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IDENTIFICAÇÃO DE INOVAÇÕES DE
MARKETING EM LOJAS DE
DEPARTAMENTO: UMA ANÁLISE DE
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Andre Filipe Moraes Golobovante (UFOP )
HENRIQUE BLASCKE DE MORAES (UFOP )
Priscilla Cristina Cabral Ribeiro (UFOP )
A competitividade nos mercados pode ser relacionada ao grau de
inovação das empresas em determinado segmento. As lojas de
departamento de vestuário são instituições varejistas, que são
impactadas pelo desenvolvimento de outros arranjos vareejistas, como
hipermercados e shopping centers e, portanto, buscam inovações para
garantir competitividade. Esse trabalho tem por objetivo identificar as
inovações de marketing focadas em canais de distribuição adotadas
pelas oito principais representantes brasileiras do segmento de lojas
de departamentos de vestuário. Para atingir os objetivos da pesquisa,
utilizou-se abordagem qualitativa e técnicas de pesquisa indireta. O
método de pesquisa adotado será a documentação indireta e os
instrumentos de pesquisa utilizados serão arquivos públicos e
relatórios publicados pelas empresas da amostra. Após a análise dos
resultados, foi possível verificar que as principais inovações em canais
de distribuição nas empresas da amostra estão relacionadas à adoção
do varejo virtual, de mini lojas de departamento e de lojas
especializadas. Os resultados encontrados no trabalho estão
relacionados a uma atuação com canais de distribuição múltiplos, ao
invés de uma distribuição verticalizada.
Palavras-chaves: Inovação de marketing, Canais de distribuição,
Lojas de departamento
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
Para garantir maior grau de satisfação dos clientes, as empresas passam por
reestruturações que permite - -
, 2010). Segundo Carvalho (2009), Tidd, Bessant e Pavitt (2008), essa
reestruturação nas empresas está relacionada à inovação, que pode ser compreendida como a
implantação de um novo produto, serviço ou processo, internamente ou externamente à
organização, de forma bem sucedida e com resultados positivos mensuráveis.
Dentre os tipos de inovação, a inovação de marketing promove possibilidades de
inovação além do foco tradicional de produtos ou processos e pode ser classificada como uma
inovação incremental não tecnológica (FACCIN, GENARI e MACKEIZ, 2010). Entre as
possibilidades de inovação de marketing, a inovação focada em distribuição se constitui um
desafio das empresas no século XXI e será o foco dessa pesquisa.
Os canais de distribuição tem a finalidade de destinar os produtos acabados aos
consumidores finais (SILVA, HERRMAN e LEAL, 2012). Para cumprir esta finalidade, as
organizações adotam diferentes canais, de acordo com o segmento em que atuam. As lojas de
departamento são instituições varejistas com lojas, de segmento não alimentício (PARENTE,
2000; SAAB e GIMENEZ, 2000). Esse tipo de ponto de venda opera com o sistema one stop
shopping, cujo objetivo é oferecer um portfolio de produtos completo para que o consumidor
tenha suas demandas atendidas em apenas uma parada (SANTOS, LAURINDO e
GUBITOSO, 2005).
A consolidação dos shopping centers e o refinamento do portfolio de produtos dos
hipermercados contribuiu para que as empresas com lojas de departamentos intensificassem a
busca por inovações que garantissem competitividade com os demais arranjos varejistas
(SANTOS, 2006). Os canais de distribuição foram um dos focos dessas empresas, que
passaram a inovar para encontrar novas formas de ofertar seus produtos aos consumidores.
O objetivo desse trabalho é identificar as inovações de marketing focadas em canais de
distribuição adotadas pelas oito principais representantes do varejo de vestuário brasileiro do
segmento de lojas de departamento. Esse trabalho é dividido em sete tópicos. A parte inicial
está relacionada à introdução ao trabalho, seguida por referencial teórico sobre inovação de
marketing e lojas de departamento, nos tópicos três e quatro, respectivamente. O quarto tópico
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apresenta a metodologia e os tópicos cinco e seis são destinados à análise dos resultados e às
conclusões do trabalho. Por fim, o sétimo tópico apresenta as referencias bibliográficas
utilizadas na pesquisa.
2. Inovação de marketing
O conceito de inovação compreende a implantação de tecnologias novas ou que
proporcionem melhorias em um produto ou processo. Entretanto, a implantação só é
concluída quando a inovação for introduzida no mercado ou processo produtivo. Um novo
produto depende da aceitação dos clientes para ser afirmado como inovação ou será apenas
uma invenção, sem sucesso no mercado (OECD, 2005).
Segundo Faccin, Genari e Mackeiz (2010) existem quatro tipos de inovação: de
produtos, de processos, organizacionais e de marketing. A primeira é relacionada ao
lançamento de um novo bem/serviço ou a melhoria de um produto em suas características
funcionais. Já a inovação em processos refere-se à criação de um novo ou uma melhoria
significativa para um processo produtivo ou logístico. As inovações organizacionais são
baseadas em novos métodos das práticas de negócios, no ambiente interno ou nas relações
externas de uma empresa. Finalmente, a inovação em marketing está relacionada à busca por
novo design/embalagens de produto, novas formas de divulgação e de distribuição e formas
de definição de preço do bem ou serviço (CORAL, OGLIARI e ABREU, 2009).
A inovação com foco em canais de distribuição é uma das opções para uma empresa
adquirir vantagem competitiva. Alcançar elevados níveis de eficiência por meio de inovações
confere redução dos custos logísticos, maior cooperação entre fornecedores e clientes, maior
troca de informações, menor retrabalho e melhor aproveitamento do tempo.
A inovação de marketing focada em canais de distribuição está relacionada a uma
busca por diferentes formas de ofertar determinado produto aos consumidores finais. De
acordo com Silva, Herrmann e Leal (2012), Bowersox, Closs e Cooper (2007), os canais de
distribuição consistem na estruturação de redes de organizações com o objetivo de ligar as
instituições produtoras aos consumidores finais. Freires, Marinho e Walter (2012) destacam
aspectos fundamentais relacionados à finalidade dos canais de distribuição. De acordo com os
autores, é importante garantir uma disponibilidade rápida dos produtos nos mercados
prioritários e intensificar o potencial de venda de determinado produto.
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Segundo Freires, Marinho e Walter (2012), um desafio na estruturação ou
reestruturação dos canais de distribuição é o gerenciamento dos canais. É importante que haja
uma combinação entre os canais adotados para que os produtos sejam ofertados da melhor
maneira possível. De acordo com os autores, outro desafio na adoção de diferentes canais de
distribuição é a manutenção das operações, que se tornam mais complexas à medida que se
amplia a adoção de canais.
3. Varejo de vestuário com lojas: lojas de departamento
A comercialização de artigos de vestuário é operacionalizada por meio de arranjos
empresariais com participação a jusante da cadeia de suprimentos que realizam operações de
varejo (COSTA e ROCHA 2009). Segundo Parente (2000), o varejo consiste nas atividades
de venda de produtos e serviços com a finalidade de atender alguma necessidade do
consumidor final. Um dos principais responsáveis pelas operações de comercialização de
artigos de vestuário aos consumidores finais são as instituições varejistas. Essas organizações
são empresas cujo direcionamen
. A Figura 1 apresenta os principais tipos de instituição varejista.
Figura 1 – Classificação das instituições varejistas.
Fonte: Parente (2000).
A Figura 1 apresenta a classificação das instituições varejistas de acordo com Parente
(2000). Segundo o autor, as instituições varejistas podem ser classificadas de acordo com a
existência de lojas. O varejo de vestuário ocorre, predominantemente, via instituições com
loja, embora haja configurações sem lojas, como o varejo virtual e a venda direta. As lojas de
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departamento podem ser caracterizadas como instituições varejistas com lojas de segmento
não alimentício. Segundo Saab e Gimenez (2000), o conceito adotado pelas lojas de
departamento é o one stop shopping, onde, com o objetivo de atender a maioria das
necessidades dos consumidores, diversificam a oferta de bens e serviços para permitir
compras em uma única parada.
Segundo Santos, Laurindo e Gubitoso (2005), as lojas de departamento são bastante
segmentadas “ j j ”
competirem com as lojas especializadas. As lojas especializadas, por apresentarem um
portfolio de produtos direcionado para um segmento específico, apresentam maior
sensibilidade com relação às demandas de seu público-alvo.
A estrutura predominante nas lojas de departamento brasileiras é denominada “ j
h ” á
por especialização em algum segmento de produtos, como vestuário, eletrodomésticos ou
cama, mesa e banho (SANTOS, 2006). Ainda que as organizações apresentem em seu
portfolio de produtos uma lista bastante extensa de itens, é possível verificar um
posicionamento focado no desenvolvimento de um segmento determinado.
3.1 Inovacão de marketing nas lojas de departamento de vestuário brasileiras: os canais
de distribuição
A inovação de marketing nas lojas de departamento é uma resultante da busca por
inovações em design, preço, distribuição e promoção (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008).
As inovações de marketing com foco em design estão relacionadas a uma maior atenção para
as tendências de moda como resposta ao surgimento da estratégia de fast fashion. Essa
estratégia tem como premissa a oferta de artigos com informação de moda atualizada (CARO
e MARTÍNEZ-DE-ALBÉNIZ, 2010) e é adotada pelas principais redes varejistas de
departamentos no Brasil. Há uma relação direta entre a inovação focada em design e a
inovação focada em preço nas redes de departamento.
De acordo com Santos (2006), as lojas de departamento atendem um perfil de
consumidor com elevada sensibilidade a preços, mas que buscam produtos com maior grau de
diferenciação do que os encontrados em grandes redes varejistas, como hipermercados. Isso
confirma a proposição de Caro e Martínez-de-Albeníz (2010), de que seguirá a fast fashion a
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empresa que oferecer produtos com design extremamente atualizado a preços bastante
competitivos.
A inovação focada na promoção está relacionada à busca das redes de departamento
por um distanciamento dos hipermercados. Para isso, as empresas investem em campanhas de
publicidade e marketing elaboradas (SANTOS, 2006). Por fim, a inovação focada em
distribuição está relacionada a uma busca por novas formas de ofertar os produtos aos
consumidores. Segundo Parente (2000), as empresas mais tradicionais estruturam seus canais
de distribuição verticalmente. Nessas situações, a organização utiliza apenas um canal de
distribuição para distribuir toda sua produção. Neto et al. (2004) destacam que, a partir da
década de 1980, as empresas intensificaram a busca por novos canais de distribuição. Essa
busca por novas estruturas é denominada por Parente (2000) como estrutura múltipla de
canais de distribuição.
Nas lojas de departamento, as inovações focadas em canais de distribuição estão
relacionadas a uma tentativa de adequação a diferentes tipos de instituições varejistas.
Segundo Neto et al. (2004), uma das principais motivadoras da inovação focada em canais de
distribuição é a possibilidade de efetuar operações de varejo em diferentes momentos do dia e
para consumidores de segmentos distintos. Segundo os autores, o varejo virtual é uma
inovação adotada pelas empresas em busca de ofertar seus produtos de forma ininterrupta. O
varejo virtual pode ser conceituado como a realização de operações de comércio via internet,
tanto de produtos para entrega off-line, quanto para serviços que possam ser entregues online
(GAVA et al., 2005).
Santos (2006) destaca que a partir da década de 1990, o foco nas inovações de
marketing em canais de distribuição passou a ser a adoção de novas modalidades de venda.
As empresas passaram a pesquisar aspectos relacionados à dimensão das lojas físicas e
saturação de mercado para definir quais seriam as melhores estratégias relacionadas aos
canais de distribuição. A adoção de arranjos como as minilojas de departamento e as lojas
especializadas está relacionada a esses aspectos.
As minilojas de departamento são uma estrutura de instituição varejista cuja finalidade
é viabilizar a implantação de um ponto de venda físico em cidades com populações
intermediárias. Isso torna possível a instalação de lojas com o mesmo conceito das lojas de
departamento fora dos grandes centros. As lojas especializadas são uma instituição varejista
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que exerce uma segmentação de mercado bastante expressiva. Ao invés de buscar ofertar
produtos para uma parcela de mercado maior, nessa instituição opta-se por ofertar um
portfolio de produtos direcionado para um segmento de mercado bastante delimitado.
Os canais de distribuição em uma empresa podem ser classificados como diretos ou
indiretos. A adoção de cana
h h , mas têm como dificuldade a
complexidade na j
o e-commerce. Os canais de distribuição indiretos estão
relacionados à existência de agentes distribuidores que atuam como intermediários no
processo de distribuição, tais como atacadistas, representantes regionais ou outras empresas
varejistas (ROSENBLOOM, 2011).
A necessidade de inovação nas lojas de departamento é um reflexo das mudanças nos
demais arranjos varejistas (SANTOS, 2006). As lojas de departamentos foram criadas no
início do século XX, antes do surgimento de hipermercardos e de shopping centers. O
refinamento das operações nos hipermercados e a consolidação do portfolio de produtos
ofertados nos shopping centers impactam negativamente na estratégia adotada pelas lojas de
departamento e contribuem para uma busca por maior grau de inovação (SANTOS, 2006;
SAAB e GIMENEZ, 2000).
4. Metodologia
A metodologia de pesquisa pode ser conceituada como um processo formal,
estruturado com base e á j j
(MARCONI e LAKATOS, 2010). Berto e Nakano
(1998) afirmam que a metodologia de pesquisa contribui para a uma melhor estruturação dos
procedim j , o que
permite sua sistematização.
h
j á
há
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á
(LAKATOS e MARCONI, 2008).
j
já
, bibl (MARCONI e LAKATOS, 2010).
Este trabalho utilizará a documentação indireta como técnica de pesquisa para alcançar
seus objetivos, por meio de dados secundários, que serão a principal fonte de informação. O
método de pesquisa adotado será a pesquisa documental, baseada em fontes escritas
contemporâneas e retrospectivas. O principal instrumento de pesquisa dessa investigação são
arquivos públicos e relatórios anuais publicados pelas empresas analisadas.
A amostra desse trabalho será constituída por oito empresas que realizam suas
operações de varejo via lojas de departamento. A escolha dessas empresas está relacionada à
sua classificação como as principais representantes do segmento analisado (RENNER, 2013;
SANTOS, 2006). Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os temas
inovação e logística, inovação de marketing e lojas de departamento. Após as conceituações
iniciais, a inovação de marketing foi relacionada às lojas de departamento e aos canais de
distribuição adotados por esse tipo de instituição varejista.
Posteriormente ao aprofundamento teórico, as oito empresas serão apresentadas, com
ênfase para a adoção dos canais de distribuição. Após a apresentação das empresas da
amostra, os resultados serão apresentados por meio de quadros comparativos que permitam
verificar a adoção de canais de distribuição em cada empresa. Por fim, serão apresentadas as
conclusões e discussões relacionadas aos temas abordados.
5. Resultados e discussões
5.1. Lojas de departamento brasileiras
Ao se analisar as lojas de departamento brasileiras com foco no varejo de vestuário,
Santos (2006), Renner (2013), destacam oito representantes principais: C&A, Leader
Magazine, Luigi Bertolli, Marisa, Pernambucanas, Renner, Riachuelo e Zara. A Tabela 1
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apresenta cada uma das oito principais representantes de empresas com lojas de
departamentos no Brasil.
Tabela 1 – As principais empresas com lojas de departamentos no Brasil
Fonte: Renner (2012).
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A Tabela 1 permite verificar uma elevada parcela de empresas brasileiras entre as
principais representantes do segmento. É possível verificar a existência de dois grupos
principais de empresas. O primeiro grupo está relacionado a um número de lojas físicas
superior a cem lojas. O segundo grupo está relacionado a um número de lojas físicas inferior a
cem.
Na Tabela 1 é possível identificar, ainda, os segmentos de produto ofertados por cada
uma das empresas da amostra. Todas as representantes apresentam em seu portfolio de
produtos as linhas de produto de vestuário e de calçados. É possível verificar uma menor
atuação das empresas em segmentos como eletroeletrônicos e cama, mesa e banho. Isso está
relacionado ao fato de as empresas com lojas de departamentos atuarem com linha limitada e
buscarem o desenvolvimento de um segmento determinado.
5.2. Análise dos resultados
A partir da apresentação das principais lojas de departamentos brasileiras, é possível
verificar que a adoção de canais de distribuição neste segmento não ocorre de forma linear. A
Tabela 2 apresenta os principais canais de distribuição adotados pelas empresas em questão e
as datas em que cada canal foi implantado nas empresas.
Tabela 2 - Canais de distribuição adotados pelas empresas da amostra.
Fonte: Santos (2006), Petry (2011), Pinto e Moura (2011), Luigi Bertolli (2012), Renner (2013).
A Tabela 2 permite analisar a adoção de inovações de marketing em canais de
distribuição em uma escala cronológica. Ao analisar-se a adoção de novos canais com foco
nas datas de implantação, é possível verificar que o fluxo de inovação teve seu início na busca
por canais de distribuição sem loja. A adoção do varejo virtual é a primeira inovação de
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marketing focada em canais de distribuição verificada nas empresas da amostra. Sua adoção
está relacionada à busca por descentralização geográfica por parte das empresas. Ao adotar o
varejo virtual como canal de distribuição, há uma maior facilidade na realização das
operações de varejo em localidades onde não há lojas físicas.
A adoção do comércio eletrônico é, também, uma possibilidade de menor dependência
por parte das empresas com relação ao horário de funcionamento das lojas físicas. Como as
lojas físicas permanecem abertas em um intervalo de tempo determinado, ao adotar o varejo
virtual as empresas tornam possível a comercialização de produtos em qualquer horário do
dia.
A inovação seguinte está relacionada a uma busca por adequação do modelo de
negócios adotado pelas empresas à limitações físicas e mercadológicas. A adoção de minilojas
de departamento permite a ocupação de uma área reduzida, de 500 a 1.000 m2 em média. Isso
contribui para a viabilização da implantação de lojas físicas em cidades menores, com
população a partir de 200.000 habitantes.
A adoção de minilojas de departamento por parte das empresas da amostra pode estar
relacionada a uma busca por expansão dos negócios. Com um número expressivo de lojas nos
grandes centros, a expansão para centros com menor aglomeração populacional é uma
alternativa para garantir uma curva crescente no número de lojas físicas.
A terceira e mais recente inovação de marketing focada em canais de distribuição está
relacionada à implantação de lojas especializadas. A adoção deste formato está relacionada à
busca das empresas em alcançar seus clientes de forma mais objetiva. Ao invés de ofertar
diferentes linhas de produto em um PDV, opta-se por criar uma loja física para a oferta de
uma linha de produtos apenas.
As lojas especializadas são uma evolução da estrutura segmentada de acordo com
público-alvo existente nas lojas de departamento atualmente. O conceito implantado pelas
empresas que adotam lojas especializadas como canal de distribuição é o de utilizar os
produtos dos departamentos existentes nas lojas tradicionais e comercializá-los em pontos de
venda exclusivos.
A análise dos canais de distribuição adotados permite verificar uma tendência para a
adoção do comércio eletrônico como segundo canal de distribuição. Analisar os canais de
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distribuição adotados pelas empresas permite verificar quais são os direcionamentos
estratégicos que influenciam na tomada de decisão por estruturas de distribuição.
6. Conclusão
A inovação de marketing está relacionada à busca pelo desenvolvimento de ações
focadas em embalagens, divulgação, distribuição e preço. Ao analisar-se o segmento de lojas
de departamento é possível identificar as inovações de marketing focadas em distribuição na
última década. A adoção de novos canais está relacionada a uma busca por maior
competitividade, principalmente após um período de consolidação do mix de produtos
ofertados em shopping centers e de refinamento dos artigos de varejo presentes nos
hipermercados.
Como forma de se distanciar dos concorrentes acima citados e de alcançar novos
mercados, as empresas com lojas de departamentos têm passado por uma fase cuja adoção de
canais de distribuição pode ser considerada menos tradicional. Isso está relacionado à busca
por inovações de marketing verificadas nas oito empresas da amostra. Ao final da pesquisa é
possível concluir que uma parcela majoritária da amostra alterou sua estrutura de distribuição,
anteriormente verticalizada, para uma estrutura com canais múltiplos. Os três canais de
distribuição adotados pelas empresas do segmento de lojas de departamento são lojas
especializadas, minilojas de departamentos e varejo virtual.
Uma análise destes canais permite verificar que há uma modificação na configuração
dos canais de distribuição adotados pelas empresas da amostra. Isso está relacionado ao fato
de as empresas deixarem de adotar apenas canais de distribuição com loja para adotar também
canais de distribuição sem loja. É possível verificar, também, uma predominância pela adoção
do varejo virtual como segundo canal de distribuição. Dessa forma, as empresas tornam-se
aptas a operar tanto com canais com loja, quanto com canais sem loja.
Ao analisar-se a adoção de novos formatos de canais de distribuição com loja, é
possível verificar que a adoção das lojas especializadas está relacionada à busca por maior
proximidade com determinados nichos de mercado. Já a adoção de minilojas de
departamentos pode ser relacionada à busca por um maior grau de adaptação do conceito de
one stop shop a contextos onde há limitação de mercado.
7. Referências bibliográficas
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