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Ano II — Nº 67 07 a 13 de Dezembro de 2013 1ª: Gn 3, 9-15.20 Sl: 97 (98) - 2ª: Ef 1,3-6. 11-12 Evangelho: Lc 1, 26-38 Celebrando a festa da Imaculada Conceição de Maria, coloca- mos em suas mãos nosso Informativo nº 67. Estamos nos aproximando do Natal, a Festa Cristã do nasci- mento do Salvador Jesus Cristo. Liturgicamente, vivemos o Tem- po do Advento (Vinda). Neste período, a liturgia nos propõe a for- mação da Coroa do Advento, uma coroa de ramos de abeto, com quatro velas (círios), que se acen- dem uma após a outra nos quatro domingos do advento. Este é um costume relativamente recente, re- monta talvez ao século XIX, e que se difundiu a partir da I Guerra Mundial. Este ramo está pleno de simbolis- mo. A sua forma circular represen- ta a eternidade e a sua cor remete para a esperança e vida. Em mui- tas coroas, existe uma fita verme- lha, que simboliza o amor de Deus pela humanidade e o amor das pessoas que esperam o nascimento de Jesus. Nós do IPDM, desejamos, com toda humildade, ser uma pe- quena chama de esperança e de amor em meio a tantas mazelas que o mundo nos apresenta. E, numa época tão importante, ca- paz de mexer com os sentimentos das pessoas de um modo dife- rente e inigualável, dizer a todos e a todas “nós estamos aqui, con- tem sempre conosco”. Nas páginas que se seguem, vocês encontrarão as profundas reflexões sobre o Evangelho desse Domingo, trazidas a nós pelo Padre João Batista Libânio que com sua simplicidade e elo- quência inigualáveis nos apresenta Maria como alguém para quem “Deus reservou à uma exceção, uma exceção totalmente hu- mana. Alguém que, de certa maneira, interrompeu o fluxo de peca- do que continua até hoje”. Frei Carlos Mesters, em parceria com a Irmã Mercedes Lo- pes, nos propõe uma reflexão na qual Maira nos é apresentada como “Modelo de Comunidade, como modelo para vida em comuni- dade”. Leia as reflexões na íntegra na página 2. Para que você possa ir se preparando, veja na página 3 a re- flexão do Padre Alberto Maggi sobre o evangelho do próximo do- mingo. Na Página 4, você encontrará as Palavras de Francisco on- de o Bispo de Roma fala com profundidade sobre a Ressurreição da Carne. Vale a pena uma leitura calma e reflexiva sobre as pa- lavras o Santo Padre. Ainda na página 4, veja o que disse o Secretário Geral do “Conselho Ecumênico Mundial das Igrejas” disse sobre a Exorta- ção Apostólica do Papa Francisco: “Evangelii Gaudium”. Durante a visita “Ad Limina” dos bispos dos países baixos ao Papa Francisco, este lhes transmitiu um pedido muito especial, no qual recomenda: “Olhem para os Leigos com confiança”. Leia mais na página 5. Na mesma página, Frei Betto chama nossa atenção para um tema há muito discutido, mas que até o momento não sofreu qualquer mudança favorável: “A Reforma Política” tão necessária para o Brasil. Leonardo Boff, com toda sua sabedoria, fala–nos sobre os riscos que estamos correndo em razão do descaso com o qual as autoridades estão tratando a questão ecológica. O título de seu artigo já nos leva a pensar: “Seremos uma célula cancerígena a ser extirpada”. Veja o artigo na íntegra na página 6. Por fim, na página 7, você encontrará nossa agenda de reuni- ões e convites para os próximos eventos. Dentre eles, queremos destacar um convite especial para a próxima Segunda-Feira, dia 09 de dezembro, será realizado a 4ª Edição do Prêmio CINEB do Cinema Brasileiro. E, para nossa alegria, Padre Dimas Carvalho, nosso grande amigo e colaborador, será pre- miado em razão do magnifico trabalho que desenvolve em prol do Cinema Brasileiro jun- to à sua comunidade e que é abeto à partici- pação de todos os interessados, no Santuário Nossa Senhora da Paz do qual é Reitor. Padre Dimas, caríssimo amigo e irmão, parabéns por mais este reconhecimento. Você merece! Maiores informações sobre este evento, podem ser vistas na página 7. Desejamos a todos ótima leitura. Equipe de produção

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Ano II — Nº 67 07 a 13 de Dezembro de 2013

1ª: Gn 3, 9-15.20 – Sl: 97 (98) - 2ª: Ef 1,3-6. 11-12

Evangelho: Lc 1, 26-38

Celebrando a festa da Imaculada Conceição de Maria, coloca-

mos em suas mãos nosso Informativo nº 67.

Estamos nos aproximando do Natal, a Festa Cristã do nasci-

mento do Salvador Jesus Cristo. Liturgicamente, vivemos o Tem-

po do Advento (Vinda). Neste período, a liturgia nos propõe a for-

mação da Coroa do Advento, uma coroa de ramos de abeto, com

quatro velas (círios), que se acen-

dem uma após a outra nos quatro

domingos do advento. Este é um

costume relativamente recente, re-

monta talvez ao século XIX, e que

se difundiu a partir da I Guerra

Mundial.

Este ramo está pleno de simbolis-

mo. A sua forma circular represen-

ta a eternidade e a sua cor remete

para a esperança e vida. Em mui-

tas coroas, existe uma fita verme-

lha, que simboliza o amor de Deus pela humanidade e o amor das

pessoas que esperam o nascimento de Jesus.

Nós do IPDM, desejamos, com toda humildade, ser uma pe-

quena chama de esperança e de amor em meio a tantas mazelas

que o mundo nos apresenta. E, numa época tão importante, ca-

paz de mexer com os sentimentos das pessoas de um modo dife-

rente e inigualável, dizer a todos e a todas “nós estamos aqui, con-

tem sempre conosco”.

Nas páginas que se seguem, vocês encontrarão as profundas

reflexões sobre o Evangelho desse Domingo, trazidas a nós pelo

Padre João Batista Libânio que com sua simplicidade e elo-

quência inigualáveis nos apresenta Maria como alguém para

quem “Deus reservou à uma exceção, uma exceção totalmente hu-

mana. Alguém que, de certa maneira, interrompeu o fluxo de peca-

do que continua até hoje”.

Frei Carlos Mesters, em parceria com a Irmã Mercedes Lo-

pes, nos propõe uma reflexão na qual Maira nos é apresentada

como “Modelo de Comunidade, como modelo para vida em comuni-

dade”. Leia as reflexões na íntegra na página 2.

Para que você possa ir se preparando, veja na página 3 a re-

flexão do Padre Alberto Maggi sobre o evangelho do próximo do-

mingo.

Na Página 4, você encontrará as Palavras de Francisco on-

de o Bispo de Roma fala com profundidade sobre a Ressurreição

da Carne. Vale a pena uma leitura calma e reflexiva sobre as pa-

lavras o Santo Padre.

Ainda na página 4, veja o que disse o Secretário Geral do

“Conselho Ecumênico Mundial das Igrejas” disse sobre a Exorta-

ção Apostólica do Papa Francisco: “Evangelii Gaudium”.

Durante a visita “Ad Limina” dos bispos dos países baixos ao

Papa Francisco, este lhes transmitiu um pedido muito especial,

no qual recomenda: “Olhem para os Leigos com confiança”. Leia

mais na página 5.

Na mesma página, Frei Betto chama nossa atenção para um

tema há muito discutido, mas que até o momento não sofreu

qualquer mudança favorável: “A Reforma Política” tão necessária

para o Brasil.

Leonardo Boff, com toda sua sabedoria, fala–nos sobre os

riscos que estamos correndo em razão do descaso com o qual as

autoridades estão tratando a questão ecológica. O título de seu

artigo já nos leva a pensar: “Seremos uma célula cancerígena a

ser extirpada”. Veja o artigo na íntegra na página 6.

Por fim, na página 7, você encontrará nossa agenda de reuni-

ões e convites para os próximos eventos. Dentre eles, queremos

destacar um convite especial para a próxima Segunda-Feira, dia

09 de dezembro, será realizado a 4ª Edição

do Prêmio CINEB do Cinema Brasileiro. E,

para nossa alegria, Padre Dimas Carvalho,

nosso grande amigo e colaborador, será pre-

miado em razão do magnifico trabalho que

desenvolve em prol do Cinema Brasileiro jun-

to à sua comunidade e que é abeto à partici-

pação de todos os interessados, no Santuário

Nossa Senhora da Paz do qual é Reitor.

Padre Dimas, caríssimo amigo e irmão,

parabéns por mais este reconhecimento. Você merece!

Maiores informações sobre este evento, podem ser vistas na

página 7.

Desejamos a todos ótima leitura.

Equipe de produção

A festa de hoje confunde muitos cristãos, sobretudo por causa do Evangelho, que fala da concepção virginal de Jesus

no seio de Maria. Muitos pensam que a festa de hoje é essa, mas não é. Hoje celebramos a concepção de Maria no seio

de sua mãe – a Imaculada Conceição. Como não há nenhum relato bíblico sobre a concepção de Maria, lemos esse texto.

Quando Maria foi concebida, Jesus não existia. Ninguém sabia que aquela menina um dia seria a mãe de

Deus. Nada foi escrito sobre a sua concepção. A Liturgia toma outro Evangelho para dizer que, se Maria foi

imaculada na sua concepção, foi pela concepção que ela teria de Jesus.

Para nós isso não é possível. Como podemos, antes de acontecer determinada realidade, fazer com que

essa realidade atue em nós? Ninguém pode fazer com que o fato que irá acontecer daqui a dez anos tenha

influência em nossa vida hoje. Mas para Deus é diferente. Temos que pensar Deus como alguém que tem

diante de si toda a história. Mais ainda: desde toda a eternidade, a Trindade já tinha Jesus Cristo diante de

seus olhos. E é diante desses olhos que o mundo foi criado. Há 15, 20 bilhões de anos, o mundo já foi cria-

do marcado por Cristo, pela sua humanidade. Deus já tinha o seu grande projeto. Os primeiro homens e as

primeiras mulheres, também eles foram marcados por Cristo. Todos nós fomos marcados por cristo. Só que

a maneira como cada um foi marcado é diferente. Em nós, essa marca não nos purificou radicalmente.

Trouxemos para nossa história, para as nossa tradições, a marca do mal, que chamamos de pecado origi-

nal. Já nascemos com uma história imensa, dentro de uma história imensa. Todo mal cometido antes de

nós passa para todos nós.

Mas Deus reservou à Maria uma exceção, uma exceção totalmente humana. Alguém que, de certa manei-

ra, interrompeu o fluxo de pecado que continua até hoje. É como uma mancha que suja todos nós. Mas Ele

separou Maria para que fosse a mãe de seu filho. Nela não se tocou nada que pudesse manchá-la. Essa é a

maneira de Deus demonstrar o seu amor.

Quando queremos demonstrar amor às pessoas, procuramos dar a elas poder, glória. Deus não faz assim.

Essa é a sua maneira diferente. Ele não glorifica quem ama. Jesus viveu simples, humilde, morreu crucificado, foi perseguido. A maneira

de Deus mostrar a sua força é amar. Ele ama tanto uma pessoa que ela se transforma num foco de amor. Isso é muito mais do que pode-

mos medir. Em geral, pedimos emprego, casa, um carro novo. Nada disso é importante. O que é importante é pedir a Deus que Ele nos

ame, que o seu amor nos envolva, nos pegue por dentro e, envolvidos nesse amor, possamos irradiá-lo.

Desde o instante em que Maria foi concebida, o amor de Deus a envolveu. Devia ser fascinante encontrar aquela menininha nos seus 5,

10, 20 anos. Em qualquer idade em que a encontrássemos, estaria irradiando amor, beleza, paz, porque o amor de Deus a fazia, a consti-

tuía. Ela não tinha nada, era uma mulher simples, provavelmente analfabeta, mas irradiava tanto amor, que é a mulher mais maravilhosa

que jamais existiu. Amém.

O texto que meditaremos no próximo final de semana fala da visita do anjo a Maria. É um texto muito conhecido. Quando as coisas são

muito conhecidas a gente já não presta tanta atenção. Assim acontece com a visita de Deus em nossas vidas. Ela é tão presente e tão con-

tínua que, muitas vezes, já não a percebemos e, por isso, perdemos uma grande oportunidade de viver na paz e na alegria.

SITUANDO

O anúncio do anjo a Maria (Lc 1,26-38) vem depois do anúncio do anjo a Zacarias (Lc 1,5-25). Nos dois casos anuncia-se um nascimen-

to. Vale a pena comparar os dois anúncios para perceber as semelhanças e diferenças. Descrevendo a visita do anjo a Maria e a Isabel, Lu-

cas evoca as visitas de Deus a várias mulheres estéreis do AT: Sara, mãe de Isaque (Gn 18,9-25), Ana, mãe de Samuel (1SAm 1,9-18), a

mãe de Sansão (Jz 13,2-5). A todos elas o anjo tinha anunciado o nascimento de um filho com missão importante na realização do plano

de Deus. E agora, ele faz o mesmo anunciando a Isabel, esposa de Zacarias, e a Maria. Maria não é estéril. Ela é virgem. No AT, o anjo de

Deus, muitas vezes, é o próprio Deus.

A Palavra de Deus chega a Maria não através de um texto bíblico, mas através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na

visita do anjo. Foi graças à ruminação da Palavra de Deus da Bíblia que ela foi capaz de perceber a Palavra viva de Deus na visita do anjo.

COMENTANDO

Lucas 1,26-27: A Palavra faz a sua entrada na vida

Lucas apresenta as pessoas e os lugares: uma virgem chamada Maria, prometida em casa-

mento a um homem, chamado José, da casa de Davi. Nazaré, uma cidadezinha na Galileia. Ga-

lileia era periferia. O centro eram a Judeia e Jurusalém. O anjo Gabriel é o enviado de Deus pa-

ra esta moça virgem que morava na periferia. O nome Gabriel significa Deus é forte. O nome

Maria significa Amada de Javé ou Javé é o meu Senhor. A história da visita de Deus a Maria co-

meça com a expressão "No sexto mês". Trata-se do "sexto mês" de gravidez de Isabel, parenta

de Maria, uma senhora já de idade, precisando de ajuda. A necessidade concreta de Isabel é o

pano de fundo de todo este episódio. Encontra-se no começo (Lc 1,26) e o fim (Lc 1,36.39).

Lucas 1,28-29: A reação de Maria

Foi no Templo que o anjo apareceu a Zacarias. A Maria ele aparece na casa dela. A Palavra de

Deus atinge Maria no ambiente da vida de cada dia. O anjo diz: "Alegra-te! Cheia de Graça! O

Senhor está contigo!" Palavras semelhantes já tinham sido ditas a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias

(Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12), a Rute (Rt 2,4) e a muitos outros. Eles abrem o horizonte para a

missão que estas pessoas do AT deviam realizar a serviço do povo de Deus. Intrigada com a

saudação, Maria procura saber o significado. Ela é realista, usa a cabeça. Quer entender. Não

aceita qualquer aparição ou inspiração.

Lucas 1,30-33: A explicação do anjo

"Não tenha medo, Maria!" Esta é sempre a primeira saudação de Deus ao ser humano: não

ter medo! Em seguida, o anjo recorda as grandes promessas do passado que vão ser realizadas

através do filho que vai nascer de Maria. Este filho deve receber o nome de Jesus. Ele será

chamado Filho do Altíssimo e nele se realizará, finalmente, o Reino de Deus prometido a Davi,

que todos estavam esperando ansiosamente. Esta é a explicação que o anjo dá a Maria para ela

não ficar assustada.

Lucas 1,34: Nova pergunta de Maria

Maria tem consciência da missão importante que está recebendo, mas ela permanece realista.

Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha a sua condição: "Como é que vai ser isto,

se eu não conheço homem algum?" Ela analisa a oferta a partir dos critérios que nós, seres

Padre João Batista Libânio

Frei Carlos Mesters e Irmã Mercedes Lopes

humanos, temos à nossa disposição. Pois, humanamente falando, não era possível que aquela oferta da Palavra de Deus se realizasse na-

quele momento.

Lucas 1,35-37: Nova explicação do anjo

O Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis.

Por isso, o Santo que vai nascer de Maria será chamado Filho de Deus. Quando hoje a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres sem estudo,

algo novo acontece pela força do Espírito Santo! Algo tão novo e tão surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou como um filho

nascer de Isabel, uma senhora já de idade, da qual todo o mundo dizia que ela não podia ter neném! E o anjo acrescenta: "E olhe, Maria!

Isabel, tua prima, já está no sexto mês!"

Lucas 1,38: A entrega de Maria

A resposta do anjo clareia tudo para Maria. Ela se entrega ao que Deus está pedindo: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim se-

gundo a tua Palavra". Maria usa para si o título de serva, empregada do Senhor. O título vem de Isaías, que apresenta a missão do povo

não como um privilégio, mas sim como um serviço aos outros povos. Mais tarde, Jesus, o filho que estava sendo gerado naquele momento,

definirá sua missão como um serviço: "Não vim para ser servido, mas para servir" (Mt 20,28). Aprendeu da mãe!

ALARGANDO

Maria, modelo de comunidade

Lucas não fala muito sobre Maria, mas aquilo que fala tem grande profundidade. Quando fala de Maria, ele pensa nas comunidades.

Apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. É na maneira de ela relacionar-se com a Palavra de Deus que Lucas vê a ma-

neira mais correta para a comunidade relacionar-se com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la

nascer e crescer, deixar-se moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Esta é a visão que está por trás

dos textos dos capítulos 1 e 2 do Evangelho de Lucas, que falam de Maria, a mãe de Jesus. Em: www.cebi.org.br-05/12/2013

REFLEXÕES PARA O 3º DOMINGO DO ADVENTO — 15 DE DEZEMBRO DE 2013

1ª: Is35, 1-6a. 10 – Sl: 145 (146) - 2ª: Tg 5, 7-10 – Ev: Mt 11, 2-11

É a crise de João Batista. Ele, mesmo que já tivesse reconhecido em Jesus o próprio

Cristo! De fato no capítulo 3 vers. 14 do Evangelho de Mateus se lê que João Batista havia dito a Jesus: “Sou eu que devo

ser batizado por ti”, portanto ele tinha reconhecido em Jesus o Messias. No entanto João Batista entra em crise. Em crise

Porque havia anunciado um messias justiceiro, um messias que teria severamente castigado os pecadores.

João Batista havia usado imagens terríveis como ‘a palha lançada ao fogo’, ‘a arvore que não dá fruto e que é cortada’. Pois bem, em Jesus não vai

manifestar-se nada de tudo isso. Jesus, expressão do amor de Deus, oferece o seu amor a todos e todas. Para fazer compreender este amor, Jesus o

comparou ao sol, que brilha para todos, bons e maus, à água que cai sobre todos, merecedores e indignos, porque Deus é Amor e o seu amor não

julga, não condena, mas simplesmente é oferecido a todos.

E João Batista entra em crise. Lemos o evangelho: “João estava na prisão”. Em seguida, no capítulo 14, Mateus nos dirá o porquê: ele havia de-

nunciado o rei Herodes que tinha tomado como esposa a própria cunhada, tirando-a do seu irmão. Por isso estava na prisão! “Quando ouviu falar

das obras do Messias”... Mas estas obras de Cristo não eram as que ele havia anunciado!

Estas obras são bem diferentes, são comunicações de vida. “Enviou a Ele alguns discípulos...”. Aqui aparecem os discípulos de João. Neste evan-

gelho estes discípulos já foram muito críticos em relação a Jesus sobre a questão do jejum, tanto é que se associaram até com os inimigos de Jesus,

os fariseus. “... Para lhe perguntarem”. Aqui esta pergunta tem todo o sabor de um ‘ultimato’, de uma ‘excomunhão’. "És tu aquele que há de vir” –

expressão que indicava o Messias - “ou devemos esperar outro”?

Porque Jesus opera exatamente o contrário de quanto João Batista tinha anunciado! João Batista tinha apresentado Jesus como o novo Moisés

que deveria de novo fazer acontecer as famosas dez pragas para libertar o povo e punir e expulsar os inimigos.

Pois bem neste evangelho, no evangelho de Mateus, no lugar das dez pragas são relatadas dez ações de Jesus, com as quais Ele comunica vida

até mesmos aos inimigos: ressuscita a filha do chefe da sinagoga.

Enquanto nas pragas havia sido morto o filho do Faraó, Jesus ressuscita a filha do chefe da sinagoga. Pois bem Jesus não polemiza e sim apre-

senta fatos. Diz: “voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo”. E aqui Jesus enumera seis ações anunciadas como ações tradicionais

do Messias como encontramos nos capítulos 35 e 61 de Isaias, “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os

surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia”. Isto é o Evangelho.

Está certo, porém tem mais: Jesus, mesmo citando Isaias, o censura. De fato, evita nestas duas citações dos capítulos 35 e 61 os dois versículos

que falam de vingança contra os inimigos, contra os pagãos. Deus é Amor que comunica vida e, portanto não vem para julgar, nem para condenar

ou destruir. E eis aqui a advertência de Jesus: “E bem-aventurado” – isto é plenamente feliz – “aquele que não se escandaliza por causa de mim!”.

O escândalo é o da misericórdia! Um Deus que não recompensa os bons, nem castiga os maus, mas a todos - bons e maus - oferece seu amor: is-

to sim era motivo de escândalo para todos aqueles que estavam acostumados a uma mentalidade religiosa tradicional.

“Os discípulos de João partiram”. A falta de reação dos discípulos indica desaprovação. Jesus elogia João Batista, apesar de que ele o tinha criti-

cado e quase ameaçado! De fato pergunta ao povo à multidão: "O que é que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento”? Este caniço

agitado pelo vento, além de referir-se a uma famosa e conhecida fábula de Esopo: o caniço que é flexível e resiste e a oliveira, árvore forte que é ar-

rancada pela tempestade, tem também uma clara referência a Herodes, porque quando ele construiu sua capital, Tiberíades nas margens do lago da

Galileia, cunhou também moedas (na cultura hebraica não era possível representar formas humanas) com caniços do lago de Tiberíades. O caniço,

portanto o que é? O caniço é a imagem do oportunista, da pessoa que consegue sempre ficar a tona e, para se garantir no poder, está pronta a sujei-

tar-se a qualquer situação.

Eis o sentido da pergunta: “Foram ver um caniço agitado pelo vento”? Não, porque João Batista não chegou a nenhum compromisso, nem pactu-

ou acordos, teve a coragem de denunciar o seu rei. “O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas aqueles que vestem roupas

finas moram em palácios de reis”.

Aqueles que vestem roupas de luxo moram nos palácios dos reis: cortesãos, sempre obsequiosos aos poderosos do momento, os vira-casaca capa-

zes de mudar sempre de ideias e de time desde que possam conservar seu prestígio e seu poder.

“Então, o que é que vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes afirmo que sim: alguém que é mais do que um profeta”. E, citando o livro do Êxodo e

também com uma referência ao profeta Malaquias, Jesus diz: “'Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente”, portanto João Batista é visto como

o mensageiro que preparou o caminho para o seu povo e preparou também a estrada do Messias: “ele vai preparar o teu caminho diante de ti”.

Portanto Jesus, diante da pergunta/ultimato de João Batista: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”, confirma que é Ele mesmo

o que há de vir. E logo aponta João Batista como quem foi o seu ‘abre-caminho’, o seu precursor. E depois, em forma solene, Jesus afirma: “Eu ga-

ranto – Amém - a vocês: de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista”. Elogio maravilhoso: João Batista é o maior de

todos os homens que já nasceram até agora, porém Jesus acrescenta: “No entanto, o menor no Reino do Céu”, isto é: na comunidade que Jesus veio

inaugurar, “é maior do que ele”.

Por que? João Batista é como Moisés. Guiou o povo para a libertação, mas como Moisés não entrou na terra prometida, também João Batista não

conseguiu entrar no reino do céu. Não basta ser o maior de todos os nascidos até agora, é preciso um novo nascimento, que acontece através da es-

colha da conversão e da mudança de vida. É o Nascimento no Espírito. Só assim pode-se entrar no reino de Deus: a nova comunidade, a nova socie-

dade que Jesus veio inaugurar. E João Batista não foi capaz de chegar lá!

Padre Alberto Maggi—OSM

Em: www.http://www.studibiblici.it 05/12/2013

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje retorno ainda com a afirmação “Creio na ressurreição da carne”. Trata-se de uma verdade não simples e longe de ser óbvia,

porque, vivendo imersos neste mundo, não é fácil compreender as realidades futuras. Mas o Evangelho nos ilumina: a nossa ressurrei-

ção está estreitamente ligada à ressurreição de Jesus; o fato de que Ele ressuscitou é a prova de que existe a ressurreição dos mortos.

Gostaria, então, de apresentar alguns aspectos que dizem respeito à relação entre a ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição. Ele

ressuscitou e porque Ele ressuscitou também nós ressuscitaremos.

Antes de tudo, a própria Sagrada Escritura contém um caminho para a fé plena na ressurreição dos mortos. Esta se exprime como

fé em Deus criador de todo o homem – alma e corpo – e como fé em Deus libertador, o Deus fiel à aliança com o seu povo. O profeta

Ezequiel, em uma visão, contempla os sepulcros dos deportados que são re-abertos e os ossos secos voltando a viver graças à infusão

de um espírito vivificante. Esta visão exprime a esperança na futura “ressurreição de Israel”, isso é, no renascimento do povo dizimado

e humilhado. (cfr Ez 37,1-14).

Jesus, no Novo Testamento, cumpre esta revelação, e liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa e diz: “Eu sou a ressurreição e a

vida” (Jo 11, 25). De fato, será Jesus o Senhor que ressuscitará no último dia quantos acreditaram Nele. Jesus veio entre nós, fez-se

homem como nós em tudo, exceto no pecado; deste modo, levou-nos consigo em seu caminho de retorno ao Pai. Ele, o Verbo encarna-

do, morto por nós e ressuscitado, doa aos seus discípulos o Espírito Santo como penhor da plena comunhão no seu Reino glorioso, que

esperamos vigilantes. Esta espera é a fonte e a razão da nossa esperança: uma esperança que, se cultivada e protegida – a nossa espe-

rança, se nós a cultivamos e a protegemos – torna-se luz para iluminar a nossa história pessoal e também a história comunitária. Re-

cordemos isso sempre: somos discípulos d’Aquele que veio, vem todos os dias e virá no final. Se conseguirmos ter mais presente essa

realidade, estaremos menos cansados do cotidiano, menos prisioneiros do efêmero e mais dispostos a caminhar com coração miseri-

cordioso na via da salvação

Um outro aspecto: o que significa ressuscitar? A ressurreição de todos nós virá no último dia, no fim do mundo, por obra da onipo-

tência de Deus, O qual restituirá a vida ao nosso corpo reunindo-o à alma, em força da ressurreição de Jesus. Esta é a explicação fun-

damental: porque Jesus ressuscitou, nós ressuscitaremos; nós temos a esperança na ressurreição porque Ele nos abriu a porta para

esta ressurreição. E esta transformação, esta transfiguração do nosso corpo é preparada nesta vida de relacionamento com Jesus, nos

Sacramentos, especialmente na Eucaristia. Nós, que nesta vida somos alimentados pelo seu Corpo e Sangue, ressuscitaremos como

Ele, com Ele e por meio Dele. Como Jesus ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não retornou a uma vida terrena, assim nós res-

surgiremos com os nossos corpos que serão transfigurados em corpos gloriosos. Mas isto não é uma mentira! Isto é verdade. Nós acre-

ditamos que Jesus ressuscitou, que Jesus está vivo neste momento. Mas vocês acreditam que Jesus está vivo? E se Jesus está vivo,

vocês pensam que nos deixará morrer e não nos ressuscitará? Não! Ele nos espera, e porque Ele ressuscitou, a força da sua ressurrei-

ção ressuscitará todos nós.

Um último elemento: já nesta vida, temos em nós uma participação na Ressurreição de Cristo. Se é verdade que Jesus nos ressusci-

tará no fim dos tempos, é também verdade que, por um certo aspecto, com Ele já ressuscitamos. A vida eterna começa já neste mo-

mento, começa durante toda a vida, que é orientada para aquele momento da ressurreição final. E já ressuscitamos, de fato, mediante

o Batismo, fomos inseridos na morte e ressurreição de Cristo e participamos da vida nova, que é a sua vida. Portanto, à espera do últi-

mo dia, temos em nós mesmos uma semente de ressurreição, aquela antecipação da ressurreição plena que receberemos por herança.

Por isto, o corpo de cada um de nós é ressonância de eternidade, então deve ser sempre respeitado; e, sobretudo; deve ser respeitada e

amada a vida de quantos sofrem, para que sintam a proximidade do Reino de Deus, daquela condição de vida eterna para a qual cami-

nhamos. Este pensamento nos dá esperança: estamos em caminho rumo à ressurreição. Ver Jesus, encontrar Jesus: esta é a nossa

alegria! Estaremos todos juntos – não aqui na praça, mas em outro lugar – mas alegres com Jesus. Este é o nosso destino!

Palavras do Papa Francisco pronunciadas durante a Audiência Geral do dia 04/12/13

Em: www.zenit.org.br/05/12/13

Entre os muitos aplausos recebidos no mundo, a exortação apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco,

recebeu também o "interesse e apreço" do Conselho Ecumênico das Igrejas (WCC, na sigla em inglês), que a qua-

lificou como "um documento desafiador e estimulante".

Conforme relatado pela Rádio Vaticano, o secretário geral do WCC, o pastor norueguês Olav Fykse Tveit, decla-

rou: "A exortação apostólica é mais do que apenas um texto que transmite a mensagem do sínodo sobre a evan-

gelização. Ela aborda a necessidade de renovação da Igreja em todos os níveis, do ponto de vista do chamado a

ser uma igreja em missão, usando um tom aberto e ao mesmo tempo desafiador e estimulante".

O pastor Tveit lembra que o Conselho Ecumênico das Igrejas realizou recentemente a sua X Assembleia, em Bu-

san, na Coreia do Sul, de 30 outubro a 8 novembro, com o lema "Deus da vida, guiai-nos à justiça e à paz". Na reunião, as 345 igrejas-

membro refletiram sobre a necessidade de renovação da Igreja católica e do movimento ecumênico, bem como sobre a missão a partir das

"periferias da sociedade".

Tveit traçou um paralelo entre o caminho tomado pelo WCC após o encontro de Busan e as reflexões do Santo Padre. "O Conselho Ecumê-

nico das Igrejas e a Santa Sé trabalharam em estreita colaboração ao longo das últimas décadas, através do Conselho Pontifício para a Pro-

moção da Unidade dos Cristãos".

O WCC decidiu dar prosseguimento, durante o mês de janeiro, à reflexão e ao estudo da exortação apostólica de Francisco mediante uma

jornada especial dedicada à discussão do documento. O site da entidade, além disso, oferece a todos os membros o link para ler o texto inte-

gral da Evangelii Gaudium em inglês.

m u n d o

Olav Fykse Tveit

Em: www.zenit.org.br/05/12/13

“Olhem para os leigos com confiança” Na manhã da última segunda feira, o Papa Francisco recebeu, em uma visita “ad limina”, os bispos dos Países Baixos numa audi-

ência coletiva - devido aos trabalhos do Pontífice desta semana. Uma visita que se deu à sombra de uma forte polêmica que pesa sobre

e Igreja holandesa. Milhares de leigos, unidos em associações, escreveram ao Papa (e há algum tempo, alguns estudantes católicos já o

haviam escrito) para denunciar “uma Igreja que está à deriva” e para acusar os religiosos de pôr em ação “uma secularização selva-

gem”, denunciando os obstáculos sociais como a causa para não estarem presentes.

Como se pode deduzir a partir das palavras do Pontífice, o texto dos leigos, que protestam também pelo fechamento de 1.300 paró-

quias e a cessão de milhares de Igrejas e de edifícios sagrados, deve ser lido com atenção. Papa Bergoglio reconheceu que os bispos tra-

balham “em circunstâncias recorrentemente árduas, nas quais não é fácil conservar a esperança frente a tais dificuldades que se deve

enfrentar! O exercício colegial de seu ministério episcopal, em comunhão com o Bispo de Roma, é uma necessidade para fazer com que

cresça a esperança, em um diálogo verdadeiro e em uma colaboração efetiva”.

Contudo, após este reconhecimento, o Pontífice fez sua uma das petições dos leigos que assinaram o documento, para que os reli-

giosos abram um diálogo com os leigos para enfrentarem juntos os problemas e as dificuldades: “Fará muito bem para vocês ve-

rem, com confiança, os sinais de vitalidade que se manifestam nas comunidades cristãs de suas dioceses. São sinais da pre-

sença ativa do Senhor em meio a homens e mulheres de seu país, e que esperam autênticos testemunhos da esperança que

nos faz viver, aquela que vem de Cristo”.

A sociedade dos Países Baixos, muito secularizada, experimenta fenômenos

como o vazio espiritual, a angústia e o desânimo frente ao futuro e a falta de senti-

do da vida. O Papa Francisco encorajou os cristãos a contribuírem com sua fé, re-

afirmando a primazia do homem sobre a técnica e as demais realidades. “E esta

primazia do homem pressupõe a abertura à transcendência. Ao contrário, ao supri-

mir a dimensão transcendental, uma cultura se empobrece”. A educação das consci-

ências, neste sentido, é uma das principais prioridades. Como o Papa Francisco

disse aos bispos: “animo-lhes vividamente a unirem seus esforços para responder a

esta necessidade e permitir um melhor anúncio do Evangelho. Neste contexto, o

testemunho e o empenho dos leigos na Igreja e na sociedade têm um papel

importante e deve ser apoiado com força. Todos nós, os batizados, fomos cha-

mados para sermos discípulos-missionários, onde estivermos!”.

E acrescentou, retomando outra queixa contida na carta-manifesto, enviada

de Utrecht (foto) a Roma: “Em sua sociedade, fortemente marcada pela seculariza-

ção, animo-lhes também a estarem presentes no debate público, para tornar visível

a misericórdia de Deus, sua ternura por cada criatura. A Igreja, de fato, deve, sobre-

tudo, despertar, manter a esperança! Por isso é tão importante animar seus fiéis a

acolherem as ocasiões de diálogo, tornando-as lugares em que se decide o futuro;

assim poderão oferecer seu apoio nos debates sobre as grandes questões sociais

relacionadas, por exemplo, com a família, o matrimônio e o fim da vida”.

Francisco dedicou uma última reflexão para a relação dos sacerdotes com o drama dos abusos sexuais. “Como padres, devem en-

contrar o tempo necessário para acolhê-los e escutá-los cada vez que os peçam. E não se esqueçam de ir ao encontro daqueles que não se

aproximam (...). De uma maneira completamente particular, desejo expressar minha compaixão e assegurar minha oração a cada uma

das pessoas vítimas de abusos sexuais, assim como às suas famílias. Peço-lhes que continuem apoiando-as em seu doloroso caminho de

cura, empreendido corajosamente”. Em: www.ihu.unisino.com.br/05/12/13

Eleição ou mera competição? Fre i Betto

O "golpe de mestre” de Marina Silva ao aderir ao PSB de Eduardo Campos comprova o quanto o Brasil necessita, urgente, de

profunda reforma política. As manifestações de rua, em junho, demonstraram que expressiva parcela da população, sobretudo jo-

vens, não confia em partidos políticos. Estes se desgastaram devido à falta de fidelidade a seus princípios estatutários e programáti-

cos.

Mais do que rezam as cartas fundadoras dos partidos, na prática valem a fome de poder, o "toma lá, dá cá”, as alianças e coli-

gações, ainda que espúrias, promíscuas e seladas pelo vil metal da corrupção.

A eleição presidencial de 2014 está fadada a se reduzir a uma competição de "caciques” políticos. Nos bastidores, as coligações partidárias, de olho em

maior tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita, serão armadas à base de promessas na distribuição dos ministérios, caixa dois, loteamento de cargos e

funções.

Ainda que os candidatos proclamem maravilhas aos eleitores, no frigir dos ovos, anuncia-

do o resultado da eleição, terão importância apenas os acordos de bastidores firmados no de-

correr do processo eleitoral.

Como é difícil suscitar esperanças nos jovens, incutir utopia, convencê-los da importância

de não ficarem indiferentes ao processo eleitoral, quando se constata que nenhum candidato

coloca o projeto Brasil acima de seu projeto de poder! As opiniões dos marqueteiros terão

sempre mais importância que as reivindicações dos eleitores.

Desde 1980, quando foi fundado, até 2002, quando Lula se elegeu presidente pela primei-

ra vez, o PT defendeu, como imprescindível ao Brasil, a reforma agrária. Após 10 anos no po-

der, pouco se fez nesse sentido. Ao contrário, os latifúndios se ampliaram, grandes extensões

de terra têm sido apropriadas por estrangeiros, o agronegócio avança sobre a Amazônia e tra-

ta os povos indígenas como estorvo ao progresso.

Enquanto não se convoca uma Constituinte exclusiva para a reforma política, resta ao eleitor manifestar-se nas ruas, demonstrar a sua indignação, organi-

zar a esperança, e fazer de seu voto recurso de aposentadoria compulsória do caciquismo e promoção daqueles candidatos que, comprovadamente, estão dis-

postos a quebrar o ferrenho tabu de que as estruturas brasileiras são intocáveis.

Como alertou Cazuza, muitas de nossas ilusões estão perdidas, nossos sonhos foram vendidos, e de nada vale ficar em cima do muro. Precisamos todos de

uma ideologia que imprima sentido às nossas vidas e à nossa política.

Caso contrário, seremos todos ludibriados pelo neoliberalismo, que busca fazer de todos nós consumistas, e não cidadãos; pelo fundamentalismo religioso,

que insiste em negar a laicidade do Estado; pelos partidos que, como descreveu Lampedusa, pregam mudanças para que tudo permaneça como está.

Em: www.adital.com.br/05/12/13

Há negacionistas da Shoah (eliminação de milhões de judeus nos campos nazistas de extermínio) e há negacionistas das mudan-

ças climáticas da Terra.

Os primeiros recebem o desdém de toda a humanidade. Os segundos, que até há pouco sorriam cinicamente, agora veem dia a

dia suas convicções sendo refutadas pelos fatos inegáveis. Só se mantém coagindo cientistas para não dizerem tudo o que sabem

como foi denunciado por diferentes e sérios meios alternativos de comunicação. É a razão ensandecida que busca a acumulação de

riqueza sem qualquer outra consideração.

Em tempos recentes temos conhecido eventos extremos da maior gravidade: Katrina e Sandy nos USA, tufões terríveis no Paquis-

tão e em Bangladesh, o tsunami no Sudeste da Ásia e o tufão no Japão que perigosamente danificou as usinas nucleares em Fukus-

hima e ultimamente o avassalador tufão Haiyan nas Filipinas com milhares de vítimas.

Sabe-se hoje que a temperatura do Pací-

fico tropical, de onde nascem os principais

tufões, ficava normalmente abaixo de

19,2ºC. As águas marítimas foram aquecen-

do a ponto de a partir de 1976 ficarem por

volta de 25ºC e a partir de 1997/1998 al-

cançaram 30ºC. Tal fato produz grande eva-

poração de água. Os eventos extremos ocor-

rem a partir de 26ºC. Com o aquecimento,

os tufões estão acontecendo com cada vez

mais frequência e maior velocidade. Em

1951 eram de 240 km/h; em 1960-1980 su-

biram para 275 km/h; em 2006 chegaram a

306 km/h e em 2013 aos terrificantes 380

km/h.

Nos últimos meses quatro relatórios ofi-

ciais de organismos ligados a ONU lançaram

veemente alerta sobre as graves consequên-

cias do crescente aquecimento global. Com

90% de certeza é comprovadamente provo-

cado pela atividade irresponsável dos seres

humanos e dos países industrializados.

Em setembro, o IPPC que articula mais

de mil cientistas o confirmou; o mesmo o fez o Programa do Meio Ambiente da ONU (PNUMA); em seguida o Relatório Internacional

do Estado dos Oceanos denunciando o aumento da acidez que por isso absorve menos C02; finalmente em 13 de novembro em Ge-

nebra a Organização Meteorológica Mundial. Todos são unânimes em afirmar que não estamos indo ao encontro do aquecimento

global: já estamos dentro dele. Se nos inícios da revolução industrial o CO2 era de 280 ppm (parte de um milhão), em 1990 elevou-

se a 350 ppm e hoje chegou a 450 ppm. Neste ano noticiou-se que em algumas partes do planeta já se rompeu a barreira dos 2ºC o

que pode acarretar danos irreversíveis para os seres vivos.

Poucas semanas atrás, a Secretária Executiva da Convenção do Clima da ONU, Christina Figueres, em plena entrevista coletiva,

desatou em choro incontido por denunciar que os países quase nada fazem para a adaptação e a mitigação do aquecimento global.

Yeb Sano das Filipinas, na 19ª Convenção do Clima em Varsóvia ocorrida entre 11-22 de novembro, chorou diante de representantes

de 190 países contando o horror do tufão que dizimou seu país, atingindo sua própria família. A maioria não pode conter as lágri-

mas. Mas para muitos eram lágrimas de crocodilo. Os representantes já trazem no bolso as instruções previamente tomadas por

seus governos e os grandes dificultam por muitos modos qualquer consenso. Lá estão também os donos do poder no mundo, donos

das minas de carvão, muitos acionistas de petrolíferas ou de siderurgias movidas a carvão, as montadoras e outros. Todos querem

que as coisas continuem como estão. É o que de pior nos pode acontecer, porque então o caminho para o abismo se torna mais dire-

to e fatal. Por falta de consenso entre os representantes dos povos, desprezando os dados científicos, se entende que as centenas

ONGs presentes na 19.Convenção sobre o clima em Varsóvia abandonaram as discussões e em protesto foram embora.

Por que essa irracional resistência às mudanças que nos podem salvar?

Respondendo, vamos diretos à questão central: esse caos ecológico é tributado ao nosso modo de produção que devasta a natu-

reza e alimenta a cultura do consumismo ilimitado. Ou mudamos nosso paradigma de relação para com a Terra e para com os bens

e serviços naturais ou vamos irrefreavelmente ao encontro do pior. O paradigma vigente se rege por esta lógica: quanto posso ganhar

com o menor investimento possível, no mais curto lapso de tempo, com inovação tecnológica e com maior potência competitiva? A

produção é para o puro e simples consumo que gera a acumulação, este, o objetivo principal. A devastação da natureza e o empobre-

cimento dos ecossistemas aí implicados são meras externalidades (não entram na contabilidade empresarial). Como a economia neo-

liberal se rege estritamente pela competição e não pela cooperação, se estabelece uma guerra de mercados, de todos contra todos.

Quem paga a conta são os seres humanos (injustiça social) e a natureza (injustiça ecológica).

Ocorre que a Terra não aguenta mais este tipo de guerra total contra ela. Ela precisa de um ano e meio para repor o que lhe ar-

rancamos durante um ano. O aquecimento global é a febre que denuncia estar doente e gravemente doente.

Ou começamos a nos sentir parte da natureza e então a respeitamos como a nós mesmos, ou passamos do paradigma da con-

quista e da dominação para aquele do cuidado e da convivência e produzimos respeitando os ritmos naturais e dentro dos limites de

cada ecossistema ou então preparemo-nos para as amargas lições que a Mãe Terra no dará. E não é excluída a possibilidade de que

ela já não nos queira mais sobre sua face e se liberte de nós como nos libertamos de uma célula cancerígena. Ela continuará, cober-

ta de cadáveres, mas sem nós. Que Deus não permita semelhante e trágico destino.

A R T I C U L A N D O

Leonardo Boff

Em: www.adital.com.br/05/12/13

CURSO DE VERÃO

é um programa de FORMAÇÃOPOPULAR no campo sócio-político-cultural, a

partir da realidade e seus desafios, à luz da Bíblia, Teologia, Pastoral e do

empenho transformador da sociedade. É um ESPAÇO ECUMÊNICO E INTER-

RELIGIOSO de convivência, partilha de vida, troca de experiências, celebra-

ção e compromisso. Acolhe participantes, em especial JOVENS, empenha-

dos na busca da compreensão e respeito entre homens e mulheres de toda a

família humana, no esforço para transformar as pessoas e a sociedade na

linha da justiça, solidariedade e salvaguarda do meio ambiente.

JUVENTUDES EM FOCO:

por políticas públicas inclusivas na educação,

trabalho e cultura

é o tema do Curso de Verão de 2014. Juventudes, no plural, enfatiza a diversidade do fenômeno juvenil do ponto de vista das classes sociais, do contraste entre o urbano e o rural, entre a periferia e as áreas urbanizadas nas cidades. Gênero, cor, raça, etnia, inclusão ou exclusão digital, qualidade do ensino,

acesso a equipamentos culturais e de lazer e ao mercado de trabalho compõem o leque das múltiplas de-sigualdades que afetam os jovens. O curso oferece um espaço de diálogo, aprofundamento e compromis-

so em torno a temas que mais preocupam a juventude: da violência ao extermínio de jovens negros; da disseminação das drogas ao desemprego juvenil; da baixa qualidade do ensino à desagregação familiar; da perda de sentido à crise ecológica. O curso refletira sobre os caminhos para se remover os obstáculos

para o protagonismo juvenil na sociedade, nas igrejas e no estabelecimento de políticas públicas trans-

formadoras.

Para Maiores informações acesse o site: www.ceseep.org.br

PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS

AGENTES DE PASTORAL

As reuniões entre os padres, religiosos, religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas sempre na última Sexta-

Feira dos meses pares. A próxima será realizada no dia

21 de Fevereiro de 2014

As reuniões serão realizadas sempre às 9h30 no CIFA

Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Itaquera - Rua Flores do Piauí, 182 - Centro de Itaquera

COORDENAÇÃO AMPLIADA

Os membros da Coordenação Ampliada do IPDM realizarão suas reuniões bimestrais sempre nas 3ªs Terças-Feiras dos

meses impares. A próxima será realizada no dia

18 de Março de 2014

As reuniões são realizadas sempre às 20h00 na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Guilhermina

Praça Porto Ferreira, 48 - Próximo ao Metro Guilhermina - Esperança

REUNIÕES - 2014

O evento acontecerá na próxima Segunda-Feira (09),

às 20h, no Sindicato dos Bancários de São Paulo,

Osasco e região. A cerimônia será apresentada pela

cantora Negra Li e premiará todos os filmes brasilei-

ros que integraram o circuito de exibição alternativo

do Cine B em 2012 e 2013, além de comunidades e

entidades que participaram do projeto.

O Prêmio CINEB é uma realização do Sindicato dos

Bancários de São Paulo, Osasco e região com apoio

Brazucah Produções.