímicos: a

ausência, pura e simples. É como se a cadeia sintagmática fosse constituída de dois conjuntos

de termos o dos prenomes seguido por um conjunto vazio”.

A ausência de patronímicos na antroponímia africana deve-se, por um lado, ao sistema

antroponímico dos países africanos. Por outro lado, aos processos de seleção e combinação de

nomes africanos, europeus e cristãos.

Podemos dizer que o sistema de nomes africanos assumiu características do modelo

europeu integradas no modelo africano. Por consequência, na antroponímia do Bié os nomes

cristãos e europeus aparecem sempre seguidos de nomes africanos que equivalem a sobrenomes

ou apelidos. É necessário referir que antes da colonização o sistema de nomes era regulado por

costumes tradicionais. Após a colonização criou-se um plano de organização e controlo da

população por meio de registo civil.

Figura 18- Composição dos nomes nas ex-colónias portuguesas em África

Page 101: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

88

Chimbinda (2009) defende que a atribuição de nomes na cultura europeia é descontínua

e na cultura umbundu é contínua. Ainda segundo o mesmo autor, apesar de haver na cultura

umbundu a atribuição do nome do xará, isso não anula a aceitação de Ocikote (nome do clã)

que é também considerado atualmente como nome de família. Segundo este autor, um sistema

é descontinuo quando os nomes são transmitidos de pais para filhos, impossibilitando a

continuidade dos nomes que indicam a linhagem familiar. Por seu turno, o sistema é contínuo

quando os nomes são transmitidos de avós para netos indicando a linhagem materna e paterna.

Assim sendo, os avós doam os seus nomes aos netos e os pais esperam ter netos para o fazerem

de forma contínua.

Na verdade, o fenómeno xará é ainda seguido nas comunidades rurais e urbanas, embora

haja alternância na escolha do xará, nas zonas urbanas. Atualmente este processo sofreu

mudanças. De acordo com Filho (2008:12) “um dos desdobramentos da implantação do estado

colonial em África foi o esforço para domesticar as práticas de nomeação indígenas e adaptá-

las às formas europeias”. Durante o processo colonial o sistema europeu foi inserido para

revolucionar a prática de nomeação africana e como resultado muitos nomes clânicos africanos

perderam o seu valor semântico. Por outras palavras, muitos nomes africanos foram

aportuguesados ou adaptados à grafia e fonética europeia.

Ainiala et al. (2012:136) dizem que “an anthroponymic system can change for reasons

both internal and external to the language. Changes that happen in language reflect in the

anthroponymy especially in such systems that have semantically transparent names”. Ainda as

mesmas autoras afirmam que o sistema pode mudar com base na aculturação, devido ao

empréstimo de certos elementos de uma cultura para outra. A inserção de novos padrões

culturais e linguísticos acaba por mudar a nomenclatura nominal da cultura recetora.

Tal como referimos, a estrutura antroponímica do Bié, é formada por nomes próprios e

apelidos (em português e línguas nativas). Por exemplo, Mateus Cassinda, Jorge Antunes,

Fernando Jamba Rodrigues, António Pedro Cussumua. Este sistema consiste em combinar

nomes próprios e apelidos simples ou compostos. Os primeiros nomes aparecem sempre em

português e são seguidos de apelidos em português ou umbundu.

Na apreciação de Ainiala et al. (2012) uma das características do sistema antroponímico

ocidental consiste em ter um ou mais nomes e sobrenomes. Um sujeito pode ter vários nomes

oficiais o que não é comum a todos os países africanos:

Page 102: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

89

a common feature of most Western anthroponymic systems is that a person has one or

more given names and a surname. In addition to this official personal name, a person

can have various unofficial bynames. However, this system is not common to all

countries. (Ainiala et al. 2012:126)

Entende-se que cada sistema cria um modelo natural que pode ser influenciado por

outros sistemas antroponímicos. Em teoria, um sistema onomástico rico reúne vários nomes

estrangeiros na sua estrutura antroponímica com inserção de nomes estrangeiros de uma cultura

para outra, como consequência do processo de aculturação.

É oportuno referir que antes da independência de Angola, os nomes angolanos eram

regulados pela lei n.º 47 678 de 5 de maio de 1967 que prescrevia o seguinte:

Artigo 130º

1. O nome completo compor-se-á no máximo de seis vocábulos gramaticais simples,

dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio, e quatro a apelidos de

família.

2. Os nomes próprios devem ser portugueses ou, quando de origem estrangeira,

traduzidos ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua portuguesa, e não devem

nem envolver referências de carácter político, nem se confundir com meras

denominações de fantasia, apelidos de família, nomes de coisas, animais ou

qualidades, salvo tratando-se de nomes de uso vulgar na onomástica portuguesa.

3. São admitidos os nomes próprios estrangeiros, sob a forma originária, se o registando

for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da portuguesa.

4. Os apelidos são escolhidos entre os pertencentes às famílias dos progenitores do

registando, devendo o último ser um dos apelidos usados pelo pai ou, na sua falta,

um dos apelidos a cujo uso o pai tinha direito, ou pelo qual seja conhecida a sua

família.

Page 103: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

90

5. Se os pais do registando forem desconhecidos, a escolha do apelido obedecerá ao

disposto no artigo 137.º

Artigo 137º

1. Compete ao funcionário que lavrar o assento atribuir ao registando um nome

completo, constituído no máximo por três vocábulos, devendo escolhê-los de

preferência entre os nomes de uso mais vulgar, ou derivá-los de alguma caraterística

particular do registando ou do lugar em que foi encontrado, mas sempre de modo a

evitar denominações equívocas ou capazes de recordarem a sua condição de

abandonado.

2. Na escolha do nome deve, todavia, respeitar-se qualquer indicação escrita encontrada

em poder do abandonado, ou junto dele, ou por ele próprio fornecida.

Esta legislação, no ponto 2 do artigo 130º, proíbe a ocorrência de nomes de coisas,

animais ou de uso vulgar. Por outro lado, os nomes africanos estão relacionados com coisas,

animais ou nomes vulgares. Esta legislação mostra bem a influência europeia no sistema de

nomes do Bié. A adoção de apelidos de origem cristã e europeia é visível na onomástica do Bié

até ao presente momento.

Se um pai tiver nacionalidade ou ascendência europeia de certeza que o nome do filho

será europeu, mas se tiver ascendência africana o nome poderá ser africano ou europeu; o

resultado consiste na miscigenação de nomes de várias origens.

Note-se que os apelidos maternos e paternos estão previstos na lei sobre a composição

dos nomes angolanos (nº 10/85 de 18 de outubro). A administração angolana, após a

independência, deu sequência ao sistema de nomeação europeu, iniciado no período colonial,

que consiste na utilização de sobrenomes ou apelidos maternos e paternos.

Segundo Ainiala et al. (2012:141) “european names may be used at workplaces and

other areas of public life whereas African names are mostly used amongst family and friends”,

o que explica a frequência de variados nomes na antroponímia do Bié a partir da década de 50.

Em síntese, a influência europeia enriqueceu o sistema antroponímico africano por apresentar

na sua nomenclatura nomes de diferentes origens.

Page 104: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

91

É importante mencionar que na antroponímia do Bié os nomes em língua umbundu

foram aportuguesados. De acordo com o Decreto-Lei n.º 47 678 todos os nomes em línguas

nativas devem ser adaptados à grafia e fonética portuguesa. Veja-se o quadro abaixo.

Quadro 7- Antropónimos aportuguesados

Nomes em umbundu Aportuguesamento Significado

Kasova Cassova Alternar

Kasinda Cassinda Empurrar- aquele que vem

depois dos gémeos

Ndala Dala Víbora/ Chefes

Kalei / Kaley Calei Sucessor/ Representante

Kusumwa Cussumua Tristeza

Ondimba/ Kandimba Candimba Coelho

Pesela Pessela Perder/ esbanjar

Ondjamba / Ndjamba Jamba Elefante- nome do(a) primeiro(a)

gémeo

Okalunga / Kalunga Calunga Mar

Kavita Cavita Problema/ Problemático

Tchilombo /Cilombo Chilombo Acampamento

Ndandula Dandula Acompanhar/ Seguir

Lukamba Lucamba Destemido

Tchivinda / Civinda Chivinda Ferreiro

Kangombe Cangombe Boi pequeno

Ofeka / Feka Feca Pátria/ País/Terra

Antes da ocupação portuguesa em Angola as línguas nativas eram ágrafas. Por

consequência, durante o processo colonial alguns nomes foram adaptados à escrita portuguesa,

ao passo que outros nomes permaneceram na forma original. Por exemplo: Nanga, Elombo,

Nambi, Epalanga, Ekuikui.

Page 105: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

92

Caraterísticas e composição dos antropónimos do Bié

Antes da chegada dos portugueses, no século XIV, o sistema antroponímico dos

Ovimbundu era constituído por nomes de um único elemento, relacionado com nomes

geográficos, gentílicos, alcunhas ou palavras que designassem o momento ou a circunstância

do nascimento.

Nesse período, segundo a tradição oral, os nomes dos Ovimbundu passaram a ser

constituídos por dois elementos. O segundo elemento funcionava como um complemento do

nome, que servia para distinguir um individuo de outros que tinham o mesmo nome.

Assim, o sistema antroponímico do Bié, nos meados da década de 70 e finais da década

de 80 do século XX, era constituído por nomes de dois elementos. Nos finais da década de 90

os nomes do Bié já eram constituídos por três e quatro elementos.

Atualmente, o sistema antroponímico do Bié é constituído pelo nome do xará simples

ou composto, sobrenome da mãe, apelidos paternos ou maternos. A legislação angolana sobre

a composição de nomes, do Ministério da Justiça, exarada no Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de

outubro, prescreve o seguinte:

Artigo 1º

1. O nome completo compor-se-á, no máximo, de cinco vocábulos gramaticais simples,

dois dos quais só podem corresponder ao nome próprio e os restantes ao apelido.

2. Em casos devidamente justificados, atendendo à composição dos apelidos dos

progenitores, o número máximo de vocábulos poderá ser elevado a seis, mantendo-

se, contudo, o limite de dois para o nome próprio.

3. Os nomes próprios, ou pelo menos um deles, será em língua nacional ou em língua

portuguesa.

4. Os nomes próprios em outras línguas serão admitidos na sua forma originária ou

adaptada.

5. Os apelidos são obrigatórios e serão escolhidos entre os pertencentes às famílias

paternas, maternas ou ambas dos progenitores do registando. No caso dos

Page 106: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

93

progenitores do registando não terem apelido será este escolhido pelo declarante, de

preferência de acordo com o funcionário perante quem for prestada a declaração.

A lei prevê que todos os nomes devem ser constituídos de acordo com os critérios

exigidos no artigo 1º. Deste modo, o artigo 2º, no ponto 1 e 2 diz o seguinte:

1. Os conservadores só poderão recusar a escolha de nomes que se mostrem

manifestamente inadequados à luz da dignidade e seriedade de que se deve revestir

a atribuição do nome às pessoas.

2. Da recusa cabe recurso hierárquico nos termos gerais previstos no Código do

Registo Civil, faculdade que deverá ser obrigatoriamente comunicada aos

interessados.

Esta Lei é abrangente, por permitir a inclusão de nomes nativos africanos e estrangeiros.

Os nomes em língua estrangeira podem ser adaptados para o português ou manter-se na sua

forma original. Sobre a composição de nomes, prevê-se cinco elementos no máximo, dos quais

um ou dois nomes próprios e os restantes como apelido. Os apelidos são obrigatórios no sistema

antroponímico angolano (artigo1º, ponto 5) e serão escolhidos entre os pertencentes às famílias

paternas e maternas dos progenitores, o que explica a presença de apelidos em português e

umbundu no sistema antroponímico do Bié.

Na antroponímia do Bié a maior parte dos nomes próprios e apelidos tem relação como

nome de um familiar direto (pais ou avós). No entanto, há nomes que não estão relacionados

com os avós e pais. Normalmente estes nomes são de parentes próximos, por exemplo, um tio

ou tia materna ou paterna. Atente-se nos seguintes exemplos:

a) Apelido do avô paterno

Alberto Jamba, filho de Justino Feca e de Antónia Chinja, neto paterno de Alberto

Jamba.

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Marcolino Saiovo, filho de Santo Marcelino e de Augusta Nassande, neto paterno

de Marcolino Saiovo e de Canduva, neto materno de Avelino Cafumo e de

Guilhermina Nachilunga.

Inácio Catende, filho de Inácio Abrão e de Natália Chivela, neto paterno de Inácio

Catende.

b) Apelidos do avô materno

Vitorino Chiúca, filho de Bibiana Chova Chiúca, neto materno de Vitorino Chiúca.

Antónia Gambo Chivimbi, filha de Rosa Yamuno Chivimbi, neto materno de André

Chivimbi.

Marta Nambunda, filha de Eugénio Bémbua Ngongoiavo e de Isabel Cuyela, neto

materno de Aurélio Salomanda e de Marta Nambunda.

Lucas da Silva Mualunga, filho de Higino Culivela e Evalina Lussati, neto paterno

de Mualunga.

Alfredo Manuel Sahunjo, filho de Manuel Watchitchi e de Paulina Nacheta, neto

paterno de Alfredo Sahunjo.

Mário Chali, filho de Joaquim Bunda e de Emília Chali, neto materno de Mário

Chali.

Nalguns casos apenas coincide o apelido e noutros o nome próprio simples ou composto.

Segundo os costumes da antroponímia do Bié, os nomes dos avós surgem por influência do

fenómeno xará.

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c) Nomes provenientes dos tios ou tias

Mariano Canguende, filho de Guilherme Chamoleha e de Emília Ngombe, neto

paterno de Francisco Chihamba e Teresa Ilunga, neto materno de Nicolau Davoca

e de Carolina Nanjoaquim.

Maria Ngoi Nachiquete, filha de Antunes Chingui e de Josefina Cussacala, neto

paterno de Chingui e de Ana, neto materno de Mango e de Dofília Nachiquele.

Albino Sandove, filho de Mateus Chicanga e de Paulina Viqueia, neto paterno de

Feliciano Canjaviti e de Melita Sapí, neto materno de Albino Londovi e de Helena

Cassova.

Rodrina Henda, filha de Lucas Aurélio e de Domingas Isabel Nalumba, Neto

paterno de Aurélio Capamba e de Angelina Duva, neto materno de Salomão

Chissingui e de Beatriz Nassolu.

Francisco Mário Capiñgala, filho de Mário Castro e de Rodrina Ngalule e de

Samuchuca Chiuale e de Lucélia Nateculo, neto materno de Luciano Dale e de

Namuipui Dudia.

Paulo Malengue, filho de Bilingue e de Maria Sindo, neto paterno de António

Chindungu e de Mariana Tumba, neto materno de Laurindo Tchivimbi e de Teresa

Cahuta.

Como se pode verificar, nestes nomes não há nenhuma relação com o nome dos pais e

avós. Sem margem de dúvida, estes nomes têm proveniência no nome dos tios maternos ou

paternos. Por outro lado, verifica-se a junção de nomes portugueses e umbundu com ou sem

pré-nasalização “Nanjoaquim”; Nanjoão (mãe de João), Nanjosé (mãe de José); Nanjuliana

(mãe de Juliana), Nalumingu (mãe de Domingo), Natividade (mãe de Atividade), Nangeral.

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d) Apelidos dos pais

Elsa Maria Cassinda Chilingutila, filha de Hilário Chilingutila e de Aurora

Filomena Chilingutila, neto paterno de Bento Chicueca e de Maria Cassinda, neto

de Amós Joaquim e Lilita Chitula.

Merciana Henda Isabel Kalandula, filho de Aurélio Kalandula e de Isabel

Nacussinga, neto paterno de Benjamim Kapitango e de Aurora Nalissimo, neto

materno de Joaquim Lussasse e de Rosalina Susso.

Cristina Natota Albino Chimbuenjo, filha de Armando Chimbuenjo e de Joana

Francisca Siendiovo Albino, neto paterno de Artur Domingos e de Cristina Natota,

neto materno de Albino Catango e Domingas Siendiovo.

Inácio Chipongue Chissingui, filho de José Chissingui e de Teresa Nalungo, neto

paterno de Bernardo Lumbombo e de Maria de Lurdes da Cruz, neto materno de

Chico Brinco e de Isabel Nanduva.

Nos exemplos acima, observa-se que os filhos apenas herdam os apelidos do pai ou da

mãe, como é o caso de “Cristina Natota Albino, filha de Joana Francisca Siendiovo Albino; Elsa

Maria Cassinda Chilingutila, filha de Hilário Chilingutila”.

e) Casos excecionais: apelidos originários dos pais e dos avós.

Gomes Sanjala Caliata, filho de Elias Caliata e de Margarida Nangeral, neto

paterno de António Caliata e de Laurinda Vissapa.

António Estevão Domingos Ngunga, filho de Domingos Ngunga e de Maria de

Fátima Antónia, neto paterno de António Estevão e de Francisca Teresa.

Celestino Campos Secuva Lucamba, filho de António Chingala Lucamba e de

Antónia Chicupe Secuva, neto paterno António Lucamba e de Paulina Luvinga,

neto materno de Martinho Secuva e Maria Ngoleca.

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97

Henriqueta Laura Chipilica, filha de Daniel Sanjala Chipilica e Aurora Cassova

Tiago, neto materno Ricardo Chipilica e de Leonor Muagufo, neto materno de

Tiago Filipe e de Ruth Baca.

Feliciano Vitato Cassinda Canjundo, filho de Romeu Canjundo e de Augusta

Nassoma, neto de Canjundo e de Vita, neto materno de Cassinda e Câmbua.

Na antroponímia do Bié há apelidos maternos e paternos que podem ser atribuídos de

avós para netos e de pais para filhos. Por outro lado, na antroponímia do Bié o nome completo

ou parte do nome pode ser transmitido de avós para netos, de tios para sobrinhos e de pais para

filhos. O fenómeno xará na antroponímia do Bié possui atualmente três fontes: (i) nome próprio

e apelido dos pais; (ii) nome próprio e apelido dos avós; (iii) nome próprio dos tios maternos.

Os nomes originários dos tios maternos, em alguns casos, figuram apenas como nomes

próprios associados ao apelido dos pais, por exemplo, Marcelino Ndavoca Pedro, filho de

Simeão Londaca Pedro, António Capuca Simão, filho de Marcolino Seteca Simão. “Entre os

angolanos, o paradigma dos prenomes era o mais sensível à influência da tradição europeia

(nomes como José Catume)” (Filho 2008:20).

No sistema de nomes angolanos, particularmente da antroponímia umbundu, os

prenomes de origem europeia são mais frequentes do que qualquer nome africano. Os nomes

africanos desempenham as funções de complementos do nome, ou seja, ocorrem como

sobrenomes e apelidos.

Em relação às alcunhas, na língua umbundu elas têm origem em traços físicos ou morais

que estejam associados ao portador. Escolhem-se nomes que indicam as circunstâncias

ocorridas antes ou depois do nascimento, por exemplo, Candimba (coelho) nome dado a pessoa

que cresce com esperteza, Katito, que deriva de ka (pequeno/a ou baixinho/a) individuo com

estatura baixa, Katimba, que deriva de ka (pequeno/a) + etimba =corpo - pessoa que nasce com

corpo pequeno (o prefixo ka- é utlizado como marcador do grau diminutivo e por vezes com

valor pejorativo).

Em suma, tal como podemos observar na figura 19, os nomes próprios e apelidos do Bié

podem ter as seguintes origens: (i) nomes dos avós; (ii) nomes dos tios maternos; (iii) nomes

dos pais. Por outro lado, os nomes dos padrinhos não fazem parte do sistema de nomes do Bié.

Os padrinhos servem apenas como testemunhas do ato compromissivo no registo civil ou

Page 111: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

98

religioso, mas conservando o valor de segundo pai ou responsável legal em casos de

falecimento dos pais biológicos ou de outras circunstâncias.

Este modelo representa as três fontes de nomes na antroponímia do Bié, que consiste

numa relação muito próxima entre o xará e o recetor do nome. No primeiro caso, os nomes

originários dos avós são atribuídos diretamente aos primeiro e segundo filhos. Se for um neto,

o nome do avô e se for uma neta, o nome da avó. Como já referimos no capítulo I, os nomes

originários dos tios maternos são atribuídos aos restantes filhos.

A relação existente entre tios maternos e sobrinhos uterinos é a mesma que a de pai para

filho ou de mãe para filho, dado que os filhos de uma irmã são chamados filhos e os filhos dos

irmãos são chamados simplesmente sobrinhos.

Figura 19- Origem dos nomes próprios e apelidos na antroponímia do Bié

Page 112: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

99

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS DADOS

1. OBJECTIVOS

Pretende-se estudar a antroponímia em língua umbundu, por meio de fontes

documentais do Registo de batismo da Conservatória e da Igreja Evangélica Congregacional

do Bié. Com este estudo piloto pretendemos contribuir para o conhecimento da antroponímia

em língua umbundu na província do Bié, identificando a origem e o significado dos nomes na

cultura Ovimbundu, a estrutura do sistema antroponímico e a constituição dos nomes do Bié.

Para este efeito, iremos, em primeiro lugar, verificar quais os nomes mais frequentes nos

Registos de batismo da Conservatória e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié.

Em seguida, iremos comparar os resultados por décadas, para testar o comportamento

dos nomes do Bié ao longo dos tempos. É, ainda, objetivo deste trabalho:

a) identificar os primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes mais frequentes;

b) verificar a ocorrência de nomes gentílicos, geográficos, étnicos, alcunhas,

nomes de plantas e animais;

c) verificar o aparecimento dos apelidos na unidade antroponímica do Bié;

d) finalmente, tentaremos contrastar a constituição dos antropónimos

portugueses, guineenses, moçambicanos e do Bié para avaliar as semelhanças

e dissemelhanças entre eles.

Page 113: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

100

Pretende-se contribuir para a compreensão dos fatores que causaram alterações ou

evolução na cadeia antroponímica do Bié, antes e depois da independência de Angola, bem

como apresentar propostas para uma tipologia do sistema antroponímico do Bié.

Este estudo visa contribuir para a elaboração de Dicionários etimológicos onomásticos

e de estudos futuros sobre a Antroponímia do Bié. Pode servir também de base para a elaboração

de trabalhos sobre a antroponímia angolana.

Page 114: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

101

2. METODOLOGIA

Para a constituição da base de dados sobre os antropónimos do Bié utilizamos duas

fontes documentais: os registos de batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié de 1976

a 2000, com 1142 entradas, e o registo de nascimento da Conservatória do Bié de final de 1994,

princípio de 1995, a1999, com 330 entradas. Os dados foram recolhidos de Janeiro a Fevereiro

de 2019, na cidade do Cuíto, distrito do Bié.

Utilizámos um critério que consiste na recolha de todos os nomes constituídos por

vocábulos em português e umbundu. Para o efeito, consultamos os seguintes assentos de

nascimento: livro nº13, 1992, 1993, 1994, 1995, livro nº9, 1994, livro nº 8, 1995, livro nº7,

1995, livro nº6, 1995, livro nº5, 1995, livro nº1, 1996, livro nº2, 1996, livro nº10, 1997, livro

nº5, 1998, livro nº2, 1998, livro nº12, 1998, livro nº4, 1999, livro nº8, 1999, livro nº7, 1999. A

informação recolhida na Igreja Evangélica Congregacional do Bié foi feita por meio de

fotocópias das cédulas de batismo de adultos e crianças, referentes aos seguintes anos: 1976-

1980, 1977, 1978, 1980-1982, 1983, 1986, 1987, 1989, 1992, 1998, 1999 e 2001-2002.

O registo de batismo da igreja apresenta de mais dados por ser o único cujo acesso nos

foi disponibilizado de imediato sem qualquer restrição. Os dados recolhidos englobam extratos

de nomes de alguns municípios que constituem o distrito do Bié que são falantes nativos da

língua Umbundu, nomeadamente: Cuíto, Andulo, Chinguar, Nhârea, Camacupa, Cunhinga e

Catabola, com exceção de Chitembo e Cuemba falantes da língua Nganguela e Tchokwe.

Utilizámos o programa Microsoft Excel, que nos permitiu fazer o tratamento estatístico

dos dados recolhidos e organizá-los por ordem alfabética e letras iniciais maiúsculas de cada

constituinte do nome, num total de 1 472 entradas registadas. Na primeira fase, separamos os

tipos de nomes de cada registo e de seguida juntamo-los numa única unidade antroponímica de

acordo com a tipologia de cada nome completo. Os nomes constituídos por um e cinco

elementos não são muito frequentes; por este facto, consideramos apenas os nomes compostos

por dois a quatro elementos entre nomes próprios, sobrenomes ou apelidos e alcunhas, por

exemplo (António Cangombe, Margarida Ferreira Nawimbu, João Cativa Elavaco Artur). Este

método possibilitou-nos verificar o comportamento de cada grupo analisado.

Page 115: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

102

Quanto à etimologia e significado dos nomes em português consultamos o Dicionário

onomástico Etimológico da Língua Portuguesa de J. Pedro Machado, Dicionário da Língua

Portuguesa Contemporânea (I e II volumes) da Academia das Ciências, Dicionário de nomes

próprios de Orlando Neves, Antroponímia Portuguesa de José Leite de Vasconcellos e Nomes

próprios de Ana Belo. Para os nomes em Umbundu consultamos o Dicionário da língua

umbundu de Henriques Etaungo Daniel, Dicionário de Umbundu de José Francisco Valente, o

Pequeno Dicionário Antroponímico de Francisco Xavier Yambo, a Gramática da língua

umbundu de José Francisco Valente, a Gramática de Umbundu de Moisés Malumbu, a

Gramática de Umbundu de José Pereira do Nascimento.

Note-se que a língua Umbundu não dispõe de uma grafia consensual. Existem dois

modelos de escrita (i) o da Igreja Católica, por exemplo, “Tchitula, Cassova” (com grafia e

fonologia portuguesa); (ii) o modelo das Igrejas Evangélicas Missionárias, por exemplo, Citula

[tʃitu¢la], Kasova [kasɔ ¢va] (grafia e fonologia inglesa)”. Procuramos transcrever os

antropónimos de acordo com a grafia que consta nos documentos originais. Encontramos

dificuldades na distinção do género dos seguintes nomes “Graça, Felicidade e Piedade” quando

ocorrem como nomes masculinos e femininos. Além disso, foi também difícil fazer a distinção

do género de nomes em Umbundu (Jamba, Cassinda, Ngueve e Cassova) e umbundisados

(Evaristo/Evalisto, Capitão-mor/Capitamõlo).

Relativamente à proveniência de certos nomes utilizamos como metodologia a análise

documental a partir da informação fornecida pelo assento de nascimento e cédula de

nascimento, como é o caso de nomes da linhagem materna e paterna.

As ferramentas do programa Microsoft Excel possibilitaram-nos verificar a ocorrência

de alguns nomes de profissão, nomes geográficos, gentílicos, étnicos, alcunhas, nomes

derivados de plantas e animais. Analisamos também a frequência dos primeiros, segundos,

terceiros e quartos nomes, de acordo com a posição em que ocorrem. Separamos os dados em

três décadas e analisamos a evolução do sistema antroponímico do Bié ao longo do tempo, antes

e depois da independência de Angola. Convém referir que os registos mais antigos da

Conservatória do Bié foram destruídos no período de guerra Civil. Deste modo, foram feitos

novos registos a partir de finais de 1994, com o cessar fogo dos confrontos armados na cidade

do Cuíto, capital do distrito do Bié.

Page 116: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

103

Tivemos dificuldades no acesso aos registos da Conservatória do Bié devido à política

de proteção de dados e à falta de colaboração da Instituição durante a consulta dos dados. A

única maneira encontrada para recolher a informação na Conservatória do Bié foi por meio de

fotografias tiradas com telemóvel em alguns assentos de nascimento e por transcrição manual

de todos os nomes. Segundo orientações do Conservador fomos obrigados a trabalhar apenas

no período vespertino devido à afluência dos utentes durante o período matinal.

Constatamos, também, a falta de estudos linguísticos sobre antroponímia angolana,

embora haja algumas obras sobre antropologia cultural, como a de Jorge Chimbinda, Avelino

Sayango, Francisco Yambo, e dissertações sobre a antropologia cultural e antroponímia

Umbundu, Kimbundu, Oshikwanhyama, Nganguela, Cokwe, Olunhaneka e Kikongo, mas, para

além dos aspetos culturais e gráficos dos nomes, não apresentam dados sobre a constituição dos

nomes angolanos.

Por conseguinte, achamos por bem considerar os dados da Igreja Evangélica

Congregacional do Bié como dados representativos das mudanças do sistema dos nomes do

Bié, na medida em que a evolução demonstrada neste registo poderá refletir-se também na

tradição católica por se tratar de povos com as mesmas tradições e rituais.

Page 117: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

104

3. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS

RESULTADOS

3.1. Resultados estatísticos

Constituímos tabelas que mostram a percentagem dos dados em cada ano, como

podemos verificar, na tabela 1. Estes dados estão distribuídos por nomes formados por dois,

três e quatro elementos.

Tabela 1- Dados do Registo de batismo da Igreja Evangélica

Registo de Batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié

Anos 2 nomes % 3 nomes % 4 nomes %

1976 87 19% 32 9% 7 2%

1977 31 7% 11 3% 17 5%

1978 32 7% 30 9% 58 17%

1980 108 23% 12 4% 3 1%

1983 13 3% 29 9% 54 16%

1986 56 12% 49 15% 55 16%

1987 20 4% 44 13% 32 9%

1989 37 8% 43 13% 43 13%

1992 16 3% 20 6% 22 6%

1997 18 4% 23 7% 10 3%

1999 27 6% 26 8% 20 6%

2002 20 4% 18 5% 19 6%

Total /Ano 465 100% 337 100% 340 100%

Total / Registo 1142

Page 118: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

105

Na tabela acima estão representados os dados relativos ao Registo de nascimento da

Igreja Evangélica Congregacional em Angola, no Bié. Podemos observar que os dados estão

organizados por o ano. Por outro lado, os dados estão organizados por nomes de dois elementos,

nomes de três elementos e nomes de quatro elementos.

Verificamos que nos anos 1976 e 1977 os nomes com maior percentagem são os

constituídos por dois elementos (19% e 7%). Em 1978 os nomes constituídos por três nomes

correspondem a 17%. No ano de 1980, os nomes mais frequentes são constituídos por dois

elementos com (23%).

Tabela 2- Dados do registo de nascimento da Conservatória do Bié

Os dados estatísticos da conservatória do Bié, mostram que o grupo de nomes

compostos por dois elementos era o mais frequente em 1995 (28%) e 1996 (16%); os nomes

compostos por três elementos eram os mais frequentes em 1995 (23%), 1998 (17%) e 1999

(19%), ao passo que os nomes compostos por quatro elementos eram mais frequentes em 1999

(25%), 1998 (19%) e 1995 (22%).

Registo da Conservatória do Bié

Anos

2

nomes

Percentagem

3

nomes

Percentagem

4

nomes

Percentagem

1994 11 11% 18 14% 15 15%

1995 27 28% 30 23% 22 22%

1996 16 16% 17 13% 9 9%

1997 12 12% 19 14% 10 10%

1998 15 15% 23 17% 19 19%

1999 17 17% 25 19% 25 25%

Total /Ano

98 100% 132 100% 100 100%

Total 330

Total

1472

100%

Page 119: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

106

3.2. Constituição de nomes nos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional

Nesta secção apresentamos os resultados obtidos nos dados do Bié, sendo 1142 entradas

do registo da Igreja Evangélica do Bié e 330 entradas do registo de nascimento da Conservatória

do Bié, o que perfaz o total de 1 472 nomes completos.

O gráfico 1, revela-nos que 132 ocorrências do registo da Conservatória do Bié são de

nomes formados por três elementos (40%), contra 100 e 98 ocorrências de nomes constituídos,

respetivamente, por dois e quatro elementos com (30%).

Das 1142 ocorrências do registo da Igreja Congregacional, observamos que os 3 grupos

apresentam resultados acima de 100 ocorrências. 465 ocorrências (40,7%) são nomes

constituídos por dois elementos; 337 ocorrências (29,5%) correspondem aos nomes

constituídos por três elementos e 340 ocorrências (29,7%) são nomes constituídos por quatro

elementos. (Veja-se o gráfico 2).

Gráfico 1- Composição dos nomes do Registo da Conservatória do Bié

Page 120: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

107

No gráfico 3, verifica-se os resultados dos dois registos numa perspetiva comparada.

Podemos observar que os nomes compostos por dois nomes elementos do registo de batismo

da Igreja Evangélica Congregacional do Bié com (40,7%) são os mais frequentes e os nomes

compostos por três elementos do registo da Conservatória do Bié com (40%) são os mais

Gráfico 2- Composição dos nomes do Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié

Gráfico 3- Composição dos nomes nos dois Registos

40,7%

29,5% 29,7%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié

30%

40%

30%

40,7%

29,5% 29,7%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Comparação do Registo da Conservatória do Bié e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié

Registo da Conservatória do BiéRegisto de Batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié

Page 121: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

108

frequentes. A diferença entre os dois registos pode estar relacionada com a prática de nomeação

dos Ovimbundu antes do período colonial e com a evolução do sistema de registo colonial.

Do total de 1 472 ocorrências 563 (38,2%) correspondem aos nomes constituídos por

dois vocábulos e 469 ocorrências (31,8%) correspondem aos nomes compostos por três

elementos. Os nomes constituídos por quatro elementos registaram apenas 440 ocorrências

(29,8%).

Observamos também que os dois últimos grupos apresentam resultados acima de 100

ocorrências e com um diferencial de 94 ocorrências para os nomes constituídos por três nomes

e 123 ocorrências para os nomes constituídos por quatro elementos, em relação ao primeiro

grupo. Constatamos também que os nomes formados por dois elementos nos dois registos

ocupam (51%), sendo (23%) no registo da igreja em 1980 e (28%) no registo da conservatória

do Bié em 1995.

Gráfico 4- Sistema de nomes mais frequentes na antroponímia do Bié, 1976-2000

38,2%

31,8%29,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Distribuição Geral do no Registo da Conservatória e da Igreja

Page 122: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

109

Verificamos que das 1 472 ocorrências apenas as duas últimas décadas apresentam

resultados acima das 300 ocorrências. A década de 80 corresponde a 598 ocorrências (40,6 %)

e na década de 90, 569 ocorrências (38,6%). Apenas 305 ocorrências (20,7 %) na década de 70.

Registamos uma diferença entre a década de 70 e 80 de 293 ocorrências (20%) e 264

ocorrências (18%), tal como observamos no gráfico 5.

A década de 70 apresenta menos dados em relação às outras décadas pelo facto de só

encontrarmos informações anos 1976, 1977 e 1978 no registo da Igreja Congregacional do Bié.

A diferença percentual entre a década de 70, 80 e 90 pode estar, também, relacionada com a

adoção do sistema de nomes europeus pela administração angolana após a independência.

3.3. Constituição de nomes por década nos registos da Conservatória e da

Igreja Congregacional no Bié

Apresentar-se-á, de seguida, os dados agrupados em décadas, no registo da Igreja

Congregacional do Bié. As 234 ocorrências, na década de 70 são de nomes formados por dois

elementos. Por outro lado, verificamos que às décadas de 80 e 90 (187 e 177) correspondem os

nomes compostos por três e quatro elementos, tal como podemos observar no gráfico 6.

Gráfico 5- sistema antroponímico do Bié por décadas

40,6% 38,6%

20,7%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%

Década de 70 Década de 80 Década de 90

Distribuição de nomes por décadas

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Page 123: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

110

Os dados do registo da Conservatória apenas aparecem representados na década de 90

devido ao período de guerra civil em Angola. Por consequência perderam-se os registos mais

antigos, isto é, da era colonial até ao final dos conflitos armados no Bié.

É importante referir que o registo da conservatória apenas teve início oficial no princípio

de 1995, após a guerra de 1993-1994. Pelo contrário, o registo da igreja congregacional foi

conservado até ao presente momento.

De acordo com o gráfico 6, os nomes formados por três elementos são frequentes no

registo da igreja congregacional entre a década de 70 (20%), 80 (15%) e 90 (16%); na década

de 90 observamos um equilíbrio, mas com maior tendência para nomes formados por dois e

quatro elementos.

Das 1 472 ocorrências, no gráfico 7, os nomes constituídos por dois elementos aparecem

como os mais representados nas décadas de 7, com (10%) 150 ocorrências, e de 80, com 16%)

234 ocorrências. Na década de 90, por outro lado, os nomes constituídos por três elementos são

os mais frequentes, com (15%) 219 ocorrências.

Gráfico 6- Sistema de nomes mais frequentes do Registo de Batismo da Igreja

Congregacional do Bié em 3 décadas

13%

6% 7%

20%

15% 16%

7% 8% 6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Década de 70 Década de 80 Década de 90

Registo de nomes da Igreja Evangélica Congregacional do Bié

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Page 124: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

111

3.4. Frequência dos nomes nos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié

De seguida, apresentar-se-á os dados do Bié segundo a frequência dos nomes.

Apresentamos os dados por classes, de acordo com a seguinte organização: classe A “primeiros

nomes”, classe B “segundos nomes”, classe C “terceiros nomes” e classe D “quartos nomes”.

Sobre os dados do registo da Conservatória do Bié, no gráfico 8, podemos observar que

na classe A os nomes Maria (6 ocorrências) e José (6 ocorrências) constituem os primeiros

nomes mais frequentes. Na classe B Jamba (6 ocorrências), e Chilombo (5 ocorrências)

aparecem como segundos nomes mais frequentes. Na classe C os nomes Jamba (4 ocorrências)

e Ngueve (4 ocorrências) são os terceiros nomes mais frequentes. Na classe D Cossengue (3

ocorrências) aparece como o quarto nome mais frequente.

Gráfico 7- Sistema de nomes mais frequentes nos dois registos da antroponímia do Bié entre

as décadas de 70, 80 e 90

10%

16%

12%

5%

12%

15%

6%

13%12%

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%18%

Década de 70 Década de 80 Década de 90

Registo da Conservatória e da Igreja Nomes distruidos por categorias

Dois nomes Três nomes Quatro nomes

Page 125: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

112

Como podemos observar no gráfico 9, no registo de batismo da Igreja Congregacional

constatamos que na classe A os primeiros nomes mais frequentes são: Maria (20 ocorrências)

e António (18 ocorrências). Na classe B os segundos nomes mais frequentes são: Jamba (36

Gráfico 8- Frequentes dos nomes próprios e apelidos no Registo da Conservatória do Bié

Gráfico 9- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes do Registo de

Batismo da Igreja Congregacional do Bié

Page 126: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

113

ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências). Na categoria C Jamba (16 ocorrências) é o terceiro

nome mais frequente. Na classe D Chipangue (7 ocorrências) é o quarto nome mais frequente.

No gráfico 10, reunimos o registo da Conservatória e da Igreja. Verificamos que na

classe A os primeiros nomes mais frequentes são: José (20 ocorrências), António (23

ocorrências) e Maria (26 ocorrências). Na classe B os segundos nomes mais frequentes são:

Jamba (42 ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências). Na classe C os terceiros nomes mais

frequentes são: Jamba (20 ocorrências), Cassinda (13 ocorrências) e José (11 ocorrências). Por

último, na classe D os quartos nomes mais frequentes são: Chipangue com (7 ocorrências),

Miguel (6 ocorrências) e Cangombe (6 ocorrências). Os nomes de origem portuguesa ocorrem

como primeiros nomes com uma percentagem de 17,6%. Os nomes em umbundu ocorrem

maioritariamente como segundos, terceiros e quartos nomes, correspondendo a 23,5%. Os

nomes com maior frequência são, pois, na sua maior parte, nomes cristãos introduzidos na

cultura umbundu pela colonização.

Dos resultados obtidos no gráfico 9 e 10, constamos que os primeiros nomes mais

frequentes no registo da Conservatória são José e Maria, enquanto no registo da Igreja

Congregacional os nomes mais frequentes são Maria e António. Relativamente aos segundos

nomes os mais frequentes no registo da Conservatória são Jamba e Chilombo e no registo da

Igreja Congregacional são Jamba e Cassinda. Para os terceiros nomes no registo da

Gráfico 10- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes dos Registos da

Conservatória do Bié e da Igreja Congregacional do Bié

Page 127: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

114

Conservatória os nomes mais frequentes são Jamba e Ngueve e no registo da Igreja

Congregacional é Jamba. Por último, Cossengue é o quarto nome mais frequente no registo da

conservatória e Chipangue no registo da Igreja Congregacional. Em suma: os nomes europeus

ocorrem maioritariamente como primeiros nomes, reservando-se o uso dos nomes africanos

para as classes dos sobrenomes e apelidos.

3.5. Frequência dos primeiros nomes dos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié

Em relação aos nomes femininos do registo da Conservatória do Bié e da Igreja

Congregacional do Bié, na figura abaixo, podemos verificar que Maria é sempre o nome

feminino mais frequente nos dois registos. Acreditamos que Maria passou a ser frequente por

influência da figura cristã de Santa Maria. Por esta razão, na antroponímia do Bié nas décadas

de 70, 80 e 90 ocorre como o prenome feminino mais frequente.

Gráfico 11- Frequência dos prenomes femininos nos Registos da Conservatória do Bié e da

Igreja Congregacional do Bié

Page 128: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

115

No gráfico 11, constatamos que Maria, com 26 ocorrências (20,2 %), é o nome mais

frequente. Em segundo lugar, surge Laurinda, com 17 ocorrências (13,2 %). Em terceiro lugar,

Domingas e Alice, com 14 ocorrências (10,9 %). Margarida, com 13 ocorrências (10,1 %),

ocupa a quarta posição.

No gráfico 12, verificamos que António, com 23 ocorrências (18,3 %), é o primeiro

nome masculino mais frequente. José, com 20 ocorrências (15,9 %) é o segundo nome

masculino mais frequente. Em terceiro lugar, surge João, com 16 ocorrências (12,7 %). Em

último lugar, Eduardo, com 15 ocorrências (11,9 %).

Das 1 472 entradas, 784 ocorrências (53,3 %) são nomes femininos e 688 ocorrências

(46,7 %) são nomes masculinos. Maria é o prenome feminino mais frequente e António é o

prenome masculino mais frequente.

Gráfico 12- Frequência dos prenomes masculinos nos Registos da Conservatória do Bié e da

Igreja Congregacional do Bié

Page 129: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

116

3.6. Frequência dos segundos nomes dos registos da Conservatória e da Igreja

Congregacional no Bié

Observamos, no gráfico 13, que os nomes em umbundu mais frequentes na

Conservatória do Bié são: Jamba (42 ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências), Ngueve (15

ocorrências) e Chitula (14 ocorrências). Jamba é o nome mais frequente que ocorre como

segundo e terceiro nome, em comparação aos nomes Maria e António que surgem como

prenomes. Os nomes Jamba e Cassinda refletem o sistema de atribuição de nomes dos

Ovimbundu. Regra geral, estes nomes são atribuídos a gémeos e podem ser, também, nomes de

um xará que tenha sido gémeo.

42

25

15 1411 11

5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Jamba Cassinda Ngueve Chitula Cassova Vihemba Chilombo

Segundos nomesRegisto da Conservatória e da Igreja Evangélica do Bié

Gráfico 13- Frequência dos segundos nomes nos Registos da Conservatória do Bié e da Igreja

Congregacional do Bié

Page 130: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

117

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta secção, discutir-se-ão os dados descritos anteriormente. A ocorrência de nomes

formados por dois elementos parece ser um fenómeno característico em quase todas as culturas.

Bobone (2017:29) afirma que foram poucas as culturas que usaram o sistema de nomes

completos como os romanos. Segundo Bobone (2017:61), na antroponímia alentejana do século

XV mais de 50% da população usava nomes com dois elementos, constituídos por um nome

próprio e um patronímico. Ainda o mesmo autor sugere que é raro encontrar na antroponímia

alentejana dessa época nomes com apenas um ou com quatro elementos. Na antroponímia

Guineense, o Balanta (grupo étnico da Guiné Bissau) possuía apenas um nome próprio

acompanhado de um complemento, geralmente um apelido masculino da parte paterna para o

homem e um apelido feminino da parte materna para a mulher (Carreira & Quintino 1966:158).

No Antigo Testamento as pessoas tinham um ou dois nomes, isto é, um nome próprio

seguido do nome do pai, da profissão ou do seu povo. Tomemos como exemplo, Lucas 1:13 “...

Zacarias não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e

lhe porás o nome de João”. Por influência da atividade que exercia começou a ser chamado

João o Baptista, tal como descreve Mateus 3:1: “naqueles dias, apareceu João o Baptista

pregando no deserto da Judeia [...]”. Segundo Belo (1992:35) Baptista provém do grego

“baptistea =o que emerge, o que batiza”.

Também para a antroponímia umbundu, os dados recolhidos mostram maior ocorrência

de nomes constituídos por dois elementos até à década de 90. Presume-se que o papel

desempenhado pelo latim, no caso das línguas ibéricas ocidentais tenha sido idêntico ao papel

do português relativamente ao umbundu e outras línguas de Angola, apesar de que os

acontecimentos referentes ao umbundu tenham ocorrido há mais de duzentos anos. Por outro

lado, a combinação de nomes europeus e nomes africanos pode estar na base da evolução da

composição dos nomes de dois para três e quatro elementos.

Apresentar-se-á, de seguida, a discussão dos resultados da frequência dos primeiros,

segundos, terceiros e quartos nomes. Santos (2017:58) afirma que no período antes da

independência de Angola os nomes em línguas nativas eram em número reduzido e aumentaram

após da independência devido à iniciativa de valorização das línguas nacionais. Ao

observarmos os dados apresentados no gráfico 11, verificamos que os primeiros nomes na

Page 131: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

118

Antroponímia do Bié são maioritariamente em português devido ao contacto dos portugueses

com o reino do Congo e Ngola. A título de exemplo, o governador do condado do Sohio, tio do

Rei Mani Congo, foi o primeiro a converter-se ao cristianismo e batizado com o nome Manuel.

Segundo Santos (1965):

[…] e entregou a Diogo Cão alguns moços para serem batizados e instruídos na fé Católica (…)

estes foram confiados aos padres dos Lóios, e dois anos depois receberam batismo, tendo o

Çacuta (Nsálu), o mais importante deles, recebido o nome de João, em homenagem ao Rei, e os

outros nomes dos mais importantes cortesãos. (Santos 1965:27)

De acordo com Kilger (1948:18) “a 3 de maio baptizaram já o rei Nzinga-a-Nkuwa que,

tomando o nome de D. João I, deu princípio a uma dinastia cristã num reino negro cristão”. E

a sua mulher Mani Mombada foi baptizada com o nome de Leonor, em honra da bondosa

Rainha das Misericórdias (Santos 1965:28). Além disso, “Em 1622, Luís Mendes de

Vasconcelos, que sucedeu no governo de Angola a João Correia de Sousa, teve a satisfação de

fazer batizar na igreja matriz de Luanda a célebre Embaixatriz, Rainha Nzinga Mbandi, com o

nome de D. Ana de Sousa” (Santos 1965:152). Este sistema de atribuição de nomes foi vigente

durante séculos e continuou até à atualidade. Também na Antroponímia da Guiné Portuguesa,

os nomes portugueses são usados como nomes próprios completados por segundos nomes

gentílicos ou crioulos com função de apelido. Carreira & Quintino (1966:167) afirmam que os

guineenses usam nomes da linhagem masculina e feminina, por exemplo: Albino Sampa

(linhagem masculina), Agostinho Mango (linhagem masculina), Mariana Gonhi (linhagem

feminina), Domingas Makanha (linhagem feminina).

Constatámos que os nomes Maria e António são os mais frequentes na Antroponímia

em língua umbundu. Para José Pedro Machado (2003) Maria é o nome da virgem mãe de Jesus

Cristo, e por isso nome de mulher muito frequente. Em Portugal surge como nome de invocação

religiosa de Nossa Senhora, no século XIII. O nome ocorre isolado ou acompanhado de

atributos, por exemplo, (Maria das) Dores, (Maria da) Conceição e ou (Maria) Celeste.

Segundo o Dicionário Infopédia (2003) “é um antropónimo cristão desde a Alta Idade Média,

e um dos mais comuns até aos nossos dias, sobretudo em Portugal e na Espanha”.

Segundo Vasconcelos (1928:31) Maria é um nome de origem hebraica, Mirjam, tomado

do egípcio que significa ‘amada de Amon’. Pereira (2003:305) afirma que Maria passou do

Hebraico para o grego e posteriormente para o latim. Ainda o mesmo autor refere que Maria é

Page 132: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

119

usado nas cantigas de Santa Maria de Afonso X. É também considerado como o nome mais

corrente em Portugal desde a primeira metade do século XIV até 1970. Pereira (2003:306)

afirma que foi um nome usado por rainhas de Portugal, Escócia, Espanha, França, Imperatrizes

de Alemanha, de Bizâncio, do Brasil e infantas de Portugal. No Novo Testamento Maria é o

nome mais usado por personagens bíblicas como Maria mãe de Jesus e Maria Madalena (cf.

Lucas1:26, Mateus 27:55-61, Marcos 15:47, Marcos 16:9 e Lucas 8:2). Segundo Belo

(1992:134) Maria é o nome mais frequente em quase todo o mundo como primeiro e segundo

nomes e a sua composição com outros nomes é a mais comum e infinita, por exemplo “Maria

Clara, Maria Francisca, Maria Cláudia, Maria Cristina, Maria Helena, Maria João, Maria

Luísa entre outros”. Na rubrica “Tempo da Língua” do Instituto Camões, afirma-se que: (i)

Joham e Maria eram os nomes mais frequentes, em Lisboa, na primeira metade do século XIV,

em finais do século XV e finais do século XVI. Por outro lado, no século XX os nomes mais

frequentes eram: Maria e José (1960), Maria e Paulo (1970), Ricardo e Ana (1980), por último

João e Ana (1990). Gonçalves (1973, citado por Santos, 2003:236) “num estudo sobre a

onomástica de Lisboa quinhentista, constatou que o nome feminino Maria correspondia a 14%

do universo de nomes femininos por si estudados”. Santos faz referência a Amadeu Ferraz de

Carvalho, que, num estudo realizado no concelho de Coimbra em 1950, verificou que o nome

feminino Maria correspondia a 37%.

Segundo Vasconcellos (1928:59) António passou a ser um nome popular por resultado

da devoção ao Santo António de Lisboa. Ainda o mesmo autor afirma que muitos nomes de

batismo resultam da influência do dia do santo, como por exemplo, António, Francisco, João,

José, Joaquim, Manuel, Ana, Maria e Rosa. Segundo o Instituto Camões “Tempo da Língua”

António aparece em Lisboa como o segundo nome mais frequente em 1960. Vasconcellos

(1928:84) afirma que “sendo os portugueses, como são, povo católico, ninguém se admirará de

que eles vão muitas vezes á religião escolher nomes”. Assim, é também provável que a

influência religiosa na Antroponímia do Bié seja um fator a ser considerado. Se os nomes em

língua nacional são pouco frequentes, talvez não seja pela falta de valorização dos aspetos

linguísticos e culturais africanos, mas sim devido às políticas de imposição e adaptação dos

nomes, bem como à proibição do uso e do ensino das línguas nativas durante o período colonial.

Com efeito, a preferência por nomes em português era obrigatória, por exigência dos decretos-

lei nº 47 678 de 5 de Maio de 1967 e nº 10/85 de 19 de outubro. Esta preferência tornou-se um

hábito que continua até ao momento atual.

Page 133: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

120

Assim, muitos nomes em umbundu foram aportuguesados. Por exemplo, Soba > osoma

(=soma), Cassova (=Kasova), Calei (=Kaley), Cassinda (=Kasinda). Este processo não

aconteceu apenas em Angola, mas em todas as ex-colónias portuguesas em África.

De facto, a estrutura antroponímica do Bié apresenta comportamentos idênticos aos da

Antroponímia moçambicana e guineense. Segundo Ribeiro (1998:145), o nome completo de

uma pessoa na Antroponímia moçambicana consta de três elementos: primeiro nome (europeu),

nome do pai (europeu ou nativo), apelido do pai xivongo “apelido ou nome de família”.

Para os Ovimbundu a ordem canónica de atribuição de nomes segue a seguinte ordem:

(i) primeiros nomes e segundos nomes (obrigatórios), provenientes do nome dos avós ou dos

tios maternos (xará) e de circunstâncias incomuns; (ii) terceiros e quartos nomes (opcionais)

provenientes de alcunhas e nomes de família. Na Antroponímia do Bié juntam-se um ou dois

nomes do xará seguido de um ou dois nomes dos progenitores, como se pode observar:

(i) Florbela Mussande Marcolino Chissapa, filha de Augusto Chissapa e de Alberta

Marcolino;

(ii) Firmino Chipindu Samuala, filho de Vicente Samuala e de Rufina Nanguia, neto

paterno de Firmino Chipindu e Maria Nachiungo;

(iii) Graça Lemos Soares Yambo, filho de Elias Yambo e de Carla Emília Paulino

Soares.

Enquanto os apelidos portugueses, segundo Nunes & Kremer (2014:43), são atribuídos:

(i) por via paterna: Luis Lopez, filho de Diogo Lopez e de Margarida Luis;

(ii) por via materna: Simão Gomez, filho de Viçente Afonso e de Antónia Gomez.

No sistema antroponímico do Bié os apelidos são atribuídos:

(i) por via paterna ou materna: Camila Graça Tchihungulo, filha de António

Tchihungulo e Margarida Elavaco; Maria Sambowe Chipuku, filha de Marcolino

Sambowe e de Antonieta Chipuku.

(ii) por via dos avós:

Paulino Chowana Essuvo, neto paterno de Paulino Chowana, filho de António

Manuel e de Laureta Chipembe.

(iii) por via dos tios/tias: Carlos Sapalo, filho de Eduardo Tenente e Delfina Pedro

Tchicumbo, neto paterno de Paulino e Laurinda Wendo.

Page 134: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

121

Antigamente, os nomes em língua umbundu tinham proveniência no nome dos avós e

tios. Ora, no final do século XX e início do século XXI, parece haver uma maior tendência para

o uso do apelido do pai.

Depois da independência de Angola, a escolha dos nomes passou a ter maior liberdade,

podendo ser de origem nativa, portuguesa ou estrangeira, mas de acordo com a Lei nº 10/85 de

19/10, no ponto 5 do artigo 1º, “os apelidos são obrigatórios e serão escolhidos entre os

pertencentes às famílias paternas, maternas ou ambas dos progenitores do registando”.

Por isso, atualmente a estrutura antroponímica do Bié admite a ocorrência dos nomes

dos pais. Antigamente esta prática não era frequente, tratando-se de uma prática imposta

durante a era colonial.

Os dados que recolhemos mostram que os nomes constituídos por três elementos só ocorrem

com maior frequência a partir da década de 80. É provável que essa mudança resulte da Lei nº

47 678 de 5 maio de 1967 no ponto 1 do artigo 137º, que determinava que: “compete ao

funcionário que lavrar o assento atribuir ao registando um nome completo.”.

Verifica-se que na antroponímia do Bié há também nomes em língua umbundu, que

ocorrem como segundos, terceiros e quartos nomes, como Jamba, Ngueve, Cassinda, Chitula,

Chipangue, Cossengue, Cangombe. Segundo a cultura Ovimbundu, Jamba está relacionado

com um dos nomes dados aos gémeos. Para os Ovimbundu os gémeos ou “Ondjamba” são

nomeados de acordo com o nome dos animais mais ferozes da fauna. Nos reinos do Bailundu,

Wambu, Ciyaka e Ngalangi, o primeiro gêmeo masculino ou feminino chama-se Jamba

“elefante” e o segundo se for homem será chamado Hosi “Leão” e se o segundo gémeo for

feminino chama-se Ngueve “Hipopótamo”. Nos reinos do Viye e Ndulu, o primeiro gémeo

independentemente do género chama-se Jamba (=elefante), o segundo gémeo masculino ou

feminino chama-se Ngueve (=Hipopótamo). Quanto aos trigémeos, o último sem distinção do

género chama-se Hosi (=Leão). Nos reinos Bailundu, Wambu, Ciyaka e Ngalangi Ndulu e Viye,

o sujeito que vem depois dos gémeos ou trigémeos independentemente do sexo (masculino ou

feminino) chama-se Cassinda, do verbo (okusinda) que significa ‘empurrar, aquele que é

empurrado após os gémeos’.

Na classe B encontramos também o nome Cassova que por vezes se confunde com

Cassinda que deriva do verbo okusoveka que significa ‘alternar’. Normalmente, este nome é

dado sem distinção do género da criança, sempre que antes nascerem dois, três ou mais filhos

do género masculino ou feminino. É assim que surgem as seguintes expressões, de acordo com

Yambo (2003:59), Kasova ka alume, “Cassova dos rapazes” quando nasce uma filha depois de

Page 135: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

122

vários rapazes ou Kasova k´akãi “Cassova das raparigas”, quando nasce um rapaz depois de

umas tantas raparigas.

De acordo com os dados apresentados, podemos colocar duas hipóteses sobre a

ocorrência dos nomes de gémeos na estrutura antroponímica do Bié: (i) os nomes Jamba,

Ngueve e Cassinda são frequentes por terem nascido muitos gémeos no Bié, ou (ii)

eventualmente, muitos indivíduos receberam estes nomes por via do xará e passaram a chamar-

se Jamba, Ngueve, Hossi e Cassinda. Sayango (1997) propõe que os nomes okulisapa podem

ser transmitidos por via do Sando “xará”, por exemplo, a criança sando de Kahendagongo

“sofredor” embora não tenha passado por nenhum sofrimento será chamado assim por toda a

vida. Segundo a tradição Ovimbundu herda-se o nome do xará para simbolizar a herança

nominal e a perpetuidade do nome. Para os Ovimbundu o fenómeno xará é sagrado. Durante a

gestação os pais escolhem o nome do xará de acordo com a tradição familiar e da tribo.

Em seguida, discutiremos a ocorrência do género dos nomes em umbundu. O género

dos nomes em língua umbundu é uma situação complexa, na medida em que há formas

marcadas para o masculino e feminino e outras não marcadas (para ambos os géneros). Para os

Ovimbundu é frequente a atribuição de nomes provenientes da fauna e da flora, circunstâncias

incomuns ou mesmo eventos da vida. Nesses casos, nem sempre é fácil fazer a distinção de

género, sobretudo para os nomes não marcados. Por exemplo, segundo os dados obtidos no

gráfico 13 os nomes, Jamba, Cassinda e Cassova são atribuídos aos dois géneros, enquanto os

nomes “Jamba, Cassinda, Ngueve, Chitula, Cassova, Vihemba e Chilombo” são apenas para o

género feminino. Os nomes Jamba, Cassinda e Ngueve podem ser comuns a dois géneros,

dependendo da variante. Por conseguinte, Ngueve é comum a dois géneros no Bié, ao passo que

no Huambo é usado apenas para o género feminino.

Os nomes circunstanciais representam a maior fonte de nomes na antroponímia

umbundu e funcionam como sobrenomes maternos ou paternos e como apelidos de família. Os

nomes circunstanciais de animais mais ferozes como elefante, leão, hipopótamo e nomes

abstratos como Chilulu (fantasma), Chilingussumba (coisa que mete medo, perigoso),

Chendilene (não vou convosco), segundo a crença africana são atribuídos para afugentar

espíritos malignos ou podem significar bravura e valência.

Page 136: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

123

Por outro lado, atribuem-se nomes circunstanciais com sinónimo de bondade: Henda

(piedade), Elavoko (esperança), Bêmbua (paz) para afastar malefícios aos filhos. Veja-se por

exemplo, a variação de Vicomo / Tchicomo (maravilha, admiração, aquilo que mete medo),

Vissimilo / Tchissimilo (pensamento) na região de Bié. Ao nosso ver, estes nomes são atribuidos

independentemente da distinção do número e regem-se de acordo com a moda. Nos exemplos

de Schadeberg (1990:11) “ócilendé / óvilendé” verfica-se que as classes 4 (ovi-) e 7 (oci-/tchi)

podem ser agrupadas. Segundo a crença africana acredita-se que o nome pode ter influências

positivas ou negativas na vida da criança.

Page 137: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

124

5. SÍNTESE

Os resultados obtidos mostram que:

1. Os nomes do Bié, apesar de apresentarem caraterísticas Bantu, foram influenciados

pela antroponímia portuguesa.

2. Os nomes em língua umbundu são determinados por fatores sociais e tradicionais. Os

nomes em umbundu são atribuídos com base em determinadas circunstâncias da vida, com base

nos costumes tradicionais. O sistema Okulisapa (nomes de circunstâncias incomuns) é crucial,

durante o processo da gestação até ao nascimento da criança.

3. O conceito de apelido não fazia parte da cadeia antroponomástica dos nomes em

língua umbundu.

4. A antroponímia do Bié combina nomes europeus e autóctones; os nomes em língua

umbundu funcionam como complementos onomásticos.

No Bié, os prenomes são maioritariamente em português. A publicação da Lei nº 47 678

de 5 de Maio de 1967 sobre a constituição dos nomes nas ex-colónias africanas desencadeou a

ocorrência de prenomes e apelidos em português ao decretar que “os nomes devem ser

portugueses ou, quando de origem estrangeira, traduzidos e adaptados, gráfica e foneticamente,

à língua portuguesa”. A ocorrência de nomes em português e de apelidos mudou

significativamente a estrutura antroponímica do Bié devido ao contacto linguístico e

sociocultural durante o período colonial.

Quanto aos nomes em língua umbundu, estão todos relacionados com fatores sociais e

culturais. Os nomes em língua umbundu são portadores de conteúdo informativo relacionado

com as circunstâncias da vida. Ovimbundu é um grupo étnico muito conservador e o significado

dos nomes para os Ovimbundu é um património linguístico-cultural de extrema importância.

Apesar do efeito da Lei nº 47 678 de 5 de maio de 1967, os nomes em língua umbundu

funcionam como complementos onomásticos dos nomes europeus e continuam a ser

predominantes como segundos, terceiros e quartos nomes (como apelidos paternos e maternos,)

verificando-se também o registo de nomes dos avós e tios como nomes próprios.

Page 138: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

125

A Lei nº 47/678 de 5 de maio de 1967, sobre a composição dos nomes nas ex-colónias

portuguesas, também determinou o surgimento do apelido (conceito que não fazia parte da

terminologia antroponomástica umbundu) levando a que os nomes africanos passassem a ser

constituídos por nomes próprios, sobrenomes ou apelidos.

Por último, verificámos que o sistema antroponímico do Bié apresenta algumas

semelhanças com os sistemas moçambicano e guineense na atribuição de prenomes, apelidos e

na ocorrência de nomes em línguas nativas depois de nomes em português, motivadas pela

colonização e imposição cultural e linguística em África.

Page 139: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

126

CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em conta os objetivos enunciados no início deste trabalho, analisámos a estrutura

do sistema antroponímico do Bié. Consideramos que os resultados obtidos dão conta da

semelhança do sistema antroponímico europeu e africano, a frequência de diferentes

combinações de nomes europeus e africanos, bem como a origem de nomes em umbundu com

base no fenómeno xará e nas circunstâncias do nascimento.

Este trabalho poderá servir de ponto de partida e incentivo para a elaboração de artigos

científicos, sobre a antroponímia angolana e do Bié.

Esperamos que os resultados obtidos possam contribuir para compreender a

antroponímia do Bié e as mudanças que sofreu durante a era colonial.

Com base nestes resultados, avançamos as seguintes conclusões:

1. A revolução do sistema antroponímico umbundu deveu-se à imposição de nomes

europeus durante a era colonial. O surgimento do cristianismo, assim como do

estatuto de assimilado, deu início ao processo de substituição de nomes africanos

por nomes cristãos e europeus.

2. Os nomes em língua umbundu foram transformados em sobrenomes e apelidos no

atual sistema antroponímico (daí a sua posição preferencial como segundos,

terceiros e quartos nomes).

3. Os nomes próprios mais frequentes na antroponímia do Bié são portugueses: Maria,

António e José, ao passo que os segundo, terceiro e quarto nomes mais frequentes

são em umbundu: Jamba, Cassinda e Ngueve.

Page 140: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

127

Dada a complexidade e as limitações do trabalho, muito fica por fazer. Procuraremos,

num próximo estudo, desenvolver os seguintes tópicos:

(i) Testar a frequência dos nomes geográficos, alcunhas, nomes profissionais, nomes

gentílicos em umbundu.

(ii) Analisar a transformação de nomes de origem paterna e materna como Navita e

Savita (= mãe de Vita e pai de Vita), que passaram a nome de filhos no atual sistema

antroponímico do Bié.

(iii) Medir a frequência de nomes compostos ligados ou não pela preposição de.

(iv) Testar o comportamento dos nomes do Bié a partir do ano 2000 em diante, alargar

as fontes documentais e as amostras;

(v) Desenvolver a análise do género dos nomes em língua umbundu no Bié.

(vi) Dar conta da influência tonal no significado, segundo as regras dos nomes em

umbundu.

Em síntese, esperamos, que este trabalho tenha contribuído para a compreensão da

cultura umbundu, particularmente no que diz respeito ao sistema de nomes na antroponímia do

Bié.

Page 141: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

128

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APÊNDICES

Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu

Assuelela s. Lágrima, pranto, choro.

Bunji s. (De ombunji). 1. Salalé. 2.

Diferente de ombunje = bola, esfera.

Chacusola adj. (De okusola). 1.

Amar, gostar, adorar, querer. 2.

Risonho, nome feminino. 3. Nome

dado às crianças que nasce num

período de alegria, paz, harmonia no

lar.

Chakusanga s. Nomes próprio que se

dá quando ocorrem acontecimentos

tristes a alguém ou a uma família.

Quando um individuo nasceu em

tempos de problemas. O mesmo que

Changuedela.

Chakuvala v. (De okuvala = doer).

Chambassuku s. (De okwimba). 1.

Deitar fora. 2. Aquilo que Deus rejeita,

proíbe.

Changuendela s. 1. Acontecimentos

tristes. 2. Nome de uma criança que

nasce em momentos de tristeza.

Capama v. (De okupama / capama) 1.

Fortificar, guarnecer/temperado. 2.

Forte rijo, consistente, compacto,

fortalecido.

Chatuloña v. (De okulõna = almejar).

1. Seguir para; dirigir-se para; ir em

direção de; ir para). 2. Nome dado a

alguém que nasce em momentos de

tristeza, problemas. 3. O mesmo que

Canguendela e Kusumua.

Chendovava s. (De okwenda = ir /

tchenda vai + ovava = água). 2. entrar

água.

Chicoca v. 1. (De cikoka = causar,

originar, provocar, incitar, induzir,

atrair). 2. Arrastar, aliciar, seduzir.

Chicomo adj. 1. Aquilo que mete

medo. 2. Perigoso, assustador.

Chicoti s. (De ocikoti). 1. Açoita,

chibata, chicote.

Chicuamanga s. (De ocikuamanga =

corvo, pássaro).

Chiengo s. (De ociyenjo = balde). 1.

Recipiente apoiado em uma corda,

utilizado para retirar água no tanque ou

poço.

Chihunga adj. 1. Embriagado, ébrio,

extasiado. 2. Adejado, flutuante,

revolitado.

Chihungulo s. (De ocihungulo =

coruja).

Chikembe adj. (De cikembe =

bondoso, comprazedor).

Chilanda v. (De okulanda = comprar).

Chilemo s. (De ocilemo = peso, carga,

fardo).

Page 150: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

137

Chilingussumba s. (De okulinga =

fazer / dar + usumba = admirar, meter

medo, surpresa, atormentar,

preocupar, inquietar, desassossegar.

Chilova v. (De okulova = enfeitiçar,

fascinar, embruxar, seduzir).

Chilulo s. (De ocilulu). 1. Fantasma,

alma do outro mundo.

Chimbapo s. Nome próprio dado a

alguém que tem segredos ou vícios que

não pode deixar; que não pode

abandonar; que não pode desprezar.

Chimbungule s. (De ocimbungule). 1.

Fruta imatura, verde. 2. imaturo.

Chimela s. (De ci = grande + omela /

ocimela = boca.

Chimuco s. (Do prefixo ci = grande +

omuku). 1. Rato, rato grande;

ratazana.

Chinene adj. (De cinene). 1. Grande,

volumoso, enorme, largo, espaçoso,

amplo, vasto.

Chinguelessi s. (De ocingelesi =

inglês). 1. corruptela de Inglês. 2.

pessoa que fala a língua inglesa.

Chinossole s. Nome de alegria que

manifesta a satisfação de um desejo,

do esperado.

Chinumbi s. (De ci = grande +

onumbi). 1. Dúvida, incerteza,

hesitação, indecisão. 2. Informação,

indicação, diretriz. 3. Simplicidade,

credulidade, inocência, conselho,

parecer, opinião; 3. Mistério, enigma,

segredo.

Chipango s. (De epango =

deliberação, propósito, decisão).

Chipepe adv. (De ocipepi = perto,

próximo).

Chipessi s. (De ocipesi = cachimbo).

Chipilica v. (De okulipilika). 1.

Insistir, teimoso, perseverante.

Chipindo s. (De Ocipinduko

(profissão, ocupação, trabalho)

Chipuku s. (De ocipuku). 1. Casa de

espíritos. 2. Templo de adoração de

espíritos dos antepassados.

Chiquemala v. (De okukemalisa). 1.

Exprimir. 2. Cantar. 3. Engrandecer-

se, ilustrar-se, notabilizar-se, exaltar,

glorificar, dignificar-se, enobrecer-se.

Chiquemba v. (De okukemba). 1.

Mentir, enganar, aldrabar, impostor,

vigarizar.

Chissaluquila s. (De ocisalukila). 1.

Surpreender-se, inesperado,

imprevisível, repentino, súbito.

Chissapa s. (De ocisapa = ramo,

galho). 2. Aquele que nasceu na mata.

Chissingui s. (De ocisingi). 1. Tronco,

cepo, estirpe, lenho, resto de árvore

cortada.

Chissoca s. (Do prefixo ci+ okusoka =

pensar, cogitar, imaginar, refletir). 2.

Colocar cobertura de uma casa.

Chissolossi- s. (De osi = terra). 1.

Tudo o que se planta desenvolve.

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138

Chissonde s. (De ocisonde formiga

brava).

Chitala v. (De okutala = ver,

observar).

Chiteculo adj. 1. Benfeitor; Bondoso;

2. Pessoa bondosa e prestável.

Chitende s. (De ocitende). 1. Mudo. 2.

Pepino com espinhos. 3. Desleixado,

negligente, descuidado.

Chitombi s. (De ocitombi). 1. Trança,

madeixa de cabelos entrelaçados.

Chitula s. (De ocitula / Utula). 1.

Aldeia, vila. 2. Nome dado a uma

criança que nasce numa casa

provisória em condições precárias.

Chitumba s. (De citumba). 1. Nome

próprio dado a uma pessoa que nasceu

em viagem ou no campo.

Chitunga v. (De okutunga). 1. Fazer,

construir, fabricar, produzir, criar. 2.

Residir, permanecer habitar, fixar-se,

estar.

Chivala adj. (De civala). 1.

Complicado, difícil de resolver,

trabalhoso árduo, complexo.

Chivinda s. m. (De ocivinda). 1.

Ferreiro, artífice. 2. Aquele que

trabalho com ferro.

Chohila adj. (De cohîla). 1. calado,

calmo, silencioso, tranquilo, quieto,

sossegado, sereno.

Chongolola adj. 1. Nome próprio. 1.

Suave, agradável, meigo, aprazível,

afável, Delicioso. 2. Nome de alguém

que congrega todos.

Culivela v. (De okulivela). 1.

Lamentar-se, queixar-se. 2. Desejar,

pretender, tencionar, ansiar.

Cussumua s. (De esumuo). 1.

Tristeza, aflição, mágoa, angústia. 2.

Nome dado a um individuo que nasce

depois de dois ou mais anos depois do

casamento devido a problemas

familiares ou mesmo em ter filhos.

Cuvanja v. (De okuvanja). 1. Olhar,

espionar, avaliar. 2. Verificar,

identificar, confirmar, provar.

Dungue s. (De olondungue = juízo,

discernimento, apreciação).

Efuqui adj. (De efuki (tristeza, tortura,

castigo mazela).

Ekuikui s. m. 1. Alcunha de bravura,

de majestade. 2. Nome de uma ave

rapinante que arranca as penas de

outras aves para fazer o seu ninho. 3.

Os chefes (reis) adotam este nome para

exprimir o seu domínio ou poder sobre

os outros.

Elavoco s. (De elavoko = o mesmo que

ekolelo). 1. Esperança, expectativa. 2.

Penitencia, abstinência. 3. Esperança,

por ter nascido na véspera do Natal, ou

por ser sobrevivente depois de muitas

tentativas do casal.

Elombo s. Estrume de animal; nome

dado a um bebé que fez cocó horas

depois de nascer.

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139

Epalanga s. (De epalanga liange =

irmão mais novo). 1. Adjunto,

substituto. 2. Meu amigo e parceiro. 3.

Meu contemporâneo.

Epandi s. Persistência, perseverança,

teimosia, permanência.

Epesse s. (De epese). 1. Desperdício,

aventura, esbanjamento.

Epuco s. 1. Desprezo,

desconsideração, menosprezo; 2.

Onda, água que se agita.

Essanji adj. (De esangi). 1. Alegria,

prazer, satisfação. 2. Colar, gola.

Essanjo adj. (De esanju). 1. Alegria

júbilo, satisfação. 2. Festa, banquete,

comemoração.

Essoco s. (De esoko. Calunia,

difamação, maledicência).

Essokyo s. (De esukiyo. Fim, final,

conclusão, limite).

Essuvo s. (De esuvu = odio,

execração, inveja, cobiça, inimizade,

antipatia, sentimento de desgosto,

reservado).

Henda s. f. Caridade, bondade,

compaixão.

Hisse adv. (De hise = bom, melhor,

mais ou menos).

Hukui s. (De ohukui = pobre,

mendigo, necessitado).

Ulunga s. 1. Nome dado a uma criança

cujos predecessores foram sempre

morrendo. 2. Deriva de walunga =

castigo merecido).

Jamba s. (De onjamba = gémeos). 1.

Nome do primeiro gémeo a nascer sem

restrição do género.

Kachumbo s. m. (De ka = pequeno +

ocumbo = pomar).

Kafeca s. (Do prefixo ka = pequena +

ofeka = pais, terra, nação, região). 1. O

mesmo que safeka.

Kafundanga s. (De ka = pequena +

ofundanga = pólvora).

Kalala v. (De okukalala = ralar, moer,

triturar, peneirar).

Kalei s. Ministro, vice-ministro,

secretário de estado, o mesmo que

Kasoma.

Kaliata s. 1. Nome próprio. 2.

Segurança. 3. Guarda-costas de uma

entidade.

Kalima v. (Do prefixo ka = não +

okulima = cultivar, lavrar a terra). 2.

Ano passado.

Kalitangui v. (Do prefixo ka = não +

okulitanga = amarrar-se, atar-se,

acorrentar-se, prender-se, agarrar-se,

apegar-se).

Kalule s. (Do prefixo ka = não +

okulula = vestir, tirar a roupa, despir-

se) 2. Amargar, dissaborear.

Kalundungo s. 1. (De oludungu =

picante, produto que excita o paladar,

tempero). 2. Boa para uns e má para

outros.

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140

Kalungo s. (De kalungulungu =

chama, centelha, faúlha, brasa,

labareda, fogo).

Kalongo s. Papagaio, loquaz,

palrador.

Kalungui s. (De okulunga). 1. Andar,

sair, marchar. 2. Tremer, ter medo,

admirar, abalar, assustar. 3. Nome

dado a uma pessoa teimosa que não

aprende).

Kalupeteka v. (Do prefixo ka =

pronome obliquo átono + okupeteka =

vergar, curvar, torcer, dobrar, inclinar,

converter-se, recostar).

Mungomba s. Músico, compositor.

Kambambi s. (Do prefixo ka =

pequeno + ombambi = cabra, cabrito).

Kambili s. (Do prefixo ka = pouca /

sem + ombili = rapidez, ligeireza, zelo,

celeridade, efémero). 2. Aquele que

está sem vontade.

Kamela s. f. (Do prefixo ka = pequena

+ omelã = boca, abertura, orifício).

Kamoli v. (Do prefixo ka = não +

okumola = ver, olhar, observar,

contemplar, reparar).

Kandimba s. m. (Do prefixo ka =

pequeno + ondimba = coelho, lebre,

láparo, lombelo).

Kandombua s. f. (Do prefixo ka

=pequena + ondombua =noiva,

nubente).

Kanganjo s. (De ngandjo). 1. Cubata,

senzala. 2. Nome dado as crianças que

nascem em condições modestas.

Namba s. f. 1. agulha de madeira. 2.

Enfeite de cabelos.

Kanguende s. m. (Do prefixo ka +

ungende = viagem). 1. Nome próprio.

2. Pessoa que nasceu em viagem ou no

campo. 3. Peregrino.

Kangulo s. m. (Do prefixo ka =

pequeno + ongulu = porco). 2. Carro

de mão.

Kanhanga v. (De okunyanga). 1.

Agilizar, tornar ágil, rápido,

habilidoso. 2. Andar de calcanhar,

andar despercebidamente.

Kanjeque s. m. 1. Saco pequeno. 2.

Sacola pequena.

Kanjundo s. (Do prefixo ka =

pequeno + onjundo = segurança,

recurso). 2. Marreta, maço de ferro

para martelar outros ferros.

Kapiñgala s. m. 1. Irmão mais novo;

Vice-presidente. 2. Adjunto;

substituto.

Kapitango s. m. 1. Capitão; oficial

superior do exército; oficial de justiça.

Kapitiya s. 1. Interprete, tradutor,

transmissor. 2. Mediador, conciliador,

intermediário.

Kapuca s. 1. Bebida fermentada feita

com cana de açúcar, aguardente,

bagaceira. O mesmo que owalende. 2.

Nome de planta, antidoto de veneno e

Page 154: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

141

quem tiver sido envenenado come essa

planta e livra-se do veneno ingerido.

Kapule v. (Do prefixo ka = pronome

obliquo átono + okupula perguntar).

Kapussu s. m. General, comandante,

chefe do exército.

Kaputo s. m. (Do prefixo ka = origem

+ putu- corruptela de Portugal). 1.

Individuo português. 2. Boa vida. 3.

Tudo de bom. 4. Tudo vai bem

Kasapi s. m. 1. Pequeno. 2. Miúdo. 3.

Coisa de pouco valor. 4.

Insignificante. 5. chave pequena.

Kasinda s. 1. Aquele que nasce depois

dos gémeos independentemente do

género.

Kassanga v. (De ka = pronome de

obliquo átono = a, o, lhe + okusanga =

encontrar); não encontrar; não achar;

não descobrir; não deparar.

Kassicote s. m. (Do prefixo ka =

pequeno + osikote = açoite. 1. Açoite

pequeno, chibata pequena.

Kassoma s. m. 1. Vice-Ministro,

adjunto, substituto, pregador, orador,

anunciador.

Kassova s. (De okusoveka = alternar)

1. Dá-se este nome a criança do sexo

feminino que nasce depois de dois, três

ou mais do sexo oposto ao seu. 2.

Kasova ka alume (quando nasce uma

filha depois de vários rapazes). 3.

Kasova k´akãi (quando nasce um

rapaz depois de umas tantas raparigas).

Kataleco v. (De okutala = ver + Ko =

lá. 1. Vai ver.

Katanga v. (De ka = não + okutanga

= aprender). 1. Aquele que não estuda.

2. Aquele que não lê. 3. Aquele que

não aprende.

Kateia v. (De okuteya). 1. Partir,

quebrar; fragmentar, rachar.

Katiavala s. m. (Origem incerta). 1.

De Katyavala (soberano) + Bwila

(povos que vagam); 2. Rei dos povos

que vagam).

Kativa s. m. Moderador, regulador,

aquele que estabiliza.

Katihe adv. Referente a uma situação

grave (morte, guerra, doença).

Kawissi s. (De owisi). 1. Fumo

brando. 2. Moderado, prudente,

cauteloso.

Kayambo s. (De eyambo). 1. Túmulo,

sepulcro, tumba, esquife, féretro,

campa. 2. Burlador, enganoso, astuto,

mentiroso, corruptor.

Kayovo s. Referente ao mesmo de

fevereiro; segundo mesmo do ano.

Kopumi v. (Do prefixo ko = não +

okupuma = bater). 1. Bater, fustigar. 2.

Capinar, cortar o capim. 3. Dar

porrada, surrar.

Kulitalula v. (De okulitalula). 1.

Entreter-se, retardar-se, reter-se,

iludir-se, impedir.

Kunateque v. 1. (De okutateka =

impedir, impossibilitar, obstruir,

Page 155: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

142

empatar). 2. Pessoa que nega uma

coisa que quer.

Londaca s. (De ondaka, olondaca =

palavra, termo, opinião).

Londovi s. f. (De olundovi = corda).

Longonjo s. f. (De olungonjo = perna).

Lumbungululu s. f. (De

olumbungululu =estrela, astro).

Lumingu s. m. corruptela de

Domingos.

Lupessi adv. (De olupesi, lolupessi

=depressa, velozmente, rapidamente).

Mbei s. f. (De ombei = doente,

enfermo, débil).

Mbueti s. (De ombueti = vara, bastão,

cajado, pau).

Mbumba v. Amassar, converter em

pasta ou massa, misturar, amolgar,

ensopar.

Mundombe s. f. túmulo feminino

construído de pedras assentadas.

Mussengue s. (Do prefixo mu =

interior, no meio de + usenge = mata).

Nacalumbo s. f. (Do prefixo na =mãe

de + elumbu = surpresa) 1. Kalumbuı

(nome dado a uma criança concebida

num período menstrual irregular). 3.

Gravidez inesperada. 4. Mistério.

Nalupale s. f. (Do prefixo na = mãe de

+ lupale = cidade, centro, urbe).

Nambi s. (Deriva de Onambi = óbito,

infelicidade, falecimento, passamento,

morte).

Nambissi s. f. (Deriva do prefixo na =

mãe de + ombisi = peixe).

Nambuete s. f. (Deriva do prefixo na

= mãe de + ombueti = vara, bastão,

cajado, pau). 1. Pessoa que anda com

bengala.

Nanga s. f. (De onanga = pano,

tecido).

Natcheia s. f. (De na = mãe de + weya

/ ceya =veio). 2. Algo que veio no seio

de uma família.

Ndatembo / Natembo s. Sogro, sogra.

Ndavoca s. m. (De okulavoka =

esperar, esperançoso).

Ndovala s. m. facto prometido.

Netossi s. f. (De etosi = gota, pingo,

lágrima.

Ngandu s. m. (De ongandu

=crocodilo, hemorroida).

Ngunja s. m. (De ongunja = força,

pessoa que trabalha muito). 1.

Lavrador, fazendeiro. 2. Rico,

milionário.

Nguenda v. (De okwenda = deslocar-

se; ir; mover-se; caminhar).

Nguendangolo s. m. (De okwenda =

andar + kongolo = joelho). 1. Girafa.

2. Robusto das larvas que estragam as

plantas semeadas.

Nguvulu s. m. (De onguvulu

(=governador, dirigente,

administrador, diretor).

Page 156: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

143

Njila s. (Deriva de onjila = caminho,

trilho, trajeto). 2. (De onjila = pássaro,

ave).

Njivala v. (De okuvala =doer). 2.

Esquecimento.

Njolela s. m. (De onjolela, satisfação,

alegria). 1. Nome de alguém que tenha

nascido depois de situações

desagradáveis na família.

Nunda s. (De onunda (sobrinho,

sobrinha).

Nuñulo adj. De Nuñulu (primogénito;

o primeiro filho).

Sachilulu s. m. (Do prefixo Sa (pai de)

+ ocilulu (=fantasma, alma de outro

mundo).

Sachipia s. m. (Do prefixo Sa = pai de

+ okupia = queimar).

Sacussumba s. m. (De usumba =

medo, temor, pavor). 2. Pessoa

respeitada, venerada, honrada.

Safeka s. f. (Do prefixo sa = pai de +

ofeka = terra, pais, nação, região). 1.

Aquele que é nativo; nunca mudou.

Sahombo s. m. (Do prefixo sa = pai de

+ hombo = cabrito, chibato).

Sambo s. m. Nome de uma aldeia, no

distrito do Huambo.

Sandele v. (Do prefixo sa = não +

okwenda = ir). 1. Pessoa que nega

fazer alguma coisa.

Sandombua s. m. Indivíduo que está

para se casar, noivo, nubente.

Sanjala s. f. (De osanjala = bairro).

Sapuila v. (De okusapula = queixar,

denunciar). 1. anunciar, comunicar. 2.

Explicar, interpretar, exprimir,

explanar. 3. Comunicar algo

importante.

Savicolo s. m. (Do prefixo sa = pai de

+ ukolo, ovikolo = corda, amarra). 1.

Pessoa que prepara a corda.

Siandele v. (Do prefixo sa = não

+okwenda, (ir/caminhar).

Sikuete v. (Do prefixo si = não +

okukukuete = possuir, ter, dispor). 1.

Pessoa que não tem.

Silivondela v. (Do prefixo si = não +

okulivondela). 1. Apaziguar, acalmar.

2. Pedir favores, humilhar-se,

arrepender-se, submeter-se.

Sipopi s. f. (Do prefixo si = não +

okupopia = falar, dizer, proferir).

Sitaluka s. f. 1. nome dado a criança

que nasceu dum relacionamento

proibido. 2. Primeira filha de um

relacionamento com um homem de

idade avançada. 3. De okutala >

sitaluka (não vou olhar, observar,

aceitar). 4. Pessoa que não vacila ao

fazer alguma coisa.

Sõi s. f. (De osõi = vergonha,

opróbrio).

Songo s. m. (De osongo, osovo =milho

grelado e seco).

Tchali s. m. (De ocali = de graça,

oferta). 1. Sacrifício, oferenda. 2.

Page 157: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

144

Esmola. 3. Pessoa que tem pena dos

outros.

Tchikola adj. Santo, sagrado, puro,

imaculado. Aquilo que é sagrado.

Tchimboto s. m. (Deriva de ocimboto

=sapo).

Tchissolossi- s. m. 1. O que se planta

desenvolve bem. 2. Aquilo que se

planta desenvolve.

Tchongolola v. (De okwongolola). 1.

Recolher, colher, abrigar, alojar.

Ulica s. m. (De ulika). 1. Solidão,

desamparo, desprotegido.

Ulombe s. m. (De okulombela orar). 1.

Coisa bem preparada ou desejada.

Umba s. (Doença que ataca as

crianças quando é bebé). 1. Nome

dado a um bebé que tenha adoecido; 2.

Bem-aventurança.

Veta v. (De okuveta = bater, dar surra).

1. Capar, extrair, castrar).

Vicomo s. m. (De ocikomo /

ocikomoho). 1. Maravilha, admiração,

prodígio, milagre, espanto,

contemplação).

Vihemba s. f. (De ovihemba =

remédio, medicamento).

Vimbuando s. f. (De ovimbuandu). 1.

sereia, sereiba, mangue.

Vissapa s. f. (De ocisapa, ovisapa =

ramos e folhagem da árvore); 1.

Durante a gravidez a mãe teve

tratamentos derivados em plantas

(fitoterapia).

Vissimilo s. m. (De ocisimilo /

ovisimilo = pensamento, opinião,

parecer).

Vitangui s. m (De ocitangi =

problema, dificuldade, obstáculo).

Vituñgayala s. m (De okutuñayala); 1.

Inquietar-se, estar perturbado, estar

distraído, olhar para todos os lados,

agitar-se; 2. Desconfiar, suspeitar,

recear, duvidar.

Page 158: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

145

Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié

Page 159: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

146

Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes

Page 160: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

147

Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié

Page 161: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

148

Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié

Assento de Nascimento da Conservatória do Bié – Cuito

Nomes completos constituidos por dois (2) nomes 1994 Género

Anastácio Savicolo M Carlos Sapalo M Gregório Tchimbanjela M Frederico Chivala M Constantino Jamba M Eurico Tchicambi M Eliseu Chindumula M Valentina Jamba F António Kundjole M Fernanda Nachilila F Alberto Vissoca M

1995 Género Vitorino Chiúca M Mateus Bongue M Felix Cassanga M Guilhermina Umba F Marcelino Cachimbombo M Alberto Jamba M António Braga M Victor Chicoti M Julia Chilombo F Aurora Nachissomba F Celestina Chinossole F Rosalina Chova F Manuel Sacutalica M Domingas Vissuli F Mariana Nauaia F Teodora Sepalnga F Clementino Cambole M Rodrigues Dumba M Marta Nambunda F Higíno Satuala M Albertina Homba F Ana Nauape F Feliciano Sambimbi M Luís Muhongo M

Page 162: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

149

Natália Umba F Paula Vihemba F Luzia Tchiconde F

1996 Género Julieta Uimbo F Marcolino Saiovo M Mariano Canguende M Albino Sandove M Carlos Silepo M Laurindo Cativa M Ernesto Canguenhe M Augusta Nunda F Laurinda Ulica F Judith Jamba F Estevão Chilingussumba M Marcelina Mone F Ruth Henda F Albertina Canhimongo F Cristina Feca F Manuel Vitangui M

1997 Género Mario Chali M Arão Sachilombo M Inácio Catende M Adelino Ngongo M Rodrina Henda F Loide Cayambo F Gabriel Sapalo M Luís Cavita M Paulo Malengue M Júlia Chilombo F Afonso Muila M Feliciano Mande F Isaias Cumba M

1998 Género Joaquim Munango M Idalina Moco F Maria Ndongua F Emídio Cassoma M Florindo Sepuca M João Chivinda M Piedoso Epandi M Rodé Cassova F

Page 163: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

150

Rosalina Cambili F Domingos Bunji M Delfino Cassossi M Marta Tchissolossi F Rosalina Eiala F Madalena Catchova F Marcela Cassungo F

1999 Género Albino Sawanga M Francisco Samutavo M Estevão Chilova M Florindo Canganjo M Manuel Ecolelo M Marcolino Sandala M Felícia Sanjimbi F Beatriz Catihe F Laurindo Tchimbungo M José Tchaievala M Agostinho Tchilua M Rodrigues Camoli M António Nangongo M Tavita Natchissende F Maurício Nambelo M Isabel Vitungãiala F Priscila Vihemba F Nomes completos constituidos por três (3) nomes

1994 Género Camila Graça Tchihungulo F Simão Luvamba Tchiuende M Maria Cassova Cotetula F Firmino Chipindu Samuala M Alberto Vonguma Chinumbi M Margarida Nambuete Enoque F Daniel Choca Ndungo M Afonso Domingo Jamba M Coelho Ngongoiavo Cavando M Alex Vitungaiãla Salumbo M Flora Cassova Cassinda F Albina Bongue Nachulu F Ângelo Chindumbo Sassongo M Laurinda Dala Chilombo F Juliana Cambanda Nambundo F Amélia Chissapa Jamba F

Page 164: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

151

Maurício Baptista Chicoca M Adelino Sandambongo Kanjengo M

1995 Género Mateus José Chilanda M Leonilde Wini Samalanga F Henriqueta Jamba Sahemba F Lucia Catihe Ngueve F Bartolomeu Camela Cassova M António Gambo Chivimbi M Madalena Nambaca Sembuangolo F Gomes Sanjala Caliata M Bonefácio Ndavoca Sanjala M João dos Santos Sandemba M Manuel Natal Nguendangolo M João Valério Feca M Abílio Calungo Canguende M José Maria Capusso M Lucas da Silva Mualunga M Paulino Chowana Essuvo M José António Ndala M Abel Catchapile Carvalho M Luciana Natchumbo Capule F Orlando Eurico Sieponde M Ana Catihe Calungulungo F Anastácia Luciano Mussengue F Rodrigues Feliciano Jamba M Avelina Nolundo Salumbuei F Paulino Mateus Simba M Paulina David Longuembia F Rufino Sanganjo Albano M Ana Cutala Samalinha F Florinda Chipangue Paula F Julieta Chilombo Ramos F

1996 Género Salomão Cangombe Chicumbo M Florença Nachilombo Fundi F Judith Laura Chitula F Maria Ngoi Nachiquete F Carlos Chimuco Saviombo M Inácio Chipongue Chissingui M Luís Muehombo Camalata M Henriqueta Laura Chipilica F Junior Jamba Chunjingi M

Page 165: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

152

Leontina Cassinda Chipa F Celestina Bundo Sanjala F Romão Matias Bambi M Dêbora Crispino Tchovonga F Agostinho Chipasso Kussumua M Silvestre Chissingui Londaca M Claudeth Chipessi Rosária F Luísa Afonso Chissolossi F

1997 Género José Sipitali Chicapa M Francisco Mário Capingãla M João Baptista Ngolongo M Eduardo Elombo Caiangula M Benilde Marcolino Sachipipa F Mário Arão Dumba M André Ngueve Sassapi M Ernesto Ulombe Jembo M Leonor Preciosa Cândida F Júlia Scahipindo Jucelma F Paulo Eponde Ekuikui M Simão Njiluca Kanganjo M Adriana Tchongolola Mutito F Carlos Lemos Horácio M Palmira Wima Teresa F Delfino Fortuna Chivangue M Mayele Nguvulu Pedro M Irina Chilombo Augusto F Neira Feliciana Catalaio F

1998 Género Eduardo Martinho Canjamba M Judith Mário Cayovo F Débora da Conceição Munga F Idalina Lussinga Chiquemba F Adriana Felicia Chiwaia F Adelina Maurícia Lumingo F Manuel Junqueira Sambala M Adelina Chilombo Jamba F Anabela Rosa Chinossole F Donilde Felícia Ngueve F Claudeth Felizberta Wimbo F Valentina Jamba Chissapa F Mariana Nélia Sambaca F Moisés Capusso Chivala M

Page 166: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

153

Antónia Cuvanja Nambi F Miguel Pascoal Jesus M Lídia Catihe Ekuikui F Justina Nangueve Cananga F Wilson Mbimbi Afonso M Piedade Longuenda Eyala F Elisa Francisca Alfredo F Jonas Sangueve Proença M Faustino Sanduva Chiuvila M

1999 Género Alexandre Chitumba Sacuandela M Ernesto Chiwila Sitongua M Jideão Adriano Canjili M Gertrudes Chitula Abílio F João Baptista Cassuque M Aurora Essanji Sequetali F Eugênia Maria Naviti F Verónica Nachiúca Sapalo F Aires Jorge Vipunda M Benita Cuvala Guilherme F Estevão Cachumbo Jorge M Teresa Chimela Elalo F José Capingãla Mbinga M Avelino Chipindo Safeca M Horácio Zaqueu Chivela M Alice Venâncio Siandele F Basto Vitato Calamua M Emília Nambovo Capamba F Adelino Sangandela Lunjunjo M Conceição Ngueve Chilemo F Osvaldo Arlindo Henda M Berta Ngueve Sõi F Benevides Laurindo Lamenhe M Evalina Setaca Savoli F Albertina Adelina Tchicongo F Nomes completos compostos por quatro (4) nomes

1994 Género Florbela Mussande Marcolino Chissapa F Abrão Jamba Bambi Muhongo M Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto M Albertina Nangungo Simba Wanga F Domingas Sousa Pinto Caputo F

Page 167: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

154

Marta de Aparição Vassuatala Chicungo F Aniceto dos Santos Ngueve Major M Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe M Azenaide Mendes Jóia Kumba F Victória Sambundo Navemba Susso F Jucelma Chissacoa Clementina Sassoma F Evalina Caquele Nachilombo Augusto F Luciana Candombua Eurico Caliata F Teresa Capitia Netumo Catihe F Julino Sanende Chicapa Silili M

1995 Género Teresa Nangueve Bumba Pessela F Adelino Isaias Celestino Seliongo M Graça Lemos Soares Yambo M Alfredo Beatriz Dombe Cossengue M Uraca Ilde Manuel Cambuta F Arlete Miséria Massaco Dungo F Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda M Victoria Rodrigues Jorge Capama F Cristina Suraia Mendonça Satula F Carla Elisa Mila Canjungo F Carlos Machado Fernandes Cassoma M Verónica Domingos Chimuma Hukui F Domicília da Conceição Nayuma Sachova F Marinela Beatriz Alice Canganjo F Edgar Vladmir Moisés Sachinguile M Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia M Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando M Gracieth Numala Penina Tchimbungule F Leontina Nacalume Lopessa Tchingular F Maria Fátima Graça Silili F Eunice Edna Alice Cangajo F Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe M

1996 Género Alcides Martinho Faustino Songuile M Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue F Marciana Henda Isabel Kalandula F António Estevão Domingos Ngunga M Cristina Natota Albino Chimbuenjo F Leovigildo Henda Eurico Sanguele M Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga M Emanuel Fortunato Justino Longonjo M Augusta Antónia Calimbue Satumba F

Page 168: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

155

1997 Género Feliciano Vitato Cassinda Canjundo M Escolástica Venâncio Justina Cambundo F Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela F Juliana Catchambalele Ngoi Filipe F Julieta Chavaia Cuvala José F Alice chissanga Chipuco Chambuembue F Arlete Cuvanja Namussoca Martins F Ermelinda Satuala Candomba da Silva F Francisco Canjengo Belina Mundombe M Elina Domingas Arão Sananga F

1998 Género César Dorivaldo José Chicala M Augusta Claudina José Chicala F Inocência Costa Jonatão Chipitia F Laurindo Hisse Teresa Wanga M Samuel José Pedro Catihe M Maria Ana Menezes Chissaluquila F Estanislau Paciência Dinis Cossengue M Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba M Victor Capuca Sachitula Nelombo M Maria Soma Domingas Segunda F Teresa Cassinda Catembo Henda F Arlete Muenho Numbi Vitangui F Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi F Palmira Madalena Chinengue Vissimilo F Mateus Gouveia Noloti Cossengue M Júlia Pedro Wimbo Zeferino F Fernando Jamba Troco Nachanga M Victória Nambi Júlia Isabel F Euraca Catiavala Catumbo Navombo F

1999 Género Victória Chissuvo Chivava Sayoano F Celestino Campos Secuva Lucamba M Laurinda Numala Naculusso dos Santos F Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo M Inês Ngueve Beatriz Chipessi F Pedro Severino Catihe Sawendo M Cecília Chemba Chova Chinumbi F Laurinda Ana Ecundi Cachuco F Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo F Jacinto Chipepe Januário Samba M Marcolino Henriques Sacuandela Satingo M

Page 169: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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José Correia Muhongo Freire M Fávio Hermercim Paz Salongue M Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga M Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye F Cecília Chipuco Nassinda Samessele F Avelino Jamba Cassova Tchitumba M Dulce Nanjinga João Nanga F Teresa Mimi Lucas Sachilulo F Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua F Laureta Vira Nangombe Chivalala F Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala F Altino Tchissingui Jesus Camateli M Ana Augusta Cassanga Mbueti F Melba Viviana Hama Tchitangua F

Registo da Igreja Evangélica Congregacional em Angola

Nomes completos constituidos por (1) um nome 1977 Género

Maria F 1978 Género

Chissococua F Nomes completos constituidos por (2) dois nomes

1976-1980 Género Maurício Savili M Betualiana Salima F Eugénia Chimbotia F Ervim Sangambo M Valentina Mbimbi F Leopoldina Silepo F Eduardo Kupua M Vitorina Cassinda F Mariana Vissupe F Isabel Cafeca F Vitorina Cassinda F Augusta Navemba F Leonardo Cassinda M Alberta Epandi F Jacinto Henda M Victor Cambambi M Sebastião Calei M Fernando Canjamba M

Page 170: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Pedro Canjonjo M Beatriz Nassalala F Joaquina Cafeca F Laurinda Kafeca F Fernanda Cassova F Alvaro Chimbundo M Rodé Chinhañala F Rebeca Pindali F Domingas Nanduva F Isabel Nambali F Justina Chitula F Isaac Kanguende M Piedosa Sipitali F Joaquim Chilombo M Rosalina Henda F Paulo Samilongo M Jorgina Cassamua F Judith Nonjamba F Metuliana Nguelengue F Cecília Ingui F Enoque Sakunguka M Isaac Ngongo M Kindumbo Chombela M Guilherme Homba M Júlia Cassova F Alberto Muhongo M Natália Kepo F Mendonça Changala M Artur Viti M Esperança Sivala F Amélia Chinaossole F Marcolino Cambambi M Floriana Cassinda F Juliano Catchumbo M Florinda Nandindi F Lutero Nhime M Alberta Ngueve F Danisa Nangombe F Carlos Tchali M Vasco Tchivonde M Silva Chombo M Florinda Nacufa F Marcolino Chioca M

Page 171: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Adriana Nessingui F Abílio Cassoma M Doliana Nassando F Emilia Eyala F Augusto Chipipa M Diogo Cambinga M Jeremias Chissingui M Lúcio Ulica M Natália Nonjamba F Vasco Ngonguela M Marcelina Namango F Zaqueu Cambuta M Conceição Massanga F Isabel Nafundanga F Margarida Naheque F Teresa Chitula F Dinís Chipalavela M Natália Lussati F Alberta Wandi F Suzeth Vianga F Mariano Cassule M Celestina Vihemba F Bastos Cativa M Fernanda Nanjúlia F Berta Vimbundo F Amélia Nanjondo F

1977 Género Judtih Cayalo F Avelina Wima F Celestina Cafundi F Rosalina Nonjamba F Carlos Siquete M Verónica Kaquinda F Verónica Chilombo F Angelina Nangassole F Laurindo Chipati M Maria Cambundo F Celestina Vissapa F Emília Sinangui F João Layululo M Leonor Ngueve F Cristina Vihemba F Justina Nassenda F

Page 172: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

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Eduardo Camota M Albertina Kunateque F Emília Chilimbo F Oliveira Sanjila M Alice Najoão F Oliveira Jamba M Ermelinda Elombo F Martins Cambinda M Ana Essanjo F Abrantes Chimbili M Domingas Nangueve F Cristina Catihe F Delfina Chitula F Adriano Capata M Diamantino Chipongue M

1978 Género António Sacunganga M Maria Chambula F Berta Chohila F Julieta Nené F Armando Kuchina M Flora Hipálito F Violeta Nassapalo F Arminda Manhonga F Dêbora Sipopi F Margarida Serrado F Priscila Vihemba F Albino Chipango M Argentino Mimoso M Mélvire Cassova F Helena Henda F Miséria Tessuelela F Aurora Nessamba F Amélia Nacalumbo F Silva Chivavi M Miguel Fastudo M Francisca Ngongo F Joaquim Sangombe M Isaura Vihemba F Giné Nachiwika F Avelino Sapusso M Rocha Carvalho M Marcelina Ndola F

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Albano Calassi M Ezequias Cambandi M Graciano Sacalandula M Alice Njivala F Deolinda Chitula F

1980-1982 Género Memória Sambo F Xavier Sambalundo M Leonor Chitula F Isabel Chapucula F Luca Lohango M Rosa Camuanhe F Adelino Sanjongo M Albina Wimbo F Priscila Kamala F Delfino Cassinda M Mário Capalua M Rosário Efuqui M António Calilossi M Dora Naviti F Ruth Chatuloña F Adolfo Muambungue M Armindo Chitende M Florença Wandi F Isaac Canguia M Camila Chiombo F Eunice Naquinta F João Chiuvila M Evalina Natembo F Cláudia Wimbo F António Wanga M Anito Henda M José Chinganda M Victoria Chipuku F Eugénia Nachova F Domingos Kulitalula M Solmé Katanga M Leonardo Chingangu M Severina chambula F Angelina Nguenda F Adelina Nachinhãngala F Abílio Salau M Laurentina Kambuinda F

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Ernesto Chilemo M Armanda Kangupe F Merina Nassapa F Aida Essokiyo F Teresa Calumbo F Berta Napapa F António Epalanga M Alberto Catihe M Galatias Kapiñala M Antunes Essakalalo M Margarida Nachivela F Priscila Assuelela F Domingos Canjunju M Luciana Nakufa F Victorino sapalo M Domingas Susso F Alice Citula F Inês Boano F Emanuel Eiuva M Leonardo Veta M Filipe Chinguengue M Lucas Sachicombela M Dina Chinossole F Celeste Kanama F Eugénia Kaliña F Domingas Nachimanyo F Feliciana Humbe F Paulina Vicomo F Estefânia Jamba F Pedro Cossengue M Sara Chitula F Almeida Mussiva F Elisa Navitangui F Albertina Chilombo F Frederico Capitia M Domingos Eiambi M Adelaide Kayovo F Albertina Ekolelo F Miquelina Vikuata F Margarida Kassova F Adelina Caua F Lídia Nanjundo F Eduardo Kapessela M

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Fernanda Chitula F Júlia katembo F Job Salongue M Rebeca Nassoma F Castro Muyeye M Avita Jamba F Florindo Samesse M Dolina Kumbelembe F Berta Nassoma F Eugénia Kasehua F Josefina Cafeca F Evalina Songo F Rodrigues Sanjungulo M Abel Catota M Rodrina Nangombe F Augusta Navemba F Verónica Cassinda F Joaquina Kassuvala F Faustino Chiteque M Laurinda Nacuta F Nicolau Jamba M Emília Kenga F Tavita Caiovo F Aurélio Elavoco M Abel Sopite M Laurindo Lussati M Judith Vihemba F Feliciana Catihê F

1983 Género António Chissingui M Efraim Calumolo M Isabel Vitória F José Kuica M Valéria Nacumba F Bernice Chitula F Joaquina Nacungungu F Suzana Natchilombo F Graça Silepo F Afonso Silili M Eurico Vissoca M Rodrigues Calupai M Marta Chilunguila F

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1986 Género Francisco Chicuma M José Epesse M Julieta Vihemba F Teresa Goi F Sabina Caionda F Teresa Vatuca F Margarida Chiombo F Ana Malesso F José Sambali M Horácio Cassoma M Xavier Cassinda M Albertina Cassinda F Mariana Nawaya F Lurdes Jamba F Glória Nangombe F Venâncio Chissingui M Emílio Bumbuita M Delfina Wandi F Delfina Ngonja F Ernestina Nangueve F Aurélio Canjaia M Helena Chinene F Samuel Sandemba M Basto Jamba M Geovana Samba F Fernando Cassinda M Eduardo Jamba M Laurinda Cassova F Ernesto Socupia M Lídia Tchombela F Rodé Jambela F Antónia Nangongo F Laurinda Cassova F Maurício Mango M Ester Nandonuco F Delfina Chivi F Filipe Mbundo M Laurinda Vihemba F Ana Vassuelela F Antónia Chicomo F Luséria Cassinda F Leonor Nelombe F

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Madalena Hisse F Victorina Vihemba F Rebeca Cafeca F Fadília Nassapalo F Emília Polonga F Feliciano Henda M Antónia Nonjamba F Isabel Sovangue F Domingas Chiemba F Juliana Cassinda F Laurinda Chimbotia F Domingos Gessuvi M Pedro Mango M Domingos Ulica M

1987 Género Horácio Sacossengue M Margarida Cambundo F Ana Malessu F Feliciano Essuvo M Adriano Chicuma M Joaquim Cambinda M Domingas Yombombo F Florindo Nangueve M Julieta Vihemba F Graça Catihê F Luís Monguende M Adelina Caluwawala F Nicolau Sahombo M Maria Nacolo F Laurinda Essanjo F Isaías Cachilenga M Eduardo Octávio M Efraím Catema M Armando Capusso M Aldino Essinde M

1989 Género Adriana Elombo F Dofilia Caiovo F Amélia Culembe F Ermelinda Cambundu F Daniel Chambala M Evalina Nambuende F Estefania Kuvanja F

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Florinda Wimbo F Rosa Nangongo F Eduardo Molossonde M Alzira Ngueve F Domiana Cassissi F Linda Chitula F Cristina Miniha F Evalina Lissimo F Emília Nachilombo F Laurinda Cassinda F Donisa Namgumbe F Beatriz Calungui F José Tulumba M Rodrigues Cassinda M Alberta Jamba F Julieta Camana F Palmira Capumo F Salomão Cateua M Helena Wanjimba F Guilhermina Essoco F Alfredo Lussendo M Álvaro Chali M Adelaide Cassamua F Pedro Cussumua M Lucélia Jamba F Benilde Jamba F Maria Capumo F Bernarda Cassova F Eduardo Chitombi M Alberto Sanjila M

1992 Género João Savihemba M Edith Vissenga F Jacinta Noloti F Victória Napata F Adriana Cuvala F Paulino Catumbela M Felícia Chitende F Lucas Sanhanga M Idalina Canjala F Manuel Cassinda M Silvano Kachipui M Deolinda Nandenda F

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Bernadeth Henda F Valentim Jamba M Aristóteles Cawaia M Rebeca Jamba F

1997-1998 Género Samuel Guerra M Paulino Chipondia M Helena Chicondo F Verônica Jamba F Laurinda Vissenga F Antónia Jamba F Fausta Mangui F Augusto Cussumua M Felizmina Cassinda F João Sauape M Angélica Lucamba F Isabel Lohuma F Ernesto Vitangui M Madalena Chipa F Albertina Cassinda F Sofia Chitunga F Inês Canjilo F Lucinda Elombo F

1999 Género Maria Jamba F Nunes Jamba M José Cassinda M Estevão Epamba M Bernarda Cassova F Albino Sachilombo M Pedro Canganjo M Adelina Canjuluca F Margarida Nachivela F Lucéria Ngola F Idalina Cambundo F Valentina Naluca F Isabel Ngueve F Palmira Cafeca F Emiraldina Nangueve F Ferreira Salohuma M Sara Nachilepa F Agostinho Sessoquele M Celestina Cuvanja F

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Rosalina Nalussati F Geraldo Camela M Mateus Walima M Donana Vissapa F Eduardo Candimba M Domingas Sõi F António Cassinda M Rosalina Massela F

2001-2002 Género Domingas Capitango F Margarida Cossengue F Ruth Nassipitali F Felipe Sitaqui M Fernando Jamba M Deonilde Silepo F Belarmina Cassinda F Maria Chilombo F Abílio Copila M Raiumundo Chissingui M Tomar Lucusso M Mário Henda M Estevão Bilhete M Victor Lissimo M Laurinda Naiombo F Madalena Chitula F Augusto Chipongue M Graciano Cassicote M Eugénia Cawissi F Emília Chemba F

Nomes completos compostos por (3) três nomes

1976-1980 Género José Monteiro Nambi M Isaac Celestino Mbei M Guilhermina Chiquemala Lourenço F Job Bernando Cassinda M Esperança Nachilala Mimoso F João Chundumula M Artur Culivela Fuato M Julieta Wimbo Tiago F Rosa Isabel Chitula F Gabriel Luvumba Luciano M Carolina Fundi Feliciano F

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Alfredo Maurício Capitango M Calmina Nambissi David F Valentim Maurício Capitango M Flora Pindali Salomão F Teodoro Cussumua Francisco M Aline Lucrécia Katuta F Arão Chivela Marques M Mário Carlos Sapembe M Esmeralda Simão Sambamgo F Eugénia Justino Ngueve F Fernando José Candele M Eliote Chindovi Gomes M Emília Nassululo Artur F Cacilda Arlete Silva F Maria Necandi Bartolomeu F Amélia Tinha Chambula F Guilhermina Chiquemala Cassinda F Jorge Chilulo Júlio M Eulínda Vita Luciano F Albertina Vissaqui Jacinto F Fernandes Euclides Canjondele M

1977 Género Angelina dos Santos Duva F João Baptista Chendovava M António Ekolelo Saiovo M Profírio Castro Chendovava M Oliveira dos Santos Maurpinia M Claudeth Rosa Henda F Elizabeth Nauanga Canjulo F Dadinho Bernardo Lungelo M Elinda Nassapalo Chitombi F Cláudio Paulino Canhanga M Helena Chalula Vitangui F

1978 Género Emídio Chicambi Daniel M Rosalina Moisés Chova F Antunes Chingololo Rufino M Madalena Epuco Samuel F Hélder Selombo Kalupeteka M Deolinda Eme Jacinto F António Sapalo Muhongo M Celestina Chipenhe Fernando F Eurico Bié Camarata M

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Joaquim Ngueve Kapusso M Américo Francisco Songo M Américo Ecolelo Cabral M Guilhermina Capanda Samuel F Osvaldo Samuel Jila M Daniel Nuñulo Baio M José Custódio Wandangoi M Eveneces Ngueve José M Anabela Carlota José F Rosério Madaleno Vitangui M Margarida Jamba José F Madalena Calungo Joaquim F Domingos Alberto Epamba M Rafael Faiema Graça M Daniel Raimundo Savihemba M Freitas Lussenje Savihemba M Ernélio Teteiro Fernando M Aurélio Ngumbo António M Adélia Jinga Moroz F Daniel Navinlundo José M Feliciano Nachinalio José M

1980-1982 Género Jeremias Lucamba Bailundo M José dos Santos Ngongoiavo M Eduardo Morais Pavala M Sara Nanguengo Manuel F Fernanda Nandulo Manuel F Beatriz Wandy Manuel F Maria Glória Cassova F Vasco Fernando Chiteculo M Florindo Moisés Jamba M Alice Wimbu Leonardo F Fernanda Lessau Chissesso F Genoveva Ngombo Mariano F

1983 Género Calmira Nambissi David F Adélia Nanjala Adriana F Marcos Nunda Chihungulo M Cândida Epesse Walter F Zacarias Ecolelo Simão M Lucas Nuñulo Abílio M Marcelino Salufumo Abílio M Piedade Naqueia Domingos F

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António Teixeira Salucamba M Verónica Natcheia Gomes F Ovídio Epandi Lucondo M Feliciano Sanhanga Nunda F Bernarda Muafeca Luís F Raúl Chissingui Afonso M Vanda Vitória Chiuavi F Donald Xavier Chitombi M Miradeth Natchissoquele Job F Augusta Miriame Nalissimo F Afrânio Eurico Calimã M Ester Chitula Simba F Rosalina Mbimbi Calongole F Maria Jambela David F Ngolar Charle Ndumba M Arminda Naivimbo Sandongue F José Chicalanga Sandemba M Rita Catihê Remendo F Osvaldo David Malanga M Baltazar Elias Capusso M

1986 Género Domingos da Glória Songuile M Ana Maria Cangombe F Antenor Brandão Capata M António Mateus Cassinda M Martinho Chipenye Jorge M Margarida Mangui Jorge F Fernando Henda Emídio M Lucas Domingos Viti M Cristovão Lourenço Vimbuando M Armindo Chipongue Mimoso M Amadeu Wanda Kassuki M Orlando Mimoso Ngunga M Daisy Yolanda Eurico F Armindo Capiñala Manuel M Maria Jamba Manuel F Felizberto Rodrigues Chihungulo M Wilson Cavamba Mendes M Cesaltino Sambowe Lilunga M Claudina Jamba Canjeque F Argentino Constâncio Savihemba M Almantina Miquilina Jamba F Priscila Yungui Cornélio F

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Admison Edimo Jamba M Alfredo Sandombua Eurico M Justina Domingos Naviti F Adelina Massengo Colombo F Acolhedora Chipula Colombo F Teresa Vitangui Aurélio F Emília Ecandi Aurélio F Cristina Nambovo Victorino F Valdemar Epesse Sandemba M Dionísia Maria Chilombo F Afonso Chombo Capule M Betuliana Cassinda Cavindele F Eduardo Carlos Cauaia M Domingas Nahossi Chimo F Delfino Rosa Chingongo M Alberta Maria Chilombo F Filomena Nandulo Paulo F Luisa Namosso Lunganga F Estevão Lucas Lucamba M Bebé Nassoma Alexandre F Cornélio João dos Santos M Costa Sessongo Chicuavo M Nunes Silas Sanjimba M Rodrina Vimbuando Canganjo F Emanuel Mbambi Mucumba M Abílio Chipanga Sanders M Inês Jamba ferramenta F

1987 Género Lídia da Graça Sitaqui F Carlos Sachilombo Gabriel M Alice da Conceição Chimbotia F Severino Ecungungu Chacussola M Domingos Cauaia Sachipia M Raquel Sorte Epandi F Abel Osvaldo Samuto M Mário Vicomo Afonso M Graciana Ngueve Jacinto F Esmeralda Nambundo Cambuta F Lisdália Chocalie Leonardo F Louvivaldo Octávio Jamba M Moisés Lussenje Pedro M Afonso Pombal Cumba M Romeu Manuel Wanga M

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Gabriel Ernesto Canengula M Isabel Francisco Cangombe F Angelina Jamba Costa F Rosa Arlete Chiwingui F Ana Paula Gonde F Onória Jangundo Dias F Clara Chissengo Cambimbia F Carlos David Sandongua M Amós José Chissingui M Antónia Laurinda Nassoma F Luciano Essanjo Gideão M Vitorino Elonle Nomboca M Albano Bernardo Nomboca M Jerónimo Catanha Sachipia M Nelson João Sahumo M Alzira Isabel Catumbela F Henrique Bom-Ano Yongamba M Imaculda Paula Caladissa F Madalena Cassova Mandume F Angelina Naule Daniel F Maria Alquímia Cauaia F Donald Savihemba Ilunga M Horácio dos Santos Chipilica M Caima Custódia Calungo F Albertina Natália Chitombi F Laura Canjila Daniel F Agnaldo Chitende Lena M Dionísia Cassinda Martinho F Alfredo Joaquim Chinguelessi M

1989 Género Arline Cecília Mucumba F Albino Calitangui Satanda M Feliciano Chimbungule Jeremias M Zebedeu Chilombo Cahissongo M Domingas Cohuma Juica F Luciano Sanhanga Mangolo M Florindo Manuel Chiteculo M Raimundo Avelino Wanga M Francisco Gedeão Augusto M Daniel Armando Bulica M Evalina Nassusso Lissimo F Holinda Namuhongo Cassova F Juliana Cassova Quintas F

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Melina Esperança Jamba F Argentina Manuela Hinsse F Simão Izequias Sicuete M Helder Cassinda Calala M Odeth Domiana Necumbi F Joaquina Ngueve Capusso F Margarida Nambendo Catende F Laureta Chova Maria F Elsa Júlia Chipembe F Florentino Paulino Setila M Valentina Santos Chitula F Luzia Olimpia Nangassole F Sara Jungo Eliseu F Laurinda Elisa Ngueve F Rita Chimuma Divula F Amilcar Satumbo Marcolino M Delfina Namalinha Jamba F Alice Nachipango Vontade F António Jolela Gideão M Rebeca Cassinda Faustino F Rebeca Lupessi Capule F Luciana Nachumbo Afonso F Gabriel Silva Sapalo M Analberto Chalo Canjundo M Alcides Félix Cacupa M Pedro Sachiveto Sapanda M Angelica Cristina Chitula F Claudeth Rosalina Chitandula F Arlindo Lázaro Calundungo M Aurora Chapua Victor F

1992 Género João dos Santos Sandumba M Adelaide Flora Caveia F Esperança Naumbuco Musseno F Maria da Conceição Njinga F Carolina Vissupe Fernando F Justina Venâncio Chiquemba F António Mateus Cassinda M Oliveira Cavikolo Simão F Mendes Cossengue Nunda M Cristina Naheyo Chiungulo F Brígida Teresa Salvambe F Matelina Essenje Augusto F

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Argentina Ume Doutor F António Celestino Cavili M Elisa Sandala Francisco F Isabel Chitalala Eduardo F Aldina Mágda Capamba F Fernanda Naquinda Gabriel F Costântino Chotando Viúme M Benedito Rosário Sacupalica M

1997-1998 Género Henriqueta Vanhali Siquete F Suzana Chimela Segunda F Maria Tumba Cativa F Madaleno Mateus Kuyela M Benilde Ester Candimba F Emília Francisco Wanga F Horácio Cassoma Luciano M Elisa Mungola Jorge F Celeste Chitula Colembi F Paulino Chilingutila Laurinda M Janice Adelina Nassoma F Vasco Mora Chipipa M Benjamim Cambambi Wanga M Teylher Soares Nongava M Natália Chitula Augusto F Imirene Leonardo Chicoca F Ester Nginga Sachocale F Leonardo Domingos Samuhongo M Amós Agnaldo Kachambelele M Arlete Leonor Dunduma F Efigénia Jambela Mendonça F Rebeca Essanjo Vita F Alberto Sapuila Saluma M

1999 Género Adélia Chiqueta Simão F Clarimundo Franklim Salumbongo M Valério Chipuco Buenanga M Joana Ngueve Miguel F Rosa Maria Canhanga F Henrique Chicumua Benguela M Zito Horácio Cussema M Adelina Odeth Chipilica F Gracinda Sara Ngueve F Edmilson Chilombo Cafundanga M

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Victor Domingos Cambuta M João Marques Cussumua M Betuliana Vihemba Jamba F Félix Cacupa Chissamba M Aurora Isabel Sachilulo F Ivandra Eduardo Chissonde F Cecília José Sapilinjo F Ana Graça Lohuma F Eduardo Cahamba Gonçalves M Venceslau Lourenço Cutalela M Abrão Chilulo Massoli M Santos Caculo Londaca M Teodoro Artur Candimba M Palmira Luyako Cassinda F António Capitango Chipenhe M Teresa Natália Simbaluca F

2001-2002 Género Araújo Júlia Simba M Maurício Sanhimeni Afonso M Arminda Jaime Jamba F Alcina Judith Capusso F Beatriz Silonque Cândido F Alice Nambolovende Jimbi F Ruth Jamba Wanga F Rodrino Mucanda Caveia M Domingas Benvida Nandope F Jacinto Feca da Cruz M Paulo Cassinda Salussuva M Marlene Laurinda Ngueve F Adelino Sacongo Manguecha M Laureta Nassoma Manguecha F António Mateus Cassinda M Laureta Vita Chivala F Isaac Nambi Costa M Maria Jolela Bernardo F

Nomes completos compostos por (4) nomes

1976-1980 Género Dêbora Jamba Chiuaia Daniel F Florence Chova Enoque Soares F Edite Domingas Nanga Daniel F Aquilino Chovongo Rodrina Sanjala M Domingas Vimbuando Vicunga Cachimbango F

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Adelaide Joaquina Chovongo Dopi F Santos Goss Rodília Chambassuco M

1977 Género Osmar Daniel Chissoca Chitungo M Lote Moisés Pereira Cassoma M Anacleto Clemente Canganjo Hulo M Ângelo dos santos Luciano Sassoma M Álvaro Moisés Santos Satumbuengue M Marcelina Clotilde Epandi Simão F Florentino Sachissoquele Paulino Setila M Óscar Ucelo Bambi Chipupa M Paulo Trindade de Cangongo Chicapa M Victorino Silvano Sacussumba Messele M Vlademiro Henda Francisco do Só-Teu M Florbela Esperança Sequessa Lusitano F Ana Augusta Chacussola Lusitano F Carlos Alberto Chimuco Lusitano M Isidora Vitóia de Campos Chissoca F Florindo Sicato Sachilulo Chacala M Eliseu Ecuicui Chambingo Catotola M

1978 Género Ovídio Quessongo Silvano Cambalanganja M Assunção Catihe Pedro Correia F Leopoldino Rosa Artur Chipangue M Joaquim Osvaldo Artur Chipangue M Emanuel Jorge Santos Samone M Nelson Azevedo Santos Samone M Danilo Mendes Elavoco Golusio M Isaura Vita Cassinda João F Claudina Bela Wimbo Nunes F Crispino Fernando Ngueve Canjungo M Lupertino Jamba Frederico Canjungo M Lígia Margarida Sicato Mário F Arlindo madaleno jamba Retrato M Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Engrácia Wimbo Scato Luís F Alice Preciosa Socola Jaime F Osória Ngueve Netossi Caieie F Nelson Maurício Jamba Stover M Angela Chipembe Jamba Ernesto F Osmir Bernardo Gregório Chingala M José Nelson Artur Chipangue M Agnalda Judith Artur Chipangue F

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Suzana Nachilombo Kassuvala Sachipia F Augusta Chimbótia Ngueve Cateia F Emídio Junge Marcial Estevão M Florindo Copumi Jené Kapusso M Araújo Ngueve Luciano Stóver M Aristide Jamba Luciano Stóver M Aldinho Fernandes Casimiro Guilherme M Inocêncio Elias José Nomboka M Generosa Chilombo Marques Bango F Aguilpina Victória Cassova Cachimunho F Adelino Chisseva Faustino Moma M Graças Madalena Jamba Retrato F Nilton Calule Chilepa Mendonça M Octávio Carlita Feliciano Catumbaiala M Filomena Laura Dinís Cossengue F Dalva Malesso Alberto Fernando F Ludmila Chilombo Nassipitali Alfredo F Odeth Adelina Massengo Lungelo F Esmeralda Júlia Cassamua Savihemba F Kapassui Abel chandawima Canongue M Amilton Ruben Sicato Mário M Aristides Jamba Luciano Stóver M Araujo Ngueve Luciano Stóver M Osvaldo Samuel Chissaluquila Amós M Odete Lemba Domingos Corréia F Beatriz Sinai Basto Elamba F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Beatriz Júlia Nessinda Savihemba F Angelina Namussili Nessinda Savihemba F Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Mariana Filomena Chitula Vieira F Salvador Santos Nanjando António M Arlindo Amós Nanjondo António M Aniceto Jamba Nanjondo António M Elvira Nené Nachilombo Inácio F Ermelinda Cassova Boio e Juliano F Orlando Avelino Capata Soares M

1980-1982 Género Judtih Tavita Chova Miguel F Maria Fernanda de Fátima Chitemo F Américo Francisco Chakuvala Chinjengue M

1983 Género Osvaldina Adriana Nanjembe David F

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Matilde Neciva Cambundo Cambinga F Evaristo Eliote Abrão Copumi M Zita Sílvia Chilingutila Tayengo F Felicidade Tavita Raposo Valeriano F Argentino Francisco Namba Soares M Sandra Madalena Jamba Chiambo F Israel Alfredo Capitango Maurício M Belina Canimouji Ana Malengue F António Ernesto Dinís Cossengue M Augusto Nelson Calei Vicongue M João Francisco Abel Chicapa M Argentino Pessela Ume Doutor M Eduardo Pátini Ume Doutor M Suzete Elinda Estevão Chipepe F Victória Namechana Florindo Tomás F Celina Nachipati Florindo Estevão F Ireneu Fadário Máquina Chingala M Airosa Octávia Jamba Estevão F Rebeca Galo Nepuca Guilherme F Esperança Henda Mussungo Paiva F Altino Day Elavoco Emílio M Elina Tita Vinene Emílio F Eliseu Chipilica Mimoso Emílio M Margarida Nassinda Mimoso Emílio F Florbela Ermelinda Aurélio Lucondo F Ivo Eduardo Sicato Mário M Ancelmo Marcelino José Chombossi M Arlinda Luísa Nanunda Cambuta F Zacarias César Tibério Ngueve M Analdina Feia Ekuikui Catotala F Mariana Filomena Munga Ndovala F Castro Félix Ndumbi Sambone M Daniel Nongando Malheiro Chicapa M Adelaide Marta Albino Chicomo F Paulino Stranguay Chipilica Capumi M Osvaldo Paulino Selelo Lilunga M Alice Chinossole Canjungo Luciano F Olímpia Lima Chitala Vihemba F Amílio Aristoteles Cassinda Cangombe M Maria Jambela Justina Zeferino F Nildrita Jamba José Sanches F Graça Vilonda José Sanches F Laurinda Gulungo Sikuete Sandongua F

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Anabela Leontina Germano Cangombe F Elisa Idalina Chissole Mussili F Arnaldo Chitombi Afonso Paulino M Metuliana Kaquinda Nangassole Job F Helena Ndembeleki Alberto Sopite F Lizandro Delfino Chimbalanha Dídimo M Almerina Wimbo Catema Rafael F Baltazar Adriano Chingala Milambo M Augusto Nelson Calei Vicomo M Evalina Jamba José Henriques F

1986 Género Belarmino Francisco Chingala Milambo M Benilde Henda Nalissimo Dias F Etelvina Henda Germano Cangombe F Filomena Jamba Mateus Saqui F Analdina Ngueve Mateus Saqui F Azevedo Fernando Cambambi Francisco M Evaristo Chongolola Cambambi Francisco M Armando Chissapa Vasco Miguel M Jaime Caunda Chingunji Segunda M Calvino Eduardo Baio Pataca M Ranel Silva Baptista Mualunga M Hélder Vando Baptista Mualunga M Aristides Paulo Jamba Longua M Rebeca Joia Artur Chipangue F Altino Daniel Artur Chipangue M Jorge Firmino Cavaleca Capusso M Demócrito Benardo Joaquim Caieie M Mário Epandi Calei Caiove M Adriana Anselmo Chitula Simba F Débora Evone Chitula Simba F Jerónimo Cangombe Afonso Huambo M Inês Baca António Warubu F Adalberto Eliseu Canganjo Cauaia M Armando Chombela Faca Lutero M Silvio Francisco Bernardo Lunjelo M Jerónimo Muenho Madaleno Matenda M Dembeleki Isaias Cumba Chipilica M Alice Alda Nangolo Jamba F Adérito Eliseu Major Essuvu M Isaac Nambi Natália Job M Geoveth Arão Chinguelessi Chitende M Florindo Novita Ume Doutor M

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Celestina Ema Cambambi Francisco F Eunice Kamene João Tomás F Asmino Guiomar Cangunga Sousa M Benedita Águida Sangueve Jeremias F Elisa Chambanda Sangueve Jeremias F Alice Vissapa Cassinda Vicongue F Amilcar Celestino Sangueve Lumbombo M Juliana Graça Chilepa Vicongue F Wilma Ilda Essanjo Rafael F Analdeth Canjilo Marcolino Rodrigues F Florêncio Óscar Dinis Cossengue M Antunes Alfredo Nunda Chissole M Belinda Nassando Metuliano Martinho F Aida Jamba Augusto Domingos F Generosa Cassova Elinha Chiwawala F Celestina Ema Alberto Cambambe F Odete Florência Prego Coquilo F Jeorgina Chinossole Domingos Miguel F Miguel Feliciano Sanhanga Germano M Henriqueta Justina Nawanga Teodoro F Carlos Ulombe Esperança da Silva M Octávio Daniel Coquilo Jamba M Alberto Marcos Faria Canhanga M

1987 Género Fonseca Cassinda Nunda Guilherme M Elisa Idalina Chinengue Mussili F Delfina Nandumbo Nunes Sandande F Osvaldo Fonseca Sicato Cangombe M Canora Domingas Nguenda Ferreira F Cristina Evalina Job Cachota F Esmeralda Nanjango Calei Caiovo F José Graça Samone Fernando M Isaac Nelson Savihemba Zebedeo M Dália Jamba Eliseu Vihemba F Carlos Fernando Araújo Calundungo M Adérito António João Sahumba M Henriqueta Ngueve Elombo Chioca F Deolinda Divine Latino Elavoco F Armanda Silepo Leonardo Cataleco F Joelma Adelina Muali Chendovava F Mariana Segunda Deolinda Chinguelessi F Luciano Anastor Chivava José M Amihudi Chitalacumbi Vasco Miguel F

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Maria Emília Chitula Yongamba F Raquel Nambovo Songo Teixeira F Elsa Domingas da Costa Matenda F Angelina Jamba Mucumba Nguendangolo F Felismina Lucusso Floriano Chissaluquila F Virgínia Mariza Canjungo Luciano F Edimárcia Leonor Capata Lumbo F Arlinda Jolela Nanganjo Simão F Silva Nuñulo Eurico Martelo M Maria Clara Cambambi Francisco F Gabriel Gati Ngongo Madaleno M Angelina Nachinonolo Sassapi Limbindo F Gilson Samba Chipembe Samucono M

1989 Género Victor Fernando Wanga Mussili M Azevedo Dionísio Brito Capepula M Benvinda Numélia Domingas Soneha F José Caputo Eduardo Chipindo M Ladislau Ticló Latino Elavoco M Constântino Cachilombo Chimbapo Domingos M Maria Antónia Nachipilin Fernando F Valentim Maurício Capitango M Deolina Chitula Maia Nguenda F Adelina Navita Nonjamba Ecavo F Bernardo Amiton Henrique Chitambi M Horácio Eliote Adelino Cauaia M Adélia Wimbo Maria Afonso F Silvestre Bento Tutuvala Chilulo M Estevão João Afonso Capamba M Analdeth Verônica Leonardo Vissoca F Lonilde Elizabeth Essanjo Capusso F Geni Luzia Cassenhe Pinto F Fernando Gangula da Costa Calungulungo M Hugo Dovala da Costa Vongula M Tiago Capoco Costa Fernando M Clara Isabel Avelino Chivaca Candomba F Esmeraldo José Chissonde Calundungo M Camussi Eduardo Chissonde Calundungo M Dembeleki Rosa Eduarda Chissonde M Elizabeth Nawanga Navita Cangulo F Celmira Chela Caputo Isaias F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Cláudio Helena Palmira Wanga M

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Balbina Estrela Nalupale Pessoa F Frederico Hermenegildo Nunda Chiambo M Anselmo Rodrino da Silva Sandande M Analtino Belita Chivava Candomba M Rosalina Mone Navita Cangoi F Abílio Anapaz Chandala da Silva M Balanche Miguel Capuca Chendovava M Cláudio Cutatela Candombua Sahuma M Leonel Eloi Chivaca Samukinda M Eduardo José Eurico Chitali M Arlindo Lázaro Chissonde Calundungo M Carlos Chicuamanga Cassinda João M Alcino Chiungue Domingos Chali M Daniel Mussueto Vissambe Cassoma M

1992 Género João Epalanga Henda Kefas M Laurinda Jamba Guilherme Castro F Margarida Ângela Lili Sassango F Aldina Leonilde Liyunga Jacinto F Nginga Luisa Elombo Luciano F Artur Chinguli Venâncio Menezes M Isaura Vihemba João Guido F Roland Rosa António Salvambe F Felisberta Orlanda Rosa Chissonde F Efigênia Singa Cassule Camila F Anastácia da Glória Catema Alfredo F Adelaide Saque Canjila Chitombi F Alda Adriana Joana Sandando F Alexandrina Essanju Marieiro Lunguena F Analide Melita Abílio Catimba F Leopoldina Rosa Artur Chipangue F Beatriz Numala Cassoma Artur F Gizelda Augusta Numala Chipilica F Celestina Chacussola Santos Miguel F Domília Jambela Cambundo Máquima F Anacleta Clotilde Chissonde Adelino F Elias Canganjo Correia Mango M

1997-1998 Género Mariana Filomena Chitula Vieira F Valdemiro Israel Jocob Cavita M João Sachissimile Laurindo Chindai M Azevedo Ngueve Chova Sacho M Alice Sungo Chatuala Samba F

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Deolinda Clotilde Albino Chicomo F Aldemiro Valério Chitula Martinho M Adilson Eugénio Eduardo Chissonde M António Mandembue Felizberto Ngonga M Maria Fernanda Jorge Samuhongo F

1999 Género Edmilson Chingue Cafundanga M Serina Chipuco Domingas Cachanga F Gisilda Monzinho Dungue Paulino F Osvaldo Salomé Jamba Chimo M Olivia Natália Manuel Goveia F Anadir Maria Naule Cangombe F Ceísa Peregrino Elavoco Cangombe F Justino Cucuimba Pires Nguendangolo M Valente Fábio Mango Chitem M Edson Ventura Jesus Caieie M Adilson Calume Chivaca Luciano M António Oliveira Nené Ngungi M Edmilson António Salohembe Pedro M Ester Chissenda Belo Cumba F Evaristo Sitaque Mateus Calundungo M Dêbora Zenilda Isaias Cassoma F Ivalqueny Júlia Chiombo Sapalo F Ezequiel Luís Chissonde de Sousa M Alarilde Palmira da Glória Chilulo F Benita Chissi Canhenhe Missas F

2001-2002 Género Armando Chipopo Vasco Miguel M Axelson Paulo Jonatão Essuvo M Madureira Elombo Lilunga João M Adelaide Natália Chopecumbi da Silva F Edson Ladislau Felizberto Ngunga M Valdemiro Jaime Chissonde Saluambe M Constântino Sapalo José Justo M José Zeca António Chicoca M Perdeneiro Rosário Catema Rafael M Romualdo Augusto Natema Chitumba M Moisés LombungoNatema Chitumba M Costântino Vasco Cambole Eialo M Fernando Francisco Cussema Arão M Teresa Domingas Cussema Arão F Esperança Navitangui Chemba Capingala F Artur Eugénio Nina Wanga M

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Ângelo Jamba Mateus Sake M Mariano Samutango Siquete Nessingui M Jonatão Chilende Ferramenta Cassapi M Total dos dois registos

Percentagem

Masculino Feminino M F 688 784 688 784

Total 1472 46,7 53,3 Total 1472 100

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185

Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90

Assento de Nascimento da Conservatória do Bié Nomes completos constituidos por dois (2) nomes

1994

Primeiro nome Segundo nome Terceiro nome Quarto nome Anastácio Savicolo

Carlos Sapalo

Gregório Tchimbanjela

Frederico Chivala

Constantino Jamba

Eurico Tchicambi

Eliseu Chindumula

Valentina Jamba

António Kundjole

Fernanda Nachilila

Alberto Vissoca

1995 Vitorino Chiúca

Mateus Bongue

Felix Cassanga

Guilhermina Umba

Marcelino Cachimbombo

Alberto Jamba

António Braga

Victor Chicoti

Julia Chilombo

Aurora Nachissomba

Celestina Chinossole

Rosalina Chova

Manuel Sacutalica

Domingas Vissuli

Mariana Nauaia

Teodora Sepalnga

Clementino Cambole

Rodrigues Dumba

Marta Nambunda

Higíno Satuala

Albertina Homba

Ana Nauape

Feliciano Sambimbi

Page 199: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

186

Luís Muhongo

Natália Umba

Paula Vihemba

Luzia Tchiconde

1996 Juleita Uimbo

Maroclino Saiovo

Maraino Canguende

Albnio Sandove

Carlos Silepo

Lauirndo Cativa

Ernseto Canguenhe

Augsuta Nunda

Lauirnda Ulica

Judtih Jamba

Estveão Chilingussumba

Mareclina Mone

Rut hHe Henda

Albretina Canhimongo

Critsina Feca

Maneul Vitangui

1997 Mário Chali

Arão Sachilombo

Inácio Catende

Adelino Ngongo

Rodrina Henda

Loide Cayambo

Gabriel Sapalo

Luís Cavita

Paulo Malengue

Júlia Chilombo

Afonso Muila

Isaias Cumba

1998 Joaquim Munango

Idalina Moco

Maria Ndongua

Emídio Cassoma

Florindo Sepuca

João Chivinda

Piedoso Epandi

Rodé Cassova

Page 200: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

187

Rosalina Cambili

Domingos Bunji

Delfino Cassossi

Marta Tchissolossi

Rosalina Eiala

Madalena Catchova

Marcela Cassungo

1999 Albino Sawanga

Francisco Samutavo

Estevão Chilova

Florindo Canganjo

Manuel Ecolelo

Marcolino Sandala

Felícia Sanjimbi

Beatriz Catihe

Laurindo Tchimbungo

José Tchaievala

Agostinho Tchilua

Rodrigues Camoli

António Nangongo

Tavita Natchissende

Maurício Nambelo

Isabel Vitungãiala

Priscila Vihemba

Nomes completos constituidos por três (3) nomes

1994

Camila Graça Tchihungulo

Simão Luvamba Tchiuende

Maria Cassova Cotetula

Firmino Chipindu Samuala

Alberto Vonguma Chinumbi

Margarida Nambuete Enoque

Daniel Choca Ndungo

Afonso Domingo Jamba

Coelho Ngongoiavo Cavando

Alex Vitungaiãla Salumbo

Flora Cassova Cassinda

Albina Bongue Nachulu

Ângelo Chindumbo Sassongo

Laurinda Dala Chilombo

Juliana Cambanda Nambundo

Page 201: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

188

Amélia Chissapa Jamba

Maurício Baptista Chicoca

Adelino Sandambongo Kanjengo

1995 Mateus José Chilanda

Leonilde Wini Samalanga

Henriqueta Jamba Sahemba

Lucia Catihe Ngueve

Bartolomeu Camela Cassova

António Gambo Chivimbi

Madalena Nambaca Sembuangolo

Gomes Sanjala Caliata

Bonefácio Ndavoca Sanjala

João Santos Sandemba

Manuel Natal Nguendangolo

João Valério Feca

Abílio Calungo Canguende

José Maria Capusso

Lucas da Silva Mualunga

Paulino Chowana Essuvo

José António Ndala

Abel Catchapile Carvalho

Luciana Natchumbo Capule

Orlando Eurico Sieponde

Ana Catihe Calungulungo

Anastácia Luciano Mussengue

Rodrigues Feliciano Jamba

Avelina Nolundo Salumbuei

Paulino Mateus Simba

Paulina David Longuembia

Rufino Sanganjo Albano

Ana Cutala Samalinha

Florinda Chipangue Paula

Julieta Chilombo Ramos

1996

Salomão Cangombe Chicumbo

Florença Nachilombo Fundi

Judith Laura Chitula

Maria Ngoi Nachiquete

Carlos Chimuco Saviombo

Inácio Chipongue Chissingui

Luís Muehombo Camalata

Henriqueta Laura Chipilica

Page 202: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

189

Junior Jamba Chunjingi

Leontina Cassinda Chipa

Celestina Bundo Sanjala

Romão Matias Bambi

Dêbora Crispino Tchovonga

Agostinho Chipasso Kussumua

Silvestre Chissingui Londaca

Claudeth Chipessi Rosária

Luísa Afonso Chissolossi

1997

José Sipitali Chicapa

Francisco Mário Capingãla

João Baptista Ngolongo

Eduardo Elombo Caiangula

Benilde Marcolino Sachipipa

Mário Arão Dumba

André Ngueve Sassapi

Ernesto Ulombe Jembo

Leonor Preciosa Cândida

Júlia Scahipindo Jucelma

Paulo Eponde Ekuikui

Simão Njiluca Kanganjo

Adriana Tchongolola Mutito

Carlos Lemos Horácio

Palmira Wima Teresa

Delfino Fortuna Chivangue

Mayele Nguvulu Pedro

Irina Chilombo Augusto

Neira Feliciana Catalaio

1998

Eduardo Martinho Canjamba

Judith Mário Cayovo

Débora Conceição Munga

Idalina Lussinga Chiquemba

Adriana Felicia Chiwaia

Adelina Maurícia Lumingo

Manuel Junqueira Sambala

Adelina Chilombo Jamba

Anabela Rosa Chinossole

Donilde Felícia Ngueve

Claudeth Felizberta Wimbo

Valentina Jamba Chissapa

Mariana Nélia Sambaca

Page 203: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

190

Moisés Capusso Chivala

Antónia Cuvanja Nambi

Miguel Pascoal Jesus

Lídia Catihe Ekuikui

Justina Nangueve Cananga

Wilson Mbimbi Afonso

Piedade Longuenda Eyala

Elisa Francisca Alfredo

Jonas Sangueve Proença

Faustino Sanduva Chiuvila

1999

Alexandre Chitumba Sacuandela

Ernesto Chiwila Sitongua

Jideão Adriano Canjili

Gertrudes Chitula Abílio

João Baptista Cassuque

Aurora Essanji Sequetali

Eugênia Maria Naviti

Verónica Nachiúca Sapalo

Aires Jorge Vipunda

Benita Cuvala Guilherme

Estevão Cachumbo Jorge

Teresa Chimela Elalo

José Capingãla Mbinga

Avelino Chipindo Safeca

Horácio Zaqueu Chivela

Alice Venâncio Siandele

Basto Vitato Calamua

Emília Nambovo Capamba

Adelino Sangandela Lunjunjo

Conceição Ngueve Chilemo

Osvaldo Arlindo Henda

Berta Ngueve Sõi

Benevides Laurindo Lamenhe

Evalina Setaca Savoli

Albertina Adelina Tchicongo

Nomes completos compostos por quatro (4) nomes

1994 Florbela Mussande Marcolino Chissapa Abrão Jamba Bambi Muhongo Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto Albertina Nangungo Simba Wanga

Page 204: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

191

Domingas Sousa Pinto Caputo Marta de Aparição Vassuatala Chicungo Aniceto dos Santos Ngueve Major Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe Azenaide Mendes Jóia Kumba Victória Sambundo Navemba Susso Jucelma Chissaoa Clementina Sassoma Evalina Caquele Nachilombo Augusto Luciana Candombua Eurico Caliata Teresa Capitia Netumo Catihe Julino Sanende Chicapa Silili

1995 Teresa Nangueve Bumba Pessela Adelino Isaias Celestino Seliongo Graça Lemos Soares Yambo Alfredo Beatriz Dombe Cossengue Uraca Ilde Manuel Cambuta Arlete Miséria Massaco Dungo Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda Victoria Rodrigues Jorge Capama Cristina Suraia Mendonça Satula Carla Elisa Mila Canjungo Carlos Machado Fernandes Cassoma Verónica Domingos Chimuma Hukui Domicília da Conceição Nayuma Sachova Marinela Beatriz Alice Canganjo Edgar Vladmir Moisés Sachinguile Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando Gracieth Numala Penina Tchimbungule Leontina Nacalume Lopessa Tchingular Maria Fátima Graça Silili Eunice Edna Alice Cangajo Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe

1996 Alcides Martinho Faustino Songuile Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue Marciana Henda Isabel Kalandula António Estevão Domingos Ngunga Cristina Natota Albino Chimbuenjo Leovigildo Henda Eurico Sanguele Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga Emanuel Fortunato Justino Longonjo

Page 205: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

192

Augusta Antónia Calimbue Satumba 1997

Feliciano Vitato Cassinda Canjundo Escolástica Venâncio Justina Cambundo Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela Juliana Catchambalele Ngoi Filipe Julieta Chavaia Cuvala José Alice chissanga Chipuco Chambuembue Arlete Cuvanja Namussoca Martins Ermelinda Satuala Candomba da Silva Francisco Canjengo Belina Mundombe Elina Domingas Arão Sananga

1998 César Dorivaldo José Chicala Augusta Claudina José Chicala Inocência Costa Jonatão Chipitia Laurindo Hisse Teresa Wanga Samuel José Pedro Catihe Maria Ana Menezes Chissaluquila Estanislau Paciência Dinis Cossengue Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba Victor Capuca Sachitula Nelombo Maria Soma Domingas Segunda Teresa Cassinda Catembo Henda Arlete Muenho Numbi Vitangui Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi Palmira Madalena Chinengue Vissimilo Mateus Gouveia Noloti Cossengue Júlia Pedro Wimbo Zeferino Fernando Jamba Troco Nachanga Victória Nambi Júlia Isabel Euraca Catiavala Catumbo Navombo

1999 Victória Chissuvo Chivava Sayoano Celestino Campos Secuva Lucamba Laurinda Numala Naculusso dos Santos Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo Inês Ngueve Beatriz Chipessi Pedro Severino Catihe Sawendo Cecília Chemba Chova Chinumbi Laurinda Ana Ecundi Cachuco Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo Jacinto Chipepe Januário Samba

Page 206: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

193

Marcolino Henriques Sacuandela Satingo José Correia Muhongo Freire Fávio Hermercim Paz Salongue Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye Cecília Chipuco Nassinda Samessele Avelino Jamba Cassova Tchitumba Duclce Nanjinga João Nanga Teresa Mimi Lucas Sachilulo Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua Laureta Vira Nangombe Chivalala Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala Altino Tchissingui Jesus Camateli Ana Augusta Cassanga Mbueti Melba Viviana Hama Tchitangua

Igreja Evangélica Congregacional em Angola

Nomes completos constituidos por (2) dois nomes 1976-1980

Primeiro nome Segundo nome Terceiro nome Quarto nome Maurício Savili

Betualiana Salima

Eugénia Chimbotia

Ervim Sangambo

Valentina Mbimbi

Leopoldina Silepo

Eduardo Kupua

Vitorina Cassinda

Mariana Vissupe

Isabel Cafeca

Vitorina Cassinda

Augusta Navemba

Leonardo Cassinda

Alberta Epandi

Jacinto Henda

Victor Cambambi

Sebastião Calei

Fernando Canjamba

Pedro Canjonjo

Page 207: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

194

Beatriz Nassalala

Joaquina Cafeca

Laurinda Kafeca

Fernanda Cassova

Alvaro Chimbundo

Rodé Chinhañala

Rebeca Pindali

Domingas Nanduva

Isabel Nambali

Justina Chitula

Isaac Kanguende

Piedosa Sipitali

Joaquim Chilombo

Rosalina Henda

Paulo Samilongo

Jorgina Cassamua

Judith Nonjamba

Metuliana Nguelengue

Cecília Ingui

Enoque Sakunguka

Isaac Ngongo

Kindumbo Chombela

Guilherme Homba

Júlia Cassova

Alberto Muhongo

Natália Kepo

Mendonça Changala

Artur Viti

Esperança Sivala

Amélia Chinaossole

Marcolino Cambambi

Floriana Cassinda

Juliano Catchumbo

Florinda Nandindi

Lutero Nhime

Alberta Ngueve

Danisa Nangombe

Carlos Tchali

Vasco Tchivonde

Silva Chombo

Florinda Nacufa

Marcolino Chioca

Adriana Nessingui

Page 208: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

195

Abílio Cassoma

Doliana Nassando

Emilia Eyala

Augusto Chipipa

Diogo Cambinga

Jeremias Chissingui

Lúcio Ulica

Natália Nonjamba

Vasco Ngonguela

Marcelina Namango

Zaqueu Cambuta

Conceição Massanga

Isabel Nafundanga

Margarida Naheque

Teresa Chitula

Dinís Chipalavela

Natália Lussati

Alberta Wandi

Suzeth Vianga

Mariano Cassule

Celestina Vihemba

Bastos Cativa

Fernanda Nanjúlia

Berta Vimbundo

Amélia Nanjondo

1977 Judtih Cayalo

Avelina Wima

Celestina Cafundi

Rosalina Nonjamba

Carlos Siquete

Verónica Kaquinda

Verónica Chilombo

Angelina Nangassole

Laurindo Chipati

Maria Cambundo

Celestina Vissapa

Emília Sinangui

João Layululo

Leonor Ngueve

Cristina Vihemba

Justina Nassenda

Eduardo Camota

Page 209: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

196

Albertina Kunateque

Emília Chilimbo

Oliveira Sanjila

Alice Najoão

Oliveira Jamba

Ermelinda Elombo

Martins Cambinda

Ana Essanjo

Abrantes Chimbili

Domingas Nangueve

Cristina Catihe

Delfina Chitula

Adriano Capata

Diamantino Chipongue

1978 António Sacunganga

Maria Chambula

Berta Chohila

Julieta Nené

Armando Kuchina

Flora Hipálito

Violeta Nassapalo

Arminda Manhonga

Dêbora Sipopi

Margarida Serrado

Priscila Vihemba

Albino Chipango

Argentino Mimoso

Mélvire Cassova

Helena Henda

Miséria Tessuelela

Aurora Nessamba

Amélia Nacalumbo

Silva Chivavi

Miguel Fastudo

Francisca Ngongo

Joaquim Sangombe

Isaura Vihemba

Giné Nachiwika

Avelino Sapusso

Rocha Carvalho

Marcelina Ndola

Albano Calassi

Page 210: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

197

Esequias Cambandi

Graciano Sacalandula

Alice Njivala

Deolinda Chitula

1980-1982 Memória Sambo

Xavier Sambalundo

Leonor Chitula

Isabel Chapucula

Luca Lohango

Rosa Camuanhe

Adelino Sanjongo

Albina Wimbo

Priscila Kamala

Delfino Cassinda

Mário Capalua

Rosário Efuqui

António Calilossi

Dora Naviti

Ruth Chatuloña

Adolfo Muambungue

Armindo Chitende

Florença Wandi

Isaac Canguia

Camila Chiombo

Eunice Naquinta

João Chiuvila

Evalina Natembo

Cláudia Wimbo

António Wanga

Anito Henda

José Chinganda

Victoria Chipuku

Eugénia Nachova

Domingos Kulitalula

Solmé Katanga

Leonardo Chingangu

Severina chambula

Angelina Nguenda

Adelina Nachinhãngala

Abílio Salau

Laurentina Kambuinda

Ernesto Chilemo

Page 211: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

198

Armanda Kangupe

Merina Nassapa

Aida Essokiyo

Teresa Calumbo

Berta Napapa

António Epalanga

Alberto Catihe

Galatias Kapiñala

Antunes Essakalalo

Margarida Nachivela

Priscila Assuelela

Domingos Canjunju

Luciana Nakufa

Victorino sapalo

Domingas Susso

Alice Citula

Inês Boano

Emanuel Eiuva

Leonardo Veta

Filipe Chinguengue

Lucas Sachicombela

Dina Chinossole

Celeste Kanama

Eugénia Kaliña

Domingas Nachimanyo

Feliciana Humbe

Paulina Vicomo

Estefânia Jamba

Pedro Cossengue

Sara Chitula

Almeida Mussiva

Elisa Navitangui

Albertina Chilombo

Frederico Capitia

Domingos Eiambi

Adelaide Kayovo

Albertina Ekolelo

Miquelina Vikuata

Margarida Kassova

Adelina Caua

Lídia Nanjundo

Eduardo Kapessela

Fernanda Chitula

Page 212: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

199

Júlia katembo

Job Salongue

Rebeca Nassoma

Castro Muyeye

Avita Jamba

Florindo Samesse

Dolina Kumbelembe

Berta Nassoma

Eugénia Kasehua

Josefina Cafeca

Evalina Songo

Rodrigues Sanjungulo

Abel Catota

Rodrina Nangombe

Augusta Navemba

Verónica Cassinda

Joaquina Kassuvala

Faustino Chiteque

Laurinda Nacuta

Nicolau Jamba

Emília Kenga

Tavita Caiovo

Aurélio Elavoco

Abel Sopite

Laurindo Lussati

Judith Vihemba

Feliciana Catihê

1983 António Chissingui

Efraim Calumolo

Isabel Vitória

José Kuica

Valéria Nacumba

Bernice Chitula

Joaquina Nacungungu

Suzana Natchilombo

Graça Silepo

Afonso Silili

Eurico Vissoca

Rodrigues Calupai

Marta Chilunguila

1986 Francisco Chicuma

Page 213: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

200

José Epesse

Julieta Vihemba

Teresa Goi

Sabina Caionda

Teresa Vatuca

Margarida Chiombo

Ana Malesso

José Sambali

Horácio Cassoma

Xavier Cassinda

Albertina Cassinda

Mariana Nawaya

Lurdes Jamba

Glória Nangombe

Venâncio Chissingui

Emílio Bumbuita

Delfina Wandi

Delfina Ngonja

Ernestina Nangueve

Aurélio Canjaia

Helena Chinene

Samuel Sandemba

Basto Jamba

Geovana Samba

Fernando Cassinda

Eduardo Jamba

Laurinda Cassova

Ernesto Socupia

Lídia Tchombela

Rodé Jambela

Antónia Nangongo

Laurinda Cassova

Maurício Mango

Ester Nandonuco

Delfina Chivi

Filipe Mbundo

Laurinda Vihemba

Ana Vassuelela

Antónia Chicomo

Luséria Cassinda

Leonor Nelombe

Madalena Hisse

Victorina Vihemba

Page 214: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

201

Rebeca Cafeca

Fadília Nassapalo

Emília Polonga

Feliciano Henda

Antónia Nonjamba

Isabel Sovangue

Domingas Chiemba

Juliana Cassinda

Laurinda Chimbotia

Domingos Gessuvi

Pedro Mango

Domingos Ulica

1987 Horácio Sacossengue

Margarida Cambundo

Ana Malessu

Feliciano Essuvo

Adriano Chicuma

Joaquim Cambinda

Domingas Yombombo

Florindo Nangueve

Julieta Vihemba

Graça Catihê

Luís Monguende

Adelina Caluwawala

Nicolau Sahombo

Maria Nacolo

Laurinda Essanjo

Isaías Cachilenga

Eduardo Octávio

Efraím Catema

Armando Capusso

Aldino Essinde

1989 Adriana Elombo

Dofilia Caiovo

Amélia Culembe

Ermelinda Cambundu

Daniel Chambala

Evalina Nambuende

Estefania Kuvanja

Florinda Wimbo

Rosa Nangongo

Page 215: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

202

Eduardo Molossonde

Alzira Ngueve

Domiana Cassissi

Linda Chitula

Cristina Miniha

Evalina Lissimo

Emília Nachilombo

Laurinda Cassinda

Donisa Namgumbe

Beatriz Calungui

José Tulumba

Rodrigues Cassinda

Alberta Jamba

Julieta Camana

Palmira Capumo

Salomão Cateua

Helena Wanjimba

Guilhermina Essoco

Alfredo Lussendo

Álvaro Chali

Adelaide Cassamua

Pedro Cussumua

Lucélia Jamba

Benilde Jamba

Maria Capumo

Bernarda Cassova

Eduardo Chitombi

Alberto Sanjila

1992 João Savihemba

Edith Vissenga

Jacinta Noloti

Victória Napata

Adriana Cuvala

Paulino Catumbela

Felícia Chitende

Lucas Sanhanga

Idalina Canjala

Manuel Cassinda

Silvano Kachipui

Deolinda Nandenda

Bernadeth Henda

Valentim Jamba

Page 216: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

203

Aristóteles Cawaia

Rebeca Jamba

1997-1998 Samuel Guerra

Paulino Chipondia

Helena Chicondo

Verônica Jamba

Laurinda Vissenga

Antónia Jamba

Fausta Mangui

Augusto Cussumua

Felizmina Cassinda

João Sauape

Angélica Lucamba

Isabel Lohuma

Ernesto Vitangui

Madalena Chipa

Albertina Cassinda

Sofia Chitunga

inês Canjilo

Lucinda Elombo

1999 Maria Jamba

Nunes Jamba

José Cassinda

Estevão Epamba

Bernarda Cassova

Albino Sachilombo

Pedro Canganjo

Adelina Canjuluca

Margarida Nachivela

Lucéria Ngola

Idalina Cambundo

Valentina Naluca

Isabel Ngueve

Palmira Cafeca

Emiraldina Nangueve

Ferreira Salohuma

Sara Nachilepa

Agostinho Sessoquele

Celestina Cuvanja

Rosalina Nalussati

Geraldo Camela

Page 217: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

204

Mateus Walima

Donana Vissapa

Eduardo Candimba

Domingas Sõi

António Cassinda

Rosalina Massela

2001-2002 Domingas Capitango

Margarida Cossengue

Ruth Nassipitali

Felipe Sitaqui

Fernando Jamba

Deonilde Silepo

Belarmina Cassinda

Maria Chilombo

Abílio Copila

Raiumundo Chissingui

Tomar Lucusso

Mário Henda

Estevão Bilhete

Victor Lissimo

Laurinda Naiombo

Madalena Chitula

Augusto Chipongue

Graciano Cassicote

Eugénia Cawissi

Emília Chemba

Nomes completos constituidos por três (3) nomes

1994 Camila Graça Tchihungulo

Simão Luvamba Tchiuende

Maria Cassova Cotetula

Firmino Chipindu Samuala

Alberto Vonguma Chinumbi

Margarida Nambuete Enoque

Daniel Choca Ndungo

Afonso Domingo Jamba

Coelho Ngongoiavo Cavando

Alex Vitungaiãla Salumbo

Flora Cassova Cassinda

Albina Bongue Nachulu

Ângelo Chindumbo Sassongo

Page 218: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

205

Laurinda Dala Chilombo

Juliana Cambanda Nambundo

Amélia Chissapa Jamba

Maurício Baptista Chicoca

Adelino Sandambongo Kanjengo

1995 Mateus José Chilanda

Leonilde Wini Samalanga

Henriqueta Jamba Sahemba

Lucia Catihe Ngueve

Bartolomeu Camela Cassova

António Gambo Chivimbi

Madalena Nambaca Sembuangolo

Gomes Sanjala Caliata

Bonefácio Ndavoca Sanjala

João Santos Sandemba

Manuel Natal Nguendangolo

João Valério Feca

Abílio Calungo Canguende

José Maria Capusso

Lucas da Silva Mualunga

Paulino Chowana Essuvo

José António Ndala

Abel Catchapile Carvalho

Luciana Natchumbo Capule

Orlando Eurico Sieponde

Ana Catihe Calungulungo

Anastácia Luciano Mussengue

Rodrigues Feliciano Jamba

Avelina Nolundo Salumbuei

Paulino Mateus Simba

Paulina David Longuembia

Rufino Sanganjo Albano

Ana Cutala Samalinha

Florinda Chipangue Paula

Julieta Chilombo Ramos

1996 Salomão Cangombe Chicumbo

Florença Nachilombo Fundi

Judith Laura Chitula

Maria Ngoi Nachiquete

Carlos Chimuco Saviombo

Inácio Chipongue Chissingui

Page 219: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

206

Luís Muehombo Camalata

Henriqueta Laura Chipilica

Junior Jamba Chunjingi

Leontina Cassinda Chipa

Celestina Bundo Sanjala

Romão Matias Bambi

Dêbora Crispino Tchovonga

Agostinho Chipasso Kussumua

Silvestre Chissingui Londaca

Claudeth Chipessi Rosária

Luísa Afonso Chissolossi

1997 José Sipitali Chicapa

Francisco Mário Capingãla

João Baptista Ngolongo

Eduardo Elombo Caiangula

Benilde Marcolino Sachipipa

Mário Arão Dumba

André Ngueve Sassapi

Ernesto Ulombe Jembo

Leonor Preciosa Cândida

Júlia Scahipindo Jucelma

Paulo Eponde Ekuikui

Simão Njiluca Kanganjo

Adriana Tchongolola Mutito

Carlos Lemos Horácio

Palmira Wima Teresa

Delfino Fortuna Chivangue

Mayele Nguvulu Pedro

Irina Chilombo Augusto

Neira Feliciana Catalaio

1998 Eduardo Martinho Canjamba

Judith Mário Cayovo

Débora Conceição Munga

Idalina Lussinga Chiquemba

Adriana Felicia Chiwaia

Adelina Maurícia Lumingo

Manuel Junqueira Sambala

Adelina Chilombo Jamba

Anabela Rosa Chinossole

Donilde Felícia Ngueve

Claudeth Felizberta Wimbo

Page 220: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

207

Valentina Jamba Chissapa

Mariana Nélia Sambaca

Moisés Capusso Chivala

Antónia Cuvanja Nambi

Miguel Pascoal Jesus

Lídia Catihe Ekuikui

Justina Nangueve Cananga

Wilson Mbimbi Afonso

Piedade Longuenda Eyala

Elisa Francisca Alfredo

Jonas Sangueve Proença

Faustino Sanduva Chiuvila

1999 Alexandre Chitumba Sacuandela

Ernesto Chiwila Sitongua

Jideão Adriano Canjili

Gertrudes Chitula Abílio

João Baptista Cassuque

Aurora Essanji Sequetali

Eugênia Maria Naviti

Verónica Nachiúca Sapalo

Aires Jorge Vipunda

Benita Cuvala Guilherme

Estevão Cachumbo Jorge

Teresa Chimela Elalo

José Capingãla Mbinga

Avelino Chipindo Safeca

Horácio Zaqueu Chivela

Alice Venâncio Siandele

Basto Vitato Calamua

Emília Nambovo Capamba

Adelino Sangandela Lunjunjo

Conceição Ngueve Chilemo

Osvaldo Arlindo Henda

Berta Ngueve Sõi

Benevides Laurindo Lamenhe

Evalina Setaca Savoli

Albertina Adelina Tchicongo

Nomes completos compostos por quatro (4) nomes

1994 Florbela Mussande Marcolino Chissapa Abrão Jamba Bambi Muhongo

Page 221: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

208

Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto Albertina Nangungo Simba Wanga Domingas Sousa Pinto Caputo Marta de Aparição Vassuatala Chicungo Aniceto dos Santos Ngueve Major Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe Azenaide Mendes Jóia Kumba Victória Sambundo Navemba Susso Jucelma Chissaoa Clementina Sassoma Evalina Caquele Nachilombo Augusto Luciana Candombua Eurico Caliata Teresa Capitia Netumo Catihe Julino Sanende Chicapa Silili

1995 Teresa Nangueve Bumba Pessela Adelino Isaias Celestino Seliongo Graça Lemos Soares Yambo Alfredo Beatriz Dombe Cossengue Uraca Ilde Manuel Cambuta Arlete Miséria Massaco Dungo Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda Victoria Rodrigues Jorge Capama Cristina Suraia Mendonça Satula Carla Elisa Mila Canjungo Carlos Machado Fernandes Cassoma Verónica Domingos Chimuma Hukui Domicília da Conceição Nayuma Sachova Marinela Beatriz Alice Canganjo Edgar Vladmir Moisés Sachinguile Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando Gracieth Numala Penina Tchimbungule Leontina Nacalume Lopessa Tchingular Maria Fátima Graça Silili Eunice Edna Alice Cangajo Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe

1996 Alcides Martinho Faustino Songuile Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue Marciana Henda Isabel Kalandula António Estevão Domingos Ngunga Cristina Natota Albino Chimbuenjo Leovigildo Henda Eurico Sanguele

Page 222: Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e

209

Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga Emanuel Fortunato Justino Longonjo Augusta Antónia Calimbue Satumba

1997 Feliciano Vitato Cassinda Canjundo Escolástica Venâncio Justina Cambundo Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela Juliana Catchambalele Ngoi Filipe Julieta Chavaia Cuvala José Alice chissanga Chipuco Chambuembue Arlete Cuvanja Namussoca Martins Ermelinda Satuala Candomba da Silva Francisco Canjengo Belina Mundombe Elina Domingas Arão Sananga

1998 César Dorivaldo José Chicala Augusta Claudina José Chicala Inocência Costa Jonatão Chipitia Laurindo Hisse Teresa Wanga Samuel José Pedro Catihe Maria Ana Menezes Chissaluquila Estanislau Paciência Dinis Cossengue Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba Victor Capuca Sachitula Nelombo Maria Soma Domingas Segunda Teresa Cassinda Catembo Henda Arlete Muenho Numbi Vitangui Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi Palmira Madalena Chinengue Vissimilo Mateus Gouveia Noloti Cossengue Júlia Pedro Wimbo Zeferino Fernando Jamba Troco Nachanga Victória Nambi Júlia Isabel Euraca Catiavala Catumbo Navombo

1999 Victória Chissuvo Chivava Sayoano Celestino Campos Secuva Lucamba Laurinda Numala Naculusso dos Santos Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo Inês Ngueve Beatriz Chipessi Pedro Severino Catihe Sawendo Cecília Chemba Chova Chinumbi Laurinda Ana Ecundi Cachuco

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Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo Jacinto Chipepe Januário Samba Marcolino Henriques Sacuandela Satingo José Correia Muhongo Freire Fávio Hermercim Paz Salongue Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye Cecília Chipuco Nassinda Samessele Avelino Jamba Cassova Tchitumba Duclce Nanjinga João Nanga Teresa Mimi Lucas Sachilulo Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua Laureta Vira Nangombe Chivalala Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala Altino Tchissingui Jesus Camateli Ana Augusta Cassanga Mbueti Melba Viviana Hama Tchitangua

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ANEXOS

Anexo 1- Carta para autorização de recolha de dados

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Anexo 2- Carta de autorização de recolha de dados da Comissão Multissetorial

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Anexos 3- Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de outubro sobre a composição dos nomes

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