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ANÁLISE DE REDES PARA A SELEÇÃO
DE FORNECEDORES DE SUPRIMENTOS
HUMANITÁRIOS
Marcia Marcondes Altimari Samed (UEM )
Sergio Leonardo Milani Furini (UEM )
Danilo Hisano Barbosa (UEM )
Devido à forma de ocorrência súbita dos desastres, e a sua intensidade
e localização desconhecidas, a seleção de fornecedores se mostra de
extrema importância no planejamento estratégico, em específico na
etapa de preparação, no âmbito da LLogística Humanitária. Este
artigo explora a relação dos conceitos de Logística Humanitária e
Seleção de Fornecedores, assim como a utilidade da Análise de Redes.
Através da modelagem de possíveis cenários, trabalha-se com os
softwares UCINET e NETDRAW para análise das relações de
fornecimento em áreas com elevado número de incidências de
desastres do Estado do Paraná, com o objetivo de levantamento e
classificação dos melhores conjuntos de fornecedores. Com isto, o
estudo visa o auxílio na tomada de decisão dos órgãos responsáveis no
atendimento a desastres e a minimização o tempo de resposta a
afetadas por desastres.
Palavras-chave: Logística Humanitária, Seleção de Fornecedores,
Análise de Redes, UCINET
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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1. Introdução
A Logística Humanitária (LH) é um conceito ainda muito recente que vem se estabelecendo
como uma nova área de estudos e pesquisas. No Brasil este conceito começou a ser divulgado
há uma década com os trabalhos de Nogueira et al. (2007). Desde então, vários autores
contribuíram para divulgar a LH no meio acadêmico e ao mesmo tempo obtiveram soluções
práticas para problemas que afetam a vida de pessoas de norte a sul do Brasil. No entanto, há
ainda muito a ser explorado, principalmente no campo acadêmico. Deste modo, este artigo
tem como objetivo a proposição de uma nova abordagem a ser empregada na seleção de
fornecedores de suprimentos humanitários.
Sabe-se que na fase de Preparação para Desastres uma das ações estratégicas consiste no
desenvolvimento de parcerias com fornecedores de suprimentos humanitários. A importância
dessa parceria para a LH deve-se a vários motivos, dos quais, destacam-se: desastres, em sua
maioria, são eventos súbitos que ocorrem em locais incertos e em intensidades desconhecidas;
na fase de Resposta, o atendimento às pessoas afetadas pelos desastres deve ocorrer no menor
tempo possível, tendo início, no máximo, em 72 horas; suprimentos emergenciais não são
comumente mantidos em estoque, dada a imprevisibilidade dos desastres. Assim, identificar e
selecionar que determinados fornecedores possuem capacidade de atendimento às regiões
afetadas por desastres, pode ser considerada uma garantia de fornecimento de suprimentos
emergenciais.
No Estado do Paraná, o evento com a maior ocorrência consiste em desastres causados por
chuvas e suas consequências (enxurradas, enchentes, deslizamentos, tornados e granizos). Um
estudo permitiu a identificação das áreas mais afetadas por esse tipo de desastre e, com base
nisso, definiu-se localizações com fornecedores de água (suprimento humanitário emergencial
escolhido para este estudo). Com base nesses dados, uma nova abordagem denominada
análise de redes foi desenvolvida para contribuir na seleção dos fornecedores de água.
A análise de redes tem aplicações em diferentes áreas, mas o ponto de comum consiste na
ideia de que uma rede é um conjunto de nós interligados, tal que essas ligações podem
representar diferentes tipos de situações. Em mídias sociais, a análise de redes é utilizada para
ajudar a interpretar grupos sociais e suas relações: atores isolados, popularidade, prestígio,
transitividade, coesão social, entre outros.
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Deste modo, pretende-se demonstrar neste artigo as relações entre fornecedores em situações
de desastres, fazendo-se uso de uma analogia para aplicação da análise de redes na LH. Este
artigo encontra-se estruturado da seguinte forma: Revisão de Literatura, Estudo de Caso,
Desenvolvimento e Considerações Finais.
2. Revisão de Literatura
Nesta seção serão apresentados, de maneira breve, os principais conceitos a serem
desenvolvidos neste artigo, a saber: Logística Humanitária (LH) e Análise de Redes (AR).
A LH se propõe a estudar situações de desastres naturais, desastres causados pelo homem,
emergências complexas como situações de conflitos e guerras (OLORUNTOBA e GRAY,
2006).
Para Thomas (2004), a LH engloba uma gama de atividades incluindo etapas de preparação,
planejamento, aquisição, transporte, armazenamento, detecção e acompanhamento
personalizado. Segundo Beamon (2004), a LH é a função que visa o fluxo de pessoas e
materiais de forma adequada e em tempo oportuno na cadeia de assistência, com o objetivo de
atender de maneira correta o maior número de pessoas.
A LH está fundamentada nos conceitos logísticos adaptados às cadeias de assistência e gestão
humanitária, que podem ser o diferencial no que diz respeito à minimização de ações
improvisadas e maximizar a eficiência e o tempo de resposta a desastres. Deste modo, o fator
resposta é uma questão-chave para a LH, uma vez que torna possível que o auxílio chegue o
mais rápido possível, no lugar onde é requisitado, nas condições certas para auxiliar pessoas
afetadas por desastres (Banomyong e Sodapang, 2011).
Caunhye et al. (2012) realizaram uma revisão dos principais artigos de otimização aplicada na
logística emergencial. Os autores identificaram que a maioria dos trabalhos visa melhorar a
capacidade de resposta (tempo de resposta), custos, distância e demanda reprimida ao longo
do tempo.
Lima (2014) desenvolveu um modelo com base em Fluxo de Redes para auxiliar na aquisição
de suprimentos na fase de resposta a situações de desastre. Essa tese teve como base uma
determinada estrutura de demanda e fornecedores a serem selecionados, buscando-se
minimizar o tempo de entrega de suprimentos emergenciais.
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Usualmente, para que os suprimentos necessários para atender aos requisitos operacionais e os
requisitos de suporte na cadeia de abastecimento humanitário sejam supridos de maneira mais
eficiente, faz-se o estudo de fornecedores. O estudo de fornecedores serve para determinar
qual provedor estará mais próximo e com o material necessário disponível para atender a
demanda gerada pelo possível desastre, demanda essa que não tem como ser mensurada antes
do ocorrido.
Visando o processo de aquisição, o qual é uma das funções da logística humanitária como
afirma Blecken (2010), o presente estudo tem por objetivo a identificação e seleção de
fornecedores adequados para gerir as necessidades de suprimentos humanitários no local e
momento certos.
Devido à complexidade da atividade de seleção de fornecedores várias ferramentas foram
desenvolvidas. Entre essas ferramentas encontram-se modelos com programação matemática,
modelos de ponderação e métodos de apoio à decisão multicritério, todas com o intuito de
englobar o máximo de critérios possíveis reduzindo assim a subjetividade da decisão.
Um modelo que é usualmente aplicado na logística empresarial denominado como análise de
redes de fornecedores, tem por objetivo lidar com as redes como sendo uma espécie de lógica
organizacional pelas quais as figuras dos arranjos de redes são o meio de aglutinar indivíduos
e organizações nas relações no sistema (SACOMANO NETO, 2004).
Voltando este raciocínio para a LH e seleção de fornecedores, cria-se uma representação para
uma avaliação da disposição, viabilidade e validação de determinado ator na cadeia de
suprimentos humanitário. Tal avaliação pode ser facilitada pelo uso do software UCINET,
que representa as interações entre os indivíduos da rede e indica como ela é construída e usa-
se a teoria dos grafos também para a plotagem de gráficos através do NETDRAW.
Na AR cada fornecedor corresponde a um nó desta rede. O termo rede vem do senso comum
como uma ideia de um instrumento de pesca. Pode ser interpretado em outros contextos como
sendo uma relação entre diversos pontos, os quais podem ser interpretados de diversas formas,
que se interligam e formam uma estrutura de rede com a intenção de alcançar algum objetivo
em comum. No século XIX, esse termo adquiriu sentido mais abstrato, denominando todo o
conjunto de pontos com mútua comunicação (BALESTRIN E VARGAS, 2003).
Segundo Burt (1992) uma rede consiste num conjunto de nós (pessoas, objetos ou eventos)
ligados por um tipo específico de relação. A rede não é somente consequência das relações
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existentes entre os nós, tem-se também o buraco estrutural que faz parte da rede como sendo a
ausência de relação entre os nós ou atores.
A importância da AR para estudos de redes diversas em busca de detectar e analisar as
diferentes características dos vértices componentes da rede, que podem ser representados por
empresas, fornecedores, produtores ou clientes, e a relação estabelecida pelas arestas, como as
trocas ocorridas, fluxo de matérias e/ou informações, se faz de vital importância quando se
trata da Cadeia de Suprimentos. A utilização desses conceitos facilita a avaliação dos
principais atores com relação a índices estabelecidos para seleção e análise (CERQUEIRA et
al., 2014).
3. Estudo de Caso
O problema definido remete à seleção de fornecedores de água em regiões que sofrem
usualmente com desastres no estado do Paraná. Primeiramente, foram levantadas algumas
regiões onde estão estabelecidos possíveis fornecedores para suprir uma possível demanda e
assim estabelecer parceria. Este tipo de levantamento tem por finalidade auxiliar a tomada de
decisão em casos de necessidade e com objetivo final de minimizar o tempo de resposta à
população atingida.
Uma vez que as cidades afetadas podem sofrer danos em sua estrutura, tendo sua distribuição
de serviços e suprimentos básicos para a população comprometida, pode-se destacar como um
dos principais problemas causados pelos desastres, o problema de abastecimento.
A seleção de fornecedores vem como contramedida para o problema do abastecimento, ou
seja, se antes do ocorrido o órgão responsável, no caso a Defesa Civil, possuir uma relação de
parceiros fornecedores de suprimentos humanitários emergenciais, todo o processo de
aquisição e suprimento é facilitado, podendo assim auxiliar as vítimas em menor período de
tempo. No presente artigo, o foco será direcionado ao suprimento de água, por ser um
suprimento indispensável para o ser humano.
A Figura 1 apresenta o mapa de ocorrências da Defesa Civil do Estado do Paraná no período de
2010 a 2015, representando as regiões mais afetadas por desastres de diversos tipos.
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Figura 1 – Mapa de Ocorrência de Desastres.
Fonte: geo.pr.gov.br
No modelo desenvolvido neste artigo será considerada a importância da Defesa Civil regional
neste tipo de situação, agindo como mediador para a aquisição do produto com o fornecedor,
além disso, destaca-se a classificação das cidades de porte razoável como conglomerados de
fornecedores que podem atuar na demanda de algum ocorrido nas redondezas.
Com base nas informações fornecidas pela Defesa Civil, as cidades selecionadas foram:
Paranaguá, Campo Largo, Ponta Grossa, Guarapuava e Irati, por estarem localizadas nas áreas
onde ocorre o maior número de desastres e por serem cidades com uma grande estrutura de
fornecimento de água nas regiões em questão. A cidade de Curitiba se encontra na região de
estudo e é uma cidade que possui todos os requisitos necessários para gerir uma possível
demanda, porém também é detentora da localização da Defesa Civil do Estado do Paraná,
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ponto que irá suprir grande parte da ajuda aos pontos de desastre. Assim, optou-se por retirar
Curitiba da análise, considerando a cidade apenas como Centro da Defesa Civil e
coordenadora principal de ações de resposta a desastres.
4. Desenvolvimento
O desenvolvimento proposto parte da avaliação de possíveis cenários nas regiões estudadas,
sendo ponderadas no software UCINET as distâncias entre as cidades e representadas em
modelo de grafo pelo NETDRAW. A relação de distribuidores por cidade foi feita em um
levantamento e classificação prévia, levando em conta a procedência do estabelecimento, a
capacidade de transporte e confiabilidade de entrega do mesmo.
A implementação desses dados no software UCINET, com o desenvolvimento de grafos pelo
NETDRAW, possibilita distinguir qual cidade, que representa um conjunto de fornecedores, é
de maior relevância para cada cenário. Sendo assim, algumas etapas para a criação dos
cenários e análise dos mesmos foi seguida.
Primeiramente, foi considerada apenas uma cidade afetada por desastre(s), tendo como fator
de avaliação a distância entre elas. Ressaltando a necessidade de suprir a demanda no menor
tempo possível, foi usada a lógica de que um caminhão (meio de transporte mais comum)
trafega a 90 km/h em média, a distância percorrida pelo mesmo em uma hora de viagem seria
90 km, sendo assim, as cidades que se encontram no raio de 90 km receberam fator 5, usando
a mesma lógica as cidades no raio de 90 a 180 km receberam a ponderação de 3 e as demais
receberam 1, relacionando assim tempo e distância percorrida.
Após a criação da matriz com as devidas ponderações no software UCINET, os dados são
exportados para o NETDRAW no qual foi possibilitada a representação gráfica de cada
cenário. Após a criação do grafo de cada cenário, pode-se fazer a análise visual gráfica,
destacando em cada cenário um ou mais nós resultantes. Por fim, os nós resultantes são
integrados para gerar um cenário resultante para o caso de uma cidade afetada, e então, no
UCINET gera-se uma matriz do cenário resultante que por consequente resulta em uma
planilha de dados na qual auxilia na análise e tomada de decisões.
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Com o objetivo de encontrar e classificar o conjunto de fornecedores para cada cenário
resultante, representados pelas cidades, a mesma sequência de ações é seguida quando se
tratada da avaliação de duas cidades afetadas simultaneamente.
A seguir serão apresentadas implementações de cenários por meio do software UCINET
considerando, primeiramente, apenas uma cidade afetada.
Na Figura 2 é apresentada a representação das relações entre os fornecedores localizados nas
cidades definidas com o intuito de atender o suprimento de água para a cidade de Guarapuava.
Figura 2- Cenário 1: Guarapuava Figura 3 - Cenário 2: Irati
De acordo com a Figura 2 é possível verificar por meio de uma análise visual gráfica que o nó
Ponta Grossa e Irati possuem o melhor conjunto de fornecedores para atender a necessidade
do nó Guarapuava. Do mesmo modo, na Figura 3 foi o nó Ponta Grossa possui o melhor
conjunto de fornecedores para atender a necessidade do nó Irati.
Figura 4 - Cenário 3: Ponta Grossa Figura 5 - Cenário 4: Campo Largo
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De acordo com a Figura 4 é possível verificar por meio de uma análise visual gráfica que o nó
Campo Largo e Irati possuem o melhor conjunto de fornecedores para atender a necessidade
do nó Ponta Grossa. Do mesmo modo, na Figura o nó Ponta Grossa possui o melhor conjunto
de fornecedores para atender a necessidade do nó Campo Largo.
Figura 6 - Cenário 5: Paranaguá
De acordo com a Figura 6 é possível verificar por meio de uma análise visual gráfica que o nó
Campo Largo possui o melhor conjunto de fornecedores para atender a necessidade do nó
Paranaguá.
Após fazer a análise de cada cenário separadamente, integrou-se os resultados dos cenários
para as cidades destaques e seus respectivos pesos, sendo obtido o cenário resultante,
conforme Figura 7.
Figura 7 - Cenário 6: Resultante para 1 Cidade Afetada
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Com relação à Figura 7, pode-se observar a relação bidirecional entre os nós Ponta Grossa,
Campo Largo e Irati e a relação unidirecional com relação aos nós Paranaguá e Guarapuava,
estas relações advêm da interação e sobreposição dos melhores nós de cada cenário.
Usando o software UCINET, foi construída a avaliação de centralidade de grau, proximidade
e intermediações que são parâmetros de análise gerados pelo mesmo, tais parâmetros são de
suma importância para o auxílio a tomada de decisão.
Os dados obtidos apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Medidas de Centralidade
Centralidade de: Grau Proximidade Intermediações
Guarapuava 50,000 57,143 0,000
Irati 50,000 57,143 0,000
Ponta Grossa 75,000 80,000 66,667
Campo Largo 50,000 66,667 50,000
Paranaguá 25,000 44,444 0,000
Os resultados da Tabela 1 possibilitam algumas observações. Primeiramente com relação à
Centralidade de Grau, podemos observar que o nó Ponta Grossa detêm o valor de 75% sendo
considerado o melhor, enquanto Paranaguá com 25% possui o menor. Está observação
implica em afirmar que neste cenário o nó Ponta Grossa tem maior número de ligação direta
com os demais nós, por consequência possui um poder de influência maior sobre a rede, já o
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nó Paranaguá por possuir o menor valor não possui tantas ligações diretas com os demais
possuindo assim um poder de influência baixo na rede.
Com relação à Centralidade de Proximidade, pode-se destacar Ponta Grossa como sendo o nó
com maior representatividade, 80%; e, em seguida, Campo Largo com 66,667%, implicando
assim que estes são os nós melhores posicionados, com maior acesso aos demais e detentores
de maior número de conexões, recursos e informações; ao contrário de Paranaguá com
44,444%.
No que se refere à Centralidade de Intermediações, destaca-se os nós Ponta Grossa com
66,667% e Campo Largo com 50,00%, implicando em estes serem os nós que mais trabalham
como ator intermediário de recursos/informações na rede. Por fim, calculou-se a Densidade da
Rede, tendo a mesma uma densidade de 29%, o que evidência a falta de laços fortes entre os
nós e poucas estruturas contratuais, sendo propicia para implementação de parcerias entre os
nós.
Em seguida foram estabelecidos cenários considerando-se, simultaneamente, 2 cidades
afetadas. Na Figura 8 apresenta-se o cenário com as cidades Guarapuava e Irati.
Figura 8 - Cenário 7: Guarapuava + Irati Figura 9 - Cenário 8: Guarapuava + Ponta Grossa
De acordo com a Figura 8 é possível verificar por meio da análise visual gráfica que o nó
Ponta Grossa possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as necessidades dos nós
Guarapuava e Irati. Do mesmo modo, o nó Irati possui o melhor conjunto de fornecedores
para atender as necessidades dos nós Guarapuava e Ponta Grossa.
Figura 10 - Cenário 9: Guarapuava + Campo Largo Figura 11 - Cenário 10: Guarapuava + Paranaguá
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De acordo com a Figura 10 é possível verificar por meio da análise visual gráfica que o nó
Ponta Grossa possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as necessidades dos nós
Guarapuava e Campo Largo. Do mesmo modo, os nós Ponta Grossa e Irati possuem o melhor
conjunto de fornecedores para atender as necessidades do nó Guarapuava enquanto o nó
Campo Largo possui melhor conjunto para atender o nó Paranaguá.
Figura 12 - Cenário 11: Irati + Ponta Grossa Figura 13 - Cenário 12: Irati + Campo Largo
De acordo com a Figura 12 é possível verificar por meio da análise visual gráfica que o nó
Campo Largo possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as necessidades dos nós
Ponta Grossa e Irati. Do mesmo modo, o nó Ponta Grossa possui o melhor conjunto de
fornecedores para atender as necessidades dos nós Campo Largo e Irati.
Figura 14 - Cenário 13: Irati + Paranaguá Figura 15 - Cenário 14: Ponta Grossa + Campo Largo
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De acordo com a Figura 14 é possível verificar por meio da análise visual gráfica que o nó
Ponta Grossa possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as necessidades do nó
Irati enquanto o nó Campo Largo possui melhor conjunto para atender o nó Paranaguá. Do
mesmo modo, o nó Irati possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as
necessidades dos nós Campo Largo e Ponta Grossa.
Figura 16 - Cenário 15: Ponta Grossa + Paranaguá Figura 17 - Cenário 16: Campo Largo + Paranaguá
De acordo com a Figura 16 é possível verificar por meio da análise visual gráfica que o nó
Campo Largo possui o melhor conjunto de fornecedores para atender as necessidades dos nós
Ponta Grossa e Paranaguá. Do mesmo modo, o nó Ponta Grossa possui o melhor conjunto de
fornecedores para atender as necessidades dos nós Campo Largo e Paranaguá.
Após realizar a análise de cada cenário separadamente, integrando os resultados dos cenários
para as cidades destaques e seus respectivos pesos, foi obtido o cenário resultante, agora com
relação a 2 cidades afetadas simultaneamente, conforme Figura 18.
Figura 18 – Cenário 17: Resultante para 2 Cidades Afetadas
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Devido a integração e sobreposição dos melhores nós dos cenários de 2 cidades afetadas,
pode-se observar a relação bidirecional que se estabelece entre os nós Ponta Grossa, Campo
Largo e Irati, e também a relação unidirecional com os nós Guarapuava e Paranaguá.
Considerando a matriz que gerou a Figura 18 e usando o software UCINET, foi construída a
avaliação de centralidade de grau, proximidade e intermediações para o auxílio a tomada de
decisão. Os dados obtidos apresentados na Tabela 2 foram os seguintes:
Tabela 2 – Medidas de Centralidade 2
Centralidade de: Grau Proximidade Intermediação
Guarapuava 50,000 66,667 0,000
Irati 75,000 80,000 8,333
Ponta Grossa 100,000 100,000 33,333
Campo Largo 75,000 80,000 8,333
Paranaguá 50,000 66,667 0,000
Através da análise da Tabela 2 pode-se observar com relação à Centralidade de Grau, que o
nó Ponta Grossa detêm o valor de 100% sendo considerado o melhor, enquanto Guarapuava e
Paranaguá com 50 % possuem o menor grau. Sendo o nó Ponta Grossa de maior valor, as
implicações consequentes são que o mesmo possui maior número de ligações diretas com os
demais nós, por consequência possui um poder de influência maior sobre a rede. Entretanto,
os nós Paranaguá e Guarapuava por terem o menor valor possuem menos ligações com os
demais, e com isto menor influência sobre a rede.
Também pode-se destacar Ponta Grossa com relação à Centralidade de Proximidade sendo o
nó com maior representatividade, 100%, e em seguida Campo Largo e Irati com 80,000%,
implicando assim que estes são os nós melhor posicionados, com maior acesso aos demais e
detentor de maior número de conexões, recursos e informações, ao contrário de Paranaguá e
Guarapuava com 66,667%.
No que se refere à Centralidade de Intermediações, destaca-se os nós Ponta Grossa com
33,333%, Campo Largo e Irati com 8,333%, implicando em estes serem os nós que mais
trabalham como ator intermediário de recursos/informações na rede. Por fim, calculou-se a
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Densidade da Rede, tendo a mesma uma densidade de 36%, o que evidência a falta de laços
fortes entre os nós e poucas estruturas contratuais, sendo propicia para implementação de
parcerias entre os nós.
5. Considerações Finais
O estudo buscou explicitar a relação da importância da seleção de fornecedores na logística
humanitária e como a análise de redes auxilia essa seleção. Através da seleção é possível criar
vínculos de parceria entre os fornecedores de materiais de primeira necessidade e os órgãos de
ajudas responsáveis por atender ocorrências de desastres, sendo assim, em casos de
ocorrência, a demanda gerada pelo desastre pode ser atendida ajudando o maior número de
pessoas no menor tempo possível.
O software UCINET e NETDRAW foram utilizados para o auxílio na tomada de decisão,
com isto foi possível plotar grafos que permitiram uma fácil visualização das relações entre os
nós fornecedores e análise. Além disso, foi possível através de parâmetros do UCINET como,
centralidade de grau, proximidade e intermediações, e densidade da rede um estudo
quantitativo e qualitativo das relações geradas pelos nós fornecedores, facilitando assim a
classificação.
As limitações enfrentadas pelo estudo, tais como número de cidades afetadas
simultaneamente, número de cidades usadas nos cenários, tipo de material de primeira
necessidade usado e também os parâmetros de análise usados pelo software entre outros
servem como estímulo para o desenvolvimento de estudos futuros. Além disto, incita o
avanço em publicações e o pesquisas que remetem a relação do tema seleção de fornecedores
e logística humanitária com análise de redes sociais.
Os resultados obtidos têm como objetivo auxiliar os órgãos responsáveis no atendimento a
desastres, contribuindo para que as ações de improviso sejam minimizadas quando da
ocorrência de um desastre, e por consequente minimizar o tempo de resposta, atendendo o
maior número de pessoas no menor tempo hábil.
REFERÊNCIAS
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Evidências, 2004.
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