antônio luiz ferreira tinôco. código criminal do império do brazil annotado

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Direito Penal Código Criminal do Império do Brazil annotado Antônio Luiz Ferreira linôco iistória  do  Direito Brasi eiro  ,.

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  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

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    Direito Penal

    Cdigo Criminal

    do Imprio do

    Brazil annotado

    Antnio Luiz Ferreira linco

    iistria

    do

    Direito

    Brasi eiro

    ,.

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    Senado Federai

    Senador Jos Sarney, Presidente

    Senador Paulo Paim, 1 Vice-Presidente

    Senador Eduardo Siqueira Campos,

    2

    Vice-Presidente

    Senador Romeu Tuma, 1 Secretrio

    Senador Alberto Silva, 2 Secretrio

    Senador Herclito Fortes, 3 Secretrio

    Senador Srgio Zambiasi, 4 Secretrio

    Senador Joo Alberto Souza, Suplente

    Senadora Serys Slhessarenko, Suplente

    Senador Geraldo Mesquita Jnior, Suplente

    Senador Marcelo Crivella, Suplente

    Superior Tribunal de Justia

    Ministro Nilson Vital Naves, Presidente

    Ministro Edson Carvalho Vidigal, Vice-Presidente

    Ministro Antnio de Pdua Ribeiro

    Ministro Luiz Carlos Fontes de Alencar, Diretor da Revista

    Ministro Slvio de Figueiredo Teixeira

    Ministro Raphael de Barros Monteiro Filho

    Ministro Francisco Peanha Martins

    Ministro Humberto Gomes de Barros

    Ministro Francisco Csar Asfor Rocha, Coordenador-Geral da Justia Federal

    Ministro Ruy Rosado de Aguiar Jnior

    Ministro Vicente Leal de Arajo

    Ministro Ari Pargendler

    Ministro Jos Augusto Delgado

    Ministro Jos Arnaldo da Fonseca

    Ministro Fernando Gonalves

    Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

    Ministro Felix Fischer

    Ministro Aldir Guimares Passarinho Jnior

    Ministro Gilson Langaro Dipp

    Ministro Hamilton Carvalhido

    Ministro Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini

    M inistra Eliana Calmon Alves

    Ministro Paulo Benjamin Fragoso Gallotti

    Ministro Francisco Cndido de Melo Falco Neto

    Ministro Domingos FranciuUi Netto

    Ministra Ftima N ancy Andrighi

    Ministro Sebastio de Oliveira Castro Filho

    Ministra Laurita Hilrio Vaz

    Ministro Paulo Geraldo de Oliveira Medina

    Ministro Luiz Fux

    Ministro Joo Otvio de Noronha

    M inistro Teori Albino Zavascki

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    Braslia

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    ConselhoEditorial

    Senador Jos Sarney, Presidente

    Joaquim Campeio Marques, Vice-Presidente

    Carlos Henrique Cardim, Conselheiro

    Carlyle Coutinho Madruga, Conselheiro

    Raimundo Pontes Cunha Neto, Conselheiro

    O ConselhoEditorial do SenadoFederal, criado pela Mesa Diretora em 31 de janeiro de 1997,

    buscar editar,

    sempre, obras de

    valor histrico

    e

    cultural

    e de

    relevncia

    para a

    compreenso

    da

    histria poltica, econmica esocial do Brasilereflexo sobre os destinosdo pas.

    ColeoHistria do Direito Brasileiro - DireitoPettal

    ANTNIO JOS DA COSTA E SILVA JOO VIEIRA DE ARAJO

    Cdigo Penal dos Estados Unidos do Brasil Cdigo Penal com mentado, theorica e

    comentado praticamente

    ANTNIO LUIZ FERREIRA TINCO

    Cdigo Criminal do Imprio do Brazil OSCAR DE MACEDO SOARES

    an no tad o Cdigo Penal da Repblica dos Estados

    BRAZ FLORENTINO HENRIQUES DE Unidos do Brasil

    SOUZA

    Lies de direito criminal TH OM AZ ALVES JNIOR

    FRANZ VON LISZT Annotaes theoricas e praticas ao Cdigo

    Tratado de direito penal allemo, prefcio e Crim inal

    traduo de Jos Hygino Duarte Pereira

    GALDINO SIOUEIRA TOBIAS BARRETO

    Dire ito Penal Brazileiro segundo o Cdigo Estudos de Direito

    Penal mandado executar pelo Decr. N. 847 de

    11 de ou tubro de 1890 e leis que o TOBIAS BARRETO

    modificaram ou completaram, elucidados Menores e Loucos

    pela doutrina e jurisprudncia

    Com isso Orga nizadora do Superior Tribunal de Justia

    Walkir Teixeira Bottecchia, Secretrio-Geral

    Jefferson Paranhos Santos, Assessor de Articulao Parlamentar

    Marcelo Raffaelli, Assessor Jurdico

    Luciana Raquel Juregui Costandrade, Assessora Jurdica

    Judite Amaral de Medeiros Vieira, Ncleo de Redao e Reviso

    Mari Lcia Del Fiaco, Ncleo de Redao e Reviso

    Stael Franoise de Medeiros Oliveira Andrade, Ncleo de Redao e Reviso

    ProjetoGrfico

    Carlos Figueiredo, Ncleo de Programao Visual

    Eduardo Lessa, Ncleo de Programao Visual

    Tais Villela, Coordenadora do Ncleo de Programao Visual

    Tinco, Antnio Luiz.

    Cdigo criminal do Imprio do Brazil annotado / Antnio

    Luiz Tinco ; prefcio de Hamilton Carvalhido. ~ Ed. fac-sim. -

    Braslia : Senado Federal, Conselho Editorial,

    2003.

    xxviii, 574 p. - (Coleo histria do direito brasileiro.

    Direito penal)

    1.

    Cdigo penal, Brasil (1830). 2. Legislao penal. Brasil. I.

    Brasil. Cdigo penal (1830). II. Ttulo. III. Srie.

    CDDir 341.5

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    4

    \ - /

    \ 1 /

    ' V i i

    C o l e o

    HISTORIADO DIREITO BRASILEIRO

    No prefcio de sua monumentalAPoltica Exteriordo Imf^rio, dizia

    Calgeras, referindo-se histria diplomtica do pas, que era preciso

    evitar se perdesse "o conta to com esse passado to fecundo em lies e

    to cheio de seiva alentadora para quem o sabe consultar". Foi com a

    mesma finalidade, agora com foco na h istria das instituies jurdicas

    brasileiras, que o Senado Federal e o Superior Tribunal de Justia

    celebraram convnio para a reedio de grandes obras do Direito Civil

    e Penal ptrio que comporo a coleo intitulada Histria do Direito

    Brasileiro.

    O projeto nasceu de sugesto que me fez o pesquisador Walter Costa

    Porto, advogado, professor universitrio, ex-Ministro do Superior

    Tr ibuna l E le i to r a l , emr i to cons t i tuc iona l i s t a , pe r sona l idade

    merecedora do respeito de todos quantos o conhecem, a quem presto

    nes te ensejo a justa hom enagem que lhe devida.

    Seu objetivo atualizar, num corpo orgnico, parte da histria de

    nosso Direito e, dessarte, colocar disposio de especialistas e demais

    interessados obras da literatura jurdica nacional hoje esgotadas ou de

    difcil acesso. A importncia da iniciativa evidente: por um lado,

    contribui para a preservao de nosso patrimnio cultural; por outro,

    ajudar os estudiosos da evoluo das instituies do Dire ito brasileiro.

    Quer nos escritos, quer nas biografias, evidencia-se a magnitude

    das personalidades a serem reeditadas. Com efeito, no se trata apenas

    de jurisconsultos e autores de obras de Direito, mas de luminares da

    cultura nacional, que foram tambm catdrticos, literatos, jornalistas,

    ocupantes de elevados cargos pblicos e militantes da poltica.

    A coleo publicar onze livros de Direito Civil e dez de Direito

    Penal. Aqueles so os seguintes:

    -

    A Prop>riedade p>elo Cons. Jos de Alencar - com uma prefao do Cons.

    Dr.

    Antnio Joaquim Ribas,

    trazendo de volta livro cujo autor, alm de

    dar expressiva contribu io s letras brasileiras, teve im po rtante carreira

    poltica e ocupou o Ministrio da Justia no gabinete Itabora. Acresce

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    ser o livro prefaciado por Ant nio Joaquim Ribas, jurista que tambm

    ser reeditado na coleo.

    -

    Consolidao das Leis Civis,

    de 1858, e

    Cdigo Civil: esboo,

    dois

    trabalhos de reconhecido valor histrico, da lavra de Augusto Teixeira

    de Freitas. O primeiro foi-lhe encomendado pelo governo imperial; a

    comisso encarregada de rev-lo, aps dar o laudo aprobatrio,

    acrescentou que sua qualidade recomendava a habilitao de Teixeira

    de Freitas "para o Projeto do Cdigo Civil, do qual a

    Consolidao

    preparatrio im portan te". Seu esboo de Cdigo Civil, no aproveitado

    no Brasil, serviu de base para o Cdigo Civil da Repblica Argentina.

    Quanto

    Consolidao,

    seu mrito histrico realado pela viso da

    visceral repulsa ao escravismo manifestada pelo autor.

    -

    Curso de Direito Civil Brasileiro,

    de An tnio Joaquim Ribas, que, como

    dito acima, prefaciou

    A Propriedade,

    de Jos de Alencar. No prefcio da

    2

    edio do

    CursodeDireito Civil

    (1880), Ribas disse, em palavras que

    condizem com o objetivo da coleoHistria doDireito Brasileiro, que

    "Sem o conhecimento [da] teoria [do Direito Civil ptrio] ningum

    pode aspirar ao honroso ttulo de jurisconsulto, e nem exercer digna e

    satisfatoriamente a nobre profisso de advogar ou de julgar".

    -

    DireitodeFamlia

    e

    Direitodas Coisas,

    de Lafayette Rodrigues Pereira,

    datados respectivamen te de 1869 e 1877, ambos adap tados ao Cdigo

    Civil de 1916 por Jos Bonifcio de Andrada e Silva. Lafayette foi

    advogado e jornalista liberal. Ministro da Justia, Senador, Presidente

    do Conselho e,

    last hut notleast,

    defensor de Machado de Assis contra

    a crtica feroz de Slvio Romero. Com graa, dizia, a respeito de seu

    renome, "Subi montado em dois l ivrinhos de direito". So esses

    "livrinhos" que aqu i esto vindo a lume, obras cujo mtodo Lacerda de

    Almeida - outro nome na lista de autores da coleo - utilizou para a

    exposio sistemtica do direito das obrigaes.

    -

    Direito das Coisas,

    de Clvis Bevilqua, permitir aos estudiosos

    hodiernos familiarizar-se com um g igante da literatura jurdica nacional,

    autor, a convite do Presidente Epitcio Pessoa, do projeto do Cdigo

    Civil brasileiro. Modernizador, expressou no projeto sua revolta contra

    a vetustez do Direito Civil vigente no Brasil.

    -

    Instituies de Direito Civil brasileiro, oferecidas, dedicadas e consagradas

    a Sua MajestadeImperial o Senhor Dom Pedro II,

    por Loureno Trigo de

    Loureiro, nascido em Portugal (Vizeu) e formado em O linda, onde mais

    tarde ocupou a ctedra de direito civil; teve cargos polticos, foi

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    professor de francs

    e

    tradu tor de literatu ra francesa, inclusive do te atro

    de Racine. Seu livro, datado de 1850, constitui valioso elemento para

    aquilatar o cenrio contra o qual, meio sculo depois, Bevilqua

    expressaria sua revolta.

    - Obrigaes: exposio sistemtica desta

    p^arte

    do Direito Civil ftrio

    segundo o m todo dos "Direitos de Famlia" e "Direito das Cousas" do

    Conselheiro LafayetteRodrigues Pereira, de Francisco de Paula Lacerda

    de Almeida. Publicado em 1897, um dos mu itos livros sobre tem as de

    direito civil deixados por Lacerda de Almeida.

    -

    Direitos Autorais: seu conceito, sua prtica e

    respectivas

    garantias em

    face das Convenes Internacionais, da legislao federal e da

    jurisprudncia dos tribunais,de autoria de Pedro Orlando. Autor de obras

    sobre direito comercial, questes trabalhistas e fiscais, Orlando

    tambm autor doNovssimo Dicionrio Jurdico Brasileiro.

    -

    Nota

    Promissria

    -

    estudos

    da lei, da

    doutrina e da jurisprudncia cambia

    brasileira,por Ant nio M agarinos Torres. Advogado, catedrtico e vice-

    diretor da Escola Superior de Comrcio do Rio de Janeiro, juiz e

    presidente do Tribunal do Jri da ento capital do pas. Prolfico autor,

    escreveu sobre direito comercial, fiscal, penal e finanas.

    Os dez livros dedicados ao Direito Penal incluem:

    - Tratado de direito penal alemo, prefcio e traduo de Jos Hygino

    Duarte Pereira, de Franz von Liszt, jurista alem o, cate dr tico da

    Universidade de Berlim. A par, por si s, do elevado conceito doTratado,

    quisemos, com a publicao, destacar o alto valor do prefcio de Jos

    Hygino, de indispensvel leitura, que, por isso mesmo, ajusta-se

    finalidade da coleo a respeito da histria do direito brasileiro.

    -Lies de direito criminal,de Braz Florentino H enriques de Souza, auto r

    de trabalhos sobre direito civil e criminal, designado membro da

    comisso encarregada de rever o Cdigo Civil em 1865.Liesdedireito

    criminal data de 1860.

    -Anotaes tericas e prticas ao Cdigo Criminal, de Thomaz Alves

    Jnior. Crtico do Cdigo Penal de 1830, que considerava prolixo e

    casustico, Thomaz Alves o analisa detidamente, historiando sua

    apresentao, discusso e aprovao. Desse modo, as

    Anotaes

    i luminam os lei tores do sculo XXI quanto ao pensamento dos

    legisladores brasileiros do Imprio e constituem leitura complementar

    obra de Braz Florentino.

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    -

    Menores

    e

    Loucos

    e

    Estudos

    de Direito,de Tobias B arreto. Conhecido

    por sua poesia, Barreto era talvez mais jurista que poeta. Formou-se

    na Faculdade de Direito do Recife, da qual foi depois catedrtico, tendo

    entre seus discpulos Clvis Bevilqua, Graa Aranha e Slvio Romero.

    Fizeram parte da denominada "Escola do Recife", que marcou o

    pensamento brasileiro (a propsito, entre outras, de Nelson Saldanha,

    A

    Escola

    do Recife,1976 e 1978, e, de Miguel Reale, O

    Culturalismo

    da

    Escola do Recife, de 1956). Tobias foi um inovador; lutou

    incessantemente contra a estrei teza do ambiente cultural ento

    imperante no Brasil.

    -

    Cdigo Criminal do

    Imp^rio

    do Brazil annotado,

    por Antnio Luiz

    Ferreira Tinco. O Cdigo do Imprio, reconhecido como "obra

    legislativa realmente honrosa para a cultura jurdica nacional" (Anbal

    Bruno), filiava-se corrente dos criadores do Dire ito Penal liberal (en tre

    eles, Romagnoni e Bentham); admiravam-lhe a clareza e a conciso,

    entre tantos outros juristas, Vicente de Azevedo e Jimnez de Asa,

    por exemplo. "Independente e autnomo, efetivamente nacional e

    prprio" (Edgard Costa), foi o inspirador do Cdigo Penal espanhol de

    1848 (Basileu Garcia e Frederico Marques). Acolheu a pena de morte,

    certo, mas D . Pedro11passou a comut-la em gals perptuas aps a

    ocorrncia de um erro judicirio, ao que se conta. Segundo Hamilton

    Carvalhido, a obra de Tinco "nos garante um a segura viso da realidade

    penal no ltimo quartel do sculo XIX".

    -

    Cdigo Penal comentado, terica e praticamente,

    de Joo Vieira de Arajo.

    Abolida a escravido, Nabuco apresentou projeto, que nem chegou a

    ser discutido, para autorizar

    a

    adaptao das leis penais nova situao.

    Sobreveio, logo aps, o Cdigo Penal de 1890, cuja elaborao fora

    cometida ao Conselheiro Baptista Pereira. O Cdigo receberia vrias

    crticas. Em

    1893,

    Vieira de Arajo apresentou Cmara dos D eputados

    projeto de um Cdigo, sem xito; logo depois, apresentava outro

    esboo, tambm sem sucesso.

    -

    Cdigo Renal

    da

    Repblica

    dos

    Estados Unidos

    do

    Brasil,

    por Oscar de

    Macedo Soares. Diplomado em Direito pela Faculdade do Largo So

    Francisco, foi jornalista, secretrio das provncias de Alagoas e Cear,

    poltico conservador, advogado e autor de vrias obras de direito.

    -

    Direito Penal Brazileiro segundo

    o

    Cdigo Penal mandado executar pelo

    Decr. N. 847 de /-/ de outubro de 1890 e leis que o modificaram ou

    completaram, elucidados pela doutrina e jurisprudncia, de Galdino

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    Siqueira. Desembargador do Tribunal de Justia do Distrito Federal e

    autor de livros sobre direito penal, em 1930 Siqueira foi incumbido

    pelo M inistro da Justia

    e

    Negcios Interiores de redigir um antep rojeto

    de Cdigo de Processo Civil. Em 1917 tinha participado , pela acusao,

    no julgamento do assassinato de Pinheiro Machado.

    -Cdigo Penal dos Estados Unidos do Brasil comentado, de Antnio Jos

    da Costa e Silva, livro que antecedeu a preparao, em 1938, do projeto

    de Cdigo Criminal encomendado por Francisco Campos a Alcntara

    Machado. Costa e Silva participou da comisso revisora do projeto, a

    qual contava com luminares como Nelson Hungria e Roberto Lyra e

    cujo resultado foi o Cdigo Penal de 1940.

    O leitor pode compreender, em face do que precede, a relevncia da

    iniciativa tomada conjuntamente pelo Senado Federal e o Superior

    Tribunal de Justia.

    Como pas jovem, na afoiteza de perseguir os objetivos de progresso

    e desenvolvimento, s vezes nos tem os descuidado do passado cultural,

    sacrificando-o erradamente, ao confundir o que antigo com o que

    obsoleto. Almejo que a publicao da Histria do Direito Brasileiro

    concorra para remediar tica to equivocada, porque, nas palavras de

    Ginoulhiac em sua Histoiregnrale du droit franais, "Ce n'est pas

    seulemen t dans Ia suite des faits, des evnm ents, que consiste Thistoire

    d'un peuple; mais encore, mais surtout, dans le dveloppement de ses

    institutions et de ses lois."

    Ministro Nilson Naves

    Presidente do Superior Tribunal de Justia

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    Nota do Editor

    o Superior Tribunal de Justia e o Senado Federal esto reed itando

    alguns dos ttulos essenciais da literatura jurdica brasileira. A Coleo

    Histria do Direito Brasileiro, com ttulos de direito civil e penal, dever

    ocupar um lugar importante nas bibliotecas de magistrados, advogados

    e estudiosos de direito.

    Esta coleo se insere no programa editorial do Senado, que se

    destina ao desenvolvimento da cultura, preservao de nosso

    patr imnio histrico e aproximao do cidado com o poder

    legislativo.

    Senador Jos Sarney

    Presidente do Conselho Editorial do Senado Federal

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    1 i

    j

    >

    Prefcio

    Vivia o direito penal, no alm-mar, ao te mpo da descoberta do Brasil,

    a mais cruel das fases de sua histria, mu i adequadam ente denominada

    de perodo intimidativo, abrangente da Idade Mdia e da Renascena,

    em que a pena no tinha o utro fim que no o de fazer sofrereaterrorizar

    pelo sofrimento.

    Foi esse caracterstico de direito da resposta penal do Estado que

    Portugal trouxe terra encontrada, inserto nas Ordenaes do Reino,

    que teve vigncia entre ns, no plano infraconstitucional e em sede de

    direito penal comum, at o ano de 1830, quando veio luz o Cdigo

    Criminal do Imprio do Brasil.

    N o tem po da descoberta, estavam em vigor

    as

    Ordenaes Afonsinas,

    mandadas compor por D . Joo I e concludas em 1446, cuja vigncia se

    estendeu ao ano de 1521, quando se deu a publicao das Ordenaes

    Manuelinas, resultado de deliberao de D. Manuel, o Venturoso, que

    aspirava a uma legislao mais perfeita; estas, diversamente das

    Afons inas , ob t iveram a lguma ap l icao na te r ra conquis tada .

    Sucederam-nas, com larga aplicao en tre ns, as Ordenaes Filipinas,

    devidas a Felipe II da Espanha, que se decidiu pela reestruturao dos

    velhos cdigos, por ato de 5 de junho de 1595, somente publicadas a

    11 de janeiro de 1603, j sob o reinado de Felipe III, e confirmadas pelo

    rei D. Joo IV, por lei de 29 de janeiro de 1643, aps a restaurao do

    trono portugus pela casa de Bragana, em 1640.

    Nos seus livros V, con tinham as trs Ordenaes o seu direito penal,

    como na estruturao das Decretais de Graciano, distribudo em 121

    ttulos, nas Afonsinas, em 113, nas Manuelinas e em 143, nas Filipinas.

    Melhor caracterizao no se ofereceu do direi to penal das

    Ordenaes Filipinas do que a levada a cabo pelo Conselheiro Batista

    Pereira, que as definiu como

    "espelho, onde se refletia, com inteira

    fidelidade, a dureza das

    codificaes contemporneas,

    era um misto de

    despotismoe de beatice, umalegislao hbrida eferoz, inspiradaem falsa

    idias religiosas e polticas, que, invadindo as fronteirasdajurisdiodivina,

    confundia ocrime como pecado, eabsorvia oindivduo noEstado fazendo

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    dele um instrumento. Na

    p>reviso

    de

    conter

    os maus

    pelo terror,

    a lei no

    media af^enapelagravidade da culpa; nagraduao docastigo obedecia,

    s,

    ao

    critrio

    da utilidade.

    Assim,

    a pena capital era aplicada

    com

    mo

    larga; abundavam aspenas infamantes, comoo aoite, amarcadefogo, as

    gals, ecomamesma severidade com que sepunia a heresia, a blasfmia, a

    apostasiae a feitiaria, eram castigados os que, semlicenadeEl-Rei e dos

    Prelados, benziam ces e bichos, e os quepenetravam nosmosteiros para

    tirarfreiras epernoitar com

    elas.

    A pena demorte natural era agravada

    pelo modo cruel de sua inflio; certos criminosos, como os bgamos, os

    incestuosos,os adlteros, os

    moedeiros falsos eram queimados vivos

    e

    feito

    em

    p,

    para que

    nunca

    de seu

    corpo

    e

    sepultura se pudesse haver memria.

    Com a volpia pelo sangue,negao completa do senso

    moral,

    dessa lei

    que, na frase de CCERO, in omnibus diffusa, naturae, congruens,

    constanS/ eramsupliciados os rus de lesa-majestade, crime to grave e

    abominvel, eos antigos sabedores tantoo estranharam, que ocompararam

    lepra, porque, assimcomo esta enfermidade enche o

    corpo,

    sem nunca

    mais se poder

    curar,

    assim o erro da traio

    condena

    o que a comete, e

    impece

    e infama os que da sua linha descendem, posto que no tenham

    culpa.Aeste acervodemonstruosidade outras se cumulavam: aaberrncia

    da pena, oconfisco dos bens, atransmissibilidadeda infmia do crime."^

    Esse direito da resposta penal de Portugal, um Estado j afeito s

    conquistas deterras,assim caracterizado, no era, porcerto,expresso

    do atendimento de necessidades sociais da gente da nova terra

    descoberta, que, mesmo ainda em um estgio menos avanado do

    processo civilizatrio, dispunha j da sua reao penal e assim da

    vingana privada e da perda da paz, apontadas matrizes do que viria a

    ser o seu direito de punir.

    Tal direito feito e pronto para ser aplicado, esse do Livro V das

    Ordenaes Filipinas, no teve apenas que sufocar o direito nativo e o

    dos negros escravizados, mas, sobretudo, enfrentar um vigoroso

    movimento de

    idias,

    tribu trias de vrias correntes, contrrio aos seus

    princpios, aos seus valores, s suas idias e poltica criminal que

    formalizava.

    Adolphe

    Prins,

    professor de Direito Penal na Universidade de

    Bruxelas, registra na suaScience Pnale

    et

    DroitPositif, que

    "a

    filosofia

    dosculo XVIII ergue-se contra este ferozempirismo e d livrecurso ao

    grandemovimento humanitrio moderno.

    'apudVicente Piragibe, Legislao Penal, 1932, voi. II, pgs. 14 e 15.

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

    16/605

    Vrias

    correntes contriburam

    para o produzir.

    Na Alemanha h desde o

    sculo

    XVII umprecursor, que Grotius e,

    mais tarde, Thomasius e

    Wolf,

    que em

    nome

    do

    direito

    natural

    combatem

    formalismo estreito da justia repressiva. Kant e Fichte por sua vez

    projectam sobre

    o abuso do

    direito

    penal da sua

    poca

    a luz da

    liberdade

    moral.

    Em Inglaterra, Bentham, em Frana, os Enciclopedistas Diderot,

    d'Alembert,Helvetius, d'Holbach, Voltaire,

    protestam, emnome do princp

    da utilidade,

    contra

    os

    horrores

    da doutrina da expiao.

    Em Itlia, Beccaria e Filangieri

    comovem

    os pensadores pelo acento

    sincero

    do seu entusiasmo humanitrio.

    Enfim os

    representantes

    do

    despotismo iluminado, Frederico

    o Grande

    Jos II, Catarina da Rssia e

    Leopoldo

    da Toscana, deram a primeira

    enxadada no

    regime

    antigo e os

    homens

    da

    Revoluo acabaram

    a obra.

    A maior parte dos inovadores nestas matrias foram filsofos e

    publicistas; os juristas

    tiveram

    um papel apagado.

    Como

    quer que seja, os

    esforos convergiram

    para o

    mesmo

    fim:

    opor

    brutal tradio do empiris

    e da fora os inalienveis direitos do indivduo dotado de razo e de

    inteligncia. Este era desprezado, sacrificado, en tregue fogueira, roda

    forca, ao esquartejamento,

    tortura

    -

    Quis-se ergu-lo

    da sua decadnci

    tornar-lhe respeitada a sua

    dignidade

    de

    ser livre

    e pensante, a

    integridad

    da sua pessoa."^

    Esse movim ento hum anista, produzido pelo Iluminism o no dom nio

    do direito, havia de repercutir, como repercutiu, em Portugal, como

    nos assegura Joo Vieira de Arajo, na contribu io que enviou

    Union

    Internationale

    de

    Droit

    Penal,

    para o volume II da

    La

    Lgislation Pnale

    e

    Compare,a ser publicado sob o ttu lo

    Le Droit Criminei des

    Etats extra-

    europens,

    ao registrar, refere ntem ente s Orden aes:

    "D. Azevedo

    Castello Branco, atual Ministro da Justia em

    Portugal,

    afirmou: 'Este

    cdigo permanece em vigor at o sculo presente. No se introduziu

    modificaes

    notveis no direito penal, seja nas

    Ordenaes

    Manuelinas,

    seja nas Filipinas. A penalidade est modelada pelo mesmo sistema e

    animada do

    mesmo

    esprito, e as leis

    posteriores

    at a metade do

    sculo

    XVIII

    conservam

    a mesma

    caracterstica

    e a mesma

    tendncia

    de

    reprimir

    ocrime pela aplicao das punies as mais severas. A inteno era de

    entregar

    a pena

    cruelmente

    expiatria e intimidante.

    2B ruylan t-Christophe & Cie, diteurs, Bruxelas - Librairie A, Marescq, Ain,

    Paris,

    1899,

    p.

    11/12.

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

    17/605

    Adifusodasdoutrinas filosficas que p>rovieram de Frana em Portuga

    onde elas tinhamseguidores ardentes,fez que,p>or umdecreto de ^1 de

    maro

    de 1778, se

    criasse

    uma junta

    (comit)

    para a

    reforma

    de toda a

    legislao. O insigne eglorioso jurisconsulto Paschoal Jos de MelloFreir

    fo iencarregado doCdigo Criminal e sedesincumbiu dacomisso que lhe

    haviam confiado,

    porm,

    nomeados censorespara rever o seu trabalho, o

    projeto noobteve serconvertido em lei do pas.

    O nomeMelloFreire figuracomo umsbio entre os publicistas os mais

    eminentes dosculoXVIII.

    Seuprojetono foipublicado seno em 1823 por Miguel Setaro com

    uma

    introduo

    e notas.

    Entretanto, apredominncia dasidias extradas dos livros de Voltaire,

    de Rousseau, de Recearia, de Mably, de Montesquieu, era tal que, apesar

    das Ordenaes do comeo do sculo XVII e das leis posteriores no

    codificadas, que no eram diferentes daquelas quanto crueldade das

    punies,umalei de5demarode 1790 jreconhecia queatortura estava

    em desuso, e odecretode12dedezembrode1801 nofezaplicarapenade

    morte seno

    para os

    crimes

    os mais atrozes."^

    No Brasil, por maior razo e, sobretudo, com a proclamao de sua

    independncia de Portugal, a influncia dessa renovao de idias

    jurdicas e polticas, mormente na fora da universalizao, pela

    revoluo francesa, dos direitos do homem e do cidado, profunda e

    impetuosa, motivando os estadistas brasileiros do I Imprio a dotar o

    Pas deleis,que atendessem, em sua nova estrutura social e poltica, o

    novo pensar e os seus princpios, aos quais se fazia extremamente

    sensvel o direito penal, que reclamava uma profunda reforma.

    Pela Carta da Lei de 25 de maro de 1824, Dom Pedro Primeiro,

    Imperador Constitucional e Defensor Perptuo do Brasil, jurou e

    mandou observar a Constituio Poltica do Imprio do Brasil, em cujo

    artigo 179 se recolhe:

    "Art. 179 (...)

    2) Nenhuma leiser estabelecida semutilidade pblica.

    (...)

    3) A sua

    disposio

    no ter efeito retroativo.

    (...)

    ^ O Brazil na Legislao Penal Comparada (Direito Criminal dos Estados Extra-

    Europeus), primeira parte, p. 6 e 7, Imprensa Oficial, Rio de Janeiro, 1911.

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

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    11) Ningum ser

    sentenciado

    seno pela autoridade competente, p>or

    virtude de leianterior, e na forma

    p>or

    ela prescrita.

    (...)

    18) Organizar-se-, quanto antes, um

    cdigo

    civil e

    criminal,

    fundado

    nasslidas bases da justia e eqidade.

    19) Desde j ficam abolidos os aoites, a tortura, a marca de ferro

    quente e todas as mais penas cruis.

    20) Nenhuma pena passar da pessoa do deliqente. Portanto, no

    haver, em caso algum,

    confiscao

    de bens,- nem a infmia do ru se

    transmitir aos parentes emqualquergrau que seja.

    21) As

    cadeias sero seguras,

    limpas e

    bem arejadas, havendo diversas

    casasparaseparaodos rus, conforme ascircunstncias e natureza dos

    seus crimes."

    Encetado esse gigantesco passo constitucional, em 4 de maio de

    1827,

    o Deputado Bernardo Pereira de Vasconcellos apresentou um

    projeto de cdigo penal, no que foi seguido pelo tambm Deputado

    Jos Clemen te Pereira, que, no dia 16 do m esmo ms de maio de 1827,

    apresentou outro projeto, com apenas a primeira parte.

    Submetidos a uma comisso composta de cinco deputados, emitiu-

    se parecer, em 14 de agosto de 1827, pela impresso de ambos os

    projetos para discusso parlamentar, a partir do projeto Vasconcellos,

    "por ser o mais amplo nodesenvolvimento dasmximas jurdicas e o mais

    munido nadivisodas penas,cuja prudente variedade muitoconcorrepara

    a bem

    regulada distribuio

    delas".

    Antes que tal ocorresse, nova comisso de seis representantes das

    duas casas legislativas tomou por base o projeto Bernardo Pereira de

    Vasconcellos e imprimiu-lhe nova redao, en tend endo que

    "maior seria

    0 dano da demora, no aparecimento do novo Cdigo, que o das suas

    imperfeies".

    Aprovado na C mara dos Deputado s e no Senado o projetoeenviado

    ao Imperador, em 16 de dezem bro de 1830, foi sancionado por

    D .

    Pedro

    1 o Cdigo Criminal do Imprio do Brasil, que contm 313 artigos e

    divide-se em quatro partes: I. Dos Crimes e das Penas; II. Dos Crimes

    Pblicos; III. Dos Crimes Particulares; IV. Dos Crimes Policiais.

    Crime e delito so palavras sinnimas (art. 1). A imputabilidade

    penal comea aos 14 anos com pletos (art. 10, 1), devendo os m enores

    de 14 anos, qu ando obrarem com discernimento, ser recolhidos s casas

    de correo no mximo at os 17 anos (art. 13). A inimputabilidade

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

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    por insanidade mental isenta de pena, podendo o agente ser entregue

    famlia ou aos cuidados de estabelecimento apropriado (art. 12). O

    ressarcimento do dano foi regulado nos artigos 21 a 32. O sistema das

    penas simples (artigos 33 a 60). Entre as penas, encontra-se a de

    morte pela forca; a pena mais grave, entre as que consistem na privao

    da liberdade, a de

    gals,

    que consiste no trabalho forado, levando os

    condenados calcetas aos ps e corrente de ferro, juntos ou separados

    (art. 44.) A pena de aoites pode ser aplicada em alguns

    casos;

    todavia

    somente contra escravos (art. 60). As penas impostas por sentena

    aos rus no prescrevem em tempo algum (art. 65). O fato de

    cooperarem diversas pessoas para a perpetrao de um delito constitui,

    por si s, motivo de agravao da pena (art. 16, 17).

    A respeito do Cdigo Penal de 1830, no Compndio de Direito Penal

    que escreveu com Nelson Hungria, anotou Roberto Lyra que "foi o

    primeiro Cdigo autnomo ecaracterstico daAmrica Latina,servindo de

    base ao Cdigo Espanhol de 1848, ao

    Russo,

    elegislao latino-americana

    em geral. O

    recm falecido professor

    Ladislau Thot, de La P lata, assim

    caracterizou

    o

    Cdigo

    de 1830: 1) sua

    importncia

    se exerceu, antes de

    tudo,

    no direito comparado, dada a sua forte influncia nas legislaes

    espanhola elatino-americana at aosnossos dias; Z) no ponto de vista

    poltico-criminal,

    oCdigo de 1830 era, emtodo o mundo, um dospoucos

    Cdigos dosculo XIX com acentuada orientao poltico-criminal; 3) no

    ponto de vistadogmtico histrico, oCdigo doImprio foi, na Amrica

    Latina, o

    primeiro Cdigo efetivamente nacional

    e prprio.

    Victor Foucher verteu oCdigo de 1830,considerando-o obra completa

    e de

    forma impecvel. Diz-se

    que Hans

    e Mitermeyer aprenderam

    a

    lngua

    portuguesapara oseuestudo, to generalizadas se tornaramasua projeo

    e a sua nomeada.

    A originalidade, a que sereferem os crticos, no foi to completa, pois

    o

    Cdigo

    de

    1830 consagrou idias

    de

    Bentham

    e

    aceitou

    o

    padro francs

    de 1810 e o napolitano de 1819, que, por sua vez, resultam de fontes

    romanas, germnicas e cannicas. Quanto imprescritibilidade das penas

    pronunciadas contra condenados,

    indenizao

    do dano

    decretada

    pelo

    prprioJuiz Criminale antecipao da teoria positiva da cumplicidade,

    ningum contestar oadiantamento e aindependncia doCdigo de 1830.

    Jos Hygino nota que, antes dapublicaoda lei belga, j osistema de

    responsabilidade sucessiva noscrimes deimprensa seachava preconizado

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

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    inteiramente no artigo 7 do Cdigo de 1830, de sorte que, com melhor

    direito, sep>oderia denominar sistema brasileiro."^

    desse significativo e precioso diploma legal que cuida Antnio

    Luiz Ferreira Tinco , averbando aos seus artigos, no seu

    Cdigo Criminal

    doImp>rio doBrazil Annotado,

    notas e julgados, que do singularidade

    obra, principalmente em um tempo de discursos.

    E evidente o seu intento de contribuir para a consolidao da

    jurisprudncia dos Tribunais Superiores e, desse modo , para a segurana

    jurdica, como registra O. H. D'Aquino e Castro, em 3 de maro de

    1886,

    no prefcio do livro, editado no mesmo ano de 1886, pela

    Imprensa Industrial, no Rio de Janeiro.

    O autor do

    Cdigo Criminal doImfriodo Brazil Annotado

    nasceu na

    cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, em 8 de maro de 1843 e,

    no ano de 1865, depois de ter concludo o curso de humanidades,

    matriculou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, bachare lando-

    se em Cincias Jurdicas e Sociais, em 12 de maro de 1866.

    No ano seguinte, foi nomeado Promotor Pblico em Maca, no

    Estado do Rio de Janeiro, e, a 7 de maio de 1866, suplente de Juiz

    M unicipal do Termo de Cam pos. Em 26 de julho de 1867, foi transferido

    para Barra de So Joo, ou So Joo da Barra, onde foi nomeado Juiz

    Municipal e de rfos.

    Aos 19 de fevere i ro de 1873, re tornou Promotor ia e ,

    posteriormente, dedicou-se magistratura.

    Promovido a Juiz de Direito, atuou na Comarca de Santa Cruz, no

    Estado do Esprito Santo, e nas Comarcas de Rio Lambari, Rio Grande

    e de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais, at ser promovido ao

    cargo de Desembargador do Tribunal de Relao, onde a tuou na Cmara

    Civil e foi seu Vice-Presidente.

    O magistrado Antnio Luiz Ferreira Tinco tambm se dedicou ao

    ensino superior, tendo ocupado a ctedra de Direito Civil, de 1902 a

    1903. Em 11 de setembro de 1904, passou para o cargo de Professor

    Substituto de Direito Criminal, sendo promovido, em 5 de maro de

    1908,

    a Catedrtico de Direito Criminal da Faculdade de Direito de

    Belo Horizonte.

    Permaneceu no magistrio at seu falecimento, ocorrido aos 2 de

    julho de 1913, em Belo H orizonte.

    "inDireito Penal Parte Geral, Livraria Jacyntho, Rio de Janeiro, 1936, p. 399/400.

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    Antnio Luiz Ferreira Tinco, autor doCdigo Criminaldo Imfrio

    doBrazil Annotado, magistrado e professor, viveu, por conseqncia, o

    estudo e a aplicao do direito penal, o que nos garante uma segura

    viso da realidade penal do ltim o quartel do sculo XIX.

    Sua obra, na coleo

    La

    Lgislation Pnale Compare, feita publicar

    pelaUnion InternationaledeDroit PnaP, integra o seu elenco bibliogr

    fico e merece citao doutrinria, tendo hoje, mais do que nunca, a sua

    importncia avultada, quando mais intensamente se reflete sob a

    constitutividade da jurisdio na produo da norma de direito, e se faz

    instigantem ente induvidoso, como temos sustentado, que o direito na

    vida, nos seus sujeitos concretos, existentes aqui e agora, e no nas suas

    formas legais, apenas um dos elementos do fenmeno jurdico.

    Conhecer, na histria, o existir social do direito, principalmente do

    direito penal, contribui para desvelar-lhe a realidade e afastar mitos e

    ideologias de dominao, preparando a redescoberta de que no a

    positivao do direito pelo Estado que lhe funda o ser e a existncia,

    reencontro certamente indispensvel definitiva superao dessa viso

    do direito como mero instrumento de controle estatal, odiosamente

    neutro e aberto a todo projeto de vida social do homem, ainda que diri

    gido a suprimir-lhe a realizao como pessoa, condenando-o tragdia

    do nada, cuja encenao no mais pode ter lugar no tempo presente.

    Ministro Hamilton Carvalhido

    ^

    O Brazil na Legislao Penal Comparada (Direito Criminal dos Estados Extra-

    Europeus), segunda pa rte, p. 39 e43 ,Imprensa Oficial, Rio de Janeiro, 1911).

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    Cdigo Criminal do Imprio do Brazil

    Annotado pelo juiz

    de

    direito

    A.nto7hio Luiz Ferreira T'TL>OCO

    O novo c om m en tario feito ao Cdigo Cri

    minal do Brazil pelo digno m agistrado acim a no

    meado, vem dar mais uma prova do interesse

    e

    aproveitamento com que entre ns se dedicam

    os hom ens da sciencia ao estud o da legislao

    criminal.

    Diversos trabalhos teilios j sobre o mesmo

    assumpto, demonstrando os louvveis e cont

    nu os esforos em pregados em bem do desenvol

    vim ento e fcil co m pre he ns o das do utrina s con

    sag rada s no nosso cdigo ; ma s, nem por serem

    m uitos os cu ltores , deixa de ser ab un da nte a

    msse oferecida a infatigavel ac tiv idad e do s es

    tudiosos, e, pois, bem acolhido seja o novo livro,

    de incontestvel valor theo rico e p ra tic o , e po r

    isso mesmo digno de ser inscripto nos reg istros

    da nossa litteratura jurdic a.

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

    23/605

    11

    No ha no corpo da legislao geral ponto

    que pela sua importncia erdirecta influencia sObre

    as relaes socies mais atieno e cuidado deva

    merecer da parte do legislador e d jurisconsulto,

    do que aquelle que tem por objecto definir a

    nature za, extenso e gravidade do c rime, e m arcar

    a. justa medida e exa cta pr o po r o da pena que

    lhe correspondente,

    O perfeito conhecimento da lei criminal

    a condio essencial de que depende a efFeCti-

    vidade de suas salutares disposies. Ponde o

    texto da lei, diz Beccaria. entre as mos de

    todo o m und o, e notareis que tanto m oor ser

    o numero dos criminos's, quanto maior for o

    dos homens que o t iverem lido e comprehen-

    dido.

    As leis penaes, acrescenta Livingston, no

    tve l criminalista e legislador, deve riam ser p r o

    mulgadas de mod o que podessem ficar grav ada s

    no espirito do p o vo , sendo pa ra esse fim n o

    s publicadas, mas ensinadas nas escolas publicas

    em poca certa e de todos conhecida.

    Ha mais de meio sculo foi promulgado o

    Cod. Griminal do Brazil, amadurecido fructo da

    sabedoria, reflexo e estudo dos nossos legisla

    dores ; suas disposies, em geral, se conformam

    com os prinipios da sciencia e resguardara os

    legitimos interesses da sociedade ; fora , porrti,

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

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    l l l

    reco nhe cer q ue em mais de um po nto nece ssitamd e

    radical emenda, que vetilia corrigir os erros e defei

    tos denunciados pela practica de to longos annos.

    E ' neste sentido pa rticularm ente reco m m en-

    davel o trabalho que examinamos, pois que, dando

    no ticia das duv idas qu e se tem suscitado na ap-

    plica o da lei, e referindo o m od o por que tem

    sido solvidas, ofFerece larga base e abundante

    subsidi-^ para as refrni^ que houverem'de ser

    feitas de accordo com as exigncias do tempo

    e progressivo desenvolvimento das idas.

    O cdigo ainda con tm em suas paginas a

    m onstruosa pena de m orte , os b rb aro s aoites

    e aviltantes gals, e tant basta para que no possa

    mais susten tar a qualificao que lhe foi d ad a em

    po ca rem ota de ultima expresso da peiialidade

    m od erna , O m und o marcha*, e bem diversas so

    hoje as co ndi es em que se acha con stituda a

    sociedade moderna.

    Ao regimen penitencirio somente, como su

    premo aperfeioamento da civilisao em matria

    de legislao pen al, na ph rase de R . R ola nd ,

    poderia agora caber a honrosa qualifaO dada

    ao systema seguido pelo cdigo de 183o.

    O estudo e a experincia tem firmado as ver

    dadeiras bases do direito de punir, assignalando o

    justo fim das pe na s, e a misso do ieg isla do rn a

    adopo de medidas que asseguram a effectiva

    represso dos crimes.

  • 7/26/2019 Antnio Luiz Ferreira Tinco. Cdigo Criminal Do Imprio Do Brazil Annotado

    25/605

    rr

    A igualdade bem entendida, a liberdade sa

    biam ente regulada caracfrisam o asp ecto do

    direito penal moderno.

    Nossos costumes, profundamente modifica

    dos pela civilisao, j no toleram, como bem

    diz o autor do

    Espirito do Direito Criminal,

    essas

    terrveis expiaoes que se mantinham sob a razo

    de ex trema necessidad e social ; no pr es en te,

    cum pre exercer sobre os ho m ens em 'revolta

    co nt ra as leis sociaes um a influencia m oral, b en

    fica e reparadora, de tal modo eficaz que induza

    a repre sso sem a intil crueza das penas excessi

    vas . No o rigor dos supplicios, mas a certeza

    da pena o que influe para a represso dos Crimes.

    A regenerao do culpado, mais do que a dor

    e o sofrimento physico, o que constitue o grande

    empenho da reforma penitenciaria.

    Na luta incessante do po der social co ntra o

    crim e, a soc ieda de, ferindo, deve ao m esmo

    tem po pr oc ur ar preven ir e melhorar ; corrigir e

    rehabilitar.

    Sob a influencia destas novas doutrinas, que

    acham na sciencia penitenciaria a sua mais alta

    expresso, o direito criminal transforma-se, e

    licito esperar que o nosso regimen penal ven ha a

    seguir o sy.^iema ad optado pelo Congresso Inter

    nacional de Londres no exame e discusso das

    questes penitencirias.

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    V

    o commntario do Sr. Dr. Ferreira Tinoco,

    no fundo, mais pra ctic do que the oric o ; cllec -

    cionando as decises dos Tribunas Superiores,

    em seguida a cada um d os artigos ex am ina do s,

    tem por fim consolidar a jurisprudncia dos

    mesmos Tribunaes, sem omilt ir , quando tem por

    necessria, a analyse critica e reflectida das ques

    tes de doutrina pertinentes ao caso julgado.

    Muitas vezes a interpretao doutrinai as

    Consultas do Conselho de Estado as decises do

    G ov erno , e o pare cer dos jurisconsultos vem

    esclarecer as duvidas levan tadas na co nte sta o

    do direito, facilitando o estudo a applieao d

    lei.

    O cuidado com que pro cu rou o comnlen^

    tad or evitar as nu llidades dos julgamen tos crinli-

    naes, dando a norma seguida pelos Tribunaes

    pa ra que exacta e regularm ente possam ser to

    m ad as as decises judiciaes, bem dem on stra o

    perfeito conhe cimento que tem o m agistrado da

    im portn cia das formulas no julgamento dos p ro

    cessos.

    E' verdade, infelizmente, que a jurisprudncia

    dos Trib una es ainda varia e ince rta, co m o

    especiaes as circum stancias que a determ inam ;

    to grave inconveniente teria desapparecido si

    se houv esse da do ex ecu o Lei de 23 de O u"

    tubro de 1875 que encarregou o Supremo Tri-

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    VT

    bunal de Justia da misso de tomar assentos,

    firmando a intelligencia as leis qu an do na exe

    cuo dellas occorrem duvidas manifestadas por

    julgam entos diverg entes ; m as, no foi a lei at

    hoje cum prida , e perdu ra o mal que com justifi

    cada razo se procurou remediar.

    E', entretanto, ou deveria ser, a intelligencia

    practica dos T rib un ae s, proa un igda na deficin

    cia ou lacuna do dir eito , o mais segu ro'hicio de

    descohrir-se a boa razo das leis e dar-lhes a

    devida appiicao.

    A jurisprudncia dos arestos, autorisada pelas

    leis Romanas, //s

    honora*'ium

    observad a na

    Inglaterra e na F ra n a , desde o sculo xii, con-

    stitue no conceito dos pra ctico s, um verd ad eiro

    supplemento de legislao, cujo auxilio jamais

    poder ser dispensado. E' o principio reconhe

    cido pelo Assento de 23 de Maro de 1786, quando

    decla ra ser a intelligencia da lei confirm ada pela

    prax e e estylo de julgar, e deciso dos ares tos o

    melhor interprete das leis, e seguida universal

    mente pelos doutores, devendo servir para re

    gular os casos occorrentes no foro.

    Assim, bem fez o annotador do cdigo jun

    tando numerosos arestos para intelligencia e me

    lhor apreciao das disposies commentadas.

    Escrever no propsito de explicar a lei e

    fazel-a conhecida, apontando as difficuldadesen-

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    28/605

    VII

    con trada s na pra ctic a, co nc orre r para que seja

    a lei executada do melhor modo. Trabalhos desta

    ordem so sempre proveitosos, especialmente tra

    tand o-se de assu m ptos regu lados pelo Direito Cri

    minal, de to gran de e imm ediato interesse p ar a

    a sociedade inteira.

    Quereis prevenir os crimes, dizia Fayet, no

    seu

    Ensaio sobre a

    Estatstic.1

    intelleclual,

    fazei com

    que a liberdade m arc he esclarecida pela luz da

    sciencia.

    Derramai profusamente a instruco sobre

    o povo, e ao benfico influxo desse poderoso

    elemento de civilisao, vereis desapparecer a

    ignorncia e o erro, o vicio e o crime que o

    ac om pa nh a, restabelecendo-se a ordem e firman-

    do-se o dom inio da lei, indefectvel com o a jus

    t ia, invarivel como apropria verdade.

    Rio,

    3 de Maro de 1886.

    O. H. dAquino e Casto.

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    CDIGO CRIMINAL

    DO

    I I s^ I^ER.IO IDO lBT=LJi^ ^XT-,

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    CDIGO CRIMINAL

    DO

    l lP'i8@

    m

    g ^ l l L

    ANNOTADO

    P E L O J UIZ DE DIRE IT O

    Cyt-nZ-a^^^-a^^^-Z' cy^^^e-^tz

    SZ

    -cti-

    RIO DE JAN EIRO

    Imprensa Industr ia l

    R ua da A juda n .

    11

    Estabelecimento fundado em 1805

    1 8 8 @

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    AOS ILLMos E

    EXMOS,

    SRS .

    .oigelliw

    r.

    \mkmmidtB h mnk

    pereira junicr

    on^#lii{0 ]

    jij,

    | |an o4 l Mtonio pa ii ^ i |

    %(VO

    T r i b u t o d e g r a t i d o

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    ADVERTNCIA

    CoUeccionei decises jjroferidas pelos Tribanaes

    Superiores, e algumas sentenas de Juizes de primeira

    instncia, sobre o nosso Cdigo Penal, sem intenfio

    de publicar esse trabalho.

    O utro foi o meu fim: ter mo um consu ltor,

    que,

    com economia de tempo, mostrasse a jurispru

    dncia firmada pelos Tribunaes.

    Julguei necessrio proceder com methodo e me

    pareceu preferivel

    o

    de annotaes aos artigos do

    Cdigo, afim de prestar a desejada utilidade.

    A' jurisprudncia addicionei algumas questes

    practicas, freqentes no foro.

    Aventurando-o agora publicidade, por conselho

    de amigos, conto com a indulgncia dos doutos.

    A.

    L. Ferreira Tinco.

    Formiga, 1885.

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    CDIGO CHIMIUAL

    DO

    I M P E E I O D O B R A Z I L

    PARTE PRIMEIRA

    Dos crimes e

    das

    penas

    TITULO

    I

    Dos crimes

    C A P I T U L O I

    Dos crimes e dos criminosos

    Art. 1. No haver crime ou delicto (palavras

    synonymas nesle cdigo) sem uma lei anterior qne o

    qualifique. (1)

    A rt. 3." Julgar-se-ha crime ou de lic to :

    1.** Toda a aco ou omisso voluntria contraria

    s leis p en ae s;

    (1) Neste art igo consagrou o legislador o principio da

    no retro activ ida de das leis, j estabelecido no ar t . 179 3."

    da Co nstituio do Im prio , e seguiu o axionia de dire ito

    criminal

    millum ii.meii sine lege,

    tend o em vista o prin

    cipio de eterna justia

    lex moneat prius (juam feriat

    /

    completando a disposio com a do art . 33.

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    10

    2. A tentativa do crime, qu ando fr manifes

    tada por actos exteriores (2) e principio de execuo,

    qne no teve eeito por circnmstancias indepen den tes

    da vontade do delinqen te ; ( 3 )

    JSo se r pun ida a tenta tiva do crim e ao qu al no

    esteja imposta maior pena que a de do ns mezes de

    priso simples, ou desterro para f(5ra da comarca.

    (2) O pensamento, embora criminoso, no

    ^^t

    sujeito

    represso socia l

    cor/itationis 23(JBnam neino patitur

    D ig.

    fr. 18, de psenis.

    (3 ) Questes :

    PEIMEIBA.

    Dev e ser punida a tentat iv a de um crime

    impossivel n a sua realisao ?

    Para que a tentativa de um crime seja punida ne

    cessrio possibilidade de ser elle realisado.

    Si ha impossibilidade do fim, no pde haver crime.

    A tentativa 4 o principio do delicto e no se comea

    seno o que possvel, no podendo-se fazer em parte o

    que impossvel.

    Supponha-se, como figura Bertauld, um indivduo que

    querendo corametter ura crime de homicidio, arma-se de

    um punhal, entra no quarto em que julga estar a victima

    e, s escui-as, descarrega o golpe sobre um cadver. Ha tenta

    tiva de assassinato ?

    A vo ntad e crim inosa existiu, mas o resultado, o fira

    a bsolu tam ente im.possivel de realisar-se. A te n ta tiv a d o

    comeo da execuo e repugnante ao bom senso o assassinato

    de um cadver. Como, pois, dar-se o comeo desse assassinato ?

    N o ha mais que simulacro de crime, que no pde ser

    punido como realidade desse crime ou dessa tentativa.

    SEGUNDA. De ve ser punida a ten tat iv a de um crime

    impossivel em virtu de dos meios emp regados ?

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    1 1

    A ten tat iv a, di- R oss i, am comeo d e execu o e n o

    pde lle dar-se quando se prope fazer o qne possvel

    po r meios abso lutame nte fora de prop oro com o fira.

    Si nisso no ha loucura, p de hav er perv ersidad e mo ral

    acom panh ada de igno rncia ou erro ; ma s, no se pde co

    m ea r seno o que 6 possvel, po rqu e a ida de comeo snp p e

    a possib ilidade de che gar-se ao fim p or ap plica o m ais ou

    menos prolongada do meio,

    A resoluo cr iminosa do agente certa, mas no existe

    nm mal m^tei ial a punir-se.

    Si,

    porm, os faetos denunciados como tentat iva (quer

    nesta, quer na hypothese da prim eira qu es to ) const i turem

    crimes sui f/eneris, 6 ento o ag en te por elles respon svel e

    deve ser punido.

    T E R C E I R A .

    E m que termo s devem ser formu lados os

    ques itos ao jury sobre a te n ta t iv a?

    Eis como tm julgado os nossos tr i b u n ae s:

    . . . . Fo i i r regularmente feito o ques i to sobre a tenta t iva

    concebido em termos vagos e indefinidos, quando cumpria,

    na frma do a rt . 2." 2." do O od . Cr im ., especificar-se as

    circumstancias que determinaram a tentat iva do cr ime de que

    se tra ta . Pe lo m odo por que foi formu lado o quesito, veiu

    submetter-se ao jury uma questo de direi to, quando s pde

    elle pi 'onunciar-se sobre questes de fac to. R ei . de S. P a u lo .

    A p p .Crim. n. ] . A c. de 17 de M aro de 1874. A pp ellan te M i

    guel Franc isco L opes, e A ppellad a a Ju st ia . D irei to, v ol . 4.

    . . . M andam que seja o ro sub m ett ido a novo julga

    mento, em razo do modo irregular por que foi feita a primeira

    serie de quesitos, propondo-se no primeiro uma questo de

    direito nas expresses

    tento u m at ar ; fal tando-se no se

    gundo com os caracter s t icos da tentat iva do cr ime, indicados

    no art. 2." 2." do Cod. Crim. R ei . de S. Paulo . A pp . Crim .

    n. 170. Ac . de 11 de Ab ri l de 1876. A ppe llante Jo aq uim

    Ribeiro, e Appellada a Just ia. Direi to, vol . 11.

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    12

    . . . Concedem a revista por nuUidad manifesta do pro

    cesso, pela fal ta de formula subs tancial, pro ven iente da iiTe-

    gu larid ad e com que se propoz ao ju ry o quesito sobre a tenta

    tiva, porquan to no da competncia d o ju ry de cidir s houve

    ou no ten tativ a, po r ser questo d e dire ito, e sim verificar a

    existnc ia do s facto s que a con stitue m , na frma d o art , 2.

    2." do Cod. Crim ., e por isso sobre estes factos que o

    juiz de d ireit o d everia formular os seus quesitos ao mesmo

    jury, para, vista de suas respostas, conhecendo, pela appli-

    cao da lei e regras de direito, que se deu a tentativa,

    impor a respectiva pena; pois de outra frma se viria a

    da r aos jur ad os , meros juizes d e facto , co ntra to do o dir eito ,

    a attribu io de decidir uma das questSes mais im porta ntes

    da jurisprudncia criminal. Sup. Trib, de Just. Rev. Cr. n. 1662.

    A c. de 24 de O utub ro de 1860. Re cor ren te M atheus V ieira

    Cardoso, po r seu escravo .Joaquim, e R ec or rid a a Ju sti a .

    A R ei. do Maranho, design ada p ara rever o feito, por

    A c.

    de 26 de Outubro de 1861, concordou e mandou submetter

    o processo a novo jury.

    . . . Concedem a revista a pedido do julg am en to, de que

    se recorre> porq uan to... deixaram de ser obs erva das as dispo

    sies dos ar ts . 58 e 59 da Le i de 3 d e D ezem bro de 1841,

    que contm formulas substanciaes ; 1." porque, sendo o facto

    criminoso, articulado no libello, o da tentativa de morte,

    .sobre elle de ve ra versar a prim eira que sto pro po sta aos ju-

    j-ados na frma prescripta no cita do art. 59, e no sobre o

    ferimento feito pelo recorrente, que , no ob sta nte ser em si

    mesm o ura facto criminoso, foi artic ula do como elem ento da-

    quelle out ro ; 2." porque, sendo condies essenciaes da ten ta

    tiva criminosa e punivel, o ser manifestada por actos exteriores

    e principio de execuo ; no ter esta efEeit por circum-

    stnc ias inde pen den tes da %rontad do delin q ente , conforme

    tambm ao j citado art. 58, cunipria ao juiz de direito propor

    quesitos especiaes sobre cada um dos factos qualificados como

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    ac tos exterio res e prin cipio d e 'xecuo, e be m assim sobre

    as circumstancias independen tes da von tade do delinqe nte,

    pelas quaes no tev e efeito o del icto , por serem ques tes de

    facto necessrias par a poder elle fazer a applicao do direito ,

    e que no podiam ser s ub stitu da s pelo 4." quesito por ser

    intencional e complexo. Sup. T ri b. de J us t . R ev . Crim .

    n. 2037. A c . de 14 de Setem bro de 1870. R eco rren te Jo o

    Francisco dos Santos e R eco rrida a Jus tia, (a) Re vis ta Ju

    rdica, 1871.

    . . . M andam que o appellado volte a novo ju ry e annul-

    lam o julgam ento.. . 3." porq ue, articulan do-se no libello que a

    offensa physica fora gra ve , o que faz ver o c orpo de de lict o,

    importava propor-se questes naquelle sentido, em vista do

    art. 367 do Reg ula m ent o n. 120, de 31 de J an ei ro de 1842,

    dando-se assim liberdad e ao conselho par a conhecer de um

    crim e, cuja existncia pode ria reconhecer, e neg ar a te n ta ti va

    de m orte . R ei. de Po rto Ale gre. A pp . Orim. n. 61 . A c. de 29

    (a)

    Nilo

    tem razUo o Venerando Tribunal. O juiz de direito, for

    mulando o primeiro quesito sobre o ferimento, embora o crime arti

    culado no libello fosse o de tentativa, do qual elle elemento, procedeu

    bem, observou a disppsiSo do art. 367 do Regulamento n. 120, de 31

    de Janeiro de 1842,

    A circumstancia do ferimento nSo absolutamente connexa e

    inseparvel da tentativa, que no possa existir Ou subsistir sem ella ;

    e, para dem onstrar basta a seguinte hypothese :

    Supponha-se que o juiz de direito tivesse feito o primeiro quesito

    sobre a tentativa, articulada no libello, como quer o Tribunal e dei

    xasse de perguntar sobre os ferimentos e sua gravidade. Negando o

    jury primeiro quesito, o da tentativa, estafia o ro absolvido, quando

    poderiam ser-Uie applicadas as penas do art. 201 ou as do art. 205,

    do Cod. Crim.. si se tivesse proposto quesitos sobre os ferimentos e

    sua gravidade.

    O Ac. da Re), de Ouro Preto, de 13 de Julho de 1875, citado na

    nota, explica a formula regular dos quesitos.

    Esta observao relativa ao primeiro fundamento do acrdo.

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    14

    de Maio de 1875. A p p e l l a n ta -a Jus t ia , e Appel lado Joa

    quim An tnio de A nd rad e. D ire ito , vol. 7."

    . . . M anda m que o ro seja sub m ettido a novo julga

    m ento, po rqu anto ... 2. o juiz de direito nos quesitos a rticulou

    a ten tativ a do hom lcidio, sem ter feito que sitos sobre feri

    mentos, devendo com ear por estes, articulan do em seguida

    sobre a gra vid ad e e depois sobre os factos constitutivo s da

    tentativa. Rei. de Ouro Preto. App. Crim. n. 96. Ac. de 13 de

    Julh o de 1875. Appe llante o Juizo, e Ap pellado Jos Lou-

    reno Marques. Direito, vol. 10.

    . . . Au nullam o julg am ento ; po rqua nto no acha-se re

    gula r o quesito sobre a ten tativ a do crim e, no expressando

    com pletam ente os elemen tos constitutivo s, segund o o art. 2.

    2."

    do Cod. Crim. Demais, observam que antes da questo da ten

    tativa devera propor os quesitos complementares do facto

    principal; na espcie conce''rnente gravidade das ofensas

    physicas. R ei. de S. Pa ulo . A pp . Crim. n. 193. Ac . de 13 de

    Ju nh o de 1876. Ap pellan te o Ju iz de Dire ito, e Ap pellado

    Joo Pinto Godoy. Direito, vol. 11.

    . . . Ju lg am nullo o processo per ante o jur y, atte nta a

    deficincia e irregularidade do primeiro quesito, que versando

    sobre o facto principa l, a ten tativ a, faltou-lhe o seu comple

    m ento se a m orte deixou de realisar-se por circum stancias

    independentes da vontade do ro. Re i . de Ouro Pr eto . A pp .

    Crim. n. 48. A c. de 12 de Maro de 1875. A ppe llante Po ly -

    doro de Oliveira Salles, e Ap pellada a Ju sti a . Direito,

    vol. 7.

    . . . AnnuU am o julgam ento por haver o juiz de direito

    englobado no primeiro quesito duas questes distinctas, quando

    deve ra pe rg un ta r, 1. se o ro fez os ferim en tos ; 2." se com

    elles tentou matar. Rei. da Corte. App. Crim. n. 3212. Ac, de

    1 de Maio de 1860. Revista Jurdica 1866.

    . . . N eg am provim ento app ellao interposta, em

    razo de no ter hav ido preterio de form alidade algum a

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    substancial , que possa importar nuUidade do summario e

    nem do plenr io, (b) Rei . de Ouro Preto, Ac. de 13 de

    No vem bro de 1874. Ap pel lan te Fel icio Antnio Floren-

    ciano, e A ppe llada a Ju sti a . D ireito vol. 8."

    . . . Con cedem a rev ista por nullida des m anifesta s do

    processo, c o m o : . . . 2., o juiz de direi to form uland o o

    segundo quesi to, que subm etteu ao exame e resposta dos

    jura do s, conformou-se cora o n. 49 do form ulrio , que a cir

    cular do ministrio da justia de 23 de Maro de 1855 man

    dou que fosse ex ecu tado p elos juizes, tr ib un ae s e auto ri

    dad es po liciaes ; m as o referido juiz de dire ito, pa ra m elhor

    cu m pr ir o ar t. 2." 2. do Cod . Crini., d ev ia p ro po r sejjara-

    dam ente todas as circum stancias , que se dera m c ons t i tut ivas

    do crime de tentativa de homicdio, afim de que os jurados,

    respondendo a cada um a del las- p ronunc iassem o seu vere-

    dictum sobre o facto com suas especificadas circumstancias,

    e desta a r te hab il i tassem o juiz de direi to a applicar- lhe

    lei , absolvendo ou condemnando o recorrente. Sup. Trib.

    de Jast. R ev . C rim. n. 2055 A c. de 1 de M aro de 1871.

    Recori-nte Hon orio Co rra R an ge l , e R eco rr ida a Ju s

    t ia. Re vista Ju rd ica 1872.

    . . , /ulgam improcedente a appellao por no haver pre

    ter io dc formulas substanciaes do processo. R ei . da C o rte .

    A c .

    de 16 de Ma io de 1873.

    M anifestada a revista, o Suprem o Trib un al , por A c. de

    5 de Nov emb ro de 1873, denegou-a p or no ha ve r injust ia

    (b) O quesito fri formulado pelo juiz de direito assim

    : O

    ro

    F.. . deu um tiro derswolver em F .. ., como consta do auto de corpo

    de delicto, tentando dcsta sorte matal-o, manifestando a "sua inteno

    por actos exteriores e principio de execuo, que nao teve effeito por

    circumstancias iudependentss da vontade do mesmo ro ?

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    notria, nem nullidade manifesta (c) Rev. Crim. n. 2145.

    RecorrenteManoel Ignacio das Chagas, e RecorridoAn

    tnio Jos de Oliveira Pinho. Gazeta Jurdica, vol. 1."

    O formulrio, mandado observar pela circular do minis

    trio dos negcios da justia de 23 de Maro de 1855, traz

    o quesito, sobre a tenta tiva do homicdio, por esta fo rm a:

    O ro comraetteu o facto criminoso com a circums-

    tancia de haver tentado contra o paciente para matal-o, isso

    manifestando por actos exteriores e principio de execuo,

    que no teve eflfeito por circumstancias independentes da

    vontade do mesmo ro ?

    V-se que o organisador do formulrio, afastando-se da

    opinio de Blanche, que diz poder o juiz substituir os ter

    mos da lei por outros equivalentes, seguiu a de Chauveau

    e Hlie, que assim se exprimem: Nos primeiros tempos,

    depois da promulgao do odigo Penal, havia alguma in

    certeza a respeito na jurisprudncia da Corte de Cassao;

    mas hoje ella uniforme. O juiz deve escrever os quesi

    tos nos termos, em que a lei se enun cia ; no pde subs-

    tuil-os por outros equivalentes ; deve chamar a attenco ds

    jurados para as circumstancias constitutivas do crime e para

    as differenas que as distinguem.

    A jurisprudncia dos nossos tribunaes, como >-se dos

    julgados transcriptos, no uniforme.

    Algumas vezes acceita o quesito, como vem no formu

    lrio,

    seguindo a opinio de Hlie e Chauveau ; e ou tras, de

    clara ser a disposio do ar t. 2. 2." do Co. Crim. com-

    (c ) Os quesitos foram assim formulados:

    1.O roF...disparouumtiro emF..., produindo-llie o ferimento

    constante do auto do corpo de delicto?

    2i O ro por este meio tentou contra a yida do offendido, ma

    nifestando a sua inteno por actos exteriorjs e principio de exe

    cuo, que no teve effeito por circumstancias independentes da von

    tade do mesmo ro?

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    1 7

    3.** O abuso de po^er, que consiste no uso do

    poder (conferido por le i) con tra os interesses pblicos,

    ou em prejuizo de par ticula res, sem que a utili da de

    pub lica o exija ; ( 4 )

    4. A ameaa de fazer algum m al a algum . ( 5 )

    Art 3. No hav er criminoso ou de linqe nte sem

    m f, isto , sem conhecimento do m al e inteno de

    o praticar, (6 )

    plexa, contendo questes, que no so absolutamente connexas

    e inseparveis, e que, portanto, deve o juiz formular os que

    sitos de m aneira que com preh end am os tr s elem entos, sepa

    rando as questes, que so dis t inctas , porque, formulando que

    sito em termos genricos e vagos, o que aconteceria pro sed en do

    como vem no formulrio, vir ia o jury conhecer de questo de

    dire ito co ntra a expressa disposio do art . 58 da L ei d e 3

    de De zem bro de 1841, qualificando o cr im e, qua nd o som ente

    lhe com pete pronun ciar-se sobre os factos que o co nstitue m .

    Temos sempre proposto ao jury o quesi to sobre tentat iva

    de hom icdio, como vem no formulrio, e assim pro ced em os'po r

    entenderm os que no sujei tamo s sua aprecia o e deciso

    questo de dire ito e sim de facto , ejcplicada pela s pa lav ras

    isso ma nifestando por actos exter iores e pr incipio de ex ecu o,

    que no teve effei to por circumstancias independentes da von

    tad e do mesmo ro , que esto ao alcance da intel l igencia

    dos jurados, nos quaes a lei exige certa discrio e bom

    senso.

    ( 4 ) um a these de dir eito . O cdigo refere-se ao abu so

    de poder prat icad o por em preg ad o publico, estand o mencio

    na da s as h ypo theses na par te especial.

    ( 5 ) ou tra these de dire ito. N o art . 207 d iz o que seja

    ameaa.

    ( 6 ) A dou tr ina deste ar t ig o, diz o Aviso de 14 de A br i l

    AKN. AO COD. CRIM INAL $

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    18

    de 1858, acha-se es ta tu id a nos ar ts. 10 e 13, em que esto

    apontadas todas as hypptheses legit imamente compreliendidas

    nesta disposio, que gen ric a e sobre a qua l no conv inha

    propor quesito em termo to vago e indeterminado.

    Sobre a m atria deste artig o tm os nossos trib un aes se

    manifestado, como ve-se das seguintes decises :

    . . . N o se pod e pro por quesito sobre a m at ria do

    art. 3." do Cod. Crim., po rqu e semelhante q uesto no im po rta

    declara o de facto. O ar tig o contm um a these de (xireito ap-

    plicavl s hypotheses, que occorrerem mencionadas no cdigo

    e que devem ser verificadas no processo c combinadas cora elle

    pa ra que lhes seja ap plicavel. Rei . da C orte. Ac. de 23 de Ag osto

    de 1850. Sup . T ri b . de Ju st . R ev . Crim. n. 188S. A c. de 25 de

    Ju lh o de 186G. R ec orre nte Jo o da Fonseca e Silva, e R e

    corrido Jo o Soares de Mace'do. Rev ista Ju rd ica 1869.

    . . . As autor idades , que procedem contra le i expressa ,

    ficam isentas de pena, si assim fazem sem m f. Rei. da Corte.

    A p p .

    Crim. n.

    7903.

    A c. de 20 de M aro de 1874. Ap pe llau te

    Luiz Gomes M oreira e Souza, e A ppellad o Serafim Pe reir a

    Ram os, subdelegado de policia de S. Jo o da Ba rra. Direi to,

    vol, 4." Rei. de Ouro Preto. Ac. de 14 de Maio de 1875. Appel-

    lante a Just ia , e App el lado Fe rnando Octavio da Cunha

    X avier , delegado de policia de P itan gu y. D irei to , vol . 11.

    Re i .

    da Co rte. A pp . Crim . n. 8005. A c. de 20 de Fe ver eiro

    de 1874. A ppe llante a Jus tia , e Ap pellado o Dr. Jos

    Fo rtun ato da Silveira Bulco Jnior, juiz mu nicipal do termo

    de Barra Mansa. Direito, vol. 4."

    Parece-m e que a jurisp rud ncia segu ida pelas Re lae s

    da Corte e de Ouro P re to , nos lt imos julgados m encionados,

    no se conforma com a lei. N o era caso de indag ar-se se

    os delinqentes proce deram com m f ou no.

    Os juizes, nom eados pa ra execu tarem as leis, si as infrin

    gem, devem ser passveis de pena ou admoestao, conforme o

    facto.

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    19

    A rt. 4. So criminops como au tore s, os qu e com-

    mettereni, constrangerem ou mandarem algum com-

    metter crimes. (7)

    ( 7 ) Jurisp rud ncia .

    . . . Ju lg am pro ced ente a appellao : 1." por no te r

    sido regu lar e curialm ente feito, o quesito sob re a auto ria

    do crime, de que fora o ro accusado no primeiro artigo

    do libello ; pois a circum stanc ia me ncionad a no que sito, de

    ter o r o ' feito p ar te do gru po de pessoas, qnc efectuaram

    a tir ad a das jias, no cara cterisa, nos precisos term os da

    lei,

    a au tor ia. R ei . da C orto . Apf). Crim . n. G7. A c de

    4 de Ju nh o de 1S7S. A pp ellan te Luiz Lec laire, o A pp ellad a

    a Justia. Direito, vol. 17.

    . . . A ausncia de ques itos sobre o m anda to do cr ime

    annuUa o julgamento. Rei. da Corte. App. Crim. n. 5419.

    Ac.

    de 7 de Ago sto de 1866. R ev ista Ju rd ica , lSo6.

    .' . . E nullo o julga m en to, em que o juiz de dire ito

    englobou em um s que.sito os nomes dos rcos, mandante

    e mandatrio, com viola(;o do art . 283 do Cod. do Proc.

    Crim . Re i. de P or to Aleg re. A pp . Crim. n. 47. A c. de 19

    de Outubro de 1874. Appellante o Juiz do Direi to, e Appel-

    l ad os D om ing os Gomes da Cunha e o pre to escravo Ana-

    clet.

    Direito, vol. 7."

    . . . E nullo o julgam en to, em que o juiz de dir eito

    englobou nas mesmas questes o appellado e o co-ro accusado.

    Rei .

    da Corte. Ap p. Crim u. 553. Ac. de 16 de N ov em bro

    de 1S77. A pp e l l an t e o J u izo , e A pp e l l a do - - J e r on ym o, es

    cra vo . D ireito, vol. 15.

    . . . A nnullam o ju lgamento , porquanto . .. E m re lao

    ao primeiro ro, por no terem sido propostos os quesitos

    de conformidad e com o libello cora posterg a o m anifesta

    dos ar ts. 50 da Lei d e 3 do D ez em bro do 1S 41. 3G7 e 371

    do R eg ula m en to n. 120, de 31 Jan eiro de 1842 ; pois que ,

    sendo o mesmo primeiro ro Guttieres accusado no caracter de

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    m and atrio , como se v do artig o prim eiro do libello a fls.,

    nesta conform idade dev iam ser propo stos os q uesitos : O ro

    Jos Joaquim Gutt ieres matou a Jos Corroa de Albuquerque

    por mandado de Victorino Ferreira da Silva Sobroza

    ?

    R ei.

    d e Po rto Alegre. A c. de de A bril de :i876. A ppe llante o

    Promotor Publico da cidade do Rio Grande do Sul, e Appcl-

    lados Jos Joaquim Gu tt ieres e V ictorino Ferre ira da Silva

    Sobroza, Direito, vol. 11.

    Si o juiz de di rei to propuzesso o quesito sob re c^autor

    m anda trio, como diz a Relao de Po rto Ale gre no julgado

    mencionado por ultimo, procederia com manifesta transgresso

    do art, 371 do R eg ula m en to n. 120, de 31 de Ja ne iro de 1842.

    O juiy podia estar convencido, j por depoimentos de

    test em un ha s, j por confisso do ro , de te r sido Jo s C or

    roa de Albuquerque assassinado por Jos Jo aqu im Gu tt ieres

    e ta m b m de no ter. o crime sido cm m ettido po r man

    dad o de Vic torino Fe rre ira da Silva Sobroz ; e ento como

    responder o quesito, formulado como quer a Relao de

    Po rto Alegre ?

    P ar a n egar o m and ato, negaria tambm ter sido o ro

    Gu ttieres auto r da m orte de Alb uqu erqu e ; e, pa ra responder

    afirm ativ am en te sobre a auto ria, necessrio seria declara r, co ntra

    a sua conscincia, ter sido o crime cmmettido pr mandado de

    Victorino Ferreira da Silva Sobroza

    O juiz de dire ito, na liypotbese, dev e form ular os que

    sitos da seguinte maneira :

    A respeito do mandatrio :

    O ro Jo s Jo aq ui m G utt ier es, no dia . . . c luga r . . . ,

    matou a Jos C orra de Albuq uerque ?

    E , a respeito do m an da nte , em ou tra serie de quesitos :

    O ro Victorino Fe rre ira da Silva Sobroza mandou Jos

    Joa qu im Gu tt ieres m atar a Jos Corra de Albu querqu e ?

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    31

    Avt.

    . S o c r i m i n o s o s c o m o c o m i ) l i c e s t o d o s o s

    m a i s q u e d i r e c t a m e n t e fe on c or re re m x ar a s e c o m m e t -

    t e r c r i m e s . ( 8 )

    ( 8 ) 0 carac ter essencia l da corapl ic idade a unidade do

    delicto e a pluralidade de agentes.

    A coraplicidade pode dar-se ante s, du ran te ou depois da

    execuo do crimo. N este ar tig o trata-se da coraplicidade

    anterior e concomitante, e da posterior tratou o legislador

    no art. 6.

    Ju r i sp rudnc ia :

    . . . E nullo o julga m ento qua ndo o juiz de direito, for

    m ula nd o os qiiesitor- , no ho uv er acr esc ent ado , d epo is d a

    ])aiavr;i concorrer, o idvorbio

    directamente,

    e mencionado

    O:

    factos da coinplicidade. Sfip. Tr ib . de J u st . R cv . Orim.

    n. 1672. Ac. de 20 de M aro de 1861. R ev ist a Ju rd ic a, 1868.

    . . . E nullo o julg am ento quan do o juiz de direito no

    formulou o quesito da coraplicida de d e confo rmid ade cora o

    art. 6." do C od. Ci' im.; sendo necessrio que se per gu nta sse se o

    ro tinha directamente concorrido pai-a comraettr-se o crime,

    especificando-se os factos da coraplicidade. Rei. da Corte.

    A p p .

    Crim. n. 6390. Ac. de 14 de Maio de 1869. Revista Ju

    rdica, 1869.

    . . . Tullo 6 o ju lg am en to qnand*o o juiz de di re ito fo r

    m ula o quesito da coraplicidade, ou concu rrencia dir cc ta no

    crime , era termos genricos e inde term inado s, em vez de espe

    cificar os factos e circu m stan cias do que era o ro arg uid o.

    R ei. da Corte . Ap pel. Crim. n. 5386. A c. de 15 d e Ju nh o de

    18G6.

    Sup. Trib. de Just. Rev. Crira. n. 1749. Ac. de 3 de

    Julho de 1863. Revista Jurdica, 1869.

    . . . Ju lga ra nullo o processo de julg am en to pela irregu

    laridade na propositura dos quesitos quanto aos ros . . . por ser

    matria do direito os primeiros quesitos a respeito dos mesmos

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    22

    A .rt. 6 . S e r o t a m b m c o n s i d e r ad os co rap li -ce s :

    1. O s q u e r e c e b e r e m , o c c u l t a r e m o u c o m p r a r e m

    c o u s a s o b t i d a s i)o i' m e i o s c r i m i n o s o s , s a b e n d o q u e o

    f o r a m , o u d e v e n d o s a b e l - o e m r a z o d a q u a l i d a d e o u

    c o n d i o d a s p e s s o a s d e q u e m a s r e c e b e r a m , o u c o m

    p r a r a m ; ( 9 )

    propostos, (d) R ei . de Pern am buc o. A c. de 15 de Nov emb ro

    d e 1

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    2. Os que derem asylo ou prestarem sna casa

    para reunio de assassinos^jou roubadores, tendo conhe

    cimento de que comm ettem on pretendera com m etter

    crimes. (10)

    A rt. 7.** N os dlictos de abuso da libe rda de de

    ccm m unicnr os pensam entos, so crim inosos, e po r isso

    responsveis :

    1, O impressor, gra vado r on litliograplio. os

    quaes iaro isentos de responsabilidade, mostrando

    por escripto obrigao de responsabilidade do editor,

    sendo este pessoa conhecida, residente no Brazil, que

    esteja no gozo dos direitos politicos, salvo quan do es

    crever em causa prpria, caso em que se no exige

    es ta n l ti ma qu alidad e ; (11)

    2.** O ed itor que se obrigou, o qual ficar isen to

    de responsabilidade, mostrando obrigao pela qual o

    an to r se responsabilise, tendo este as m esmas qu ali

    dades exigidas no editor, para escusar o impressor ;

    3. O autor, que se obrigou ;

    4.*' O ven dedor e o que fizer d ist rib uir os im

    pressos ou gravuras, quando no constar quem o

    impressor, ou este fr residente em paiz estrangeiro,

    ou quando os impressos e gravuras j tiverem sido

    condemnados por abuso e mandados supprimir ;

    5 . "

    Os que comm unicarem p o r mais de quinze

    pessoas os escriptos no impressos, se no provarem

    (10) Vide nota ao avt. 16 11 do Cod. Criminal.

    (11) Vide nota ao art . 303 do Cod. Criminal.

    " Qu and o nos crimes de l ibe rda de de exp rimir os pensa

    m en tos , o auto r, ou editoi", n o tiv er meios pa ra satisfa zer a

    multa era qne fr condemnado, o impressor fica responsvel

    sat isfao." rt . 312 do Cod. do Prc. Criminal .

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    quem o au tor, e qu e circula ram com o seu consenti

    mento: provando estes requisitos ser responsvel

    somente o aiator.

    A rt. 8. N estes delictos no se d com plicid ade ;

    e pa ra seu ju lgam en to os escriptos e discursos em

    que forem com m ettidos, sero interp retad os segundo

    as regras da boa hermenutica e no por phrases iso

    ladas e deslocadas.

    Art. 9." No se julgaro criminosos:

    1.** Os qu e imprim irem e de qu alq ue r modo

    fizerem circular as opinies e os discursos enu nciado s

    pelos senadores ou deputados no exerccio de suas

    fuQces, com tanto que no sejam alterad os essencia l

    mente na sub stancia;

    2." Os que fizerem analyses razoveis dos prin

    cpios e usos religiosos;

    3. Os qu e fizerem analyses razoveis da Con*

    stituio, no se ataca ndo as suas bases fundam entaes ;

    6 das leis exis tente s, no se provocando a desobed incia

    a el las;

    4." Os que censurarem os actcs do governo e da

    publica administrao em termos, posto que vigorosos,

    decentes e com edidos.

    A rt. 10. Tambm no se julga ro criminosos : (12)

    (12) Vide not. ao art. 3."

    " Os casos de que trata o art . 10 do Cdigo Criminal sc

    do conheimento e deciso d o juiz forma dor da culpa, com

    appellao ex officio pa ra a RelaSo, qu an do a d eciso fr

    definitiva." Art. 20 da Lei n. 2033, de 20 de SetemlDro de 18V1.

    " deciso definitiva a que ju lga r imp roced ente o proce-

    din^fento, por estar o ro includo era qualquer das espcies do

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    1." Osmenores de14annos;(13)

    are. 10 do Cdigo Crim inal, ou seja ella pro ferida im m edia ta-

    m en te pelos juizes de dire ito das co m arca s especiaes ou pelos

    juizes de direi to das comarcas geraes, em gro de recurso

    nece ssrio." Art. 84 do De creto n. 4824, de 22 de N ov em bro

    de 1871.

    J u r i s p r udnc i a :

    . . . Os ros pronunciados em crime de homicdio no

    pod em ser postos em l iber da de pelo juiz de direi to, que veiu

    a proferir a sua sentena em conformidade do ar t . 20 da Lei

    n.

    2033,

    de 20 de Setem bro d e 1671, e appellou ex officio para

    a Re la o. Re i . do M aran h o, A c. de 16 de A bri l de 1876.

    Ap pel lante a Jus t ia, e A pp el lad o Fel ix Jos6 da Silva.

    Direi to, vol . I."

    (13) Vid, nota ao art . 13.

    O Aviso n. 190, de 17 de Julho de 1852, declarou ao Pre

    sidente da Provncia de S. Paulo que a disposio desse para-

    gr ap ho , concebida em tei-mos gera es, e alm disso fun da da nos

    princ ipies da hum anidad e, tam bm app licavel aos escravos

    me nores, no obsta nte os term os gen ricos do avt. 1." da L ei de

    10 de Jimho de 1835.

    J u r i s p r udnc i a :

    . . . O juiz municipal incom petente para ju lga r defini

    t ivam ente do cr ime prat icado po r menor . Re i . de Po r to Aleg re.

    A pp. C rim . n. 7 1. Ac. de 11 de Ju n h o de 1S75. A pp ellan te

    o Juiz M unicipal de Lages , e Ap pel lado Manoel Ferrei ra de

    Andrade. Direi to , vol .1."

    .

    . . prova insuficiente d a men oridade de 14 anno s pa ra

    n o te r luga r a applicao da pen a hav er o juiz de di re i to

    calculado no interrogatrio, por no saber o ro designal-a, era

    14 annos mais ou menos, bem como justificao produzida pela

    m e do ro , para, na imp ossibi lidade de obter ce rt ido do assento

    d o respectivo bap tismo, pro va r ser o ro menor de 14 anno s.

    R e i. d a C orte . A pp ell. C rim . n. 24{

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    2. 05 loucos de todo gnero, saWo se tiverem

    lcidos intervallos e nelles cominetterem o crime ; (14)

    de 1785. Ap pellante o Jiiizo, e App ellado ~ Jnl io Csar. D i

    rei to, vol. 10.

    . . . P a ra qne o juiz form ador da culpa possa julg ar

    improcedente o procedimento criminal contra o menor de

    14 annos, indispe nsve l que a falta de disc ernim ento do

    menor seja prin^a facie visvel e pa te n te dos autos;, no bas

    tando que no processo se verifique a inenoridade do delinqente,

    sendo de mister ainda verificar se elle obrou ou no com dis

    cernimen to p ara que possa ser isento de im pu tabilid ad e no juizo

    da forma o da culp a, por ser isso que sto anne xa, accessoria

    e inseparvel da que sto de ineno ridade ; devendo-se, qua ndo

    no constar de mo do indubita'Pel a existn cia das circum stau-

    cias constitutivas desses casos, sujeitar-se a'discusso da ma-

    .teria ao juizo plenrio do jury, ao qual, segundo a ordem

    regular , compete o julgamento criminal . Rei . de Ouro Preto.

    A p p .

    Crini. n. 795. A c. d e 17 de Se tem bro de 18S0. A pp el

    la n t e o Ju iz , e Ap pe l la do Po lydo ro , filho de M arcel lino

    Corroa, Dir

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    . . . Concedera a revista pedida pela nulUdade resultante

    da fal ta de observncia de formula substancial , porquanto,

    tendo-se dado como escusa do facto criminoso, perante o jury, a

    circumstancia da al ienao m enta l , alm da irregu lar ida de do

    exam e a que se procedeu, po r ter sido feito em ou tro lug ar e

    no perante o jury, que quem devia aprocial-o para a deciso,

    no foi proposto aos jurados quesito neste sentido, infringindo-

    se assim os arts. 01 da Lei de 3 de Dezembro do 1841 c 3(30 do

    R e g .

    n.

    120, de l de J a n ei ro de 1842. Siip. T ri b . do Jn st .

    Rev. Crini. n. 1418. Ac. do 3 de Dezembro de 1852, Recorrente

    Jos Pinto Barreto e Recorr ida a Jus t ia , e Ac. Revisor ,

    de 5 de Abril de 1853.

    . . . Annullam o jul ga m en to por hav er o juiz de direito

    proposto o quesito

    o jury reconhece ter o ro comraettido o

    crime em mom ento de al lucinao m en tal? quando devia,

    em vista do disposto no art. 10 2." do Cod. C rim., p rop or :

    O jui:y reconhece que o roo cora m etteu o crim e, de que 6ac-

    cusado, no estado de al ienao mental? O jury reconhece que o

    ro com m etteu o crime , de que accu sado , em lcido inter-

    vallo? de conform idade com os arts. 61 da Lei d e 3 de D e

    zembro de 1S41 e 369 do Regnl. n. 120, de 31 de Janeiro

    de 1842. R ei. de P o rt o A leg re. A pp el. Crim. n. 169. Ac . de 26 d