antimatéria - edição 12

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1 ANTIMATÉRIA Revista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra 12ª Edição - 15 Março 2016

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ANTIMATÉRIARevista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra

12ª Edição - 15 Março 2016

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por Mário Ribeiro

Por terras lusitanas diz-se que se vive um “tempo novo”, Ana Moura canta um “dia de folga” e a Deolinda anseia por uma “corzinha de Verão”. Se é certo que há muito que o sol teima em não nos bronzear a pele, será agora que vemos mudança?

Ultimamente, é quase unânime que se sente um clima de admiração com laivos messiânicos em torno de uma figura que apenas aparenta ser humano e invoca glórias há muito idas. Talvez tal emane da comparação com outros, que durante décadas nos habituamos a ver, ou então de um sentimento de orfandade perante um figura ríspida e austera. Pode-se ainda argumentar que pequenos gestos podem ter um profundo simbolismo e significado e que num mundo cada vez mais fragmentado simples acções têm um maior impacto.

Se em Portugal este “tempo novo” parece estar revestido de esperança e saudosismo, tão típicos do nosso povo, como enquadrá-lo num contexto mais amplo? Da Europa sopram ventos de desalento aos quais é quase impossível ficar indiferente. Na sua desunião, esta traça caminhos perigosos ao tentar lidar com os desafios que enfrenta e enquanto espectador somente me pergunto quando teremos um dia de folga. Do outro lado do Atlântico, onde a corzinha de verão parece advir do solário, o panorama além de repetitivo também não parece animador, mas esperemos para ver. Já no mundo da ciência, no qual o tempo é sempre novo, vemos sinais de reconforto. Tenhamos em conta, por exemplo, o recente anúncio da descoberta de ondas gravitacionais, por um consórcio internacional, que além de representar um enorme avanço no entendimento do Universo mostra também um sinal de união. Em boa verdade, tão apregoado “tempo novo” parece então ser um pouco do mesmo, ou seja um cenário cheio de grandes avanços e recuos, repleto de desafios onde o Homem ainda procura o seu lugar e a urgência de mudança impera.

Em última instância o câmbio sempre parte das acções do indivíduo que em sinergia com o próximo se alastra. Desta forma cada um deve ser a mudança que deseja na construção de um verdadeiro tempo novo que ainda está por chegar.

Sejam bem-vindos à edição de Março do Antimatéria, uma publicação que sempre se reinventou e onde agora o sol parece brilhar.

EDITORIAL

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Espécie de LSDMariana Rajado

Como é trabalhar?Tiago Neves

Se não fosse cientista, seria...Prof. Dr. Francisco Gil

A Francisca em BarcelonaFrancisca Pereira

Ciência em Portugal Nuno Pinheiro

Shift APPensMaria João Carriço

Este álbum é brutal!Alexandre Chambel

Adoro esta série!Catarina Gomes e Tiago Coelho

Este livro é incrível!Adriana Cunha

Livro/Filme a não perderProf. Dr. Pedro Furtado

Capítulo 2Rita Roque

“DF”Sra. Cristina, Sra. Teresa e Sra. Maria de Lurdes

des.LIGAEquipa do projeto des.LIGA da LPCC.NRC

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COMO É TRABALHAR?por Tiago Neves

Boa questão. Trabalhar é bom… quando se gosta do que se faz. E nisso (como em muitas outras coisas) sou um felizardo.Mas, antes, deixem-me apresentar. Tiago Neves, 25 anos e Engenheiro Físico no CERN, o maior Laboratório de Física de Partículas do Mundo. Frequentei o Departamento de Física durante 5 anos, onde fiz o curso de Engenharia Física. Depois disso, fui investigador no ISR (Instituto de Sistemas e Robótica) durante ano e meio até que surgiu a oportunidade única de fazer a mala e de vir para o CERN, na Suíça. Mas sobre o CERN já falo mais à frente.Voltando à pergunta principal, ser trabalhador apresenta muitas vantagens, mas ao mesmo tempo algumas desvantagens. Começando pelas desvantagens, quando se entra no mundo do trabalho, perde-se a bela vida de estudante, a possibilidade de acordar às horas que bem se entender, de descansar de quinta a domingo, de relaxar a meio da semana, etc. Essa vida acaba e outra começa. Novas rotinas, horários, deveres e obrigações mais rígidas do que as escolares, porque se uma cadeira não se fizer este ano, faz-se para o ano. Mas no âmbito do trabalho já não é bem assim. Quanto às vantagens, ganha-se autonomia financeira, ganha-se experiência, ganham-se capacidades de trabalho e, principalmente, cresce-se bastante enquanto pessoa. Se juntarmos tudo isto ao prazer de se gostar do que se faz, podemos dizer que vale a pena estudar e ter sucesso nos estudos.Trabalhar no CERN é diferente do que estava habituado. É uma instituição onde trabalham cerca de 13 mil colaboradores de todo o mundo, e em termos históricos é uma instituição com mais de 60 anos, onde, por exemplo, nasceu a Word Wide Web (WWW), onde se descobriu o bosão de Higgs e onde se desenvolvem e implementam tecnologias novas todos os dias.

São dezenas de milhares de toneladas, numa extensão de dezenas de quilómetros, de ciência e tecnologia que apenas funcionam se existir uma grande cooperação entre todos os grupos e pessoas que cá trabalham. Existem deadlines bastante rígidas, porque quando é para funcionar, tudo, mas mesmo tudo, tem que estar operacional. O que não é nada fácil.Aqui no CERN trabalho no grupo EP (Experimental Physics), no departamento DT (Detector Technologies), num projeto cujo objetivo é desenvolver sensores de humidade baseados em fibras óticas. A ideia é relativamente recente e já foram instalados dezenas de sensores num dos detetores (CMS) e o próximo objetivo é instalar também no ATLAS. Para tal, é preciso desenvolve-los, estudá-los, caracteriza-los e tentar perceber como se podem melhorar. É, portanto, este o objetivo do meu trabalho e, como engenheiro físico, não podia estar melhor, uma vez que exige bases bastante alargadas em várias áreas da física, eletrónica e até informática.Comecei em Maio de 2015, através de um Estágio Tecnológico financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e o início foi bastante ativo, porque para além de ter que estudar e perceber o projeto em si, havia muitas tarefas urgentes. Então pus mãos à obra e fui conseguindo ultrapassar os obstáculos com sucesso. Neste momento, estou quase a acabar o primeiro ano aqui, e já surgiu a oportunidade de fazer um doutoramento. Depois de pensar, decidi aceitar e avançar com essa ideia, e em breve tudo estará alinhado para começar o meu doutoramento aqui no CERN.Trabalhar no CERN, para além da experiência que se ganha, é bastante enriquecedor, uma vez que nos disponibilizam dezenas de cursos e formações no que for importante para o trabalho, mas ao mesmo tempo, no que for importante para o gosto pessoal de cada um.

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COMO É TRABALHAR?por Tiago Neves

Mas nem tudo é um mar de rosas. Para alguém que sempre viveu em Coimbra, vir trabalhar para o CERN e viver na Suíça foi um grande choque devido ao elevado custo de vida aqui. Mas, claro, os salários aqui são ajustados a esse nível de vida, e consegue-se viver bastante bem.

Para finalizar, recomendo vivamente que se empenhem durante o percurso académico, uma vez que no futuro, irão perceber que o esforço não foi em vão. Mas não deixem de se divertir e de viver Coimbra como Coimbra merece ser vivida. Boa sorte e caso precisem, estou disponível para responder a qualquer dúvida.

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A FRANCISCA EM BARCELONApor Francisca Pereira

Por que escolheste ir para Barcelona?Bem, devo dizer que Barcelona não foi a minha primeira ideia quando me falaram de Erasmus; não só porque não conheço ninguém do nosso curso que tenha ido para lá, como também porque sempre tive em mente ir para um país mais longínquo. No entanto, é um facto que nunca tive especial interesse por nenhuma das cidades que o nosso departamento tem protocolo. Acontece que estava dependente das médias de entrada e, das opções que havia, Barcelona pareceu-me o mais tentador! Na verdade, e muito resumidamente, não podia ter tido mais sorte nem ter feito melhor escolha! Barcelona é uma cidade única e maravilhosa, enorme, mas também muito acolhedora… e, para além disso, tem um clima fantástico!!

Como é o ambiente académico?Os meus colegas sempre foram muito prestáveis e emprestaram-me coisas antigas de cadeiras que já tinham feito; sempre houve um grande espírito de entreajuda, algo que me deixou surpreendia e feliz ao mesmo tempo. Também fui integrada em grupos de trabalho tanto com pessoas de Barcelona como com pessoas de Erasmus, o que na verdade foi o melhor que podia me podia ter acontecido (sim, porque eu fui a única do meu curso a ir para lá e então no início não dependia nem podia contar com ninguém conhecido). Tive inclusivamente um buddy que me orientou nos primeiros

tempos, que me mostrou e explicou o funcionamento das minhas cadeiras e que me apresentou pessoas do meu curso que ainda não conhecia. Para quem acha que os catalães são pessoas frias, embora não o desminta completamente, não tenho razões de queixa de ninguém.

Sentiste, em termos de conteúdos disciplinares, mais ou menos dificuldades em relação ao que estavas habituada?Em termos de conteúdos disciplinares, foi semelhante ao qual estava habituada. No entanto, a carga e quantidade de trabalhos foi muito maior. De novo, o espírito académico e de entreajuda foi fulcral para ter conseguido ultrapassar e fazer tantas coisas ao mesmo tempo, pois como os trabalhos eram sempre em grupo, se não nos dessemos bem, teria sido muito mais complicado. O ambiente, ainda assim, não é como Coimbra pois eles não se conhecem todos uns aos outros e não são amigos de pessoas de diferentes anos, por isso, tens de ser tu a ter a iniciativa própria e a não te deixares ficar para trás. Relativamente às cadeiras que tive, os professores são muito prestáveis e, devido ao poder económico de Barcelona, era possível ter aulas só com pessoas de Biomédica. Por isso, tinha aulas muito relacionadas com o meu curso em vez de serem coisas mais gerais, o que fazia com que as cadeiras fossem também muito maisinteressantes do ponto de vista académico.

ERASMUS

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CLIMA CULTURAVIDA

NOTURNA

Como encontraste alojamento?Sem dúvida, a parte pior do meu Erasmus. Como pela Internet é sempre tudo duvidoso, pois ou não tem fotografias suficientes ou então porque não sabes com quem vais viver, preferi esperar uns tempos e alugar casa apenas quando cheguei a Barcelona. Por um lado, sim, foi o melhor que fiz, pois pude escolher viver numa casa com ótimas condições, uma excelente localização e a dividir apartamento com 6 raparigas de Erasmus. No entanto, arrendar casa é de loucos!! Acontece frequentemente irmos ver casas e já lá estarem umas quantas pessoas a vê-las também. Chegou a acontecer-me estar na casa, gostar muito dela, mas a pessoa que me ultrapassou nas escadas chegar primeiro que eu e arrendar a casa escassos segundos antes de mim. Depois, claro, também há casas muito muito más, com quartos sem janela e onde só cabe mesmo a cama, a custar fortunas. E como não sabemos o que esperar, é continuar a ver e a procurar constantemente. Demorei 3 ou 4 dias a encontrar “a tal”; dias esses, muito stressantes, passados literalmente a correr de um lado para o outro da cidade, com 36º na rua, ora para ir ver uma casa, ora para ir ver outra.

Como são os preços em geral?Para um turista que não conhece bem a cidade, os preços são ridiculamente caros! Para fazer tudo! Comer, visitar, sair à noite… tudo! No entanto, quando te começas a habituar ao estilo de vida e a familiarizar com “os cantos à casa”, vais ver que as coisas não são assim tão caras. É claro que mesmo assim o custo de vida é mais elevado, comparado com Portugal, especialmente em restaurantes mas consegues viver bem sem gastar muito, sendo que os preços dos supermercados são semelhantes àqueles que conheces. Devo também dizer que nunca paguei uma entrada numa discoteca pois há sempre um certo dia da semana onde há umas quantas grátis. Só tens de saber a qual ir dependendo do dia em questão e, claro, conheceres as pessoas certas e saberes o que dizer à porta! Barcelona tem um grande poder económico por isso não é tão estranho haver enormes descontos nas mais variadas coisas, haver inúmeros jantares

grátis pela cidade, em que tu só precisas de comparecer, e oferecerem comida, por exemplo, à entrada das Universidades, só para fazer p r o p a g a n d a a uma certa marca; e melhor ainda é quando isto acontece quase todas as semanas. Ah, e também vi vários jogos de futebol da melhor equipa do mundo, no estádio mais bonito de todos, o Camp Nou, sem pagar bilhete, por isso é aproveitar!

Como foi com a língua? Frequentaste algum curso?Embora houvesse um curso de Catalão oferecido pela Universidade, como não me inscrevi a cadeiras nesta língua, achei que não valia a pena frequentar estas aulas. As minhas aulas eram maioritariamente em Inglês (só tinha uma em Espanhol) e, como o espanhol, para nós, é bastante fácil de se perceber, não tive essa necessidade.

Que conselhos darias aos futuros estudantes em Barcelona?Acima de tudo, diverte-te! Barcelona é uma cidade mágica, cheia de coisas lindas para ver e visitar, e com imensooos alunos de Erasmus! Vai de mente aberta, aproveita para fazeres amizades com pessoas de todo o lado, e não te restrinjas muito aos grupos de Portugueses que certamente encontrarás. Para mim, isso é o mais importante! Se tu aproveitares bem este semestre, será sem dúvida alguma o melhor que alguma vez vais ter na tua vida.

PREÇOS DIFICULDADEACADÉMICA TRANSPORTES

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“SE NÃO FOSSE CIENTISTA, SERIA...”por Prof. Dr. Francisco Gil

A vida passa, evoluindo por caminhos que nem sempre nós próprios prevemos ou ambicionamos. Muita solicitação aparece, a partir dos outros ou do que nos rodeia. A forma como nos vamos relacionando connosco e com os outros e com o universo, vai contribuindo para a nossa estrutura física, psicológica, cognitiva e espiritual. Assim, o decorrer dos acontecimentos leva-nos por certos caminhos e desvia-nos de outros. Por vezes as escolhas que fazemos não carregam grandes decisões de vida, mas apenas oportunidades ou desafios.A curiosidade pelas coisas e pelos outros, levou-me a ir construindo um mundo de relações, aberto ao mundo, aos outros e, talvez, a mim próprio.Neste contexto, o mundo da ciência atraiu-me naturalmente, mas o mundo da cultura, em particular do Património Cultural, visto num contexto interdisciplinar entre ciência, arte e História, tem vindo a preencher o edifício da minha vida. Por outro lado, o laboratório, o museu, o monumento, o livro não são completos neste percurso sem as pessoas, pois o saber

interdisciplinar não se constrói isoladamente.As pontes, os contactos, a troca de saberes, preenchem em muito a minha vida.Tudo isto, associado à percepção do que nos une ao Universo, leva-me incessantemente à busca de algo mais, que nos transcende e une todo o conhecimento acumulado e que ainda não se tem, numa dimensão abrangente. Quanto mais conheço, mais me fascina a dimensão transcendente. Esta dimensão conjuga-se cada vez mais perfeitamente com o conhecimento racional e psicológico. É neste contexto que me sinto uma pessoa com várias facetas que se interligam e complementam.Se perdesse a componente científica, teria necessidade de procurar algo prático e experimental, que preenchesse esse ‘vazio’, como por exemplo, a Filosofia, a Teologia, a Arte ou a História, associadas a algo como o restauro de obras de arte.

Seria, portanto, um pouco do que sou hoje, um homem dos 7 ofícios...

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CIÊNCIA EM PORTUGALpor Nuno Pinheiro

Referências:

http://jpn.up.pt/2016/03/12/exomars-europa-explora-marte-com-tecnologia-portuguesa/;http://noticias.uc.pt/universo-uc/investigador-da-uc-nomeado-para-liderar-grupo-de-trabalho-da-federacao-internacional-de-engenharia-medica-e-biologica/;https://www.publico.pt/ciencia/noticia/sonda-e-modulo-de-aterragem-europeus-ja-partiram-em-direccao-a-marte-1726076?frm=ult.http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-03-14-Europa-lanca-missao-a-Marte-com-tecnologia-portuguesa-a-bordo;

COIMBRA E O ESPAÇONa passada segunda-feira, dia 14 de Março, pelas 9h31min de Lisboa, a sonda Trace Gas Orbiter e o módulo de aterragem Schiaparelli (ambos europeus) descolaram da base espacial de Baikonur (Cazaquistão), a bordo do foguetão russo Proton-M. O seu destino é Marte, com a missão de procurar vestígios de vida presentes e passados nesse planeta. O projeto (denominado “ExoMars”) foi concebido pela Agência Espacial Europeia (ESA), com participação da agência russa Roscosmos.Três das empresas que trabalharam na primeira fase da missão são portuguesas: a Critical Software, a Active Space Technologies (AST) – ambas de Coimbra – e a High Performance Space Portugal (HPS) – do Porto.A Critical Software, originada no DEI-UC (Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra) e que já conta com 17 anos de vida e experiência no setor espacial, encontra-se neste projeto desde 2013. O seu trabalho consistiu em: desenvolver e validar o software de controlo da missão e dos instrumentos de bordo, bem como no seu teste em ambiente real; garantir que os componentes dos vários fabricantes estão de acordo com os mesmos requisitos; validar o sistema implementado no satélite.A Active Space Technologies, fundada em 2004, sediada em Coimbra e que também passou pelo Instituto Pedro Nunes (IPN), é especializada nos mercados aeroespacial, nuclear, de defesa, e de automação. A seu cargo, estiveram os estudos térmicos que basearam a avaliação e seleção dos locais de aterragem do Schiaparelli.

A HPS Portugal é o resultado de uma joint venture entre a HPS Alemanha e o INEGI-FEUP (Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto). Esta empresa projetou, desenvolveu, fabricou e aplicou na estrutura final, a cobertura térmica do Schiaparelli (no formato MLI – isolamento térmico em camadas múltiplas). A mesma organização também realizou o revestimento do CASSIS e do NOMAD (instrumentos de medição colocados no corpo da Trace Gas Orbiter).O ANTIMATÉRIA deseja a maior prosperidade às três companhias, e que continuem a honrar o nome de Portugal pelo mundo, através de produtos altamente especializados!

COIMBRA E A BIOMEDICINAPaulo de Carvalho, professor no DEI-UC (Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra) especialista em informática médica, é o primeiro português nomeado para liderar o Working Group on Health Informatics and e-Health da IFMBE (International Federation of Medical and Biology Engineering).A IFMBE agrega mais de 40 mil académicos e profissionais de engenharia em medicina e biologia, constituindo um grupo que integra todas as associações de Engenharia Médica e Biomédica do mundo. O grupo de trabalho que Paulo de Carvalho vai liderar (durante 2 anos) é o ramo da IFMBE que tem o objetivo de promover a informática na saúde.

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Nos passados dias 19, 20 e 21 de Fevereiro, teve lugar no Pavilhão Centro de Portugal, em Coimbra, a 3ª Edição do Shift APPens e o Antimatéria teve uma “agente infiltrada” que pôde testemunhar e participar em toda a aleatoriedade e mais alguma proporcionada ao longo destes 3 dias de loucura. Este evento, organizado e realizado pelo Núcleo de Estudantes de Informática da Associação Académica de Coimbra em parceria com a jeKnowledge, consiste numa maratona de programação (Hackathon) que reúne programadores e designers de todo o país num ambiente informal e descontraído onde os participantes devem formar uma equipa, desenvolver uma ideia e, por fim, apresentar o trabalho realizado a um júri. Um dos objetivos do evento é promover o networking nacional entre estudantes, profissionais e empresas da área de desenvolvimento de software e hardware, proporcionando-lhes um ambiente único para testarem as suas ideias e melhorarem as suas competências e oferecendo-lhes, ainda, toda uma panóplia de atividades complementares nas áreas de aplicações web, mobile e desktop, jogos, design, ux e entretenimento. O local onde esta 3ª edição se desenrolou foi dividido por forma a criar vários espaços destinados às diferentes atividades proporcionadas aos “Shifters”. Desde a zona onde se encontravam as “Ilhas” para as equipas compostas por 2 a 4 elementos se instalarem, à zona de Gaming, à zona onde os participantes podiam repor os níveis de açúcar, nunca faltaram atividades random, talks, demonstrações e workshops para entreter quem precisasse de desanuviar, encontrar

inspiração ou até mesmo superar “aqueles bugs”.Um dos muitos pontos fortes deste Shift APPens foi a comunicação! O Slack, uma app que permite a troca de mensagens entre equipas e grupos, foi o meio de comunicação oficial permitindo assim que participantes, equipas, empresas e a organização estivessem ligados durante todo o evento. Esta plataforma foi ainda usada para anunciar acontecimentos, desafios, esclarecimento de dúvidas e fornecer e permitir transações da “moeda” do Hackathon, a Shiftcoin, que poderia servir para comprar aquelas batatas que estavam mesmo a apetecer ou para convencer alguém a nos trazer um café.No que toca à competição em si, as equipas que decidiram concorrer (uma vez que a participação na competição propriamente dita era facultativa) tiveram de submeter dois vídeos, em fases distintas do evento, que foram avaliados pelo júri. A avaliação final consistiu numa apresentação das equipas apuradas perante os 4 elementos do júri e os restantes participantes.Mas… voltando à aleatoriedade mencionada no começo deste artigo…Como assim aleatoriedade?! Pois é meus amigos, quem se comprometesse a pôr um pé que fosse no Pavilhão Centro de Portugal no decorrer deste Shift quer fosse como Staff ou quer fosse como Shifter, corria sérios riscos de ser desafiado para uma Batalha Pokémon ou para uma Competição de Mario Kart, ser feito refém numa Batalha de Nerf Guns ou deparar-se com pessoas disfarçadas de animais ou personagens random. Difícil foi não ceder à “criança” que há em nós e entrar nas maluqueiras! Não acreditam? Vejam por vocês mesmos…

Shift APPensFotoreportagem por Maria João Carriço

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Aleatoriedade à parte foram também várias as apresentações, talks, demonstrações e workshops proporcionados por alguns dos muitos parceiros deste projeto. Desde as talks da Faber, da Wit, do IPN, da Deloitte e da Redlight ao Quizz da Whitesmith e à

demonstração de Drones Sleeklab, oportunidades não faltaram para que os participantes e, quem estivesse interessado, pudessem entrar em contacto com todas estas empresas.

Finalmente, achámos que seria também interessante para este artigo ter o ponto de vista tanto de organizadores como de participantes. O Antimatéria falou com 2 organizadores, Guilherme Graça, estudante de Engenharia Informática, ex-membro da jeKnowledge e membro do Núcleo de Estudantes de Informática e Tiago Botelho, também estudante de Engenharia Informática e ex-membro da jeKnowledge, e ficam aqui as questões que lhes colocámos:

Como começou o Shift APPens?

Guilherme Graça: O Shift APPens nasceu com o intuito de

aproximar estudantes de informática e design e de lhes proporcionar uma experiencia diferente e útil para a sua vida profissional. O conceito evoluiu para um Hackathon onde os participantes formam grupos, desenvolvem uma ideia e depois apresentam-na a um júri. O que distingue este evento é a informalidade e as atividades inesperadas e fora do comum que vão acontecendo em paralelo.

Tiago Botelho: O Shift começou como uma ideia projetada pela jeKnowledge e pelo Núcleo de Estudantes de Informática com o objetivo de aproximar os estudantes com o mercado de trabalho e dar a conhecer aos mesmos novas tecnologias que por vezes eram descartadas no curso.

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Enquanto organizadores, que importância é que acham que este tipo de eventos tem?

GG: Este tipo de eventos é essencial para todos os que queiram dar o primeiro passo para o universo do empreendedorismo. Os participantes colocam à prova, e melhoram, as suas capacidades técnicas, de comunicação e de trabalho em equipa. Além disso têm a oportunidade de interagir com vários entusiastas, profissionais e empresas da área.

TB: O evento tem imensa importância para alunos que estejam ligados diretamente com as novas tecnologias, é um evento onde se entra em contacto com imensas empresas, pessoas com conhecimentos adicionais que nos podem orientar melhor no que estamos a construir durante o Hackathon. É um sítio onde as pessoas desenvolvem tanto soft-skills como hard-skills.

Que metas puseram em relação às edições anteriores? Foram conseguidas?

GG: O objetivo principal desta edição foi tornar o Shift APPens o maior Hackathon nacional. Deste modo, decidimos abrir as inscrições também a não estudantes e fizemos uma divulgação presencial em vários pontos do país. Consequência deste objetivo de expansão era a necessidade de um espaço novo com condições para mais participantes. Conseguimos alcançar o objetivo principal e tivemos um evento com 120 participantes (o dobro da edição anterior); trabalhadores e estudantes; de Coimbra, Lisboa, Porto e Leiria; e dos mais variados cursos de engenharia e design.

TB: Este ano foi talvez o ano onde o Shift mudou mais, decidimos abrir o evento tanto a estudantes como a não estudantes, mudar de espaço e marcar uma meta de pelo menos duplicar o número de participantes todas estas metas vieram com os seus problemas mas no final penso que conseguimos atingir todas elas.

Acham importante a parceria da jeKnowledge e do Núcleo de Estudantes de Informática para a organização deste evento?GG: A “jeK” e o “NEI” são tão ou mais importantes para mim do que o próprio curso que frequento. São

enciclopédias de conhecimento prático e aprendizagem contínua. O sucesso do evento deve-se à qualidade destas entidades e das pessoas que por lá passaram.

TB: Penso que o evento não conseguiria viver apenas com uma das partes, ambas as partes desenvolvem um excelente trabalho nestes meses todos para que nada falte aos nossos participantes durante o evento.

Tiveram dificuldades em arranjar parceiros/patrocinadores?

GG: Há uma grande procura por programadores e designers e este evento é uma excelente oportunidade para as empresas conhecerem estudantes de qualidade e se apresentarem perante os mesmos. Algumas empresas já reconhecem a importância deste tipo de eventos e tiveram desde logo interesse em ajudar a que se realizasse da melhor forma possível.

TB: No início foi difícil convencer as empresas que de facto estávamos a tentar crescer e que a nossa ambição era credível mas no final penso que acabamos com ótimas empresas a apoiar-nos e estas trouxeram exatamente o tipo de presença que esperávamos para o evento.

Surgiram muitos entraves à realização deste projeto?

GG: Esta edição foi começada a organizar com bastante antecedência. Houve bastantes “nãos” e pontos que deram mais trabalho a tratar mas foi tudo resolvido.

TB: Num evento desta escala há sempre entraves mas se alguém perguntar eu digo sempre que a culpa é do Graça… Não, agora fora de brincadeiras, um evento para mais de 170 pessoas dentro de um pavilhão durante 3 dias seguidos traz sempre os seus problemas, mas no final todos têm solução e conseguimos sempre resolver os problemas da melhor maneira

O que correu bem?...

GG: Foi um evento que marcou história para o NEI, para a jeKnowledge, para Coimbra e para os participantes. Criou-se ali um ambiente completamente diferente do comum e tivemos um feedback super positivo de

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participantes, empresas e júri.

TB: O trabalho em equipa realizado pela jeKnowledge e pelo NEI foi bastante mais unido este ano o que também ajudou a resolver bastantes obstáculos com que nos deparamos.

…E o que correu mal?

GG: O serviço de internet teve várias falhas e houve um problema logístico que afetou algumas apresentações no final.

TB: A net podia ter sido melhor...

Que objetivos sugerem para as futuras edições?

GG: Na próxima edição recomendo que haja uma divulgação ainda maior, para que chegue mesmo a todo

o país, e em que se aposte mais em talks e workshops de qualidade.

TB: Eu diria que para o ano o Shift ainda não deveria dar o próximo salto, mas deveria apostar ainda mais em qualidade e em ficar de facto uma marca Nacional.

Voltavam a “pegar” e a “dar a cara” por um evento deste género?

GG: Certamente! Foi um desafio organizar este evento, no entanto o resultado foi bastante positivo e enriquecedor para todos os intervenientes. Acho que é um evento espetacular e teria todo o gosto em voltar a organizar algo assim.

TB: Para o Shift em específico, não, o Shift é feito para ser organizado uma vez e uma vez só. É uma experiência de aprendizagem mas se me pedirem para organizar outro evento deste tipo não vejo porque não (☺).

Entrevistámos também 2 participantes, David Gomes, estudante de Engenharia Informática e ex-membro da jeKnowledge e Maria Margarida, estudante de Design e Multimédia e atual membro da jeKnowledge:

Porque se inscreveram no Shift APPens?

David Gomes: Decidi inscrever-me pela terceira vez porque é um fim-de-semana sem igual onde temos a oportunidade de construir algo completamente inovador num ambiente único.

Maria Margarida: Para além do desafio de criar algo em 48 horas, sempre tive muito bom feedback de colegas que participaram em anos anteriores. Foi a primeira vez que participei em algo assim e não podia ter corrido melhor. Por outro lado, penso que neste tipo de eventos surgem sempre ideias, que poderão ser úteis posteriormente.

David, enquanto estudante de Engenharia Informática, que importância é que achas que este tipo de eventos tem?

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DG: Acho que são fundamentais e tenho pena que tão poucos colegas do meu curso adiram a estes eventos, visto que não só se aprende imenso como se fazem excelentes amizades.

E tu, Margarida, enquanto estudante de Design e Multimédia, que importância é que achas que este tipo de eventos tem?

MM: São eventos essenciais e únicos, onde para além da parte social, destaco o trabalho com colegas de diferentes áreas.

E enquanto rapariga? Achas que de alguma forma a comunidade feminina se sente “intimidada” pela comunidade masculina num projeto como o Shift?

MM: Acho que não existem razões para isso. Pessoalmente senti-me acolhida por todos e não me apercebi de qualquer queixa da comunidade feminina.

Que expectativas é que tinham? Acham que foram cumpridas?

DG: Estava à espera de uma edição completamente diferente das anteriores, visto que o espaço do evento mudou pela primeira vez. O novo ambiente foi muito mais ao estilo de um “Hackathon” e por isso fiquei bastante satisfeito. No entanto, a qualidade da Internet acabou por ser uma grande falha para imensas equipas.

MM: As expectativas que tinha foram superadas. O ambiente ao longo do fim-de-semana foi incrível, fiz novas amizades e aprendi imenso. Também à medida que o tempo ia decorrendo surgiam sempre novas ideias. O Shift está num ótimo caminho para crescer ainda mais e superar as expectativas dos participantes.

Em relação à organização do evento por parte da jeKnowledge e do Núcleo de Estudantes de Informática, acham que foi bem conseguida?

DG: O Staff foi cinco estrelas durante toda a organização, visto que sempre que os participantes precisavam de

alguma coisa havia alguém para ajudar.

MM: Sem dúvida! O Staff foi incrível, sempre pronto a ajudar (independentemente do horário :P). Existiram sempre entretenimentos e desafios. Acho que o facto da organização do evento ser repartida pelas duas equipas (jeK/NEI) é uma vantagem acrescida ao evento.

Já tinham uma equipa formada ou foi escolhida no momento? Porquê eles?

DG: A minha equipa já tinha combinado participar todos juntos, visto que somos amigos há muitos anos e a ideia que tínhamos em mente se adaptava perfeitamente à equipa. Mais especificamente, era preciso uma pessoa de Frontend e Design (eu) e duas pessoas com muita experiência em Algoritmos e Machine Learning (os fantásticos Pedro Paredes e Michel).

MM: Já tinha equipa formada (Ana Rafaela Ferro e Bernardo Casaleiro). A escolha foi feita de forma simples, todos queríamos participar e tínhamos o objetivo de desenvolver algo útil. Desde o início que a cumplicidade da equipa foi visível.

Em que consistia a vossa APP?

DG: Ora bem, a nossa aplicação era uma simples webapp onde os utilizadores podem consultar notícias para um qualquer intervalo do passado (por exemplo entre 1600 e 1650) numa qualquer região. Primeiro, os utilizadores escolhem o intervalo de tempo e a região do Mundo que querem e depois podem ler a capa de um jornal que a aplicação gera com as notícias mais importantes.

MM: Começámos por perceber que existem imensas aplicações que nos ajudam, umas com planos de alimentação e outras só com planos de treino, mas não existindo nenhuma que conjugue ambas. Assim, surgiu a ideia de criar uma webApp com estas características, a FitAppens.

A concorrência era forte? Que APPs se destacaram na vossa opinião?

DG: A concorrência era forte e na minha opinião, a equipa que conseguiu o segundo lugar tinha um projeto

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muito interessante que pode perfeitamente revolucionar o mercado das aplicações de apresentações de diapositivos.

MM: Sim, existiram ideias com muito potencial no evento. Na minha opinião, sem dúvida que os vencedores dos dois primeiros lugares se destacaram com os seus projetos.

David, a tua equipa ficou em 1º Lugar! Como descreves o vosso trabalho e esforço ao longo das 48h deste Hackathon?

DG: Todo o nosso esforço foi fruto do prazer que tiramos destes eventos e dos desafios que nos trazem. No final tudo valeu a pena embora, obviamente, alguns imprevistos nos tenham abrandado lá pelo meio.

Foi a primeira vez que ganhaste um evento deste género?

DG: Esta vitória foi a minha segunda vitória de um Shift APPens (eu e o Pedro ganhamos a primeira edição do Shift APPens há dois anos com um outro amigo nosso).

Margarida, tua equipa ganhou o Subvisual Challenge! Em que consistia? Como descreves o vosso trabalho e esforço ao longo das 48h desta Hackathon?

MM: Era um desafio dirigido a projetos relacionados com

HealthCare (saúde e bem-estar). Foi um esforço repartido por todos, um trabalho em equipa de duas designers e um informático.

Voltavas a participar num evento deste género?

MM: Sim! Sem dúvida. E recomendo a todos que gostam de desafios, tecnologia e design que o façam, porque se tratou de uma experiência motivadora e enriquecedora.

O que sugerem para próximas edições?

DG: À futura organização, sugiro que se foquem mais na Internet, visto que é um recurso tão importante para programadores e designers num evento destes. De facto, foi a nossa maior fonte de frustração durante o evento! Outras sugestões incluem maior divulgação do que aconteceu no pós-evento, para que o Shift APPens possa crescer mais a nível nacional.

MM: Sugiro que antes, durante e depois do evento, exista uma maior divulgação do mesmo, bem como dos desafios existentes.

A equipa do Antimatéria quer agradecer a todos os entrevistados por terem mostrado disponibilidade para falarem connosco acerca do Shift APPens e quer também agradecer a todas as fotos e informações disponibilizadas! Para os que quiserem saber mais acerca desta, anteriores e futuras edições do Shift APPens assim como de todos os projetos apresentados nesta 3ª Edição, visitem:http://shiftappens.com/http://shiftappens.com/hangover/

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ESTE ÁLBUM É BRUTAL!

Is the is are (2016)DIIV

Is the is are é o nome do segundo álbum de estúdio da banda indie rock norte americana DIIV, lançado a 5 de fevereiro deste ano. Comparativamente, pouco mudou desde o antecessor Oshin (2012), mantendo-se a linha ténue entre as melodias suaves e calmas e os vocais densos e abafados. Este álbum continua a ser sobre estar ébrio, mas de uma forma mais delicada e matura que o primeiro. A dependência de drogas está liricamente presente nas músicas do vocalista e líder da banda, Zachary Cole Smith, porém, não nos absorve em fantasia ou abre novos mundos, constrói antes uma quase impenetrável parede à volta do eu. O disco é indubitavelmente extenso para o estilo de música, por alguns proclamado um “double disc”, mas percebe-se a intensidade e urgência com que Smith teria de apostar as vivências dos últimos 4 anos, que não se podem condensar em menos que as 17 faixas presentes em Is the is are. Uma

delas, Blue Boredom, teve a colaboração da sua namorada, Sky Ferreira, fiel companheira das negras peripécias pelas quais o casal passou, uma espécie de dedicação oficial à salvação do cantor, que podia muito bem ser o Ian Curtis do século XXI, sendo, portanto, um hino ao post punk. Dopamine foi a rampa de lançamento do álbum e é uma faixa interessante em que Zach avisa logo: “got so high I finally felt like myself ”. Valentine podia ser a faixa substituta de Doused, single do primeiro álbum e a mais conhecida do grupo, com as guitarras a soar jingles dançantes mas mais calmos e distantes. Em suma, é um disco carregado de reverberação, como só DIIV conseguem num presente em que tudo soa similar e é difícil causar destaque, continuando brilhante. Pois bem, os DIIV conseguiram, na minha opinião, autossuperar-se e dar ao público uma parte 2 melhorada do seu trabalho começado em 2012.

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Alexandre Chambel

Muitos associam a personagem de Sherlock Holmes à representação feita por Robert Downey Jr. No entanto, esta série vem a provar que a derradeira imagem do detective por todos nós conhecida é sim representada por Benedict Cumberbatch, a estrela de Sherlock, assim como a reimaginação do seu assistente, John Watson, interpretado por Matt Freeman. O enredo de cada episódio desenrola-se ao mesmo ritmo que um filme se desenrolaria, mantendo o espectador sempre em dúvida do que pode acontecer, o que torna a série famosa pelos seus imprevisíveis plot twists! Para além da excelente performance dos dois atores referidos, cada personagem secundária contribui igualmente para o percurso da dupla de detectives enquanto investigam cada pista daqueles que podem ser considerados os mais complexos crimes observados no mundo da ficção policial, com principal destaque para a personagem de Moriarty, interpretada por Andrew Scott.Sherlock é aqui retratado como sendo um “sociopata de alto-funcionamento”, tendo capacidades de observação e dedução

sobre-humanas, com o drawback de capacidades sociais muito fracas. Watson, por outro lado, tem um papel muito mais activo do que nas representações anteriores da personagem, sendo retratado como um ex-médico militar, essencial nas muitas sequências de acção na série. É de realçar que a série não decorre em finais do séc. XIX/ inícios do séc. XX, como seria de esperar, mas sim na actualidade, estando sempre presentes referências às novas tecnologias e conflitos internacionais, nomeadamente o terrorismo e o crime organizado. Apesar disto, continua a ser a série mais fiel às novelas originais de Sir Arthur Conan Doyle. Além do mais, a série está também repleta de elementos de comédia, drama e algum romance, tendo algo para oferecer a qualquer pessoa, o que contribui para que o programa tenha um público-alvo amplo e diversificado, com um grande número de audiências. Tudo isto culmina numa boa proposta de entretenimento para quem quiser embrenhar num novo mundo. Fica a recomendação!

ADORO ESTA SÉRIE!

Sherlock (2010)Mark Gatiss e Steven Moffat

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Catarina Gomes e Tiago Coelho

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Richard Linklater é um realizador, ator e guionista americano nascido em 1960. O seu nome é, geralmente, associado a filmes de grande carácter humanista, nos quais as relações interpessoais têm especial destaque. A sua trilogia “Before Sunrise” (1995), “Before Sunset” (2004) e “Before Midnight” (2013) e o seu filme “Boyhood” (nomeado para seis Óscares da Academia em 2015) são os seus projetos mais célebres. Um dos filmes mais interessantes, “Waking Life”, foi realizado recorrendo à rotoscopia – uma técnica na qual, após a gravação digital de cada cena, se desenha por cima dos frames. Trata-se, portanto, de um filme de animação. Mas – nada temam – este facto não restringe de maneira alguma o filme; a meu ver, acrescenta-lhe até uma nova dimensão. O filme decorre numa atmosfera fantasiosa, em que a distinção entre sonho e realidade é esbatida. A personagem central, um jovem cujo nome nunca é revelado, vive uma série de episódios desconectados uns dos outros, nos quais ouve ou dialoga com estranhos acerca de temas como o existencialismo ou o sentido da vida. Os debates estão sempre cunhados por uma sensibilidade ou um devaneio inerentes ao carácter humano, e estas características são amplificadas pelo próprio grafismo, que, apesar de sofrer alterações de personagem para

personagem, é ininterruptamente dotado de uma vivacidade verdadeiramente alucinogénica. Um dos temas que recebe mais destaque ao longo do filme é o conceito de sonho lúcido - a perceção de que se sonha enquanto se sonha, o que dá ao sujeito a capacidade de controlar as suas ações e viver uma vida “alternativa”, na qual não precisa de ter medos, nem de se conter. Esta é, para um dos estranhos com quem o jovem dialoga, a “verdadeira vida”. À medida que o personagem principal se apercebe de que ele próprio se encontra num sonho lúcido, as suas preocupações iniciais dão lugar ao fascínio e a um maior interesse em opinar acerca dos temas abordados pelos demais personagens.Este é um filme despido de futilidades e pequenezes, elevando o espectador à pureza e limpidez das questões que verdadeiramente fascinam o ser humano – a discussão de teorias, filosofias, propósitos de vida. Lava-nos por dentro, e faz-nos repelir o mesquinho e o lugar-comum. O diálogo constitui verdadeiramente o alicerce em que assenta o filme, ao invés de um texto estruturado como narrativa – e é este o formato ao qual Linklater tão bem nos tem habituado. Dialoguemos, então. Façamos perguntas; partilhemos opiniões. “Há apenas um instante; e é o agora, e é a eternidade.”

ESPÉCIE DE LSD

Mariana Rajado

Waking Life (2001)Richard Linklater

A história com que Stefano Benni nos presenteia nesta obra inicia-se com um surreal evento, quando o narrador, deparando-se com um homem que se atira ao mar, decide mergulhar em seu auxílio. Apercebe-se, no entanto, que o misterioso desconhecido se dirige a um café, situado debaixo do mar. Decide então entrar, encontrando 23 bizarros clientes, cada um se dispondo a contar uma história. O livro resume-se assim, a uma coletânea de contos que variam em extensão- de algumas linhas a dezenas de páginas- e em conteúdo, abrangendo elementos de mistério, cómicos, satíricos, românticos, dramáticos e muitos outros.Exemplo do contraste no estilo e temas das narrativas com que as personagens nos cativam é o de Priscilla Mapple, homenagem a Miss Marple de Agatha Christie. Priscilla, aluna do 2º ano, é caracterizada pela sua aguçada ironia e inteligência, qualidades que põe à prova quando um dos seus colegas é envenenado durante uma aula. A jovem encarrega-se de ajudar

a polícia, descobrindo o assassino entre os seus colegas.Em oposição, o empregado de mesa fala-nos das aventuras de dois velhos que desejam ir ao parque, para tal é necessário atravessar uma estrada. Esta tarefa revela-se difícil devido ao tráfego e ambos se veem envolvidos em diferentes peripécias, que culminam na tentativa de assalto a uma bicicleta. Um conto dominado pelo humor, ao serviço da critica social, perante o modo como os idosos são tratados.Como já foi referido, a obra é da autoria de Stefano Benni, escritor italiano que se destacou em diversas áreas, entre elas o jornalismo e o humor. É considerado um dos autores de culto de Itália, sendo o seu trabalho marcado pela sátira à sociedade, associada ao surrealismo, tendo recusado todos os prémios literários com que foi distinguido.Este seu livro é atrativo e de leitura fácil, tendo vindo a conquistar a atenção de leitores por todo o mundo.

ESTE LIVRO É INCRÍVEL!O Café Debaixo do Mar (1886)Steffano Benni

Adriana Cunha

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LIVRO/FILME A NÃO PERDER

por Prof. Dr. Pedro Furtado

A característica mais marcante da condição humana, como a dos animais, é a sua fragilidade. Não importa o quão rico ou famoso, o final será sempre o mesmo e está pré-anunciado. É por revelar essa fragilidade do ser humano num contexto histórico determinado, que alguns filmes e livros são especiais. Mas não é só por isso, é também porque a alma de algumas pessoas consegue transcender o comum dos mortais.É neste contexto que eu gostaria de destacar Jamie, um miúdo Europeu rico que vivia com os pais nos subúrbios chiques de Shangai, numa casa com piscina e todas as comodidades e luxos que se poderia imaginar. Jamie deveria ter uns dez anos, mas um dia a guerra bateu-lhe à porta, com a invasão Japonesa e a fuga dos expatriados em pânico. No meio da multidão enfurecida, Jamie perde-se dos pais. É neste cenário de abandono à sua própria sorte, sem alimento e sob ameaça de prisão, de trabalho escravo e de todo o tipo de perigos, que Jamie se transcende. Um miúdo habituado a uma vida confortável vê-se agora na contingência de lutar pela própria vida num mundo de homens maus, agressivos e capazes de o destruir por puro prazer sarcástico.

Abre-se um confronto entre duas outras características marcantes do ser humano, a apetência pela violência extrema para com o seu semelhante, e a força imensa que a bondade traz.Jamie não é um miúdo qualquer. Onde outros sucumbem, Jamie aprende que tem de viver no fio da navalha, tem de conviver, interagir e sobreviver a soldados e comandantes perversos que não hesitariam em fazer rolar a sua cabeça, apenas por prazer sádico. Nesta obra assistimos a uma criança frágil e indefesa a conseguir, fruto da sua inteligência, controlar como marionetas os seus carcereiros, negociar pequenas miudezas e subornos, e evitar tragédias num cenário de holocausto. No final, aquela terra de ninguém em que se transformou o campo de concentração onde teve de sobreviver e ver morrer muitos seres humanos, é libertada pelo fim da guerra e a chegada dos Americanos. A Jamie resta encontrar de novo os pais e voltar a uma vida normal… A obra que vos aconselho a ler e a ver chama-se “Império do Sol”, uma novela semi-autobibliográfica de J. G. Ballard, e o respetivo filme dirigido por Steven Spielberg. Boas leituras e bons filmes, é o que vos desejo.

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Estavam perante a cena do crime; o corpo do banqueiro ainda não tinha sido movido um milímetro desde que tinha expirado. Estava recostado no cadeirão do escritório, encharcado no próprio sangue ainda de olhos abertos; tinha a pele da cara profundamente irritada e com manchas vermelhas. À sua volta, o escritório estava de pantanas; cadeiras reviradas, livros pelo chão, bricabraques caídos:

- Esteve alguém na sala com ele? - perguntou Pièrre.

- Não há sinais da presença de outra pessoa para além da Madame Dupont e do mordomo. - respondeu o capitão da guarda.

- Então foi ele que revirou o próprio escritório? - perguntou Portrait – não me parece!

- O mordomo diz que o deixou com o chá e que estava tudo normal quando se retirou. A madame Dupont garante que a sala já se encontrava neste estado quando aqui entrou.

- Foi ela que foi encontrada com o corpo? - confirmou Portrait.

- Sim, senhor.

- Quero interrogá-la imediatamente! - Portrait olhou em volta da sala à procura da esposa do falecido banqueiro.

Estava ao canto da sala e passava pouco despercebida; madame Dupont era uma nova rica de Paris e via-se que tinha aprendido rapidamente os ríspidos hábitos das senhoras da alta sociedade. Mostrava-se pouco afectada com o sucedido; num vestido sumptuoso, beberricava um copo de brandy enquanto observava cada um dos ocupantes da sala e sussurrava com um homem novo que parecia ser o filho do casal.

- Não disse que ela tinha sido encontrada ensanguentada com o cadáver?

- Disse, - respondeu o capitão com despeito - mas ela insitiu em trocar de roupa e compor a toilette antes de deixar entrar a polícia.

-Tenham cuidado com essa estatueta que veio da China; vale mais do que o senhor vai ganhar alguma vez na vida! - exclamou a mulher para um dos detetives quando o vira aproximar-se de uma das peças - E tenham cuidado quando tirarem o meu marido daqui; nódoas de sangue são impossíveis de tirar da carpete! Já foi uma pena ter estragado o meu vestido.

- Arsénico. - murmurou Piérre que se tinha retirado para examinar o corpo.

- O quê?

- Arsénico, ele foi envenenado com arsénico. Explica tudo: o sangue, a confusão da sala, a pele irritada, as linhas brancas nas unhas... - apontou para os dedos do banqueiro. - Testem o chá, aposto que encontram arsénico. - disse, entregando o bule a um dos outros detectives para análise– E tragam imediatamente aqui o mordomo para ser interrogado!

CAPÍTULO 2por Rita Roque

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DF por Sra.Cristina, Sra. Teresa e Sra. Maria de Lurdes

O aluno vem para o DF

Estudar LF, MIEF ou MIEB

Dirige-se à Secretaria

Onde impera a alegria

Este Departamento

É o melhor da UC.PT

Dito por nós e por todos

Aliás qualquer um vê!

Os docentes são diferentes

Os alunos são especiais

O pessoal da Secretaria

Invejado por demais!

Quem exerce funções no DF

Não pensa em permutar

Porque já sabe que aqui

Será sempre a bombar!

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O des.LIGA é um projeto de educação para a saúde e prevenção do cancro desenvolvido no contexto do ensino superior, promovido pelo Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro em cooperação com Associações, Núcleos de Estudantes e outras Instituições. Para mais informações: [email protected]

Sabias que...- 70 a 80% das mortes por cancro é atribuído a hábitos alimentares errados e à inatividade física;- 30% dos cancros estão relacionados com a nutrição;- 40% dos cancros podem ser evitados com mudanças no estilo de vida;

FOLAR

Ingredientes: 250 g farinha maizena, 25 mL azeite , 15 g fermento de padeiro,75 g açúcar moscavado, 2 ovos, 1 dl Leite Magro Morno, q.b. sal, q.b. canela, q.b. erva doce ,1 ovo(s) cozido(s).

Preparação:1. Dissolva o fermento num pouco de leitemorno e junte alguma farinha. Faça uma bola bem húmida e deixe levedar 20 minutos. 2. Amasse a restante farinha com o açúcar, oleite e os ovos e junte a bola de fermento. Bata bem. Acrescente o azeite, o sal e as especiarias. Bata até a massa se soltar da tigela. Deixe levedar numa tigela tapada com 1 cobertor, em local protegido e ameno, durante + ou - 3 horas.3. Faça então uma bola ligeiramente abolachada, onde coloca os ovos previamente cozidos e frios. Com um pouco de massa faça uns cordões que coloca a rodear os ovos. Pincele com gema de ovo, deixe levedar mais 1 pouco e leve a forno quente (200ºC) até ficar bem corado e cozido.

Valor Nutricional (por 100 gramas):Energia (kcal): 225; Proteínas (g): 4; Gordura Total (g): 4,7; Hidratos de Carbono (g): 41.

PÁSCOA SAUDÁVEL: RECEITASOVO DA PÁSCOA

Ingredientes: 200g de aveia, 20g Chocolate preto, 2 dL de Leite Magro, 1 ovo, Forma de ovo da pascoa .

Preparação: 1. Coloque a aveia, o leite e o ovo num tacho, e mexa até adquirir uma boa consistência. 2. Na forma de ovo de páscoa, cubra toda a base com o preparado anterior. 3. Logo após, espalhar uma fina camada do chocolate derretido. 4. Levar ao forno, pré-aquecido a 200ºC, esperar uns 15 a 20 minutos até endurecer e depois desenformar.

Valor Nutricional (por ovo):Energia (kcal): 200; Proteínas (g): 9; Gordura Total (g): 5,4; Hidratos de Carbono (g): 28,4.

Receitas elaboradas por: Catarina Augusto, Discente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra e Doutora Mª Helena Loureiro, Docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, com o apoio da Unidade de Nutrição e Dietética do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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FICHA TÉCNICAMorada

Rua Larga, Departamento de Física,Sala C8, 3004-516 Coimbra

[email protected]

Editor ExecutivoCatarina Oliveira

Equipa de EdiçãoAna Rita Neves, Catarina Sá Silva, Joana

Rita, João Pereira, Maria João Carriço, Maria Pimentel, Mariana Rajado, Nuno Pinheiro, Ricardo Margarido, Rita Viegas Rego, Sara

Barros

Capa e DesignCatarina Oliveira

Equipa de RevisãoNuno Pinheiro, João Pereira

Equipa de FotografiaInês Gomes, Mafalda Viana

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ANTIMATÉRIA

Março 2016NEDF/AAC