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ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 WWW.EUAMOCAMINHAO.COM.BR Entrevista exclusiva com o deputado federal Hugo Leal Pág. 8 II Fórum debate roubo de cargas Pág. 22 Defasagem do frete de carga é de 24,83% Pág. 27

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ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

Entrevista exclusiva com o deputado federal hugo Leal

Pág. 8

II Fórum debateroubo de cargas

Pág. 22

Defasagem do fretede carga é de 24,83%

Pág. 27

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ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

Expediente:

PRESIDENTESFrancesco Cupello – SINDICARGA

Eduardo Rebuzzi – FETRANSCARGA

VICE-PRESIDENTESSilvio Carvalho – SINDICARGA

Tania Drumond – FETRANSCARGA

DIRETOR FINANCEIRO E

ADMINISTRATIVO – SINDICARGAJosé Lúcio Bebber

COORDENAÇÃO E REVISÃOMaryland Moraes

EDITORGuttemberg Santos

(MTE/SRTE – RJ – Nº 35541)

PRODUÇÃO DE CONTEÚDOElen Genuncio

COLABORAÇÃOLuciana NahidPaulo CorrêaTRANSCARES

FOTOSLuiz Laprovita

DIAGRAMAÇÃOGustavo Gama

[email protected]

FALE CONOSCO21 3194-5555 / 9 6963-0880

[email protected]

PRODUÇÃO GERAL

Projeto ‘Carga Segura’, propostapara enfrentar o roubo de cargas

Pesquisa da Firjan aponta que, só em 2016, os roubos de carga no Rio de Janeiro trouxeram um prejuízo de R$ 619 milhões ao setor do Transporte Rodoviário de Cargas. Em seis anos, o acumulado chegou a R$ 2,1 bilhões, gerando um clima de instabilidade a ponto de

colocar em risco o abastecimento, já que muitos caminhoneiros estão receosos em fazer entrega de mercadorias no Estado.

Há vários ângulos desse problema a ser observados. O crimeorganizado vê no roubo de cargas uma alternativa parafinanciar o tráfico de drogas. A legislação é muito branda quanto à penalidade para o receptador. A crise financeira do Estadovem prejudicando a atuação das forças de segurança pública.E muitos outros.

O SINDICARGA, primeira entidade sindical patronal do TRC,não poderia se omitir diante desse quadro, que só vem seagravando. Criou o projeto ‘Carga Segura’, coordenado pelodiretor de Segurança, coronel Venancio Moura, reconhecidopor sua competência e comprometimento no combate àcriminalidade.

Nesta edição de Eu Amo Caminhão, é feita a apresentaçãocompleta do projeto ‘Carga Segura’, que prevê, por meio deparceria público-privada, a integração das forças policiais nocombate ao roubo e furtos de cargas, entre outras medidas.

Há, também, uma reportagem sobre o II Fórum Nacional deIntegração de Combate ao Roubo de Cargas – realizado peloSINDICARGA e pela FETRANSCARGA no início de fevereiro –e uma entrevista exclusiva com o deputado federal Hugo Leal,que vem desenvolvendo importantes trabalhos no âmbito da segurança pública. E esta edição conta, ainda, comampla cobertura do CONET&Intersindical 2017, que aconteceuna cidade de Rio Quente (GO), com a presença de empresáriose líderes do TRC.

Boa leitura!

Editorial

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II Fórum Nacional de Integração de combate ao Roubo e Furto de cargas

27

cONET

30

Professor Romulo Orrico

8

Deputado hugo Leal

Entrevista6

Palavra do PresidenteSINDIcARGA

7

coluna Jurídica

16

Rio-búzios 2017

14

Transcares

20

coronel Moura

Perfil

15

Palavra do PresidenteFETRANScARGA

17

cNT

10

LançamentoProjeto carga Segura

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Informamos que a FETRANSCARGA contratou a VALE SHOP para dar atendimento aos funcionários do TRC-RJ no que se refere à cláusula 11ª da

Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2017 – ABONO PECUNIÁRIO,

PREzADO EMPRESáRIO DO TRANSPORTE DE cARGAS

firmada entre o SINDICARGA e o Sindicato dos Rodoviários.Dessa forma, os pagamentos dos dias 05/10/2016 e 05/04/2017, referentes ao ABONO PECUNIÁRIO, só poderão ser realizados por meio do Cartão Social “EU AMO CAMINHÃO” –

Qualquer esclarecimento adicional também poderá serobtido junto ao SINDICARGA e à FETRANSCARGA.

Cordialmente,

VALE SHOP, cuja adesão deve ser feita nos sites www.euamocaminhao.com.br e www.valeshop.com.br/portal/eac, ou na central de atendimento VALE SHOP, pelos seguintes telefones: (21) 2025-1960 / 2025-1961 / 3176-6537 e 3176-6130.

Informamos que o SINDICARGA e a FETRANSCARGA contrataram os prestadores de serviços abaixo indicados,para dar atendimento às empresas de transporte quanto aos diferentes benefícios que constam na CCT 2016/2017.

BENEFICIOS SOCIAIS

PLANO DENTAL E TICKET REFEIÇÃO

Empresa: Siembra Beneficios

Contatos: (021) 2711-1140 – 2620-0750

E-mail: [email protected]

E- mail: [email protected]

Site: www.siembrabeneficios.com.br

SEGURO DE VIDA SULAMÉRICA

Empresa: Grupo Assure Corretagem de Seguros

Contatos: (021) 3974-3131 – 08000212468

E-mail: [email protected]

Site: www.grupoassure.com.br

CARTÃO SOCIAL MASTERCARD

Empresa: Vale Shop

Contatos: (021) 2025-1960

E-mail: [email protected]

Site: www.valeshop.com.br

EDUARDO F. REBUZZI

Presidente da FETRANSCARGA

FRANCESCO CUPELLO

Presidente do SINDICARGA

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Amigo transportador, no começo do mês de fevereiro, estive em Rio Quente, Goiás, que foi palco

da primeira edição de 2017 do CONET&Intersindical, evento do TRC que reuniu empresários, lideranças e entidades do setor, na busca de melhorias para uma atividade tão afetada por inúmeros problemas.

Contando com mais de 300 participantes, o evento apresentou, além dos já tradicionais temas técnicos sobre fretes – e registrada a defasagem de 24,83% nos fretes de carga lotação e 11,77% para cargas fracionadas –, um amplo, importante e necessário debate sobre o roubo de cargas no país, que tanto causa danos às empresas de transportes e desfalque à economia do Brasil.

Somente o estado de São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro registram, atualmente, 20 mil roubos de cargas por ano. O crime organizado está cada vez mais sofisticado. Precisamos nos renovar constantemente para combater essa prática perversa.

Nós, do SINDICARGA, continuamos a fazer nossa parte. Lançamos, neste mês, o projeto ‘Carga Segura’, que tem por objetivo combater pesadamente o roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro. O coronel Venancio Moura, diretor de Segurança do SINDICARGA e da FETRANSCARGA, coordena o projeto.

Uma das propostas do ‘Carga Segura’ é o contato permanente com os comandos dos batalhões da Polícia Militar e da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), para troca de informações sobre os locais em que os empresários estão sendo mais vitimados.

O Instituto de Segurança Pública (ISP) leva um mês para passar a estatística de forma generalizada, e frequentemente a mancha criminal muda de lugar. São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, há pouco tempo não era área de risco. Hoje, já anotamos cinco ocorrências naquela região em apenas um dia.

O ‘Carga Segura’ visa não apenas integrar as autoridades policiais na busca pela redução do roubo de cargas, mas emitir boletins informativos para planejamento preventivo dos gestores de risco das empresas; contar com a participação de representantes das empresas e entidades parceiras nas reuniões quinzenais do Conselho de Segurança do SINDICARGA, também com a presença de representantes da área de segurança pública; dar apoio com vistas à manutenção dos veículos utilizados pelas autoridades policiais no combate ao roubo de cargas; acompanhar as estatísticas do ISP,

contribuindo com informações no sentido de manter atualizado o registro das manchas criminais; apontar referências geográficas dos locais de incidência, com destaque para o exato local do delito, data, hora, dia da semana, período do mês e valor estimado da perda da carga roubada, e participar do grupo de whatsApp restrito aos participantes do projeto, tendo em vista o acionamento das forças policiais, em tempo real, nos casos de sinistro em andamento.

Nesta edição da revista Eu Amo Caminhão, você encontrará a matéria completa sobre o ‘Carga Segura’. Leia com atenção. Vale a pena.

Pelo que podemos ver, começamos o ano com muito trabalho. E assim deverá ser o ano inteiro. Coragem e disposição para trabalhar e enfrentar esses e outros problemas de frente não nos falta.

E contamos com você.

Forte abraço.

PALAvRADO PRESIDENTESINDIcARGA

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Jurídico

Luciana NahidAssessora Jurídica do SINDICARGAO SINDICARGA foi vitorioso com o

deferimento de liminar nos autos do Mandado de Segurança nº 0433814-71.2016.8.19.0001 que tramita na 11ª Vara de Fazenda Pública da Capital do Estado do

Rio de Janeiro contra o Fundo Estadual de Estabilização Financeira – FEEF.

A Lei n° 7.428/2016 criou o FEEF por um prazo de cerca de dois anos, instituindo a obrigação de recolhimento pelo contribuinte do percentual de 10% (dez por cento) do valor dos benefícios e incentivos fiscais em vigor ou a serem concedidos pelo Estado do Rio de Janeiro.

Entre as teses, o SINDICARGA foi inovador ao postular, entre outros, o tema de confisco na eventualidade de recolhimento do FEEF, situação considerada na decisão judicial e aplicável com exclusividade ao segmento.

Com isso, não mais será necessário tal recolhimento pornenhum dos sindicalizados. O Departamento Jurídico doSINDICARGA também entende como difícil a reversão damedida liminar em função do princípio da anterioridade(impossibilidade de cobrança de tributo no mesmoexercício que o instituiu), bem como pela possibilidadede perda do objeto da cobrança em função da recenteLei nº 7.495/2016, que revoga os benefícios jáconcedidos bem como a concessão de novos benefíciospor parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

FuNDO ESTADuALDE EQuILÍbRIO FIScAL

FEEF

vOcÊ TEM DÍvIDAScOM IMPOSTOS?

Em 30 de novembro de 2016, foi aprovada, na Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda à Constituição 233/16, já chamada de PEC dos Precatórios.

Precatórios são aquelas dívidas judiciais de responsabilidade do ente público que, muitasvezes, aguardam por anos o seu pagamento.

A grande novidade dessa PEC está em permitir ao beneficiário decidir se quer ou não compensar o valor a receber com dívidas, contanto que elas estejam inscritas na dívida ativa até 25 de março de 2015.

Trata-se de inovadora oportunidade de liquidação de passivo fiscal com menor valor, vez que ainda se pode adquirir precatórios no mercado com atrativo deságio.

Mas, cuidado, existem muitos mercadores oferecendoprecatórios sem qualquer lastro jurídico, o que podetornar o negócio um verdadeiro fracasso. Para nãocorrer riscos, sugerimos a orientação de advogadode sua confiança na identificação e análise dessespapéis.

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8 ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

Paulo corrêa

Esta declaração é do deputado federal Hugo Leal, em entrevista à revista EU Amo Caminhão. Leia, agora, o que diz o autor da Lei Seca, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das mais importantes

iniciativas jurídicas do mundo.

“OS PRObLEMAS DE SEGuRANÇA

DO RIO DE JANEIRO SÃO GRAvÍSSIMOS,

E FOI ESTA A RAzÃO QuE NOS LEvOu

A PRIORIzAR PROJETOS NESTA áREA,

QuE PODEM AJuDAR A MELhORAR

O TRAbALhO POLIcIAL NO cOMbATE

AO cRIME”.

EAc – O senhor apresentou propostas para a área de segurança que totalizam aproximadamente 24 milhões e 640 mil reais. Esse valor tira os setores de segurança do Rio de Janeiro do fundo do poço?

hL – Na verdade, esses recursos provêm de emendas da bancada, ou seja, foram consideradas prioritárias pelos 46 deputados da bancada do Rio. Meu papel, como coordenador da bancada, foi abrir o diálogo com o governador e os órgãos de segurança, e levar suas demandas aos outros parlamentares.Os problemas de segurança do Rio são gravíssimos, e foi esta a razão que nos levou a priorizar projetos nesta área, que podem ajudar a melhorar o trabalho policial no combate ao crime. Mas, naturalmente, a efetiva melhoria na segurança pública exige muitos outros investimentos,tanto em recursos humanos, operação e planejamento na área de segurança pública – que dependem fundamentalmente do estado –, quanto na atuação em outras áreas que impactam na segurança.

SEGuRANÇA

PúbLIcA:PRObLEMA

GRAvÍSSIMODO ESTADODO RIO

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EAc – No texto, o senhor faz referência de que esse dinheiro vai ser destinado à Polícia Militar, à Polícia Civil e à própria Secretaria de Segurança do Estado. Essas verbas resolvem o problema de segurança no Rio de Janeiro?

hL – Com certeza, não. Mas a intenção da bancada, ao disponibilizar os recursos, foi ajudar as corporações policiais em um momento de crise, tanto financeira quanto da segurança pública.

EAc – Reestruturação, reaparelhamento, modernização, aperfeiçoamento da coordenação estratégica e atuação integrada das forças de segurança são os principais itens das emendas propostas pelo senhor. Na sua opinião, não são itens muito defasados para um estado que tem tantos problemas de segurança para enfrentar?

hL – Não. São todos fundamentais, notadamente para se buscar maior integração entre os órgãos de segurança pública das diferentes esferas de governo. Por exemplo, para a Secretaria de Segurança, são mais de R$ 10 milhões destinados a tornar mais moderno e eficiente o Centro Integrado de Comando e Controle, com a compra de sistemas de inteligência, de hardware e software para melhoria da comunicação e da coleta de dados, e equipamentos de rádio. Para a Polícia Militar, os investimentos são direcionados à compra de viaturas especiais para o Batalhão de Choque, novos coletes à prova de balas (a corporação tem muitos com prazo de validade a vencer em 2017), rádios e novos equipamentos para uso de câmeras nos helicópteros. No caso da Polícia Civil, as verbas vão garantir novos equipamentos para prevenção de ataques de hackers e investigação de crimes digitais, equipamentos especiais para gravação de áudio e vídeo para a Assessoria de Inteligência Policial e muito material para o Departamento de Polícia Técnica, de modernos instrumentos para a perícia a viaturas para o transporte de cadáveres.

EAc – Quem fiscaliza esse dinheiro? Quando esse dinheiro será liberado? Quem libera?

hL – Essas emendas estão dependendo agora da assinatura de convênios entre o Ministério da Justiça e o governo do Rio de Janeiro. Os projetos já foram aprovados e os planos de trabalho também. A partir da assinatura do convênio, as verbas começarão a ser liberadas pelo Ministério da Justiça. Cabe a nós, deputados, que aprovamos a emenda, fiscalizar sua aplicação. Mas o controle interno do Ministério da Justiça e o Tribunal de Contas da União (TCU) também fiscalizam a aplicação dos recursos.EAc – Quando a população vai sentir os efeitos desses investimentos?

hL – A partir do momento em que os projetos começarem a funcionar, a população começará a ser beneficiada.

EAc – Há risco de essa verba ser desviada para outros setores do governo estadual?

hL – Não, isso é impossível. As verbas são carimbadas:elas só podem ser usadas nos projetos aprovados peloMinistério da Justiça. O estado pode até decidir adiaro projeto, mas, neste caso, a verba fica retida coma União.

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No terceiro momento, iniciado em 2008, há uma redução significativa dos números, que persistem em cair até 2010. Daí em diante, caracteriza-se uma forte tendência de alta, acentuada nos últimos anos da série, alcançando, em 2016, o maior número de todo o conjunto analisado.

Diante desse preocupante quadro, o SINDICARGA não poderia ficar de braços cruzados. Com a presença de empresários do setor, autoridades policiais, gestores de riscos e dirigentes de empresas transportadoras, lançou em fevereiro, em sua sede, no bairro da Penha, Zona Norte da cidade, o projeto ‘Carga Segura’, que prevê, por meio de parceria público-privada, a integração das forças policiais no combate ao roubo e furtos de cargas.

A crise financeira do governo do Estado agravou ainda mais a situação da segurança pública, que já vinha apresentando sinais de alarme. As forças policiais sabem como combater a modalidade criminosa do roubo de cargas. No entanto, não contam com a mínima estrutura para uma atuação mais ofensiva. A carência passa pela falta de recursos humanos, materiais – não há sequer toners para a impressão dos boletins de ocorrência –, armamentos e viaturas.

Como auxílio, somente no ano passado, o SINDICARGA doou R$ 200 mil. No entanto, seria necessário o investimento de R$ 1 milhão anual. Foi assim que surgiu a ideia do projeto ‘Carga Segura’, pelo qual o empresário pode usufruir de uma série de benefícios com a adesão como Sócio Patrocinador.

SINDIcARGA LANÇA O PROJETO

cARGA

SEGuRA

O roubo de cargas no Rio de Janeiro atingiu um patamar inadmissível. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Estado

de Segurança Pública do Rio de Janeiro, nos últimos 24 anos, quando a estatística começou a ser feita, o cômputo inicial/ano saltou de 1.939 para 9.870 em 2016, o que representa um aumento de mais de 500%, levando o estado à liderança do ranking nacional dessa modalidade criminosa.

Ao analisar a estatística do período de 1992 a 2016, é possível constatar quatro momentos distintos. O primeiro, do início do estudo até 1995, apresenta quedas sucessivas. Após 1996, verifica-se tendência de elevação até 2007, com a ressalva de ligeira queda entre 2005 e 2007.

O ObJETIvO é cOMbATER O ROubO DE cARGAS

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Quando se ouve dizer que o roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro ultrapassou o limite da razoabilidade, pode parecer, num primeiro momento, um tanto de exagero.

MERcADORIA

ROubADA

Contamos com escoltas e temos o monitoramento das áreas de maior risco, que são Bangu, Realengo, rodovias Presidente Dutra e Washington Luís. Conheço o profissionalismo do coronel Moura. Quando soube que ele estava à frente do projeto ‘Carga Segura’, aceitei imediatamente o convite. Algo precisa ser feito urgentemente. Acredito que esse projeto é uma das soluçõespara enfrentarmos esta questão”, avalia Cândido Júnior.

Mas quem vive o dia a diado setor do transporterodoviário de cargas sabeque é até pior.

“Chegamos a levar esse grave problema, no final do ano passado, ao então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que em breve tomará posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, ele se sensibilizou e enviou as Forças Armadas para ocupar pontos estratégicos.Em 15 dias, houve redução no roubo de cargas. Então veio a rebelião em presídios, e ele tirou os agentes da área. Se a polícia tivesse condição, já teria colocado homens nesses locais, mas não tem.Aí a região ficou descoberta novamente, elevando o índice de roubos”, explica o coordenador do projeto, coronel Venancio Moura, diretor de Segurança do SINDICARGA e da FETRANSCARGA.

A proposta do ‘Carga Segura’ é criar um canal direto e permanente com os comandos dos batalhões da Polícia Militar e da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, com troca de informações sobre os locais em que os empresários estão sendo mais vitimados.

“A importância que dão ao roubo de carga é zero. O pensamento é o seguinte: o empresário que se vire, que tenha seguro, gerenciamento, radares. E, agora, este não é mais um problema somente do Rio de Janeiro. Motoristas de São Paulo, Minas Gerais e outros estados não querem vir para o Rio. O problema local virou questão nacional”, afirma o coronel Moura.

Um exemplo é o caso do empresário Cândido Júnior, sócio da Transcedo Transportes, há 15 anos no mercado desenvolvendo atividades direcionadas aos setores atacadistas e varejistas. Ele conta que, ao chegar ao SINDICARGA para o lançamento do projeto ‘Carga Segura’ recebeu uma ligação da empresa, informando que um de seus veículos acabara de ser roubado.

“A situação vem-seagravando nos últimosquatro, cinco anos. Estejá é o segundo rouboem apenas dois mesesdo ano.

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12 ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

• Acionamento do coordenador do projetoCarga Segura, coronel Venancio Moura, 24 horas, para apoio em casos de sinistros.

• Integração das polícias na busca da reduçãode roubo de cargas.

• Acionamento integrado das polícias paraatendimento de sinistro em andamento.

• Boletins informativos para planejamentopreventivo dos gestores de risco das empresas.

• Participação de representantes das empresase entidades parceiras no ‘Carga Segura’, nasreuniões quinzenais do Conselho de Segurançado SINDICARGA, com a presença derepresentantes da segurança pública.

PRINcIPAIS PROPOSTAS DO PROJETO • Apoio na manutenção dos veículos utilizados

pelas polícias no combate ao roubo de cargas.

• Utilização do sistema SISMAG com valoresdiferenciados para associados às entidadesparceiras.

• Análise das estatísticas do Instituto deSegurança Pública (ISP), com o acompanhamentopermanente da mancha criminal.

• Georreferenciamento dos locais de incidência,destacando o exato local do delito; data; hora;dia da semana; período do mês, valor estimadoda perda, carga roubada etc.

• Participação no grupo de um aplicativorestrito aos participantes do ‘Carga Segura’,para acionamento das polícias em temporeal nos casos de sinistro em andamento.

• Contato permanente com os comandos dosbatalhões da Polícia Militar e da Delegaciade Roubos e Furtos de Cargas, para troca deinformações de locais em que os associadosao ‘Carga Segura’ estão sendo mais vitimados.

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13ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

• Apoio aos associados nas delegacias por ocasiãodos registros de roubos ou de recuperaçãode cargas.

• Visita periódica às empresas associadascom objetivo de sugerir ações preventivasao roubo de cargas.

• Participação nos eventos produzidospelo SINDICARGA sobre roubo de cargas.

Ao aderir ao ‘Carga Segura’, o beneficiadopoderá usufruir das vantagens de serSócio Mantenedor do SINDICARGA:

• divulgação da logomarca da empresa,com link para o site do sócio fornecedorno portal do SINDICARGA;

• direito a um e-mail marketing por mês,produzido pelo próprio fornecedor e enviadopara o banco de empresas do sindicato,através da ferramenta E-MAIL MARKETING;

• divulgação da logomarca ou vídeo produzidospelo mantenedor nas TVs LCD do Espaço Socialdurante os Almoços do Transportador;

• inclusão de um anúncio, lateral de página,na edição seguinte à data de sua filiação, narevista Eu Amo Caminhão/Eu Amo Logística;

• divulgação da logomarca da empresaem slide e distribuição de qualquer brindeou material promocional de seus produtose/ou serviços, durante os Almoçosdo Transportador.

Mais informações sobre o ‘Carga Segura’

podem ser obtidas com Michelle Fernandes

e Nathallya Galvão, do Departamento

Comercial do SINDICARGA, pelo telefone

(21) 3194-5555.

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14 ANO 03 | EDIÇÃO 36 | MARÇO 2017 www.EuAMOcAMINhAO.cOM.bR

NO ESPÍRITO SANTO,

EMPRESAS DE cARGAS

Considerado o termômetro da saúde econômica de qualquer país, o transporte de cargas e logística, no Espírito Santo, vive dias difíceis há

pelo menos dois anos – consequência da crise que estagnou a economia nacional e, também, do frete baixo que muitos empresários, alheios às necessidades do setor, insistem em cobrar. O que oEspírito Santo não contava, neste iníciode ano, era com um fator a mais para travar ainda mais a atividade: a paralisação das atividades dos policiais militares entre os dias 3 e 11 de fevereiro.

Como a Constituição Federal de 1988 proíbe que militares façam greve, esposas e familiares dos PMs bloquearam a entrada e saída de viaturas dos batalhões da Polícia Militar, de norte a sul do Estado, para reivindicar, dentre outras coisas, reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Porém, sem acordo com o governo, a “greve branca” ganhou contornos muito graves. A partir do terceiro dia de paralisação, na segunda, 06/02, o que se viu foi um cenário de guerra: assaltos e furtos, assassinatos, saques a estabelecimentos comerciais, ônibus sem rodar, cargas sem sair das garagens, transporte de cargas parado, assim como todo o Estado do Espírito Santo.

O próprio Transcares, em comunicado aos seus 136 associados, informou sobre a paralisação das atividades – na segunda, 06/02, o sindicato funcionou em meio expediente e, de terça a sexta, 10/02, não abriu suas portas – e sugeriu, além da não movimentação de cargas naquele período, cuidado redobradocom a segurança de seus armazéns e Centros de Distribuição (CDs).

“Vivemos pelo menos sete dias de caos! Além de toda a problemática na segurança pública, precisamos ficar com a frota parada dentro das garagens, num ato de respeito à vida de nossos motoristas e de preservação do patrimônio. E isso acabou agravando a situação financeira de muitas empresas. Já não vínhamos de um bom período, e esse movimento agravou ainda mais os prejuízos do setor”, destacou o presidente do Transcares, LiemarPretti.

Embora não haja um cálculo exato dos prejuízos gerado pelo movimento da PM, foi uma semana exata de paralisação total das atividades das empresas do TRC. E as demandas reprimidas destes sete dias exigiram mais uma semana para “colocar a casa em ordem”. “De 6 a 10 de fevereiro, não operamos. De 13 a 17, trabalhamos para reorganizar as operações e voltamos aos poucos à rotina normal”, explicou o presidente, lembrando, ainda, que, “infelizmente, as empresas não têm muito o que fazer para recuperar os dias perdidos” a não ser aumentar seus custos, contratando mais veículos e mão de obra.

GREvE DA PME PREJuÍzO PARA AS

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PALAvRADO PRESIDENTEFETRANScARGA

Eduardo F. RebuzziPresidente da Federação do Transporte

de Cargas do Estado do Rio de Janeiro – FETRANSCARGA e Presidente do

Conselho Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do

Rio de Janeiro – ACRio

No final do meu último artigo, publicado no mês passado, convoquei as demais lideranças, empresários e executivos do TRC para

participar do CONET&Intersindical da NTC (Associação Nacional do Transporte e Logística), então prestes a ser realizado,no período de 9 a 12 de fevereiro, emRio Quente (GO).

Pois bem, lá estivemos, com duas centenas de participantes de todo o país para, em dois dias de intensos debates, tratar de alguns dos problemas que precisam ser resolvidos ou encaminhados em nosso setor, em especial, a absurda defasagem dos fretes, a calamidade dos roubos de cargas e o injusto passivo trabalhista provocado pelas ultrapassadas leis e desconectadas sentenças nos milhares de ações promovidas contra as empresas.

Começando pela defasagem dos fretes, para começar a agonia, os números da pesquisa apresentada pelos técnicos da NTC mostraram que, em 84% das 1.785 empresas consultadas, houve uma queda média no faturamento de 2016 de quase 20% (19,13%), sendo que, para as que fazem lotação, tal perda atingiu quase 90% (87%), demonstrando que a queda no PIB de mais de 7% nos últimos dois anos tem sido implacável com o TRC, conforme também atesta a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), que informa uma redução do índice de passagem de veículos pesados nas praças de pedágio de 14,81%, em relação a 2013, e de 6,72% apenas no ano passado.

Na contramão em “pista simples”, a mesma pesquisa mostrou o pesado aumento nos custos, com salários subindo

8,72%; combustível, 4,25%; despesas administrativas, 9,20%; manutenção, 6,58%; veículos, 5,61%, e lavagem, 8,40%, além da dificuldade de cobrança do frete-valor e das taxas adicionais, como o GRIS – Gerenciamento de Risco e a TRT – Taxa de Restrição de Trânsito, entre outras, cujos custos são suportados integralmentepelas empresas de transporte.

Ou seja, como sobreviver com queda de faturamento, perda de eficiência e de aproveitamento provocados pela redução do volume de carga transportada, ociosidade das estruturas operacionais e o aumento de custos que as empresas não conseguem repassar, aliados aoalargamento cada vez maior dos prazosde pagamento e do crescimento da inadimplência dos fretes, esta últimachegando a 14,90%, segundo a pesquisaacima mencionada?

Espera-se que a economia volte a ter um PIB positivo este ano, o que não deverá ser difícil ocorrer considerando a base negativa comparativa dos últimos anos. Mas não podemos ter aumento do volume de carga sem equacionarmos, antes, os valores cobrados dos nossos clientes. O CONET de fevereiro deste ano aponta, com a firmeza dos números levantados, uma defasagem nos fretes de 24,83% na carga lotação e de 11,77% na carga fracionada.

É imperativo, para o bem do TRC e para a economia em geral, que se recupere o equilíbrio nas contas de crédito e débito, sob o risco de vermos o fechamento de mais empresas e consequentes dificuldades futuras para o atendimento de um mercado que demande mais os nossos imprescindíveis serviços, o que poderia acarretar um colapso para

a economia e a sociedade brasileira.Quanto ao roubo de cargas, devido aos índices crescentes sob a lamentável liderança nacional das ocorrências registradas no Rio de Janeiro, para as empresas poderem suportar o aumento com gastos na rubrica segurança, estabeleceu-se a criação de uma taxa emergencial a ser cobrada sobre o valor das mercadorias transportadas que tenham o Rio de Janeiro como origem ou destino – a EMEX – Emergência Excepcional –, com percentual entre 0,3 e 1%, a ser negociado entre as empresas de transporte e seus clientes, com uma taxa mínima de R$10,00 para cada 100kg ou fração.

Como o espaço aqui é limitado, falarei, em outra oportunidade, mais detalhadamente dos demais pontos tratados no CONET. Mas quero registrar, mais uma vez, a importância da realização desses eventos pela NTC, oportunidade em que todo o Brasil se reúne para conversar com a realidade do nosso setor.

E o próximo CONET será realizado naCidade Maravilhosa do Rio de Janeiro,no período de 3 a 6 de agosto deste ano,quando teremos a honra de receber atodos, em apoio à competente equipe daNTC&Logística.

cONET / NTccONvERSANDO cOM A REALIDADE

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A instabilidade econômica e política afetou diretamente os empresários dos modais rodoviário, ferroviário de cargas, metroferroviário, urbano de passageiros por ônibus, aquaviário e aéreo. De acordo

com dados da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2016, a maioria das empresas (60,1%) teve diminuição de receita bruta, 58,8% precisaram reduzir o número total de viagens e, para 74,6%, houve aumento do custo operacional. O estudo é realizado anualmente, desde 2012, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que entrevistou 795 transportadores de todo o país.

SETOR DE TRANSPORTE SOFRE IMPAcTO NEGATIvO DEvIDOà cRISE EcONôMIcA,

Entretanto, mesmo com as principais variáveis econômicas apresentando resultados ruins para 2016 e de o setor registrar queda de 7,0% no volume de serviços no acumulado no ano, as mudanças no cenário político contribuíram para que o transportador aumentasse sua convicção na gestão do governo federal: 53,5% dos empresários evidenciaram aumento no seu grau de confiança na condução da política econômica. Desse total, 61% dos transportadores demonstraram um comportamento moderado, representando uma mudança significativa das expectativas em relação ao ano anterior.

“Estamos vivenciando uma crise prolongada, agravada com a questão política, resultando num efeito cascata. Os dados da Sondagem 2016 mostram uma relativa recuperação do humor e das expectativas relacionadas a 2017 e 2018. Pela Sondagem, cerca de 50% dos empresários entrevistados mostram que existe uma boa perspectiva de retomada econômica a partir de 2017, com a confirmação de um aumento de demanda e de reposição da receita bruta já a partir de 2018”, analisa o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.

Esses sãoos dadosda Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2016

MAS EMPRESáRIOS cONTINuAM

cONFIANTES

Conforme a Sondagem, a maioria deles (90,7%) considera que a crise política afetou negativamente o setor. Pelo menos 37,4% das empresas reduziram o número de veículos em operação em 2016. Esse cenário refletiu na retenção de mão de obra. De dezembro de 2015 a setembro de 2016, foram demitidos 52.444 trabalhadores. Somente nos últimos seis meses, 58,1% das empresas brasileiras de transporte tiveram de reduzir o quadro de funcionários devido à situação econômica do país. A pesquisa aponta também que a maioria dos entrevistados (83,5%) apoia a participação de investidores internacionais nas novas concessões da área de transporte.

“A Sondagem é, hoje, o maior instrumento de avaliação em relação ao setor transportador no que se refere às questões econômicas. Conseguimos avaliar a percepção do empresariado

quanto ao ano que passou, quais foram as suas dificuldades. Desse diagnóstico, conseguimos avaliar quais são as perspectivas futuras do setor de transporte para o ano seguinte. O que se deslumbra, então, é que esses

As percepções e expectativas avaliadas são apresentadas no relatório-síntese em dois blocos. O primeiro traz uma análise agregada

do setor sobre temas como a confiança na gestão econômica, o crescimento da economia, o impacto da crise sobre a atividade, o comportamento da demanda e da receita dos serviços

conheça os principais pontos da Sondagem 2016

números são muito importantes para a constituição de uma boa estratégia de melhoria de gerenciamento e, também, importantíssimo neste momento, de superação da crise”, avalia Bruno Batista.

de transporte, e a expectativa de contratação de funcionários e novos investimentos. No segundo, aponta as avaliações dos diversos modais do setor de transporte quanto à infraestrutura que utilizam para a prestação de seus serviços, além de entraves que dificultam a operação e possíveis soluções.

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Gestão Econômica• Queda de 7% no volume de serviços no acumulado no ano.• 61% dos transportadores afirmam que seu atual grau de confiança no governo

federal é moderado, e 53,5% evidenciam aumento na cresça da conduçãoda política econômica.

• 60,5% dos entrevistados concordam com as medidas fiscais anunciadaspelo governo federal.

• 49,3% transportadoresacreditam que a retomadado crescimento será sentidaem 2018.

Desempenho em 2017• 48,8% dos transportadores creem que a atividade econômica terá melhor

desempenho em 2017.• Segundo o levantamento do Banco Central do Brasil (Bacen), a expectativa do

mercado é que o PIB, após queda estimada de 3,37% em 2016, cresça 1,13%em 2017.

• 52,2% dos empresários acreditam que a carga tributária será mantida em 2017.• Para 39,3% dos entrevistados, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços

ao Consumidor Amplo (IPCA), deverá manter-se, em 2017, no mesmo patamarobservado em 2016. Contudo, 38,1% creem em queda.

• Com relação à taxa de câmbio, a perspectiva de 39,1% dos entrevistadosé de estabilização.

Receita bruta• 47,7% dos entrevistados esperam crescimento de suas receitas brutas oriundas

do incremento no número de viagens (48,1%), da movimentação de cargas (58,1%)e de passageiros (40,4%). Outros 42,3% esperam que a receita bruta seja mantidano mesmo patamar de 2016.

• 64,3% afirmam que manterãoo tamanho de suas frotas,74,6% sua área de atuaçãoe 82,2% suas instalaçõesfísicas.

Insumos• 46,4% esperam por aumento no preço dos combustíveis, e 48,2%, no preço dos

lubrificantes. Para a maioria dos empresários do transporte rodoviário (cargas epassageiros) e de transporte urbano de passageiros por ônibus, o preço dos pneustambém aumentará (50,6%).

• Diante dessa expectativa e considerando que, em 2016, o aumento do custooperacional não foi transferido para o preço do serviço de transporte, 55,4% dosempresários projetam reajustes nos serviços de transporte em 2017. Esse aumentoé necessário para recuperar o fluxo de caixa, comprometido durante a crise,e restabelecer a rentabilidade das empresas de transporte do país.

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Infraestrutura de transporte• 55,5% dos entrevistados se mostraram céticos com relação à capacidade de o novo governo viabilizar

solução para os problemas de infraestrutura de transporte. Já 41,6% acreditam que as ações apresentadasserão capazes de iniciar um processo de recuperação e adequação da infraestrutura no país.

• 75,4% dos entrevistados não conhecem o Programa de Parceria de Investimento (PPI), principal frentedo governo federal para destravar os investimentos no país. Dos que conhecem o PPI, 39,7% não têmconhecimento do Projeto Crescer, iniciativa do PPI, que consiste no primeiro bloco de concessões deinfraestrutura à iniciativa privada. 78,2% daqueles que têm conhecimento das propostas do PPI avaliamque as inovações propostas pelo programa aumentarão a quantidade e a qualidade dos investimentosprivados em infraestrutura de transporte no Brasil.

• 60,7% dos entrevistados concordam totalmente com a aplicação do capital privado para o provimentode infraestrutura, e 83,5% defendem a participação de investidores internacionais nas novas concessões.

Demissões em 2016• 58,1% das empresas tiveram de reduzir o número de funcionários nos

últimos seis meses, como consequência da crise econômica. Entre dezembrode 2015 e setembro de 2016, o setor transportador desempregou 52.444pessoas, segundo dados do Ministério do Trabalho.

• 58,1% dos entrevistados afirmam que manterão o seu quadro de funcionáriosem 2017, e 30,7% acreditam que aumentarão a contratação de funcionáriosem suas transportadoras.

Acesso ao crédito• 63,7% das empresas de transporte entrevistadas compraram veículos

em 2016, e 44,6% não pretendem adquiri-los em 2017.• 3,9% dos empresários declaram que o acesso ao crédito em 2016 foi fácil.

No que se refere ao custo do capital, dados do Bacen evidenciam que a taxamédia de juros para a aquisição de veículos por pessoas jurídicas teve aumento de 3,7 pontos percentuais entre dezembro de 2011 (17,9% a.a.)e setembro de 2016 (21,6% a.a.21), ou seja, incremento de 20,7% no período.

• O aumento do custo de capital fez, segundo o Bacen, com que houvesseuma redução no saldo de empréstimos ao setor transportador de 8,9%em 12 meses, chegando em setembro de 2016 com R$ 150,69 bilhões.Apenas entre agosto e setembro, a queda foi de 0,9%, a maior do setorde serviços no período.

• 45% dos empresários entrevistados afirmam que o BNDES tem uma altaimportância para a viabilização dos investimentos das empresas, e 59,5% deles utilizaram as linhas de crédito da instituição nos últimos cinco anos.Dos que as usaram, 53,1% financiaram até 60% dos seus investimentos comrecursos do banco. Para os empresários que fizeram aquisição de veículosem 2016, 43,8% aplicaram recursos do BNDES.

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A admiração pela farda de um vizinho, cabo da PM, levou o jovem Venancio Alves de Moura a seguir a carreira militar. Decidido, fez prova para a Academia de Polícia Militar, em 1974, e em três anos já era Aspirante

a oficial. Seu primeiro batalhão foi o 14º BPM (Bangu), iniciando assim uma carreira de inúmeros desafios. Destacado para reprimir o jogo do bicho, em três meses foi – devido à sua atuação, que desagradou algumas pessoas – transferido para o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), onde exerceu a função de instrutor. Já em 1978, ingressou no primeiro curso do Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), que deu origem ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), tornando-se o Caveira Número 05, expressão dada aos que se destacam.

uM GuERREIRO QuEGOSTA DE ENFRENTAROS DESAFIOS DA vIDA

Permaneceu nessa função até 1993, quando foi requisitado para fazer a segurança da juíza Denise Frossard, que se notabilizou nacionalmente por condenar 14 contraventores e membros do crime organizado naquele ano. No Tribunal de Justiça do Estado do Rio, assumiu diversas funções, como a Diretoria de Transporte, e criou a Guarda Judiciária. Foi diretor de Transporte do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro e lá também fundou a Guarda Judiciária, até que, em 2000, foi designado para comandar o BOPE, logo após o sequestro do ônibus 174, que resultou em duas mortes. Em 2002, foi convidado a chefiar o setor de Inteligência do Comando de Polícia da Capital e, em seguida, o 27º BPM (Santa Cruz). Também assumiu a diretoria de Segurança do Detran, sendo reformado como coronel em 2003. Em 2010, aceitou mais um desafio: ser diretor de Segurança do SINDICARGA e da FETRANSCARGA.

cORONEL vENANcIOALvES DE MOuRA,

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Qual foi o seu maior desafio ao longo de sua carreira na Polícia Militar?Coronel Venancio Moura: Sem dúvida, comandar o BOPE, porque não assumi o comando, mas um desafio. Fui para lá após a tragédia do ônibus 174, de que o mundo inteiro teve conhecimento. Na ocasião, cogitou-se até a possibilidade de acabar com o Batalhão. Recebíamos críticas de todos os lados – da mídia, dos especialistas em segurança. Mas consegui reverter este quadro. E este acabou sendo o período em que BOPE mais cresceu. Passou a ter uma unidade própria, o Palácio da Caveira, que eu criei, assim como o Caveirão. Nesta época, um helicóptero não tinha mais como sobrevoar uma favela. Precisávamos de uma ferramenta para colocar a tropa nas áreas de risco. Tinha que ser um blindado, que carregasse uma equipe de, pelo menos, oito homens. Fiz contato com uma fábrica de Guarulhos, em São Paulo, para saber da possibilidade de ser desenvolvido um carro de tropa nos moldes dos usados no Afeganistão, e eles aceitaram. No entanto, fui muito questionado. Tive que provar não ser um carro de guerra, mas um blindado para trazer a tropa em segurança. Neste período, consegui dobrar o efetivo do BOPE, de 200 para 400, consegui a compra de 400 fuzis, 400 pistolas, um tipo de arma para cada policial. Criei a Unidade de Intervenção Tática, composta por um grupo preparado para a tomada de reféns, outro de atiradores de elite e de negociadores. Então, hoje, se houver um evento com refém, o BOPE está preparado para resolver de forma técnica.

Depois de reformado, o senhor aceitou o convite para assumir a Diretoria de Segurança do SINDICARGA e da FETRANSCARGA, e enfrentar mais um desafio: atuar no combate ao roubo de cargas.Coronel Venancio Moura: Em 2010, o roubo de cargas tinha uma média de 3.500 por ano. Em 2014, percebi que essa média saltara para 5.800. Ao fazer uma análise sobre o por quê desse aumento, verifiquei – já naquela época – que o tráfico de drogas estava entrando no roubo de cargas. Alertamos as autoridades, os serviços de Inteligência das Polícias Civil e Militar, e a Secretaria Estadual de Segurança. O tráfico de drogas estava expandindo os seus negócios. O roubo de carga era a nova modalidade de crime com menos riscos e mais lucros. Naquele período, o roubo era localizado: Chapadão e Pedreira. Em 2015, tivemos 7.225, isso porque algumas comunidades passaram a copiar esse modelo. Em 2016, foram 9.870 roubos, pois todas as facções aderiram a esse modelo de crime. Eles estão organizados nesse sentido, com grupos específicos que só roubam cargas. Já possuem receptadores específicos. Hoje, as mercadorias mais procuradas são produtos alimentícios, bebidas, cigarros e remédios, que têm saída rápida e podem ser pulverizadas no próprio comércio da área.

E qual a saída para esta questão?Coronel Venancio Moura: Antes, eu falava que tínhamos que reduzir a estatística de roubo de cargas. Agora, digo que precisamos que fique em níveis toleráveis, com a redução de 50%. Dez mil roubos, isso é intolerável. A questão está na receptação, que alimenta esse ciclo, porque temos uma grande dificuldade de colocar esse tipo de criminoso na cadeia. As penas são muito brandas, e ele acaba sendo solto na Audiência de Custódia. O que está acontecendo é que a grande maioria dos receptadores preso é remitente. Eles não estão recebendo a punição que deveriam. Além disso, não temos a figura do grande receptador, nós temos uma centena de receptadores, porque todo mundo está vendo que o crime compensa no que se refere à receptação.

O projeto Carga Segura é a saída?Coronel Venancio Moura: É uma iniciativa do SINDICARGA, que começou no mês de fevereiro, para provocar a parceria público-privada, apoiando as polícias com recursos logísticos e troca de informações. Dentre outros benefícios, as empresas participantes do projeto terão à disposição o meu assessoramento 24 horas, para acionar as polícias em caso de sinistros. Faremos reuniões mensais com as empresas e as autoridades policiais, e análise crítica sobre locais de maior incidência de roubo de cargas, a mancha criminal. Daremos apoio nas delegacias na ocasião do registro e da recuperação de cargas. O projeto se dá em função do aumento da incidência dos roubos de cargas, principal problema das transportadoras. A polícia sabe onde e como resolver, mas esbarra na falta de recursos materiais e humanos. O planejamento é perfeito; no entanto, a execução fica prejudicada, e o bandido sabe disso.

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O presidente do SINDICARGA, Francesco Cupello, alertou que, se o governo federal não atentar para a importância de uma ação para o controle do roubo de cargas no Rio de Janeiro, o esvaziamento econômico do estado e, consequentemente, a sua falência serão fatos consumados. Ele conclamou os presentes a se unirem, por ser “o único caminho para reverter este quadro a curto e médio prazo”.

Eduardo Rebuzzi, presidente da FETRANSCARGA, destacou a importância estratégica do TRC para a economia nacional, ressaltando que uma crise no setor atinge os demais segmentos da sociedade. Com vistas à prevenção e repressão ao roubo de carga, Rebuzzi lembrou terem sido realizadas, no ano passado, diversas reuniões com autoridades públicas. No entanto, afirmou, o grande problema encontra-se na receptação, cuja pena é muito branda, permitindo que o criminoso seja solto em poucos dias. É fundamental uma mudança na legislação para agravar penas, como o corte do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) de empresas que sejam encontradas com produtos roubados.

Os debatedores do II Fórum Nacional de Integração de Combate ao Roubo de Cargas, realizado pelo SINDICARGA e pela FETRANSCARGA, em janeiro último, na sede do sindicato, proporcionaram uma ampla e

transparente discussão quanto ao tema título do evento. Somente no Rio de Janeiro, no ano de 2016, de acordo com os Indicadores de Roubo de Carga do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Estado de Segurança Pública, foram praticados 27 roubos por dia. De 2014, quando o tráfico intensificou sua atuação nessa modalidade criminosa, até 2016, já foram registrados 22.685 casos.

II FóRuM DEbATE PARTIcIPAÇÃO DE

A SAÍDA SÃO PuNIÇõES MAIS DuRAS PARAOS REcEPTADORES

TRAFIcANTES DE DROGASEM

No encontro, que também lançou o evento Rio-Búzios 2017, aconteceram reuniões das Câmaras Técnicas e dos Grupos de Trabalho COMJOVEM/RJ; Transporte de Mudanças; Carga Pesada; Departamento Jurídico e Carga Segura, que contaram com a presença de empresários do setor de transporte de cargas e logística, fornecedores, autoridades estaduais e municipais, representantes das Polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal.

ROubODE cARGAS

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“O roubo de carga não existiria se não houvesse o receptador. A polícia prende, e a Justiça solta. Fecha-se um comércio que trabalha com mercadoria roubada, para logo depois estar funcionando. Ninguém vê combustível sendo vendido na rua. Tudo vai para os postos de gasolina. Os remédios vão para as farmácias; geladeiras, televisores, eletrodomésticos vão para as lojas. Será que é tão difícil assim fechar essa torneira?”, indagou o presidente da FETRANSCARGA.

O aumento dos roubos de carga, segundo ele, tem levado empresários a desistir do estado. Empresas estão deixando de vir para o Rio de Janeiro, devido ao grande número de roubos. “Tenho amigos empresários que falam que não colocam o pneu no Rio de Janeiro”, revela Rebuzzi, ressaltando que o setor deve começar a implementar uma taxa emergencial de risco de 0,3% a 0,5% do valor das mercadorias que saem ou se destinam à cidade do Rio de Janeiro. O percentual, considerado uma defesa do setor, teria ainda R$ 10 a R$ 15 de valor mínimo de cobrança.

Essa taxa de risco, denominada EMEX – Emergência Excepcional, foi posteriormente confirmada no CONET&Intersindical, com o valor de R$ 10,00 por fração de 100 kg mais um percentual do valor da carga, que varia de 0,3% a 1,0% (vide matéria nas páginas 28 e 29).

O delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil, Maurício Mendonça, confirmou que o estado do Rio vive atualmente um problema maior do que se imagina, pois o roubo de cargas é o real financiador do tráfico de drogas. Durante um longo tempo, essa modalidade criminosa veio apresentando um crescimento gradativo e lento, mantendo-se num quadro razoável até 2013, quando as primeiras quadrilhas que controlavam o tráfico nosComplexos do Chapadão e da Pedreira, ZonaNorte da capital, descobriram que poderiamobter maior lucro com o roubo de carga.

As comunidades onde esses criminosos atuam são próximas a vias expressas, como a Avenida Brasil e a Rodovia Presidente Dutra, em áreas de galpões de empresas de logística, muitos deles já abandonados. Entretanto, reiterou o delegado, a venda de produtos roubados não seria um crime tão lucrativo se não houvesse compradores para essas mercadorias.

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“Os traficantes estão usando a mercadoria roubada para adquirir mais droga e mais armamento, fortalecendo o tráfico nas comunidades. As facções conseguiram alianças com intermediários que alcançam receptadores. Eles são o maior problema do roubo de cargas, porque, se não houver receptador, não haverá roubo”, enfatizou o delegado.

Os receptadores são, em grande parte, comerciantes de estabelecimentos que dão a seus produtos a aparência de legalidade, o que permite que as pessoas adquiram esses produtos sem saber que estão comprando mercadoria roubada. Os alvos preferidos dos ladrões, segundo Maurício Mendonça, são produtos como carnes, bebidas e cigarros, que podem ser vendidos de forma separada e fracionada. Isso dificulta a identificação da origem.

“Precisamos combater o receptador para acabar com o interesse do tráfico de drogas no roubo de cargas. Defendo punições mais duras para comerciantes que sejam descobertos como receptadores de carga roubada. Os empresários têm que pressionar os parlamentares para que a legislação seja alterada”, alertou o titular da DRFC.De acordo com o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, o país passa por um momento muito difícil, em que as próprias instituições governamentais estão sendo colocadas à prova, e todos precisam se unir para mudar essa situação crítica. Ele lembra que participou da gestão passada, quando muitos avanços aconteceram, citando como exemplo a aquisição de veículos blindados para a PM.

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“É importante que o governo e o empresariado se deem as mãos, estabeleçam prioridade nas pontas. Isso dá resultados e já deu no passado recente, refletindo em diversos setores da economia do estado. Minha participação no evento é para me colocar ao lado dos senhores, funcionando como catalisador na busca dos resultados de que o setor necessita”, afirma.

A crise financeira pela qual o estado do Rio vem passando, com atraso nos pagamentos dos servidores, compromete totalmente a atuação das forças policiais, declarou também o coronel André Silva Mendonça, comandante do 1º Comando de Policiamento de Área (1º CPA), responsável por todo o policiamento da capital. De acordo com o oficial, a frota de blindados está precisando de reparos, tornando inviável a operação em algumas regiões. Frisou que a PM está “sempre pronta para evitar e recuperar o roubo, mas polícia não se faz sem recurso, sem logística”, acrescentou.

O inspetor da Polícia Rodoviária Federal André Ramos, enaltecendo a iniciativa do SINDICARGA e daFETRANSCARGA, reforçou a fala do coronel Silva e enfatizou a importância da parceria público-privada, pois “a polícia sozinha não resolve a questão de segurança pública,ainda mais quando se vive numa crise econômica queafeta toda a sociedade, transformando o problema emuma questão social”.

Waldir de Lemos, presidente da Associação dos Produtores e Usuários da Ceasa (ACEGRI), corroborou as lamentações dos policiais. Segundo ele, a entidade realizou, em 2010, um dos maiores investimentos, no valor de R$ 5 milhões e 300 mil, do setor privado para a segurança pública, com a construção do 41º BPM (Irajá), localizado no interior das instalações da CEASA.

“Hoje, tenho vergonha de ir à unidade, porque são 20 viaturas quebradas; os blindados, com pneus carecas, não podem ser usados. Além disso, o efetivo não é nem a metade do que necessitam. Apelo para que o empresário participe, colabore com as instituições para que se reverta esta triste estatística”, salienta.

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O presidente da Associação de Supermercadistas do Rio de Janeiro (ASSERJ), Fábio Rossi de Queiróz, também foi solidário às dificuldades por que passam as forças policiais. Defendeu, igualmente, a parceira público-privada para o combate ao roubo de cargas. E reiterou que, devido ao aumento dessa modalidade de crime, há risco de desabastecimento no Estado do Rio e consequente repasse de preço para o consumidor, pois muitos transportadores se recusam, de fato, a vir para o Rio de Janeiro.

GRUPOS DE TRABALHO

Veja as principais propostas apresentadas pelos grupos de trabalho.

Comissão de MudançasRetificação do processo de cadastramento de parada dos veículos de mudançasnas áreas restritas, em especial no centro e Zona Sul da cidade:

• transformar a autorização de circulação e parada em única;• desburocratizar os pedidos de cadastros;• designar e centralizar em um órgão a fiscalização dos serviços;• marcar reunião com o secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell.

Comissão de Cargas Pesadas• transformar as licenças do DER, que não estão no sistema, somente o comprovante físico,

em licenças online, conforme as permissões federais;• reduzir o tempo de retirada de licenças;• implantar licenças online como é feito pelo DNIT, pois as taxas cobradas pelo governo

estadual são até 900% mais caras que as cobradas pela administração federal;• evitar a prática de suborno com a regularização dos serviços;• firmar uma parceria dos empresários com a Secretaria de Transportes do Estado do Rio de

Janeiro e ajudar no que for possível;• agendar uma reunião com o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira,

e assessores, o mais rapidamente possível, para eliminar entraves aos serviçose definir soluções a médio e longo prazos.

O evento foi encerrado com a apresentação da Gerência de Estudos de Infraestrutura da Diretoria de Desenvolvimento Econômico do sistema FIRJAN sobre roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro, e do projeto Carga Segura, idealizado pelo SINDICARGA para atuar no combate e prevenção do roubo de cargas, numa parceria público-privada.

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A defasagem do frete de carga lotação é de24,83%, e a de carga fracionada, 11,77%. Esses dados fazem parte

da primeira pesquisa nacional sobreo tema, realizada em janeiro desteano, pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística(NTC&Logística), em colaboração com a Agência Nacional de TransportesTerrestre (ANTT). O anúncio foifeito durante a edição do CONET&Intersindical 2017, na cidadede Rio Quente (GO), com a presençade empresários e líderes do setor detransporte rodoviário de cargas doBrasil.

De acordo com a análise do assessortécnico da NTC&Logística, LauroValdívia, houve queda no faturamentodo setor. Em mais de 80% dasempresas pesquisadas, a receita doúltimo ano caiu, em média, 19,13%.Estas defasagens foram calculadas comparando-se os valores dasplanilhas referenciais de custos dainstituição, que não incluem impostose margem de lucro, com os fretesmédios praticados pelas empresas pesquisadas.

O estudo, apresentadodurante o cONET&Intersindical 2017, revela uma significativa queda no faturamento do setor

NTc DIvuLGA PRIMEIRA PESQuISA DE DEFASAGEMDO FRETE DE 2017

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A pesquisa aponta alguns fatores que contribuíram para tal situação. Em primeiro lugar, estão os aumentos de custos, especialmente as majorações, nos últimos 12 meses, de salários, que chegaram a 8,72%; combustível, 4,25%; despesas administrativas, 9,20%; manutenção, 6,58%; veículo, 5,61%, e lavagem, 8,40%. Cita-se, em segundo lugar, a redução drástica do volume de carga, provocada pela grande recessão dos últimos dois anos, quando a queda do PIB deverá ultrapassar a casa dos 7%. A redução do Índice da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) de movimento de veículos pesados pelas praças de pedágio, de 14,81% em relação a 2013 e 6,72% apenas em 2016, dá bem uma ideia dos reflexos da recessão sobre o transporte rodoviário de cargas.

pauta do evento. O presidente daNTC&Logística, José Hélio Fernandes,salientou a importância do conteúdoapresentado em uma de suasexplanações: “É um evento muitorepresentativo, com a presença delideranças e empresários preocupadoscom este setor. Temos gente do Brasilinteiro, e isso é muito importantepara nós. O objetivo de todos ébasicamente o mesmo: buscar soluçãopara saber o que fazer nas empresas.Este é um ótimo momento para saber o que os empresários pensam”, afirmou.No documento com os números da defasagem, destaca-se a “existência de custos suportados pelas empresas, que necessitam ser cobrados conforme a especificidade do serviço, como é o caso do Frete Valor; GRIS – Gerenciamento de Risco; Generalidades, como a Taxa de Restrição de Trânsito – TRT, dentre outras, inclusive as de caráter emergencial e transitório, como é o caso da Taxa EMEX – Emergência Excepcional, criada para cobrir os

Durante o CONET&Intersindical2017, os assuntos foram discutidose votados pelos representantespresentes com o objetivo de buscar asmelhores condições para o transporterodoviário de cargas. Questõessobre a situação política do país e aatuação dos empresários e entidadesdo TRC também fizeram parte da

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Valor de Cobrança: R$ 10,00 porfração de 100 kg mais um percentualdo valor da carga, que varia de 0,3%a 1,0%. Ainda de acordo com odocumento apresentado, o setortambém enfrenta o comprometimentodo seu faturamento com o aumentocada vez maior de fretes atrasados(14,90%, segundo a pesquisa).Conforme o Comunicado CONETsobre a Defasagem de Frete, “estasituação é insustentável, sobretudolevando-se em consideração asmargens estreitas de lucro praticadaspelas empresas do setor quando aeconomia está em expansão e queacabaram comprimidas pela recessão.O ano de 2017 promete ainda modestarecuperação na economia, muitoembora se fale em uma safra recorde,cabendo ao empresário de transportepreparar-se para o crescimentoque certamente virá nos anosseguintes”.

Entidades do setor e órgãos do governo – integrantes do Comitê Gestor da Política Nacional de Combate ao Roubo

de Cargas – discutiram medidas e comentaram ações que já são desenvolvidas, em suas localidades, contra esse tipo de criminalidade.

O vice-presidente de segurança patrimonial da NTC&Logística, Roberto Mira, ressaltou que, “somente o estado de São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro registram atualmente 20 mil roubos de cargas por ano. O crime organizado está cada vez mais sofisticado. Precisamos nos renovar constantemente para combater essa prática perversa”.

Já o presidente do Comitê Gestor da Política Nacional de Combate ao Roubo de Cargas, coronel Adilson Pereira de Carvalho, salientou os desafios do Comitê. Dentre eles, a formalização de Acordos de Cooperação Técnica entre a União e as Unidades Federativas; o desenvolvimento e a realização de cursos de capacitação (rede EaD SENASP/cursos presenciais); a

ROubO DE

elaboração de propostas legislativas de trânsito penal e propostas de soluções de modernização e adequação tecnológicas, entre outros.“Só a tecnologia pode trazer maior eficiência para o combate ao roubo de cargas. O Comitê tem trabalhado nesse sentido”, defendeu o coronel Adilson Pereira de Carvalho.

O Inspetor Bruno Oliveira Santos, chefe de Operações de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal, falou sobre o Sistema Alerta. “Trata-se de um sistema de monitoramento e fiscalização eletrônica de veículos utilizando câmera com tecnologia e reconhecimento de caracteres. A arquitetura do sistema é totalmente integrada com outros sistemas”, concluiu.

O delegado Marcelo Aires Medeiros, adjunto da Polícia Civil de Goiás, relatou ações do Programa Pró-Cargas Goiás (Programa de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas), criado em 2014 pelo governo do estado. A Secretaria de Fazenda (SEFAZ/GO) pode cassar as inscrições estaduais em estabelecimentos onde forem encontradas mercadorias roubadas. Já foram cassadas sete inscrições pela SEFAZ, e seus representantes foram presos pela Polícia Civil. O Programa é integrado com diversos organismos estaduais, inclusive federais, como Secretaria da Fazenda, Secretaria de Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.

custos decorrentes da situação de falta de segurança, escoltas urbanas e do aumento no valor da cobertura securitária para as cargas nas modalidades CIF e FOB”. Foi citada, como exemplo para a destinação da EMEX, a cidade do Rio de Janeiro “até que termine o estado de beligerância que a assola, cuja face mais cruel parao transporte é o roubo de carga”.

cARGAS

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cENTROS DE INTEGRAÇÃO LOGÍSTIcA:

EFIcIÊNcIA

Em resposta às necessidades de uma economia moderna e globalizada, os Centros de Integração Logística – CILs são estruturas

planejadas para integração de serviços e infraestrutura adequada para diferentes modos de transporte, e têm como objetivo principal a redução dos custos de armazenamento, transporte e gestão das operações logísticas.

O planejamento estratégico do setor de transportes deve ter, como metas, muito mais do que vencer distâncias entre produção e consumo, mas, e em patamar mais elevado, a busca contínua por melhores formas de transportar e integrar os diversos modais. Com isso, tornar mais eficiente o uso do transporte rodoviário em sua integração com os portos, com a infraestrutura ferroviária e, principalmente, com os sistemas de concentração e integração de cargas, os CILs.

Nesse sentido, o Governo Federal, por intermédio da Secretaria de Política Nacional Transportes (SPNT), vinculada ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil(MT), vislumbrando o crescimento da economia nacional e a necessidade de, cada vez mais, ampliar a competitividade brasileira com melhor direcionamento de investimentos em planejamento e infraestrutura de

INSTRuMENTO PARA

PRODuTIvA

transportes, firmou no ano de 2013, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, representada pelo Programa de Engenharia de Transportes da COPPE/UFRJ, um termo de cooperação para desenvolvimento de uma metodologia para localização de CILs.

Como resultado desse termo de cooperação, que envolveu uma ampla equipe de professores e pesquisadores especialistas na área de transportes, dotou a SPNT/MT de um arcabouço metodológico capaz de subsidiar políticas públicas dedicadas à expansão e maior eficiência na gestão e operação do transporte multimodal de cargas no Brasil.

Os CILs são estruturas complexas, tanto na sua concepção quanto na operação e gestão, característica que, durante o processo de desenvolvimento do projeto, foi necessário entender seus diversos aspectos técnicos e institucionais, que extrapolam os estudos puramente científicos.

Romulo Orrico

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Romulo OrricoCOPPE/UFRJ

Fevereiro 2017

Como resultado, foram identificadas137 microrregiões brasileiras consideradas áreas vocacionadas para receber CILs. Destas, 72 foram consideradas como prioritárias por seu potencial de impacto na redução global de custos e nos volumes de cargas movimentadas.

Os estudos mostraram ainda que, considerando o horizonte de 2031, os investimentos em CILs possuem potencial para movimentar 640 milhões de toneladas por ano, resultando em redução de custos na ordem de R$ 43 bilhões anuais. E, mais, dependendo de condições específicas, o potencial de carga que pode migrar para a rede de CILs alcança 1,9 bilhões de toneladas por ano. CIL, um real instrumento para aumento da eficiência do setor.

Além de realizar um diagnóstico da situação nacional, foram examinados e extraídos ensinamentos de experimentos internacionais de sucesso. Foi especialmente criada uma metodologia para identificação e definição de critérios chave para localização dos CILs, considerando objetivos públicos e possíveis estratégias empresariais, que deu suporte ao desenvolvimento de uma modelagem matemática para indicação de locais prioritários para instalação de CILs no território nacional, considerando cenários futuros de infraestrutura, buscando reduzir custos e aumentar a eficiência dos sistemas logísticos.

O estudo se concluiu no final de 2015 e, como parte do projeto, foi também realizada uma aplicação da metodologia à realidade brasileira. Diversos cenários foram avaliados considerando tanto os investimentos programados em infraestrutura, quanto os diferentes grupos de carga, com seus quantitativos e seus locais de produção e consumo, até o ano de 2031.

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SócIOS MANTENEDORES