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Avaliação do comportamento sísmico de um viaduto Introdução ao EC8 – Análises lineares e não-lineares João Manuel Morgadinho de Freitas Simões Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Professor Doutor José Manuel Matos Noronha da Câmara Orientadores: Professora Doutora Rita Nogueira Leite Pereira Bento Professor Doutor Mário Manuel Paisana dos Santos Lopes Vogal: Professor Doutor Pedro António Martins Mendes Novembro de 2010

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Page 1: Análise do comportamento sísmico de um viaduto · Palavras-Chave Acção sísmica Resistência sísmica Eurocódigo 8 Pushover Rótula plástica ... CCi – Classe de consequências

Avaliação do comportamento sísmico de um viaduto

Introdução ao EC8 – Análises lineares e não-lineares

João Manuel Morgadinho de Freitas Simões

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri Presidente: Professor Doutor José Manuel Matos Noronha da Câmara

Orientadores: Professora Doutora Rita Nogueira Leite Pereira Bento

Professor Doutor Mário Manuel Paisana dos Santos Lopes

Vogal: Professor Doutor Pedro António Martins Mendes

Novembro de 2010

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I

Resumo

Este trabalho surge como necessidade de compreender e aprender a aplicar novos

procedimentos de cálculo, presentes na nova regulamentação europeia que dentro de pouco

tempo entrará em vigor. É por isso imprescindível que os engenheiros se familiarizem com a

mesma, a fim de poderem, não só, aprender novos conceitos, mas também, compreender

melhor outros que utilizavam sem os dominar na íntegra. É disso claro exemplo, a análise

sísmica de estruturas, que apesar de conhecida, e já amplamente realizada (ainda que de

maneira por vezes superficial), é por muito poucos entendida, levando a que se dimensionem

estruturas ineficazmente, para este efeito. Tendo em conta este facto, a nova regulamentação

apelidada de Eurocódigo 8 vem tirar partido dos conhecimentos actuais nesta área, munindo os

engenheiros de ferramentas bastante evoluídas no cálculo anti-sísmico. Assim, poder-se-á

caminhar no sentido de uma menor susceptibilidade a catástrofes em caso de ocorrência de

fenómenos naturais graves. Pretende-se então, com este trabalho, fazer uma primeira

abordagem aos novos procedimentos de cálculo que o Eurocódigo apresenta, fazendo a

verificação de segurança à acção sísmica de um viaduto existente.

Abstract

This dissertation arises from the need to understand and learn to apply new analysis

procedures that are present in the new European regulations, which will be enforced soon.

Therefore, it’s vital that engineers familiarise themselves with them, so that they can not only

learn new concepts, but also get a better understanding of previously used (but not fully

grasped) ones. A clear example of that is seismic analysis of structures. Although well known,

and already widely performed (albeit in a fairly superficial manner), it is fully understood only by

few, which leads to ineffectively dimensioned structures. In light of this fact, the new regulations

(so-called Eurocode 8) take advantage of actual knowledge in this area, providing engineers

with highly evolved tools in for seismic analysis. Thus, it will be possible to progress towards a

lower susceptibility to naturally-caused catastrophes. It is, therefore, the goal of this dissertation

to make a first approach to the new analysis procedures in Eurocode 8, by way of performing

seismic action safety checks on an existing viaduct.

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II

Palavras-Chave

Acção sísmica

Resistência sísmica

Eurocódigo 8

Pushover

Rótula plástica

Acelerograma

Análise sísmica não-linear

Modelação tri-dimensional

Resposta sísmica

Coeficiente de comportamento

Keywords

Seismic action

Seismic resistance

Eurocode 8

Pushover

Plastic Hinge

Accelerogram

Non-linear seismic analysis

Tri-dimensional modeling

Seismic response

Behaviour factor

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III

Lista de símbolos

Φ – Diâmetro

E – Módulo de Elasticidade

– Valor máximo de tensão de

compressão no betão

γ – Peso volúmico

– Módulo de Deformação

Φ’ – Ângulo de atrito

I – Inércia

– Deslocamento do nó i

– Rotação do nó i

– Distância entre o nó i e o nó j

p – Frequência angular

[K] – Matriz de rigidez

[M] – Matriz de massa

{v}, {ϕ} – Vector de configuração modal

– Deslocamento devido à rotação

- Valor de aceleração na rocha

– Valor de aceleração no solo do tipo C

- Velocidade das ondas de corte

– Nº de pancadas no ensaio SPT

– Aceleração de projecto em solo do

tipo 1 (Rocha)

– Limite inferior do ramo espectral de

aceleração constante

– Limite inferior do ramo espectral de

aceleração constante

– Limite inferior do ramo espectral de

velocidade constante

– Limite inferior do ramo espectral de

deslocamento constante

S – Factor do terreno

ξ – Coeficiente de amortecimento

q – Coeficiente de comportamento

λ( – Função de ductilidade

- shear span ratio do pilar

Ls – Distância entre a rótula plástica e a

zona de momentos nulos

h – altura da secção

CCi – Classe de consequências

Se – Aceleração espectral

- Coeficiente de importância

– Período do modo de vibração i

- valor de combinação quase -

permanente

- Peso do eixo do veículo regulamentar

- Carga rodoviária distribuída

regulamentar

- Massa de betão equivalente à

sobrecarga

G – Aceleração da gravidade

A- Área

L – Comprimento

– Reacção no ponto i

– Momento no ponto i

- Deslocamento devido à acção sísmica

- Deslocamento elástico devido à

acção sísmica

μ – Ductilidade

- Esforço axial actuante

– Momento flector actuante

- Deslocamento objectivo

E – Acção sísmica

- Componente do vector de

configuração modal

– Massa do nó i

p – Factor incremental da carga da análise

pushover

F – Corte basal

A* - Ponto de ocorrência do mecanismo

plástico do sistema de um grau de

liberdade equivalente

- Deslocamento na cedência do

sistema de um grau de liberdade

equivalente

– Corte basal na cedência do sistema de

um grau de liberdade equivalente

- Deslocamento na formação do

mecanismo plástico

- Energia de dissipação

m – declive (de uma recta)

T* - Período do sistema de um grau de

liberdade equivalente

m* - produto dos vectores {m} e {ϕ}

- Deslocamento objectivo de

dimensionamento para o sistema de um

grau de liberdade equivalente

- Deslocamento objectivo elástico para

o sistema de um grau de liberdade

Γ – Factor de transformação

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IV

Agradecimentos

Agradeço a toda a minha família, a quem dedico este trabalho, pelas possibilidades e

facilidades que me foram dadas até hoje, incluindo a carreira académica que conhece agora

uma nova etapa.

Deixo também uma palavra de apreço à Maria João, pelo apoio, companhia, e amizade

que me deu, bem como à família Teixeira a quem muito devo.

Um agradecimento muito especial a todos os professores e colegas do Instituto

Superior Técnico com que me cruzei, e que positiva ou negativamente me marcaram.

Aos meus professores e orientadores, a Senhora Professora Doutora Rita Bento e o

Senhor Professor Doutor Mário Lopes, os mais sinceros agradecimentos pela enorme

disponibilidade e incondicional apoio.

Por fim, agradeço aos meus amigos do Restelo, sem os quais não seria o que sou

hoje.

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Índice

RESUMO I

ABSTRACT I

PALAVRAS-CHAVE II

KEYWORDS II

LISTA DE SÍMBOLOS III

AGRADECIMENTOS IV

1 - INTRODUÇÃO 1

2 - CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA 3

2.1 – Localização e função 3

2.2 - Geometria e envolvente 4

3 - MODELAÇÃO 7

3.1 - Materiais 7

3.2 - Tipo de elementos 9

3.2.1 - Solo 9

3.2.2 - Estrutura 9

3.2.2.1 - Tabuleiro 9

3.2.2.2 - Pilares 10

3.2.2.3 - Encontros, Maciços de Encabeçamento e Estacas 11

3.3 - Geometria do modelo (malha de elementos finitos) 14

3.3.1 - 1ª Malha 15

3.3.2 - 2ª Malha 16

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II

3.3.3 - 3ª Malha 17

3.3.4 - 4ª Malha 19

3.3.4.1 – Condições de fronteira (ligações exteriores) 20

3.3.4.2 – Ligações intra-modelo (constraints) 20

3.4 – Caracterização dinâmica da estrutura 22

3.4.1 - Análise modal 22

3.4.2 – Resultados 23

4 - MODELO SIMPLIFICADO 25

4.1 - Considerações Iniciais 25

4.2 - Condições de apoio 26

4.2.1 - Maciços de encabeçamento 26

4.2.1.1 – Cálculo da rigidez de translação 26

4.2.1.2 – Influência da rotação dos maciços de encabeçamento 31

4.2.2 - Encontros 35

4.3 – Vista geral do modelo simplificado 40

4.4 – Caracterização dinâmica do modelo simplificado 41

1º Modo 41

2º Modo 41

3º - 7º Modos 42

8º Modo 42

5 – AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA SÍSMICA DA ESTRUTURA – RECURSO A

ANÁLISE DINÂMICA LINEAR 45

5.1 - Regulamentação 46

5.2 - Análise dinâmica linear por espectro de resposta 47

5.2.1 - Zona sísmica e terreno de implantação 47

5.2.2 - Coeficiente de comportamento e coeficiente de importância 50

5.2.2.1 - Coeficiente de comportamento (q) 50

5.2.2.2 - Coeficiente de importância 51

5.2.3 – Espectros de resposta 52

5.3 - Combinação da acção sísmica com outras acções 56

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5.4 - Resultados obtidos 62

5.4.1 - Deformação do tabuleiro 62

5.4.2 - Esforços nos pilares 64

6 – AVALIAÇÃO SÍSMICA DA ESTRUTURA – RECURSO A ANÁLISES ESTÁTICAS

NÃO LINEARES 69

6.1 - Definição da capacidade resistente das secções condicionantes dos elementos estruturais 70

6.1.1 – Relação constitutiva do aço 72

6.1.2 – Relação constitutiva do betão 74

6.1.3 – Relação momento-rotação da rótula plástica 76

6.2 – Análise estática não linear 79

6.2.1 - Modelo de cálculo 80

6.2.1.1 – Distribuição de massa do modelo 80

6.2.1.2 – Definição dos parâmetros não-lineares dos elementos verticais 82

6.2.1.3 – Distribuição de forças laterais e determinação dos deslocamentos-objectivo 84

6.2.2 - Análise na direcção longitudinal 86

6.2.3 - Análise na direcção transversal 94

6.3 - Transformação do sistema estrutural num de um grau de liberdade equivalente 98

6.4 - Análise estática equivalente na direcção transversal para outra distribuição de forças 104

6.5 – Análise gráfica da ductilidade e do desempenho estrutural 106

6.5.1 – Direcção longitudinal 107

6.5.2 – Direcção transversal 110

7 - AVALIAÇÃO SÍSMICA DA ESTRUTURA – RECURSO A ANÁLISES DINÂMICAS

NÃO LINEARES 113

7.1 – Definição do amortecimento 113

7.2 - Geração de acelerogramas 115

7.3 - Modelo de cálculo 118

7.3.1 – Zonas de plasticidade concentrada 118

7.3.2 - Fundações 121

7.4 – Resultados 123

7.4.1 – Fundações modeladas por encastramentos 123

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IV

7.4.2 – Fundações modeladas por molas de translacção (rotações impedidas) 124

7.4.3 – Fundações modeladas por elementos NLinks 125

8 - COMPARAÇÃO FINAL DE RESULTADOS E CONCLUSÕES 135

9 – BIBLIOGRAFIA 139

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Índice de figuras

Figura 1 - Fotografia plana do viaduto que vence o Vale do Açude (GoogleEarth)......................3

Figura 2 - Perfil transversal do tabuleiro (sem inclinação de 2,5% transversal) ...........................4

Figura 3 - Corte esquemático na zona dos elementos verticais (sem inclinações de 2,5%) ........5

Figura 4 - Representação esquemática dos alçados do encontro................................................5

Figura 5- Exemplo da aplicação de molas em detrimento do solo ...............................................8

Figura 6 – Representação dos eixos principais de inércia secção transversal do tabuleiro .......10

Figura 7 – Simplificação dos encontros para fins de modelação................................................11

Figura 8- Secção transversal do maciço de encabeçamento (dimensões em m) ......................12

Figura 9 - Alçado das fundações dos pilares e discretização dos elementos finitos ..................13

Figura 10 - Vista 3D do conjunto maciço/grupo de estacas .......................................................13

Figura 11- Esquema do processo de elaboração do modelo .....................................................14

Figura 12 - 1ª malha de elementos finitos (22474 nós por patamar) ..........................................15

Figura 13 – 2ª malha de elementos finitos (16519 nós por patamar) .........................................16

Figura 14 - 3ª malha de elementos finitos (14052 nós por patamar) ..........................................17

Figura 15 - Alterações realizadas aos maciços de encabeçamento ...........................................18

Figura 16 - Influência dos elementos de transição .....................................................................18

Figura 17 – 4º malha de elementos finitos (8463 nós por patamar) ...........................................19

Figura 18 – Eixos do modelo ......................................................................................................20

Figura 19 - Locais de aplicação das "constraints" ......................................................................21

Figura 20 - Representação em planta do 6º modo de vibração do modelo ................................23

Figura 21 - Sub-modelo referente aos maciços de encabeçamento (faixa do modelo criado

anteriormente) ............................................................................................................................26

Figura 22 - Alinhamento de pontos sujeitos a controlo de deslocamento ..................................27

Figura 23 - Deslocamento perpendicular ao eixo definido pelos maciços (m) – direcção x .......28

Figura 24 - Deslocamento no sentido do eixo definido pelos maciços (m) – direcção y ............28

Figura 25 - Eixo de pontos sujeitos ao controlo de deslocamentos na direcção y .....................29

Figura 26 - Deslocamento perpendicular ao eixo que atravessa apenas um maciço de

encabeçamento – direcção y......................................................................................................30

Figura 27 - Deslocamento ao longo do eixo que atravessa apenas um maciço de

encabeçamento – direcção x......................................................................................................30

Figura 28 - Deformação no topo de cada pilar devido a deslocamento ou rotação do maciço de

encabeçamento ..........................................................................................................................31

Figura 29 - Comportamento aproximado do pilar (nó encastrado - maciço, nó com

encastramento deslizante - tabuleiro) (Grupo de Análise de Estruturas, 2002) .........................32

Figura 30 - Forma da matriz de rigidez das molas adoptadas para a base dos pilares .............33

Figura 31 - Matriz de flexibilidade da mola .................................................................................34

Figura 32- Matriz de rigidez da mola a aplicar no programa de cálculo .....................................34

Figura 33 - Modelo utilizado para modelar a rigidez transversal do encontro ............................36

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VI

Figura 34 - Deformação transversal do solo e do encontro ........................................................36

Figura 35 - Deformação transversal dos pontos num eixo longitudinal que atravessa um

encontro .....................................................................................................................................37

Figura 36 - Pormenor da pala que confere rigidez transversal ao encontro ...............................38

Figura 37 - Exemplo de uma matriz de rigidez de estruturas dissociadas num mesmo modelo

...................................................................................................................................................40

Figura 38 - Modelo simplificado..................................................................................................40

Figura 39 - 1º modo de vibração do viaduto ...............................................................................41

Figura 40 - 2º modo de vibração do viaduto ...............................................................................41

Figura 41 - 3º modo de vibração do viaduto ...............................................................................42

Figura 42 - 4º modo de vibração do viaduto ...............................................................................42

Figura 43 - Zonamento sísmico de Portugal Continental (Zona centro e sul) - Anexo Nacional 47

Figura 44 - Esquematização da amplificação das ondas sísmicas e posterior aumento de

aceleração espectral vs. imposição de um espectro mais desfavorável; aR – aceleração das

ondas sísmicas na rocha, ac – aceleração das ondas sísmicas no solo do tipo C. ....................48

Figura 45 - Espectros de resposta de dimensionamento para os tipos de solo A e C ...............53

Figura 46 - Definição dos parâmetros da acção espectral correspondente ao sismo 1 .............55

Figura 47 - Esquema da aplicação do Modelo 1 de sobrecarga rodoviária ................................57

Figura 48 - Distribuição de cargas prescrito pelo Modelo 1 .......................................................58

Figura 49 - Modelação transversal do tabuleiro na zona dos pilares para cálculo do esforço

axial máximo nos pilares devido aos veículos ............................................................................60

Figura 50 - Pilares mais esforçados do viaduto (pilares interiores) ............................................64

Figura 51 - Curva de interacção N-M para os pilares em análise...............................................66

Figura 52 - Secção transversal dos pilares (a secção tem ainda travamentos radiais, contudo a

aplicação não permite a sua simulação) ....................................................................................70

Figura 53 - Exemplo da relação constitutiva do aço segundo o modelo de Raynor ...................72

Figura 54 - Relação constitutiva do aço obtida...........................................................................73

Figura 55 - Curvas constitutivas para o betão ............................................................................75

Figura 56 - Relação momento-rotação para a rótula plástica dos pilares ..................................76

Figura 57 - Relação momento-rotação da secção com aproximação bi-linear e estados limite .78

Figura 58 - Modelo utilizado na análise não linear .....................................................................81

Figura 59 - Definição dos esforços condicionantes para a formação da rótula plástica .............82

Figura 60 - Relação momento-rotação da rótula plástica ...........................................................83

Figura 61 - Espectros elástico e de dimensionamento do sismo 1 (mais condicionante para a

estrutura em estudo) ..................................................................................................................85

Figura 62 - Distribuição das forças laterais para a análise longitudinal ......................................86

Figura 63 - Curva de capacidade de um sistema de um grau de liberdade, respectiva bi-

linearização e legenda ...............................................................................................................87

Figura 64 - Curva de capacidade longitudinal ............................................................................88

Figura 65 - Valores de m (em ton) e Φ (longitudinal) para os diferentes nós do tabuleiro .........89

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Figura 66 - Características do passo 6 da análise de “pushover” longitudinal (Diagrama de

momentos em kN.m) ..................................................................................................................90

Figura 67 - Características do passo 19 da análise de “pushover” longitudinal (Diagrama de

momentos em kN.m) ..................................................................................................................91

Figura 68 - Evolução do comportamento da rótula plástica ao longo dos passos da análise de

pushover longitudinal (passo 20)................................................................................................92

Figura 69 - Localização da rotação verificada nos pontos mais desfavoráveis na relação

momento-rotação para comparar com os estados limites ..........................................................93

Figura 70 - Distribuição das forças laterais para a análise transversal (planta) .........................94

Figura 71 - Curva de capacidade transversal .............................................................................95

Figura 72 - Modelo de viga simplesmente que simula o tabuleiro ..............................................95

Figura 73 - Curva de capacidade transversal com pontos notáveis referentes à formação de

rótulas plásticas ..........................................................................................................................97

Figura 74 - Valores de m e Φ (transversal) para os diferentes nós do tabuleiro ........................98

Figura 75 - Relação entre as curvas de capacidade para o actual factor de transformação ......98

Figura 76 – Energias de deformação até à formação do mecanismo de colapso (À esquerda,

curva não bi-linearizada – À direita, curva bi-linearizada) ..........................................................99

Figura 77 - Energia de deformação do sistema..........................................................................99

Figura 78 - Recta referente à rigidez final do sistema, onde ficará o ponto que marca a

diferença das fases (elástica e plástica) ................................................................................... 100

Figura 79 – Ponto de transição de “fases” ............................................................................... 100

Figura 80 - Evolução do comportamento da rótula plástica ao longo dos passos da análise

“pushover” transversal (passo 30) ............................................................................................ 102

Figura 81 - Rotação da secção mais desfavorável para a acção de pushover transversal ...... 103

Figura 82 - Curvas de capacidade dos vários sistemas (1 - dependente do modo de vibração,

2 - não dependente do modo de vibração) ............................................................................... 104

Figura 83 - Curva de capacidade longitudinal e espectro elástico no formato ADRS .............. 107

Figura 84 - Espectros inelásticos para aferição do coeficiente de comportamento da estrutura

................................................................................................................................................. 108

Figura 85 – Comparação entre d*et e d*t .................................................................................. 109

Figura 86 – Curva de capacidade transversal e espectro elástico no formato ADRS .............. 110

Figura 87 - Amortecimento da estrutura em função dos parâmetros de massa e rigidez ........ 114

Figura 88 - Amortecimento para as duas direcções horizontais ............................................... 115

Figura 89 - Acelerograma 1 ...................................................................................................... 116

Figura 90 - Comparação entre o espectro introduzido e o gerado ........................................... 117

Figura 91 - Direcções em que a rigidez do pilar foi alterada .................................................... 119

Figura 92 - Introdução da relação momento-curvatura característica da secção dos pilares no

NLink ........................................................................................................................................ 120

Figura 93 - Momento flector máximo ( t= 26,21 seg) na direcção longitudinal para o

acelerograma menos condicionante (anti - simétrico) .............................................................. 127

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VIII

Figura 94 - Momento flector máximo ( t= 25,71 seg) na direcção transversal para um dos pilares

centrais para o acelerograma menos condicionante ................................................................ 128

Figura 95 - Evolução do deslocamento do CM do tabuleiro na direcção longitudinal para o

acelerograma mais condicionante ............................................................................................ 129

Figura 96 - Evolução do deslocamento do CM do tabuleiro na direcção transversal para o

acelerograma mais condicionante ............................................................................................ 129

Figura 97 - Evolução da rotação (θy) na cabeça de um dos pilares (NLink) condicionantes para

o acelerograma mais desfavorável a actuar na direcção longitudinal ...................................... 130

Figura 98 - Evolução da rotação (θx) na cabeça de um dos pilares (NLink) condicionantes para

o acelerograma mais desfavorável a actuar na direcção transversal ....................................... 130

Figura 99 - Evolução da rotação da cabeça do pilar (θy) mais desfavorável em função do valor

do corte basal para o acelerograma mais condicionante a actuar na direcção longitudinal ..... 131

Figura 100 - Evolução da rotação da cabeça do pilar (θx) mais desfavorável em função do valor

do corte basal para o acelerograma mais condicionante a actuar na direcção transversal ..... 131

Figura 101 - Evolução da rotação da rótula plástica do pilar mais desfavorável para o

acelerograma mais condicionante a actuar na direcção longitudinal ....................................... 132

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Índice de tabelas

Tabela 1 – Quadro de materiais (betões) .....................................................................................7

Tabela 2 - Quadro de materiais (aço) ...........................................................................................7

Tabela 3 - Quadro de materiais (solos) (Anexo D (Pinto, 2006))..................................................7

Tabela 4 – Propriedades geométricas da secção transversal do tabuleiro ................................10

Tabela 5 - Tipo de "BODY" utilizados .........................................................................................20

Tabela 6 - Períodos dos 6 primeiros modos de vibração ...........................................................23

Tabela 7 - Análise ao grupo de maciços ....................................................................................27

Tabela 8 - Rotações nos maciços devidos às forças aplicadas .................................................31

Tabela 9 - Valores dos deslocamentos e rotações resultantes da aplicação de forças e

momentos de 1x106 kN (kN.m) ...................................................................................................33

Tabela 10 - Valores médios a adoptar para a matriz de flexibilidade da mola a inserir no fundo

dos pilares e respectivos termos de flexibilidade .......................................................................34

Tabela 11 - Características dinâmicas do 1º modo de vibração .................................................41

Tabela 12 - Características dinâmicas do 2º modo de vibração .................................................41

Tabela 13 - Características dinâmicas dos modos de vibração verticais ...................................42

Tabela 14 - Características dinâmicas do 8º modo de vibração .................................................42

Tabela 15- Tipos de solo a considerar na criação do espectro de resposta (CEN, 2003) ..........49

Tabela 16 - Valores dos parâmetros referentes ao solo do tipo C para as zonas 1.3 e 2.3 .......49

Tabela 17 - Classes de importância (Eurocódigo 0 (CEN, 2003)) ..............................................51

Tabela 18 - Análise modal com sobrecargas regulamentares ...................................................59

Tabela 19 - Cálculo de momentos no topo do pilar 2 .................................................................61

Tabela 20 – Parâmetros da inequação do ponto (8) ..................................................................63

Tabela 21 - Valores de µd ...........................................................................................................63

Tabela 22 - Deslocamentos reais do nó de controlo do tabuleiro segundo o Eurocódigo ..........63

Tabela 23 - Esforços no pilar mais desfavorável resultantes da combinação da acção sísmica

com o peso próprio .....................................................................................................................64

Tabela 24 - Esforços finais do pilar mais desfavorável para a análise dinâmica linear ..............65

Tabela 25 - Características da secção .......................................................................................70

Tabela 26 - Características do elemento ....................................................................................70

Tabela 27 - Armaduras de reforço ..............................................................................................70

Tabela 28 - Valor da carga axial.................................................................................................71

Tabela 29 - Modelos de cálculo dos materiais ...........................................................................71

Tabela 30 - Características dos materiais ..................................................................................71

Tabela 31 - Estados limites de deformação ...............................................................................71

Tabela 32 - Valores da extensão dos materiais correspondentes aos diferentes estados limite

...................................................................................................................................................76

Tabela 33 - Valores de momento-rotação referentes aos vários estados limite .........................77

Tabela 34 - Distribuição de massas do modelo ao longo do tabuleiro .......................................81

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X

Tabela 35 - Diferenças dos períodos fundamentais do viaduto entre os modelos linear e não

linear ..........................................................................................................................................81

Tabela 36 - Deslocamento medidos no centro de massa do tabuleiro para a acção definida pelo

espectro de resposta elástico do sismo 1 ..................................................................................85

Tabela 37 - Deslocamentos objectivo para a análise “pushover” para cada uma das direcções

...................................................................................................................................................85

Tabela 38 - Forças laterais a aplicar na análise de pushover longitudinal .................................86

Tabela 39 - Forças laterais a aplicar na análise de pushover transversal ..................................94

Tabela 40 - Valores de deslocamento e corte basal referentes à formação das sucessivas

rótulas plásticas ..........................................................................................................................97

Tabela 41 - Coordenadas do ponto de transição da relação bi-linear ...................................... 101

Tabela 42 - Comparação dos valores obtidos para as duas análises de pushover empreendidas

na análise transversal para dois tipos de carregamentos ........................................................ 105

Tabela 43 - Frequências angulares (p) que serviram de base ao cálculo do amortecimento .. 114

Tabela 44 - Valores dos parâmetros α e β para as duas direcções ......................................... 114

Tabela 45 - Características dinâmicas dos 4 modelos realizados ............................................ 121

Tabela 46 – Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo encastrado)

................................................................................................................................................. 123

Tabela 47 - Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo com molas de

translação e rotações impedidas) ............................................................................................. 124

Tabela 48 - Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo com rigidezes

de rotação e translação modeladas por NLinks) ...................................................................... 125

Tabela 49 - Valores máximos das rotações medidas nas zonas de plasticidade concentrada do

pilar mais desfavorável para a acção sísmica simulada pelo acelerograma condicionante ..... 132

Tabela 50 - Parâmetros mais relevantes das várias análises efectuadas ................................ 135

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1

1 - Introdução

O presente trabalho constitui a Dissertação para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Civil, no ramo de Estruturas, e tem como objectivo explorar, aplicar e demonstrar,

de uma maneira intuitiva, novos procedimentos de análise sísmica de viadutos. Estes

procedimentos podem encontrar-se no regulamento europeu denominado Eurocódigo 8, mais

concretamente na Parte 2, cujo conteúdo se refere, essencialmente ao estudo sísmico de

pontes e viadutos. Para demonstrar alguns dos procedimentos vigentes nesta regulamentação,

utilizou-se um viaduto existente na auto-estrada portuguesa A2.

Dispondo das peças desenhadas integrantes do projecto, recriou-se da maneira mais

fiel possível, o viaduto e a sua envolvente, através do programa de cálculo automático SAP

2000. Toda a modelação sofreu várias modificações e simplificações que se explicam entre os

capítulos 1 e 4. Neste último será também feita uma descrição detalhada sobre o

comportamento dinâmico da estrutura.

Seguidamente, fazer-se-á, no capítulo 5 uma verificação de segurança no âmbito de

uma análise dinâmica linear por espectro de resposta e verificar-se-á a integridade da estrutura

quando actuada por um sismo para o qual não foi prevista, uma vez que foi dimensionada de

acordo com o RSA que, se sabe ser mais brando que o Eurocódigo, na acção sísmica

preconizada.

Finda a análise dinâmica linear, inicia-se o cálculo através de análises não lineares,

sendo que para as realizar é necessário realizar determinados passos preliminares que

incluem uma detalhada análise da secção dos elementos dúcteis da estrutura, neste caso

concreto, os elementos verticais. Podem então ser encontradas no capítulo 6 as análises

estáticas não-lineares, vulgarmente apelidadas de pushover e no capítulo 7 as análises

dinâmicas ao longo do tempo.

Ao longo de todo o trabalho, são feitas referências e citações do Eurocódigo 8, para

que se possa, de maneira mais eficaz, perceber a adopção de determinados parâmetros e

condições ao longo do trabalho. Permite-se também, desta forma, que o trabalho seja de mais

fácil aplicabilidade a outro tipo de situações a que possa servir de base, tornando-se assim um

guia, ainda que bastante rudimentar.

Concluídas todas as análises, serão então feitas as devidas conclusões a todo este

trabalho, tendo em vista os custos e benefícios das análises não lineares em relação às

lineares, vulgarmente aplicadas pela generalidade dos engenheiros em Portugal.

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2

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3

2 - Características da estrutura

2.1 – Localização e função

A estrutura em estudo neste trabalho é parte integrante da auto-estrada A2, que liga as

regiões Lisboa e Algarve. Naturalmente, por ser uma auto-estrada, é sujeita a rigorosos

traçados, que nem sempre coincidem com as zonas ideais para a sua implantação. Nessas

situações surge a necessidade de se implantarem obras de arte, de maneira a proporcionar

segurança e conforto aos seus utilizadores.

Um dos exemplos de necessidade de implantação de obras de arte surge entre as

regiões Marateca e Alcácer do Sal, onde existe uma depressão com cerca de 130m de

comprimento. Essa depressão tem o nome de Vale do Açude e a estrutura que faz a junção

das duas margens do vale é o objecto de estudo deste trabalho. Apresenta-se abaixo uma

fotografia com o vale e o viaduto em estudo.

Figura 1 - Fotografia plana do viaduto que vence o Vale do Açude (GoogleEarth)

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4

2.2 - Geometria e envolvente

A obra possui 5 vãos de 22,80 e 28,00 metros (extremos e interiores, respectivamente)

e a solução adoptada consiste numa estrutura de betão armado pré-esforçado de laje vigada

com vazamentos.

O viaduto insere-se numa zona da auto-estrada onde existem 3 vias de tráfego para

cada sentido. Uma vez que a regulamentação portuguesa obriga também à inclusão de bermas

e separador central para este tipo de vias, optou-se por uma solução de dois viadutos distintos

em detrimento de um viaduto único. Desta forma foi possível dimensionar o tabuleiro da obra

de arte com uma altura máxima de 1,50 metros (na zona das vigas), o que contribuiu para a

sua integração estética no vale, já que a cota prevista para a parte inferior do tabuleiro se situa

a cerca de 7,5 metros do terreno. Ao longo de todo o desenvolvimento da obra de arte, os dois

viadutos encontram-se afastados de 0,05m, incluindo nos seus encontros, que são

independentes.

Figura 2 - Perfil transversal do tabuleiro (sem inclinação de 2,5% transversal)

Para sustentar cada viaduto, foram preconizados 4 grupos de elementos verticais.

Cada grupo é composto por 2 pilares de forma circular, com 1,4m de diâmetro,

monoliticamente ligados ao tabuleiro. Na base de cada pilar pode encontrar-se um maciço de

encabeçamento de forma paralelepipédica (4x4x1,8m) que realiza a transição entre os pilares e

um grupo de 4 estacas circulares de 0,80m de diâmetro e 11,40m de comprimento (Figura 3).

A ligação do viaduto às margens do vale realiza-se mediante encontros do tipo perdido

que, estando dotados de juntas de dilatação e apoios em Neoprene, possibilitam movimentos

longitudinais do tabuleiro e rotações em torno desta extremidade (Figura 4). A fundação de

cada um destes elementos é garantida por estacas de 0,80m de diâmetro.

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5

Figura 3 - Corte esquemático na zona dos elementos verticais (sem inclinações de 2,5%)

Figura 4 - Representação esquemática dos alçados do encontro

As peças desenhadas referentes aos elementos apresentados nas figuras 2, 3 e 4 que

constam no projecto real, que são naturalmente, mais detalhadas, podem ser consultadas no

anexo A.

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6

No que diz respeito ao terreno de implantação da obra, conhecem-se os resultados de

3 ensaios SPT e 1 ensaio CPT ao longo de todo o comprimento do vale. Estes ensaios foram

realizados ao longo do eixo que separa os dois viadutos. Foi necessário proceder a uma

extrapolação do terreno de fundação em função dos resultados dos ensaios para todo o

comprimento. No fim, concluiu-se que a sobreposição dos diversos extractos encontrados

podia ser aproximada a uma estratificação horizontal, tais eram as semelhanças em

profundidade dos diversos ensaios. No âmbito deste trabalho ambém se considerou, para

simplificar a modelação, que o desenvolvimento dos extractos na direcção ortogonal à do

desenvolvimento do viaduto era horizontal. Optou-se também por aglomerar vários extractos

devido às semelhanças que as sondagens revelaram entre as várias camadas. Desta forma

reduziu-se um número elevado de 8 extractos para apenas 3 tendo a estes últimos sido

atribuídas características mecânicas médias calculadas a partir das dos solos detectados nos

ensaios SPT.

Os critérios que levaram ao agrupamento de vários extractos num outro de

características médias serão apresentados mais à frente, no capítulo referente à modelação.

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7

3 - Modelação

3.1 - Materiais

Para modelar correctamente a estrutura e a sua resposta às diferentes acções a que

pode ser sujeito, é importante que a modelação dos materiais seja adequada. No projecto,

estão preconizados para o viaduto, três tipos diferentes de betão. A tabela seguinte

esquematiza as características de cada betão a utilizar e os seus locais de utilização no

viaduto.

Tabela 1 – Quadro de materiais (betões)

Betão E (GPa) fcd (MPa) γ (kN/m3) Local de utilização

C20/25 30,0 13,3 25,0 Estacas (lajes de transição)1

C25/30 31,0 16,7 25,0 Pilares, encontros e sapatas

C30/37 33,0 20,0 25,0 Tabuleiro

O projecto contempla também, armaduras passivas de aço A400 para toda a estrutura

e, aço de alta resistência2 para as peças pré-esforçadas (tabuleiro).

Tabela 2 - Quadro de materiais (aço)

Aço E (GPa) (MPa) γ (kN/m3) Local de utilização

A400 200,0 348,0 78,5 Todas as peças de betão

Quanto ao terreno de implantação, como foi referido anteriormente, foram feitas

algumas simplificações a nível do número de extractos. Depois de aglomeradas as diversas

camadas de solo e calculados os valores médios das características mecânicas dos tipos de

solo que cada uma abrange obtiveram-se os 3 seguintes extractos:

Tabela 3 - Quadro de materiais (solos) (Anexo D (Pinto, 2006))

Solo Es (MPa) Coef. Poisson Φ’(º) γ (kN/m3) SPT (n pancadas) Profundidade

3 (m)

Solo 1 17,0 0,25 35 17 n<40 Acima de -6,80

Solo 2 34,0 0,3 40 18 40<n<60 -6,80 a -10,80

Solo 3 500,0 0,00 35 22 n>60 Abaixo de -10,80

Na modelação do solo não foi tida em conta a não-linearidade que deriva da sua

resistência nula à tracção, bem como não se contemplou, o seu comportamento não-linear à

compressão, isto é, a variação do seu módulo de deformabilidade resultante de deformações.

1 As lajes de transição aparecem entre parêntesis porque não serão contempladas na

modelação por serem componentes do projecto sem fins estruturais. 2 Não foi modelado pois apenas se analisou o desempenho do viaduto quando actuado por

acções horizontais. 3 A cota z=0 corresponde à cota onde os pilares encontram os maciços de encabeçamento.

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8

Este facto, apesar de ser muito difícil de quantificar, seria também impraticável de executar

pois a extensão do modelo obrigaria a tempos muito alargados de simulações. Nas interfaces

entre solo e peças de betão, optou-se também por considerar, simplificadamente, que não

ocorrem deslizamentos entre solo e betão. Assim, excluiu-se a necessidade de simular o atrito

entre os dois materiais, o que é bastante complexo e difícil de quantificar.

Como este trabalho incide sobretudo na avaliação do desempenho da estrutura à

acção sísmica (acção horizontal), a contribuição do solo nas fundações do viaduto apenas

existe quando o movimento da fundação obriga à compressão do solo contíguo. Nestas

condições, é frequente substituir-se o solo junto à estacas por molas de compressão, como

ilustra a seguinte figura. Esta alteração simplifica bastante o modelo, pois consegue reduzir-se,

de maneira significativa, o seu número de graus de liberdade. No entanto, esta hipótese não foi

considerada neste estudo porque se considerou preferível analisar o efeito conjunto das várias

estacas dos dois viadutos.

Figura 5- Exemplo da aplicação de molas em detrimento do solo

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3.2 - Tipo de elementos

Para realizar todo o cálculo estrutural, recorreu-se ao programa de cálculo automático

SAP2000 (CSI - Computers and Structures, 2008). Este programa baseia-se no Método de

Elementos Finitos. Assim, foi necessário escolher previamente o tipo de elementos a usar para

cada elemento estrutural do modelo. Como se verá, o tipo de elementos não foi o mesmo em

todo o modelo. Nesse sentido, tiveram de ser introduzidas algumas adaptações e restrições,

para que o comportamento global simulado fosse o mais parecido possível com o real e

expectável.

3.2.1 - Solo

Para o terreno de fundação, optou-se por utilizar elementos tridimensionais prismáticos,

sendo que o programa permite que se utilizem no máximo, octaedros de 8 nós. A malha

definida para o solo é constante em altura, variando apenas as características mecânicas dos

elementos, conforme variam também os extractos em profundidade. A ligação entre elementos

de solo apresenta apenas características de elasticidade linear, não tendo sido modelado

nenhum tipo de dissipação de energia proveniente da fricção entre elementos de solo.

3.2.2 - Estrutura

3.2.2.1 - Tabuleiro

Como se sabe, a engenharia tem vindo a evoluir no sentido de criar estruturas cada

vez mais baratas, ao mesmo tempo que se tenta prolongar a sua longevidade. Nesse sentido,

é fundamental que os engenheiros realizem um bom trabalho de dimensionamento. Por vezes,

o dimensionamento de estruturas de betão armado pode ser um processo iterativo e moroso,

pois, embora seja um material de fácil uso e de custo reduzido, apresenta limitações que os

engenheiros têm que saber contornar. Destas, pode destacar-se o elevado peso próprio que

obriga a uma maior reflexão por parte do projectista para que chegue a uma relação

resistência/peso aceitável. Por serem obras de grande porte e com vãos consideráveis, as

pontes e os viadutos obrigam frequentemente à realização deste exercício.

Como se pôde verificar no capítulo referente à geometria da obra, o tabuleiro apresenta

uma forma bastante complexa, o que complica a sua modelação exacta no programa de

cálculo automático. Desta forma, optou-se por recriar o tabuleiro de uma forma simplificada.

Este procedimento obrigou a que se desenhasse o tabuleiro no programa de desenho

AutoCAD (Autodesk, 2010) de forma exacta. Recorrendo ao comando “mass properties”

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puderam facilmente ser calculadas as propriedades geométricas da secção do tabuleiro.

Destas propriedades fornecidas pelo programa de desenho, apenas se revelou necessário

utilizar a área da secção e os momentos de inércia em torno das duas direcções principais

(representadas na figura abaixo). Estes parâmetros são essenciais no cálculo sísmico, pois o

peso próprio é directamente proporcional à área da secção transversal e a rigidez à inércia e,

como se sabe, são estes dois parâmetros que definem a resposta de uma estrutura a acções

dinâmicas. Os valores encontrados para estas propriedades foram:

Tabela 4 – Propriedades geométricas da secção transversal do tabuleiro

Área da secção (m2) 11,422

Momento de inércia x (m4) 2,323

Momento de inércia y (m4) 288,856

Figura 6 – Representação dos eixos principais de inércia secção transversal do tabuleiro

Conhecidas estas propriedades, tornou-se possível recriar a estrutura complexa do

tabuleiro utilizando apenas “secções genéricas” que, não necessitando de dimensões fixas,

podem simplesmente ficar definidas pelos valores de área, e momento de inércia. Para facilitar

os cálculos posteriores, optou-se por incorporar neste valor de área da secção (e

consequentemente de peso próprio) os valores das restantes cargas permanentes, tais como,

guarda corpos, lancis, cornija e tapete betuminoso. Como a resistência axial do tabuleiro não é

um factor que mereça especial atenção neste trabalho, a alteração do parâmetro da área

apenas tem implicações ao nível do cálculo de pesos/massas, necessários para o cálculo

sísmico.

3.2.2.2 - Pilares

Para a modelação dos pilares não foi necessário proceder a simplificações pois a

geometria destes é regular ao longo de toda a sua altura, mantendo a sua forma circular de

diâmetro constante desde o maciço de encabeçamento até à ligação com o tabuleiro. Assim,

estes elementos ficam bem definidos por elementos finitos unidimensionais. Há que ressalvar o

facto de todos os alinhamentos de pilares terem alturas diferentes. Esta variação é, no entanto,

residual, pelo que se optou por modelar todos os pilares com a mesma altura de 7,5m, que

corresponde à altura média de todos os alinhamentos.

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3.2.2.3 - Encontros, Maciços de Encabeçamento e Estacas

Para modelar estes elementos, teve de ser tida em consideração a sua localização na

envolvente. Como estão localizados dentro do solo, faz mais sentido que sejam modelados da

mesma maneira que o solo para evitar descontinuidades nas transições entre elementos que

levem à geração de erros difíceis de interpretar. Assim, optou-se por utilizar elementos finitos

tridimensionais para recriar toda a infra-estrutura.

Tiveram, no entanto, de ser feitas algumas simplificações e adaptações ao nível dos

encontros e dos maciços de encabeçamento. Estas deveram-se à necessidade de criar um

modelo que fosse, não só, realista, mas também, que não necessitasse de elevados intervalos

de tempo para ser corrido e devolver resultados.

A principal simplificação ao nível da infra-estrutura verificou-se ao nível dos encontros.

Sendo cada um destes constituído por uma viga de coroamento e 6 estacas, (recorda-se que

em cada margem, os encontros, embora adjacentes são independentes) que actuam

exclusivamente como “travamento” transversal do tabuleiro, foi possível chegar a uma mesma

função estrutural modelando apenas uma estaca que equivalesse ao conjunto. A imagem

seguinte ilustra o procedimento utilizado.

Como se pode verificar, em termos de rigidez transversal, a hipótese representada a

bold na figura 7 contempla a estaca 6 vezes mais rígida que as restantes, travada no topo, e

Figura 7 – Simplificação dos encontros para fins de modelação

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actua exactamente da mesma forma que todo o conjunto. O módulo de elasticidade aumentado

em 6 vezes aumenta a rigidez transversal, enquanto os dois apoios previnem movimentos

diferenciais que se traduziriam numa rotação da “cabeça” da estaca e que, na realidade, não

acontece devido à elevada inércia da viga de coroamento. Apenas se faz um reparo a uma

possível perturbação que se pode introduzir com esta simplificação, que se prende com a real

contribuição que o solo entre estacas confere a todo o sistema e que é, de certa forma,

adulterada. Nesta modelação deixa de existir solo “solidário” com o movimento das estacas e

que aumenta a sua rigidez. Assim, perde-se o controlo da massa de solo que se movimenta

devido à necessidade de deformação do encontro.

Há que ressalvar o facto de todas as estacas da obra serem, na realidade, circulares. A

dificuldade de recriar elementos circulares no programa de cálculo levou a que se

aproximassem estas formas a outras, poligonais. A secção da estaca ficou definida como

sendo um conjunto de sectores triangulares, tendo o restante maciço de encabeçamento que

as liga aos pilares, evoluído a partir das estacas. As figuras que se seguem representam a

modelação destes elementos, de acordo com a explicação precedente.

Figura 8- Secção transversal do maciço de encabeçamento (dimensões em m)

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Figura 9 - Alçado das fundações dos pilares e discretização dos elementos finitos (dimensões em m)

Figura 10 - Vista 3D do conjunto maciço/grupo de estacas

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3.3 - Geometria do modelo (malha de elementos finitos)

Escolhidos todos os tipos de elementos a utilizar no modelo, procedeu-se à definição

da malha do modelo. Este processo revelou-se bastante moroso, uma vez que frequentemente

se atingiam os limites, quer do programa, quer das capacidades do computador onde se

pretendia “correr” o modelo. Desta forma, foi necessário proceder a várias alterações ao

modelo durante a sua definição.

A malha começou por ser desenhada como sendo uma superfície de elementos

bidimensionais. Optou-se por considerar uma área de influência do viaduto no solo de 100

metros para cada direcção a partir de cada extremo da envolvente dos dois viadutos.

Considera-se assim que, a uma distância de 100 metros das fundações do viaduto, a vibração

do mesmo não introduz nenhuma deformação adicional, sendo as perturbações

progressivamente dissipadas devido à capacidade de deformação do solo e às perdas devido a

fricções.

Tendo a “secção” da malha definida, (plano horizontal) restaria somente dar-lhe

dimensão segundo a direcção z. Feita a envolvente, restaria introduzir os elementos de barra

relativos à superstrutura da obra e introduzir as restrições necessárias para o bom

funcionamento do modelo. O esquema que se segue demonstra o processo empreendido.

Figura 11- Esquema do processo de elaboração do modelo

Apresentar-se-ão de seguida as várias malhas que foram criadas até chegar a uma que

fosse exequível e que permitisse trabalhar com alguma fluidez durante todo o estudo.

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3.3.1 - 1ª Malha

A primeira tentativa foi criada com o objectivo de ter uma primeira noção de como o

programa e o computador responderiam a uma malha elaborada. A malha da Figura 12

apresenta um elevado número de nós por patamar4 pelo que não foi sequer possível extrudi-la,

isto é, dar-lhe dimensão em z.

Figura 12 - 1ª malha de elementos finitos (22474 nós por patamar)

4 Entenda-se por patamar, um plano xy do modelo com qualquer cota.

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3.3.2 - 2ª Malha

A 2ª malha (Figura 13) foi obtida através de uma redução do detalhe da 1ª. Optou-se

por aumentar o tamanho dos elementos numa zona mais próxima à zona de estudo (perto do

viaduto), zona onde habitualmente a malha deve estar mais refinada. Apesar de uma redução

significativa do número de nós por patamar, continuou a ser impossível atingir graus de

trabalhabilidade aceitáveis devido ao “peso” do modelo.

Figura 13 – 2ª malha de elementos finitos (16519 nós por patamar)

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3.3.3 - 3ª Malha

A 3ª abordagem (Figura 14) é resultado de uma simplificação do mesmo género da que

levou à criação da anterior. Continuou a promover-se o alargamento dos elementos mais

afastados da zona de estudo. Esta alteração viria a não ser muito frutífera pois a redução no

número de nós foi bastante pequena.

Figura 14 - 3ª malha de elementos finitos (14052 nós por patamar)

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Optou-se, então, por proceder a uma alteração mais significativa na malha. Como ficou

provado que as alterações próximas da fronteira não representavam uma melhoria clara,

alterou-se a malha, na zona principal, ou seja, na zona das fundações, pois é a partir da

extremidade dos maciços de encabeçamento que o modelo cresce. A figura que se segue

apresenta as alterações realizadas à malha de elementos na zona dos maciços de

encabeçamento.

Figura 15 - Alterações realizadas aos maciços de encabeçamento

Com o mesmo objectivo, alterou-se a geometria dos elementos de transição de forma a

conseguir ocupar uma maior área com um menor número de elementos, tornando,

consequentemente, o modelo mais leve (Figura 16).

Figura 16 - Influência dos elementos de transição

Como se pode perceber na figura 16, tomando como unidade de referência, o

quadrado pintado, a utilização de elementos de transição trapezoidais, em detrimento dos

triangulares, traz benefícios. Neste exemplo, a alteração da geometria destes elementos fez

com que se conseguisse “varrer” uma área superior em 6 unidades usando menos 4 elementos

de área.

Estas duas alterações permitiram chegar a uma malha menos complicada, a partir da

qual foi possível obter resultados de uma maneira mais simples e menos morosa. Apresenta-se

de seguida, seguinte o último resultado deste exercício de simplificação do modelo de cálculo

.

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3.3.4 - 4ª Malha

Feitas as alterações mencionadas anteriormente chegou-se a uma malha passível de

ser extrudida e a um modelo capaz de ser corrido (Figura 17).

Figura 17 – 4º malha de elementos finitos (8463 nós por patamar)

Introduzidos todos os elementos relativos ao solo, fundações e super-estrutura,

falta implementar as condições de fronteira adequadas e criar as ligações adequadas entre

todos os elementos para que o modelo se comporte correctamente.

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3.3.4.1 – Condições de fronteira (ligações exteriores)

Como foi explicado anteriormente, optou-se por considerar que a partir de 100 metros

da obra o solo deixaria de ter influência na estrutura. Desta forma, impediu-se toda e qualquer

capacidade de rotação e translação nos nós da periferia do modelo (nós encastrados).

Arbitrou-se o mesmo a uma profundidade de solo afastada do fundo das estacas de 2 metros,

por se estar perante o bedrock, ou seja, material rochoso de elevado módulo de elasticidade e,

consequentemente, pouco deformável.

3.3.4.2 – Ligações intra-modelo (constraints)

A modelação escolhida para este trabalho obrigou a que se tivessem que implementar

ligações complementares no modelo. Estas ligações estão previstas para situações onde a

partilha de nós entre elementos não é possível, não é suficiente ou os graus de liberdade do nó

não são semelhantes para os dois elementos que o partilham. Estas situações foram

verificadas em diversas zonas do modelo.

O comando que permite realizar estas modificações é conhecido no SAP2000 por

“constraint”. Neste caso particular, o tipo de “constraint” utilizado tem a designação de “BODY”

e pode ser explicado por duas expressões matemáticas,

(3.1)

(3.2)

onde: - deslocamento do nó i;

- rotação do nó i;

- distância entre os nós i e j.

Estas ligações podem ser realizadas em termos de rotações e deslocamentos em

qualquer uma das direcções. A tabela que se segue esquematiza as ligações que se

implementaram nas diversas situações, sob forma da libertação (ou não) dos diversos graus de

liberdade dos nós e o motivo da sua implementação (definido na última linha da tabela). Os

eixos a que os movimentos são referidos, estão apresentados na figura 18.

Tabela 5 - Tipo de "BODY" utilizados

Zona de interface

Pilar/Tabuleiro Pilar/Maciço Tabuleiro/Encontro

Ux Fixo Fixo Livre Uy Fixo Fixo Fixo Uz Fixo Fixo Fixo θx Fixo Fixo Fixo θy Fixo Fixo Livre θz Fixo Fixo Livre

Descrição Monolitismo Mudança do tipo de elemento finito

Aparelhos de apoio

Figura 18 – Eixos do modelo

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21

O diagrama seguinte complementa a tabela anterior, explicitando de forma precisa os

locais onde as ligações adicionais foram implementadas.

Figura 19 - Locais de aplicação das "constraints"

Com estas últimas imposições, fica definido o modelo tridimensional com o solo

explicitamente considerado.

Este modelo será utilizado para calcular os principais modos de vibração do viaduto e

para estimar a sua deformação durante a ocorrência de um sismo, de acordo com o

Eurocódigo 8 (CEN, 2003).

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22

3.4 – Caracterização dinâmica da estrutura

Neste subcapítulo, pretende-se proceder à caracterização dinâmica do modelo

tridimensional cuja elaboração se expôs.

3.4.1 - Análise modal

A análise modal permite a caracterização dinâmica de uma estrutura. Através desta

análise podem encontrar-se as várias configurações das deformadas que a estrutura exibe sob

acções dinâmicas.

A cada uma destas configurações de deformações possíveis da estrutura dá-se o nome

de modo de vibração. Apesar de as estruturas terem um grande número de modos de vibração,

são os modos de menor frequência, aqueles que mais contribuem para a resposta estrutural,

pelo que é frequente desprezar os modos superiores.

Para se poder caracterizar o comportamento dinâmico de uma estrutura, tem que se

definir as suas matrizes de rigidez e massas. A partir das mesmas, e utilizando a equação

(4.1), podem saber-se os valores das frequências próprias da estrutura.

Através da equação,

([ ] [ ] , onde (4.1)

[K] representa a matriz de rigidez da estrutura (simétrica);

[M] representa a matriz de massa da estrutura (diagonal);

p representa o valor das várias frequências angulares.

podem encontrar-se as diferentes frequências angulares (“p”) da estrutura. Encontrado

o valor da frequência angular, o período obtém-se facilmente fazendo:

(4.2)

Para cada valor da frequência angular “pi” (ou período Ti) define-se o seu modo de

vibração correspondente “vi” de acordo com a equação seguinte.

([ ] [ ] (4.3)

Para a estrutura em estudo, é expectável que os primeiros modos se traduzam em

translações no tabuleiro nas duas direcções principais (longitudinal e transversal). Ressalva-se,

no entanto, a possibilidade de existirem modos de vibração que consistam em modos

localizados no solo e não na estrutura. Devido às fracas características mecânicas do solo do

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23

extracto superior, é possível que se assista à vibração de uma pequena porção destes

elementos, antes que se atinja a gama de valores de períodos que interessam para a análise

sísmica do viaduto.

3.4.2 – Resultados

Como tinha sido conjecturado, os resultados da análise modal do modelo definido não

apresentaram valores satisfatórios. Na realidade, os 6 primeiros modos de vibração

encontrados são modos identificados por oscilações no solo e não na estrutura. Na tabela

seguinte, apresentam-se os valores dos períodos referentes a estes modos de vibração.

Tabela 6 - Períodos dos 6 primeiros modos de vibração

Nº Modo 1º 2º 3º 4º 5º 6º

Período (seg) 0,604566 0,604572 0,604978 0,604984 0,601865 0,601860

Como se pode constatar, os períodos dos diversos modos não evoluem muito desde o

1º ao 6º modo. De notar que os valores do período deveriam ser sempre decrescentes,

consoante se avança no modo, contudo, devido a erros numéricos menores, aparecem ligeiras

subidas no valor do período.

A figura 20

representa bem a situação

descrita anteriormente.

Trata-se do 6º modo de

vibração do modelo, e

como se pode verificar,

existe uma grande zona

de deformação do solo

nas extremidades do

modelo.

Figura 20 - Representação em planta do 6º modo de vibração do modelo

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24

É natural que seja esta a zona do solo que consta nos primeiros modos de vibração

pois é a zona mais flexível do solo. Encontra-se no extracto mais flexível e está bastante

afastada da zona de restrição total dos nós presente na base do modelo. É também notória a

evolução da deformação da fronteira para o centro, fruto da restrição dos nós na fronteira.

Como a descida dos valores de período para os seis modos encontrados é residual, e

devido ao elevado número de graus de liberdade do modelo, é de esperar que apenas se

encontrem os modos de vibração do viaduto num modo bem mais avançado, o que se revela

impossível com os meios de que se dispõe.

Optou-se por renunciar a este modelo com o solo explicitamente considerado, optando-

-se pela criação de um outro, mais simples, onde a influência do solo possa ser introduzida

sem ter de recorrer à introdução de um elevado número de elementos.

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25

4 - Modelo simplificado

4.1 - Considerações Iniciais

Devido ao facto de os resultados obtidos com o modelo anterior não serem os

desejados, teve de se proceder à criação de outro modelo, mais simples de forma a se poder

realizar a análise sísmica do viaduto. A alteração a realizar é óbvia e consiste na remoção do

solo do modelo, tentando manter a integridade e o comportamento da estrutura como se lá

estivesse. Tiveram de ser realizados ensaios numéricos para estimar a contribuição pontual do

solo nos vários elementos que garantiam a estabilidade do viaduto que em si estavam

fundados.

Assim, as únicas semelhanças entre os dois modelos apenas se podem encontrar na

super-estrutura, onde todas as características, quer do tabuleiro, quer dos pilares, foram

mantidas inalteradas, bem como as ligações (“constraints”) que apenas a estes elementos

dizem respeito. A principal diferença reside na não inclusão do solo neste novo modelo. Assim

sendo, tiveram de ser calculadas, ou admitidas, as diferentes ligações da estrutura à

envolvente nos diversos locais onde são necessárias (encontros e base dos pilares). Como

seria demasiado redutor, considerar, à partida, apoios totalmente fixos ou totalmente livres,

optou-se por realizar dois “sub-modelos” para calcular a rigidez, quer dos encontros, quer do

grupo que engloba o maciço de encabeçamento e as estacas que se encontram sob cada pilar.

A metodologia utilizada para encontrar os valores de rigidez de fundações consiste na

aplicação de forças em determinados pontos-chave dos “sub-modelos” e na medição de

deslocamentos.

O processo utilizado para calcular a rigidez destes elementos pode dar uma boa

aproximação dos valores que se procuram, embora existam as mesmas limitações

provenientes das dificuldades de modelação explicadas no capítulo da concepção do modelo

com solo.

No que diz respeito à modelação da acção sísmica, ela será diferente para o novo

modelo, pois a não existência do solo leva a que a aceleração incutida à estrutura seja

diferente de um modelo para o outro. Tanto este, como outros detalhes, referentes à acção

sísmica a considerar no modelo, serão abordados, numa fase mais avançada deste trabalho.

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26

4.2 - Condições de apoio

4.2.1 - Maciços de encabeçamento

Neste subcapítulo começa-se por calcular a rigidez de translação dos maciços de

encabeçamento e por fim avalia-se a influência da rotação dos maciços na estabilidade do

viaduto.

4.2.1.1 – Cálculo da rigidez de translação

Para modelar as condições de fronteira da base dos pilares foi “recortada” uma faixa de

solo equidistante a dois alinhamentos de pilares (na direcção ortogonal ao eixo da obra) para

proceder à análise anteriormente descrita. A faixa tem 28 metros de largura, o que equivale ao

vão interior do viaduto e cerca de 200 metros de comprimento. Nessa faixa de solo, estão

embebidos quatro maciços de encabeçamento respectivos a quatro pilares (dois para cada

viaduto) e foi no ponto central dos mesmos que se aplicaram cargas para posteriormente medir

deslocamentos. Optou-se por realizar esta análise no centro dos maciços pois é nesses pontos

que os pilares estão ligados ao maciço. O aspecto do modelo pode ser observado na figura 21.

Optou-se por apenas restringir totalmente o movimento dos nós na face inferior do

“prisma de solo” pois, não faria sentido restringir o movimento dos nós do lado da maior face

pois são contíguos a outra faixa igual. Resolveu-se libertar, contudo, os nós da face menor

para observar o comportamento longe da zona de estudo, de forma a verificar a influência real

de uma imposição de deslocamento na zona dos maciços a uma certa distância do viaduto.

Relembra-se que no modelo inicial, esta “distância de segurança” foi livremente arbitrada por

excesso.

Figura 21 - Sub-modelo referente aos maciços de encabeçamento (faixa do modelo criado anteriormente)

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27

Aplicaram-se então cargas nos centros dos maciços no valor de 1x106 kN nas duas

direcções principais do modelo. Os resultados obtidos apresentam-se na tabela que se segue.

Tabela 7 - Análise ao grupo de maciços

ID maciço Maciços interiores Maciços exteriores

Direcção x y x y

Força aplicada (kN) 1x106

Deslocamento (m) 6,468 6,733 5,848 5,987

Rigidez (kN/m) 154.602,52 148.517,79 171.004,48 167.036,93

O valor da rigidez foi obtido, fazendo o quociente entre o valor da força aplicada pelo

valor do deslocamento medido no ponto. Faz-se a distinção entre os maciços que se

encontram na zona exterior e interior do modelo porque como se pode observar, apesar da sua

rigidez ser igual, existe a influência das cargas de um viaduto no outro. Essa influência

acontece no maciço mais próximo do viaduto contíguo, ou seja, no maciço interior do outro

viaduto. Esta situação é também sentida durante a acção sísmica, onde as forças de inércia

originárias de cada tabuleiro se distribuem igualmente pelos pilares.

Com o intuito de verificar a influência da vibração do viaduto no solo exterior à

estrutura, mediram-se, também, os deslocamentos dos pontos do alinhamento dos maciços, tal

como demonstra a figura seguinte.

Figura 22 - Alinhamento de pontos sujeitos a controlo de

deslocamento

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28

Os gráficos que se seguem representam os deslocamentos dos pontos à cota da face

superior dos maciços de encabeçamento nas duas direcções.

Figura 23 - Deslocamento perpendicular ao eixo definido pelos maciços (m) – direcção x

Figura 24 - Deslocamento no sentido do eixo definido pelos maciços (m) – direcção y

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100

Coordenada y dos pontos ao longo do eixo dos maciços (m)

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100

Coordenada y dos pontos ao longo do eixo dos maciços (m)

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29

Analisando os gráficos, pode perceber-se que a parcela de solo susceptível a

deformações oriundas da geração de forças de inércia desenvolvidas durante a actividade

sísmica é bastante menor que o que se considerou inicialmente.

Pode também aferir-se que a rigidez é semelhante para as duas direcções, como seria

de esperar, não obstante os valores obtidos para a direcção y serem ligeiramente mais

pequenos. Este facto deve-se à não existência de mais solo na periferia, que mobilize mais

resistência de corte. Como se pôde ver nas figuras 23 e 24, a distância de solo mobilizado por

corte é sensivelmente 25 metros desde o eixo da obra. Na direcção perpendicular, apenas se

pode contar com 14 metros, que corresponde à área de influência de cada grupo de pilares.

O gráfico da figura 26, quantifica o deslocamento de solo de um eixo ortogonal ao que

se apresentou anteriormente na figura 22. Esse eixo (Figura 25) atravessa um dos maciços de

encabeçamento interiores, pois foi aí que foram verificados os maiores deslocamentos ao longo

do eixo y.

Figura 25 - Eixo de pontos sujeitos ao controlo de deslocamentos na direcção y

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30

Figura 26 - Deslocamento perpendicular ao eixo que atravessa apenas um maciço de encabeçamento – direcção y

Figura 27 - Deslocamento ao longo do eixo que atravessa apenas um maciço de encabeçamento – direcção x

Como se pode verificar a partir dos resultados apresentados nas figuras 26 e 27, o

deslocamento dos pontos da fronteira entre “fatias” são ainda consideráveis. Pode então

concluir-se que o comportamento dos maciços das diversas fatias não é independente. Esse

facto pode ser mais facilmente visível na figura 27, onde os deslocamentos da periferia estão

bastante longe de ser nulos. Convém, no entanto, ter em atenção que também que o valor da

carga aplicada (1x106 kN) é bastante superior ao valor máximo de forças de inércia que se

podem desenvolver nesta estrutura. Embora este facto não faça reduzir o rácio de

deslocamentos entre o centro e a periferia da fatia (por se estar a trabalhar em regime linear),

os deslocamentos em termos absolutos serão consideravelmente menores.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

-14,00 -7,00 0,00 7,00 14,00

Coordenada x dos pontos do eixo que cruza um maciço de encabeamento interior (m)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

-14,00 -7,00 0,00 7,00 14,00

Coordenada x dos pontos do eixo que cruza um maciço de encabeamento interior (m)

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31

4.2.1.2 – Influência da rotação dos maciços de encabeçamento

Para aferir de maneira mais eficaz a influência dos maciços de encabeçamento na

estabilidade do viaduto, mediram-se as rotações dos centros dos maciços, de forma a

contabilizar a importância da rotação da base dos pilares na deformação na zona do tabuleiro.

Através da aplicação das cargas nos maciços de encabeçamento, pôde também medir--

se o valor da rotação dos pontos centrais dos maciços. A figura 28 demonstra bem a

importância que pode ter uma rotação grande do maciço de encabeçamento na deformada da

estrutura.

Apresentam-se na tabela 8, os resultados obtidos para os valores das rotações nos

pontos, referentes à base dos pilares, decorrentes da aplicação de cargas nas duas direcções.

O valor destas cargas aplicadas, voltou a ser de 1x106 kN.

Figura 28 - Deformação no topo de cada pilar devido a

deslocamento ou rotação do maciço de encabeçamento

Tabela 8 - Rotações nos maciços devidos às forças aplicadas

Maciço Interior Exterior

θy (rad) devido a Fx 0,37420 0,35846 θx (rad) devido a Fy -0,36463 -0,35302

Se se assemelhar o comportamento de cada pilar a uma barra cujas características de

apoio sejam iguais às da barra ilustrada na figura 29, pode ter-se uma noção aproximada do

deslocamento no topo do pilar devido a uma rotação na base. Tem-se uma noção aproximada

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pois as condições de apoio dos nós de extremidade dos pilares não são exactamente as

retiradas da figura, contudo é a melhor aproximação possível, numa abordagem mais prática.

Figura 29 - Comportamento aproximado do pilar (nó encastrado - maciço, nó com encastramento deslizante - tabuleiro)

(Grupo de Análise de Estruturas, 2002)

Uma vez que o maciço é bi-simétrico, não faz sentido incutir rigidezes diferentes nas

duas direcções. Desta forma, arbitrar-se-á que o valor do deslocamento máximo verificado nos

maciços, independentemente da sua localização (interior, exterior) ou direcção de aplicação da

carga (x ou y) será o que se verificou ser mais desfavorável de entre os valores apresentados

na tabela 7. O valor escolhido corresponde ao maciço interior com a carga aplicada na direcção

y. O valor do deslocamento medido é de 6,733m e a rotação em valor absoluto de 0,36463 rad.

Tendo em conta a relação entre rotação na base e deslocamento no topo que a figura

acima indica, pode esperar-se um deslocamento adicional no topo do pilar de:

(5.1)

o que representa 16,9% do deslocamento total existente ao nível do viaduto (equação 5.2).

(5.2)

Não se pode, portanto, concluir que a contribuição de uma possível rotação do maciço

seja desprezável para uma análise de estabilidade do viaduto. Também não seria correcto

dissociar a rigidez de rotação do maciço da de translação.

Por esse motivo, as ligações dos pilares ao exterior, no modelo simplificado, foram

simuladas recorrendo a uma mola de rigidez definida por uma matriz de rigidez própria, em

detrimento de um conjunto de molas “unidireccionais”. A matriz a definir tem a forma que se

apresenta na figura 30 e é directamente aplicada no programa de cálculo automático para a

base de todos os pilares, independentemente de serem interiores ou exteriores. Fazer-se-á,

então uma média ponderada dos valores obtidos para os deslocamentos e rotações dos

maciços de forma a obter um valor razoável para a rigidez que o solo e os maciços incutem na

superstrutura.

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33

As células a cinzento claro e com o valor “0” apresentadas na figura 30, representam

diversos comportamentos. Arbitrou-se que os maciços não rodam em torno do eixo do pilar e

que os maciços não se podem deslocar na direcção vertical. Estas considerações são bastante

verosímeis e traduzem-se na matriz por linhas e colunas referentes a dz e θz, com valores

nulos. Estão também previstas outras situações que se enumeram de seguida:

uma força aplicada numa dada direcção não provoca movimentos na direcção que

lhe é ortogonal (dx-dy);

um momento aplicado uma dada direcção não provoca rotações na direcção que

lhe é ortogonal (θx-θy);

uma força/momento aplicado numa dada direcção, não provoca

rotações/deslocamentos nessa mesma direcção (dx-θx, dy-θy).

dx dy dz θx θy θz

dx 0 0 0 0

dy 0 0 0

dz 0 0 0 0

θx 0 0

θy 0

θz 0

Figura 30 - Forma da matriz de rigidez das molas adoptadas para a base dos pilares

Como o processo se baseou na aplicação de forças para a medição de deslocamentos,

o que se obteve, foram os vários valores da flexibilidade que foram posteriormente

transformados em valores de rigidez. Tiveram também de ser aplicados momentos em torno

das duas direcções em planta dos maciços, para obter os valores das entradas na diagonal

principal, relativas às rotações (θx-θx e θy-θy). Apresenta-se de seguida um quadro sumário

com todos os valores obtidos para este processo.

Tabela 9 - Valores dos deslocamentos e rotações resultantes da aplicação de forças e momentos de 1x10

6 kN (kN.m)

Nó central do maciço

Força x Força y Momento y Momento x

Ux (m) Ry (rad) Uy (m) Rx (rad) Ux (m) Ry (rad) Uy (m) Rx (rad)

Exterior 5,848 0,358 5,987 -0,353 0,358 0,152 -0,353 0,149

Interior 6,468 0,374 6,733 -0,365 0,374 0,152 -0,365 0,148

Fazendo a média dos valores obtidos para maciços interiores e exteriores, e dividindo

pelo valor da força aplicada, obtêm-se os seguintes valores de flexibilidade:

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34

Tabela 10 - Valores médios a adoptar para a matriz de flexibilidade da mola a inserir no fundo dos pilares e respectivos termos de flexibilidade

Nó central do maciço

Força x Força y Momento y Momento x

U1 (m) R2 (rad) U2 (m) R1 (rad) U1 (m) R2 (rad) U2 (m) R1 (rad)

Médio 6,158 0,366 6,360 -0,359 0,366 0,152 -0,359 0,149

Termo de flex. F11 F15 F22 F24 F51 F55 F42 F44

Obtidos os valores relativos aos deslocamentos dos pontos centrais dos maciços, a

obtenção dos termos de flexibilidade obtiveram-se dividindo o valor dos deslocamentos pelo

valor das forças aplicadas. Relembra-se que esse valor é constante para todas as forças

aplicadas. Deve também ter-se em atenção que o modelo utilizado está em regime linear e por

esse motivo, os valores de deslocamentos e rotações medidos são proporcionais às forças

aplicadas. Desta forma, os termos de flexibilidade e rigidez são assim, constantes.

A matriz de flexibilidade obtida tem então, a seguinte forma:

dx dy dz θx θy θz

dx 61,58 0 0 0 3,66 0

dy 63,60 0 -3,59 0 0

dz 0 0 0 0

θx 1,49 0 0

θy 1,52 0

θz 0

x 10-7

[m/kN]

Figura 31 - Matriz de flexibilidade da mola

Invertendo a matriz de flexibilidade, obtém-se a matriz de rigidez a introduzir

directamente no programa de cálculo automático (Figura 32).

dx dy dz θx θy θz

dx 1,624 0 0 0 27,30 0

dy 1,572 0 -27,87 0 0

dz 0 0 0 0

θx 67,14 0 0

θy 65,81 0

θz 0

x 105 [kN/m]

Figura 32- Matriz de rigidez da mola a aplicar no programa de cálculo

Desta forma fica concluída a modelação dos maciços de encabeçamento no modelo

simplificado.

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35

4.2.2 - Encontros

A modelação dos encontros é em tudo semelhante à apresentada anteriormente para

os maciços. A principal diferença é que o encontro apenas tem de “funcionar” numa direcção

pois existe uma junta de dilatação no encontro que faz com que o deslocamento longitudinal da

ponte seja independente do movimento do encontro. Na realidade existe sempre uma pequena

parcela de atrito associado ao deslizamento entre as superfícies de teflon e metal, contudo vai-

se admitir que esse atrito é desprezável. O mesmo raciocínio é válido para a flexão do tabuleiro

na direcção da flexão originada pelas cargas permanentes. Como foi dito anteriormente, a

flexão na outra direcção é inexistente devido à elevada rigidez da viga de coroamento. A única

condição de apoio que necessita de modelação é, então, a rigidez do encontro aos

deslocamentos horizontais transversais.

A figura 33 representa o modelo de cálculo utilizado para calcular a rigidez transversal

do encontro. Relembra-se que os encontros estão modelados recorrendo a uma estaca

cilíndrica de rigidez seis vezes superior à das estacas normais. Foi no nó do centro dessas

estacas que foi aplicada a força que viria a fornecer valores de deslocamentos para aferição do

valor da rigidez destes elementos. À semelhança do que foi feito para os maciços, também

para os encontros foi retirada uma “faixa” de solo do modelo inicial. Desta faixa, apenas uma

dimensão tem de ser limitada, a longitudinal. Este limite prende-se com a existência de um

grupo de pilares e maciços do género dos apresentados no capítulo anterior. Assim, desde o

eixo dos dois encontros (um de cada viaduto) até ao limite do modelo (para a zona do viaduto)

apenas se pôde dar uma extensão de solo de 11,4 metros, que corresponde a metade do

tramo de extremidade da superstrutura.

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36

Figura 33 - Modelo utilizado para modelar a rigidez transversal do encontro

Depois de aplicar forças no valor de 1x106 kN nos pontos centrais das estacas na

direcção da maior dimensão do modelo (direcção transversal do viaduto), mediram-se os

deslocamentos de todos os pontos existentes no eixo definido pelos centros das duas “estacas

equivalentes”. A evolução desses deslocamentos apresenta-se de seguida:

Figura 34 - Deformação transversal do solo e do encontro

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

-75 -50 -25 0 25 50 75

Conjunto de pontos ao longo do eixo dos encontros (coordenada y em m)

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37

Como se pode verificar, à semelhança dos maciços de encabeçamento, a extensão de

solo influenciada pela deformação do encontro é bastante inferior à que se considerou

inicialmente.

É de notar o facto de a deformação transversal dos encontros ser sensivelmente o

dobro da dos maciços. Este facto deve-se ao facto da aplicação da carga estar, no modelo dos

encontros, a uma cota superior à da dos maciços em 7 metros. Desta forma, o modelo começa

a apresentar deformações semelhantes à deformação de uma consola devido à elevada altura

do modelo. Relembra-se que as únicas condições de fronteira do modelo estão na base, e que

o solo acima da cota 0 (não existente no modelo dos maciços) é o solo de piores

características mecânicas (tabela 3). Assim pode perceber-se a elevada deformação dos

encontros.

A influência desta deformação transversal no solo adjacente, foi também medida ao

longo de um eixo longitudinal, de forma a aferir a influência da deformação do encontro no

grupo de maciços mais próximo. Esta influência pode ser verificada no gráfico da figura 35.

Figura 35 - Deformação transversal dos pontos num eixo longitudinal que atravessa um encontro

Como seria de esperar, a distância até meio tramo de extremidade não é suficiente

para anular completamente a deformação transversal do encontro, como acontece na zona

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

-26 -21 -16 -11 -6 -1 4 9

Conjunto de pontos ao longo do eixo dos encontros (coordenada y em m)

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38

posterior. A deformação é, no entanto, aceitável, pois a deformação que se verifica na

extremidade contígua à zona dos maciços é cerca de 8,5% da verificada na zona de controlo

(parte superior da estaca) onde a deformação verificada toma o valor máximo de 11,645 m.

Os resultados obtidos não vão de encontro ao que seria esperado, pois os valores da

deformação do encontro são muito elevados, quando deveriam ser o oposto. Há que realçar

que, por motivos de dificuldade na modelação, foram deixados de parte alguns elementos

estruturais do encontro que contribuem significativamente para a sua rigidez transversal, e que

fariam o valor da sua rigidez transversal subir para valores muito superiores ao obtido neste

modelo, que apenas contempla uma estaca de rigidez multiplicada por 6. Esses elementos são

duas “palas” ligadas à viga de coroamento das estacas que se esquematizam na figura 36.

Figura 36 - Pormenor da pala que confere rigidez transversal ao encontro

Como se pode perceber pela figura, as palas representam uma grande resistência ao

movimento transversal do encontro, devido à sua superfície, que contém uma grande secção

de solo. Por esse motivo, optou-se por considerar que o movimento transversal do encontro se

encontra fixo.

Poder-se-ia fazer uma verificação de segurança ao encontro, avaliando a resistência de

corte que a superfície de solo a tracejado azul mobilizaria ao longo da distância entre as duas

palas (aproximadamente 38m). No entanto, esta verificação seria, muito imprecisa pois não se

sabe o valor da resistência de corte do solo, e a contribuição dada pelas estacas enterradas ao

conjunto é bastante difícil de calcular. Por isso admitiu-se, simplificadamente, que o movimento

transversal do encontro é nulo. Convém referir que esta simplificação não é de todo errada

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39

pois, em inspecções pós-sismo feitas a obras semelhantes à que se estuda, a rotura (ou os

maiores danos) nunca se registam nesta zona da estrutura.

Em relação às restantes condições de fronteira do encontro, o movimento longitudinal

será libertado e o movimento vertical fixo. No que diz respeito a rotações, a única rotação

impedida será a que provoca torção no tabuleiro, pois o encontro possui duas juntas de

dilatação, uma sob cada viga, que permitem deslizamentos diferenciais entre as duas vigas, o

que conduz a uma flexão em torno do eixo de maior inércia do tabuleiro. A não restrição da

flexão resultante das cargas permanentes foi já explicada anteriormente.

Com a conclusão da modelação dos encontros, fica definido todo o modelo

simplificado.

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40

4.3 – Vista geral do modelo simplificado

O modelo simplificado contempla apenas um viaduto, em detrimento dos dois

existentes, pois, uma vez que não existe meio comum aos dois, não faria sentido criar um

modelo com dois viadutos iguais separados. Nestas condições, a matriz de rigidez do modelo

seria composta por dois blocos iguais como apresenta a figura abaixo:

Matriz de rigidez do viaduto 1

0

0

Matriz de rigidez do viaduto 2

Figura 37 - Exemplo de uma matriz de rigidez de estruturas dissociadas num mesmo modelo

Desta forma, não faz sentido ter duas estruturas separadas no mesmo modelo porque

os resultados vão ser idênticos para cada uma das estruturas e ter-se-á um modelo mais

pesado sem haver a necessidade. O modelo final tem, então, o aspecto apresentado na figura

38.

Figura 38 - Modelo simplificado

Na extremidade do tabuleiro e na base dos pilares, podem ver-se os apoios de

diferentes tipos e as molas cuja natureza se explicou anteriormente. Repare-se também que,

no que diz respeito à discretização dos elementos, se optou por dividir os vários tramos do

tabuleiro em dois elementos de barra iguais, para criar um ponto de massa a meio vão de cada

tramo. Esta opção prende-se com a necessidade de considerar a vibração vertical do tabuleiro.

Caso a divisão dos elementos de barra que compõem o tabuleiro fosse realizada apenas na

parte superior dos pilares, a massa vertical oscilante estaria apenas condicionada pela rigidez

axial dos pilares, ao invés de estar dependente da rigidez de flexão do tabuleiro. Os pilares,

foram divididos em 4 elementos de barra de igual comprimento..

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41

4.4 – Caracterização dinâmica do modelo simplificado

Os principais modos de vibração da estrutura simplificada serão apresentados nesta

secção, assim como os correspondentes factores de participação de massa. Far-se-á, para

cada modo, um breve comentário à sua configuração, uma vez que não é possível reproduzir a

animação que o programa de cálculo automaticamente gera.

1º Modo

O primeiro modo de vibração do viaduto corresponde ao que se esperava inicialmente.

Consiste numa translação do tabuleiro na direcção longitudinal. A figura 39 representa a

deformação deste modo e a tabela 11, as características dinâmicas correspondentes. Neste

modo de vibração, a participação da massa na direcção longitudinal e de 96,9%, o que

corresponde à massa de toda a estrutura menos metade de cada pilar (associada aos nós mais

próximos da base de cada pilar).

Figura 39 - 1º modo de vibração do viaduto

Tabela 11 - Características dinâmicas do 1º modo de

vibração

Período

0,421 seg Participação de Massa Long. Transv. Rot.z

97,6% 0,0% 0,4%

2º Modo

O segundo modo (Figura 39 e Tabela 12) corresponde a uma oscilação do tabuleiro na

direcção transversal. As considerações feitas para o 1º modo continuam a ser válidas para este

modo, apenas com a diferença de se tratar agora da direcção transversal da estrutura. Repare-

se também na elevada participação de massa no que diz respeito à rotação do tabuleiro em

torno do eixo vertical (z). Esta situação acontece devido à diferença de rigidez transversal entre

os pilares e os encontros. Esta diferença dá origem a movimentos transversais diferenciais, o

que gera flexão do tabuleiro em torno do eixo vertical.

Tabela 12 - Características dinâmicas do 2º modo de

vibração

Período

0,315 seg Participação de Massa

Long. Transv. Rot.z 0,0% 86,0% 67,2%

Figura 40 - 2º modo de vibração do viaduto

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42

3º - 7º Modos

O 3º modo de vibração do viaduto já não contempla movimentos no plano horizontal,

estando de acordo com a discretização efectuada e explicada anteriormente. O próximo modo

de vibração do viaduto a originar deformação do tabuleiro no plano horizontal terá de ser um

modo que provoca a rotação do tabuleiro em torno de um eixo vertical global. Esse modo está

relacionado com a maior inércia do tabuleiro que, por ser bastante elevada, conduz a valores

de frequência bastante elevados. Antes de se atingir esse modo, assistir-se-ão a outros que

assentam sobretudo na oscilação vertical dos vários tramos, como é o caso do 3º. É

apresentada uma imagem ilustrativa dessa oscilação vertical (Figura 41) e os valores relativos

à análise modal são apresentados em bloco (Tabela 13), por serem todos semelhantes uns aos

outros e serem pouco relevantes para a análise que se quer efectuar.

Figura 41 - 3º modo de vibração do viaduto

Tabela 13 - Características dinâmicas dos modos de vibração verticais

Gama de Períodos

0,253 a 0,152 seg Σ Participação de Massa

Horizontal (Long, Trans. e Rot.)

Verticais

Máx de 0,5% (Long.) 56,9%

8º Modo

Como se esperava, o 3º modo em que o tabuleiro apresenta deformações no plano

horizontal corresponde já a uma frequência elevada. A configuração do modo é coerente com o

que se esperava (Figura 42 e Tabela 14).

Tabela 14 - Características dinâmicas do 8º modo de

vibração

Período

0,147 seg Participação de Massa

Long. Transv. Rot.z 0,0% 0,0% 16,3%

Embora existam mais modos de vibração (tantos como o número de graus de liberdade

do modelo), apenas interessarão para a caracterização da resposta da estrutura os dois

primeiros, pois são os que correspondem aos movimentos mais flexíveis da estrutura, por

serem condicionados pela rigidez dos pilares, com elevados factores de participação modal.

Figura 42 - 4º modo de vibração do viaduto

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43

Faz-se, no entanto, uma chamada de atenção à existência de um valor bastante

significativo de 52,0% que diz respeito à participação de massa na direcção vertical no 7º modo

de vibração. Embora o Eurocódigo 8 - Parte 2 (CEN, 2003) seja peremptório na inclusão do

efeito da oscilação vertical, devido à acção sísmica, em tabuleiros pré-esforçados, como é o

caso do viaduto em estudo, neste trabalho não se dará especial atenção a este efeito, uma vez

que o que se pretende avaliar é o comportamento do viaduto associado à flexão dos elementos

verticais. Normalmente, quando comparada com as acções variáveis regulamentares para as

pontes e viadutos (cargas de faca, veículos fictícios regulamentares) a componente vertical da

acção sísmica não é condicionante.

Este trabalho servirá assim, para avaliar a vulnerabilidade da estrutura às acções

horizontais decorrentes da acção sísmica mais rigorosa que a nova regulamentação veio

implementar. Como são essencialmente os elementos verticais que vão resistir às acções

horizontais, faz sentido que lhes seja dada uma especial importância em estudos semelhantes

ao realizado.

Serão feitas nestes elementos, e através de diversos processos, verificações no âmbito

da resistência e ductilidade, ao mesmo tempo que será avaliado o impacto que a sua

deformação tem no tabuleiro.

Como a obra foi dimensionada recorrendo-se a análises estáticas lineares, que se

sabem ser algo conservativas para a acção sísmica que se considerava na altura, é de todo o

interesse avaliar agora, a mesma estrutura a partir de análises mais complexas e considerando

a acção sísmica definida recentemente e presente no Anexo Nacional do Eurocódigo 8 (CEN,

2003).

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44

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45

5 – Avaliação da resistência sísmica da estrutura – recurso a

análise dinâmica linear

Dentro de vários métodos disponíveis para o dimensionamento e avaliação sísmica de

estruturas, alguns são mais utilizados para o estudo de estruturas correntes (os procedimentos

lineares) e outros são fundamentalmente utilizados para estruturas importantes ou de elevado

valor patrimonial.

A crescente insaciabilidade do homem, por vezes irracional, no que diz respeito à sua

constante superação na construção, tem levado a grandes avanços tecnológicos, incluindo na

área da resistência sísmica. A par dos ventos fortes (ciclones), que se acredita que estejam

intimamente relacionados com o aquecimento global, a sismicidade é dos factores naturais que

mais impacto têm tido no planeta ao longo dos últimos 40 anos, no que diz respeito a mortes e

desalojamentos. É, por isso, urgente que a comunidade científica desenhe mecanismos que

permitam aos seres humanos evitarem as consequências deste tipo de eventos, para que, no

futuro, não se sofram as consequências outrora verificadas.

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46

5.1 - Regulamentação

Implementado em 1983, o “Regulamento de Segurança e Acções” (R.S.A, 1983) trouxe

algumas melhorias em relação à anterior regulamentação Regulamento da Segurança das

Construções Contra os Sismos (RSCCS, 1958), no que diz respeito à consideração da acção

sísmica. Foi no RSA que apareceram as primeiras referências ao cálculo dinâmico linear por

espectros de resposta e ao coeficiente de comportamento. Anteriormente, todo o cálculo

sísmico era feito através de análises estáticas lineares, mais ou menos calibradas, mas sempre

assentes no conceito de “forças de inércia” sujeitas à amplificação através coeficientes

sísmicos associados ao do mapeamento da actividade sísmica do território nacional.

Como se viria a constatar, as análises recorrendo a espectros de resposta viriam a ser

mais realistas, tendo vindo, este tipo de cálculo, a ser amplamente adoptado pelos engenheiros

no cálculo sísmico de estruturas, também devido às facilidades entretanto apresentadas pelos

programas de cálculo automático.

Mais recentemente, com a intenção de uniformizar a regulamentação europeia, têm

vindo a ser implementados regulamentos comuns a todos os países da União Europeia,

denominados Eurocódigos. Incluída numa grande diversidade de regulamentos, aparece a

nova regulamentação anti-sísmica prevista para estes países. Esta regulamentação, mais

avançada que a sua antecessora em Portugal, apresenta novas concepções de espectros de

resposta, mais sofisticados e que melhor se adequam aos diversos locais, aos tipos de terreno

e ao tipo de estrutura. Ao mesmo tempo, foi também revisto o mapeamento do território

português, contemplado no Anexo Nacional, no que diz respeito à acção sísmica.

No Eurocódigo 8, são também abordados e sugeridos novos métodos de análise

sísmica. Estes novos métodos correspondem a análises não lineares estáticas, que serão

explicados e utilizados numa fase mais avançada desta dissertação, juntamente com as

análises dinâmicas não lineares.

A obra em estudo nesta dissertação foi dimensionada de acordo com os requisitos em

vigor no RSA. Contudo, devido à existência desta nova regulamentação (Eurocódigo 8), a

acção sísmica que se considera neste estudo será a definida no Anexo Nacional do Eurocódigo

8.

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47

5.2 - Análise dinâmica linear por espectro de resposta

Nesta secção, fazer-se-á uma análise dinâmica linear de acordo com o Eurocódigo 8.

O procedimento será definido passo a passo para facilitar a compreensão de todo o método.

5.2.1 - Zona sísmica e terreno de implantação

Consultando o zonamento sísmico de Portugal Continental presente no Anexo Nacional

(2007), pode saber-se em que zona se encontra a obra em estudo. Sabendo que se localiza no

distrito de Setúbal, demarcado essencialmente pela zona amarela de ambos os esquemas,

conclui-se que para a acção sísmica 1 (sismo de elevada magnitude a uma elevada distância

focal) a zona é a 3 (1.3) e para a acção sísmica 2 (sismo de fraca magnitude a uma curta

distância focal) a zona é, também a 3 (2.3). Na figura 43 apresenta-se este mesmo zonamento

e o ponto correspondente à zona de implantação da obra.

Figura 43 - Zonamento sísmico de Portugal Continental (Zona centro e sul) - Anexo Nacional

Quanto ao terreno de implantação, há que relembrar a necessidade da criação do

modelo simplificado. Enquanto que no modelo inicialmente criado, o solo era considerado

explicitamente no modelo e a ligação do modelo ao exterior se fazia a uma profundidade

suficientemente grande para se considerar que se estava perante formação rochosa, neste

modelo simplificado, o solo já não existe. Por este motivo, tem que se incluir a amplificação que

o solo retirado ao modelo incutiria nas ondas sísmicas. Desta forma, o espectro de resposta

terá de ser definido, não para um solo rochoso, mas sim para um solo de piores características

mecânicas. Esta alteração reflectir-se-á num espectro com maiores valores de aceleração

espectral e, consequentemente, mais severo. A figura que se segue ilustra a situação explicada

anteriormente.

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Figura 44 - Esquematização da amplificação das ondas sísmicas e posterior aumento de aceleração espectral vs. imposição de um espectro mais desfavorável; aR – aceleração das ondas

sísmicas na rocha, ac – aceleração das ondas sísmicas no solo do tipo C.

De acordo com os resultados dos ensaios SPT, e consultando a tabela 3.1 “Ground

types”, retirada da parte 1 do Eurocódigo 8 e apresentada na tabela 15, pode saber-se qual o

tipo de solo mais indicado a considerar na construção do espectro para a zona em estudo.

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49

Tabela 15- Tipos de solo a considerar na criação do espectro de resposta (CEN, 2003)

Recordando a tabela 3 do capítulo 3.1 pode reparar-se que grande parte do solo

apresenta um número de pancadas, nos ensaios SPT, que se encaixa nos valores

correspondentes ao solo C (15 a 50 pancadas). Os parâmetros necessários à criação do

espectro de resposta, que dependem da natureza do terreno e da zona sísmica constam no

Anexo Nacional e, para as zonas 1.3 e 2.3 são respectivamente:

Tabela 16 - Valores dos parâmetros referentes ao solo do tipo C para as zonas 1.3 e 2.3

Parâmetro Zona 1.3 Zona 2.3

agR (m/s2) – aceleração máxima de referência para a rocha (solo A) 1,50 1,70

TB (s) – limite inferior do ramo espectral de aceleração constante 0,1 0,1 TC (s) - limite superior do ramo espectral de velocidade constante 0,6 0,25 TD (s) – valor definidor do início do ramo de deslocamento constante 2,0 2,0 S – factor de terreno 1,5 1,5

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50

5.2.2 - Coeficiente de comportamento e coeficiente de importância

Nesta secção determinam-se os valores dos coeficientes de comportamento e de

importância, segundo o preconizado no Eurocódigo.

5.2.2.1 - Coeficiente de comportamento (q)

No EC8 podem encontrar-se vários tipos de funções para diferentes tipos de espectros

de resposta. No caso deste trabalho, o espectro de resposta escolhido diz respeito às

componentes horizontais da acção sísmica. Dentro destes, podem encontrar-se dois tipos de

espectros distintos: elástico e de dimensionamento. A diferença entre ambos reside na inclusão

do factor q (coeficiente de comportamento) no espectro de dimensionamento que pretende

considerar indirectamente o comportamento não linear da estrutura durante a actuação da

acção sísmica. A tabela 4.1 apresentada na parte 4.1.6 da 2ª parte do Eurocódigo permite

obter o coeficiente de comportamento para vários tipos de viadutos.

O coeficiente de comportamento pode ser obtido de acordo com a expressão abaixo

apresentada, que está calibrada para estruturas de betão armado (cujo coeficiente de

amortecimento (ξ) é de 5%) com características semelhantes às que o viaduto em estudo

apresenta.

( , (6.1)

onde

⁄ , sendo que:

- distância entre a rótula plástica e o ponto de momento nulo do pilar;

h - altura da secção do pilar no plano de flexão do pilar aquando da formação

da rótula plástica.

Para o viaduto em estudo, a altura dos pilares é constante e igual a 7,5m. Para acções

horizontais, a formação das rótulas plásticas ocorre nas secções dos pilares próximas ao

tabuleiro e aos vários maciços de encabeçamento, e a zona de momentos nulos nestes

elementos, para a mesma acção, é a meia altura. Desta forma, toma o valor de 3,75m

enquanto h equivale ao diâmetro da secção dos pilares, 1,4m. Tem-se então:

O que permite calcular λ( de acordo com a equação seguinte:

Se: 1,0 < < 3,0 , λ( √

(6.2)

Obtém-se, por fim, o valor do coeficiente de comportamento

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51

5.2.2.2 - Coeficiente de importância

Para salvaguardar as estruturas que desempenham um papel mais importante para a

comunidade, o EC8 prevê uma hierarquia de diversos tipos de construções mediante a sua

importância. Naturalmente, quanto maior for a necessidade da sua operacionalidade, mais

rigorosa será a acção sísmica que essa construção terá de suportar. A tabela 17 representa

algumas dessas estruturas e as suas respectivas classes de importância.

Para obras de arte, como é o caso da obra em estudo, a análise à classe de

importância é feita de acordo com o ponto 2.1 do EC8 parte 2. Nesse ponto pode ler-se o

seguinte:

“Bridges shall be classified in importance classes, depending on the consequences of their failure for human life, on their importance for maintaining communications, especially in the immediate post-earthquake period, and on the economic consequences of collapse. (…)

In general road and railway bridges are considered to belong to importance class II (average importance), with the exceptions noted below.

Importance class III comprises bridges of critical importance for maintaining communications, especially in the immediate post-earthquake period, bridges the failure of which is associated with a large number of probable fatalities and major bridges where a design life greater than normal is required. (...)

Importance classes I, II and III correspond roughly to consequences classes CC1, CC2 and CC3, respectively, defined in EN 1990:2002, B3.1.”

Embora o ponto 2.1 remeta a escolha dos coeficientes de importância ( ) para o

Anexo Nacional de cada país, estes valores não constam no Anexo Nacional Português. Está

também estipulado no ponto 2.1 que a classificação de importância para estas estruturas se

assemelha à classificação realizada de acordo com a classe de consequências presente no

Anexo B do Eurocódigo 0. A tabela que se segue representa a correspondência entre as duas

classificações e os valores de coeficiente de importância a adoptar para cada categoria.

Tabela 17 - Classes de importância (Eurocódigo 0 (CEN, 2003))

Classe de consequências

Descrição (perda de vidas humanas ou prejuízos

económicos)

Classe de importância

Valor do coeficiente

de importância ( )

CC1 Leve I 0,8 CC2 Moderado II 1,0 CC3 Grave III 1,2

- - IV5 1,4

5 A classe de importância IV apenas se aplica a edifícios de características muito especiais,

(edifícios produtores de energia ou edifícios de acção social) não tendo correspondência directa para o tipo de estruturas em estudo. A escolha do coeficiente de importância fica, contudo, sempre ao critério do projectista e do dono de obra.

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A obra em estudo encaixa na categoria CC3 (classe de importância III). Embora o seu

colapso não significasse necessariamente uma perda significativa de vidas humanas nem seja

uma estrutura de custos extraordinários, é provável que a falha do seu normal funcionamento

viesse a corresponder a uma quebra económica considerável, pois a sua reposição poderia

levar alguns meses, o que não seria desejável, uma vez que se trata da principal via de ligação

entre o centro e o sul do país. Como não existe nenhuma referência a este tema no projecto de

execução, a escolha do coeficiente de importância de 1,2 para este estudo é meramente

académica.

5.2.3 – Espectros de resposta

Na análise dinâmica linear, a acção sísmica é definida de forma indirecta a partir de

espectros de resposta. Os espectros de resposta, tal como são apresentados no EC8 são

funções definidas por troços e representam valores de aceleração espectral em função de

valores de períodos. O cálculo sísmico da estrutura é então efectuado, recorrendo à análise

modal da estrutura, a partir da qual se ficou a conhecer o comportamento dinâmico. Só depois

de conhecer o seu comportamento dinâmico, se pode calcular o efeito dos sismos.

A função que define o espectro de resposta de dimensionamento no EC8 tem a

seguinte forma:

( *

(

)+;

(6.3)

(

;

(6.4)

(

, ( ;

(6.5)

(

, ( , (6.6)

onde: ( é o valor da aceleração espectral;

é o período de vibração de um sistema de um grau de liberdade;

, , e são parâmetros já explicados na tabela 16 e é o coeficiente de

comportamento;

é a aceleração de projecto em rocha (terreno tipo A), que se obtém fazendo o

produto .

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53

Os espectros para as acções sísmicas do tipo 1 e 2 (zonas 1.3 e 2.3), e para o terreno

de fundação classificado como “C” constam no gráfico apresentado na figura 45. Apresenta-se

também o espectro relativo ao solo do tipo A (rocha) para que se possa facilmente

compreender as implicações que o tipo de solo tem na gama dos valores da aceleração

espectral e consequentemente na definição da acção sísmica. Recorda-se que o espectro do

solo A seria o espectro a utilizar caso se tivesse utilizado o modelo onde o solo estava

explicitamente considerado.

Figura 45 - Espectros de resposta de dimensionamento para os tipos de solo A e C

Visualizando o gráfico, pode perceber-se a importância da definição dos dois tipos de

acção sísmica. Contrariamente ao que se pode pensar, a acção sísmica oriunda da falha

interplacas (sismo 1), geradora de sismos de maior magnitude, nem sempre é a mais

desfavorável. Como se pode constatar, a zona de períodos inferiores a 0,3 segundos apresenta

valores de aceleração espectral consideravelmente mais elevados, para a acção sísmica

intraplaca (sismo 2). Recordando os valores de períodos dos modos de vibração mais

significativos (1º e 2º) da obra em estudo, respectivamente 0,422 e 0,316 segundos, e

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Ace

lera

ção

esp

ectr

al (

m/s

2)

T (seg)

Sismo 1 solo A

Sismo 2 solo A

Sismo 1 Solo C

Sismo 2 Solo C

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localizando esses mesmos valores no gráfico acima, pode concluir-se que, de facto, para esta

estrutura, a acção sísmica do tipo 1 é a mais condicionante.

Calculados os valores de deformações/esforços para cada modo de vibração e

direcção, resta fazer a combinação de todos os resultados modais, de forma a obter um

resultado final destas mesmas grandezas, para que se possa partir para a fase de

dimensionamento ou verificação de segurança, como se pretende fazer com o viaduto em

estudo.

A combinação dos vários modos de vibração para a aferição do resultado final foi feita

de acordo com o que o ponto 4.2.1.3 do EC8 – Parte 2 estipula:

“ (1) In general the probable maximum value E of a seismic action effect (force,

displacement etc.) shall be taken as equal to the square root of the sum of squares of

the modal response, Ei (SRSS-rule) (…

(2) When two modes have closely spaced periods the SRSS rule is

unconservative and more accurate rules shall be applied. Two natural periods, T i, Tj,

may be considered as closely spaced natural periods if they satisfy the condition:

√ (6.7)

(3) For any two modes satisfying expression (6.7), the method of the

Complete Quadratic Combination may be used instead of the SRSS rule (…)”

Tendo em conta que os 2 primeiros modos são os que mais influência têm na estrutura,

será em relação a estes modos que será feita a verificação que o ponto 4.2.1.3 recomenda.

Faz-se uma chamada de atenção para a parte radical da expressão que remete para a

possibilidade de existirem coeficientes de amortecimento diferentes entre modos consecutivos.

Este facto não se verifica na estrutura em estudo ( ). A parte direita da

inequação toma então o valor de 1,5.

(6.8)

Fica então concluído que a utilização da Combinação Quadrática Completa como

método de combinação de resultados dos vários modos de vibração se adequa melhor ao caso

em estudo.

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55

No que diz respeito à combinação direccional de resultados, o ponto 4.2.1.4 é também

explícito:

“The probable maximum action effect E, due to the simultaneous

occurrence of the components of the seismic action along the horizontal axes X

and Y and the vertical axis Z, may be estimated in accordance with EN 1998-1:

2004, 4.3.3.5.2(4), i.e. through application of the SRSS rule to the maximum

action effects Ex, Ey and Ez due to independent seismic action along each áxis”

Utilizar-se-á então o método SRSS (Raíz quadrada da soma dos quadrados) como

método de combinação direccional da acção sísmica.

Apresenta-se, a título de curiosidade, a janela do “SAP 2000” onde foram introduzidos

os comandos respectivos a todo o processo explicado ao longo do capítulo (Figura 46).

Figura 46 - Definição dos parâmetros da acção espectral correspondente ao sismo 1

Repare-se que no campo “Function” aparece o parâmetro Sismo 1. Este parâmetro foi

definido anteriormente no programa como sendo uma função, ou seja, um espectro de

resposta. Neste caso, o espectro de resposta que aparece traçado a azul-escuro na figura 45.

Pode também observar-se a não consideração do efeito vertical do Sismo 1 através da

utilização de um factor multiplicativo de 0 na direcção U3 (vertical).

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56

5.3 - Combinação da acção sísmica com outras acções

Concluídos todos os processos necessários à correcta definição da acção sísmica e ao

cálculo dos seus efeitos, resta combinar estes efeitos com os efeitos das restantes acções. De

acordo com o ponto 5.5 de EC8 – parte 2, no dimensionamento sísmico de estruturas, o efeito

das acções é contabilizado através da seguinte combinação de acções:

, onde: (6.8)

“+” significa “combinado com”;

são as acções permanentes com os seus valores característicos;

é o valor característico do pré-esforço depois de todas as perdas;

é a acção sísmica de dimensionamento;

é o valor característico das cargas relativas ao tráfego;

é o valor de combinação quase-permanente das cargas relativas ao tráfego; e

é o valor quase permanente das acções de longa duração.

Por não serem relevantes para a análise que se pretende efectuar, algumas parcelas

foram propositadamente excluídas da combinação. São exemplo disso, as parcelas relativas ao

pré-esforço e às acções de longa duração. A parcela relativa às cargas devidas ao tráfego

regulamentar não pode ser excluída, pois, de acordo com o ponto 4.1.2(4) do Eurocódigo 8 -

Parte 2:

“The quasi-permanent values of variable actions shall be taken as equal

to where is the characteristic value of traffic load.(…) Bridges with

severe traffic (…) Road bridges (…) Road bridges with severe traffic

conditions may be considered as applying to motorways and other roads of

national importance.”

Como o viaduto em estudo é parte integrante e indispensável à correcta circulação de

tráfego de uma auto-estrada (motorway), a sobrecarga referente à passagem de veículos tem

de ser tida em conta.

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57

Para majorar o efeito da deformação do tabuleiro no plano horizontal, a principal

influência da sobrecarga rodoviária é o incremento de peso que ela incute na estrutura, sob

forma de massa oscilante, aumentando o período de vibração da estrutura, tornando-a assim

mais deformável.

A definição da sobrecarga a implementar no viaduto pode ser encontrada no capítulo

4.3 do Eurocódigo 1 – Parte 2. Aí estão especificados vários “modelos de carga” para aplicar

em diversas situações, conforme o seu efeito seja mais desfavorável para determinado cenário:

Modelo 1: Cargas distribuídas e concentradas, que abragem a maioria dos

efeitos provocados pelo tráfego convencional;

Modelo 2: Carga concentrada referente a um eixo com áreas de contacto

específicas para simular o efeito dinâmico do tráfego normal em elementos

estruturais de pequenas dimensões;

Modelo 3: Um conjunto de vários eixos que representam veículos especiais

que podem circular em determinadas estradas onde a sua passagem seja

permitida;

Modelo 4: Carga distribuída que simula uma enchente de pessoas.

Como foi dito anteriormente, o principal efeito que se pretende simular, é o incremento

de peso devido ao tráfego. Dos modelos acima apresentados, o modelo que majora o efeito

pretendido é o Modelo 1, pois é o que corresponde a um tabuleiro mais carregado. Este

modelo de carga consiste na definição de 3 faixas6 distintas na via, cada uma com um veículo

de dois eixos, e na distribuição de sobrecargas de superfície (Figuras 47 e 48).

Local

Tandem system TS

UDL system

Peso do eixo (

(kN/m

2)

Faixa 1 300 9 Faixa 2 200 2,5 Faixa 3 100 2,5

Outras Faixas 0 2,5 Área restante

( ) 0 2,5

Figura 47 - Esquema da aplicação do Modelo 1 de sobrecarga rodoviária

6 A palavra “faixa” no contexto da aplicação de sobrecarga não deverá ser confundida com a

palavra “faixa” da expressão “faixa de rodagem”.

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Figura 48 - Distribuição de cargas prescrito pelo Modelo 1

A figura 48 é ilustrativa da distribuição de cargas a aplicar no tabuleiro. Devido ao facto

de o tabuleiro estar simulado como um elemento de barra, a distribuição de cargas não pode

ser igual ao que está apresentado, o que leva à necessidade de adaptar o esquema

apresentado à situação modelada.

Atendendo aos dois primeiros modos de vibração da estrutura (os mais significativos),

pode concluir-se que a posição mais desfavorável dos 3 veículos no tabuleiro é exactamente

no centro do mesmo. Na direcção longitudinal, a presença dos veículos torna-se arbitrária pois

o tabuleiro vibra como se fosse um oscilador de apenas um grau de liberdade (corpo rígido), ao

passo que na direcção transversal, o ponto de maior deformação é o centro de massa, que

apresenta o maior deslocamento devido ao facto de ser o ponto mais afastado dos dois

encontros. Desta forma, a presença dos veículos como massa oscilante deverá fazer-se sentir

no centro do tabuleiro.

Como os resultados da análise modal variam de acordo com a massa da estrutura, as

cargas variáveis tiveram de ser transformadas, ou em pontos de massa concentrada ou em

distribuições uniformes de massa. Poder-se-ia criar dois pontos de massa, para melhor simular

os dois eixos dos veículos, contudo, para simplificar o cálculo, optou-se por reduzir todo o

sistema apenas a um ponto de massa concentrada. A transformação dos valores de carga em

termos de massa foi realizada da seguinte forma:

(

(6.9)

Foi então criado um ponto com massa oscilante nas direcções longitudinal e

transversal com valor igual ao calculado acima.

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O mesmo procedimento foi adoptado para a transformação da sobrecarga de superfície

em massa distribuída ao longo do tabuleiro:

(

(6.10)

Devido a este incremento de massa no modelo, revela-se necessário averiguar de que

maneira as características dinâmicas da estrutura são influenciadas. A primeira impressão que

se pode ter é de que a influência não será significativa. Pode-se, por exemplo, calcular o

comprimento de tabuleiro a que corresponde a massa dos veículos:

(6.11)

Como se pode verificar, a imposição dos veículos apenas significa um incremento de

0,84m de tabuleiro no tramo central, o que representa cerca de 3% do comprimento do mesmo.

Já a sobrecarga distribuída pode ser analisada como um incremento na área da secção:

(6.12)

A massa distribuída pelos vários elementos de barra que constituem o tabuleiro tem um

resultado idêntico a um incremento de 0,48 m2 (4,2%) na secção do tabuleiro.

Calculada a influência relativa da existência de novas massas, pode concluir-se que as

alterações dos resultados da análise modal da estrutura não serão muito diferentes dos

apresentados num capítulo anterior. A tabela seguinte apresenta os novos valores de períodos

dos dois primeiros modos de vibração da estrutura e a diferença relativa.

Tabela 18 - Análise modal com sobrecargas regulamentares

Modo de vibração Período pré-SC (seg) Período pós-SC (seg) Incremento (%)

Longitudinal 0,421 0,431 2,33 Transversal 0,315 0,323 2,64

A influência das sobrecargas é ainda importante para estimar o valor de esforço axial

nos pilares mais condicionantes. Para um bom dimensionamento/desempenho sísmico, é

preponderante que se respeitem os limites de esforço axial dos elementos verticais, de forma a

assegurar o comportamento dúctil destes elementos. Por esse motivo é também necessário

fazer variar a posição dos veículos de forma a majorar a reacção vertical dos pilares. Contudo,

a posição do conjunto de veículos que majora a deformação transversal do tabuleiro (carga a

meio vão do tramo central) não é coincidente com a que mais solicita os pilares (carga em cima

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de um grupo de pilares). Mesmo sendo uma situação impossível de acontecer, as duas

situações foram previstas e combinadas. Esta hipótese só foi utilizada porque na combinação

de acções que se está a utilizar, o valor das cargas relativas a tráfego são afectadas do valor

de 0,2, o que faz com que a sua importância seja bastante reduzida. Recorda-se também que o

trabalho a efectuar não é de dimensionamento mas sim de verificação de segurança, por isso,

se a mesma se verificar numa situação mais desfavorável, pode afirmar-se que se está do lado

da segurança.

A máxima solicitação que um pilar pode ter, devida ao tipo de sobrecarga utilizada,

pode ser calculada utilizando um modelo de viga simplesmente apoiada, em que a viga

representa a secção transversal do tabuleiro e os dois apoios representam os dois pilares em

que o tabuleiro assenta. Como a secção do tabuleiro na zona dos pilares é dotada de uma

carlinga, pode afirmar-se que se está perante um corpo rígido sujeito apenas a binários de

forças, como apresenta a figura seguinte:

Figura 49 - Modelação transversal do tabuleiro na zona dos pilares para cálculo do esforço axial máximo nos pilares devido aos veículos

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O valor máximo de R1, que resulta da aplicação de um carregamento igual ao

apresentado na figura 49, pode ser obtido fazendo o somatório de momentos no apoio 2,

obtendo-se assim uma equação em função do valor que se pretende. A tabela 19 resume os

cálculos efectuados. Por questões de simplicidade, fez-se coincidir os dois eixos dos veículos

(à semelhança do que foi feito para a implementação de pontos de massa concentrada no

tabuleiro).

Tabela 19 - Cálculo de momentos no topo do pilar 2

Carga Valor Largura (m) Comprimento

7

(m) Braço

(m) Momento em 2

(kN.m)

Dist.

9 kN/m 3

28

11,63 8792,28

2,5 kN/m 2,92 -1,46 -298,42

10,13 5,07 3591,59

Pontuais

300 kN

- -

12,63 3789,00

10,63 3189,00

200 kN 9,63 1926,00

7,63 1526,00

100 kN 6,63 663,00

4,63 463,00

∑ 23641,45

O máximo valor de R1, durante a acção sísmica, é:

(6.13)

Este valor da reacção relativa às cargas que simulam os 3 veículos apenas servirá

para agravar a reacção dos pilares mais desfavoráveis durante a acção sísmica regulamentar

cujos resultados da análise se apresentarão na secção seguinte.

7 O comprimento refere-se à área de influência do grupo de pilares mais carregado (na

direcção longitudinal), ou seja, um que separa dois tramos de 28 m

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62

5.4 - Resultados obtidos

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos para a combinação de acções

apresentada anteriormente, recorrendo à análise dinâmica linear para determinar os efeitos da

acção sísmica. Estes efeitos serão separados em duas direcções, a direcção longitudinal e a

transversal. Apresentar-se-ão então os valores referentes ao deslocamento do tabuleiro e aos

esforços nos pilares. Serão também feitas verificações ao nível da ductilidade destes

elementos verticais.

5.4.1 - Deformação do tabuleiro

A deformação no tabuleiro não pode ser medida directamente a partir do modelo

elaborado devido à inclusão dos efeitos não lineares no espectro de resposta. Desta forma,

revela-se necessário recorrer ao Eurocódigo 8 para estimar a real deformação do tabuleiro. De

acordo com os pontos (6) e (8) de 2.3.6.1 do Eurocódigo8 – Parte 2:

“(6)P If linear seismic analysis based on the design spectrum in

accordance with EN 1998 1:2004, 3.2.2.5 is used, the design seismic

displacements, , shall be derived from the displacements, , determined

from such an analysis as follows:

μ (…)”

“(8)P The displacement ductility factor shall be assumed as follows:

When the fundamental period T in the considered horizontal direction is

(…) then

μ ,

if , then

μ (

where q is the value of the behaviour factor assumed in the analysis that results

in the value of .”

De acordo com o ponto 6, deslocamentos resultantes de análises sísmicas com recurso

ao espectro de resposta de dimensionamento deverão ser multiplicados pelo factor de

ductilidade de deslocamento. Este, por sua vez, poderá ser igual ao coeficiente de

comportamento global (utilizado na construção da função espectral, ou pode ser sujeito a

ligeiras modificações). Verificar-se-á então, em primeiro lugar, a validade da inequação

presente no ponto 8. (Ver tabela 20)

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Tabela 20 – Parâmetros da inequação do ponto (8)

T longitudinal T transversal 8

0,431 seg 0,323 seg 0,75 seg

Uma vez que para ambas as direcções, é necessário calcular o factor de

ductilidade de deslocamentos (μ ) para cada uma dessas direcções.

Tabela 21 - Valores de µd

Longitudinal Transversal

μ (

5,00 6,32

12,5

A partir dos valores obtidos com o programa de cálculo, os deslocamentos do nó de

controlo do tabuleiro (nó coincidente com o centro de massa) resultantes do efeito da acção

sísmica e, aplicando os respectivos valores de µd, obtêm-se os seguintes deslocamentos:

Tabela 22 - Deslocamentos reais do nó de controlo do tabuleiro segundo o Eurocódigo

Deslocamento Longitudinal Deslocamento Transversal

O ponto 2.3.6.3 do EuroCódigo8- Parte 2 estipula ainda que os deslocamentos obtidos

desta análise dinâmica linear devem ser combinados com os que resultam de outras acções,

como a temperatura, retracção e fluência. O valor dos deslocamentos devidos a essas acções

não foi, no entanto, estimado, no âmbito deste trabalho, uma vez que a ordem de grandeza dos

mesmos, quando comparados com os que resultam da acção sísmica é menos significativa.

8 O valor de em questão é o que diz respeito à acção sísmica do tipo 1 ( pois é

a mais condicionante para a estrutura em estudo.

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5.4.2 - Esforços nos pilares

Nesta secção apresentar-se-ão os esforços nos pilares decorrentes do efeito da acção

sísmica regulamentar, combinados com os que resultam das cargas permanentes e das

sobrecargas definidas anteriormente. Foi criada, no programa, a combinação da acção sísmica

com as cargas permanentes, de forma a apresentar já os resultados finais para estas duas

componentes. O incremento de carregamento axial proveniente das sobrecargas será incluído

no pior cenário, do pilar mais desfavorável, encontrado para a combinação criada.

A partir dos resultados da combinação de acções, foi possível verificar que existem

apenas dois tipos de pilares no que diz respeito aos valores de esforços obtidos: os exteriores

e os interiores. De acordo com os vãos que cada par de pilares separa, facilmente se conclui

que os interiores estão sujeitos a valores superiores de esforços axiais pois separam dois vãos

de 28,0 m ao passo que os exteriores separam um vão de 28,0m de um de 22,8m. Por outro

lado, serão também os pilares interiores a ser mais solicitados em termos de flexão, devido ao

segundo modo de vibração do viaduto, que obriga os pilares centrais a uma deformação muito

superior na direcção transversal, ao passo que longitudinalmente, os esforços absorvidos são

quase idênticos. Assim, será num pilar central que terá de ser aplicado o incremento de

solicitação axial proveniente das sobrecargas, de forma a obter o pilar mais esforçado do

conjunto (Figura 50).

Figura 50 - Pilares mais esforçados do viaduto (pilares interiores)

Os esforços resultantes da combinação da acção sísmica com as cargas permanentes,

obtidos para este grupo de pilares apresentam-se na tabela 23:

Tabela 23 - Esforços no pilar mais desfavorável resultantes da combinação da acção sísmica com o peso próprio

Tipo de esforço Local Valor

Esforço Axial N Base (-) 4947,88 kN

Momento My Topo 4086,39 kN.m

Base 3911,33 kN.m

Momento Mx Topo 3095,31 kN.m

Base 2763,54 kN.m

Esforço Transverso Vx Topo 1051,86 kN

Base 1076,36 kN

Esforço Transverso Vy Topo 763,30 kN

Base 793,56 kN

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Para finalizar os esforços de dimensionamento, o Eurocódigo aconselha a utilização de

métodos que contabilizem os efeitos de segunda ordem (efeitos geometricamente não

lineares). Esta recomendação pode ser encontrada no ponto 5.4 do Eurocódigo 8 – Parte 2:

“For linear analysis, approximate methods may be used for estimating the

influence of second order effects on the critical sections (plastic hinges), also taking into

account the cyclic character of the seismic action wherever it has a significant

unfavourable effect.

,

where NEd is the axial force and dEd is the relative transverse displacement of the

ends of the considered ductile member, both in the design seismic situation.”

Antes de realizar o cálculo do incremento dos efeitos de segunda ordem, é necessário

considerar o incremento de esforço axial provocado pelas cargas variáveis. Apresenta-se de

seguida o cálculo referente ao incremento no momento dos pilares devido aos efeitos de

segunda ordem e os esforços finais de dimensionamento para o pilar mais desfavorável. Para

tal, recorreu-se à equação (6.14).

(

( (6.14)

onde: - deslocamento das extremidades do pilar mais desfavorável resultantes da análise

dinâmica linear por espectro de resposta; - esforço axial resultante das cargas permanentes;

- esforço axial máximo resultante da sobrecarga rodoviária (secção 5.3).

( (

( (

Tabela 24 - Esforços finais do pilar mais desfavorável para a análise dinâmica linear

Tipo de esforço Valor

Esforço Axial N 5448,23 kN

Momento My 4192,98 kN.m

Momento Mx 3166,76 kN.m

Esforço Transverso Vx 1076,36 kN

Esforço Transverso Vy 793,56 kN

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Os valores apresentados acima correspondem a uma envolvente de esforços registada

para a acção sísmica considerando dos efeitos de segunda ordem. Dado que a secção dos

pilares é circular, a segurança dos mesmos poderá ser, simplesmente verificada, fazendo a

verificação à flexão composta.

De notar que os valores dos esforços obtidos são referentes à totalidade da acção

sísmica a actuar em cada uma das direcções, o que na realidade não acontece. Por esse

motivo, pode-se aproximadamente adoptar o critério de que o elemento deverá resistir não aos

momentos nas duas direcções por inteiro mas a um deles por inteiro combinado com 30% do

da direcção ortogonal.

Dada a simetria radial, a combinação de esforços mais grave para o pilar será a que

inclui o maior momento devido à acção sísmica e 30% do menor. Esses dois esforços deverão

ser transformados, vectorialmente, num só e depois combinados com o esforço axial.

√( ( √ (

Para verificar a segurança da secção, é necessário definir a curva de interacção N-M.

Para a criar, foi utilizada uma aplicação de MATLAB (Mathworks, 2008) denominada CUMBIA

(CFL, 2007). Esta aplicação será descrita mais pormenorizadamente no capítulo seguinte. A

curva de interacção obtida para os pilares em questão é a seguinte:

Figura 51 - Curva de interacção N-M para os pilares em análise

-30000,00

-25000,00

-20000,00

-15000,00

-10000,00

-5000,00

0,00

5000,00

10000,00

0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00

Esfo

rço

No

rmal

(kN

)

Momento Flector (kN.m)

Interacção N-M

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A linha horizontal é referente ao esforço axial de 5448,23kN que corresponde ao pilar

mais carregado na situação de estar a ser actuado pela sobrecarga rodoviária. O valor de MRd

medido na curva de interacção para este esforço axial é de 4744,28 kN.m. A segurança é

então verificada, uma vez que MRd > MEd. Verificou-se também a segurança da mesma secção

actuada pelo mesmo momento flector mas sem a presença da sobrecarga rodoviária, pois o

incremento de compressão proporcionado por esta carga pode aumentar a resistência da

secção. Como se pode visualizar na figura 51, a curva de interacção é intersectada pela recta

de esforço axial que contempla a existência de sobrecagra rodoviária numa fase onde o

aumento de esforço axial é benéfico para a resistência da secção. Desta forma, retirando o

valor do esforço normal máximo que pode ser originado no pilar mais desfavorável, fica-se com

o valor de N que está apresentado na tabela 23. Para este valor de esforço axial, o valor do

momento flector resistente foi de 4597,33 kN.m. Continua portanto, a verificar-se a segurança,

sendo agora a margem de segurança mais ténue.

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6 – Avaliação sísmica da estrutura – recurso a análises

estáticas não lineares

Obtidos, no capítulo anterior, os resultados do desempenho sísmico do viaduto para

uma análise dinâmica linear, proceder-se-á ao mesmo cálculo mas desta vez recorrendo a

análises não lineares.

Tal como nas análises lineares, também as não lineares podem ser estáticas ou

dinâmicas. Nas estáticas (CEN, 2003), também conhecidas por análises “pushover”, define-se

a capacidade resistente da estrutura a partir de carregamentos impostos, que gradualmente

aumentam de intensidade, até se atingir o mecanismo de colapso da estrutura. Neste tipo de

análise, a acção sísmica é definida a partir de espectros de resposta. A descrição detalhada

destes métodos pode ser encontrada em Bento, et al., (2004). As análises dinâmicas não

lineares definem a acção sísmica a partir de acelerogramas compatíveis com o espectro de

resposta característico da zona em estudo. Os acelerogramas são funções que definem a

aceleração no solo ao longo de um intervalo de tempo. A descrição destas análises é feita em

Denoël, (2001).

Contudo, devido à precisão que estes métodos podem oferecer, em particular as

análises dinâmicas não lineares, para obter resultados satisfatórios, é essencial conhecer bem

os conceitos teóricos que envolvem este tipo de análises, pois dependem de uma grande

quantidade de parâmetros e pormenores.

À semelhança do que foi feito para a análise dinâmica linear, também nas análises não

lineares se avaliará o desempenho sísmico do viaduto em termos da deformação do tabuleiro e

de esforços nos elementos verticais. Fazer-se-ão também, como o Eurocódigo 8 preconiza,

outros tipos de verificações, na sua maioria relacionadas com questões de não linearidade dos

elementos.

As secções que se seguem, representam um processo sequencial, similar ao que foi

utilizado na modelação, e está elaborado e organizado de forma a que possa servir como um

guia de recomendação a quem pretenda realizar um tipo de análise semelhante à que se irá

efectuar.

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6.1 - Definição da capacidade resistente das secções

condicionantes dos elementos estruturais

Quer se trate de uma análise dinâmica ou estática não linear, o ponto de partida das

mesmas consiste na caracterização não linear dos materiais que constituem as secções dos

elementos onde é previsível a formação de rótulas plásticas. Estas zonas correspondem

normalmente às zonas mais esforçadas dos diversos elementos estruturais.

Como se pôde constatar pelos resultados obtidos na análise linear efectuada

anteriormente, mesmo nestes elementos, determinadas zonas são mais afectadas pela acção

sísmica do que outras. Estas zonas são o topo e a base dos pilares, onde o valor do momento

flector, em qualquer uma das direcções, toma os valores mais significativos de todo o

elemento. Será portanto, essencialmente, a partir da resistência e capacidade de deformação

dessas zonas dos pilares, que se poderá aferir sobre o comportamento não linear da estrutura

quando sujeita à acção sísmica.

A análise de “pushover”, que permite a definição da capacidade resistente global da

estrutura, exige que para as secções condicionantes dos pilares, seja definida a envolvente

monotónica.

Para definir a envolvente monotónica da secção, utilizou-se novamente a aplicação

CUMBIA (CFL, 2007). Esta aplicação permite a utilização de vários modelos matemáticos para

definir as relações constitutivas dos vários materiais, bem como as relações momento-

curvatura da secção em questão. Para isso, é necessário definir alguns dados de entrada9 para

que se possa depois prosseguir com o cálculo. (Tabelas 25-32 e Figura 52)

Tabela 25 - Características da secção

D 1400 mm Diâmetro da secção

Clb 30 mm Recobrimento

Tabela 26 - Características do elemento

L 7500 mm Altura livre do elemento

Flexão Ambos Extremos impedidos de rodar Ductilidade Uni-axial Uni ou bi-axial

Tabela 27 - Armaduras de reforço

Nbl 26 Nº de varões longitudinais

Dbl 25 mm Diâmetro da armadura longitudinal Dh 12 Diâmetro da armadura transversal

Tipo de armadura Estribos Estribos (elos) ou espirais s 100 mm Espaçamento dos estribos

9 As variáveis que representam os vários dados estão representadas de acordo com o que o

programa apresenta.

Figura 52 - Secção transversal dos pilares (a secção tem ainda travamentos radiais,

contudo a aplicação não permite a sua simulação)

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Tabela 28 - Valor da carga axial

P -4800 kN Carga Axial10

Tabela 29 - Modelos de cálculo dos materiais

Modelo do betão confinado Mander confinado

Modelo do betão não confinado Mander não confinado Modelo das armaduras Raynor

Tabela 30 - Características dos materiais

fpc 16,7 Mpa Tensão de compressão

Ec 31000 Mpa Módulo de elasticidade eco 0,002 Extensão do betão não confinado para o valor de tensão de

compressão esm/esu 0,10 Extensão máxima do aço dos estribos/arm. longitudinal

esp 0,0064 Extensão máxima do betão não confinado fy 348 Mpa Tensão de cedência do aço das armaduras longitudinais

fyh 348 Mpa Tensão de cedência do aço das armaduras transversais Es 200000

Mpa Módulo de elasticidade do aço

fsu 400 Mpa Tensão normal máxima do aço esh 0,008 Extensão do aço das armaduras longitudinais aquando da ocorrência

do endurecimento Ey 0 Mpa Módulo de elasticidade do aço pós-cedência e pré-endurecimento C1 2 Factor que define a curva de endurecimento na modelação de Raynor

Tabela 31 - Estados limites de deformação

ecser 0,004 Extensão de serviço do betão

ecdam 0,012 Extensão do betão que envolve alguns danos esser 0,015 Extensão de serviço do aço esdam 0,06 Extensão do aço que envolve alguns danos

Há que referir que durante este trabalho não foi realizado nenhum tipo de ensaio a

qualquer tipo de material existente na obra, sendo que os valores dos dados utilizados no

cálculo (apresentados nas tabelas anteriores) foram idealizados para materiais em condições

de utilização nula (valores de laboratório). Um procedimento mais acertado passaria por uma

inspecção ao viaduto e uma detalhada análise à integridade dos materiais que o constituem.

Por esse motivo, todos os valores relativos a parâmetros relacionados com a elasticidade dos

materiais foram utilizados, de acordo com os valores sugeridos e pré-definidos da aplicação.

Desprezou-se também, o efeito do esforço transverso, na avaliação da deformação.

10

O valor de 4800 kN de carga axial é referente à combinação das cargas permanentes com o valor reduzido da sobrecarga, que se calculou anteriormente (≈500 kN)

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72

6.1.1 – Relação constitutiva do aço

Para definir a relação constitutiva do aço, optou-se por utilizar o modelo de Raynor, et

al.,(2002) para definir a relação constitutiva do aço. Na figura 53, representa-se

esquematicamente esta relação. Todos os valores notáveis que constam neste esquema estão

apresentados na tabela referente às características dos materiais apresentada anteriormente.

Exceptua-se o parâmetro ey (εy) (extensão do aço relativa à cedência) por ser calculado

através dos valores de Es (módulo de elasticidade do aço) e fy (valor da tensão do aço

referente à cedência)

Figura 53 - Exemplo da relação constitutiva do aço segundo o modelo de Raynor

As expressões que permitem traçar uma curva de tensão extensão semelhante à

apresentada na figura 53 apresentam-se de seguida:

(7.1)

( )

(7.2)

( (

(7.3)

onde,

(7.4)

( (7.5)

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73

Utilizando as expressões que se apresentaram anteriormente, definiu-se a relação

constitutiva para o aço em estudo tendo-se optado, no fim, por um valor de C1 igual a 2, para o

ramo da expressão que diz respeito à fase de endurecimento. A escolha deste valor baseou-se

somente na interpretação gráfica obtida. Foi escolhido este factor por originar uma curva de

endurecimento mais verosímil que para outros valores do factor C1.

Figura 54 - Relação constitutiva do aço obtida

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10

Ten

são

(M

pa)

Extensão (adim.)

C1 = 2

C1 = 1

C1 = 10

C1 = 100

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74

6.1.2 – Relação constitutiva do betão

A relação constitutiva do betão (tensão do betão ( ) em função da sua extensão ( ) é

um pouco mais complexa que a do aço pois depende de um maior número de parâmetros.

Para encontrar a relação constitutiva do betão utilizaram-se dois modelos, ambos assentes na

teoria de Mander (Mander, et al., 1988). Construir-se-ão duas curvas para esta relação,

correspondentes ao betão confinado e não confinado. A comparação das duas curvas servirá

para que se perceba a real importância que o efeito do confinamento garantido pelas cintas

tem na ductilidade e resistência do pilar.

Nas equações seguintes apresentam-se as operações que permitem definir a relação

constitutiva do betão.

(7.6)

(7.7)

é a extensão longitudinal do betão

* (

)+

(7.8)

é a extensão máxima longitudinal do betão não confinado

é tensão máxima no betão não confinado

(7.9)

(7.10)

(

), extensão última do betão confinado (7.11)

para secções circulares:

( √

)

(7.12)

, tensão de confinamento lateral

(7.13)

é a tensão de cedência para o aço da armadura transversal

(7.14)

é a área do varão da armadura transversal

é o diâmetro da área de betão dentro da armadura transversal (diâmetro do núcleo)

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75

(

)

, para armadura do tipo do estribo (elos)

(7.15)

é o espaçamento dos estribos

é a percentagem de armadura longitudinal no núcleo

Com as expressões atrás definidas pode, então, traçar-se o andamento da curva

constitutiva do betão confinado. A curva referente ao betão não confinado pode obter-se da

mesma maneira que o betão confinado (7.6), com as seguintes diferenças:

O valor da tensão devido ao confinamento lateral toma o valor nulo;

Para tensões superiores a ( ), o ramo descendente é assumido como

sendo uma linha recta que assume o valor de para uma extensão igual a .

Apresenta-se de seguida os resultados obtidos para as relações constitutivas do betão,

confinado e não confinado.

Figura 55 - Curvas constitutivas para o betão

Como se pode verificar no gráfico acima, o contributo dado pela armadura transversal é

notório, pois não só aumenta a resistência axial de compressão, como também quase triplica a

sua extensão admissível. Este último factor é determinante para que se possam gerar zonas de

plasticidade concentrada com capacidade de deformação pós-cedência, como são as rótulas

plásticas. A principal razão que leva a este aumento de ductilidade do betão é o efeito de

confinamento fornecido pela armadura transversal que previne a desagregação do betão no

fuste do pilar, desacelerando a sua degradação durante a acção cíclica do sismo ao mesmo

tempo que impede a encurvadura dos varões longitudinais.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

22,0

0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018

Ten

são

(M

pa)

Extensão (adim.)

Confinado

Não confinado

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76

6.1.3 – Relação momento-rotação da rótula plástica

A construção da curva que relaciona a rotação da rótula plástica (definida como o

produto da curvatura da secção pelo comprimento da rótula plástica) com o momento aplicado

é definida gradualmente, e a partir da relação momento curvatura da secção condicionante.

Incrementa-se o valor da curvatura e define-se o valor do momento correspondente recorrendo

às relações constitutivas dos materiais. Para o caso em estudo, o valor do comprimento da

rótula plástica obtido foi de cerca de 0,4m. Este Valor foi obtido de acordo com o processo

iterativo que o programa de cálculo utiliza (Priestley, Seible e Calvi, 1996).

Figura 56 - Relação momento-rotação para a rótula plástica dos pilares

Foram também introduzidos limites para a deformação dos elementos estruturais,

correspondentes a valores máximos ao nível da secção considerando vários estados limite. A

imposição destes valores de limites é de uma grande utilidade, pois permite conhecer

facilmente o estado em que se encontrará a secção após a acção sísmica, sendo possível

prever com mais precisão o tipo de reparação a utilizar.

Neste caso, os valores de extensões dos materiais utilizados para caracterizar os 3

estados limite foram os seguintes:

Tabela 32 - Valores da extensão dos materiais correspondentes aos diferentes estados limite

Extensões No betão (deformação por compressão) No aço (deformação por extensão)

Utilização Controlo de danos Colapso Utilização Controlo de danos Colapso

0,004 0,012 0,017 0,015 0,06 0,100

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

5000,00

0,0000 0,0050 0,0100 0,0150 0,0200

Mo

me

nto

(kN

.m)

Rotação (rad)

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77

Estando definidos os valores das extensões referentes aos vários estados limite dos

dois materiais constituintes da secção, há ainda que referir que, na secção, se considera que

se atingiu o referido estado limite quando, pelo menos um dos dois materiais, o atinge também.

Os valores de momento e rotação para cada um deles constam na tabela seguinte,

bem como se discrimina qual o material que leva a que esse estado limite tenha sido atingido.

Tabela 33 - Valores de momento-rotação referentes aos vários estados limite

Estado limite Utilização Controlo de danos Colapso

Momento (kN.m) 4550,86 4559,15 4552,89 Rotação (rad) 0,0036 0,0112 0,0169

Material em causa Betão Betão Betão

O programa fornece ainda uma aproximação bi-linear da relação momento-rotação

apresentada atrás, para que mais facilmente se possa simular a mesma. O critério que define o

ponto de transição entre a fase elástica e a plástica (θy – rotação de cedência) é o definido na

equação seguinte:

, onde: (7.16)

é o momento nominal da secção e é definido por ser o momento em que ocorre

uma de duas situações: ou a extensão no betão devido à compressão é de 0,004 ou a

extensão do aço toma o valor de 0,015;

e são, respectivamente, o momento e a rotação em que ocorre a primeira

cedência, ou seja, quando se atinge o valor de tensão no aço de 348 MPa.

O ponto de transição entre as fases é então extrapolado a partir dos valores

correspondentes à primeira cedência. Substituindo na equação (7.16), os parâmetros

correspondentes aos valores aquando da cedência do aço, obtém-se:

A forma da aproximação bi-linear e os diversos estados limite podem ser observados na

figura que se segue, onde consta também a relação apresentada anteriormente, para

comparação.

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78

Figura 57 - Relação momento-rotação da secção com aproximação bi-linear e estados limite

A aproximação bi-linear é bastante útil para a simulação da relação momento-rotação

pois é uma maneira mais simples de modelar o comportamento da rótula plástica uma vez que

se substitui uma grande quantidade de pontos por apenas 3, sem que os resultados sejam

muito diferentes. A aproximação bi-linear será mais tarde utilizada no programa de cálculo

automático.

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

5000,00

0,0000 0,0050 0,0100 0,0150 0,0200

Mo

me

nto

(kN

.m)

Rotação (rad)

Relação Momento Rotação(c/ Bi-lin.)

Utilização Colapso Controlo de danos

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79

6.2 – Análise estática não linear

Dos vários tipos de análises estáticas não lineares existentes, o que se irá utilizar neste

trabalho é o proposto por Fajfar [1988], denominado Método N2, pois é o método vigente no

Eurocódigo.

Esta metodologia é semelhante a todas as outras que podem ser usadas para o

mesmo propósito (FEMA 273/356 (Fema-273, 1997), (Fema-356, 2000) e ATC 40 (ATC-40,

1996)) diferindo apenas das demais no processo de transformação da estrutura num sistema

de um grau de liberdade equivalente. Esta medida é necessária para todos os métodos, pois

em todos, a acção sísmica é definida recorrendo a um espectro de resposta (definidos para

sistemas de um grau de liberdade).

O objectivo desta análise é averiguar o comportamento da estrutura até se atingir o

ponto de deslocamento objectivo no nó de controlo. Esse nó de controlo, bem como o valor do

seu deslocamento objectivo estão bem definidos no Anexo H do EC8 – Parte 2. Ao atingir este

ponto, deverá ser averiguada o desempenho da estrutura, em termos de, por exemplo,

esforços nos elementos e rotações nas zonas das rótulas plásticas. Se os valores para estes

parâmetros forem aceitáveis, no fim da análise, poder-se-á dizer que a estrutura está bem

dimensionada e dentro da segurança regulamentar.

Os passos necessários para realizar uma análise estática não linear, de acordo com o

método N2 podem ser encontrados em Bento, et al., (2004) e apresentam-se de seguida:

1. Dados: Modelação dos materiais e elementos estruturais tendo em consideração as

suas propriedades não lineares em regime monotónico. Definição da acção sísmica por

espectro de resposta elástico (e não de dimensionamento, como se faz para as

análises dinâmicas lineares);

2. Conversão do formato espectro de período-aceleração para aceleração-deslocamento

(ADRS) (Este passo é opcional, podendo optar-se por realizar apenas os passos

numericamente);

3. Definição da curva de capacidade resistente: Definição da curva que relaciona o

deslocamento do nó de controlo da estrutura com o valor do corte basal, ao longo do

incremento das cargas laterais;

4. Definição do sistema de 1 grau de liberdade equivalente: Como a acção sísmica é

definida por espectros de resposta, deve-se transformar a estrutura num sistema de um

grau de liberdade equivalente. Calcula-se o factor de transformação (Γ);

5. Verificação do desempenho sísmico do sistema de um grau de liberdade equivalente;

6. Verificação do desempenho sísmico da estrutura. Caso o ponto 2 tenha sido realizado,

pode ver-se graficamente a relação entre as respostas elástica e inelástica da

estrutura.

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80

6.2.1 - Modelo de cálculo

6.2.1.1 – Distribuição de massa do modelo

Para realizar esta análise, foram feitas algumas alterações ao modelo utilizado na

análise linear, para simular exactamente o comportamento pretendido, e para que se pudesse

manter uma noção dos resultados em todos os passos do método.

Como foi explicado anteriormente, a análise “pushover”, que permite definir a curva de

capacidade resistente da estrutura, consiste na aplicação incremental de cargas em

determinados pontos da estrutura. Como a análise é realizada com recurso ao “software” de

cálculo automático, importa compreender de que maneira a análise é por ele realizada, pois a

distribuição das forças laterais a aplicar não é aleatória, havendo várias alternativas para a sua

distribuição. De acordo com o anexo H da 2ª parte do EC 8, a distribuição das forças laterais da

análise de pushover, numa determinada direcção, pode ser:

Constante ao longo do tabuleiro e variável ao longo do fuste dos pilares,

em função da altura do ponto onde é aplicada a força;

Proporcional à configuração do modo de vibração principal dessa

direcção.

Para qualquer uma das hipóteses mencionadas acima, o valor da força a aplicar em

determinado nó da estrutura, será sempre proporcional ao valor da massa que lhe está

associada.

Como já se explicou anteriormente, devido à simetria do viaduto, quer geométrica, quer

em termos de ligações ao exterior, o seu centro de massa é o ponto sujeito a maiores

deformações de toda a estrutura, por isso, revela-se obrigatório que nele seja aplicada uma

destas forças laterais. Por motivos similares, os nós correspondentes ao topo dos pilares terão

também de ser sujeitos a estas forças, para mais correctamente aferir sobre a evolução dos

seus esforços devido à deformação do tabuleiro.

O SAP2000 define automaticamente uma distribuição de cargas laterais proporcionais

ao valor da deformação do modo de vibração mais condicionante nessa direcção, por isso, a

distribuição de nós na estrutura foi reduzida ao mínimo indispensável, para melhor controlar

todo o processo. As alterações realizadas ao modelo utilizado na análise linear consistiram na

eliminação de alguns nós intermédios de vãos e pilares, de forma a que os nós existentes na

estrutura fossem apenas os do topo dos pilares e o centro de massa do tabuleiro (Figura58).

Ao reduzir o número de nós da estrutura, aumentou-se o valor da massa afecta aos nós

existentes.

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81

Figura 58 - Modelo utilizado na análise não linear

Como se pode verificar, foram suprimidas as divisões dos vários tramos a meio vão,

bem como se juntaram os pilares num único elemento de barra, anteriormente dividido em

quatro partes iguais.

A distribuição de massas dos nós obtidos apresenta-se de seguida, na tabela 35.

Tabela 34 - Distribuição de massas do modelo ao longo do tabuleiro

Localização do ponto

Descrição da massa associada Valor da massa associada (ton)

Encontros Metade de um tramo exterior 345,85 Topo dos pilares

exteriores Metade de dois pilares + metade de um tramo

interior + metade de um tramo exterior 800,02

Topo dos pilares interiores

Metade de dois pilares + metade de um tramo interior + um quarto de um tramo interior

666,53

Centro de massa Dois quartos de um tramo interior 449,22

É importante referir que, com estas pequenas alterações aos elementos finitos do

viaduto, os resultados da análise modal sofreram ligeiras alterações. Estas pequenas

diferenças não são, no entanto, relevantes, tendo-se feito sentir apenas nos valores dos

períodos associados, não tendo as configurações modais sofrido alterações. Contudo, são

apresentados os valores dos períodos dos dois primeiros modos de vibração do viaduto

(Tabela 36), pois serão referidos numa fase mais adiantada deste trabalho.

Tabela 35 - Diferenças dos períodos fundamentais do viaduto entre os modelos linear e não linear

Modo de vibração T modelo linear (s) T modelo não linear (s) Diferença relativa (%)

Longitudinal 0,421 0,432 2,61 Transversal 0,315 0,326 3,49

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82

6.2.1.2 – Definição dos parâmetros não-lineares dos elementos verticais

A introdução da relação momento-rotação, obtida anteriormente para a secção

condicionante dos pilares, teve de ser introduzida no modelo manualmente, pois o cálculo da

mesma foi realizado num ambiente exterior ao programa concebido para realizar o modelo.

As figuras que se seguem definem o procedimento realizado para a inclusão das

rótulas plásticas nos elementos verticais. Há que referir que cada pilar foi dotado de 4 rótulas

plásticas, duas para cada direcção, no topo e na base. As características de todas as rótulas

plásticas são idênticas, devido à bi-simetria garantida pela sua forma circular. A única diferença

que levou à definição de dois tipos de rótulas foi a necessidade de realizar a análise de

“pushover” nas duas direcções, o que faz com que a rótula se gere, quer devido a momentos

na direcção x quer devido momentos na direcção y.

Figura 59 - Definição dos esforços condicionantes para a formação da rótula plástica

Como se pode verificar na figura 58, definiu-se que a análise de “pushover” longitudinal

originaria rótulas plásticas com o aumento do valor do momento nos pilares segundo a

direcção M3 (eixo local 3 do pilar, eixo Y global). De notar que o SAP2000 também permite a

definição de uma rótula plástica que dependa da interacção entre M3 e o esforço axial.

Contudo, a acção da compressão, maioritariamente oriunda das cargas permanentes foi já

contabilizada na definição da relação momento-rotação realizada anteriormente.

Analogamente, a análise transversal originará momentos M2 (eixo X global).

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83

Definido a direcção condicionante para a formação de cada rótula plástica, falta definir

a relação não linear momento-rotação que caracteriza o comportamento das rótulas plásticas.

A figura 60 apresenta de que maneira foi definida no SAP2000 a relação não linear.

Figura 60 - Relação momento-rotação da rótula plástica

Recordando a curva definida anteriormente para esta relação e a sua aproximação bi-

linear, constata-se que existem diferenças. A principal diferença entre a relação obtida na

aplicação de MATLAB e a inserida no programa, é a parte inicial da curva, correspondente à

fase elástica da zona onde a rótula plástica é simulada. Como se pode verificar, na figura

acima, esta zona da curva é forçosamente um troço vertical, levando a que se pense que a

rótula tem um comportamento rígido-plástico, quando na verdade, existe uma parcela de

deformação elástica da peça nesta zona. O que acontece, é que a zona elástica da rótula está

implicitamente definida no programa devido à geometria da secção, comprimento do elemento

e características dos materiais modelados. Desta forma, a rótula plástica só começa o seu

processo de deformação para o momento de 4552,89 kN.m. Pode também ver-se a inclusão

dos pontos notáveis referentes ao estado de danos na relação momento-rotação cujos critérios

foram definidos numa fase anterior deste estudo.

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84

6.2.1.3 – Distribuição de forças laterais e determinação dos deslocamentos-objectivo

As forças aplicadas à estrutura para definir a sua curva de capacidade resistente são

incrementadas até que se atinja o deslocamento objectivo do ponto de controlo da estrutura.

Para determinar a localização desse ponto e o deslocamento objectivo, recorreu-se ao anexo H

da parte 2 do Eurocódigo 8. No ponto H.1 pode encontrar-se:

“(1) The non-linear static analysis specified in 4.2.5 should be carried out in the following two horizontal directions:

- The longitudinal direction x, as defined by the centres of the two end-sections of the deck.

- The transverse direction y, that should be assumed to be orthogonal do the longitudinal.

(2) The reference point should be the centre of mass of the deformed deck.

(3)In each of the two horizontal directions x and y, defined in (1) above, a static non-linear analysis (…) should be carried out, until the following target displacements of the reference point are reached:

- in x-direction (longitudinal):

- in y-direction (transverse):

where:

is the displacement in the x-direction, at the centre of mass of the deformed deck resulting from equivalent linear multi-mode spectrum analysis(…) assuming q=1,0 due to Ex “+” 0,3Ey. (…)

is the displacement in the y-direction at the same point calculated similarly

to above.”

Fica então definido o ponto de controlo como sendo o centro de massa do tabuleiro.

Para determinar o valor dos deslocamentos objectivo submeteu-se o modelo a uma

acção definida pelo espectro de resposta do sismo 1, agora não afectado do coeficiente de

comportamento (espectro elástico). A figura que se segue representa graficamente os

espectros de dimensionamento e elástico do sismo 1, para que se tenha uma noção visual das

diferenças entre ambos.

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Figura 61 - Espectros elástico e de dimensionamento do sismo 1 (mais condicionante para a estrutura em estudo)

Submeteu-se o modelo utilizado na análise dinâmica linear ao novo espectro de

resposta elástico para determinar os deslocamentos do centro de massa do viaduto.

Os deslocamentos medidos, no ponto pretendido, para esta acção foram:

Tabela 36 - Deslocamento medidos no centro de massa do tabuleiro para a acção definida pelo espectro de resposta elástico do sismo 1

Direcção Longitudinal (m) Direcção Transversal (m)

0,032 0,023

De acordo com o recomendado no ponto (3) mencionado anteriormente, o

deslocamento a atingir para a análise “pushover” nas duas direcções deverá ser uma

combinação entre os valores obtidos para os deslocamentos em cada uma das direcções,

devido ao sismo nessa mesma direcção e 30% do sismo na direcção ortogonal. Devido à bi-

simetria da estrutura, para cada direcção de actuação da acção sísmica, apenas se verificam

deslocamentos no nó de controlo na direcção em que a acção sísmica actua. Desta forma, os

limites para a análise “pushover” são os mesmos que se apresentaram na tabela 37.

Tabela 37 - Deslocamentos objectivo para a análise ―pushover‖ para cada uma das direcções

Direcção Longitudinal (m) Direcção Transversal (m)

0,032 0,023

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00

Sa (

m/s

2)

Período T (seg)

Espectro elástico do sismo 1 solo C

Espectro de dimensionamento do sismo 1 solo C

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Os valores obtidos e apresentados na tabela 38 representam então, uma primeira

aproximação do que será a meta da análise de pushover, ou seja, correspondem aos valores

de deslocamento do centro de massa do tabuleiro, a partir dos quais as cargas laterais

deixarão de ser incrementadas, por se ter chegado ao termo da análise de pushover.

6.2.2 - Análise na direcção longitudinal

Definidos todos os parâmetros referentes à caracterização da curva de capacidade

resistente, procedeu-se à análise completa do viaduto na direcção longitudinal. A distribuição

de cargas laterais aplicadas no modelo pode ser visualizada na tabela 39 e na figura 62. De

notar que na zona onde os pilares encontram o tabuleiro existem, na realidade 3 nós. Contudo,

para facilitar a apresentação do esquema de forças a aplicar “condensaram-se” esses três

pontos.

Tabela 38 - Forças laterais a aplicar na análise de pushover longitudinal

Zona mi - Massa associada ao nó (normalizado)

Φi - Deformação referente à análise modal nessa direcção

(normalizado)

Valor da força a

aplicar (p)

Encontro 0,432 1,000 0,432p Pilares

exteriores 1,000 1,000 p

Pilares interiores

0,833 1,000 0,833p

Centro de massa

0,562 1,000 0,562p

Figura 62 - Distribuição das forças laterais para a análise longitudinal

De seguida, recorreu-se aos passos definidos no anexo B do EC8 – parte 1, para

determinar o valor do deslocamento objectivo para a acção sísmica condicionante considerada

neste estudo. Para este cálculo tem que se transformar a resposta de sistemas de múltiplos

graus de liberdade (MDOF, multi degree of freedom) para sistemas de apenas um grau de

liberdade (SDOF, single degree of freedom) e vice-versa. No entanto, para a análise nesta

direcção não será necessário recorrer a essa transformação pois, como já foi referidio, e como

0,432p p 0,833p 0,562p

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87

se pode ver na figura 62, o sistema desloca-se, aproximadamente, ao longo do seu eixo, como

se fosse um sistema de apenas um grau de liberdade.

Assim, para calcular o deslocamento objectivo da estrutura, tem primeiro que se definir

a curva de capacidade da mesma. A curva de capacidade consiste numa relação entre o

deslocamento do nó de controlo e a força de corte basal da estrutura. Esta relação caracteriza

a capacidade resistente da estrutura, pelo que se percebe a importância da correcta definição e

aplicação das forças incrementais definidas anteriormente

Um dos passos a seguir, para determinar o deslocamento objectivo corresponde à bi-

linearização da curva de capacidade resistente do sistema de um grau de liberdade

equivalente. (Figura 63)

11 Legenda (SDOF):

F* - Valor de corte basal

d* - Deslocamento do nó de controlo

A – Ponto correspondente à definição de

formação de mecanismo plástico

d*y e F*y - Valores correspondentes à cedência do mecanismo de um grau de liberdade (real ou simulado)

d*m - Deslocamento do nó de controlo

quando se atinge o mecanismo plástico

E*m – Energia libertada durante a deformação até à formação do mecanismo plástico

Figura 63 - Curva de capacidade de um sistema de um grau de liberdade, respectiva bi-linearização e legenda

Para criar a curva de capacidade longitudinal do viaduto, foi definido um carregamento

incremental discretizado em 20 passos, onde o factor “p” foi sucessivamente incrementado, de

acordo com as proporções da tabela 39. Medidos os valores de deslocamento do nó de

controlo e corte basal para os 20 passos, obteve-se a curva de capacidade que se apresenta

na página que se segue. Ao longo dos 20 passos, foram também registados os valores

referentes ao momento flector dos elementos verticais.

11

Note-se que na figura, os diversos parâmetros aparecem com * devido ao facto de serem referentes a uma curva de capacidade de um sistema de SDOF adaptada de uma outra referente a um sistema MDOF.

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88

Figura 64 - Curva de capacidade longitudinal

Como se pode verificar na figura 64, a curva de capacidade resistente do viaduto na

direcção longitudinal apresenta a forma de uma curva de um sistema de apenas um grau de

liberdade, não necessitando, por isso, de se proceder à sua bi-linearização.

Pode ver-se o ponto em que a estrutura deixa de exibir um comportamento elástico

para exibir um comportamento plástico. Para esse ponto (cedência dos elementos verticais)

obtiveram-se os seguintes valores:

deslocamento do nó de controlo (d*y) (comum a todo o tabuleiro) de 0,0112m;

Força de corte basal de 9726,21 kN.

Com o ponto de cedência bem definido, procede-se ao cálculo do período do sistema

equivalente:

(7.17)

onde m* corresponde à massa de um sistema de um grau de liberdade equivalente.

Este valor é dado por:

∑ (7.18)

onde mi representa o valor de massa associada aos diferentes nós (em valor absoluto)

e Φi o vector das componentes modais do modo da direcção em questão (normalizado de

maneira a que o maior parâmetro seja 1). (Figura 65)

0,0112; 9726,21 0,1000; 9726,21

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

8000,00

10000,00

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Forç

a d

e co

rte

bas

al (

kN)

Deslocamento do nó de controlo (m)

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89

Figura 65 - Valores de m (em ton) e Φ (longitudinal) para os diferentes nós do tabuleiro

O valor de m* para a direcção longitudinal é então 4074,02 ton. Substituindo em 7.20,

obtém-se:

Este valor de período é quase igual ao valor obtido para a análise modal (linear), o que

significa que a curva de “pushover” está bem definida. Refira-se que o valor de T* é menor que

o valor do período Tc, o que a torna uma estrutura de período incluído na “gama dos períodos

curtos”.

Para estruturas deste tipo, o valor do deslocamento objectivo é calculado recorrendo a

uma de duas expressões, consoante o valor do quociente Fy*/m* seja maior ou menor que o

valor da aceleração espectral, lida no espectro elástico (Se), associada a esse período. No

presente caso:

(

e por conseguinte, o valor do deslocamento objectivo (dt*) é definido de acordo com a

expressão seguinte:

( (

) (7.19)

onde:

( [

]

(7.20)

e: (

(7.21)

onde ( representa o valor da aceleração espectral para o período da estrutura, obtido no

espectro de aceleração elástico e , o quociente entre as acelerações da estrutura em regime

elástico e da estrutura com capacidade de carga limitada (definido por F*y/m*) .

m=345,85 Φi=1,0

m=800,02 Φi=1,0

m=666,53 Φi=1,0

m=449,22 Φi=1,0

m=666,53 Φi=1,0

m=800,02 Φi=1,0

m=345,85 Φi=1,0

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90

Como T* se encontra entre (0,1s) e (0,6s), o período T* encontra-se no ramo

horizontal da função espectral, cujo valor de aceleração é 6,75 m/s2. Obtém-se então:

[

]

e por fim, o valor do deslocamento objectivo:

( (

)

Encontrado o valor de deslocamento objectivo longitudinal, procedeu-se à análise de

pushover nessa direcção até que o centro de massa do tabuleiro atingisse o deslocamento

longitudinal de 0,04m.

Apresentam-se, de seguida, os passos mais notáveis de todo o procedimento. Para

cada passo, apresentar-se-á o valor do deslocamento do nó de controlo e o diagrama de

momentos dos pilares nessa direcção. Apresenta-se apenas um diagrama de momentos pois

esse diagrama é comum a todos os pilares, uma vez que o tabuleiro se desloca como um copo

rígido na direcção longitudinal, obrigando todos os pilares à mesma deformação.

Deslocamento longitudinal do nó de controlo = 0,0136m

Figura 66 - Características do passo 6 da análise de ―pushover‖ longitudinal (Diagrama de momentos em kN.m)

O passo ilustrado na figura 66 representa o primeiro da fase plástica dos pilares. Como

se pode ver, o valor dos momentos na zonas onde foram simuladas as rótulas plásticas atinge

o valor de momento último, (Mu=4552,89 kN.m). A partir deste ponto, a secção não tem mais

capacidade de absorção de momento flector, dependendo apenas da sua capacidade de

rotação, o facto de se conseguir atingir o deslocamento objectivo em segurança.

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91

Deslocamento longitudinal do nó de controlo = 0,0389m

Figura 67 - Características do passo 19 da análise de ―pushover‖ longitudinal (Diagrama de momentos em kN.m)

No passo 19, atinge-se o estado limite denominado como de utilização. Como se pode

ver, este estado limite é atingido a 0,1mm do deslocamento objectivo. O diagrama de

momentos continua, obviamente, com os mesmos valores que os apresentados no passo

anterior.

Ultrapassados os 20 passos correspondentes à discretização da análise de “pushover”

na direcção longitudinal, atinge-se finalmente o valor de 0,040m para o deslocamento do

tabuleiro. O valor das rotações medidas nas rótulas do topo e da base dos pilares para este

valor de deformação é então dado pela equação (7.22).

, onde (7.22)

- valor da rotação da rótula plástica medida no final da análise;

- valor da rotação elástica da secção no instante em que se atinge, na secção, o

valor do momento referente à cedência do aço (neste caso, passo 5);

- valor da rotação da rótula plástica no momento em que se atinge o valor do

deslocamento objectivo do nó de controlo (último passo).

A figura 68 representa a curva da relação momento-rotação na zona da rótula plástica

ao longo de todos os passos da discretização contemplados na análise.

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Figura 68 - Evolução do comportamento da rótula plástica ao longo dos passos da análise de pushover longitudinal (passo 20)

O valor máximo de rotação plástica que as rótulas plásticas sofrem na direcção

longitudinal é de 3,928x10-3

rad. Esta rotação existe na zona onde os pilares encontram o

tabuleiro, o que faz sentido pois a extremidade inferior dos pilares não é totalmente rígida à

rotação, uma vez que as fundações estão modeladas por molas e não encastramentos,

permitindo, consequentemente, a rotação do nó, aliviando assim, a existente na secção.

Substituindo este valor na equação 7.17, obtém-se:

rad

θ θ

A rotação total a que a secção foi submetida, encontra-se então na seguinte zona da

relação momento-rotação:

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93

Figura 69 - Localização da rotação verificada nos pontos mais desfavoráveis na relação momento-rotação para comparar com os estados limites

Pode então afirmar-se que para a acção sísmica considerada, o viaduto, na direcção

longitudinal, ultrapassou o regime elástico linear mas explorou pouco as suas capacidades

dúcteis (o valor da rotação máxima está anda longe do valor de rotação último).

θ=0,00477

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

5000,00

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020

Mo

men

to (

kN.m

)

Rotação (rad)

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94

6.2.3 - Análise na direcção transversal

Para a direcção transversal, foi efectuado um cálculo semelhante ao anterior. Contudo,

deve ter-se em atenção que, transversalmente, o viaduto não se comporta como um sistema

de um grau de liberdade, e o tabuleiro não se deforma como um corpo rígido, devido ao facto

das suas extremidades estarem impedidas de se deslocarem nessa direcção.

Assim, o cálculo torna-se mais complexo que o anterior uma vez que terá de se ter em

atenção que o viaduto se comporta como um sistema de n graus de liberdade. A distribuição

das forças laterais e a sua representação está apresentada na tabela 40 e na figura 70,

respectivamente.

Tabela 39 - Forças laterais a aplicar na análise de pushover transversal

Zona mi - Massa associada ao nó (normalizado)

Φi - Deformação referente à análise modal nessa direcção

(normalizado)

Valor da força a

aplicar (p)

Encontro 0,432 0,000 0 Pilares

exteriores 1,000 0,509 0,509p

Pilares interiores

0,833 0,932 0,776p

Centro de massa

0,562 1,000 0,562p

Tal como para a direcção longitudinal, forçou-se o nó de controlo a deslocar-se 0,1m

para observar, inicialmente, a curva de capacidade referente a esta direcção. Se na direcção

longitudinal, os encontros não desempenhavam nenhum papel especial devido às juntas de

dilatação, na direcção transversal, os encontros desempenharão um papel fulcral na resistência

do mesmo, como se poderá verificar na figura 71.

0,509p 0,776p 0,562p

Figura 70 - Distribuição das forças laterais para a análise transversal (planta)

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95

Figura 71 - Curva de capacidade transversal

A curva de capacidade da direcção transversal não tem a mesma configuração que a

da longitudinal. Enquanto que o “patamar plástico” estava bem visível na curva de capacidade

longitudinal, nesta direcção, esse patamar não existe, exibindo a estrutura, um comportamento

elástico até à rotura do tabuleiro, ou dos pilares.. Este facto é facilmente explicável, e resulta da

hipótese considerada de o tabuleiro não poder desenvolver rótulas plásticas. Desta forma, o

tabuleiro exibirá sempre um comportamento elástico, mesmo após todos pilares terem chegado

à cedência. Como se admitiu que as extremidades do tabuleiro poderiam rodar livremente em

torno do eixo vertical, pode admitir-se que, transversalmente, o tabuleiro exibe o

comportamento de uma viga simplesmente apoiada, apoiada em 4 molas de translação elasto-

plásticas, que simulam a rigidez de translação dos pilares, como a figura 72 mostra.

Figura 72 - Modelo de viga simplesmente que simula o tabuleiro

Atingida a máxima deformação elástica dos pilares interiores em primeiro lugar,

seguida da correspondente aos exteriores, pode admitir-se que as molas de translação,

representadas acima, deixam de fazer efeito, ficando a deformação do sistema apenas

condicionada pela rigidez de flexão do tabuleiro em torno da direcção de maior inércia. É nesta

0,00

5000,00

10000,00

15000,00

20000,00

25000,00

30000,00

35000,00

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Forç

a d

e co

rte

Bas

al (

kN)

Deslocamento do nó de controlo (m)

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96

fase que se encontra o viaduto, no último troço da curva de capacidade apresentada na figura

71.

A razão da não adopção de rótulas plásticas para o tabuleiro é justificável com o facto

de a resistência do tabuleiro à flexão nessa direcção ser bastante elevada. Embora seja muito

difícil de saber com precisão o seu valor, pode estimar-se da seguinte forma:

onde:

- Momento elástico resistente do tabuleiro na direcção de maior inércia;

- Valor de cálculo da tensão de compressão admissível no betão;

- Inércia do tabuleiro;

– Distância horizontal entre o centro de massa do tabuleiro e a fibra mais afastada;

- Altura equivalente do tabuleiro (para uma secção rectangular com a mesma

área);

– largura do tabuleiro.

Como se pode ver, o valor do momento elástico resistente da secção do tabuleiro, ainda

que aproximado, é bastante elevado, quando comparado com o momento registado a meio

vão, no último passo da análise de “pushover” realizada anteriormente, de 564055,84 kN.m.

Recorda-se ainda que o valor de deslocamento exigido foi de 0,1m, o que representa um

cenário bastante inverosímil.

Como também é muito complicado definir valores de rotura do solo para o movimento

transversal do encontro, não se consegue atingir um mecanismo de colapso de maneira

simples. Esta situação complica a análise na medida em que se torna difícil encontrar os

valores de corte basal (Fy*) e deslocamento (dy*) referentes à rotura, necessários para calcular

o deslocamento objectivo na direcção transversal e consequente desempenho sísmico.

Assim sendo, assumiu-se que o colapso seria um estado de deformação avançado do

viaduto. A esse estado de deformação corresponde um cenário onde todos os pilares terão

plastificado em ambas as extremidades. De notar que este ponto pode não corresponder à

rotura do viaduto, sendo que a mesma se pode dar para um deslocamento superior ao

considerado.

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97

Ao cenário de plastificação do topo e dos pilares explicado anteriormente corresponde

um deslocamento do centro de massa de 0,0231m. Este valor foi medido no programa de

cálculo automático.

A figura 73 representa a evolução da curva de capacidade transversal do viaduto, com

pontos que denunciam a formação das sucessivas rótulas plásticas no topo e na base dos

diversos pilares. Apresentam-se também na tabela 41, os valores referentes aos pontos em

questão.

Figura 73 - Curva de capacidade transversal com pontos notáveis referentes à formação de rótulas plásticas

Tabela 40 - Valores de deslocamento e corte basal referentes à formação das sucessivas rótulas plásticas

Zona de formação de rótulas plásticas

Deslocamento do nó de controlo (m)

Força de corte basal (kN)

Topo dos pilares interiores 0,0110 9959,65 Base dos pilares interiores 0,0132 11061,72 Topo dos pilares exteriores 0,0198 13642,74 Base dos pilares exteriores 0,0231 14631,95

Os valores de Fm e dm referentes à formação do mecanismo plástico ficam identificados

pelos mesmos valores referentes à última formação de rótulas plásticas, pois a partir de todos

os pilares terem plastificado, o que confere rigidez ao sistema é apenas a inércia do tabuleiro,

como se pôde confirmar através recta de declive constante que define a fase final da primeira

curva de capacidade definida para a direcção transversal.

Como é fácil de perceber, transversalmente, o sistema não responde como um sistema

de um grau de liberdade (Φi não é constante ao longo dos nós do tabuleiro), pelo que deve ser

“transformado” num equivalente para prosseguir com a análise.

0,0

5000,0

10000,0

15000,0

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025

Forç

a d

e co

rte

bas

al

Deslocamento do nó de controlo (m)

Curva de capacidade

Formação de rótulas plásticas

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98

6.3 - Transformação do sistema estrutural num de um grau de

liberdade equivalente

Em primeiro lugar, para proceder à transformação do sistema, é necessário calcular o

seu “factor de transformação” (Γ). Este coeficiente pode ser entendido como um factor de

verosimilhança entre o sistema real e um que apenas tenha um grau de liberdade. Este

parâmetro calcula-se através da seguinte expressão:

∑ (7.23)

e é utilizado como factor de escala na curva de capacidade resistente, sendo por ele dividido

os valores de força de corte basal e de deslocamento do nó de controlo referentes à curva de

capacidade inicialmente obtida.

(7.24)

(7.25)

À semelhança do que se fez para a direcção longitudinal, apresentam-se os valores de

m e Φ para os diferentes nós do tabuleiro.

Figura 74 - Valores de m e Φ (transversal) para os diferentes nós do tabuleiro

Substituídos em (7.23) os diversos valores apresentados, obtém-se um factor de

transformação ( de 1,240.

Figura 75 - Relação entre as curvas de capacidade para o actual factor de transformação

0,0

5000,0

10000,0

15000,0

20000,0

0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400

Forç

a d

e co

rte

bas

al (

kN)

Deslocamento do nó de controlo (m)

MDOF

SDOF

m=345,85 Φi=0

m=800,02 Φi=0,509

m=666,53 Φi=0,932

m=449,22 Φi=1,000

m=666,53 Φi=0,932

m=800,02 Φi=0,509

m=345,85 Φi=0

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Seguidamente, procede-se à bi-linearização da curva de capacidade do sistema de um

grau de liberdade equivalente definida por dois segmentos de recta, cuja intersecção possa ser

definida como o ponto de passagem da fase elástica para a fase plástica. Neste caso, como

não existe fase plástica pelos motivos já mencionados, o ponto marcará a passagem em que a

resistência do viaduto deixa de ser assegurada pelo conjunto do tabuleiro e elementos

verticais, para ser apenas dependente da rigidez do tabuleiro.

Esta transformação consiste em considerar que a “energia dissipada” pelas duas

curvas (bi-linearizada e não bi-linearizada) é igual. Esta pode ser medida através da área

definida sob a curva de capacidade até que se atinja o ponto de transição, como mostra a

figura 76.

Figura 76 – Energias de deformação até à formação do mecanismo de colapso (À esquerda, curva não bi-linearizada – À direita, curva bi-linearizada)

Para obter a localização do ponto de transição transportou-se a curva de capacidade

referente ao sistema SDOF para o AutoCAD e criou-se uma linha fechada à semelhança da

que delimita a área apresentada na figura 76 à esquerda.

0,0

2000,0

4000,0

6000,0

8000,0

10000,0

12000,0

14000,0

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020

F* (

kN)

d* (m)

Figura 77 - Energia de deformação do sistema

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100

Prolongou-se a recta referente à parte final da curva de “pushover” até à origem, de

forma a poder definir o ponto que marca a diferença entre as fases pré e pós plásticas de todos

os pilares.

Figura 78 - Recta referente à rigidez final do sistema, onde ficará o ponto que marca a diferença das fases (elástica e plástica)

Traçou-se, por fim, outra linha fechada, à semelhança da apresentada anteriormente

na parte direita da figura 76. A posição do ponto situado na recta introduzida atrás foi várias

vezes modificada até que as áreas fossem iguais. Atingida esta igualdade, tiraram-se os

valores de dy* e Fy* do mesmo. (ver tabela 42)

Figura 79 – Ponto de transição de ―fases‖

0,0

2000,0

4000,0

6000,0

8000,0

10000,0

12000,0

14000,0

16000,0

18000,0

20000,0

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030

F (m

)*

d* (m)

0,0

2000,0

4000,0

6000,0

8000,0

10000,0

12000,0

14000,0

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020

F* (

kN)

d* (m)

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101

Tabela 41 - Coordenadas do ponto de transição da relação bi-linear

dy* (kN) Fy* (kN)

0,0116 9988,8

Descoberto este ponto, o restante procedimento é idêntico ao realizado para a análise

na direcção longitudinal. Assim:

, (0,326 s na análise elástica)

(

(

[

]

( (resposta não-linear)

( ((

)

Para calcular o valor do deslocamento objectivo (dt) na estrutura real, é necessário, por

fim, multiplicar o valor do deslocamento objectivo no sistema de um grau de liberdade pelo

factor de transformação calculado no início:

(7.26)

O deslocamento objectivo para a análise transversal fica então definido em 0,032m.

Mais uma vez, o deslocamento objectivo calculado com base na análise elástica deu

excelentes resultados, com a diferença de apenas 9mm para a abordagem feita inicialmente.

Como se mencionou anteriormente, o ponto de cedência admitido correspondia à

situação onde a base e o topo de todos os pilares apresentavam um momento flector que

conduzia à plastificação das secções nessas zonas. Esse cenário era atingido para um

deslocamento do centro de massa de 0,0231m. Como o deslocamento objectivo é de 0,032m,

fica-se a saber que essa situação foi atingida. Restará, por isso, avaliar a rotação máxima das

secções onde se formaram as rótulas plásticas.

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102

Como é fácil de prever, a situação mais gravosa encontrar-se-á no topo dos pilares

centrais, por serem os que mais se deformam, por estarem mais próximos do nó de controlo.

O estado dessas secções apresenta-se na figura seguinte:

Figura 80 - Evolução do comportamento da rótula plástica ao longo dos passos da análise ―pushover‖ transversal (passo 30)

Como se pode verificar, o momento flector instalado na secção do topo dos pilares

centrais é o que corresponde à plastificação da secção, 4552,89 kN.m. A rotação plástica

medida no final da análise é de 2,829x10-3

rad, a qual, somada à rotação máxima elástica

8,4x10-4

perfaz uma rotação total de:

rad,

o que significa que na direcção transversal também se ultrapassou o estado limite designado

como de utilização, ainda que por um valor muito pequeno9 (0,00006 rad).

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103

Figura 81 - Rotação da secção mais desfavorável para a acção de pushover transversal

Conclui-se, portanto, que também na direcção transversal, o viaduto se encontra bem

dimensionado, no sentido em que se encontra onge do colapso. No entanto, nesta direcção,

para a acção sísmica considerada, o viaduto ultrapassa pouco a fase elástica, explorando

pouco as suas capacidades dúcteis.

Faz-se também uma chamada de atenção para o facto de os pilares exteriores, durante

a acção de “pushover” transversal, serem obrigados a flectir também na direcção longitudinal,

devido à rotação em torno do eixo vertical que os nós do tabuleiro são obrigados a efectuar.

Este incremento de esforços não é, no entanto, suficiente para que se considere que os

mesmos terão uma importância relevante na análise efectuada.

θ=0,00361

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

5000,00

0,0000 0,0050 0,0100 0,0150 0,0200

Mo

men

to (

kN.m

)

Rotação (rad)

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104

6.4 - Análise estática equivalente na direcção transversal para outra

distribuição de forças

O Eurocódigo recomenda, quer para edifícios quer para obras de arte, que se faça a

análise “pushover” para mais do que uma configuração de carregamento lateral. Como foi já

realizada a análise para um carregamento que depende da deformação do viaduto nessa

direcção, (através da consideração do modo de vibração mais condicionante, normalizado)

realizar-se-á uma análise “pushover” que apenas depende da massa associada aos diversos

nós do modelo. Poder-se-ia também realizar um carregamento constante ao longo do tabuleiro,

ou calcular um tipo de carregamento ponderado, tendo em conta as participações de passa de

mais modos de vibração transversais. Os resultados obtidos para o carregamento apenas

dependente da massa apresentam-se de seguida.

Figura 82 - Curvas de capacidade dos vários sistemas (1 - dependente do modo de vibração, 2 - não dependente do modo de vibração)

Como se pode verificar, se não se admitir que o centro do viaduto é mais susceptível,

como demonstra a configuração do modo de vibração, o incremento de carga que se vai

aplicando à estrutura é absorvido pelos vários pilares de maneira mais uniforme, sendo que os

exteriores passam a desempenhar um papel mais importante na estabilidade global, levando a

que o corte basal para um mesmo deslocamento do centro de massa seja forçosamente maior.

A curva de capacidade agora obtida corresponde a uma envolvente da definida a partir de uma

distribuição de forças modal.

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105

Os parâmetros calculados para encontrar o valor do deslocamento objectivo

apresentam-se na tabela 43.

É conveniente referir que o critério de definição do ponto de transição entre a fase

elástica e a fase pós-cedência, foi igual ao admitido anteriormente para a análise de pushover

transversal que dependia da configuração do modo de vibração (critério de que a cedência

ocorria quando todos os pilares plastificassem em ambas as extremidades).

Tabela 42 - Comparação dos valores obtidos para as duas análises de pushover empreendidas na análise transversal para dois tipos de carregamentos

Tipo de análise POtrans Baseada na configuração

do modo de vibração Não baseada na configuração

do modo de vibração Parâmetros

T* (s) 0,339 0,287

Se(T*) (m/s2) 6,75

d*et (m) 0,0196 0,0140

Fy*/m* (m/s2) 3,985 5,335

qu (coef. Comp.) 1,694 1,265

dt* (m) 0,026 0,017

Γ12

1,2392

dt (m) 0,032 0,021

Como foi possível verificar, chegou-se a um valor de deslocamento objectivo

francamente menor para um carregamento que não depende da configuração do principal

modo de vibração. Era previsível que tal acontecesse pois obteve-se uma curva de capacidade

resistente da estrutura envolvente à obtida com a distribuição de forças modal.

Consequentemente, uma estrutura mais resistente sujeita à mesma acção sísmica (definida,

neste método, pelo espectro de resposta) ficaria certamente sujeita a menores deslocamentos

(esforços). Desta forma, com os valores obtidos, não se estava do lado da segurança.

12

De notar que, embora a configuração do carregamento não varie com a configuração do

modo de vibração, (ϕi) os parâmetros referentes ao factor de escala têm de ter essa configuração em conta, sob pena de assumir o sistema como sendo um de um grau de liberdade, quando na verdade tem de se proceder à trasnformação, tal como foi feita.

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106

6.5 – Análise gráfica da ductilidade e do desempenho estrutural

A partir dos resultados obtidos a partir das análises estáticas não lineares conclui-se

que o viaduto em estudo, para a acção sísmica definida no Anexo Nacional do EC8 está longe

de atingir o colapso. É, no entanto, também interessante fazer uma análise dos valores de

ductilidade do viaduto nas duas direcções, e determinar o valor do coeficiente de

comportamento da estrutura em cada uma das direcções a partir dos resultados determinados.

Recorda-se que o valor deste parâmetro introduzido inicialmente para definir o espectro de

resposta de dimensionamento que serviu de base à análise dinâmica linear, foi de 3,3.

Recordando o significado físico do coeficiente de comportamento, relação entre os

esforços, admitindo comportamento linear e não-linear da estrutura, pode perceber-se

facilmente, que, de acordo com a forma das curvas de capacidade obtidas anteriormente, a

direcção longitudinal, por apresentar uma fase de plasticidade constante, proporcionada

apenas pela capacidade de rotação dos pilares, explora a sua resistência pós-cedência de

maneira mais eficiente que na direcção transversal, onde grande parte da sua rigidez é

fornecida pela elevada inércia do tabuleiro. Assim, torna-se expectável que o valor do

coeficiente de comportamento na direcção longitudinal seja bastante mais elevado que na

direcção transversal.

Para proceder então à análise gráfica de ductilidade, coeficiente de comportamento e

desempenho da estrutura, começa-se por transformar o espectro de resposta usual (Período

vs. Aceleração) para o formato ADRS (Acceleration vs. Displacement Response Spectrum),

recorrendo-se à equação (7.30), válida para sistemas de 1 grau de liberdade e comportamento

elástico:

(7.27)

A curva de capacidade teve também de ser adaptada, uma vez que representa uma

relação entre o valor da força de corte basal e o deslocamento do nó de controlo. Recorrendo

ao valor de m* obtido e apresentado anteriormente para cada direcção, facilmente pode obter-

se o valor da aceleração imposta à estrutura pelas forças de inércia desenvolvidas.

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107

6.5.1 – Direcção longitudinal

Efectuando o procedimento explicado anteriormente obtém-se para a direcção

longitudinal:

Figura 83 - Curva de capacidade longitudinal e espectro elástico no formato ADRS

O procedimento consiste então na definição do espectro inelástico, reduzindo o

espectro elástico, e na determinação do ponto de intersecção entre a curva de capacidade e o

espectro não linear.

A construção dos espectros inelásticos vai depender do valor de ductilidade (µ) e do

valor do coeficiente de comportamento (qu) da estrutura e foi feita de acordo com o

procedimento apresentado em (Bento, et al., 2004), onde constam as seguintes expressões:

(7.28)

μ

(7.29)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Ace

lera

ção

(m

/s2)

Deslocamento (m)

Espectro elástico ADRS

Curva de capacidade

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108

onde S significa Spectral e os sufixos a e d representam aceleração e deslocamento,

respectivamente.

Os espectros inelásticos podem ser representados para valores constantes de

ductilidade (ou alternativamente de coeficiente de comportamento). Sendo o objectivo deste

procedimento, verificar a diferença na resposta da estrutura nos dois regimes (linear e não

linear) e sendo o coeficiente de comportamento, o parâmetro que se utiliza directamente na

definição dos espectros de resposta de dimensionamento, fez-se variar a forma do espectro em

função do valor do coeficiente de comportamento. A relação entre µ e qu está definida na

equação (7.30)

μ {(

(7.30)

Após realizada uma iteração à redução do espectro, considerando um coeficiente de

comportamento de 1,5, procedeu-se à repetição do procedimento e atingiu-se o ponto que

origina a fase plástica da estrutura, para um valor de qu de 2,827 (Figura 84), tal como havia

sido calculado no método numérico para encontrar o deslocamento objectivo para a análise

“pushover” na direcção longitudinal. Embora não tenha coincidido exactamente com o valor de

3,3 utilizado na análise linear, é um valor que se encontra bastante próximo e que torna

bastante aceitável o valor adoptado na análise dinâmica linear.

Figura 84 - Espectros inelásticos para aferição do coeficiente de comportamento da estrutura

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Ace

lera

ção

(m

/s2)

Deslocamento (m)

Espectro elástico ADRS

Curva de capacidade

Espectro inelástico

Iteração (q=1,5)

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109

A figura abaixo 85 representa o valor do período encontrado para a estrutura T* e

mostra também o valor do deslocamento que a estrutura teria em regime “infinitamente” linear,

para se poder comparar com o valor do deslocamento objectivo.

Figura 85 – Comparação entre d*et e d*t

Fazendo a tangente à curva de capacidade na sua fase elástica, obtém-se o período

elástico da estrutura. Prolongando essa recta, tem-se a evolução do comportamento da

estrutura em regime “infinitamente” elástico. Deste prolongamento, resulta uma intersecção

com o espectro elástico, o que representa o valor do deslocamento elástico da estrutura (d*et).

Calculados os valores do período elástico da estrutura, deslocamento elástico e

coeficiente de comportamento, está-se em condições de calcular o deslocamento objetivo

através da expressão utilizada anteriormente no método analítico. (Equação 7.19)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07

Ace

lera

ção

(m

/s2)

Deslocamento (m)

Espectro elásticoADRS

T=0,431 seg

d*t = 0,0398m

d*et = 0,0318m

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110

6.5.2 – Direcção transversal

Tal como foi feito para a direcção longitudinal, apresenta-se a curva de capacidade da

direcção transversal do sistema de um grau de liberdade equivalente, juntamente com o

espectro de resposta elástico no formato ADRS. (Figura 86)

Figura 86 – Curva de capacidade transversal e espectro elástico no formato ADRS

Como se pode verificar, a ausência de fase plástica na curva de capacidade

transversal, faz com que a rigidez do tabuleiro existente no final se faça sempre sentir ao longo

de toda a análise, pois apresenta um declive (rigidez) muito parecido ao longo de toda a

análise. Este facto contribui para o não aproveitamento das potencialidades dúcteis da

estrutura. Refira-se que, transversalmente, a estrutura também não necessita de tirar partido

da sua capacidade de deformação pois devido ao seu curto comprimento e grande capacidade

de absorção de reacção transversal por parte dos encontros, a sua deformação é bastante

reduzida.

Da intersecção do espectro inelástico com a curva de capacidade resistente

transversal, para valores constantes de coeficiente de comportamento, atingiu-se ao valor de

1,694, muito aquém do valor de 3,3. O que significa que grande parte da resposta transversal

do viaduto acontece no domínio linear, como se esperava.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Ace

lera

ção

(m

/s)

Deslocamento (m)

Espectro de resposta ADRS

Espectro inelástico (q=1,694)

T*=0,339 seg

Bi-linear

d*et = 0,0196m

d*t = 0,0266m

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111

Contudo, há um aspecto importante que convém referir para a direcção transversal.

Para definir a curva de capacidade bi-linearizada, correspondente ao sistema de apenas um

grau de liberdade é necessário arbitrar um ponto que se identifique com o mecanismo plástico

da estrutura, o que pode ser definido por várias situações, conforme o projectista. Neste caso,

o mecanismo foi identificado como sendo o viaduto com todos os pilares plastificados quer no

topo, quer na base. Contudo, o mecanismo a adoptar poderia ser outro, podendo mesmo ser

um estado de deformação arbitrário, o que traria diferenças à curva bi-linearizada adaptada, e,

consequentemente conduziria a valores diferentes do coeficiente de comportamento.

Imagine-se, por exemplo, que o mecanismo era assumido como sendo a fase em que

apenas os pilares centrais estavam plastificados. Essa assumpção, puramente especulativa,

iria conduzir a uma outra aproximação para o sistema de um grau de liberdade equivalente,

onde o ponto entre fases (puramente elástica / apenas resistência do tabuleiro), estaria

identificado por um deslocamento d*y menor, o que originaria as seguintes consequências:

Menor fase elástica;

Aumento do declive da fase elástica e menor valor de T*;

Intersecção da recta de T* com o espectro elástico num valor menor de d e

consequente redução do valor de d*et;

Aumento do valor do coeficiente de comportamento, devido ao menor valor de

F*y ponto de mecanismo de colapso, agora admitido.

Todas as situações listadas acima fariam variar o valor do deslocamento objectivo. Por

isso, é preferível admitir que a formação do mecanismo ocorre mais tarde, pois assim

considera-se a plastificação dos pilares na sua totalidade, e é-se conduzido a valores de

ductilidade menores, o que origina dimensionamentos mais rigorosos.

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112

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113

7 - Avaliação sísmica da estrutura – recurso a análises

dinâmicas não lineares

Para além das análises já realizadas, existem ainda as análises dinâmicas não lineares

ao longo do tempo (non-linear time-history analysis). Estas análises, à semelhança das

estáticas não lineares, recorrem às propriedades não lineares dos materiais. É, por isso,

essencial que as mesmas fiquem correctamente definidas, de modo a que a análise possa dar

resultados adequados.

O princípio geral deste tipo de análises baseia-se na integração das equações de

equilíbrio dinâmico ao longo do tempo, tendo em conta propriedades da estrutura, tais como a

massa, a rigidez e o amortecimento.

7.1 – Definição do amortecimento

O amortecimento pode ser expresso pela equação seguinte:

(7.1)

onde C, M e K representam as matrizes de amortecimento, massa e rigidez,

respectivamente, e, α e β os factores de amortecimento respectivos a cada uma das matrizes

que lhes estão associadas.

Para calcular os parâmetros e é necessário atender à definição seguinte de C:

(7.2)

– coeficiente de amortecimento (em estruturas de betão 5%); - factor de amortecimento crítico.

Igualando as expressões (7.1) e (7.2) e ficando a igualdade em função do factor de

amortecimento ξ, fica-se com:

(7.3)

A relação apresentada acima pode ser expressa graficamente, como se mostra na

figura que se segue.

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114

Figura 87 - Amortecimento da estrutura em função dos parâmetros de massa e rigidez

Admite-se que em regime não linear, o valor médio da rigidez k de uma estrutura

corresponde a cerca de 40% do valor da mesma em regime linear. Desta forma, calcularam-se

os parâmetros α e β em função dos modos de vibração mais relevantes para a resposta

estrutural, cujos períodos de vibração foram mostrados numa fase anterior deste trabalho. Para

esses modos de vibração, foi arbitrado um valor de amortecimento de 5% no âmbito do

programa de cálculo. Recorda-se que a análise do viaduto é feita nas duas direcções

horizontais e como tal, é necessário ter em conta as características dinâmicas do viaduto em

ambas as direcções, para poder definir o amortecimento em cada uma dessas direcções.

Apresentam-se na tabela 44 os valores das frequências angulares em regime linear e não

linear dos modos de vibração principais do viaduto.

Tabela 43 - Frequências angulares (p) que serviram de base ao cálculo do amortecimento

Modo de vibração p (regime linear) (rad) 60% p (regime não linear) (rad)

Longitudinal 14,54 8,73 Transversal 19,27 11,56

Fica-se com o seguinte sistema de equações definidas a partir de 7.3:

{

(7.4)

de onde se retiram os seguintes valores de α e β:

Tabela 44 - Valores dos parâmetros α e β para as duas direcções

Direcção α β

Longitudinal 0,546 0,004 Transversal 0,826 0,003

Com os valores apresentados na tabela 45 foi possível criar duas curvas semelhantes

à apresentada na figura 87, uma para cada direcção.

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115

Figura 88 - Amortecimento para as duas direcções horizontais

7.2 - Geração de acelerogramas

Nas análises dinâmicas não lineares a acção sísmica é definida a partir de

acelerogramas. Para gerar os acelerogramas, recorreu-se a uma aplicação chamada Gosca

(Denoël, 2001). Os processos utilizados pelo programa para criar os acelerogramas são

bastante complexos e podem ser consultados em (Denoël, 2001). Esta aplicação gera o

número de acelerogramas pretendido, sendo estes compatíveis com um espectro de resposta,

que tanto pode ser gerado no seu âmbito ou introduzido pelo utilizador. Neste estudo, o

espectro de resposta foi introduzido e coincidia com o espectro elástico do sismo tipo 1

apresentado atrás.

No essencial, o processo de génese do acelerograma passa pela criação de uma

função de pontos esparsos ao longo de um intervalo de tempo que se quiser, e que vai,

sequencialmente, sendo filtrada mediante o produto com outras funções, que lhe conferem

determinadas características, que aproximam o seu conteúdo ao do espectro de que

inicialmente se partiu. Da criação aleatória inicial de pontos, advêm diferentes acelerogramas

que com ele devem ser compatíveis. Contudo a cada acelerograma corresponde apenas um

espectro de resposta, daí que a sua modelação não possa simplesmente ser feita mediante a

simples utilização de uma função periódica, como por exemplo, as sinusoidais.

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116

Para gerar os acelerogramas, têm de se percorrer determinados passos, que se listam

de seguida:

1) Importar ou criar o espectro de referência;

2) Definir a duração pretendida do acelerograma – utilizou-se a duração de 30

segundos, recomendada para sismos a grandes distâncias, como é o caso do

representado pelo espectro introduzido;

3) Definir a máxima aceleração do solo em função de g (aceleração da

gravidade) – neste caso, =1,80 m/s2, logo o valor a introduzir será 0,184 (g);

4) Percentagem de amortecimento crítico ( ) – 5%;

5) Definir a precisão pretendida na análise do espectro fornecido para gerar os

acelerogramas (valor entre 20 e 40) – 35;

6) Definir a precisão pretendida para a compatibilização entre o espectro fornecido

e os gerados pelos diferentes acelerogramas (valor entre 3% e 5%) – 5%;

7) Número de acelerogramas a criar – 10;

Fornecidos os dados de input apresentados anteriormente, são criados os

acelerogramas pretendidos e os espectros de resposta respectivos. Um dos acelerogramas

gerados é apresentado na figura 89, estando os restantes apresentados no anexo I.

Figura 89 - Acelerograma 1

Apesar se apresentar vários picos, na sua maioria, o acelerograma apresenta uma

amplitude regular de 1,8 m/s2, tal como foi introduzido.

Apresenta-se também o espectro de resposta correspondente ao acelerograma

apresentado na figura 89, sobreposto ao espectro elástico que serviu de base.

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

0 5 10 15 20 25 30

Ace

lera

ção

(m

/s2)

Tempo (seg)

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117

Figura 90 - Comparação entre o espectro introduzido e o gerado

Como se pode ver, o espectro gerado pelo acelerograma 1 e apresentado na figura 90

aproxima-se bastante do espectro elástico inicial. Pode então dizer-se que o acelerograma é

aceitável para a acção sísmica que se quer simular nesta análise.

No ponto 3.2.3 do EC8 podem encontrar-se disposições gerais relativas à simulação da

acção sísmica recorrendo a acelerogramas. Nesse mesmo ponto pode ver-se que a acção

sísmica deve ser definida por um par de acelerogramas diferentes a actuarem

simultaneamente em ambas as direcções principais horizontais e ainda um terceiro a actuar na

direcção vertical da estrutura.

À semelhança do que foi feito para a análise “pushover”, optou-se por analisar a estrutura

nas duas direcções principais, de forma separada, pois assim, seria mais simples comparar os

resultados obtidos, com os que resultaram da análise “pushover”.

Não foram aplicados à estrutura, acelerogramas na direcção vertical, pelo mesmo motivo

que não se estudou o comportamento da estrutura nesta direcção, quando actuada pela acção

sísmica simulada por espectros de resposta, na acção dinâmica linear.

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Ace

lera

ção

(g'

s)

Período (s)

Espectro elástico (introduzido)

Espectro do acelerograma (gerado)

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118

7.3 - Modelo de cálculo

7.3.1 – Zonas de plasticidade concentrada

Ao contrário do que foi feito para as análises pushover, nas análises dinâmicas não

lineares, as zonas de plasticidade concentrada não devem ser apenas modeladas recorrendo a

uma curva que defina a relação monotónica momento vs. curvatura. Como se sabe, durante a

acção sísmica, as estruturas descrevem um movimento oscilante, o que faz com que as

secções mais propícias à formação de rótulas plásticas sofram um desgaste adicional,

fomentado pela sucessiva compressão e descompressão das várias zonas da secção. As

consequências destes fenómenos traduzem-se numa degradação da secção, o que leva a que

a sua rigidez vá diminuindo durante os vários ciclos do movimento oscilatório.

A situação descrita anteriormente pode ser modelada no âmbito do programa de

cálculo recorrendo a elementos parecidos aos elementos de barra, mas com possibilidades de

simulação de rigidez muito mais abrangentes. Esses elementos têm o nome de NLinks. Estes

podem ser referentes a apenas uma secção (1 point) (utilizados para simular uma junta ou

qualquer outro tipo de ligação entre duas barras) ou podem ser utilizados ao longo de um

comprimento (2 point) (para quando existem zonas de plasticidade distribuída ao longo de um

comprimento, como é o caso das rótulas plásticas que se pretendem simular neste trabalho).

Em (Bhatt, 2007) pode ser consultada a metodologia mais conveniente para a correcta

utilização deste tipo de elementos. À semelhança das análises estáticas não lineares, apenas

se modelou a rigidez de flexão dos pilares. Apresentam-se de seguida os passos que se

percorreram para a definição dos NLinks no modelo.

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119

Figura 91 - Direcções em que a rigidez do pilar foi alterada

Como se pode verificar na figura 91, todos os deslocamentos e a rotação por torção

estão impedidos, sendo que apenas se alteraram os parâmetros de rigidez do elemento

quando sujeito a rotação por flexão. A figura 92 apresenta a modelação da rigidez na zona de

plasticidade concentrada.

À semelhança do realizado para a análise pushover, a modelação da rigidez na zona

de plasticidade concentrada fez-se de acordo com a relação momento-curvatura obtida no

CUMBIA. Para simular histórias de carga cíclicas na secção, utilizou-se o tipo de histerese de

“Takeda”, que contempla uma perda de rigidez ao longo dos vários ciclos de carga e descarga,

nas zonas afectas aos fenómenos de plasticidade.

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120

Figura 92 - Introdução da relação momento-curvatura característica da secção dos pilares no NLink

Os elementos foram colocados no topo e na base dos pilares e fazem a ligação entre

os diversos pilares e respectivas fundações e o tabuleiro. O comprimento dos elementos

NLinks é de 0,383m o que corresponde ao comprimento da rótula plástica, calculado durante

as análises estáticas não lineares.

.

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121

7.3.2 - Fundações

Alterados os parâmetros de rigidez dos pilares de acordo com o ponto 7.2.1, procedeu-

se à primeira “corrida” dos 10 acelerogramas no modelo. Os resultados não foram favoráveis,

uma vez que não foi conseguida a convergência durante os passos de integração realizados

pelo programa, tendo a mesma sido automaticamente abortada antes que se chegasse ao fim

da análise, o que corresponderia aos 30 segundos do acelerograma.

O motivo desta incompatibilidade é desconhecido mas foi possível identificá-la devido

a resultados completamente sem sentido, evidenciados por grandes deslocamentos verificados

nas fundações. Deslocamento esses na ordem das centenas de milhares de metros.

Por esse motivo, foram elaborados três modelos alternativos para “balizar” os

resultados que seriam obtidos para o modelo inicialmente utilizado. Esses modelos apenas

foram alterados ao nível das fundações e explicam-se de seguida:

1. Deslocamentos e rotações na base dos pilares totalmente fixos (encastramentos);

2. NLinks do tipo 1 joint com rigidez constante ao longo do tempo (em regime linear, tal

como as molas) e igual à calculada no ponto 4.2.1 para simular tanto os deslocamentos

como as rotações;

3. Deslocamentos restringidos por molas de translação com valores de rigidez iguais às

dos termos que constam na diagonal principal das matrizes obtidas anteriormente para

estes deslocamentos e rotações impedidas.

Embora todos estes modelos tenham características dinâmicas diferentes entre si e do

modelo inicial, o amortecimento tal como foi descrito no ponto 7.1 foi igual para todos estes

modelos e dependente das características dinâmicas do modelo inicial ao invés de depender

das características de cada modelo.

Apresentam-se de seguida, na tabela 46 os períodos dos modos de vibração principais

para as duas direcções horizontais dos diversos modelos, para comparação com o modelo

inicial onde as fundações estão modeladas por uma matriz de rigidez.

Tabela 45 - Características dinâmicas dos 4 modelos realizados

Períodos (seg) dos dois primeiros modos de vibração para as várias modelações das fundações

Direcção Encastramentos Molas definidas por uma matriz (inicial)

Molas lineares de translação e rotações

impedidas NLinks

Longitudinal 0,384 0,430 0,522 0,561 Transversal 0,297 0,324 0,380 0,396

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122

Como se pode verificar de análise da tabela 46, existem diferenças significativas entre

os vários modelos a nível da análise modal. Os resultados estão apresentados

sequencialmente do mais rígido (encastramentos) para o mais flexível (NLinks).

Aparentemente, o modelo que mais se adequa ao real é aquele em que as fundações

estão completamente fixas. É também de realçar, o facto de a estrutura ter ficado mais flexível

ao restringir completamente as rotações da base. Esse facto pode ser explicado pela influência

que os termos não diagonais da matriz tinham e que passaram a ser nulos, pois embora a

rotação esteja agora completamente impedida, já não existe interacção entre os dois

movimentos, originando assim maiores deslocamentos ao nível da base da estrutura.

Na tentativa de encontrar o modelo que mais se adequa às características do modelo

inicial, observaram-se resultados relativos à deformação da base dos pilares para as análise

realizadas anteriormente. Tanto para a análise linear como para a análise pushover, os

deslocamentos e rotações máximos medidos nesses pontos situavam-se na ordem das

décimas de milímetro, ou seja, praticamente desprezáveis. Esse facto remete para a mesma

conclusão de que será o modelo encastrado que produzirá os resultados mais parecidos aos

que se obteriam para o modelo inicialmente realizado.

No ponto que se segue apresentam-se os valores obtidos para o deslocamento do

centro de gravidade do tabuleiro para os três modelos distintos.

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123

7.4 – Resultados

Apresentam-se então os vários resultados das análises dinâmicas não lineares

realizadas para as 3 modelações apresentadas no ponto anterior. Os resultados que se vão

apresentar correspondem apenas aos deslocamentos máximos medidos em ambas as

direcções para cada acelerograma. Uma vez que o tabuleiro é bi-simétrico, é feita uma média

dos valores absolutos da amplitude máxima dos deslocamentos do centro de massa da

estrutura, correspondentes à oscilação do tabuleiro, obtidos para cada direcção e para cada

cada acelerograma.

7.4.1 – Fundações modeladas por encastramentos

Tabela 46 – Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo encastrado)

dx dy Máximo dx Máximo dy Média dx Média dy

0,026 0,018 0,052 0,027

0,038 0,024

-0,052 -0,027

0,024 0,024 0,039 0,024

-0,039 -0,019

0,042 0,024 0,042 0,024

-0,024 -0,022

0,039 0,020 0,039 0,022

-0,027 -0,022

0,029 0,024 0,030 0,024

-0,030 -0,018

0,036 0,020 0,036 0,026

-0,026 -0,026

0,020 0,026 0,036 0,026

-0,036 -0,022

0,027 0,023 0,030 0,023

-0,030 -0,022

0,045 0,025 0,045 0,025

-0,024 -0,021

0,029 0,021 0,035 0,022

-0,035 -0,022

Os resultados obtidos para este modelo foram bastante satisfatórios uma vez que se

aproximam bastante dos valores para os quais foi verificada a segurança na análise pushover.

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124

Ainda assim, deve verificar-se o desenvolvimento da deformação ao nível das rótulas plásticas

para esta análise, uma vez que foram modeladas de uma forma diferente.

7.4.2 – Fundações modeladas por molas de translacção (rotações impedidas)

Tendo em consideração os valores apresentados na tabela 46 e referentes às

características dinâmicas dos vários modelos, é de esperar que os resultados referentes à

deformação do tabuleiro sejam superiores aos obtidos para o modelo encastrado. Os valores

obtidos para este modelo apresentam-se de seguida.

Tabela 47 - Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo com molas de translação e rotações impedidas)

dx dy Máximo dx Máximo dy Média dx Média dy

0,024 0,020 0,053 0,030

0,039 0,025

-0,053 -0,030

0,026 0,024 0,038 0,024

-0,038 -0,020

0,042 0,025 0,042 0,025

-0,024 -0,023

0,041 0,022 0,041 0,024

-0,026 -0,024

0,028 0,026 0,030 0,026

-0,030 -0,019

0,037 0,021 0,037 0,026

-0,026 -0,026

0,021 0,027 0,036 0,027

-0,036 -0,023

0,026 0,023 0,031 0,024

-0,031 -0,024

0,044 0,024 0,044 0,024

-0,025 -0,023

0,028 0,022 0,035 0,023

-0,035 -0,023

Como se pode verificar de comparação entre as tabelas 47 e 48, a diferença entre os

valores obtidos para a deformação do tabuleiro é bastante pequena, tendo-se registado

diferenças de apenas 1 mm para ambas as direcções. Pode assim concluir-se que se está

bastante perto da solução que se iria encontrar para o modelo inicialmente concebido.

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125

Apesar das conclusões terem sido bastante satisfatórias para os dois modelos que se

julgam mais próximos do real, apresenta-se também, a título de curiosidade os resultados

obtidos para o modelo em que as fundações estão modeladas por elementos Nlink.

7.4.3 – Fundações modeladas por elementos NLinks

Tabela 48 - Deslocamentos (em metros) obtidos para o CM do tabuleiro (modelo com rigidezes de rotação e translação modeladas por NLinks)

dx dy Máximo dx Máximo dy Média dx Média dy

0,026 0,023 0,071 0,040

0,053 0,034

-0,071 -0,040

0,040 0,038 0,042 0,038

-0,042 -0,030

0,053 0,032 0,053 0,034

-0,032 -0,034

0,043 0,034 0,043 0,034

-0,034 -0,034

0,051 0,034 0,055 0,034

-0,055 -0,030

0,033 0,033 0,049 0,033

-0,049 -0,031

0,025 0,031 0,055 0,035

-0,055 -0,035

0,028 0,030 0,048 0,030

-0,048 -0,030

0,058 0,033 0,058 0,033

-0,029 -0,033

0,052 0,034 0,052 0,034

-0,035 -0,033

Como se esperava, o modelo dos Nlinks confirmou o que se esperava, tendo

apresentado os valores mais elevados para a deformação do tabuleiro, de acordo com o que a

análise modal evidenciava.

Saliente-se que os resultados obtidos para este modelo se afastam bastante dos

resultados obtidos para os dois modelos apresentados anteriormente, ao passo que a análise

modal apresentou resultados mais equilibrados.

Pelos motivos mencionados anteriormente, será o modelo encastrado a ser analisado

mais em pormenor, no que diz respeito às verificações de segurança que para este tipo de

análises são recomendadas.

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126

No ponto 4.2.4 do EuroCódigo8 – Parte 2, podem encontrar-se todas as verificações de

segurança necessárias para este tipo de análise, bem como alguns procedimentos que devem

ser seguidos para as efectuar.

À semelhança do que foi feito para as análises pushover, também para as análises

dinâmicas não lineares, a verificação de segurança mais importante é a avaliação da

deformação nas zonas de plasticidade concentrada, para o caso de se ultrapassar o limite de

rigidez elástica das secções. É também necessário garantir que não ocorre encurvadura das

armaduras dos elementos verticais e que, durante toda a análise, não se formam rótulas

plásticas no tabuleiro. A primeira fica garantida, na medida em que a relação momento-

curvatura, posteriormente adaptada a momento-rotação, obtida através do “CUMBIA” apenas é

condicionada pela resistência axial dos materiais que constituem a secção, não sendo o estado

limite de encurvadura relevante para a secção em questão. A não formação de rótulas plásticas

no tabuleiro é garantida devido à verificação dos esforços no tabuleiro durante as diferentes

análises. À semelhança do que sucedeu nas análises pushover, os valores de momento flector

verificados no tabuleiro estão bastante além do que é expectável que seja o valor do seu

momento flector resistente.

A verificação de segurança fica assim, apenas dependente da medição da rotação das

zonas mais desfavoráveis dos elementos verticais, ou seja, a zona das rótulas plásticas. Na

secção (2) do ponto referido anteriormente, pode encontrar-se a seguinte equação:

(7.4)

– rotação medida na zona da rótula plástica devido à acção do acelerograma;

– rotação máxima de cálculo permitida pela rótula plástica.

O valor de pode ser obtido de acordo com a equação (4.21) do ponto mencionado

anteriormente que estipula que:

(7.5)

– rotação última estimada para a rótula plástica;

– factor de segurança relativo a defeitos pontuais da estrutura, incertezas no

modelo e/ou nas acções (presente no anexo E).

No anexo E pode ler-se:

“In the absence of specific justification based on actual data, the reduction factor γR,p

of expression (4.21) may be assumed as γR,p = 1,40.”

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127

O valor ultimo de rotação admitido para as rótulas plásticas modeladas neste trabalho

foi já apresentado na parte 6.1.3 referente à modelação das curvas momento-rotação das

rótulas plásticas e vale 0,0169 rad (tabela 34). Afectando o valor da rotação última das rótulas

plásticas modeladas para os pilares do viaduto, obtém-se o valor de rotação máxima de cálculo

de:

= 0,0121 rad (7.6)

Observando a tabela 49, pode verificar-se que tanto para a direcção transversal como

para a direcção longitudinal, a acção sísmica modelada com recurso ao acelerograma 1 é a

acção mais gravosa do conjunto dos 10 acelerogramas artificialmente gerados, na medida em

que é a que provoca as maiores deformações horizontais do tabuleiro. Assim, torna-se

evidente que ao verificar a inequação (7.6) para esta acção, a segurança fica automaticamente

garantida para todas as outras acções.

Em primeiro lugar, há que verificar se a ductilidade da estrutura está a ser

correctamente explorada. Para isso, deve constatar-se que os esforços dos elementos verticais

da estrutura ultrapassam os valores resistentes (em regime elástico) para as duas direcções.

Mediram-se os esforços para o acelerograma menos condicionante e constatou-se que mesmo

nesse os esforços ultrapassam os resistentes, como mostram as figuras 93 e 94.

Figura 93 - Momento flector máximo ( t= 26,21 seg) na direcção longitudinal para o acelerograma menos condicionante (anti - simétrico)

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128

Figura 94 - Momento flector máximo ( t= 25,71 seg) na direcção transversal para um dos pilares centrais para o acelerograma menos condicionante

Consultando as propriedades da secção na parte 6.1.3 deste trabalho, pode ser

recordado o valor do momento resistente da secção dos pilares em regime não linear. O valor

calculado para esse parâmetro foi de 4550,89 kN.m o que leva à conclusão de que os pilares

se encontram em regime pós-cedência para todos os acelerogramas a que se sujeitou o

modelo. Resta então medir as rotações das secções condicionantes para a acção mais

gravosa, ou seja, o acelerograma 1.

A evolução das rotações em questão pode ser representada em função do tempo ou

em função do valor do corte basal, como foi feito para as análises pushover. As figuras que se

seguem representam a evolução do deslocamento absoluto do nó de controlo (centro de

massa do tabuleiro) e a evolução da rotação medida para a cabeça de um dos pilares mais

desfavoráveis do viaduto (um dos 4 interiores, pelos motivos já explicados anteriormente) em

função do tempo e do valor de corte basal, para cada uma das direcções.

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129

Figura 95 - Evolução do deslocamento do CM do tabuleiro na direcção longitudinal para o acelerograma mais condicionante

Figura 96 - Evolução do deslocamento do CM do tabuleiro na direcção transversal para o acelerograma mais condicionante

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130

Figura 97 - Evolução da rotação (θy) na cabeça de um dos pilares (NLink) condicionantes para o acelerograma mais desfavorável a actuar na direcção longitudinal

Figura 98 - Evolução da rotação (θx) na cabeça de um dos pilares (NLink) condicionantes para o acelerograma mais desfavorável a actuar na direcção transversal

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131

Figura 99 - Evolução da rotação da cabeça do pilar (θy) mais desfavorável em função do valor do corte basal para o acelerograma mais condicionante a actuar na direcção longitudinal

Figura 100 - Evolução da rotação da cabeça do pilar (θx) mais desfavorável em função do valor do corte basal para o acelerograma mais condicionante a actuar na direcção transversal

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132

De acordo com as figuras 97 a 100, pôde verificar-se que os valores máximos de

rotação para a acção sísmica mais condicionante são:

Tabela 49 - Valores máximos das rotações medidas nas zonas de plasticidade concentrada do pilar mais desfavorável para a acção sísmica simulada pelo

acelerograma condicionante

(rad) (rad)

Máximo negativo -0,0024 -0,0025 Máximo positivo 0,0060 0,0013

Conclui-se portanto que a segurança está garantida, uma vez que as rotações obtidas

estão muito abaixo do valor do limite de cálculo ( ) de 0,0121 rad. Note-se que os valores

apresentados na tabela 50 são referentes ao acelerograma mais condicionante, sendo que o

valor de referência devia ser a média dos máximos. Pode-se portanto concluir que, embora a

segurança seja verificada as potencialidades dúcteis do viaduto não estão a ser correctamente

exploradas, tal como se concluiu para as análises pushover.

Para melhor perceber o comportamento da secção durante a actuação da acção

sísmica simulada por um acelerograma, discretizou-se o gráfico da figura 99 durante 3

intervalos de tempo, cada um com 10 segundos. Os resultados apresentam-se na figura 101.

Figura 101 - Evolução da rotação da rótula plástica do pilar mais desfavorável para o acelerograma mais condicionante a actuar na direcção longitudinal

-10000

-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06

Co

rte

bas

al n

a d

ire

cção

x (

kN)

Rotação (rad)

0-10 segundos

0-20 segundos

20-30 segundos

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133

Como se pode constatar observando a figura 101, é durante o intervalo de tempo entre

os instantes t=10seg e t=20 seg que a rótula plástica sofre a maior deformação. Pode também

observar-se o efeito de perda de rigidez da secção durante todo o processo, representada pela

inclinação dos segmentos que representam a evolução da rotação da secção em todas as

oscilações.

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134

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135

8 - Comparação final de resultados e conclusões

Concluídas todas as análises, está-se agora em condições de poder comparar

convenientemente os vários resultados obtidos, de forma a aferir as principais diferenças entre

elas.

Em primeiro lugar deve referir-se que a segurança foi verificada para todas as análises

que se efectuaram. Deve também ter-se em atenção que a comparação dos resultados entre

as diferentes análises pode não ser viável, uma vez que para chegar a resultados finais, os

procedimentos e cálculos utilizados foram muito diferentes. Deve ter-se em mente que as

análises lineares se baseiam na obtenção de esforços de cálculo e posterior dimensionamento

se elementos resistentes e as análises não lineares, assentam num controlo de deformações

da estrutura, sendo que um dimensionamento ideal da estrutura contempla a entrada dos

elementos resistentes em regime não linear, tirando assim partido das sua resistência em

regime pós cedência, o que permite criar estruturas mais esbeltas e baratas.

O quadro apresentado abaixo representa uma síntese dos resultados obtidos, em todas

as análises, que permitem identificar a análise como bem-sucedida no que diz respeito à

verificação de segurança. Apresenta-se também o valor dos deslocamentos nas duas

direcções horizontais obtidos para o tabuleiro em todas as análises. Embora o deslocamento

não tenha sido um parâmetro de importância crucial em nenhuma das análises, é interessante

ver os resultados deste parâmetro a que cada análise conduziu.

Tabela 50 - Parâmetros mais relevantes das várias análises efectuadas

Parâmetro Análise dinâmica

linear (regime elástico)

Análise estática não-linear (pushover)

Análise dinâmica não-linear

Esforços nos pilares

4299 kN.m 4553 kN.m 4553 kN.m

4744 kN.m

4553 kN.m 4553 kN.m 4597 kN.m

Deslocamento do centro de massa

13

Longitudinal 0,049 m 0,039 m “Deslocamentos objectivo”

0,038 m

Transversal 0,044 m 0,033 m 0,024 m

Rotação das zonas mais esforçadas

(acção long.) 0,0012 rad 0,0048 rad 0,0041 rad

(acção transv.) 0,0001 rad 0,0036 rad 0,0021 rad - 0,0169 rad 0,0121 rad

Verificação de segurança

13

Os valores relativos aos deslocamentos e rotações resultantes da análise dinâmica linear encontram-se multiplicados pelos respectivos coeficientes de ductilidade (apresentados no ponto 5.4.1)

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136

Como se pode verificar, os valores referentes às análises não lineares são bastante

próximos, sendo os obtidos da análise dinâmica, valores “reais” e os resultantes das análises

pushover metas de deformação para medir a rotação. A proximidade deles revela a precisão da

calibração dos métodos presentes no Eurocódigo. Note-se a maior divergência nos parâmetros

relativos à direcção transversal, para a qual era mais complexa a definição da fase elástica e

plástica.

Apesar da diferença dos valores de rotação das secções mais solicitadas não diferir

muito entre as duas análises não-lineares, são bastante diferentes dos homólogos da análise

linear. Este facto deve-se à detalhada modelação das rótulas plásticas nos modelos não

lineares que levaram a um elevado “enfraquecimento” desta zona. No modelo linear, a rotação

do nó depende em grande parte da rotação do tabuleiro que tem uma elevada inércia, daí o

valor da rotação, nesta modelação ser bastante reduzido. O mesmo não se verificou para os

deslocamentos, pois os factores de ductilidade estimados contribuíram para aproximar os

deslocamentos obtidos em regime linear com os que se obtiveram posteriormente nos modelos

não-lineares.

A ideia retida, após comparados os custos e os benefícios de cada uma das análises, é

de que, numa perspectiva mais corrente da prática da engenharia em Portugal, as análises

não-lineares não se justificam, para a grande maioria de obras de arte que se realizam, por

dois motivos. Em primeiro lugar, o cálculo sísmico através de espectro de resposta está já

suficientemente enraizado e compreendido e é suficientemente preciso e rápido. É, no entanto,

de todo o interesse, que os espectros de resposta, utilizados em projecto, sejam actualizados

para os que o Eurocódigo recomenda, em detrimento dos que o RSA contempla, pois estão

muito desactualizados, não só em termos numéricos (para solos do mesmo tipo os espectros

do RSA originam forças de inércia menores) como também tem erros de índole conceptual. É

exemplo disso, o facto de um espectro de resposta do RSA, para um solo de qualidade inferior,

provocar menores acelerações que o espectro de resposta de um solo rochoso. Hoje em dia

sabe-se que não ocorre uma dissipação da vibração mas sim uma amplificação. É por isso,

estritamente necessário que se sensibilizem os engenheiros a adoptar, no mínimo, os

conceitos referentes às análises dinâmicas lineares.

Por outro lado, as análises não-lineares dependem muito de uma apertada fiscalização

durante a concepção das estruturas, caso contrário, todos os resultados previstos serão

deturpados. Muitas vezes, e na maioria das obras de arte correntes, este grau de fiscalização

não é cumprido, o que faz com que seja inglório todo o procedimento de dimensionamento com

metas no campo da deformação, que é bastante moroso. Recorde-se que, neste trabalho foi

feita uma verificação a uma estrutura existente, sendo que, um dimensionamento com vista a

uma deformação pretendida é um processo bastante mais complexo porque pode envolver

demasiadas iterações para que se convirja para o resultado que se pretende e que se julga ser

o mais adequado.

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137

Parece então óbvia a conclusão que se retira de todo este estudo. Por envolver

demasiadas variáveis, as análises não lineares não devem ser a base do dimensionamento

estrutural de obras de arte corrente, mas deverão sim, ser utilizadas, como ferramentas fiáveis

de medição de desempenhos de estruturas dimensionadas através de análises dinâmicas

lineares através de espectro de resposta.

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Anexos

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Anexo A – Peças Desenhadas do Projecto

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Anexo B - Características mecânicas dos solos

(slides da disciplina de Dimensionamento de Fundações)

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Anexo C – Valores da curva M-θ das rótulas plásticas

Extensão dos materiais

Betão Aço

Recob. Núcleo Momento (kN.m) Rotação (rad)

0,0000 0,0000 0,0000 0,00 0,00000

0,0002 0,0002 0,0000 763,75 0,00005

0,0003 0,0003 -0,0001 1390,18 0,00011

0,0004 0,0004 -0,0002 1787,42 0,00017

0,0005 0,0005 -0,0004 2090,77 0,00025

0,0006 0,0006 -0,0005 2353,70 0,00032

0,0007 0,0007 -0,0007 2577,28 0,00040

0,0008 0,0008 -0,0009 2794,91 0,00049

0,0009 0,0009 -0,0011 3017,40 0,00057

0,0010 0,0010 -0,0013 3232,41 0,00065

0,0011 0,0011 -0,0015 3421,35 0,00073

0,0012 0,0012 -0,0017 3619,50 0,00082

0,0013 0,0012 -0,0019 3772,47 0,00090

0,0014 0,0013 -0,0021 3908,14 0,00099

0,0015 0,0014 -0,0023 3987,73 0,00108

0,0016 0,0015 -0,0026 4061,62 0,00118

0,0018 0,0017 -0,0031 4190,68 0,00137

0,0020 0,0019 -0,0036 4302,28 0,00157

0,0025 0,0024 -0,0048 4428,13 0,00207

0,0030 0,0028 -0,0062 4470,67 0,00259

0,0035 0,0033 -0,0074 4539,84 0,00309

0,0040 0,0038 -0,0088 4550,86 0,00361

0,0045 0,0042 -0,0101 4569,85 0,00412

0,0050 0,0047 -0,0114 4563,16 0,00462

0,0060 0,0057 -0,0138 4569,45 0,00559

0,0070 0,0066 -0,0162 4531,58 0,00655

0,0080 0,0075 -0,0186 4541,14 0,00751

0,0090 0,0085 -0,0210 4532,82 0,00847

0,0100 0,0094 -0,0233 4526,16 0,00941

0,0120 0,0113 -0,0279 4559,15 0,01124

0,0140 0,0132 -0,0325 4559,05 0,01312

0,0160 0,0151 -0,0372 4550,14 0,01499

0,0180 0,0169 -0,0417 4552,89 0,01685

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Anexo D – Valores da curva de pushover longitudinal

Step

Displacement Base Shear

m kN

0 0,0000 0,00

1 0,0020 1687,99

2 0,0039 3375,97

3 0,0059 5063,96

4 0,0078 6751,94

5 0,0112 9726,21

6 0,0135 9726,21

7 0,0155 9726,21

8 0,0174 9726,21

9 0,0194 9726,21

10 0,0213 9726,21

11 0,0233 9726,21

12 0,0252 9726,21

13 0,0272 9726,21

14 0,0291 9726,21

15 0,0311 9726,21

16 0,0330 9726,21

17 0,0350 9726,22

18 0,0369 9726,22

19 0,0389 9726,22

20 0,0390 9726,22

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Anexo E – Valores da curva de pushover transversal dependente do modo

de vibração

Sistema MDOF (SAP 2000) Sistema SDOF

Passo Deslocamento (m) F basal (kN) d* (m) F* (kN)) Critérios de rotura

1 0,0011 1028,14 0,0009 829,68 Zonas de rótulas plásticas

2 0,0022 2056,28 0,0018 1659,35 P centrais topo

3 0,0033 3084,42 0,0027 2489,03 P extremidade -

4 0,0044 4112,56 0,0036 3318,70 STEP 10

5 0,0055 5140,70 0,0044 4148,38 d* = 0,0089

6 0,0066 6168,84 0,0053 4978,05 F* = 8037,10

7 0,0077 7196,99 0,0062 5807,73 P centrais topo e base

8 0,0088 8225,13 0,0071 6637,40 P extremidade -

9 0,0099 9253,27 0,0080 7467,08 STEP 12

10 0,0110 9959,65 0,0089 8037,10 d* = 0,0107

11 0,0121 10576,41 0,0098 8534,81 F* = 8926,44

12 0,0132 11061,72 0,0107 8926,44 P centrais topo e base

13 0,0143 11508,79 0,0115 9287,21 P extremidade topo

14 0,0154 11955,87 0,0124 9647,98 STEP 18

15 0,0165 12402,94 0,0133 10008,76 d* = 0,0160

16 0,0176 12850,01 0,0142 10369,53 F* = 11009,23

17 0,0187 13297,09 0,0151 10730,31 P centrais topo e base

18 0,0198 13642,74 0,0160 11009,23 P extremidade topo e base

19 0,0209 13976,51 0,0169 11278,58 STEP 21

20 0,0220 14310,28 0,0178 11547,92 d* = 0,0195

21 0,0231 14631,95 0,0186 11807,50 F* = 12036,85

22 0,0242 14916,17 0,0195 12036,85

23 0,0253 15200,38 0,0204 12266,20

24 0,0264 15484,60 0,0213 12495,55

25 0,0275 15768,81 0,0222 12724,90

26 0,0286 16053,03 0,0231 12954,26

27 0,0297 16337,24 0,0240 13183,61

28 0,0308 16621,46 0,0249 13412,96

29 0,0319 16905,67 0,0257 13642,31

30 0,0320 17189,89 0,0266 13871,66

31 0,0333 17276,50 0,0269 13941,56 Equação da recta de rigidez final prolongada até à origem

32 0,0367 18137,76 0,0296 14636,56

33 0,0400 18999,01 0,0323 15331,57

34 0,0433 19860,27 0,0350 16026,57 m = 258375,7

35 0,0467 20721,53 0,0377 16721,58 b = 6991,6

36 0,0500 21582,78 0,0403 17416,58 F* d*

37 0,0533 22444,04 0,0430 18111,59 6991,61 0,0000

38 0,0567 23305,30 0,0457 18806,59 9285,12 0,0089

39 0,0600 24166,55 0,0484 19501,60 9743,82 0,0107

40 0,0633 25027,81 0,0511 20196,61 11119,92 0,0160

41 0,0667 25889,06 0,0538 20891,61 12037,32 0,0195

42 0,0700 26750,32 0,0565 21586,62

43 0,0733 27611,58 0,0592 22281,62

44 0,0767 28472,83 0,0619 22976,63

45 0,0800 29334,09 0,0646 23671,63

46 0,0833 30195,35 0,0672 24366,64

47 0,0867 31056,60 0,0699 25061,64

48 0,0900 31917,86 0,0726 25756,65

49 0,0933 32779,12 0,0753 26451,65

50 0,0967 33640,37 0,0780 27146,66

51 0,1000 34501,63 0,0807 27841,66

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Anexo F – Valores da curva de pushover transversal não dependente do

modo de vibração

Sistema MDOF (SAP 2000) Sistema SDOF

Passo Deslocamento (m) F basal (kN) d* (m) F* (kN) Critérios de rotura

1 0,0011 1368,184 0,0009 1104,08 Zonas de rótulas plásticas

2 0,0021 2736,367 0,0017 2208,16 P centrais topo

3 0,0032 4104,551 0,0026 3312,24 P extremidade -

4 0,0043 5472,734 0,0034 4416,31 STEP 10

5 0,0053 6840,918 0,0043 5520,39 d* = 0,0086

6 0,0064 8209,101 0,0052 6624,47 F* = 10786,22

7 0,0075 9577,285 0,0060 7728,55 P centrais topo e base

8 0,0085 10945,468 0,0069 8832,63 P extremidade -

9 0,0096 12313,652 0,0077 9936,71 STEP 12

10 0,0107 13366,373 0,0086 10786,22 d* = 0,0103

11 0,0117 14184,376 0,0095 11446,32 F* = 12034,64

12 0,0128 14913,428 0,0103 12034,64 P centrais topo e base

13 0,0139 15506,637 0,0112 12513,34 P extremidade topo

14 0,0149 16099,846 0,0121 12992,04 STEP 17

15 0,0160 16693,055 0,0129 13470,74 d* = 0,0146

16 0,0171 17286,264 0,0138 13949,44 F* = 14406,35

17 0,0181 17852,474 0,0146 14406,35 P centrais topo e base

18 0,0192 18292,312 0,0155 14761,28 P extremidade topo e base

19 0,0203 18732,150 0,0164 15116,22 STEP 21

20 0,0213 19171,988 0,0172 15471,15 d* = 0,0172

21 0,0224 19599,346 0,0181 15816,02 F* = 15471,15

22 0,0235 19973,128 0,0189 16117,65

23 0,0245 20346,910 0,0198 16419,28

24 0,0256 20720,692 0,0207 16720,91

25 0,0267 21094,474 0,0215 17022,54

26 0,0277 21468,256 0,0224 17324,17

27 0,0288 21842,038 0,0232 17625,80

28 0,0299 22215,819 0,0241 17927,42

29 0,0309 22589,601 0,0250 18229,05

30 0,0320 22963,383 0,0258 18530,68

31 0,0333 23430,564 0,0269 18907,68 Equação da recta de rigidez final

prolongada até à origem 32 0,0367 24598,633 0,0296 19850,28

33 0,0400 25766,702 0,0323 20792,87

34 0,0433 26934,770 0,0350 21735,46 m = 350386,9

35 0,0467 28102,839 0,0377 22678,05 b = 9482,8

36 0,0500 29270,907 0,0403 23620,64 F* d*

37 0,0533 30438,976 0,0430 24563,24 9482,76 0,0000

38 0,0567 31607,044 0,0457 25505,83 12498,86 0,0086

39 0,0600 32775,113 0,0484 26448,42 13101,97 0,0103

40 0,0633 33943,181 0,0511 27391,01 14609,87 0,0146

41 0,0667 35111,250 0,0538 28333,61 15514,68 0,0172

42 0,0700 36279,318 0,0565 29276,20

43 0,0733 37447,387 0,0592 30218,79

44 0,0767 38615,455 0,0619 31161,38

45 0,0800 39783,524 0,0646 32103,98

46 0,0833 40951,592 0,0672 33046,57

47 0,0867 42119,661 0,0699 33989,16

48 0,0900 43287,729 0,0726 34931,75

49 0,0933 44455,798 0,0753 35874,34

50 0,0967 45623,867 0,0780 36816,94

51 0,1000 46789,810 0,0807 37757,81

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Anexo G – Acelerogramas artificiais e espectros correspondentes

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