anpocs ana 2.0

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VOZES DIGITAIS RURAIS  Neste artigo pretendemos abarcar algumas questõ es essencialmente teó ricas surgidas no desenr ol ar de uma pe squi sa de !  ô lego ma ior ampara da pe lo "N#$ e em pa rce ri a com a Uni%e rsidad e &edera l de Santa "ru' na qual um trabal(o etnogr á !ico é e!etuado com plantadores de tabaco par a des enc obr ir as apropr iaç õ es e pr  á ti cas ao redor da s TI"s ) tecnol ogias da in!ormaç ã o e comunicaç ã o ) que passam a ser usadas no â mbito rural* Entretanto aqui baseados am pe squi sa pa rcial e pr inci pa lmente nas !a las da s !amí lia s entre%istadas pro cur amo s  problemati'ar +ou articular,- as concepç õ es de narrati%idade de si +"a%arero- de %o' enquanto  processo e %alor +"ouldr.- e constru ç ã o de identidade e a noç ã o de auto)interpretaç ã o +Ta.lor- sob o prisma dessas no%as tecnologias e suas possibilidades que adentram portanto o campo primeiro da !amí li a e por consegui nt e do tr abal (o rural que tem como carac ter  í stica pri nci pal ser desempen(ado no seio do local e da situa ç ã o !amiliar* Discorremos portanto uma recuperaç ã o teó rica de alguns autores e mais ob/eti%amente de  problemá ticas abordadas por eles que sã o interpeladas nas pr ó  prias !alas das !amí lias V* e 0* Ao dei1arem)se !alar as !amí lias como um con/unto social e como indi% í duos bali'am uma no çã o de %o' como e1posta por "ouldr. que reclama perceber)se como um processo como aquilo a que é dado import â ncia e aquilo que é e1cluí do e como um %alor +e meta)%alor- que é  propiciado no seio da pesquisa de cun(o etnogr á !ico e també m nas pr ó  prias e1periê ncias dessas !amí lias com essas tecno logias que permitem a eles serem inclu sos +incluí dos- em espaç os telemá ticos que até entã o eles apenas se %iam no papel de receptores* A !ala a pr ó  pria %o' como mais do que a e1pressã o %ocal (umana aparece de !ato como %alor ) %alor de inclus ã o de uma camada social +o (abita nte e  produtor rural- no seio das comunidades digitais instrumentali'adas atra%é s dessas no %a s tecnologias e %alor de e1pressã o a resp eit o e1a tamente des sa nova e1periê ncia de inclusã o* É  permitido !alar e !alar sobre o !alar* Em um segun do tempo concomitan te % ê )se que a tecnologia étambé m da in!ormaç ã o )  permite a essa populaç ã o nesse rec or te uma incl usã o nu m re gi me de acesso nã o ape nas comu nicati% o mas també m recepti%o* O tra/eto da %o' do ser (umano tamb é m étra/eto do recebimento de no%as %o'es antes mudas para eles també m !ormando na pr ó  pria e1periê ncia da !ala sobre a !ala uma e1periê ncia de segunda ordem de constru çã o ou reconstruçã o de si onde a identidade antes limitada pelo regime de e1clusã o ! í si ca do â mbito rural pode procurar no%os mé todos e momentos de identi!icaç ã o* Essa e1periê ncia de segunda ordem aparece e1atamente nas !alas enquanto narrati%a de si mesmo ) o antes e depoisda c(egada do dispositi%o do acesso à tecnologia aparece nas !alas como descoberta e uma reinterpretaç ã o do passado que transparece ao  pesquisador como uma narrati%a de si que transparece o binô mio !icç ã o)(istoricidade +Ricoeur- inerente à narrati%a de si*

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Artigo para Anpocs

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7/17/2019 ANPOCS ANA 2.0

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VOZES DIGITAIS RURAIS

 Neste artigo pretendemos abarcar algumas questões essencialmente teóricas surgidas no

desenrolar de uma pesquisa de ! ôlego maior amparada pelo "N#$ e em parceria com a

Uni%ersidade &ederal de Santa "ru' na qual um trabal(o etnogr á!icoée!etuado com plantadores

de tabaco para desencobrir as apropriações e pr áticas ao redor das TI"s ) tecnologias da

in!ormação e comunicação ) que passam a ser usadas no âmbito rural* Entretanto aqui baseados

am pesquisa parcial e principalmente nas !alas das !amílias entre%istadas procuramos

 problemati'ar +ou articular,- as concepções de narrati%idade de si +"a%arero- de %o' enquanto

 processo e %alor +"ouldr.- e construção de identidade e a noção de auto)interpretação +Ta.lor- sob

o prisma dessas no%as tecnologias e suas possibilidades que adentram portanto o campo primeiro

da !amília e por conseguinte do trabal(o rural que tem como caracter ística principal ser 

desempen(ado no seio do local e da situação !amiliar*

Discorremos portanto uma recuperação teórica de alguns autores e mais ob/eti%amente de

 problemáticas abordadas por eles que são interpeladas nas pr ó prias !alas das !amílias V* e 0* Ao

dei1arem)se !alar as !amílias como um con/unto social e como indi%íduos bali'am uma noção de

%o' como e1posta por "ouldr. que reclama perceber)se como um processo como aquilo a que édado importância e aquilo queée1cluído e como um %alor +e meta)%alor- que é propiciado no seio

da pesquisa de cun(o etnogr á!ico e também nas pr ó prias e1periências dessas !amílias com essas

tecnologias que permitem a eles serem inclusos +incluídos- em espaços telemáticos que atéentãoeles apenas se %iam no papel de receptores* A !ala a pr ó pria %o' como mais do que a e1pressão%ocal (umana aparece de !ato como %alor ) %alor de inclusão de uma camada social +o (abitante e

 produtor rural- no seio das comunidades digitais instrumentali'adas atra%és dessas no%astecnologias e %alor de e1pressão a respeito e1atamente dessa nova e1periência de inclusão* É

 permitido !alar e !alar sobre o !alar*

Em um segundo tempo concomitante %ê)se que a tecnologiaétambém da in!ormação )

 permite a essa população nesse recorte uma inclusão num regime de acesso não apenas

comunicati%o mas também recepti%o* O tra/eto da %o' do ser (umano também étra/eto do

recebimento de no%as %o'es antes mudas para eles também !ormando na pr ó pria e1periência da

!ala sobre a !ala uma e1periência de segunda ordem de construção ou reconstrução de si onde a

identidade antes limitada pelo regime de e1clusão ! ísica do âmbito rural pode procurar no%os

métodos e momentos de identi!icação* Essa e1periência de segunda ordem aparece e1atamente nas!alas enquanto narrati%a de si mesmo ) o“antes e depois”da c(egada do dispositi%o do acessoàtecnologia aparece nas !alas como descoberta e uma reinterpretação do passado que transparece ao

 pesquisador como uma narrati%a de si que transparece o binômio !icção)(istoricidade +Ricoeur-

inerenteànarrati%a de si*