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2325 ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL, SOCIAL E ECONÔMI- CO ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA DAS COMUNIDADES DO VALE DO PERUAÇU ATENDIDAS PELA CÁRITAS DIOCESANA DE JANUÁRIA Patrícia Oliveira Correia¹ Felipe Lisboa Guedes² ¹Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais- IFNMG, Campus Januária. Pós Graduação em Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empre- sas-GMPME. Email: [email protected]; ²Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais- IFNMG,Campus Januária. Pós Graduação em Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empre- sas-GMPME. Email: [email protected]. RESUMO: O trabalho traz uma análise das políticas públicas implementadas no Vale do Peruaçu pela Cáritas Diocesana de Januária através do Projeto Peruaçu na qual foram beneficiadas aleato- riamente 437 famílias de 13 comunidades, sendo que 12 dessas comunidades pertencem ao município de Januária-MG: Araçá, Areião, Buritizinho, Cocos, Galhos, Lambedouro, Olhos D’água, Onça, Pedras, Vereda Grande I, Vereda Grande II, Vila Lopes e Vargem Grande que pertence ao município de Itacarambi-MG, através da construção de tecnologias sociais voltadas para a convivência com o semiárido. Foram analisados indicadores de desenvolvimento social e econômico que garantem a renda familiar, segurança alimentar nutricional, qualidade de vida e bem estar social. Os procedimentos técnicos da pesquisa foram desenvolvidos em torno do levantamento bibliográfico que possibilitou conceituar o desenvolvimento, desenvolvimento local, social e econômico e suas teorias, o conceito de políticas públicas e da Rede Cáritas. Foi apresentado nesse trabalho também a atuação da Cáritas Diocesana de Januária principal exe- cutora do Projeto do Peruaçu e por fim a análise sobre as informações coletadas através ques- tionários aplicados junto aos beneficiários através do levantamento de campo(survey). E por

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ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL, SOCIAL E ECONÔMI-CO ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA DAS COMUNIDADES DO VALE DO PERUAÇU ATENDIDAS PELA CÁRITAS DIOCESANA DE JANUÁRIA

Patrícia Oliveira Correia¹

Felipe Lisboa Guedes²

¹Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais- IFNMG, Campus Januária. Pós Graduação em Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empre-

sas-GMPME.

Email: [email protected];

²Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais- IFNMG,Campus Januária. Pós Graduação em Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empre-

sas-GMPME.

Email: [email protected].

RESUMO:

O trabalho traz uma análise das políticas públicas implementadas no Vale do Peruaçu pela Cáritas Diocesana de Januária através do Projeto Peruaçu na qual foram benefi ciadas aleato-riamente 437 famílias de 13 comunidades, sendo que 12 dessas comunidades pertencem ao município de Januária-MG: Araçá, Areião, Buritizinho, Cocos, Galhos, Lambedouro, Olhos D’água, Onça, Pedras, Vereda Grande I, Vereda Grande II, Vila Lopes e Vargem Grande que pertence ao município de Itacarambi-MG, através da construção de tecnologias sociais voltadas para a convivência com o semiárido. Foram analisados indicadores de desenvolvimento social e econômico que garantem a renda familiar, segurança alimentar nutricional, qualidade de vida e bem estar social. Os procedimentos técnicos da pesquisa foram desenvolvidos em torno do levantamento bibliográfi co que possibilitou conceituar o desenvolvimento, desenvolvimento local, social e econômico e suas teorias, o conceito de políticas públicas e da Rede Cáritas. Foi apresentado nesse trabalho também a atuação da Cáritas Diocesana de Januária principal exe-cutora do Projeto do Peruaçu e por fi m a análise sobre as informações coletadas através ques-tionários aplicados junto aos benefi ciários através do levantamento de campo(survey). E por

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fi m a conclusão do objetivo principal deste trabalho a analise dos resultados que apontam para um desenvolvimento econômico ainda embrionário levando em consideração que a maioria dos benefi ciários são pessoas aposentadas, mas que após a implantação do projeto as famílias destas comunidades passaram a ter uma qualidade de vida melhor.

Palavras-chave: Desenvolvimento, Renda familiar, Vale do Peruaçu.

INTRODUÇÃO

Durante o século XX, diversas nações cresceram e se desenvolveram na perspectiva do enriquecimento econômico, gerando progresso material e elevando sua capacidade de produção e de consumo, mas como consequência, outras nações permaneceram periféricas a essa con-quista, fi cando à margem do enriquecimento econômico (SILVA, 2006).

Porém, no fi nal do século XX crescem experiências de organizações, grupos formais e informais para fazerem face a tal situação buscando a inclusão e mobilização social, desenvol-vimento local além da manutenção da liberdade política, econômica, social além de melhoria e qualidade de vida (NAZZARI ,2003).

Entre essas organizações com vínculos à inclusão social está a Cáritas Brasileira uma entidade de promoção e atuação social, pela qual teve um dos projetos intitulado Projeto do Peruaçu, analisado por esse trabalho.

O Projeto do Peruaçu benefi ciou diretamente 437 famílias aleatoriamente de 13 comu-nidades sendo que 12 dessas comunidades pertencem ao município de Januária: Araçá, Areião, Buritizinho, Cocos, Galhos, Lambedouro, Olhos D’água, Onça,Pedras,Vereda Grande I,Vereda Grande II, Vila Lopes e Vargem Grande que pertence ao município de Itacarambi através da construção de tecnologias sócias voltadas para a convivência com o semiárido .

A Cáritas Brasileira tem sua atuação efetiva no município de Januária através da Cáritas Diocesana, na qual atua junto às comunidades, grupos formais ou informais em situação de vulnerabilidade social e econômica buscando assim atender vítimas de emergências sociais e mobilizar a sociedade na proteção e garantia dos direitos das famílias e comunidades em situ-ação de risco.

O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

Inicialmente o termo desenvolvimento foi utilizado para caracterizar a evolução dos seres vivos e o alcance de suas potencialidades genéticas. Com a introdução da Teoria Evolucionis-

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ta de Darwin, desenvolvimento passou a ser sinônimo de transformação, ganhando o termo grandes proporções a nível global principalmente após a Segunda Guerra Mundial, mediante a necessidade da consolidação do sistema capitalista através da reorganização da produção in-dustrial e a urbanização como uma forma de geração de riquezas e modernização da sociedade relativamente atrasada (FAO, 2012 ; SANTOS et al, 2012) .

Devido a expressividade como o termo ganhou proporção, o mesmo tem tendência a ser sinônimo de crescimento econômico. Porém, ao longo de várias críticas, polêmicas, debates e discussões inclusive a nível internacional o desenvolvimento passou a qualifi car (ainda que de forma restrita) o desenvolvimento no âmbito social (CHACON, 2014, p.48-50).

Momento esse que surge a necessidade de debates centrados em torno das questões am-bientais e da relação do homem com a natureza a nível mundial, assim o termo é expandido, surgindo o ecodesenvolvimento proposto por Ignacy Sachs, na qual também afi rma que o ter-mo desenvolvimento não necessariamente deve está ligado ao pensamento econômico mas à esfera ética (CHACON, 2014, p.48-50). Mediante aos debates, discussões, tratados e diversas convenções a Organização das Nações Unidas (ONU) regulamentou que o termo desenvol-vimento pudesse designar ou qualifi car diferentes linhas de pensamentos não apenas a linha econômica (CHACON, 2014, p.48-50).

A partir da regulamentação que permitiu ao termo desenvolvimento qualifi car diversas áreas, o mesmo ganhou várias dimensões entre elas: social, ambiental, territorial, econômica, política, etc. Quanto a conceituação do termo em relação a essas vertentes irá variar de acordo com a visão de cada indivíduo, a partir da realidade na qual o mesmo queira abordar sem perder a essência do signifi cado principal do termo (CHACON, 2014, p.48-50).

De acordo com o dicionário Aurélio (2005) desenvolvimento é o ato, processo ou efeito de desenvolver uma serie de etapas, acontecimentos e ações que levam ao surgimento de algo ou a manifestação em todos os aspectos, aumentando certas qualidades ou aprimoramento de determinadas capacidades.

O desenvolvimento deve garantir a manutenção constante de políticas econômicas, so-ciais, culturais e ambientais capazes de promover a elevação dos padrões de qualidade de vida, bem estar social, segurança nutricional, trabalho e renda, minimizando a exclusão social e a pobreza que contribui negativamente para o desenvolvimento (SEN, 2000).

A fi nalidade principal do desenvolvimento deve está ligado à ações econômicas e sociais direcionadas à localidade, às formas de produção e tecnologias facilitadoras que contribuem efetivamente para o desenvolvimento além da reprodução da vida (CARITAS BRASILEIRA, 2005; SANTOS & SILVEIRA ,2001).

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DESENVOLVIMENTO LOCAL

O desenvolvimento local é a combinação de aspectos sociais, econômicos, políticos, cul-turais e ambientais na qual deve valorizar e respeitar as características e crenças locais. Objeti-vando a solução dos problemas básicos e a satisfação das necessidades que afl igem o desenvol-vimento dos indivíduos. Além de incentivar a busca de condições socioeconômicas capazes de enfrentar os desafi os impostos ao longo da globalização (SILVA e BARBOSA, 2014).

Dessa forma, o desenvolvimento local deve orientar as iniciativas e ações que im-pactarão no combate à pobreza através da geração de trabalho e renda, segurança alimen-tar, combate a descriminação e ampliação de oportunidades de todas as classes sociais (ABRANTES,RODRIGUES,SOUZA, 2014; CARITAS BRASILEIRA, 2005; ).

O desenvolvimento local está relacionado à capacidade criativa de transformação numa perspectiva de construção social visando à qualidade de vida, levando em consideração a supe-ração ou melhoria dos indicadores de bem-estar econômico e social como: pobreza, desempre-go, desigualdade, segurança alimentar, educação e moradia (OLIVEIRA, 2002).

Além de comprometer-se com a geração da transformação consciente da realidade local, onde deve considerar o protagonismo local na qual o próprios moradores são os maiores res-ponsáveis por essa transformação através do comprometimento em moldar a própria historia ou mudança (MEDEIROS, 2011; PAULA, 2008).

De acordo com a Cáritas Brasileira (2005) ao se tratar de desenvolvimento local é impor-tante levar em consideração três aspectos relevantes: as características da população envolvida (sujeito ou individuo), a diversidade dos territórios (comunidade, município, região,etc.) e as distintas trajetórias ou históricos dos envolvidos (crença ou cultura).

Recomenda-se que o desenvolvimento local deve ser gerado através de metodologias participativas, levando em consideração resultados e impactos mais consistentes voltados para a emancipação humana, minimização dos índices de pobreza. A pobreza aqui não apenas como ausência ou insufi ciência de renda e recursos materiais mais também atitudes que levam o indi-viduo a incomodar com o seu próprio estágio de pobreza e a querer ser protagonista da própria mudança. (CATTARI E FERRARINI, 2010).

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico pode ser caracterizado como um fenômeno histórico que passa a ocorrer nos países ou nações após optarem pela revolução capitalista que é caracteriza-da pelo aumento da produtividade, renda por habitante que resulta na acumulação de capital. Porém, o desenvolvimento não se restringe ao crescimento da produção mas aos aspectos quali-

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tativos relacionados a sociedade como a redução da pobreza, a elevação dos salário, a melhoria da qualidade de vida e bem-estar, segurança alimentar nutricional etc. ( BRESSER-PEREIRA, 2006).

O desenvolvimento econômico apresenta origem empírica e teórica. Na linha teórica esta-ria Adam Smith e Joseph Shumpeter que ao descrever suas obras elencam assuntos pertinentes a acumulação de capital, crescimento populacional, desenvolvimento comercial e industrial etc. Já na ordem empírica são levados em consideração problemas relacionados ao desenvolvimen-to econômico como a desigualdade social, a má distribuição de renda, o privilégio de algumas classes dentro de uma mesma nação, país ou até região (SUSUNI E CABRERA 2010).

Embora estejam relacionados desenvolvimento econômico e crescimento econômico apresentam defi nições distintas sendo que o desenvolvimento está ligado a aspectos qualitativos como a melhoria de aspectos ligados a qualidade de vida, bem-estar social, níveis de consumo através de indicadores sociais como: saúde, educação, infraestrutura, segurança alimentar nutri-cional, etc. Já o crescimento econômico está ligado a variáveis quantitativas como por exemplo o crescimento da capacidade produtiva através PIB ( BRESSER-PEREIRA, 2006; SUSUNI E CABRERA 2010; MARQUES E ROCHA, 2013).

Ao tratar sobre desenvolvimento econômico Furtado (2004, p.484) faz uma diferenciação sobre desenvolvimento econômico e crescimento econômico na qual caracteriza crescimento econômico como “a preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de moderni-zação” e caracteriza o desenvolvimento econômico como “o projeto social subjacente”. Ain-da segundo esse mesmo autor não basta apenas dispor de recursos para investir em um futuro melhor para a população em massa mas, deve priorizar a melhoria efetiva da condição de vida dessa população dentro desse projeto social (FURTADO, 2004).

O desenvolvimento econômico além de promover a melhoria dos padrões de vida deve garantir andar em consonância com os objetivos políticos propostos a sociedade como a segu-rança, a liberdade e a justiça social pois embora favoreça o bem-estar e melhoria de indicadores sociais por si só não soluciona todos os problemas da sociedade (BRESSER-PEREIRA,2006) .

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

O desenvolvimento social está relacionado à capacidade criativa de transformação numa perspectiva de construção social visando à qualidade de vida, levando em consideração a supe-ração ou melhoria dos indicadores de bem-estar econômico e social como a pobreza, desempre-go, desigualdade, segurança alimentar, educação e moradia (OLIVEIRA,2002) .

Santos & Silveira (2001) destacam que o desenvolvimento deve estar ligado à qualidade

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de vida da população local, ações econômicas e sociais direcionadas à localidade, formas de produção e tecnologias apropriadas às especifi cidades locais.

Dessa forma Oliveira(2002) destaca que o desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e principal-mente, humana e social.

Levando em consideração os aspectos sociais, o desenvolvimento deve ser encarado como um processo agregado às mudanças e transformação em ordem social, humana e política na qual deve proporcionar a busca pelo bem estar, elevação da qualidade de vida e ampliação da liberdade humana e a capacidade de escolhas (OLIVEIRA,2012; SILVA E BARBOSA, 2014). Além da garantia da inclusão social, o empoderamento dos atores politicamente marginalizados e a construção da solidariedade e cooperação entre a comunidade (DIAS, 2013).

Deve ser visto ainda em uma vertente libertadora das privações humanas ligadas a pobre-za, tirania, carência de oportunidades econômicas e sociais, negligência dos serviços prestados a sociedade, intolerância ou interferência por excesso dos Estados repressores na qual limita as escolhas das oportunidades de exercer de forma ponderada a condição de agente do desenvol-vimento ( RIBEIRO, 2009 ; SEN, 2000).

POLITÍCAS PÚBLICAS

De acordo com a Assembléia Legislativa de Minas Gerais (2017) as políticas publicas resultam das atividades de alocação de recursos e na provisão de bens e serviços que buscam manter ou modifi car uma determinada realidade por meio de estratégias de atuação ou alocação de recursos. A implementação ou a formulação de uma política publica passa pela identifi cação do problema, seguida pela formulação de alternativas para enfrentamento do problema, após o planejamento da execução e por fi m a implementação da atividade afi m de atingir a política publica, o acompanhamento e a avaliação respectivamente (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS, 2017)

Souza (2008) resume políticas publicas, como a conciliação da ação do governo, ana-lisando essa ação como uma variável independente atrelada a uma variável dependente que é caracterizada como o curso, rumo ou a quem se destina essa ação ou quem se benefi ciará dela.

Segundo o MMA(2017) políticas públicas podem ser caracterizadas como um conjunto de programas, ações ou atividades desenvolvidas pelo Estado de forma direta ou indireta visan-do assegurar o direito a cidadania podendo haver a participação de órgãos ou empresas públicas ou privadas.

Entre esses órgãos ou empresas publicas que atuam junto ao governo na execução de políticas publicas, está a Rede Cáritas. Que tem sua atuação junto a população de baixa renda, conforme descrito o item a seguir.

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REDE CÁRITAS

A Cáritas é um organismo da Igreja Católica Apostólica Romana presente em 200 países e territórios, na forma da rede Cáritas Internationalis, sediada em Roma, no Vaticano (origina-da em 1897). Esta rede está subdividida em 7 regiões: América Latina e Caribe, África, Europa, Oceania, Ásia, América do Norte e a chamada MONA - Oriente Médio e Norte da África (CA-RITAS INTERNACIONAL, 2016).

A Cáritas Internacional é confederação de 162 organizações humanitárias com atuação em quase todos os países do mundo. Sobre iniciativa do padre Lorenz Werthmann , foi fundada em 1897 em Friburgo na Alemanha com o objetivo de atuar junto as pessoas pobres e vulnerá-veis, refugiados das guerras, situações de emergências naturais, sociais, projeto de desenvolvi-mento e incidências políticas(CARITAS INTERNACIONAL, 2016 ).

No Brasil a rede Cáritas foi fundada em 12 novembro de 1956 como uma organização não governamental da Igreja Católica e organismo da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Seu princípio é contribuir para um mundo mais digno e mais justo, principalmente para as pessoas excluídas da sociedade. No início a Cáritas partiu para uma prática assistencia-lista, ajudando a camada mais pobre da população, realizando a distribuição dos mantimentos através de doações vindas de organizações europeias ( CARITAS BRASILEIRA, 2016) .

Em Januária a Rede Cáritas é instalada formalmente no município dia 21 de maio de 1999. A Cáritas Diocesana de Januária tem como missão de testemunhar e anunciar o evange-lho de Cristo, promover a vida, defender os direitos humanos e o desenvolvimento social sem distinção de nacionalidade, raça, cor, credo religioso ou político além da participação ativa na construção de uma sociedade justa, igualitária e solidária em consonância com as pessoas em situação de vulnerabilidade social (ESTATUTO DA CÁRITAS DIOCESANA DE JANUÁ-RIA).

Com a atuação em 26 municípios norte mineiros e circundando a microrregiãodo Vale do Rio São Francisco, a Cáritas Diocesana de Januária é integrante da rede Cáritas Brasileira que possui sede em Brasília no Distrito Federal ambas fazem parte como organismo da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além de ser fi liada a Articulação no Semiárido Bra-sileiro por meio da qual desenvolve parceria na execução de vários projetos através de políticas públicas que contribuem com a convivência com o semiárido (CARITAS JANUARIA, 2016).

A Cáritas Diocesana de Januária tem como princípios e diretrizes, a defesa e promoção da vida tanto humana quanto da sociobiodiversidade, a mística e a espiritualidade libertadora, o ecumenismo religioso e cultural, a solidariedade, democracia participativa, protagonismo dos excluídos e excluídas, sustentabilidade e as relações de igualdade entre gênero, raça, cor e etnia (CARITAS JANUARIA, 2016).

Com o intuito de promover a defesa da vida e participar da construção solidária e inclusão dos indivíduos em situação de vulnerabilidade social a Cáritas Diocesana de Januária também atua no desenvolvimento de ações com foco na convivência com o semiárido e apoio a agricul-

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tura familiar em comunidades, acampamentos e assentamentos da reforma agrária, assessoran-do grupos e comunidades e incentivando os indivíduos a serem protagonistas da mudança da própria realidade (CARITAS JANUARIA, 2016).

Entre as ações desenvolvidas por esta entidade destaca-se o incentivo a agricultura fami-liar através da implementação de tecnologias sociais e a contribuição com a formação de há-bitos alimentares saudáveis através do cultivo agroecológico de hortaliças, plantas medicinais, a criação de pequenos animais, o acesso ao crédito e na gestão de fundos rotativos solidários, entre outras iniciativas de produção coletiva (CÁRITAS JANUÁRIA,2016).

A Cáritas Diocesana de Januária trabalha a convivência com o semiárido a partir da mo-bilização e da organização comunitária. Promovendo a formação técnica e política de agentes para o desenvolvimento local sustentável, implementa obras hídricas (cisternas de placas, bar-ragens subterrâneas, barraginhas, cisternas enxurradas, cisterna calçadão, cisterna telhadão, pe-quenos açudes comunitários, entre outras tecnologias sociais) e de projetos produtivos como a criação de pequenos animais, lavouras coletivas, hortas medicinais, quintais produtivos e outros (CARITAS JANUARIA, 2016).

Para fi ns especifi co desse trabalho e cumprindo um dos objetivos propostos será anali-sado a atuação da Cáritas Diocesana de Januária nas comunidades rurais do Vale do Peruaçu através do Projeto Peruaçu .

ATUAÇÃO DA CÁRITAS DIOCESANA DE JANUÁRIA ATRAVÉS DO PROJETO DO PERUAÇU

O Projeto do Peruaçu foi desenvolvido a partir de 2013 na região do Vale do Peruaçu tendo como objetivo principal a transformação da região da Área de Proteção Ambiental das Cavernas do Vale do Peruaçu em modelo de referência de visualização socioeconômica tendo como base a agricultura familiar em consonância com a legislação ambiental vigente. Através da mobilização social e implementação de tecnologias sociais na perspectiva de contribuir com a qualidade de vida dos envolvidos diretamente e indiretamente no projeto além do desenvol-vimento local da região (CÁRITAS JANUÁRIA, 2016)..

O projeto foi desenvolvido em duas etapas benefi ciando aleatoriamente 13 comunidades sendo 12 comunidades pertencentes ao município de Januária e uma de Itacarambi, benefi cian-do diretamente 437 famílias e 600 famílias de forma indiretamente conforme notório na fi gura 01 que apresenta o mapa da região do Vale do Peruaçu com as comunidades contempladas (CÁRITAS JANUÁRIA, 2016).

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Figura 01: Mapa das comunidades benefi ciárias do Projeto do Peruaçu

Fonte: Cáritas Diocesana de Januária, 2016

Durante a execução do projeto foram implementadas 1.112 tecnologias sociais com o apoio fi nanceiro de vários parceiros, entre eles: Fundação Banco do Brasil, Instituto de Desen-volvimento do Norte de Minas Gerais-IDENE, Petrobras, Emater-DF, Programa água Brasil, WWF Brasil, Programa cerrado Pantanal, etc (CÁRITAS JANUÁRIA, 2016) .

TECNOLOGIAS SOCIAIS IMPLEMENTADAS

Abordar o termo tecnologia social é tratar de um contexto de inserção de ações simplifi -cadas, de baixo custo e reaplicáveis em uma conjectura que busca agregar maior visibilidade e consistência inclusive na minimização da exclusão social, da precarização e da exploração. Além de ser agente de desenvolvimento que por sua vez gera o impacto social elevando padrões de qualidade de vida e bem estar social principalmente junto a população de baixa renda (COR-REIA, ARISTÓTELES MUNIZ E GALVÃO, 2016).

A Fundação Banco do Brasil (2017) propõe que tecnologia social deve abarcar “técni-cas, produtos, ou metodologias reaplicáveis que são desenvolvidas através da interatividade comunitária e que representam efetivas soluções para a transformação social e redução do ín-

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dice de pobreza”. A tecnologia social é baseada em uma idéia inovadora que pode estar ligada ao sendo popular ou científi co, porém deve em sua consistência apresentar soluções relevantes a problemas socioeconômicos além de ser replicável em qualquer instância (FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, 2017).

Para que a tecnologia social seja efi caz é necessário que a mesma permita adaptações quanto ao seu tamanho físico e fi nanceiro permitindo o acesso de qualquer cidadão. Além de ser replicável as tecnologias sociais devem respeitar a diversidade de saberes e crenças popu-lares garantindo a melhoria das condições de trabalho (DAGNINO, 2004).

Em consonância com o termo tecnologias sociais e buscando atender os anseios e as ne-cessidades dos moradores, visando o desenvolvimento social e econômico e elevação de indi-cadores como o melhoria dos padrões de vida e bem estar social, geração de renda e segurança alimentar nutricional, o Projeto do Peruaçu através do apoio fi nanceiro de parceiros implemen-tou 1.112 tecnologias sociais aleatoriamente ao longo das 13 comunidades benefi ciadas com o projeto CÁRITAS JANUÁRIA, 2016) .

A aplicação de tecnologias sociais buscou favorecer o desenvolvimento de sistemas hídricos, produtivos, de saneamento básico e proteção ambiental que permitam as famílias o acesso à água, à segurança alimentar nutricional e a elevação de padrões de qualidade no meio rural além da visibilidade socioeconômica da agricultura familiar em conformidade com a le-gislação ambiental (CÁRITAS JANUÁRIA,2016).

Com o apoio fi nanceiro da Fundação Banco do Brasil no valor de R$105.065.000 foram implementadas 100 cisternas com capacidade de 16 mil litros1 de água para consumo, 40 cis-

1 Cisterna de placas de 16 mil litros: É uma construção de baixo custo, feita de placas de cimento pré-moldadas, em formato cilíndrico e semi-enterrada é construídas ao lado das casas. O seu funcionamento prevê a captação de água da chuva aproveitando o telhado da casa, que escoa a água através de calhas (ARTICULAÇÃO DO SEMIARIDO BRASILEIRO-ASA,2017).

Cisterna Calçadão – É uma tecnologia que capta a água da chuva por meio de um calçadão de cimento de 200 m² construído sobre o solo. Com essa área do calçadão, 300 mm de chuva são sufi cientes para encher a cisterna, que tem capacidade para 52 mil litros. Por meio de canos, a chuva que cai no calçadão escoa para a cisterna, construída na parte mais baixa do terreno e próxima à área de produção. A água captada é utilizada para irrigar quintais pro-dutivos: plantar fruteiras, hortaliças e plantas medicinais, e para criação de animais(ASA, 2017).

Cisterna enxurrada¹: Com capacidade para até 52 mil litros é uma tecnologia construída dentro da terra, fi cando somente a cobertura de forma cônica acima da superfície. Quando chove, a água escorre pela terra e antes de cair para a cisterna passa por duas ou três pequenas caixas decantadoras, dispostas em sequência. Os canos instalados auxiliam o escoamento da água para dentro do reservatório (ASA, 2017).

Barraginha²: Com uma profundidade aproximada de dois ou três metros e um aproximado entre 12 e 30 metros. É uma tecnologia construída no formato de concha ou semicírculo que armazena água da chuva por dois a três meses, possibilitando que o solo permaneça úmido por mais tempo favorecendo o plantio de frutas, verduras e legumes(ASA, 2017).

Fossa biodigestora³: É uma tecnologia social que favorece o tratamento do esgoto doméstico evitando a con-

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ternas calçadão de capacidade de 75 mil litros, 14 cisternas telhadão com capacidade de 75 mil litros, 257 barraginhas, 100 fossas biodigestoras e a construção de 02 casas de sementes criou-las CÁRITAS JANUÁRIA, 2016) .

Através do Instituto de Desenvolvimento do Norte de Minas Gerais-IDENE foram cons-truídas 239 cisternas de água para o consumo com capacidade de 16 mil litros cada uma. Além de 14 cisternas calçadão de 52 mil litros e 07 cisternas de captação de água de enxurrada com capacidade de 52 mil litros com o apoio da Petrobrás. Da EMATER-DF foram construídas 300 barraginhas. Implementação de 08 unidade demonstrativas de produção com o apoio do Programa Água Brasil. Construção de 01 unidade de benefi ciamento de frutos com o apoio do Programa Água Brasil, WWF Brasil e do Programa Cerrado Pantanal CÁRITAS JANUÁRIA, 2016) .

METODOLOGIA

Para fi ns desse trabalho a pesquisa se classifi ca como qualitativa e quanto aos objetivos a pesquisa se classifi ca como descritiva, onde buscou descrever as características de uma deter-minada população ou fenômenos através do uso de técnicas padronizadas como a aplicação de questionários e a observação sistêmica (GIL,2009).

Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa foi desenvolvida em torno de levanta-mento bibliográfi co e levantamento de campo (survey). A pesquisa bibliográfi ca que foi re-alizada em materiais já elaborados como livros, artigos científi cos dentre outros materiais já publicados que contribuam para com o processo de compreensão, análise e escrita desse traba-taminação do lençol freático e ao fi m do processo produz adubo orgânico liquido que pode ser utilizado desde a produção de pomares até irrigação de culturas como capim, sorgo, cana destinada a alimentação dos animais.Para a construção da tecnologia é necessário três caixas-d’água conectadas entre si na qual são enterradas para manter o isolamento térmico. A primeira delas é ligada ao sistema de esgoto e recebe, uma vez por mês, 20 litros de uma mistura com 50% de água e 50% de esterco bovino fresco. Este material, junto com as fezes humanas, fermenta. A alta temperatura e a vedação das duas primeiras caixas eliminam os patógenos, ao fi nal do processo, o líquido está sem micróbios e pode ser usado como adubo (EMBRAPA, 2017)

Casa ou banco de semente crioula: É uma tecnologia social que busca dinamizar o processo produtivo dos agricultores(as) por meio do estoque coletivo de sementes e grãos, através de bancos de sementes comunitários permitindo o resgate das sementes locais como uma forma de fortalecer a agricultura familiar ( FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, 2017).

Unidade de benefi ciamento: Agroindústria de processamento de alimentos inclusive frutos de quintais e do cerrado. Tem como objetivo principal o aproveitando e a valorização da fruticultura através da fabricação e co-mercialização de polpa de frutas naturais, agregando valor ao produto gerando renda e reduzindo a perca total ou parcial da produção ( FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, 2017).

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lho (GIL, 2009). Já o levantamento de Campo (survey) que é caracterizada pelo processo inter-rogatório realizado de forma direta com os indivíduos cuja realidade ou comportamento deseja conhecer afi m de após análise responder o problema proposto (GIL, 2009). O levantamento de campo (survey) foi realizado de forma aleatória nas comunidades benefi ciarias do Projeto do Peruaçu.

Nem sempre o levantamento de campo (survey) é realizado com todo o universo da pesquisa mas mediante a procedimentos estatísticos e é coletada uma amostra signifi cativa de todo o universo, que é tomada como objeto de investigação (GIL,2009, p. 55).

No caso desse trabalho, embora o Projeto Peruaçu benefi ciou 437 famílias, por meio de amostra probabilística foram entrevistadas 142 famílias sendo um representante de cada domicilio. Além dos questionários foram realizadas também, anotações das observações feitas pelos moradores entrevistados afi m de enriquecer a conclusão deste trabalho.

Foram utilizados para fi ns da análise do desenvolvimento social e econômico alguns indica-dores como: Renda familiar, educação, moradia, segurança alimentar nutricional. Os indicadores são instrumentos que permitem identifi car e quantifi car aspectos relacionados a algum conceito, fenômeno, problema ou resultado de uma intervenção na realidade e tem como principal fi nalidade mensurar um determinado aspecto de uma dada realidade (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO,2007)

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Partindo da análise dos objetivos propostos para esse trabalho, na qual objeti-vou-se analisar se houve desenvolvimento social e econômico nos grupos familiares dos be-nefi ciários das políticas públicas de fomento executadas pela Cáritas Diocesa de Januária na região do Vale do Peruaçu, na qual foram contempladas aleatoriamente 13 comunidades.

E tendo como base a análise dos dados coletados além de conversas informais reali-zadas antes, durante ou posterior a entrevista, os benefi ciários relatam a relevância do projeto tanto para o grupo familiar e sua propriedade quanto para a comunidade, região ou sociedade como um todo, deixando de ser apenas um aspecto intrínseco e passando a assumir também fatores extrínsecos ao grupo ou propriedade familiar.

Referindo aos aspectos extrínsecos vale ressaltar o esforço para o incentivo do uso sus-tentável dos recursos naturais, diligências para a revitalização do Rio Peruaçu além da cons-cientização da relevância da preservação das áreas de proteção ambiental na qual as comunida-des estão inseridas. .

Mas a análise sobressai em torno dos indicadores do desenvolvimento local através de aspectos econômicos e sociais elevando em consideração a educação, a renda, o poder de consumo, a melhoria de qualidade de vida e bem estar social, a geração de renda, a segurança alimentar nutricional, os índices de migração, etc.

A partir da análise dos indicadores supracitados é possível afi rmar que após a implan-

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tação das tecnologias sociais houve melhoria nas condições de vida e bem estar social princi-palmente se tratando dos quesitos de maior acesso aos recursos hídricos melhoria nos meios de produção. Tendo em vista que as tecnologias aplicadas são próprias para a região de forma que os recursos são aproveitados de forma adequada que anteriormente ao projeto evitando ao máximo a perca ou desperdício dos mesmos.

Quanto aos recursos hídricos embora a maioria dos benefi ciários tenham acesso a água disponibilizada pelo poço artesiano local, as famílias utilizam também a água das caixas prin-cipalmente para o consumo humano sendo esse o principal objetivo da cisterna de capitação de água de chuva de 16 mil litros, tecnologia social presente em todas as 437 famílias benefi ciárias do Projeto do Peruaçu. É relevante ressaltar que existem famílias que possuem a água provida dessa tecnologia como a água principal em casa devido ao fato de na comunidade a qual está inserida ou região próxima ser desprovida de poço artesiano. Para que a tecnologia pos-sa funcionar de forma adequada é necessário que as chuvas ou precipitações sejam regulares pelo menos entre outubro á março na qual são considerados ou pelo menos se espera que sejam meses chuvosos, mas nos últimos cinco anos a situação tem se agravado devido a falta de chuva o que tem impossibilitado em algumas regiões que a tecnologia funcione de forma adequada aos objetivos que a tecnologia foi criada.

Pois sem chuva ou ao menos um índice mínimo de precipitações a tecnologia tende a ser inútil pela dependência da água da chuva para ser reabastecida a menos que essa seja abastecida de água não provinda diretamente da chuva através da coleta dos telhados como faz parte da idéia principal da tecnologia. Mesmo sendo abastecida por outras fontes, ainda assim com a escassez das chuvas, a tecnologia pode ser ameaçada tendo em vista que a escassez da chuva refl ete na diminuição do nível de reservatórios, rios, poços artesianos, etc. Podendo vir inclusive a secar e desencadear em uma crise hídrica conforme previsto para os próximos anos caso as precipitações não voltem a ser regulares.

Mediante a escassez dos recursos hídricos e precipitações irregulares algumas famílias até cogitam que caso nos próximos dois anos não melhore a situação hídrica que as mesmas serão obrigadas a abandonarem a propriedade e a migrarem para a zona urbana o que refl ete também no abandono da tecnologia social implementada na propriedade.

As tecnologias favorecem também na produção de alimentos e segurança alimentar nutricional principalmente dos benefi ciários das cisternas calçadão e telhadão que tem como objetivo favorecer a produção de alimentos e criação de animais. Os benefi ciários afi rmam ter melhorado a produção principalmente de hortaliças, verduras, leguminosas e oleaginosas que asseguram uma alimentação mais adequada, pois além de consumirem alimentos orgânicos conforme as práticas de convivência com o semi-árido, favorecem a saúde, em alguns casos restritos gera renda pela venda dos excedentes além da economia pois, os que conseguem pro-duzir evitam gastos por não necessitarem de comprar para consumir tendo em vista a própria produção.

Quando a geração de renda através do uso das tecnologias é possível dizer que ainda

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se encontra em fase embrionário voltando a ressaltar a questão da falta de chuva como fator primordial para o desenvolvimento da agricultura. Além de que a maioria do que é produzido é destinado apenas para o consumo familiar. Outro aspecto é que a maioria dos benefi ciários são aposentados ou pensionistas e que tem como fonte de renda principal aposentadoria ou pensões nesse caso independente do projeto essa famílias possuem renda garantida.

Foi implementada na região através do Projeto Peruaçu uma Cooperativa para receber e escoar a produção das comunidades mas ainda o processo também está em fase embrionária e fazendo adequações em tramites burocráticos. Não tendo a Cooperativa uma estrutura completa para receber toda a produção da região inclusive a maioria são providos do cerrado onde as famílias recolhem os frutos no cerrado ou processam em casa ou entregam para a Cooperativa fazer o processamento fator que futuramente apresenta como grande potencial gerador de renda para as famílias e toda a região.

Em relação à renda é possível admitir que a maioria da população sobrevive de ati-vidades agrícola ou aposentadorias e pensões sendo que esse último representa uma grande parcela. É notório que na maioria das residências as famílias possuem de dois a três habitantes, na maioria das vezes são pessoas já idosas e que nem sempre dispõe de forças para trabalhar em atividades agrícolas.

Quanto a melhoria de qualidade de vida e bem estar social é possível considerar que após a implementação do Projeto do Peruaçu as famílias tem alcançado um índice favorável inclusive ao serem indagados sobre esse aspecto, os próprios entrevistados relatam ter sido o projeto de grande relevância.

Levando em consideração os indicadores sociais e econômicos é possível inferir que as tecnologias sociais contribuíram para o desenvolvimento da região parcialmente, tendo em vis-ta que alguns aspectos ainda são embrionários principalmente se tratando do desenvolvimento econômico através do indicador geração de renda. Em relação ao desenvolvimento social é possível inferir que houve desenvolvimento dos indicadores inclusive é notório através da fala dos próprios benefi ciários e das transformações na propriedade familiar.

O tema desse trabalho é muito amplo e extenso sendo impossível esgotá-lo, dessa forma faz necessário trabalhos futuros em torno desse assunto afi m de aprofundar a analise em torno de aspectos como desenvolvimento social e econômico em torno das comunidades benefi ciarias do Projeto do Peruaçu.

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