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vitória vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano X Nº 123 Novembro de 2015 água Plante GENEROSOS COM A NATUREZA COMO ELA SEMPRE FOI GENEROSOS COM A NATUREZA COMO ELA SEMPRE FOI

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X • Nº 123 • Novembro de 2015

águaPlante

Generosos com a natureza como ela semPre foiGenerosos com a natureza como ela semPre foi

arquivix

@arquivix

A s secas e o anúncio de racionamento de água no Espírito Santo assustaram a população do Estado. Parece que fomos surpreendidos, embora am-

bientalistas e imprensa venham mostrando que isso iria acontecer. Recentemente ouvi de um órgão do governo estadual que as crises são cíclicas, mas que a atual é maior. A pergunta que fica é: porque demoramos tanto a fazer ações concretas que preservem as nascentes, visto não haver outro meio de garantir a existência do líquido precioso sem o qual não existe vida? A crise hídrica afeta a todos e, por isso, nesta edição apresentamos uma sequência de textos logo nas primeiras páginas com olhares diferentes sobre o mesmo assunto: a escassez de água. Trazemos experiências de recuperação, a relação com a religião, as consequências na economia e até humor e literatura que descreve o Rio Doce como um “espelho enferrujado que nos mostra impiedosamente quem somos” (Dauri Batisti). Ainda dá tempo de mudarmos essa história? Boa leitura n

Vamos reflorestar

editorial

fale com a gente

maria da luz fernandeseditora

Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X – Edição 123 – Novembro/2015Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustradores: Richelmy Lorencini e Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

03 Editorial

10 idEias

18 caminhos da bíblia

26 comunicação

29 EntrEvista

46 acontEcE

0913162022

27

EspEcialReligião e secas

Economia políticaSecas e chuvas

EspiritualidadEO que é o Jazz

pEnsar

vivEr bEmO prazer de um café

arquivo E mEmóriaInauguração do Edifício

Mansur no Centro de Vitória

mundo litúrGicoAno litúrgico e o ano civil

33

atualidadePlantando água ‘Olhos d’água’

05

PerGunte a quem sabe

A reflexão na Celebração da Palavra é homilia?

40rePortaGem

Vida e morte divididas são vidas multiplicadas

34

micronotíciasAIS – Ajuda à Igreja que

Sofre

asPasNecrológios do

CemitérioSanto Antônio

de Vitória

carismas reliGiosos

Catequistas Franciscanas

diáloGosSim, eu creio!

e, por isso, sou alegre!

17

39 42 45

21 24

suGestões ensinamentos cultura caPixaba

uma ProfessoraMuito Maluquinha

O Sacramento da eucaristia

Museu Solar Monjardim

14

gilliard ZuqueVander Silva

atualidade

‘olhos d’água’Plantando água

OEspírito Santo vive a pior crise hídri-ca da sua história. A falta d’água e o racionamento forçado em algumas

regiões do Estado já são uma realidade. A edição de março deste ano da Revista Vitória destacou o tema e alertava para a gravidade da questão. Na época, assim encerramos o texto: “Cada um deve agora assumir a parte que lhe cabe para que esta ameaça da falta de água seja, em breve, coisa do passado. É fato que o uso precisa ser equilibrado, seja em nossas casas, na agricultura e pela indústria, e assim garantir que este bem tão precioso não falte.”

Projeto do renomado fotógrafo

brasileiro, Sebastião Salgado,

ajuda a recuperar nascentes do

degradado rio doce.

revista vitória I Novembro/20155

atualidade

de degradação ambiental havia des-truído. Com a mata recuperada, o casal observou que uma nascente existente na fazenda, que se en-contrava sem água, havia voltado a jorrar. Daí surgiu a ideia de re-cuperar as nascentes do rio. O projeto do casal foi cres-cendo até que em 1998 foi criado o Instituto Terra, uma iniciativa que busca recursos e parceiros em prol do desenvolvimento sustentável do Rio Doce. Por conta da atuação do instituto, mais de sete mil hecta-res de áreas degradadas estão em processo de recuperação e mais de quatro milhões de mudas de espécies da Mata Atlântica foram produzidas e plantadas. A experiência nas áreas re-cuperadas apresenta um quadro animador: nascentes do Rio Doce voltaram a jorrar e espécies da fau-na brasileira, em risco de extinção, encontraram nestes locais um refú-gio seguro de berçário e morada. A proposta é, em longo prazo – cerca de 20 a 30 anos, salvar todas as 370 mil nascentes da Bacia do rio.

Oito meses depois, o quadro se agravou com o poder público adotando medidas emergenciais de proibição de irrigação nas planta-ções e ameaça de falta d’água na Grande Vitória, situação até então tratada com menor gravidade. A notícia que parece ter pe-gado a todos de surpresa, não é novidade no norte do estado, onde se localiza um dos principais rios do Espírito Santo: o Doce. Já são vários anos de relatos de que o rio vem perdendo a vazão e fi-cando seco em vários pontos, em certos períodos do ano. Enquanto autoridades e órgãos competentes debatem o que deve ser feito, um projeto do fotógrafo Sebastião Sal-gado ajuda a recuperar e preservar nascentes dos rios. Tudo começou em meados dos anos 90, quando a esposa do fotógrafo, Lélia Deluiz Wanick Salgado, fez a proposta para que replantassem a área degradada da fazenda deles em Aimorés, inte-rior de Minas Gerais. A ideia era devolver à natureza o que décadas

como funciona

Em várias fazendas o projeto oferece orientação e material para que os produ-tores rurais adotem medidas, como isolar a área do gado e replantar as margens do rio. Até agora, mais de 1200 nascentes já foram contem-pladas com as ações. Para garantir o futuro do projeto, jovens técnicos agrícolas fazem um curso de reflorestamento dentro do Instituto Terra. Eles têm a missão de continuar a vi-sita aos agricultores e recu-perar nascentes. Sebastião Salgado costuma visitar os agricultores que aderiram ao projeto e isso dá a ele a certeza de que é possível salvar o rio. Hoje, o projeto “Olhos D’Água” é considerado pela ONU um dos 70 melhores do mundo de recuperação e conservação de recursos hídricos.

antes (2001) dePois (2011)

revista vitória I Novembro/20156

o pobre rio doceo rico rio doce

A seca no manancial chegou ao patamar mais crítico da história. Sem força, o Rio Doce não deságua mais no mesmo ponto de Regência. Considerado pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) o 10º mais poluído do país, o rio chegou a um estágio tão grave de seca e assoreamento que a foz recuou 60 metros no continente. Esta situação está levando uma série de prejuízo às cidades, tanto para abastecimento doméstico, como para a agricultura e indústria. A formação das cidades e povoações ao longo do Rio Doce trouxe a exploração preda-tória dos recursos naturais, como a extração de madeira no ciclo do ouro. Atualmente, as atividades desenvolvidas nas margens do rio são: agropecuária, mineração, indústria, co-mércio e geração de energia elétrica. n

A bacia hidrográfica do Rio Doce possui, no total 84 mil quilômetros quadrados, dos quais 86% estão em Minas Gerais e o restante, 14%, estão no Espírito Santo. A bacia é formada por rios e cursos d’água de 228 municípios, incluindo o Rio Doce, que tem uma extensão de 897 quilômetros. Na Bacia existem 3.600 indústrias e uma população de quatro mil habitantes. Antes de ser povoada, grande parte de sua extensão era uma floresta, com árvores de até 35 metros de altura, e a maior biodiversidade da Terra, que era a Mata Atlântica. O Rio Doce nasce na Serra da Mantiqueira, com o nome de Rio Piranga. Sua nascente fica na fazenda Morro do Queimado, no Município de Ressaquinha e deságua no Oceano Atlântico, no Município de Linhares – Distrito de Regência.

PrOjetOs cOmO O OlhOs D’ÁguA DO fOtógrAfO sebAstiãO sAlgADO

nOs mOstrAm que recursOs temOs PArA reverter estA situAçãO, mAs

O trAbAlhO em cOnjuntO, que é resPonsabilidade de todos nós, deVe ser feito com seriedade e sem demaGoGia Para que Possamos recuPerar este imPortante manancial, fundamental Para a Vida, fauna e flora do esPírito santo.

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eSPecial

edebrande cavalieridoutor em ciências da religião e professor universitário na ufeS

religião e secas

no Espírito Santo, os córregos e riachos já secaram há muito tem-

po e os grandes rios como Doce, Itapemirim, Santa Maria, Crica-ré, estão definhando a cada dia. A chuva sempre foi em minha vida um sinal da graça de Deus. Ao contrário, as secas sempre marcaram o tempo de grande tristeza, pois expres-sava a morte do mundo vivo. Gostaria de apresentar al-guns cenários a respeito das secas e como isso se entrelaça com a questão religiosa. Em Afonso Cláudio, católicos e luteranos carregaram uma cruz com dez metros de comprimento e quatro metros de largura, pesando quase meia tonelada, para ser fincada no alto do morro, representando a fé e a esperança dos morado-res como forma de pedir chuvas. Da minha infância tenho a recordação nítida de cena igual a esta. Nos períodos de secas, a co-munidade enchia baldes de água e em procissão subia o morro rezan-do, pedindo chuva. Lá ao pé do cruzeiro, derramavam-se os bal-des de água ao final das orações. O Arcebispo de Belo Hori-zonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, pediu aos fiéis que além de economizarem água, rezem para chover. Ele divulgou uma oração do Papa Paulo VI para pe-dir chuvas; e diz: “Por isso, como cristãos, somos convocados a agir

para ajudar a mudar esta situação”. Na Arquidiocese de Vitó-ria, Dom Luiz Mancilha Vilela, também fez uma carta de re-comendações para os cuidados com a natureza e meio ambiente: “Nossas Comunidades Eclesiais no meio rural têm obrigação mo-ral de conscientizar os irmãos e irmãs sobre o grande proble-ma da seca, desmatamento etc”. A população brasileira, muito religiosa, vai encon-trando diversos tipos de prá-ticas como novenas, tríduos, orações, procissões, sempre na intenção de pedir chuvas. Rezar é sempre bom e ne-cessário para alimentar a nossa fé e melhorar a nossa vida diária. Por isso, rezar a Deus pedindo chuva, além de ser bom e neces-sário, implica em mudanças em nosso agir em relação à criação do próprio Deus. A seca é a ex-pressão mais viva e cruel do nosso pecado. Somente uma conversão ecológica, conforme nos convoca o Papa Francisco, de maneira per-manente, nutrida de muita oração e penitência poderá nos redimir da tristeza e da dor das secas. Fazer penitência que nos leve à conversão ecológica implica em mudar nossa forma de agir sobre o mundo, em cada tempo, de chuva ou de seca, de modo a garantir de maneira permanen-te e duradora a vida de nossas matas e nossos rios. Se foram

derrubadas ou se secaram, cabe a cada um de nós retomar ações que transformem o deserto em área verde e verdejante. Nossas pas-tagens precisam ceder lugar que foi tomado das matas. É preciso replantar o que foi derrubado e queimado. A penitência ecoló-gica implica em restabelecer o equilíbrio ecológico destruído pela ganância. Ou salvamos o mundo assim, ou morreremos juntos com a criação destruída! Ainda não tinha concluído este texto reflexivo, e comecei a ver uma pequena garoa caindo pelas ruas e pensei: vai chover e o texto que estou escrevendo não terá mais sentido. Mas logo refiz o erro. É preciso, de ma-neira permanente, recolocar a questão da seca e da devastação do meio ambiente, independente de estarmos com muita chuva ou sem sequer água nas torneiras. A penitência não pode ser uma ação mágica num momento de desespero. A penitência verda-deira nos faz superar a situação de pecado e nos eleva juntamente com a mãe natureza. A penitência ecológica não tem tempo propício para ser praticada. Ela deve ser motivo permanente de nossa fé e intenção de nossas orações em todos os cultos e celebrações. n

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Por favor, escutem o chamado. Não fiquem parados no vão da porta, não congestionem o corredor

ideiaS

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As páginas dos jornais es-tampam cavaleiros seguin-do pelo leito seco do Rio

Doce. Figuras apocalípticas? Que situação! Aonde chegamos? As águas do grande rio já nem mais conseguem chegar ao mar. Suas forças e majestade se foram. O que estamos fazendo de nós mesmos? Impossível não voltar no tempo num misto de nostalgia e tristeza. Mas não uma volta que se estenda por séculos ou milê-nios. Não. Apenas uma volta de algumas décadas atrás. O rio era outro. Eu, um menino. Meu Deus, aquele mar doce, somatório de mil riachos, descia solene pelo seu lei-to. O menino se encantava. E, ao contrário do pequeno riacho do seu cotidiano que se volteava em remansos de piscinas boas de tomar banho ali nos limites do quintal, o Rio Doce era imenso, poderoso, majestoso em suas águas barrentas determinadas em seguir adiante. E hoje, Meu Deus! E hoje? Hoje – apenas algumas décadas depois – o majestoso rio já não é senão um espelho enferrujado que nos mostra impiedosamen-te quem somos: enfeiadores do mundo, gananciosos, consumistas insanos, irresponsáveis, ingratos. E o sentimento já não é senão de perplexidade, de desapontamento e tristeza. Apesar de que, na teimosia, ainda cultivamos algumas esperan-ças. Quem pode mostrar caminhos novos? Quem pode trazer de longe

belezas perdidas? Uma saudade se insinua no coração de todos aqueles que viram ainda outro dia a majestade do Rio Doce, e outras tantas belezas do mundo que se perderam pelo abuso do homem. Ainda outro dia. O mundo era ainda tão bonito... Agora... Meu Deus! Que tristeza! Do fundo de tamanha tristeza, diante da força da destruição que impusemos à natureza, não dá para esquecer a parábola que Jürgen Moltmann – importante teólogo alemão – conta com um necessário bom humor: dois planetas se en-contram no universo. O primeiro pergunta: “Como você está?”. O outro responde: “Muito mal. Estou doente. Tenho homo sapiens”. O primeiro responde: “Sinto muito. É uma coisa terrível. Eu também tive. Mas não se preocupe que passa!”. Mas, como disse acima, a tristeza ainda deixa vazar dos nossos olhares perplexos uma esperança, até porque precisamos de esperança como condição de sobrevivência. As gerações do futuro dependem de mantermos as esperanças e nos darmos ao

trabalho de nos fazermos outros. Não os que enfeiam e destroem, mas os que criam, cuidam e em-belezam tudo o que receberam de Deus. Não haveremos de ser a do-ença do mundo, mas seu remédio – relutamos na esperança. E isso se dará pela resposta que daremos à vida que por pura gratuidade está em nós e no mundo. Ouçamos o chamado! Quase seguindo pela calha da oração, os pensamentos se ampa-ram numa música de Bob Dylan, The times they are a-changin: Va-mos reunir as pessoas de qualquer lugar por onde andem... Se seu tempo vale a pena ser salvo é me-lhor começar... Por favor, escutem o chamado... Não fiquem parados no vão da porta, não congestionem o corredor. n

dauri Batisti

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economia Política

secas e chuvas

Às dimensões naturais que ensejaram desalento e tris-teza a tantos capixabas no

final de 2013 – com fortes chu-vas – e no passado recente – com a estiagem prolongada - outras devem ser acrescidas para que a sociedade capixaba passe a ser efe-tiva na prevenção de sofrimentos e desalentos. Parte deles se deve às modificações demográficas que ocorreram no Espírito Santo nos últimos cinquenta anos e à forma como elas se deram no espaço capixaba. De uma população de me-nos de 1,5 milhão de habitantes em 1960, o Espírito Santo passou a mais de 3,5 milhões em 2010. Enquanto em 1960 mais de 2/3 ha-bitavam em áreas rurais, em 2010 praticamente 80% residiam em núcleos urbanos. Em 1960 sequer Vitória tinha 100 mil habitantes; nos dias de hoje nove cidades ca-pixabas têm população superior a esse número. Essa rápida modificação de-mográfica, combinada com espe-culação financeira, transforma-ram núcleos urbanos capixabas em foco de substanciais ganhos imobiliários. Assim funciona o mercado, argumentam os prag-máticos. Entretanto, cabe indicar que muito pouco foi feito pelos poderes estadual e municipais para que o crescimento das cidades no

Espírito Santo tivesse um mínimo de ordenamento. Terrenos rurais foram trans-formados em loteamentos que ra-ramente levaram em consideração questões como sustentabilidade e melhor utilização de água. Áreas de maior declividade foram desbasta-das e o material retirado utilizado para aterrar espaços de espraia-mento natural das chuvas. Cursos d’água e mangues foram canaliza-dos e aterrados sem qualquer con-sideração com a sustentabilidade ambiental de atividades humanas. Pelo lado do abastecimento d’água, pouco se faz para reverter os his-tóricos desmatamentos de áreas junto a nascentes e ao longo de córregos e rios. Revisitar a forma como proje-tos de loteamentos e de edificações foram aprovados; e o conteúdo de medidas de proteção ambiental em planos diretores municipais, pode ser um bom exercício para que responsabilidades técnicas e políticas sejam verificadas. Afinal, exigências de projetos e planos precisam ir além de seus aspectos

arlindo VilaschiProfessor de economia e coordenador do grupo de Pesquisa em inovação e desenvolvimento capixaba da ufes

“cursos d’ áGua e manGues foram canalizados e aterrados sem qualquer consideração com a sustentabilidade ambiental de atiVidades humanas. PelO lADO DO AbAstecimentO D’ÁguA, POucO

se fAz PArA reverter Os históricOs DesmAtAmentOs De ÁreAs

juntO A nAscentes e AO lOngO De córregOs e riOs.”

burocráticos, para assegurarem vida digna para a população como um todo. Que os altos custos envolvi-dos no remediar situações como as vividas quando as chuvas vêm em grande escala ou quando são escassas, ensejem um novo olhar para a forma e o conteúdo do cres-cimento do Espírito Santo. A sus-tentabilidade ambiental precisa ir muito além da mera retórica de peças de publicidade de governos e empresas. Há que se buscar uma consciência voltada para o bem comum. O bem comum precisa estar no centro de ações individuais, empresariais e governamentais de forma preventiva. Reconhecer equívocos cometidos no passado que resultaram em tragédias no presente, pode ser um exercício de humildade necessário à cons-trução de um estado e de cidades melhores para todos viverem. n

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micronotíciaS

Geladeira solidáriaem Goiás Já mostramos aqui ou-tros países que aderiram à geladeira comunitária e agora é a vez de enaltecer nosso Brasil , mais exata-mente Goiás. A ideia é sim-ples e muito eficiente. Uma geladeira é instalada na rua. Pessoas, restaurantes, entre outros podem deixar comida lá em vez de desperdiçar ou jogar fora. E quem estiver passando e precisar pode pegar ou se alimentar. Dois problemas minimizados em uma solução simples.

despesas com controle

ais – ajuda à igreja que sofre

Através do aplicativo Carrora-ma já disponível para iOS e Android é possível controlar despesas com veículo e agendar manutenções preventivas. O aplicativo gera rela-tórios que podem ser transferidos para planilha eletrônica e visuali-zados no computador. Uma forma fácil de contabilizar financimento do veículo, IPVA, DPVAT, licencia-mento, multas, pedágio, estaciona-mento, lavagem e manutenção.

A situação de perseguição religiosa no Iraque é tão intensa que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) estima que, em até cinco anos, as tradições cris-tãs no país serão extintas caso não haja uma “ajuda de emer-gência a nível internacional”. O quadro dramático é apon-tado no relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, que expõe de-talhadamente a situação dos “cristãos oprimidos por causa da sua fé”. Com dados relativos ao pe-ríodo de outubro de 2013 e julho de 2015, quando a pesquisa foi realizada, o relatório aponta que no Iraque, os cristãos foram re-duzidos “de cerca de um milhão em 2002-2003 para cerca de

700 mil em 2006 e para menos de 300 mil atualmente”. Com a ascensão de grupos extremistas muçulmanos, como o Estado Islâmico, por exemplo, está havendo “um enorme êxodo de cristãos de outras regiões do Oriente Médio, como por exem-plo da Síria, combinado com um aumento das pressões sobre os fiéis na Arábia Saudita e no Irã”, o que significa “que a Igreja está a ser silenciada e expulsa do cora-ção da sua antiga região bíblica”. A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre está a servi-ço do Papa Francisco, tornando possível o seu pedido de fazer uma Igreja mais próxima do ne-cessitado, do pobre, do excluído, ou seja, dos prediletos de Deus.

revista vitória I Novembro/201514

Petição quer volta de trens de passageirros O pedido para a volta de trens de passageiros no Brasil ganha força nas redes sociais. A ideia foi lançada em 2013 por Vicente Zancan e conta com cerca de treze mil assinaturas. Para sa-ber mais e assinar acesse https://secure.avaaz.org/po/petition/Queremos_a_volta_dos_trens_de_passageiros_por_todo_o_Brasil

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eSPiritualidade

dom rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Como o Jazz

nifestação do infinito amor do Pai. Essa alma gosta das pessoas, gosta de gente, gosta da vida. Daí poder exclamar como Santa Teresinha: “Tudo é graça!”. Quem não fez a experiên-cia do amor de Deus, sente-se órfão e abandonado no mundo. Não enxerga beleza e alegria em coisa alguma. Essa triste pessoa não gosta de gente, ela detesta e despreza as pessoas ao seu redor. Elas terminam seus dias sozinhas e mal hu-moradas.

l i que ao perguntarem ao grande trompetista norte americano Louis Arms-

trong o que é o jazz, ele teria respondido: “Quando ouvir você saberá!” Creio que em relação às coisas de Deus vale o mesmo princípio. Quando você fizer a expe-riência de Deus, então saberá quem é Deus. Sem a experiên-cia, as coisas de Deus tornam--se teorias ou palavreados abs-tratos e vazios. De fato, “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (Jesus Cristo), que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação de-cisiva”, cita Papa Francisco (EG 7). Quem fez a experiência do amor de Deus, ou seja, perce-beu-se interiormente amado e acolhido pelo Pai, apesar de saber-se absolutamente não merecedor desse amor - o que aumenta em nós a gratidão pelo amor generoso e gratuito de Deus - ele passa a ver a vida como um dom e percebe tudo ao seu redor como uma ma-

Só o amor faz o ser huma-no ser feliz. Só o amor maior (amor de Deus!) é capaz de preencher a alma humana. Não nos contentemos com as mi-galhas do amor humano, tor-nando-nos mendigos afetivos, sofrendo com a alma vazia, en-quanto o Pai nos oferece o sóli-do e abundante alimento do seu infinito amor. Deus é o pão da vida e quem comer desse pão jamais terá fome e quem beber dessa água viva tornar-se-á fonte. Aliás, escreveu o Papa Francisco: “somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes, o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisa-mente na Cruz que o Senhor, trespassado, se nos entregou como fonte de água viva. Não deixemos que nos roubem a esperança!” (EG 86). n

Quem não fez a experiência do amor de

Deus, sente-se órfão e abandonado no

mundo. Não enxerga beleza e alegria em

coisa alguma.

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aSPaS

A consciência de ter praticado os mandamentos divinos é origem de consolação e de conforto.

Sempre, sempre. Paz e amor sempre...

Ainda que ausente viverás sempre na saudade de tua esposa e filho.

Ele deixou no coração de cada um de nós uma lembrança viva e uma afeição que jamais se extinguirá.

A providência divina na sua elevada sabedoria deferiu-lhe o privilégio de chamá-lo para sua onipotente companhia.

Quero subir, Senhor, o mais alto que eu puder para Te ver, olhar para Ti.

Vivo no céu junto àquele que na terra amei de todo o meu coração. - Vivo Jam in aeternvm jvsta illvm qvem in terris tota devotione dilexi.

Eu não morri, mas entrei para a vida. A certeza que existe em mim é que um dia eu verei a Deus; contemplá-lo com os olhos meus é felicidade sem fim! (Pe. Velê)

Aqui jaz os meus restos e pelo mundo as minhas sementes. Eu vou para Deus mas não esquecerei aqueles que amei na Terra. (S. Agostinho)

Referi-vos estas coisas para que tenhais a paz em Mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo. (João)

Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor (Apocalipse)

Disse Jesus: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação. Mas passou da morte para a vida. (João)

Disse-lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em Mim, ainda que esteja morto viverá. (João)

E essa é a promessa que Ele nos fez. A vida eterna. (João)

Disse Jesus: Quem crê em Mim. Ainda que esteja morto viverá (João)

necrológios do cemitério santo antônio de Vitória

caminhoS da BíBlia

no caminho da santidade cotidiana

Unidos a Cristo

“tAl exPeriênciA O fAz recOnhecer, PelA

fé, que A AçãO AmOrOsA e grAtuitA De

Deus, nO AtO De sAlvAr A humAniDADe

nA cruz De cristO, é um eVento de dimensões incomParáVeis em toda a história humana”.

revista vitória I Novembro/201518

A experiência do apósto-lo Paulo de sua íntima união com Cristo se

revela como um caminho de vida para todos os discípulos e discípulas do Senhor hoje, chamados à vida de santidade e comunhão com Deus e com os irmãos. Unido a Cristo pela cruz, o apóstolo explicita a sua profunda convicção de que nela ele encontrou a sua razão de viver. Na cruz ele está crucifi-cado com Cristo para o mun-do e também nela ele encontra o seu único motivo de glória. Esta afirmação de Paulo se ba-seia no fato de que ele experi-mentou, em primeira pessoa, a força infinita de Cristo na sua história. Tal experiência o faz reconhecer, pela fé, que a ação amorosa e gratuita de Deus, no ato de salvar a humanidade na cruz de Cristo, é um evento de dimensões incomparáveis em toda a história humana. Ao ser invadido pela consciência de ter sido salvo por tão grande amor, o apóstolo não pode ter outra atitude senão a de se colocar no caminho do seguimento e da união íntima com o próprio Senhor. O Apóstolo reconhece que tudo isso nada mais é do

Pe. andherson franklin, professor de Sagrada escritura no iftaV e doutor em Sagrada escritura

que fruto da graça divina, que o homem é convidado a acolher com um coração agradecido. A experiência paulina de identificação com Cristo ofe-rece ao apóstolo condições de transformá-la num convite ex-plícito aos seus destinatários, e aos homens e mulheres de todos os tempos. Pois, ao falar de sua comunhão com Cristo, Paulo indica o caminho a ser seguido por todos os que de-sejam aderir a Ele pela fé. A sua proposta não se reduz a um conhecimento dos eventos his-tóricos da morte e ressurreição de Cristo, mas ao contrário, ele propõe uma verdadeira e íntima comunhão, na qual o cristão é inserido num movimento dire-cionado a morrer com Cristo na cruz e ser conduzido com Ele à ressurreição, que é a meta de sua esperança. Ao contemplar a Redenção operada pela vitória de Cris-to sobre a morte, o apóstolo vê nela refletida o seu imenso amor, particularmente visível em sua entrega total e gratuita na cruz. Paulo reconhece que foi redimido por este tão grande

amor capaz de iluminar toda a sua história, fazendo dele um homem novo. Esta convicção foi a chave para que a relação do apóstolo com Cristo se tor-nasse viva e real, a ponto do próprio Paulo dizer: «já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20). Tal afirmação não exprime uma espiritualidade intimista e re-duzida ao aspecto puramente pessoal, mas é expressão de um projeto de vida para o apóstolo e, com certeza, uma proposta de vida aberta a todos os que desejam, como ele, aderir a Cristo pela fé. Sendo assim, todo cristão é chamado a unir--se a Cristo, a fim de ingressar na nova criação inaugurada na sua cruz, vivendo o caminho da santidade e professando a fé na vida cotidiana. Este percurso de adesão a Cristo pela fé conduz o cristão a uma vivência pro-fundamente marcada pelo dina-mismo da graça de Deus e pela adesão e promoção dos valores do Evangelho, vivendo unido a Cristo na santidade cotidiana. n

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“a vida consagrada é dom feito à igreja: nasce na igreja, cresce na igreja, está totalmente orientada para a igreja. por isso, enquanto dom à igreja, não é uma realidade isolada ou marginal, mas pertence intimamente a ela, situa-se no próprio coração da igreja, como elemento decisivo da sua missão, já que exprime a natureza íntima da vocação cristã e a tensão de toda a igreja-Esposa para a união com o único Esposo; portanto está inabalavelmente ligada à sua vida e santidade” (Papa Francisco). na edição deste mês, contemplaremos algumas congregações inspiradas pelos ideais de são Francisco de assis e que vivem os seus carismas na arquidiocese de vitória.

capuchinhos Capuchinho quer dizer pe-queno capuz. Segundo Matteo da Brascio, no século XVI, a roupa que era usada por São Francisco de Assis tinha um capuz e no há-bito que os franciscanos usavam até então, este capuz não existia. Foi aí que deu início à chamada “Reforma Capuchinha”, não ape-nas para mudar a veste, mas para propor mudança nas normas de vida e no carisma. Assim deu-se início à Ordem dos Frades Meno-res Capuchinhos, com a missão de zelar por sua comunhão com o Papa, uma vida austera e intensa atividade missionária. A nossa Arquidiocese de Vitória conta com a presença dos Capuchinhos nas paróquias de Santa Clara, em Viana, e Epifania do Senhor aos Reis Magos, na Serra.

As Irmãs Catequistas Franciscanas surgiram em Santa Catarina, no início do século XX, com o objetivo de auxiliar na educação e catequese das escolas paroquiais, frequentadas pelos filhos dos imi-grantes italianos. Hoje a missão se estende para a educação da fé e da cidadania, auxiliando nas atividades pastorais e movimentos sociais. A comunidade religiosa na Arquidiocese de Vitória está localizada no bairro Barcelona, na Serra. n

catequistas franciscanas

“Sede santas, quero que todas sejais santas, como santo eu que-ro ser.” Estas foram as palavras do Pe. Angélico Lipani dirigi-das para a congregação de irmãs fundadas por ele, as Catequistas Franciscanas do Senhor, dando--lhes a missão de serem solidá-rias com os pobres, praticando a paz, a justiça e a integridade da criação. As Irmãs Franciscanas do Senhor possuem uma casa para acolhida a senhora idosas e espaço destinado para realização de encontros e retiros, em Nova Almeida, na Serra.

franciscanas do senhor

cariSmaS religioSoSmarcus tullius

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ViVer Bem

tomar um café na grande maioria das vezes é muito mais que tomar um café, é sentir prazer. Cada vez

mais no Brasil essa sensação gostosa vem sendo aperfeiçoada, seja na escolha por um café de qualidade, seja na opção de juntar a família e os amigos para um bom café em casa ou em cafeterias que, cada vez mais, optam por criar ambientes agradáveis para degustar a bebida. Juliana Chirello afirma que “o ver-dadeiro café deve ser tomado de prefe-rência sentado, com calma, quase como um ritual”. Ela acrescenta: “um bom café exige contemplação e uma viagem prazerosa para se chegar a perceber as nuances de seus aromas e sabores”. Mas, o que faz do café essa bebida que não pode faltar, que anima conver-sas, que ajuda a acordar, que alivia o cansaço, que mesmo em meio à correria desenfreada atual é irrecusável quando

alguém diz: ‘espere, vamos tomar um cafezinho’? Sentir o cheiro de café ‘acabado de passar’ é irresistível! Até mesmo aqueles que por alguma razão não o tomam, deixam-se embeber pelo aroma e clima de confraternização que o cheiro do café produz. O café tornou-se tão mágico que até produtores não o veem como um negócio apenas. Marco Kermeester, dono de uma empresa de café afirma que “não é só uma questão de lucro, é um privilégio servir um café”. Produzir, servir, tomar café é uma paixão. Degustar a bebida não represen-ta apenas uma xícara de prazer, mas um estilo de vida, quase uma religião. É a bebida mais popular e que não sai de moda. Foi popularizada no séc. XV e XVI e o primeiro salão de café surgiu em Meca nessa mesma época. Quer entender um pouco mais essa magia do café? Veja como foi desco-berto.

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Conta-se ainda que, certo dia de verão, um pastor ia pelo campo com o seu rebanho e tanto ele como os ani-mais caminhavam indolentemente por estar um calor sufocante. De repente, a paisagem transformou-se e surgiu um vale cheio de arbustos muito verdes. E sucedeu que o rebanho, para matar a fome e a sede, devorou avida-mente aquela verdura. E grande foi o espanto do bom pastor quando, pouco tempo depois daquele repasto, viu os seus animais às cambalhotas e a corre-rem de um lado para o outro, cheios de energia. Perante aquele estranho espetáculo a que jamais assistira, o pastor resolveu apanhar um punhado de grãos dos ar-bustos e foi contar a um velho mago o que acontecera. Então, o mago ferveu os grãos e obteve um líquido aromático que os dois homens beberam, sentindo logo uma agradável sensação de maior vivacidade. Tinham acabado de beber o saboroso CAFÉ. n

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diálogoS Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

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sim, eu creio! Por isso, sou alegre!qu a n d o c h e g a

perto do final do Ano Litúrgico,

celebrado na Solenidade de Cristo Rei, somos con-vidados a meditar sobre a vitória do bom combate da nossa fé em Cristo nosso Salvador. A Sagrada Li-turgia motiva a Comuni-dade de Fé, Esperança e Caridade a manter-se de cabeça erguida, mesmo que a vida nem sempre tenha sido fácil, pois os percalços e os desafios pe-sam sobre nossos ombros. Há muitos obstácu-los em nossa peregrinação nos passos de Jesus. Bem perto da rosa, linda e per-fumada estão os pequenos espinhos. Eles simbolizam a realidade da vida cristã, caminho para a vitória, mas caminho na cruz. No segundo dia do mês de novembro, a Sa-grada Liturgia convida--nos a orar pelos mortos. A morte é problema tam-bém para quem tem fé. Mas, a fé na vida eterna e a certeza da misericórdia Divina nos estimulam à atitude de caridade na ora-ção em favor dos falecidos

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sim, eu creio! Por isso, sou alegre!tará. Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na res-surreição, no último dia! Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês isto? Disse ela: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11, 20-27). No momento em que Jesus mandara re-tirar a pedra que estava sobreposta ao túmulo de Lázaro Marta reage: “Senhor já cheira mal, É o quarto dia!”. Disse-lhe Jesus: “Não te disse que se creres verás a glória de Deus?”. Pois bem, este é o segredo da nossa espe-rança e da nossa alegria: A nossa fé na Palavra de Jesus Cristo “se creres verás a glória de Deus”! Por isso somos alegres e cheios de esperança, porque sabemos em quem acreditamos. Professamos com a Igreja desde os Apóstolos: “Creio na Ressurreição da carne”! E não tememos o

julgamento ao orarmos: “Creio em Deus que há de vir julgar vivos e mor-tos”, pois Deus é Amor. “Se Deus está conosco quem poderá contra nós? Quem não poupou o seu

através de Jesus, nosso Salvador. A morte pode ser um problema, um de-safio, mas não nos vence, porque passaremos por ela no seguimento de Jesus. Ela incomoda-nos, porém, não podemos deixar-nos levar pelo abatimento. Temos razões para man-termo-nos de pé, como povo de Deus em marcha. Sabemos para onde vamos e qual é a nossa estrada. Marta, irmã de Láza-ro, foi instrumento de Deus para nos mostrar o caminho da vitória e sentido da morte. O ca-minho e o sentido da fé. Seu irmão morrera e ela foi contar a Jesus que era muito amigo da família, onde costumava descan-sar com seus discípulos. “Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria continuava sentada, em casa. Disse, então Marta a Jesus: Senhor, se esti-vesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressusci-

próprio Filho, e o entre-gou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo, junto com ele? Quem acusará os eleitos de Deus? É Deus quem justifica. Quem condena-rá? Cristo Jesus, Aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós? Quem nos separará do amor de Cristo? Pois estou convenci-do que nem a morte nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o pre-sente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundeza, nem nenhuma outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifesta-do em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rom 8, 31-38). Por tudo isso, per-maneçamos com a cabe-ça erguida! Proclamemos alto e a bom tom: cremos na Ressurreição da carne! Nós cremos Na Vida eter-na! Nós cremos em Deus Amor Eterno que nos deu a Vida e nos chamou para convivermos NELE e com ELE para sempre! n

A fé na vida

eterna e a certeza

da misericórdia

Divina nos

estimulam à

atitude de caridade

na oração em

favor dos falecidos

através de Jesus,

nosso Salvador.

A morte pode ser

um problema, um

desafio, mas não

nos vence, porque

passaremos por

ela no seguimento

de Jesus.

comunicação

a conversa em rede e os

Emoticons

felipe tessaroloPublicitário e Professor universitário

A conversação é o gênero mais básico da interação humana e, por isso, foi

considerada a pedra sociológica fundamental da interação entre os homens. Se antigamente a co-municação a longa distância era o som da voz humana ecoando pelos vales, hoje em dia os meios de comunicação são extensões do nosso corpo, e suas mensagens, de nosso sentir e pensar. É cada vez mais recorrente a utilização de algum dispositivo eletrônico nas nossas conversas diárias. Depois de ler esse texto, sugiro que você faça uma experi-ência. No final do dia contabilize o número de pessoas com as quais você teve algum tipo de comu-nicação. Veja em quantas delas você conversou com a pessoa diretamente ou por meio de al-gum recurso tecnológico. Numa conversa entre duas pessoas, tudo é informação, como por exemplo o tom da voz, a ento-nação, as pausas da fala, os gestos e as expressões. Uma das limi-tações das conversas realizadas por meio de algum dispositivo é que perdemos alguns elemen-tos de expressão. Sendo assim,

é cada vez mais recorrente a uti-lização dos emoticons para nos auxiliarem na transmissão e na compreensão de uma mensagem. A versão eletrônica do emo-ticon foi utilizada primeiramente por Scott Fahlman em 1982. O objetivo de sua utilização era para evitar qualquer confusão nas mensagens que eram envia-das on-line, ou seja, para identi-ficar se um assunto era :( sério ou apenas uma :) brincadeira. Desde então os emoticons se tornaram um recurso quase que obrigatório no nosso cotidiano. O termo entrou oficialmente para o dicionário Oxford em 2001 e é uma junção das palavras inglesas emotion (emoção) e icon (ícone). Devemos compreender que a conversação mediada por um dispositivo eletrônico é um ato recorrente no nosso dia a dia e os emoticons nos auxiliam a expor de forma mais clara aquilo que estamos pensando. A conversa por meio das redes sociais per-mite uma difusão de ideias de uma maneira nunca antes vista. Dessa forma temos as conversas coletivas cujos assuntos abor-dados em um grupo se alastram

pelas outras redes sociais que o indivíduo utiliza, um bate papo que se iniciou no Whatsapp pode terminar numa polêmica nacional discutida amplamente no Face-book. A utilização dos emoticons nos permite expressar de forma mais clara aquilo que estamos conversando dentro das redes sociais, visto que não temos ali presentes todos os elementos utilizados nos nossos diálogos do cotidiano. Porém, nem to-dos acabam interpretando esses símbolos da mesma maneira, o que uma pessoa pode entender como um “simples sorriso” outra pode interpretar esse mesmo sinal como “aham, coloquei um sorri-so aqui para não pensarem que eu sou antipático”. Um “joinha” pode ser visto como algo “le-gal” ou então como “estava com preguiça de escrever e coloquei esse joinha aqui”. Na dúvida de utilizar ou não, escreva sempre o que você pretende transmitir, afinal de contas o bom e velho português nos permite ser mais claros nas nossas mensagens. n

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arquiVo e memóriagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

o progresso chegando e a capital do espírito santo crescendo. em 14 de dezembro de 1940, dom luiz scortegagna participou da inauguração do edifício no centro de Vitória. a foto é do estúdio Paes

inauguração do edifício mansur no centro de Vitória

revista vitória I Novembro/201527

entreViSta Maria da Luz Fernandes

uma gentileza de deus: Padre ivanir antonio rampon esteve na arquidiocese de Vitória para falar do caminho espiritual de dom helder câmara Padre diocesano da diocese de Passo fundo, rs. doutor em teologia, desenvolveu sua tese sobre o caminho espiritual de dom helder câmara. além das atividades que desenvolve como professor e como pároco dedica-se também a divulgar sua pesquisa contando a história de dom helder e expondo seu caminho espiritual. nesta entrevista fala sobre tudo isso.

vitória - Quando decidiu estudar Dom Helder?Pe. Ivanir - Dom Helder marcou minha vida desde a infância. Na minha cidade, Ricanabaro, perto de Passo Fundo tinha, na década de 80, os grupos de família e estes grupos inspiravam--se no movimento de irmãos que Dom Helder tinha iniciado em Recife. Eram grupos que se reuniam para refletir sobre alguns assuntos importantes naquele contexto social, político e eclesial. E nestes grupos, nas orações e refle-xões sempre aparecia o nome de Dom Helder: um pensamento, uma reflexão, sempre tinha alguma coisa dele. Eu lembro de ouvir que Dom Helder apoiava os pobres, defendia a Reforma Agrária etc. Mas, eu o conheci mesmo quando fui para Roma para fazer o doutorado. Pesquisar sobre o caminho espiritual de Dom Helder foi uma sugestão que eu acolhi porque gostei da ideia. Fiz o projeto e recebi o apoio total da Universidade Gregoriana onde inclusive me disseram eu estaria dando uma contribuição à Igreja do Brasil ao ajudar a divulgar o legado de Dom Helder.

vitória - Os problemas que dizem ter havido entre Dom Helder e a Igreja em algum momento afetaram seu interesse por esse estudo?Pe. Ivanir - Não. Quando eu comecei a estudar Dom Helder estava convicto de que muitas coisas negativas que se falou dele eram pre-conceito, eram mentiras, eram verdades incom-pletas ou pela metade e eu fui pesquisando e

Pe. Ivanir, nesta foto, está usando a túnica que pertenceu a Dom Helder Câmara

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entreViSta

confirmando que Dom Helder era um homem de Deus, um homem do povo e justamente por ser de Deus, por ser do povo, por ser dos pobres, por ter o Evangelho como prática de vida era perse-guido. Dom Helder foi o primeiro bispo do Brasil a ser denunciado publicamente por outro bispo. Mas, isso eu fui descobrindo nos estudos porque a minha visão de Dom Helder era muito positiva e agora é mais positiva ainda. Não precisamos ir longe para perceber que todo o mundo que se compro-mete com o Evangelho vai ter sua cruz. O Papa Francisco nos diz que não há seguimento de Jesus Cristo sem cruz e Dom Helder, para seguir Jesus fielmente como ele seguia, precisou carregar sua cruz. Foi a cruz da fofoca, da ca-lúnia, da mentira, das intrigas. O Papa Francisco diz que às vezes na Igreja há o terrorismo das fo-focas e com Dom Helder houve o terrorismo da fofoca dentro da Igreja e também pelo Governo

Militar. O Governo Militar fez uma perseguição sistemática, do-lorosa, cruel contra Dom Helder. Analisando as diversas calúnias, talvez não analisei todas porque são muitas, mas as principais eu analisei e elas são inconsistentes, são ridículas. Um exemplo: um determinado bairro aumentou a violência porque Dom Helder transferiu o padre... outra vez foi dito que Dom Helder estava com 20 ou 30 mil guerrilheiros prontos para derrubar a ditadura... outra era de que Dom Helder era inimigo de Paulo VI...

vitória - Depois de seu estudo o que destaca em Dom Helder?Pe. Ivanir - São muitas coisas, mas Dom Helder era um homem de diálogo. Ele dizia que muitas vezes nós estamos em monólogos paralelos mas não em diálogo. Ele dizia que quando a pessoa escuta ela já está pensando na resposta que vai dar para combater o que ouve e, essa atitude, já impede de

ouvir completamente. O pensar na resposta para rebater o outro é um empecilho ao diálogo. Para ele o diálogo não são só palavras, o diálogo tem silêncio. Além daqui-lo que se diz, aquilo que não foi dito é importante para o diálogo. Dialogar é entender o que foi dito, o que não foi dito e mais ainda é colocar-se no lugar da outra pes-soa. Dom Helder foi um homem de diálogo, procurou dialogar e procurou criar diálogos e sofreu justamente por isso. O Brasil pre-cisa de diálogo, o mundo precisa de diálogo, o Papa Francisco fala que nós precisamos da revolução da ternura, que nós precisamos da cultura do encontro e encontro é diálogo, Dom Helder já falava isso há muito tempo. Quando a sociedade constrói muros o Papa Francisco manda abrir as portas das Igrejas para a gente fazer di-álogo e isso é muito Helderiano.

vitória - O senhor falou de três dimensões na caminhada

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espiritual de Dom Helder: as conversões, as humilhações e as gentilezas. Como explicar a caminhada espiritual a partir destas três palavras?Pe. Ivanir - Dom Helder não só fez um caminho espiritual bonito, mas ele fez um caminho exemplar. Por isso nós podemos dizer que Dom Helder é um modelo espiritual. O que é que eu quero dizer com isso? Todos nós temos na nossa vida diversas dimensões: temos a dimensão política, uma dimensão econômica, uma dimensão espi-ritual. A pessoa que se destaca numa das dimensões ela acaba sendo um modelo. Dom Helder é um modelo espiritual, ou seja ele viveu tão profundamente, tão intensamente a espiritualidade que se tornou modelo para todos nós. Por quê? Porque ele levou Jesus muito a sério. O grande modelo é Jesus, mas ele foi fiel seguidor de Jesus. Além disso, ele ainda criou um vocabulário específico espiri-tual. E no vocabulário específico de Dom Helder as palavras que mais se destacam são essas três: conversões, humilhações e gen-tilezas. De maneira bem simples eu diria que todos nós precisamos nos converter e conversão não significa apenas deixar as coisas erradas e ficar bom. Às vezes não é isso. Você precisa se converter sempre, inclusive, se é bom. A pessoa precisa converter-se sem-pre para ser sempre a mesma. Dom Helder dizia assim: “é preciso con-verter-se muito para ser sempre

foi o convite de Dom Fernando Saburido para participar de uma missa em memória aos 16 anos de falecimento de Dom Helder na Sé de Olinda e o privilégio de usar nessa celebração uma túnica de Dom Helder.

vitória - Pode-se considerar o estudo de Dom Helder como um divisor no exercício de seu ministério, o que mudou?Pe. Ivanir - O que mudou foi que as pessoas começaram a me cha-mar para falar sobre isto. Padres, seminaristas, grupos de leigos. A Igreja não pode ignorar este homem místico e poeta e eu não estou sozinho, tem muita gente espalhando a espiritualidade de Dom Helder. É muito bom saber que vem aí uma geração de pa-dres que vai viver e espalhar esta espiritualidade Helderiana. Falar de Dom Helder é falar de paz, de justiça e de amor. É anunciar a busca de um sonho que quer a justiça, a paz e o amor.

vitória - O que é melhor escre-ver sobre Dom Helder ou falar?Pe. Ivanir - Eu gosto muito de contar histórias e é bom falar de Dom Helder, mas é bom escre-ver e mais, se a gente não faz apontamentos, não escreve, não faz pesquisa falar fica difícil...eu diria que um completa o outro. Gosto de falar e gosto de escrever, escolher eu não saberia, mas acho que é melhor falar, mas os dois são bons. n

o mesmo”. Uma pessoa boa que para de se converter, estaciona, vira museu, vira retrógrada. En-tão é preciso converter-se sempre para estar atualizado com a Boa Nova do Evangelho. A segunda palavra são as humilhações. E porque Deus nos manda as hu-milhações? Não porque ele quer nos fazer sofrer, mas justamente o contrário, quando ele vê que a gente está abandonando o cami-nho do Evangelho ele permite a gente passar uma certa vergonha para a gente voltar ao caminho certo. É o treino para o caminho do humilde porque diz Dom Hel-der sem humildade não se dá um passo nos caminhos do Senhor. A terceira são as gentilezas. Deus não nos manda só humilhações, mas também gentilezas e uma das maiores gentilezas que Dom Helder teve foi a amizade com o Papa Paulo VI. Ao longo da vida por várias vezes Dom Hel-der chorava e agradecia a Deus por esta gentileza. Para ele, Deus envia 4 a 5 grandes conversões, humilhações e gentilezas ao longo da vida e cotidianamente 4 a 5 pe-quenas conversões, humilhações e gentilezas.

vitória - O senhor considera que foi uma gentileza de Deus poder estudar Dom Helder?Pe. Ivanir - Oh, uma das gran-des gentilezas de Deus mesmo. Conhecer mais, estudar e divul-gar Dom Helder está sendo uma grande gentileza. Outra gentileza

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mundo litúrgico

raquel tonini r. Schneider comissão arte Sacra e Bens culturais da arquidiocese de Vitória, Setor espaço celebrativo - cnBB

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

50 anos do decreto “unitatis redintegratio” – sobre o ecumenismo

o lugar para a celebração do batismo

O Concílio Vaticano II tem, entre os principais propósitos, promover a restauração da unidade entre todos os cristãos, ao considerar a universalidade da única Igreja do Senhor Jesus. Historicamente, são numerosas as comunhões cristãs que se apresentam à humanidade como legítima herança de Jesus Cristo, as quais professam o discipulado, apesar dos seus respectivos diferenciais nos pareceres e rumos, incluindo questões doutrinais e disciplinares. Constata-se, com tal realidade, o rompimento da unidade do corpo de Cristo – a Igreja. O movimento ecumênico, fruto do Concílio, visa a superar estes obstáculos. O decreto Unitatis Redintegratio proclama o reconhecimento de todos os cristãos, mesmo separados da Igreja, como irmãos no Senhor e participantes do mistério da salvação, pois a vida da graça, a fé, a esperança e a

caridade são dons do único Espírito Santo de Deus, comuns a todos os que crêem no Cristo. Fomenta-se oportunos encontros de diálogo e celebração ao redor da Palavra de Deus - ponto de unidade, como exercícios de aproximação, conhecimento mútuo, reconciliação e plenificação dos cristãos. No encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu I avançaram-se os passos para a concretização da unidade, particularmente, entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente. Seja a unidade um sinal de renovação da Igreja, mediante a conversão interior e a prece. Como aliada deste propósito, faz-se necessária a formação ecumênica, considerando, inclusive, a história e a teologia.

É dos Padres da Igreja a comparação da fonte batismal ao útero da mulher, que gera vida; de suas águas transbordam a força santificante e a graça da filiação. A presença da fonte batismal na igreja é memória permanente do batismo, porta de entrada na vida de Deus e da Mãe Igreja. Ela mesma nos orienta que “principalmente no batistério, a fonte esteja em lugar digno, seja fixa, sempre construída com arte e com

material adequado, apresentando limpeza perfeita, e oferecendo, também a possibilidade de servir no caso de imersão de catecúmenos”. A fonte da capela do batismo do Santuário de Aparecida realça seu significado, é “Fonte da Vida Nova”.

“Pelo batismo, fomos sepultados com ele em sua morte, para que como cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (rm 6,4).

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marcus tullius comissão arquidiocesana de liturgia

ano litúrgico e o ano civilO ano litúrgico, calendário seguido pela Igreja, contempla a celebração do mistério de Cristo no tempo. Mais do que medir a duração das coisas, a tradição cristã celebra a manifestação de Deus na história para realizar o plano da salvação. Não é apenas o tempo cronológico, é o kairós, o tempo da graça. Diferentemente do calendário civil, que inicia em 1º de janeiro e 31 de dezembro, o calendário litúrgico tem o seu início com o 1º domingo do Advento, tempo que prepara os fiéis para a celebração do nasci-mento de Jesus, e termina com a solenidade de Cristo Rei. Alguns dias dentro do ano litúrgico, como o Natal, têm a sua data fixa, mas as demais celebrações ocorrem em dias diversificados. A grande referência e centro de todo o ano litúrgico é a celebração da Páscoa. É a partir dela que se determinam todas as demais datas. n

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divididas são vidas multiplicadas

Vida e morte

rePortagemletícia Bazetmaria da luz fernandes

A alegria de quem recebe um órgão e volta a ter uma vida saudável sempre tem do outro lado uma família que sofre pela ausência do doador,

quando é um doador cadáver, ou os sofrimentos e sacri-fícios exigidos a um doador vivo. O ator Duda Ribeiro expressou bem esse sentimento quando em 2012, depois de 3 anos de espera, recebeu o fígado de um doador: “Eu sei a história do rapaz que me doou o fígado. Ele tinha 17 anos. Quero conhecer a família, mas vou dar um tempo, pois entendo que essa alegria que eu sinto por estar vivo é correspondente à dor de uma família que perdeu alguém”. Pensar em doação de órgãos é colocar diante de nossos olhos as filas intermináveis de pessoas que esperam uma chance para viver melhor ou, simplesmente, viver. Dados de março deste ano mostram a realidade dessas pessoas em números:

Rim 18818

Figado 1410

Córnea 10048

Pâncreas 16

Coração 262

Total 31204

pacientes na lista de espera de transplantes

dados de março de 2015 de acordo com o rbt (registro brasileiro de transplante

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Visual izar em nossas mentes essas filas gigantes e associá-las ao sofrimento pode sensibilizar para a campanha de doação que o Espírito Santo está fazendo: Comigo a fila anda. Se você quiser saber mais sobre ela acesse o site: (www.comigoafilaanda.com.br). Mas neste espaço que a Revista Vi-tória reservou para tratar deste assunto, queremos apresentar, principalmente, o que aprende-mos ao ouvir doadores e seus familiares, receptores e pessoas que aguardam um órgão com-patível. Quando você sai de apelos de campanhas, motivações para ser doador, dados que apontam sofrimentos e explicações sobre os procedimentos para doação de órgãos, e vai ouvir histórias, perscrutar sentimentos, enten-der novos sentidos de vida e da vida, você estará pronto para olhar diferente as campanhas, os dados estatísticos e, quem sabe, tornar-se um doador. Alegria, bondade, carinho, enternecimento é o que trans-mitem os doadores diretos e indiretos. Mas o consenso é de que a doação de um órgão deixa em todos aqueles que com ela se envolvem a sensação de uma extensão da vida do doador e a experiência de que o doador continua vivo naquele corpo

“não Vou deixar elas se internarem e fazerem cirurGia correndo os mesmos riscos que eu. deus Põe e tira a Vida, então eu estou tranquilo nem estou ansioso”.

que sem ele estava morrendo. A família do doador sente-se amparada pela oração dos re-ceptores e estes são gratos à família porque sabem da im-portância da mesma na hora da doação. Criam-se novos laços e uma gratidão sem fim, dizem os receptores. Medo do tráfico de ór-gãos, questões religiosas, demo-ra para fazer o procedimento, falta de conhecimento sobre morte cerebral, entre outros mo-tivos, ainda impedem parentes de autorizarem a doação, porém quando a família supera a sua própria dor e se abre para o so-frimento de pessoas que podem continuar a viver com a doação, fica muito forte a sensação de que a vida da pessoa que morreu continua a viver em alguém. “Quando estamos na má-quina de hemodiálise achamos que é o fim, que a história ter-mina ali. Quando soube que havia um doador não acreditei que a minha luta na máquina de hemodiálise ia acabar. Eu lamentei o acidente que vitimou o jovem, mas foi uma bênção para mim ter encontrado uma família que soube fazer o que era certo, e com isso, salvou a minha vida. Eles tomaram uma decisão muito difícil e louvável. Até hoje eu peço a proteção de Deus para eles,

porque a vida de quem precisa de um transplante está nas mãos dos doadores”, expõe Wilton da Silva em site de depoimentos. Por outro lado também encontramos o Fausto, que aguarda um fígado compatível e diz continuar sua vida sereno porque “costumo aceitar a vida do jeito que ela é. Se tiver que fazer cirurgia eu faço, se tiver que esperar eu espero”. Fausto já foi chamado duas vezes para fazer a cirurgia, mas as duas não deram certo porque os órgãos compatíveis não estavam em

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rePortagem

condições boas. Quando desco-briu que tinha nódulos no fígado teve que fazer quimioemboli-zação hepática (procedimento através de cateter para inter-romper a evolução do câncer), o resultado foi muito bom e ele continua na lista de espera. Transmite muita tranquilidade e diz que suas duas filhas se ofereceram para doar. Nesse momento ele se emocionou, mas disse com firmeza que não aceita. Não quer que elas cor-ram qualquer risco “imagine, eu não posso aceitar, elas têm a

família delas e precisam cuidar dos filhos. Não vou deixar elas se internarem e fazerem cirurgia correndo os mesmos riscos que eu. Deus põe e tira a vida, então eu estou tranquilo, não estou ansioso”. Conversamos também com Vânia e Augustinho, nora e esposo de Lourdes do Carmo que doou todos os órgãos após a constatação de morte cerebral. Os parentes foram abordados logo após a constatação da morte pela equipe do hospital. “Eles conversaram com calma e respeitaram o nosso tempo para decidir”, diz Vânia que não nega ser um momento difícil. Mesmo a doação sendo um de-sejo de Lourdes, na hora a famí-lia nem lembra disso. Quando perguntaram, pai, filho e nora conversaram e decidiram doar. “Conversei com meu sogro e com meu marido e concorda-mos em doar todos os órgãos. Depois quando o procedimento começou a demorar eu liguei e perguntei se não poderia fazer mais rápido e eles responderam que não. Então perguntaram se a gente queria desistir da doação, mas como desistir se já tinham outras pessoas es-perando e sabendo que os ór-gãos dela poderiam permitir que outras vidas continuassem? Naquela hora é uma mistura de

sentimentos, mas como dei-xar a terra levar se as pessoas estavam ali à espera? Então a gente decidiu esperar”, conti-nua Vânia que acompanhou o marido e o sogro em todos os momentos. Augustinho diz que o sofrimento naquele momento da morte é grande, mas ele e a esposa falavam sobre isso e queriam doar. “Tenho um vizi-nho que recebeu um coração e está muito bem, então a gente vendo as propagandas sempre quis ajudar. Para mim ela está vivendo em alguém e eu gos-taria muito de saber quem é. É ruim não saber quem recebeu. Eu gostaria de conhecer”, diz. Vânia reafirma esse sentimen-to: “a gente gostaria muito de saber quem recebeu e se está bem. No hospital eles dizem que quem doa pode atrapalhar quem recebe, mas a gente só queria saber, não ia atrapalhar e eu ainda tenho essa esperan-ça. A gente sabe que alguma coisa dela continua vivendo em outras pessoas”. Lourdes faleceu em 24 de agosto de 2015, dia 25 retiraram os ór-gãos e o enterro foi no dia 26. Augustinho e Vânia também são doadores, mas alertam para duas situações: saber em quem a vida do doador continua e que o hospital prepare as famílias para o procedimento demorado.

“a Gente Vendo as ProPaGandas semPre quis ajudar. Para mim ela está ViVendo em alGuém e eu Gostaria muito de saber quem é”.

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Comparativo do Número de Transplantes Realizados no Espírito Santo

Órgão Jan-Ago/2014 Jan-Ago/2015 Percentual

Córneas 193 213 10,36%

Rim (falecido) 44 37 -15,90%

Rim (vivo) 22 18 -18,18%

Fígado 27 20 -25,92%

Coração 7 0 -100%

Osso 11 0 - 100%

Esclera 12 8 -33,33%

Medula Óssea Autólogo

23 29 26,08%

Total 339 325 - 4,12%

lista de espera

Muitas reações envolvem os doadores, os receptores e os familiares. Dizem que quan-do entre doadores e recepto-res existe um laço familiar, as emoções são mais amenas, já a doação entre desconhecidos precisa ser mais trabalhada. Carlos não conheceu a fa-mília que doou o coração que hoje bate no seu peito, mas imagina que foi uma decisão difícil e diz ser eternamente grato por esse gesto. “Meu coração bate por essa família. Sou muito grato, sei que era um momento de muita dor e eles tiveram a generosidade

de doar”, disse. Já Içara de Cariacica, doa-dora de rim para o irmão, narra com emoção como o sofrimento e a alegria, a apreensão e a esperança se misturaram du-rante todo o tempo. Para livrar o irmão da hemodiálise ela se submeteu durante um ano a vá-rios exames “alguns doloridos outros mais tranquilos”, disse. A cirurgia foi marcada para 14 de dezembro, mas aconte-ceu somente 10 de fevereiro, quando Içara recebeu um tele-fonema do irmão dizendo que a cirurgia estava marcada. Na véspera, medo e vontade de

chorar, depois da cirurgia, mais medo pela insegurança da nova situação e pelo receio da rejei-ção do órgão. Superado esse momento e o irmão liberado 3 meses depois da hemodiálise, Içara é só alegria pela nova vida para a qual ela contribuiu com um ‘pedaço’ de si. Sejam quais forem as difi-culdades e os sofrimentos, os doadores e familiares de doa-dores-cadáver experimentam um sentimento de vida nova ou continuidade de vida e esse sentimento é mais forte que o sofrimento, a dor e a tristeza. Os receptores voltam a ter uma qualidade de vida melhor e ficam eternamente gratos aos doadores e familiares. Os do-adores ganham a gratidão, a oração, mas também o consolo por ter feito o bem e ajudado outro a viver. Os médicos tam-bém ganham, porque se por um lado assistem pessoas que morrem, essas mesmas mortes os mobilizam para favorecer outras vidas. n

total: 980Coração: 03

Fígado: 35

Córnea: 101

Rim: 841

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Para comemorar o Dia Mun-dial da Gentileza, acontece a 4ª edição da Feira Grátis da Grati-dão. O evento será na Praça Ge-túlio Vargas, Centro de Vitória, no dia 14 de novembro, a partir das 15 horas. O objetivo é ocupar a praça com boas ações, afeto e doações de coisas diversas: apresentações de dança, de teatro, de música, coral, abraços grátis, oficinas de artesa-nato, recreação infantil, sarau de poesias, exposição de fotografias, escutatória e doações de cafezinho, doces, lembrancinhas, objetos, rou-pas, livros, etc.

A comemoração do dia das Crianças e do Professor inspirou-me e sugiro uma obra muito apreciada por todas as idades, especialmente porque traz uma temática que desafia as gerações – educação. Uma professora que se contrapõe às normas mais rígidas de educação e faz da atividade de aprender uma verdadeira aventu-ra, despertando o gosto especialmente pela leitura, valorizando a individualidade e potência de cada aluno, inovando nas propostas didáticas e encontrando um jeito todo especial de relacionamento e respeito. “(...) Então, passou a ter concurso todas as semanas. Os mais es-tranhos junto com os mais normais: a melhor redação, a voz mais grossa, o melhor desenhista, a melhor mão para plantar flor, o melhor cantor, o mais engraçado, o que tinha a melhor memória... Só agora percebemos que, primeiro, ela descobria uma qualidade destacável em um de nós e aí, então, inventava o concurso, segura de quem seria o vencedor. No fim do ano, todo mundo tinha ganhado uma medalha.”Ana Maria Lemos

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SugeStõeS

Ziraldo. Gênero: Infanto-Juvenil

Editora: Melhoramentos, 1995

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Pergunte a quem SaBe

Otaviano Afonso PereiraProfessor de Filosofia do Direito

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

quais as vantagens e desvantagens da delação Premiada?Vantagem: Respondo essa primeira questão, citando a lei 980/99, em seus artigos 13 e 14 que possi-bilitaram aos réus-colaboradores identificarem de forma voluntária os “co-autores” ou partí-cipes da ação criminosa, bem como localizar e recuperar total ou parcialmente o produto do crime. Tal ação tem como benefício a redução da pena ou mesmo a extinção da punibilidade. Este tipo de comportamento é denominado “delação premiada”. Porém, há o outro lado da moeda, os diversos comentários existentes, a respeito desse tema, partem do pressuposto

just

iça

Pe. Jorge CamposReitor do Seminário Nossa Senhora da Penha

Rel

igiã

o

a reflexão na celebração da Palavra é homilia? O termo homilia, em sua origem gre-ga, está próximo de “conversa familiar”, “discussão” e “exortação”. O Documento

de que ferem a “ética” de uma sociedade usar a traição como meio de alcançar a justiça. Porém, no universo criminoso não se pode falar em ética ou mesmo em valores moralmente elevados, dada a prática de condutas que rompem com as nor-mas vigentes, ferindo bens jurídicos protegidos pelo Estado. Assim, aquele que denuncia, está desmantelando toda uma ação criminosa agindo a favor do Estado e contra o delito.

Desvantagem: Para responder essa questão, diríamos que alguns autores na área de direito penal criticam como negativa a delação premiada, sobretudo no mundo Ocidental, que é voltado a valores cristãos. Assim, entendo que por meio da delação premiada as pessoas estejam “traindo seus amigos”. No Direito, a justiça é feita sobre os pilares da éti-ca, moralidade e verdade. Na delação, a lei está prestigiando um modo de vida antiética. Está se valendo de um “anti-valor”. O bandido não tem ética, mas o Direito tem ou deveria ter.

52 da CNBB, que trata da Celebração da Pa-lavra de Deus, fala sobre homilia ou Partilha (ou reflexão) da Palavra de Deus: “Quando o diácono preside a Celebração da Palavra a ele compete a homilia. Na sua ausência, a expli-cação e a partilha comunitária da Palavra de Deus cabe a quem preside a celebração” (76). Assim, pode-se entender que homilia e reflexão da Palavra de Deus, na Celebração da Palavra, são sinônimas; pois, na essência, trata-se de partilha e atualização da Mensagem Divina, de modo a iluminar a realidade da vida do Povo de Deus.

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Neide FerreiraPastoral da Saúde

Ednéa Firme Rosalém Educadora / Psicoterapeuta / Terapeuta de Família

Rel

igiã

o

educação

Por que a mesma criação gera filhos di-ferentes? Entendo como mesma criação o con-junto de ensinamentos, valores, atitudes, contexto familiar sócio-politico-econômico--religioso-tecnológico que regem os inte-grantes de uma mesma família. Porém, a forma de assimilar esse mundo familiar é pessoal e se inicia nos primeiros momentos de vida da criança, através da sua percepção, da leitura que faz das imagens, dos gestos, do sabor, da temperatura, do som, do toque, das suas necessidades básicas satisfeitas ou não. É nessa época que as experiências emo-cionais, afetivas, das sensações contribuem para a construção de conceitos, crenças e verdades que servirão de motivação para o seu comportar-se no mundo. Aqui, inicia-se o desenvolvimento da sua realidade humana. Às vezes, o olhar de um pai para um filho é somente um olhar de um pai para um filho, o que pode ser totalmente diferente em relação ao outro filho que pode entender esse olhar como uma reprovação ou outra conotação qualquer. Assim vão se desenvolvendo fi-lhos mais sensíveis, outros mais racionais, outros retraídos, outros expansivos, filhos medrosos, outros aventureiros. Para uns, o mundo é um parque de diversão, para outros, o mundo é um campo de guerra, para outros, é preciso que eles transformem o mundo.

os chás auxiliam no funcionamento do organismo? Os chás com suas propriedades diuréticas eliminam as toxinas facili-tando a sua eliminação no organismo. Os chás ajudam a amenizar o mal--estar, melhoram o funcionamento do intestino e aliviam a azia causada pela má alimentação ou excesso da mesma. Ajudam a equilibrar, colaborando para o relaxamento e contribuindo para uma noite de sono, de maneira que, se usarmos os chás de forma adequada é muito seguro e faz um grande bem a saúde. Os chás estimulantes do apetite são remineralizantes com propriedades para a drenagem do fígado e inflamação urinária. Ex: Malva, Sete Sangria. Chás antiespasmódicos agem como calmante, estomático, dores menstruais, nervosismo, insônia de origem nervosa náusea, vômito, etc. Como qualquer remédio alopata, corre-se risco se ingerido em quanti-dade desporporcional, ou que tenha contraindicação, principalmente, para quem tem a pressão arterial alterada, idade avançada ou crianças em idade até 12 anos. É necessário ter um bom conhecimento sobre as ervas para que se possa indicar como método alterna-tivo de saúde. Assim, usar os chás de forma inadequada pode prejudicar a saúde. Mas usados de forma criteriosa eles são nossos aliados e fazem um grande bem.

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enSinamentoS

jesus Cristo instituiu o Sa-cramento da Eucaristia na Última Ceia, confiando à

sua Igreja a missão de celebrar o memorial de sua morte e res-surreição. Por ser memorial, não se trata de mera lembrança, mas de um sacramento que opera a ação salvífica de Deus. Na Eu-caristia, o Sacrifício da Cruz é continuamente atualizado. Nela, Cristo é recebido como alimento e dado como garantia da glória futura (Cf. Constituição Sa-crosanctum Concilium, nº 47). É o próprio Cristo, sumo sacerdote eterno da Nova Alian-ça, que atua pelo ministério dos sacerdotes validamente orde-

da morte e ressureiçãoEucaristia, memorial

nados, oferecendo o Sacrifício Eucarístico. Ele é, ao mesmo tempo, sacerdote e vítima, que se oferece no Sacrifício Eucarís-tico, agora de maneira incruenta. A Eucaristia é a fonte, o coração e o ponto mais alto da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai, derramando as graças da salvação sobre o seu Corpo, que é a Igreja. O Papa Bento XVI, na Exor-tação Apostólica Pós-Sinodal Sa-cramentum Caritatis, explica que, ao instituir o Sacramento da Eu-

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caristia, Jesus antecipa e implica o Sacrifício da Cruz e a vitória da Ressurreição, revelando-se como o verdadeiro Cordeiro de Deus. Ele manifesta o sentido salvador de sua morte e ressurreição, ato supremo de amor que liberta, de uma vez por todas, a humanidade do mal. Supera definitivamente o ritual do sacrifício dos cordeiros do Antigo Testamento. Assim, a Eucaristia realiza a nova e eterna aliança, com sua novidade radi-cal, que nos é oferecida em cada celebração. Convém lembrar que o pão e o vinho não são representações simbólicas do Corpo e do San-gue de Cristo. Mas, pela con-sagração, a substância do pão e do vinho se mudam no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Na teologia católica, essa mudança é qualificada como “transubstan-ciação”, muito bem explicada por Santo Tomás de Aquino na

Eucaristia, memorial Suma Teológica. O Papa João Paulo II, na Carta Encíclica Ecclesia de Eu-charistia, proclama que, pela transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, a Igreja experimenta a presença do Senhor Ressuscitado de modo inigualável, pois na Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, Cristo. E para orientar a dinâmica pastoral que valoriza a cultu-ra do encontro e da acolhida, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium nº 47, acentua: “A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”. n

Vitor nunes rosaProfessor de filosofia na faesa

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cultura caPixaBa

museu solar monjardim

diovani favoretohistoriadora

sua origem data dos pri-mórdios da colonização da Capitania do Espírito

Santo, no período em que os jesuítas possuíam uma grande fazenda na região. Localizado no bairro de Jucutuquara, nos arrabaldes da cidade de Vitória, a sede da fazenda da tradicional família Monjardim foi reconstruída ainda no período colonial (sé-culo XVIII) como dote para o capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo. Em 1816 a fazenda passou a pertencer a família Monjar-dim após o casamento de Ana Francisca, filha de Pinto Ho-mem, com José Francisco de

Andrade e Almeida Monjardim, o primeiro de uma série de des-cendentes a residir no Solar, inclusive o próprio Barão de Monjardim, filho do casal. A fazenda era produtora de cana-de-açúcar, algodão, mamona, mandioca, cereais, hortifrutigranjeiros, além da produção de sal e gado. Em outubro de 1940, a casa principal é reconhecida pelo IPHAN – Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Nacional – como importante bem arquitetônico do Brasil e o Solar é tombado pelo governo federal. Alguns anos depois, em 1952, é fundado o Museu Ca-

pixaba no local. E, em 1966, o Museu de Arte Sacra da Uni-versidade Federal do Espírito Santo transfere sua coleção para o casarão passando a constituir um único grande acervo de bens móveis capixaba. A partir de 1980 o ago-ra denominado Museu Solar Monjardim reabre suas portas, depois de grande restauração, para o público interessado nas peças artísticas e históricas. Atualmente o museu, per-tencente ao Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, abre suas portas aos visitantes no horário de 09h às 16h30 (dias úteis) e 13h às 17h (fins de semana) e expõe mobiliário do período colonial capixaba e peças de arte sacra centenárias de grande interesse para os capixabas. n

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Sínodo sobre a família teve grande consenso no Relatório Final

O texto está dividido em três partes cada uma com qua-tro capítulos. A primeira trata da Igreja na escuta da famí-lia. A segunda reflete sobre a família no plano de Deus. A terceira relembra a missão da família. O relatório propõe a valo-rização da mulher, atenção aos idosos e pessoas com neces-sidades especiais e um apelo às instituições para que de-fendam a vida. Aos católicos comprometidos com a política que defendam a família e a vida. Quanto às situações com-plexas destacam-se os núme-ros 84 e 86. No primeiro os padres sinodais propõem uma maior integração dos divor-ciados recasados nas comu-nidades cristãs, sublinhando que a sua participação pode ser ao nível dos diversos ser-viços eclesiais. A esta situa-ção específica dos casais em

com a autorização do Papa Francisco foi divulgado o relatório

final do Sínodo dos bispos em 24 de outubro. O docu-mento contém 94 pontos e todos foram aprovados com maioria necessária de 2/3 dos participantes, mesmo aqueles dedicados às situações fami-liares difíceis que estão no capítulo 3 na terceira parte. O documento final foi aprovado com 177 votos.

segunda união o número 86 faz referência a um percur-so de acompanhamento e de discernimento espiritual com um sacerdote. O documento sinodal não cita expressamente o acesso à Eucaristia para os divorciados recasados, mas recorda que esses não estão excomunga-dos. Quanto às pessoas ho-mossexuais é reafirmado no Relatório que não devem ser discriminadas, mas é decla-rado que a Igreja é contrária às uniões entre pessoas do mesmo sexo. Os padres sinodais entre-garam o documento ao Santo Padre para que avalie e pon-dere. Portanto, aguardemos a Exortação do Papa Francisco que certamente terá esse rela-tório como inspiração e bus-cará jogar luzes que iluminem a evangelização pastoral das famílias hoje. n

acontece

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