anÁlise das condiÇÕes ergonÔmicas e ambientais …

86
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS EM POSTOS DE TRABALHO DE MOTORISTAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE CAMINHÕES UTILIZADOS NO MEIO RURAL E AGROINDUSTRIAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II Lissara Polano Ody Alegrete, 2018

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Page 1: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS EM

POSTOS DE TRABALHO DE MOTORISTAS: UM ESTUDO DE CASO

SOBRE CAMINHÕES UTILIZADOS NO MEIO RURAL E

AGROINDUSTRIAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

Lissara Polano Ody

Alegrete, 2018

Page 2: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS EM

POSTOS DE TRABALHO DE MOTORISTAS: UM ESTUDO DE CASO

SOBRE CAMINHÕES UTILIZADOS NO MEIO RURAL E

AGROINDUSTRIAL

Lissara Polano Ody

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Engenharia Agrícola do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR, RS) e da Universidade

Federal do Pampa (UNIPAMPA, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia Agrícola

Orientador: Prof. Dr. Alex Leal de Oliveira

Alegrete, RS, Brasil

2018

Page 3: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos

pelo(a) autor(a) através do Módulo de Biblioteca do

Sistema GURI (Gestão Unificada de Recursos Institucionais).

O2108a

Ody, Lissara Polano

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS EM POSTOS DE

TRABALHO DE MOTORISTAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE CAMINHÕES

UTILIZADOS NO MEIO RURAL E AGROINDUSTRIAL / Lissara Polano Ody.

86 p.

Trabalho de Conclusão de Curso II(Graduação)-- Universidade

Federal do Pampa, ENGENHARIA AGRÍCOLA, 2018.

"Orientação: Alex Leal de Oliveira".

1. Saúde ocupacional. 2. Caminhoneiro. 3. Transporte. 4.

Agronegócio. I. Título.

Page 4: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …
Page 5: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

I

Dedico a minha família, em especial aos meus

pais, Emerson e Larice, pelo amor e motivação

dos meus ideais.

Page 6: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

II

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que tanto me ajudou, por me dar forças superando

todas as dificuldades e dirigindo meus caminhos.

Aos meus pais pelo incentivo e paciência em compreender meus momentos de ausência,

e me ouvirem nos instantes difíceis. Vocês são meu porto seguro, obrigado pela confiança e

amor.

Aos professor Dr. Alex Leal de Oliveira e Me. Lauren Morais da Silva, pelo suporte,

dedicação e orientação durante a concretização do trabalho realizado.

A todos os professores que fazem parte e aos que fizeram parte deste trabalho, pela

disposição e ensinamentos que contribuíram de forma significativa para minha formação

acadêmica.

Às intuições de ensino, Universidade Federal do Pampa e Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia Farroupilha Campus Alegrete, e todo corpo docente pelo conhecimento,

ensino e formação.

A todos vocês, que fizeram parte de mais esta etapa da minha vida, meus sinceros

agradecimentos.

Page 7: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

III

“O sucesso nasce do querer, da determinação

e persistência em se chegar a um objetivo.

Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e

vence obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis.’”

(José de Alencar)

Page 8: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

IV

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso II

Curso de Engenharia Agrícola

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, RS, Brasil

Universidade Federal do Pampa, RS, Brasil

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS EM POSTOS DE

TRABALHO DE MOTORISTAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE CAMINHÕES

UTILIZADOS NO MEIO RURAL E AGROINDUSTRIAL

AUTOR: LISSARA POLANO ODY

ORIENTADOR: ALEX LEAL DE OLIVEIRA

Alegrete, 4 de Dezembro de 2018.

O transporte de cargas que move a economia do Brasil é conduzido com soberania

através do sistema rodoviário, sobrelevando o motorista de caminhão a uma profissão de

enorme importância para os diversos segmentos econômicos, em especial, para o agronegócio.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar as condições ergonômicas e ambientais dos postos

de trabalho de motoristas de caminhão que atuam em atividades vinculadas ao agronegócio. O

estudo de caso foi realizado na Fronteira Oeste com motoristas profissionais que executam

tarefas no meio rural e agroindustrial. Para análise postural, executou-se filmagens e a geração

de 240 fotos sequenciais como referencial do ciclo de atividade. Através do Software

Ergolândia 6.0 as imagens foram analisadas pelo método RULA, que resultou na necessidade

de intervenção na postura dos motoristas. Além disso, os postos de trabalhos merecem

modificações ergonômicas como no ajuste do assento e painel de instrumentação. Por meio do

Questionário Bipolar foi observado que a atividade exercida pelos motoristas apresenta um

quadro doloroso. A postura forçada, alta repetitividade, desconforto e fadiga colocam em risco

o fator biomecânico do trabalhador. Em relação as análises de ruído ocupacional e temperatura,

nenhum parâmetro apresentou conforto aos indivíduos conforme a normalização da NR 17. Os

valores de iluminação mostraram-se bastante deficientes devida à falta de uma norma específica

para o interior da cabine de caminhões. Através da antropometria dos motoristas participantes

do estudo, foi percebido que existe uma demanda para a modificação em relação ao projeto de

caminhões para melhor conforto da população usuária.

Palavras-chave: Agronegócio. Transporte. Caminhão. Saúde Ocupacional.

Page 9: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

V

ABSTRACT

Work of Course Conclusion II

Graduation in Agricultural Engineering

Federal Institute Farroupilha, RS, Brasil

Federal University of Pampa, RS, Brasil

ANALYSIS OF ERGONOMIC AND ENVIRONMENTAL CONDITIONS AT

WORKERS: A CASE STUDY ON TRUCKS USED IN THE RURAL AND

AGROINDUSTRIAL ENVIRONMENT

AUTHOR: LISSARA POLANO ODY

ADVISOR: ALEX LEAL DE OLIVEIRA

Alegrete, December 4th, 2018.

The transportation of cargo that moves the economy of Brazil is conducted with

sovereignty through the road system, raising the driver of a truck to a profession of enormous

importance for the various economic segments, especially for agribusiness. The objective of

the present study was to evaluate the ergonomic and environmental conditions of truck drivers'

positions that work in agribusiness related activities. The case study was carried out in the

Western Frontier with professional drivers who perform tasks in rural and agroindustrial

environments. For postural analysis, we performed filming and the generation of 240 sequential

photos as a reference of the activity cycle. Through the software Ergolândia 6.0 the images

were analyzed by the RULA method, which resulted in the need for intervention in the drivers

posture. In addition, the workstations deserve ergonomic modifications as in seat adjustment

and instrumentation panel. Through the Bipolar Questionnaire it was observed that the activity

performed by the drivers presents a painful picture. Forced posture, high repetitiveness,

discomfort, and fatigue put the biomechanical factor of the worker at risk. Regarding the

occupational noise and temperature analyzes, no parameter presented comfort to the individuals

according to the normalization of NR 17. The illumination values proved to be quite deficient

due to the lack of a specific standard for the interior of the truck cab. Through the anthropometry

of the drivers participating in the study, it was noticed that there is a demand for modification

in relation to the truck design for better comfort of the user population.

Keywords: Agribusiness. Transport. Truck. Occupational Health.

Page 10: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Matriz modal de transporte de cargas no Brasil ................................................... 20

Figura 2 - Braço (A), antebraço (B), pescoço (C), tronco (D) e punho (E) de acordo com a

amplitude de movimento ...................................................................................................... 28

Figura 3 - Esboço do corpo humano subdividido em 18 partes ............................................ 29

Figura 4 - Exemplos de medições utilizadas no RULER ...................................................... 31

Figura 5 - Medições de largura e comprimento da mão ........................................................ 32

Figura 6 - Nível de ruído em relação ao tempo de exposição ............................................... 34

Figura 7 - Anatomia do ouvido ............................................................................................. 35

Figura 8 - Principais elementos ópticos do olho humano ...................................................... 38

Figura 9 - Equipamentos e instrumentos utilizados para as análises quantitativas ............... 39

Figura 10 - Veículos utilizados na pesquisa (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380 ... 42

Figura 11 - Posicionamento da câmera de filmagem na porta do caminhão ......................... 43

Figura 12 - Representação dos pontos para medição de ângulos .......................................... 45

Figura 13 - Angulação de braço (a), antebraço (b), pescoço (c) e tronco (d) ........................ 46

Figura 14 - Medição do rebordo do volante (a) e manopla de câmbio (b) ............................ 48

Figura 15 - Medição do ruído ocupacional ............................................................................ 48

Figura 16 - Medição da iluminação no interior da cabine ..................................................... 49

Figura 17 - Postura correta ao dirigir .................................................................................... 52

Figura 18 - Volante dos caminhões (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380 ................ 53

Figura 19 - Painel dos caminhões (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380 ................... 54

Figura 20 - Evolução da dor durante as horas trabalhadas pelo Software Ergolândia .......... 56

Figura 21 - Frequência da dor nas regiões do corpo pelo Software Ergolândia ................... 57

Page 11: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

VII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Limites de tolerância a exposição do calor................................................................36

Tabela 2 - Temperaturas do ar para esforços físicos..................................................................37

Tabela 3 - Especificação Técnica dos Equipamentos e Instrumentos.........................................40

Tabela 4 - Perfil do respondente.................................................................................................41

Tabela 5 - Descrição dos veículos..............................................................................................42

Tabela 6 - Resultados encontrados para a análise postural (Método RULA) .............................50

Tabela 7 - Parâmetros referenciais para identificação do Nível de ação em função da pontuação

final obtida.................................................................................................................................51

Tabela 8 - Mudanças ergonômicas a serem melhoradas nos caminhões que foram identificadas

por Equipe de Analistas.............................................................................................................54

Tabela 9 - Levantamento antropométrico dos respondentes......................................................60

Tabela 10 - Classificação do IMC dos caminhoneiros...............................................................61

Tabela 11 - Levantamento de dimensões dos componentes das cabines....................................61

Tabela 12 - Comparação do padrão antropométrico avaliado com o perfil estrangeiro..............62

Tabela 13 - Medições do ruído no ambiente de trabalho............................................................63

Tabela 14 - Medições da temperatura no posto de trabalho........................................................64

Tabela 15 - Medições da iluminância no posto de trabalho........................................................65

Page 12: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

VIII

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)........................................79

Apêndice B - Questionário para levantamento de dados do motorista.......................................80

Apêndice C - Checklist de Couto...............................................................................................81

Page 13: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

IX

LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Questionário Bipolar................................................................................................84

Anexo B - Norma Regulamentadora 15 (Anexo 1) ...................................................................85

Anexo C - Norma Regulamentadora 15 (Anexo 3) ...................................................................86

Page 14: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

X

LISTA DE ABREVIASTURAS E SIGLAS

Art. - Artigo

dB - Decibéis

NR - Norma Regulamentadora

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

LAT - Laboratório de Análise do Trabalho

IMC - Índice de Massa Corporal

PAIRO - Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional

CNT - Confederação Nacional de Transportes

CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito

NBR - Norma Brasileira Registrada

IFFAR - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha

Page 15: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

XI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17

1.1 Objetivos ............................................................................................................................. 18

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 18

1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 18

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 19

2.1 Logística do Agronegócio ................................................................................................. 19

2.2 A saúde e o trabalho ......................................................................................................... 21

2.3 Legislação relacionada ao trabalho do motorista de caminhão ................................... 22

2.4 Condições de trabalho, segurança e saúde do motorista .............................................. 24

2.5 Considerações sobre a Ergonomia e a quantificação do risco ergonômico ................. 25

2.5.1 Métodos de análise ergonômica ...................................................................................... 26

2.5.1.1 Método RULA– Rapid Upper Limb Assessment ......................................................... 27

2.5.1.2 Questionário Bipolar..................................................................................................... 28

2.5.1.3 Checklist de Couto ....................................................................................................... 29

2.5.1.4 Análise de Imagem ....................................................................................................... 30

2.5.1.5 Método RULER (Ergonautas) ...................................................................................... 30

2.6 Antropometria .................................................................................................................. 31

2.7 Fatores Ambientais e o trabalho dos motoristas profissionais ..................................... 32

2.7.1 Ruído Ocupacional .......................................................................................................... 33

2.7.2 Temperatura ..................................................................................................................... 35

2.7.3 Iluminação ....................................................................................................................... 37

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 39

3.1 Local e duração do estudo ............................................................................................... 39

3.2 Equipamentos e Instrumentação ..................................................................................... 39

3.3 Referência Amostral ......................................................................................................... 40

3.3.1 Caracterização dos respondentes ..................................................................................... 41

3.3.2 Caracterização dos veículos............................................................................................. 41

3.4 Métodos ............................................................................................................................. 42

3.4.1 Métodos qualitativos ....................................................................................................... 42

3.4.2 Métodos quantitativos ..................................................................................................... 43

3.4.2.1 Análise postural ............................................................................................................ 43

3.4.2.2 Análise de dores e incômodos ...................................................................................... 47

3.4.2.3 Investigação dos fatores biomecânicos......................................................................... 47

3.4.2.4 Levantamento antropométrico do usuário das cabines analisadas ............................... 47

3.4.2.5 Mensuração do Ruído Ocupacional .............................................................................. 48

3.4.2.6 Mensuração da Temperatura ........................................................................................ 49

3.4.2.7 Mensuração da Iluminação ........................................................................................... 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 50

4.1 Diferentes abordagens analíticas em Ergonomia .......................................................... 50

4.1.1 Análise da postura ........................................................................................................... 50

4.1.2 Análise do posto de trabalho ........................................................................................... 51

4.2 Análise de dores e incômodos .......................................................................................... 55

4.3 Checklist de Couto ............................................................................................................ 58

4.4 Antropometria .................................................................................................................. 60

4.4.1 Avaliação antropométrica do usuário .............................................................................. 60

4.4.2 Avaliação de dimensões da cabine .................................................................................. 61 4.5 Análise do Ruído Ocupacional ........................................................................................ 63

Page 16: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

XII

4.6 Análise da Temperatura .................................................................................................. 64

4.7 Análise da Iluminação da Cabine ................................................................................... 65

5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 67

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 68

6.1 Recomendações para trabalhos futuros ......................................................................... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 69

APÊNDICE ......................................................................................................................... 78

ANEXO ................................................................................................................................ 83

Page 17: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

17

1 INTRODUÇÃO

O Brasil está entre os países que mais opera a malha rodoviária para o escoamento de

grãos, frutas, produtos agroindustrializados em geral, além do transporte de cargas. O país é

tradicionalmente associado à agricultura por sua diversidade de plantas cultivadas, solos férteis

e vastidão do território nacional, caracterizando-se em uma potência exportadora de

commodities agrícolas.

O crescimento do agronegócio no Brasil é impulsionado pela produção, transformação

e exportação de produtos oriundos da atividade rural e agroindustrial e, devido a isto, surge a

necessidade da alta demanda por transporte. Neste sentido, a utilização dos diversos modais dá

suporte a complexa logística envolvida no agronegócio, contudo o modal rodoviário ainda é o

meio de transporte mais utilizado para o deslocamento da produção agropecuária nacional.

Muitos produtores rurais antecipam o contrato de prestação de serviços com caminhões,

por terem receio da insuficiência ou falta de veículos nas épocas de maior demanda logística, a

exemplo dos períodos de retirada de grãos na colheita e posterior deslocamento para as

Unidades de Beneficiamento de Grãos, entrepostos de recebimento e portos. Esta real

necessidade do modal rodoviário, evidência a importância da profissão do caminhoneiro para a

economia do país, pois participam diretamente dos processos logísticos relacionados às

atividades agrícolas. Contudo, o reconhecimento social desta atividade laboral ainda não é

plenamente valorizado e a imagem deste profissional acaba sendo desvalorizada em diversas

ocasiões, mesmo tendo um papel de extrema importância para o desenvolvimento e progresso

do setor do agronegócio.

O motorista está sujeito a diversas condições de trabalho e ambiente que podem

influenciar na sua segurança, saúde e qualidade de vida. Seu desempenho profissional e pessoal

pode ser afetado pela carga horária de trabalho irregular, baixa remuneração, isolamento e

privação da convivência familiar, bem como condições ergonômicas e ambientais

desfavoráveis nos postos de trabalho.

Em meio a esse contexto, condicionantes laborais dos caminhoneiros podem interferir

de forma negativa em sua qualidade de vida, visto que, é comum entre os profissionais desta

categoria a não utilização de serviços de saúde ao longo das viagens, não dedicando momentos

para cuidar de sua sanidade e bem-estar.

A presença de elementos de tensão no posto de trabalho, como excesso de temperatura,

ruído, iluminação e desconforto físico ou mental, pode provocar danos consideráveis a saúde e

Page 18: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

18

segurança desse trabalhador. Neste contexto, torna-se necessário avaliar as condições

ergonômicas e ambientais em postos de trabalho de motoristas de caminhão, que atuam no meio

agrícola, de modo a associar quais destas tem relação direta ou indireta com produtividade e

bem-estar do trabalhador, sugerindo possíveis intervenções a serem executadas, que possam

solucionar problemas explícitos e implícitos, a partir das demandas propostas na análise

ergonômica e de agentes físicos do presente trabalho.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar as condições ergonômicas e ambientais dos postos de trabalho de motoristas de

caminhões que atuam no meio rural e agroindustrial.

1.1.2 Objetivos Específicos

➢ Investigar os possíveis riscos à saúde ocupacional, existentes no ambiente de

trabalho;

➢ Analisar ergonomicamente o posto de trabalho quanto ao projeto e compatibilidade

de controles e instrumentos;

➢ Realizar a mensuração de ruído, temperatura e iluminação no posto de trabalho e

compará-los com as normas vigentes;

➢ Executar a avaliação de componentes no interior da cabine com base nas referências

antropométricas;

➢ Sugerir, com base nos resultados encontrados, intervenções e melhorias à segurança

e saúde do trabalhador.

Page 19: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

19

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Logística do Agronegócio

Em um cenário de intensa concorrência nos mercados, a logística tem como atribuição

responder por todas as movimentações de mercadorias, da expedição até a entrega ao destino

final, tornando-se uma atividade cada vez mais expressiva no contexto atual (LOPES, 2015).

No agronegócio, a logística relaciona-se ao planejamento e operação dos sistemas físicos,

informacionais e gerenciais, necessários para que insumos e produtos se movimentem de forma

integrada no espaço, através do transporte no momento certo, para o lugar certo e com o menor

custo possível (FILHO, 2016).

Logo, o sistema de transporte de cargas torna-se peça fundamental para a movimentação

desta economia. Pois, sem ele os produtos não chegariam aos consumidores, as indústrias não

teriam acesso as matérias-primas, e nem ao menos condições de escoar a sua produção (ALESSI

et al., 2015).

O agronegócio brasileiro tem apoio logístico dos diferentes modais disponíveis, mas a

presença de caminhões é evidente nas atividades dentro e fora da porteira. Como o país tem

destaque na produção de grãos, frutas e produtos agroindustriais é perceptível a real demanda

pelos serviços de transporte por meio de caminhões.

O principal modal de transporte brasileiro hoje é o rodoviário, sendo cerca de 60% das

cargas transportadas realizadas nesta modalidade (RIBEIRO et al., 2016). Estudos

desenvolvidos pela Confederação Nacional de Transportes (2016), mostram a matriz modal de

transportes de cargas brasileira, e evidenciam este panorama, onde foram identificados os

percentuais logísticos dos diferentes tipos de transporte existentes atualmente, e confirmada a

grande importância da atividade entre os modelos praticados no país (Figura 1).

Page 20: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

20

Figura 1 - Matriz modal de transporte de cargas no Brasil.

Fonte: CNT, 2016.

Neste sentido, a profissão de caminhoneiro assume grande importância, visto que,

contribui efetivamente nos processos logísticos relacionados as atividades agrícolas do país.

Segundo Ribeiro et al. (2016), o condutor de caminhão se destaca em uma categoria profissional

de grande relevância, uma vez que estes são os agentes do sistema de transporte de cargas que

impulsionam a economia do país, garantindo o funcionamento do mercado e da vida social.

Esses profissionais cruzam o Brasil todos os dias, levando aos grandes e pequenos centros,

carregamentos que geram a economia, e fazem funcionar a sociedade (SEDANO et al., 2010).

Ainda que o agronegócio seja um setor importante da nossa economia, responsável por

boa parcela da geração de empregos e exportações, ainda esbarra em entraves que retardam o

desenvolvimento eficaz da cadeia produtiva, ocasionados, em especial, devido à grande

dimensão territorial do Brasil (BARBOZA, 2014). Sobretudo, em anos de safras recordes,

aumenta a demanda por transporte e armazenagem, ficando evidente a insuficiência de

infraestrutura e planejamento neste segmento. Logo, para atender a esta demanda, no momento

em que o agricultor inicia o planejamento para o escoamento da produção agrícola, precisa

definir o modal de transporte mais adequado e eficiente para que sua produção chegue ao seu

destino (BATISTA et al., 2016).

Continuamente, o escoamento da produção nas lavouras é realizado por meio de

carretas, movimentadas por rodovias até chegarem aos pontos de descarregamento, devido à

deficiência de capacidade das ferrovias e de outras características dos demais modais de

transporte, que inviabilizam sua utilização. A falta de armazéns nas fazendas, também faz com

Page 21: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

21

que os agricultores transportem o produto agrícola logo após o momento da colheita, agravando

ainda mais a demanda por transporte rodoviário (PINTO, 2012).

Assim sendo, o caminhão torna-se um dos veículos mais utilizados no meio agrícola,

não apenas para o escoamento da safra, mas destacando-se, inclusive, em outras atividades de

grande participação no cenário econômico, como: transporte de insumos, deslocamento de

animais, apoio a movimentação de máquinas e equipamentos, peças, entre outros (KILESSE et

al., 2006).

À exemplo, conforme a Resolução nº 210/06 do CONTRAN, órgão que estabelece os

limites de peso e dimensões para veículos que transitam por vias terrestres, é proibido o trânsito

de colhedoras em rodovias, sendo que a forma correta e segura do transporte dessa máquina

agrícola é embarcá-lo em um caminhão, devido suas dimensões excedentes e o perigo potencial

que representam quando estão em deslocamento (CNA, 2015).

A participação desta modalidade de transporte é primordial, tanto em regiões

tradicionais de cultivo, quanto nas chamadas “novas fronteiras agrícolas”. Visto que, uma rede

de transporte rodoviário adequada fomenta o setor, suprindo déficits de logística e infraestrutura

do país, permitindo o escoamento e armazenamento móvel da produção, com rapidez e

segurança suficiente para que produtos e serviços continuem interligados no mercado nacional

e internacional.

2.2 A saúde e o trabalho

A compreensão de saúde no trabalho vem sendo abordada de várias formas. De acordo

com Morais et al. (2017), todos os trabalhadores merecem ter saúde e devem ter como mantê-

la durante a sua vida. A palavra saúde, durante muito tempo foi entendida apenas como um

estado de ausência de doença. Contudo, esta definição foi substituída por outra, que engloba

bem-estar físico, mental e social (ALMEIDA, 2011).

A Organização Mundial da Saúde (2016), define saúde como “um estado de completo

bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”.

O trabalho concebe uma das atuações mais importantes da vida do ser humano, pois é

por meio dele que o homem conquista condições para sua subsistência (RIBEIRO, 2008). No

entanto, Marx (2004) explana em um de seus textos, que a essência do trabalho estaria aquém

à sua satisfação, onde tão logo inexistam impedimentos, foge-se do trabalho como se foge da

peste. Isso porque, o trabalho surgiria, antes de tudo, como fonte de infelicidade, de

esgotamento, de negação da condição de humanidade do próprio trabalhador.

Page 22: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

22

Segundo Cardona et al. (2001), a expressão trabalho, em seu sentido amplo, significa o

desenvolvimento de toda atividade produtiva, seja ela técnica ou intelectual, com o intuito de

executar determinada tarefa ou obra. Para Barbosa (2011), as atividades relacionadas a nossa

sobrevivência, exercidas voluntária ou involuntariamente por nosso corpo, traduzem-se como

trabalho.

A Consolidação das Leis de Trabalho - CLT, responsável pela definição do indivíduo

enquanto pessoa de direitos e deveres, usa a terminologia “empregado” como sinônimo de

“trabalhador”, pois, “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de

natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante salário” (CLT.

Art.3º, 1943).

Mucci (2005), destaca que o homem não deve trabalhar apenas pelo salário que recebe,

mas pela satisfação pessoal, e pelos resultados que extrai por intermédio do seu próprio esforço.

A qualidade de vida no trabalho é um fator primordial para que o trabalhador tenha estímulo

para desempenhar com vigor suas tarefas (COSTA et al., 2015). Logo, é preciso que as pessoas

experimentem sensações de sucesso e de satisfação em relação ao trabalho produzido, para

sentirem-se motivadas e desejosas de seguirem adiante, propondo para si novos objetivos e

reforçando sua autoestima (BARBOSA, 2011).

Relações entre saúde e trabalho são amplamente discutidas em vários estudos, onde há

sempre uma grande preocupação com os aspectos que interagem com a atividade do homem

neste campo. Quando existe equilíbrio, o indivíduo conserva seu estado de qualidade de vida e

mantém seu bem-estar. Sendo assim, o trabalho deve respeitar a vida, a segurança e a saúde do

trabalhador, permitindo aos indivíduos tempo de descanso, lazer e realização pessoal, de modo

que o trabalho se torne apenas um dos componentes da existência humana.

2.3 Legislação relacionada ao trabalho do motorista de caminhão

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), dispõe da Lei nº. 12.619/2012, que

regulariza a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional. Esta lei não foi

revogada, apenas teve alguns dos seus artigos modificados pela Lei 13.103/2015, conhecida por

“Lei dos Caminhoneiros”. Esta garante novos direitos e obrigações para os trabalhadores que

exercem sua atividade laboral nas estradas do Brasil, na condição de motorista profissional. A

referida legislação tem preocupação adicional com as questões de segurança relacionadas com

a atividade desempenhada por esse tipo de trabalhador.

Page 23: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

23

Reconhecidamente, uma das principais causas de acidentes envolvendo caminhões nas

rodovias tem relação com a fadiga dos motoristas. Logo, torna-se importante mencionar que o

descanso contribui, de forma direta, para uma viagem mais segura, uma vez que o trabalhador

estará com corpo e mente tranquilizados. O entendimento do ritmo circadiano, bem como do

biorritmo devem ser considerados no planejamento dos serviços envolvendo caminhoneiros que

trabalham em atividades rurais e agroindustriais.

A renovação diária das energias do corpo depende muito do descanso proporcionado

pelo fator sono. O nível de atenção e de coordenação motora e mental é sensivelmente

perturbado pelo cansaço não dissipado (FILHO, 2011). Neste sentido, o sono faz-se

indispensável ao motorista profissional, pois a este são atribuídas funções que demandam

habilidades de autocontrole, reflexo rápido e interpretação de informações fornecidas pelos

equipamentos dos veículos (MORAIS et al., 2017).

A Lei nº 13.103/2015 determina a jornada de trabalho do motorista profissional. O

fundamento legal é identificado na CLT, em artigo colacionado a seguir:

Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista

profissional será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua

prorrogação por até 2 (duas) horas extraordinárias ou,

mediante previsão em convenção ou acordo coletivo, por

até 4 (quatro) horas extraordinárias (art. 235-C da CLT).

No que se refere ao controle e fiscalização dessa lei, há um equipamento de instalação

obrigatória nos veículos de cargas que monitora o tempo efetivo de direção, bem como os

intervalos utilizados para descanso. O tacógrafo, como é chamado, não pode apresentar

alterações nos dados sobre a velocidade e tempo percorrido pelo veículo. Este dispositivo deve

ser certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Uma das alterações apresentadas na “Lei dos Caminhoneiros” tem relação direta com

as ações de saúde e segurança do trabalhador. Tal dispositivo legal apresenta a exigência da

realização de exames toxicológicos a cada dois anos de trabalho e no momento do desligamento

da empresa. Essa recomendação tem impacto direto nas ações do Programa de Controle Médico

e Saúde Ocupacional – PCMSO, orientado pela Norma Regulamentadora NR-07, que prevê a

realização de exames orientados no item 7.4.1, destacado a seguir:

Page 24: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

24

[...]

7.4.1. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização

obrigatória dos exames médicos:

a) admissional; b) periódico; c) de retorno ao trabalho; d)

de mudança de função; e) demissional.

7.4.2. Os exames de que trata o item 7.4.1 compreendem:

a) avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e

exame físico e mental;

b) exames complementares, realizados de acordo com os

termos específicos nesta NR e seus anexos (BRASIL,

2018).

[...]

A previsão de realização de exames toxicológicos, conforme disposição da Lei nº

13.103/2015 também repercute na alteração do Código de Transito Brasileiro, que incluiu na

legislação 9.503/1997 do Código de Trânsito Brasileiro o Art. 148-A, que trata do seguinte

assunto:

Art. 148-A. § 1o O exame de que trata este artigo buscará

aferir o consumo de substâncias psicoativas que,

comprovadamente, comprometam a capacidade de

direção e deverá ter janela de detecção mínima de 90

(noventa) dias, nos termos das normas do Contran.

Aqueles que aprovaram a mudança obtida com a “Lei do Descanso” (Lei 13.103/2015),

observaram melhoras na segurança e no planejamento das viagens, garantindo maior

tranquilidade. Essa legislação não só traz benefícios para os profissionais, como também para

a sociedade. Considerando a importância desses profissionais para a logística do país, sua

segurança deve vir sempre em primeiro lugar.

2.4 Condições de trabalho, segurança e saúde do motorista

O caminhoneiro é o profissional da estrada, que tem a função de conduzir o caminhão

no transporte de cargas de um ponto ao outro. Esta profissão apresenta diversos problemas

relacionados as condições de saúde, trabalho e estilo de vida. De acordo com Ribeiro et al.

Page 25: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

25

(2016), os motoristas são expostos a condições questionáveis de temperatura, ruído e

ergonomia, pois os mesmos permanecem por muito tempo sentados devido às longas viagens.

Para Penteado (2008), a jornada de trabalho diária dos motoristas de caminhão é longa,

vindo a comprometer seu tempo de sono e descanso, implicando em sua saúde física e mental.

A integridade psicológica destes trabalhadores sofre constantemente com danos que podem

acarretar em agravos a saúde, estresse, aborrecimentos e insatisfações.

De maneira representativa, os trabalhadores lembram do corpo apenas na presença de

uma sensação de desconforto ou dor. A atividade parece absorvê-los de tal maneira que nem

mesmo percebem os movimentos que realizam e as posturas que adotam (BIGOLIN et al.,

2009). Lima et al. (2016), ressaltam ainda, que os motoristas deste transporte sofrem pressão e

suscetibilidade ao desenvolvimento de problemas emocionais e psicológicos, em virtude de

uma rotina de deslocamento contínuo e repetitivo em um ambiente de trabalho hostil (vias e

tráfego) e com mínimo espaço no posto de trabalho (cabine). A exposição ao ruído, calor e

permanência em uma mesma posição frente ao volante, demandam a esses profissionais uma

intensa concentração física e mental, vindo a comprometer sua saúde em geral (ALACARÁS

et al., 2016).

Logo, há alguns aspectos fundamentais que devem ser considerados para realizar o

estudo das condições de trabalho, como: posto de trabalho, ruído, temperatura, posturas

forçadas, movimentos repetitivos e demais agentes físicos, químicos, biológicos e mecânicos.

Esses pontos são analisados para diagnóstico e implementação de medidas de controle sobre os

fatores de potencial risco à saúde e segurança para a categoria.

2.5 Considerações sobre a Ergonomia e a quantificação do risco ergonômico

A Ergonomia pode ser definida como o estudo das relações entre o homem e seu

ambiente de trabalho, considerando elementos como o ambiente, fatores humanos, tecnologia,

organização do trabalho, entre outros, objetivando manter o conforto e bem-estar físico e

psicossocial do profissional (FREIRE et al., 2017). Tem como finalidade, responder às distintas

questões levantadas por situações de trabalho insatisfatórias, e deriva do grego ergon (trabalho)

e nomos (leis naturais ou normas), ou seja, a ciência da configuração de trabalho adaptada ao

homem (COUTINHO et al., 2015).

A ergonomia física está focada sobre os aspectos físicos de uma situação ou posto de

trabalho. Neste sentido, a análise ergonômica proporciona a identificação, diagnóstico e

Page 26: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

26

elaboração de medidas para resolver os problemas ergonômicos que afetam a saúde e

desempenho do trabalho humano (MARTINS et al., 2016).

Devido ao número frequente de trabalhadores afastados do trabalho com problemas de

saúde relacionados as más condições ergonômicas, faz-se necessário o incremento de estudos

que visem a redução ou eliminação das sequelas advindas da relação do homem com a atividade

laboral. As observações sobre a ergonomia são pautadas por estudos que consideram os

aspectos qualitativos da atividade realizada e validadas por ferramentas de análise quantitativa,

que validam a Análise Ergonômica do Trabalho.

A Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17) estabelece parâmetros que norteiam a

adaptação das condições de trabalho, adequando as demandas psicológicas e fisiológicas do

trabalhador, com o intuito de proporcionar conforto e segurança (FREIRE et al., 2017). Sendo

necessário indicar os parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho, nas

atividades que exigem sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e

membros inferiores e superiores.

Para o motorista de caminhões, os riscos ergonômicos estão associados a rotina de

trabalho intensa, monótona e repetitiva, onde este assume posturas inconvenientes, que podem

gerar dores na coluna, braços e ombros, tendo em vista que o trabalho é realizado totalmente na

posição sentado. Além disso, os tempos de pausa são habitualmente curtos, nem sempre

consideráveis para a troca adequada de postura e movimentação postural (LIMA et al., 2016).

O emprego da ergonomia, associada a exercícios físicos e postura corporal, mostra-se como

excelente meio de prevenir e impedir os problemas lombares relacionados a estas condições

ergonômicas (RIBEIRO et al., 2015).

O ato de dirigir é uma ação naturalmente exercida por caminhoneiros profissionais,

porém, ainda que com toda a experiência de volante, boa parte desses profissionais não estão

atentos a maneira adequada da regulagem de assentos, distâncias do volante e cambio, além do

ajuste de posição para o acionamento de pedais. A ação de condução do veículo também tem

relação direta com o comprometimento da saúde e segurança do trabalhador, uma vez que

algumas fontes de adoecimento têm origem na atividade laboral e estão atrelados a condições

ergonômicas inadequadas.

2.5.1 Métodos de análise ergonômica

Como forma de auxiliar no estudo de medidas diretas do esforço envolvido na postura

e possíveis intervenções, pesquisadores desenvolveram métodos práticos de registro e análise

Page 27: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

27

de postura, de modo a tornar a ergonomia como risco mensurável. Além disso, é possível

verificar a condição de realização da tarefa e planejar estratégias que, se forem adotadas, podem

tornar mais harmônica a relação do trabalhador com o seu posto de trabalho. O software

Ergolândia® é uma ferramenta intuitiva e de uso simplificado para pesquisas deste ramo, e

possui algumas ferramentas de análise ergonômica que serão abordadas, de forma breve, neste

estudo.

2.5.1.1 Método RULA - Rapid Upper Limb Assessment

Segundo Motta (2009), este procedimento foi desenvolvido por McAtamney e Corlett

em 1993, com o princípio de avaliar pessoas expostas a posturas que contribuam para distúrbios

de membros superiores. O método RULA surgiu com o desígnio de ser utilizado em

investigações ergonômicas de postos de trabalho onde existe a eventualidade de acarretar

doenças osteomusculares em membros superiores (PERALTA et al., 2016).

Como parte integrante do desenvolvimento do método, a divisão do corpo é feita em

dois grupos (A e B). Integrando o grupo A estão os braços, antebraços e pulsos (membros

superiores), já o grupo B compreende o tronco, pescoço e pernas (CASTILHO et al., 2015).

Peralta et al. (2016), relatam que o método utilizado no software Ergolândia funciona

como uma ferramenta de avaliação rápida de atividades vinculadas tanto em posturas extremas,

quanto a força excessiva (esforços repetitivos). Todas as posturas do corpo são examinadas,

assegurando que qualquer comportamento constrangedor das pernas, tronco ou pescoço que

venham a intervir na postura de membros superiores, sejam incluídas na avaliação (MOTTA,

2009).

Esta ferramenta foi desenvolvida para questionar a exposição dos trabalhadores aos

fatores de risco interligados aos distúrbios dos membros superiores, utilizando diagramas de

postura dos corpo humano e tabelas que proporcionam a avaliação da exposição aos fatores de

risco (COSTA et al., 2015). A figura 2 apresenta as posturas dos diversos segmentos do corpo

e suas respectivas contribuições para o escore final do Método RULA.

Page 28: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

28

Figura 2 - Braço (A), antebraço (B), pescoço (C), tronco (D) e punho (E) de acordo com a

amplitude de movimento.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

2.5.1.2 Questionário Bipolar

Para avaliação da fadiga é utilizado o método do Questionário Bipolar, inicialmente

elaborado pelo professor Nigel Corlett, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra. A técnica

de avaliação ergonômica proposta, oferece ao avaliado a possibilidade de responder em detalhes

em quais pontos do corpo e em que momentos da rotina de trabalho ocorre o aparecimento de

dores, incômodos ou fadiga em excesso (PEREIRA et al., 2014).

Este método avalia, por meio da aplicação de questionário, as sensações subjetivas das

pessoas, ou seja, sensações reais, mas difíceis de quantificar, percebidas pelo sujeito fora dos

órgãos dos sentidos. Neste tipo de pesquisa os indivíduos respondem sempre as questões

referindo-se à sensação naquele momento de trabalho (TEIXEIRA, 2008).

O software Ergolândia propõe este questionário com o corpo humano dividido em 18

partes (Figura 3), simulando a mensuração do sentimento de fadiga nas mais variadas partes do

corpo de um trabalhador.

Page 29: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

29

Figura 3 - Esboço do corpo humano subdividido em 18 partes.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

2.5.1.3 Checklist de Couto

É utilizado na investigação da existência de riscos motivados por fatores biomecânicos,

que são restritos aos movimentos e posições executadas pelo corpo. Esta ferramenta criada por

Couto (1996), é constituída de 24 perguntas, fracionadas em seis tópicos, a saber: sobrecarga

física, força com as mãos, postura no trabalho, posto de trabalho, ferramenta de trabalho e

repetitividade e organização do trabalho (REIS et al., 2013).

Este tipo de checklist tem como vantagem o fato de requisitar que o observador pesquise

todos os itens, minimizando a chance de que algum elemento específico seja esquecido

(LIGEIRO, 2010). De acordo com as respostas, o software gera uma pontuação que ao final

será somada, fornecendo um resultado. A interpretação da resposta se dá por intermédio da

comparação do valor final com os valores de referência com intervalos preestabelecidos pela

ferramenta.

Page 30: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

30

2.5.1.4 Análise de Imagem

A interpretação de imagens colabora para melhor entendimento da distribuição de

tarefas, movimentação do corpo, posturas assumidas, possíveis variações entre indivíduos e

distribuição de tempo entre tarefas (NETTO, 2015).

O software adotado possibilita utilizar um método de análise de grades e marcadores em

imagens fotográficas, de modo a obter melhor visualização dos eixos e planos do corpo humano

durante a realização da tarefa. A escolha desses pontos é baseada na viabilidade metodológica,

base científica e aplicabilidade dos segmentos corporais do indivíduo. Esta ferramenta é

utilizada somente para demarcação de vetores característicos no registo fotográfico.

Segundo Filho (2011), é relevante considerar o centro do posto de trabalho como o

centro deste sistema de coordenadas, demarcando um número significativo de registros, aos

quais devem ser acrescidos imagens da visão geral do posto de trabalho e de tantos outros,

quantos forem necessários, para o registro de detalhes.

2.5.1.5 Método RULER (Ergonautas)

Ergonautas é uma ferramenta computacional disponibilizada na Web para analisar a

ergonomia ocupacional e avaliação ergonômica de postos de trabalho. Foi desenvolvido pela

Universidade Politécnica de Valência, na Espanha, com amplo enfoque na ciência e tecnologia.

É uma ferramenta útil para o profissional de Prevenção de Riscos e Ergonomia Ocupacional,

oferecendo informações técnicas rigorosas, e ferramentas online para seus fóruns de aplicação

e pesquisa (ERGONAUTAS, 2018).

O emprego de muitos dos métodos de avalição requer a medição de certas dimensões

do trabalhador, essas medidas são fundamentalmente angulares, ou seja, ângulos formados

pelos diferentes membros do corpo com relação a certas referências. Neste estudo, o método

RULER tem como papel principal, avaliar ergonomicamente o indivíduo por meio de

fotografias com ângulos a partir de diferentes pontos de vistas (ERGONAUTAS, 2018). A

figura 4 demonstra alguns exemplos de pontos de verificação que podem ser analisados

utilizando o RULER.

Page 31: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

31

Figura 4 - Exemplos de medições utilizadas no RULER.

Fonte: ERGONOUTAS, 2018.

2.6 Antropometria

A antropometria consiste em realizar o levantamento das dimensões de segmentos do

corpo humano (NETO et al., 2015). Para Silva (2008), a antropometria auxilia a ter uma

percepção de quais equipamentos foram mal projetados ergonomicamente, e contribuem para

acidentes de trabalho ou doenças profissionais resultantes da utilização dos mesmos. Klein

(2009), confirma que os dados obtidos nesta análise são essenciais para a fabricação de

produtos, ferramentas, e equipamentos seguros e eficientes utilizados nas atividades

ocupacionais.

A antropometria estática aplica-se na medição física do corpo humano sem movimento

ou com pouco movimento, essas dimensões são realizadas nos pontos anatômicos devidamente

identificados (NETO et al., 2015). A coleta das medidas é executada por réguas

antropométricas, fitas métricas ou até mesmo por uma balança. Segundo Fragoso et al. (2016),

existem diferentes pontos do corpo que podem ser medidos, dependendo de sua necessidade.

O motorista de caminhão está constantemente utilizando as mãos durante a jornada de

trabalho, seja segurando o rebordo do volante, acionando a manopla de câmbio ou comandos

do painel. Em determinadas ocasiões estes componentes não foram projetados de maneira

correta, e acabam induzindo maior esforço para a realização das atividades.

A mão humana apresenta versatilidade de movimentos e capacidade de realizar preensão

palmar utilizando a palma da mão em conjunto com os dedos, e preensão digital, onde

participam apenas as pontas destes (KLEIN, 2009).

Page 32: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

32

Pheasant (1996), desenvolveu uma metodologia definida internacionalmente, que

sugere as medições ideais da mão em estudos de antropometria. Na figura 5 estão representas

as mensurações da largura da palma da mão, através de suas extremidades, no sentido transverso

ao seu eixo, e do comprimento total do eixo da mão, medido desde a prega do punho até a

extremidade distal do terceiro dedo.

Figura 5 - Medições de largura e comprimento da mão.

Fonte: Pheasant, 1996.

O desgaste físico torna-se grande quando o veículo não oferece condições adequadas.

Neste sentido, há alguns fatores podem colaborar para que se tenha menos cansaço e desgaste

para o corpo humano. Um desses fatores é a ergonomia na cabine do caminhão, relacionada

com as medidas proporcionais do corpo humano (WLM, 2017).

2.7 Fatores Ambientais e o trabalho dos motoristas profissionais

As variáveis ambientais presentes nos postos de trabalho devem ser as mais agradáveis

possíveis, a fim de proporcionar o melhor relacionamento entre o empregado e o seu posto de

trabalho. Pois, quando desfavoráveis, podem provocar exaustão, extenuação física e nervosa,

resultando no decréscimo do rendimento e qualidade do trabalho (POSSEBOM et al., 2016).

Page 33: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

33

As condições de trabalho devem ser ajustadas às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, podendo lhes garantir um máximo de conforto, segurança e desempenho de suas

atividades (KUNG et al., 2010). Filho (2011), evidencia que constantemente, o ambiente, as

ferramentas, máquinas, e outros fatores existentes no ambiente de trabalho, nos colocam a

mercê de oportunidades de danos a integridade da saúde.

No âmbito da saúde e segurança do trabalhador o ambiente de trabalho pode ser

entendido como a relação existente entre o trabalhador, o seu posto de trabalho, os fatores

inerentes a atividade e agentes externos que tenham atuação direta na realização da atividade

laboral. Por isso, podemos considerar que a relação que o motorista tem com a cabine do

caminhão é o centro da avaliação ergonômica e ambiental. O enfoque ergonômico considera

especialmente a interação homem máquina, enquanto que a avaliação ambiental ocupacional se

atenta para os agentes físicos, químicos, biológicos e de acidentes que estão envolvidos na

atividade do caminhoneiro.

2.7.1 Ruído Ocupacional

O ruído é normalmente definido como energia acústica audível que pode afetar o bem-

estar fisiológico ou psicológico das pessoas (SIQUEIRA, 2012). Este fenômeno interage como

um som indesejável, que constitui uma realidade presente na saúde das pessoas. Para Bello et

al. (2012), o som é acarretado por uma vibração mecânica que se propaga no ar até chegar ao

ouvido. No entanto, o ruído é um som que se reflete de forma subjetiva e desagradável.

De acordo com Vale et al. (2017), o ruído pode afetar no desempenho e na vida

profissional de um indivíduo, interferindo no sono e comunicação, que acaba ocasionando

reações negativas a saúde do trabalhador.

Um expressivo problema de saúde ocupacional é a Perda Auditiva Induzida por Ruído

Ocupacional (PAIR), fomentada por ambientes de trabalho que indicam níveis elevados de

pressão sonora, sendo que esse processo ocorre devido a inexistência ou insuficiência de

medidas de controle adequadas para tal situação (SILVA et al., 2016).

A preocupação com o ruído ocupacional é observada em diversas Normas

Regulamentadoras, mas a sua caracterização como agente físico insalubre é abordada na Norma

Regulamentadora NR 15, que trata das Atividades e Operações Insalubres, abordando os limites

de tolerância permitidos com vistas a proteção da integridade do colaborador (SILVA, 2017).

Neste âmbito, Siqueira (2012), afirma que entre as diversas profissões que expõem o

trabalhador aos níveis extremos de ruído, sobressaem os motoristas de caminhão. Pois esses

Page 34: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

34

trabalhadores estão continuamente expostos aos níveis de pressão sonora durante a jornada de

trabalho, sendo o ruído originado de diferentes pontos.

Os distúrbios atribuídos a exposição vão depender da intensidade, frequência, duração

e ritmo do ruído, bem como do tempo de exposição (NUNES et al., 2011). Conforme Dul et al.

(1993), os ruídos acima de 80 dB podem ser incômodos, sendo necessário controlar o tempo de

exposição a essas perturbações intensas, este fato pode ser visto na figura 6.

Figura 6 - Nível de ruído em relação ao tempo de exposição.

Fonte: Dul et al., 1993.

Segundo Neto (2017), o processo de escutar envolve a orelha e as vibrações do som em

sinais que podem ser compreendidos pelo cérebro. O interior do sistema auditivo (Figura 7),

contém um órgão minúsculo em forma de caracol cheio de líquido denominado cóclea, no qual

é afetado pela exposição ao ruído sem a devida proteção.

Page 35: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

35

Figura 7 - Anatomia do ouvido.

Fonte: NETO, 2017.

As medições de ruído são realizadas por medidores de nível de pressão sonora, tais como

o decibelímetro, sendo este um instrumento composto por um microfone, que tem como função

a transformação de sinais mecânicos (vibrações sonoras) em sinais elétricos (LAT, 2016).

Alcarás et al. (2016), relata que estudos envolvendo esta categoria profissional

favorecem o conhecimento sobre os impactos maléficos à audição dos caminhoneiros, pois a

literatura carece de publicações sobre essa demanda. Dessa forma, torna-se plausível

conscientizar esse grupo laboral sobre o uso de medidas preventivas à saúde auditiva, bem como

à realização de exames periódicos.

2.7.2 Temperatura

A temperatura é um aspecto que merece destaque quando se pretende criar adequadas

condições de trabalho, uma vez que existem temperaturas que promovem sensação de conforto,

e outras que proporcionam situações desagradáveis, podendo até mesmo prejudicar a saúde do

trabalhador. Temperaturas abaixo ou acima dos extremos de conforto térmico causam

desconforto, gerando impactos negativos ao desempenho operacional do indivíduo (KUNH et

al., 2010).

Possebom et al. (2017), afirmam que o ambiente de trabalho é influenciado pela

temperatura, pois o trabalho em situações climáticas desfavoráveis provoca fadiga, diminuição

Page 36: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

36

do rendimento, esgotamento físico e acréscimo de erros. A comodidade térmica é essencial para

assegurar o bem-estar, segurança e conforto dos indivíduos. De acordo com Ribeiro et al.

(2015), temperaturas acima dos 30ºC contribuem para o aumento de risco a saúde do

trabalhador, sendo necessário reduzir o tempo de permanência do trabalhador no local quente,

e alternar a atividade com períodos de descanso e reidratação.

Exposições ao sol e altas temperaturas dentro do caminhão, trazem à tona sintomas de

maior fadiga e perdas líquidas que comprometem o estado geral do trabalhador (LIMA et al.,

2016). Os mesmos enfatizam que, ao longo do período diurno, a luminosidade originária do sol

é intensa e acarreta no aumento da sensação térmica dentro da cabine do veículo. Contudo, em

situações de resfriamento, especialmente de mãos e pés, provoca redução de força, tornando o

indivíduo mais vulnerável a erros e acidentes (CABRAL, 2013).

A Norma Regulamentadora nº 15, em seu anexo 3, apresenta as condições em que o

ambiente exposto a condições climáticas é considerado acima da tolerância para manter a saúde.

Na tabela 1 são estabelecidos os limites de tolerância a exposição ao calor, em regime de

trabalho intermitente com período de descanso.

Tabela 1 - Limites de tolerância á exposição do calor.

REGIME DE TRABALHO

INTERMITENTE COM DESCANSO

NO PRÓPRIO LOCAL DE

TRABALHO (por hora)

LEVE MODERADA PESADA

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

45 minutos trabalho 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

15 minutos descanso

30 minutos trabalho 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9

30 minutos descanso

15 minutos trabalho 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

45 minutos descanso

Não é permitido o trabalho, sem a adoção

de medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

Fonte: NR 15 (anexo 3), 1990.

A tabela 2, desenvolvida por Dul et al. (1993), apresenta as faixas de conforto para

diversos tipos de atividades. Nota-se que em trabalhos pesados a pessoa sente-se melhor em

climas frios, ocorrendo o inverso em trabalhos mais leves.

Page 37: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

37

Tabela 2 - Temperaturas do ar para esforços físicos.

Tipo de Trabalho Temperatura do ar (°C)

Trabalho intelectual, sentado 18 a 24

Trabalho manual leve, sentado 16 a 22

Trabalho manual leve, em pé 15 a 21

Trabalho manual pesado, em pé 14 a 20

Trabalho pesado 13 a 19

Fonte: Dul et al., 1993.

2.7.3 Iluminação

Segundo Possebom et al. (2016), a intensidade da luz incidente deve ser suficiente para

assegurar uma boa visibilidade, permitindo que as tarefas sejam executadas sem dificuldades

de visualização. Logo, a iluminação inadequada do local de trabalho pode vir a contribuir com

o aumento da fadiga visual, incidência de erros e acréscimo da taxa de acidentes (KILESSE,

2005). Cabral (2013), enfatiza que para garantir uma visão saudável na realização de tarefas, é

essencial manter uma iluminação de qualidade e, particularmente, manter níveis adequados de

uma grandeza conhecida como iluminância.

Com relação as condições ambientais de trabalho, a NR 17 (anexo 5) cita que “Em todos

os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou

suplementar, apropriada à natureza da atividade”.

A luminosidade proveniente do sol é intensa, este fato acaba aumentando a sensação

térmica, principalmente dentro de veículos, onde combinada com os raios solares, causam

desconforto, ofuscamento e incômodo na visão de motoristas (LIMA et al., 2016). No caso

noturno, os faróis altos, juntamente com a baixa iluminação, geram desconforto, podendo

causar fortes dores de cabeça. Segundo Deva (2016), a visão é um dos principais instrumentos

de trabalho do profissional caminhoneiro, e quando estes não estão em condições saudáveis,

não há como viajar por horas nas estradas. No entanto, pesquisas apontam que 70% dos

caminhoneiros apresentam problemas com a visão (TOMAZELA, 2017).

A córnea é responsável por permitir a passagem das ondas de luz, e a focalização da

imagem deve ser feita na superfície da retina, nesta fase que as ondas de luz se transformam na

visão (HELENE, 2010).

A principal tarefa do olho humano é converter as ondas de luz refletidas ou emitidas e

enviar ao cérebro. A figura 8 demonstra os elementos ópticos do olho humano.

Page 38: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

38

Figura 8 - Principais elementos ópticos do olho humano.

Fonte: HELENE, 2010.

No que se refere a avalição de valores de iluminância, a NBR 5413 - Iluminância de

Interiores (1992) estabelece os parâmetros médios para iluminação em interiores onde são

realizadas as atividades.

Para medir a densidade da intensidade de luz presentes em locais internos e externos é

utilizado o instrumento luxímetro, sendo que a sua unidade de medida é o lux. O equipamento

de instrumentação consiste em uma célula fotoelétrica e de um miliamperímetro, sendo que a

luz incide sobre a fotocélula e ocorre a formação de corrente no semicondutor, no qual é medida

pelo amperímetro (PEDROSO et al., 2016).

Page 39: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

39

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Local e duração do estudo

O estudo de caso foi realizado na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul,

especificamente nas imediações rurais. As atividades foram iniciadas em março de 2018, com

uma ampla revisão bibliográfica sobre o tema, planejamento das estratégias de coleta de dados

e posterior atividade de campo. As referidas coletas, ocorreram a campo, durante o mês de

Setembro de 2018.

3.2 Equipamentos e Instrumentação

Ao longo da execução das atividades foi utilizado os seguintes equipamentos e

instrumentos digitais (Figura 9): Câmera profissional (A), medidor de luminosidade - luxímetro

(B), medidor de nível de pressão sonora - decibelímetro (C), dinamômetro (D), fita métrica (E),

termohigrômetro (F), além dos recursos computacionais: ferramenta web “Portal Ergonautas”

e softwares: Microsoft Office Excel®, Microsoft Paint®, Free Studio (DVDVideoSolt) e

Ergolândia 6.0. A tabela 3, demonstra as especificações técnicas dos equipamentos e

instrumentação.

Figura 9 - Equipamentos e instrumentos utilizados para as análises quantitativas.

Fonte: O autor.

Page 40: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

40

Tabela 3 - Especificação Técnica dos Equipamentos e Instrumentos.

Equipamento Especificações

(A) Câmera

Modelo GoPro; foto resolução 16 MP; sensor CMOS; resolução

vídeo 1080p; tempo de 70 minutos de uso; dimensões: 2,8 x 59 x 41

mm; peso 44 gramas; composta por carregador e suporte para

fixação da câmara.

(B) Medidor de

Luminosidade

Marca Light Meter; modelo LD-209; desligamento automático;

alimentação de 1 bateria 9V; desligamento automático; dimensões:

180 x 72 x 32 mm; peso 335 gramas.

(C) Medidor de Nível

de Pressão Sonora

Marca Instrutemp; modelo ITDEC-4010; display LCD; escala de

30dB a 130 dB; alimentação 6 pilhas de 1,5 V; dimensões: 245 x 80

x 35 mm; multifunção; digital portátil; peso 350 gramas; fornecido

com maleta e cabo RS-232.

(D) Dinamômetro

Marca Kratos; modelo ZM - manual; capacidade 100 kgf x 1 kgf;

peso de 1 kgf; possui ponteiro testemunha; mede esforços de

compreensão da mão; utilizado em exames médicos.

(E) Fita métrica

Marca Volder; altura 0,01 cm; largura 1,50 cm; comprimento 1,50

cm; peso 50 gramas; utilizada para medições corporais.

(F) Termohigrômetro

Modelo MTH; faixa de temperatura -40°C a 70°C; sensor de

temperatura NTC 10k; sensor de umidade HR202L; dimensões do

LCD (CxL): 35 x 16,6 mm; peso 15 gramas; precisão de temperatura

1°C; precisão de umidade 5%.

Fonte: O autor.

Os equipamentos de instrumentação para avaliações de Higiene Ocupacional estavam

devidamente certificados e calibrados no momento das análises quantitativas de riscos

ambientas.

3.3 Referência Amostral

Para realização do presente estudo de caso, foram avaliados três motoristas profissionais

de caminhão, em diferentes faixas etárias, todos do sexo masculino. Esta análise ocorreu em

distintos modelos de caminhão.

Todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e orientados

sobre a possibilidade de desistência a qualquer tempo. Após a orientação, os três motoristas que

compõem a referência amostral do presente trabalho concordaram em participar e expressaram

o seu consentimento por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE

Page 41: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

41

(Apêndice A). Os respondentes tiveram a garantia de que sua identidade seria mantida em

sigilo, sem divulgação de nomes nos resultados deste estudo. Sendo assim, a partir deste tópico,

os participantes serão identificados com a nomenclatura A, B e C.

3.3.1 Caracterização dos respondentes

Com o objetivo de caracterizar o referencial amostral dos motoristas, foi elaborada a

tabela 4, que demonstra os perfis de cada um dos respondentes.

Tabela 4 - Perfil do respondente.

Respondentes Caracterização

A

Sexo masculino, 63 anos, motorista profissional há 44 anos, trajeto habitual

(Uruguaiana-RS à Barra do Quaraí-RS), executa o transporte de arroz em

casca a granel, não interage de vícios nem utiliza medicamentos.

B

Sexo masculino, 76 anos, motorista profissional há 50 anos, trajeto habitual

(zonas rurais de Alegrete - RS), transporta máquinas e implementos

agrícolas, apresenta doença crônica como Hipertensão Arterial, e faz uso

de medicamentos. Não possui nenhum vício com substâncias psicoativas.

C

Sexo masculino, 42 anos, motorista profissional há 18 anos, trajeto habitual

indefinido (na Região do Mercosul), executa carregamento de peças

agrícolas, fumante eventual, possui Hipertensão Arterial, e realiza o uso de

medicamentos.

Fonte: O autor.

3.3.2 Caracterização dos veículos

Os veículos investigados apresentam particularidades em relação aos dados técnicos. A

tabela 5 fornece algumas descrições dos caminhões em questão. A figura 10, destaca os veículos

utilizados na pesquisa.

Page 42: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

42

Tabela 5 - Descrição dos veículos.

Veículo Descrição

A

CABINE: Marca Scania, modelo L110, 4x2 "Jacaré", 10 marchas, ano 1976.

CARROCERIA: Marca Rondon, graneleira, 3 eixos, dimensões: 12,40 m x 1,60 m.

B CAMINHÃO: Marca Mercedes Benz, modelo LP321, 5 marchas, ano 1964.

TRUCADO

C

CABINE: Marca Volvo, modelo FH380, 6x2T Balancim, 16 marchas, ano 2002.

CARROCERIA: Marca Rondon, modelo Sider, 3 eixos, dimensões: 15 m x 2,55 m.

Fonte: O autor.

Figura 10 - Veículos utilizados na pesquisa (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380.

Fonte: O autor.

3.4 Métodos

3.4.1 Métodos qualitativos

Na primeira etapa da pesquisa, foi aplicado um questionário (Apêndice B) para

levantamento de informações básicas sobre desempenho no trabalho, relações sociais e nível

de qualidade de vida dos trabalhadores. Além disso, foram requisitadas informações em relação

ao veículo que está sendo conduzido, o conforto e segurança observados, na percepção do

motorista. O formulário foi desenvolvido conforme a metodologia de Sudman e Bradburn

(1989), e os respondentes somente participaram da entrevista mediante a assinatura do Termo

de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Page 43: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

43

3.4.2 Métodos quantitativos

3.4.2.1 Análise postural

No que se refere as análises posturais, foram utilizadas duas técnicas, sendo essas:

inspeção visual e filmagens do ciclo da atividade. A observação foi realizada, buscando

enfatizar o movimento e comportamento mais frequente ao longo da jornada de trabalho.

A observação é o método mais comum para análise ergonômica, uma vez que permite

uma abordagem de maneira global da atividade no trabalho, em que o pesquisador, partindo da

estruturação dos problemas a serem observados, executa uma “filtragem seletiva” das

informações disponíveis, advindas da observação assistida (LIMA, 2003).

Posteriormente, foi realizado o registro em vídeo, garantindo maior confiabilidade a

análise, no qual foi possível o registro completo do comportamento do executor da tarefa,

capturando os detalhes posturais e comportamentais dos motoristas.

Para a realização desta etapa da análise, foi fixada uma câmera GoPro na parte interna

da cabine do caminhão, com ângulo projetado ao plano de trabalho do caminhoneiro (Figura

11), de modo a registrar o posicionamento de membros superiores e inferiores do trabalhador.

Figura 11 - Posicionamento da câmera de filmagem na porta do caminhão.

Fonte: O autor.

Para avaliações gerais da análise ergonômica, pode-se diferenciar dois tipos de

atividades de acordo com a frequência com que são realizadas. As atividades cíclicas que devem

Page 44: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

44

ser observadas durante todo o ciclo, e as atividades não cíclicas, ser analisada no mínimo, trinta

segundos (SOUZA et al., 2006). A literatura consultada não estabelece um tempo mínimo ou

adequado para a coleta de dados em relação as operações com caminhões. Assim, a duração de

filmagem, ocorreu em um intervalo de 15 a 20 minutos, visto que, ao analisar o ciclo de

trabalho, não houveram relevantes mudanças comportamentais no decorrer desse período.

Sendo assim, esse tempo de filmagem foi considerado satisfatório.

Para o processamento de dados, os vídeos foram convertidos em imagens estáticas

através do software Free Studio (DVDVideoSolt). Em imagens sequenciais a cada 2 segundos

da tarefa, totalizando 80 imagens para cada motorista, e 240 registros para o referencial

amostral, durante um turno. Este processo é fundamental para captação de possíveis variações

nas posturas assumidas durante a jornada de trabalho, considerando a dinâmica biomecânica do

participante analisado.

De posse dos registros, foi executado o método delimitação de grades e marcadores

através do software Microsoft Paint®, onde foi possível delimitar os principais pontos de

angulação corporal do indivíduo investigado (Figura 12).

Através da ferramenta web “Portal Ergonautas”, as imagens foram medidas em ângulos

em relação a grade demarcada anteriormente. Nesta etapa do estudo, foi utilizado o método

RULER, que permite avaliar ergonomicamente o indivíduo por meio de fotografias com

demarcações angulares de distintos pontos de visão.

Page 45: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

45

Figura 12 - Representação dos pontos para medição de ângulos.

Fonte: O autor.

As medições dos ângulos formados pelos segmentos grifados foram baseadas na

metodologia de Possebom (2018). A seguir, a descrição das medições dos ângulos para análise

ergonômica, considerando os braços, antebraços, pescoço e medição angular do tronco.

Para a avaliação do braço do indivíduo, o ângulo a ser considerado é a relação entre o

ombro e cotovelo. A intersecção da linha 3 representa o ponto ao centro do ombro, e a linha 4

configura o ponto ao centro do cotovelo do motorista. Dessa forma, a angulação formada por

esses dois pontos, representa o ângulo do braço.

Para investigação da angulação do antebraço, deve-se levar em consideração o quanto

ele está deslocado em relação ao braço, ligando os segmentos 3 (ombro), 4 (cotovelo) e 5

(punho). A relação entre essas três regiões, determina o ângulo do antebraço.

Em relação a avaliação do pescoço, deve-se considerar o ponto mais extremo superior

da coluna, neste caso, representado pela linha 2 em relação a um ponto próximo a parte de trás

da orelha do condutor. A região fornecida pela união desses dois pontos corresponde ao ângulo

de inclinação do pescoço.

Page 46: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

46

No que se refere, a medição angular do tronco, deve-se considerar o ponto distante

superior da coluna, neste caso representado pela linha 1, em relação ao ponto central da linha 2

(pescoço). A relação entre esses dois pontos representa, portanto, a inclinação de tronco do

trabalhador.

Vale salientar que todas as medidas de angulação foram tomadas nos pontos de

articulação dos membros, e seguiram a metodologia descrita acima. A figura 13, demonstra os

pontos das medições do braço (a), antebraço (b), pescoço (c) e tronco (d), executadas nas

imagens dos motoristas.

Figura 13 - Angulação de braço (a), antebraço (b), pescoço (c) e tronco (d).

Fonte: O autor.

Ao final da etapa de medições, os dados foram processados no software Ergolândia 6.0

com o método RULA, onde todas as posturas foram examinadas, resultando em diagramas de

posturas e tabelas que proporcionam a avaliação dos fatores de riscos.

Page 47: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

47

3.4.2.2 Análise de dores e incômodos

Durante a jornada de trabalho, foi aplicado o método do Questionário Bipolar (Anexo

A), por meio de uma entrevista pessoal, no qual pretendeu-se avaliar em quais partes do corpo

dos motoristas profissionais tinham maior possibilidade de lesão ou dor e em quais momentos

o trabalhador sentia maior desconforto durante a sua atividade laboral.

O respondente informou a frequência de dores, a posição do lado (esquerdo e/ou direito)

e a sensação dos incômodos durante as horas trabalhadas. O questionário foi subdividido em

18 itens, sendo que ao final da coleta de dados foi gerado gráficos de controle de dor

considerando as condições informadas pelos trabalhadores.

3.4.2.3 Investigação dos fatores biomecânicos

Foi realizado um diálogo juntamente com o respondente para aplicação do Checklist de

Couto, que é um instrumento de avaliação da condição biomecânica para mãos e punhos e por

isso foi selecionado para utilização no presente estudo. O Checklist de Couto é composto por

24 perguntas, distribuídas em distintos tópicos. De acordo com as respostas fornecidas pelo

respondente, os dados foram tabulados com o auxílio de recurso computacional e submetidos a

análise do software Ergolândia, que decodificou as informações fornecidas e estipulou a

pontuação gerada com os valores de intervalos preestabelecidos pela ferramenta. Este método

é uma avaliação simplificada dos fatores biomecânicos relacionados ao trabalho que considera

a atividade realizada por mãos e punhos como foco da análise.

3.4.2.4 Levantamento antropométrico do usuário das cabines analisadas

A antropometria pode ser utilizada para avaliar o tamanho e as proporções dos

segmentos corporais em relação as ferramentas utilizadas durante a jornada diária de trabalho,

através da medição de circunferências e comprimentos. Esta avaliação foi averiguada em alguns

componentes de comando da cabine do caminhão. Sendo assim, foi executada a medição da

circunferência do rebordo do volante, manopla de câmbio, distância dos pedais em relação ao

assento e entre os comandos dos pedais, entre outros componentes, com o auxílio da fita

métrica. Alguns procedimentos utilizados para as medições realizadas podem ser destacados na

figura 14.

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48

Figura 14 - Medição do rebordo do volante (a) e manopla de câmbio (b).

Fonte: O autor.

3.4.2.5 Mensuração do Ruído Ocupacional

O nível de ruído emitido pelo caminhão e percebido por seu condutor foi mensurado por

Medidor de Nível de Pressão Sonora (decibelímetro) devidamente certificado e calibrado,

sendo que os pontos de análise foram tomados em duas condições: com vidros abertos e com

vidros fechados, sendo as leituras realizadas na condição de veículo em movimento, com o

instrumento de medição devidamente calibrado e certificado com posicionamento próximo a

zona auditiva do motorista (Figura 15).

Figura 15 - Medição do ruído ocupacional.

Fonte: O autor.

Page 49: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

49

3.4.2.6 Mensuração da Temperatura

As medições de temperatura foram realizadas na altura do corpo mais atingida pelas

condições ambientais, conforme estabelece a NR 15. Para isso, foi utilizado um

termohigrômetro devidamente calibrado e certificado. As leituras da temperatura foram

iniciadas após a estabilização térmica, e repetidas a cada 5 minutos de intervalo. A estimativa

da temperatura foi estabelecida em °C, e foi obtida através da determinação da média de quatro

repetições.

3.4.2.7 Mensuração da Iluminação

Para medição de iluminância foi utilizado um luxímetro digital com fotocélula corrigida

para o olho humano, sendo que este equipamento foi projetado em diferentes planos de visão:

plano frontal e plano lateral. A célula fotoelétrica do luxímetro foi posicionada ao nível dos

olhos do trabalhador, orientando para os diversos planos, tomando cuidado adicional para que

não projetasse sombra durante as medições.

Figura 16 - Medição da iluminação no interior da cabine.

Fonte: O autor.

Page 50: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Diferentes abordagens analíticas em Ergonomia

4.1.1 Análise da postura

A investigação ergonômica foi proporcionada pelo um método de pesquisa rápido da

população aos fatores de risco de distúrbios dos membros superiores, possibilitando gerar

resultados que podem ser incorporados em uma avaliação ergonômica mais ampla,

considerando fatores ambientais, físicos e organizacionais.

Para avaliação postural dos caminhoneiros foi considerada a totalidade de imagens

analisadas, ou seja, 240 posturas.

Aplicando ao método RULA, os resultados mostram que nenhuma postura assumida na

atividade investigada obteve nível de ação 1 ou 2, sendo assim, não houve nenhum escore

postural que fosse plenamente aceitável ao decorrer do ciclo de atividade.

Durante a avaliação ergonômica, mais de 80% dos registros apresentaram resultados

que mereciam investigação na postura, ou seja, nível de ação 3. A tabela 6, demonstra a

amplitude de movimentos e a pontuação gerada como escore final para a postura dos motoristas

avaliados. A tabela 7, mostra o nível de ação como intervenção na atividade, segundo o método

RULA, destacando o resultado em negrito.

Tabela 6 - Resultados encontrados para a análise postural (Método RULA).

Grupo* Descrição Amplitude Movimento Pontuação Nível de ação

1

Braço Flexão 20° - 45° 2

3 Antebraço Flexão 60° - 100° 1

Punho Flexão e extensão 0° - 15° 2

2

Pescoço Flexão 10° - 20° 2

3 Tronco Deslocamento 0° - 20° 2

Pernas Apoiados e equilibrados 1

Força Menor do que 2 kg (intermitente) 0

*Grupo 1: Membros superiores: braços, antebraços e pulsos; Grupo 2: tronco, pescoço e pernas.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

Page 51: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

51

Tabela 7 - Parâmetros referenciais para identificação do Nível de ação em função da pontuação

final obtida.

Pontuação Nível de Ação Intervenção

1 ou 2 1 Postura aceitável

3 ou 4

2

Deve-se realizar uma observação.

Pode ser necessárias mudanças.

5 ou 6

3

Deve-se realizar uma investigação.

Devem ser introduzidas mudanças.

7 4 Devem ser introduzidas mudanças imediatamente.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

Na tabela 6, é destacado que, alguns ângulos representam má postura dos motoristas ao

dirigir. Por exemplo, a flexão do pescoço está entre 10° e 20°, ocorrendo um pequeno

curvamento, bem como, o tronco que apresentou inclinação para frente com angulação de 0°-

20°. Essas posturas inadequadas são comuns quando se passa muito tempo sentado, por isso, é

importante ações educativas em saúde, para alcançarem mudanças ergonômicas.

Com base na intervenção encontrada para o ciclo de atividade de um caminhoneiro, é

possível analisar algumas mudanças que podem serem introduzidas durante a jornada de

trabalho. Direcionando para os profissionais escolhidos no tema dessa investigação, será

abordada a maneira correta de conduzir um veículo, a fim de prevenir futuros problemas de

saúde com a postura errada.

Segundo Omar (2016), a postura correta ao dirigir um caminhão se concentra nos

seguintes segmentos: a cabeça deve estar alinhada com o quadril (a); os ombros devem ser

mantidos relaxados na mesma linha (b); os cotovelos devem estar mais próximo possível do

corpo e dobrados a pouco mais de 90º (c); a região lombar deve estar sempre bem apoiada no

encosto (d); o quadril deve ser mantido com um ângulo de pouco mais de 90º (e); os joelhos

devem estar dobrados sem pressionar a parte de trás do joelho no assento (f); os calcanhares

bem apoiados no assoalho (g); e por fim, o peso do corpo deve ser distribuído entre o quadril e

parte de trás das coxas (h). A postura correta ao dirigir, conforme descrita anteriormente pode

ser observada na figura 17.

Page 52: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

52

Figura 17 - Postura correta ao dirigir.

Fonte: OMAR, 2016.

É importante aplicar um método de avaliação de risco ergonômico que seja mais

adequado à realidade de trabalho a ser avaliado e que apresente uma orientação a gestão eficaz

da saúde ocupacional. Para que, através da graduação hierárquica dos fatores de risco, seja

facilitada a tomada de decisão para adoção de medidas corretivas.

Segundo Cars (2018), sentar de forma adequada em frente ao volante de um caminhão

pode salvar vidas, inclusive a do motorista desse tipo de veículo. Por isso, a atenção ao

posicionamento adequado do corpo do condutor enquanto dirige é tão indispensável, tanto para

sua segurança como para sua saúde.

4.1.2 Análise do posto de trabalho

Em relação ao posto de trabalho serão abordadas análises comparativas entre os

caminhões, a fim de compreender quais mudanças poderiam ser modificadas para o

estabelecimento da melhor relação homem-máquina. Para a observação do trabalho realizado

pelos caminhoneiros, o objeto da análise ergonômica deve compreender seu ambiente de

trabalho, no caso a cabine do caminhão.

➢ Volante e coluna de direção: Quanto mais ajustes disponíveis, melhor a adaptação do posto

do motorista a usuários de diferentes estaturas e biótipos. Dos três caminhões, somente o

caminhão C possuía direção com regulagens de altura, profundidade e ângulo. Os demais não

Page 53: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

53

apresentaram regulagens, e o volante estava posicionado em frente ao painel, o que dificulta a

visualização do painel de instrumentos. Esta avaliação comparativa pode ser destacada na figura

18.

Figura 18 - Volante dos caminhões (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380.

Fonte: O autor.

➢ Assento do motorista: As regulagens são muito importantes para acomodar bem os

motoristas de diferentes estaturas e condições corporais, e precisam ser de fácil compreensão,

alcance e manuseio. Dentre os caminhões analisados, apenas o caminhão B não apresentou

banco com regulagens nem conforto na base do assento. Os demais apresentaram maior

comodidade. Em geral, os bancos dos motoristas não continham adequada altura do encosto de

cabeça, nem regulagem da curva de apoio lombar, necessitando mudanças ergonômicas.

➢ Cabine: As cabines podem dispor de teto alto ou baixo. As que provém de teto alto,

apresentam facilidade de movimentação do condutor. Somente o caminhão C apresenta maior

mobilidade de espaço no interior da cabine.

➢ Painel: As informações destes devem ser organizadas, de fácil leitura e objetivas. Qualquer

atividade de execução de controle no painel exige o desvio da atenção do motorista. Quanto

menor o esforço e tempo necessário para o acionamento, maior o tempo possível para reduzir

risco de acidentes. Analisando a figura 19, é possível observar que, o caminhão B apresenta um

painel de instrumentação com menor recurso instrumental das condições operacionais do

caminhão ao motorista. Em seu projeto e montagem não há maior preocupação com questões

de usabilidade como: hierarquização da informação, acessibilidade e localização adequada dos

comandos. Em relação aos demais caminhões A e C, apresentam uma melhor organização da

disposição da instrumentação, que considera a frequência de uso e a importância da informação.

Page 54: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

54

Figura 19 - Painel dos caminhões (A) Scania; (B) Mercedes Benz; (C) FH380.

Fonte: O autor.

A partir de algumas análises descritas acima, foi elaborada pelo autor uma proposta

metodológica de identificação de quais os elementos deveriam passar por melhoria ergonômica

dos veículos. Para isto, foi desenvolvida uma escala de prioridade, enumerada de 1 a 5, sendo:

(1) Máxima importância; (2) Importante; (3) Média importância; (4) Baixa importância; e (5)

Nenhuma importância. A escala de importância foi discutida com grupo de profissionais

analistas da área, que contribuíram para hierarquização (Dois Engenheiros de Segurança do

Trabalho e um estudante de Engenharia Agrícola). A tabela 8, mostra os elementos

considerados significativos do posto de trabalho que merecem atenção ergonômica.

Tabela 8 - Mudanças ergonômicas a serem melhoradas nos caminhões que foram identificadas

por Equipe de Analistas.

Elementos Intervenção ergonômica A B C

Conforto do assento

Assento (1) (1) (2)

Apoio lombar (1) (1) (1)

Apoio para cabeça (1) (1) (1)

Ajustes do assento

Regulagem altura do assento (2) (2) (2)

Regulagem inclinação (1) (1) (2)

Regulagens de controle (1) (1) (2)

Dimensões /

Acesso ao veículo

Dimensões da cabine (1) (1) (3)

Acesso ao veículo (1) (1) (3)

Painel

Facilidade de uso do painel (2) (1) (2)

Leitura do painel (2) (1) (3)

Posição dos mostradores (2) (1) (3)

Segurança e estabilidade Sentimento de segurança (1) (1) (1)

Estabilidade do veículo (2) (2) (2)

Fonte: O autor.

Page 55: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

55

A NR 17 abrange alguns pontos, por vezes, pequenos detalhes, mas que, se bem

observados podem evitar os sintomas mais comuns de uma estação de trabalho mal concebida.

Para que os caminhões avaliados tenham maior conforto ergonômico em relação aos assentos,

uma possibilidade é a observação da recomendação da Norma Regulamentadora 17, que prevê

no item 17.3.3:

[...]

17.3.3 - Os assentos utilizados nos postos de

trabalho devem atender aos seguintes requisitos

mínimos de conforto: a) altura ajustável á

estatura do trabalhador e à natureza da função

exercida; b) características de pouca ou

nenhuma conformação na base do assento, c)

borda frontal arredondada; d) encosto com

forma levemente adaptada ao corpo para

proteção da região lombar.

[...]

Estima-se que, a cada ano seja preciso fazer algum tipo de reparo no assento, ou

componentes da cabine. Caso necessário, o motorista deve avaliar o funcionamento do

equipamento para que, se houver necessidade de manutenção seja feita antes deste período

(SILVA, 2018).

É de suma importância que cada posto de trabalho esteja em boas condições, a partir do

estudo da interação homem-máquina-ambiente, possibilitando que o trabalhador desempenhe

bem sua tarefa nas melhores condições possíveis (FREITAS et al., 2014).

Diante dos resultados observados, é visto que os postos de trabalhos merecem

intervenções ergonômicas, para que se tenha maior conforto e segurança do trabalhador. De

forma geral, é importante o desenvolvimento de um plano de implementação de melhorias,

alinhado à realidade do trabalho, para que possa contribuir positivamente na gestão ergonômica.

4.2 Análise de dores e incômodos

A avaliação da sensação de dor em partes específicas do corpo é considerada uma

experiência pessoal e subjetiva, diversa tanto na qualidade quanto na intensidade. Com base

nos diagramas de áreas dolorosas, é possível traçar um perfil dos indivíduos em relação ás dores

sentidas decorrentes dos movimentos executados durante o turno de trabalho.

Page 56: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

56

Após a aplicação do Questionário Bipolar, é possível observar que as partes mais críticas

do corpo dos trabalhadores avaliados, foram as da região da cabeça (olhos, cabeça e pescoço)

e dos membros do tronco (ombro, lombar e nádega). Diante disso, serão focadas análises e

discussões acerca destas partes do corpo.

A amostra estudada apresenta que 100% dos trabalhadores sentem dor na lombar,

cabeça e pescoço; 66,6% nos olhos e 33,3% na nádega. Os indivíduos classificaram a evolução

da dor na região lombar, pescoço e cabeça na primeira hora exercida de atividade como pequena

(2) ou moderada (3), e na quarta e oitava hora trabalhada como severa (4), como pode ser

analisado na figura 20. Observa-se também que, ao decorrer das horas, ocorre a evolução

gradual da dor, isto porque, o cansaço e fadiga refletem inevitavelmente nos trabalhadores.

*Evolução da dor: (1) Ausente; (2) Pequeno; (3) Moderado; (4) Severo; (5) Insuportável.

Figura 20 - Evolução da dor durante as horas trabalhadas analisadas pelo Software Ergolândia.

Fonte: O autor.

Este estudo também identificou as regiões corporais mais frequentemente lesadas. Em

relação a este parâmetro, os profissionais indicaram que sentem dor na região lombar durante

todo o dia (5). Na cabeça, pescoço e nádega apontam que as lesões aparecem diversas vezes

por dia (4). A sensação de desconforto nos olhos ocorre pelo menos cerca 1 vez por dia (3), os

dados descritos podem ser vistos na figura 21.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Olh

os

Cab

eça

Pes

coço

Tra

péz

io

Tóra

x

Lom

bar

Om

bro

Bra

ço

Coto

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Ante

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Punho

Mão

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Coxa

Joel

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Pan

turr

illh

a

Torn

oze

lo

e ded

os

Evolu

ção d

a dor

(1 a

o 5

)*

1 Hora

4 Hora

8 Hora

Page 57: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

57

*Frequência da dor: (1) De 1 a 2 vezes por semana; (2) De 3 a 4 vezes por semana; (3) Cerca

de 1 vez por dia; (4) Muitas vezes por dia; (5) Todo o dia (dia inteiro).

Figura 21 - Frequência da dor nas regiões do corpo pelo Software Ergolândia.

Fonte: O autor.

Na literatura consultada, verificou-se que há diversos fatores que podem ocasionar a

sensação de incômodo nas regiões apontadas pelos motoristas durante o trabalho.

Uma das principais causas de afastamento temporário e permanente do trabalho no

Brasil, é a lombalgia (dor na região lombar), que atinge mais da metade dos motoristas de

caminhão, principalmente os que exercem a atividade várias horas por dia (LUNA, 2004).

Um estudo realizado por Saporiti et al. (2010), confirmou que este grupo de

profissionais apresenta sintomas de distúrbios osteomusculares bastante expressivo,

relacionados com o processo de trabalho, o que comprova os resultados da pesquisa.

A posição conduzindo um caminhão, predispõe a projeção da cabeça e pescoço para

frente e essa condição causa um estresse nos músculos. Além disso, a má postura corporal,

longas horas na direção e esforço desproporcional, podem provocar tensões posturais dos

ligamentos e acarretar desconfortos na região da cabeça.

Diversos estudos apontam que as dores esqueléticas são, particularmente comuns em

motoristas de caminhão, e a queixa de dor na coluna e membros superiores são referidas pelos

indivíduos que dirigem por tempo prolongado (LEMOS et al., 2009).

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

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Cab

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dor

(1 a

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)*

Page 58: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

58

A fadiga ocular indicada pelos profissionais, pode estar relacionada com as longas horas

dirigindo com atenção, que estimulam os indivíduos a forçar a visão, o que acaba causando

desconforto nos olhos. Conforme Quagliato et al. (2012), os motoristas de diversas categorias

sentem dores na região dos olhos ou algum tipo de irritação. Os autores ressaltam que,

portadores de doenças oftalmológicas dirigem com menos segurança e tem alto risco em

provocar acidentes.

Em relação a comodidade dos caminhoneiros, alguns veículos mais antigos podem não

garantir um ambiente favorável para que o motorista mantenha conforto durante a viagem.

Porém, o trabalhador pode adotar algumas medidas corretivas para minimizar as chances de

lesões e dores analisadas nos resultados, tais como: optar por um encosto de cabeça adequado

capaz de limitar os movimentos bruscos; apoiar toda a região das costas no assento, e realizar

pausas para descansos físicos que contribui para relaxamento.

Diante dos resultados observados, é visto que a atividade exercida pelos motoristas

profissionais propicia um quadro doloroso. Portanto, faz-se necessário adotar um programa de

prevenção, a fim de reduzir a fadiga muscular ocasionado pela atividade laboral, os riscos à

saúde e desgaste de estruturas articulares e musculares, que resultam na sintomatologia

dolorosa.

4.3 Checklist de Couto

Com a aplicação do Checklist de Couto, foi possível avaliar a postura e o ambiente de

trabalho, além do esforço estático, repetitividade, organização e ferramentas utilizadas no ciclo

de trabalho, considerando o esforço prioritário de mãos e punhos. O Checklist de Couto pode

ser observado no Apêndice C, já devidamente preenchido.

Através do resultado obteve-se a pontuação igual a 15, o que, no critério de interpretação

foi considerado como “Alto risco”. O resultado numérico expresso na metodologia de Couto,

mostrou que os profissionais analisados apresentam um fator biomecânico significativo, ou

seja, pode resultar no desenvolvimento de alguma doença ocupacional. Isto pode ser explicado

devido ás características do trabalho ao qual os motoristas de caminhões são submetidos, entre

elas:

➢ Esforço estático: Devido aos longos períodos na posição estática, os motoristas acabam

proporcionando maior sobrecarga na região dos membros superiores e pescoço. Segundo Peres

et al. (2001), a imobilidade postural constitui um fator desfavorável ao disco intervertebral, no

Page 59: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

59

qual é dependente do movimento e variação da postura. Essa categoria necessita de um

planejamento no ambiente de trabalho, que possa haver alterações posturais, com o intuito de

prevenir ou diminuir possíveis transtornos musculares.

➢ Lesões por esforços repetitivos (LER): É um distúrbio osteomuscular relacionado ao

trabalho, e está ligado a profissionais submetidos a repetição mecânica. A LER se tornou um

dos inimigos dos profissionais que passam a maior parte em seus veículos. O motorista de

caminhão realiza várias vezes por dia a troca de marchas no câmbio, e o excesso de movimentos

repetidos do membro superior direito pode ocasionar a diminuição da amplitude de movimento

e inflamações nos tendões. Com frequência, esses incômodos são agravados após longas

jornadas de trabalho.

➢ Pouca flexibilidade na postura: O motorista trabalha o dia todo sentado, repetindo os mesmos

movimentos seguidas vezes, este fato, pode trazer uma série de problemas a saúde. Não há

como alternar a execução da atividade em pé e sentado, além disso, o pouco espaço que

possuem limitam o alongamento durante a realização da atividade. Desse modo, é viável sempre

que possível, durante as paradas realizar uma breve caminhada e fazer alongamentos, em prol

de maior sensação de conforto.

➢ Descanso limitado: Durante o ciclo de atividade de um caminhoneiro, há possibilidade de

pequenas pausas durante a jornada de trabalho. Porém trabalhar interruptamente ou com poucos

momentos de folga para recuperação física e mental pode propiciar o aparecimento de

desconfortos.

Através da aplicação do Checklist observou-se que a postura forçada, alta repetitividade,

desconforto e fadiga são os principais fatores que colocam em risco o fator biomecânico do

trabalhador. Embora esses parâmetros possam causar inúmeros problemas, se ocorrer

investimentos em programas multidisciplinares de saúde, que orientem os profissionais em

hábitos saudáveis, pode reduzir de forma significativamente o surgimento de condições

patológicas.

Page 60: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

60

4.4 Antropometria

4.4.1 Avaliação antropométrica do usuário

Os dados antropométricos dos motoristas foram obtidos por intermédio das medidas

diretas do corpo do indivíduo em pé. O Índice de Massa Corporal - IMC foi determinado por

meio da razão entre a medida do peso (quilogramas) dividido pela estatura (metros) elevado ao

quadrado, conforme equação 1. Os dados antropométricos dos usuários são apresentados na

tabela 9.

IMC = Peso (kg)

Altura (m)2 (1)

Onde:

• Peso: quilogramas (kg);

• Altura: metros (m).

Tabela 9 - Levantamento antropométrico dos respondentes.

Medidas Antropométricas do Usuário A B C

Peso (kg) 85 87 87

Estatura (cm) 170 176 180

Largura mão (cm) 11 10 11

Comprimento mão (cm) 17 19 21

Comprimento pé (cm) 26,4 28 28

Força de Preensão* (kgf) 1,6 - 2 4,4 - 5,9 4,7 - 5

IMC-Índice de Massa Corporal (kg/m²) 29,41 28,08 26,85

*Força de Preensão: Esquerda (Não dominante) e Direita (Dominante).

Fonte: O autor.

Observando o índice de massa corporal dos caminhoneiros (Tabela 9), é percebido que

a média do IMC é de 28,11 kg/m². Investigando o estado nutricional dos trabalhadores é

possível perceber que os mesmos se encontram classificados na categoria Acima do Peso (entre

25 e 29,99) em comparação com os parâmetros orientados pela Organização Mundial de Saúde

(OMS), disponíveis na tabela 10, destacando o resultado em negrito.

Page 61: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

61

Tabela 10 - Classificação do IMC dos caminhoneiros.

Resultado Situação

Abaixo de 17 Muito abaixo do peso

Entre 17 e 18,49 Abaixo do peso

Entre 18,5 e 24,99 Peso normal

Entre 25 e 29,99 Acima do peso

Entre 30 e 34,99 Obesidade I

Entre 35 e 39,99 Obesidade II (Severa)

Acima de 40 Obesidade III (Mórbida)

Fonte: Organização Mundial de Saúde, 2018.

Dentre os fatores pesquisados no estudo, relacionados ao sobrepeso, destaca-se a falta

de realização de atividade física pelos motoristas. Uma análise realizada por Rocha et al. (2015)

comprova que, a forma de trabalho e a falta de informações, limitam esses profissionais em ter

uma boa condição física e aderir a prática de exercícios físicos.

4.4.2 Avaliação de dimensões da cabine

Para que um projeto de caminhão possa contemplar o correto dimensionamento e

posicionamento dos componentes do posto de operação, é necessário o auxílio da antropometria

e das medidas comandos e instrumentos. As medidas corporais auxiliam na localização dos

componentes, para que os indivíduos consigam acionar ou alcançar, com mínimo esforço,

mantendo a postura correta, em todos os comandos como o volante, pedais de freio, acelerador,

entre outros. Algumas dimensões que caracterizam os comandos do posto de trabalho estão

contidas na tabela 11.

Tabela 11 - Levantamento de dimensões dos componentes das cabines.

Medidas Antropométricas da Cabine A B C

Rebordo do volante (cm) 11,5 7 11,5

Distância entre pedais* (cm) 9 - 9 12 - 16 7 - 20

Distância pedais ao assento (cm) 52 46 44

Circunferência manopla de câmbio (cm) 15 7 19

Altura manopla de câmbio (cm) 54 45 44

*Distância entre acelerador, freio e embreagem.

Fonte: O autor.

Page 62: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

62

As dimensões que qualificam as cabines dos caminhões encontram-se normatizadas em

nível internacional. Portanto, os padrões são definidos de acordo com as medidas

antropométricas dos condutores de países estrangeiros, que a princípio, podem diferir das

medidas dos condutores de caminhões do Brasil.

Como forma de comparação dos perfis antropométricos, utilizou-se o estudo

desenvolvido por Fragoso et al. (2016), que executou o levantamento de algumas dimensões

antropométricas do perfil estrangeiro (Tabela 12).

Tabela 12 - Comparação do padrão antropométrico avaliado com o perfil estrangeiro.

Medidas

Antropométricas

Perfil

Motorista

Perfil da

população

brasileira

Perfil

Estrangeiro

A B C

Peso (kg) 85 87 87 85,9 74,9

Estatura (cm) 170 176 180 181 184

Largura mão (cm) 11 10 11 10,5 9,5

Comprimento mão (cm) 17 19 21 19 20,5

Comprimento pé (cm) 26,4 28 28 28 28,2

Fonte: O autor.

Os resultados da tabela 12, mostram que há algumas diferenças entre o biótipo geral dos

trabalhadores com o perfil estrangeiro, principalmente em relação aos membros superiores. Este

fato, pode proporcionar um ambiente de trabalho inadequado para o motorista de caminhão

brasileiro, visto que, os caminhões utilizados no estudo são originários de fabricantes com sede

na Suécia e Alemanha.

O brasileiro apresenta estatura menor que os estrangeiros, isto pode interferir na altura

do assento em relação a plataforma de operação. Visto que, se a altura não for regulável,

ocorrerá maior dificuldade em manter sempre os pés apoiados, ou acionar os controles pelos

pés. Além disso, parâmetros como a distância entre pedais, altura da manopla de câmbio,

distância entre pedais e assento, podem ter sido dimensionados levando em consideração o

padrão antropométrico característico da população de usuários da região do fabricante.

No Brasil, ainda são escassos os estudos que visem determinar o padrão antropométrico

de caminhoneiros brasileiros. Sendo assim, há necessidade de modificações nos projetos de

caminhões, levando em consideração a necessidade de ajustamento dos postos de trabalhos da

população usuária.

Page 63: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

63

4.5 Análise do Ruído Ocupacional

A tabela 13, apresenta a situação quanto ao nível de exposição ao ruído do motorista

profissional quando em seu respectivo posto de trabalho em diferentes condições, sendo as

leituras realizadas na condição de veículo em movimento.

Tabela 13 - Medições do ruído no ambiente de trabalho.

Ruído Ocupacional (dB) A B C

Condição I: Vidro Aberto

85,0 88,3 71,1

82,4 89,4 72,9

81,4 86,8 72,4

83,7 88,2 73,0

Média 83,13 88,18 72,35

Condição II: Vidro Fechado

79,1 83,3 66,8

75,2 84,9 67,4

80,7 85,4 68,5

77,9 83,8 68,8

Média 78,23 84,35 67,88

Fonte: O autor.

A Norma Regulamentadora 17 prevê no subitem 17.5.2.1 que para as atividades que

exijam solicitação intelectual e atenção constante, o nível de ruído adequado para efeito de

conforto é de até 65 dB. Ao comparar os valores nas distintas condições com a NR 17, foi

observado que nenhuma situação está no nível de conforto acústico. O mais próximo da

especificação aceitável é o caminhão C na condição de vidro fechado.

A NR 15 (Anexo B) assegura que atividades acima do limite de tolerância previstos na

NR 17, mas até 85 dB, não causam perturbação ou danos à saúde do trabalhador. Neste

contexto, o caminhão B se encontra próximo/acima do valor de 85 dB, limite tolerável até 8

horas de trabalho. Se o motorista trabalhasse continuamente 8 horas, sem a ocorrência de pausas

durante o ciclo, este nível de ruído poderia causar lesão ao ouvido, podendo acarretar em

prejuízo da função auditiva.

Acima de 80 dB considera-se o nível de ação, ou seja, 50% da dose de ruído máximo

permitido para exposição à 8 horas de trabalho/diária. Sendo assim, as medições que estão

acima de 80 dB (Tabela 13), devem ser minimizadas com ações preventivas a fim de reduzir a

probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição.

Page 64: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

64

4.6 Análise da Temperatura

Como forma de comparação das condições de conforto interno nas cabines, foi necessário

identificar as temperaturas externas no dia das coletas. Esses dados foram fornecidos pelo

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia, por intermédio de estações automáticas alocadas

na região. A tabela 14, apresenta a situação do posto de trabalho quanto ao índice de temperatura

interna nos caminhões (dado mensurado na pesquisa) e estimativa da temperatura externa (dado

fornecido).

Tabela 14 - Medições da temperatura no posto de trabalho.

Temperatura (°C) A B C

Temperatura Interna

26,2 28,5 30,0

27,0 28,1 30,0

28,0 28,5 29,8

28,5 28,7 30,1

Média 27,4 28,5 29,9

Temperatura Externa 16,4 19,3 21,4

Fonte: O autor.

A norma regulamentadora correspondente à Ergonomia (NR 17), recomenda para

atividades que merecem atenção constante um índice de temperatura efetiva entre 20°C a 23°C.

Com relação a determinação de condições de conforto, nota-se que, nenhuma das situações de

temperatura interna nas cabines, atendeu a norma (Tabela 14). Somente o caminhão C contém

um sistema de ar condicionado, possibilitando que a temperatura permaneça ajustada de forma

a proporcionar maior conforto.

A NR 15, trata das atividades e operações insalubres e considera a exposição ao calor

como agente potencialmente insalubre, destacando em Quadro que compõe o corpo na referida

norma (Anexo C) e trata dos limites de tolerância para exposição ao calor.

Para atividade leve e com regime de trabalho contínuo como dos motoristas

profissionais, o ambiente poderá atingir até 30°C, sendo que, ao ultrapassar esse valor, o âmbito

é considerado insalubre. De modo geral, nenhuma temperatura ultrapassou a margem de 30°C,

neste contexto, as temperaturas coletadas nos postos de trabalho, não são impostas em situações

insalubres.

Page 65: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

65

Percebe-se também que, em comparação com a temperatura externa ocorreu um

acréscimo significativo em relação as temperaturas mensuradas dentro da cabine. Segundo

Guimarães et al. (2014), em ambientes de temperatura elevada ocorre redução na velocidade

das reações e diminuição da agilidade mental, o que aumenta a possibilidade de acidentes, além

de afetar significativamente o rendimento da operação.

4.7 Análise da Iluminação na Cabine

Os resultados da coleta de iluminação no interior das cabines em diferentes planos são

demonstrados conforme a tabela 15. As medições de iluminância foram realizadas em distintos

horários ás 10, 12 e 16 horas, em condições de tempo ensolarado.

Tabela 15 - Medições da iluminância no posto de trabalho.

Iluminação (Lux) A B C

Plano Frontal

800 755 338

701 790 378

762 791 390

Média 754,3 778,7 368,6

Plano Lateral

730 988 714

652 994 710

762 984 721

Média 714,7 988,7 715,0

Fonte: O autor.

Não há nenhuma norma específica para iluminação interna de caminhões, sendo

necessária a adequação apropriada à natureza da atividade. A NR 17 exige que os postos de

trabalho tenham iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade

laboral.

Os níveis mínimos de iluminamento a serem considerados nos locais de trabalho são

valores de iluminância estabelecidos pela NBR 5413 - Iluminância de interiores. Porém, esta

norma também não indica a avaliação ergonômica em relação a iluminação em cabines de

caminhões.

Como forma de investigação, o ambiente de trabalho no caminhão será ajustado na NBR

5413 na classe “A” como “Iluminação geral para áreas usadas interruptamente com tarefas

visuais simples”, com nível de iluminamento recomendado na faixa de 300 a 500 lux. Andrade

Page 66: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

66

(2017), também considerou para avaliação da iluminação em cabine de tratores agrícolas o

mesmo parâmetro de iluminamento.

Analisando os valores encontrados, percebe-se que, os resultados estão acima dos

parâmetros recomendados pela norma. Somente o caminhão C no plano frontal, se encontra na

categoria estabelecida, isto porque, contém película protetora que inibiu a entrada de raios

solares no plano de trabalho. Os demais caminhões não interagem de nenhum dispositivo de

proteção.

Durante o dia os motoristas de caminhões trabalham com a iluminação solar natural, no

qual pode dificultar as condições de trabalho com o ofuscamento da visão. O caminhão possui

nível de iluminação máximo, provenientes das janelas e para-brisa, e pode não apresentar

nenhuma proteção que acaba ocasionando o excesso de luz.

A falta de uma norma que especifique a iluminação no interior da cabine de caminhões,

merece estudo nessa área, para que possa ocorrer a melhoria de controle de iluminação, a fim

de evitar acidentes ao longo da jornada de trabalho e futuros problemas de visão do condutor.

Page 67: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

67

5 CONCLUSÕES

Nas condições em que este estudo foi realizado, é possível concluir que:

➢ A avalição ergonômica através do método RULA, apresentou nível 3, resultando em

mudanças na postura dos motoristas. Os postos de trabalhos merecem intervenções

ergonômicas em relação ao painel de instrumentação, conforto e ajuste do assento para que se

tenha maior comodidade e segurança do trabalhador.

➢ A atividade exercida pelos motoristas profissionais propicia um quadro doloroso com

dores no pescoço, lombar, e nádegas, pois é realizado na posição sentada durante a jornada de

trabalho. A postura forçada, alta repetitividade, desconforto e fadiga são os principais fatores

que colocam em risco o fator biomecânico do trabalhador.

➢ Os níveis de ruído estão acima de 60 dB, portanto não apresentam um conforto

acústico, segundo as condições impostas pela NR 17. Em relação ao índice de temperatura

efetiva, nenhuma das situações impostas no interior das cabines apresenta condições de

conforto térmico normatizado pela NR 17.

➢ Os valores de iluminação mostram-se bastante deficiente devida à falta de uma norma

especifica para o interior da cabine de caminhões. Porém, em relação a adaptação da norma

NBR 5413 para esta situação, os níveis de iluminamento estão acima do estabelecido, podendo

gerar futuros problemas de visão do condutor.

➢ Através dos dados antropométricos é visto que há algumas diferenças entre o biótipo

geral dos trabalhadores avaliados com o perfil antropométrico levado em consideração na

fabricação dos veículos, podendo propiciar um ambiente de trabalho inadequado para o

motorista brasileiro que conduz caminhão.

Page 68: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

68

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As avaliações abordadas no estudo são extremamente importantes, a passo que as ações

em saúde e segurança para este público são raras, isoladas e ainda são tímidas no meio

acadêmico e científico.

A literatura carece de definições metodológicas e resultados significativos em relação

aos motoristas desta categoria, especialmente ao considerarmos como atores principais na

logística do agronegócio do país.

Espera-se que este estudo, conjuntamente com outros, possa propiciar importantes

debates, e que ações especificas sejam realizadas no que diz a respeito à saúde física e mental

desses protagonistas do segmento de transporte de cargas.

Os caminhoneiros necessitam de políticas públicas como orientações de saúde,

segurança e ergonomia quanto à postura adequada, pausas para descanso e necessidade de

hábitos saudáveis de vida. Com essas adaptações será possível ajustar e melhorar as condições

laborais e físicas a essa classe de trabalhadores.

É desejo que os resultados identificados pelo presente trabalho possam ser difundidos

entre os caminhoneiros que atuam no segmento rural ou agroindustrial em produção com

linguagem adaptada, impressa em folder ou cartilha.

6.1 Recomendações para trabalhos futuros

➢ Implantar um programa de ginástica laboral para os motoristas, visando combater as

dores no pescoço, coluna e desconforto lombar.

➢ Difundir as boas práticas para a realização da manutenção periódica dos caminhões,

tendo em vista, condições adequadas no interior da cabine.

➢ Adaptar os projetos dos caminhões, que são fabricados em nível internacional, para

a população usuária.

➢ Desenvolver uma Norma Regulamentadora (NR) específica para o setor.

➢ Avaliar a exposição dos trabalhadores à vibração gerada pelo veículo.

➢ Efetuar trabalhos sobre comunicação em pictogramas do painel de caminhões.

➢ Elaborar propostas de promoção da saúde dos caminhoneiros e de atividades que

visem ao diagnóstico e à prevenção de doenças.

Page 69: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

69

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Page 78: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

78

APÊNDICE

Page 79: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

79

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Convidamos o Sr.(o) para participar da Pesquisa sobre as Condições ergonômicas e

ambientais em postos de trabalho de motoristas de caminhões utilizados no meio rural e

agroindustrial. A pesquisa é de responsabilidade de Lissara Polano Ody e versa sobre as

principais condições ergonômicas, ambientais e de segurança dos caminhoneiros em

localidades rurais. As avaliações de campo compõem o Projeto de Trabalho de Conclusão de

Curso submetido ao Curso de Engenharia Agrícola IFFAR/UNIPAMPA. Você será

esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar, sendo livre para recusar-se a

participar. Sendo de participação voluntária, a sua identidade no questionário será mantida em

sigilo.

Os contatos disponibilizados são:

Lissara Polano Ody - Tel: 55 00000-0000

Alex Leal de Oliveira - Tel: 55 00000-0000

CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO

Eu, ___________________________________________________________, fui informado

dos objetivos da pesquisa acima declarada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer

momento posso solicitar novas informações e modificar minha decisão, se assim desejar. O

pesquisador certificou-me de que minha identidade será preservada e me deu oportunidade de

ler o TCLE e sanar minhas dúvidas.

Declaro que concordo em participar do estudo.

_______________________________________

Assinatura do Participante

________________________________________

Assinatura do Pesquisador

LOCAL / DATA

Page 80: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

80

APÊNDICE B - Questionário para levantamento de dados do motorista

Pesquisa: Condições de saúde e segurança dos caminhoneiros em localidades rurais

Prezado Sr.,

Obrigado pela sua disponibilidade. Completar este breve questionário vai nos ajudar a obter resultados sobre as “Condições ergonômicas

e ambientais em postos de trabalho de motoristas de caminhões utilizados no meio rural e agroindustrial”. As avaliações de campo

compõem o Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Curso de Engenharia Agrícola IFFAR/UNIPAMPA.

Dados do motorista de caminhão

Nome: ___________________ Tempo de profissão: ___________________ Atividade: _________________________________

Faixa etária: ⃝ 15 ou menos ⃝ 16-25 ⃝ 26-44 ⃝ 45-60 ⃝ 60 ou mais Sexo: ⃝ Feminino ⃝ Masculino

❶ Possui plano de saúde?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, qual (is)? ___________________________________

❷ Como considerada o estado geral da sua saúde?

⃝ Ótimo

⃝ Bom

⃝ Regular

⃝ Ruim

⃝ Péssimo

❸ Em que situação você procura por um serviço de saúde?

⃝ Situações de urgência ou emergência

⃝ Imunização

⃝ Consulta médica

⃝ Insistência da família

❹ Pratica alguma atividade física ou alongamento durante a

jornada de trabalho?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, qual (is)? ___________________________________

❺ Possui algum vício como tabagismo, uso de álcool ou de

substâncias psicoativas?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, qual (is)? ___________________________________

❻ Interage de alguma doença crônica como Diabetes,

Hipertensão Arterial, Colesterol, Problema de articulação, entre

outras?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, qual (is)? ___________________________________

❼ Faz uso de medicamentos?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, qual (is)? ___________________________________

❽ Já sofreu algum acidente de trabalho?

⃝ Sim

⃝ Não

⃝ Se “sim”, comente: ____________________________________

❾ Como classifica seu sono?

⃝ Ótimo

⃝ Bom

⃝ Regular

⃝ Ruim

⃝ Péssimo

❿ Como considera sua disposição para o trabalho?

⃝ Ótima

⃝ Boa

⃝ Satisfatória

⃝ Ruim

⃝ Péssima

⓫ Você dorme aproximadamente quantas horas por dia?

⃝ Menos de 4 horas

⃝ De 4 a 5 horas

⃝ De 7 a 8 horas

⃝ De 9 a 10 horas

⃝ Mais de 10 horas

⓬ Você utilizada quantas horas por dia para concluir sua

jornada de trabalho?

⃝ De 2 a 6 horas

⃝ De 7 a 11 horas

⃝ De 12 a 16 horas

⃝ Mais de 16 horas

⓭ Quantas pausas para descanso você executa no decorrer do

trabalho?

⃝ Pelo menos 1 parada

⃝ De 2 a 4 paradas

⃝ De 4 a 6 paradas

⃝ Mais de 6 paradas

⓮ Sofre de algum estresse durante o dia?

⃝ Nunca

⃝ Ás vezes

⃝ Sim, um pouco

⃝ Sim, sempre

⓯ Qual (is) dos sintomas abaixo você considera relacionados a

atividade de caminhoneiro?

⃝ Sonolência

⃝ Fadiga

⃝ Irritabilidade

⃝ Solidão

⃝ Outros, cite: ________________________________________

Page 81: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

81

APÊNDICE C - Checklist de Couto

1. SOBRECARGA FÍSICA

1.1 Há contato de mão ou punho ou tecidos moles com alguma quina viva de

objetos ou ferramentas?

Não

(0)

Sim

(1)

1.2 O trabalho exige uso de ferramentas vibratórias? Não

(0)

Sim

(1)

1.3 O trabalho é feito em condições ambientais de frio excessivo? Não

(0)

Sim

(1)

1.4 Há necessidade do uso de luvas e, em consequência disso, o trabalhador

tem que fazer mais força?

Não

(0)

Sim

(1)

1.5 O trabalhador tem que movimentar peso acima de 300 g, como rotina em

sua atividade?

Não

(0)

Sim

(1)

2. FORÇA COM AS MÃOS

2.1 Aparentemente as mãos tem que fazer muita força? Não

(0)

Sim

(1)

2.2 A posição de pinça (pulpar, lateral ou palmar) é utilizada para fazer força? Não

(0)

Sim

(1)

2.3 Quando usados para apertar botões, teclas ou componentes, para montar

ou inserir, ou para exercer compressão digital a força compressão exercida

pelos dedos ou pela mão é de alta intensidade?

Não

(0)

Sim

(1)

2.4 O esforço manual detectado é feito durante mais que 49% do ciclo ou

repetido mais que 8 vezes por minuto?

Não

(0)

Sim

(1)

3. POSTURA NO TRABALHO

3.1 Há algum esforço estático da mão ou do antebraço como rotina na

realização do trabalho?

Não

(0)

Sim

(1)

3.2 Há algum esforço estático do ombro, do braço ou do pescoço como rotina

na realização do trabalho?

Não

(0)

Sim

(1)

3.3 Há extensão ou flexão forçada do punho como rotina na execução da

tarefa?

Não

(0)

Sim

(1)

3.4 Há desvio ulnar ou radial forçado do punho como rotina na execução da

tarefa?

Não

(0)

Sim

(1)

3.5 Há abdução do braço acima de 45 graus ou elevação dos braços acima do

nível dos ombros como rotina na execução da tarefa?

Não

(0)

Sim

(1)

3.6 Há outras posturas forçadas dos membros superiores? Não

(0)

Sim

(1)

3.7 O trabalhador tem flexibilidade na sua postura durante a jornada? Não

(1)

Sim

(0)

4. POSTO DE TRABALHO E ESFORÇO ESTÁTICO

4.1 A atividade é de alta precisão de movimentos? Ou existe alguma contração

muscular para estabilizar uma parte do corpo enquanto outra parte executa o

trabalho?

Não

(0)

Sim

(1)

4.2 A altura do posto de trabalho é regulável? Não

(1)

Sim

(0)

Page 82: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

82

5. REPETITIVIDADE E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

5.1 Existe algum tipo de movimento que é repetido por mais de 3.000 vezes

no turno? Ou o ciclo é menor que 30 segundos sem pausa curtíssima de 15%

ou mais do mesmo?

Não

(0)

Sim

(1)

5.2 No caso de ciclo maior que 30 segundos, há diferente padrões de

movimentos (de forma que nenhum elemento da tarefa ocupe mais que 50%

do ciclo)?

Não

(1)

Sim

(0)

5.3 Há rodízio (revezamento) nas tarefas, com alternância de grupamentos

musculares?

Não

(1)

Sim

(0)

5.4 Percebe-se sinais de estar o trabalhador com o tempo apertado para

realizar sua tarefa?

Não

(0)

Sim

(1)

5.5 Entre um ciclo ou outro há a possibilidade de um pequeno descanso? Ou

há pausa bem definida de aproximadamente 5 a 10 minutos por hora?

Não

(1)

Sim

(0)

6. FERRAMENTAS DE TRABALHO

6.1 Para esforços em preensão: O diâmetro da manopla de ferramenta tem

entre 20 a 25 mm (mulheres) ou entre 25 a 35 mm (homens)? Para esforços

em pinça: O cabo não é muito fino nem muito grosso e permite boa

estabilidade da pega?

Não

(1)

Sim

(0)

6.2 A ferramenta pesa menos de 1 kg ou, no caso de pesar mais de 1 kg,

encontra-se suspensa por dispositivo capaz de reduzir o esforço humano?

Não

(0)

Sim

(1)

Quadro 1 - Checklist de Couto.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

Page 83: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

83

ANEXO

Page 84: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

84

ANEXO A - Questionário Bipolar

QUESTIONÁRIO BIPOLAR

Região Parte do Corpo Frequência Lado Evolução (hora)

Esquerdo Direito 1a (hr) 4a (hr) 8a (hr)

d e b Olhos

c Cabeça

0 Pescoço

1 Trapézio

5 Tórax

7 e 8 Lombar

2 e 3 Ombro

4 e 6 Braço

10 e 11 Cotovelo

12 e 13 Antebraço

14 e 15 Punho

16 e 17 Mãos e dedos

9 Nádega

18 e 19 Coxa

20 e 21 Joelho

22 e 23 Panturrilha

24 e 25 Tornozelo

26 e 27 Pés e dedos

Evolução Frequência

1 Ausente 1 De 1 a 2 vezes por semana

2 Pequeno 2 De 3 a 4 vezes por semana

3 Moderado 3 Cerca de 1 vez por dia

4 Severo 4 Muitas vezes por dia

5 Insuportável 5 Todo o dia (dia inteiro)

Quadro 2 - Questionário Bipolar.

Fonte: ERGOLÂNDIA, 2018.

Page 85: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS E AMBIENTAIS …

85

ANEXO B - Norma Regulamentadora 15

Atividades e Operações Insalubres (ANEXO 1)

Limites de Tolerância para ruído Contínuo ou Intermitente

Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

88 5 horas

89 4 horas e 30 minutos

90 4 horas

91 3 horas e 30 minutos

92 3 horas

93 2 horas e 40 minutos

94 2 horas e 15 minutos

95 2 horas

96 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 15 minutos

100 1 hora

102 45 minutos

104 35 minutos

105 30 minutos

106 25 minutos

108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos

114 8 minutos

115 7 minutos

Quadro 3 - Norma Regulamentadora 15.

Fonte: NR 15 (anexo I), 1990.

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86

ANEXO C - Norma Regulamentadora 15

Atividades e Operações Insalubres (Anexo 3)

Limites de tolerância para exposição ao calor

REGIME DE TRABALHO

INTERMITENTE COM DESCANSO

NO PRÓPRIO LOCAL DE

TRABALHO (por hora)

LEVE

MODERADA

PESADA

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

45 minutos trabalho 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

15 minutos descanso

30 minutos trabalho 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9

30 minutos descanso

15 minutos trabalho 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

45 minutos descanso

Não é permitido o trabalho, sem a adoção

de medidas adequadas de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

Quadro 4 - Norma Regulamentadora 15.

Fonte: NR 15 (anexo 3), 1990.