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Análise de Custos de Ciclo de Vida Relativa a Pavimentos
Rodoviários Flexíveis
Hugo Bernardo Campos Branquinho Matos da Costa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Professor Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira
Orientador: Professor Doutor José Manuel Coelho das Neves
Co-Orientador: Engenheiro João Gomes Morgado
Vogais: Doutora Maria de Lurdes Batista da Costa Antunes
Novembro de 2008
1
Agradecimentos
A presente dissertação foi orientada, pelo Doutor José Manuel Coelho das Neves, Professor Auxiliar
do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto Superior Técnico e pelo Eng. João
Gomes Morgado, Assistente Estagiário do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do
Instituto Superior Técnico.
Manifesto todo o meu agradecimento ao Instituto Superior Técnico, pelo apoio institucional prestado.
Agradeço ao Doutor José Manuel Coelho das Neves a sugestão do tema, o interesse, a orientação e
toda a disponibilidade. Para além do âmbito desta dissertação, agradeço-lhe os ensinamentos
transmitidos e o interesse que me suscitou pela área das Infra-estruturas Rodoviárias.
Particularmente, expresso o agradecimento profundo ao Engenheiro João Gomes Morgado, pela
ajuda preciosa e todo o tempo disponível.
Agradeço à Doutora Maria de Lurdes Antunes pelo interesse demonstrado, disponibilidade
permanente, carinho e tempo dispendido ao longo do desenvolvimento do trabalho.
Finalmente, agradeço aos meus pais, pois sem o apoio deles não seria possível a realização deste
trabalho, aos meus amigos e colegas de curso e à Joana, pelo carinho e apoio especial.
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Resumo
A Dissertação, desenvolvida em colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, refere-
se à realização de um estudo económico comparativo de custos associados à construção e
conservação de pavimentos rodoviários flexíveis (cuja principal componente estrutural é constituída
por camadas de misturas betuminosas e/ou materiais granulares).
No estudo realizado, estimaram-se os custos suportados pela administração rodoviária,
correspondentes à construção, bem como à conservação e reabilitação ao longo do ciclo de vida dos
pavimentos. Para além destes custos, tomou-se em consideração, na medida do possível, os custos
suportados pelos utentes e os ambientais.
O horizonte de análise considerado foi de 35 anos, para que os resultados reflectissem as diferenças
de custo a longo prazo, das opções consideradas. Foram consideradas estruturas de pavimentos
correspondentes a diferentes cenários, do ponto de vista da classe de tráfego e das condições de
fundação.
Os resultados alcançados, poderão vir a constituir uma ferramenta auxiliar na tomada de decisões,
por parte das entidades responsáveis pela selecção dos tipos de estruturas e estratégias a adoptar
na construção e manutenção de pavimentos.
Abstract
The dissertation, developed in collaboration with the “Laboratório Nacional de Engenharia Civil”,
reports to an economic study of costs associated with construction and maintenance of road flexible
pavements.
In this study, the administration costs were evaluated, corresponding not only to the construction but
also to the maintenance and rehabilitation during the life cycle of the road pavements. Besides these
costs, users and environmental costs were also taken into account.
The total period of this analysis was 35 years, in order to consider all the possible maintenance
strategies in terms of long-term costs. Different structures of pavements, regarding different settings of
traffic and foundation classification, were taken into consideration. The results achieved in this work
could be useful to responsible entities in future decisions concerning the selection of best strategies of
construction and maintenance of pavements.
Palavras-Chave
Pavimento rodoviário flexível; Análise económica; Custo de Ciclo de Vida; Recursos Ambientais;
Reciclagem in situ com cimento
Key-Words
Flexible road pavement; Economic analysis; Life cycle cost; Environmental resources; In situ recycling
with cement
3
Índice
Capítulo 1 – Considerações iniciais………………………………………………………………….. 8
1.1 – Apresentação do tema e seu enquadramento…………………………………………………... 8
1.2 – Objectivos e metodologia………………………………………………………………………….. 9
1.3 – Estrutura geral……………………………………………………………………………............... 10
Capítulo 2 – Introdução aos pavimentos flexíveis…………………………………………………. 12
2.1 – Pavimentos e suas características.………………………………………………………………. 12
2.1.1 – Tipos de pavimentos e sua constituição……………………………………………… 12
2.1.2 – Materiais de pavimentação…………………………………………………………….. 14
2.1.3 – Comportamento dos pavimentos flexíveis…………………………………………… 19
2.2 – Metodologias de projecto………………………………………………………………………….. 20
2.2.1 – Investimento inicial elevado…………………………………………………............... 21
2.2.2 – Investimento inicial baixo………………………………………………………………. 21
2.2.3 – Construção faseada…………………………………………………………………….. 21
2.3 – A prática de projecto em Portugal………………………………………………………………… 23
2.3.1 – Dados de Projecto……………………………………………………………............... 23
2.3.2 – Dimensionamento.……………………………………………………………………… 29
2.4 – Conservação e reabilitação de pavimentos……………………………………………………… 32
2.4.1 – Patologias dos pavimentos flexíveis………………………………………………….. 32
2.4.2 – Observação de pavimentos…………………………………………………............... 35
2.4.3 – Técnicas de conservação e reabilitação de pavimentos…………………………… 40
2.5 – Síntese……………………………………………………………………………………………….. 43
Capítulo 3 – Metodologias de análise de custos de ciclo de vida………………………………. 44
3.1 – Generalidades………………………………………………………………………………………. 44
3.2 – Custos de ciclo de vida…………………………………………………………………………….. 45
3.3 – Aspectos metodológicos…………………………………………………………………………… 48
3.3.1 – Período de análise……………………………………………………………………… 48
3.3.2 – Taxa de actualização…………………………………………………………………… 49
3.3.3 – Valor residual……………………………………………………………………………. 50
3.4 – Metodologias de cálculo…………………………………………………………………............... 50
3.4.1 – Método do valor actual…………………………………………………………………. 51
3.4.2 – Método do custo anual uniforme equivalente………………………………………... 53
3.5 – Síntese……………………………………………………………………………………………….. 55
3.5.1 – Limitações da análise económica…………………………………………………….. 55
3.5.2 – Riscos e incertezas na avaliação económica de pavimentos……………………… 55
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Capítulo 4 – Apresentação dos casos de estudo………………………………………………….. 57
4.1 – Metodologia e objectivos…………………………………………………………………………... 57
4.2 – Solução inicial……………………………………………………………………………………….. 57
4.2.1 – Cenários de tráfego e condições de fundação 57
4.2.2 – Selecção das estruturas de pavimento novo 58
4.2.3 – Verificação da vida útil das estruturas de pavimento novo 60
4.3 – Planeamento para o período de análise…………………………………………………………. 64
4.4 – Síntese……………………………………………………………………………………………….. 67
Capitulo 5 – Custos envolvidos……………………………………………………………………….. 69
5.1 – Generalidades………………………………………………………………………………………. 69
5.2 – Custos suportados pela administração rodoviária……………………………………............... 69
5.2.1 – Custos de construção…………………………………………………………………... 69
5.2.2 – Custos de conservação e reabilitação………………………………………………... 70
5.2.3 – Valor Residual…………………………………………………………………………… 71
5.3 – Custos suportados pelos utentes………………………………………………………............... 72
5.4 – Custos ambientais………………………………………………………………………………….. 73
5.5 – Síntese……………………………………………………………………………………………….. 74
Capítulo 6 – Avaliação económica dos casos tipo………………………………………………… 75
6.1 – Metodologia…………………………………………………………………………………………. 75
6.2 – Análise com base em valores de referência…………………………………………………….. 75
6.2.1 – Análise determinística………………………………………………………………….. 75
6.2.2 – Análise de risco…………………………………………………………………………. 77
6.3 – Análise multi-critério………………………………………………………………………………... 79
6.4 – Síntese……………………………………………………………………………………………….. 88
Capítulo 7 – Conclusões………………………………………………………………………………... 89
7.1 – Síntese do trabalho………………………………………………………………………............... 89
7.2 – Conclusões gerais………………………………………………………………………………….. 89
7.3 – Desenvolvimentos futuros…………………………………………………………………………. 90
Bibliografia………………………………………………………………………………………………... 92
Anexos……………………………………………………………………………………………………... 95
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Anexo 1 – Organigrama do procedimento para o dimensionamento dum pavimento flexível (Branco et al, 2006)…………………………………………………………………………… 95
Anexo 2 – Programa das actividades de conservação e reabilitação………………………………. 96
Anexo 3 – Custos unitários………………………………………………………………………………. 97
Anexo 4 – Estimativa dos custos totais de construção……………………………………………….. 98
Anexo 5 – Estimativa dos custos das medidas de conservação e reabilitação.…………………... 101
Anexo 6 – Estimativa dos custos totais de conservação e reabilitação…………………………….. 102
Anexo 7 – Estimativa da duração das medidas de intervenção de conservação e reabilitação… 104
Anexo 8 – Estimativa das durações totais de intervenção de conservação e reabilitação………. 105
Anexo 9 – Estimativa dos custos ambientais………………………………………………………….. 106
Anexo 10 – Matrizes de impactes………………………………………………………………………. 107
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Pavimento flexível: constituição e comportamento (Branco et al, 2006)……………. 20
Figura 2.2 – Ilustração da estratégia de construção faseada (LCPC e SETRA, 1994)…………... 22
Figura 2.3 – Representação das acções de um eixo padrão sobre o pavimento (Branco et al, 2006)………………………………………………………………………… 26
Figura 2.4 – Fases da reciclagem in situ a frio com cimento em calda (Martinho, 2005)………… 42
Figura 3.1 – Variação dos custos para os utentes, em função da velocidade e da irregularidade (Pereira e Miranda, 1999)………………………………………………………………..... 47
Figura 3.2 – Período de análise para um pavimento alternativo (Walls e Smith, 1998)………….. 48
Figura 6.1 – NPV para pavimentos com classe de tráfego T5……………………………………….. 76
Figura 6.2 – NPV para pavimentos com classe de tráfego T1……………………………………….. 77
Figura 6.3 – NPV médio para pavimentos com classe de tráfego T5……………………………….. 78
Figura 6.4 – NPV médio para pavimentos com classe de tráfego T1……………………………….. 78
Figura 6.5 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 1.1……………….. 81
Figura 6.6 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 1.2……………….. 82
Figura 6.7 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 3.1……………….. 82
Figura 6.8 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 3.2……………….. 83
Figura 6.9 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 1.1……………….. 84
Figura 6.10 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 1.2……………… 84
Figura 6.11 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 2.1……………… 85
Figura 6.12 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 2.2……………… 86
Figura 6.13 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 3.1……………… 86
Figura 6.14 – Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 3.2……………… 87
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Lista de Quadros
Quadro 2.1 – Tipos de pavimentos em função dos materiais e da deformabilidade (Branco et al, 2006)………………………………………………………………………. 13
Quadro 2.2 – Materiais de pavimentação para cada camada (Neves, 2007)……………………... 14
Quadro 2.3 – Tipologia adoptada para os materiais granulares (JAE, 1995)……………………… 15
Quadro 2.4 – Propriedades dos materiais granulares, ensaios e objectivos (Neves, 2007)…….. 15
Quadro 2.5 – Classificação das misturas betuminosas quanto à sua porosidade (JAE, 1995)…. 16
Quadro 2.6 – Tipologia adoptada para as misturas betuminosas fabricadas a quente (JAE, 1995)……………………………………………………………………………….. 17
Quadro 2.7 – Percentagem do tráfego na via mais solicitada (JAE, 1995)………………………... 24
Quadro 2.8 – Elementos relativos ao tráfego (JAE, 1995)…………………………………………... 26
Quadro 2.9 – Classes de fundação (JAE, 1995)……………………………………………………… 28
Quadro 2.10 – Tipos de deformações associadas a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)… 33
Quadro 2.11 – Tipos de fendilhamento associados a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006).. 34
Quadro 2.12 – Tipos de desagregação da camada de desgaste em pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)………………………………………………………………………. 35
Quadro 2.13 – Tipos de movimento de materiais associados a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)………………………………………………………………………. 35
Quadro 2.14 – Alguns equipamentos/ensaios utilizados para a avaliação das características dos pavimentos…………………………………………………………………………… 39
Quadro 4.1 – Simbologia e espessuras adoptadas…………………………………………………... 59
Quadro 4.2 – Estruturas de pavimento flexíveis………………………………………………………. 59
Quadro 4.3 – NAEP130 correpondentes às classes de tráfego analisadas………………………… 61
Quadro 4.4 – Composição adoptada para as misturas betuminosas………………………………. 62
Quadro 4.5 – Características dos materiais das camadas dos pavimentos flexíveis…………….. 63
Quadro 4.6 – Numero máximo admissível de eixos padrão de 130 kN para os pavimentos flexíveis……………………………………………………………………………………. 63
Quadro 4.7 – Resumo das acções de conservação e reabilitação…………………………………. 67
Quadro 5.1 – Custos totais de construção das estruturas em análise para classe de tráfego T5.. 69
Quadro 5.2 – Custos totais de construção das estruturas em análise para classe de tráfego T1.. 70
Quadro 5.3 – Custo das medidas de conservação e reabilitação…………………………………... 70
Quadro 5.4 – Custos totais de conservação e reabilitação das estruturas em análise para classe de tráfego T5……………………………………………………………………… 70
Quadro 5.5 – Custos totais de conservação e reabilitação das estruturas em análise para classe de tráfego T1……………………………………………………………………… 70
Quadro 5.6 – Valor Residual para os pavimentos em análise de classe de tráfego T5…………... 71
Quadro 5.7 – Valor Residual para os pavimentos em análise de classe de tráfego T1…………... 71
Quadro 5.8 – Duração das medidas de intervenção…………………………………………………. 73
Quadro 5.9 – Duração total das intervenções para cada pavimento de classe de tráfego T5…… 73
Quadro 5.10 – Duração total das intervenções para cada pavimento de classe de tráfego T1….. 73
Quadro 5.11 – Estimativa dos custos ambientais para pavimentos de classe de tráfego T1……. 74
Quadro 5.12 – Conclusões obtidas para os diferentes custos………………………………………. 74
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Quadro 6.1 – Valores obtidos para o NPV de pavimentos com classe de tráfego T5…………….. 76
Quadro 6.2 – Valores obtidos para o NPV de pavimentos com classe de tráfego T1…………….. 77
Quadro 6.3 – Média e desvio padrão do NPV para pavimentos com classe de tráfego T5……… 78
Quadro 6.4 – Média e desvio padrão do NPV para pavimentos com classe de tráfego T1……… 78
Quadro 6.5 – “Pesos” a atribuir a cada caso…………………………………………………………….. 80
Lista de Siglas
AGEC – Agregado de Granulometria Extensa Tratado com Cimento
Ef – Módulo de Deformabilidade
EP – JAE – Estradas de Portugal
LCCA – Life - Cycle Costs Analysis
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
MACOPAV – Manual de Concepção para a Rede Rodoviária Nacional
NPV – Net Present Value, Custo Total Actual
PSI – Present Serviceability Index
TMDAp – Tráfego Médio Diário Anual de Pesados
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Capítulo 1 – Considerações iniciais
1.1 – Apresentação do tema e seu enquadramento
Realizada no âmbito do Mestrado Integrado de Engenharia Civil, no ano lectivo 2007/2008, esta
dissertação tem como tema a “Análise de Custos de Ciclo de Vida Relativa a Pavimentos Rodoviários
Flexíveis”. A dissertação insere-se no projecto “Avaliação económica de diferentes soluções de
pavimentação ao longo do ciclo de vida das infra-estruturas rodoviárias”, desenvolvido em
colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Em Portugal os últimos anos têm sido marcados pelo aparecimento de novos materiais aplicados nas
soluções de pavimentação. É uma situação que advém da subida de preço das matérias-primas, que
constituem os materiais utilizados tradicionalmente. A introdução de novos componentes nas
soluções de pavimentação, reveste-se no entanto de alguma incerteza, em particular na relação
custo-benefício. Dado o aparecimento de materiais e novas soluções a um ritmo acelerado nem
sempre é possível prever com exactidão os custos e as vantagens reais.
A optimização de cada solução de pavimentação passa pela sua adequação às condições de tráfego,
fundação e metodologias de projecto, adoptadas caso a caso. O tráfego, onde os veículos pesados
são os mais preponderantes, poderá acelerar a degradação de um pavimento, sendo por isso
relevante considerar à partida a sua influência. As condições de fundação determinam a maior ou
menor capacidade de suporte das cargas dos veículos influenciando desta forma as características
das camadas de pavimento. Já as metodologias de projecto podem condicionar a solução adoptada.
Claramente uma solução que tenha que responder a condições de tráfego e fundação, entre outras,
mais agressivas terá à partida um custo superior na sua execução. No entanto é impossível descurar
que a médio e longo prazo poderá trazer benefícios, reduzindo por exemplo, as necessidades de
manutenção.
As novas soluções só o serão efectivamente se se traduzirem numa clara vantagem de custo-
benefício considerando todos os factores determinantes. No entanto muitas vezes a análise faz-se
exclusivamente considerando os custos iniciais e desvalorizando os ganhos a médio e longo prazo
que determinada solução poderá apresentar.
Portugal é um dos países com maior número de quilómetros de auto-estrada por habitante na
Europa. A tendência é para manter esta posição, face ao crescente número de novas auto-estradas,
que substituem itinerários de menor hierarquia. Muitas dessas estradas substituídas estão agora a
ser alvo de trabalhos de reabilitação e manutenção.
9
A prática corrente desses trabalhos consiste na fresagem e consequentemente substituição das
camadas mais superficiais do pavimento. È importante notar que existem, hoje em dia, outras
soluções de reabilitação e manutenção com claros ganhos económicos e de qualidade. Muitas vezes
o factor económico na fase inicial do projecto e a demora, que essas soluções implicam nos
trabalhos, leva a opção por soluções mais práticas. No entanto é importante perceber que a análise
da solução de pavimento se deve fazer numa janela temporal, alargada e tendo em conta inúmeros
factores.
A análise para determinação da solução adequada a cada caso passará inevitavelmente pelo factor
económico mas não se poderão descurar outros aspectos determinantes. Entre eles a durabilidade e
custos acrescidos de manutenção, se a solução adoptada não for sustentável. Os resultados alcançados
neste trabalho, poderão vir a constituir uma ferramenta auxiliar na tomada de decisões, por parte das
entidades responsáveis pela selecção dos tipos de estruturas a adoptar na construção e a reabilitação de
pavimentos rodoviários flexíveis.
A escolha da solução de pavimentação é única para cada caso porque cada situação tem
particularidades próprias. Desta forma, a aplicação sistemática de determinadas soluções pode não ser
sustentável. É necessário considerar um conjunto de factores e avaliar caso a caso a relação custo-
benefício de cada solução, num contexto em que a inovação tecnológica permite disponibilizar soluções
a um ritmo acelerado.
1.2 – Objectivos e metodologia
A dissertação compreende essencialmente os seguintes objectivos e a respectiva metodologia.
1. Definição das estruturas de pavimentos tipo a analisar
Serão definidos vários cenários relativos à construção de pavimentos novos flexíveis,
correspondentes a diferentes classes de tráfego e diferentes condições de fundação.
Serão ainda definidos casos de estudo relativos a obras recentes de reabilitação de pavimentos, nas
quais tenha sido aplicada a técnica de reciclagem com cimento.
2. Estimativa dos custos de construção das estruturas tipo
Efectuar-se-á o levantamento dos custos praticados em Portugal para a execução dos diversos tipos
de trabalhos correspondentes à construção das estruturas tipo, e determinar-se-á o custo de
construção de cada estrutura.
3. Estimativa dos custos de conservação e reabilitação ao longo do ciclo de vida das estruturas tipo
Com base nos modelos de comportamento mais adequados a cada um dos tipos de pavimento em
análise, serão efectuadas estimativas relativamente aos custos de conservação e de reabilitação ao
longo do ciclo de vida dos pavimentos, para cada um dos cenários em estudo.
10
4. Avaliação dos custos suportados pelos utentes
Com base em resultados de projecto de investigação recentemente realizados, no domínio da
quantificação dos custos inerentes aos condicionamentos de tráfego no decurso da realização de
obras de conservação e reabilitação, serão estimados os custos suportados pelos utentes ao longo
do ciclo de vida dos pavimentos, para cada um dos cenários considerados.
5. Consideração de outros custos
Avaliar-se-á a possibilidade de considerar custos de natureza ambiental ou outros na análise
comparativa das soluções, ainda que tais custos não possam vir a ser devidamente quantificados.
6. Avaliação económica das soluções analisadas
Com base nos resultados obtidos nos pontos anteriores, será efectuada uma avaliação da evolução
dos custos acumulados ao longo do ciclo de vida dos pavimentos para cada um dos cenários
considerados.
1.3 – Estrutura geral
A dissertação está dividida em 7 capítulos.
No capítulo 1 apresenta-se o tema e o seu enquadramento, bem com os objectivos traçados, a
metodologia para os alcançar e a estrutura geral do trabalho realizado.
No capítulo 2, “Introdução aos pavimentos flexíveis” é apresentada uma breve sistematização dos
conceitos relacionados com os pavimentos e seus materiais constituintes. Inicialmente uma abordagem
geral, passando pelas diferentes tipologias e soluções de pavimentação para seguidamente se partir
para uma abordagem mais pormenorizada e focada nos pavimentos flexíveis, tipologia enfoque neste
trabalho. Tendo como base o Manual de Concepção de Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional,
documento de referência para o pré-dimensionamento de pavimentos, é apresentada uma breve
descrição sobre os principais materiais, que constituem as soluções de pavimentos flexíveis. São ainda
tecidas considerações sobre, o comportamento estrutural dos pavimentos flexíveis. Ainda neste capítulo,
e numa perspectiva mais económica, é feita uma reflexão sobre as metodologias de projecto. Já numa
fase final, abordam-se os aspectos relacionados com a conservação e reabilitação dos pavimentos
dando-se especial atenção às principais formas de diagnóstico e avaliação do estado do pavimento. Faz-
se ainda uma breve caracterização das principais patologias, que um pavimento poderá apresentar
durante a sua vida.
No capítulo 3, “Metodologias de análise de custos de ciclo de vida” são apresentadas as razões da
importância deste tipo de análise para o caso dos pavimentos rodoviários com referência à evolução que
este tipo de análise tem sofrido ao longo do tempo. Apresentam-se os custos envolvidos ao longo do
ciclo de vida e abordam-se os principais aspectos metodológicos. São sucintamente apresentados os
11
diferentes métodos de avaliação económica aplicáveis ao caso dos pavimentos flexíveis bem como os
respectivos princípios básicos com especial enfoque no Método do Valor Actual e no Método do Custo
Equivalente Anual Uniforme. Na descrição destes métodos faz-se a necessária adaptação ao contexto
rodoviário.
No capítulo 4, “Apresentação dos casos de estudo”, são indicadas as soluções de pavimentação
tomadas como referência neste trabalho. Das soluções apresentadas é mencionada a sua constituição e
verificada a sua vida útil. Para os casos de estudo apresentados é definido o planeamento para o período
de análise, descrevendo-se as principais intervenções a realizar.
No capítulo 5, “Custos envolvidos” é apresentada uma estimativa detalhada dos custos unitários de
construção, conservação e reabilitação das estruturas de pavimento seleccionadas, bem como uma
estimativa dos custos suportados pela administração rodoviária, e na medida do possível, uma estimativa
dos custos suportados pelos utentes e ambientais.
No capítulo 6, “Avaliação económica dos casos tipo” é apresentada a avaliação económica propriamente
dita das soluções apresentadas com base nos métodos apresentados no capítulo terceiro. Esta análise
económica envolve também uma análise de risco e uma análise multi-critério.
No capítulo 7, “Considerações Finais” são apresentadas as principais conclusões deste trabalho e os
próximos passos que poderão ser dados, em futuros trabalhos de análise e investigação, que se
debrucem sobre esta matéria.
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Capítulo 2 – Introdução aos pavimentos flexíveis
2.1 - Pavimentos e suas características
A função essencial de um pavimento rodoviário é assegurar uma superfície de rolamento que permita
a circulação dos veículos com comodidade e segurança, durante a vida do pavimento, sob acção do
tráfego e das condições climáticas que ocorram.
A um pavimento deve exigir-se dois tipos de qualidade: a qualidade funcional e a qualidade estrutural.
A primeira relaciona-se com as exigências dos utentes, conforto e segurança de circulação, a
segunda relaciona-se com a capacidade do pavimento para suportar as cargas dos veículos sem
sofrer alterações para além de determinados valores limites, as quais colocariam em causa a garantia
da qualidade funcional.
2.1.1 - Tipos de pavimentos e sua constituição
Relativamente à sua constituição, um pavimento rodoviário é considerado como um sistema multi-
estratificado, formado por várias camadas de espessura finita, apoiadas na fundação.
Nas camadas de um pavimento tipo podem distinguir-se, pela função que desempenham, a camada
superficial ou “camada de desgaste” e o corpo do pavimento.
A camada de desgaste tem a função de assegurar as características funcionais, de modo a contribuir
para uma circulação com conforto e com segurança. Adicionalmente, e do ponto de vista da sua
contribuição para a qualidade estrutural, esta camada tem ainda a importante função de
impermeabilizar o pavimento, evitando a entrada de água exterior para as camadas inferiores e para
o solo de fundação.
O corpo do pavimento, o principal responsável pela capacidade do pavimento em suportar as cargas
do tráfego, pode compreender camadas estabilizadas com ligantes (betuminosos ou hidráulicos) e
também camadas granulares. Essas diferentes camadas dispõem-se, normalmente, com qualidade e
resistência decrescentes, de cima para baixo, em consonância com a progressiva redução dos
esforços em profundidade. Cada uma delas tem também, em geral, a função de assegurar apoio para
a realização da camada sobrejacente.
Assim, no caso das camadas betuminosas, a camada subjacente à camada de desgaste designa-se
por “camada de regularização”.
Abaixo desta dispõe-se a “camada de base”, ligada ou não, seguindo-se a camada inferior do corpo
do pavimento, construída directamente sobre a fundação, que tem em geral o nome de “camada de
sub-base” e é normalmente constituída por materiais granulares apenas estabilizados
mecanicamente por compactação, podendo também ser de solo tratado com cimento.
A fundação é constituída pelo terreno natural. Quando este não tem as características desejadas,
sobrepõe-se-lhe uma camada de solo melhor, às vezes tratado com ligantes, o chamado “leito do
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pavimento”, que faz parte integrante da fundação. O leito do pavimento tem a função de aumentar a
capacidade de suporte da fundação e a de homogeneizar as suas características resistentes.
De acordo com o tipo de materiais e com a deformabilidade das camadas, podemos distinguir os
seguintes tipos de pavimentos: flexíveis, rígidos e semi-rígidos (Quadro 2.1).
Quadro 2.1. Tipos de pavimentos em função dos materiais e da deformabilidade (Branco et al, 2006)
Tipo de Pavimento Materiais Deformabilidade
Flexível Hidrocarbonados e granulares Elevada
Rígido Hidráulicos e granulares Muito reduzida
Semi-rígido Hidrocarbonados, hidráulicos, e granulares Reduzida
Os pavimentos flexíveis apresentam as camadas superiores formadas por misturas betuminosas, ou
seja, por materiais estabilizados com ligantes hidrocarbonados, geralmente o betume asfáltico,
seguidas inferiormente de uma ou duas camadas constituídas por material granular.
Os pavimentos rígidos têm uma camada superior constituída por betão de cimento, ou seja por
material granular estabilizado com ligantes hidráulicos, geralmente o cimento portland, seguida de
uma ou duas camadas inferiores constituídas também por material granular estabilizado com ligante
hidráulico e/ou apenas constituído por material granular.
Por fim, os pavimentos semi-rígidos apresentam características comuns aos dois tipos de pavimentos
anteriores. Uma ou duas camadas superiores constituídas por misturas betuminosas, seguidas de
uma camada constituída por agregado estabilizado com ligante hidráulico, podendo ainda dispor de
uma camada granular na sub-base.
Quanto à deformabilidade, cada um destes três tipos de pavimentos, sob a acção de uma
determinada carga, apresenta diferentes valores de deformação vertical da sua superfície, sendo
considerada elevada para pavimentos flexíveis, muito reduzida para pavimentos rígidos e reduzida
para pavimentos semi-rígidos.
De seguida, trata-se exclusivamente a matéria objecto principal da dissertação – Pavimentos
Rodoviários Flexíveis.
Num pavimento flexível, a constituição pode ser muito diversa, em função da intensidade do tráfego,
da resistência do solo de fundação e das características dos materiais disponíveis, as quais por sua
vez, dependem das condições climáticas.
Surgem naturalmente dois tipos de pavimentos flexíveis, um com camada de base em materiais
granulares e outro com camada de base em misturas betuminosas.
Os primeiros caracterizam-se por terem camadas de base e sub-base em materiais granulares não
ligados, sobre as quais assenta um tratamento superficial ou camadas de misturas betuminosas.
Neste tipo de pavimentos, as camadas granulares constituem o principal elemento resistente da
estrutura. Estas devem resistir às acções induzidas pelo tráfego e redistribuí-las pela fundação, para
que possam ser suportadas por esta. A camada de desgaste tem, como foi dito anteriormente, a
principal função de impermeabilizar o pavimento, resistir ao desgaste produzido pelos rodados dos
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veículos e proporcionar uma superfície de circulação cómoda e segura. Trata-se de pavimentos cujas
camadas se caracterizam de baixo para cima, por uma capacidade de suporte crescente e uma
permeabilidade decrescente.
Os segundos, os pavimentos flexíveis com camada de base em misturas betuminosas, empregues
em auto-estradas e itinerários principais, em Portugal e também noutros países da Europa e da
América do Norte, são constituídos por camadas betuminosas com espessura elevada, aplicadas
sobre camadas granulares não ligadas.
A camada de base trabalha em flexão diminuindo significativamente o nível das tensões transmitidas
à fundação, quando a sua rigidez é relativamente elevada, podendo também comportar-se como uma
camada mais flexível, transmitindo assim tensões mais elevadas à fundação.
2.1.2 - Materiais de pavimentação
Os materiais que constituem as camadas de pavimento devem ter determinadas propriedades e
garantir determinados desempenhos para que o pavimento no seu conjunto ofereça as condições
para que foi concebido. No quadro 2.2 apresentam-se os materiais de pavimentação para cada
camada.
Quadro 2.2. Materiais de pavimentação para cada camada (Neves, 2007)
Camada Material
Pavimento Flexível
Desgaste Misturas betuminosas
Regularização Misturas betuminosas
Base Misturas betuminosas ou materiais granulares
Sub-base Materiais granulares ou misturas com ligantes hidráulicos
a) Materiais Granulares
Os agregados são utilizados na construção das camadas granular de base e sub-base e em camadas
betuminosas, podendo ser tratados ou não.
Podem ser de origem natural (areias, cascalheiras e rochas britadas), artificial (escorias industriais) e
reciclados (resíduos de construção).
Geralmente o seu processo de fabrico consiste em seleccionar uma zona a explorar, seguindo-se a
desmatação e decapagem, o desmonte da rocha e a carga e transporte da rocha para a central de
britagem.
Na central de britagem dá-se a britagem do material, seguindo-se a crivagem e posteriormente o
armazenamento. Os mecanismos de britagem são consoante o aumento de energia aplicada, a
abrasão (tensões localizadas), clivagem (compressão) e corte (impacto).
A crivagem corresponde a uma selecção granulométrica e a sua qualidade é condicionada pelo
estado do agregado (humidade), inclinação e frequência de vibração.
A tipologia adoptada para os materiais granulares empregues em camadas de pavimentos, a que se
associa os códigos estabelecidos nas rubricas de trabalhos rodoviários indicam-se no Quadro 2.3.
15
Quadro 2.3. Tipologia adoptada para os materiais granulares (JAE, 1995)
Símbolo Código Principais características
BGr 03.1.2.2
Material britado recomposto em central
Granulometria extensa
Dimensão máxima: 25 mm
Equivalente de areia mínimo: 70 %
Los Angeles máximo: 30 % (granulometria G)
BG 03.1.2.1
Material britado sem recomposição (tout-venant) aplicado em camada de base
Granulometria extensa
Dimensão máxima: 37,5 mm
Equivalente de areia mínimo: 50 %
Los Angeles máximo: 35 % (granulometria F)
SbG 03.1.1.3
Material britado sem recomposição (tout-venant) aplicado em camada de sub-base
Granulometria extensa
Dimensão máxima: 50 mm
Equivalente de areia mínimo: 50 %
Los Angeles máximo: 40 % (granulometria B)
GN 03.1.1.2
Material não britado
Granulometria extensa
Dimensão máxima: 75 mm
Equivalente de areia mínimo: 30 %
Los Angeles máximo: 40 % (granulometria B)
SS 03.1.1.1
Solo seleccionado
Índice de plasticidade ≤ 6 %
Limite de liquidez ≤ 25 %
CBR> 10 % (grau de compactação = 95 %; Proctor modificado)
Equivalente de areia mínimo: 25 %
Em camada de base são utilizados:
• Agregado britado recomposto em central (BGr)
• Agregado britado sem recomposição de granulometria extensa (tout-venant) (BG)
E em camada de sub-base:
• Agregado britado sem recomposição de granulometria extensa (tout-venant) (SbG)
• Agregado não britado (material aluvionar) (GN)
• Solo seleccionado (SS)
Estes materiais apresentam as propriedades indicadas no Quadro 2.4.
Quadro 2.4. Propriedades dos materiais granulares, ensaios e objectivos (Neves, 2007) Propriedades Ensaio Objectivo
Granulometria Peneiraçao Obter compacidade elevada
Forma das partículas Índices de lamelação e
alongamento
Obter atrito interno elevado e boa resistência ao
corte
Plasticidade dos finos Limites de consistência Obter atrito interno elevado e boa resistência ao
corte
Resistência mecânica ao choque Los Angeles Partículas resistentes
Durabilidade Sulfato de sódio
Sulfato de magnésio Partículas não alteráveis
Dureza Los Angeles Partículas resistentes
Limpeza do material Equivalente de areia
Azul de metileno Material não contaminado por finos nocivos
16
Todos estes ensaios estão devidamente normalizados e em obra estes materiais têm que obedecer a
determinadas condições referidas no caderno de encargos.
b) Misturas Betuminosas
As misturas betuminosas são constituídas por agregados (80 a 85%), betume (8 a 13%) e ar, cujas
propriedades dependem das proporções relativas destes componentes, assim como das
características intrínsecas do betume e dos agregados (Neves, 2007). Podem ser fabricadas a quente
ou a frio, consoante o betume for ou não aquecido.
Misturas betuminosas a quente
As misturas betuminosas fabricadas a quente, em central, podem ser aplicadas em camadas com
características de desgaste, regularização ou base.
Nas obras de pavimentação estes materiais são empregues, essencialmente, com os seguintes
objectivos:
• oferecer aos utentes uma superfície que permita a circulação em dadas condições de
segurança, economia e conforto;
• conferir à estrutura do pavimento resistência às acções do tráfego;
• impermeabilizar as camadas do pavimento, limitando a entrada de água.
Para que as misturas se comportem de forma adequada, durante a construção e após a entrada em
serviço, é necessário garantir características adequadas, designadamente no que se refere a:
• Trabalhabilidade
• Deformabilidade
• Resistência à fadiga
• Resistência à deformação permanente
• Durabilidade, em particular para as camadas de desgaste (resistência ao envelhecimento e à
acção da água)
No caso de se destinarem a camadas de desgaste, as misturas deverão, ainda, após aplicação,
obedecer a requisitos adicionais, em aspectos relativos ao atrito, rugosidade e características ópticas,
essenciais à garantia de boas condições de segurança, economia e conforto.
De acordo com a Association Mondiale de la Route/World Road Association, as misturas betuminosas
a quente podem ser classificadas, quanto à sua porosidade (Vv) em classes (Quadro 2.5).
Quadro 2.5. Classificação das misturas betuminosas quanto à sua porosidade (JAE, 1995)
Vv Classificação em 4 classes Classificação em 3 classes
<5% Mistura fechada Mistura densa
5 – 10% Mistura semi-fechada
10 – 15% Mistura semi-aberta Mistura semi-densa
> 15% Mistura aberta Mistura aberta
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Reflectindo a nossa tradição construtiva, as misturas densas são as que geralmente se utilizam. Nas
camadas de desgaste e de regularização empregam-se misturas fechadas, e nas camadas de base,
misturas semi-fechadas e semi-abertas.
No Quadro 2.6 apresenta-se a tipologia das misturas betuminosas a quente.
Quadro 2.6. Tipologia adoptada para as misturas betuminosas fabricadas a quente (JAE, 1995)
Símbolo Código Principais características
MB 03.4.1.1
Macadame betuminoso em camada de base
Dimensão máxima do agregado: 37,5 mm
Teor em betume: 4,0 – 4,8 %
Porosidade: 6 – 9 %
Espessura recomendável: 9 – 15 cm (min. 8 cm; Max. 16 cm)
MB 03.4.2.2
Macadame betuminoso em camada de regularização
Dimensão máxima do agregado: 25 mm
Teor em betume: 4,0 – 4,8 %
Porosidade: 8 – 10 %
Espessura recomendável: 8 – 12 cm
MBD 03.4.2.3
Mistura betuminosa densa em camada de regularização
Dimensão máxima do agregado: 16 mm
Teor em betume: 4,8 – 5,4 %
Porosidade: 4 – 6 %
Espessura recomendável: 5 – 8 cm
BD 03.4.3.1
Betão betuminoso em camada de desgaste
Dimensão máxima do agregado: 14 mm
Teor em betume: 5,2 – 5,8 %
Porosidade: 3 – 5 %
Espessura recomendável: 4 – 6 cm
As características mecânicas das misturas dependem de vários factores, dos quais se destacam: a
composição volumétrica, o tipo de betume, as condições de temperatura e a velocidade de aplicação
das cargas (circulação).
Através de estudos laboratoriais de formulação, ensaiam-se diferentes composições e/ou tipos de
betume, tendo em vista a definição das condições de aplicação em obra.
A escolha das granulometrias, tipo de betume e composição das misturas, deve ter em conta as
condições de temperatura da região onde vão ser aplicadas e as velocidades de circulação dos
veículos pesados que as virão a solicitar.
Misturas betuminosas a frio
As misturas betuminosas a frio são produzidas em central, espalhadas e compactadas sem
necessidade de aquecimento prévio dos materiais. São compostas por uma mistura de agregados à
qual se junta uma emulsão betuminosa como ligante e, eventualmente, água e aditivos, de tal forma
que todas as partículas de agregados fiquem envolvidas por uma película de ligante, depois de
ocorrer a rotura (separação da água quimicamente e por evaporação).
Tradicionalmente são usadas na realização de camadas de pavimentos nas quais o tráfego não é
muito significativo e em camadas que não são de desgaste.
18
Em Portugal, as misturas betuminosas aplicadas a frio são designadas por: Agregado Britado de
Granulometria Extensa Tratado com Emulsão Betuminosa e Mistura Betuminosa Aberta a Frio.
Qualquer uma destina-se principalmente à construção de camadas de base e de regularização, de
estradas com tráfego reduzido, e ainda no reperfilamento de pavimentos existentes e no enchimento
de bermas.
c) Misturas com ligantes hidráulicos
Para pavimentos flexíveis, usam-se misturas de solo-cimento fabricadas em central, utilizadas em
camadas de sub-base, desde que se disponha de solos granulares com adequadas características
granulométricas e de homogeneidade.
Este tipo de mistura tem um comportamento que depende essencialmente:
• da dosagem e do tipo de ligante;
• do tipo do agregado (das suas características físicas e da sua granulometria);
• da compacidade da mistura;
• das condições de cura.
Previamente à aplicação dos materiais em obra deve ser realizado um estudo de formulação que
defina a composição da mistura, garantindo adequadas condições de compactação e satisfazendo os
requisitos mínimos relativos à sua resistência.
d) Rega de impregnação
A rega de impregnação consiste na aplicação de um ligante hidrocarbonado sobre uma camada
granular, realizada previamente à aplicação de camadas betuminosas ou de tratamentos superficiais.
Normalmente é aplicada entre a camada de base e a camada de sub-base, de forma a diminuir a
descontinuidade entre o material solto e o material ligado (Neves, 2007). O ligante empregue em
regas de impregnação pode ser um betume fluidificado ou uma emulsão betuminosa especial para
regas de impregnação do tipo catiónico ECI de baixa viscosidade (Jiménez, 2007).
e) Rega de colagem
A rega de colagem consiste na aplicação de uma emulsão betuminosa sobre uma camada tratada
com ligantes hidrocarbonados ou com ligantes hidráulicos, efectuada antes da colocação de uma
camada betuminosa sobre a primeira. Exceptuam-se os casos em que a camada betuminosa é um
revestimento superficial ou um microaglomerado a frio, em que não é aplicada rega de colagem.
Geralmente é aplicada na transição Desgaste – Regularização e Regularização – Base, para que as
camadas betuminosas funcionem como um todo.
O tipo de emulsão a empregar na rega de colagem é em geral ECR-1, não sendo usual, em Portugal
utilizar emulsões aniónicas (EAR-1) neste tipo de aplicação. Em camadas de desgaste com
espessura inferior a 40mm e em pavimentos destinados a tráfego muito intenso, recomenda-se que
sejam utilizadas emulsões betuminosas modificadas (Jiménez, 2007).
19
2.1.3 - Comportamento dos pavimentos flexíveis
A Figura 2.1 apresenta duas estruturas de pavimentos flexíveis: estrutura a), destinada a um tráfego
reduzido, considerando uma fundação com elevada capacidade de suporte, e estrutura b), esta
destinada a um tráfego intenso e com uma fundação de reduzida capacidade de suporte. Indica-se,
para cada camada, a sua espessura, o material que a constitui e valores típicos das suas
características de deformabilidade (módulo de deformabilidade e coeficiente de Poisson).
Mediante a aplicação de regas de colagem com ligantes betuminosos entre camadas, procura-se que
as camadas betuminosas fiquem coladas umas às outras, funcionando portanto como uma só
camada. Nestas condições de interface as camadas betuminosas no seu conjunto estão submetidas
a um estado de tensão que, no plano vertical, varia de uma tensão de compressão máxima na face
superior da camada de desgaste, até um valor máximo de tensão de tracção na face inferior da última
camada, como está representado na Figura 2.1, traço contínuo. Quando as camadas betuminosas se
encontram “descoladas” entre si, para cada uma delas ocorrem tensões máximas de compressão na
face superior e tensões máximas de tracção na face inferior (traço descontínuo). Esta situação
corresponde a um estado de tensão muito mais severo que o verificado com as interfaces “coladas”.
Como se vê, o modo de funcionamento de um pavimento flexível está dependente, não só das
características dos materiais de cada camada, mas também das respectivas condições de fronteira,
ou seja das respectivas interfaces.
Nos casos em que uma interface, considerada “colada” no projecto, passou a “descolada” podem
ocorrer duas situações que contribuem para a evolução acelerada das degradações do pavimento:
por um lado as tensões máximas de tracção na face inferior da última camada betuminosa podem ser
superiores às tensões admissíveis consideradas em projecto e, por outro lado, a camada de desgaste
pode estar submetida a esforços de tracção, para os quais não foi concebida.
Relativamente às camadas granulares, tendo em conta que estas não têm capacidade de resistir a
esforços de tracção, verifica-se uma variação dos esforços de compressão, que são máximos à
superfície e se reduzem em profundidade, em função das características resistentes das camadas
constituintes do pavimento.
20
Figura 2.1. Pavimento flexível: constituição e comportamento (Branco et al, 2006)
2.2 – Metodologias de projecto
As metodologias de projecto têm como finalidade escolher de entre várias, a estratégia de
investimento inicial e de conservação e reabilitação que melhor se adeqúe a uma determinada
situação. Estas estratégias são responsáveis por manter, durante a vida do pavimento, o nível de
serviço fixado inicialmente.
O estudo comparativo destas estratégias necessita de uma abordagem económica, tendo em conta, a
longo prazo, elementos aleatórios tais como, os Invernos rigorosos e o aumento do tráfego.
Este estudo consiste em comparar diferentes aspectos:
• os custos de construção, de conservação e reabilitação;
• as vantagens associadas principalmente ao reforço de segurança, aos ganhos de tempo, às
reduções de custos de funcionamento dos veículos e aos efeitos indirectos sobre a
economia.
A avaliação faz-se em termos de balanço actualizado e geralmente a estratégia encontrada é aquela
que minimiza os custos actualizados num período de análise.
As estratégias de investimento podem ser diferentes tendo em consideração a importância do
investimento inicial, observa-se sucessivamente os seguintes casos (LCPC e SETRA, 1994):
21
• um investimento inicial de construção elevado, correspondente a pavimentos concebidos para
uma longa duração, com um baixo risco na falha de limitações de uso e dano estrutural;
• um investimento inicial baixo, correspondente a uma duração mais curta e de risco de
interrupções de serviço mais elevadas;
• uma construção faseada.
2.2.1 - Investimento inicial elevado
Esta escolha corresponde ao objectivo de conceber pavimentos que não apresentem degradações
estruturais durante um longo período.
De acordo com as espessuras que resultam de um tal dimensionamento, a degradação desses
pavimentos será geralmente lenta, a menos que a camada de desgaste não garanta
convenientemente o seu papel de protecção da estrutura.
Estes pavimentos são portanto adaptados a uma política de nível de serviço elevado do ponto de
vista da regularidade do serviço prestado: fraco risco de interrupção de tráfego associado às
variações climáticas e constrangimentos aos utentes apenas durante o período de renovação da
camada de desgaste.
Há intervenção sempre que os indicadores do estado traduzem uma certa degradação do nível de
serviço antes que surjam degradações estruturais. Esta intervenção preserva por conseguinte o
capital de resistência mecânica da estrutura.
2.2.2 - Investimento inicial baixo
Por conseguinte, os pavimentos concebidos para durações curtas e de risco elevado tenderão a ver
as suas características mecânicas degradar rapidamente, mesmo que o nível de serviço inicial
(segurança e conforto) seja bom, devendo-se à fraca qualidade da realização e às fracas
características dos materiais escolhidos para a camada de desgaste.
No limite, pode-se imaginar:
• Conceber um investimento inicial que conduza a um limite aceitável para a vida da estrutura
do pavimento, a fim de obter uma duração que seja da ordem da durabilidade das
características de desgaste do pavimento.
• Realizar ao fim desse prazo uma conservação estrutural, com restabelecimento ao mesmo
tempo, das características de desgaste do pavimento.
A política de manutenção adoptada a este tipo de pavimentos é uma estratégia de intervenção
curativa, que só intervêm quando os limites de degradação da estrutura são atingidos.
2.2.3 - Construção faseada
Entre as duas estratégias extremas, poder-se-ão considerar estratégias de construção faseada.
22
Neste caso a espessura do corpo do pavimento é aumentada com reforços sucessivos, destinados a
adaptar a estrutura à evolução do tráfego e à sua agressividade (Figura 2.2).
Figura 2.2. Ilustração da estratégia de construção faseada (LCPC e SETRA, 1994)
A estratégia pode ser descrita deste modo:
• A estrutura inicial é concebida para um risco de cálculo moderado a fraco, como uma
estratégia de investimento inicial elevado, mas para uma duração mais curta, de modo que
ela não necessite de conservação estrutural geral durante este período.
• Em função do tráfego acumulado e das acções climáticas, o pavimento recebe
carregamentos sucessivos.
O nível de serviço que esta estratégia permite, pode ser bastante elevado, se as condições seguintes
forem respeitadas (LCPC e SETRA, 1994):
• o risco de cálculo ao fim da duração deve, em geral, manter-se moderado. Sendo ainda,
insuficientes os conhecimentos neste domínio, podemos estimar que um valor da ordem de
10 a 15% poderá constituir um máximo. No entanto, as degradações que afectam o conforto
e a segurança aparecerem provavelmente antes do fim da duração inicial;
• a plataforma de suporte do pavimento deve ser concebida para garantir desde a 1ª etapa,
uma protecção suficiente para resistir ao gelo/degelo. A redução do espessamento das
camadas de base e de desgaste deve ser compensada ao nível das camadas granulares;
• a evolução dos pavimentos deve ser regularmente vigiada a fim de realizar em tempo
oportuno, as intervenções de conservação e carregamento. O ponto sensível da solução de
construção faseada é efectivamente a grande vulnerabilidade de todo o tipo de atraso na
colocação das camadas de reabilitação, dando-se a aceleração das degradações,
comprometendo portanto o ganho económico gasto inicialmente.
23
A estratégia correspondente ao dimensionamento de pavimentos para uma duração longa e um risco
baixo, com conservação preventiva, é adequada para auto-estradas e estradas com tráfego elevado.
O objectivo da redução do incómodo para os utentes devido aos trabalhos, é tido em conta
actualmente, dai ser mais confortável esta escolha.
As estratégias de construção faseada podem revelar-se interessantes para as estradas com tráfego
médio e/ou a intenso crescimento, assim como em regiões com clima geralmente pouco rigoroso
(aspecto do comportamento gelo/degelo). Estudos técnico-económicos têm mostrado que as
estratégias de construção faseada, verificam globalmente mais consumo em materiais e em energia
que a solução de construção numa só fase. Este ponto pode apresentar alguma importância num
contexto de restrição de recursos e no aumento do custo dos produtos petrolíferos, como aquele que
se tem verificado nos últimos tempos.
Para partes da rede com baixo tráfego, ou de interesse económico secundário, o leque de escolhas
pode ser alargado a estratégias de investimento inicial fraco e conservação curativa.
Geralmente esta escolha não corresponde, portanto, a um óptimo económico (excepto caso de muito
reduzido tráfego), mas resulta em fortes constrangimentos orçamentais. (LCPC e SETRA, 1994)
2.3 - A prática de projecto em Portugal
Com o objectivo de apoiar e orientar a concepção de estruturas de pavimentos e respectivas
fundações a adoptar na construção de novas infra-estruturas rodoviárias, incluídas no Plano
Rodoviário Nacional, surge o Manual de Concepção de Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional
(MACOPAV), elaborado pela Junta Autónoma de Estradas em 1995.
A utilização deste manual, na selecção de uma estrutura de pavimento apropriada a um dado caso de
estudo, compreende as seguintes etapas:
• recolha e sistematização dos dados: tráfego, condições climáticas, fundação do pavimento e
materiais de pavimentação;
• definição das estruturas de pavimentos possíveis: estruturas de pavimento e perfis
transversais.
Neste sentido, uma vez que o Manual de Concepção abrange toda esta temática e apoia a pratica de
projecto em Portugal, este sub capítulo é essencialmente baseado nele.
2.3.1 – Dados de projecto
a) Tráfego
Para o dimensionamento dos pavimentos rodoviários apenas é considerado o efeito do tráfego de
veículos pesados. Considera-se veículo pesado, aquele cujo peso bruto é igual ou superior a 3 tf, e
que de acordo com a metodologia das contagens de tráfego efectuadas pela Junta Autónoma de
Estradas, pertencem às classes F, G, H, I, J e K (JAE, 1995).
24
Como o pavimento deve assegurar a circulação de tráfego em dadas condições durante o período de
dimensionamento, a verificação da capacidade de carga dos pavimentos é feita com base no número
acumulado de veículos pesados (NAVP) que se prevê irão circular sobre o pavimento durante aquele
período, considerando-se:
• o tráfego médio diário anual de veículos pesados no ano de abertura, por sentido de
circulação, na via mais solicitada por esses veículos;
• o período de dimensionamento;
• a taxa média de crescimento anual de veículos pesados no período de dimensionamento;
• a distribuição do tráfego pelas vias existentes num dado sentido.
Como se verá, a partir do número acumulado de veículos pesados (NAVP), determina-se o número
equivalente de passagens de um eixo padrão, com base num factor de agressividade do tráfego
pesado.
Tráfego médio diário anual de veículos pesados
Tendo em vista uma sistematização das estruturas do pavimento, o Manual de Concepção considera
8 classes para o tráfego médio diário anual de veículos pesados. A sua escolha baseou-se numa
análise estatística do tráfego na rede rodoviária nacional, satisfazendo na sua globalidade às
situações reais da procura nesta rede, e teve em consideração os intervalos utilizados para o mesmo
efeito noutros países.
Distribuição do tráfego pelas vias
A circulação do tráfego pesado, embora se faça predominantemente na via situada mais à direita,
pode repartir-se pelas vias existentes num dado sentido, caso exista mais do que uma. No caso de
duas ou mais vias no mesmo sentido poderão considerar-se as percentagens indicadas no Quadro
2.7.
Quadro 2.7. Percentagem do tráfego na via mais solicitada (JAE, 1995)
Nº de vias Via mais solicitada
2 90
3 ou mais 80
Período de dimensionamento
O dimensionamento de um pavimento visa assegurar adequadas condições de circulação do tráfego
durante um dado período, que se designa por período de dimensionamento, minimizando a
necessidade de obras de conservação nesse período. As condições de circulação envolvem os
aspectos de segurança, economia e conforto que são proporcionados aos utentes.
Para os pavimentos flexíveis e semi-rígidos consideram-se períodos de dimensionamento de 20
anos, para os pavimentos rígidos o período adoptado é de 30 anos.
Para as classes de tráfego T5, T6 e T7, os períodos de dimensionamento podem ser inferiores aos
referidos anteriormente, podendo adoptar-se um valor entre 10 e 15 anos. Além disso, para as
25
mesmas classes de tráfego, poderá ter interesse económico a adopção de uma construção faseada,
ajustada à evolução do tráfego e/ou das condições de serviço, conforme já referido anteriormente.
Taxa média de crescimento anual
A avaliação da taxa de crescimento anual do tráfego pesado deve ser realizada com base em estudo
específico, onde seja, ponderados os diversos aspectos condicionantes da sua evolução ao longo do
período de dimensionamento.
Para as diferentes classes de tráfego, e em situações onde não se disponha de estudo específico,
consideram-se taxas geométricas médias anuais de crescimento, durante o período de
dimensionamento.
Factor de agressividade
Para exprimir o efeito de um dado número acumulado de passagens de veículos pesados com
características muito diversas, faz-se a sua conversão em passagens equivalentes de um eixo
padrão, adoptando-se, para tal, factores de agressividade, cujos valores são definidos no Manual de
Concepção em função do (TMDA)p.
Os factores de agressividade médios resultam da análise de valores obtidos em estações de
pesagem, e tiveram em atenção a ocorrência de eixos sobrecarregados, sobretudo nos itinerários de
maior volume de tráfego pesado.
Em Portugal, tal como em muitos outros países, é utilizado frequentemente, no caso dos pavimentos
flexíveis, o eixo padrão de 80 kN. Outros países (Espanha, França, e também nalgumas situações em
Portugal) usam o eixo padrão de 130 kN, mais próximo das cargas máximas legais dos eixos simples
(Branco et al, 2006).
No Manual de Concepção foi adoptado o eixo padrão de 80 kN para avaliar o tráfego de
dimensionamento de pavimentos flexíveis e o eixo padrão de 130 kN para o de pavimentos semi-
rígidos.
Numero acumulado de eixos padrão
Tendo em conta os valores admitidos para a taxa média de crescimento anual e para o factor de
agressividade, o tráfego acumulado de eixos padrão durante o período de dimensionamento (Ndim),
correspondente às varias classes de tráfego, é dado por:
pCTMDAN p ××××= α)(365dim (2.1)
em que:
C é o factor de crescimento do tráfego, sendo dado por: tp
tC
p
×−+
=1)1(
t é a taxa média de crescimento anual do tráfego pesado
α é o factor de agressividade do tráfego
p é o período de dimensionamento
26
No Quadro 2.8 apresentam-se os elementos relativos às várias classes de tráfego, com a indicação
do número acumulado de eixos padrão de 80 kN, a considerar, respectivamente, no caso de
pavimentos flexíveis.
Quadro 2.8. Elementos relativos ao tráfego (JAE, 1995)
Classe (TMDA)p
Taxa de
crescimento médio
( t )
Pavimentos flexíveis
Factor de agressividade
(α )
dim
80N
(20 anos)
T7 <50 estudo específico
T6 50 – 150 3
2 2x106
T5 150 – 300 3 8x106
T4 300 – 500 4
4 2x107
T3 500 – 800 4,5 4x107
T2 800 – 1200 5
5 7x107
T1 1200 – 2000 5,5 108
T0 >2000 estudo específico
Posteriormente, para fazer a análise estrutural do pavimento há, porem, que definir a geometria das
cargas que sobre ele actuam.
O eixo padrão é um eixo simples, tendo em cada extremo um rodado, usualmente considerado como
tendo duas rodas gémeas, afastadas uma da outra de uma distância “L” (Figura 2.3).
Este rodado é considerado para traduzir a solicitação do tráfego para efeitos de dimensionamento do
pavimento. A área “A” de contacto de cada roda com o pavimento é aproximadamente elíptica, com
os dois eixos pouco diferentes; por simplicidade considera-se como circular de raio “r”. A pressão “p”
de contacto toma-se como sendo igual à pressão de enchimento dos pneus. Conhecida a carga “P”
do eixo padrão, cada roda descarrega a carga P/4 distribuída por uma área dada por P/4p (Branco et
al, 2006).
Figura 2.3. Representação das acções de um eixo padrão sobre o pavimento (Branco et al, 2006)
Dois métodos de dimensionamento empírico-mecanicista de uso comum em Portugal, o Método da
Shell e o Método de Nottingham consideram, para o eixo padrão de 80 kN:
• Shell: L = 105 mm, p = 0,6 MPa e r ≈ 105 mm;
• Notingham: L = 150 mm, p = 0,5 MPa e r = 113 mm.
Para o eixo padrão de 130 kN é frequente adoptar:
27
L = 125 mm, p = 0,662 MPa e r = 125 mm
b) Condições climáticas
Os pavimentos são estruturas muito expostas às acções climáticas. As condições ambientais são,
pois, um factor importante no dimensionamento, condicionando os trabalhos de construção e
conservação dos pavimentos, e também a segurança da circulação rodoviária.
Os factores climáticos que mais influenciam o comportamento dos pavimentos são os factores
térmicos e os factores hídricos.
Factores hídricos
As condições hídricas afectam o estado de humidade das camadas granulares e do solo de
fundação, e condicionam deste modo o seu comportamento mecânico.
O Manual de Concepção admite a existência de um adequado sistema de drenagem (superficial e
interna) que permite considerar, para as camadas granulares e para o solo de fundação, um
comportamento mecânico corrente. Nas camadas granulares, se o sistema de drenagem da estrada
estiver a funcionar convenientemente e se não estiverem fendilhadas as camadas betuminosas do
pavimento, a variação do teor em água nessas camadas é pouco importante.
A variação do teor em água da fundação dos pavimentos é tida em conta ao fixar as suas
características de resistência e deformabilidade, tomando-se em geral as correspondentes às
situações de teor em água, mais desfavoráveis.
Factores térmicos
Nos pavimentos flexíveis, as condições térmicas afectam as propriedades mecânicas das misturas
betuminosas, por isso, considera-se a influência da temperatura nas propriedades das misturas
betuminosas, designadamente o efeito de temperaturas elevadas na evolução das deformações
permanentes resultante da acção do tráfego.
Segundo o Manual de Concepção, o país é dividido em três zonas designadas por temperada, média
e quente, em função das temperaturas máximas que ocorrem no período estival. Em função do tipo
de camada do pavimento (desgaste, regularização e base) e da classe de tráfego, é recomendado
uma determinada classe de betume a empregar.
As classes de betumes indicadas no manual são as recomendadas em face da experiência de uso de
misturas betuminosas empregando betumes tradicionais. Caso se pretenda aplicar betumes
modificados com polímeros ou betumes de penetração mais reduzida, deverão ser estimados os
respectivos módulos de deformabilidade e corrigidas as espessuras indicadas.
Para efeitos de dimensionamento, estabelece-se uma temperatura representativa, designada por
“temperatura de serviço”, cuja determinação é possível por vários métodos, como por exemplo o
Método da Shell.
28
c) Fundação do pavimento
Classes de fundação
Entende-se por fundação de um pavimento o conjunto das camadas onde este está apoiado,
incluindo, para além da camada do leito do pavimento, os terrenos subjacentes.
Para o seu dimensionamento devem analisar-se as características dos terrenos até à profundidade
de um metro.
De acordo com o Manual de Concepção, são consideradas quatro classes de fundação do
pavimento, tal como indicado na Quadro 2.9.
Quadro 2.9. Classes de fundação (JAE, 1995)
Classes de fundação Módulo da fundação (MPa)
Classes de tráfego Gama Valor de cálculo
F1 > 30 a ≤ 50 30 T5, T6
F2 > 50 a ≤ 80 60 T3, T4, T5, T6
F3 > 80 a ≤ 150 100 T1, T2, T3, T4, T5, T6
F4 > 150 150 T1, T2, T3, T4, T5, T6
Cada classe de fundação é definida por um módulo médio, nominal, que assume os valores de 30
MPa (F1), 60 MPa (F2), 100 MPa (F3) e 150 MPa (F4), sendo recomendado o uso destes valores nos
cálculos de dimensionamento dos pavimentos. A sua aplicabilidade às diversas classes de tráfego
define condições mínimas mais exigentes no caso das vias mais solicitadas.
Classes de terrenos
Na espessura que constitui a fundação de um dado pavimento podem existir diversos terrenos (em
escavação ou aterro), que, no caso mais usual, se podem considerar compreendidos em seis classes
de terrenos de fundação (S0, S1, S2, S3, S4, S5).
As classes de terrenos foram estabelecidas tendo em conta os materiais usualmente encontrados, e
expressos em termos do valor de CBR para as condições mais desfavoráveis previsíveis em obra e
após entrada em serviço.
Tendo em vista a larga experiência da utilização da Classificação Unificada de Solos, contida na
especificação American Society of Testing Materials (ASTM) D 2487, é apresentado no Manual de
Concepção a previsível inclusão dos diversos tipos de solo daquela classificação, nas classes de
terrenos, bem como a previsível reutilização dos diversos tipos de terrenos na execução do corpo dos
aterros, no leito do pavimento e em sub-base, tendo em atenção as suas características mais
importantes no domínio da sua aplicabilidade em obras rodoviárias.
As camadas de leito do pavimento podem ser realizados em:
• solos arenosos seleccionados, dos grupos S2, S3 e S4;
• seixo do grupo S4;
• material granular britado com características idênticas às da sub-base granular britada;
• material granular britado 0/5 mm.
29
Em algumas situações poderá ser considerado técnico-economicamente adequado recorrer ao
tratamento in situ de solos, em particular para mitigação de impactes ambientais. Estes solos podem
ser tratados com cimento e/ou cal.
Entre os materiais disponíveis economicamente para uso no leito do pavimento, a escolha do que se
deve usar e a espessura da respectiva camada dependem, naturalmente, da qualidade (tipo) de solo
sobre o qual o leito é construído e da capacidade de suporte que se pretende obter para a fundação.
Pela natureza dos terrenos ocorrentes na maior parte do nosso país, é mais frequente utilizar, no leito
do pavimento, solos seleccionados ou materiais granulares britados (“tout-venant”).
Ainda no Manual de Concepção, partindo da classe de terreno existente, indicam-se as espessuras
de materiais não ligados ou tratados com cal ou ligantes hidráulicos a utilizar no leito do pavimento,
para a obtenção da classe de fundação pretendida.
2.3.2 - Dimensionamento
a) Abordagem na perspectiva dos pavimentos novos
Os métodos de dimensionamento de pavimentos destinam-se a fixar os materiais a empregar e as
espessuras das camadas dos pavimentos tendo em atenção as variáveis de projecto. Estes métodos
podem classificar-se em dois grupos, consoante a forma como foram estabelecidos: os métodos
empíricos, baseados exclusivamente na observação do comportamento de pavimentos de troços
experimentais, e os métodos analíticos, que têm como base a modelação do comportamento dos
pavimentos, relacionando os estados de tensão e de deformação induzidos pelo tráfego e pelas
acções climáticas, com o desenvolvimento de degradações estruturais.
A partir da aplicação de métodos analíticos, algumas Administrações Rodoviárias, designadamente a
Portuguesa (actualmente Estradas de Portugal, EP), têm vindo a estabelecer procedimentos mais
simplificados para a concepção dos pavimentos, recorrendo à elaboração de catálogos de secções
de pavimentos, aos quais está subjacente a aplicação de determinado método de dimensionamento,
e a experiência da própria Administração.
Em Portugal, como referido anteriormente, foi desenvolvido em 1995 um Manual de Concepção de
Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional, que inclui um catálogo de secções de pavimentos.
A utilização desse catálogo de secções de pavimentos tem como vantagem a sistematização de
soluções de referência para as estruturas de pavimentos, tendo em conta a experiência adquirida
pela Administração. Não deve no entanto, ser encarada como uma restrição à liberdade do projectista
para propor a adopção de soluções não contempladas no catálogo, que porventura sejam
consideradas mais adequadas face às variáveis de projecto.
Observa-se que o próprio Manual de Concepção recomenda que na fase de projecto de execução se
proceda ao dimensionamento dos pavimentos pela metodologia da análise estrutural.
O dimensionamento de pavimentos rodoviários consiste, genericamente, nos seguintes passos:
30
1. Estabelecimento da espessura das camadas e composição dos materiais que as constituem.
As estruturas novas mais comuns na pavimentação rodoviária portuguesa são constituídas por:
• camada de desgaste em betão betuminoso (geralmente com 5cm de espessura, embora
possa ter 4cm para tráfego leve, classes T5 e T6 ou inferiores, ou 6cm para tráfego intenso,
classes T2 e T1 ou superiores);
• camada de regularização ou de base (depende da espessura) em mistura betuminosa densa
ou macadame betuminoso;
• camada de sub-base constituída por uma ou duas camadas granulares de agregado britado
de granulometria extensa, geralmente com espessura de 15 ou 20cm (total de 30 ou 40cm no
caso da existência de duas camadas);
• essa estrutura assenta no solo de fundação, que em caso de necessidade pode ter
características melhoradas no topo, executando-se um leito de pavimento.
2. Definição do número de eixos padrão, Np, que vai solicitar o pavimento durante a vida útil
considerada (geralmente 20 anos para pavimentos flexíveis novos) e a temperatura de serviço,
para o local de dimensionamento.
3. Cálculo da rigidez do betume.
4. Cálculo do módulo de deformabilidade, (Em), das misturas betuminosas.
5. Fixação do módulo de deformabilidade da fundação.
6. Estimativa do módulo de deformabilidade da sub-base.
7. Com as camadas completamente caracterizadas mecanicamente e conhecendo as suas
espessuras de partida, efectua-se o cálculo do estado de tensão-deformação, usando um dos
programas de cálculo automático à disposição (por exemplo o BISAR). Obtém-se com este
cálculo as extensões relevantes: extensão de tracção na base das camadas betuminosas, no
sentido da progressão do tráfego (critério da fadiga); extensão vertical de compressão, no topo da
fundação (critério de deformação permanente).
8. Com as extensões determinadas no passo anterior, segue-se o cálculo do número de eixos
padrão que o pavimento suporta (eixos padrão admissíveis, Na) para o critério da fadiga e para o
critério de deformação permanente.
9. Conhecendo o número de eixos padrão Np, que previsivelmente solicita a estrutura (passo 2) e o
número de eixos padrão admissíveis, Na, pode obter-se a percentagem de resistência que se
gasta, ou seja, o dano D:
100×=Na
NpD (%) (2.2)
Se D> 100% haverá subdimensionamento e se D <80% haverá sobredimensionamento.
Geralmente, intervém-se na espessura da camada que se dimensiona, camada de regularização
ou camada de base, já que a espessura das outras é habitualmente fixa. Com isto altera-se a
temperatura de serviço nas misturas betuminosas, que é diferente para diferentes profundidades.
31
Com este novo valor, repetem-se o 3º passo e seguintes até chegar a um dimensionamento
conveniente.
Os seis primeiros passos constituem o pré-dimensionamento, os restantes passos referem-se à
análise estrutural.
O processo descrito está resumidamente caracterizado no Anexo 1.
b) Abordagem na perspectiva da reabilitação
Quando, por outro lado, estamos perante um pavimento já existente, torna-se por vezes necessário
proceder à sua reabilitação. Esta reabilitação surge quando o pavimento deixa de oferecer a
qualidade de serviço esperada, estando na iminência de iniciar um estado de ruína, e consiste no
aumento da capacidade resistente do pavimento através do dimensionamento da espessura de
camadas de reforço.
Existem dois métodos que permitem dimensionar, no âmbito duma acção de reabilitação, a
espessura de camadas betuminosas de reforço dum pavimento flexível. O primeiro que se vai
designar por “procedimento baseado nas deflexões reversíveis”, é uma metodologia desenvolvida e
aplicada pelo LNEC nos finais dos anos 60, tendo entretanto conhecido sucessivas transformações.
O outro, de estrutura bastante mais simples, foi desenvolvido pelo Asphalt Institute (AI, 1983) e
designa-se por “procedimento baseado nas espessuras efectivas”.
Este último não será objecto da dissertação, pois não é utilizado correntemente em Portugal.
Para fazer a análise no procedimento baseado nas deflexões reversíveis que permitirá definir a
espessura da camada de reforço, é necessário conduzir, primeiramente, uma campanha de ensaios
de carga que permitam a avaliação da capacidade de carga do pavimento a reforçar, e em seguida
efectuar a estimativa do tráfego que solicitará o pavimento até à saída de serviço.
Estes ensaios podem ser efectuados por alguns equipamentos, no entanto o Deflectómetro de
Impacto é o equipamento que mais se utiliza para a observação da capacidade de suporte ao nível de
projecto.
Realizados os ensaios de carga e recolhida a informação descrita, é necessário fazer o tratamento
dos dados obtidos, no sentido de estabelecer os trechos do pavimento uniforme do ponto de vista da
capacidade de carga e, dentro de cada um, o local ou locais mais representativos. Para cada local
seleccionado é preciso conhecer a estrutura de pavimento ensaiada, e isso consegue-se por meio de
carotes colhidas e por poços abertos no bordo do pavimento.
Conhecendo-se o tipo e valor da carga que provocou um determinado deflectograma, num pavimento
com espessura e composição das camadas conhecida, e admitindo certas características mecânicas
para as camadas, é possível estabelecer uma deformada do pavimento semelhante ao deflectograma
seleccionado, recorrendo a um programa de cálculo do estado de tensão-deformação (como o
BISAR), geralmente considerando comportamentos elástico-lineares. As características mecânicas
das camadas de pavimento podem, numa primeira aproximação, ser estimadas da mesma forma
32
como o dimensionamento de estruturas de pavimento novas ou com base nos ensaios dos materiais
recolhidos nos poços.
Quando os deflectogramas medido e calculado são semelhantes, pode admitir-se que as
características mecânicas do pavimento que deram origem ao deflectograma calculado são muito
próximas das características mecânicas que o pavimento apresentava na altura da realização do
ensaio de carga. Pode dizer-se que a característica mecânica determinante é o módulo de
deformabilidade, pois é o parâmetro que caracteriza o comportamento estrutural do trecho de
pavimento em análise.
Assim sendo, para estabelecer a espessura duma camada de reforço, conhecendo o comportamento
previsível da estrutura existente, pode recorrer-se a um processo semelhante ao do dimensionamento
analítico dum pavimento novo.
A camada de reforço deve possuir uma espessura e características suficientes para diminuir a
extensão de tracção induzida pelo tráfego na base das camadas betuminosas do pavimento original,
controlando desse modo a ruína por fadiga das camadas betuminosas existentes, bem como diminuir
a extensão de compressão no topo do solo de fundação, diminuindo a possibilidade de assentamento
à superfície, controlando deste modo a ruína por deformação permanente.
A principal dificuldade deste procedimento é a representatividade dos deflectogramas dos locais
escolhidos para traduzir o comportamento do pavimento. Esta dificuldade está relacionada com as
condições termo-higrométricas existentes na altura da obtenção da capacidade de carga, já que a
temperatura das camadas betuminosas condiciona o seu comportamento, tal como o teor em água no
caso das camadas granulares e solo de fundação. Deve portanto haver uma interpretação cuidada da
caracterização que é possível efectuar, ponderando essa interpretação com a experiência de
realização de reabilitação em pavimentos flexíveis.
2.4 - Conservação e reabilitação de pavimentos
2.4.1 – Patologia dos pavimentos flexíveis
Após a sua construção e entrada em serviço, o estado dos pavimentos vai evoluindo, quer devido à
acção da passagem do tráfego, quer por acção dos agentes atmosféricos (Antunes, 2005).
A degradação pode ser do tipo estrutural ou funcional, sendo um fenómeno inerente a qualquer
pavimento.
A degradação do tipo estrutural está relacionada com o colapso da estrutura do pavimento ou com a
fadiga de um ou mais componentes de tal ordem que o pavimento se torna incapaz de suportar as
cargas impostas. A degradação do tipo funcional acontece quando o pavimento perde a capacidade
de proporcionar uma circulação suficientemente segura e cómoda, associada à degradação das
características superficiais, mais especificamente, da camada de desgaste.
33
O processo de evolução das degradações de um pavimento apoia-se no “princípio da cadeia das
consequências”, em que uma degradação não evolui isoladamente no tempo, dando origem a outras
degradações, ou seja, inicia-se uma actividade em ciclo, onde as diferentes degradações interferem
mutuamente (Pereira e Miranda, 1999).
As principais causa das degradações dos pavimentos flexíveis estão relacionadas com factores como
a intensidade do tráfego, as acções climáticas, as deficiências dos materiais, deficiências de projecto
ou da qualidade de execução.
As patologias referentes aos pavimentos flexíveis podem ser agrupadas em quatro grandes grupos:
deformações; fendilhamento; desagregação e polimento da camada de desgaste; e movimento
de materiais.
De acordo com o novo “Catálogo de Degradações elaborado pelas Estradas de Portugal” (EP, 2006)
as reparações observáveis na camada de desgaste também são consideradas patologias, por
melhor que estejam executadas, criam descontinuidades e tornam-se locais susceptíveis ao
surgimento de novas patologias.
A seguir, para cada grupo de degradações, são caracterizados os diferentes tipos de patologias.
a) Deformações
As deformações podem ser divididas em abatimento, ondulação, deformações localizadas e rodeiras,
e devem-se na sua maioria a factores de degradação como as condições de drenagem, a capacidade
de suporte da fundação e a camadas estruturais de reduzida compacidade (Branco et al, 2006), tal
como se apresenta no Quadro 2.10.
Quadro 2.10. Tipos de deformações associadas a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)
Abatimento
Longitudinal – pode localizar-se ao longo do pavimento junto à berma ou ao longo do eixo da faixa de rodagem.
Berma – pode resultar de uma redução da capacidade de suporte das camadas granulares e do solo de fundação, relacionada com a entrada de água através da berma ou da interface berma-pavimento.
Eixo – ocorre quando existe um fendilhamento ao longo do eixo, resultando uma redução da capacidade de suporte por infiltração de água até às camadas inferiores granulares e ao solo de fundação, ou problemas de construção da camada superficial de desgaste.
Transversal – tem uma localização dependente da ocorrência de situações patológicas ao nível das camadas inferiores, em particular no solo de fundação e camadas granulares.
Deformações localizadas – alterações de nível do pavimento, formando depressões ou alteamentos, podendo surgir isoladamente em diferentes pontos do pavimento; podem resultar da falta de capacidade do solo de fundação, contaminação localizada das camadas granulares, capacidade deficiente em zonas pontuais do pavimento, em particular das camadas granulares, e à rotura de canalização.
Ondulação – deformação transversal que se repete com uma determinada frequência ao longo do pavimento; pode ocorrer nas camadas de desgaste constituídas por revestimento superficial, devido a deficiências na distribuição do ligante; pode verificar-se também em camadas de betão betuminoso onde ocorra o arrastamento da mistura por excessiva deformação plástica, devido à acção do tráfego; pode também ter como causa a deformação da fundação.
Rodeiras – deformações transversais localizadas ao longo da zona de passagem dos rodados dos veículos, podendo ser de grande ou de pequeno raio; podem ter como causas a compactação insuficiente das camadas em geral, a capacidade deficiente das camadas granulares e da fundação, com ocorrência de deformações
34
permanentes (rodeiras de grande raio) ou mesmo a presença de misturas betuminosas com reduzida resistência à deformação plástica (rodeiras de pequeno raio).
b) Fendilhamento
O fendilhamento apenas ocorre nas camadas constituídas por misturas betuminosas, sendo o tipo de
degradação mais frequente neste tipo de pavimentos. O quadro 2.11 descreve os tipos de
fendilhamento associados a pavimentos flexíveis.
Quadro 2.11. Tipos de fendilhamento associados a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)
Fendas
Fadiga – fendas irregulares localizadas na zona de passagem dos rodados dos veículos, geralmente iniciadas na direcção longitudinal, progredindo na direcção transversal e noutras direcções irregulares; podem ser isoladas e ramificadas, consoante a menor ou maior fase de desenvolvimento respectivamente; as causas possíveis são a fadiga das camadas betuminosas, a falta de capacidade de suporte das camadas granulares e do solo de fundação, camada de superfície com qualidade deficiente dos materiais.
Longitudinais – fendas paralelas ao eixo da estrada, localizadas geralmente ao longo da zona de passagem dos veículos e por vezes junto ao eixo; as causas possíveis são a deficiência da junta longitudinal de construção, a drenagem deficiente, originando diferencial de capacidade de suporte junto à berma e/ou misturas betuminosas muito rígidas originando abertura de fendas por retracção.
Transversais – fendas sensivelmente perpendiculares ao eixo da estrada, isoladas ou com um espaçamento variável, abrangendo parte ou toda a largura da faixa de rodagem; podem ser resultantes de uma deficiência da junta transversal de construção, da retracção térmica da camada de desgaste ou mesmo da capacidade de suporte diferencial da fundação.
Pele de crocodilo – fendas que formam entre si uma malha de dimensão variável, localizada inicialmente na zona de passagem dos rodados dos veículos abrangendo progressivamente toda a largura da via de tráfego; resultante da evolução das fendas ramificadas; as causas podem ser as mesmas que foram anteriormente descritas para as fendas de fadiga.
Outro tipo de fendilhamento que nos últimos anos tem vindo a ser observado nos pavimentos de
elevada espessuras das camadas betuminosas é o “fendilhamento com origem à superfície”, o qual
se inicia na superfície do pavimento e progride em profundidade, sem, no entanto, atingir a base das
camadas betuminosas. Para a sua origem podem ser indicadas diversas causas, como as
deficiências do processo construtivo (deficiente compactação e segregação das misturas
betuminosas) e a agressividade do tráfego pesado (pneus de base larga e elevada pressão de
enchimento) traduzida por elevadas tensões de tracção na superfície (Freitas, 2004).
c) Desagregação e polimento da camada de desgaste
A desagregação da camada de desgaste traduz-se na perda de qualidade superficial. Esta
degradação resulta fundamentalmente da deficiente ligação entre os diferentes componentes de uma
mistura betuminosa, da falta de estabilidade dessa ligação, de deficiências na execução da camada
de desgaste, da segregação dos inertes em central durante o transporte ou na sua colocação, de
betume deficiente, da presença de água (insuficiente secagem dos inertes) além de condições de
temperatura desfavoráveis na fase de execução (temperaturas muito reduzidas) que afectam a
compacidade da camada (Quadro 2.12).
35
Quadro 2.12. Tipos de desagregação da camada de desgaste em pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)
Desagregação superficial – arranque de uma das fracções do agregado, geralmente a mais grossa ou perda do mastique (finos, filer e ligante betuminoso).
Pelada (descamação) – desprendimento em forma de placa, da camada de desgaste, relativamente à camada inferior; as causas mais influentes podem ser a espessura reduzida da camada de desgaste, uma deficiente ligação entre esta e a camada betuminosa seguinte ou até a falta de estabilidade da camada de desgaste.
Ninhos (covas) – cavidades de forma arredondada localizadas na camada de desgaste, podendo progredir para as camadas inferiores; as causas possíveis são a evolução de outras degradações, em particular do fendilhamento, a deficiente qualidade dos materiais da camada de desgaste e/ou uma zona localizada com deficiente capacidade de suporte.
Polimento dos agregados – desgaste por abrasão, geralmente da fracção grossa do agregado, conferindo à superfície do pavimento um aspecto polido e brilhante.
d) Movimento de materiais
O movimento de materiais resulta da movimentação de materiais constituintes das camadas
betuminosas ou granulares, ou da fundação através das camadas do pavimento. Os tipos de
movimento de materiais associados a pavimentos flexíveis são apresentados no Quadro 2.13.
Quadro 2.13. Tipos de movimento de materiais associados a pavimentos flexíveis (Branco et al, 2006)
Exsudação – migração à superfície do ligante betuminoso na camada de desgaste, em particular na zona de passagem dos rodados dos veículos, conferindo-lhe um aspecto negro e brilhante; pode resultar de um excesso de ligante (consequente envolvimento dos agregados grossos e redução da macrotextura), de contaminação por rega de colagem excessiva, por ligante de reduzida viscosidade e/ou mistura betuminosa de reduzida estabilidade submetida a tráfego intenso e temperaturas elevadas.
Subida (ou bombagem) de finos – manchas de cor esbranquiçada, devidas à presença de finos, provenientes das camadas granulares e do solo de fundação, inicialmente junto às fendas, evoluindo para toda a superfície da camada de desgaste; a causa possível é a drenagem deficiente do pavimento, que promove a ascensão da água desde do solo de fundação, passando pelas camadas granulares e pelas camadas betuminosas fendilhadas, até à superfície do pavimento, arrastando consigo os finos, à passagem dos veículos.
2.4.2 – Observação de pavimentos
a) Características alvo de avaliação
A informação sobre o estado da superfície e da estrutura dos pavimentos constitui um requisito
essencial à eficaz gestão de uma rede rodoviária, constituindo, a observação de pavimentos, a
actividade essencial à manutenção de qualquer base de dados rodoviária.
As características alvo de avaliação, também denominadas parâmetros de estado, têm a função de
caracterizar o estado funcional (superficial) e estrutural de determinado pavimento num dado instante
de tempo.
A avaliação do estado estrutural de um pavimento está relacionada com a determinação do seu nível
de desempenho mecânico (capacidade de suportar as cargas para que foi projectado), tendo em
conta factores como o tráfego e as condições climáticas (Freitas e Pereira, 2001).
A avaliação do estado funcional do pavimento tem por objectivo definir se este apresenta um nível de
serviço adequado às exigências dos utentes, permitindo que a circulação se faça, nomeadamente,
em condições de segurança, conforto, economia e qualidade ambiental (Freitas e Pereira, 2001).
36
Frequentemente, verifica-se que os pavimentos apresentam uma degradação prematura da sua
qualidade, quer estrutural, quer funcional (Freitas e Pereira, 2001).
As características que devem ser avaliadas e que permitem a determinação do desempenho de um
pavimento são as seguintes: degradações superficiais, deflexão; irregularidade longitudinal e
transversal; atrito transversal e longitudinal; textura superficial; drenagem e ruído.
Degradações superficiais
O estado superficial é avaliado consoante as degradações observáveis à superfície, que são
fundamentais para a análise da qualidade do estado não só funcional como estrutural do pavimento.
A identificação das patologias, observáveis na superfície dos pavimentos, permite determinar as
causas que estão na origem do seu aparecimento e associar a sua existência à influência que terão
sobre outros parâmetros de avaliação.
Capacidade estrutural
A capacidade estrutural pode ser avaliada consoante as deflexões registadas (assentamentos
observáveis à superfície do pavimento) quando o pavimento é submetido a um determinado
carregamento (ensaios de carga).
Os resultados dos ensaios de carga (valores de deflexões) permitem determinar a capacidade
estrutural do conjunto do pavimento e da fundação, ao mesmo tempo que permitem avaliar a
contribuição de cada camada para o comportamento estrutural tendo em conta as deflexões medidas
a várias distâncias do ponto de aplicação da carga das várias camadas constituintes.
Textura superficial
A textura da superfície da camada de desgaste de um pavimento desempenha um papel
determinante para a sua qualidade funcional, principalmente no que está relacionado com os
seguintes aspectos:
• desenvolvimento das forças de atrito no contacto pneu/pavimento em condições
desfavoráveis – piso húmido ou molhado;
• resistência ao movimento (consumo de combustível);
• desgaste dos pneus por micro-deslizamento da borracha no contacto pneu/pavimento;
• ruído de baixa frequência, no interior e no exterior dos veículos;
• vibrações transmitidas pela coluna de direcção ao volante e ao interior dos veículos (Branco
et al, 2006).
A textura tem, desta forma, influência no que respeita à segurança, ao custo de operação dos
veículos, ao conforto, e ao ambiente, o que torna esta característica de avaliação muito importante.
A textura de um pavimento é determinada pelas suas irregularidades superficiais, que vão desde os
mais finos detalhes da microtextura, passando pelas particularidades da macrotextura, até às maiores
37
ondulações da megatextura (Pinto, 2003). A distinção entre os vários tipos de domínios ou escalas de
texturas é função do comprimento de onda considerado.
Irregularidade longitudinal e transversal
A irregularidade corresponde a uma gama de comprimentos de onda superiores a 0,5 m, e está
relacionada com defeitos geométricos da camada de desgaste. Pode ser observada tanto
longitudinalmente como transversalmente (Fontul, 2006).
A irregularidade do perfil longitudinal pode ser devida a desnivelamentos da superfície do pavimento
em relação ao seu perfil longitudinal teórico ou a defeitos da superfície do pavimento, que como
consequência podem afectar a segurança, o conforto e os custos de circulação dos veículos
(FORMAT, 2004). Ao longo de um trecho de pavimento podem ser identificados diferentes tipos de
irregularidade longitudinal.
A irregularidade do perfil transversal é uma característica importante a avaliar, visto ser fundamental
para assegurar um bom desempenho da estrada, e para além de poder afectar as condições de
conforto, é factor de degradação da segurança quando a superfície do pavimento se encontra
molhada. Este parâmetro é, geralmente, um bom indicador da degradação superficial do pavimento,
nomeadamente quando se verifica a existência de rodeiras (FORMAT, 2004).
O principal objectivo para avaliar esta característica consiste em determinar a profundidade máxima
das rodeiras, a partir da análise do perfil transversal.
Considera-se que a irregularidade é a característica que mais influência a opinião do utente em
relação ao nível de qualidade do pavimento (Yoder & Witczak, 1975).
Atrito
O atrito entre os pneumáticos e a superfície do pavimento representa um parâmetro importante, uma
vez que está associado, fundamentalmente, à segurança de circulação dos veículos.
Este parâmetro é de carácter evolutivo no tempo e depende de vários factores. Alguns estão
inerentes ao tipo e ao estado do pavimento, outros são da responsabilidade do condutor (tipo e
estado dos pneus relacionado com o grau de desgaste, a pressão de enchimento, a carga por roda e
velocidade de circulação) e ainda depende das condições climáticas (chuva, neve, gelo) e da época
do ano (temperatura e pluviosidade) (Pinto, 2003; Santos, 2007).
O atrito de um pavimento pode ser avaliado a partir do coeficiente de atrito longitudinal que está
relacionado com a distância de paragem, e do coeficiente de atrito transversal que avalia a segurança
de circulação em zona de curva (Branco et al, 2006). O coeficiente de atrito é uma característica que
apresenta evolução a curto prazo (ocorrência de precipitação) e a longo prazo (devido ao número
acumulado de passagens de veículos).
Drenagem
38
A drenagem da superfície de um pavimento é um factor essencial para a manutenção de um nível de
serviço desejado e da segurança de circulação. Uma superfície com fracas características de
drenagem contribui para a ocorrência de acidentes resultantes do fenómeno de hidroplanagem, perda
de visibilidade e aparecimento de inúmeras patologias (Mahboub et al, 2003).
No entanto, também é importante garantir que a drenagem das camadas subjacentes seja adequada,
já que a acumulação de água a longo prazo no interior do pavimento reduz a capacidade de suporte
das camadas granulares e do solo de fundação, promovendo ainda a bombagem de finos com a
consequente deterioração rápida do pavimento.
Para a obtenção de uma drenagem do pavimento adequada, são implementadas algumas técnicas
de projecto como a inclinação transversal e a construção de camadas de desgaste
porosas/drenantes. O objectivo destas camadas de desgaste é proporcionar uma rápida drenagem
das águas superficiais de modo a diminuir o risco de ocorrência do fenómeno de hidroplanagem e de
perda de visibilidade na presença de precipitação.
No entanto, as camadas betuminosas devem possuir as características de impermeabilidade
adequadas para que não se verifiquem problemas de infiltração e saturação ao nível das camadas de
base e de sub-base.
Ruído
Os mecanismos de geração de ruído são influenciados pelo comportamento dos condutores (através
do controlo da velocidade e da pressão dos pneus), pelas características dos pneus (estrutura,
dimensão, rigidez da borracha, relevo, desgaste e idade), pelas características da superfície do
pavimento (macrotextura e megatextura, cor, irregularidade, porosidade, rigidez, idade, desgaste e
presença de água) e pelo clima (temperatura e vento) (Freitas et al, 2006).
As consequências da exposição ao ruído produzido pelo tráfego rodoviário são notórias ao nível da
saúde e qualidade de vida da população, como por exemplo, perturbações no sono, interferências na
comunicação e no desempenho intelectual, assim como, incómodo, especialmente se for uma
exposição continuada a níveis sonoros de intensidades superiores a 65 dB(A) (Freitas et al, 2006),
(AEA, 2004).
O Regulamento Geral sobre o Ruído (RGR) (Decreto-Lei nº 292-2000) define limites de nível sonoro
contínuo, para zonas consideradas sensíveis ou mistas. As zonas sensíveis são áreas definidas
como vocacionadas para usos habitacionais, escolas, hospitais, espaços de recreio e lazer e outros
equipamentos colectivos, prioritariamente utilizados pelas populações como locais de recolhimento.
Por sua vez, as zonas mistas são áreas com ocupação semelhante às zonas sensíveis, no entanto,
também afectas a actividades de comércio e serviços.
As entidades, responsáveis pelo planeamento ou pelo projecto das novas infra-estruturas de
transporte rodoviárias, devem adoptar as medidas necessárias para que a exposição da população
ao ruído no exterior não ultrapasse os níveis sonoros regulamentares.
39
Os métodos correntes para a limitação do ruído rodoviário incluem a construção de barreiras
acústicas, o controlo do tráfego (com a limitação da velocidade), a alteração do traçado vertical e
horizontal, e a definição de zonas protegidas (Freitas et al, 2006). A construção de pavimentos com
camadas de desgaste porosas/drenantes ou com betumes modificados com borracha, tem-se
relevado uma medida eficaz para a redução do ruído de tráfego, em relação aos pavimentos
tradicionais, 3/5 dB(A) e 5/6 dB(A), respectivamente (RECIPAV, 2007).
b) Modos de avaliação das características
A caracterização do estado do pavimento pode ser feita utilizando equipamentos de auscultação,
efectuando ensaios, ou mesmo recorrendo à observação visual, conforme se indica no Quadro 2.14.
Quadro 2.14. Alguns equipamentos/ensaios utilizados para a avaliação das características dos pavimentos
(Alves, 2007)
Características alvo
de avaliação
Tipos de parâmetro de
estado Equipamentos/ensaios
Deflexão Estrutural Deflectómetro de impacto; Viga Benkelman; Curviâmetro; Deflectógrafo
de pavimentos LNEC; High Speed Deflectometer
Degradações
superficiais Estrutural/Funcional
VIZIROAD (sistema informático); GERPHO (“Group d´Examen par
Photographie”); Equipamento de vídeo
Irregularidades Estrutural/Funcional Perfilómetro Laser; Perfilómetro Inercial; Régua
Atrito e textura
superficial Funcional
Técnica Volumétrica da Mancha; RUGO (equipamento com tecnologia
laser; CTmeter (Circular Texture Meter); DFtester (Dynamic Friction
Tester); Pêndulo Britânico; Grip-Tester; SCRIM (Sideway Coefficient
Routine Inspection Machine); Perfilómetro Laser
Ruído Funcional Método SPB; Método CPX
Drenagem Estrutural/Funcional Outflow meter (medidor de escoamento); Permeâmetro
Constituição dos
pavimentos Estrutural Sondagens; Radar de Prospecção
A avaliação estrutural pode ser feita por processos destrutivos (sondagens e ensaios laboratoriais,
recorrendo à recolha de amostras) ou por processos não destrutivos. É preferível recorrer a
processos não destrutivos para avaliar o estado do pavimento, de modo a não danificar o mesmo,
embora a avaliação dos seus resultados possa torna-se mais complexa.
A observação de pavimentos deve ser realizada segundo um plano bem definido (metodologia de
observação), tendo em conta, entre outros factores, dois fundamentais: os objectivos da observação
e os meios humanos e materiais disponíveis.
Os principais aspectos a analisar na de observação são: a selecção dos trechos a observar e a
frequência das observações.
Para a análise objectiva dos resultados de observação dos pavimentos há um conjunto de dados
complementares que deve incluir: as características geométricas (traçado em planta e em perfil); o
tráfego; os acidentes; as características de todos os trabalhos realizados e as condições climáticas.
40
2.4.3 - Técnicas de conservação e de reabilitação de pavimentos
a) Técnicas de reabilitação das características superficiais
As técnicas de reabilitação das características superficiais dos pavimentos rodoviários flexíveis
aplicam-se ao nível da camada de desgaste, de modo a recuperar as características funcionais
iniciais do pavimento. Estas técnicas devem ser aplicadas em pavimentos com boas condições
estruturais.
Como princípio geral, deve estudar-se o estado do pavimento a reabilitar e, em seguida, escolher a
técnica que melhor se adapte às condições do pavimento e à estratégia de conservação adoptada.
A técnica de reabilitação das características superficiais aplicada no caso de estudo é:
• a fresagem correspondente a uma operação de remoção do material de pavimentação até à
espessura considerada, através da sua destruição;
• seguida de uma reposição de camadas constituídas por macadame betuminoso, betão
betuminoso e/ou microbetão betuminoso rugoso.
b) Técnicas de reabilitação das características estruturais
A reabilitação estrutural dos pavimentos compreende a execução de uma ou mais camadas,
acompanhadas ou não de outros trabalhos complementares (melhoria do sistema de drenagem, por
exemplo). Essas camadas podem ser a camada de desgaste, a camada de regularização e a camada
de base. Neste domínio, refere-se em geral o termo “reforço do pavimento”, significando a acção ou o
conjunto de acções capazes de aumentar a capacidade estrutural do pavimento existente (pavimento
degradado).
As camadas de reforço propriamente ditas dependem do que o dimensionamento respectivo
determinar, podendo ser apenas uma camada de betão betuminoso, que funciona como camada de
desgaste, ou serem duas ou mais, havendo então, camada de base, de regularização e desgaste.
No caso dos pavimentos estudados, procedeu-se à fresagem das camadas mais degradadas, à
reparação da camada remanescente após a fresagem e à construção das novas camadas de reforço.
Os materiais utilizados na construção destas novas camadas são iguais aos utilizados aquando da
aplicação das técnicas de reabilitação superficial.
Nas operações de reforço deve dar-se atenção à melhoria das condições de drenagem do pavimento,
cujas deficiências são muitas vezes causadoras da ruína dos pavimentos, por afectarem a resistência
da fundação, das camadas granulares e, por vezes, até das camadas betuminosas. Esta melhoria
pode consistir na reparação de valetas e caleiras, no revestimento de valetas não revestidas, na
41
reparação de drenos longitudinais (frequentemente instalados sob valetas laterais e no separador
central) e, no caso de não existirem, na construção destes drenos.
A técnica da reciclagem de pavimentos, em geral, promove a melhoria da capacidade estrutural de
um pavimento existente degradado, devendo por esta razão, ser considerada uma técnica de
reabilitação estrutural.
c) Técnicas de reciclagem de pavimentos
A reciclagem de pavimentos rodoviários flexíveis consiste em obter novas misturas betuminosas com
a utilização de material fresado dos pavimentos antigos a reabilitar, adicionando novos materiais
(agregado e ligante). É uma técnica que pode ter como objectivo apenas a reabilitação das
características superficiais, ou também, como é mais frequente, pode visar a reabilitação das
características estruturais.
A solução de reciclagem ideal, do ponto de vista técnico, económico e ambiental deveria responder
aos seguintes objectivos:
• Reabilitar as características, estruturais e funcionais, do pavimento degradado
• Minimizar a rejeição de material, conduzido a vazadouro
• Minimizar a utilização de novos ligantes, em particular os betuminosos
• Utilizar resíduos industriais, quer como agregado, quer como ligante.
Através de uma melhoria dos equipamentos e da tecnologia de construção, será possível tornar estas
técnicas mais económicas, aumentando o interesse pela sua utilização. Entretanto, com as restrições
de âmbito ambiental a que, cada vez mais, estarão sujeitas as indústrias, estas técnicas assumirão
cada vez uma maior importância.
Os processos de reciclagem dos pavimentos flexíveis são muito variados, tendo em atenção o
elevado número de variáveis a considerar. Face a condicionantes particulares de cada tipo e estado
de pavimento, nem todas as alternativas apresentam as mesmas potencialidades.
Considerando as seguintes variáveis: o local de execução; a temperatura da produção; os ligantes ou
aditivos; podem definir-se os seguintes processos de reciclagem (Martinho, 2005):
• Reciclagem in situ, a frio, com cimento
• Reciclagem in situ, a frio, com emulsão betuminosa
• Reciclagem in situ, a frio, com betume espuma
• Reciclagem in situ, a quente, com betume/rejuvenescedor
• Reciclagem em central, a frio, com emulsão betuminosa
• Reciclagem em central, a frio, com betume espuma
• Reciclagem em central, semi-quente, com emulsão betuminosa
• Reciclagem em central, a quente, com betume.
A seguir descreve-se apenas o processo de reciclagem utilizado neste trabalho, que corresponde a
um dos mais utilizados e com maior potencialidade de utilização.
42
Reciclagem in situ, a frio, com cimento
Quando se está perante pavimentos de forte espessura de material granular e com degradações que
denunciam deficiente capacidade de carga, a reciclagem in situ, a frio, com cimento poderá constituir
o processo mais económico e um dos mais adequados.
Da mistura do material fresado com o ligante resulta uma nova camada granular tratada com cimento,
do tipo “agregado de granulometria extensa tratado com cimento” (AGEC), a qual apresentará uma
resistência bastante mais elevada do que qualquer uma das anteriormente existentes no pavimento
antigo.
O pavimento, anteriormente do tipo flexível, passa a ser do tipo semi-rígido, onde a nova camada
apresentará a natural propensão ao fenómeno de retracção.
A sequência construtiva adoptada é a geralmente a representada pelo esquema apresentado na
Figura 2.4.
Figura 2.4. Fases da reciclagem in situ a frio com cimento em calda (Martinho, 2005)
O espalhamento do cimento poderá ser efectuado por duas formas: a seco através de cisterna com
controlo electrónico da saída do ligante; por via húmida, onde se utiliza um equipamento destinado à
produção de calda de cimento de acordo com as especificações do respectivo estudo.
Esta solução de reciclagem conduzirá potencialmente a um elevado aumento da vida residual do
pavimento, mas apresenta as seguintes condicionantes:
• A camada de AGEC não constitui uma adequada camada de desgaste, apresentando a
natural propensão para a formação de fendas de retracção
• A camada de desgaste, deverá, possuir capacidade adequada para resistir aos esforços
resultantes da actividade das fendas de retracção da camada subjacente de AGEC.
Assim, torna-se necessário considerar a utilização de camadas de reforço com capacidade para
resistir a esforços de corte resultantes do fendilhamento produzido. Actualmente, entre outras
soluções, as camadas de misturas betuminosas a quente com betume modificado com borracha de
pneus usados, constituem uma das melhores soluções para camadas de reforço com esta
capacidade.
43
2.5 – Síntese
A função essencial de um pavimento rodoviário é assegurar uma superfície de rolamento que permita
a circulação dos veículos com comodidade e segurança, durante a vida do pavimento, sob acção do
tráfego e das condições climáticas que ocorram.
Existem três tipos de pavimentos: os Flexíveis, os Semi-rígidos e os Rígidos, todos eles constituídos
por camadas sucessivas diferindo, entre si, pelo tipo de materiais empregues na sua constituição.
No caso dos flexíveis, é importante referir que as camadas betuminosas devem encontrar-se ligadas
mediante a aplicação de regas de colagem com ligantes betuminosos entre camadas, procurando
que estas fiquem coladas umas às outras, funcionando portanto como uma só camada. Quando as
camadas betuminosas se encontram “descoladas”, para cada uma delas ocorrem tensões máximas
de compressão na face superior e tensões máximas de tracção na face inferior, situação que
corresponde a um estado de tensão, muito mais severo que o verificado com as interfaces “coladas”,
o que contribuem para a evolução acelerada das degradações do pavimento.
Em Portugal é prática comum recorrer ao MACOPV para o pré-dimensionamento de pavimentos
seguindo de uma análise estrutural que inclui o critério da fadiga e o critério das deformações
permanentes. Ainda no que se refere ao MACOPAV este aborda questões como o tráfego, condições
climáticas e condições de fundação.
No entanto, este método de dimensionamento tem procedimentos que não constituem a forma mais
fiável de abordagem. Numa situação porque não modelam bem o comportamento dos materiais,
noutras porque o funcionamento do próprio pavimento não é adequadamente tido em conta. Pode
afirmar-se, que ainda há alguns passos a dar até que se possam utilizar procedimentos mais
apropriados. De qualquer modo, pode-se afirmar que a larga experiência acumulada por largo
número de utilizadores em todo o mundo, faz destes métodos instrumentos, que sendo usados com
bom senso, conhecendo as limitações e conhecendo bem o risco, proporcionam indicações
suficientemente fiáveis para que possam continuar a determinar o dimensionamento de pavimentos
flexíveis.
Após a sua construção e entrada em serviço, o estado dos pavimentos vai-se degradando, quer
devido à acção da passagem do tráfego, quer por acção dos agentes atmosféricos.
A degradação pode ser do tipo estrutural ou funcional, sendo um fenómeno inerente a qualquer
pavimento. Consoante a degradação seja de um tipo ou de outro serão aplicadas técnicas de
conservação e reabilitação, que melhor se adaptem, com o objectivo de restabelecer tanto a
qualidade estrutural como funcional.
Uma das técnicas estruturais que tem vindo a ganhar mais importância é a reciclagem de pavimentos
rodoviários flexíveis, que consiste em obter novas misturas betuminosas com a utilização de material
fresado dos pavimentos antigos, a reabilitar, adicionando novos materiais (agregado e ligante).
44
Capítulo 3 – Metodologias de análise de custos de ciclo de vida
3.1 – Generalidades
A aplicação de princípios economicistas ao projecto de transportes, incluindo pavimentos rodoviários,
ocorre basicamente a dois níveis: no primeiro nível, encontram-se as decisões da gestão requeridas
para determinar a possibilidade e a viabilidade de uma alternativa; no segundo nível, escolhe-se
economicamente a melhor alternativa para o projecto. A maior diferença na avaliação económica
entre estes dois níveis de gestão de pavimentos consiste na importância do detalhe ou na informação
requerida. Os princípios básicos envolvidos nos dois níveis são os mesmos (Haas et al, 1994).
O objectivo da avaliação económica de pavimentos é o de apoiar a decisão quanto à escolha das
alternativas de construção, e conservação, mais rentáveis, quanto ao custo e benefício, face a
determinadas condições técnicas e económicas.
Inicialmente os métodos de avaliação económica de pavimentos apenas consideravam os custos
iniciais de construção do pavimento. Actualmente, dado que os investimentos nos pavimentos são
realizados para um longo prazo, a avaliação económica deve considerar todo o ciclo de vida do
pavimento e respectivos custos e benefícios.
Assim, é necessário integrar na análise todos os factores influentes na evolução do pavimento,
determinando, para uma dada qualidade exigida, o menor custo total. Deste modo, é necessário
avaliar a história económica previsível para um dado pavimento, a qual compreende uma sucessão
de custos e benefícios, determinados ou previstos, para cada período de tempo considerado.
De um modo geral, um estudo de análise económica consiste nas seguintes fases:
• identificação e definição das diferentes alternativas capazes de responder ao problema
diagnosticado, incluindo também alternativas intermédias e a alternativa nula (não fazer
nada), avaliando as respectivas consequências;
• identificação e definição dos vários factores que podem contribuir para a diferenciação do
custo e benefício das diversas alternativas e factores de custo;
• conversão de todas as alternativas à mesma base de comparação, por exemplo o “custo
actual”, de modo a seleccionar a mais rendável.
Assim, é necessário definir índices de conversão de custo e benefícios. Estes índices obtêm-se a
partir da aplicação de diferentes métodos de avaliação económica, a seguir indicados:
• Método do valor actual.
• Método do custo equivalente anual uniforme.
• Método da taxa de rendabilidade.
• Método da razão benefício-custo.
Destes métodos os mais utilizados em engenharia são o método do valor actual e o método do custo
anual uniforme equivalente.
45
Os princípios básicos e métodos de avaliação económica, aplicáveis à análise dos pavimentos,
podem ser resumidos do seguinte modo:
• o nível de gestão ao qual a avaliação é realizada deve ser claramente identificado; este pode
variar desde o nível de planeamento ou programação (nível de rede), até ao nível de projecto,
onde um elemento, com um tipo de revestimento, é considerado dentro de cada projecto;
• a análise económica fornece a base para tomar decisões, mas não inclui a decisão;
• critérios, regras ou guias de escolhas, devem ser formulados separadamente e antes de
aplicar os resultados da avaliação económica, a não ser que os critérios sejam simples e de
fácil compreensão;
• a avaliação económica não tem relacionamento com o método ou fonte de financiamento do
projecto. Este financiamento pode limitar o número de projectos possíveis (num nível de rede
de planeamento básico) ou limitar a importância disponível para um projecto particular. Eles
não afectam a metodologia, nem os princípios de controlo de uma avaliação económica por si
só;
• uma análise económica deve considerar várias alternativas possíveis, dentro das restrições
de recursos de tempo e de dinheiro;
• as alternativas devem ser comparadas através do mesmo período de tempo, de modo a que
a maioria dos factores envolvidos na comparação possam ser definidos com a mesma
fiabilidade;
• a avaliação económica deve incluir custos de administração, custos dos utentes e benefícios
se possível. (Haas et al, 1994)
Este último princípio é normalmente adoptado no sector dos projectos de transportes. No domínio dos
pavimentos, muitas vezes consideram-se apenas os custos de construção e de conservação,
assumindo que os custos dos utentes não variam ao longo do tempo. No entanto, estes custos
variam em função da qualidade funcional dos pavimentos, sendo os benefícios considerados como
redução desses custos.
3.2 – Custos de ciclo de vida
Na avaliação económica é essencial incluir todos os custos ocorridos durante a vida de um
determinado projecto. Por esse motivo, no domínio dos pavimentos, a partir de 1970 começou a ser
utilizada a noção de “custo de ciclo de vida” (life-cycle costs). Actualmente esta abordagem é
considerada já a nível de conferências específicas, dedicadas a diversos tipos de infra-estruturas,
com o objectivo de analisar o custo de todo o ciclo de vida (Life-cycle Costs Analysis – LCCA).
Os custos de ciclo de vida referem-se a todos os custos (incluindo os benefícios), envolvidos na
construção, manutenção e reabilitação de um pavimento durante o seu ciclo de vida completo. E
como os diversos custos não ocorrem ao mesmo tempo, torna-se útil determinar a soma do dinheiro
que deve ser investida em certa data (normalmente no princípio) e a valorização do mesmo. Assim,
considera-se uma determinada taxa de juro de modo a permitir os pagamentos desses custos quando
46
os mesmos ocorrem, concluindo-se, deste modo, que é importante a consideração nos cálculos de
uma taxa de juro ou do valor do dinheiro ao longo do tempo.
Relativamente aos custos associados à gestão de pavimentos, estes podem ser divididos em dois
grupos principais: os custos da administração e os custos dos utentes (Branco et al, 2006). Cada um
destes grupos engloba um determinado conjunto de componentes de custos a seguir definidos.
a) Custos para a administração rodoviária
• Custos de projecto
Os custos de projecto envolvem todos os custos com estes relacionados, incluindo custos de
obtenção de dados, tais como os referentes à caracterização do tráfego actual e futuro e
caracterização do pavimento existente. Trata-se no entanto de uma componente relativamente
pequena no conjunto dos custos considerados.
• Custos de construção (custos iniciais)
Estes custos referem-se ao investimento inicial com a construção do pavimento novo. Na análise de
estratégias alternativas de conservação de pavimentos, em princípio, não é necessário considerar
esta componente de custos.
• Custos de conservação
Estes custos referem-se a todas as acções implementadas ao longo da vida do pavimento, com o
objectivo de manter o pavimento acima de um determinado nível de qualidade, ou manter a qualidade
do pavimento com um determinado nível limite de degradação.
Como o referido no capítulo anterior, podem considerar-se dois grupos de acções de conservação: a
conservação corrente e a conservação periódica.
A conservação corrente é de aplicação mais frequente e de planificação difícil, logo com custos mais
difíceis de estimar, sendo por vezes avaliados, ou estimados, em termos médios.
A conservação periódica é aplicada ao longo da vida do pavimento com uma frequência reduzida,
podendo ser planificada, com custos para a administração de cálculo relativamente fácil.
• Valor residual (custo negativo)
Corresponde ao valor do ponto de vista funcional e estrutural, que um pavimento apresenta quando
chega ao fim do seu período de dimensionamento. Poder-se-á determinar este valor considerando o
custo do pavimento inicial e o custo da reabilitação do pavimento existente de modo que apresente
características idênticas às iniciais. A diferença entre estes dois valores será o valor residual,
apresentado como custo negativo.
b) Custos para o utente da estrada
• Custo de operação dos veículos
47
Este custo é função dos seguintes factores: tipo e estado de conservação do veículo, tipo de camada
de desgaste, velocidade de circulação, irregularidade da camada de desgaste, e características
geométricas da estrada. A consideração desta componente de custo é necessária, particularmente
quando a utilização de uma camada de desgaste granular é considerada nas alternativas. No caso de
camadas de desgaste do tipo mistura betuminosa (betão betuminoso), ou mistura hidráulica (betão de
cimento), o custo de operação dos diferentes veículos apresenta uma variação muito reduzida, não
sendo fundamental a sua consideração na análise económica.
• Custo do tempo de percurso
O tempo de percurso é função essencialmente da velocidade, a qual por sua vez é função das
características geométricas da estrada, do tipo de veículo e do estado do pavimento. Trata-se de uma
componente dos custos dos utentes que pode assumir um peso muito elevado na comparação de
diferentes estratégias, em particular quando se trata de estradas de tráfego intenso. Além disso, esta
componente deve incluir uma outra, relacionada com o tempo adicional devido aos trabalhos de
conservação. Estes custos podem ser muito elevados, função da estratégia de conservação proposta,
podendo, em certos casos, determinar a diferença nos custos globais para o utente.
• Custo dos acidentes
Este custo inclui os custos dos acidentes pessoais (mortais ou não mortais) e dos danos materiais.
Para que estes custos possam entrar na avaliação económica de alternativas é necessário identificar
os parâmetros influentes no nível de acidentes.
• Custos do desconforto
É um custo de difícil determinação e por isso na maioria dos casos não é considerado. No entanto, é
através da avaliação do conforto de circulação que a maioria dos utentes estabelece a sua
classificação do estado da estrada.
A Figura 3.1 apresenta algumas tendências da evolução das diversas componentes dos custos dos
utentes, em função da irregularidade longitudinal e da velocidade.
Figura 3.1. Variação dos custos para os utentes, em função da velocidade e da irregularidade (Pereira e
Miranda, 1999)
48
De referir ainda que os custos associados à gestão de pavimentos, segundo outros autores (Haas et
al, 1994) podem ainda incluir um terceiro grupo apelidado de “Nonuser costs”, que engloba os
seguintes custos: poluição do ar, poluição sonora entre outros.
3.3 – Aspectos metodológicos
3.3.1 – Período de análise
O período de análise é o período durante o qual todos os custos são comparados. Este período deve
ser suficientemente longo para reflectir a longo prazo os custos associados às diferentes estratégias
e geralmente deve ser sempre maior que o período de vida do pavimento, excepto no caso de muito
longa duração do pavimento. Em regra, o período de análise deve ser longo o suficiente para
incorporar, pelo menos, uma actividade de reabilitação (Walls, J.; Smith, M., 1998).
“The FHWA’s (Federal Highway Administration) September 1996 Final LCCA Policy statement”,
recomenda um período de análise de, pelo menos, 35 anos para todos os projectos de pavimentos,
ao passo que segundo (ACPA, 2002) os valores típicos para o período de análise são de 30 a 40
anos para rodovias/auto-estradas, 20 a 30 anos para ruas, e 30 anos para os aeroportos.
Por vezes, uma análise com períodos mais curtos pode ser adequada, em especial quando as
diversas alternativas de pavimento são desenvolvidas para ganhar tempo (digamos 10 anos) até à
total reconstrução. Poderá ser oportuno desviar o mínimo recomendado de 35 anos para o período de
análise, quando períodos mais curtos possam simplificar valores computacionais. Por exemplo, se
todas as estratégias alternativas terminassem as suas intervenções de manutenção no ano 32, então
a análise a 32 anos seria bastante apropriado (Walls e Smith, 1998).
Independentemente do período de análise seleccionado, este deve ser o mesmo para todas as
alternativas. A Figura 3.2 mostra um típico período de análise para um determinado pavimento
alternativo.
Figura 3.2. Período de análise para um pavimento alternativo (Walls e Smith, 1998)
Caso seja feita uma análise de custo de ciclo de vida com períodos de análise diferentes para as
alternativas, esta deve ser realizada com o custo anual uniforme equivalente. Todavia, ao fazê-lo, o
49
analista tem de perceber que este procedimento pressupõe que todas as actividades alternativas
serão repetidas indefinidamente (ACPA, 2002).
3.3.2 – Taxa de actualização
Um dos principais factores que afecta a análise económica é a taxa de actualização associada ao
investimento a realizar. É um dos mais contestados e altamente debatidos aspectos da análise de
custo de ciclo de vida. A taxa de actualização deve ser enfatizada, pois é um factor bastante
significativo e pode ter uma grande influência sobre os resultados de uma análise económica.
A taxa de actualização é utilizada para reduzir custos ou benefícios futuros esperados hoje em dia, e
a sua determinação, adequada, face à análise da evolução económica previsível durante o período
de análise, é fundamentalmente uma questão política.
Em geral, nos métodos de avaliação económica é utilizada uma taxa de actualização, englobando o
valor da inflação. Esta taxa fornece os meios para comparar utilizações alternativas de verbas, mas
não deve ser confundida com a taxa de juro. Além disso, a taxa de actualização poderia variar de
acordo com as alternativas avaliadas, no entanto a maioria das administrações, utiliza uma taxa única
para todas as análises.
No que concerne aos pavimentos e segundo (Haas et al, 1994), taxas de actualização entre 4% e
10%, têm sido frequentemente utilizadas. Já (Branco et al, 2006) ao fazer a análise de sensibilidade
da taxa de actualização, assume valores entre os 6% e 20%.
A taxa de actualização tem em conta a variação das taxas de inflação e de juro para mostrar o actual
ou a taxa real de aumento no valor do dinheiro ao longo do tempo. A equação 3.1 calcula a taxa de
actualização.
DR = (INT – IFL) / (1 + IFL) (3.1)
com DR – taxa de actualização; INT – taxa de juro; IFL – taxa de inflação.
A taxa de actualização tem duas vantagens associadas à sua utilização:
• Primeiro, não é o valor absoluto das taxas de juro e de inflação que importa, mas sim a sua
diferença. Historicamente, esta diferença tem-se mantido relativamente constante em cerca
de 3% durante o último século. Ao longo dos últimos dois séculos, foi em média de 1,5%.
• Em segundo lugar, a taxa de actualização tem em conta as forças competitivas dos juros e da
inflação.
Quando se usa a taxa de actualização, a análise deve compreender que os resultados são valores
artificiais sobre os custos totais. Como tal, a análise de custos de ciclo de vida só pode ser utilizada
para comparar alternativas, e não determinar com precisão quanto vai custar a mais um pavimento
durante a sua vida total.
A escolha de uma taxa de actualização centra-se em torno da escolha das taxas de inflação e de juro.
Como tal, a fim de evitar resultados parciais, os projectistas devem escolher as respectivas taxas
para que estas reflictam o custo dos fundos para o organismo ou proprietário do pavimento.
50
a) Taxa de Juro
A taxa de juro deve reflectir o custo dos empréstimos para a administração da construção do
pavimento. Os factores que devem ser considerados são:
• se o projecto está a ser financiado por uma entidade pública ou privada;
• se o projecto está a ser financiado pelo dinheiro emprestado ou capital fixo;
• a taxa de retorno para a indústria ou projecto.
Ao seleccionar o valor da taxa de juro, é importante não confundir a selecção das taxas com o custo
de oportunidade de mercado ou sociais.
b) Taxa de inflação
Um bom indicador global da taxa de inflação adequado é o “Producers Price Index (PPI)”. Este indica
o preço de mudança para materiais (produtos e mercadorias) vendidos directamente aos fabricantes
em níveis intermédios da transformação, reflectindo os custos dos materiais vendidos ao empreiteiro.
Os preços estão disponíveis para uma grande variedade de produtos, incluindo produtos de
pavimentação. (ACPA, 2002)
3.3.3 – Valor residual
O valor residual corresponde ao valor do ponto de vista funcional e estrutural, que um pavimento
apresenta quando chega ao fim do seu período de dimensionamento. Poder-se-á determinar este
valor considerando o custo do pavimento inicial e o custo da reabilitação do pavimento existente de
modo que apresente características idênticas às iniciais. A diferença entre estes dois valores será o
valor residual, apresentado como custo negativo (Branco et al, 2006) e (Pereira e Miranda, 1999).
O valor residual é utilizado por algumas administrações na análise económica de pavimentos
rodoviários, uma vez que envolve o valor dos materiais reutilizáveis no final do período de análise.
Com o esgotamento de recursos, tais materiais podem tornar-se cada vez mais importante no futuro,
especialmente quando usados num pavimento reciclado. (Haas et al, 1994)
Assim sendo, e segundo (Walls e Smith, 1998), o valor residual refere-se ao valor líquido da
reciclagem do pavimento.
O valor residual de um material depende de vários factores, tais como, volume e posição do material,
contaminação, idade ou durabilidade, entre outros (Haas et al, 1994).
O diferencial do valor residual entre as diferentes estratégias de pavimento, geralmente não é muito
grande, e, quando descontado mais de 35 anos, tende a ter pouco efeito nos resultados da análise do
custo do ciclo de vida (Walls e Smith, 1998).
3.4 – Metodologias de cálculo
A seguir, serão apresentados dois dos métodos mais utilizados no domínio da engenharia: o Método
do Valor Actual e o Método do Custo Equivalente Anual Uniforme.
51
3.4.1 - Método do Valor Actual
O método do valor actual pode ser aplicado separadamente aos custos, aos benefícios, ou às duas
componentes em conjunto. Neste último caso, em geral, subtrai-se aos benefícios os custos,
passando a designar-se por “Método do valor actual líquido”. O objectivo deste método é o de
“transformar” todos os custos e benefícios acumulados ao longo do período de análise (n) nos custos
actuais (ano 0).
Assim, o valor actual é o custo que seria necessário investir actualmente a uma determinada taxa de
juro (igual à taxa de actualização), de modo a fazer face a todos os custos ao longo do período em
análise. Deste modo, para aplicar este método é necessário:
• Determinar todos os custos e benefícios previsíveis no período n incluindo o valor residual;
• Determinar a taxa de actualização, t, a utilizar;
• Avaliar o período de vida para as diferentes alternativas.
Inicialmente, determina-se o factor do valor actual:
( )nntt
pwf+
=1
1, (3.2)
onde:
ntpwf , = factor do valor actual, para um dado t e n;
t = taxa de actualização; n = número de anos do período em análise.
O método do valor actual, aplicado aos custos pode assumir a seguinte expressão:
( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ntnx
n
i
ixixixntxnx pwfSVUCMOCCpwfICCTPWC ,,
0
,,,,, 111111×−+++= ∑
=
(3.3)
onde:
nxTPWC ,1 = valor total actual dos custos para a alternativa x1, para um período de análise de
n anos;
( )1x
ICC = custo inicial de construção para a alternativa x1;
( ) ixCC ,1 = custo da construção para a alternativa x1, no ano i, quando i é menor que n;
( ) ixMO ,1 = custo de conservação para a alternativa x1, no ano i;
( ) ixUC ,1 = custos para o utente (incluindo, custos de operação dos veículos, custo do tempo
de percurso, custo de acidentes, e desconforto) para a alternativa x1, no ano i;
( ) nxSV ,1 = valor residual para a alternativa x1, no fim do período de análise, n anos.
Tratando-se da análise de estratégias alternativas onde existe um investimento anual constante AIi,
em cada período ni, com a taxa de actualização ti para cada período, o valor actual será:
52
( )( )∑
= +
−+×=
n
in
ii
n
i
inxi
i
tt
tAITPWC
0
,1
111
(3.4)
Esta expressão pode ter aplicação no domínio da conservação corrente onde é necessário um
investimento anual que pode ser constante durante certos períodos.
O valor actual dos benefícios pode ser calculado da mesma forma que para os custos, através da
equação 3.5:
( ) ( ) ( )[ ]∑=
++=n
i
ixixixitnx NUBIUBDUBpwfTPWB0
,,,,, 1111 (3.5)
onde:
nxTPWB ,1 = valor total actual dos benefícios para a alternativa x1, para um período de análise
de n anos;
( ) ixDUB ,1 = benefícios directos para o utente resultantes da alternativa x1 no ano i;
( ) ixIUB ,1 = benefícios indirectos para o utente resultantes da alternativa no ano i;
( ) ixNUB ,1 = benefícios do não utente obtidos da alternativa x1, ano i.
Na maioria dos casos consideram-se apenas os benefícios directos dos utentes, dado que ainda é
difícil avaliar adequadamente os benefícios indirectos do utente, assim como os benefícios do não
utente.
O “método do valor actual líquido” considera a diferença entre o valor actual dos benefícios e o valor
actual dos custos. Evidentemente que os benefícios excederão os custos se um determinado projecto
tem justificação em termos económicos.
O valor actual líquido é calculado através da equação:
nxnxx TPWCTPWBNPU ,, 111−= (3.6)
onde:
1xNPU = valor actual líquido da alternativa x1.
Na maioria dos casos apenas é utilizado o método do valor actual aplicado aos custos. Nessa
equação (3.3) inclui-se o termo UC, representando os custos do utente no ano i, resultantes da
aplicação da alternativa x1. Uma redução em qualquer custo do utente pode ser considerada como
um benefício para o utente. Consequentemente, em certa medida, a utilização dessa mesma
equação (3.3) com a consideração dos custos para o utente, resultantes da aplicação das diferentes
alternativas conduz a um valor líquido actual, dado que contempla a variação dos custos dos utentes.
Noutros casos, as administrações de estradas, por não disporem de adequada informação relativa
aos custos dos utentes, utilizam a mesma equação (3.3) sem o termo ( ) ixUC ,1. A comparação entre
alternativas é feita neste caso com base no mínimo valor actual dos custos da administração.
53
Existem várias vantagens inerentes ao método do valor actual líquido que o tornam talvez o mais
viável para o campo da rodovia, em comparação com o método do custo anual e o método da razão
benefício-custo. Essas vantagens incluem o seguinte:
1. Os benefícios e custos de um projecto estão relacionados e expressos como um único valor.
2. Projectos de diferentes vidas de serviço, e com fase desenvolvimento, são directamente e
facilmente comparáveis.
3. Todos os custos e benefícios monetários são expressos em termos de hoje.
4. Custos podem ser subjectivamente avaliados e manipulados com uma avaliação custo-
eficiência.
5. A resposta é dada como um retorno total para o projecto.
6. O método é computacionalmente simples e claro.
Existem várias desvantagens para o método do valor actual líquido, incluindo os seguintes:
1. O método não pode ser aplicado a alternativas únicas, pois os benefícios dessas alternativas
não podem ser estimados. Nesses casos, cada alternativa deve ser considerada em
comparação com as outras alternativas, incluindo a alternativa standard ou base.
2. Os resultados, em termos de um montante fixo, não podem ser tão facilmente compreensível
para algumas pessoas como uma taxa de retorno ou custo anual. De fato, o somatório dos
custos neste formulário pode tender a ter um efeito dissuasivo para os investimentos em
alguns casos.
Wohl tem amplamente considerado estas vantagens e desvantagens, não só para o método do valor
líquido actual, mas também para outros métodos de análise económica (Wohl, 1967). Eles concluem
que o método do valor actual líquido é o único que vai sempre dar a resposta correcta. Os outros
métodos podem, em certas situações, dar respostas incorrectas ou ambíguas.
3.4.2 - Método do custo anual uniforme equivalente
O método do custo anual uniforme equivalente (simplificadamente designado por método do custo
anual) procede à conversão de todos os custos ocorridos durante o período de análise, num custo
anual uniforme equivalente.
Este método pode ser expresso pela equação:
( ) ( ) ( ) ( ) nxntxxxntnx SVcrfAAUCAAMOICCcrfAC ,
´
,,, 11111−++= (3.7)
onde:
nxAC ,1 = custo anual uniforme equivalente para a alternativa x1, para um período de vida
ou período de análise de n anos;
ntcrf , = factor de conversão do capital inicial (ICC), para taxa de actualização t e período
54
n anos;
( )( ) 11
1,
−+
+=
n
n
ntt
ttcrf
´
,ntcrf = factor de conversão do valor residual (SV), ou outro custo intermédio, para uma
taxa t e um periodo n´, menor que n;
( )1
1´
´
, −+
=nntt
tcrf
( )1x
ICC = custo de construção, para uma alternativa x1;
( )1x
AAMO = custo médio anual de conservação para a alternativa x1;
( )1x
AAUC = custo médio anual para os utentes, para a alternativa x1;
( ) nxSV ,1 = valor residual para a alternativa x1, no final do período de análise.
A equação 3.7 considera que os custos de conservação e os custos dos utentes são uniformes. No
caso, provável, destes custos serem diferentes ao longo de cada ano do período de análise é
necessário proceder à sua actualização através da utilização de uma taxa de actualização adequada.
Outra formulação deste método, equivalente à da equação 3.7, consiste em calcular os custos
acumulados até ao fim do período de análise, n, tendo em atenção a taxa de actualização a partir de
cada período intermédio, convertendo esse custo acumulado num custo anual uniforme equivalente,
através da equação:
( ) 11,, 11 −+×=
nnxnxt
tTCAAC (3.8)
onde:
nxAC ,1 = custo anual uniforme equivalente para a alternativa x1, para um período n;
nxTCA ,1 = custo total acumulado (custo de construção, conservação e do utente) para a
alternativa x1, ao longo do período n.
O recurso básico ao método do custo anual uniforme equivalente deve-se à sua simplicidade e
compreensão. Contudo, não se pode utilizar, excepto intuitivamente, para determinar se é ou não um
projecto economicamente justificável, uma vez que não inclui os benefícios na avaliação. Por
conseguinte, as comparações entre as alternativas devem estar na base de custos por si só, com o
pressuposto inerente de que eles têm iguais benefícios. Contudo, especialmente quando os
diferentes custos operacionais dos veículos estão envolvidos entre tais alternativas, esta suposição é
questionável.
O método do valor actual dos custos é directamente comparável com o método do custo anual
uniforme equivalente.
55
3.5 – Síntese
3.5.1 - Limitações da análise económica
Uma avaliação económica fornece uma base para a tomada de decisão, para seleccionar a melhor
estratégia. No entanto, factores para além dos económicos podem ser usados para fazer este
julgamento. Por exemplo, não só a estratégia economicamente óptima, mas também as diversas
estratégias óptimas próximas, deverão ser identificadas. Estas podem diferir tão pouco em termos
económicos, que a decisão pode ser feita com base em experiências anteriores com uma
determinada alternativa, preferência de um tipo de material para outro, esperando disponibilidade de
fundos de capital inicial e de fundos futuros para a sobreposição, e assim por diante.
3.5.2 - Riscos e incertezas na avaliação económica de pavimentos
Quanto aos riscos, em geral conhece-se a probabilidade da ocorrência da alteração de certos
factores face ao inicialmente previsto para cada situação (alternativa de conservação, por exemplo).
Por outro lado as incertezas são parcialmente ou totalmente desconhecidas.
Os riscos podem ser considerados numa análise, avaliando-se os respectivos efeitos nos custos e
benefícios calculados. Já as incertezas, por exemplo em relação à evolução do tráfego ou em relação
ao comportamento de certos materiais menos conhecidos, não são possíveis de eliminar à partida.
A avaliação económica é, por necessidade, baseada em acontecimentos incertos, e em previsões de
comportamento, frequentemente não conhecidas com suficiente rigor.
Consequentemente, a avaliação económica de todos os custos e benefícios inclui análises
probabilísticas.
Por exemplo, os custos de construção representam uma variação mais controlada, enquanto que os
custos de conservação são menos fiáveis, face à fiabilidade dos factores económicos envolvidos na
sua determinação. Quanto aos custos de conservação podem identificar-se incertezas nos seguintes
factores: (i) evolução do comportamento dos materiais utilizados do pavimento, (ii) evolução do
tráfego e (iii) evolução dos factores económicos (estabilidade económica, inflação, taxa de
actualização). Este conjunto de incertezas conduz a um certo grau de incerteza, por vezes elevado,
quanto ao intervalo de tempo entre duas intervenções.
Vários autores adoptaram a associação de probabilidades à evolução dos diversos factores técnicos
e económicos envolvidos na avaliação económica de pavimentos. Kulkarni (Paterson, 1987) associa
diferentes probabilidades para a evolução de diferentes parâmetros como a irregularidade e o
fendilhamento por fadiga, com base para a estimação dos custos de conservação com eles
relacionados. Também no desenvolvimento do sistema de gestão do Estado do Arizona (Paterson,
1987), foi aplicado o processo de decisão de Markov, o qual estabelece diferentes probabilidades do
pavimento se encontrar num determinado estado, após a aplicação de determinadas acções de
conservação.
56
Trata-se de um processo adequado para decisões de gestão de pavimentos, considerando um
elevado número de acções de conservação alternativas e ainda muitas incertezas, por exemplo
resultantes da falta de dados relativos à história dos pavimentos. De facto as acções de conservação
devem ser sempre consideradas com alguma incerteza, devendo, por consequência, as decisões ser
tomadas numa base probabilística.
Relativamente à avaliação económica de pavimentos, como conclusão, de referir ainda que os custos
dos utentes constituem um elemento fundamental na determinação dos custos de ciclo de vida de um
pavimento. A sua exclusão da análise económica conduzirá a soluções não optimizadas.
57
Capítulo 4 – Apresentação dos casos de estudo
4.1 – Metodologia e objectivos
Os elevados custos relativos à construção, conservação e reabilitação de infra-estruturas rodoviárias,
associados às preocupações com a sustentabilidade das soluções adoptadas e com a minimização
dos impactes ambientais do transporte rodoviário, justificam a necessidade de optimizar as verbas
despendidas com estas infra-estruturas e racionalizar o emprego de recursos naturais. Para tal, é
essencial a utilização de metodologias adequadas para a selecção das soluções a adoptar em cada
caso, de forma a minimizar os custos ao longo do ciclo de vida da infra-estrutura, sem comprometer a
qualidade do serviço.
As estruturas de pavimento flexível novo foram seleccionadas a partir das estruturas tipo propostas
no Manual de Concepção de Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional da JAE, tendo em
consideração combinações de dois cenários de tráfego e de dois tipos de condições de fundação. O
número total de estruturas de pavimento seleccionadas para análise é de 15. Para os pavimentos
correspondentes a classes de tráfego superiores, foram consideradas duas hipóteses relativamente à
camada de desgaste (Betão betuminoso e Micro-betão betuminoso rugoso), com objectivo de ter em
conta a prática corrente em pavimentos de elevado tráfego.
Efectuou-se ainda a verificação da vida útil de cada uma das estruturas de pavimento anteriormente
referidas, expressa em termos de número admissível de passagens de eixos padrão de 130 kN,
recorrendo aos métodos de dimensionamento de pavimentos habitualmente utilizados em Portugal e
noutros países.
A programação das acções de conservação e reabilitação a realizar nas estruturas consideradas foi
realizada com base no conhecimento do seu período de dimensionamento, do ponto de vista
estrutural, a par da aplicação de modelos de evolução de degradações que não são consideradas
explicitamente nos métodos de dimensionamento considerados, utilizando limiares de intervenção
considerados adequados aos pavimentos em estudo. As estratégias de conservação e reabilitação
adoptadas inserem-se na prática corrente, quer na rede a cargo da EP, quer em redes
concessionadas.
4.2 – Solução inicial
4.2.1 – Cenários de tráfego e condições de fundação
A selecção das estruturas de pavimento novo a estudar foi realizada tendo em consideração diversos
cenários do ponto de vista da classe de tráfego a que se destinam os pavimentos e das respectivas
58
condições de fundação. Estes cenários foram estabelecidos com base na gama de classes de tráfego
e de classes de fundação apresentadas no Manual de Concepção. (LNEC, 2008)
a) Tráfego
Relativamente ao tráfego, considerou-se a existência de duas classes de tráfego pesado
correspondentes a situações distintas do Tráfego Médio Diário Anual, definido para o ano de abertura
ao tráfego, por sentido e na via mais solicitada (TMDAp):
• Classe T5 correspondente ao cenário de reduzido tráfego pesado, caracterizada por valores
de TMDAp compreendidos entre 150 e 300.
• Classe T1 correspondente ao cenário de elevado tráfego pesado, caracterizada por valores
de TMDAp compreendidos entre 1200 e 2000.
b) Fundação
Do ponto de vista da fundação, admitiram-se as duas classes de ocorrência mais frequente,
caracterizadas do ponto de vista do comportamento mecânico através do módulo de deformabilidade
(Ef) resultante, predominantemente, das características dos solos da parte superior das
terraplenagens (até cerca de 1 m) e do leito de pavimento:
• Classe F2 caracterizada por valores de Ef compreendidos entre 50 e 80 MPa.
• Classe F3, de melhores características, caracterizada por valores de Ef compreendidos entre
80 e 150 MPa.
Admite-se que nestas classes de fundação o leito de pavimento pode ser constituído quer por solos
naturais quer por solos tratados in situ com cal ou com cimento (eventualmente com tratamento
prévio com cal).
Na selecção das estruturas tipo, considerou-se que para a classe de tráfego T1 apenas seria
admissível uma classe de fundação F3. Para a classe de tráfego T5, ambas as classes de fundação.
4.2.2 – Selecção das estruturas de pavimento novo
Através de várias combinações possíveis de classes de tráfego e de fundação seleccionadas, foram
estabelecidas as estruturas de pavimento novo, com base em indicações preconizadas pelo catálogo
do Manual de Concepção. A definição das espessuras das camadas baseou-se nas recomendações
da prática, também reflectidas nas boas práticas construtivas indicadas naquele Manual e no
Caderno de Encargos Tipo da EP (EP, 1998). Para todos os materiais, considera-se que são
cumpridos os requisitos técnicos preconizados neste Caderno de Encargos. (LNEC, 2008)
Admite-se que cada estrutura de pavimento será construída com um sistema de drenagem superficial
e profunda adequado, que garanta um comportamento mecânico normal para as camadas de
fundação e do pavimento em solos e materiais granulares. Igualmente, considera-se que os materiais
59
de pavimentação serão formulados de forma a permitir considerar um comportamento adequado face
às acções do tráfego e a outro tipo de acções, nomeadamente dos agentes atmosféricos.
O Quadro 4.1 indica a simbologia adoptada para definir a camada e o seu material constituinte,
associando-se a cada símbolo a espessura das camadas correspondentes, expressa em centímetros.
Quadro 4.1. Simbologia e espessuras adoptadas
Camadas Materiais Símbolo Espessuras (cm)
Desgaste Betão Betuminoso BD 5
Micro-Betão Betuminoso Rugoso BDRug 3
Regularização Macadame Betuminoso (1) MB 6, 7, 9, 11
Base Macadame Betuminoso (2) MB
7, 8, 10, 12, 14 (7+7), 16 (8+8),
18 (9+9)
Agregado Britado de Granulometria Extensa BG 20
Sub-base Agregado Britado de Granulometria Extensa SbG 20
Solo-Cimento SC 20
(1) Macadame Betuminoso com características de regularização de acordo com o Caderno de Encargos Tipo da EP
(2) Macadame betuminoso com características de base de acordo com o Caderno de Encargos Tipo da EP
No Quadro 4.2 são apresentadas as estruturas de pavimentos novos seleccionadas para análise,
indicando-se ainda as classes de fundação e de tráfego que lhes estão associadas. No caso
particular da camada de base em macadame betuminoso, para as espessuras mais elevadas
adoptou-se um faseamento construtivo em duas fases (Camadas 1 e 2) (LNEC, 2008).
Quadro 4.2. Estruturas de pavimento flexíveis
FL1 FL1a FL2 FL3
T5 T5 T5 T5
Desgaste BD-5 BD-5 BD-5 BD-5
Regularização MB-7 MB-7 MB-6 MB-11
Base - Camada 2 MB-10 MB-8 MB-7
Base - Camada 1
BG-20
SbG-20 SbG-20 SbG-20 SC-20
Camadas betuminosas
Classe de Fundação F2
Designação
Classe de Tráfego
Camada de base
Camada de sub-base
FL4.1 FL4.2 FL5 FL6.1 FL6.1a FL6.2 FL7 FL7a FL8.1 FL8.2 FL9
T1 T1 T5 T1 T1 T1 T5 T5 T1 T1 T5
Desgaste BDRug-3 BD-5 BD-5 BDRug-3 BDRug-3 BD-5 BD-5 BD-5 BDRug-3 BD-5 BD-5
Regularização MB-7 MB-7 MB-6 MB-7 MB-6 MB-7 MB-11 MB-9 MB-7 MB-7 MB-7
Base - Camada 2 MB-9 MB-8 MB-7 MB-8 MB-7 MB-7 MB-7 MB-12
Base - Camada 1 MB-9 MB-8 MB-8 MB-7 MB-7 MB-7
BG-20 BG-20 BG-20 BG-20 BG-20
SbG-20 SbG-20 SbG-20 SbG-20 SbG-20 SbG-20 SbG-20 SbG-20 SC-20 SC-20 SC-20
F3
Camadas betuminosas
Classe de Fundação
Designação
Classe de Tráfego
Camada de base
Camada de sub-base
Os pavimentos que na sua designação consta a letra “a”, significa que face ao pavimento que se
encontra imediatamente antes sofreu uma optimização, que corresponde à diminuição das
60
espessuras, não deixando de respeitar o período de dimensionamento para pavimentos flexíveis de
20 anos.
4.2.3 – Verificação da vida útil das estruturas de pavimento novo
Tendo em vista obter elementos adicionais relativos à capacidade de carga das estruturas de
pavimento seleccionadas para análise, foi efectuado o cálculo da sua vida útil, utilizando
metodologias de dimensionamento de pavimentos baseadas na análise estrutural complementada
com resultados da observação do comportamento de pavimentos. As metodologias utilizadas para o
efeito reflectem a prática actualmente seguida na fase de projecto de execução de infra-estruturas
rodoviárias, adoptando-se critérios de dimensionamento adequados a este tipo de pavimento em
análise, tendo em atenção as características dos materiais geralmente empregues em pavimentação
no nosso país.
O método adoptado para o cálculo da vida útil dos pavimentos flexíveis assenta na determinação da
resposta da estrutura do pavimento à acção dos rodados dos veículos (neste caso o eixo padrão de
130 kN), e na determinação do número de aplicações de carga que conduz à ruína (deformação
permanente ou fendilhamento por fadiga), em função das tensões e/ou extensões calculadas em
determinados pontos críticos da estrutura (LNEC, 2008).
O cálculo dos estados de tensão e de deformação induzidos pelos veículos foi realizado admitindo
que o pavimento é constituído por um conjunto de camadas horizontais e homogéneas. O pavimento
foi modelado através de um conjunto de camadas sobrepostas e compostas por materiais isotrópicos
assentes sobre um meio semi-infinito (a fundação) tendo-se admitido que existia aderência perfeita
entre duas camadas consecutivas. Considerou-se que os materiais constituintes das camadas do
pavimento e respectiva fundação possuem comportamento elástico-linear e isotrópico. Na modelação
do comportamento estrutural do pavimento recorreu-se ao programa de cálculo automático BISAR,
baseado no sistema “multi-camadas”.
Os critérios de dimensionamento usualmente adoptados para pavimentos flexíveis referem-se a dois
tipos de mecanismos de ruína: o fendilhamento por fadiga das camadas de misturas betuminosas e a
ocorrência de deformações excessivas à superfície na zona das rodeiras. Foram adoptados os
seguintes critérios preconizados pela Shell (Shell, 1978):
• Limitação do fendilhamento por fadiga das camadas betuminosas:
( ) 2,036,008,1856,0 −− ⋅+⋅= NEVbtε (4.1)
61
Sendo bV a percentagem volumétrica de betume e E o módulo de deformabilidade da mistura
betuminosa, em Pa; tε e N representam, respectivamente, a extensão máxima de tracção induzida
na camada e o correspondente número admissível de aplicações de carga que a induz.
• Limitação da contribuição da fundação para a formação de deformações permanentes
excessivas:
25,02108,1 −− ××= Ncε (4.2)
Onde cε representa a extensão vertical máxima de compressão no topo do solo de fundação para
uma fiabilidade de 95% e N corresponde ao numero de passagens admissíveis.
a) Características do tráfego
Optou-se por exprimir a vida útil dos pavimentos em termos de número equivalente de passagens de
eixos de 130 kN, por ser este o eixo padrão correntemente adoptado pelos projectistas portugueses
para o dimensionamento de pavimentos flexíveis.
Na Quadro 4.3 apresentam-se os principais elementos que caracterizam as classes de tráfego a que
correspondem as estruturas analisadas:
• TMDAp;
• Taxa de crescimento anual (t);
• Factor de agressividade (α);
• Número acumulado de passagens de eixos padrão (NAEP130) para 20 anos, por ser este o
período de dimensionamento recomendado no Manual de Concepção para pavimentos
flexíveis.
O factor de agressividade (α) apresentado para pavimentos flexíveis, foi determinado a partir do
correspondente valor do Manual de Concepção para eixos padrão de 80 kN (α80), pela expressão:
4
80130
80
×= αα (4.3)
Quadro 4.3. NAEP130 correspondentes às classes de tráfego analisadas (LNEC, 2008)
Classes de Tráfego TMDAp t
Pavimentos Flexíveis
α NAEP130
Max % 20 anos
T1 2000 5 0,8 1,9E+07
T5 300 3 0,3 1,2E+06
b) Características dos materiais de pavimentação
Fundação
62
Adoptaram-se para os módulos de deformabilidade da fundação dos pavimentos os valores de
cálculo correspondentes a 60 MPa para classe de fundação F2, e 100 MPa para classe de fundação
F3.
Camadas de base e sub-base
Quanto às camadas de base e sub-base em materiais granulares e em solo-cimento adoptaram-se os
valores de módulos de deformabilidade referidos no Manual de Concepção, sendo que, no caso de
materiais granulares, em que os módulos são estimados a partir do módulo da camada inferior, se
limitou o valor do módulo da camada de base a 400 MPa (LNEC, 2008).
Camadas com Misturas Betuminosas
Os valores adoptados para os módulos de rigidez das misturas betuminosas foram estimados pelo
método da Shell, para uma velocidade de circulação de 60 km/h, tendo em atenção os seguintes
pressupostos (LNEC, 2008):
• Condições climáticas
Consideraram-se as condições climáticas características da região de Lisboa, tendo-se recorrido para
o efeito às estatísticas publicadas pelo Instituo Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG). Com
base nas temperaturas médias mensais do ar, foi determinada a temperatura média anual ponderada
do ar (17,9ºC) e as correspondentes temperaturas de projecto das camadas de misturas
betuminosas, que variaram entre 22,0 e 27,5ºC consoante a espessura da camada.
• Composição das misturas betuminosas
Os elementos considerados relativamente às características do ligante e à composição das misturas
betuminosas, para efeitos de estimativa do módulo de rigidez e de aplicação do critério de
dimensionamento à fadiga apresentam-se na Quadro 4.4.
Quadro 4.4. Composição adoptada para as misturas betuminosas
Camada Mistura Características do ligante Composição da mistura
Classe Penr (0,1mm) TABr (ºC) Vb (%) Vv (%)
Desgaste
Betão
betuminoso 35 / 50 27 60 12 5
Micro-betão
betuminoso
rugoso
Modificado Para efeitos de análise estrutural, este material foi associado à
camada subjacente
Regularização /
Base
Macadame
betuminoso 35 / 50 27 60 10 5
Vb – Percentagem volumétrica de betume Penr – Penetração do betume recuperado
Vv – Porosidade TABr – Temperatura de amolecimento do betume recuperado
Na Quadro 4.5 resumem-se as características consideradas para os materiais das camadas.
63
Quadro 4.5. Características dos materiais das camadas dos pavimentos flexíveis
FL1 FL1a FL2 FL3 FL4 FL5 FL6 FL6a FL7 FL7a FL8 FL9
T5 T5 T5 T5 T1 T5 T1 T1 T5 T5 T1 T5
22 20 18 16 28 18 26 23 16 14 24 12
20 20 20 20 20
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
FL1 FL1a FL2 FL3 FL4 FL5 FL6 FL6a FL7 FL7a FL8 FL9
T5 T5 T5 T5 T1 T5 T1 T1 T5 T5 T1 T5
5300 5300 5200 5100 5500 5200 5400 5300 5100 5000 5400 4900
300 400 400 400 400
120 120 120 1000 200 200 200 200 200 200 1000 1000
FL1 FL1a FL2 FL3 FL4 FL5 FL6 FL6a FL7 FL7a FL8 FL9
T5 T5 T5 T5 T1 T5 T1 T1 T5 T5 T1 T5
0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
0,35 0,35 0,35 0,30 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,30 0,30
...Fundação ...
Designação
Tráfego
Base
Designação
Tráfego
a) Espessura (cm)
Tráfego
Base
Base
Sub-base
b) Módulo de Elasticidade (MPa)
Fundação 60 100
Sub-base
Camadas betuminosas
Camadas betuminosas
Camadas betuminosas
c) Coeficiente de Poisson
0,35 0,35
Sub-base
Fundação
Designação
c) Cálculo da vida útil dos pavimentos
No Quadro 4.6 apresentam-se os números máximos admissíveis de passagens de eixos padrão de
130 kN, para os diferentes pavimentos flexíveis considerados. As extensões obtidas ( tε - extensão
máxima de tracção na base das camadas betuminoso; cε - extensão máxima de compressão no topo
da fundação) pelo BISAR são da ordem (x10^-6).
Quadro 4.6. Numero máximo admissível de eixos padrão de 130 kN para os pavimentos flexíveis (LNEC, 2008)
Designação BISAR Critério de
fadiga
Critério de
deformação NAEP130
Vida útil
(anos)
Período de
dimensionamento tε cε
FL1 152 -433 3,18E+06 2,99E+06 2,99E+06 >35 >35
FL1a 173 -496 1,70E+06 1,74E+06 1,70E+06 26,2 25
FL2 160 -403 2,55E+06 3,97E+06 2,55E+06 34,2 30
FL3 113 -481 1,53E+07 1,96E+06 1,96E+06 28,8 25
FL4 92 -235 3,62E+07 3,47E+07 3,47E+07 28,3 25
FL5 171 -434 1,84E+06 2,95E+06 1,84E+06 27,6 25
FL6 87 -193 5,17E+07 7,58E+07 5,17E+07 34,7 35
FL6a 101 -233 2,50E+07 4,23E+07 2,50E+07 23,4 20
FL7 157 -323 2,95E+06 9,60E+06 2,95E+06 >35 35
FL7a 181 -363 1,49E+06 6,05E+06 1,49E+06 23,8 20
FL8 71 -256 1,37E+08 2,46E+07 2,46E+07 23,2 20
FL9 130 -487 8,00E+06 1,87E+06 1,87E+06 27,9 25
64
Tendo em conta o número acumulado de eixos padrão obtido, determinou-se o período de vida útil
associado a cada um dos tipos de pavimentos analisados. Esta vida útil, em anos, foi calculada em
função das taxas de crescimento anual e dos factores de agressividade do tráfego pesado
apresentados no Quadro 4.3.
Os resultados apresentados no Quadro 4.6, indicam que os números máximos admissíveis de eixos
padrão de 130 kN correspondem a períodos de vida útil superiores a 20 anos, ou seja, as estruturas
seleccionadas satisfazem os critérios de dimensionamento.
Observa-se também que os resultados apresentados referem apenas aos mecanismos de
degradação considerados no dimensionamento estrutural dos pavimentos, expressos através dos
critérios de dimensionamento. No entanto, ocorrem outros tipos de degradações ao longo do ciclo de
vida dos pavimentos, que levam à necessidade de realização de obras de conservação e reabilitação,
que serão tomados em consideração através de modelos de evolução das degradações que se
apresentam no subcapítulo seguinte.
4.3 – Planeamento para o período de análise
Neste subcapítulo apresentam-se os tipos de medidas de conservação e reabilitação considerados no
cálculo dos custos ao longo do ciclo de vida dos diferentes tipos de pavimentos estudados. Estas
medidas incluem acções de conservação preventiva periódica e acções de reabilitação estrutural, e
têm por base a previsão do estado dos pavimentos com base em modelos de evolução do PSI e do
fendilhamento com origem à superfície dos pavimentos flexíveis.
De seguida serão apresentados os indicadores do estado do pavimento considerados na análise e
face a estes indicadores, as estratégias de conservação e reabilitação adoptadas. (LNEC, 2008)
a) Indicadores do estado dos pavimentos
As medidas de conservação e reabilitação a considerar no presente estudo para os pavimentos
flexíveis relacionar-se-ão com os seguintes indicadores do estado dos pavimentos.
Fendilhamento
O fendilhamento com origem à superfície ocorre predominantemente na zona da passagem dos
rodados dos veículos.
A intervenção a realizar neste caso, com carácter preventivo, é a aplicação de uma nova camada de
desgaste, precedida da fresagem de algumas reparações pontuais da camada de desgaste existente
(fresagem e reposição da mistura até uma profundidade de 5cm, em 20% da área). Considera-se que
não existem condicionamentos relativamente á cota da superfície do pavimento, razão pela qual não
é necessário remover a totalidade da camada existente antes da aplicação do tratamento superficial.
O fendilhamento por fadiga é um dos mecanismos de degradação considerados explicitamente nos
métodos de dimensionamento de pavimentos, pelo que se admite que o aparecimento deste tipo de
65
degradação numa extensão significativa ocorrerá apenas no final da vida útil do pavimento. Nessa
altura, deverá proceder-se à reabilitação estrutural do pavimento, que consistirá na aplicação de um
reforço constituído por uma camada de regularização e uma camada de desgaste, precedido de
algumas reparações pontuais em 30% da área. Mais uma vez, admite-se que não haverá
condicionamentos de cota do pavimento.
Deformação permanente
As deformações permanentes com origem estrutural são passíveis de ocorrer no final da vida útil dos
pavimentos, uma vez que estão associadas a um dos critérios utilizados no dimensionamento dos
pavimentos, tal como o fendilhamento por fadiga.
Quanto à deformação permanente com origem nas camadas betuminosas, considera-se que é um
fenómeno que pode ser evitado através de uma correcta formulação das misturas betuminosas
aplicadas nas camadas de desgaste e de regularização.
Assim, admite-se que não haverá necessidade de proceder à execução de acções de conservação e
reabilitação associadas à ocorrência de deformações permanentes, excepto quando se atinge o final
da vida útil do pavimento, altura em que se realizará uma actuação de reabilitação estrutural.
Irregularidade longitudinal
Nos pavimentos flexíveis construídos de acordo com as exigências actuais, observa-se pouca
evolução da irregularidade longitudinal da superfície. Assim, no presente estudo, considera-se que
não será necessário tomar quaisquer medidas de conservação e reabilitação dos pavimentos flexíveis
associadas à ocorrência de irregularidade longitudinal.
Características anti-derrapantes
A evolução das características anti-derrapantes dos pavimentos depende essencialmente da textura
superficial da camada de desgaste e dos tipos de agregados nela utilizados. Considera-se que, no
caso dos pavimentos flexíveis não haverá necessidade de realizar medidas de conservação e
reabilitação destinadas a melhorar as características anti-derrapantes, uma vez que esta melhoria
será garantida pelas acções de reabilitação destinadas a corrigir o fendilhamento com origem à
superfície.
Uma vez que esta dissertação tem como objectivo a análise comparativa dos custos associados a
diferentes soluções de pavimentação, excluem-se as acções de conservação que não estão
directamente relacionadas com os pavimentos, tais como as medidas destinadas à conservação dos
órgãos de drenagem.
66
b) Estratégias de conservação e reabilitação
No caso do pavimento FL1, cujo período de dimensionamento excede os 35 anos, consideraram-se
apenas medidas de conservação preventiva e reabilitação superficial, combinando, sempre que
possível, os dois tipos de medidas numa única intervenção.
No caso dos restantes pavimentos flexíveis, cujos períodos de dimensionamento variam entre os 20 e
os 35 anos, as estratégias adoptadas são função do período de dimensionamento, que condiciona a
necessidade de aplicar medidas de reabilitação estrutural, e da classe de tráfego, uma vez que se
considera que para os pavimentos de classe T5 não será necessária a execução de medidas de
reabilitação superficial antes de 15 anos após entrada em serviço, enquanto para os pavimentos de
classe T1 se considera necessária a execução de uma reabilitação superficial cada 10 anos.
São assim considerados os cenários de conservação e reabilitação que se apresentam em seguida.
a) Estruturas destinadas a tráfego T5, com período de dimensionamento de 20 anos (FL7a):
Considera-se que não é aceitável realizar uma reabilitação superficial ao fim de 15 anos, seguida de
uma reabilitação estrutural ao fim de 20 anos. Assim, opta-se por atrasar a reabilitação superficial e
antecipar a reabilitação estrutural, combinando-as numa única intervenção aos 17 anos. Esta
intervenção pode ser um reforço estrutural precedido de tratamentos localizados ou reciclagem com
cimento seguida da aplicação de uma nova camada de desgaste. A opção de reciclagem é
considerada apenas para uma das estruturas nestas condições. A nova estrutura terá um período de
dimensionamento de 20 anos, sendo necessária uma nova reabilitação superficial aos 32 anos (15
anos após a primeira intervenção).
b) Estruturas destinadas a tráfego T5 com período de dimensionamento de 25 a 30 anos (FL1a, FL2,
FL3, FL5, FL9):
Considera-se necessário realizar uma reabilitação superficial ao fim de 15 anos, o que contribuirá
para prolongar um pouco a vida útil da estrutura até aos 30 anos. Nessa altura será necessária a
execução de uma reabilitação estrutural.
c) Estrutura destinadas a tráfego T5 com período de dimensionamento de 35 anos (FL7):
Considera-se necessário realizar uma reabilitação superficial ao fim de 15 anos. Opta-se por atrasar a
segunda reabilitação superficial e combiná-la com uma reabilitação estrutural aos 32 anos.
d) Estruturas destinadas a tráfego T1 com período de dimensionamento de 20 a 25 anos (FL4, FL6a,
FL8):
Considera-se necessário realizar uma reabilitação superficial ao fim de 10 anos, uma reabilitação
estrutural ao fim de 20 anos, e uma nova reabilitação superficial aos 30 anos. A reabilitação estrutural
pode ser realizada através de um reforço estrutural precedido de tratamentos localizados ou de
reciclagem com cimento seguida da aplicação de novas camadas de regularização e de desgaste.
e) Estruturas destinadas a tráfego T1 com período de dimensionamento de 35 anos (FL6):
67
Considera-se necessário realizar reabilitações superficiais aos 10 e aos 20 anos. Opta-se por atrasar
a terceira reabilitação superficial e combiná-la com uma reabilitação estrutural aos 32 anos.
O resumo das acções de conservação e reabilitação encontra-se no Quadro 4.7.
Quadro 4.7. Resumo das acções de conservação e reabilitação (LNEC, 2008)
Identificação 1 2 3 4 5 6 7
Combinação
de acções
Fresagem e
reposição 5
cm, nova
camada de
desgaste em
BD (5 cm)
Fresagem e
reposição 5
cm, nova
camada de
desgaste em
BBRug (4 cm)
Fresagem e
reposição 5
cm, reforço
em MBD (5
cm), nova
camada de
desgaste em
BD (5 cm)
Fresagem e
reposição 5
cm, reforço
em MB (7
cm), nova
camada de
desgaste em
BD (5 cm)
Fresagem e
reposição 5
cm, reforço
em MB (8
cm), nova
camada de
desgaste em
BBRug (4 cm)
Reciclagem
com cimento
em 20 cm de
profundidade,
camada de
MB com 6 cm
Reciclagem
com cimento
em 20 cm de
profundidade,
camada de
MB com 6
cm, camada
de desgaste
em BBRug (4
cm)
O programa das actividades de conservação e reabilitação é apresentado no Anexo 2.
4.4 – Síntese
A definição das estruturas de pavimento baseou-se no Manual de Concepção de Pavimentos para a
Rede Rodoviária Nacional. Para as classes de fundação F2 e F3 e para as classes de tráfego T5 e
T1, foram seleccionadas 15 estruturas de pavimento para análise. Estas estruturas são constituídas
pelos materiais de pavimentação mais correntes, cujas características físicas e de comportamento
mecânico cumprem os requisitos do Caderno de Encargos Tipo da EP.
Verificou-se, com recurso a métodos de dimensionamento habitualmente utilizados nos projectos de
pavimentação, que a vida útil das estruturas seleccionadas excede 20 anos. Observa-se no entanto
que, esta vida útil calculada se refere apenas a mecanismos de ruína estruturais, sendo necessário
ter em consideração, durante a fase de exploração das infra-estruturas, a realização de obras de
conservação, que garantam a integridade das estruturas e de obras de conservação e reabilitação
relacionadas com o desgaste superficial dos pavimentos.
Para tal, indicaram-se os principais indicadores utilizados, tais como, fendilhamento, deformação
permanente, irregularidade longitudinal e características anti-derrapantes, para descrever o estado
dos pavimentos rodoviários e apresentaram-se os modelos de evolução, tendo em vista estabelecer
as medidas de conservação e reabilitação a realizar ao longo do ciclo de vida. Nem sempre é
possível estabelecer com base na bibliografia, modelos de evolução adequados, optando-se por
estabelecer a periodicidade das intervenções destinadas a corrigir o tipo de degradação apenas com
base na prática corrente das entidades responsáveis pela exploração de infra-estruturas rodoviárias
em Portugal. Esta questão associada às dificuldades de prever a evolução do comportamento dos
pavimentos, apresenta-se uma das mais sensíveis e importantes a ter sempre em consideração.
68
Definidas as espessuras das camadas e o tipo de materiais a utilizar para cada estrutura de
pavimento e estabelecido também, o programa de conservação e reabilitação, estão criadas as bases
para pavimento a pavimento, se estimarem os custos de ciclo de vida.
69
Capítulo 5 – Custos envolvidos
5.1 – Generalidades
Para todas as estruturas seleccionadas de pavimentos, procedeu-se à identificação exaustiva dos
custos unitários de construção, conservação e reabilitação, tendo em conta os materiais, aplicações e
espessuras.
Os custos unitários que foram possível obter são apresentados no Anexo 3 e reportam-se à mínima,
média e máxima nacional dos custos das obras da EP, Tecnovia e Alves Ribeiro no ano de 2007 e
2008.
Alguns dos custos unitários foram estimados com base nos custos correspondentes a aplicações em
camadas com diferentes espessuras. Foi este o caso do macadame betuminoso, aplicado em
camadas, quer de base ou de regularização e do solo-cimento fabricado em central, cujos custos
unitários para as diferentes espessuras seleccionadas se basearam no custo relativo ao fabrico in situ
para a espessura de 25 cm.
Após identificação dos custos unitários, efectuou-se uma estimativa dos custos suportados pela
administração rodoviária, dos custos suportados pelos utentes e ainda dos custos ambientais.
5.2 – Custos suportados pela administração rodoviária
5.2.1 – Custos de construção
A estimativa do custo de construção de cada estrutura de pavimento seleccionada para análise
resultou da aplicação directa dos custos unitários relativos não só aos materiais constituintes das
camadas mas também associados a outros materiais, tais como regas de cura de camadas tratadas
com ligantes hidráulicos, regas de impregnação e de colagem.
Os custos reportam-se à unidade de área de pavimentação e o seu cálculo detalhado é apresentado
no Anexo 4.
O Quadro 5.1 apresenta a estimativa dos custos totais de construção das estruturas de pavimento em
análise para a classe de tráfego T5.
Quadro 5.1. Custos totais de construção das estruturas em análise para classe de tráfego T5
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL9
Custo mínimo (€/m2) 14,11 13,47 14,97 12,76 12,02 13,74 13,17 10,92
Custo médio (€/m2) 24,28 22,73 25,30 19,49 21,05 23,14 21,84 16,45
Custo máximo (€/m2) 33,28 30,91 34,47 25,53 29,49 30,89 29,54 22,21
O Quadro 5.2 apresenta a estimativa dos custos totais de construção das estruturas de pavimento em
análise para a classe de tráfego T1.
70
Quadro 5.2. Custos totais de construção das estruturas em análise para classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.2 FL6.1 FL6.1a FL6.2 FL8.1 FL8.2
Custo mínimo (€/m2) 18,44 18,00 20,82 18,38 19,00 17,89 17,58
Custo médio (€/m2) 29,65 29,59 32,13 29,61 32,14 26,77 26,50
Custo máximo (€/m2) 38,32 39,23 40,02 38,27 43,55 34,00 34,51
5.2.2 – Custos de conservação e reabilitação
Para cada medida de conservação e reabilitação estimou-se um custo mínimo, médio e máximo,
resultantes da combinação das acções que a cada medida diz respeito.
No Quadro 5.3 é apresentado o custo das medidas de conservação e reabilitação.
Quadro 5.3. Custo das medidas de conservação e reabilitação
Identificação da medida de
conservação e reabilitação 1 2 3 4 5 6 7
Total (€/m2)
Custo mínimo 3,91 4,71 6,89 7,86 9,63 6,07 10,00
Custo médio 7,39 7,03 12,45 14,09 14,58 9,29 14,95
Custo máximo 11,60 9,08 18,44 20,62 18,43 12,10 19,11
De acordo com o programa das actividades de conservação e reabilitação, é estimado o custo total
de conservação e reabilitação para cada pavimento em análise.
O Quadro 5.4 apresenta uma estimativa dos custos totais de conservação e reabilitação das
estruturas de pavimento em análise para a classe de tráfego T5.
Quadro 5.4. Custos totais de conservação e reabilitação das estruturas em análise para classe de tráfego T5
O Quadro 5.5 apresenta a estimativa dos custos totais de conservação e reabilitação das estruturas
de pavimento em análise para a classe de tráfego T1.
Quadro 5.5. Custos totais de conservação e reabilitação das estruturas em análise para classe de tráfego T1
A estimativa dos custos das medidas de conservação encontra-se no Anexo 5 e a estimativa dos
custos totais de conservação e reabilitação no Anexo 6.
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL7a
(alt) FL9
Custo mínimo (€/m2) 7,83 10,81 10,81 10,81 10,81 10,81 10,81 9,98 10,81
Custo médio (€/m2) 14,77 19,83 19,83 19,83 19,83 19,93 19,93 16,68 19,93
Custo máximo (€/m2) 23,21 30,05 30,05 30,05 30,05 30,05 30,05 23,70 30,05
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
Custo mínimo
(€/m2) 19,04 19,41 15,68 19,04 19,41 19,04 19,41 15,68 19,04 19,41 15,68
Custo médio
(€/m2) 28,64 29,01 28,86 28,64 29,01 28,64 29,01 28,86 28,64 29,01 28,86
Custo máximo
(€/m2) 36,58 37,27 43,83 36,58 37,27 36,58 37,27 43,83 36,58 37,27 43,83
71
5.2.3 – Valor Residual
O cálculo do valor residual de pavimentos rodoviários pressupõe dois tipos de abordagens: a
valorização monetária, para efeitos de reciclagem, da estrutura de pavimento existente no final do
período de análise, ou a contribuição da estrutura em termos funcionais e/ou estruturais para a
gestão futura do pavimento. Uma vez que não foram consideradas estruturas de pavimentos nas
quais a condição estrutural e funcional do pavimento aos 35 anos aponte para uma necessidade
iminente de reciclagem e reconstrução, optou-se por considerar o valor residual associado à vida útil
da última intervenção de carácter estrutural no pavimento (a componente funcional é pouco
significativa e comum a todos os pavimentos em geral) (LNEC, 2008).
Desta forma a estimativa do valor residual de cada pavimento em análise é dada pela expressão:
( )20
PACVR
−×= (5.1)
Em que:
C - Custo da intervenção estrutural do pavimento
A - Ano da próxima intervenção estrutural do pavimento (ano da intervenção estrutural do pavimento mais 20 anos);
P - Período de análise (35 anos).
Considerou-se 20 anos como a duração em termos de vida útil das intervenções de carácter
estrutural.
No Quadro 5.6 apresenta-se a estimativa para o valor residual dos pavimentos em análise referentes
à classe de tráfego T5.
Quadro 5.6. Valor Residual para os pavimentos em análise de classe de tráfego T5
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL7a
(alt) FL9
VR mínimo (€/m2) 0 5,17 5,17 5,17 5,17 5,86 0,69 0,61 5,17
VR médio (€/m2) 0 9,33 9,33 9,33 9,33 10,58 1,24 0,93 9,33
VR máximo (€/m2) 0 13,83 13,83 13,83 13,83 15,68 1,84 1,21 13,83
No Quadro 5.7 apresenta-se a estimativa para o valor residual dos pavimentos em análise referentes
à classe de tráfego T1.
Quadro 5.7. Valor Residual para os pavimentos em análise de classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
VR mínimo
(€/m2) 2,41 2,50 1,96 8,18 8,50 2,41 2,50 6,68 2,41 2,50 1,96
VR médio
(€/m2) 3,65 3,74 3,52 12,39 12,71 3,65 3,74 11,98 3,65 3,74 3,52
VR máximo
(€/m2) 4,61 4,78 5,16 15,66 16,25 4,61 4,78 17,53 4,61 4,78 5,16
72
É de referir que, para a estrutura de pavimento FL1 (cujo período de dimensionamento inicial excede
os 35 anos), tomou-se um valor residual igual a 0, no final do período de análise, o que corresponde a
admitir que nessa altura a capacidade estrutural do pavimento estaria esgotada.
5.3 – Custos suportados pelos utentes
A inclusão do custo dos utentes no âmbito de análises de ciclo de vida de pavimentos rodoviários
engloba tipicamente os seguintes custos: o custo de operação dos veículos, o custo do tempo de
percurso e o custo dos acidentes.
Em análise de ciclo de vida, apenas faz sentido considerar os custos que, efectivamente, se espera
que possam vir a ser diferentes entre as diversas alternativas. Deste modo, o custo de operação dos
veículos dificilmente poderá vir a assumir diferenças entre as alternativas uma vez que, todas elas
pressupõem idênticas condições de comodidade e conforto na circulação. A inclusão do custo dos
acidentes implicaria o conhecimento de diferentes valores de sinistralidade, associados aos diversos
tipos de pavimentos considerados. Assim, a inclusão na análise de ciclo de vida de custos do utente
recairá sobre os custos do tempo de percurso pois, apenas nesta componente, se espera que
possam surgir diferenças entre as diferentes alternativas.
Mesmo dentro do tempo de percurso, apenas será relevante estimar as diferenças neste no âmbito
das soluções consideradas. Naturalmente, essas diferenças apenas se farão sentir ao longo do ciclo
de vida no que diz respeito à ocorrência de intervenções de conservação de reabilitação que poderão
assumir maiores ou menores impactes na circulação dos veículos. A abordagem tradicional neste
aspecto implica a atribuição de um valor monetário a cada hora de viagem de cada veículo (em
função da sua categoria, motivo da viagem, etc.) e, posteriormente, ao cálculo do tempo de percurso
extra sempre que existem intervenções que causem constrangimentos à circulação, chegando-se a
uma valorização monetária para essa esse constrangimento. Esta abordagem tem associada dois
tipos de dificuldades: por um lado, a definição de uma valorização monetária a uma hora de tempo de
viagem de cada veículo é uma fonte de incertezas, por outro, é necessário saber à partida a
configuração das zonas de trabalhos pois só assim, se poderá calcular, com a devida exactidão, um
valor para o tempo de percurso extra.
Face a isto, optou-se por uma abordagem mais simples que consiste na estimativa do número de dias
ao longo do ciclo de vida de uma determinada estrutura de pavimento, nos quais a mesma estará
sujeita a intervenções de conservação e reabilitação (LNEC, 2008). Ainda que não seja possível
deste modo chegar a uma valorização monetária concreta, admite-se que a duração total das
intervenções é um bom indicador desse custo.
Desta forma, é necessário estimar a duração de cada medida de intervenção de conservação e
reabilitação e, em seguida, somar todas as durações de intervenção ocorridas ao longo do período de
análise correspondentes a cada pavimento. As durações foram estimadas a partir de informações de
73
rendimentos de trabalho obtidas no âmbito da Acção COST 343 (COST, 2003) para cada uma das
operações que compõem as intervenções definidas. De forma a tornar mais perceptível os valores
das durações, admitiu-se uma análise em troços com a extensão de 10 km e duas vias em cada
sentido com largura de 3,5 m (de modo a ter uma duração das intervenções por troço e não por m2).
A estimativa da duração das medidas de intervenção é apresentada no Quadro 5.8 e no Anexo 7 é
demonstrado todo o seu cálculo.
Quadro 5.8. Duração das medidas de intervenção
Identificação da medida de
conservação e reabilitação 1 2 3 4 5 6 7
Total Duração (dias) 16 16 22 22 22 47 47
Duração (horas) 126 126 177 177 177 373 373
Foi considerado que um dia de trabalho corresponde a 8 horas.
No Quadro 5.9 apresenta-se a estimativa das durações totais de intervenção para cada pavimento
em análise pertencentes à classe de tráfego T5.
Quadro 5.9. Duração total das intervenções para cada pavimento de classe de tráfego T5
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL7a
(alt) FL9
Duração (dias) 32 38 38 38 38 38 38 62 38
No Quadro 5.10 apresenta-se a estimativa das durações totais de intervenção para cada pavimento
em análise pertencentes à classe de tráfego T1.
Quadro 5.10. Duração total das intervenções para cada pavimento de classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
Duração (dias) 54 78 54 54 78 54 78 54 54 78 54
No Anexo 8 encontra-se a estimativa das durações totais de intervenção de conservação e
reabilitação.
5.4 – Custos Ambientais
A inclusão de custos ambientais neste tipo de análise é uma preocupação bastante pertinente.
Todavia, à inclusão destes custos estão associadas diversas dificuldades relativas à contabilização
de custos relacionados com as emissões associadas ao transporte e ao fabrico, o tratamento de
resíduos, o ruído, etc. Deste modo, optou-se apenas por estabelecer o volume de material utilizado
para a construção, conservação e reabilitação (incluindo fresagens) como indicador do impacte
ambiental de cada uma das soluções (LNEC, 2008). Entende-se que as soluções para as quais se
74
utilize um menor volume de material (m3) por cada unidade de área de pavimento (m2) são, do ponto
de vista ambiental, melhores escolhas.
Esta análise foi efectuada exclusivamente para as estruturas com tráfego T1 uma vez que, algumas
das estruturas com tráfego T5 estão associadas a uma classe de fundação diferente (F2 em vez de
F3), diferença essa que se reflecte nas espessuras de dimensionamento (LNEC, 2008). Deste modo,
não se tendo a mesma base de comparação, optou-se para realizar apenas a análise ambiental para
as estruturas de pavimento associadas a tráfego T1.
No Quadro 5.11 apresenta-se a estimativa dos custos ambientais para cada pavimento em análise
pertencentes à classe de tráfego T1 e no Anexo 9 é demonstrado o seu cálculo.
Quadro 5.11. Estimativa dos custos ambientais para pavimentos de classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
Volume de
construção
(m3/ m2)
0,75 0,71 0,77 0,93 0,89 0,90 0,86 0,95 0,71 0,67 0,73
5.5 – Síntese
No Quadro 5.12 apresenta-se, de um modo geral e em termos médios, as conclusões obtida para os
diferentes custos.
Quadro 5.12. Conclusões obtidas para os diferentes custos
Custos de
construção
• Os pavimentos optimizados apresentam maior valia.
• O menor custo corresponde aos pavimentos que recorrem a solo-
cimento e não aos de base granular.
• Custo semelhante para os dois tipos de camada desgaste.
Custos de
conservação e
reabilitação
• A optimização não apresenta maior valia.
• A reciclagem só é vantajosa no caso do pavimento FL7a.
• Custo idêntico entre pavimentos com solo-cimento ou base granular.
• O custo associado à camada de desgaste em micro-betão betuminoso
rugoso é ligeiramente mais baixo.
Custos
suportados pelos
utentes
• A optimização não apresenta maior valia.
• O uso da reciclagem faz aumentar a duração total das intervenções em
cerca de 44%.
• Custo idêntico entre pavimentos com solo-cimento ou base granular.
• Custo semelhante para os dois tipos de camada de desgaste.
Custos
ambientais
• A reciclagem e a optimização de pavimentos apresentam maior valia.
• O menor custo corresponde aos pavimentos que recorrem a solo-
cimento e não aos de base granular.
75
Capítulo 6 – Avaliação económica dos casos tipo
6.1 – Metodologia
Depois de se obterem os custos suportados pela administração rodoviária, foi utilizado o Método do
Valor Actual para proceder à avaliação económica dos casos tipo ao longo do seu ciclo de vida,
baseado numa análise determinística.
Ao valor total actual dos custos para um determinado pavimento alternativo (NPV), num período de
análise de 35 anos, foi ainda realizada uma análise de risco, que permitiu analisar a variabilidade de
custos. Esta análise de risco, efectuada com o auxílio do programa de cálculo “RISK 5.0 for Excel”,
considerou que os custos suportados pela administração apresentam uma distribuição triangular, em
que o valor mais provável corresponde à média dos custos.
Numa perspectiva determinística, efectuou-se ainda uma análise multi-critério que atribuiu várias
ponderações aos diferentes custos. Este tipo de análise serviu também para incluir os custos
suportados pelos utentes e os custos ambientais, que ainda não tinham sido tratados por qualquer
das análises anteriormente referidas.
As várias análises anteriormente referidas focam vários aspectos, como por exemplo o
dimensionamento optimizado de pavimentos, a utilização da reciclagem, a aplicação de solo-cimento
em sub-base, a aplicação de base granular e a construção da camada de desgaste em betão
betuminoso de 5 cm ou em micro-betão betuminoso rugoso de 3 cm.
Todas as conclusões obtidas na avaliação económica referem-se ao presente estudo, não podendo
ser generalizadas. Por um lado, porque os modelos de evolução são sempre falíveis, por outro,
porque os custos podem ser bastante diferentes.
6.2 – Análise com base em valores de referência
6.2.1 – Análise Determinística
Para este tipo de análise foi utilizado o Método do Valor Actual, obtendo-se o custo total actual para
cada pavimento, dado pela equação (Walls e Smith, 1998):
( )
++= ∑
=kn
k
N
k iCustoC&R onstrução Custo de cNPV
1
1
1
(6.1)
Em que,
NPV - valor total do custo actual (Net Present Value);
i - taxa de actualização; n - ano correspondente à intervenção de conservação e reabilitação k;
76
N - número total de intervenções de conservação e reabilitação do pavimento.
A taxa de actualização utilizada foi de 3% tendo esta o objectivo de actualizar gastos futuros ao longo
do período de análise. Os valores recomendados para análises no domínio dos pavimentos
rodoviários situam-se entre os 3% e os 5% (Walls e Smith, 1998). Face à incerteza associada à
evolução das condições económicas ao longo do período de análise optou-se pelo valor de 3%.
Os valores obtidos para o NPV associado a pavimentos com classe de tráfego T5 são apresentados
no Quadro 6.1.
Quadro 6.1. Valores obtidos para o NPV de pavimentos com classe de tráfego T5
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL7a
(alt) FL9
NPV mínimo
(€/m2) 18,23 16,99 18,48 16,28 15,53 16,84 18,61 18,14 14,44
NPV médio
(€/m2) 32,07 29,28 31,85 26,04 27,61 28,96 31,79 30,00 23,00
NPV máximo
(€/m2) 45,50 41,04 44,60 35,66 39,62 39,93 44,55 40,94 32,34
Analisando os valores médios do NPV, apresenta-se na Figura 6.1,a ordenação para os pavimentos
com classe de tráfego T5.
NPV médio
20,00 €
25,00 €
30,00 €
35,00 €
40,00 €
45,00 €
FL9 FL3 FL5 FL7 FL1 A FL7 A (alt) FL7 A FL2 FL1
Pavimentos
Figura 6.1. NPV para pavimentos com classe de tráfego T5
Pode concluir-se para pavimentos de classe tráfego T5 que:
• os pavimentos constituídos por sub-base em solo-cimento são os mais vantajosos;
• para o pavimento FL7a, o recurso à reciclagem como técnica de intervenção estrutural torna-
se numa solução mais vantajosa;
• no caso do pavimento FL1, recorrer à optimização corresponde a um ganho económico; no
entanto, para o pavimento FL7 isso já não se verifica.
Os valores obtidos para o NPV associado a pavimentos com classe de tráfego T1 são apresentados
no Quadro 6.2.
77
Quadro 6.2. Valores obtidos para o NPV de pavimentos com classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
NPV mínimo
(€/m2) 28,36 28,53 26,18 27,75 27,79 28,29 28,47 24,76 27,80 27.98 25,76
NPV médio
(€/m2) 44,55 44,72 44,68 42,51 42,54 44,51 44,68 42,94 41,68 41,85 41,59
NPV máximo
(€/m2) 57,38 57,70 62,23 53,39 53,45 57,33 57,65 60,39 53,06 53,38 57,51
Analisando os valores médios do NPV, apresenta-se na Figura 6.2, a ordenação para os pavimentos
com classe de tráfego T1.
NPV médio
20,00 €
25,00 €
30,00 €
35,00 €
40,00 €
45,00 €
FL8.2 FL8.1 FL8.1 (alt) FL6.1 FL6.1 (alt) FL6.2 FL6.1 A FL 4.1 FL4.2 FL6.1 A(alt)
FL4.1 (alt)
Pavimentos
Figura 6.2. NPV para pavimentos com classe de tráfego T1
Da mesma forma, pode concluir-se que para pavimentos de classe tráfego T1:
• o patamar é mais elevado, face aos pavimentos com classe de tráfego T5;
• os pavimentos cuja camada de sub-base é em solo-cimento são os mais vantajosos,
seguindo-se os que possuem base granular;
• a reciclagem como intervenção estrutural não representa mais valia;
• a optimização do pavimento FL6.1 constitui pior opção.
6.2.2 – Análise de Risco
Na análise de risco foi utilizado o programa de cálculo “RISK 5.0 for Excel”, permitindo através de
simulação com 1000 iterações, encontrar a média e o desvio padrão para o NPV.
Assim, para pavimentos com classe de tráfego T5, apresenta-se no Quadro 6.3 a média e o desvio
padrão do NPV.
78
Quadro 6.3. Média e desvio padrão do NPV para pavimentos com classe de tráfego T5
Designação FL1 FL1a FL2 FL3 FL5 FL7 FL7a FL7a
(alt) FL9
Média 31,93 29,10 31,65 25,99 27,58 28,78 31,65 29,69 23,26
Desvio Padrão 4,08 3,70 4,16 2,83 3,76 3,68 3,75 3,46 2,55
Para uma melhor percepção dos diferentes valores apresenta-se a Figura 6.3.
Valor mais provável NPV
20,00 €
25,00 €
30,00 €
35,00 €
40,00 €
45,00 €
FL9 FL3 FL5 FL7 FL1a FL7a alt FL7a FL2 FL1
Pavimentos
Figura 6.3. NPV médio para pavimentos com classe de tráfego T5
Para pavimentos com classe de tráfego T1, apresenta-se no Quadro 6.4 a média e o desvio padrão do
NPV.
Quadro 6.4. Média e desvio padrão do NPV para pavimentos com classe de tráfego T1
Designação FL4.1 FL4.1
(alt) FL4.2 FL6.1
FL6.1
(alt) FL6.1a
FL6.1a
(alt) FL6.2 FL8.1
FL8.1
(alt) FL8.2
Média 43,43 43,65 44,36 41,22 41,26 43,38 43,60 42,69 40,85 41,07 41,62
Desvio Padrão 4,20 4,18 4,69 3,99 4,02 4,24 4,23 5,22 3,49 3,55 3,80
Para uma melhor visualização dos resultados obtidos, apresenta-se a Figura 6.4.
Valor mais provável NPV
20,00 €
25,00 €
30,00 €
35,00 €
40,00 €
45,00 €
FL8.1 FL8.1 alt FL6.1 FL6.1 alt FL8.2 FL6.2 FL6.1a FL4.1 FL6.1a alt FL4.1 alt FL4.2
Pavimentos
Figura 6.4. NPV médio para pavimentos com classe de tráfego T1
79
As conclusões obtidas pela análise das Figuras 6.3 e 6.4 são semelhantes às conclusões obtidas na
análise determinística. No entanto, a análise de risco é fundamental para ter em conta uma possível
variabilidade de valores que possa ocorrer.
Assim, toda e qualquer conclusão a retirar deste tipo de análise deve ser interpretada com certo risco,
uma vez que os desvios padrão obtidos fazem com que os intervalos de confiança dos pavimentos se
intersectem, admitindo-se portanto a possibilidade de poderem ocorrer alterações.
Por ser o NPV o critério de análise que engloba todos os custos administrativos, é-nos possível
concluir pela análise da Figura 6.4 que a construção de camada de desgaste em micro-betão
betuminoso rugoso é uma melhor solução face ao betão betuminoso.
6.3 – Análise Multi-Critério
A metodologia multi-critério de apoio à decisão compreende duas grandes fases: Estruturação e
Avaliação.
Na Estruturação identificam-se as alternativas, os critérios e os atributos (nível de desempenho de
cada alternativa). Aos critérios é atribuído um peso, que se pode adaptar a vários decisores. Os
atributos sofrem uma padronização, ficando compreendidos num intervalo de valores adimensionais
(normalmente entre 0 e 1). Ainda nesta fase é feita uma matriz de impactes, onde é indicado o nível
de desempenho de cada alternativa, segundo cada critério.
A Avaliação pode ser do tipo parcial (segundo cada critério) ou global (considerando todos os
critérios). Caso seja do tipo global, a pontuação das alternativas é realizada segundo o modelo de
agregação aditiva simples (Média ponderada), expresso pela equação (Oliveira, 2006):
( ) ( )aVaV i
n
i
i ×=∑=1
λ com 1=∑i
iλ (6.2)
em que:
( )aV - é a pontuação global da alternativa a ;
iλ - peso do critério i;
( )aVi - pontuação local da alternativa a , segundo critério i.
No caso em estudo, a Estruturação e a Avaliação foram tratadas da forma que se descreve em
seguida.
Estruturação
Os pavimentos considerados correspondem às alternativas. Os critérios são: o custo inicial de
construção (CI), o custo de conservação e reabilitação (CCR), o valor total do custo actual (NPV), o
valor residual (VR), o custo suportado pelos utentes (CSU) expresso em durações de intervenção e
ainda os custos ambientais (CA).
80
A padronização dos atributos foi feita através da equação 6.3 (Tavares et al, 1996) e o intervalo de
valores compreendido entre 0 (associado à pior situação) e 1 (melhor situação).
)(min)(max
)(max
ijiiji
ijiji
ijXX
XXx
−
−= (6.3)
sendo:
ijx - o valor do atributo padronizado, da alternativa i segundo o critério j;
ijX - o valor do atributo, da alternativa i segundo o critério j;
)(max iji X - o valor máximo do atributo, para cada critério j;
)(min iji X - o valor mínimo do atributo, para cada critério j;
Esta equação 6.3 é válida quando, para valores do valor do atributo crescentes, correspondem situações
mais desfavoráveis. Caso contrário, utiliza-se a equação 6.4.
)(min)(max
)(min
ijiiji
ijiij
ijXX
XXx
−
−= (6.4)
Foram feitas duas matrizes de impactes, uma para os pavimentos com classes de tráfego T5 e outra para
os pavimentos de classe de tráfego T1.
Avaliação
A avaliação utilizada neste trabalho foi do tipo global e foram analisados casos que representem o ponto
de vista de vários decisores. O primeiro caso procura analisar a influência do custo dos utentes (CSU) na
escolha de um pavimento, enquanto o segundo analisa a influência do custo ambiental (CA). O terceiro
caso simula uma maior importância atribuída ao custo inicial (CI) por parte do decisor e uma maior
importância atribuída ao custo de conservação e reabilitação (CCR), incluindo o valor residual (VR).
Os “pesos” atribuídos a cada critério caso a caso são apresentados no Quadro 6.5.
Quadro 6.5. “Pesos” a atribuir a cada caso
Caso Classe de tráfego T5 Classe de tráfego T1
Pesos Pesos
1.1 30%NPV – 70%CSU 30%NPV – 70%CSU
1.2 70%NPV – 30%CSU 70%NPV – 30%CSU
2.1 70%NPV – 30%CA
2.2 30%NPV – 70%CA
3.1 60%CI – 30%CCR – 10%VR 60%CI – 30%CCR – 10%VR
3.2 30%CI – 60%CCR – 10%VR 30%CI – 60%CCR – 10%VR
De seguida, para cada classe de tráfego são analisados caso a caso. No Anexo 10 encontram-se as
matrizes correspondentes.
81
Classe de tráfego T5
Caso 1.1: 30%NPV – 70%CSU
Este é um caso que pode ganhar importância quando se está perante o estudo de um pavimento a
implantar numa zona citadina, como por exemplo Lisboa.
A Figura 6.5 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliaçã global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL9 FL3 FL5 FL1 FL7 FL1 A FL7 A FL2 FL7 A (alt)
Pavimentos
Figura 6.5. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 1.1
Conclui-se que:
• as melhores soluções correspondem aos pavimentos com camada de sub-base em solo-
cimento, uma vez que possuem um NPV baixo e uma duração total de intervenção mediana;
• o recurso à reciclagem é penalizado para o caso do pavimento FL7a, devido à sua longa
duração;
• a optimização do pavimento FL7 não apresenta vantagem.
Caso 1.2: 70%NPV – 30%CSU
Este caso representa uma situação em que já não é dada tanta importância ao custo dos utentes, mas
sim aos custos administrativos.
A Figura 6.6 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
82
Avaliaçã global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL9 FL3 FL5 FL7 FL1 A FL1 FL7 A FL2 FL7 A (alt)
Pavimentos
Figura 6.6. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 1.2
Conclui-se que:
• os pavimentos que na sua constituição recorrem ao solo-cimento como camada de sub-base
(FL9 e FL3) ganham clara vantagem sobre os pavimentos com base granular;
• os pavimentos com base granular, por terem custos administrativos mais elevados, são
colocados nos três últimos lugares, exceptuando-se o pavimento FL7;
• o recurso à reciclagem do pavimento FL7a continua a ser penalizador;
• a optimização no caso do pavimento FL1a é vantajosa.
Caso 3.1: 60%CI – 30%CCR – 10%VR
Como já foi referido em cima, este caso atribui maior importância ao investimento inicial, menor aos
custos de intervenção e tem em consideração o valor residual.
A Figura 6.7 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliaçã global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL9 FL3 FL7 A (alt) FL5 FL1 FL1 A FL7 A FL7 FL2
Pavimentos
Figura 6.7. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 3.1
83
Conclui-se que:
• mais uma vez os pavimentos que possuem camada de sub-base em solo-cimento têm a melhor
pontuação, estando associado a esta constatação o facto de serem os pavimentos com o custo
inicial mais baixo;
• imediatamente a seguir aos pavimentos anteriormente referidos, encontra-se um pavimento que
mesmo possuindo camada de base granular (custo inicial de construção mais elevado)
consegue compensar por ser optimizado e por recorrer à técnica de intervenção estrutural mais
barata, a reciclagem;
• os pavimentos FL7 e FL2 (constituídos por base granular) ocupam os últimos lugares, por
estarem associados a um custo de construção e conservação elevado;
• os pavimentos com camada de base betuminosa apresentam pontuação regular.
Caso 3.2: 30%CI – 60%CCR – 10%VR
Este caso dá maior importância aos gastos devidos à conservação e reabilitação. A Figura 6.8 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliaçã global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL1 FL7 A (alt) FL9 FL3 FL5 FL1 A FL7 FL7 A FL2
Pavimentos
Figura 6.8. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T5 para o caso 3.2
Conclui-se que:
• nos primeiros lugares encontram-se os pavimentos com custo inicial elevado (FL1 e FL7a (alt)),
devido à menor exigência de manutenção;
• o pavimento melhor pontuado corresponde àquele cuja intervenção de conservação e
reabilitação é de carácter superficial e, por conseguinte, menos oneroso;
• em segundo lugar encontra-se o pavimento que recorre à reciclagem como intervenção de
carácter estrutural;
• os pavimentos constituídos por solo-cimento, apesar de terem o custo inicial mais baixo, têm
custo de conservação e reabilitação elevado; no entanto apresentam-se com pontuação maior
que a dos pavimentos constituídos por base granular.
84
Classe de tráfego T1
Caso 1.1: 30%NPV – 70%CSU
A Figura 6.9 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.2 FL8.1 FL6.1 FL6.2 FL6.1 A FL 4.1 FL4.2 FL8.1 (alt) FL6.1 (alt) FL6.1 A(alt)
FL4.1 (alt)
Pavimentos
Figura 6.9. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 1.1
Conclui-se que:
• os pavimentos melhor pontuados são os que recorrem ao solo-cimento, seguindo-se os
pavimentos com camada de base granular;
• a reciclagem apresenta-se com desvantagem, bem como a optimização de pavimentos;
• a camada de desgaste em micro-betão betuminoso rugoso apresenta uma mais valia para o
pavimento tipo 6 e 4. O mesmo não se verifica para o pavimento tipo 8.
Caso 1.2: 70%NPV – 30%CSU
A Figura 6.10 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.2 FL8.1 FL6.1 FL6.2 FL8.1 (alt) FL6.1 (alt) FL6.1 A FL 4.1 FL4.2 FL6.1 A(alt)
FL4.1 (alt)
Pavimentos
Figura 6.10. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 1.2
85
Conclui-se que:
• mais uma vez os pavimentos que na sua constituição integram solo-cimento são mais
vantajosos, apresentando uma maior diferença para os pavimento com base granular;
• os pavimentos que utilizam a reciclagem e que são constituídos pelos materiais em cima
referidos (solo-cimento e base granular) apresentem uma solução mais satisfatória que no caso
anterior, uma vez que o “peso” do custo dos utentes é menor;
• os pavimentos FL6.1a (alt) e FL4.1 (alt) continuam com a pior pontuação, uma vez que os custos
administrativos são elevados;
• a optimização do pavimento FL6.1a não traz vantagem.
Caso 2.1: 70%NPV – 30%CA
A Figura 6.11 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.1 (alt) FL8.1 FL8.2 FL6.1 (alt) FL6.1 FL6.2 FL4.1 (alt) FL 4.1 FL4.2 FL6.1 A(alt)
FL6.1 A
Pavimentos
Figura 6.11. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 2.1
Conclui-se que:
• os pavimentos melhor classificados são os que recorrem ao solo-cimento, seguindo-se os
pavimentos com base granular e os pavimentos com base betuminosa;
• a reciclagem apresenta-se como mais valia;
• a camada de desgaste em micro-betão betuminoso rugoso é preferível à de betão betuminoso;
• a optimização apresenta-se a pior alternativa.
Caso 2.2: 30%NPV – 70%CA
A Figura 6.12 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
86
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.1 (alt) FL8.1 FL8.2 FL4.1 (alt) FL 4.1 FL4.2 FL6.1 (alt) FL6.1 FL6.1 A(alt)
FL6.2 FL6.1 A
Pavimentos
Figura 6.12. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 2.2
Conclui-se que:
• os pavimentos melhor classificados são os que recorrem ao solo-cimento, seguindo-se os
pavimentos com base betuminosa e os pavimentos com base granular. Isto deve-se à espessura
de pavimento que vai aumentando;
• a reciclagem continua uma vais valia;
• a camada de desgaste em micro-betão betuminoso rugoso é preferível à camada de betão
betuminoso;
• a optimização não apresenta vantagem.
Caso 3.1: 60%CI – 30%CCR – 10%VR
A Figura 6.13 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.1 FL8.2 FL8.1 (alt) FL6.1 A FL 4.1 FL6.1 FL4.2 FL6.1 A(alt)
FL4.1 (alt) FL6.2 FL6.1 (alt)
Pavimentos
Figura 6.13. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 3.1
Conclui-se que:
87
• devido ao baixo custo do solo-cimento, os pavimentos que na sua constituição o integram
apresentam a melhor pontuação;
• houve uma melhoria nos pavimentos que na sua constituição apenas apresentam uma base
betuminosa, pois o seu custo de construção é mais favorável;
• a reciclagem deixa de ser uma mais valia devido ao custo de conservação e reabilitação ser o
mais elevado;
• a optimização do pavimento FL6.1a apresenta aqui uma mais valia devido ao seu custo de
construção ser menor;
• os pavimentos cuja camada de desgaste é constituída por micro-betão betuminoso rugoso
apresentam-se mais vantajosos, devido ao seu baixo custo de construção e reabilitação.
Caso 3.2: 30%CI – 60%CCR – 10%VR
A Figura 6.14 representa a avaliação global em forma de gráfico de barras, para melhor percepção.
Avaliação global
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
FL8.1 FL6.1 A FL 4.1 FL6.1 FL8.2 FL4.2 FL6.2 FL8.1 (alt) FL6.1 A(alt)
FL4.1 (alt) FL6.1 (alt)
Pavimentos
Figura 6.14. Avaliação dos pavimentos com classe de tráfego T1 para o caso 3.2
Conclui-se que:
• com alguma vantagem sobre os restantes, o pavimento que recorre ao solo-cimento (FL8.1)
destaca-se na corrida pela melhor opção, por possuir um custo de construção e um custo de
conservação mais baixos;
• a reciclagem apresenta-se como a pior opção devido aos elevados custos de conservação e
reabilitação;
• a optimização do pavimento FL6.1a representa uma mais valia devido ao seu custo de
construção ser menor;
• os pavimentos cuja camada de desgaste é constituída por micro-betão betuminoso rugoso
apresentam-se ainda com maior vantagem do que no caso anterior, uma vez que aliado ao seu
baixo custo de construção e reabilitação está também o maior “peso” (60%).
88
6.4 – Síntese
Em geral, os pavimentos optimizados não atingem os melhores lugares. Apenas são mais vantajosos
quando é dado um peso maior ao custo de construção (caso 3).
Nos pavimentos com classe de tráfego T1, o recurso à reciclagem é desfavorável sempre que se dá
maior relevância aos custo de conservação e reabilitação, por esta ser uma técnica bastante onerosa.
Este cenário inverte-se para os pavimentos de classe de tráfego T5, uma vez que a reciclagem passa a
ser a técnica de carácter estrutural mais barata.
Em termos ambientais a reciclagem apresenta uma mais valia, o que não acontece quando o critério em
análise passa a ser o custo suportado pelos utentes, devido ao elevado tempo de intervenção estrutural.
Independentemente da classe de tráfego, um pavimento constituído por solo-cimento na camada de sub-
base tem quase sempre a melhor pontuação. Em geral, seguem-se os pavimentos de base betuminosa
para classe de tráfego T5 e os pavimentos de base granular quando estamos perante um tráfego de
classe T1.
Analisando somente o critério NPV para a classe de tráfego T1, conclui-se que os pavimentos com
camada de desgaste em micro-betão betuminoso rugoso são mais vantajosos.
De notar que o tipo de padronização utilizada na análise multi-critério apresenta o inconveniente de
serem sensíveis ao conjunto das alternativas em comparação, ou seja, se se incluir uma alternativa
adicional corre-se o risco de haver uma alteração global dos resultados padronizados. Este
inconveniente pode ser ultrapassado utilizando máximo e mínimo absolutos em vez dos relativos que se
obtêm ao longo de cada atributo para cada conjunto de alternativas.
89
Capítulo 7 – Conclusões
7.1 – Síntese do trabalho
Definiram-se 15 cenários relativos à construção de pavimentos novos flexíveis, correspondentes a
diferentes classes de tráfego e diferentes condições de fundação. Estes cenários foram estabelecidos
com base no Manual de Concepção para a Rede Rodoviária Nacional.
Em seguida efectuou-se o levantamento dos custos unitários praticados em Portugal para a execução
dos diversos tipos de trabalhos correspondentes à construção das estruturas tipo, e estimou-se do
custo de construção de cada estrutura.
Com base nos modelos de comportamento mais adequados a cada um dos tipos de pavimento em
análise, foram efectuadas estimativas relativamente aos custos de conservação e de reabilitação ao
longo do ciclo de vida dos pavimentos, para cada um dos cenários em estudo.
Na medida do possível, estimaram-se os custos suportados pelos utentes, com base nas durações
totais de intervenção de conservação e reabilitação. Inicialmente previa-se a quantificação deste
custo com base em resultados de projecto de investigação recentemente realizados, no domínio da
quantificação dos custos inerentes aos condicionamentos de tráfego no decurso da realização de
obras de conservação e reabilitação, o que não foi feito.
Optou-se ainda por considerar custos de natureza ambiental, quantificados pelo volume de material
utilizado para a construção, conservação e reabilitação (incluindo fresagens). Entende-se que as
soluções para as quais se utilize um menor volume de material (m3) por cada unidade de área de
pavimento (m2) são, do ponto de vista ambiental, melhores escolhas.
Por fim com base nos resultados obtidos nos pontos anteriores, foi efectuada uma avaliação da
evolução dos custos acumulados ao longo do ciclo de vida dos pavimentos para cada um dos
cenários considerados, que engloba uma análise determinística, uma análise de risco e uma análise
multi-critério.
7.2 – Conclusões gerais
Foi abordada a temática das metodologias de projecto, que têm como finalidade escolher de entre
várias, a estratégia de investimento inicial e de conservação/reabilitação que melhor se adapte a uma
determinada situação.
Neste estudo foi adquirido conhecimento sobre o dimensionamento de pavimentos que segundo as
práticas actuais, aplicadas em Portugal, depende em muito de um pré-dimensionamento com o Manual
de Concepção para a Rede Rodoviária Nacional, precedido de uma análise estrutural.
Ao conceber programas de conservação e reabilitação, abordou-se necessariamente o tipo de patologias
existentes, bem como as técnicas capazes de restabelecer as qualidades funcionais e estruturais do
pavimento, onde se destaca a reciclagem que tem vindo a ganhar interesse.
90
Também foi adquirido conhecimento sobre a estimativa dos diversos custos envolvidos na análise do
ciclo de vida, onde se destaca o custo ambiental por se tratar de uma matéria sensível nos dias que
correm e o custo suportado pelos utentes que é de difícil obtenção, mas que não deve ser deixado em
esquecimento.
O objectivo da avaliação económica de pavimentos é o de apoiar a decisão quanto à escolha das
alternativas de construção, e conservação, mais rentáveis, quanto ao custo e benefício, face a
determinadas condições técnicas e económicas.
Neste contexto, tomou-se conhecimento da existência de ferramentas, tais como, o Método do valor
actual e o Método do custo equivalente anual uniforme.
Foi reconhecida a necessidade de escolher uma taxa de actualização que se adeqúe à situação em
análise e ao momento em causa, e à necessidade de estipular um período de análise suficientemente
longo, para reflectir a longo prazo os custos associados às diferentes estratégias. Tomou-se
conhecimento da definição de valor residual e o valor da sua importância no que aos pavimentos diz
respeito.
Adquiriu-se ainda, a noção de análise determinística, de risco e multi-critério.
Com o estudo elaborado, pode concluir-se, que face ao meio envolvente da construção de uma rodovia e
à finalidade a que se destina, cada caso é um caso, razão pela qual a existência deste estudo.
7.3 – Desenvolvimentos futuros
No presente estudo ficaram por avaliar alguns aspectos que poderão constituir a base de trabalho para
futuras investigações, podendo levar a um maior detalhe das conclusões apresentadas.
Numa sociedade e numa era em que os problemas ecológicos assumem cada vez mais preponderância,
constituindo mesmo muitas vezes importantes factores de decisão, é importante assumir considerações
ambientais na análise económica.
Além da consideração da quantidade de material a utilizar para a construção, conservação e reabilitação
de um pavimento, existem outros factores ambientais que podem vir a ser considerados, como é o caso
dos custos associados às emissões do dióxido de carbono, proporcionais ao tempo de percurso, que por
sua vez depende de factores como a duração das intervenções de conservação e reabilitação.
A análise de risco deverá também ser efectuada partindo de uma fase inicial, aquando da obtenção dos
custos unitários, de forma a diminuir a variabilidade dos custos finais obtidos. No entanto, para que esta
implementação seja completamente eficaz, é necessário que a amostra de custos unitários seja
representativa. Uma amostra de custos unitários alargada e abrangente permitirá generalizar as
conclusões obtidas.
91
Em geral, poderá obter-se uma base de dados mais afinada e aperfeiçoada para se obter um resultado
mais sólido.
92
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95
Anexos
Anexo 1
Organigrama do procedimento para o dimensionamento dum pavimento flexível (Branco et al, 2006)
96
Anexo 2
Programa das actividades de conservação e reabilitação (LNEC, 2008)
Pavimento Período de dimensionamento
(anos) Programação das actividades de conservação e reabilitação
FL1 > 35 Ano 15 30
Actividade 1 1
FL1a 25 Ano 15 30
Actividade 1 3
FL2 30 Ano 15 30
Actividade 1 3
FL3 25 Ano 15 30
Actividade 1 3
FL 4.1 25
Ano 10 20 30
Actividade 2 5 2
Actividade (alternativa) 2 7 2
FL 4.2 25 Ano 10 20 30
Actividade 1 4 1
FL5 25 Ano 15 30
Actividade 1 3
FL6.1 35
Ano 10 20 32
Actividade 2 2 5
Actividade (alternativa) 2 2 7
FL 6.1a 20
Ano 10 20 30
Actividade 2 5 2
Actividade (alternativa) 2 7 2
FL 6.2 35 Ano 10 20 32
Actividade 1 1 4
FL7 35 Ano 15 32
Actividade 1 3
FL7a 20
Ano 17 32
Actividade 3 1
Actividade (alternativa) 6 1
FL8.1 20
Ano 10 20 30
Actividade 2 5 2
Actividade (alternativa) 2 7 2
FL 8.2 20 Ano 10 20 30
Actividade 1 4 1
FL 9 25 Ano 15 30
Actividade 1 3
97
Anexo 3
Custos unitários
Tipo de material Aplicação Espessura
(m) Unidade
Mínimo
todos
Média
todos
Máximo
todos
Agregado britado de granulometria extensa (ABGE) Sub-base 0,20 m2 2,19 € 3,68 € 4,94 €
Agregado britado de granulometria extensa recomposto em central Base 0,20 m2 2,95 € 4,25 € 4,98 €
Solo-cimento fabricado em central Sub-base 0,20 m2 4,17 € 4,37 € 4,66 €
Macadame betuminoso 0/24 Base ou regularização 0,05 m2 2,40 € 4,11 € 5,45 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,06 m2 2,88 € 4,93 € 6,54 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,07 m2 3,36 € 5,75 € 7,63 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,08 m2 4,34 € 6,60 € 7,96 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,09 m2 4,63 € 7,48 € 9,60 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,10 m2 4,97 € 8,16 € 10,33 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,11 m2 5,20 € 8,79 € 10,95 €
Macadame betuminoso 0/25 Base ou regularização 0,12 m2 6,47 € 9,79 € 11,94 €
Betão betuminoso Desgaste 0,05 m2 2,94 € 5,75 € 9,18 €
Micro-betão betuminoso rugoso Desgaste 0,03 m2 2,80 € 4,04 € 4,99 €
Micro-betão betuminoso rugoso Desgaste 0,04 m2 3,74 € 5,39 € 6,65 €
Emulsão betuminosa para rega de impregnação Rega de impregnação - m2 0,26 € 0,41 € 0,48 €
Emulsão betuminosa para rega de colagem Rega de colagem - m2 0,16 € 0,21 € 0,24 €
Emulsão betuminosa modificada para rega de colagem Rega de colagem - m2 0,19 € 0,26 € 0,36 €
Rega de cura com emulsão betuminosa Cura de camadas tratadas com cimento - m2 0,26 € 0,31 € 0,38 €
Reciclagem com cimento em 20 cm de profundidade 0,20 m2 3,00 € 4,10 € 5,20 €
BDRug BB Desgaste 0,04 m2 4,50 € 4,50 € 4,50 €
98
Anexo 4
Estimativa dos custos totais mínimos de construção
Pavimento FL1 FL1a FL2 FL3 FL4.1 FL4.2 FL5 FL6.1 FL6.1a FL6.2 FL7 FL7a FL8.1 FL8.2 FL9
Tráfego T5 T5 T5 T5 T1 T1 T5 T1 T1 T1 T5 T5 T1 T1 T5
Camadas betuminosas
Desgaste 2,94 2,94 2,94 2,94 2,80 2,94 2,94 2,80 2,80 2,94 2,94 2,94 2,80 2,94 2,94
Regularização 3,36 3,36 2,88 5,20 3,36 3,36 2,88 3,36 2,88 3,36 5,20 4,63 3,36 3,36 3,36
Base - Camada 2 4,97 4,34 3,36
4,63 4,34
3,36 4,34 3,36 3,36
3,36 6,47
Base - Camada 1
4,63 4,34 4,34 3,36 3,36
3,36
Base
2,95
2,95 2,95 2,95 2,95 2,95
Sub-base 2,19 2,19 2,19 4,17 2,19 2,19 2,19 2,19 2,19 2,19 2,19 2,19 4,17 4,17 4,17
Fundação F2 F3
Rega de impregnação € 0,26 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Rega de colagem € 0,19 2 2 2 1 3 3 2 3 3 3 1 1 3 2 1
Rega de cura € 0,26 1 1 1 1
Custo regas (€/m2) 0,64 0,64 0,64 0,45 0,83 0,83 0,64 0,83 0,83 0,83 0,45 0,45 0,83 0,64 0,45
Custo total mínimo (€/m2) 14,11 13,47 14,97 12,76 18,44 18,00 12,02 20,82 18,38 19,00 13,74 13,17 17,89 17,58 10,92
99
Anexo 4
Estimativa dos custos totais médios de construção
Pavimento FL1 FL1a FL2 FL3 FL4.1 FL4.2 FL5 FL6.1 FL6.1a FL6.2 FL7 FL7a FL8.1 FL8.2 FL9
Tráfego T5 T5 T5 T5 T1 T1 T5 T1 T1 T1 T5 T5 T1 T1 T5
Camadas betuminosas
Desgaste 5,75 5,75 5,75 5,75 4,04 5,75 5,75 4,04 4,04 5,75 5,75 5,75 4,04 5,75 5,75
Regularização 5,75 5,75 4,93 8,79 5,75 5,75 4,93 5,75 4,93 5,75 8,79 7,48 5,75 5,75 5,75
Base - Camada 2 8,16 6,60 5,75
7,48 6,60
5,75 6,60 5,75 5,75
5,75 9,79
Base - Camada 1
7,48 6,60 6,60 5,75 5,75
5,75
Base
4,25
4,25 4,25 4,25 4,25 4,25
Sub-base 3,68 3,68 3,68 4,37 3,68 3,68 3,68 3,68 3,68 3,68 3,68 3,68 4,37 4,37 4,37
Fundação F2 F3
Rega de impregnação € 0,41 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Rega de colagem € 0,26 2 2 2 1 3 3 2 3 3 3 1 1 3 2 1
Rega de cura € 0,31 1 1 1 1
Custo regas (€/m2) 0,94 0,94 0,94 0,58 1,20 1,20 0,94 1,20 1,20 1,20 0,68 0,68 1,11 0,84 0,58
Custo total médio (€/m2) 24,28 22,73 25,30 19,49 29,65 29,59 21,05 32,13 29,61 32,14 23,14 21,84 26,77 26,50 16,45
100
Anexo 4
Estimativa dos custos totais máximos de construção
Pavimento FL1 FL1a FL2 FL3 FL4.1 FL4.2 FL5 FL6.1 FL6.1a FL6.2 FL7 FL7a FL8.1 FL8.2 FL9
Tráfego T5 T5 T5 T5 T1 T1 T5 T1 T1 T1 T5 T5 T1 T1 T5
Camadas betuminosas
Desgaste 9,18 9,18 9,18 9,18 4,99 9,18 9,18 4,99 4,99 9,18 9,18 9,18 4,99 9,18 9,18
Regularização 7,63 7,63 6,54 10,95 7,63 7,63 6,54 7,63 6,54 7,63 10,95 9,60 7,63 7,63 7,63
Base - Camada 2 10,33 7,96 7,63
9,60 7,96
7,63 7,96 7,63 7,63
7,63 11,94
Base - Camada 1
9,60 7,96 7,96 7,63 7,63
7,63
Base
4,98
4,98 4,98 4,98 4,98 4,98
Sub-base 4,94 4,94 4,94 4,66 4,94 4,94 4,94 4,94 4,94 4,94 4,94 4,94 4,66 4,66 4,66
Fundação F2 F3
Rega de impregnação € 0,48 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Rega de colagem € 0,36 2 2 2 1 3 3 2 3 3 3 1 1 3 2 1
Rega de cura € 0,38 1 1 1 1
Custo regas (€/m2) 1,20 1,20 1,20 0,74 1,56 1,56 1,20 1,56 1,56 1,56 0,84 0,84 1,46 1,10 0,74
Custo total máximo (€/m2) 33,28 30,91 34,47 25,53 38,32 39,23 29,49 40,02 38,27 43,55 30,89 29,54 34,00 34,51 22,21
101
Anexo 5
Estimativa dos custos das medidas de conservação e reabilitação
Identificação 1 2 3 4 5 6 7
a)
Acção Fresagem 5
cm Fresagem 5
cm Fresagem 5
cm Fresagem 5
cm Fresagem 5
cm Reciclagem Reciclagem
Extensão 20% 20% 30% 30% 30% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 1,31 € 1,31 € 1,31 € 1,31 € 1,31 € 3,00 € 3,00 €
Custo médio (€/m2) 2,49 € 2,49 € 2,49 € 2,49 € 2,49 € 4,10 € 4,10 €
Custo máximo (€/m2) 4,51 € 4,51 € 4,51 € 4,51 € 4,51 € 5,20 € 5,20 €
b)
Acção R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem
Extensão 20% 20% 30% 30% 30% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 €
Custo médio (€/m2) 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 €
Custo máximo (€/m2) 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 €
c)
Acção MB 5 cm MB 5 cm MB 5 cm MB 5 cm MB 5 cm MB 6 cm MB 6 cm
Extensão 20% 20% 30% 30% 30% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 2,40 € 2,40 € 2,40 € 2,40 € 2,40 € 2,88 € 2,88 €
Custo médio (€/m2) 4,11 € 4,11 € 4,11 € 4,11 € 4,11 € 4,93 € 4,93 €
Custo máximo (€/m2) 5,45 € 5,45 € 5,45 € 5,45 € 5,45 € 6,54 € 6,54 €
d)
Acção R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem R. colagem
Extensão 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 € 0,19 €
Custo médio (€/m2) 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 € 0,26 €
Custo máximo (€/m2) 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 € 0,36 €
e)
Acção BD 5 cm
BDRug 4 cm
MBD 5 cm MB 7 cm MB 8 cm BBRug 4
cm
Extensão 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 2,94 € 3,74 € 2,40 € 3,36 € 4,34 € 3,74 €
Custo médio (€/m2) 5,75 € 5,39 € 4,11 € 5,75 € 6,60 € 5,39 €
Custo máximo (€/m2) 9,18 € 6,65 € 5,45 € 7,63 € 7,96 € 6,65 €
f)
Acção R. colagem R. colagem R. colagem
Extensão 100% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 0,19 € 0,19 € 0,19 €
Custo médio (€/m2) 0,26 € 0,26 € 0,26 €
Custo máximo (€/m2) 0,36 € 0,36 € 0,36 €
g)
Acção BD 5 cm BD 5 cm
BBRug 4 cm
Extensão 100% 100% 100%
Custo mínimo (€/m2) 2,94 € 2,94 € 3,74 €
Custo médio (€/m2) 5,75 € 5,75 € 5,39 €
Custo máximo (€/m2) 9,18 € 9,18 € 6,65 €
Total
Custo mínimo (€/m2) 3,91 € 4,71 € 6,89 € 7,86 € 9,63 € 6,07 € 10,00 €
Custo médio (€/m2) 7,39 € 7,03 € 12,45 € 14,09 € 14,58 € 9,29 € 14,95 €
Custo máximo (€/m2) 11,60 € 9,08 € 18,44 € 20,62 € 18,43 € 12,10 € 19,11 €
102
Anexo 6
Estimativa dos custos totais de conservação e reabilitação (FL1 a FL6.1 (alt))
103
Anexo 6
Estimativa dos custos totais de conservação e reabilitação (FL6.1 A a FL9)
104
Anexo 7
Estimativa da duração das medidas de intervenção de conservação e reabilitação
Identificação 1 2 3 4 5 6 7
Medidas (combinação de acções)
Fresagem e reposição 5 cm, nova camada de desgaste em BD (5 cm)
Fresagem e reposição 5 cm, nova camada de desgaste em BBRug (4 cm)
Fresagem e reposição 5 cm, reforço em MBD (5 cm), nova camada de desgaste em BD (5 cm)
Fresagem e reposição 5 cm, reforço em MB (7 cm), nova camada de desgaste em BD (5 cm)
Fresagem e reposição 5 cm, reforço em MB (8 cm), nova camada de desgaste em BBRug (4 cm)
Reciclagem com cimento em 20 cm de profundidade, camada de MB com 6 cm
Reciclagem com cimento em 20 cm de profundidade, camada de MB com 6 cm, camada de desgaste em BBRug (4 cm)
Comprimento da zona de trabalho (m)
Valores de referência 100-500 100-500 100-500 100-500 100-500 > 500 > 500
Valor adoptado 300 300 300 300 300 800 800
Largura mínima da zona de trabalho
Valores de referência (vias) uma via uma via uma via uma via uma via uma via uma via
Valor adoptado (m) 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5
Tempo para reabertura (horas)
Valores de referência 1 a 4 1 a 4 1 a 4 1 a 4 1 a 4 1 a 4 1 a 4
Valor adoptado 2 2 2 2 2 2 2
a)
Acção
Fresagem e rep. 5 cm / 20%
Fresagem e rep. 5 cm / 20%
Fresagem e rep. 5 cm / 30%
Fresagem e rep. 5 cm / 30%
Fresagem e rep. 5 cm / 30%
Reciclagem Reciclagem
Extensão 20% 20% 30% 30% 30% 100% 100%
Intervalo de rendimento (m2/dia) < 4000 < 4000 < 4000 < 4000 < 4000 < 4000 < 4000
Valor adoptado (m2/dia) 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000
Duração média (dias) 7 7 11 11 11 35 35
b)
Acção BD 5 cm BDRug 4 cm
MBD 5 cm + BD 5 cm
MB 7 cm + BD 5 cm
MB 8 cm + BBRug 4 cm
MB 6 cm MB 6 cm +
BBRug 4 cm
Extensão 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Intervalo de rendimento (m2/dia) > 8000 > 8000 4000 - 8000 4000 - 8000 4000 - 8000 4000 - 8000 4000 - 8000
Valor adoptado (m2/dia) 8000 8000 6000 6000 6000 6000 6000
Duração média (dias) 9 9 12 12 12 12 12
Total Duração total (dias) 16 16 22 22 22 47 47
Duração total (horas) 126 126 177 177 177 373 373
105
Anexo 8
Estimativa das durações totais de intervenção de conservação e reabilitação
106
Anexo 9
Estimativa dos custos ambientais
107
Anexo 10
Matrizes de impactes
30% NPV – 70% CSU (T5)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Peso 0% 0% 30% 0% 70%
FL9 16,45 € 1,00 19,83 € 0,00 23,00 € 1,00 9,33 € 0,88 38 0,79 0,855 1
FL3 19,49 € 0,66 19,83 € 0,00 26,04 € 0,66 9,33 € 0,88 38 0,79 0,754 2
FL5 21,05 € 0,48 19,83 € 0,00 27,61 € 0,49 9,33 € 0,88 38 0,79 0,702 3
FL1 24,28 € 0,11 14,77 € 1,00 32,07 € 0,00 0,00 € 0,00 32 1,00 0,700 4
FL7 23,14 € 0,24 19,83 € 0,00 28,96 € 0,34 10,58 € 1,00 38 0,79 0,658 5
FL1 A 22,73 € 0,29 19,83 € 0,00 29,28 € 0,31 9,33 € 0,88 38 0,79 0,647 6
FL7 A 21,84 € 0,39 19,83 € 0,00 31,79 € 0,03 1,24 € 0,12 38 0,79 0,564 7
FL2 25,30 € 0,00 19,83 € 0,00 31,85 € 0,02 9,33 € 0,88 38 0,79 0,562 8
FL7 A (alt) 21,84 € 0,39 16,68 € 0,62 30,00 € 0,23 0,93 € 0,09 62 0,00 0,068 9
70% NPV – 30% CSU (T5)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Peso 0% 0% 70% 0% 30%
FL9 16,45 € 1,00 19,83 € 0,00 23,00 € 1,00 9,33 € 0,88 38 0,79 0,938 1
FL3 19,49 € 0,66 19,83 € 0,00 26,04 € 0,66 9,33 € 0,88 38 0,79 0,703 2
FL5 21,05 € 0,48 19,83 € 0,00 27,61 € 0,49 9,33 € 0,88 38 0,79 0,582 3
FL7 23,14 € 0,24 19,83 € 0,00 28,96 € 0,34 10,58 € 1,00 38 0,79 0,478 4
FL1 A 22,73 € 0,29 19,83 € 0,00 29,28 € 0,31 9,33 € 0,88 38 0,79 0,453 5
FL1 24,28 € 0,11 14,77 € 1,00 32,07 € 0,00 0,00 € 0,00 32 1,00 0,300 6
FL7 A 21,84 € 0,39 19,83 € 0,00 31,79 € 0,03 1,24 € 0,12 38 0,79 0,259 7
FL2 25,30 € 0,00 19,83 € 0,00 31,85 € 0,02 9,33 € 0,88 38 0,79 0,254 8
FL7 A (alt) 21,84 € 0,39 16,68 € 0,62 30,00 € 0,23 0,93 € 0,09 62 0,00 0,160 9
108
Anexo 10
Matrizes de impactes
60% CI – 30% CCR – 10% VR (T5)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Peso 60% 30% 0% 10% 0%
FL9 16,45 € 1,00 19,83 € 0,00 23,00 € 1,00 9,33 € 0,88 38 0,79 0,688 1
FL3 19,49 € 0,66 19,83 € 0,00 26,04 € 0,66 9,33 € 0,88 38 0,79 0,482 2
FL7 A (alt) 21,84 € 0,39 16,68 € 0,62 30,00 € 0,23 0,93 € 0,09 62 0,00 0,430 3
FL5 21,05 € 0,48 19,83 € 0,00 27,61 € 0,49 9,33 € 0,88 38 0,79 0,376 4
FL1 24,28 € 0,11 14,77 € 1,00 32,07 € 0,00 0,00 € 0,00 32 1,00 0,369 5
FL1 A 22,73 € 0,29 19,83 € 0,00 29,28 € 0,31 9,33 € 0,88 38 0,79 0,263 6
FL7 A 21,84 € 0,39 19,83 € 0,00 31,79 € 0,03 1,24 € 0,12 38 0,79 0,247 7
FL7 23,14 € 0,24 19,83 € 0,00 28,96 € 0,34 10,58 € 1,00 38 0,79 0,246 8
FL2 25,30 € 0,00 19,83 € 0,00 31,85 € 0,02 9,33 € 0,88 38 0,79 0,088 9
30% CI – 60% CCR – 10% VR (T5)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Peso 30% 60% 0% 10% 0%
FL1 24,28 € 0,11 14,77 € 1,00 32,07 € 0,00 0,00 € 0,00 32 1,00 0,634 1
FL7 A (alt) 21,84 € 0,39 16,68 € 0,62 30,00 € 0,23 0,93 € 0,09 62 0,00 0,500 2
FL9 16,45 € 1,00 19,83 € 0,00 23,00 € 1,00 9,33 € 0,88 38 0,79 0,388 3
FL3 19,49 € 0,66 19,83 € 0,00 26,04 € 0,66 9,33 € 0,88 38 0,79 0,285 4
FL5 21,05 € 0,48 19,83 € 0,00 27,61 € 0,49 9,33 € 0,88 38 0,79 0,232 5
FL1 A 22,73 € 0,29 19,83 € 0,00 29,28 € 0,31 9,33 € 0,88 38 0,79 0,175 6
FL7 23,14 € 0,24 19,83 € 0,00 28,96 € 0,34 10,58 € 1,00 38 0,79 0,173 7
FL7 A 21,84 € 0,39 19,83 € 0,00 31,79 € 0,03 1,24 € 0,12 38 0,79 0,129 8
FL2 25,30 € 0,00 19,83 € 0,00 31,85 € 0,02 9,33 € 0,88 38 0,79 0,088 9
109
Anexo 10
Matrizes de impactes
30% NPV – 70% CSU (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 0% 0% 30% 0% 70% 0%
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 1,000 1
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,992 2
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,912 3
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,871 4
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,720 5
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,716 6
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,704 7
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,275 8
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,209 9
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,004 10
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,000 11
70% NPV – 30% CSU (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 0% 0% 70% 0% 30% 0%
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 1,000 1
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,980 2
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,794 3
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,698 4
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,642 5
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,487 6
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,347 7
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,338 8
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,309 9
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,008 10
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,000 11
110
Anexo 10
Matrizes de impactes
70% NPV – 30% CA (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 0% 0% 70% 0% 0% 30%
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,942 1
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,938 2
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 0,936 3
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,551 4
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,516 5
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,398 6
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,257 7
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,253 8
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,202 9
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,105 10
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,100 11
30% NPV – 70% CA (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 0% 0% 30% 0% 0% 70%
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,975 1
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,892 2
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 0,850 3
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,600 4
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,516 5
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,454 6
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,359 7
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,262 8
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,229 9
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,171 10
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,145 11
111
Anexo 10
Matrizes de impactes
60% CI – 30% CCR – 10% VR (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 60% 30% 0% 10% 0% 0%
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,872 1
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 0,716 2
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,573 3
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,570 4
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,566 5
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,397 6
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,387 7
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,271 8
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,267 9
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,208 10
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,101 11
30% CI – 60% CCR – 10% VR (T1)
Factores de decisão Avaliação global
Ordenação Custo construção inicial Custos de C&R NPV Valor residual Duração
Volume construção
Peso 30% 60% 0% 10% 0% 0%
FL8.1 26,77 € 0,95 28,64 € 1,00 41,68 € 0,97 3,65 € 0,01 54 1,00 0,71 0,86 0,887 1
FL6.1 A 29,61 € 0,45 28,64 € 1,00 44,51 € 0,07 3,65 € 0,01 54 1,00 0,90 0,18 0,736 2
FL 4.1 29,65 € 0,44 28,64 € 1,00 44,55 € 0,05 3,65 € 0,01 54 1,00 0,75 0,71 0,734 3
FL6.1 32,13 € 0,00 28,64 € 1,00 42,51 € 0,71 12,39 € 0,97 54 1,00 0,93 0,07 0,697 4
FL8.2 26,50 € 1,00 28,86 € 0,39 41,59 € 1,00 3,52 € 0,00 54 1,00 0,73 0,79 0,532 5
FL4.2 29,59 € 0,45 28,86 € 0,39 44,68 € 0,01 3,52 € 0,00 54 1,00 0,77 0,64 0,367 6
FL6.2 32,14 € 0,00 28,86 € 0,39 42,94 € 0,57 11,98 € 0,92 54 1,00 0,95 0,00 0,324 7
FL8.1 (alt) 26,77 € 0,95 29,01 € 0,00 41,85 € 0,92 3,74 € 0,02 78 0,00 0,67 1,00 0,288 8
FL6.1 A (alt) 29,61 € 0,45 29,01 € 0,00 44,68 € 0,01 3,74 € 0,02 78 0,00 0,86 0,32 0,137 9
FL4.1 (alt) 29,65 € 0,44 29,01 € 0,00 44,72 € 0,00 3,74 € 0,02 78 0,00 0,71 0,86 0,135 10
FL6.1 (alt) 32,13 € 0,00 29,01 € 0,00 42,54 € 0,70 12,71 € 1,00 78 0,00 0,89 0,21 0,100 11
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