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ECONOMIA | POLÍTICA | ESPORTES | HUMOR | CULTURA ANO IX Nº 97 JANEIRO DE 2018 R$ 10 CIÊNCIA: DINHEIRO COMPRA TUDO NA VIDA, ATÉ O SONHADO AMOR VERDADEIRO A VIDA É BELA · PÁGINA 46 2018 ANDAR COM FÉ EU VOU E, ALÉM DISSO, COM A PERSISTENTE FALHA DOS ECONOMISTAS, QUE ANO PASSADO PREVIRAM O DÓLAR A R$ 3,50 (DEU R$ 3,30), INFLAÇÃO ACIMA DE 8% (FICOU EM 2,95%, ABAIXO DO PISO DA META) E JUROS DE DOIS DÍGITOS (OS MENORES DA ERA REAL)

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Page 1: ANO IX Nº 97 JANEIRO DE 2018 R$ 10©ria Prima 97...não somos uma ilha. Mesmo assim, esta não é uma boa informação para os jornais, nem para os jornalistas, e muito menos para

E C O N O M I A | P O L Í T I C A | E S P O R T E S | H U M O R | C U LT U R A

ANO IX • Nº 97 • JANEIRO DE 2018 • R$ 10

CIÊNCIA: DINHEIRO COMPRA TUDO NA VIDA, ATÉ O SONHADO AMOR VERDADEIROA VIDA É BELA · PÁGINA 46

2018ANDAR COM FÉ EU VOUE, ALÉM DISSO, COM A PERSISTENTE FALHA DOS ECONOMISTAS, QUE ANO PASSADO PREVIRAM O DÓLAR A R$ 3,50 (DEU R$ 3,30), INFLAÇÃO ACIMA DE 8% (FICOU EM2,95%, ABAIXO DO PISO DA META) E JUROS DE DOIS DÍGITOS (OS MENORES DA ERA REAL)

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Márcio Rubens Prado (IN MEMORIAM)

31 [email protected]

DIRETOR RESPONSÁVEL E EDITOR GERAL:Durval Guimarães

EDITOR DE TEXTO: Carlos Alenquer

PROGRAMAÇÃO VISUAL: Antônio Campos

IMAGENS:Creative Commons OCO; imagem dacapa:Dirima/Istockphotos

COLABORADORES:Adalberto Ferraz; Antônio Porfírio; ArthurVianna; Christiano Machado; Ivani Cunha;João Paulo Coltrane; Dr. José SalvadorSilva; José Antônio Severo; Mário Ribeiro;Sandra Fiorani; Tiãozito Cardoso.

E C O N O M I A | P O L Í T I C A | E S P O R T E S | H U M O R | C U L T U R A

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua Canopus, 11 • Sala 5 • São Bento • CEP 30360-112 • Belo Horizonte • MG

EDITORIAL

NEM BANCASDE REVISTAS QUEREMVENDER JORNAIS

Página 4

NOMES & NOTAS

FHC, O AUTORMAIS ENCALHADONOS SEBOS DE BH

Página 10

REPORTAGEM DE CAPA

2018: O PRIMEIROGRANDE ANODE NOSSAS VIDAS

Página 18

POLÍTICA

ANASTASIA PODESUBSTITUIR ALKMIMCONTRA LULA

Página 30

A VIDA É BELA

DINHEIRO COMPRATUDO: ATÉ O AMORVERDADEIRO

Página 46

DELAÇÃO PREMIADA

AS DIFERENÇASENTRE UM ABORTOE UMA OMELETE

Página 50

ANO IX - Nº 97JANEIRO DE 2018

6 Nomes & notas170 MILHÕES DE CÂMERAS DE OLHO NOS CHINESES

32 OpiniãoDR. JOSÉ SALVADOR SILVA

36 Carta do CanadáNAS PEGADAS DOS MUSEUS CANADENSES

40 CarreirasCOMO FAZER DE 2018

44 Notícias do sertãoUM AMIGO DE FÉ

48 Espaço Mário RibeiroPAÍS SÉRIO?

54 Era só o que faltavaADEUS CARAMBOLEIRA

56 Palavra do leitorFAKE NEWS

E TEM MAIS ...

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de marketing. O seu implacável concor-rente, a Folha de S. Paulo, que chegara aum milhão de cópias nos domingos (rele-ve-se o fato da venda casada de best sel-lers), hoje tem menos de 450 mil.

Acrescente-se a isso o fato de que não háum único dia, no país, sem notícias de en-xugamento de redações (incluindo nas TVs).

Mas, talvez na crise esteja o também oseu remédio. O interesse pela informaçãopersiste e somente os jornalistas são osúnicos profissionais capazes de transmiti-la com credibilidade e a maior isençãopossível. Não à toa, os chamamentos doNew York Times e do Washington Post pa -ra atrair consumidores de notícias se ba-seiam em verdades que não se con fun -dem com fake news: no NYT, o jornal pedea subs crição de assinaturas virtuais afir-mando que deve-se estimular o debate, e

não a divisão. O WPost pede o mesmolembrando que a democracia morre naescuridão.

O resultado da iniciativa: mais da metadeda receita dos jornais é proveniente de as-

sinaturas eletrôni-ca. Quem sabe se,com o sucesso daproposta, a im-prensa se livraráda escravidão ca-racterizada pelasubmissão à in-dústria de papel,que hoje consomemais de 70% dasdespesas de jor-nais e revistas, in-cluindo aí a imen-sa logística de selevar os exempla-res de um ladopara o outro dacidade, do estado,do país.

Conseguindo encontrar uma forma deresistir endividamento crescente e à faltade perspectivas, a imprensa retornaria aoseu papel fundamental de vender conteúdo– que, é bom insistir, só se torna confiávelse for veiculada por pro fissionais do ramo.

A imprensa tem, é verdade, de revisitarmodelos de negócio e criar valor de formasmais criativas. O papel ainda tem muitofuturo: um futuro promissor, dedicado àqualidade, feito para leitores exigentesque querem profundidade e opções alter-nativas que vão além do instantâneodigital. E, ao que tudo indica, este é o ca-minho a seguir.

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Anotícia de que um grande jornalmineiro não encontra compradorespara a sua sede, mostra que a crise

da imprensa – que se alastra por todo omundo – se apresenta com aspectos aindamais destrutivos em Minas, mesmo porquenão somos uma ilha. Mesmo assim, estanão é uma boa informação para os jornais,nem para os jornalistas, e muito menospara a sociedade.

São muitas as más notícias dessa in-formação.

A primeira delas: os jornais estão des-capitalizados, a ponto de vender a própriasede para honrar seus compromissos co-tidianos, como o pagamento de fornece-dores e salários dos funcionários.

A segunda: não há empresários dispostosa realizar investimentos imobiliários, nocaso a simples aquisição de um prédio.

A terceira: há a suspeita de que o imó -vel fora empenhado como garantia emtantas e repetidas operações de crédito,que praticamente se tornou inegociável.

A quarta: não existe receita publicitáriano mercado mineiro suficiente para atenderas necessidades de custeio dos seus gran-des órgãos de imprensa.

E, finalmente, a mais dramática: MinasGerais se tornou estado tão inexpressivodo ponto de vista político e econômico,que tornou irrelevante a opinião dos mi-neiros sobre as questões nacionais.

A par disso, é cada vez menor o númerode pessoas dispostas a ir às bancas de jor-nais para comprar um produto que publicahoje as notícias de ontem. Ninguém gostade notícias velhas. Ainda assim, pode serque o jornal impresso em papel não estejaà beira da extinção. Mas isso é apenasuma suposição, pois se a TV havia decretadoo fim do rádio (coisa que não aconteceu) e,em outras áreas, o cinema teria acabadocom o teatro (o que também não aconteceu),é possível que estejamos assistindo apenasa uma crise passageira – que poderia levaros veículos impressos a tentar outras saídaspara sua sobrevivência.

Hoje, o que acontece a quem passapor qualquer banca de jornais, é ver ape -nas uns poucos exemplares de variadaspu blicações empilhados num canto. Asrevistas, sem exceção, são igualmente ig-noradas, mostrando que até mesmo essastendas se tornaram obsoletas. Em suaimensa inutilidade, uma banca de jornalse assemelha ao orelhão, aquele telefonepúblico, ainda invariavelmente plantadoao seu lado. As bancas contam, afortuna-damente, com a opção de vender doces,apostilas, coca-cola, pão de queijo e álbunsde figurinhas.

O tradicional Estado de São Paulo, oEstadão, que há duas décadas vendia700 mil exemplares, hoje não alcança300 mil, a despeito de todo os esforços

EDITORIAL

UM TEMA NOVO,QUE ESTÁ SETORNANDO ANTIGO

QUANDO NINGUÉM QUER COMPRAR A SEDE DE UM GRANDE JORNAL,É HORA DE INDAGAR SOBRE O FUTURO DA IMPRENSA

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dentes pode intensificar-se”, explicou.A empresa Dahua Technology, que faz

o monitoramento, defende-se. E explica:“A tecnologia é uma ferramenta para oser humano. Assim como é uma arma.

Se estiver em mãos erradas, pode resul-tar em coisas más. Mas, se a tecnologiacontinua a avançar com a inteligência ar-tificial, é porque ela pode fazer muitascoisas boas.” (Christiano Machado)

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NOMES & NOTAS

170 MILHÕES DE OLHOSELETRÔNICOS PARA VIGIAR QUASE 1 BILHÃO E MEIO DE CHINESES

Um empresário mineiro que ad-quire produtos da China chegourecentemente de Pequim e voltou

assombrado com a vigilância policialsobre os cidadão daquele país. Segundoinformou, há pelo menos 170 milhões decâmaras de vídeo-vigilância espalhadaspelo país. Nos próximos anos, o regimede Xi Jinping pretende aumentar para400 milhões este número.

Mas este não é apenas um circuito fe-chado de TV como outros que há, porexemplo, em Belo Horizonte: é conside-rado o maior e mais moderno sistema devigilância do mundo. E utiliza, por exem-plo, o reconhecimento facial para identi-ficar cidadãos.

E ainda: o sistema de vigilância cruzaigualmente informações, desde o graude parentesco do cidadão identificadocomo o veículo que utiliza (e que percur-sos fez nos últimos tempos) e as pes-soas com quem se relaciona ou entrouem contato nas últimas semanas.

O governo diz que as câmeras têmapenas o propósito de proteger o cidadãocontra bandidos. No entanto, há quemcritique este Big Brother dos tempos mo-dernos, considerando-o mais “ideoló-gico” do que protetor. É o caso do poetae dissidente chinês Ji Feng, que vive emPequim. Ele sente-se ameaçado pelo sis-

tema: “Sinto os olhos deles sobre mimtodos os dias. São olhos invisíveis queme seguem. Então, faça o que fizer, he-sito sempre. Se a mentalidade da polícianão se alterar, a vigilância sobre os dissi-

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Olamentável desempenho do Grê-mio na partida contra o Real Madrie que definiu o campeão mundial

de clubes, mostra a qualidade do raquíticofutebol brasileiro. Isso decorre da péssimaestrutura dos nossos clubes. Todas asgrande agremiações estão endividadas evendem seus craques para obter dinheiropara despesas urgentes.

Cerca de 85% dos profissionais brasi-leiros ganham menos de R$ 2.000,00 pormês, e alguns até mesmo jogam por umprato de comida. Quase 600 dos 684 clu-bes (que se consideram) profissionais re-gistrados no país disputam menos de 19jogos por ano. Mais de 15 mil jogadoressão obrigados a exercer outras atividades,pois não há torneio para eles disputarem.

A média de público é escandalosa-mente insignificante. Em um terço dos 27estados do Brasil, os números médios sãoinferiores a mil pessoas.  Em Rondônia,

um estado amazônico na fronteira com aBolívia, a média de público no ano pas-sado foi 273 pessoas. No Amapá, na fron-teira com a Guiana Francesa, foi 274.

Mesmos grandes clubes enfrentam ve-xames. Num jogo recente contra o Bon-sucesso, o time do Flamengo foi visto porapenas 375 pessoas. Algumas horas maistarde, 481 pessoas pagaram para assistirao Botafogo no empate com o Audax namesma competição.

Enquanto isso, na Europa, quando umjogo tem menos de 70 mil torcedores aimprensa registra o fato como um pro-blema; e cobra dos clubes e das federa-ções medidas urgentes para melhorar onúmero de aficionados nos estádios. Ouarenas, como se diz hoje em dia.

Pra completar, na virada do ano, os jo-gadores do Cruzeiro estavam com trêsmeses de salário em atraso. E a situaçãodo Galo não era melhor.

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11 COISAS QUE A VIDA ME ENSINOU EM 2017

Agente sempre aprende alguma coisaa cada ano. Estas, certamente, apren-di no ano recém encerrado:

1Você não se torna um completo idiotaacidentalmente. É preciso um poucode trabalho.

2O que há de errado na Wikipédia?Tudo.

3Minha definição de liberdade é sim-ples. O anonimato.

4Se Deus fez algo mais fascinante quea mulher, ele guardou para si mesmo.

5Mesmo se sua nova televisão for enor-me, você vai se arrepender de não tercomprado uma um pouco maior.

6Seu detector de bobagens fica melhorcom o tempo.

7O cigarro não brinca em serviço. Ma-tou milhares de idiotas em 2017.

8Deve ser muito bom para a saúde sergovernante na China. Embora quasetodos os dirigentes tenham mais de60 anos, nenhum deles tem um únicofio de cabelo branco. Os cabelos de-les só perdem a cor quando se apo-sentam ou são presos.

9Quando se fala em liberdade, semprehá um velho chato que se sente na ob-rigação de prevenir os outros de que

não se deve confundir liberdade comlibertinagem. Eu sempre tomo osmeus cuidados, pois a libertinagem émais divertida e é com ela que eu vou.

10A frase que escolhi para minha lá-pide no cemitério: “ Espero queisso seja provisório”.

11Aprendi muitas coisas a respeitodas convicções inabaláveis dos as-trólogos. Estes, a despeito de sereminjustamente chamados de charla-tões, sempre têm a mesma opiniãosobre os signos. O capricórnio é es-tável, o escorpião é traiçoeiro e poraí segue. Nunca mudam de opinião.Já os analistas de mercado diziamque a Irlanda era o tigre celta, eagora é isso que a gente vê. O ban-co Lehman Brothers recebeu dasagências de risco a melhor classifi-cação possível. Uma semana depoiso banco virou pó.

Mesmo com atraso, feliz 2018!Pela atenção, obrigado. (Durval Guimarães)

PREPARE-SE PARA UM NOVO 7 X 1. A ALEMANHANOS ESPERA EM MOSCOU

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Nos quatro sebos que visitamos, topamos,em meio a edições raras, dessas que fazembibliófilo salivar (vide Pavlov), obras encalhadasque, um dia, viveram 30 segundos de fama,ao menos nas noites de autógrafos.

1 CARTAS A UM JOVEM POLÍTICOFernando Henrique Cardoso. Editora: AlegroO autor lamenta, de início, não haver

faculdades para “preparar” políticos. Ediz: o que prepara o (jovem) cidadãopara a vida política são “experiências,exemplos e conhecimentos acumula-dos”. Frase que bem poderia tê-lo levadoa (re)sugerir ao leitor que esquecesse o

que ele escreve(u). Pois que, quem con-vive, diariamente, com as experiências,os exemplos e os conhecimentos daclasse política brasileira, não precisa defaculdade alguma para entrar na dança.Compreende-se, assim, o fato de o opús-culo brilhar, ontem e hoje, nas bancadasdos sebos. Preço médio: R$ 12,00. Oequivalente a meia dúzia de pães dequeijo e um refrigerante (litro).

2 MARIMBONDOS DE FOGOJosé Sarney. Editora: SicilianoTrata-se de um livro de poemas, co-

metidos pelo profuso acadêmico ama-paense (adotivo) no longínquo ano de1978. Dois anos depois, o então poeta in-gressou, pela porta da frente (atitudeinédita, partindo dele) na ABL-AcademiaBrasileira de Letras. Muitos críticos epessoas responsáveis pensaram, àépoca, em entrar na justiça, pedindoreintegração de posse, por considerar apresença de Sarney na ABL uma agres-siva invasão de terreno público. Outros,partiram para a galhofa, dizendo queMarimbondos de Fogo era o primeiro li-vro de uma trilogia, que seria comple-tada com a publicação dos Marimbon-dos de Porre e Marimbondos deRessaca. Preço médio, R$ 5,00. Se rega-tear, você corre o risco de levar de graça.

3 BREJAL DOS GUAJAS E OUTRAS HISTÓRIASJosé Sarney. Editora: AlhambraSarney é sempre assim: invasivo reni-

tente de todas as áreas. Até aqui, nestahumilde lista, quem diria! Editado em1985, este Brejal dos Guajas foi literal-mente espancado pelos críticos literários,obrigados a lê-lo por dever de ofício. Mil-lôr Fernandes estraçalhou: “Uma obra-prima sem similar na literatura de todos

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Cansados das enfadonhas e dirigidaslistas semanais de best sellers (mis-tura insistente de livros de vampiros

com cartapácios de autoajuda), resolvemosfazer, aqui na MatériaPrima, uma lis ta aocontrário: “De bad sellers?”, ironizou nossoeditor chefe, ao autorizar, por enfado, a ini-ciativa da redação. Deduzimos, de estalo,

que a lista só poderia ser feita nos sebos dacidade, que são o único túmulo digno dosautores sem leitores. O sebo, como nem to-dos sabem, é sinônimo de alfarrabista, ci-dadão que se dedica ao comércio de livrosusados, de segunda mão. E, principalmente,à compra e venda de obras rejeitadas porseus decepcionados proprietários.

OS NOVE LIVROS MAISENCALHADOS NOS SEBOS DA CAPITAL

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7 O ANO 2000 - UMA ESTRUTURAPARA ESPECULAÇÃO SOBRE OSPRÓXIMOS 33 ANOSHerman Kahn e Anthony J. Wiener.Editora MelhoramentosO livro foi um grande best seller no co-

meço dos anos ‘70. Seu sucesso foi tantoque até lembrou o Ulisses, do James Joy-ce. Ou seja, um livro que ninguém conse-guia ler, mas era obrigado a garantir quehavia lido, e achado “genial, antológico, pi-ramidal” (adjetivos da moda, à época).Herman Khan, norte-americano de 150quilos de peso e Q. I. de quase 200, ten-tou, numa imitação barata de autor de ho-róscopo para jornais, elevar a futurologia àcategoria de ciência. Um vexame, só reco-nhecido anos depois, quando as suas pre-visões deram com os burros (ele incluído)n’água. Aqui no Pindorama, como sóiacontecer, O Ano 2000 elevou a futurolo-gia primeiro à condição de ciência, bai-xando-a, logo depois, ao status de piada.Khan não teve nem o benefício do tempo.Suas previsões foram sendo desmentidasnos primeiros anos depois da publicaçãodo livro. Ele previu que a Alemanha Oci-dental seria incorporada pela Oriental, queera mais disciplinada (deu o contrário). Enem ao menos sugeriu o nascimento dainternet. Preço médio: R$ 5,00 (procurena estante de livros de humor).

8 DISCURSOS PRESIDENTE JOÃO FIGUEIREDO - QUATRO VOLUMESSecretaria de Imprensa e Divulgaçãoda Presidência da RepúblicaTivemos enorme surpresa ao descobrir

que a SID cometera essa edição, por des-picienda e sem qualquer valor, até paraas estatísticas da indústria livreira. Paracomeçar, em 99% dos casos, os discur-sos de presidentes, governadores e pre-feitos são escritos por redatores contrata-

dos. Estes, na sombra dos gabinetes,põem, na boca das autoridades, obras-primas, que, infelizmente, não resistem àfatal lei de que “verba volant, scripta ma-nent”. Sugerimos aos caros leitores umacompra utilitária desses Discursos. Paraescorar portas, por exemplo. Ou nivelarpés de mesa. Preço médio: R$ 4,00, comuma sacolinha de pano de brinde.

9 JOSÉ ALENCAR - AMOR À VIDA. A SAGA DE UM BRASILEIROEliane Cantanhêde. Editora Primeira PessoaA biografia do ex-vice-presidente da

República, lançada no início de 2010, estáprovocando as maiores confusões, bate-bocas e até intervenções nos quatro prin-cipais sebos da cidade. As professoras so-licitam aos seus alunos nos colégios,como “tarefa para casa”, que leiam um li-vro do José de Alencar. Provavelmente, naexpectativa de que se encantem com o OGuarani ou Iracema. Diante da inesperadae feliz possibilidade de se livrarem doenorme encalhe da biografia do políticoque, a um só tempo, foi também barão daindústria têxtil, os vendedores empurramnos inocentes clientes aquelas interminá-veis memórias narradas à jornalistaEliane Cantanhêde. No dia seguinte, nahora de se desfazer o equívoco, arma-se aconfusão, já que o sebo não quer aceitaro livro de volta, sob a alegação de que en-tregaram um autêntico livro do José deAlencar, conforme fora solicitado. Assim,se você é professor de literatura nos colé-gios, seja explícito com seus alunos e pe-çam que digam claramente ao vendedor:“Eu quero um livro do José de Alencar, oescritor cearense de Iracema, aquela quetinha os cabelos mais negros que a asada graúna”. Nada custa evitar problemas.(Sandra Fiorani e Adalberto Ferraz)

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os tempos. Só um gênio poderia fazer umlivro errado da primeira à última frase”. Eprovou, aritmeticamente, que, pelo relatode Sarney, em cada uma das casas dasduas ruelas de Brejal viviam 105 pessoas.Resumo: até em algarismos, o livro éruim. Preço médio: R$ 10,00 (podem serdivididos, em até quatro prestações).

4 TUDO A DECLARARArmando Falcão. Editora: Nova FronteiraLançado em 1989, é um livro das (la-

mentáveis) memórias do político cea-rense (que nunca ganhou uma eleiçãomajoritária em seu estado natal), duasvezes ministro da Justiça (1959-61, nogoverno JK, e 1974-79, no governo Gei-sel). O título do livro tem tudo a ver coma sua sistemática recusa de conversarcom os jornalistas, quando ministro dogeneral Geisel. Mergulhado num justo emerecido ostracismo, resolveu abrir obico, em 1989, quando ninguém mais seinteressava pela sua conversa. Menosainda os admiradores de JK, incluindo osdo Ceará, que o homenagearam comuma estátua no açude do Orós (homena-gem a JK, não confundir); a razão dissoé que o falante cearense virou suas opor-tunistas costas ao político mineiro, noauge da perseguição ao querido Nonô deDiamantina. Por R$ 5,00 você leva o li-vro pra casa. Mas, por favor, sem nada adeclarar – a não ser o perigo que corre asua reputação. (A sua, e não a dele.)

5 O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEMFrancis Fukuyama. Editora: RoccoEste rapaz, como todo futurólogo de

carteirinha, sentenciou, nesse livro de1989, que “a história acabou”. Baseadona galopante agonia em que a União So-

viética definhava, sob os escombros doMuro de Berlim, ele garantia que a de-mocracia liquidara o comunismo, e a hu-manidade entrava numa era de paz, deprosperidade e de justiça social. Muitagente por aqui foi na onda, elevando oprofeta nipo-americano aos píncaros dasapiência e da perspicácia. A históriaacabou, sim. Mas para ele, logo recolhidoà insignificância de suas furadas pers-pectivas para a humanidade. Ainda vivo,o autor prepara uma obra sobre biotec-nologia. Pelo seu passado, sugerimosdesde já aos leitores que esperem essefuturo livro no sebo mais próximo. Opreço é sempre mais em conta, como odeste O fim da história, que não acabou,graças a Deus. Preço médio do livreco:R$ 6,99, que nem ofertas do black friday.

6 O BISPO - A HISTÓRIA REVELADA DE EDIR MACEDODouglas Tavolaro e Christina Lemos.Editora LaroussePolpuda biografia de sua excelência re-

verendíssima, que conseguiu, realmente,fazer da sua uma igreja universal, umavez que a espalhou por mais de 200 paí-ses. O bispo tem poderes e reage tão for-temente que encarou – e venceu – abriga com a prefeitura de um lugarejochamado Paris, capital do antigo reino deFrança, para instalar mais uma filial desua igreja num cinema desativado da-quele burgo francês. Falem o que quise-rem, mas sua excelência reverendíssimaé sinônimo de excelso empreendedor. Oudivino, dá no mesmo. Só perde mesmona área da literatura, na qual os autores –mesmo abençoados – não conseguiramsequer chegar aos pés da tiragem de umlivro famoso, a Bíblia. (Milagre compli-cado de realizar, diga-se de passagem.)Custo médio da Revelação: R$ 9,00.

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9 Vá ao bar Seu Romão, do gentilíssimoFelipe Pidner, e beba uma cerveja arte-sanal Confrades. Você estará no me-lhor bar da cidade, tomando a melhorcerveja do país.

10 Construa um castelo de cartas.

11 Comece um boato absurdo na Inter-net e veja como ele cresce e vira umfenômeno social. (Sugestão: Fred per-deu pênalti no Galo com o declaradopropósito de boicotar a classificaçãodo time para a Taça Libertadores dasAméricas.)

12 Namore uma mulher mais alta doque você.

13Memorize um poema, belo e pode-roso. Sugestão: aquele que acaba

com esses versos: “Valeu a pena?Tudo vale a pena quando a alma nãoé pequena”.

14 Implore a Bono Vox para que elecante mais, escreva menos e não falenada.

15Memorize vastas extensões de Sha-kespeare – quando lembradas, elaspoderão acalmar sua mente se presoem um elevador ou durante um inde-cifrável discurso da ex-presidenteDilma.

16 Ganhe no voto popular e perca noquociente eleitoral.

17 Aprenda a escrever alguma coisa emesperanto. Exemplo: “Sua bunda éenorme”.

18 Vá do Oiapoque ao Chui, num carroconversível, com mulher e filhos. Asensação será a mesma que viajarpela Rota 66.

19 Escreva ao presidente Temer reivindi-cando que a Lei Seca seja aplicadaexclusivamente pela Receita Federale multe apenas os motoristas quebebem uísque falsificado e sem notafiscal.

20 Participe de um grupo de oraçõescom o propósito de solicitar ao Cria-dor que uma cópia da Juliana Paesbata à nossa porta numa noite de in-verno, com o exclusivo propósito deinspecionar, in loco, nosso quarto dedormir. Na ocasião, ela informaráque se trata de um singelo presentedivino para tornar esse mundo me-lhor. (João Paulo Coltrane)

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20 COISAS PARA SE FAZEREM PAZ ANTESQUE O MUNDO ACABE

Você não acredita que o apocalipseesteja chegando. Mas ele está vindo.Alguém pode viver em paz enquanto

o Kim-Jong-Un continuar armando suasbombas na Coréia do Norte e o DonaldTrump responde dizendo que as deles sãomaiores? E isso é só um exemplo. Entãose prepare e cuide do que é seu, enquantopuder. Nós sugerimos que você faça ascoisas abaixo, enquanto o mundo (ainda)estiver dando suas voltas em torno do sol.

1 Não assista, mesmo se você estiver so-zinho e sem nada a que fazer, a umapartida de futebol americano.

2 Faça algo bem menor do que a sua re-putação recomenda. (Lembre-se:Jimmy Hendrix fez a abertura de showpara os Monkees.)

3 Defenda ardorosamente um ponto devista impopular. Por exemplo: Luxem-burgo deve voltar para o Galo. OuDunga foi o melhor treinador em todaa história da Seleção Brasileira. Ouainda que Guardiola é uma fraude egênio é mesmo o Mourinho.

4 Convença um garoto pálido que jogarfutebol, especialmente na chuva, émelhor do que qualquer jogo de video-game.

5 Fale com estranhos.

6 Vá à casa onde o escritor Euclides daCunha foi assassinado pelo amante desua esposa.

7 Leia o Apocalipse, sem nenhum propó-sito de entender aquelas maluquicesatribuídas a São João. Depois faça umroteiro para filme de ação.

8 Perdoe alguém. (Sem esquecer de di-zer-lhe, “Mas você ainda continua umcompleto um imbecil.”)

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tela do computador e trabalha de formaininterrupta por horas a fio.

4 VOCÊ NÃO PERDE TEMPO EM ENGARRAFAMENTOSO tempo médio para se chegar a qual-

quer lugar em Belo Horizonte – estejaonde você estiver – é de cerca de 30 mi-nutos, período em que você passa xin-gando os outros motoristas (e ouvindoxingamentos). Em casa, você encontra apaz, sem qualquer trânsito. Com isso,encerrado o trabalho, você terá maistempo para fazer outras coisas. O tempoextra que você normalmente gasta parair e voltar do trabalho, muitas vezes étudo o que você precisa para chegarmais cedo e desfrutar a família. Alémdisso, há uma brutal economia com ga-solina, táxi ou passagens de ônibus.

AS QUATRO DESGRAÇAS(vento contra)

1 HÁ MENOS COMUNICAÇÃO COM SUA EQUIPESe você não tem hábito de

trabalhar remotamente, é possí-vel que você não irá se comuni-car com a frequência com suaequipe e com isso perder con-versas valiosas. Dai, quando tra-balhar em casa, não se des-prenda da sua turma. Useteleconferências.

2 DISTRAÇÕES VIRÃO DE OUTRAS FORMASAo trabalhar em casa, você

se livra do seu colega tagarela,mas não se esqueça de que suaesposa fará o possível para temandar ao supermercado bus-car uma caixa de sabão em pó

ou um pote de maionese. O seu filho vaiquerer brincar com o tempo inteiro emque não estiver na escola.

3 VOCÊ PODE SER VISTO COMOMENOS PROFISSIONALNo terceiro dia que você ficar em

casa, os seus vizinhos pensarão que aempresa te dispensou. Com um mês vãocomentar que sua esposa está susten-tado um vagabundo. Com dois meses,perceberão que você não faz falta e tedarão um chute no traseiro.

4 VOCÊ SERÁ DOMINADO PELA PREGUIÇATrabalhar em casa é apenas para pes-

soas disciplinadas. Se você não for durocom seus hábitos, acabará dormindo atarde inteira, ou vendo televisão, o quedá no mesmo. Mas não se esqueça deque sua carreira está em jogo. (AntônioPorfírio)

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR16

QUATRO ALEGRIAS EQUATRO DESGRAÇAS DE SE TRABALHAR EM CASA

Trabalhar a partir de casa parece umsonho, até que você tente. Antes detentar convencer seu chefe que você

pode trabalhar remotamente, leia atenta-mente as observações abaixo

AS QUATRO ALEGRIAS(vento a favor)

1 VOCÊ NÃO TEM QUE FICAR PRONTO DE MANHÃNão tem hora para acordar, não se

preocupa com a roupa que coloca eainda trabalha sentado no sofá ou até

mesmo deitado na cama. Tudo isso, jáfoi o sonho de muitas pessoas e é pos-sível realizá-lo. Na verdade, você podese preparar somente quando estiver afim disso. Ou não! Especialmente paraas mulheres, a atração de não ter decolocar maquiagem e secar o seu ca-belo é particularmente libertadora.Além disso, ficar de pijama ou de ber-muda o dia todo é tudo o que você pe-diu a Deus.

2 VOCÊ PODE SE DIVERTIR SOZINHOQuando as coisas estão indo bem ou

precisar de uma pausa do seudia, você está livre para se le-vantar de sua mesa e começara cantar ou dançar. Ninguém vaite ver e isso é apaziguador.Você também pode sair parauma caminhada ou uma corridarápida no meio do dia. Isso au-menta a sua produtividade.Muitas vezes é mais fácil enxer-gar o que voce faz quando seafasta da sua mesa de trabalho.

3 VOCÊ SE CONCENTRA TOTALMENTE NOTRABALHONão há interrupções em

casa, a menos que você queira.Não há aquele seu colega abor-recido para lhe perturbar. Comisso, você enfia sua cabeça na

CONCENTRAÇÃO TOTAL,QUANDO DISPONÍVEL, ÉDAS MAIORES VANTAGENSDO TRABALHO EM CASA

NÃO SE ESQUEÇA DE INCLUÍ-LOS NA EQUAÇÃO

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ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 19

DURVAL GUIMARÃES

Estavam certos aqueles que falavamque o Brasil crescia à noite, en-quanto os políticos brasileiros dor-

miam. Em outras palavras, enquanto suasexcelências estavam agarradas no sono,não tinham como roubar. Durante muitasdécadas, essa frase soou como um gra-cejo, mas as investigações da Lava Jato,provaram que era tudo verdade.

O que os políticos roubaram não foipouco. Um levantamento de peritos da Po-lícia Federal mostrou que todas as opera-ções financeiras averiguadas nas investi-gações da Lava Jato somam R$ 8 trilhões.Uma comparação: o PIB do Brasil em2015 alcançou R$ 5,9 trilhões.

As operações listadas pela Polícia Fe-deral são apenas uma pequena parte doimenso assalto ao patrimônio público queocorreu no país. Por exemplo: até agoranão se sabe exatamente quanto o ex-go-

vernador Sérgio Cabral transferiu para suaconta bancária. Nem a extensão do desviode dinheiro oficialmente extraído da cons-trução da Cidade Administrativa do ex-governador Aécio Neves.

Por isso, no nosso entendimento, so-mente a redução da quantidade de dinheiroroubado explica grande parte da atual re-tomada da prosperidade no país, depoisque enfrentamos, entre 2014 e 2016, a piorrecessão econômica da nossa história.

Nem todos se lembram, depois de pas-sado o perigo. Mas em maio de 2016, asituação da economia brasileira era gra-víssima. Atravessávamos a pior recessãoque o Brasil já viveu. Estávamos no 6.ºtrimestre consecutivo de queda no PIB etudo indicava que os trimestres seguintesseriam muito ruins. A produção industrialhavia caído 7,3% em 12 meses e o co-mércio, 10,2%. A inflação acumulada em

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR18

REPORTAGEM DE CAPA

ASSALTO AOS COFRESPÚBLICOS DIMINUI E BRASIL VOLTA A CRESCERO TERRENO JÁ ESTÁ PREPARADO PARA O RECEBER OCRESCIMENTO ECONÔMICO EM 2018. INFLAÇÃO DE 3%,TAXA SELIC 7%, DÓLAR US $3,30, SUPERÁVIT US$ 67 BINA BALANÇA COMERCIAL, RECUPERAÇÃO NAS VENDASVAREJO E DESEMPREGO EM QUEDA

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encerrar nas cadeias suas lamentáveispassagens por esse Vale de Lágrimas.

Essa é a nossa explicação para o cres-cimento brasileiro. A riqueza produzidano campo e nas indústrias passou a sermelhor gerido pelos agentes políticos.Nesses 18 meses de governo Temer quetambém terá sua hora de se submeter àJustiça, a inflação se tornou praticamenteinsignificante.

Os brasileiros continuaram traba-lhando, como sempre fizeram. Por isso,os resultados só cresceram. De acordo

com os últimos dados disponíveis, a pro-dução industrial cresceu 5,2% nos últimos12 meses, o comércio cresceu 7,5%, o PIBsubiu 1,4% e a inflação caiu aos menorespatamares históricos. O IPCA acumuladoem 12 meses está em 2,8% e os jurosSelic em 7%.

Exportações voltaram a crescer: balança comercial registrou saldo positivo de US$ 67 bilhões

E mais: depois de cinco anos em queda,as exportações brasileiras voltaram a cres-cer levando a balança comercial a regis-trar um saldo positivo de US$ 67 bilhõesno ano passado – o melhor resultado dasérie histórica iniciada em 1989.

O resultado contou com a contribuiçãodas vendas recordes de petróleo (em vo-lume) e de automóveis (em valor) para omercado externo. Historicamente, o Paísé importador líquido de petróleo, mas nosúltimos dois anos vendeu mais ao exteriordo que comprou. Em 2017, o total expor-tado de petróleo bruto pelo Brasil cresceu66,4%. O aumento da produção brasileiraajuda a explicar esse avanço.

A indústria automobilística contribuiuexportando 200 mil carros a mais no anopassado. A venda de automóveis de pas-sageiros para outros países cresceu43,9%. As montadoras dizem que o au-mento é resultado de novos acordos co-merciais e de um câmbio favorável, alémde um esforço para conquistar novosclientes fora do Brasil.

Pessimistas como sempre, muitos eco-nomistas tentam interromper o otimismodos brasileiros com a afirmação de que osaldo da balança comercial deverá cairem 2018. Dizem que as exportações de-verão ficar perto da estabilidade, com aacomodação nos preços das commoditiese a menor safra agrícola. Ao mesmo

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR20

12 meses era de 9,6%, em trajetória as-cendente. Os juros Selic estavam em14,25%.  Poderia existir cenário pior queesse? Sim, pois naquela data acabara deassumir um novo presidente da Repú-blica, após a traumática expulsão deDilma Rousseff.

O dinheiro antes saqueado agora vai para obras, serviços sociais e pagamento da dívida pública

Mas havia boas notícias: muitos políti-cos que somente nos davam sossego en-

quanto dormiam, estavam sendo recolhi-dos a cadeias inexpugnáveis, sobretudoem Curitiba. Assim, sem qualquer acessoàs chave dos variados tesouros, por elessaqueados impiedosamente, o dinheiroque ia para seus imensos bolsos passoua ser destinados a obras, serviços sociaise ao pagamento de dívida pública.

É claro que o roubo ainda persiste maso medo de ser preso é apavorante. A pri-são do deputado Paulo Maluf, notório as-saltante de cofres públicos mostrou queaté mesmos anciãos correm o risco de

EXPORTAÇÕESDE VEÍCULOSCRESCEU 200MIL UNIDADES,EM 2017, ECHEGOU AOS762 MILCARROSEMBARCADOS

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ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 23JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR22

APESAR DOS POLÍTICOS,HÁ GRANDE ESPERANÇANO FUTURO DO PAÍS

Entrevistamos quase 100 leitores praouvir deles o que esperam de 2018, ini-ciado neste 1º de janeiro. Todos mostra-ram-se otimistas, uns mais, outro me-nos. Também apresentaram suas

desconfianças em relação aos agentespolíticos e à esperada renovação naseleições presidenciais no fim de ano. Se-lecionamos alguns depoimentos queapresentamos abaixo.

A agroindústria vai comandar ogrande crescimento econômico

O Brasil não é pouca coisa. Só agro-negócio produz o equivalente a US$100bilhões, anualmente. Sim, enfrentamos

grandes problemas na área política eteremos que realizar profundas mudan-ças nos métodos de ação política, go-

vernança e gestão pública. Acasa está mal arrumada e con-duzida por partidos sem princí-pios nem ética. Eles pensamapenas em vencer as eleições etomar o poder.

Como sempre acontece, a agri-cultura e o agronegócio oferece-rão a resposta que os brasileirosnecessitam. O mercado é amploe crescente. Dentro de 15 anosteremos mais três bilhões de ha-bitantes no mundo para alimen-tarmos. A produção virá do Bra-sil, principalmente. Tudo seráuma questão de coragem e von-tade de trabalhar, que não faltamno homem do campo.

Allyson Paulinelli - ex-ministro daAgricultura

tempo, o aquecimento da economia devedar força às importações.

O saldo comercial somará US$ 52,5 bi, o segundo maior valor da história

Economistas consultados pelo BancoCentral apostam em superávit comercialmenor porque as exportações, com mo-desta alta de 1%, devem subir bem menosdo que as importações, cujo crescimentoesperado é de 9%. Se essas contas domercado estiverem certas, o saldo co-mercial somará US$ 52,5 bilhões em2018. Mesmo com a queda de 21% emrelação ao recorde de US$ 67 bilhões doano passado, será o segundo maior valorda história.

Mesmo entre os economistas pessimis-tas não há dúvidas de que o país está emcrescimento. A dúvida é apenas sobre adimensão dessa prosperidade. A médiados analistas projeta crescimento de 2,6%para 2018, convergindo depois para 2,5%nos anos à frente, até 2021. O ministroHenrique Meireles acredita que o cresci-mento será sensivelmente maior que isso,sendo sua estimativa que em 2018 craveem 3%.

Claro, há problemas e estamos nosaproximando de um momento decisivo.Na economia, o cenário polarizou e pas-sou a depender da aprovação da reformada Previdência, ainda que na sua formamais compacta. Na política, o julgamentode Lula em janeiro.

COMO ACONTECESEMPRE, AAGROINDÚSTRIASUSTENTOU OSUPERÁVITCOMERCIAL EAINDADERRUBOU AINFLAÇÃO

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ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 25JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR24

Qualquer prog-nóstico que sepretenda fazerpara 2018 torna-se impraticável,em razão da viatortuosa que com-promete o Paísem todos os trêsPoderes da Repú-blica. Por mais se-dutores que sejamos sinais de nossarecuperação, le-vando-se em con-ta os dados forne-cidos pela equipeeconômica, paira,ainda, séria dúvi-da quanto aos

métodos com que a política vem sendoexercida, com a predominância dos inte-resses pessoais e partidários.

Destarte, os índices alardeados comoanimadores não são suficientes para pro-porcionar ao cidadão a certeza de que te-remos um novo ano imune aos vícios quesobejam e se aperfeiçoam, sem perspec-tiva de contenção imediata.

Na última sessão do Supremo TribunalFederal, o ministro Luís Roberto Barrosofoi categórico ao repelir os pronunciamen-tos de Gilmar Mendes contrários à homo-logação da delação dos executivos doGrupo J&F, referindo-se ao populismo ju-dicial como sendo o maior responsávelpela crise atual, acrescentando que “a his-tória não vai nos poupar”.

Dissentindo desse entendimento, o mi-nistro Barroso foi categórico ao proclamar:

“Nós vivemos uma tragédia brasileira, umatragédia da corrupção que se espalhou dealto a baixo. É a cultura de desonestidadeem que todo mundo quer levar vantagem”.

Esse fenômeno alastrou-se por todaFederação, gerando uma descrença irre-cuperável, não poupando sequer aquelepoder que, até então, constituía uma “luzno fundo do túnel”, como tantas vezesafirmado.

Ao contrário do que ocorria no passa-do, tornaram-se constantes as divergên-cias entre os ministros da Suprema Corte,que passaram a exercer atividades parale-las, viajando frequentemente ao exterior,emitindo considerações políticas incom-patíveis com as nobres funções que aConstituição lhes conferiu.

Esse desvirtuamento funcional colocasob suspeita o método adotado nas esco-lhas feitas pelo presidente da República ereferendadas pelo Senado. Assim, pormais vexatórios que sejam os fatos passa-dos no Congresso e as articulações manti-das no Planalto, a maior responsabilidadepor este estado de coisas cabe ao Supre-mo Tribunal Federal. Segundo a presiden-te Carmen Lúcia, “o Supremo tem com-promisso com a Constituição e a éticaconstitucional. Ninguém quer um Brasil euma política corruptos e se quiser, nãoserá de forma alguma aceito”.

Daí o reconhecimento explícito de quecabe à mais alta Corte impedir que os des-calabros atuais continuem a medrar nopróximo ano, evitando que a desesperançatorne-se ainda maior.

Aristóteles Atheniense - advogado econselheiro nato da OAB

A tragédia da corrupção,sempre ela

Há a incógnita das eleições presiden-ciais. Pairará uma nuvem de incerteza.Mas, descontando-se esse senão, queocorre a cada quatro anos, o setor de ba-res e restaurantes terá em 2018 o maisacentuado e favorável ponto de inflexãoda sua história. Com a reforma trabalhis-ta, o setor ganhou a possibilidade de con-tratar profissionais em jornadas flexíveisde dias e horas.

A legalização do trabalho intermitenteacaba com o problema da jornada única,com turnos de oito horas, somando 40 ho-ras semanais. Sobravam garçons em diasde baixo movimento, sobretudo de segun-da a quinta. Faltavam garçons nos dias degrande movimento, de sexta a domingo.Os bares e restaurantes passam a operarcom a combinação de jornadas fixas emóveis, como já ocorre normalmente, hámuitos anos, na larga maioria dos países.

Outra novidade marcante é a regula-mentação das gorjetas. Acaba-se comuma tremenda insegurança jurídica. Até oano passado, os bares e restaurantes iamà falência em função de questionamentosna Justiça. Os garçons diziam que tinhamrecebido tanto de gorjeta e, geralmente,os juízes davam-lhes ganho de causa, ob-rigando os estabelecimentos a pagaremas gorjetas, mais todos os encargos. Apartir de agora, todas as gorjetas são re-gistradas em uma conta separada, sementrar no faturamento. Parte das gorjetasé destinada ao provisionamento dos en-cargos trabalhistas.

É importante esclarecer que a gorjetanão é obrigatória. O cliente paga se qui-ser. Está, pois, resolvida a questão dagorjeta. E há mais fatos positivos, melho-

Em 2018, um brinde ao Michel

rando as perspectivas de 2018: o governoMichel Temer pôs um fim nos deságiosdos vales refeições. O que acontecia? Asoperadoras de vales refeição davam des-contos no valor de face nos tíquetes ad-quiridos pelas grandes empresas. Na se-quência, impunham aos bares e restau-rantes um ágio nos vales refeição, com-pensando o desconto que haviam conce-dido às grandes empresas. Os bares erestaurantes se ferravam.

O presidente Temer acabou com essatrampolinagem, por meio de uma portaria.Era um problema que se arrastava há dezanos. A Câmara Federal e o Senado têmum grande mérito na maioria dessas con-quistas. E o presidente Temer tem um mé-rito descomunal, imenso, himalaico em to-das essas conquistas. O setor de bares erestaurantes –com o seu univer-so de um milhãode negócios espa-lhados pelo Brasil– agradece aos de-putados e senado-res que destrava-ram velhas e cha-tas pendências. Osetor agradece aopresidente Temer,que tem sido umbaita presidente,um presidentaço.

Paulo Solmucci -presidente daAssociaçãoBrasileira de Barese Restaurantes

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Ficar apenas na defesa é assistir aoadversário propor o jogo

Até agora omundo não podeseguir sem nós.O trem da histó-ria segue seucurso, inevitavel-mente. Porémainda temos umcamarote nessetrem. Isso não teanima? Podería-mos elaboraruma lista com al-guns motivospara esperar que2018 seja umano bom. Porém,nenhum deles émais importantedo que este sim-ples motivo: es-

tamos vivos e poderemos contribuir comnossa presença e nosso esforço para a

melhoria da sociedade.Cabe, então, a nós, desenhar e realizar

o 2018. Seremos bombardeados o ano in-teiro com previsões e notícias negativas.Reagiremos com nosso esforço e nossootimismo. Vamos fazer nossa parte paraque este seja um ano melhor. Vamos re-novar nossas mentes. Caso contrário, ire-mos apenas confirmar que os outros es-tavam certo e não tínhamos mesmo nadaa fazer a respeito de tudo isso.

A Sagrada Escritura nos alerta: “Se temostrares frouxo no dia da angústia, a tuaforça será pequena” (Provérbios 24:10).

O sinal de que tudo vai ser melhor nãoestá lá fora. O sinal está dentro de nós. Afé é um combustível poderoso. Saia dadefesa. Ficar apenas na defesa é ser coad-juvante o tempo todo. Vá em frente!

Romerson Cangussu - pastor evangélicoe superintendente do distrito Minas Geraisda Igreja do Nazareno

Depois de três anos em crise, o Brasilestá se recuperando da pior recessão dahistória e vemos pequenos sinais de me-lhora na economia, de maneira geral. Jáno segundo semestre de 2017, percebe-mos resultados positivos nas indústriasautomotiva e de transformação em com-paração a 2016.

Para o ano que vem, a expectativa é deque a indústria em geral e também a cons-trução civil apresentem desempenho su-perior ao registrado em 2017. O segmentode aço deve seguir a mesma tendência derecuperação, até porque é bastante focadona exportação. A Vallourec também se viuobrigada a focar sua atuação no mercado

Já percebemos os sinaispositivos de 2018

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 27

Apesar de o panorama político in-dicar um ano intenso e repleto deturbulências, acredito em um 2018de crescimento econômico gradual,mesmo que de forma lenta. O mercadoimobiliário – um dos principais ter-mômetros da economia, ao lado daconstrução civil – já começa a dar si-nais de recuperação. Há um maiorotimismo no ar, embora ainda nãorefletido de maneira absoluta em nú-meros e índices mais consistentes.

É nítida a sensação de que paramosde piorar. Ainda que de forma tímida,já existem fatos concretos que noslevam a ser otimistas. O retorno da li-nha de financiamento imobiliário pró-cotista, da Caixa, é animador. A eco-nomia já está reagindo e começa asubir, degrau a degrau. O Brasil é umpaís forte e, mesmo que a classe po-lítica insista em atrapalhar, o país dá sinais deque consegue se reerguer. Estou confiante!

Sandro Guimarães - arquiteto e sócio daempresa Laudo Consult Avaliações

O país parou depiorar

de exportação, que gera volume, porémapesenta margens muitos piores em funçãodo maior nível de competição no mercadointernacional. Contudo, acreditamos que2018 será um ano sensivelmente melhor.

Uma série de iniciativas de racionaliza-ção operacional das nossas plantas vemsendo implementada com o objetivo de

reduzir custos, obter maior competitivi-dade e, consequentemente, aumentar arentabilidade dos nossos ativos e unidadesde negócio.

Hildeu Dellaretti Junior - superintendente deRelações Institucionais do Grupo Vallourecna América do Sul

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O que difere uma previsão acu-rada sobre o futuro e um achismoabsoluto, segundo o economistaNate Silver, é o método. Em seu li-vro O sinal e o ruído, examinou ca-sos de sucessos e fracassos paradeterminar o que os melhores previ-sores têm em comum. Minhas pre-visões para 2018 não tem método.No entanto, eu acredito que 2018será um ano melhor do que 2017.

O ano que passou foi muito duro,para grande parte de nós. E anos du-ros nos ensinam, nos fazem crescer enos obrigam a desenvolver novas ha-bilidades a rever conceitos e modelosmentais, enfim, nos tornam mais for-tes e melhores. Talvez 2018 não sejauma versãomelhoradade 2017, masvai encontrarmuitas pes-soas que setornaramversões me-lhores de simesmas.Gente me-lhor faz umano ser me-lhor.

BárbaraCamposGuimarães - bancária

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR28

Para muitos empresários brasileiros, oano de 2017 foi um ano para se esque-cer. No caso da Usiminas, foi um anopara ser sempre lembrado. Um tempoem que conseguimos conquistas impor-

tantes na direção de um reposi-cionamento da empresa, depoisde uma severa crise vivida entre2014 e 2016.

Foram três anos de grave dete-rioração dos nossos resultadosque, graças ao empenho daequipe Usiminas, ao apoio dosnossos acionistas, às comunida-des nas quais estamos inseridos,e ao início da recuperação domercado permitiram uma rever-são desse quadro. O resultado foium ano em que registramos umEbitda Acumulado nos doze me-ses anteriores a 30 de setembropassado nos mesmos patamaresde 2013 e 2014, período anteriorà crise.

Para 2018, nossa expectativa é

Seremos versõesmelhoradas de nós mesmos

Otimismo consistenteem 2018

dar continuidade ao intenso trabalho quetemos pela frente no sentido de manter-mos um crescimento sustentável da Usi-minas. Esperamos um crescimento doPIB de 2,5%, permitindo uma expecta-tiva de crescimento no consumo brasi-leiro de aços planos da ordem de 5% a10%. O setor automotivo, por sua vez,teve um acréscimo de produção da or-dem de 25%; a queda no setor de cons-trução civil foi interrompida e acredito,portanto, que o futuro do aço é promis-sor. E isso vai ser muito importante nãosó para a Usiminas, mas para toda aeconomia brasileira.

Iniciamos 2018 mais preparados paraaproveitarmos as oportunidades quecertamente voltarão a surgir. E tambémotimistas, mas com um otimismo con-sistente, sustentado pelos resultadosque viemos conquistando nos últimos18 meses.

Sérgio Leite - presidente da siderúrgicaUsiminas

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masia”, ou seja, Dilma presidente e Anas-tasia governador, embora de partidos an-tagônicos), Anastasia emergiu desse pro-cesso como um homem de pulso firme,com densidade intelectual e política, con-sagrando-se como uma das figuras maisacatadas e significativas no Parlamento.

Seus admiradores dizem, à boca pe-quena, que “Anastasia é o Aécio descas-cado”, ou seja, o senador era o conteúdopor baixo da pele da figura charmosa deseu líder nas suas gestões como governa-dor de Minas Gerais.

Com o ocaso da figura de Aécio Neves,o ex-governador aparece como grande fi-gura alternativa para várias opções elei-torais, em 2018. Mais óbvia seria pleitear

novamente o governo de Minas caso anova candidatura de Aécio Neves ao Pa-lácio da Liberdade não se concretize e oneto de Tancredo Neves tenha de tentar areeleição para o Senado Federal. ComAnastásia na chapa a recondução de Aé-cio pode ser uma possibilidade.

Entretanto, Aécio ainda não desistiu daluta e se propõe a disputar o governo doEstado, confiando na máxima de que temsete vidas. Terá de vencer obstáculos ju-diciais e políticos, mas vai se enfrentarcom um candidato igualmente maculado,o atual governador Fernando Pimentel.

No cenário nacional Anastasia ainda éuma figura em formação. A seu favor temum nome limpo, duas vezes excluído de

inquéritos porque a acusa-ção era demasiadamentefrágil. Em 15 de outubro de2015 o Supremo deu umaordem para que a Polícia Fe-deral parasse de perseguir oex-governador com acusa-ções esfarrapadas. Antes opróprio Rodrigo Janot, o im-placável, mandara arquivaraquelas denúncias de umpé-de-chinelo dizendo queentregara um pacote a umapessoa parecida com Antô-nio Anastasia. Ou seja: Semetrôs e outros trens des-carrilarem em São Paulo, omineiro pode ser lançadocomo um não-político. De-pois de o paulista Michel Te-mer, outro mineiro para ocafé com leite.

(*) O jornalista José Antô-nio Severo é correspon-dente de MatériaPrima emBrasília (DF)

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR30

POLÍTICA

ANASTASIA É A CARTA NA MANGA DE MINAS GERAISCASO A CANDIDATURA ALKMIN DESABE, EM DECORRÊNCIADE INVESTIGAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O SENADORANASTASIA SE ENCONTRA NO BANCO DE RESERVAS,PRONTO PARA ENTRAR EM CAMPO

JOSÉ ANTÔNIO SEVERO (*)

Minas pode ainda dar a volta porcima. Tem uma carta na manga.Um plano B do Plano B está sendo

gestado com toda a discrição típica dosmineiros para o caso de as opções paulis-tas do PSDB naufraguem afogadas em es-cândalos ainda por vir ou inviabilidade elei-toral. O nome que circula e está cui da do sa-mente preservado é do senador AntônioAnastasia, o discreto, que se converteu emreferência no Congresso Nacional.

PUBLICIDADE. Consagrado em Minas Geraiscomo gestor de governos políticos, foi umapeça chave por trás do êxito administra-tivo dos governos Hélio Garcia e AécioNeves, emergindo como político de grandevigor eleitoral ao ser eleito vice-governa-dor, em 2006, e, posteriormente governa-dor em 2010 e senador em 2014.

Com atuação discreta, mas firme, noprocesso de impeachment de sua conter-rânea Dilma Rousseff (que curiosamenteem 2010 compôs informalmente com eleuma fórmula eleitoral denominada “Dil-

ANASTASIA:ALTERNATIVATUCANA?

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JOSÉ SALVADOR SILVA (*)

Quero confessar a minha grande emo-ção, em 17 de outubro do ano pas-sado, ao ser agraciado com a co-

menda da Ordem de Mérito EmpresarialJuscelino Kubistchek, a maior condecoraçãoconcedida pela Associação Comercial deMinas. Em minha fala de agradecimento,entre outros temas, enumerei os principaisensinamentos que a vida me proporcionouaos longo dos quase 40 anos como funda-dor do Hospital Mater Dei.

São os seguintes:1º - Produtividade, inovação e supera-

ção são estímulos para o sucesso2º - Histórias de sucesso inspiram e

estimulam. Histórias de fracasso ensinam. 3º - Nenhuma empresa deve ser so-

mente um local de trabalho insensível, frio,mas uma extensão social, cultural e fami-liar. Deve ser um veículo para estimularseus participantes a evoluírem, crescereme se realizarem como seres humanos.

Uma empresa não é somente o prédioque abriga sua sede, sua logomarca, seu pa-trimônio tangível, sua tradição ou ações naBolsa. Empresa modelo é também e, princi-palmente, um conjunto de pessoas, desejos,ideais, sonhos e metas. Crendo e praticandoisso, criaremos um ambiente saudável, agra-dável, alegre estimulante e sustentável.

4º - A época mais perigosa e temeráriade uma empresa é quando estamos aco-modados e impassíveis, em consequênciaou diante de viver uma boa situação fi-nanceira. 5º -A empresa que vai bem e tem bons

resultados, sendo duradoura, é aquela quesuspeita que poderia ir mal. É a que per-cebe que corre riscos diante da acomo-dação e busca melhorias contínuas paraevitar a decadência e o fracasso.6º -Charles Darwin descobriu, compro-

vou e sentenciou: “não é o mais forte daespécie que sobrevive, nem o mais inteli-gente mas, sobretudo, aquele mais flexívelque responde melhor e se adapta melhoràs mudanças. Repito: o mais flexível é oque sobrevive. Este conceito é atual, ver-dadeiro, válido também para as empresas. 7º -Se os líderes das organizações erra-

rem ou fracassarem ao recrutar novos ebons profissionais, nenhuma estratégia,nem com a ajuda dos melhores consultores,poderá salvar a empresa da mediocridadee derrocada final. Ao contratar alguém, bus-que competência, integridade, inteligência,lealdade, energia, atitude, ética e paixão.Contrate valores, depois treine habilidades. 8º - Acrescente a tua sabedoria ao teu

projeto de vida, que inclui uma semente

OPINIÃO

13 LIÇÕES QUE O HOSPITAL MATER DEI,NOSSOS PACIENTES E NOSSOSFUNCIONÁRIOS ME ENSINARAM

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 33

de idealismo, sonho e um pouco de “lou-cura”. É necessário estar atento para com-partilhar, nas empresas, nossos sonhos,metas, vitórias, mas também nossas falhase fracassos. Segundo Luciano de Cres-censo, “somos todos anjos com uma sóasa e somente poderemos voar quandoabraçados uns aos outros”. É nas crises,ameaças e dificuldades que estas máximasse tornam mais necessárias e carentes.9º - A gestão profissional não é pro-

blema impossível de se solucionar. Pode-mos buscar e encontraremos certamentecompetência no mercado e nos head hun-ters. Entretanto, embora demorado, difícile trabalhoso, é muito importante descobrir,formar e desenvolver novos talentos, lide-ranças e competências dentro das pró-prias empresas e famílias. 10º - Todos os pais enviam seus filhos

para as escolas. Todos. Mas poucos ensi-nam seus filhos a trabalhar. Minha esposaNorma e eu pertencemos a essa minoria. 11º - No Mater Dei, a sucessão da pri-

meira para a segunda geração foi feita demaneira previsível, preventiva, progra-mada, harmônica e ética, a partir de apren-dizado e longa convivência entre mim –que sou o fundador -e os nossos três filhosque fizeram a opção livre e espontânea deatuar no Mater Dei: Henrique, Maria Normae Márcia e que assumiram posteriormentea direção no dia 30 de abril de 2012. Pa-rabenizo a todos eles pela competência,atitude, integridade, ética, dedicação, tra-balho e sucesso comprovados neste pe-ríodo. Ouso afirmar que, dificilmente outrosdesenvolveriam melhor trabalho.

Neste momento é necessário relembraruma dramática estatística: somente 10%de todas as empresas, principalmente asfamiliares, sobrevivem à terceira geração;90% destas entram em declínio, fracas-sam, entram em falência, desaparecem.Esta estatística, repito, é dramática, ver-dadeira, comovente e dolorosa.12º - Nossos processo sucessório para

a terceira geração foi realizada com o auxí-lio da Fundação Dom Cabral e da profes-sora Elismar Álvares, indicada na épocapelo prof. Emerson de Almeida, então pre-sidente da FDC. Feito no momento certo ecom o devido registro em cartório em 1998é exemplo de planejamento adequado, comêxito e serve como atestado de que o de-sejável e o necessário é também possívelde ser realizado e com novas estratégias.

Nosso neto José Henrique, filho do Hen-rique e Nora, que atua com muito sucessoe competência como diretor operacionalna Unidade Contorno, fez MBA na Univer-sidade de Columbia, em Nova York durantedois anos. Felipe, filho da Maria Norma eAfonso; Renata, filha do Renato e Tânia,DR. JOSÉ SALVADOR SILVA

FOTOS PEDRO VILELA

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JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR34

fazem atualmente MBA, respectivamenteem Londres e Boston. Lara, filha da Márciae Flávio estuda medicina e vai futuramenteseguir a mesma estratégia: planeja fazerMBA na Universidade de Harvard. 13º -São admiráveis os dirigentes de em -

presas que possuem a sabedoria e humildadepara se relacionar bem e de forma humani-zada e holística com todos – clientes e fun-cionários. Eles servirão de exemplo nas suasempresas. São pessoas que escutam e re-conhecem o valor do trabalho de cada um.

Para concluir, quero dividir com vocêsalguma das minhas reflexões filosóficas:

Acredito que, na vida, o maior estímulovem da própria jornada, sobretudo se elativer um sentido, um ideal e sem jamais se“apequenar”.

Creio que aprender a bem viver é ne-cessário, um privilégio e sabedoria.

A morte é reflexo e consequência da vidavivida. Não nos tornamos outras pessoas nomomento da nossa morte. Quem viveu bem,morre bem; quem viveu mal, morre mal.

Sempre preferi “ser velho” por menostempo a “ser velho” antes de sê-lo. Acre-dito que “velho” é aquele que supõe sabertudo, mesmo quando ainda se é jovem.

Tenho mais medo da cegueira, que meimpediria de ler, do que da morte. A leituraé uma necessidade vital e os seus benefí-cios são hoje cientificamente comprova-dos para o cérebro e para a vida comoum todo. Amplia o conhecimento, ampliao horizonte. É tão importante quanto o arque se respira, a água que se bebe e o ali-mento que sustenta o corpo.

Gosto muito de música clássica. Ouvi-mos música pra “nos encontrarmos” ou“nos perdermos”. A música seve como“analgésico emocional”, mas também en-tusiasma, emociona, estimula o amor, asaudade e a transcendência

Considero o Mater Dei grande e pe-

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queno. É grande para administrar, masainda é pequeno para atender a todos quenecessitam de cuidados e de boa assis-tência médica. Daí a nossa opção pelocrescimento. Com o passar dos anos nostornamos a Rede Mater Dei de Saúde. Aquarta unidade está sendo construída en-tre as cidades de Betim e Contagem. Estoucerto de que várias outras unidades surgi-rão no futuro sempre — sempre, repito—,como resposta da diretoria para atenderàs necessidades dos nossos clientes. Meusamigos: ter um ideal na vida é uma neces-sidade, mas também um privilégio. O idealMater Dei gera uma força e energia telúricaque parece nunca se esgotar. Esta força eenergia telúrica estão impregnados na con-vicção e na crença dos enormes benefíciosdo exercício e da prática da medicina ética,altruísta e humana. Força e energia telúricaque contagiam os que trabalham no MaterDei: médicos, profissionais de saúde e to-dos os colaboradores desde o mais hu-milde ao mais famoso e consagrado.

Força e energia telúrica que impulsio-nava sempre Juscelino Kubitscheck. Daítoda a sua energia criativa e determinaçãoquando em cinco anos de governo fez 50anos de progresso. Força e energia telúricaque me mantém de pé, ativo, atuante ecom fé e esperança no Brasil. Amor e en-tusiasmo no coração, mesmo após com-pletar 86 anos de idade.

Então, para finalizar penso ser apro-priada a pergunta: gente, valeu a pena? Aresposta certa está mais uma vez no imor-tal Fernando Pessoa: “tudo vale a penaquando a alma não é pequena”.

(*) José Salvador Silva é médicoginecologista há 60 anos. Fundador e presidente do Conselho de Administração da Rede Mater Dei de Saúde.

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?????????????CARTA DO CANADÁ

BATA SHOES MUSEUM, O MUSEU DO SAPATO, EMONTÁRIO: DOS CALÇADOSTÍPICOS DA REGIÃO GLACIALÀ BOTA QUE DEIXOU SUAMARCA NA LUA

NAS PEGADAS DE UMMUSEU CANADENSE

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 37

ARTHUR VIANNA

Em Paris, não deixe de visitar o Louvre– aconselha o amigo viajado. E é ver-dade, não dá pra conhecer Paris sem

passar pelo Louvre. Mas não só ao Louvre.Paris tem muitos outros museus igualmenteimperdíveis. E o mesmo acontece com ou -tras grandes cidades. Haja tinta e papelpara relacionar os mais importantes museusdo mundo. E a relação certamente não iriaagradar a todos. Para alguns, como o meuamigo Marcelo Mourão, que é químico ecurioso, o museu mais interessante de Paristalvez seja o de Artes e Ofícios. Assim comopara quem gosta de aviação, o museu Aero-espacial do Instituto Smithsoniande Washington será mais apre-ciado do que o de Geografia, quefica no próprio prédio da NationalGeographic e tem as mais espe-taculares exibições sobre naturezae cultura dos povos.

Nas minhas andanças pelomundo, visitei muitos e bonsmuseus. Outros ainda estão napromessa. É o caso do Hermitagede São Petersburgo, na Rússia,que dois amigos, o Ivan e o Ma-mão, já lá estiveram. Mas, emcompensação, estive em ummuseu bastante singular em Fil-gueres, na Catalunha. Com gran - de concentração de obras deSalvador Dalí, o próprio museué a maior obra do mestre. Com

o nome Teatro-Museu Dalí, foi inauguradoem 1974 e lá Salvador Dalí foi enterrado.

O Canadá possui um bom número demuseus. Na capital, Ottawa, o Museu Ca-nadense da Natureza, além de importantecentro de pesquisa, é o número um paracrianças de todas as idades. Mas o quemais me atraiu foi o Museu Canadensede História. Nele, o país é colocado comtodas as suas diferenças, êxitos e seuspecados ao longo dos anos. Em especial,com relação à grande dívida do Canadácom seus primeiros habitantes.

MUSEU REALDE ONTÁRIO

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HISTÓRIA MALUCA. Toronto,com cerca de 3 milhões dehabitantes, é a maior cidadedo Canadá e capital da província de Ontário.A cidade oferece a seus visitantes umleque de 30 museus, de variados tamanhose motivos. O mais importante deles é oMuseu Real de Ontário, com suas grandesgalerias de história natural e da culturamundial. Um outro espaço não menosimportante é a Galeria de Arte de Ontário.Entre quase cem mil obras de arte, umdestaque para a célebre pintura de Ruben(1577-1640), “O Massacre dos Inocentes”.

Mas encontrei em Toronto um museuque tem uma história muito doida. Seu beloe singular prédio ocupa uma esquina privi-legiada, próxima do Museu Real de Ontárioe da Universidade de Toronto. Trata-se do

Bata Shoe Museum.Ou seja, Bata - Mu-seu do Sapato.Nada estranho. EmBelo Horizonte, nobairro Cidade Nova,temos o Museu doBordado.

Antes de entrarna história de seunome próprio —

Bata —, vamosconhecer o mu-seu. E começa-mos pelo pré-dio, que tem oformato estili-zado de um sa-pato e já ganhouvários prêmios.Sob a batuta deSonja Bata, omuseu conta ahistória domundo e dos hu-manos através dosapato. Afinal, ocalçado ilustra to-das as formas de

vida, indicando clima, religião, profissão,gênero, status social e cultura.

Em seus quatro andares, são exibidosmais de mil pares de sapatos a partir deuma coleção com mais de 13 mil pares.Pelas galerias, a história das mais diversasregiões do mundo e ainda coleções espe-ciais. Em uma delas, sapatos utilizadospor personalidades famosas, como umabotina que foi do John Lennon, um sapatodo Elton John, a bota que pisou na lua eassim por adelante. O mais impressio-nante é um dos mais antigos sapatos dahistória. Ele pertenceu ao pré-históricoHomem de Ötzi, uma múmia de 5.300

MUSEUCANADENSE DA

NATUREZA

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anos descoberta em 1991 nos Alpes. OMuseu do Sapato é realmente muito char-moso e vale uma visita. Mas eu escrevique o museu tem uma história muitodoida. Então, lá vai em poucas linhas.

Sonja Bata, fundadora do Museu, per-tence a uma linhagem de grandes sapatei-ros. A empresa da família nasceu em 1894,na Moravia, hoje República Tcheca. No anoseguinte, como a situação financeira aper-tou, os Bata decidiram costurar sapatos delona em vez de couro. Foi um sucesso, levee prático. Anos depois, lançaram um sapatode lona e couro que foi o Fusca da época.Todo mundo queria ter um “Batovky”. Em1912, já com 600 empregados fixos, a Batacomeçou a exportar seus produtos para omundo. E assim foi crescendo até quando,em 1939, a Alemanha ocupou a Checoslo-váquia. Para proteger seus empregados ju-deus, a empresa os enviou para suas filiaisem vários outros países. A Alemanha deHitler não gostou e prendeu o Jan Bata,presidente da empresa.

PEGADAS NO BRASIL. Solto, ele saiu daAlemanha com a família, primeiro paraos Estados Unidos e depois para o Brasil.Terminada a guerra, os Bata entraram

na lista negra dos aliados e o mesmo JanBata pegou 15 anos de cadeia e suas em-presas foram estatizadas. Motivo: na Europaocupada, a Bata utilizava mão de obra es-crava de prisioneiros judeus de vários cam-pos de concentração. Da mesma forma queMercedes-Benz, Siemens, Ford, Bosch,Volkswagen, Kodak, Bayer, Coca-Cola (aFanta foi criada e desenvolvida na Alemanhacom trabalho escravo de prisioneiros judeus)e muitas outras. Passados os anos, a em-presa retornou para a família e, depois deuma crise na década de 1990, voltou a cres-cer. Hoje, o complexo industrial Bata atendea mais de um milhão de clientes por dia,opera 7 mil lojas de varejo em 90 países egerencia 27 fábricas. É ou não é uma se-nhora história? Em tempo: em Gramado(RS), também tem um Museu do Sapato.

[email protected]

MUSEUCANADENSE DE

HISTÓRIA

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meçam sempre pelo chefe incompetenteou grosseiro.

Ao descobrir onde estão os furos doencanamento, você poderá bloquear es-ses buracos com uma boa cola aralditede efeitos psicológicos. Se você nãoprestar atenção nesses detalhes, é pro-vável que sua energia continue escor-rendo pelo ralo.

3 QUAIS FORAM OS DESAFIOS QUE ME AJUDARAM A CRESCER?Mais uma vez, examine detidamente

tudo o que aconteceu no passado e des-cubra aquelas ações que deram resul-tado. Examine todo o seu conteúdocomo um relojoeiro, com sua lupa presano olho esquerdo, investiga o maqui-nismo do aparelho. Aja como se esti-vesse chupando uma laranja, espre-mendo agora em 2018, o que de bomainda poderá ser saboreado.

4 A QUEM SEREI GRATO?Olhe para este 2017 que passou pela

lente da gratidão. A quem você serágrato? Talvez não deva nada a ninguém,

mas a você mesmo, ao conquistar emconcurso público, o trabalho que vocêama. Ou, talvez você é grato a pequenosprazeres da vida, como aprender a tocar,no saxofone, mais três marchinhas parao carnaval que se aproxima.

Sua vida profissional não existe emoutro planeta, distante da Terra. O queacontece em sua vida pessoal afeta amaneira como você se sente no trabalho.Então dê uma olhada na sua vida por to-dos os ângulos e construa um cenáriocolorido pela gratidão.

5 O QUE É, PARA MIM, O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA PALAVRA SUCESSO?Se seus sonhos são realmente impor-

tantes e consistentes, não espere alcan-çar o sucesso dentro de um ano. Lem-bre-se de que o cientista KarlLandsteiner descobriu o fator RH so-mente 16 anos após ter descoberto os ti-pos sanguíneos. Foram anos seguidos depesquisas. Seja persistente e não securve ao imediatismo. Sucesso de ver-dade não é bilhete de loteria.

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COMO FAZER DE 2018O ANO DE SEUS SONHOSAPROVEITE QUE O MUNDO NÃO ACABOU PARA AVANÇAR NOSPLANOS INTERROMPIDOS PELAS TENEBROSAS AMEAÇAS DETODAS AS CARTOMANTES DO PLANETA. GRAÇAS A DEUS, O QUEACABOU EM DEZEMBRO FOI APENAS O ANO DA GRAÇA DE 2017

CHRISTIANO MACHADO

Até o último dia de dezembro pas-sado, você investiu um ano inteirode sua vida em 2017. Claro, você

poderá deixar este 2018 correr solto. Maspoderá, também, aproveitar os investi-mentos que fez na sua vida no ano pas-sado para colher bons resultados em no-vos negócios e oportunidades no trabalho.

A vida é uma escola, já dizia o sambafamoso. Então, leia abaixo algumas per-guntas que vão se constituir na primeiraaula do ano. O propósito é o de criaruma base positiva para você se moverneste 2018, que promete ser longo (365dias). Isso, se não aparecer outro calen-dário maia, inca ou pataxó para nos as-sustar.

1 O QUE ME ENERGIZOU? POR QUÊ?Olhe novamente para o seu trabalho

ao longo do ano passado. O que mais tedeixou feliz? Descubra as razões que otornaram contente e procure repeti-lasem novas situações. Quanto mais vocêrepetir os bons momentos, mais chancesvocê terá de recapturar essa energia em2018.

2 O QUE ME SUGOU?Em seguida, dê uma olhada para o

outro lado. O que drenou sua energia? Oque te deixou se sentindo esgotado? Oque parecia fora do alinhamento com oque você realmente é? Geralmente, osproblemas não variam muito. Em casa,são sempre os filhos aborrecidos ou ma-rido invariavelmente ausente ou pegandono seu pé. No trabalho, os problemas co-

CARREIRAS

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6 O QUE EU ME VEJO FAZENDO NO FINAL DE 2018?Você ainda se vê fazendo o que você

faz agora? Não acreditamos que o seusonho seja o de marcar passo pela vidaafora. Há algo que você deseja adicionarna foto? Você quer aperfeiçoar o quevocê está fazendo? A hora de planejarseu futuro é agora, sobretudo se o seudesejo é o de buscar novos caminhospara sua vida.

7 O QUE EU QUERO FAZER MAIS?Poucas coisas na vida são absoluta-

mente estáticas, e isso inclui o seu traba-lho. Talvez o que você mais pretende nãoseja uma promoção no emprego masconviver profundamente com os filhos.Ou chegar em casa mais cedo para tocarseu saxofone (sempre ele). Faça o quevocê gosta, mas não se esqueça de queé necessário ter uma boa receita finan-ceira para cobrir as despesas e enfrentartempos difíceis que sempre aparecem.

8 O QUE EU MENOS QUERO FAZER?Se você não gosta de almoçar todos

os domingos na casa da sogra, não vá.Faça um acordo com a esposa e reserveum tempo para se encontrar com osamigos ou ir ao campo de futebol. A vidanão pode se tornar uma escravidão.

9 POSSO CRIAR UM BOM HÁBITO?Sim, por exemplo: caminhar na praça

da Liberdade todas as noites. Deus nãoo criou com o exclusivo propósito depassar sua vida diante de televisão,vendo novelas. Aprenda a ler algum livroantes de dormir. Ou ainda: reservar umapequena parte do dia para conversarcom um novo colega de trabalho. Outraatividade gratificante é participar de umaentidade beneficente, como a obra social

da sua paróquia. Caso nada disso teanime, simplesmente beba bastanteágua, que poderá ter um impacto posi-tivo sobre o seu humor e sua energia.

10 POSSO SUPRIMIR ALGUM HÁBITO DESAGRADÁVEL?O que não nos faltam são hábitos inú-

teis, verdadeiros vícios. Mas é quase im-possível abandoná-los. É o caso das no-velas na televisão. É mais fácil o camelopassar no buraco de uma agulha do quealguém abandonar aquelas tramas amo-rosas de todas as noites. Tente. Se vocêconseguir, o impacto será profunda-mente positivo.

11 QUE NOVAS PORTAS POSSO ABRIR?Abrir portas significa por os pés na rua.

Significa participar de seminários, reu-niões, feiras, enfim, fazer contatos e co-nhecer pessoas. A melhor maneira de ex-pandir a nossa consciência do potencialque a vida tem para oferecer é semprebuscar as novas portas para abrir. Essasnovas portas podem vir em uma varie-dade de formas, como conhecer pessoasnovas, ganhar novos conhecimentos, outentar uma nova experiência, tais como ade aprender a falar em público.

12 QUE TIPO DE AJUDA EU PRECISO?QUEM PODE ME AJUDAR? COMO?Esta última pergunta talvez seja a

mais imporante da lista. Se você quiserfazer de 2018 um ano que seja digno dese olhar para trás, lembre-se de que nãofará sucesso sozinho. Criar uma carreiraque você ama não é um esporte indivi-dual. Você precisa de ajuda, e provavel-mente muito. Quanto mais você perce-ber que precisa de ajuda, melhorequipado estará para identificar as pes-soas que lhe darão o apoio necessário.

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NOTÍCIAS DO SERTÃO

TIÃOZITO*

Sou cunhado de Wilson SabackFarani (in me mo riam, Alagoi-nhas, 05/04/1919 - Brumado,

17/06/1960), uma vez que sou ir-mão da sua viúva Maria de LourdesCardoso Farani — Liá, sadia e fre-nética nonagenária ora residente naAv. Oceânica, na Cidade de Salvador,capital da Bahia.

Wilson era concursado do antigoIAPC-Instituto de Aposentadoria ePen sões dos Comerciários, hoje in-corporado ao INSS, na função deoficial administrativo e, como tal,foi exercer sua função lá em Bru-mado-BA, por volta de 1947, ondefixou residência.

Foi lá que se enamorou de Liá,com quem veio a se casar em 11/07//1949, sob as bênçãos do padre Antônio daSilveira Fagundes, vindo da cidade de MontesClaros-MG, para onde Wilson fora transferidoanteriormente, tendo voltado, já agente doInstituto – para tanto e para onde foi residirpor um bom tempo, retornando, depois dealguns anos, para a terra natal de sua se-nhora, onde consolidou o enlace no civil,em 08/12/1954, ante o dr. Walter Barbosados Santos, Juiz da Comarca.

O Farani soma-se ao parentescocom Lauro Farani Pedreira de Freitas, seuprimo carnal, vítima de trágico acidenteaéreo  em Bom Jesus da Lapa, em cam-panha para governador da Bahia, em

1950. Lauro estava virtualmente eleitotanto que, Régis Pacheco, que o substituiuna candidatura, venceu as eleições porlarga maioria de votos.

Devido a sua bagagem funcional, foiconvidado para gerente do Banco da BahiaS. A. (hoje Bradesco), com agência recémcriada em Brumado.

Wilson era amado por todos nós, seusfamiliares  e habitantes locais de então,pela sua reconhecida conduta impecável,o que não traía uma generosidade espon-tânea, mesmo nos rigorosos exercíciosfuncionais que se acumulavam e com osquais não transigia.

UM AMIGO DE FÉ,IRMÃO CAMARADA

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 45

Ainda em Salvador, foi contemporâneode João (Agripino da Costa) Dória — paido atual prefeito de São Paulo —, amigofiel e da sua idade (Salvador-BA - 1919),colegas de curso secundário e aventurasjoviais que, às vezes, chegavam a umasaudável esbórnia.

João, que depois teve longa e profícua

carreira profissional e política (chegou adeputado federal), resolveu residir no Riode Janeiro, com a finalidade de tornar-sepublicitário e continuar o curso de Direitona Universidade do Brasil. Foi aí, com aconfiança que lhe depositava Wilson, que,por qualquer circunstância, tomou-lhe em-prestados Cr$ 1.000,00. O amigo não re-lutou e lhe fez o empréstimo de bom grado.

Dória fez excepcional carreira como pu-blicitário, além de outras sadias atividades(advogado e psicólogo na Sorbonne), e,retornando à sua Bahia, elegeu-se suplentede deputado pelo Partido Democrata Cris-tão, tornando-se depois titular no Parla-

mento. Pela amizade construída atrás, Wil-son acompanhou, passo a passo e orgu-lhoso, todo o sucesso de seu antigo colega,como todos os seus contemporâneos.

Vale lembrar aqui que o deputado fe-deral Dória sugeriu e integrou a comissãoque criou o ”Dia dos Namorados”.

Pois foi neste retorno à Salvador que odevedor procurou o seu credorpara um acerto de contas. Queriaele pagar, com toda gratidão ne-cessária, a quantia devida, mesmose houvessem juros. Wilson con-tra-argumentou que não aceitavanenhum pagamento e estava or-gulhoso e  totalmente recompen-sado pelo empréstimo, uma vezque aquele dinheiro tanto serviraao fiel amigo de sempre. João, umtanto comovido e em recompensapela sua atitude sincera deverasinesperada do seu velho parceiro,sacou da carteira, de lá retirou umanota de Cr$ 1.000,00, rasgou-a aomeio, entregou uma parte ao Wil-son e disse-lhe afetuosamente:

– Farani, onde for ou estiverguardarei esta metade como re-cordação do seu honorável gesto

de agora. Espero que você guarde esta outrametade como símbolo da fraternidade quesempre existiu entre nós.

Wilson se foi e Dória, toda vez que che-gava em Salvador, com a donaire que ocaracterizava, fazia questão de visitar Liá econvidá-la para um almoço ou jantar, sem-pre nos lugares mais elegantes da cidade.

Queiram os deuses que seu filho, oraocupando cargo tão elevado e oneroso,tenha amigos honestos e jamais cúmplicesna sua trajetória.

* Tiãozito Cardoso é tabeliãoaposentado em Brumado-BA.

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zes do que aqueles que não tinhamfeito estes gastos.

Os participantes da pesquisa re-ceberam 40 dólares que poderiamgastar, por opção, em bens mate-riais ou em serviços para economi-zar tempo. Aqueles que preferirampagar por um serviço e pouparemtempo revelaram menos sinais deestresse e um sentimento maior debem-estar – e os resultados foramsemelhantes em quase todos os ní-veis de rendimentos.

“Gastar dinheiro para economizartempo permite canalizar horas paraatividades mais significativas paraas pessoas e isso traduz-se em bemestar”, afirma o artigo da Forbes.“Pedir uma pizza em vez de fazer ojantar (por exemplo) dá-lhe maisuma hora para trabalhar noutra ta-refa e assim poupa também tempona limpeza da cozinha”. Em qual-quer caso, vai pagar por um serviço,mas isso significa pagar por algunsminutos extras para se dedicar a ou-tra tarefa importante.

São pequenos gastos (calculados)que o aproximam dos seus grandesobjetivos. A pergunta que muitos fa-rão é se esta estratégia permite ga-nhar mais dinheiro? A resposta é ne-gativa, mas permite ganhar tempopara usar em tarefas relevantes. Efica o conselho para este 2018:“Seja inteligente com o seu dinheiro,mas seja ainda mais esperto com oseu tempo. Se pode poupar umpouco do primeiro para ter mais doúltimo, então estará muito maisperto de atingir os objetivos querealmente são importantes para sinos próximos 12 meses”.

JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR46

A VIDA É BELA

E, COMO TEMPO É DINHEIRO, ACOMPRA DA FELICIDADE RESULTANA POUPANÇA DAQUILO QUEVOCÊ TEM DE MAIS PRECIOSO

DA REDAÇÃO

Você quer ser mais feliz em2018? Então gaste mais di-nheiro. Esta é (em parte) a con-

clusão de um grupo de pesquisadoresda Harvard Business School e da Uni-versity of British Columbia, que des-cobriu que “o dinheiro poderia real-mente comprar a felicidade, se aspessoas o gastassem em bens ou ati-vidades que lhes poupariam tempo”.A investigação, que a revista Forbesteve acesso, revela que os participan-tes que admitiram gastar dinheiro eminvestimentos que permitam poupartempo – como um serviço de limpe-zas, por exemplo – ficariam mais feli-

PESQUISA CIENTÍFICA MOSTRA:O DINHEIRO COMPRA TUDO(INCLUINDO AFELICIDADE)E AINDA PAGA À VISTA

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JANEIRO DE 2018 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR48

ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO

precisa, integrando-se voluntariamente ainstituições que se dedicam a dar pão,abrigo e educação aos mais necessitados.

Apesar disso, a caridade tem sidoacusada de demagogia e falta do que fa-zer de quem a pratica.

Esquecem que existem muitos neces-sitados mesmo que uma parcela use demalandragem para obter benefícios.

Malandragem mesmo que ninguémparece não se interessar

em combatê-la diantedo esquema cartorialque domina o país.

Basta precisar de umasimples cópia de certidão

de casamento para passar porvexame diante de tanta burocra-

cia e ganância explícita pelo ser-viço.

Gastam-se horas para seratendido.

Como o brasileiro se com-porta sob o comando de políticossem honra e sem glória, talvez acoisa só se resolva graças auma ressureição de Pedro Ál-

vares Cabral para vir redes-cobrir o país, aliás chamadode “abençoado por Deus ebonito por natureza”.

Mas a frase atribuida aoGeneral Charles De Gaulle,continua cada vez maisatual por dizer que “oBrasil não é um paíssério”.

E alguém acreditaque um dia será?

PAÍS SÉRIO?

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VALE A PENA LER CADA VEZ MAISCom o destroçar da televi-

são como veículo de comuni-cação respeitável, fica cadavez mais patente que a saída éter a boa literatura como com-panheira.

Obras como as de Machadode Assis e João GuimarãesRosa soam como antídotocontra a vulgaridade e a ruin-dade explícitas expostas pelatevê, embora tenha sido mara-vilhosa a recente exibição daversão televisiva de “GrandeSertão Veredas”, produzidatempos atrás. Uma maravilhaque não se pode pensar queoutras histórias da mesma es-tirpe possam ganhar vez emum tempo marcado por tantasbobagens no ar.

Estamos nos tornando seres virtuais— ou quase.

E, com isto, em consequência va-mos perdendo o prazer de tanta coisa boaque o mundo sempre nos proporcionoudesinteressamente ou porque não haviacomo regatear conquistas maravilhosasque foram criadas pela humanidade.

Aliás, parece que a virtude humanavem perdendo cada vez mais espaço.

Ainda existem os que seapegam à caridade a quem

Tem-se hoje uma profusão dejogos pela televisão. É uma boapara quem gosta de futebol etem tempo para assistir.O problema é a mesmice de

bola pra cá, bola pra lá. É como setodos fossem iguais, só sendo mu-dadas as camisas dos times. In-venção do Guardiola com o tal tic-tac — bola pra cá bola pra lá quetira emoção de um esporte-rei.

MESMICECOM A BOLA

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Quando se trata de galinhas é umomelete. Em que os homens são me-lhores que os frangos? Quando ocor-reu que ultrapassamos os frangosem bondade e misericórdia? Os fran-gos são decentes: eles não usamdrogas, não roubam carros, não fa-zem arrastões e não se envolvem emcorrupção política. Você já viu umgalo chegando em casa completa-mente embriagado e quebrando tudoque vê pela frente? Frango é gentedecente.

4A simples existência de uma lança-chamas prova que, em algum mo-mento, em algum lugar, alguém dissea si mesmo: sabe, eu gostaria de atearfogo naqueles canalhas do outro ladoda rua, mas não estou suficientementepróximo para realizar isso”.

5Eu creio que o sexo é a coisamais maravilhosa, natural eedificante que o dinheiropossa comprar.

6Primeiro, o doutorme disse que ti-nha uma boanotícia: iriambatizar umadoença como meunome.

7Sou muitofeliz no ca-samentomas, ulti-mamente,meu papagaiocomeçou a gritarquando chego

em casa: “Vista essa roupa rápidoporque meu marido está chegando”.

8Desculpem pelo atraso, pois erreipelo caminho. Dobrei uma esquinadesconhecida e passei por uma luzvermelha. Então, vi um cartaz que di-zia: “Cuidado, crianças pequenasbrincando!”, assim que baixei a velo-cidade. Então, logo me ocorreu queeu não tenho medo de crianças pe-quenas.

9Cocaína é a maneira que Deus encon-trou para te dizer que estavas ga-nhando muito dinheiro.

10Ontem à noite, entraram uns la-drões gays na minha casa. Rouba-

ram todas as joias, masvarreram a sala e reorga-

nizaram todos os móveisantes de sair.

11Nunca discuta com umamulher feia. Você não temnada a perder.

12Balé: homens usam calçastão apertadas que alguémpode dizer a que religião per-tencem.

13Se as mulheres dominas-sem o mundo não haveriamais guerras, só negocia-ções intensas a cada 28 dias.

14Os homens são superio-res às mulheres. Pelo me-nos podem urinar da ja-nela de um carro emmovimento.

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DELAÇÃO PREMIADA

ESSES DOIS VAGABUNDOS ME INDICARAM A ESTRADA DO PECADO.E EU NÃO ERREI O CAMINHONINGUÉM É ORDINÁRIO POR INICIATIVA PRÓPRIA,COMO UM AUTODIDATA. VOCÊ SEMPRE APRENDEALGUMA COISA COM ALGUÉM

JOÃO PAULO COLTRANE

Eu também decidi receber os benefí-cios da delação premiada e denun-cio no texto abaixo mais dois vaga-

bundos que me mostravam as vantagensdessa minha vida desregrada. O meupropósito, com esse vergonhosos gesto,

como muitos imaginam, é apenas saircom um par de tornozeleiras eletrônicasno Juízo Final. Quero distância de qual-quer fornalha.

GEORGE CARLIN (1937-2008)Tudo o que ele aprendeu de útil foi nas sarjetas, botequins e cabarés de Nova York

Crescido no seio de uma complicadís-sima família nova-iorquina de origem ir-landesa e educado nas ruas do Brooklyn,Carlin não era exatamente o jovem queos pais das garotas gostariam de tercomo genro. Foi preso várias vezes porvadiagem e embriaguez mas, mesmo nacadeia, nunca parou de trabalhar. Eledava espetáculos de humor para seuscompanheiros de cárcere.

O tempo e a marijuana o transforma-ram num jovem suave e elegante, menosno palavreado. Mesmo na televisão Car-lin gostava de usar todos os palavrõesque aprendeu em Alcatraz e Sing, duas

das mais famosas prisões dos EstadosUnidos.

Seguem os exemplos do seu lamentá-vel pensamento.

1Tenho tanta autoridade quanto o Papa,só que não há tanta gente que acreditanela.

2Sabe o que é melhor a respeito da ne-crofilia? É que você não precisa levarflores para a moça. Elas já está lá.

3Outra observação que faço: quandose trata de mulheres, é um aborto.

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Sam começou sua vida como muitospais desejam: era pregador evangélico,prometendo o paraíso para os frequenta-dores de sua igreja. Ouvia muito cantogregoriano mas acabou se encantandocom o rock‘n`roll. Isso foi a sua perdição,pois sua guitarra sempre estava acompa-nhada de um pó branco importado da Bo-lívia ou da Colômbia. Tornou-se amigo devárias bandas de heavy metal, entre elasGuns’n Roses.

No palco, destilou todo o seu ódio con-tra brancos, republicanos e jogadores defutebol. (Desculpem, jogadores de futebolé invenção nossa.) Por ironia, morreu só-brio ao volante do seu carro, que foi atin-gido por um camioneiro bêbado.

Seguem abaixo alguns exemplos do seucorrosivo pensamento.

1 Os russos nunca foram à Lua. Sabepor que? Porque são medrosos. Seeles querem nos impressionar, bastair à Lua e trazer nossa bandeira.

2 Ir ao Alcoólicos Anônimos era comoir à igreja, exceto porque Ozzy Os-bourne estava lá.

3 A curiosidade matou o gato. Mas du-rante algum tempo eu fui o principalsuspeito.

4 Uma vez sonhei que havia compradoágua em pó. Mas não sabia em quedeveria dissolvê-la.

5 Quebrei um espelho e me disseramque isso vai me causar sete anos deazar. Meu advogado garante que podeconseguir cinco.

6 Estive lendo um dicionário. É umgrande livro mas muda de assunto atoda hora.

SAM KINISON (1953-1992)Em seus 39 anos de vida ele deve ter consumido a metade de toda a produção colombiana de cocaína, no período

frase “Eu te amo”. Ele vai para casae mostra à mulher, que responde:“Você sempre gosta de colocar pala-vras em minha boca”.

11 Um velho judeu entra numa igrejacatólica e vai ao confessionário. “Per-doa-me padre mas eu estava traba-lhando em minha oficina quandouma garota não-judia, de apenas 18anos, maravilhosa, se encantou co-migo. Fizemos sexo por três horas”.O padre lhe disse, então: “Comovocê, que é judeu, me conta essahistória? O judeu retruca: “Prá você?Eu estou contando pra todo mundo!”.

7 Ontem à noite fiquei acordado atétarde, jogando pôquer com cartas detarô. Fiz um pôquer e quatro persona-gens morreram.

8 Por que já não fazem todo o aviãocom o mesmo material da caixapreta?

9 Comprei um aparelho celular quepode armazenar cinco mil canções.Ou uma mensagem telefônica da mi-nha mãe.

10 Um homem tatua seu pênis com a

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Bem perto do local onde havia a man-gueira brotou uma caramboleira, que tal-vez não ocupasse tanto espaço quanto afalecida mangueira. Seria uma nova Árvo-re de Natal para o proprietário. No entan-to, a caramboleira também cresceu mui-to, ficou frondosa e logo mostrou que erafértil – aliás, muitíssimo, uma superpro-dução para consumo inexpressivo. Nolongo período de safra, soltava-se dos ga-

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ERA SÓ O QUE FALTAVA

ADEUS,CARAMBOLEIRAIVANI CUNHA*

Oprojeto de reforma do quintal im-pôs a derrubada de uma frondosamangueira, cuja idade ninguém ja-

mais teve condição de calcular, pois a ár-vore já existia quando o lote foi adquirido.Suas mangas eram grandes, dessas decomer em fatias, e não deixavam fiaposentre os dentes, mas a mangueira ocu-pava muito espaço, lançava folhas inclu-sive na piscina de um vizinho e, quandoventava, folhas e alguns galhos eram leva-dos para o telhado da casa colada aomuro do fundo.

Havia também o temor de a mangueirafavorecer a escalada de algum invasor atéum dos quartos da casa. Ah, se os ladrõessoubessem...

Além disso, as últimas safras de mangaforam escassas e as frutas também já nãoeram as mesmas. O tronco da mangueiraestava escuro e rachado de cima a baixo eo péssimo estado da planta se confirmavaem cada manga.

Restava a bênção da sombra que a ár-vore proporcionava e a possibilidade dependurar uma gangorra em seus galhosnão comprometidos. Valeria a pena, tal-vez, buscar um empréstimo para recupe-rar a mangueira, mas a árvore não resistiuà avaliação de custo-benefício aplicadapelo proprietário da residência.

Ainda assim, o projeto de colher frutano próprio quintal não parecia perdido.

lhos uma grande quantidade de carambo-las e havia apenas uma pessoa “disponí-vel” para recolher tudo na grama, a inter-valos de 3 horas, e ensacar ime dia -tamente, pois estamos falando de um dosprodutos mais cobiçados pelas moscas.

Havia também o ritual de subir uma es-cada com os sacos nas costas – um decada vez, é claro – e contornar parte dacasa para colocar o produto próximo aoportão, a fim de o carroceiro levar as frutas.

Agora não há mais o pé de carambola enão restou saudade. O que ficou no lugardo entusiasmo inicial com a fruta é umaespécie de missão para o cronista: reco-mendar a você – caso fique salivando aose lembrar da exótica carambola – procu-rar o sacolão mais próximo ou mais dis-tante e pagar, sem reclamar, por algunsgramas da fruta.

Sempre ficará mais em conta do que setornar escravo de uma caramboleira.

* Jornalista

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No âmbito dos testículos, Junho e Ju-lho foram meses especialmente ricos emfalsas notícias. Primeiro, chegou-nos ofalso relato de uma gaivota que arrancouo testículo de um banhista numa praia denudistas, e logo a seguir a notícia falsa deum vencedor da loteria de Atlanta quemorreu na sequência de ter banhado aouro o escroto. Mais uma vez, a cidade deAtlanta existe na realidade. Mau trabalho.Este balanço do ano, inevitavelmente in-

completo, deixa de fora várias notícias fal-sas de 2017. Gostaria de salientar, no en-tanto, que nenhuma foi inventada por mim– ou seja, são verdadeiras notícias falsas.Seria pouco ético que eu fizesse referênciaa falsas notícias falsas num ano tão re-cheado de notícias falsas verdadeiras. ROBERTO GONÇALVESBH-MG

N. da redação – Nós já havíamos edita-dos uma enorme matéria com o balançodos fatos do ano, quando apareceu suacarta com o relato das fake news de 2017.Optamos pela sua lista que, mesmo re-cheada de notícias falsas, é absoluta-mente verdadeira. Feliz Ano Novo.

A palavra ou expressão do ano é...Vocês não publicaram na edição de de-

zembro a tradicional reportagem sobre a

palavra do ano. O que houve? Da minhaparte, considero vencedora a expressãocondução coercitiva. Considero importanteque ela ocorra de surpresa, obrigando o in-divíduo sob condução coercitiva a acompa-nhar os policiais ao departamento de polí-cia para prestar esclarecimentos sobredeterminado assunto, com o objetivo deproduzir provas sobre a investigação.Aguardo com muita ansiedade o re-

sultado da investigação que obrigou oreitor da UFMG a se explicar a respeitoda aplicação de verbas públicas na cons-trução do memorial da anistia.MARLON CARLOS ABREUBH-MG

Chega de notícia de assédio, vamos falar de mulheres doidasA toda hora aparecem mulheres de-

nunciando assédios por parte dos ho-mens. Mas ninguém fala nada dessasmulheres doidas que estão em todo lu-gar. Falo das malucas, que mesmo nãosendo traídas, quebram os carros dos na-morados a pedradas ou invadem as ca-sas deles sem serem convidadas. Não to-lero mais ouvir notícias de assédio eacusações, sem que haja a contrapartida:as mulheres que infernizam nossas vidas.Eu não sei porque isso acontece já

que, de um modo geral, os homens tem

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Balanço anual sem notícias falsas é também falsoComo repetem todas as revistas, vo-

cês deverão publicar nesta edição de ja-neiro um balanço de tudo o que ocorreuou foi falado em 2017. Como todas asoutras, também, deverão cometer umafalha grave: nada publicará sobre as cha-madas fake news – que hoje têm umaimportância igual ou até maior que asnotícias verdadeiras. Por isso, cumpro odever de juntar ao balanço do que sepassou o balanço do que não se passou.No que diz respeito a mortes que não

ocorreram, este foi um ano preenchido.Adam Sandler morreu falsamente logoem Janeiro. A falsa morte de George H.Bush foi anunciada em Fevereiro (por-tanto, nove meses antes de ser acusadode assédio sexual), e depois houve vá-rias falsas mortes a lamentar (ou a nãolamentar. Ou a lamentar que se lamenteo que não se deveria estar se lamen-tando. Enfim, é complicado): Rowan At-kinson não morreu em Março; DenzelWashington e Eddie Murphy não morre-ram em Abril; Clint Eastwood, BillO’Reilly e Miley Cyrus não morreram emMaio (Maio foi um bom mês para nãomorrer); Imelda Marcos e Monica Le-winsky não morreram em Junho (Imeldateve uma falsa parada cardíaca e Monica

foi vítima de falso homicídio) e Kid Rocknão morreu em Julho. Depois passaram dois meses sem fal-

sas mortes, até que Morgan Freemanmorre falsamente em Outubro. Já em De-zembro, a escassos dias de completar 101anos, não morreu Kirk Douglas. Entre-tanto, a morte de Bob Denver, ator de Gil-ligan’s Island, foi anunciada em Janeiro,mas dessa vez tratava-se de outro tipo defalsa morte, uma vez que Denver já tinhamorrido em Setembro de 2005. Tratou-se, neste caso, de uma falsa notícia deuma verdadeira morte, para desentediardas falsas notícias de falsas mortes.Um dos temas sempre em destaque

nos falsos noticiários é a homossexuali-dade. Em Fevereiro, foi erradamente noti-ciado que o evangelista Pat Robertson ti-nha dito que “olhar fixamente paraMelania Trump curava gays”, e emAgosto teve vários compartilhamentos anotícia de que o Dr. Dimitri Yusrokov Sla-mini, de Novosibirsk, tinha descobertouma vacina que curava a homossexuali-dade. Toda a notícia era falsa, com exce-ção da referência à cidade de Novosi-birsk, que existe mesmo – o que, aliás,se lamenta. Não custava nada ter inven-tado uma cidade russa.É lamentável, a falta de brio profissio-

nal na classe dos falsos jornalistas.

PALAVRA DO LEITOR

ADAM SANDLER,CLINT EASTWOOD,DENZELWASHINGTON,EDDIE MURPHY, ...

... MILEY CYRUS,GEORGE H. BUSH,MONICA LEWINSYE ROWANATKINSON:ALGUNS DOSMORTOS QUE NÃOMORRERAM EM2017

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uma engrenagem mental absolutamentesimples e desejam tão pouco. Que coisasingular: ponho o rosto na janela e tudoo que vejo à minha frente (até onde avista alcança) foi sonhado, pensado econstruído pelas pessoas do sexo mas-culino. Os prédios, os automóveis, a mo-tocicleta, os aviões, os projetos edito-riais, como jornais, revistas, emissorasde televisão. E por aí vai.E, no entanto, a despeito dessa

enorme capacidade de criação e de seentregar aos sonhos mais impossíveis, ohomem tem desejos muito simples. Amaioria dos homens simplesmente querencontrar uma moça que seja legal comeles. Ser legal inclui sexo, risadas e devez em quando (mas sem escravização)cozinhar.Mas, para muitas delas, fazer uma

macarronada para o casal é um insulto.Elas consideram que a citada tarefa ma-nual, solicitadas tão eventualmente, re-presenta um desrespeito à sua moderni-dade. Como também é um insulto serafetuosa. Seu propósito é apenas o decontrolar, vigiar e se algo lhe atingir (ouse ela entender que foi feito com essepropósito), nunca hesitar em dar o troco.E guardar aquele rancor para sempre.Na verdade, nós homens queremos

algo simples mas quase indisponível nomercado. Queremos uma mulher meiga.Uma mulher surpreendente, carinhosa eque não seja ríspida e não busque o errocomo se procura a agulha num palheiro.E principalmente entenda que ser gos-tosa, e, mas não for meiga, não interes-sará ao homem.O homem poderá achar o sexo com

ela deslumbrante, a sua conversa muitointeressante, admirar sua capacidadeprofissional. Mas se ela não for afetuosa,nada feito O homem vai preferir ficar so-

zinho. Mulher é apenas uma parte denossas vidas e, frequentemente, nemsempre a mais interessante. Temos mui-tas coisas a realizar em outras áreas.Longa é arte, curta é a vida.WASHINGTON LOPES BH-MG

A vida é essa: estudar para concursopúblico ou dirigir UberHouve um tempo, na época do poeta

Rômulo Paes, em que a vida era essa:subir Bahia e descer Floresta. Hoje é es-tudar para concurso público ou dirigir umUber. Há nesse momento uns 300 milmineiros estudantes para concurso. E umnúmero gigantesco dirigindo um Uberpara fugir do desemprego. Em toda famí-lia há um jovem trancado no quarto e es-tudando dia e noite. Eles são pagos paranão trabalhar e alimentar uma ilusão, jáque é insignificante o número de aprova-dos. Esse terrível dilema deveria serapresentado nas páginas desta revista.MARIA EDUARDA MACHADOBH-MG

Duas previsões de que o mundo vai acabar em 2018Circulam notícias na internet infor-

mando que já estão agendados dois finsdo mundo para 2018. Um grupo degente relativamente perturbada alegaque o mundo terminará em 20 de Maioe outro grupo com as mesmas caracte-rísticas psíquicas garante que o fim domundo ocorrerá em 24 de Junho. O doisgrupos se sustentam em versículos bíbli-cos que eu li e não permitem, de modonenhum, retirar essas conclusões. Ouseja, o ano novo está com a mesma carado ano velho.JOSÉ EUSTÁQUIO LIMABH-MG

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