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MENSAGEM DE ANO NOVO Pensando bem, no ano que está acabando, nem tudo foi como so- nhamos; mas isso não significa que temos que avaliá-lo como um ano ruim. Quem crê num Poder Superior sabe que tudo o que aconteceu, e tudo o que ainda vai acontecer no ano que vem chegando, seja bom ou ruim, vai contribuir para o nosso bem maior, mesmo que não pareça à princípio. Casa Comum A TERRA ESTÁ ATINGINDO O SEU LIMITE IRREVERSÍVEL Nosso planeta está caminhando para um ponto sem retorno e, se medidas urgentes e drásticas contra a crise climática não forem to- madas, nossa civilização estará em sério perigo. CONHEÇA: Os 9 eventos que estão nos levando ao colapso Ano XIII - Edição 146 - Janeiro de 2020 Distribuição Gratuita Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar PERSPECTIVAS PARA O ANO 2020 NA EDUCAÇÃO A retrospectiva que se faz das ações do presidente e de seu minis- tro da Educação, Abraham Weintraub, não é das mais animadoras. O ano de 2019 foi marcado por amplos cortes nos orçamentos de universidades federais e bol- sas de pesquisa, assim como o incentivo à perseguição e à censura aos mestres. Desde o começo do ano, o MEC tem anunciado diversos cortes em bolsas de pesquisas, como as que são financiadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior). Recentemente, por conta dos protestos contra tal medida impopular, Jair Bolsonaro (PSL) anunciou a liberação de 679 bolsas que haviam sido congeladas. No entanto, mesmo com esse anúncio, o corte continua a atingir 7.590 benefícios, equivalente a 8% do que havia no início do ano e comprometendo o ingresso de novos pesquisadores. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também enfrenta cor- tes e possui R$ 330 milhões de déficit em seu orçamento. A situação da educação para o próximo ano deve permanecer na mesmice. O projeto de lei or- çamentária de 2020 prevê uma forte queda dos recursos da Capes, passando de R$ 4,25 bi- lhões previstos em 2019 para R$ 2,20 bilhões em 2020. Ainda, recentemente, o presidente vetou integralmente um projeto de lei que tramitava desde 2015 e prevê a exigência de prestação de serviços de psicologia e serviço social nas redes pú- blicas de educação básica. Psicanalistas e educadores rechaçaram o veto e alegaram ser mais uma decisão de Bolsonaro contrária ao desenvolvimento da educação brasileira. Confira mais algumas medidas do governo Bolsonaro que comprometem diretamente a qualida- de do ensino público no Brasil: PEC do fim do mundo Outro agravante do governo Bolsonaro para a educação foi o congelamento dos investimentos no serviço público por 20 anos instituído pela Emenda Constitucional 95, conhecida como a “PEC do fim do mundo”. Decretada em 2016, em meio ao governo de Michel Temer (MDB) e apoiada por Bolsonaro – o presidente chegou a reforçar novamente que vai manter a PEC em setembro – medida inviabili- za o Plano Nacional de Educação e a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a melhoria da educação pública. Escolas cívico-militares Uma das principais propostas do governo Bolsonaro para a educação, até então, é a implanta- ção do modelo de escolas cívico-militares no estados. No entanto, medida tem sido alvo de ata- que por diversos governadores, que encaram o modelo como elitista e caro para os cofres públi- cos, além de não prever investimentos em estrutura ou na melhoria da qualidade do ensino dos alunos. Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou que cada aluno de colégio militar custa ao Brasil três vezes mais do que o aluno de escola pública: R$ 19 mil por aluno de escola militar e apenas R$ 6 mil para os de escolas públicas. Escola sem Partido O movimento corresponde a uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro, pois alega combater a “doutrinação” política ou ideológica, como a tal “ideologia de gênero”, que seria su- postamente feita pelos docentes. Como medida, o Escola sem Partido defende atitudes como filmar professores em sala de aula e denunciar professores que abram textos sobre LGTB ou sobre socialismo e socialistas. No entanto, podem entrar textos e discussões levantadas pelo pseudo filósofo Olavo de Carva- lho conhecido por suas convicções de extrema direita. Ou seja sai o socialismo entra o extremis- mo de Direita. Lembramos que este já foi denunciado diversas vezes pelos filhos, como fraude. + NESTA EDIÇÃO CULTURAonline BRASIL Palestras e boa música - Cultura - Educação - Meio Ambiente - Cidadania Baixe o aplicativo Google Play no site www.culturaonlinebr.org Verão 2020 será de muita chu- va e pouco calor Página 4 O Brasil do futuro que nunca se torna presente. Página 5 Religião? Primeiramente, o que é religião? Página 7 Tristes relatos eternizados no papel Página 11

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Page 1: Ano XIII - Edição 146 - Janeiro de 2020 Distribuição Gratuita · O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também enfrenta cor-tes e possui R$

MENSAGEM DE ANO NOVO

Pensando bem, no ano que está acabando, nem tudo foi como so-nhamos; mas isso não significa que temos que avaliá-lo como um ano ruim. Quem crê num Poder Superior sabe que tudo o que aconteceu, e tudo o que ainda vai acontecer no ano que vem chegando, seja bom ou ruim, vai contribuir para o nosso bem maior, mesmo que não pareça à princípio.

Casa Comum

A TERRA ESTÁ ATINGINDO O SEU LIMITE IRREVERSÍVEL Nosso planeta está caminhando para um ponto sem retorno e, se medidas urgentes e drásticas contra a crise climática não forem to-madas, nossa civilização estará em sério perigo. CONHEÇA: Os 9 eventos que estão nos levando ao colapso

Ano XIII - Edição 146 - Janeiro de 2020 Distribuição Gratuita

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

PERSPECTIVAS PARA O ANO 2020 NA EDUCAÇÃO A retrospectiva que se faz das ações do presidente e de seu minis-tro da Educação, Abraham Weintraub, não é das mais animadoras.

O ano de 2019 foi marcado por amplos cortes nos orçamentos de universidades federais e bol-sas de pesquisa, assim como o incentivo à perseguição e à censura aos mestres.

Desde o começo do ano, o MEC tem anunciado diversos cortes em bolsas de pesquisas, como as que são financiadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior). Recentemente, por conta dos protestos contra tal medida impopular, Jair Bolsonaro (PSL) anunciou a liberação de 679 bolsas que haviam sido congeladas.

No entanto, mesmo com esse anúncio, o corte continua a atingir 7.590 benefícios, equivalente a 8% do que havia no início do ano e comprometendo o ingresso de novos pesquisadores. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também enfrenta cor-tes e possui R$ 330 milhões de déficit em seu orçamento.

A situação da educação para o próximo ano deve permanecer na mesmice. O projeto de lei or-çamentária de 2020 prevê uma forte queda dos recursos da Capes, passando de R$ 4,25 bi-lhões previstos em 2019 para R$ 2,20 bilhões em 2020.

Ainda, recentemente, o presidente vetou integralmente um projeto de lei que tramitava desde 2015 e prevê a exigência de prestação de serviços de psicologia e serviço social nas redes pú-blicas de educação básica. Psicanalistas e educadores rechaçaram o veto e alegaram ser mais uma decisão de Bolsonaro contrária ao desenvolvimento da educação brasileira.

Confira mais algumas medidas do governo Bolsonaro que comprometem diretamente a qualida-de do ensino público no Brasil:

PEC do fim do mundo

Outro agravante do governo Bolsonaro para a educação foi o congelamento dos investimentos no serviço público por 20 anos instituído pela Emenda Constitucional 95, conhecida como a “PEC do fim do mundo”.

Decretada em 2016, em meio ao governo de Michel Temer (MDB) e apoiada por Bolsonaro – o presidente chegou a reforçar novamente que vai manter a PEC em setembro – medida inviabili-za o Plano Nacional de Educação e a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a melhoria da educação pública.

Escolas cívico-militares

Uma das principais propostas do governo Bolsonaro para a educação, até então, é a implanta-ção do modelo de escolas cívico-militares no estados. No entanto, medida tem sido alvo de ata-que por diversos governadores, que encaram o modelo como elitista e caro para os cofres públi-cos, além de não prever investimentos em estrutura ou na melhoria da qualidade do ensino dos alunos.

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou que cada aluno de colégio militar custa ao Brasil três vezes mais do que o aluno de escola pública: R$ 19 mil por aluno de escola militar e apenas R$ 6 mil para os de escolas públicas.

Escola sem Partido

O movimento corresponde a uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro, pois alega combater a “doutrinação” política ou ideológica, como a tal “ideologia de gênero”, que seria su-postamente feita pelos docentes. Como medida, o Escola sem Partido defende atitudes como filmar professores em sala de aula e denunciar professores que abram textos sobre LGTB ou sobre socialismo e socialistas.

No entanto, podem entrar textos e discussões levantadas pelo pseudo filósofo Olavo de Carva-lho conhecido por suas convicções de extrema direita. Ou seja sai o socialismo entra o extremis-mo de Direita. Lembramos que este já foi denunciado diversas vezes pelos filhos, como fraude.

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Verão 2020 será de muita chu-va e pouco calor

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O Brasil do futuro que nunca se torna presente.

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Religião? Primeiramente, o que é religião?

Página 7

Tristes relatos eternizados no papel

Página 11

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MENSAGEM DE ANO NOVO

Pensando bem, no ano que está acabando, nem tudo foi como sonhamos; mas isso não significa que temos que avaliá-lo como um ano ruim.

Quem crê num Poder Superior sabe que tudo o que aconteceu, e tudo o que ainda vai acontecer no ano que vem chegando, seja bom ou ruim, vai contribuir para o nosso bem maior, mesmo que não pareça à princípio.

Chico Xavier escreveu uma vez que “podemos ter um governo mais ou menos, morar numa rua mais ou menos, numa casa mais ou menos e dentro de uma cidade mais ou menos. Podemos também comer mais ou menos bem, dormir numa cama mais ou me-nos, e até acreditar mais ou menos no ano novo que vem chegando. Podemos, enfim, olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos. Mas o que não se pode, de jeito nenhum, nem nesse ano que está aí pertinho nem nos outros, é ter fé mais ou menos, acreditar mais ou menos, ser ético e honesto mais ou menos, ser amigo mais ou me-nos, namorar mais ou menos, e, o pior, não podemos, em nenhuma hipótese, sonhar mais ou menos ou amar mais ou menos. Se fizermos isso, vamos nos tornar uma pes-soa mais ou menos, que é o pior que nos pode acontecer.

Tenho certeza de que as pessoas valorizam a festa de Ano Novo pelo desejo de reno-vação que esse “ritual de passagem” traz em seu bojo.

As comunidades antigas expressavam isso jogando fora roupas e objetos que já não usavam, simbolizando assim a eliminação de tudo o que, em suas vidas, estivesse “envelhecido”. Também se cultiva, até hoje, o hábito de “pular as sete ondas”, entrar no mar, em cachoeiras, enfim, lavar-se como um rito de purificação para despojar-se de tudo o que foi ruim no ano que passou, preparando-se para receber o Ano Novo.

Não importa quanto tempo vamos viver, se trinta, setenta ou oitenta e poucos anos, nunca saberemos completamente os segredos da vida. Por isso, neste ano que chega, que todos possamos viver intensamente, sem rancor nem ódio algum, e que possamos cantar um só hino de paz, fraternidade e Amor.

Falta muito pouco tempo para que os fogos de artifício se façam ver no céu, enquanto brindes irão se cruzar anunciando o Ano Novo que está chegando. Neste momento má-gico, muitas pessoas vão se abraçar, os amantes se beijarão, e todos, num só pensa-mento, vão exprimir um único desejo: haja paz e amor suficientes para que atravesse-mos mais um ano em nossas vidas. Nesse dia, independentemente da nação, da cida-de em que estamos, da nossa cor, classe social, orientação sexual, origem ou língua, é importante que sintamos que somos filhos de um único Pai, independente do nome que damos a Ele. E, sendo filhos desse Pai amoroso, nos lembraremos de um único verbo, o mais importante para Ele: Amar.

Maria Rita Lemos

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 2

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A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Colaboradores Fixos:

Mariene Hildebrando

Genha Auga

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João Paulo E. Barros

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+ Colaboradores eventuais:

Maria Rita Lemos

Loryel Rocha

Afonso Machado

Selvino Heck

Marcílio Godoi

Cida Oliveira

Michel Cícero Magalhães de Melo

Fontes:

Callendar (datas)

Redação GreenMe

ClimaTempo

ecodurismo.com

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

BRINQUE COM A SUA PIPA, MAS NÃO SE TORNE UM CRIMINOSO!

01 - Ano-Novo 01 - Dia Mundial da Paz 04 - Dia Nacional da Abreugrafia 04 - Dia Mundial do Braille 09 - Dia do Fico 10 - 1º Eclipse Lunar Penumbral 18 - Dia da Universidade 24 - Dia dos Aposentados 24 - Dia da Previdência Social 25 - Ano Novo Chinês 28 - Dia Nacional Combate Trabalho Escravo

Esta data é destinada a homenagear os profissionais que se dedicaram a vida inteira ao trabalho e agora usufruem dos benefícios da previdência social, recebendo do go-verno uma gratificação por todos os anos de serviços prestados ao país.

De acordo com a legislação brasileira, existem cinco categorias específicas de aposen-tadoria: a compulsória, a especial, por idade, por invalidez ou por tempo de contribui-ção.

Mensagem aos Professores Aposentados

Após anos de dedicação e muito trabalho, o dia de hoje é mais do que necessário! Pa-rabéns por todo o esforço e obrigado por ter ajudado no desenvolvimento do nosso pa-ís e formado tanto cidadão para a vida e para a cidadania.

Com muito estudo e empenho cumpriste teu objetivo para com a sociedade, deste o teu melhor e ajudaste a resolver ou melhorar a vida de muitas pessoas ao logo dos a-nos de carreira… Agora, chegou o tão merecido descanso! Parabéns pelo seu dia!

O Decreto de Lei nº 6.926/81 determinou o dia 24 de janeiro como o Dia Nacional dos Aposentados no Brasil.

24 - Dia dos Aposentados

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 3

A TERRA ESTÁ ATINGINDO O SEU LIMITE IRREVERSÍVEL: OS 9 EVENTOS QUE ESTÃO NOS LEVANDO AO COLAPSO

Nosso planeta está caminhando para um ponto sem retorno e, se medidas urgentes e drásticas contra a crise climática não forem tomadas, nossa civilização estará em sério perigo.

Um grupo de pesquisadores fez um balanço da si-tuação e afirma que as mudanças nos sistemas ambientais terrestres são já irreversíveis: estamos em um estado de emergência planetária e muitas áreas da Terra serão inabitáveis em breve.

9 eventos que estão nos levando ao colapso

A equipe, liderada por Timothy Lenton, professor de mudança climática e ciência do sistema terrestre na Universidade de Exeter, no sudoeste da Inglaterra, identificou nove eventos interconectados que estão nos levando ao colapso.

Isso inclui:

O desmatamento na Amazônia,

A redução do gelo marinho do Ártico,

A destruição de recifes de coral em larga escala,

O derretimento das calotas polares da Groenlândia e da Antártica Ocidental,

O degelo do permafrost,

A desestabilização das florestas boreais

A acelerada perda de gelo na Bacia de Wilkes, na Antártica Oriental

A desaceleração das correntes oceânicas.

Tratam-se de eventos que terão um efeito cascata sobre a crise climática. Por exemplo, o Ártico está se aquecendo pelo menos duas vezes mais rápido que a média global; o derretimento do gelo marinho do Ártico está contribuindo ainda mais para esse aquecimento.

Por sua vez, o aumento da temperatura determina um maior degelo do perma-frost no Ártico, o solo que normalmente permanece congelado durante todo o ano e que, descongelando-se, libera dióxido de carbono e metano na atmosfera, alimentando ainda mais o aquecimento global. Um verdadeiro círculo vicioso que acelera cada vez mais as mudanças climáticas.

A ideia de que mais cedo ou mais tarde a Terra chegaria a um limite irreversível não é nova e já foi introduzida há cerca de 20 anos pelo grupo intergoverna-mental das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (IPCC).

Na época, pensava-se que as mudanças seriam irreversíveis se as temperaturas ultrapassassem 5°C em comparação com as registradas na era pré-industrial.

Hoje, os dados dos relatórios mais recentes do IPCC sugerem que o clima é muito mais sensível do que se pensava e que o limite irreversível poderia ser alcançado mesmo após um aumento de temperatura entre 1 e 2°C.

As temperaturas médias globais já estão 1°C mais altas do que na era pré-industrial e continuam a aumentar: se as temperaturas subirem mais de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, um efeito dominó devastador pode ocor-rer.

O acordo de Paris estabeleceu uma meta para limitar o aquecimento da Terra a 1,5°C, mas, de acordo com um relatório recente das Nações Unidas, os países não estão fazendo o suficiente: mantendo o ritmo atual, as temperaturas au-mentarão 3,2°C até 2100.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, em 2018 os gases de efeito es-tufa atingiram níveis recordes e não há sinais de seu declínio a curto prazo.

Ações imediatas:

A situação não é nada animadora faz absolutamente necessária uma ação inter-nacional urgente para reduzir as emissões, desacelerar a elevação do nível do mar e manter o aquecimento a 1,5°C.

Quanto tempo temos para implementar essas medidas e tentar nos salvar? Se-gundo os cientistas, zero.

Redação GreenMe

O Dia do Fico é celebrado anualmente em 9 de janeiro. Neste dia, em 1822, o então príncipe-regente Dom Pedro, declarou que perma-necia no Brasil e não voltaria mais para Portugal. Suas palavras ficaram célebres: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Na-ção, estou pronto! Digam ao povo que fi-co".

Contexto Histórico

A Corte portuguesa queria reverter o esta-tuto do Brasil novamente para colônia e estava exigindo que D. Pedro voltasse i-mediatamente para Portugal. Assim, essa frase revela a rebeldia do príncipe regente às ordens da Corte.

D. Pedro de Alcântara disse depois de ter sido convencido por 8 mil assinaturas que pediam para que ele ficasse no Brasil. Es-se abaixo-assinado foi promovido pelos liberais radicais que, juntamente com o Partido Brasileiro, já vinham tentando man-ter a autoridade do Brasil.

Na data, que ficou conhecida historica-mente como o Dia do Fico, D. Pedro forta-leceu o movimento separatista no Brasil, até então considerado uma extensão de Portugal. É por esse motivo que esse dia é tão importante para o Brasil.

O Dia do Fico representa um dos mais im-portantes passos rumo à independência do país, o que aconteceu no dia 7 de setem-bro desse mesmo ano, 1822.

09 - Dia do Fico

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E o ano recomeça E o ano recomeça e com ele novas expectativas chegam junto. Alguns que-rendo fazer diferente. Outros querendo manter tudo como está. A maioria de nós espera por mudanças positivas, almeja coisas, propõe metas. Muitos se planejam, colocam prazos para que as coisas aconteçam. Isso é muito bom. Planejar, ter objetivos. É melhor do que deixar a maré nos levar, será? Quem vai saber... Planejando conseguimos ter um rumo e investir naquilo que vai nos ajudar a chegar onde queremos. Isso não quer dizer que surpresas boas não sejam bem-vindas. Algo que não estamos esperando, que vem para somar, para nos ajudar. Algo que tra-ga novos ares e novas ideias. Devemos estar abertos, não podemos ser tão rígidos a ponto de não perceber quando devemos mudar o rumo, quando percebemos que aquilo já não é mais o que imaginávamos, que vamos ter que alterar os planos traçados.

O recomeçar nos dá esperança de dias melhores, esperança de que as coi-sas serão diferentes. Se está bom que fique melhor ainda, se não está, va-mos fazer acontecer. Vamos tirar o foco daquilo que não foi bom, focar no que deu certo e nos preparar para recomeçar, mesmo que esse recomeço seja simbólico, afinal é uma data no calendário, é o tempo passando. Esse simbolismo nos ajuda a querer mudar, a sensação é de que podemos real-mente mudar nossas vidas. Vamos aproveitar essa sensação que se espa-lha entre todos. O começo de um novo ano é comemorado em várias partes do mundo, e a energia que prevalece nessa data é contagiante.

Não podemos ficar lamentado as oportunidades perdidas pra sempre. Ou-tras virão com certeza, talvez até melhores. O que precisamos é ter a certe-za que nós fazemos nossas escolhas e que elas vão nos dar a direção.

Começar tem a ver com algo novo, com um início. Muitos de nós começa-mos e recomeçamos várias vezes várias coisas durante a vida. Recomeça-mos uma vida profissional, relacionamentos, amizades, e isso nada têm a ver com fracassos. Tem a ver com querer melhorar, um novo olhar, uma no-va maneira de encarar determinadas situações. Melhorar, aperfeiçoar.

Vamos ter esperança! Segundo o dicionário online de português, esperança é Confiança de que algo bom acontecerá; crença de que um desejo se torne realidade. O sinônimo de esperança é confiança, espera, expectativa, pers-pectiva, fé. Tudo o que precisamos para fazer diferente e mais a coragem é claro, ela nos impulsiona, a coragem e a vontade juntas.

É preciso coragem para viver, para amar, para ser e estar. E muitas vezes essa coragem surge num momento como esse que está chegando, um novo ano.

É preciso coragem para viver corretamente, para lutar pelo que se acredita, para ir em frente quando tudo parece desmoronar. Coragem para fazer a di-ferença e para reconhecer quando estamos errados. Coragem para mudar.

Somente nós podemos fazer algo e mudar o que não está bom. Que venha o novo ano e que a ilusão de que posso mudar recomeçar ou começar de no-vo nos dê forças para seguir adiante. Que o simbolismo de terminar um ano e começar outro, nos de a esperança de que podemos fazer melhor, pode-mos mudar coisas que não gostamos em nós ou nas nossas vidas. O ano novo é mais um rito de passagem que faz parte da nossa vida e nos estimula a querer mudar. Essa força com que iniciamos o novo ano deve ser reabas-tecida de vez em quando, para que dure o resto do ano e não apenas al-guns dias.

É como se entrássemos em um novo mundo, onde tudo será diferente, e po-derá ser, basta à gente manter a determinação que nos faz querer mudar. A realidade vai se apresentar e se deixarmos, voltaremos aos velhos hábitos e posturas, as velhas sensações que nos desanimavam irão voltar. Não dá pa-ra ficar procrastinando tudo. Comecem por pequenas coisas, pequenas mu-danças, coisas fáceis de realizar, mas que precisam ser feitas. Um passo de cada vez. Sair da zona de conforto é trabalhoso, mesmo que essa zona não seja o melhor para nós, que já não nos satisfaça, como é conhecida e esta-mos acostumados a ela, não queremos sair. Não se culpe pelas promessas passadas que não foram cumpridas. Você tem uma nova chance de concre-tizar novos sonhos. Comprometa-se com você. Com certeza não mudar é muito pior. Decidir e agir. Errar e acertar. Investir em você.

É a nossa história, e ela só podem ser escrita por nós.

Mariene Hildebrando

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 4

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Verão 2020 será de muita chuva e pouco calor

Tendências climáticas serão diferentes no ano que se aproxima

O Verão chegou, no dia 22 de dezembro, domingo, à 01h19 pelo horário de Brasília. A estação é normalmente marcada pelo aumento do calor e da chuva na maior par-te do Brasil, mas segundo pesquisas do Climatempo, as tendências climáticas serão diferentes no ano que se a-proxima.

Diferente do verão passado, quando sobrou calor e fal-tou chuva, o verão 2019/2020 trará chuva generalizada e volumosa para quase todas as regiões do Brasil. Será uma estação sem El Niño e também sem La Niña, com fenômenos oceânicos-atmosféricos que ocorrem na por-ção central e leste do oceano Pacífico Equatorial, e que, quando se manifestam, interferem na chuva e na tempe-ratura do Brasil e de outros países da América do Sul.

Tecnicamente, o Climatempo informa que o verão 2019/-2020 será com uma situação de neutralidade no Pacífico Equatorial.

A temperatura da água do oceano Atlântico, especial-mente do Atlântico Sul, que banha toda costa leste do Brasil, do Uruguai e da Argentina, terá maior peso no comportamento da chuva e da temperatura sobre o Bra-sil neste verão.

A meteorologista Patricia Madeira, da equipe de previsão climática da Climatempo explica que “houve grande res-friamento na maior parte do Atlântico Sul entre a costa de Santa Catarina e do Rio de Janeiro. Nesta situação, as frentes frias se tornam mais lentas e com maior po-tencial de chuva no continente. No verão, essa é uma situação bastante favorável para a formação de “ZCAS”.

ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul - é um dos principais sistemas meteorológicos do verão no Bra-sil. Quando ocorre, é responsável por grande parte do total de chuva da estação em particular nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste.

Região sudeste - A estação promete mais chuva do que o normal para a maioria das áreas da região sudeste do Brasil. Será um verão com grande chance de formação de ZCAS em janeiro e em fevereiro. Porém, a chuvarada começou mais cedo, do meio para o fim da primavera e então, pode-se pensar em um verão com maior chance de deslizamentos de encostas, maior número deste tipo de evento no sudeste e começando mais cedo.

ClimaTempo

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 5

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O Brasil do futuro que nunca se torna presente

Toda pessoa, que independente de ter nasci-do ou migrado para o Brasil na infância, mas que cresceu, foi criado em terras brasileiras, possivelmente já se perguntou “qual é o pro-

blema do Brasil, afinal?”, um pergunta simples mas cuja resposta é complexa, porque o Brasil não tem apenas um problema, tem vários problemas.

As falhas não são só dos antepassados e nem só da geração atual, mas de ambos os grupos. O que se passa com o Brasil hoje, é consequência de longa data, de ocorrências que ocorreram durante séculos, tem a ver com a forma que a sociedade brasileira foi es-truturada desde os tempos das capitanias hereditárias. Uma elite que tem a finalidade de acumular riquezas da forma mais fácil possível o que explica a opção pelo uso de mão-de-obra escrava, assim foi se formando o Brasil, com seus inúmeros defeitos e poucas solu-ções. Devido ao tipo de objetivo, a população brasileira não percebe que estamos trilhan-do o caminho errado, estamos indo na contra mão dos países civilizados ou desenvolvi-dos. Alguns dos países que hoje são tidos como desenvolvidos passaram por situações similares, na Europa medieval houve servidão, no Japão também, vários países europeus foram dominados por potências estrangeiras, mas naqueles países, as sociedades acei-taram mudanças. Cada país tem os seus costumes peculiares, mas o que todo país atu-almente desenvolvido tem e comum, e o Brasil não tem tal característica, é uma popula-ção cuja maioria é bem alfabetizada. Se em alguns países desenvolvidos estiver aconte-cendo decadência escolar, tal fenômeno é recente, pois durante muito tempo, houve boa educação escolar que influenciou diretamente no desenvolvimento daqueles países. É fato que a sociedade brasileira despreza a erudição desde o século XVI, e persiste nesse mau caminho. A escassez de conhecimento é um costume hereditário em nosso país, vem de séculos atrás. O brasileiro médio fica mais de dez anos de sua vida entre o ensi-no fundamental e médio, para no final, sair sabendo poucas coisas realmente relevantes. É notório que muita gente nesta nossa sociedade não se sensibiliza ao se deparar com a realidade humilhante que ao longo dos séculos, os pobres são obrigados a viver. Pesso-as que não são esclarecidas estabelecem critérios que desqualificam o conhecimento a-lheio em favor de sua falta de conhecimento, para não se sentirem diminuídas, e se apoi-am na fantasia de que ser ignorante é ser humilde e ser culto é ser arrogante. E também deturpam a realidade à sua volta, o mundo que os cerca, achando que exclusão social, miséria, é a “natureza das coisas”, é “normal”, e acabam colaborando com um sistema que as prejudica.

O objetivo neste artigo não é criticar pessoas, e sim expor esse terrível fator de atraso, retrocesso e estagnação do progresso da nação brasileira, um mal que está diretamente relacionado à falta de conhecimento e de informações corretas. Populações sem cultura e educação são muito mais fáceis de serem manipuladas e dominadas até mesmo por poderosos incultos e semianalfabetos, porque pessoas cultas e bem informadas são mais exigentes e têm capacidade de percepção mais ampla.

E as soluções? Um país que passou séculos com um tipo de estrutura social não conse-guirá mudar em apenas quatro ou oito anos! Ainda mais um país com mais de 210 mi-lhões de pessoas! Se alguém começasse hoje a implementar um projeto de desenvolvi-mento nacional sem que tal projeto seja interrompido, levaríamos décadas para ver os frutos de tal projeto. Mas ninguém vai conseguir sair de um lugar e chegar e outro lugar se não começar a andar. E também, mesmo que saia de um lugar, se parar de andar no meio do caminho, não há como chegar ao lugar pretendido. Teoricamente, há sim como mudar a realidade do povo brasileiro para melhor. E isso não depende exclusivamente de governos e políticos em geral, depende mais ainda da própria sociedade em si. E a socie-dade é a soma dos indivíduos, é um conjunto. Se os indivíduos não aceitarem mudar, o sistema vigente também não mudará. O dito país do futuro estará sempre no futuro de forma a nunca se tornar presente, se a sua população não começar a compreender.

João Paulo E. Barros

Muitas vezes é melhor viver errando, pois isso é quase sempre sinônimo de quem ten-ta fazer. A grande formação é derivada da quantidade e valorização diante dos obstá-culos desafiados, enfrentados e que persis-tentemente poderão ser superados e venci-dos. Estar em evolução é se sentir mudado e co-nectado, mantendo o que a atividade física propícia e compensando-a com um entendi-mento evolutivo e mental cada vez mais atu-al. Se o mundo foi contaminado pelo individua-lismo quando das oportunidades, classifi-cando-se em blocos, de ricos e pobres, de-senvolvidos e em desenvolvimento, resta-nos um caminho que não depende tanto do se enquadrar nesse ou naquele sistema, mas do se adequar unindo o que se quer com o que de melhor pode se fazer para ser parte disso no plano real. O exercício da lógica, enriquece a produtivi-dade e por consequência a qualidade evolu-tiva das nossas ações, fazendo-nos dar cre-dibilidade e confiança aos próprios objetivos, que se iniciam sempre quando criamos ma-nobras para solucionar ou contornar obstá-culos Não importa o que façamos ou com quantos façamos, o que vale é a relação do nosso próprio nome com a qualidade da recepção que obtemos por onde atuamos. Tudo que somos vem de uma combinação do que conseguimos traduzir em instrumen-tos facilitadores e os resultados dessa cons-trução. Cada um de nós tem um estilo pró-prio, mas num caminho aonde estratégias, planos, metas e legislação sempre estabele-cerão as regras do como seguir os passos para os resultados.

Lembrem-se disto

Inicialmente chamado somente de Dia da Paz, a celebração foi criada pelo Papa Paulo VI em dezembro de 1967. A partir de então, todos os anos, o primeiro dia do ano passou a celebrar o Dia Mundial da Paz. É assim desde 1968. De facto, isso vai a acontecer, com a celebração anual do Dia Mundial da Paz a 1 de ja-neiro, sob um tema escolhido pelo próprio Papa, que passa uma mensagem especial ao mundo neste dia.

01 - Dia Mundial da Paz

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 6

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O Imperialismo nos dias de hoje

O imperialismo norte-americano ainda existe? Sim, só que está num forma-

to diferente do que foi nos séculos XIX e XX. E, o imperialismo não é exclusivamente dos Estados Unidos da América.

Os Estados Unidos, quando se tornaram independentes do Reino Unido, tinham uma área territorial menor que a do México na épo-ca. Os dois estados mais ricos atualmente daquele país, a Califór-nia e o Texas, eram território do México. O imperialismo dos Esta-dos Unidos começou no seu próprio território continental, quando a cavalaria americana invadiu o oeste selvagem exterminando os ín-dios de lá, para abrir passagem para os colonos brancos, como costumamos assistir nos filmes de faroeste feitos pelos estúdios de Hollywood. Alguns territórios foram comprados de governos euro-peus, como a Louisiana, a Flórida e o Alasca. O Havaí era um país soberano e foi anexado pelos Estados Unidos, assim como as Fili-pinas e Porto Rico foram tomados da Espanha. Assim foi o imperia-lismo norte-americano no século XIX e começo do século XX.

No decorrer do século XX, primeiramente na América hispânica e, depois com a descolonização da África e da Ásia, uma nova versão de imperialismo, que preserva a soberania política e jurídica dos países submetidos, dando ênfase ao domínio econômico, financei-ro e cultural. E, quando algum desses países ditos soberanos sai da linha, uma intervençãozinha militar ou algum golpe de Estado seguido de governo militar local, ajudou a corrigir o desvio.

No século XXI, o imperialismo mudou novamente de formato. Espa-lha-se fake news pela internet, notícias falsas que apelam para o emocional de quem as recebe, com o objetivo de legitimar os inte-resses do imperialista e prejudicar a imagem do governo que saiu da linha, pois as experiências de intervenção militar no Afeganistão e no Iraque no início do século XXI ficaram caras demais para o governo dos Estados Unidos. Mas quando se fala em Estados Uni-dos da América, é necessário não confundir os verdadeiros imperi-alistas com aquelas pessoas comuns que moram naquele país, porque o imperialismo é algo mais ligado à política, à economia e à cultura.

Aqueles que realmente “dão as cartas” no jogo geopolítico estão nos bastidores, apesar de o presidente dos EUA eleito democrati-camente ser quem é exposto publicamente e mundialmente. Esses que estão nos bastidores, são de famílias ricas que já estão “no to-po da roda gigante” do capitalismo a um bom tempo, são banquei-ros que compõem o denominado capital financeiro, e têm o apoio das grandes empresas de mídia como os canais de televisão, esse pessoal se reúne anualmente no chamado Grupo de Bilderberg, e são eles que são os verdadeiros imperialistas, aqueles cidadãos comuns dos Estados Unidos, incluindo muitos dos brancos anglo-saxões e protestantes, também estão subjugados pelo imperialismo norte-americano em sua própria terra. O imperialismo norte-americano é, na realidade, o imperialismo das elites de mais de um

país que agem unidas nos bastidores da política. Aquela superpo-tência econômica, cultural, militar e tecnológica lá na América do Norte é um instrumento de imposição de poder à serviço dessas elites, que são os verdadeiros imperialistas por trás do país chama-do Estados Unidos.

O que muita gente talvez não saiba é que países tidos atualmente como desenvolvidos também estão “nas garras” desses imperialis-tas, não são só países do denominado terceiro mundo. Governos de países do denominado primeiro mundo colaboram com a política externa do governo dos Estados Unidos, que por sua vez, colabora com os interesses desses imperialistas relativamente ocultos nos bastidores. E, há países que resistem aos imperialistas, como a Rússia, a Coreia do Norte, Cuba e o Irã, e esses países, ou seus governos, costumam ser depreciados pela imprensa.

E quanto ao Brasil? O Brasil tem um agravante, que são os seus imperialistas internos, de nacionalidade brasileira. E muitos desses tais são pessoas que têm posição relevante na sociedade brasilei-ra. Por exemplo, quando aparecem pessoas vestidas com a camisa da seleção brasileira, marchando e batendo continência diante de uma réplica da Estátua da Liberdade numa das lojas da Havan, gente que tem nacionalidade brasileira e fala português, prefere ter lealdade aos Estados Unidos e prejudicar aos que habitam o territó-rio brasileiro, sendo que existem pessoas de nacionalidade norte-americana que nem sabem localizar o Brasil no mapa-mundi, pes-soas que acham que no Brasil a língua oficial é o espanhol, que a capital do Brasil é Buenos Aires, ou que o Brasil se localiza no con-tinente africano, quem realmente é o grande algoz, o evidente ver-dugo do povo brasileiro? São pessoas que têm nacionalidade bra-sileira e falam o idioma do Brasil, e estão a favor do capital interna-cional em prejuízo à maioria das pessoas de nacionalidade brasilei-ra. E por que há brasileiros que fazem isso com o seu próprio po-vo? Porque não se identificam com o seu próprio povo. A triste rea-lidade é que o Brasil não tem um projeto de nação. A população brasileira é uma população desunida, individualista. E nunca terá um projeto verdadeiro de nação com o tipo de elite que o Brasil sempre teve e ainda tem.

Prezados leitores, o estrangeiro não é inimigo só por ser estrangei-ro. Não há nada de errado em gostar de outros países, da cultura de outros povos, não há nada de errado em ouvir canções em in-glês, em espanhol ou em italiano, não há nada de errado em comer comida árabe ou chinesa, brasileiros e estrangeiros são todos se-res humanos. O inimigo real dos brasileiros é o sistema vigente, o status quo. Quem está sendo beneficiado pelo status quo, seja o tal brasileiro, americano ou chinês, vai resistir, vai reagir com a finali-dade de impedir as mudanças. A maioria da população é prejudica-da pelo sistema vigente, e é essa maioria que precisa se conscien-tizar quanto a necessidade de se unir, se não é possível unir a tota-lidade, então que pelo menos a maioria se una! É aí que está o ver-dadeiro problema do Brasil, que facilita tanto o imperialismo das elites mundiais.

João Paulo E. Barros

O número de trabalhadores encontrados em condições análogas às de escravo chegou a 1.723, em 2018. É o que mostram dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), ligada ao Ministério da Economia. Segundo o levantamento, foram flagrados 1.200 traba-lhadores em condições análogas às de escravo no meio rural en-quanto que na área urbana foram registrados 523 casos. Esses nú-meros representam um aumento de 267% em relação a 2017, quando houve 645 resgates. Hoje (28 de janeiro), é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Es-cravo. Entre as atividades econômicas com maior número de traba-lhadores nessas condições estão pecuária e cultivo de café. Se-gundo dados do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Bra-sil, 30,9% dos trabalhadores em condições análogas às de escravo são analfabetos e 37,8% possuem até o 5º ano incompleto.

No ano passado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu 1.251 denúncias, ajuizou 101 ações civis públicas e celebrou 259 termos de ajuste de conduta (TACs) relacionados a trabalho escra-vo. Ainda de acordo com o MPT, existem atualmente 1,7 mil proce-dimentos em investigação e acompanhamento nas 24 unidades do MPT espalhadas pelo país, envolvendo trabalho análogo ao de es-cravo, aliciamento e tráfico de trabalhadores para a escravidão. Desse total, 37 casos são monitorados pelo MPT em Mato Grosso do Sul. De 2003 até julho de 2018, foram realizadas 94 operações no Esta-do, resultando em 3.998 trabalhadores resgatados, sendo 15 ado-lescentes menores de 18 anos. Nesse mesmo período, 44,2 mil tra-balhadores foram resgatados e libertados do trabalho escravo no Brasil ou de atividades análogas à escravidão. Segundo dados do Observatório Digital do Trabalho Escravo, isso significa uma média de pelo menos oito trabalhadores resgatados a cada dia.

28 - Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

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Religião? Primeiramente, o que é religião? A religião é, a princípio, um sistema de crenças que, assim

como a mitologia, também tenta explicar o mundo, o porquê dos fenômenos como nascimento e morte, alguns fenômenos da natu-reza, ocorrências que são atribuídas a um ser considerado superior ou a um conjunto de seres considerados superiores aos seres hu-manos.

A religião e a ciência costumam divergir de opiniões, no entanto a religião tem uma função e a ciência tem outra função. A função da ciência é adquirir conhecimento baseado em experiências e em ob-servação. A definição de fé é a convicção de fatos que não se ve-em, o oposto do objetivo da ciência, que se baseia naquilo que se vê. Reflitamos! Qual é o papel que as diversas religiões têm de-sempenhado na história da humanidade, no decorrer das eras? Quem é contra as religiões, costuma fazer acusações como “as re-ligiões só serviram para que as classes dominantes iludirem as classes dominadas”, “as religiões promovem o tribalismo”, “as reli-giões promovem conformismo e resignação”, “as religiões buscam poder sobre as pessoas”. Só que esses mesmos críticos, essas pessoas secularistas, são contra a existências das universidades, as instituições de ensino superior multidisciplinares? Porque foram as religiões que legaram isso aos povos. Quem cuidou da alfabeti-zação, da educação na Idade Média? Que tipo de gente lecionava na Europa medieval? O clero católico. E no mundo árabe? Os mu-çulmanos, na era de ouro islâmica, entre os séculos VIII e XIII. Mui-ta gente provavelmente não sabe, mas foram monges budistas que criaram a escrita katakana no Japão, e também é atribuído a mon-ges budistas a introdução da escrita chinesa no Japão. Barbarida-des e maldades foram feitas em nome de Deus, a história compro-va isso, muita intolerância, muita opressão. Sim, é verdade, aconte-ceu mesmo! Mas no meio laico, as pessoas são todas bondosas? Ninguém faz mal a ninguém? Ninguém rouba? Ninguém mente? Ninguém oprime a ninguém?

A diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Pleitear o fim da existência das religiões por causas das maldades é o mesmo que pleitear o fim do uso de medicamentos para garantir que as pessoas não sejam mais envenenadas. Muita gente necessita se sentir amparada e acolhida por um ser ou poder superior, se trata de uma necessidade psicológica humana, muita gente que tinha um modo de vida destrutivo deixou de tê-lo após se tornar adepto de alguma religião. Não devemos nos esquecer ou desconsiderar que o ser humano tem a capacidade do raciocínio, contudo, é tam-bém um ser emocional. Se todas as religiões forem extintas, o pre-conceito continuará existindo na humanidade, porque o preconceito é uma opinião desfavorável sobre algo desconhecido. E ter descon-fiança em relação ao desconhecido é uma proteção natural e instin-tiva do ser humano.

As Igrejas Evangélicas Neopentecostais ameaçam a democracia na América Latina, ameaçam o Estado laico. Caros! O que nós te-mos que procurar entender primeiramente é o porquê dessas Igre-

jas fazerem tanto sucesso na América Latina. Por que esse tipo de instituição não faz sucesso na Europa e no Japão? Será que, se as sociedades da América Latina realmente fossem democráticas, al-guma instituição religiosa realmente iria conseguir ameaçar a de-mocracia? Instituições religiosas brasileiras foram para Angola, quando o Poder Público angolano percebeu os abusos, os exces-sos, a charlatanice das instituições brasileiras, o Estado angolano interferiu, proibiu os pastores de pedirem dinheiro nos cultos, come-çou a regular o funcionamento das instituições religiosas e a moni-torá-las. Não tirou do cidadão comum angolano, o seu direito de seguir a crença cristã, o seu direito de liberdade religiosa. Se as Igrejas Evangélicas Neopentecostais se tornaram tão poderosas no Brasil, o problema mesmo está na sociedade brasileira. A socieda-de brasileira é uma sociedade na qual muitos indivíduos têm a opi-nião de que os direitos humanos beneficiam mais aquelas pessoas que não merecem, ou seja, discordam. E muitos desses indivíduos não são religiosos. É uma sociedade em que muitos indivíduos não introjetam regras cívicas importantes, é notória a anomia social no Brasil. O Cristianismo propriamente é muito mais antigo do que o Brasil, se essas igrejas-empresas fazem tanto sucesso nesta terra, é porque agradam ao público brasileiro, muita gente na sociedade brasileira concorda com a ideologia dessas instituições. E empre-sas existem para concorrer umas com as outras, para competirem por clientes e por lucro. E em toda a história humana, as religiões sempre competiram entre si por adeptos. E o ser humano quer ter poder, é lógico que muitos pastores vão aproveitar os membros da sua igreja como eleitores para conseguirem mandatos de deputado ou senador. A causa do sucesso dessas igrejas é justamente a cosmovisão da sociedade brasileira, a maneira de ver e entender o mundo que muita gente no Brasil tem. Muita gente no Brasil tem a sociedade dos Estados Unidos como parâmetro, como modelo a ser seguido.

Os Estados Unidos da América também exercem influência cultural nos países europeus e asiáticos, mas na Europa, as pessoas não querem deixar de viver como europeias para viver como america-nas, no Japão as pessoas não querem deixar de viver como japo-nesas para viver como americanas. Porque na Europa e na Ásia, os povos são milenares, são antigos, já têm cultura consolidada a eras atrás. Lá, quem prefere o American Way of Life emigra para os Estados Unidos. Mas infelizmente a sociedade no Brasil tem cri-se de identidade nacional, e Jesus Cristo não tem culpa por isso, nem Buda, e nem Maomé, nem Confúcio, e nenhuma outra perso-nalidade religiosa. Os pastores neopentecostais dizem o que muita gente gosta de ouvir, e muita gente não gosta de se instruir, de ler, de se informar bem, a própria sociedade no Brasil não colabora pa-ra que as coisas melhorem, para que o status quo mude. Nos paí-ses onde as pessoas estudam e se informam bem, essas institui-ções neopentecostais não conseguem crescer.

O fenômeno da crença espiritual e metafísica é tão ou mais antigo quanto as primeiras civilizações humanas lá no passado. Não é a existência das religiões o mal da humanidade, e sim, alguns aspec-tos da natureza humana.

João Paulo E. Barros

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 7

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ESTADO LAICO

Dizer que um Estado ou país é laico significa que as suas regras, leis e instituições públicas não podem ser estabelecidas – e nem que o Estado ou país pode ser governando – com base em deter-minada religião ou credo. Ou seja, em um Estado laico, os dogmas, crenças e doutrinas religiosas não podem ser utilizados como fun-damento para determinar como a nação será conduzida e adminis-trada.

Desta forma, quando a Constituição Federal brasileira de 1988 ("CF/88"), instrumento que representa o conjunto de leis fundamen-tais que organiza e rege o funcionamento do nosso país, declara

em seu art. 5º, inciso "vi", que todas as pessoas são iguais perante a lei e que é inviolável a liberdade de consciência e de crença des-tas pessoas, sendo desta forma assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e sendo garantida a proteção aos locais de culto e a suas liturgias, ela está declarando que o Brasil é um país laico1.

Indo ainda mais além, a CF/88, no seu art. 19, inciso "i", veda que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabeleçam ou custeiem cultos religiosos ou igrejas, que dificultem o seu funcio-namento ou até mesmo que mantenham com eles, ou com os seus representantes, relações de dependência ou aliança, fazendo ape-nas ressalva aos casos de colaboração de interesse público.

Da redação

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 8

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Livre circulação lusófona: tendência para 2020? Por conta do debate ao nível dos Governos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente nos últimos dois anos, aguarda-se pela aprovação (durante a XIII Conferência dos líderes dos Estados-membros a ser rea-lizada em 2020, em Luanda) da ampliação da mobilidade in-terna no espaço lusófono.

Como ponto de partida, salienta-se, nesse sentido, a Decla-ração sobre Pessoas e Mobilidade na CPLP divulgada em 2018, em Cabo Verde, mediante conclusão da XII Conferên-

cia de Chefes de Estado e de Governo.

Em face das avançadas negociações diplomáticas, a Confe-deração Empresarial (CE-CPLP) – oriunda de consenso du-

rante a III Conferência de Chefes de Estado da CPLP – assume fundamental papel no desenvolvimento e cooperação empresarial den-tro do espaço CPLP, uma vez que a sua missão é criar rotas de investimentos ao estimular a cooperação e a parceria entre instituições lusófonas.

Na medida em que novos espaços internacionais para os negócios sejam formados − sob o prisma de uma língua comum − a meta é garantir à CPLP uma nova perspectiva internacional, já que hoje atinge reduzidos 4% do PIB mundial (ver Figura 1).

Para o Secretário-Geral da CE-CPLP, Sr. José Lobato, tal proposta está assentada em quatro pilares estratégicos: (1) melhoria do ambi-ente de negócios e do clima de investimento para instauração de um quadro político favorável ao desenvolvimento do setor privado; (2) alargamento do acesso às infraestruturas sociais e econômicas, sobretudo, nas áreas de transportes e energia com a finalidade de de-senvolver atividades empresariais; (3) institucionalização da Confederação Empresarial como prestadora de assistência técnica às em-presas a fim de promover o desenvolvimento das mesmas através de financiamentos e recursos humanos; (4) promoção do Mercado Econômico da CPLP.

De maneira mais específica, o item 4 projeta a instauração de um mercado econômico único, moldado sob abolição das restrições co-merciais e idealização da livre circulação de pessoas, bens, capitais e serviços frente à justificativa, segundo Salimo Abdula, Presidente da CE-CPLP, de a Língua Portuguesa ser a força motriz necessária para o resgate da afinidade do espaço lusófono.

É de conhecimento público, porém que o planejamento estratégico da organização empresarial antecipa a necessidade de superar obs-táculos que podem colocar os resultados em xeque. O referido documento sugere superar: (a) a insuficiência de recursos humanos qua-lificados e capacitados; (b) a fraca implicação das autoridades locais e governos dos países membros; (c) as instabilidades políticas nos países membros da CPLP; (d) a insuficiência de financiamento; (e) as pandemias de doenças infecciosas; (e) o fraco crescimento eco-nômico nos países membros e nas Comunidades econômicas regionais da abrangência da CPLP.

Neste panorama, a fim de obter resultados práticos, foram promovidas conferências com o propósito de (re)conhecer tais limites, mas, sobretudo, encontrar “saídas” para o fortalecimento dos negócios.

Assim, a 1ª Conferência Econômica do Mercado da CE-CPLP, realizada em 9 e 10 de maio de 2018, em Maputo, vai ao encontro das mencionadas ideias sendo considerada um marco no corrente contexto, dado a abertura de propostas concretas que permitiram promo-ver a necessidade da mobilidade de pessoas, bens, serviços e capitais dentro do espaço CPLP.

Ainda assim, pelo fato de Portugal ser cossignatário do Tratado de Schengen, o assunto é tratado de forma muito cautelar. Nesta Confe-rência, foram criados 12 grupos de trabalho (ver Quadro abaixo).

Já a 2ª Conferência Econômica do Mercado da CPLP, transcorrida no âmbito das comemorações dos 15 a-nos da Confederação Empresarial, foi acolhida na cidade do Porto. O evento realizado no último dia 3 de dezembro abordou importantes temas divididos em dois Painéis Temáticos: Agenda Política e Agenda Econômica. Assim, o conteúdo debatido orbitou os seguin-tes temas: (i) Mobilidade, Emigração e Diáspora; (ii) Coordenação e Ligação entre os Tribunais Arbitrais e a CPLP; (iii) Manual de Ética e de Compliance das Empresas; e (iv) Energias Reno-

váveis na CPLP.

Este encontro teve como finalidade: potencializar a notoriedade e a visibilidade da CE-CPLP; posicionar a Conferência Econômica da CE-CPLP como evento de referência no espaço lusófono; e afirmar a CE-CPLP como entidade fundamental para o desenvolvimento empresarial e econômico da CPLP. Do ponto de vista institucional, foi enfatizado a necessidade da livre circulação de pessoas, produ-tos, capitais e serviços, haja vista o potencial Mercado Econômico como consequência.

Diante do exposto, cabe dizer que alguns esforços já foram concretizados no ano de 2019 no sentido de permitir maior circulação no in-terior da Comunidade. No entanto, em vista do real interesse da CPLP (e, por conseguinte, da CE-CPLP) em ampliar a mobilidade inter-na, resta-nos aguardar novidades em 2020. Em 2020, Luanda receberá a 3ª Conferência Econômica do Mercado da CE-CPLP.

Marcelo Goulart

Figura 1: Perspectiva Econômica do Espaço Lusófono Fonte: CE-CPLP.

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Resíduos de veneno usado para matar ratos estão em 9

alimentos na mesa do brasileiro

Agrotóxicos carbofurano e terbufós são componentes do chumbi-

nho, utilizado ilegalmente como raticida.

Produto muito vendido de maneira ilegal para matar ratos em várias cidades, o “chumbinho” está em muitos dos alimentos consumidos pelos brasileiros. Resíduos de carbofurano e terbufós – substâncias muito usadas na produção desses raticidas ingeridos até por huma-nos, em desesperado ato suicida – foram encontrados em amos-tras analisadas no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxi-cos em Alimentos (Para), divulgado recentemente pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Proibido pela Anvisa em 18 de outubro de 2017 por causar danos ao sistema nervoso, como a morte de neurônios e suas consequên-cias, o carbofurano está entre os agrotóxicos mais detectados em amostras de alface, laranja, goiaba, uva, chuchu, pimentão e batata doce. De acordo com o relatório do PARA, a presença da substân-cia pode ser decorrente de aplicações de carbossulfano, que se converte em carbofurano. O uso do carbossulfano é proibido nas culturas de citros, arroz, batata, coco, feijão, mamão, manga, toma-te, trigo e uva devido a potenciais riscos à saúde da população.

O terbufós foi encontrado em amostras de alface, cenoura, pimen-tão e tomate. Mas o agrotóxico é muito usado como inseticida em lavouras de banana, café, cana e milho. Segundo a bula do produ-to, causa intoxicações manifestadas por tremores e câimbras, hi-pertensão arterial, fibrilação muscular e flacidez, eventualmente morte por parada respiratória. Entre os efeitos mais comuns sobre o sistema nervoso central estão a ansiedade, dor de cabeça, perda de memória, tremores, convulsões e eventualmente paralisia do aparelho respiratório, que pode leva à morte.

“Na prática, pode-se dizer que o brasileiro está sendo cronicamente contaminado por ‘chumbinho’. Coisa que o relatório da Anvisa pare-ce tratar como irrelevante, e claramente não é”, aponta Marcos Pe-dlowski, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e colaborador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa. Entre outras coisas, ele tem se dedicado a mapear as liberações de agrotóxicos pelo governo Jair Bolsonaro em menos de um ano: até o final de novembro já somavam 467.

Omissão

Segundo observa Pedlowski, as amostras analisadas pelo Para fo-ram coletadas em apenas 77 municípios brasileiros. E o estado do Paraná , um dos campeões de uso de agrotóxicos no Brasil, não cedeu sequer uma amostra porque se retirou do Para em 2016.

Há outros problemas, segundo ele: o relatório omite informações sobre os limites aceitáveis de resíduos que são praticados no Brasil em relação, por exemplo, à União Europeia (UE). “Como já foi de-monstrado pela geógrafa Larissa Bombardi em seu “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, os limites brasileiros são muito mais ‘generosos’ para uma série de agrotóxicos que já foram banidos na UE por estarem associados a uma série de doenças graves, incluindo o câncer”.

Da mesma maneira, despertou atenção que dos 20 agrotóxicos mais detectados na análise, seis estão banidos na UE, como o Car-

bendazim e o Acefato –o terceiro e o sétimo, respectivamente, mais detectados.

“Um aspecto que ainda deverá ser analisado é a negligência óbvia sobre a saúde dos trabalhadores rurais e de todos que entrem em contato direto e indireto com esse número aumentado de substân-cias altamente tóxicas que estão sendo colocadas no mercado bra-sileiro. E há que se frisar que isto ocorre para atender as necessi-dades dos grandes latifundiários que hoje controlam a exportação das commodities onde está fortemente concentrado o uso dessas substâncias”, ressaltou Pedlowski. “Os problemas causados pela contaminação ambiental e humana decorrente da transformação do Brasil em uma espécie de piscina tóxica deverão ser sentidos nas próximos anos e décadas, visto que muitos dos produtos que estão sendo liberados ou possuem alta persistência ou geram metabóli-tos ainda mais tóxicos do que o produto ativo original quando são rapidamente degradados no ambiente.”

Distorções

Dirigente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e inte-grante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vi-da, o agrônomo Leonardo Melgarejo lamentou que, após três anos, a Anvisa venha divulgar “informações distorcidas em relação aos próprios achados” nas análises de arroz, laranja, tomate, cenoura, manga, abacaxi, alface, batata doce, manga, uva, goiaba, alho, be-terraba e pimentão.

“A agência afirma que dos produtos avaliados, 49% não contêm resíduos de agrotóxicos. Portanto, seriam seguros. Mas afirma que em 23% – quase ¼ deles – o número de irregularidades, como a presença de resíduos acima do limite, não seria tão relevante as-sim. Porém, está falando de segurança a partir de 270 agrotóxicos avaliados, sendo que há no Brasil mais de 500 ingredientes ativos”, afirmou.

Segundo ele, a Anvisa omite “o fato de ter encontrado um número 17% maior de amostras irregulares do que na realizada antes do golpe de 2016”. “E esconde que nesse período aumentou o número de registro de intoxicações por agrotóxicos no Brasil segundo o Mi-nistério da Saúde. E disse que encontrou apenas 1% de alimentos que poderiam causar intoxicação aguda – que pode causar da diar-reia à morte. Pouco relevante desde que nossa família não estives-se incluída nesse percentual”.

Melgarejo criticou ainda a recomendação da Anvisa quanto à lava-gem dos alimentos, como se fosse possível retirar o resíduos e re-solver o problema. “E desconsidera o fato de que devemos nos pre-ocupar com o consumo a longo prazo. Nega que haja intoxicação crônica em pessoas com mais de dez anos. Não sabemos como a agência consegue chegar a essas conclusões. Precisamos de a-groecologia, evitar o contato, a exposição e proteger os órgãos de comunicação que trazem alerta sobre os riscos que estamos todos submetidos”.

Ontem, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vi-da divulgou nota sobre o relatório da Anvisa, em que critica o tom da publicação, em que os alimentos vegetais são considerados se-guros, e que abusa de frases de efeito, como “Os resultados não apontaram um potencial risco crônico para o consumidor“, ou “As inconformidades não implicam, necessariamente, risco ao consumi-dor”. Para a campanha, “o tom foi de uma peça de propaganda po-lítica para um relatório que, lido atentamente, traz grandes preocu-pações para a sociedade”.

Cida de Oliveira

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 9

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AGROTÓXICOS Agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, biocidas, agroquímicos, produtos fitofarmacêuticos ou produtos fitossanitários são designações genéricas para os vários produtos químicos usados na agricultura. Desde a década de 1950, com a chamada "Revolução Verde", a produção agrícola sofreu muitas mudanças. O processo agrícola foi modernizado por meio de pesquisas sobre sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo. Tudo isso para potenciali-zar a produtividade. Grande parte dessa tecnologia também envolveu o amplo uso de agrotóxicos, a fim de controlar pragas de forma a não ter perdas no processo agrícola, já que os agrotóxicos têm por função alterar as composições de fauna e flora.

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 10

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Palmares e a política da Casa Grande

Nas gigantescas fazendas eletrônicas brasi-leiras de 2019, os senhores de escravos ad-ministram a economia e a cultura do povo. As largas propriedades, cujas extensões fa-zem perder de vista as plantações, são cer-cadas com arame calibre 38 e decoradas com bandeirinhas do Brasil e dos EUA.

Negócios milionários são fechados nas sombras das árvores, en-quanto cães raivosos atacam impiedosamente os famintos que mendigam pelos pastos. As árvores dão celulares, liquidificadores, televisões e até pneus. Os assalariados correm alucinadamente pelas plantações de produtos eletrônicos. Uma criança de colo ob-serva urubus que voam de modo letárgico pelo céu. Á frente da criança, que tem agora os olhinhos tampados pela pro-tetora mão da mãe, o cadáver de um sindicalista repousa na beira da estrada. Senhor Tavares, proprietário de terras e bancos, passa as ordens do dia para seu feitor de confiança. - Magalhães! - Sim, meu senhô - Marcou a carne dos escravos com o ferro do CNPJ? - Ainda farta arguns, tão espaiados pelas terra. - No começo da noite, eu quero que você verifique se todos estão lendo a Bíblia na senzala. Não permita que tenha dança e debate. Se alguém reclamar ou começar a lenga lenga em torno dos direi-tos trabalhistas, deixe preparado o “ cepo “ . Ponha o pedaço de madeira na cabeça do escravo e passe a corrente no tornozelo de-le. Deixe preparada também a máscara metálica com furinhos, a gargalheira e o Libambo. - Libambo? - Eita Magalhães mula véia! Libambo: aquele anel de ferro que ro-deia o pescoço. Se você sentir um clima de agitação entre os es-cravos, deixe no jeito o chicote Bacalhau. Depois de surrar o escra-vo não se esqueça de atirar sal nas feridas. - Sim senhô - Bom, muito bom! É preciso ser patriota Magalhães! No meio de uma plantação da fazenda do senhor Tavares, Joana encontra-se exausta. A escrava está com o corpo mastigado pela boca quente do sol. Joana olha para um buraco que ela acabou de cavar com uma enxada online, e nota folhas de papeis dentro dele. Na realidade era um rolo em forma de canudo, preso a um elástico. Ela pega o rolo que contem várias páginas e o esconde dentro da roupa. O relógio da fazenda marca 19 h e todos os escravos estão voltan-do para a senzala. Joana não se aguenta de curiosidade para ver o que está escrito naqueles papeis que ela arrancou do fundo da ter-ra. Enquanto os outros escravos ouvem atentamente as leituras bíbli-cas, Joana vai até o fundo da senzala, senta-se e abre o rolo que apresenta misteriosos escritos. Ela é uma leitora voraz, possui mui-ta curiosidade sobre histórias escondidas. Seus olhos passam ansi-

osamente pelo texto. É uma narrativa histórica que discorre sobre o Quilombo de Palma-res. O autor que assina a pequena obra publicada em 1956, é o poeta revolucionário francês Benjamin Péret. Joana começa a ler em segredo as palavras do texto iluminadas por uma vela acesa da senzala: “De todos os sentimentos que fervilham no coração do homem, o anseio de liberdade é, certamente, um dos mais imperiosos e a sua satisfação é uma das condições essenciais da sua existência. Por isso, quando um homem se vê privado dela, não tem sossego en-quanto não a reconquista , de modo que a história poderia limitar-se ao estudo dos atentados contra a liberdade e dos esforços dos oprimidos para sacudir o jugo que lhes foi imposto(...). Os negros do quilombo de Palmares não aspiravam senão a essa liberdade elementar sem a qual a existência humana já não tem sentido. Eles não compreenderam, nem podiam compreender que somente con-seguiriam atingi-la ultrapassando-a. Era preciso que eles a exigis-sem , não só para a sociedade que haviam edificado , mas também para todos os que, no Brasil, sofriam a sorte a que eles haviam querido escapar criando o quilombo. Era impossível a esses ne-gros , havia pouco arrancados á sua floresta natal, elevar-se a essa concepção do sacrifício necessário para o triunfo da causa que de-fendiam. E, entretanto, o sacrifício se consumou apesar deles e, tal qual, permanece exemplar. Parece aliás que, do esforço de eman-cipação dos homens, subsistem antes de tudo os holocaustos ofe-recidos a essa libertação , nos quais estão figuradas as aspirações de uma época inteira. “(...). ( Benjamin Péret) Joana está completamente arrebatada pelo texto de Péret: a leitora que não aceita a escravidão, passa os olhos por cada linha da o-bra. Ela já tinha lido sobre Palmares, já tinha ouvido falar na cora-gem de Zumbi. Diante da sua condição de mulher oprimida do sé-culo XXI , aquela rebelião negra do século XVII torna-se para ela, naquelas circunstâncias, uma imagem incandescente. Ela passa a noite inteira acordada no silêncio da senzala, pensando sobre as lutas por liberdade em todas as épocas da história. Uma profunda coragem toma o seu corpo. Ela pensa que Zumbi ainda caminha pelas matas e torce por aque-les que, como ele, não temem a morte, não temem em ter a cabeça arrancada porque ideias não podem ser degoladas. Amanhece. Ao sair para o trabalho Joana olha fixamente para a Casa Grande, aonde o senhor Tavares mora com sua família. A escrava fala para si mesma com um megafone dentro da sua mente: - Não existe unidade nesta terra. Não existe pátria amada aonde existe a divisão entre opressores e oprimidos. A Casa Grande e a senzala são opostas. Zumbi não poderia pisar na Casa Grande. Zumbi não aceita a senzala. A minha cultura não é a do senhor Ta-vares. Preciso de palavras de ordem soltas nas matas. Observação: esta é uma pequena obra de ficção. Apesar do seu pano de fundo ser inevitavelmente histórico, lugares e personagens (com exceção de Zumbi de Palmares e Benjamin Péret) foram in-ventados.

Afonso Machado

RACISMO E XENOFOBIA Discurso de ódio e medidas de segurança estão alimentando o ra-cismo, a xenofobia e a do relator especial das Nações Unidas so-bre formas contemporâneas de racismo. Mutuma Ruteere também apresentou à Assembleia Geral da ONU documento sobre o combate à glorificação do nazismo, do neona-zismo e de outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo.discriminação com base na origem ét-nica das pessoas, bem como no status de migração ou religião – no contexto atual de medidas e legislação antiterroristas. Essa é uma das conclusões de um relatório que nos diz: Mesmo constituindo mais da metade da população, os afro-brasileiros representavam apenas 20% do PIB.

O nível de desemprego desse grupo também era 50% superior ao restante da sociedade. Já a renda representava metade do recebi-do pela população branca. Em 2014, a expectativa de vida para os afro-brasileiros seria de a-penas 66 anos, contra mais de 72 anos para o restante da popula-ção. A taxa de analfabetismo dentre a população negra era duas vezes superiores ao restante da população. A violência policial contra os negros também não pôde ficar de fora do relatório. A ONU chegou a pedir à polícia para que deixasse de fazer seu perfil de suspeitos baseado em cor da pele. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afrobrasilei-ros.

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Tristes relatos eternizados no papel

Em que pese à importância da constituição de 1988, a “constituição cidadã” como ficou conhecida, na garantia dos direitos políticos, sociais e culturais, ali já encontramos uma abertura para o punitivis-mo e o encarceramento em massa dos indesejáveis: pobres, pretos e periféricos.

É o que se percebe, no festejado artigo 5º, quando este menciona o tráfico de drogas, conforme consta no inciso XLIII. Reproduzo: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou a-nistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evi-tá-los, se omitirem”, e ainda, no inciso LI: “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, prati-cado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. Nes-tes dois incisos fica evidente a transformação, na forma de cláusula pétrea a repressão e o combate às drogas. Considerando que o perfil das pessoas que se envolvem diretamente no comércio vare-jista da droga são jovens negros e pobres, moradores das periferi-as, percebe-se claramente que a guerra às drogas é uma guerra às pessoas. O que obviamente não que dizer que necessitamos pra já de uma reforma constitucional. Nos tempos atuais, considerando a atual distribuição das forças políticas e a explosão dos microfascis-mos, o que é ruim sempre pode ficar pior.

Mas vamos examinar a questão com um pouco mais de acuidade. Este entendimento da questão do “tráfico” e das fronteiras entre o “legal” e “ilegal” se dá na convergência acerca da necessidade de um combate. Neste ínterim, há a produção de uma economia do conflito que se dá na aderência ao modelo de repressão e criminali-zação transnacional. Incorporado da lógica estadunidense, através do discurso de Richard Nixon, e vendido por sua diplomacia. Esta convergência transforma a ideia em legislação através da Lei n. 6.368, de 21 de outubro de 1976. Trinta anos depois, há uma atua-lização na convergência inicial pela Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Podemos observar as duas legislações por um contínuo na produção de corpos e territórios: perigosos e criminalizáveis.

As legislações, mais do que um papel prevendo condutas, traçam uma linha que proporciona a invenção e a produção de um aparato bélico-repressivo na construção de um problema: drogas. Na transi-ção nem um pouco democrática de nossa ditadura civil-militar para uma “democracia”, o aparelho criado para a repressão aos “terroristas” assume uma roupa nova: reprimir pessoas em nome de uma falsa guerra, as drogas. É necessário elucidar que toda a gama de agentes anistiados, “esquecidos” ou os documentos colo-cados sob sigilo do regime ditatorial anterior a promulgação da Constituição Federal de 1988 corrobora pra mudança dessa chave. As execuções sumárias, torturas e prisões arbitrárias permanece-ram. Só que assim como os presos “comuns” foram deixados de lado por presos “políticos” nos anos de chumbo, a crença na pena, na prisão e no direito penal como forma de resolução de conflitos permanece ativa e altiva, tanto para esquerda como para a direita, naquilo que Maria Lucia Karam cunhou de esquerda punitiva.

Atualmente, em nome da ordem pública e de uma dita periculosi-

dade do sujeito e de seu território, o tráfico de drogas corresponde à segunda justificava criminal que mais encarcera no Brasil, ficando atrás dos crimes contra o patrimônio (majoritariamente roubos e furtos). De acordo com o INFOPEN, sendo este levantamento feito com dados em junho de 2017, havia 122.074 mil homens privados de liberdade em decorrência do tráfico de drogas (Art. 12 da Lei 6.368/76 e Art. 33 da Lei 11.343/06) em um total de 493.659 mil condenados. No tocante as mulheres havia 26.592 mil mulheres privadas de liberdade, sendo o tráfico de drogas (Art. 12 da Lei 6.368/76 e Art. 33 da Lei 11.343/06) correspondente a 14.075 mil condenações, o INFOPEN Mulheres evidencia o aumento expressi-vo do encarceramento feminino resultante das condenações pela Lei de Drogas, sendo este, a principal forma de encarceramento feminino. Se continuarmos nesta crescente, e tudo indica que sim, em poucos anos a legislação de drogas corresponderá ao principal justificativa de encarceramento no Brasil em números gerais.

Portanto, no cotidiano periférico, milhares de jovens são transfor-mados em estatística criminal pelas forças policiais que atuam em total discricionariedade. A narrativa destes agentes é a chave para o enquadramento destes jovens em associados ao tráfico e/ou tráfi-co de drogas. Estes dispositivos de praxe acionados: a narrativa-policial (na maioria dos casos a única prova) e o território são os mecanismos de poder tatuados nas apreensões policiais. A narrati-va é copiada e colada nas denúncias do Ministério Público e consti-tuem provas irrefutáveis nos Tribunais de Justiça. Como uma carti-lha exemplar, uma pretensa “fé” na autoridade policial vai ganhan-do robustez de verdade no decorrer do processo criminal. A verda-de vai se delineando na palavra primordial que justifica a pena. O local do fato (se for periférico), para os Tribunais, é uma extensão do domínio faccional. Associado, traficante, perigoso são palavras que vão ganhando conotações específicas para sujeitos específi-cos no decorrer das páginas processuais.

Esta ideia de domínio faccional pode ser interpretada como uma ressignificação do seu original. Gestada primeiramente nos porões do confinamento de Ilha Grande, como relata William da Silva em Quatrocentos contra 1, para decretar não só a paz no sistema prisi-onal como lutar contra as opressões de toda ordem proporcionadas pelo sistema. Hoje serve a fins distintos: condenar milhares de jo-vens ao sistema carcerário sob o prisma de sua dominação. O “perigoso” ou o medo branco de almas negras, como bem coloca Sidney Chalhoub, circunscreve nas sentenças e acórdãos judiciais o racismo de nossa “democracia racial”. Aclama o grande público: somos todos mestiços. Menos no cárcere, nas periferias, nas exe-cuções policiais e nas oportunidades de trabalho/estudo.

É necessário repensarmos os modelos prontos de criminalização produzidos no berço de nossa jovem experiência “democrática”. Considero de extrema importância dois pontos:

1) a revogação da lei de drogas e todos os tipos penais que crimi-nalizam sujeitos através desta justificativa penal;

2) A desconstrução do racismo impregnado nas sentenças judiciais que taxam territórios e sujeitos de “perigosos”, “traficantes” e “associados ao crime”.

Com tais medidas, quebraremos os modelos “fast-food” de inven-ção de penas nos processos criminais.

Michel Cícero Magalhães de Melo

As degradantes prisões brasileiras Avanços na promoção dos direitos humanos têm sido constatados no Brasil, o que é muito importante para a consolidação da democra-cia. No entanto, o Relatório Mundial de Direitos Humanos, edição de 2014, elaborado pela ONG Human Rights Watch, apresenta desafi-os que o país ainda precisa enfrentar, como a violência policial, o uso da tortura e a superlotação das prisões. Este trabalho tem como foco de discussão a situação prisional brasileira, desenhada a partir dos Mutirões do Conselho Nacional de Justiça, CNJ, que constatou condições degradantes nos cárceres em diversas regiões do território nacional.

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Antiga trilha indígena ligava o litoral de SP até Cusco, no Peru

Já imaginou poder fazer uma trilha até Machu Picchu, só que par-tindo do Brasil, mais precisamente do litoral de São Paulo? Meio impossível para os dias de hoje, só que há algumas centenas ou milhares de anos, os indígenas faziam esse caminho de boa, pra lá e pra cá! Essa história, ainda que um pouco enigmática, é sobre uma das mais fascinantes trilhas da América do Sul, o chamado Caminho do Peabiru, que unia a cidade São Vicente, em SP, até Cusco, no Peru.

De fato, essa trilha existiu e o que não faltam são relatos históricos e grandes personagens que, inclusive, conseguiram cruzá-la, em plena época das explorações. Tá afim de conhecer um pouco mais sobre as Peabirus? Então, se liga até o final!

A descoberta da mais fascinante de todas as trilhas da América do Sul

Os primeiros relatos sobre o Caminho do Peabiru ainda causam dúvidas entre os pesquisadores. Há quem diga que a designação do nome veio pelo relato de um jesuíta Pedro Lozano que escreveu o livro História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán no século XVIII, mas muitos outros afirmam que o nome já era usa-do em São Vicente, em SP, logo nos primeiros anos de descobri-mento do Brasil.

O importante é que o Caminho do Peabiru começou a se tornar de interesse dos europeus lá pelo ano de 1514, quando uma expedi-ção portuguesa, buscando descobrir onde o novo continente recém descoberto acabaria, acabou encontrando a foz de um imenso rio. Ali, alguns indígenas (originais Charruas) fizeram o primeiro contato com os brancos e disseram que no alto desse rio, muito distante, havia uma civilização riquíssima e repleta de ouro e prata (certamente, eles se referiam aos famosos e poderosos Incas).

Pra quê, né? Logo, os europeus cresceram o olho e, a partir daí, se iniciaram as primeiras incursões por esse imenso rio, que ganhou o nome de Rio de La Plata, até hoje chamada assim (vai dizer que sabia disso?).

Como todo boa fofoca, a notícia chegou a Europa e os espanhóis, vendo que a região do Rio de La Plata pertencia, na verdade, ao

território deles pelo Tratado de Tordesilhas, trataram de enviar uma expedição repleta de interesseiros em explorar ao tão misterioso Rio de La Plata e, finalmente, chegar até essa civilização rica no alto do continente (isso mesmo, as primeiras tentativas de desco-berta do Peru, se iniciaram pelo sul do continente).

Aleixo Garcia, o cara que completou toda a trilha do Peabiru

Nessa nova expedição, agora de origem espanhola, comandada por Juan de Solis, finalmente, os navios chegam em território “uruguaio” (naquela época, nem tinha nome oficial ainda) e... SI-FU!!! O capitão desce da embarcação, é atacado pelos indígenas e devorado ali mesmo, em frente aos seus homens. Com esse episó-dio, os navios resolvem retornar sem capitão, subindo novamente pelo continente e... SIFU de novo! Uma das embarcações naufraga em Santa Catarina, deixando mortos e feridos, entre esses últimos, um cara chamado Aleixo Garcia, que passaria a viver entre os ín-dios Carijós, simpáticos catarinenses (esses não eram canibais).

Os caras praticamente viraram “brasileiros” àquela altura e, para a surpresa de Aleixo Garcia, os Carijós contavam exatamente a mes-ma história de que no alto do continente, havia uma uma civilização avançada, riquíssima em ouro e prata e que haviam trilhas ligando o litoral do Atlântico até os povoados Incas, no Peru. Pronto! Era o que Aleixo Garcia precisava para iniciar a sua expedição pela maior das trilhas da América do Sul: o caminho do Peabiru!

A expedição

Depois de alguns anos reconhecendo a região, Aleixo Garcia e seus amigos sobreviventes espanhóis (que estavam vivendo de bo-a com os índios) decidem, então, partir para uma das mais aluci-nantes expedições por terra que o homem branco viria a fazer pelo novo continente. Se estima que mais de 2000 indios carijós topara-ma empreitada e seguiram juntos, com armas e alimentos por um caminho de terra e grama batida, que partia do litoral catarinense e se encontrava com outros grandes ramais no oeste de Paraná. Es-ses dois ramais da trilha davam início em Cananéia e São Paulo. Ou seja, a trilha tinha ligações com outros “estados”.

Enfim, seguiram os doidões pela mata, por meses de caminhada, até onde hoje é a cidade Assunção, capital do Paraguai. De lá, era necessário remar em pequenos barcos, continente acima e os ca-ras CHEGARAM em uma enorme montanha de prata, no qual se acredita ser a cidade de Potosí. Ali, muito provavelmente, houve-ram batalhas entre os indios brasileiros e os Incas, no qual se con-seguem saquear quantias de ouro e prata e se inicia o retorno pela trilha até o Brasil.

Só que, mais uma vez, Aleixo Garcia, que teve seu capitão devora-do no Uruguai e depois sofrer um naufrágio, SIFU de novo... no meio de caminho de volta, o exército de Aleixo dá de cara com os ferozes índios Payagás, que matam o espanhol e muitos outros que o acompanhavam. No entanto, após a tragédia, alguns indios carijós, finalmente, chegam de volta ao seu território, trazendo as provas em ouro e prata, garantindo que a trilha do Peabiru foi con-cluída e passando a informação para os exploradores seguintes que chegariam ao território brasileiro.

Incrível, né? Hoje, ainda se acredita que alguns trechos dessa i-mensa trilha ainda existem e são fontes de estudos arqueológicos e históricos.

Fonte: ecodurismo.com

Machu Picchu Machu Picchu (em quíchua Machu Picchu, "velha montanha"),[1] também chamada "cidade perdida dos Incas",[2] é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti. O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia em 1911. Apenas cerca de 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facil-mente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encai-

xes com pouco espaço entre as rochas. Consta de duas grandes áreas: a agrícola formada principalmente por terraços e recintos de armazenagem de alimentos; e a urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.

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*VOCÊ ESTUDOU HISTÓRIA DO BRASIL?* Certamente em nenhuma escola te ensinaram o que se segue: SEIS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS 1891 1934 1937 1946 1967 1988 9 MOEDAS Réis: até 1941 Cruzeiro: 1942 Cruzeiro Novo: 1967 Cruzeiro: 1970 Cruzado: 1986 Cruzado Novo: 1989 Cruzeiro: 1990 Cruzeiro Real: 1993 Real: 1994 SEIS VEZES CONGRESSO FECHADO 1891 1930 - 34 1937 - 46 1966 1968 - 69 1977 SEIS GOLPES DE ESTADO 1889 1930 - 34 1937 - 45 1945 1955 1964 - 85 2015 UM PLEBISCITO IGNORADO Venda de armas: 2005 13 PRESIDENTES QUE NÃO CONCLUÍRAM O MANDATO Deodoro: 1891 Afonso Penha: 1909 Rodrigues Alves: 1918 Washington Luís: 1930 Júlio Prestes: 1930 Vargas: 1945 e 1954 Carlos Luz: 1955 Jânio Quadros: 1961 João Goulart: 1964 Costa e Silva: 1969 Tancredo Neves: 1985 Collor: 1992 Dilma: 2016 31 PRESIDENTES NÃO ELEITOS DIRETAMENTE (também con-siderando posse de interinos) Deodoro: 1889 Floriano Peixoto: 1891 Prudente: 1894 Campos Sales: 1898 Rodrigues Alves: 1902 Afonso Penha: 1906 Nilo Peçanha: 1909 Fonseca: 1910 Venceslau: 1914 Rodrigues Alves: 1918 Delfim Moreira: 1918 Epitácio: 1919 Arthur: 1922* Washington Luis: 1926*

Júlio Prestes: 1930* Vargas: 1930 José Linhares: 1945 Café Filho: 1954 Carlos Luz: 1955 Nereu Ramos: 1955 Ranieri Mazilli: 1961 João Goulart: 1961 Castelo Branco: 1964 Costa e Silva: 1967 Médici: 1969 Geisel: 1974 Figueiredo: 1979 Tancredo Neves: 1985 José Sarney: 1985 Itamar Franco: 1992 Michel Temer: 2016 *Presidentes do Período da República Velha marcado pelas frau-des eleitorais e o coronelismo. 31 REVOLTAS E GUERRILHAS Golpe Republicano: 1889 Primeira Revolta de Boa Vista: 1892-1894 Revolta da Armada: 1892-1894 Revolução Federalista: 1893-1895 Revolta de Canudos: 1893-1897 República de Curani: 1895-1900 Revolução Acreana: 1898-1903 Revolta da Vacina: 1904 Segunda Revolta de Boa Vista: 1907-1909 Revolta da Chibata: 1910 Guerra do Contestado: 1912-1916 Sedição de Juazeiro: 1914 Greves Operárias: 1917-1919 Levante Sertanejo: 1919-1930 Revolta dos Dezoito do Forte: 1922 Revolução Libertadora: 1923 Coluna Prestes: 1923-1925 Revolta Paulista: 1924 Revolta de Princesa: 1930 Revolução de 1930: 1930 Revolução Constitucionalista: 1932 Revolta Mineira: 1935-1936 Intentona Comunista: 1935 Caldeirão de Santa Cruz do Deserto: 1937 Revolta das Barcas: 1959 Regime Militar: 1964 Luta Armada: 1965-1972 Guerrilha de Três Passos: 1965 Guerrilha do Caparaó: 1967 Guerrilha do Araguaia: 1967-1974 Revolta dos Perdidos: 1976 Como pode tanta gente realmente acreditar que o país sempre foi tranquilo e só agora que está com algum distúrbio. Vivemos em um país que sempre foi manipulado pela classe políti-ca. Temos uma elite política corrupta, doutrinada pela liderança a dei-xar de lado seus pares: *o povo.* Na verdade, a vontade que emana é deles próprios e das organiza-ções que corrompem e são corrompidas por essas ratazanas elei-tas por analfabetos, sem dentes e famintos. Você pode ser um agente de transformação. Esclareça as pessoas com as quais se relaciona.

Da redação

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 13

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HISTÓRIA DO BRASIL

A História do Brasil começa com a chegada dos primeiros humanos na América do Sul há pelo menos 22.000 anos AP. Em fins do século XV, quando do Tratado de Tordesilhas, toda a área hoje conhecida como Brasil era habitada por tribos seminômades que subsisti-am da caça, pesca, coleta e agricultura.

A História do Brasil é dividida, consensualmente e para fins didáticos, em três períodos principais: Período Colonial, Período Imperial e Período Republicano.

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O Ano-Novo é a comemoração de um novo ano que se inicia, e é celebrado na passagem de 31 de dezembro para o 1º de janeiro. Também chamado de Réveillon, termo em francês que significa "despertar”. Origem do Ano-Novo Entre 753 a.C. e 476 d.C o início do ano civil acontecia no dia 1º de março. Para persas e fenícios, entre outros povos, a data ainda era outra, 23 de setembro. A comemoração de Ano-Novo com a data que conhecemos hoje tem sua origem em 46 a.C, quando o governador romano Júlio Cé-sar criou um decreto para que o dia 1º de janeiro fosse o Dia do A-no-Novo. Tradições de Ano-Novo Existem diversas tradições típicas para a festa de comemoração do Ano-Novo, e cada país geralmente possui a sua. No Brasil, por e-xemplo, é costume usar roupas brancas, pular 7 ondas do mar, as-sistir os shows de fogo de artifícios, comer uvas e etc. A chegada de um novo ano é celebrada com a expectativa de reno-vação dos votos de esperança, alegria, amor e fraternidade. Nessa época, as pessoas fazem promessas para o ano que se inicia, e refletem sobre a vida que tiveram no ano que acaba. Cada cidade costuma concentrar a sua população num tradicional ponto turístico ou local de bastante significância para celebrar esta data. No Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo são dois locais muito procu-rados para as comemorações de Ano-Novo, onde a atração princi-pal são os fogos-de-artifício em Copacabana, no Rio, e na Avenida Paulista, em São Paulo.

Esta data é uma homenagem à criação da técnica médica que per-mite a impressão de imagens de radiografias em papéis fotográfi-cos. Esse método foi indispensável nos diagnósticos de doenças pulmonares e lesões no coração. A abreugrafia tem este nome devido ao seu criador, o médico brasi-leiro radiologista Manoel Dias de Abreu (1891 – 1962), que inven-tou esta técnica em 1936. O nome da sua invenção foi oficializado num congresso brasileiro de tuberculose, em 1939. Numa época onde o mundo era assolado por uma epidemia de tu-berculose, a invenção do médico brasileiro possibilitou a identifica-ção atempada da doença e, consequentemente, o aumento da pro-babilidade de cura dos pacientes. Devido à importância da sua in-venção, Manoel Dias de Abreu chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel. Origem do Dia Nacional da Abreugrafia Manoel Dias de Abreu nasceu em 4 de janeiro de 1861, sendo este o motivo da escolha desta data como o da celebração do Dia Na-cional da Abreugrafia. A data comemorativa foi oficializada pelo então presidente Jusceli-no Kubitschek. Isso foi feito através do Decreto nº 42.984, de 3 de janeiro de 1958, com o intuito de homenagear o trabalho do radio-logista e dignificar a sua contribuição para o bem da pátria.

A data de 4 de janeiro assinala o nascimento de Loius Braille, o cri-ador do sistema de leitura e de escrita Braille, que permite através do toque facilitar a vida das pessoas invisuais e a sua integração na sociedade. Louis Braille ficou cegou aos 3 anos de idade e aos 20 anos conse-guiu formar um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pon-tos que se alastrou pelo mundo e que ainda hoje é usado como for-ma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas. Livros, folhetos, medicamentos, cd's, dvd's, são alguns exemplos de produtos com impressão em Braille para facilitar a percepção do conteúdo.

O Braille é composto por 64 sinais, gravados em papel em relevo. Estes sinais são combinados em duas filas verticais e justapostas, à semelhança de um dominó ao alto. A leitura faz-se da esquerda para a direita. Em Portugal, destaque-se o papel do Núcleo para o Braille e Meios Complementares de Leitura, no âmbito do Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P, que no Dia Mundial do Braille organiza vários e-ventos para celebrar a efeméride.

A Lua cruzará a extremidade norte da borda da região dapenum-bra terrestre, de oeste para leste (da direita para a esquerda), fa-zendo com que o eclipse seja imperceptível. Oeclipse lunar de 10 de janeiro de 2020 será um eclipse penumbral, o primeiro de qua-tro eclipses lunares do ano.

O ano-novo chinês se inicia no primeiro dia em que a lua está na fase nova. Em 2020 o início do ano ocorre em 25 de janeiro, quando começa o Ano do Rato, cujo término acontece em 11 de fevereiro de 2021. 2020: ano do Rato O rato é o primeiro animal do zodíaco chinês. Os 12 signos do ho-róscopo chinês são utilizados para representar os anos. Como o ciclo se repete a cada 12 anos, 2019 encerrou um ciclo representa-do pelo porco, e em 2020 um novo ciclo se inicia, com o rato. Em 2020, o ano será do signo de rato com o elemento metal. Desta maneira, segundo as tradições chinesas, espera-se a chegada de novas oportunidades, concretização de objetivos e crescimento profissional. O ano-novo chinês é comemorado com uma grande festividade. Já que é o Ano do Rato, sugere-se comer nozes e queijos durante a comemoração, alimentos preferidos desse roedor. Apesar de não ser bem-visto no ocidente, o rato tem muitas quali-dades. É um animal inteligente, hábil, desbravador e procriador. Esse ser sociável, gosta de estar entre amigos e assumir posições de liderança. Para o rato, o importante é ter poder, influência e prestígio. Pelo fato de o rato é ser o primeiro dos 12 animais que compõem o calendário chinês, esse representa o ano dos começos. Por isso, os astrólogos acreditam que para quem está planejando se casar, iniciar um projeto ou investir em algo, esse é um bom momento. O rato, na cultura chinesa, é considerado o portador da prosperidade. Os últimos anos do rato ocorreram em: 1924, 1936, 1948, 1960, 1972, 1984, 1996 e 2008. Por que o Calendário Chinês é Diferente? Diferentemente do calendário ocidental, que é organizado pelo mo-vimento de translação da Terra e, por isso, possui 365 dias, o ca-lendário chinês é lunissolar, ou seja, é organizado de acordo com as fases da lua e a posição do Sol. Por esse motivo, não há uma data fixa para o início do ano chinês; o seu início acontece entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro, em de-corrência do surgimento da primeira lua nova.

Esta data celebra uma das conquistas mais significantes do cida-dão brasileiro durante o século XX: os direitos relacionados à previ-dência social. Hoje o brasileiro nada tem a comemorar... O que é previdência social? Previdência social é um seguro que garante a renda do contribuinte e de seus familiares em casos de acidentes, invalidez, morte, pri-são e velhice, por exemplo. Como está hoje a perspectiva de aposentadoria? Realmente a perspectiva está muito ruim porque pouquíssimos bra-sileiros conseguirão se aposentar, pelas novas regras.

Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 14

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+ ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS

01 - Ano-Novo

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10 - 1º Eclipse Lunar Penumbral

04 - Dia Nacional da Abreugrafia

25 - Ano Novo Chinês

04 - Dia Mundial do Braille 24 - Dia da Previdência Social

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Janeiro de 2020 Gazeta Valeparaibana Página 15

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5 lendas e histórias misteriosas de

Coimbra Cidade dos estudantes e dos a-mores de Pedro e Inês, está re-pleta de histórias e curiosidades para descobrir. Conheça 5 len-das de Coimbra.

A cidade dos estudantes, Coim-bra, possui algumas das mais curiosas histórias e lendas de Portu-gal muito graças à imaginação fértil das várias gerações de univer-sitários que por lá passaram. Coimbra está, sem dúvida, associada à lendária história de amor de Pedro e Inês e, inevitavelmente, às mil e uma histórias que surgiram em torno dessa paixão.

Mas a cidade está também repleta de pequenas curiosidades rela-cionadas com a vida estudantil, desde a famosa Cabra da Universi-dade às Escadas Monumentais, etc. Descubra algumas das mais curiosas histórias, mistérios e lendas de Coimbra.

1. Escadas Monumentais e as “bolas” de D. Dinis As Escadas Monumentais possuem 5 lances de 25 degraus cada, assim sendo, são 125 degraus no total. Uma das lendas mais co-nhecidas é a que “…as escadas têm 5 partes, correspondente ao numero de anos dos antigos cursos, o numero de vezes que trope-çares é o número das cadeiras a que se reprova em cada ano…”. Depois do que acabas de saber, temos a certeza que vais ter mais cuidado quando aqui passares!!

A outra lenda diz respeito às duas bolas que estão no topo dessas escadas, as chamadas bolas de D.Dinis. “Segundo uma “lenda”, são as “bolas” do D. Dinis, o rei que fundou a Universidade, e vão cair no dia em que uma estudante se forme ainda virgem.”

2. A Velha Cabra “…nessa torre tem um sino, que foi apelidado de “Cabra” , respon-sável por acordar os estudantes todas as manhãs às sete da ma-druga, daí o nome. Porém, se olharmos de lado para a torre, ela parece um mocho…” Já tinhas reparado?

3. Lenda da cidade de Coimbra “Diz essa lenda que em tempos houve na cidade uma princesa que era muito amada por um esforçado cavaleiro. Este tinha tentado por todos os meios ao seu alcance casar com ela, mas os pais da jovem não consentiram, porque nenhum feito até então realizado era considerado suficientemente honroso e merecedor da princesa!

O moço estava já a desesperar quando, de súbito, um pavor enor-me tomou conta da cidade: apareceu, vinda dos céus, uma terrível e grande serpente que ameaçava destruir tudo o que encontrasse à sua frente. Conta a lenda que o povo chamava à serpente Colu-ber, sem contudo nos deixar dito porquê.

A princesa, ansiando que o cavaleiro – que sabia corajoso como poucos – mostrasse o seu valor aos pais, inventou um estratagema para tornar possível a aproximação do rapaz. Pediu aos pais que mandassem anunciar na cidade que ela casaria com o cavaleiro que matasse a serpente.

Os soberanos aceitaram a aposta e os arautos anunciaram por to-do o lado a vontade da princesa. Muitos foram os cavaleiros que se apresentaram. Contudo, só o enamorado da princesa teve coragem suficiente de se aproximar da toca de Coluber.

Desmontou do cavalo e acendeu à boca da gruta uma fogueira. Com o manto fez entrar todo o fumo que pôde, para obrigar a ser-pente a sair, e de facto, pouco tempo depois, o monstro saia meio sufocado.

De espada em punho, o cavaleiro tentou cortar-lhe a cabeça, mas falhou, ao mesmo tempo que o instinto de defesa da serpente des-pertava. Deu-se então uma luta fantástica, em que o cavaleiro este-ve por várias vezes a pontos de sucumbir apertado pelos anéis de Coluber.

Num golpe de sorte e perícia, porém, conseguiu cortar a cabeça da serpente, quando estava já a atingir o desespero. Os pais da jovem cumpriram o prometido e foi assim que o cavaleiro matador de Co-luber conseguiu a mão da sua amada princesa.

Acrescenta a lenda que, no local onde a serpente foi morta, fundou-se uma povoação a que deram o nome de Columber Briga, que significa «Batalha da Cobra».”

4. Lenda De Cindazunda Após ter destruído Conímbriga, Ataces, rei dos Alanos, dedicou-se à fundação de uma nova cidade na margem direita do rio Mondego. Estava Ataces embrenhado a dirigir a edificação dessa nova Coim-bra, no local da romana Aeminium, quando surgiu o rei suevo Her-menerico com o seu exército, sedento de vingança pelas derrotas sofridas. Tão sangrento foi o combate entre os dois exércitos que as águas do Mondego se tingiram de vermelho.

Hermenerico é forçada a retirar-se para norte, mas Ataces foi em sua perseguição e o rei suevo vê-se obrigado a capitular. Oferece a Ataces a mão da sua filha, a bela princesa Cindazunda, que desde logo se enamorou perante a beleza da jovem.

Regressados a Coimbra para os esponsais, o rei dos Alanos decide perpetuar o seu casamento dando a Coimbra um brasão comemo-rativo do acontecimento. Nele, a princesa Cindazunda surge coroa-da de uma taça que simboliza o seu casamento com Ataces. Ladei-am a taça um leão, timbre de Ataces e um dragão, timbre de Her-menerico. Esta imagem ainda faz parte do brasão de Coimbra dos nossos dias.

5. Lenda do Pagem Como é sabido um dos bairros conimbricenses é Santa Clara que fica na margem esquerda do Mondego. É uma zona onde existem muitos fornos de cal, já extintos. Contudo, e em outros tempos, co-mo nos diz a lenda, há um forno que é de todos o maior e sobre o qual é contada uma história.

O pagem da Rainha Santa Isabel teria que passar por esse forno e dizer umas palavras de ordem, as quais serviriam para que fosse agarrado e queimado no dito forno. Ele era uma pessoa de confian-ça, era aio da Rainha Santa, mas o rei Dom Dinis pretendia que ele fosse morto.

Acontece que o aio do rei foi a esse forno, mas avisou os forneiros dizendo que por lá haveria de passar o aio da Rainha Santa, que deveria dizer certas e determinadas palavras e logo que acabasse de proferi-las, deviam agarrá-lo e queimá-lo. Mas acontece que o aio da Rainha em vez de se dirigir diretamente a Santa Clara e pas-sar pelo forno, passou pelo Mosteiro de Santa Clara e foi orar.

Demorou algum tempo. Neste entretanto, o aio de Dom Dinis tinha ido no encalço dele, mas deixou de o ver. Quando se aproximou do forno e gozando com os homens do forno, balbucionou as palavras da ordem que o outro aio havia de ter dito. Como eles o não conhe-ciam, agarraram-no e queimaram-no. Alguns minutos passados a-pareceu o pagem da Rainha Santa que disse as mesmas palavras.

Constatou que eles o queriam agarrar; por sua vez, os forneiros ve-rificaram que se haviam enganado queimando o pagem ou aio de Dom Dinis no lugar do aio da Rainha Santa. A lenda atribui este facto a um milagre, mais um dos muitos que a Rainha Santa fez.

Da redação

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Centro de saber por excelência, a Universidade de Coimbra fundada em 1290 é uma das mais antigas da Europa e foi classificada Patri-mónio Mundial, juntamente com a Alta da cidade e a Rua da Sofia. Fundada em 1290 por D. Dinis, com o nome de "Estudos Gerais", transitou entre Lisboa e Coimbra ao longo de vários reinados até que foi definitivamente estabelecida nesta cidade em 1537, por iniciati-va de D. João III. Desde então ocupa o mesmo edifício, antigo Paço Real medieval, adquirido pela instituição em 1597 a Filipe II de Es-panha que então governava o país. Aqui estudava-se teologia, medicina e leis até ao séc. XVIII, altura em que o Marquês de Pombal alterou o ensino introduzindo outras disciplinas. Atualmente compreende sete faculdades - Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnolo-gia, Farmácia, Economia e Psicologia e Ciências da Educação.

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MEU QUINTAL É A AMAZÔNIA

O inverno gaúcho foi tenebroso este ano, como tem sido tenebroso o ano de 2019 em todos os sentidos. O in-verno entrou, e atravessou, em boa parte da primavera. Muita chuva, mui-to tempo nublado, tempestades, frio, pouquíssimo sol.

Uma das plantas do meu apartamento, presente e ‘herança’ da a-miga Dirce Machado Carrion quando ela se mudou para São Paulo há mais de 30 anos, além da geladeira Westinghouse, que me do-ou, sofreu os males do inverno rigoroso. Esta plantinha fica num vaso verde, retangular, de uns 30 centímetros de altura, apenas com água, nada de terra, raízes fincadas no fundo do vaso, regada permanentemente pela água. Minha planta preferida começou a morrer. Estava com apenas duas folhas verdes, sobrevivendo cora-josamente a toda intempérie. Nas correrias da vida dos últimos me-ses, sem tempo para nada, meus cuidados com ela andavam a de-sejar. Achei que ia perdê-la definitivamente.

Como salvá-la? Como dar-lhe vida? Como fazê-la reflorescer? Co-mecei a mudá-la de lugar no apartamento da Tomás Flores, Porto Alegre, para ver se pegava algum sol, algum vento e ar para respi-rar. E vontade de viver.

O sol começou a dar o ar da graça, timidamente, por alguns dias, depois de semanas sem sol, só chuva e tempo tempo nublado. Carreguei-a da sala para o quarto, depois para a sacada dos fun-dos, para o espaço externo ao lado da cozinha, e assim por diante. Para ela ser abençoada por alguns raios de sol e luz, tímidos e ra-ros que fossem, e sentisse que vida e futuro no horizonte.

Minha planta agradeceu aos meus cuidados, meu olhar de compai-xão, e começou a renascer. Hoje, final de novembro, já está com seis folhas viçosas, bem verdes, balançando ao vento da manhã e da tarde, outras em nascimento. Está viva, muito viva.

‘Meu quintal é a Amazônia’, foi nome que damos coletivamente ao grupo de trabalho formado no Seminário nacional do Movimento Fé e Política, acontecido no último final de semana em São Paulo, com o tema geral da comunicação e suas exigências na conjuntura. Contei a história da minha planta. A escolha do nome do grupo foi providencial, veio na melhor hora e oportunidade.

Assim é a vida. Assim é nos tempos de hoje, de pouco sol, de mui-to ódio e intolerância, de poucos cuidados com os outros, com a natureza, com o mundo. A vida hoje está precisando de sol, de á-gua, de ar para respirar, de cuidados e de ternura.

As plantas resistem enquanto podem. Os homens e mulheres tam-bém procuram resistir. Os tempos atuais são de resistência diante das ameaças à democracia, aos direitos, à soberania, à existência da Casa Comum.

O cuidado com as plantas que estão no nosso cotidiano, assim co-mo com os bichos, e, sobretudo, com os humanos que nos rodei-am, pode garantir, não só a sobrevivência, esta em primeiro lugar, mas igualmente a dignidade, o pão para comer, a beleza de ser ci-dadão, a alegria da convivência no cotidiano da família, da comuni-dade, da escola, do local de trabalho, da sociedade.

A Amazônia não é lá longe. Os igarapés estão no meu, no nosso dia a dia. As plantas e árvores estão ao meu, ao nosso redor, na minha, na nossa casa e apartamento, na minha, na nossa rua, no nosso, no meu quintal. Como eu cuido, nós cuidamos da quantida-de de água que usamosna hora do banho, na hora de cozinhar, no cotidiano? Como eu separo, nós separamos ou não o lixo? Como eu, nós reciclamos tudo que é reciclável? Como eu cuido, nós cui-damos da vida das pessoas e de todos os seres vivos? Como me alimento, nos alimentamos, e cuidamos do corpo e da alma? Quais alegrias proporciono, proporcionamos? Quais carinhos e abraços dou, damos todos os dias com quem me encontro? Que palavras de apoio dou, damos a quem sofre, a quem está triste e desespe-rançado? Minhas, nossas mãos, braços, pensamento, utopias es-tão firmes, entrelaçados nas mãos, nos braços e nos pensamentos de todas e todos, sem soltá-los em nenhuma circunstância?

Meu quintal é meu apê, com minhas plantas, é minha casa, onde moro, é meu entorno, onde circulo, são as ruas e estradas por onde caminho, são os cultivos e plantações que faço, são as relações que estabeleço com as pessoas e os seres vivos, são a força cole-tiva da solidariedade, são as lutas e compromissos comuns que as-sumo com a Casa Comum.

A Amazônia não é, não está lá longe. A Amazônia sou eu e minha consciência. A Amazônia sou eu e minha vida. A Amazônia sou eu e toda solidariedade e cuidado de que sou capaz.

Selvino Heck

Janeiro de 20210 ÚLTIMA PÁGINA

Configuração Vocabular Uma clara reconfiguração vocabular está em curso na sociedade brasileira desde 2014 para escravizar você de um modo infalível, inatacável: por você mesmo.

O método é simples, o novo léxico chega diariamente pela tevê, jornais, revistas e se espalha depois em forma de ódio pela inter-net, mas você, inculcado de preconceito contra toda forma de hu-manidade, não consegue enxergar que:

Ensinaram você a chamar o seu sofrimento de "superação de limi-tes".

Ensinaram você a chamar o esvaziamento das suas garantias soci-ais de "controle do déficit público".

Ensinaram você a chamar exploração da carga individual de traba-lho de "propósito".

Ensinaram você a chamar os cortes e o fim dos investimentos pú-blicos de "reforma" ou "descontinuação".

Ensinaram a você a chamar sua aposentadoria de "seguridade pri-vada".

Ensinaram você a chamar perda de direitos trabalhistas de "empreendedorismo".

Ensinaram você a chamar injustiça social e individualismo egoísta de "meritocracia".

Ensinaram você a chamar a defesa do patrimônio público e dos re-cursos naturais brasileiros de "aparelhamento do estado".

Ensinaram você a chamar qualquer manifestação artística ou cultu-ral de "mamata".

Ensinaram você a chamar qualquer forma de debate ou defesa do contraditório de "mimimi".

Ensinaram você a chamar a defesa da Constituição e das institui-ções brasileiras de "comunismo".

E quando você estiver esgotado, subtraído, crucificado e sozinho com esse glossário de palavras novas que lhe ensinaram, talvez entenda tudo o que fizeram com você.

Por enquanto, não. Por enquanto, você está remediado demais com as importantes conquistas dos trabalhadores do passado, que lutaram por você. Por enquanto, você ainda é incapaz de reconhe-cer que não passa de gado neoliberal.

Daqui a alguns meses, no entanto, você também estará incendian-do os trens que hoje o levam para o pelourinho. A gente se encon-tra lá.

Marcílio Godoi