ano 12, edição nº 24, maio/2013 -...

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Estamos nos aproximando da data para a realização da XII Jornada de Psi- canálise de Aracaju e XI Encontro de Psicanálise da Criança e do Adolescen- te a serem realizados no Quality Hotel, com o tema “Vários Tons da Paixão e do Medo”. Este número é dedicado ao evento e contém o folder com a pro- gramação a ser desenvolvida durante o mesmo. No verbete “paixão” do dicionário Aurélio, lemos: 1-Senmento ou emo- ção levados a um alto grau de inten- sidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão. 2-Amor ardente. 3-Entusiasmo muito vivo. 4-Avidade, hábito ou ví- cio dominador. 5-O objeto da paixão (2 a 4). 6-Desgosto, mágoa. Podemos observar que na primeira definição de paixão, Aurélio descreve-a como Freud, em seu trabalho “O ego e o Id”,ou seja, “[...]O id contém as paixões.”É meta da Psicanálise torná-las conscientes e pos- sibilitar ao indivíduo tomar posse delas. Em relação ao “medo”, Aurélio defi- ne como: 1-Senmento de viva inquie- tação ante a noção de perigo real ou imaginário de ameaça; pavor, temor. O medo, nestas definições, está relacio- nado à realidade e à imaginação como também, em algumas situações, a uma certa dimensão incontrolável. Escolhemos a temáca pretenden- do abordar as diversas mazes com que tais emoções podem se apresentar no ser humano, tendo em vista que vi- vemos numa época marcada pelo ime- diasmo e constante mudança de refe- renciais, surgindo novos desafios a nós como psicanalistas, pois cada vez mais recebemos pacientes com intensas fragilidades psíquicas devido a falhas na capacidade de simbolização. Desta forma, torna-se necessário desenvol- vermos junto ao analisando, gradava- mente, a capacidade para acolher den- tro de si o que ainda não teve espaço dentro do psiquismo. Nosso Bolem traz a mensagem da presidente do NPA, Dra Stela Santana, que faz o convite para a nossa Jornada e destaca o apoio da Federação Brasileira de Psicanálise na realização do evento. Fomos brindados com um texto de Marisilda Nascimento, apresentado na interface “Psicanálise e literatura” em que ela escolheu a crônica “Se eu fosse eu”, da escritora Clarice Lispector. Ela diz que ler a referida escritora “é penetrar num mundo entre a palavra e o silêncio, entre o que se diz e o que está implí- cito.” Assinala que um dos benecios de uma análise “passa pela capacidade que o analisando acaba desenvolvendo de se perguntar, de querer compreen- der seu modo de funcionar frente às di- ficuldades, suas reações afevas, suas defesas.” Aproveita a crônica de Clarice para fazer relações com os conceitos de verdadeiro e falso self, desenvolvidos por Winnico. Temos um argo de João Corumba, escrito de forma insgante e poéca, intulado “Tempos Atuais” no qual destaca que “nossa atualidade está sendo constuída por relações que são movidas pela fluidez, ou seja, relações frouxas e desintegradas da realida- de comparlhada, citando Bauman”. E ainda aborda: “talvez o que falte na atualidade é acreditar na importância do sonhar, do acordar e na preciosida- de do fato de que ‘é preciso transver o mundo’, parafraseando o poeta Manoel de Barros.” O bolem de Nocias traz a escrita de Stela Santana e Petruska Menezes nas homenagens a Sara Erlich e a Bey Joseph, eminentes mestras da psicaná- lise. E, ainda, o Calendário de Eventos. Boa leitura! Sejam bem-vindos à nossa XII Jornada de Psicanálise de Ara- caju! *Diretora Científica do NPA/Membro Asso- ciado da SPRPE Ano 12, Edição Nº 24, Maio/2013

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Estamos nos aproximando da data para a realização da XII Jornada de Psi-canálise de Aracaju e XI Encontro de Psicanálise da Criança e do Adolescen-te a serem realizados no Quality Hotel, com o tema “Vários Tons da Paixão e do Medo”. Este número é dedicado ao evento e contém o folder com a pro-gramação a ser desenvolvida durante o mesmo.

No verbete “paixão” do dicionário Aurélio, lemos: 1-Senti mento ou emo-ção levados a um alto grau de inten-sidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão. 2-Amor ardente. 3-Entusiasmo muito vivo. 4-Ati vidade, hábito ou ví-cio dominador. 5-O objeto da paixão (2 a 4). 6-Desgosto, mágoa. Podemos observar que na primeira defi nição de paixão, Aurélio descreve-a como Freud, em seu trabalho “O ego e o Id”,ou seja, “[...]O id contém as paixões.”É meta da Psicanálise torná-las conscientes e pos-sibilitar ao indivíduo tomar posse delas.

Em relação ao “medo”, Aurélio defi -ne como: 1-Senti mento de viva inquie-tação ante a noção de perigo real ou imaginário de ameaça; pavor, temor. O medo, nestas defi nições, está relacio-nado à realidade e à imaginação como também, em algumas situações, a uma certa dimensão incontrolável.

Escolhemos a temáti ca pretenden-do abordar as diversas mati zes com que tais emoções podem se apresentar no ser humano, tendo em vista que vi-vemos numa época marcada pelo ime-diati smo e constante mudança de refe-renciais, surgindo novos desafi os a nós como psicanalistas, pois cada vez mais recebemos pacientes com intensas fragilidades psíquicas devido a falhas na capacidade de simbolização. Desta forma, torna-se necessário desenvol-vermos junto ao analisando, gradati va-mente, a capacidade para acolher den-tro de si o que ainda não teve espaço dentro do psiquismo.

Nosso Boleti m traz a mensagem da presidente do NPA, Dra Stela Santana, que faz o convite para a nossa Jornada e destaca o apoio da Federação Brasileira de Psicanálise na realização do evento.

Fomos brindados com um texto de Marisilda Nascimento, apresentado na interface “Psicanálise e literatura” em que ela escolheu a crônica “Se eu fosse eu”, da escritora Clarice Lispector. Ela diz que ler a referida escritora “é penetrar num mundo entre a palavra e o silêncio, entre o que se diz e o que está implí-cito.” Assinala que um dos benefí cios de uma análise “passa pela capacidade que o analisando acaba desenvolvendo

de se perguntar, de querer compreen-der seu modo de funcionar frente às di-fi culdades, suas reações afeti vas, suas defesas.” Aproveita a crônica de Clarice para fazer relações com os conceitos de verdadeiro e falso self, desenvolvidos por Winnicott .

Temos um arti go de João Corumba, escrito de forma insti gante e poéti ca, inti tulado “Tempos Atuais” no qual destaca que “nossa atualidade está sendo consti tuída por relações que são movidas pela fl uidez, ou seja, relações frouxas e desintegradas da realida-de comparti lhada, citando Bauman”. E ainda aborda: “talvez o que falte na atualidade é acreditar na importância do sonhar, do acordar e na preciosida-de do fato de que ‘é preciso transver o mundo’, parafraseando o poeta Manoel de Barros.”

O boleti m de Notí cias traz a escrita de Stela Santana e Petruska Menezes nas homenagens a Sara Erlich e a Bett y Joseph, eminentes mestras da psicaná-lise. E, ainda, o Calendário de Eventos.

Boa leitura! Sejam bem-vindos à nossa XII Jornada de Psicanálise de Ara-caju!

*Diretora Científi ca do NPA/Membro Asso-ciado da SPRPE

Ano 12, Edição Nº 24, Maio/2013

Caros amigos,É com grande honra que realizaremos a XII Jornada

de Psicanálise de Aracaju e XI Encontro de Psicanálise da Criança e do Adolescente. Graças ao inestimável apoio da Federação Brasileira de Psicanálise, estamos reunindo aqui, em Aracaju, psicanalistas renomados de diversas federadas: Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul, Sociedade Brasileira de Psicaná-lise de São Paulo, Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, Sociedade de Psicanálise de Brasília, Associação Psicanalítica do Estado do Rio de Janeiro, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e Sociedade Psicanalítica de Recife.

A programação científica foi criteriosamente ela-borada a partir das sugestões de todos. O tema “Vá-rios tons da paixão e do medo”nos leva a muitas reflexões, indagações e descobertas. A experiência emocional destes afetos entre os humanos é perene e conhecida de todos nós.Qual o lugar dado a estas emoções na compreensão dos fenômenos psíquicos? Parece-nos evidente a relação entre paixão e pulsão de vida, mas e a outra associação: paixão e pulsão de morte? Qual o lugar do medo na “modernidade líqui-da”? Medo de não ser amado? De não ser acolhido, de não ser reconhecido?

Venham trazer suas contribuições participando ativamente dos debates! Cuidamos com dedicação de todos os detalhes para recebê-los de forma aco-lhedora. Aracaju é uma cidade bonita, tranqüila e

hospitaleira; tem uma vasta gama de atrações e uma rica culinária. Aqui tem sol e calor o ano inteiro. Ve-nham curtir a beleza de nossas praias de águas mor-nas e excelente infra-estrutura. As águas do Rio São Francisco banham a região e conduzem por um dos mais belos tours do estado passando por cânions e grutas, com paradas para banhos.

O Centro Histórico da capital abriga dezenas de casarões antigos. Alguns foram transformados em museus e espaços culturais, além de mercados com rico artesanato e delicias de nossa culinária.

Vale a pena conhecer as cidades históricas São Cristovão e Laranjeiras, que ficam muito próximas. São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do país e foi a primeira capital do estado. As igrejas e os mu-seus datam do período colonial; são lindos e bem restaurados. A praça principal é patrimônio histórico, tombada pela UNESCO.

É tempo de forró no nordeste. No dia 31 de maio são abertos oficialmente os festejos juninos. Você vai ter oportunidade de conhecer um dos mais famosos da região.

E o melhor: reencontrar velhos amigos e conhecer novos!

Aguardamos vocês. Sejam todos bem vindos!

*Membro Titular e Analista Didata da Sociedade Psica-nalítica do Recife.

PresidenteMaria Stela Menezes Santana

Diretora CientíficaVanda Maria de Carvalho Pimenta

Diretora Administrativa e FinanceiraSheila Elizabeth Oliveira Bastos

Coordenador de Formação Psicanalítica Adalberto Antônio Goulart

DIRETORIA NPA GESTÃO 2012 - 2014

Mensagem da Presidente

Maria Stela Menezes Santana *

Informações e Inscrições:NPA. Av. Anísio Azevedo, 675 / Sala 1103 - Bairro Salgado Filho. Aracaju/SE. - CEP.: 49020-240 - Telefax: (79) 3246-5729 E-mail: [email protected]

Escolhi para essa interface “Psi-canálise e literatura” uma crônica da escritora Clarice Lispector, publicada em novembro de 1968, no Jornal do Brasil – “Se eu fosse eu”, que faz par-te da coletânea de crônicas do livro “Clarice Lispector – Aprendendo a vi-ver”, da Ed. Rocco.

Inicialmente eu gostaria de fazer um brevíssimo resumo biográfico da escritora.

Clarice nasce em 10 de dezem-bro de 1920, na Ucrânia, e morre no dia 09 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro. Dois anos após seu nascimento a família muda-se para o Brasil. Desde criança interessa-se pela escrita, mas diferentemente de outras crianças, suas histórias não tinham enredo e fatos – apenas sen-sações!

Em 1940 começa a publicar seus contos em jornais e revistas. Inicia o trabalho como redatora e repórter da Agência Nacional, tendo nesse momento iniciado sua carreira de jornalista. Em 1942 escreve seu pri-meiro romance “Perto do Coração Selvagem”, que causa muito impacto e admiração, e com ele Clarice ganha vários prêmios. Termina a faculdade, casa-se e acompanha o marido diplo-mata em vários postos no exterior. Mesmo vindo ao Brasil esporadica-mente, continua escrevendo contos, publicando, correspondendo-se com vários escritores amigos. Em 1959 separa-se e retorna ao Brasil com os dois filhos. Passa por momentos di-fíceis, inclusive financeiros, o que a leva a deprimir-se. Em 1967 começa a publicar crônicas, semanalmente, no Jornal do Brasil, trabalho este que mantém por 6 anos. É desse período a crônica que escolhi - “Se eu fosse eu”. Clarice escreve para o jornal de maneira livre, informal, tratando de

temas do cotidiano, mas sem perder a densidade e a elegância de sua es-crita.

Clarice é uma escritora profunda e como escreve para o jornal o faz a sua maneira. Sem fazer uma coluna opinativa ou o modelo tradicional de crônicas, ela alternava textos confes-sionais, com divagações filosóficas, falando muito da mulher Clarice, humana, o que conferiu uma dimen-são pessoal e única aos seus escritos, abrindo caminho para uma série de colunistas. Suas crônicas descorti-nam seu íntimo e por isso são extre-manente interessantes para o pensar sob o viés psicanalítico. Como escre-via com arte, mesmo hoje, o leitor se identifica, compartilha e compreen-de muito do que ela escreveu.

Quando li “Se eu fosse eu”, per-cebi que estava diante de uma es-crita que rapidamente evocava, em mim, uma compreensão analítica. Lembrei-me de textos teóricos, de pacientes e de momentos meus tam-bém.

Parecia estar lendo não uma crô-nica, mas uma vinheta de sessão. Portanto, ao pensar nesta interface “Psicanálise e Literatura” foi com fa-cilidade que escolhi esse texto para refletir. A quem diga que “se eu fosse eu” não é uma crônica, nem conto, nem poesia, nem prosa; é puro frag-mento de vida! Ler Clarice Lispector é penetrar num mundo entre a pa-lavra e o silêncio, entre o que se diz e o que está implícito. “Se eu fosse eu” é uma obra introspectiva; possui caráter psicológico: a autora usa o fato externo, reflete sobre si mesma e toma consciência do seu próprio eu. Com isso ela sonda o interior do ser humano para revelar suas dúvi-das e inquietações. Sua linguagem é simples, objetiva, atinge o leitor

e o induz também a se questionar e penetrar no labirinto de sua pró-pria subjetividade, refletindo sobre sua verdadeira identidade. O texto na 1ª pessoa torna-o pessoal, vivo e natural. Mesmo após a sua morte, a obra de Clarice Lispector continua sendo uma experiência que provoca fascínios, perplexidade e até mal-es-tar para alguns. Seus textos revelam uma mulher inquieta e turbulenta, inadaptável às expectativas sociais e desmascarando, sob o verniz do coti-diano, um mundo de desejos e fanta-sias inconfessáveis.

O início do texto é um questiona-mento. O questionar-se implica um arriscar-se, uma tentativa de apro-fundamento, de expansão. Consi-dero que um dos benefícios de uma análise passa pela capacidade que o analisando acaba desenvolvendo de se perguntar, de querer compreen-der seu modo de funcionar frente às dificuldades, suas reações afetivas, suas defesas. O questionamento gera um espaço na mente para nos apro-ximarmos de nós mesmos, então podemos pensar, fazendo conexões com o nosso sentir e assim nomear o que nos acontece.

“Se você fosse você como seria e o que faria?” Penso que esse tex-to relaciona-se com os conceitos de verdadeiro e falso self do psicanalista inglês D. W. Winnicott.

Acho conveniente falar sobre ego e self. O ego é uma estrutura que se diferencia do ID e se forma a partir do contato com a realidade exter-na. É a instância responsável pela mediação do ID com a realidade, ou seja é o aparelho de regulação e da adaptação à realidade. É a sede dos mecanismos de defesa, e tem ação inibidora dos impulsos provenientes do Id sentidos como ameaçadores. É

Marisilda Nascimento*

Psicanálise e Literatura

também o reservatório da libido que vai ser enviada aos objetos. O Self, muitas vezes, é usado como sinônimo de Ego, nas prefiro destacar aqui a idéia de self de Winnicott. Para ele, o self, que não é o ego, é a pessoa que é “eu”, que é apenas eu, que possui uma totalidade baseada no funciona-mento do processo de maturação.

E para que o self verdadeiro possa se apresentar é preciso que, desde o início do nascimento, a criança sinta que é aceita pela mãe. No começo, a normalidade para a criança deve ser a sua própria forma e função somá-tica. Tal como começa assim tem de ser aceito e assim tem de ser amado. É uma questão de ser amado sem sanções. Portanto o self verdadei-ro estará relacionado a ser amado no início, que implica em ser aceito. É verdadeiramente no início que a criança precisa ser aceita como tal e beneficiar-se de uma aceitação desse tipo, incondicional.

Quando essa aceitação não acon-tece ou é perturbada pelos desejos, projeções e frustrações da mãe, um falso self pode vir a se formar. O fal-so self é uma organização defensiva onde o self verdadeiro aprisionado é incapaz de funcionar e, por ser pro-tegido, sua oportunidade de experi-ência viva é limitada. A vida é vivida através do self falso, complacente, e o resultado disso, clinicamente, é um senso de irrealidade. O falso self pode surgir em graus variáveis, desde um extremo onde o self verdadeiro fica oculto e o falso self se implanta como real, tendo como conseqüência que nas situações em que se espera uma pessoa integral (nos relaciona-mentos amorosos, amizades) de mui-ta convivência, o falso self começa a falhar. Por outro lado, temos também um grau de falso self mais próximo da normalidade, no qual o interesse principal é a procura de condições que torna possível ao self verdadeiro emergir.

Penso que é este falso self, nas condições de normalidade, que tem relação com o que o texto de Clarice nos fala. O texto expõe um não ser

no cotidiano e nas relações sociais. Na normalidade, o falso self é repre-sentado pela atitude social polida e amável, como se para conviver social-mente o self verdadeiro nunca pode ser atingido ou mantido como tal iso-ladamente. Portanto, na etiologia do falso self as primeiras relações obje-tais são extremamente importantes. No início o bebê está não integrado na maior parte do tempo, e a coesão dos vários elementos sensório- mo-tores implica na mãe conter e acolher esse momento.

Periodicamente um gesto do bebê expressa um impulso espontâneo, a fonte do gesto é o self verdadeiro, in-dicando assim a existência de um self verdadeiro em potencial; a esponta-neidade e o impulso real só podem porvir do self verdadeiro. Se a mãe acolhe, aceita e tolera, ela vai permi-tir que um self verdadeiro possa se expressar. Enquanto o self verdadeiro é sentido como real, a existência do falso self resulta em uma sensação de irrealidade e num sentimento de futilidade.

Se a mãe suficientemente boa se adapta às necessidades vividas pelo bebê, ela permite que o self verda-deiro se torne uma realidade viva. No entanto à medida que vai se desen-volvendo, o bebê vai se adaptando ao ambiente. Uma certa submissão acontece no self verdadeiro ao viver normal, uma habilidade de, em al-gumas circunstâncias, se submeter e não se expor. A habilidade de con-ciliação é uma conquista, algo que é adaptável. No entanto quando a con-ciliação deixa de ser aceitável, quan-do envolve questões cruciais, nesses casos o self verdadeiro é capaz de se sobrepor ao self conciliador, que é o que observamos, com frequência, na adolescência.

Como conciliar o ser verdadeiro com esse self conciliador?

Penso, como Wionnicott, que a normalidade está inteiramente ligada à capacidade de o indivíduo viver em uma área que é intermediária, entre sonho e a realidade, uma área de vida cultural, que permite sonho, símbolo

e criatividade.Apesar de ficar angustiada com o

“se eu fosse eu”, os escritores talen-tosos possuem a capacidade de usar o espaço transicional, de criatividade e sonho, de que falamos anterior-mente, e, portanto suas obras são produções de self verdadeiro, que permite contrabalançar as exigências do viver em sociedade em termos de adaptação.

O gesto espontâneo, como a obra de arte, é único. Ele personaliza, dife-rencia e identifica e por isso mesmo pode gerar ambivalência, rejeição e distanciamento. Na análise há uma nova oportunidade para o analisando se sentir real, verdadeiro, acolhido em sua singularidade, sem julgamen-tos, sem correções pedagógicas, mas aceito. Com isso o indivíduo pode al-cançar integração, autodescoberta e socialização, possibilitando um viver de sentir e de realização.

Penso que esse evento “Psicanáli-se e Literatura” está em consonância com o futuro teórico e clínico da psi-canálise. Concordo com o pensamen-to do psicanalista Roberto Graña, que nos fala do uso útil dos diálogos possíveis entre psicanálise, filosofia e teoria literária, para com essa inter-discursividade ampliar e redescrever a psicanálise, garantindo sua dinami-cidade e sobrevivência.

Bibliografia

DOLTO, F; NASIO, J. D. – A Criança do Espelho, Jorge Zahar Editora, Rio de Janeiro, 2008.

GRAÑA, R. B. – Lacan com Winni-cott – Espelhamento e Subjetivação, Ed. Casa do Psicólogo, São Paulo, 2011.

LISPECTOR, C. – Aprendendo a Vi-ver, Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 2004.

WINNICOTT, D. W. – O Ambiente e os Processos de Maturação, Ed. Art-med, Porto Alegre, 1983.

Em tempos de “modernidade líquida” como sugere o so-ciólogo Zygmunt Bauman, o homem começa a sentir uma espécie de fragmentação das relações humanas, tendendo a visualizar cada vez mais com clareza e sentir a tão exclamada ideia de Sigmund Freud quanto ao mal-estar na civilização. Atualmente o vazio parece ter tomado conta de uma vez dos seres contemporâneos, e o que parece restar é apenas o fato de se inserir na velocidade em que anda o mundo com todo o processo de globalização e consumismo, no qual o “ter” ganha uma fundamentação mais abrangente de credibilida-de do que o “ser”, e é justamente aí onde se encontra a co-notação mais propícia para a nossa atualidade em que está sendo constituída por relações que são movidas pela fluidez (ou liquidez), ou seja, relações frouxas e desintegradas da re-alidade compartilhada (BAUMAN, 2001).

O processo de liquefação dito por Bauman (2001) ganha um destaque maior na atualidade, e o esvaziamento dos sen-tidos de vida se mostra sempre mais presente e de maneira veloz. O ser contemporâneo, cada vez mais distante da pos-sibilidade de questionar o mundo à sua volta e de senti-lo, se restringe aos aspectos da vida que culminam num conjunto de ações que fogem ao controle, fazendo-os ficar fora de si mesmos numa perspectiva negativa, pois “o ritmo acelera-do de mudanças imprimiu à modernidade uma característica bem peculiar. É uma época envolta e dominada por crises” ( BRITO; BARP, 2008 p.23).

A atualidade é marcada por atos que fazem das relações humanas descartáveis (BAUMAN, 2001) e, sendo assim, o homem é movido pelo sofrimento do desapego (uma das paixões modernas) por não ver sentido na vida devido à pre-sença do medo frente ao desamparo que tanto atormenta a humanidade e a desilusão constante quanto às relações humanas. A tolerância à frustração cada vez diminui, e o dis-tanciamento dos indivíduos entre si traz com esse mal-estar algumas das saídas frequentes como o isolamento e a alte-ração dos sentidos por intoxicação, por exemplo, no caso do uso das drogas, em que são questões bastante recorrentes na época atual como modelos de paixão e medo (FREUD, 2011).

A busca por uma finalidade humana é uma das maiores paixões dos homens, no que se pode entender por um sen-timento fixo, sofrido, arrebatador. Tal finalidade seria a fe-licidade, e que esta uma vez alcançada “deve ser mantida”, como se assim fosse possível, além do fato de que devemos questionar diante dos indivíduos da atual época o que signi-ficaria ser feliz hoje em dia (FREUD,2011).Nessa busca pela “felicidade” surge o medo de não conquistá-la, uma vez que para tanto é sempre compreendido o esforço por duas ver-tentes, uma positiva e outra negativa que seriam: “a ausên-cia de uma dor e desprazer e, por outro lado, a vivência de fortes prazeres”(FREUD, 2011, p.19), uma verdadeira luta

constante que amedronta.

“O que eu sinto eu não ajo.O que ajo não penso.O que penso não sinto.Do que sei sou ignorante.Do que sinto não ignoro.Não me entendo e ajo como se entendesse.” Clarice Lis-

pector

Quanto aos aspectos da paixão, por exemplo, Clarice am-plia o significado, além de parecer estar a todo tempo movida por essa emoção em seus escritos, afinal a poesia tem esse poder de revelar nossas paixões, medos, a agonia da alma e a beleza humana em todos os ângulos. Tal obra poética da Clarice nos chama atenção ao fato de que devemos manter sempre contato com a nossa própria realidade, ou seja, a re-alidade interna, psíquica, para que assim possamos dialogar com o mundo externo de uma maneira mais harmoniosa e com o medo necessário, aquele inevitável para garantir nos-sa sobrevivência, e não o medo que é medo de viver e sentir.

O ser contemporâneo bem que poderia aprender com os poetas que por vias sublimatórias se embriagam de encanta-mentos, e sem medo de se encontrar mergulham profundo e sonham. Talvez o que falte na atualidade é acreditar na im-portância do sonhar, do acordar e na preciosidade do fato de que “é preciso transver o mundo” como diz o poeta Manoel de Barros, para que assim o medo não exista diante da vida que se faz como falta de sentido e que as paixões nossas de cada dia não sejam sinônimos de fuga da vitalidade, perse-guição de uma dor, fanatismo, mas que sejam um sonho ca-paz de ser sonhado e despertado para a criação movida pelo amor.

Referências BibliográficasModernidade Líquida/ Zygmunt Bauman; tradução, Plí-

nio Dentzien.- Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

BRITO, Daniel Chaves de e BARP, Wilson José. Am-bivalência e medo: faces dos riscos na modernidade. Sociologias [online]. 2008, n.20, pp. 20-47. ISSN 1517-4522. Acesso em 29 de abril de 2013, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-d=S1517-45222008000200003&lng=pt&nrm=iso

O Mal-estar na Civilização/ Sigmund Freud; tradução Paulo César de Souza,- São Paulo: Penguin Classics & Compa-nhia das Letras, 2011.

João Corumba*

*Graduando em Psicologia

Tempos Atuais

Estava saindo do consultório quando ouço o sinal de ligação não atendida. Ve-rifico que se trata de um chamado de uma amiga e colega de formação, Tereza Gui-marães. Depois de algumas tentativas de comunicação, finalmente, conseguimos nos falar. Tereza me deu a triste notícia do falecimento de Sara Riwka em oito de março de dois mil e treze.Médica, Psiquiatra, Psicanalista, Membro

Efetivo e Analista Didata da Sociedade Psicanalítica de Recife, Sara deu importantes contribuições na formação de analistas SPR, analisando e supervisionando candidatos, ministrando cur-sos, seminários, orientando e avaliando trabalhos e coordenan-do grupos de estudos.

Estimulou e apoiou a criação e o desenvolvimento do Núcleo Psicanalítico de Aracaju. Esteve presente na I Jornada de Psica-nálise de Aracaju quando nos brindou com a conferência: “Novas contribuições ao Estudo de Psicologia Pré e Peri natal” (1988). Em nossa II Jornada, proferiu a conferência de abertura: “Adoles-cências – Uma Viagem no Tempo da Paixão” (1999).

Seguidora de Bion interessava-se pelo estudo do Psiquismo Fetal, pelo futuro da psicanálise, “do sensório sensível ao estéti-co artístico, do mito poético, da simbolização e da arte”

Tornou-se membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento, Membro da Associação Brasileira de Psiquia-tria e da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Especialista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência.

Foi Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, da Interna-cional Psychoanalytical Association, I.P.A.,da Federação Psicana-lítica da America latina – FEPAL.“ Guest” da Sociedade Psicanalí-

tica de Israel, Membro da Academia Pernambucana de Medicina e da Academia Pernambucana de Ciências.

Têm trabalhos científicos e literários publicados em revistas especializadas, em congressos nacionais e internacionais, livros e trabalhos científicos e literários constando do acervo de bibliote-cas do nordeste, do país e do exterior (Londres, Argentina, Israel e Holanda). Em Israel, teve textos literários traduzidos para a Re-vista Alef pelo escritor Samuel Pekar.

À competência técnica, cientifica, à ética, Sara aliava a sensi-bilidade, a criatividade e a poesia, destacando-se como: Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES, Re-gional PE, Membro da União Brasileira de Escritores, Regional PE e Membro da Associação Internacional de Escritores Judeus em Língua Hispânica e Portuguesa, com sede em Jerusalém.

Dentre as inúmeras publicações, destaco: No Tempo das Acácias I. Editado pela Civilização Brasileira.

Prefaciado pelo Prof.Dr. Mauricio Knobel. No Tempo das Acácias II - No Caminho de Schechinah. Prefa-

ciado pelo Prof. Dr. Mauricio KnobelMemória judaica na literatura. Merkaz Klitah Alef. Inédito,

Israel, 1984.The time of the Acacias – Editado pela Vantage Press, New

York em 1983.“Interpretação Mítico – simbólica e Psicanalítica do texto de

An-Ski” O Dybbuk-Entre dois mundos. Sou muito grata a Sara pela escuta, continência, paciência du-

rante os longos anos de análise. Com ela aprendi e cresci muito. Sara se foi, mas continua viva através da suas obras e do lega-

do que nos transmitiu como analista e artista.

*Membro Titular e Analista Didata da Sociedade Psicanalítica do Re-cife

Betty Joseph – a psicanalista de casos difíceis e da transferência total

Aos nove dias do mês de abril do ano corrente faleceu a psicanalista didata da Sociedade Britânica de Psicanálise Betty Joseph reconhecida como uma das maio-res representantes dos pensamentos de Melanie Klein. Destacou-se pelo estudo aprofundado da dor emocional dos pa-cientes na clínica.

Joseph formou-se em Serviço Social e

assim que se formou foi morar em Man-chester, buscando uma Universidade para continuar seus estudos. Lá, iniciou sua análise com Michael Balint aos 23 anos de idade. Foi sugestão de Balint que ela fi-zesse a formação psicanalítica. Fez as en-trevistas e foi aceita. Nessa mesma épo-ca, Balint mudou-se para Londres para ficar mais próximo de seus colegas e da Sociedade, e Joseph foi junto (meados de 1945). Concluiu a formação (qualificação)em adultos e iniciou a de crianças. Conhe-ceu e se interessou pelo trabalho de Me-lanie Klein e após concluir sua análise, em comum acordo com Balint, iniciou com Paula Heimann antes que ela deixasse o grupo kleiniano. Ao mesmo tempo, em 1949, iniciou supervisões com Hanna Se-gal e manteve a amizade por toda a vida. Tornou-se didata pouco tempo depois.

Em entrevista dada à Sociedade Psi-canalítica de Porto alegre e publicada no

livro “Sobre Psicanálise e Psicanalistas”, 2003, Casa do Psicólogo, Joseph fala da queda da popularidade da Psicanálise na Inglaterra acreditando ser devido a uma busca por resultados quantificáveis e re-sultados rápidos por parte dos analisan-dos. Isso também influencia a formação psicanalítica juntamente com fatores eco-nômicos e sociais. Sobre o funcionamen-to mental dos pacientes, acredita que os da época de Freud não são tão diferentes dos atuais, “só que as histerias muito flo-ridas ou escancaradas se tornaram mais complexas e menos ruidosas”. Já os ana-listas estão mais sensíveis aos pacientes. As pessoas que antes eram desencoraja-das a fazer análise - como os narcisistas e os perversos - ganharam um novo olhar e possibilidade de tratamento. Sobre os estudos teóricos, ela afirmou que, na sua crença, o papel do pai não é menospreza-do nos textos kleinianos e, ainda sobre a

Homenagens

Betty Joseph

Sara Eiwka Erlich

família, fala na difi culdade de se aprender a observar mães em interação com seus bebês sem interferir na díade. No processo analíti co, acha que a contratransferência não deve ti rar o foco do paciente e afi rma aos analistas “esqueçam-se de vocês mes-mos”, chamando o olhar para o paciente. Uma últi ma observação que ela faz é que não gosta de ser chamada de kleiniana. Prefere se denominar somente psicanalis-ta, pois acredita que assim não limita que “olhemos só para rótulos”.

Bett y Joseph nunca publicou um livro, mas seus arti gos foram reunidos por Mi-chael Feldman e Elizabeth Spillius no livro “Equilíbrio Psíquico e Mudança Psíquica”, publicado no Brasil em 1992 pela Imago Editora. Neste livro encontram-se os seus arti gos de maior alcance: “O paciente de difí cil acesso” (1975), “O vício pela quase-morte” (1982) e “Transferência: a situação

total” (1985). Segundo Feldman e Spillius (1992) “há três ou quatro temas principais no trabalho de Joseph, tão entretecidos e inti mamente relacionados que é difí cil descrevê-los separadamente. O primei-ro é a ênfase sobre a necessidade que o paciente tem de manter seu equilíbrio psí-quico; o segundo é a mudança psíquica, os fatores que limitam contra ela e aqueles que a promovem; o terceiro é o modo par-ti cular de Joseph enfocar a transferência e a contratransferência, a atuação dos pa-cientes na transferência e suas tentati vas, em geral inconscientes, de induzir o ana-lista a parti cipar da atuação; e o quarto é a sua evitação do que se poderia chamar de ‘saber sobre’ em favor do ‘vivenciar na’.“

Psicanalista dedicada que permiti u se submeter às frustrações, dores e sofri-mento junto aos seus pacientes de difí cil acesso e, por isso, pode nos guiar, abrindo

a possibilidade de um novo olhar e novas formas de trabalho. Assim, Bett y Joseph deixa um legado que nos permite cada vez mais conti nuar nosso delicado trabalho de compreensão e amor à alma humana.

Referências:FELDMAN. Michael, SPILLIUS, Elizabeth

Bott . Equilibrio psíquico e mudança psíqui-ca: arti gos selecionados de Bett y Joseph. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1992.

CALICH, José Carlos, BERLIM, Gerson Isac (Orgs.). Sobre Psicanálise e Psicanalis-tas: 1º livro e entrevistas da Revista de Psi-canálise da SPPA. São Paulo: Casa do Psi-cólogo, 2003. Cap. Bett y Joseph (p.95-106)

Pszczol, Gabriela. Bett y Joseph. In: htt p://febrapsi.org.br/biografi as/bett y-jo-seph/. Acesso em: 29 de abril de 2013.

*Analista em formação

Jornada de trabalho com o comitê de observação clínica da IPA.Data: 17 e 18 de maio de 2013.Local: SPPel - Rua Princesa Isabel, 280/1105- Pelotas

XII Jornada de Psicanálise de Aracaju e XI Encontro de Psicaná-lise da Criança e da Adolescencia Data: 30 de maio a 01 de junhoLocal: Hotel Quality Aracaju

V Encontro Lati no Americano da Comissão de Vínculo, Família e Casal da Fepal – SBPDEPAPsicanálise dos Vínculos: Novos Dispositi vos ClínicosData: 07 e 08 de junho de 2013Local: Unisinos Porto Alegre – Av. Manoel Gonzaga, 744 – Sala Santander

Ser Contemporâneo: Realidades e FicçõesPré-Congresso Febrapsi 2013Encontro PreparatórioCongresso Fepal 2014Realização: Grupo de Psicanálise de UberlândiaData: 14 e 15 de junho de 2013Local: Centro de Convenções Hotel - San Diego – Uberlândia – MG

VIII Simpósio Internacional Delphos de Psicanálise Centro Euro-peu Cultural de Delphos Tema: O PaiData: 21 a 24 de junho de 2013Local: Grécia

48º Congresso da IPATema: Enfrentando a dor - a experiência clínica e o desenvolvi-mento do conhecimento psicanalíti coData: 31 de julho A 03 de agosto de 2013Local: Praga

XXIV Congresso Brasileiro de PsicanáliseTema: Ser Contemporâneo – Medo & PaixãoData: 25 – 28 de setembro de 2013Local: Campo Grande

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V Encontro Lati no Americano da Comissão de Vínculo, Família

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Calendário de EventosAti vidades NPA Psicanálise e LiteraturaHarry Pott erComentários: Ana Rita Menezes Pinheiro Data: 21/05Local: Livraria Saraiva Psicanálise e CinemaExibição do fi lme: As Aventuras de PiComentários: Petruska MenezesData(s): 06/06Horário: 20hLocal: Sede do NPA Curso de Psicoterapia Psicanalíti caAos sábados quinzenalmenteLocal: Sede do NPA Curso de Psicopatologia Psicanalíti caAos sábados quinzenalmenteLocal: Sede do NPA Grupo de Estudos dos Postulantes a Formação Analíti caAos sábados quinzenalmenteLocal: Sede do NPA