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ANÁLISE DOS RETORNOS DA PETROBRAS SOB A ÓTICA DA TEORIA DE PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM Alexia Marques de Souza Ferreira Jairo Moreira Caetano da Silva Projeto de Graduação apresentado no Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientador: Prof. José Roberto Ribas, D.Sc. Rio de Janeiro Março de 2015

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ANÁLISE DOS RETORNOS DA PETROBRAS SOB A ÓTICA DA TEORIA DE

PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM

Alexia Marques de Souza Ferreira

Jairo Moreira Caetano da Silva

Projeto de Graduação apresentado no Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientador: Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

Rio de Janeiro

Março de 2015

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ANÁLISE DOS RETORNOS DA PETROBRAS SOB A ÓTICA DA TEORIA DE

PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM

Alexia Marques de Souza Ferreira

Jairo Moreira Caetano da Silva

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

________________________________________________

Profa. Klitia Bicalho de Sá, D.Sc.

________________________________________________

Profa. Camila Caiaffa

.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2015

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iii

Ferreira, Alexia Marques de Souza

Silva, Jairo Moreira Caetano da

Análise dos Retornos da Petrobras sob a Ótica da Teoria de

Precificação por Arbitragem - Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica, 2015.

xii, 77 p.: Il.; 29,7 cm.

Orientador: José Roberto Ribas

Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia de Produção, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 71-77

1. Petrobras, 2. Teoria de Precificação por Arbitragem, 3. PIB, 4.

Ibovespa, 5. Mercado de Capitais

I. Ribas, José Roberto. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. Análise dos Retornos da

Petrobras sob a Ótica da Teoria de Precificação por Arbitragem.

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iv

Agradecimentos

Alexia Marques de Souza Ferreira

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para

que eu pudesse me tornar uma Engenheira de Produção.

Gostaria primeiramente de agradecer à minha mãe, por sempre ter me dado os

melhores conselhos, inclusive no momento em que eu pensei em desistir do curso de

Engenharia de Produção. Definitivamente, sem os conselhos da minha mãe, eu não

estaria prestes a me graduar neste curso.

Gostaria também de agradecer ao meu pai, por ter me levado à faculdade todos

os dias até que eu tivesse uma carteira de motorista e depois por ter me dado um carro

para que eu pudesse ir à UFRJ dirigindo.

Agradeço também aos meus amigos Flávio Crelier, Jorge Dias, Henrique Soares

e Fabio Cagido por terem estudado junto comigo para diversas provas ao longo do

curso. Foram muitos dias e muitas horas de estudo. Certamente cinco cabeças pensam

melhor que uma.

Ao meu namorado, Jairo Caetano, que eu tanto admiro, por ter sempre estado ao

meu lado nos momentos mais difíceis, e por ter me ajudado a espairecer em meio a

tantas provas e trabalhos. Não poderia deixar de agradecê-lo também por ter elaborado o

presente trabalho comigo e por ter me ajudado a estudar para muitas provas quando meu

antigo grupo de estudos estava em intercâmbio.

Mãe, pai, amigos e namorado, todos vocês sempre acreditaram em mim, me

apoiaram e me incentivaram! Muito obrigada!

Agradeço também ao meu chefe, Leonardo Jadjeski, por ter deixado que eu

saísse mais cedo alguns dias do estágio para que eu pudesse estudar.

Gostaria de agradecer também ao nosso orientador e professor, José Roberto

Ribas, pelo seu apoio e orientação durante a elaboração desse projeto. Aproveito para

agradecer a todos os outros professores da UFRJ, que de alguma forma contribuíram

para a minha formação.

Alexia Marques de Souza Ferreira

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v

Agradecimentos

Jairo Moreira Caetano da Silva

Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus por ter me guiado nessa longa

jornada durante a graduação, me dando discernimento para tomar as melhores decisões

para a minha formação.

Gostaria de agradecer a minha família, em especial meus pais, que sempre me

apoiaram em todas as minhas escolhas e não pouparam esforços ao investir no meu

desenvolvimento educacional.

Gostaria de agradecer aos meus amigos, em especial o Marcel Martins, pelos

conselhos e pela parceria nos estudos e trabalhos ao longo do curso de Engenharia de

Produção.

Um agradecimento especial à Alexia Ferreira, minha melhor amiga, namorada e

dupla no projeto de graduação, que foi fundamental para a minha capacitação nas

minhas características menos desenvolvidas, sendo para mim uma grande referência

como aluna e profissional.

Gostaria de agradecer também a todos os professores do curso pelos

ensinamentos proporcionados durante as disciplinas cursadas, que me deram base para

me tornar um engenheiro de produção equilibrado entre conhecimentos teóricos e

práticos.

Agradeço, especialmente, ao professor e orientador José Roberto Ribas, que nos

auxiliou de maneira brilhante em nosso projeto de graduação, sendo muito importante

para a sua concretização.

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos que, de alguma forma, contribuíram

para a minha formação como Engenheiro de Produção.

Jairo Moreira Caetano da Silva

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“Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido

demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava.

Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de

que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você

tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto

para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da

sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser

um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que

você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue.

Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em

qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos

passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.”

Steve Jobs

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

ANÁLISE DOS RETORNOS DA PETROBRAS SOB A ÓTICA DA TEORIA DE

PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM

Alexia Marques de Souza Ferreira

Jairo Moreira Caetano da Silva

Março/2015

Orientador: Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

Curso: Engenharia de Produção

O modelo CAPM - Capital Asset Pricing Model (Modelo de Precificação de

Ativos de Capitais) é atualmente bastante usado no mercado de capitais. Entretanto, tem

recebido algumas críticas por demonstrar em sua teoria que o risco e a rentabilidade de

um ativo podem ser determinados através de um único fator: a correlação com o

mercado. Neste sentido, outros modelos têm surgido como uma opção ao CAPM, no

qual um deles vem se destacando em trabalhos atuais, cujo nome é o APT - Arbitrage

Pricing Theory (Teoria de Precificação por Arbitragem). Assim, este trabalho teve por

objetivo investigar a contribuição do Produto Interno Bruto (PIB) na determinação do

risco e da rentabilidade do ativo com base na APT, aplicado à empresa Petrobras S.A.,

no período de 2000 a 2013. Para atingir esse objetivo, foram elaborados dois modelos

de regressão linear. O estudo da Petrobras se faz relevante em virtude da alta

instabilidade nos retornos da empresa ao longo dos últimos anos, agravado pela crise de

credibilidade gerada pelos escândalos de corrupção que vieram a tona em 2014.

Palavras-chave: Petrobras, Teoria de Precificação por Arbitragem, PIB,

Ibovespa, Mercado de Capitais

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineering.

A PETROBRAS FINANCIAL RETURN ANALYSIS FROM THE

PERSPECTIVE OF THE ARBITRAGE PRICING THEORY

Alexia Marques de Souza Ferreira

Jairo Moreira Caetano da Silva

March/2015

Advisor: Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

Course: Industrial Engineering

The CAPM - Capital Asset Pricing Model is widely used in the capital market.

However, it has received some critics for showing in his theory that the risk and

profitability of an asset can be determined by a single factor: the correlation with the

market. Therefore, other models have emerged as an option to the CAPM, in which one

of them has stood out in current works, whose name is the APT - Arbitrage Pricing

Theory. This study aimed to investigate the contribution of Gross Domestic Product

(GDP) in determining the risk and profitability of the asset based on APT, applied to

Petrobras SA, from 2000 to 2013. In order to achieve this goal, two linear regression

models were prepared. The study of Petrobras is relevant due to the high instability in

the company's returns over the past few years, exacerbated by the credibility crisis

generated by corruption scandals that came to light in 2014.

Keywords: Petrobras, Arbitrage Pricing Theory, GDP, Ibovespa, Capital

Markets

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução do preço do barril de petróleo ........................................................ 17

Figura 2: Tipos de Risco ............................................................................................... 28

Figura 3: Linha de Mercado de Capitais (CML) ........................................................... 29

Figura 4: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014 ......... 41

Figura 5: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014, com o

expurgo da inflação ........................................................................................................ 43

Figura 6: Dívida / Patrimônio Líquido - Comparação Exxon Mobil, Chevron e

Petrobras – 2002 a 2013 ................................................................................................. 52

Figura 7: Evolução dos volumes médios diários – PETR3, PETR4 e BM&FBovespa 55

Figura 8: Representatividade do volume financeiro das ações da Petrobras negociado

frente ao volume financeiro total negociado na BM&FBovespa ................................... 57

Figura 9: Relação entre retornos históricos da Petrobras e do PIB ............................... 60

Figura 10: Relação entre retornos históricos da Petrobras e do Índice Bovespa .......... 62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Posição Acionária Petrobras .......................................................................... 39

Tabela 2: Ações da Petrobras em Circulação no Mercado ............................................ 39

Tabela 3: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014 ......... 40

Tabela 4: IPCA acumulado 12 meses, 2000 a 2014 ...................................................... 42

Tabela 5: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014, com o

expurgo da inflação ........................................................................................................ 43

Tabela 6: Dívida / Patrimônio Líquido - Petrobras – 2001 a 2013 ............................... 51

Tabela 7: Dívida / Patrimônio Líquido – Comparação Exxon Mobil, Chevron e

Petrobras – 2002 a 2013 ................................................................................................. 51

Tabela 8: Evolução dos volumes médios diários negociados na BM&FBovespa de 2006

a 2013......... .................................................................................................................... 53

Tabela 9: Evolução dos volumes médios diários de PETR4 negociados na

BM&FBovespa de 2006 a 2013 ..................................................................................... 54

Tabela 10: Evolução dos volumes médios diários de PETR3 negociados na

BM&FBovespa de 2006 a 2013 ..................................................................................... 54

Tabela 11: Retornos históricos da Petrobras e do PIB .................................................. 59

Tabela 12: Retornos históricos da PETR4 e do Índice Bovespa ................................... 62

Tabela 13: Coeficientes da regressão linear entre as variáveis e retorno – 2000 a

2013............ .................................................................................................................... 65

Tabela 14: Coeficientes da regressão linear entre as variáveis e retorno – 2000 a

2006............ .................................................................................................................... 66

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1.1. Objetivos ....................................................................................................... 13

1.1.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 13

1.1.2. Objetivos Específicos .................................................................................. 14

1.2. Organização e Abordagem do Trabalho ..................................................... 14

1.3. História da Petrobras ................................................................................... 15

1.4. Operação Lava Jato ......................................................................................... 22

2. TEORIA DE PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM ......................................... 25

2.1. Fundamentação Teórica .................................................................................. 25

2.1.1. Efeitos da diversificação ............................................................................. 26

2.2. O Modelo CAPM .............................................................................................. 28

2.2.1. Críticas ao CAPM ....................................................................................... 30

2.3. Modelo APT ...................................................................................................... 31

2.3.1. O Modelo APT aplicado ............................................................................. 32

2.3.2. Dificuldades na utilização do APT .............................................................. 34

3. PETROBRAS NO MERCADO DE CAPITAIS .................................................... 35

3.1 Os Papeis ON e PN ............................................................................................ 35

3.1.1 Descrição das ações da Petrobras e das ADRs ............................................. 37

3.1.2 Distribuição dos Papeis ON e PN ................................................................. 39

3.2 O Comportamento dos Papeis ON e PN ao Longo do Tempo ........................ 40

3.3 Eventos que Afetaram o Preço dos Papeis ....................................................... 44

3.2.1 Descobertas do Pré-sal ................................................................................. 44

3.2.2 Valorização do Preço das Commodities ....................................................... 45

3.2.3 Recessão Mundial Provoca Queda no Preço das Commodities .................... 45

3.2.4 Credit Suisse Rebaixa Recomendação dos Papeis da Petrobras ................... 45

3.2.5 Reajuste do Preço do Diesel ......................................................................... 46

3.2.6 Reajuste do Preço da Gasolina Aquém do Esperado .................................... 46

3.2.7 As Eleições Presidenciais de 2014 ............................................................... 46

3.2.8 Possível Anúncio da Nova Equipe Econômica de Dilma Roussef ............... 47

3.2.9 O Balanço do Terceiro Trimestre de 2014 ................................................... 47

3.2.10 A Presidência da Petrobras ......................................................................... 48

3.2.11 A Influência dos Escândalos no Preço dos Papeis ...................................... 48

3.2.12 Análise Geral das Consequências dos Eventos ........................................... 49

3.4 Análise da Dívida sobre o Patrimônio Líquido da Petrobras ......................... 50

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xii

3.5 Relação de Volumes Financeiros Negociados .................................................. 52

4. ESTUDO DE CASO: PETROBRAS ......................................................................... 58

4.1. Relação Histórica dos Retornos da Petrobras com os Indicadores ............... 58

4.1.1. Relação Histórica entre Petrobras e PIB ...................................................... 58

4.1.2. Relação Histórica entre Petrobras e Ibovespa .............................................. 60

4.2. Análise do Modelo APT ................................................................................... 63

4.2.1. Hipóteses Testadas ...................................................................................... 63

4.2.2. Aplicação do APT a um portfólio não diversificado ................................... 64

4.2.3. Resultados Estatísticos ................................................................................ 64

4.2.4. Comparação dos Resultados ........................................................................ 67

4.2.5. Conclusão dos Testes de Hipóteses ............................................................. 67

4.3 Aplicação do Modelo Desenvolvido .................................................................. 68

4.3.1. Equação do Modelo e Resultados................................................................ 68

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 69

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 71

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1. INTRODUÇÃO

Os atuais escândalos de corrupção relativos à Petrobras têm chamado a atenção

do mundo inteiro, desde o início da Operação Lava Jato, em março de 2014. A

exposição de tais escândalos pela mídia tem afastado investidores e consequentemente o

preço das ações da estatal tem sido muito afetado. Suspeita-se que o esquema

envolvendo a estatal, diversas empreiteiras e vários políticos existe há pelo menos 15

anos. Frente a isso, resolvemos realizar uma análise econômica da Petrobras, com foco

no período de 2000 a 2013.

Para realizar tal análise, escolhemos utilizar a Teoria de Precificação por

Arbitragem (APT - Arbitrage Pricing Theory). O modelo APT é uma teoria geral de

precificação de ativos que diz que o retorno esperado de um ativo financeiro pode ser

modelado como uma função linear de vários fatores macroeconômicos ou índices de

mercado teóricos, onde a sensibilidade a mudanças em cada fator é representado por um

coeficiente beta específico. Decidimos então utilizar o Produto Interno Bruto (PIB)

brasileiro e o Índice Bovespa (Ibovespa) como fatores de carregamento do modelo.

A escolha do modelo APT se deu devido ao fato de o conhecido modelo de

precificação de ativos CAPM - Capital Asset Pricing Model ter recebido críticas por

demonstrar em sua teoria que o risco e a rentabilidade de um ativo podem ser

determinados através de um único fator: a correlação com o mercado.

Além da análise sob o ponto de vista do modelo APT, o presente trabalho

também se propõe a analisar a variação do preço das ações da Petrobras desde o ano

2000, abordando os principais fatores que influenciaram a cotação ao longo do tempo.

A relação entre a dívida e o patrimônio líquido da empresa ao longo do tempo e a

relação de volumes negociados dessas ações frente ao volume total negociado na

BM&FBovespa também são assuntos tratados neste trabalho.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral do trabalho consiste em realizar um estudo econômico da

Petrobras, e verificar se o modelo da Teoria de Precificação por Arbitragem é adequado

para explicar os retornos históricos das ações da estatal no período de 2000 a 2013.

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1.1.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Analisar a evolução da cotação das ações da Petrobras, com base em

fatos históricos que ocorreram após o ano 2000.

Analisar o impacto da Operação Lava Jato na cotação das ações da

Petrobras.

Avaliar o endividamento da Petrobras comparativamente a duas outras

empresas internacionais com perfil de atuação semelhante.

Verificar se, no contexto do modelo de Precificação por Arbitragem, o

Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o Índice Bovespa (Ibovespa) são

fatores de carregamento adequados para explicar os retornos históricos

das ações da Petrobras no período de 2000 a 2013.

1.2. Organização e Abordagem do Trabalho

Este trabalho est r z o capítulos. Esta introdução constitui o

primeiro capítulo, no qual abordaremos a história da Petrobras e a Operação Lava Jato,

além dos objetivos do presente trabalho, que já foram citados em tópico anterior.

O segundo capítulo apresenta os principais conceitos da Teoria de Precificação

por Arbitragem, abordando as teorias e equações anteriores ao modelo utilizado no

estudo. Entre os modelos citados, damos um enfoque maior ao modelo CAPM em

virtude das semelhanças com o APT e apresentamos críticas e dificuldades relacionadas

a ambos os modelos.

O terceiro capítulo “A P tr br s M r C p t s” f l s br s çõ s

preferenciais e ordinárias da empresa, seu comportamento ao longo do tempo, fatores

que influenciaram o preço desses ativos, incluindo os atuais escândalos, e a relação do

volume financeiro dessas ações negociado na Bolsa de Valores, entre outros tópicos que

relacionam a empresa com o mercado financeiro.

O quarto capítulo trata principalmente de dois tópicos: a análise dos retornos

históricos da Petrobras e dos fatores de carregamento do modelo (PIB e Ibovespa), e a

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análise dos resultados obtidos através da aplicação do modelo da Teoria de Precificação

por Arbitragem.

O quinto capítulo constitui a conclusão do presente trabalho, na qual abordamos

as fragilidades do modelo estudado, assim como extensões futuras que poderiam

complementar o estudo realizado.

1.3. História da Petrobras

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), iniciou-se no Brasil uma

discussão sobre qual seria a melhor forma de explorar o petróleo no país. Nesta época, o

país se viu dividido entre os que defendiam que o petróleo deveria ser explorado

exclusivamente por uma empresa estatal brasileira, os nacionalistas, e aqueles que

desejavam que a prospecção, refino e distribuição fossem atividades exploradas por

empresas privadas.

O então presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), fazia parte do

rup s “ ã - l st s”. Em 1948, ele enviou ao Congresso Nacional do Brasil

um anteprojeto do Estatuto do Petróleo que, se aprovado, permitiria a participação de

empresas privadas na indústria de combustíveis brasileira.

Os nacionalistas, como era esperado, não concordaram com o anteprojeto e, com

o intuito de impedir sua aprovação, criaram uma campanha contra a participação de

capitais privados na exploração do petróleo, que f u h “O Petróleo é

ss ”. Esta campanha, que almejava a autonomia brasileira na exploração de petróleo,

ocorreu entre 1947 e 1953 e foi liderada pelo general Horta Barbosa.

O movimento popular conseguiu impedir a tramitação do anteprojeto no

Congresso Nacional e contribuiu para a aprovação da Lei 2004 de 3 de outubro de 1953,

sancionada pelo então presidente da República, Getúlio Vargas (1951-1954). Esta lei

estabeleceu o monopólio estatal do petróleo e instituiu a Petrobras. Juracy Magalhães

foi seu primeiro presidente.

A empresa iniciou suas operações no dia 10 de maio de 1954, com a produção

de 2.663 barris por dia, equivalente a 1,7% do consumo nacional da época. Em 1956, as

ações da Petrobras começaram a ser negociadas em bolsa.

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Em 1961, a Petrobras inaugurou a primeira refinaria construída pela própria

empresa, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. A Reduc foi

extremamente importante para que o Brasil atingisse a autossuficiência com relação a

alguns derivados de petróleo. Como consequência, as importações brasileiras, que antes

eram majoritariamente focadas em derivados, passaram a se concentrar em petróleo

bruto.

Em 1967 foi criada a Petroquisa (Petrobras Química S.A.), unindo os setores

estatal e privado na implementação da indústria petroquímica brasileira. A Petroquisa

foi primeira subsidiária da Petrobras e marcou o início da história do setor petroquímico

no Brasil. Neste mesmo ano foi criado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da

Petrobras (CENPES), “responsável por promover todas as pesquisas científicas e

tecnológicas na empresa, recolhendo e sistematizando sua documentação, além de

coordenar trabalhos relativos a estudos de p t t s” (PETROBRAS).

Em 1968 foi construída a plataforma P-1, a primeira plataforma de perfuração de

petróleo fabricada no Brasil. Esta plataforma foi fundamental para que ocorresse um

segundo marco importante para a Petrobras naquele mesmo ano: a primeira descoberta

de petróleo no mar brasileiro, no Campo de Guaricema, em Sergipe. Ainda em 1968, foi

criada a Organização dos Países Exploradores de Petróleo (Opep).

Em 1969, Ernesto Geisel assumiu a presidência da Petrobras. Durante sua

gestão, que durou até 1973, Geisel reduziu a exploração de petróleo em território

brasileiro e investiu em perfurações no exterior. Em 1971 foi criada a Petrobras

Distribuidora (BR) e em 1972, a Braspetro, subsidiária internacional da companhia. O

objetivo da Braspetro era ajudar a garantir o suprimento nacional de petróleo, buscando

petróleo em outros países, visto que a importação representava cerca de 80% do

consumo brasileiro na época. Foi a Braspetro que descobriu, no Iraque, uma das

maiores reservas de petróleo do mundo, o Campo Majnoon.

Nos anos 70, a população descobriu que o petróleo era um bem não-renovável e

que, por isso, acabaria algum dia. Sendo assim, em 1973, em uma reunião da Opep, os

países membros, que eram detentores de 80% da produção mundial de petróleo na

época, decidiram reduzir os níveis de produção e aumentar o preço do barril. Em apenas

três meses, o preço do barril de petróleo subiu de US$ 2,90 para US$ 11,65,

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estabelecendo, portanto, a primeira crise do Petróleo. Neste cenário, a Petrobras passou

a investir para aumentar suas reservas l ç u u p h “E z G s l ”.

Em 1975, o governo brasileiro, em uma tentativa de enfrentar a crise do

petróleo, criou o Proálcool (Programa Nacional do Álcool). Este programa tinha como

objetivo intensificar a produção de álcool combustível (etanol) para substituir a

gasolina. Para atingir tal objetivo, o governo ofereceu vários incentivos fiscais e

empréstimos bancários com juros abaixo da taxa de mercado para os produtores de

cana-de-açúcar e para as indústrias automobilísticas que desenvolvessem carros

movidos a álcool. Quatro anos depois, em 1979, a Petrobras começou a comercializar

álcool hidratado como combustível para automóveis. Este mesmo ano foi marcado pela

segunda crise do petróleo, a qual foi ocasionada pela explosão da Revolução iraniana.

Tal revolução resultou em cortes na venda e distribuição deste item por parte do Irã,

segundo maior produtor de petróleo mundial na época, e o preço do barril subiu

significativamente, chegando a mais de US$ 20.

Figura 1: Evolução do preço do barril de petróleo

Fonte: http://www.dani2989.com/

Em 1984, ocorreu a descoberta do campo de Albacora, na Bacia de Campos,

comprovando a existência de campos gigantes a grandes profundidades. Nesta época, a

Petrobras alcançou a meta de produção diária de 500 mil barris de petróleo.

S p r br s l r é 80 f u h “ é

p r ”, p r P tr br s f completamente o oposto: foram anos de grandes

conquistas em exploração e produção de petróleo no mar, principalmente de 1985 a

1990. Em 1985, foi descoberto o campo de Marlim, o segundo campo gigante do país,

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também na Bacia de Campos. Em 1986, a Petrobras bateu um recorde mundial ao

produzir petróleo a profundidades próximas de 400 metros. Em 1988, a companhia

bateu novamente este recorde, com uma produção de petróleo a 492 metros abaixo do

nível do mar. Essas conquistas contribuíram para que a extração tenha chegado a

675.135 barris de petróleo por dia em 30 de dezembro de 1989.

A década de 90 foi marcada por diversos avanços tecnológicos para a Petrobras.

Em 1992, a empresa recebeu, pela primeira vez, o prêmio mais importante do setor

petrolífero offshore mundial, o Distinguished Achievement Award (Prêmio de Distinção

a Empresas), da Offshore Technology Conference (OTC). Os desafios tecnológicos

enfrentados pela estatal ao realizar extração de petróleo em águas profundas da Bacia de

Campos deram a ela o reconhecimento internacional. Posteriormente, a companhia

recebeu mais dois prêmios da OTC: em 2001, novamente na categoria Distinção a

Empresas, e em 2007, na categoria individual, recebido pelo gerente executivo do

CENPES, o engenheiro Marcos Assayag, por contribuir com o desenvolvimento de

tecnologias para produzir de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

Em 1993 foi assinado um acordo entre os governos do Brasil e da Bolívia para a

construção do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) e importação de gás natural boliviano.

A primeira fase do gasoduto foi inaugurada em 1999, mas a operação só ocorreu a partir

de 2001. O Gasbol tem 3.150 quilômetros de extensão e atravessa 135 municípios.

Em 1997, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1994 – 2002)

sancionou uma lei que mudou a regulamentação do setor de petróleo do país, a Lei

9.478/97. A partir de 6 de agosto de 1997, a Petrobras, que atuava em um regime

monopolista por mais de 40 anos, passou a competir com empresas privadas nacionais e

estrangeiras nos campos de exploração, produção, refino e transporte de petróleo. Esta

mesma lei criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável pela regulação,

fiscalização e contratação das atividades do setor, a qual foi vinculada ao Ministério de

Minas e Energia (MME), e o Conselho Nacional de Política Energética, órgão destinado

à formulação de políticas e diretrizes energéticas.

Em janeiro de 2000, um rompimento em uma das tubulações da Reduc provocou

um vazamento de aproximadamente 1,3 milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara.

A mancha se espalhou por 40km² e atingiu praias da Ilha do Governador, de São

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Gonçalo e de Paquetá, matando diversas espécies de aves e peixes. O episódio ficou

marcado como um dos maiores acidentes ambientais da história no Brasil.

Em agosto de 2000, as ações da Petrobras passaram a ser negociadas na Bolsa de

Nova York. Foram 180 milhões de ações vendidas (equivalente a US$ 4 b lhõ s). “A

companhia fechou o primeiro dia no mercado de capitais comemorando o maior

lançamento de ações já realizado por uma empresa br s l r ” (PETROBRAS).

Ainda em 2000, a Petrobras começou a fornecer gás natural ao mercado

termelétrico, como uma tentativa de ajudar o país a superar a crise de suprimento de

energia elétrica que estava ocorrendo naquela época. Essa estratégia foi muito positiva

para o Brasil, na medida em que diversificou e ampliou a nossa matriz energética.

Em março de 2001, ocorreu um grave acidente na plataforma P-36, a maior e

mais avançada plataforma do mundo na época, instalada no Campo do Roncador (Bacia

de Campos). Foram três explosões sucessivas e 11 pessoas morreram. A Petrobras

tentou reverter a situação montando uma operação de resgate da plataforma, que

infelizmente, não obteve sucesso. Dentre as possíveis causas das explosões estavam um

problema no fechamento de uma válvula, erros de manutenção da plataforma e

deficiências no projeto de construção da mesma. Neste mesmo ano, a Petrobras lançou a

Gasolina Podium nos seus postos.

Em 2003, a Petrobras atinge a produção diária de 2 milhões de barris de

petróleo. Em 2005, a agência de classificação de risco de crédito Moody's Investors

Service l u P tr br s t r “ r u v st t ” (B 2), qu p r t u

à companhia ter acesso a crédito mais barato. Antes dessa data, a Petrobras era

l ss f B 1 ( t r “ r u sp ul t v ”). É interessante mencionar que,

nesta mesma época, a nota do Brasil subiu de B1 para Ba3, ou seja, o país continuou na

t r “ r u sp ul t v ”, qu tr ív s b x Petrobras. Isso significa que, para

a Moodys, era mais provável o Brasil defaultar que a Petrobras.

Em 2006, a Petrobras teve seu nome incluído pela primeira vez na lista anual

divulgada pelo Dow Jones, que seleciona as empresas com melhores práticas de gestão

social, ambiental e econômica do mundo. O Dow Jones Sustainability Índex (DJSI),

índice Dow Jones de sustentabilidade, é considerado o índice de sustentabilidade mais

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importante do mundo. Desde 2006, a Petrobras está presente na lista todos os anos. “A

permanência no índice reflete o compromisso em alinhar crescimento ao

desenvolvimento sustentável, minimizando e mitigando o impacto das atividades no

meio ambiente e gerando retorno aos seus st s” (PETROBRAS).

Em 2007, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo no pré-sal da Bacia de

Santos, na área de Tupi. A p h f r u “t r extraído petróleo de boa qualidade a

180 quilômetros da costa e 7 mil metros de profundidade, logo abaixo uma espessa

camada de sal” (VEJA, 2007). A descoberta do pré-sal elevou a Petrobras “a um novo

patamar de reservas e produção de petróleo” (PETROBRAS), colocando-a em destaque

entre as grandes empresas de energia.

Em 2008, foi criada a Petrobras Biocombustível. A pr s s u “

missão de produzir biocombustíveis com responsabilidade social e ambiental,

contribuindo para a diversificação da matriz energética brasileira e a redução da emissão

s s s f t stuf ” (PETROBRAS).

Em 2010, a Petrobras realizou a maior oferta de ações já registrada,

transformando-a na segunda maior empresa petrolífera do mundo. Após a operação de

aumento de capital, o valor de mercado da Petrobras alcançou a marca de US$ 270

bilhões, deixando-a atrás somente da Exxon (US$ 313 bilhões). A oferta levantou mais

de R$ 120 bilhões com a venda de 4 bilhões de ações ordinárias (ON, com direito a

voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto), pelos preços de R$ 29,65 e R$ 26,30,

respectivamente. No Brasil, a operação foi feita na BM&FBovespa e, no exterior, na

Bolsa de Nova York (NYSE – New York Stock Exchange). Esta megacapitalização teve

como principal objetivo captar recursos para a exploração de petróleo na camada pré-

sal. No entanto, alguns analistas disseram na época que o valor levantado não era

suficiente para financiar todos os investimentos que a Petrobras estava planejando com

relação ao pré-sal. A meta é alcançar, em 2017, uma produção diária superior a 1 milhão

de barris de petróleo nas áreas do pré-sal.

Em dezembro de 2010, o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,

sancionou uma lei que substituiu o vigente sistema de concessão pelo regime de

partilha, para os leilões do pré-sal. No sistema de concessão, as empresas vencedoras

ficavam com todo o óleo produzido na área leiloada e pagavam ao governo somente

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alguns impostos e royalties. Já no regime de partilha, as empresas repartem com a

União o resultado da exploração e o vencedor do leilão é aquele que oferecer ao

governo a maior fatia de petróleo. “A adoção do regime, em substituição ao de

concessões, faz com que o Estado fique com uma parcela da produção física em cada

campo de p tról ” (GLOBO, 2010). O sistema de concessão continuou valendo para

os campos fora do pré-sal.

Em 2012, a engenheira química Maria das Graça Silva Foster, após 33 anos

trabalhando na Petrobras, assumiu a presidência da empresa e está no comando até hoje.

Ela foi a primeira mulher a presidir a estatal e foi eleita pela revista Forbes como a

mulher mais poderosa do Brasil no setor de negócios.

Em 2013, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) coordenou o leilão do maior

campo de reservas de petróleo brasileiro, o Campo de Libra, na Bacia de Santos. A

estimativa era de que o potencial de óleo recuperável deste campo seria próximo a 12

bilhões de barris. Este leilão foi o primeiro prevendo a exploração de petróleo e gás

natural na camada pré-sal sob o regime de partilha. Grandes empresas de petróleo, como

a Exxon Mobil, ã qu s r p rt p r l lã , p s st v “pr upadas com a

possibilidade de os direitos assegurados ao governo brasileiro ditarem investimentos e

decisões futuras” (ESTADÃO, 2013). Sendo assim, o leilão reuniu menos empresas

interessadas do que o previsto. Na verdade, o consórcio formado pela Petrobras, as

chinesas CNOOC e CNPC, a francesa Total e a anglo-holandesa Shell foi o único a

apresentar uma proposta. As empresas chinesas ficaram com 10% de participação cada,

a Total e a Shell com 20% cada, e a Petrobras com 10%, além da participação mínima

obrigatória de 30% prevista inicialmente pelo regime de partilha. O edital previa que a

Petrobras seria a operadora do campo e teria uma participação mínima de 30%, mesmo

que não fizesse parte do consórcio vencedor. As empresas apresentaram uma proposta

de pagamento de 41,65% do lucro em óleo para a União (percentual mínimo fixado pelo

governo no edital). Alguns especialistas afirmam que a produção de petróleo no Campo

de Libra pode levar de cinco a dez anos para começar.

Segundo o Plano de Negócios e Gestão (PNG) da Petrobras, a empresa pretende

investir mais de US$ 236 bilhões no período entre 2013 e 2017, com o objetivo de

duplicar a produção de petróleo até 2020, alcançando uma produção diária de 4,2

milhões de barris. Para isso, a estatal está tocando mais de 900 projetos.

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1.4. Operação Lava Jato

Em 17 de março de 2014, a Polícia Federal iniciou a Operação Lava Jato, criada

para investigar um esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras,

grandes empreiteiras e diversos políticos. Suspeita-se que o esquema movimentou mais

de 10 bilhões de reais. Segundo as investigações do Ministério Público Federal, o

esquema de cartel das empreiteiras em obras da Petrobras existe há pelo menos 15 anos.

Atualmente a Operação Lava Jato já conta com nove fases.

A polícia apreendeu inicialmente R$ 5 milhões em dinheiro, além de joias,

armas e carros de luxo, e prendeu o doleiro Alberto Youssef, suspeito de comandar o

esquema, e outras 16 pessoas. Em 20 de março, o ex-diretor de abastecimento da

Petrobras, Paulo Roberto Costa (2004-2012), também foi preso, sendo acusado de

destruir e ocultar documentos.

Em 5 de abril um laudo da Polícia Federal revelou que nove fornecedores da

Petrobras depositaram R$ 34,7 milhões na conta de uma empresa de fachada

monitorada por Alberto Youssef. Em 8 de abril a FOLHA publicou que a Jaraguá

Equipamentos, uma das empresas investigadas na operação, doou R$ 4,5 milhões ao

diretório nacional do PT entre 2010 e 2012.

Em 14 de maio a CPI da Petrobras foi instalada no Senado, sob controle de

aliados do Planalto. Em 28 de maio, após pressão da oposição, foi criada a CPI mista da

Petrobras, com participação de deputados e senadores. Em 1º de junho, Paulo Roberto

Costa concedeu uma entrevista à FOLHA e negou que houvesse superfaturamento e

suborno em contratos da Petrobras. Em 10 de junho, Costa depôs na CPI do Senado e

negou novamente as suspeitas, afirmando que não existe lavagem de dinheiro na

Petrobras. Em 28 de junho a Polícia Federal começou a investigar empreiteiras que

depositaram dinheiro na conta de uma empresa de fachada controlada por Alberto

Youssef. A Polícia suspeitava que esses valores eram usados para pagamento de propina

e que eram originados em contratos superfaturados na refinaria Abreu e Lima.

Em 9 de agosto, a contadora de Alberto Youssef fez um depoimento à Polícia

Federal, no qual ela afirmou que as empresas que pagavam por serviços de consultoria

de firmas de Youssef sabiam que estavam contratando uma fraude. Em 22 de agosto,

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Paula Roberto Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada para sair da prisão.

Em 6 de setembro, em um depoimento à Justiça, Costa afirmou que 12 senadores, 49

deputados federais e pelo menos um governador receberam dinheiro desviado da

Petrobras. Os políticos eram de três partidos: PT, PMDB e PP. A VEJA fez uma

reportagem constando diversos nomes que faziam parte da lista de propina, citados pelo

o ex-diretor. A lista incluía o ex-governador Sérgio Cabral.

Em 23 de setembro, Alberto Youssef anunciou que também desejava fazer um

acordo de delação premiada. Em 2 de outubro, a FOLHA fez uma reportagem

mostrando que um consórcio liderado pela empreiteira Camargo Corrêa repasso R$ 37,7

milhões a empresas de fachada de Youssef. Em 24 de outubro, segundo a revista VEJA,

o doleiro afirmou em depoimento que Dilma e Lula tinham conhecimento do esquema

de desvio de dinheiro. Em 17 de novembro, em um depoimento à Polícia Federal, o

diretor de Óleo e Gás da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, afirmou que

aceitou pagar propina ao esquema de Costa e Youssef.

Em 8 de dezembro, um escritório americano entrou com ação coletiva contra a

Petrobras alegando que a estatal estava violando a lei que regula o mercado de capitais

dos Estados Unidos a t r l r çõ s f ls s s s ã r v l r “ ultur

corrupção dentro da companhia, com um esquema multibilionário de lavagem de

h r sub r s s 2006”. Em 12 de dezembro, o VALOR ECONÔMICO

publicou uma notícia relevando que a ex-gerente da diretoria de Abastecimento da

Petrobras, Vevina Fonseca, já tinha alertado a então presidente da estatal, Graça Foster,

sobre os desvios. Até 17 de dezembro, a Operação Lava Jato contava com 39 réus. Em

18 de dezembro, a CPI da Petrobras aprovou um relatório oficial pedindo o

indiciamento de 52 pessoas. Nenhuma dessas pessoas era um político. Em 25 de

dezembro, a cidade Providence, capital de Rhode Island, nos Estados Unidos, deu

entrada em uma ação coletiva a favor de investidores que compraram papeis da estatal.

Em 30 de dezembro, a Petrobras cortou relações com 23 fornecedoras citadas na

Operação Lava Jato, dentre elas estão Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Jaraguá

Equipamentos, Odebrecht e Queiroz Galvão.

Em 28 de janeiro de 2015, foi divulgado o balanço do terceiro trimestre de 2014

da Petrobras. Segundo o balanço, o lucro da estatal decresceu 38%, e esse percentual

não inclui as perdas com a corrupção. A então presidente da Petrobras disse que a

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estimativa desses prejuízos era de R$ 88,6 bilhões. Em 3 de fevereiro, a presidente

Dilma Roussef decidiu retirar Graça Foster da presidência da Petrobras. Elas fizeram

uma reunião na qual combinaram um cronograma de saída de toda a diretoria da

empresa. No dia seguinte, 4 de fevereiro, Graça Foster e cinco diretores da estatal

decidiram renunciar imediatamente aos cargos, não cumprindo o combinado com a

presidente Dilma.

Em 5 de fevereiro a Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava

Jato, que tem como foco principal o pagamento de propinas na diretoria de Serviços da

Petrobras e na BR Distribuidora.

Em 6 de fevereiro, a presidente Dilma Roussef nomeou o atual presidente do

Banco do Brasil, Aldemir Bendini, para assumir o comando da Petrobras. “A presidente

teve apenas 48 horas para decidir quem assumiria o cargo após a renuncia de Graça

Foster, e dentre os nomes especulados Bendini não aparecia, já que o plano inicial de

Dilma era transferi-l p r BNDES” (TOCANTINS HOJE, 2015).

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2. TEORIA DE PRECIFICAÇÃO POR ARBITRAGEM

Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos da Teoria de

Precificação por Arbitragem, abordando as teorias e equações anteriores ao modelo

utilizado no estudo. Entre os modelos citados, será dado um enfoque maior ao modelo

CAPM em virtude das semelhanças com o APT, o qual é considerado como um

substituto do original CAPM. Além disso, serão apresentadas críticas e dificuldades

relacionadas a ambos os modelos.

2.1. Fundamentação Teórica

Os modelos de precificação de ativos tem se destacado cada vez mais no âmbito

financeiro. Conforme falhas eram observadas nos modelos de precificação, os mesmos

eram melhorados, criando ferramentas cada vez mais aderentes aos cenários reais.

Para o entendimento deste processo, o conceito de mercado eficiente se faz

necessário. Segundo Ross, Westerfield et al. (1999), mercado eficiente é aquele no qual

o preço dos ativos refletem todas as informações relevantes disponíveis do mercado.

Ainda segundo os mesmo autores, a hipótese de mercado eficiente representa a

impossibilidade de lucrar com o conhecimento de uma nova informação sobre

determinada empresa. Isso acontece pois o preço do ativo se ajusta antes que se possa

negociar a ação após o conhecimento da informação.

Para Damodaran (2002), a hipótese de mercado eficiente significa que o preço

de mercado fornece a melhor estimativa de valor para um ativo, resumindo o processo

de avaliação do preço do ativo à justificativa de seu valor. Entretanto, considerando a

hipótese de mercado não eficiente, há possibilidades de arbitragem, dado que o preço do

ativo pode desviar de seu valor real, fazendo com que o processo de avaliação se torne o

de encontrar uma estimativa mais adequada para o preço real do ativo.

Ao montar uma carteira de investimento, o investidor procura maximizar a sua

rentabilidade de acordo com o nível de risco que deseja assumir. Neste sentido, o

investidor escolhe ativos de diferentes níveis de risco para compor a carteira. A

composição de uma carteira de investimentos eficiente apresenta retorno esperado

superior ao retorno de um ativo livre de risco. O retorno da carteira que excede o

retorno livre de risco é chamado prêmio de risco, o qual será maior sempre que o

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investidor estiver disposto a incorrer em maior volatilidade no retorno de sua carteira.

Segundo Huberman (1982), o coeficiente angular na relação linear entre o retorno

esperado e a covariância é interpretado como um prêmio de risco.

O modelo da APT é um substituto para o CAPM. Ambos os modelos afirmam

haver relação linear entre os retornos esperados dos ativos e a covariância deles com

outras variáveis. (No CAPM, a covariância se dá com o retorno do portfólio do

mercado.) A covariância é interpretada como a medida do risco que os investidores não

podem evitar com a diversificação da carteira.

Schor, Bonomo et al. (1998) afirmam que, do ponto de vista teórico, o modelo

APT, diferentemente do CAPM, não necessita de hipóteses acerca da distribuição dos

retornos dos ativos nem sobre a estrutura de referências dos indivíduos. A relação

estabelecida pelo CAPM é alcançada pela hipótese de que a economia está em

equilíbrio. O APT, em contrapartida, vale também para situações de desequilíbrio,

bastando este não ser tal que se tenha na economia oportunidades de arbitragem.

O modelo da Teoria de Precificação por Arbitragem se baseia em algumas

premissas básicas. Segundo Lehmann (1988), a principal suposição da teoria é que o

retorno de um grande número de ativos pode ser dividido em duas componentes: risco

sistemático, não diversificável, o qual pode ser medido como exposição a um pequeno

número de fatores comuns, e risco idiossincrático, o qual pode ser eliminado em

portfólios grandes e bem diversificados. Essa suposição, aliada à premissa de que

investidores preferem mais a menos, leva a uma teoria de retornos esperados através da

oportunidade de arbitragem livre de risco.

Para o entendimento do modelo, é importante compreender o conceito de

arbitragem. Segundo Bodie, Kane et al. (2000), o conceito de arbitragem é a exploração

da relativa má-precificação entre dois ou mais títulos para ganhar lucros econômicos

livres de risco. Uma oportunidade de arbitragem surge quando um investidor consegue

construir uma carteira com zero de investimento que irá render um lucro seguro.

2.1.1. Efeitos da diversificação

Damodaran (2002) explica através de um exemplo como a diversificação reduz

ou elimina o risco específico da firma. Um investidor pode investir todo seu capital em

um ativo. Caso ele o faça, estará exposto tanto ao risco específico da firma quanto ao

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risco de mercado. Se, entretanto, ele expandir seu portfólio para incluir outros ativos, o

mesmo estará diversificando, e fazendo isso pode reduzir sua exposição ao risco

específico de uma firma.

Damodaran continua o raciocínio afirmando que há duas razões para a

diversificação reduzir ou, no limite, eliminar o risco específico da firma. O primeiro é

que cada investimento em um portfólio diversificado é uma porcentagem muito menor

do que no caso de um portfólio não diversificado. Qualquer ação que aumenta ou

diminui o valor de um único investimento ou pequeno grupo de investimentos terá

apenas um pequeno impacto no portfólio total, enquanto investidores não diversificados

estão muito mais expostos a mudanças nos valores dos investimentos em seus

portfólios. O segundo motivo é que o efeito de ações específicas de uma firma nos

preços de ativos individuais em um portfólio pode ser positivo ou negativo para cada

ativo em qualquer período. Dessa forma, em portfólios muito grandes e diversificados

esse risco irá, na média, tender a zero e não afetará o valor geral do portfólio.

Por outro lado, ações que afetam o mercado de modo geral tem chance maior de

causar variações no mesmo sentido para a maioria ou todos os investimentos em um

portfólio, embora alguns ativos sejam mais afetados que os outros. Ceteris paribus, um

aumento na taxa de juros diminuirá os valores da maioria dos ativos em um portfólio.

Ser mais diversificado não elimina esse risco.

A figura a seguir resume as ideias de Damodaran citadas acima sobre o

entendimento da diversificação de portfólios.

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Figura 2: Tipos de Risco

Fonte: Adaptado de Damodaran (2002)

2.2. O Modelo CAPM

O modelo CAPM considera, além da hipótese de mercado eficiente, duas

premissas muito importantes. A primeira é de que é possível o investidor aplicar

recursos em ativos completamente livres de risco. A segunda premissa é de que é

possível a tomar empréstimos à taxa livre de risco para alavancar seu investimento,

aplicando o capital emprestado na carteira eficiente do mercado (M).

Estas suposições permitem o surgimento de uma nova fronteira eficiente, em

contraposição a fronteira eficiente de Markowitz. Esta nova fronteira eficiente,

representada por uma linha reta que tangencia a fronteira de Markowitz no ponto que

representa a Carteira de Mercado, é denominada Linha de Mercado de Capitais (CML).

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Figura 3: Linha de Mercado de Capitais (CML)

Fonte: Adaptado de Damodaran (2002)

Segundo W. Sharpe (1964), o conjunto de pressupostos estabelecidos no modelo

CAPM é:

Há a possibilidade de se realizar investimentos em ativos livres de risco;

Os investidores maximizam a utilidade esperada e escolhem os seus

investimentos entre carteiras alternativas com base no seu retorno esperado e

respectivo desvio padrão;

Os investidores podem tomar empréstimos a uma taxa de juros igual à taxa livre

de risco;

Todos os investidores têm expectativas homogêneas com relação ao retorno

esperado, à variância e à covariância do retorno dos ativos;

O mercado é perfeitamente competitivo, sendo todos os ativos perfeitamente

divisíveis e líquidos, e não existindo custos de transação;

Todos os investidores são avessos ao risco, ou seja, preferem menos risco para

um mesmo retorno esperado.

Assim como em modelos anteriores, o modelo CAPM considera o retorno do

ativo como sendo composto de duas parcelas: uma é o retorno livre de risco, e a outra é

o retorno proporcionado pelos fatores de risco do ativo. A partir de deduções

matemáticas, Sharpe chegou a seguinte equação:

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Simplificada na forma:

Tal que:

No modelo equacionado por Sharpe, representa o retorno esperado do ativo,

representa o retorno esperado do ativo livre de risco, representa o retorno

esperado da carteira de mercado eficiente diversificada, representa o prêmio

de risco, valor adicional esperado pelo investidor em virtude do risco sistemático, e é

o coeficiente que indica a magnitude do risco do ativo i, também interpretado como a

contribuição marginal do ativo i para o risco da carteira de mercado.

O coeficiente é o único fator fundamental do modelo CAPM. A grande

vantagem do modelo de Sharpe é o fato de que o seu cálculo não traz a necessidade do

cálculo da covariância entre os ativos da carteira como determinava o modelo de

Markowitz. Este fator representa a correlação entre o risco do ativo e o risco da carteira

de mercado. Se o ativo apresenta maior volatilidade que a carteira de mercado, seu é

maior que 1 ( ); se o ativo apresenta risco idêntico ao da carteira de mercado, seu

é igual a 1( ); se o ativo apresenta risco menor que a carteira de mercado, seu

é menor que 1 ( ); e se for um ativo livre de risco, seu é igual a zero ( ).

2.2.1. Críticas ao CAPM

Apesar da ampla utilização do modelo, o CAPM foi alvo de algumas críticas,

principalmente relacionadas à capacidade do coeficiente beta em explicar o retorno de

um ativo. Segundo Fama e French (1992), que examinaram a relação entre os retornos

dos ativos e seus respectivos betas entre 1963 e 1990, a conclusão é de que não há

relação significante entre ambos. Eles ainda observaram que outras duas variáveis,

tamanho da empresa (SMB) e a razão entre valor contábil e valor de mercado (HML),

explicam melhor as diferenças nos retornos das empresas do que seus respectivos betas,

sendo assim melhores fatores de representação do risco.

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31

Além disso, segundo Schor, Bonomo et al. (1998), o CAPM apresentava outras

falhas. A primeira delas vem de sua matriz teórica: a análise média-variância. Este tipo

de análise requer restrições sobre a distribuição dos retornos ou sobre a função utilidade

dos indivíduos que nem sempre são consistentes - a distribuição normal do retorno dos

ativos não limitada inferiormente e a função utilidade quadrática apresentando aversão

absoluta ao risco crescente são alguns exemplos.

2.3. Modelo APT

Em 1976, Stephen A. Ross propôs a abordagem do modelo da Teoria de

Precificação por Arbitragem (APT), na qual se pode incluir qualquer número de fatores

de risco, logo o retorno esperado para o ativo é uma função destes fatores.

Stephen Ross (1976) afirma que o modelo de Precificação por Arbitragem se

tornou a principal ferramenta analítica para explicar o fenômeno observado no mercado

de capitais para ativos de risco. O mesmo faz uma crítica ao CAPM ao observar que o

risco sistemático não precisa ser representado adequadamente por um único fator

comum como o retorno de mercado e ao invés disso assumiu que retornos de ativos são

gerados por um modelo linear de K fatores.

Ross argumenta que se o equilíbrio de preços não oferece oportunidades de

arbitragem sobre portfólios estáticos de ativos, então os retornos esperados dos ativos

têm relação aproximadamente linear com os fatores de carregamento (coeficientes

betas). A prova formal de Ross mostra que a relação de preço linear é uma condição

necessária para o equilíbrio em um mercado onde os agentes maximizam certos tipos de

utilidade.

Segundo Damodaran (2002), a dificuldade do modelo CAPM em explicar os

retornos dos ativos a partir de um único coeficiente ( ) abriu espaço para o surgimento

de novos modelos de precificação de ativos. Como resposta ao modelo CAPM, o APT

apresenta uma solução na qual os retornos dos ativos não são explicados apenas por um

fator de carregamento ( ). Neste modelo, diferentes variáveis macroeconômicas são

responsáveis por explicar os retornos dos ativos, ponderadas adequadamente para cada

um dos ativos por seus respectivos coeficientes betas.

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Para Ross (1976), de acordo com esta versão multifatorial da APT, a relação

entre risco e retorno pode ser expressa do seguinte modo:

( ) ( ) ( ) ( )

Onde,

R representa a taxa de retorno aleatória esperada do ativo;

RF representa a taxa livre de risco; (R1 - RF) representa o retorno do mercado que

remunera a taxa livre de risco e assim, (R2 - RF,...);

β1 representa o fator de carregamento do título em relação ao fator 1, e assim por

diante.

Supondo que o segundo fator ( ) represente o PIB, um ativo ou carteira

que tivesse correlação perfeita com esse fator teria retorno igual a R2 ( ). Dessa

forma, seria igual a 1 ( ), e os demais betas seriam iguais a zero,

( ).

Segundo Gul e Khan (2013), ao usar esta fórmula, é possível calcular o retorno

esperado dos ativos investidos. Caso os preços dos respectivos ativos não sejam os

mesmos esperados a partir do cálculo do modelo APT, pode-se assumir que os

investidores realizarão arbitragem. Este processo pode envolver, por exemplo, a venda a

descoberto dos ativos para igualar os preços de mercado ao calculado no modelo.

2.3.1. O Modelo APT aplicado

Segundo Ross, Westerfield et al. (1999), podemos definir a taxa de retorno de

um ativo negociado no mercado financeiro como sendo:

R = R + U

Onde R representa o retorno total do ativo em uma unidade de tempo (um mês,

por exemplo), R representa o retorno esperado do ativo, o qual é resultado de todas as

informações disponíveis no mercado no instante inicial, e U representa o retorno

aleatório do ativo, resultante de informações que ainda não são conhecidas pelos

investidores e que serão reveladas ao longo do intervalo de tempo definido.

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Caso o mercado já tivesse posse previamente de todas as informações sobre o

ativo que seriam reveladas no período, não haveria componente surpresa no retorno do

período seguinte ( ), sendo o retorno composto apenas da componente

determinística (R = R ).

Pode-se observar que U representa o risco de investimento, considerando que as

incertezas em relação ao retorno do ativo são a principal contribuição para a volatilidade

do ativo. Esta componente da equação pode ser dividida em duas partes: risco

sistemático, também conhecido como risco de mercado, que afeta todos os ativos

negociados, e o risco não sistemático (idiossincrático), que se refere aos riscos

singulares de cada ativo. O risco sistemático é influenciado diretamente por variáveis

macroeconômicas (ex.: PIB, taxa de juros etc.). Já o risco idiossincrático corresponde ao

desempenho da empresa e expectativas de crescimento da mesma.

Esta análise permite que a fórmula anterior seja reescrita da seguinte maneira:

R = R + + ε

O r pr s t r s s st t ε r pr s t r s ss r t

(DAMODARAN, 2002).

A partir da equação acima, Ross, Westerfield et al. destrincham o risco

sistemático (m) em fatores de acordo com a Teoria de Precificação por Arbitragem. No

livro Corporate Finance, 6ª edição, os autores propõe o seguinte exemplo:

Onde representa o beta de inflação para a ação, representa o beta do PIB

para a ação e representa o beta da taxa de juros para a ação. Além disso, F representa

o fator surpresa para cada um dos indicadores selecionados para o modelo, sendo,

portanto, a diferença entre o valor esperado pelo mercado e o valor anunciado (real)

para cada variável. Já e representam, assim como na equação anterior, o retorno

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esperado pelo mercado e o risco não sistemático, respectivamente. Esta mesma equação

poderia ser reescrita da seguinte forma:

( ) (

) (

)

Onde representa a taxa de inflação real no período enquanto representa a

taxa de inflação esperada pelo mercado para aquele mesmo período. O mesmo

raciocínio se aplica aos demais fatores.

Para os modelos desenvolvidos, tomamos a decisão de não considerar a taxa

SELIC. A decisão de não incluir a taxa em um modelo com um único ativo se deu em

razão de que a sua inserção seria mais adequada neste modelo quando o mesmo

evoluísse de um único ativo para uma carteira diversificada, generalizando o APT, no

qual esta assumiria assim o papel do ativo livre de risco ( ).

2.3.2. Dificuldades na utilização do APT

A principal dificuldade na aplicação do modelo APT reside na determinação dos

fatores apropriados no modelo. Não há um consenso dos fatores que são mais

adequados. Segundo Damodaran (2002), a identificação específica dos fatores é a

principal barreira intuitiva do modelo, pois dificulta a compreensão do significado dos

coeficientes beta de uma empresa, e como eles mudarão de acordo com a evolução da

empresa.

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35

3. PETROBRAS NO MERCADO DE CAPITAIS

3.1 Os Papeis ON e PN

A Petrobras possui dois tipos de ações negociadas na Bolsa de Valores no

mercado a vista: as ações ordinárias (PETR3) e as ações preferenciais (PETR4). As

características de ambos os tipos estão previstas nos artigos 16 e 17 da Lei das

Sociedades por Ações, Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976, que estão transcritos

abaixo:

CAPÍTULO III

Ações

SEÇÃO III

Espécies e Classes

Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes

diversas, em função de:

I - conversibilidade em ações preferenciais; (Redação dada pela Lei nº

9.457, de 1997)

II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou (Redação

dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados

cargos de órgãos administrativos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em que regula a

diversidade de classes, se não for expressamente prevista, e regulada, requererá

a concordância de todos os titulares das ações atingidas.

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou

mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou

(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

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III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os

incisos I e II.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 1o Independentemente do direito de receber ou não o valor de

reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as ações preferenciais sem direito

de voto ou com restrição ao exercício deste direito, somente serão admitidas à

negociação no mercado de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos

uma das seguintes preferências ou vantagens:(Redação dada pela Lei nº 10.303,

de 2001)

I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a,

pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido do exercício,

calculado na forma do art. 202, de acordo com o seguinte critério:(Incluído dada

pela Lei nº 10.303, de 2001)

a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados neste inciso

correspondente a, no mínimo, 3% (três por cento) do valor do patrimônio

líquido da ação; e (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de

condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao

mínimo prioritário estabelecido em conformidade com a alínea a; ou (Incluída

dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo

menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a cada ação ordinária; ou

(Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de

controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegurado o dividendo pelo

menos igual ao das ações ordinárias. (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de

2001)

§ 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia, outras

preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos acionistas sem direito a

voto, ou com voto restrito, além das previstas neste artigo.(Redação dada pela

Lei nº 10.303, de 2001)

§ 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser

distribuídos em prejuízo do capital social, salvo quando, em caso de liquidação

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da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente assegurada.(Redação

dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 4o Salvo disposição em contrário no estatuto, o dividendo prioritário

não é cumulativo, a ação com dividendo fixo não participa dos lucros

remanescentes e a ação com dividendo mínimo participa dos lucros distribuídos

em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado

dividendo igual ao mínimo.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 5o Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o estatuto não pode

excluir ou restringir o direito das ações preferenciais de participar dos aumentos

de capital decorrentes da capitalização de reservas ou lucros (art. 169).(Redação

dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 6o O estatuto pode conferir às ações preferenciais com prioridade na

distribuição de dividendo cumulativo, o direito de recebê-lo, no exercício em

que o lucro for insuficiente, à conta das reservas de capital de que trata o § 1o

do art. 182.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 7o Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação

preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante,

à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o

poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que

especificar.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

3.1.1 Descrição das ações da Petrobras e das ADRs

Em documento referente à oferta de ações realizada em 2010, a Petrobras

descreve os direitos, vantagens e restrições de suas ações:

“Nossas Ações Ordinárias conferem aos seus titulares os direitos,

vantagens e restrições estabelecidos em nosso estatuto social e na Lei das

Sociedades por Ações, dentre os quais incluem o direito de voto nas

deliberações nas assembleias gerais, sendo que cada Ação Ordinária

rr sp r u v t . A l t , ss s Ações Ordinárias farão jus a

todos os demais benefícios a elas assegurados, inclusive ao recebimento integral

de dividendos e dos demais proventos de qualquer natureza que vierem a ser

declarados a partir da data de subscrição das Ações Ordinárias.

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Nossas Ações Preferenciais não conferem aos seus titulares direito a

voto; contudo, assegurarão aos seus titulares o direito de participar do dividendo

que distribuirmos, de acordo com os seguintes critérios: (a) prioridade no

recebimento dos dividendos, no mínimo, de 5% calculado sobre a parte do

capital representada por essa espécie de ações ou de 3% do valor do patrimônio

líquido da ação preferencial, prevalecendo sempre o maior, (b) direito de

participar em igualdade de condições com as ações ordinárias na distribuição de

dividendos depois de assegurado às ações ordinárias o percentual mínimo acima

mencionado. Ademais, as Ações Preferenciais farão jus a todos os demais

benefícios a elas assegurados, inclusive o recebimento integral de dividendos e

dos demais proventos de qualquer natureza que vierem a ser declarados a partir

da subscrição das Ações Pr f r s.”

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras estão listadas atualmente em

quatro Bolsas de Valores: BMF&Bovespa, NYSE (New York Stock Exchange), Bolsa de

Valores de Madrid e Bolsa de Comercio de Buenos Aires. Na BM&FBovespa, como já

foi dito, esses papeis são negociados sob os códigos “PETR3” “PETR4”,

respectivamente. Na NYSE, essas ações são transacionadas sob a forma de ADSs, sob

os códigos “PBR” “PBRA”, r sp t v t . Na Bolsa de Valores de Madrid –

Espanha, essas ações são negociadas por meio do mercado internacional de valores

latino-americanos – LATIBEX, sob os códigos “XPBR” “XPBRA”. Na Bolsa de

Comercio de Buenos Aires, a negociação das ações é feita sob os códigos “APBR”

“APBRA”, r sp t v t .

Na Bolsa de Nova York, cada ADS (American Depositary Shares) representa

duas ações preferenciais ou duas ações ordinárias, conforme o caso, e é evidenciado por

um American Depositary Receipt (ADR). Um ADR é um certificado de depósito

emitido por bancos norte-americanos, que representa ações de empresas sediadas fora

dos Estados Unidos. Visto que cada ADR representa uma parte, um múltiplo ou uma

ação original, os detentores de ADRs possuem os mesmos direitos que os detentores de

ações originais, levando em conta a proporção entre as ações originais e os ADRs.

Nesse sentido, ainda em documento referente à oferta de ações realizada em 2010, a

Petrobras afirma:

“Nos termos da Lei das Sociedades por Ações, os titulares das nossas

Ações Preferenciais, incluindo sob a forma de ADSs, não têm direito de voto

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nas deliberações das nossas assembleias gerais de acionistas, exceto em

circunstâncias especiais, incluindo na eventualidade de deixarmos de pagar a

esses acionistas o dividendo mínimo prioritário a que fazem jus, de acordo com

nosso estatuto social, por três exercícios consecutivos.”

3.1.2 Distribuição dos Papeis ON e PN

Como podemos observar na tabela 1, a maior parte das ações ordinárias (ON) da

Petrobras pertence à União, que detém 50,26% dessas ações. Em contrapartida, a União

Federal não possui ações preferenciais (PN) da estatal. Estas, por sua vez, estão

majoritariamente em poder do público (66,87%). Outro grande detentor dos papeis

preferenciais é o BNDES Participações. A tabela 2 nos mostra que a quantidade de

ações preferenciais em circulação no mercado é quase o dobro da quantidade de ações

ordinárias.

Tabela 1: Posição Acionária Petrobras

Nome %ON %PN %Total

Bndes + Fps 9,95 2,88 6,92

Caixa Previdência Funcionários Do Banco Do Brasil - Previ 0,17 6,31 2,81

União Federal 50,26 0,00 28,67

Bndes Participações - Bndespar 0,16 23,94 10,37

Outros 39,46 66,87 51,23

Ações Tesouraria 0,00 0,00 0,00

Total 100,00 100,00 100,00

Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/

Tabela 2: Ações da Petrobras em Circulação no Mercado

02/04/2014

Tipos de Investidores / Ações Quantidade Percentual

Pessoas Físicas 278.953 -

Pessoas Jurídicas 6.684 -

Investidores Institucionais 2.250 -

Quantidade de Ações Ordinárias 2.708.485.740 36,39

Quantidade de Ações

Preferenciais 4.037.414.651 72,07

Total de Ações 6.745.900.391 51,71

Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/

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3.2 O Comportamento dos Papeis ON e PN ao Longo do Tempo

Para analisar o comportamento das ações ordinárias e preferenciais da Petrobras

ao longo do tempo, fizemos a média anual das cotações diárias de 2000 a 2014, ou seja,

para cada ano, somamos o preço de fechamento de todos os dias daquele ano e

dividimos pelo número de dias. Este cálculo foi feito com base nos preços de

fechamento diários ajustados para dividendos e desdobramentos divulgados pelo Yahoo

Finanças (YAHOO, 2014). O resultado se encontra na tabela 3 abaixo, a qual foi

utilizada para plotar o gráfico da figura 4.

Tabela 3: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014

Ano PETR3 PETR4

2000 R$12,77 R$4,46

2001 R$3,21 R$4,92

2002 R$2,95 R$4,45

2003 R$3,49 R$5,21

2004 R$5,33 R$7,78

2005 R$10,29 R$11,06

2006 R$22,12 R$17,18

2007 R$28,84 R$22,61

2008 R$39,36 R$30,69

2009 R$35,37 R$28,41

2010 R$31,27 R$26,96

2011 R$25,14 R$21,82

2012 R$21,19 R$19,67

2013 R$16,55 R$17,07

2014 R$15,55 R$16,46

Fonte: Elaboração Própria

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Figura 4: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014

Fonte: Elaboração própria

Como podemos observar a partir do gráfico da figura 4, no ano 2000 o papel ON

valia mais que o papel PN no mercado. No entanto, esse cenário se reverteu em 2001 e

se manteve o mesmo até 2005. Em 2006, as ações ordinárias da estatal voltaram a valer

mais que as preferenciais. Este quadro foi mantido até 2012. Em 2013, a situação se

reverteu novamente e a PETR4 voltou a valer mais que a PETR3. Tal situação se

mantém até hoje.

É interessante destacar que, analisando o gráfico da figura 4, concluímos que os

papeis ON e PN se valorizaram, 21,81% e 68,85%, respectivamente, do ano 2000 para

2014. Isso significa que, alguém que tenha investido na Petrobras no ano 2000, através

da compra de qualquer um dos dois papeis, teoricamente teria feito um investimento

lucrativo, dado que ambas as ações se valorizaram no período em análise.

Vamos analisar agora a variação desses papeis com o expurgo da inflação. Para

fazer essa análise, utilizamos os dados de inflação (IPCA, acumulado 12 meses)

divulgados pelo IBGE. Estes dados estão expostos na tabela 4 abaixo.

$-

$5,00

$10,00

$15,00

$20,00

$25,00

$30,00

$35,00

$40,00

$45,00

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Média das Cotações Diárias das Ações ON e PN por Ano

PETR3

PETR4

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Tabela 4: IPCA acumulado 12 meses, 2000 a 2014

Ano IPCA

2000 5,97%

2001 7,67%

2002 12,53%

2003 9,30%

2004 7,60%

2005 5,69%

2006 3,14%

2007 4,46%

2008 5,90%

2009 4,31%

2010 5,91%

2011 6,50%

2012 5,69%

2013 5,76%

2014 6,28% Fonte: Elaboração própria

Para obter a média dos preços reais dos papeis ON e PN para cada ano entre

2000 e 2014, ou seja, considerando o expurgo da inflação, dividimos os valores

nominais de PETR3 e PETR4 pela inflação acumulada. Sendo assim, para o ano 2000,

dividimos a média anual nominal de PETR3 (R$ 12,77) pelo acumulado de 12 meses do

IPCA daquele ano (5,97%), e fizemos o mesmo para PETR4. Para o ano 2001,

dividimos a média anual nominal de PETR3 (R$ 3,21) pelo produto da inflação dos

anos 2000 e 2001. E assim por diante. O resultado se encontra na tabela 5 abaixo, a qual

foi utilizada para elaborar o gráfico da figura 5.

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Tabela 5: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014, com o expurgo

da inflação

Ano

PETR3 com o

expurgo da

inflação

PETR4 com o

expurgo da

inflação

2000 R$12,05 R$4,21

2001 R$2,82 R$4,31

2002 R$2,30 R$3,47

2003 R$2,49 R$3,71

2004 R$3,53 R$5,15

2005 R$6,45 R$6,93

2006 R$13,44 R$10,44

2007 R$16,77 R$13,15

2008 R$21,62 R$16,85

2009 R$18,62 R$14,96

2010 R$15,54 R$13,40

2011 R$11,73 R$10,19

2012 R$9,36 R$8,69

2013 R$6,91 R$7,13

2014 R$6,11 R$6,47 Fonte: Elaboração própria

Figura 5: Média anual das cotações diárias das ações ON e PN de 2000 a 2014, com o expurgo

da inflação

Fonte: Elaboração própria

$-

$5,00

$10,00

$15,00

$20,00

$25,00

$30,00

$35,00

$40,00

$45,00

Média das Cotações Diárias das Ações ON e PN por Ano com o expurgo da inflação

PETR3

PETR4

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De acordo com a gráfico da figura 5, se considerarmos a inflação, as ações

ordinárias da Petrobras se desvalorizaram 49,28% de 2000 para 2014, enquanto as ações

preferenciais se valorizaram 53,58% no mesmo período. Diferentemente do resultado

que tínhamos encontrado na análise dos preços nominais, ou seja, sem o expurgo da

inflação, a Petrobras só foi um investimento lucrativo para quem comprou o papel PN.

3.3 Eventos que Afetaram o Preço dos Papeis

Para compor esta seção, selecionamos os principais acontecimentos entre os

anos 2000 e 2015, que impactaram o preço das ações preferenciais (PETR4) e ordinárias

(PETR3) da Petrobras, para cima e para baixo. Para selecionar tais acontecimentos,

escolhemos as datas em que a variação diária das ações PN ou ON era igual ou superior

a 10%. O cálculo da variação diária foi feito com base no preço de fechamento ajustado

para dividendos e desdobramentos divulgado pelo Yahoo Finanças (YAHOO, 2014).

É importante comentar que, para alguns dos dias selecionados, não foram

encontrados dados que justificassem a variação constatada, e por isso os mesmos não

entraram na análise deste tópico. Isso aconteceu, na maior parte das vezes, para os dias

do ano 2008. Naquele ano, havia um medo no mercado relativo à possibilidade das

economias centrais entrarem em recessão, com repercussões sobre o restante das

economias capitalistas. Esse medo fazia com que o mercado oscilasse muito e com

muita frequência. Imaginamos que, grande parte das variações diárias das ações da

Petrobras acima de 10% que ocorreram naquele ano são justificadas pelo cenário de

crise, e não por fatos isolados relativos à empresa ou ao governo brasileiro, e por isso,

não foram encontradas informações específicas que justificassem cada variação

individualmente.

Também não encontramos justificativa para as variações ocorridas em

17/08/2011, 28/10/2011 p r t s u t “ t s”, t r r s 2002.

3.2.1 Descobertas do Pré-sal

3.2.1.1 Descoberta do Pré-sal no Campo de Tupi

Em 8 de novembro de 2007, a Petrobras anunciou a finalização dos testes no

campo de Tupi na bacia de Santos, onde foi encontrada reserva de boa qualidade de

petróleo e gás natural na camada pré-sal. Neste dia, as ações preferenciais da estatal

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subiram 14,17%, cotadas a R$ 34,24, e as ordinárias valorizaram 14,44%, negociadas a

R$ 42,79.

3.2.1.2 Descoberta do Pré-sal no Campo de Júpiter

Na segunda-feira, dia 21 de janeiro de 2008, a Petrobras anunciou a descoberta

do campo de Júpiter: uma grande jazida de gás natural e condensado no pré-sal da Bacia

de Santos, próximo ao campo de Tupi. No dia seguinte, 22 de janeiro, o papel ON

subiu 10,59% e o PN, 9,76%, cotados a R$ 39,56 e R$ 31,38, respectivamente.

3.2.1.3 Descoberta do Pré-sal no Campo de Iara

Na quarta-feira, dia 10 de setembro de 2008, a Petrobras anunciou uma nova

descoberta na área do pré-sal. O campo de Iara, na Bacia de Santos, teria reservas

recuperáveis de 3 bilhões a 4 bilhões de barris de óleo e gás. No dia seguinte, 11 de

setembro, as ações ordinárias da estatal subiram 10,21%, negociadas a R$ 35,50, e as

ações preferencias subiram 9,52%, cotadas a R$ 27,16. Neste dia, o Ibovespa teve alta

de 3,3%, aos 51.270 pontos.

3.2.2 Valorização do Preço das Commodities

A valorização do preço das commodities, sobretudo do petróleo, resultou em alta

das ações da Petrobras. Em 20 de outubro de 2008, os papei PN valorizaram 10,46%,

cotados a R$ 21,96, e os papeis ON subiram 11,81%, negociados a R$ 28,12. Neste dia,

o Ibovespa avançou 6,25% e alcançou 38.673 pontos.

3.2.3 Recessão Mundial Provoca Queda no Preço das Commodities

Em 27 de outubro de 2008, as ações preferenciais da Petrobras caíram 11,22%,

cotadas a R$ 15,66, e as ordinárias caíram 9,26%, negociadas a R$ 20,18. Segundo o

UOL E , “ pessimismo em relação às possibilidades de recessão mundial

provocou queda no preço das commodities, o que afetou as ações da Petrobras”. N st

dia, a Bolsa caiu 6,5%.

3.2.4 Credit Suisse Rebaixa Recomendação dos Papeis da Petrobras

Em 12 de novembro de 2008, a corretora Credit Suisse rebaixou a

recomendação dos papeis da Petrobras. A nota estava em outperform (acima da

performance de mercado) e foi reduzida para "neutro". Segundo o UOL Economia, os

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analistas da Credit Suisse se diziam crescentemente preocupados com a estrutura de

custos da companhia, que estava se deteriorando, e com a perspectiva de lucratividade

para a estatal em função da retração no preço do petróleo. Neste dia, as ações ordinárias

da estatal caíram 13,23%, cotadas a R$ 22,88, e as ações preferenciais desvalorizaram

13,78%, cotadas a R$ 17,83.

3.2.5 Reajuste do Preço do Diesel

Em 6 de março de 2013, os papeis ON valorizaram 15,18%, cotados a R$

15,71, e os papeis PN valorizaram 9,03%, cotados a R$ 16,67. Essa alta ocorreu, pois

no dia anterior a Petrobras havia anunciado um aumento de 5% no preço do diesel,

numa medida que visava aproximar os valores aos praticados no mercado internacional

e buscava reduzir os prejuízos da divisão de Abastecimento. Este reajuste foi o segundo

para o diesel no ano de 2013, o que surpreendeu o mercado. Os investidores

consideravam improvável que o governo federal autorizasse novo aumento de

combustíveis num momento de crescentes preocupações com o avanço da inflação.

3.2.6 Reajuste do Preço da Gasolina Aquém do Esperado

Em 2 de dezembro de 2013, o preço das ações ordinárias da Petrobras caiu

10,36%, negociadas a R$ 15,84, e o preço das preferenciais caiu 9,22%, cotadas a R$

16,35. Isso ocorreu porque o mercado estava aguardando reajustes de 6% a 10% para o

preço da gasolina, além da divulgação da nova fórmula de reajuste automático, e o

reajuste anunciado na sexta-feira anterior, 29/11, foi apenas de 4%, além de nenhuma

fórmula ter sido divulgada.

3.2.7 As Eleições Presidenciais de 2014

Em 29 de setembro de 2014, os papeis preferenciais da Petrobras caíram

11,17%, cotados a R$ 18,60, e os ordinários desvalorizaram 10,44%, cotados a R$

17,75. Essa queda ocorreu devido à pesquisa CNT/MDA ter mostrado a presidente

Dilma Roussef liderando o primeiro turno das eleições, com 40,4% das intenções de

voto. A presidente estava bem a frente da segunda colocada, Marina Silva (PSB), que

contava com apenas 25,2% das intenções de voto.

Em 6 de outubro de 2014, um dia após o primeiro turno das eleições

presidenciais, as ações PN tiveram alta de 11,12%, cotadas a R$ 20,39 e as ON subiram

9,43%, cotadas a R$ 19,20. Isso porque, o resultado do primeiro turno mostrou o

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candidato PSDB Aécio Neves mais forte do que o previsto nas pesquisas eleitorais, com

33,5% dos votos. O Ibovespa fechou com alta de 4,72%, aos 57.115 pontos.

Em 13 de outubro de 2014, as ações da preferenciais da Petrobras subiram

10,37%, negociadas a R$ 22,13 e as ordinárias subiram o mesmo percentual, cotadas a

R$ 20,75. Essa alta se deu pois a pesquisa IstoÉ Sensus divulgada no sábado anterior

(11) mostrou o candidato Aécio Neves com 58,8% dos votos válidos e Dilma Rousseff

com 41,2%. No dia 13, o Ibovespa fechou em alta de 4,78%, aos 57.956,53 pontos,

maior alta percentual diária desde 9 de agosto de 2011.

Em 27 de outubro de 2014, um dia após a reeleição da presidente Dilma

Roussef, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda. O Ibovespa caiu

2,77% e encerrou o dia a 50.503 pontos, menor patamar desde 15 de abril. As ações

preferenciais da Petrobras caíram 12,33%, cotadas a R$ 14,29, sendo a principal pressão

negativa no índice. As ações ordinárias caíram 11,33%, cotadas a R$ 13,93.

3.2.8 Possível Anúncio da Nova Equipe Econômica de Dilma Roussef

Em 21 de novembro de 2014, as ações PN da Petrobras valorizaram 11,88%,

cotadas a R$ 14,30 e as ações ON valorizaram 11,17%, cotadas a R$ 13,63. Segundo a

Reuters, o mercado estava avaliando que a presidente Dilma Roussef estaria mais aberta

a mudanças em sua política econômica, por ter convidado o presidente do Bradesco,

Luiz Carlos Trabuco, para assumir o Ministério da Fazenda. Apesar de Trabuco ter

recusado, os investidores entenderam que, ao buscar uma pessoa com um perfil mais

pró-mercado para assumir a Fazenda, Dilma teria percebido que algumas mudanças na

política econômica seriam necessárias. Visto que a percepção por parte dos investidores

com relação a política econômica que seria adotada pelo governo era positiva, o preço

das ações da Petrobras subiram no dia 21, pois os mesmos achavam que o anúncio da

nova equipe econômica de Dilma poderia ocorrer naquele dia.

3.2.9 O Balanço do Terceiro Trimestre de 2014

Em 28 de janeiro de 2015 a Petrobras divulgou o balanço do terceiro trimestre

de 2014, após ter adiado a divulgação duas vezes. O documento, que não incluiu as

baixas relativas à corrupção, apontou recuo de 9,07% no lucro do terceiro trimestre de

2014 em relação ao mesmo período de 2013. Como consequência, as ações

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preferenciais da estatal recuaram 11,21%, cotadas a R$ 9,03, e as ordinárias recuaram

10,48%, cotadas a R$ 8,63.

Como exemplo, quando a Petrobras prometeu que iria divulgar o balanço do

terceiro trimestre de 2014 na sexta-feira, 12 de dezembro de 2014, e não o fez, o

resultado na segunda-feira, dia 15, foi de queda das ações. As ações preferenciais

desvalorizaram 9,2%, cotadas a R$ 9,18 (menor valor desde janeiro de 2005), e as ações

ordinárias caíram 9,94%, negociadas e R$ 8,52 (menor valor desde agosto de 2004).

S u Est ã , “ v r çã r 10% ur t s ssão, a venda dos

papeis P tr br s f t rr p l s tr r l lã ”. Apesar de a variação

deste dia não ter sido superior a 10%, é interessante incluir este fato na análise para

evidenciar que a não divulgação do balanço também irritou os investidores.

3.2.10 A Presidência da Petrobras

Em 3 de fevereiro de 2015, quando a presidente Dilma Roussef decidiu retirar

Graça Foster da presidência da Petrobras, as ações preferenciais da estatal subiram

15,47%, maior alta desde 15 de janeiro de 1999 e ações ordinárias fecharam com alta de

14,24%. Neste dia, o Ibovespa encerrou em alta de 2,76%, com 48.963 pontos.

Em 6 de fevereiro de 2015, a presidente Dilma Roussef nomeou o presidente do

Banco do Brasil, Aldemir Bendini, para assumir a presidência da Petrobras. Apesar de

neste dia as ações da estatal não terem variado mais de 10% com relação ao dia anterior,

é interessante incluir este fato na análise para mostrar que o mercado não concordou

com a indicação da presidente. No dia 6, as ações ordinárias da estatal caíram 6,52%,

cotadas a R$ 9,03, e as ações preferenciais caíram 6,94%, cotadas a R$ 9,12.

3.2.11 A Influência dos Escândalos no Preço dos Papeis

É interessante observar que, a exposição dos escândalos de corrupção pela mídia

não gera uma variação diária tão alta nas ações da estatal quanto os outros

acontecimentos analisados nos tópicos anteriores. No dia em que a Operação Lava Jato

foi iniciada pela Polícia Federal, por exemplo, os papeis PN desvalorizaram apenas

1,66%, cotados a R$ 11,84, e os papeis ON caíram somente 0,69%, cotados a R$ 11,59.

No entanto, apesar de a variação diária não ser tão grande, o preço das ações

vem sendo deteriorado aos poucos devido aos escândalos. As ações preferenciais da

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Petrobras fecharam o ano de 2014 em queda, com perda de 37,6%, e as ações ordinárias

tiveram desvalorização de 37,9%. Além disso, a empresa perdeu R$ 87,182 bilhões em

valor de mercado, caindo de R$ 214,688 bilhões em 2013 para R$ 127,506 bilhões em

2014. Segundo o GLOBO, “ balada pelos escândalos de corrupção, a Petrobras perdeu

seu posto entre as empresas favoritas dos investidores – e tem ajudado a tirar o pequeno

investidor da bolsa de valores.”

As v st çõ s rrupçã t bé f z r qu ê M y’s

rebaixasse todos os ratings de avaliação de risco da Petrobras. O rebaixamento ocorrido

no dia 30 de janeiro de 2015 foi o terceiro em quatro meses. Este acontecimento

resultou em queda das ações ON e PN. Os papeis ordinários caíram 5,08%, atingindo

uma cotação de R$ 8,04, a menor desde 26 de agosto de 2004. Os papeis preferenciais

desvalorizaram 6,51%, cotados a R$ 8,18, a menor cotação desde 16 de maio de 2005.

3.2.12 Análise Geral das Consequências dos Eventos

Como podemos observar, quando há perspectivas de aumento de produção,

como é o caso das descobertas relativas ao pré-sal, os analistas recomendam a compra

dos papeis da Petrobras, e o preço das ações dispara. O mesmo acontece quando o preço

do petróleo ou do diesel sobe, e o oposto ocorre quando o preço das commodities cai.

Quando a nota ou recomendação dos papeis da Petrobras é rebaixada por alguma

corretora ou agência de risco de crédito, o mercado reage vendendo as ações da estatal,

o que faz o preço das mesmas despencar.

Como foi possível constatar, o mercado não é a favor da presidente Dilma e da

política econômica defendida por ela. Como consequência, em épocas de eleição,

quando as pesquisas indicavam um avanço de outro candidato, os investidores

compravam papeis da Petrobras, acreditando que os mesmos poderiam se valorizar caso

a presidente Dilma não fosse reeleita, e por isso o preço das ações disparava. Pela

mesma lógica, quando as pesquisas mostravam Dilma à frente dos outros candidatos, o

preço das ações despencava. Como era de se esperar, quando a candidata do PT foi

reeleita, as ações da Petrobras desvalorizaram.

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3.4 Análise da Dívida sobre o Patrimônio Líquido da Petrobras

A dívida sobre ao patrimônio líquido (debt/equity ratio) é uma relação financeira

de liquidez que compara a dívida total de uma empresa com seu patrimônio líquido.

Essa relação mostra a porcentagem de financiamento das empresas que vem de credores

e de investidores.

Cada indústria tem um benchmark diferente para o quociente dívida / patrimônio

líquido. Indústrias de capital intensivo tendem a ter esse quociente mais elevado em

comparação com outras indústrias, visto que aquelas devem comprar mais bens, plantas

e equipamentos para poder operar. Dessa forma, a comparação desse quociente é

geralmente mais significativa entre empresas do mesmo setor, e a definição de um

"elevado" ou "baixo" quociente deve ser feita também dentro deste contexto.

Um valor de 0.5 para essa relação significa que o valor da dívida é metade do

valor do patrimônio líquido daquela empresa. Em outras palavras, os investidores

possuem 66,6 centavos de cada real dos ativos da empresa, enquanto os credores só

possuem 33,3 centavos de cada real. Um valor igual a 1 para esta relação indicaria que

os investidores e os credores possuem uma participação igual nos ativos da empresa.

Uma relação mais baixa entre a dívida e o patrimônio líquido geralmente indica

um negócio financeiramente mais estável. As empresas com uma dívida mais elevada

em relação ao patrimônio são consideradas mais arriscadas para os credores e

investidores do que as empresas com um quociente mais baixo. Uma companhia com

uma dívida muito alta pode não ser capaz de gerar caixa suficiente para honrar seus

compromissos, e por isso, credores e investidores geralmente preferem empresas que

possuem o quociente dívida / patrimônio líquido mais baixo.

Na tabela 6 abaixo podemos observar o quociente dívida / patrimônio líquido da

Petrobras entre os anos 2001 e 2014.

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Tabela 6: Dívida / Patrimônio Líquido - Petrobras – 2001 a 2013

Ano Patrimônio Dívida Dív/PL

2001 28.966 18.834 0,65

2002 34.324 30.801 0,9

2003 49.367 42.247 0,86

2004 62.130 51.781 0,83

2005 78.785 44.941 0,57

2006 97.530 44.064 0,45

2007 113.854 38.307 0,34

2008 142.841 63.323 0,44

2009 166.893 102.450 0,61

2010 309.828 115.946 0,37

2011 332.223 155.554 0,47

2012 330.775 196.313 0,59

2013 349.334 267.820 0,77

2014 355.770 308.312 0,87

Fonte: http://www.bastter.com/mercado/acao/PETR.aspx

Para analisar se a Petrobras possui um quociente baixo ou elevado, precisamos

compará-la a outras empresas do mesmo setor. Abaixo está a comparação entre o

quociente dívida / patrimônio líquido da Petrobras e de duas outras grandes empresas do

setor, a Exxon Mobil e a Chevron, entre os anos 2002 e 20013. Não foram encontrados

dados referentes ao ano 2001 para essas empresas, e por isso o mesmo não entrou na

análise.

Tabela 7: Dívida / Patrimônio Líquido – Comparação Exxon Mobil, Chevron e Petrobras –

2002 a 2013

Ano Dív/PL - Exxon Mobil Dív/PL - Chevron Dív/PL - Petrobras

2002 0,14 0,51 0,9

2003 0,11 0,34 0,86

2004 0,08 0,24 0,83

2005 0,07 0,20 0,57

2006 0,07 0,14 0,45

2007 0,08 0,09 0,34

2008 0,08 0,10 0,44

2009 0,09 0,11 0,61

2010 0,10 0,11 0,37

2011 0,11 0,08 0,47

2012 0,07 0,09 0,59

2013 0,13 0,14 0,77 Fonte: Adaptado de http://ycharts.com/companies/

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Figura 6: Dívida / Patrimônio Líquido - Comparação Exxon Mobil, Chevron e Petrobras –

2002 a 2013

Fonte: Elaboração própria

Podemos observar que a Petrobras possui um quociente elevado da dívida /

patrimônio líquido em relação a duas grandes empresas do setor de óleo e gás. De

acordo com a teoria, esse cenário indica que a Petrobras possui um negócio

financeiramente menos estável que suas concorrentes, e que, por isso, investidores e

credores tenderiam a preferir investir na Exxon Mobil e na Chevron em detrimento da

estatal brasileira.

É interessante observar que, no segundo trimestre de 2014, esse quociente

atingiu 0,87 para a Petrobras, valor mais alto registrado desde 2001. Esse quociente

elevado, somado aos escândalos relacionados à corrupção deflagrada em 2014, resultam

em um afastamento ainda maior dos investidores e credores.

3.5 Relação de Volumes Financeiros Negociados

O volume é originado após a compra ou venda de um ativo e pode ser dividido

em 3 tipos: ações, financeiro e negócios. Se uma pessoa compra 500 ações preferenciais

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da Petrobras (PETR4) no valor de R$ 10,00, e outra pessoa compra 300 ações, por

exemplo, o volume de ações negociado foi 800 (500 + 300), o volume financeiro

negociado foi R$ 8.000,00 (800 x R$ 10,00) e o volume de negócios que ocorreram foi

igual a dois. Nesta seção vamos analisar o volume financeiro médio de ações da

Petrobras (PETR3 e PETR4) negociado na BM&FBovespa em comparação com o

volume financeiro médio de todas as ações negociadas na BM&FBovespa no mercado a

vista.

Para a obtenção dos dados de volumes financeiros totais negociados na Bolsa,

foram consultados os relatórios de demonstrações financeiras publicados pela

BM&FBovespa desde 2010 até 2013. Em cada um desses relatórios é feita uma

comparação do ano corrente com os últimos cinco anos. Infelizmente, não foram

encontrados relatórios anteriores a 2010 e aparentemente o relatório de 2014 ainda não

foi publicado. Por isso, a análise foi feita com dados somente a partir de 2006 até 2013.

Esses dados estão dispostos na tabela 8 abaixo.

Tabela 8: Evolução dos volumes médios diários negociados na BM&FBovespa de 2006 a 2013

BM&FBovespa - Evolução dos volumes médios diários - mercado a vista

2006 R$ 2.300.000.000,00

2007 R$ 4.555.500.000,00

2008 R$ 5.162.300.000,00

2009 R$ 4.943.700.000,00

2010 R$ 6.031.600.000,00

2011 R$ 6.096.300.000,00

2012 R$ 6.861.300.000,00

2013 R$ 7.094.500.000,00 Fonte: Elaboração Própria

Como não foi possível encontrar os dados de volumes financeiros de PETR3 e

PETR4 negociados, os mesmos foram calculados pelos autores. Para esse cálculo foram

utilizados dois dados disponibilizados pelo Yahoo Finanças: o volume de ações PETR3

e PETR4 negociado diariamente e o preço de fechamento diário desses ativos, ajustado

para dividendos e desdobramentos. Visto que só tínhamos dados de 2006 a 2013 para os

volumes totais negociados na BM&FBovespa, esse mesmo intervalo foi utilizado para

encontrar os volumes financeiros das ações da Petrobras negociadas. Para calcular o

volume financeiro diário, multiplicamos o volume de ações pelo preço de fechamento.

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Fizemos então a média diária de cada ano e o resultado está exposto nas tabelas 9 e 10

abaixo.

Tabela 9: Evolução dos volumes médios diários de PETR4 negociados na BM&FBovespa de

2006 a 2013

PETR4 - Evolução dos volumes médios diários

2006 R$ 222.491.127,67

2007 R$ 478.315.087,49

2008 R$ 755.833.211,32

2009 R$ 550.568.527,67

2010 R$ 580.495.531,05

2011 R$ 432.193.641,58

2012 R$ 473.724.003,58

2013 R$ 507.720.544,56 Fonte: Elaboração Própria

Tabela 10: Evolução dos volumes médios diários de PETR3 negociados na BM&FBovespa de

2006 a 2013

PETR3 - Evolução dos volumes médios diários

2006 R$ 47.187.662,68

2007 R$ 90.801.394,99

2008 R$ 140.322.287,55

2009 R$ 131.382.190,70

2010 R$ 142.029.753,07

2011 R$ 126.466.663,19

2012 R$ 123.080.315,71

2013 R$ 160.398.544,69 Fonte: Elaboração Própria

A partir das tabelas 8, 9 e 10 foi possível elaborar o gráfico da figura 7

comparando os dados obtidos.

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Figura 7: Evolução dos volumes médios diários – PETR3, PETR4 e BM&FBovespa

Fonte: Elaboração própria

Como podemos observar a partir das tabelas e do gráfico, do ano 2006 para o

ano 2007, o volume financeiro total negociado na Bolsa aumentou 98.07%, e os

volumes financeiros de PETR3 e PETR4 negociados subiram 92.43% e 114.98%,

respectivamente. Se analisarmos as ações da Petrobras consolidadas, somando os

volumes de PETR3 e PETR4, veremos que o volume financeiro subiu 111.03% de 2006

para 2007.

Do ano 2007 para o ano 2008 o volume financeiro total negociado na Bolsa

aumentou apenas 13.32%, e os volumes financeiros de PETR3 e PETR4 negociados

subiram 54.54% e 58.02%, respectivamente. De forma consolidada, o volume

financeiro das ações da Petrobras subiram 57.46%.

De 2008 para 2009 o volume financeiro total negociado na Bolsa decresceu

4.23%, e os volumes financeiros de PETR3 e PETR4 negociados também reduziram

6.37% e 27.16%, respectivamente. De forma consolidada, o volume financeiro das

ações da Petrobras caíram 23.90%.

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56

Em 2010 o volume financeiro total negociado na Bolsa voltou a subir e

aumentou 22.01% em relação ao ano anterior, enquanto os volumes financeiros de

PETR3 e PETR4 negociados subiram apenas 8.10% e 5.44%, respectivamente. De

forma consolidada, o volume financeiro das ações da Petrobras subiram 5.95%.

Em 2011 o volume financeiro total negociado na Bolsa subiu apenas 1.07% em

relação ao ano anterior, enquanto os volumes financeiros de PETR3 e PETR4

negociados reduziram 10.96% e 25.55%, respectivamente. De forma consolidada, o

volume financeiro das ações da Petrobras caíram 22.68%.

Em 2012 o volume financeiro total negociado na Bolsa aumentou 12.55% em

relação ao ano anterior, enquanto o volume financeiro de PETR3 negociado caiu 2.68%

e o volume financeiro de PETR4 subiu 9.61%. De forma consolidada, o volume

financeiro das ações da Petrobras subiram 6.83%.

Em 2013, o volume financeiro total negociado na Bolsa subiu apenas 3.40% em

relação ao ano anterior, enquanto os volumes financeiros de PETR3 e PETR4

negociados subiram 30.32% e 7.18%, respectivamente. De forma consolidada, o volume

financeiro das ações da Petrobras subiram 11.95%.

Como é possível verificar, em quase todos os anos o aumento do volume

financeiro negociado na Bolsa foi acompanhado de um aumento do volume financeiro

de ações da Petrobras negociado, e a queda do volume financeiro negociado na Bolsa

foi acompanhada de uma queda do volume financeiro de ações da Petrobras negociado.

Apenas no ano 2011 essa tendência não se manteve. No entanto, neste ano, o volume

financeiro total negociado na Bolsa subiu apenas 1.07% em relação ao ano anterior.

Dessa forma, podemos observar que há uma forte relação entre ambos os volumes.

Vamos analisar agora a representatividade da negociação das ações da Petrobras

frente ao volume financeiro total negociado na BM&FBovespa.

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Figura 8: Representatividade do volume financeiro das ações da Petrobras negociado frente ao

volume financeiro total negociado na BM&FBovespa

Fonte: Elaboração própria

A partir do gráfico da figura 8 podemos observar que do ano 2006 ao ano 2008,

a Petrobras vinha ganhando cada vez mais espaço nas negociações da Bolsa, tendo um

pico referente a 17,36% de todo o volume financeiro negociado na época da crise

mundial. Após o ano 2008, a Petrobras passou a perder a representatividade que tinha

conquistado, e atingiu seu menor valor em 2012, chegando a representar apenas 8,70%

do volume total negociado na Bolsa. Em 2013 essa porcentagem voltou a subir,

alcançando 9,42%. Infelizmente não possuíamos dados referentes ao ano de 2014 para

poder analisar qual foi o impacto dos escândalos de corrupção nos volumes negociados.

11,73% 12,49% 17,36%

13,79% 11,98% 9,16% 8,70% 9,42%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Volume financeiro Petrobras x BM&FBovespa

BM&FBovespa

PETR3+PETR4

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4. ESTUDO DE CASO: PETROBRAS

Neste capítulo serão abordados dois tópicos principais: a análise dos retornos

históricos da Petrobras e dos fatores de carregamento do modelo (PIB e Ibovespa) e a

análise dos resultados obtidos através da aplicação do modelo da Teoria de Precificação

por Arbitragem.

4.1. Relação Histórica dos Retornos da Petrobras com os

Indicadores

Para analisar os retornos históricos das ações da Petrobras, além da avaliação a

partir do modelo de Precificação por Arbitragem, outras análises serão consideradas.

Uma das análises propostas é a comparação dos retornos históricos dos papéis da

Petrobras com a evolução dos fatores de carregamento do modelo (PIB e Índice

Bovespa), no período avaliado.

Esta análise consistirá na consolidação dos retornos em tabelas que darão origem

e a criação de gráficos. A partir das tabelas e gráficos serão comentados os principais

pontos observados para cada um dos indicadores selecionados.

4.1.1. Relação Histórica entre Petrobras e PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma, em valores monetários, de

todos os bens e serviços produzidos em uma determinada região, durante um período

específico de tempo. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia e

tem como principal objetivo mensurar a atividade econômica de uma determinada

região.

Dessa maneira, pode-se deduzir que, em momentos de crescimento mais

acentuado do PIB, esperam-se retornos maiores das ações da Petrobras, dado que

haveria um aumento da atividade econômica de modo geral e o setor petroquímico deve

se beneficiar dessa condição.

Sendo assim, com o objetivo de avaliar o retorno de investimento produzido

pelas ações da Petrobras, a comparação na evolução dos retornos financeiros obtidos do

investimento em papéis da empresa e o crescimento do Produto Interno Bruto é uma

análise importante.

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Esta comparação foi realizada a partir da consolidação dos retornos de ambas as

variáveis em uma tabela, de acordo com o período avaliado. A tabela 11 abaixo

apresenta os valores consolidados.

Tabela 11: Retornos históricos da Petrobras e do PIB

Ano PIB PETR4

2000 0,00% 0,00%

2001 1,30% 79,40%

2002 2,70% -9,31%

2003 1,10% 16,84%

2004 5,70% 49,30%

2005 3,20% -1,86%

2006 4,00% -45,82%

2007 6,10% 26,09%

2008 5,20% -19,21%

2009 0,30% -29,44%

2010 7,50% -8,39%

2011 2,70% -18,92%

2012 1,00% -11,67%

2013 2,30% -13,78% Fonte: Elaboração própria

O gráfico da figura 9 a seguir, que relaciona o retorno das duas variáveis no

período de 2000 a 2013, mostra a evolução das variáveis no período.

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Figura 9: Relação entre retornos históricos da Petrobras e do PIB

Fonte: Elaboração própria

A partir do gráfico acima, pode-se observar que o Produto Interno Bruto

brasileiro é muito pouco volátil, tendo alterações bastante moderadas ao longo dos anos

se comparado ao retorno da Petrobras. Além disso, nos anos de maior variação das

ações da Petrobras, o PIB não teve alterações significativas, apresentando anos em que

sua variação acompanhava o sentido da variação das ações da Petrobras, e anos em que

sua variação se dava no sentido contrário. Diante destas constatações, o primeiro

entendimento é que o PIB é uma variável pouco sensível às variações das ações da

Petrobras. Além disso, não há indícios de que estas variáveis apresentem correlação

estatística significativa para o período avaliado.

4.1.2. Relação Histórica entre Petrobras e Ibovespa

O Ibovespa (Índice Bovespa) é o principal índice de bolsa de valores de São

Paulo, refletindo o desempenho médio das cotações das principais ações negociadas na

BM&FBovespa. É formado pelas ações com maior volume negociado nos últimos

meses. Por isso, entende-se que o Ibovespa é o principal índice representativo da

carteira de mercado brasileira. É importante ressaltar que o Índice Bovespa contém as

ações preferenciais e ordinárias da Petrobras, as quais atualmente representam 4,608% e

3,049% da carteira teórica do índice, respectivamente.

-60,00%

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%PETROBRAS x PIB

PIB

PETR4

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61

Com o objetivo de avaliar o retorno de investimento produzido pelas ações

preferenciais da Petrobras, a comparação na evolução dos retornos financeiros obtidos

do investimento em papéis da empresa e a evolução do Índice Bovespa, variável mais

significativa do retorno do mercado brasileiro, também se faz uma análise relevante.

Esta comparação foi realizada a partir da consolidação dos retornos de ambas as

variáveis em uma tabela, de acordo com o período avaliado. A tabela abaixo apresenta

os valores consolidados.

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Tabela 12: Retornos históricos da PETR4 e do Índice Bovespa

Ano IBOV PETR4

2000 0,00% 0,00%

2001 -13,00% 79,40%

2002 -17,60% -9,31%

2003 28,16% 16,84%

2004 52,21% 49,30%

2005 24,79% -1,86%

2006 38,29% -45,82%

2007 40,43% 26,09%

2008 2,17% -19,21%

2009 -3,79% -29,44%

2010 25,50% -8,39%

2011 -8,49% -18,92%

2012 -3,19% -11,67%

2013 -10,21% -13,78% Fonte: Elaboração própria

O gráfico da figura 10 a seguir, que relaciona o retorno das duas variáveis no

período de 2000 a 2013, mostra a evolução das variáveis no período.

Figura 10: Relação entre retornos históricos da Petrobras e do Índice Bovespa

Fonte: Elaboração própria

A partir do gráfico, pode-se observar que o retorno do Índice Bovespa, como era

esperado, é muito mais volátil que o PIB. Além disso, suas variações parecem mais

-60,00%

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%PETROBRAS x IBOV

IBOV

PETR4

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aderentes à variação das ações da Petrobras. Observando o comportamento do gráfico, é

possível inferir uma correlação mais forte a partir do Governo Dilma, 2007, no qual o

índice apresenta uma sensibilidade mais precisa com a evolução da Petrobras, pois as

curvas apresentam trajetória semelhante. Diante destas constatações, o primeiro

entendimento sobre a relação Petrobras x Ibovespa é de que o Índice Bovespa é

relativamente sensível aos retornos da Petrobras no período avaliado, principalmente no

período de 2007 a 20013. Sendo assim, há indícios de que os retornos das ações da

Petrobras possam ser explicados estatisticamente pela evolução do Índice Bovespa no

período considerado.

4.2. Análise do Modelo APT

Neste tópico serão apresentadas as hipóteses principais do trabalho e os

resultados estatísticos encontrados a partir da aplicação do modelo da Teoria de

Precificação por Arbitragem.

4.2.1. Hipóteses Testadas

A hipótese geral está diretamente relacionada ao objetivo geral do trabalho,

citado no capítulo introdutório. Esta hipótese será validada pelo Teste de Hipóteses I,

cujas hipóteses são:

Hipótese Nula (H0): é possível afirmar que o modelo da Teoria de Precificação

por Arbitragem é adequado para explicar os retornos históricos das ações da Petrobras, a

partir o modelo feito com base nos dados do período de 2000 a 2013.

Hipótese Alternativa (H1): não é possível afirmar o modelo da Teoria de

Precificação por Arbitragem é adequado para explicar os retornos históricos das ações

da Petrobras, a partir o modelo feito com base nos dados do período de 2000 a 2013.

A hipótese específica está diretamente relacionada ao objetivo específico do

trabalho relacionado ao PIB, quanto a sua capacidade de explicar os retornos das ações

da Petrobras, como citado no capítulo introdutório. Esta hipótese será validada pelo

Teste de Hipóteses II, cujas hipóteses são:

Hipótese Nula (H0): é possível afirmar que, no contexto do modelo de

Precificação por Arbitragem, o Produto Interno Bruto brasileiro é um fator de

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carregamento adequado para explicar os retornos históricos das ações da Petrobras, a

partir o modelo feito com base nos dados do período de 2000 a 2013.

Hipótese Alternativa (H1): não é possível afirmar que, no contexto do modelo de

Precificação por Arbitragem, o Produto Interno Bruto brasileiro é um fator de

carregamento adequado para explicar os retornos históricos das ações da Petrobras, a

partir o modelo feito com base nos dados do período de 2000 a 2013.

4.2.2. Aplicação do APT a um portfólio não diversificado

Como observado na seção "2.1.1 Efeitos da diversificação", a aplicação do

Modelo APT a portfólios grandes e diversificados é capaz de eliminar a componente de

risco específica da firma. Entretanto, no modelo abordado, o objetivo é a mensuração de

retornos de uma empresa específica, a Petrobras, sendo necessário considerar o efeito de

variáveis específicas do seu setor. O objetivo da inclusão dessa variável é representar a

componente de risco específica da firma.

4.2.3. Resultados Estatísticos

Neste tópico serão apresentadas as equações obtidas a partir da regressão linear

entre as variáveis definidas como fatores de carregamento do modelo (PIB e Ibovespa) e

os retornos históricos das ações da Petrobras.

Para avaliar os resultados foram realizadas duas regressões lineares. A primeira

tem como base dados estatísticos referentes ao período de 2000 a 2013, considerando

todo o período estudado. A segunda tem como referência dados estatísticos que

consideram o período de 2000 a 2006, excluindo o segundo Governo Lula e o primeiro

mandato da Presidenta Dilma.

A equação da regressão linear que descreve a relação entre as variáveis

analisadas e o retorno, como apresentada anteriormente, é da seguinte forma:

Para gerar as equações de regressão, foi utilizado o suplemento de Análise de

Dados do Microsoft Excel®, com a funcionalidade de Análise de Regressão Múltipla.

Para cada uma das varáveis do modelo, foram gerados dois parâmetros: o coeficiente e a

estatística t. O coeficiente representa o valor estimado para o fator de carregamento beta

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da variável. A estatística t é a razão entre o coeficiente e o seu respectivo erro padrão

( ⁄ ). Este teste mede se o parâmetro é estatisticamente significante.

Além dos parâmetros individuais para cada variável do modelo, para cada

regressão realizada, foi gerado um coeficiente de determinação. Este parâmetro mede o

grau de dependência que a variável referente à variação dos retornos da Petrobras possui

com as variáveis macroeconômicas do modelo. Quanto maior o coeficiente de

determinação, maior a explicação do retorno da Petrobras a partir das demais variáveis

do modelo.

Serão apresentados os resultados obtidos e a análise dos resultados para cada

período citado.

4.2.3.1. Resultados Estatísticos – 2000 a 2013

A tabela 13 apresenta os coeficientes estimados resultantes da regressão linear

entre as variáveis definidas como fatores de carregamento do modelo e os retornos

históricos das ações da Petrobras, compreendendo o período de 2000 a 2013.

Tabela 13: Coeficientes da regressão linear entre as variáveis e retorno – 2000 a 2013

Variável Coeficiente Estatística t

Retorno Esperado 0,286000 0,511000

Ibovespa 0,015205 0,078450

PIB -1,181846 -0,200000 Fonte: Elaboração Própria

Substituindo o termo independente ( ) e os betas pelos valores dos

coeficientes encontrados, chega-se a seguinte equação para o retorno:

A partir dos resultados obtidos para o período de 2000 a 2013, conclui-se que os

parâmetros encontrados são inconsistentes. O coeficiente beta para o mercado de

0,015205 indica que o retorno da Petrobras é insensível, praticamente independente das

variações do Índice Bovespa. Com relação ao PIB, um coeficiente beta negativo não

condiz com a expectativa econômica, de acordo com a hipótese específica do trabalho

de que o crescimento do PIB brasileiro afeta positivamente os retornos da Petrobras, e

não o contrário. Já o coeficiente de determinação de 0,37 é muito baixo, indicando que a

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66

maior parte da explicação dos retornos da Petrobras não provém das variáveis do

modelo, sendo resultado de outros fatores não considerados e especulações.

4.2.3.2. Resultados Estatísticos – 2000 a 2006

A tabela 14 apresenta os coeficientes estimados resultantes da regressão linear

entre as variáveis definidas como fatores de carregamento do modelo e os retornos

históricos das ações da Petrobras, compreendendo o período de 2000 a 2006.

Tabela 14: Coeficientes da regressão linear entre as variáveis e retorno – 2000 a 2006

Variável Coeficiente Estatística t

RETORNO ESPERADO -0,271500 -0,267

IBOVESPA 0,206329 0,499

PIB 0,490239 0,035 Fonte: Elaboração Própria

Substituindo o termo independente ( ) e os betas pelos valores dos coeficientes

encontrados, chega-se a seguinte equação para o retorno:

Neste caso, os coeficientes betas positivos associados ao crescimento do Índice

Bovespa e do PIB indicam que variações positivas em ambas a variáveis provocam

variações positivas no retorno da Petrobras. O parâmetro de 0,490239 para o PIB indica

ser esta a variável mais significativa na variação do retorno das ações da Petrobras,

sendo a principal responsável pelas eventuais elevações nos retornos da Petrobras no

período. O coeficiente de 0,206329 para as variações no retorno de mercado indicam

que esta também apresenta uma contribuição significativa para os retornos da Petrobras.

Nesta regressão o coeficiente de determinação é um pouco superior, o que indica uma

aderência um pouco mais adequada do modelo com a variável a ser explicada.

É interessante observar que, quando não acontecem oscilações no Índice

Bovespa ou no PIB, a tendência média da ação da Petrobras é a apresentação de

retornos negativos, de acordo com os dados do período observado. De qualquer modo,

pode-se inferir que os resultados são significativamente mais consistentes.

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4.2.4. Comparação dos Resultados

Como observado na análise das regressões obtidas, os resultados encontrados

para o período de 2000 a 2006 são mais consistentes que os resultados encontrados para

o período completo, de 2000 a 2013.

A partir dos resultados obtidos, entende-se que a inclusão dos retornos ocorridos

no período do segundo Governo Lula e do primeiro Governo Dilma, no qual houve

quedas sucessivas no retorno médio da Petrobras, acabam por corromper a expectativa

de paridade com o Índice Bovespa e o PIB brasileiro, indicando que as relações acabam

por se tornar inconsistentes. Talvez, desvios de gestão e consequentes prejuízos para a

Petrobras ao longo deste período subvertem sua regularidade histórica, prejudicando

uma análise mais consistente baseada em expectativas financeiras e macroeconômicas.

4.2.5. Conclusão dos Testes de Hipóteses

Neste tópico, serão expostos os resultados de ambos os testes de hipóteses

realizados. Cada hipótese nula será validada ou rejeitada e a respectiva justificativa,

baseada nas análises dos resultados, será apresentada.

4.2.5.1. Teste de Hipóteses I

Neste teste a hipótese nula foi rejeitada porque os resultados obtidos na primeira

regressão não forneceram parâmetros consistentes, impedindo que se fosse capaz de

afirmar que o modelo da Teoria de Precificação por Arbitragem é adequado para

explicar os retornos históricos das ações da Petrobras.

4.2.5.2. Teste de Hipóteses II

Neste teste a hipótese nula também foi rejeitada porque os resultados obtidos na

primeira regressão não forneceram um coeficiente beta para o PIB consistente com as

expectativas econômicas, apresentando negativo. Sendo assim, não é possível

afirmar que, no contexto do modelo de Precificação por Arbitragem, o Produto Interno

Bruto brasileiro é um fator de carregamento adequado para explicar os retornos

históricos das ações da Petrobras.

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4.3 Aplicação do Modelo Desenvolvido

Como o modelo que considera os dados do período entre 2000 a 2006

apresentou resultados mais consistentes, resolvemos utilizá-lo para validar a sua

capacidade em prever o retorno anual da Petrobras do ano de 2014.

Para isso, calculamos a variação entre os valores médios mensais de fechamento

do Índice Bovespa de dezembro de 2013 e dezembro de 2014. Como o valor do PIB de

2014 não foi divulgado pelo IBGE, consideramos para a variação do PIB no ano uma

média das previsões do mercado, chegando ao valor de retração de 0,1%. Após aplicar

estes parâmetros ao modelo desenvolvido, comparamos o retorno obtido com a variação

entre a cotação de fechamento média mensal de dezembro de 2013 e a cotação de

fechamento média mensal de dezembro de 2014 da ação PETR4 para validar os

resultados.

4.3.1. Equação do Modelo e Resultados

Abaixo, temos a equação do modelo com os parâmetros aplicados:

( ) ( )

onde:

Resolvendo a equação, encontramos R = -27,80%. Comparando este valor com o

valor obtido para o retorno das ações PETR4 no mesmo período (-41,33%), percebemos

um desvio significativo entre o retorno do modelo e o retorno real. Entretanto, o modelo

desenvolvido não leva em consideração os impactos da Operação Lava Jato na

desvalorização do papel. Podemos inferir que a diferença entre o retorno do modelo e o

retorno real se dá, em grande parte, devido ao risco específico de firma ( ), fortemente

afetado pela Operação.

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5. CONCLUSÃO

Como podemos observar, a partir da aplicação do modelo desenvolvido (o qual

considera dados de 2000 a 2006), a regressão obtida com a utilização da Teoria de

Precificação por Arbitragem apresentou resultados relativamente satisfatórios,

explicando boa parte do retorno das ações preferenciais da Petrobras no ano de 2014.

Estes resultados nos surpreenderam positivamente, visto que o coeficiente de

determinação obtido para o modelo foi igual a 0,49. Isso significa que apenas 49% da

variável dependente conseguiria ser explicada pelos regressores presentes no modelo.

Sendo assim, os resultados indicaram uma aderência maior do que a esperada.

Entretanto, a partir da análise dos resultados obtidos com a aplicação do modelo

da Teoria de Precificação por Arbitragem, podemos concluir que, como mencionado na

conclusão dos testes de hipóteses, não foi possível afirmar que o modelo feito com base

nos dados do período de 2000 a 2013 é adequado para explicar os retornos das ações da

Petrobras assim como não é possível afirmar que, no contexto do modelo de

Precificação por Arbitragem, o Produto Interno Bruto brasileiro é um fator de

carregamento adequado para explicar os retornos históricos das ações da Petrobras.

Entretanto, vale ressaltar que resultados mais satisfatórios foram obtidos a partir da

análise do período de 2000 a 2006, não considerando o expurgo da inflação em ambos

os casos.

O estudo apresentou algumas limitações. A utilização de apenas duas variáveis

(o Ibovespa, representando o retorno de mercado e o PIB, representando um fator de

carregamento relevante para o modelo) pode ter sido insuficiente para alcançar

resultados realmente satisfatórios. O fato de a quantidade ideal de fatores de

carregamento para a aplicação do modelo ser desconhecida indica uma possível

deficiência no modelo desenvolvido. A utilização do PIB como fator de carregamento

do modelo pode não ter sido uma escolha adequada. O fato de a natureza dos fatores de

carregamento para a aplicação do modelo ser desconhecida indica outra possível

deficiência no modelo desenvolvido.

Além disso, a utilização de apenas um ativo ao invés de uma carteira

diversificada para aplicação do modelo não elimina a fonte de risco não sistemático, o

que dificulta a análise da relevância dos fatores de carregamento. As variações nos

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retornos de um portfólio composto apenas por ações da Petrobras podem estar altamente

correlacionadas com acontecimentos relevantes apenas para a empresa, ou seja, de

caráter não sistemático. Por tanto, ao analisar um portfólio não diversificado a partir do

APT, não é possível distinguir uma variação devido a um evento específico da empresa

de uma variação que ocorreu em virtude de um evento de mercado.

Resta pesquisar em trabalhos futuros, a escolha de outros ativos para a formação

de uma carteira diversificada, redirecionando o foco do trabalho para a análise dos

retornos do setor petrolífero ou das empresas mais negociadas do mercado acionário

brasileiro, a fim de validar a capacidade do modelo APT em estimar os retornos de uma

carteira de investimentos no mercado brasileiro. Da mesma maneira, validar se o PIB

brasileiro pode ser utilizado como fator de carregamento em um modelo APT para

explicar retornos de ações do mercado nacional.

Outra abordagem interessante seria a inclusão de novos fatores de carregamento

no modelo, como a escolha de variáveis contábeis como liquidez, endividamento e

alavancagem; variáveis macroeconômicas como taxa de juros, inflação, câmbio ou

Produto Nacional Bruto; ou no caso de uma análise setorial, fatores de carregamento

mais específicos como o preço da commodity relevante ao setor (petróleo, no setor

sugerido).

Dessa forma, a inserção dos fatores acima citados, bem como de fatores

intervenientes (ex.: a Operação Lava Jato), poderiam, após tratamento adequado,

melhorar o modelo, tornando-o mais aderente aos retornos reais.

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