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16 | entrevista 1000 Maiores Empresas | Diário de Coimbra “Hoje, como nunca, há razões para que as empresas acreditem num futuro melhor” Esforço e criatividade têm sido as armas dos empresários para sobreviver à crise e alcançar o sucesso. Francisco Braga, director regional da Economia do Centro, destaca ainda o pacote inédito de incentivos às pequenas e médias empresas e a necessidade de estas definirem estratégias de internacionalização e de procurarem novos mercados

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16 | entrevista 1000 Maiores Empresas | Diário de Coimbra

“Hoje, como nunca,há razões para queas empresasacreditem numfuturo melhor”

Esforço e criatividade têm sido as armasdos empresários para sobreviver à crisee alcançar o sucesso. Francisco Braga,director regional da Economia do Centro, destacaainda o pacote inédito de incentivosàs pequenas e médias empresas e a necessidadede estas definirem estratégias de internacionalizaçãoe de procurarem novos mercados

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Diário de Coimbra | 1000 Maiores Empresas entrevista | 17

A conjuntura económica tem levadoao encerramento de milhares deempresas. Será o caminho de muitasoutras?Os números mostram que há um saldopositivo entre o encerramento de em-presas e a constituição de novas em-presas. Porém, a comunicação socialapenas destaca uma parte da realidade.Muitas empresas abrem portas; outrassubsistem com grande esforço e cria-tividade e, outras, infelizmente, encer-ram. Hoje, como nunca, há razões paraque as empresas acreditem num futuromelhor. O Governo está a fazer tudo oque é possível para ajudar as empresas.

As “sobreviventes” estão a conse-guir dar a volta à crise?Sim. Muitas empresas estão a dar a voltaà crise. Gostava que esta mensagemfosse mais vezes referida pela comuni-cação social. Existem muitos casos desucesso. O pessimismo exagerado é ini-migo da confiança. E a economia vive,em parte, da confiança dos seus agen-tes. Hoje, existem 227 empresas comprojectos de revitalização apresentadosatravés do programa “Revitalizar”. Estarealidade representa a salvaguarda deum volume de negócios de cerca de 1000milhões de euros e 7.600 postos de tra-balho. Portanto, não há motivos parase desistir. Existem outros programas,que vão desde o financiamento e reca-pitalização das empresas, aos Fundos

Regionais de Revitalização e Expansãode PME [Pequenas e Médias Empresas],ao reforço e simplificação do QREN[Quadro de Referência Estratégico Na-cional], entre outros, no âmbito da cria-ção de emprego. Irá ser criado um “Sis-tema de Incentivos a Microempresas”,dotado com 25 milhões de euros parafinanciar a criação de empresas em zo-nas do interior ou de baixa densidade.Para além do apoio do Estado, existetambém a própria dinâmica empresa-rial, que ultrapassa barreiras e cons-trangimentos e marca uma forte posi-ção externa, quer por via dasexportações, quer por via da interna-cionalização. Só a título de exemplo, em2012 (Janeiro a Agosto), as exportaçõesportuguesas aumentaram 9,6% e as im-portações diminuíram 4,3%, tornandoPortugal num dos países onde maiscrescem as exportações.

Num momento tão difícil como oque Portugal atravessa, que estraté-gias deviam adoptar os empresáriospara vingar no mercado?As estratégias são as mais diversificadase dependem muito da realidade de cadaempresa. Defendo que cada empresadeverá elaborar uma boa estratégia decrescimento à medida da sua realidade.Só avaliando a situação económica e fi-nanceira da empresa, bem como a suacarteira de clientes e os mercados-alvo,por exemplo, é que se poderá definir

uma boa estratégia. As estratégias daliderança total em custos, da diferen-ciação ou do foco de Michael Porter sãouma possibilidade, no entanto, existemoutros autores académicos que defen-dem outras estratégias. Na minha opi-nião, as estratégias de internacionali-zação e de procura de novos mercadossão as que deverão ser seguidas pelasempresas.

De que forma é que o Governo está aajudar as pequenas e médias empre-sas a sobreviver à crise? Tem emvista medidas adicionais?Além das medidas em curso, o Governoapresenta, no Orçamento de Es-tado/2013, um pacote de forte estímuloao crescimento e ao emprego. Nuncacomo hoje o pacote de estímulos àsPME foi tão completo. Os empresáriospodem esperar um orçamento amigodas PME e do investimento. Tem me-didas amigas na fiscalidade das PME,no financiamento, no apoio ao inves-timento, no reforço do apoio às expor-tações e à internacionalização. Apre-senta medidas revolucionárias, como oregime do “IVA de caixa”, novos ins-trumentos de capitalização de empre-sas e medidas históricas de simplifica-ção do QREN, por exemplo. Aproveitopara realçar a boa execução do QREN eo seu reforço, isto é, em 31 de Outubro,a taxa de execução do QREN era de 51,5%e, através da reprogramação estraté-

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gica, foi possível aumentar o apoio àsempresas, ao emprego e ao ensino eformação profissional em mais de 2.100milhões de euros. Por fim, importa su-blinhar a aposta do Governo na rein-dustrialização a partir de 2013, ou seja,o compromisso do novo QREN 2014-2020, orientado principalmente para acriação de novas unidades industriaisque se apoiem na tecnologia e alavan-quem um novo ciclo de criação de valornos produtos, que nos aproxime dospaíses mais competitivos da Europa.Existem muitas outras medidas pre-vistas no Orçamento.

Encerramento de empresas é sinó-nimo de desemprego. À semelhançado primeiro-ministro, acredita queem alguns casos, ficar sem empregorepresenta uma oportunidade demudança?O desemprego é, em regra, um acon-tecimento imprevisto, no entanto, emoutros casos, é um acto voluntário. Im-porta falar de forma individual paraduas formas, muito diferentes, de ficardesempregado. Na primeira, não háuma perspectiva de futuro, não há, noimediato, uma nova actividade seme-lhante que supere a ausência do actualordenado, não há bem-estar social, nãohá todo um conjunto de emoções e decapacidade financeira que outrora exis-tia. Dependendo do perfil do desem-pregado, a solução para a saída do de-semprego poderá ser mais ou menosfácil, isto é, por exemplo, as pessoasmais qualificadas passam menostempo na situação de desemprego, em-bora, hoje exista um conjunto de ins-trumentos de apoio que facilitam a in-tegração dos desempregados no

mercado de trabalho. Para quem ficadesempregado de forma voluntáriaterá, naturalmente, a sua situação pro-fissional salvaguardada. Indo objecti-vamente à pergunta, poderei dizer quecada cidadão poderá, dependendo dasua situação em concreto, avaliar se estanova fase da sua vida se torna numaoportunidade ou numa ameaça. Comodirector regional da Economia, possoassegurar que o Governo está a fazertudo para minimizar as dificuldades daspessoas e das empresas. Hoje, temosum “foco” muito importante nas novasmedidas que estão a ser tomadas. Esse“foco” são as pessoas e as empresas.

Conhece alguns casos destes, e quese tenham tornado exemplos de su-cesso?Conheço vários. Não falarei sobre casospessoais. Prefiro que as pessoas acre-ditem que a resignação não é a solução.Existem oportunidades de emprego.Cabe às pessoas encontrarem a sua fe-

licidade.

Criar o próprio empregoé a frase que vai imperarno futuro?Criar o próprio emprego éum dos métodos para a in-

serção na “vida activa”.Não importa a naturezado emprego, o que im-porta é fazer o que segosta. Trabalhar por um

futuro melhor é o quecabe a cada um. Hojeexiste um conjunto alar-

gado de apoios e de instru-mentos que permitem às

pessoas avançar com a criação

do seu próprio emprego. Por exemplo,o programa de apoio ao empreendedo-rismo e à criação do próprio emprego,o programa “Impulso Jovem”, o mi-crocrédito, entre outros. Cabe a cadacidadão avaliar estes instrumentos ecompreender qual é aquele que melhorse aplica à sua situação.

Que desafios têm pela frente os em-presários? No imediato, o desafio é aumentar assuas exportações e internacionaliza-rem-se. Os empresários, juntamentecom as associações empresariais e ins-tituições públicas regionais, devemcriar as condições para melhorar o de-sempenho das exportações portugue-sas e reforçar a internacionalização. Acriação de alianças e parcerias, bemcomo o acréscimo de valor às exporta-ções, são duas formas, entre outras,para ultrapassar alguns dos actuaisconstrangimentos.

Dependendo do perfildo desempregado,a solução para a saídado desemprego poderáser mais ou menos fácil