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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Luciana Regina de Oliveira Análise acústica comparativa das vogais orais entre respiradores orais e nasais Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem São Paulo 2011

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP

Luciana Regina de Oliveira

Análise acústica comparativa das vogais orais entre

respiradores orais e nasais

Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

São Paulo 2011

Luciana Regina de Oliveira

Análise acústica comparativa das vogais orais entre respiradores orais e nasais

MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem sob a orientação da Profa. Doutora Zuleica Camargo.

São Paulo 2011

ii

Banca Examinadora

-------------------------------------------------

------------------------------------------------- -------------------------------------------------

Data: _____/_____/_____

iii

AUTORIZAÇÃO Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Luciana Regina de Oliveira _________________________________ São Paulo, de de 2011.

iv

Dedico este trabalho À minha família, meu maior tesouro.

Meu marido, meus filhos, meus pais, meus irmãos e meu sobrinho Bruno.

Às minhas mestres Irene Marchesan e Zuleica Camargo, pessoas especiais que marcaram minha vida profissional e pessoal.

v

Agradecimentos

À minha orientadora Profa Dra Zuleica Camargo, hoje amiga, pela confiança e tão

carinhosa acolhida, pelo exemplo de profissional que é, por me fazer apaixonar por esta

ciência tão nova para mim, que é a fonética acústico-articulatória. Sua enorme bagagem

científica foi fundamental para minha formação acadêmica. Sempre presente, alegre,

paciente, com sábias palavras e disponível para as orientações e ensinamentos. Tenho

por você grande admiração. É com emoção que digo: “Querida Zuleica, MUITO

OBRIGADA por tudo”.

À Profa Dra Irene Queiroz Marchesan, minha mestre e minha amiga que nestes últimos

dez anos de convivência me fez crescer imensamente, incentivando-me a superar tantos

limites. Exemplo de determinação para seguir sempre em frente em busca de novas

conquistas. Obrigada pelas sugestões e valiosas contribuições no exame de qualificação e

por participar da banca examinadora. Obrigada por sua disponibilidade e, principalmente,

por ser uma pessoa tão especial, que tem seu próprio brilho, mas que faz com que todos

ao seu redor brilhem também. Sem dúvida, minha eterna gratidão.

À Profa Dra Sandra Madureira, meiga e amorosa, agradeço por suas aulas e

ensinamentos. Admiro sua paixão e extrema dedicação em tudo o que faz. Você

transmite imensa satisfação ao ensinar. Foi uma honra ser sua aluna. Obrigada pelo

auxílio e discussão deste trabalho nas diversas etapas.

Ao Dr Emilio Ciccone e Dra Cândida do Hospital Municipal Menino Jesus, Centro de

Atendimento ao Respirador Oral (CARO) que, ao abrirem as portas para mim, permitiram

que esta pesquisa fosse desenvolvida.

Às crianças e seus pais que aceitaram participar desta pesquisa.

vi

À Fabiana Gregio, que desde nosso primeiro trabalho para o congresso tinha certeza de

que nos tornaríamos grandes amigas. Por você tenho profunda admiração. Obrigada

pelas contribuições tão valiosas na banca de qualificação, obrigada pelas revisões dos

textos.

À minha amiga Lílian Kuhn, por ter passado um dia inteiro me ajudando a extrair as

medidas para a banca de qualificação. Pela disponibilidade na correção dos meus textos.

Pela revisão das referências bibliográficas e por sua doce amizade.

À Maria Augusta, pelas mensagens de incentivo profissional e pessoal, pela presença na

qualificação, pelos atendimentos dos meus pacientes, pela revisão das referências

bibliográficas, pelos risos e choros, enfim por sua amizade.

À Aline, pelos artigos enviados, pela disponibilidade em cooperar, pela atenção e carinho.

À Fabiana Bonfim, pelo carinho com que me recebeu no grupo desde o início, pelo auxílio

durante as aulas e durante a realização deste trabalho.

À Renata pela parceria nas disciplinas complementares, pelas conversas nas caronas de

volta para casa.

À Alice pela revisão do inglês.

Aos meus colegas do grupo LIAAC, em especial a, Roberta, Andréa Sacco, Cris, Vanessa,

agradeço o carinho e apoio.

À querida Fátima Albuquerque, pelo seu carinho e por estar sempre disposta a ajudar e por torcer pelas conquistas do grupo. Ao Prof Dr. Joaquim Llisterri, da Universidade de Barcelona, pelas preciosas sugestões e contribuições a minha pesquisa. À Profª Yara Castro, pelas análises estatísticas.

vii

À minha querida amiga Malu, obrigada por assumir muitas das minhas tarefas no Instituto

CEFAC, por torcer e incentivar tanto, por chorar e rir comigo, por aguentar meu mau

humor. É amiga, nesta história toda sobrou muita coisa para você. Obrigada de coração

por tudo.

Às amigas Márcia Toledo e Rina Lamboglia, pelo imenso carinho, pela torcida a favor e

apoio constantes.

À querida Nívea, pela torcida, pelos conselhos, pelo carinho, por estar sempre muito

presente.

À Marilene e Gorete, agradeço todo carinho e apoio.

Ao meu amado filho Guilherme, que no auge de sua adolescência soube compreender também minha ansiedade, angustia e meus questionamentos. Obrigada pelo seu imenso carinho. Ao meu amado filho Henrique, obrigada pelo carinho e por seus muitos beijos surpresas toda vez que ia ao meu encontro no meu canto de estudos. Ao Mário, meu grande amigo e companheiro que me apoiou tanto. Meu amor por você só cresce imensamente.

Aos meus pais, Luiz Alfredo e Maria Rita, exemplos de determinação e conquistas, que

sempre orientaram seus três filhos da melhor forma possível, sempre fizeram e continuam

a fazer o melhor por nós. Obrigada pela pessoa que nos tornamos hoje. Vocês sempre

acreditaram e incentivaram nossos sonhos e planos. Amo vocês.

Aos meus queridos irmãos Luís Ricardo e Lílian, por compartilharem das minhas aflições,

desafios e conquistas, por estarem sempre por perto.

Aos Amigos, por compreenderem minha ausência, pelo carinho e torcida.

Ao Instituto CEFAC e a todos que lá trabalham, obrigada por tudo.

viii

Ao CNPq, pelo apoio financeiro a esta pesquisa.

A Deus, por todas as oportunidades que foram colocadas em minha vida.

Quem disse que seria fácil? Mas depois de tudo isso não tem como não ficar fascinada por este mundo

da fonética acústico-articulatória.

ix

Sumário

Dedicatória .........................................................................................................

iv

Agradecimentos .................................................................................................

v

Listas ..................................................................................................................

x

Resumo ..............................................................................................................

Abstract..............................................................................................................

xiv

xv

1. INTRODUÇÃO................................................................................................

1

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................

5

2.1.Classificação articulatória das vogais orais do português brasileiro.............

5

2.2.Teoria acústica da produção da fala: o modelo fonte-filtro para produção das vogais ..........................................................................................................

7

3. REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................

13

4. MÉTODOS......................................................................................................

18

5. RESULTADOS................................................................................................

35

6. DISCUSSÃO...................................................................................................

50

7. CONCLUSÃO.................................................................................................

56

8. ANEXOS.........................................................................................................

57

9. REFERÊNCIAS..............................................................................................

63

Bibliografia Consultada

x

Lista de Figuras

Figura 1 - Trapézio vocálico............................................................................................

7

Figura 2 - Aparelho fonador e trapézio vocálico............................................................

7

Figura 3 - Ilustração dos achados anatômicos e musculares mais frequentes no respirador oral.................................................................................................

14

Figura 4 - Forma da onda e espectrograma em janelamento de banda larga..............

29

Figura 5 - Forma da onda e espectrograma em janelamento de banda larga: seleção de um ponto estacionário................................................................

29

Figura 6 - Identificação da trajetória dos formantes no espectrograma de banda larga da vogal [a] em posição tônica de falante RO.....................................

30

Figura 7 - Forma da onda e espectrograma de banda estreita da vogal [a] de falante RO.................................................................................................

30

Figura 8 - Forma da onda e espectrograma de banda larga: extração do espectro a partir da opção view spectral slice................................................................

31

Figura 9 - Geração do espectro FFT a partir do espectrograma de banda estreita e inspeção do traçado da vogal [a] de falante RO.................................... .....

31

Figura 10 - Configuração da marcação automática de formantes: considerar o número de formantes previsto para o intervalo de frequências conforme valores de frequência fundamental (população masculina, feminina ou infantil) .........................................................................................................

32

Figura 11 - Inspeção do traçado do espectro de LPC suavizado sobreposto ao traçado do espectro FFT.................................... .........................................

32

Figura 12 - Ilustração da extração de medidas de frequência (F1 em Hz- sinalizado em azul) e de intensidade (I1 em dB- sinalizado em verde) dos formantes da vogal [a] de falante RO.................................... .......................................

33

Figura 13 - Distribuição das medidas de F1 e F2 das vogais orais do PB dos falantes RO (respiradores orais)..................................................................................

40

Figura 14 - Distribuição das medidas de F1 e F2 das vogais orais do PB dos falantes RN.(respiradores nasais)..................................................................................

41

xi

Figura 15 - Médias de medidas de F1 e F2 para as vogais orais do PB dos falantes RO e RN......................................................................................................

41

Figura 16 - Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes (I1, I2, I3) das vogais orais produzidas por falantes dos grupos RO..............

43

Figura 17 - Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes (I1, I2, I3) para as vogais orais produzidas por falantes dos grupos RN......

43

Figura 18 - Distribuição das medidas bandas de formantes (Hz) das 07 vogais orais do PB do grupo RO........................... ............................................................

44

Figura 19 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) para as vogais orais do PB dos falantes RO e RN de 7 a 10 anos.................................................................

45

Figura 20 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO e RN de 10 anos e 01 mês a 12 anos ....................................

46

Figura 21 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO de 7 a 10 anos e RO de 10 anos e 01 mês a 12 anos ...........

47

Figura 22 - Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RN de 7 a 10 anos e RN de 10 anos e 1 mês a 12 anos..............

48

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência

(F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [a] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................

35

Tabela 2 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [ɛ] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)........................................

36

Tabela 3 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [e] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................

36

Tabela 4 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2 e F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [i] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................

37

Tabela 5 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [o] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................

37

Tabela 6 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [ɔ] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)..........................................

38

Tabela 7 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [u] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................

38

Tabela 8- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) dos três primeiros formantes F1, F2 e F3 das 7 vogais orais do PB dos falantes dos grupos RO e RN

39

Tabela 9- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da intensidade (I1,I2,I3 em dB) dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal).................................................................................................................

42

Tabela 10- Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da banda do primeiro formante B1 dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)..................................................................................................................

44

xiii

Lista de Quadros

Quadro 1- Características dos sujeitos com Respiração Oral (RO) baseadas no

Protocolo MBGR.............................................................................................

21

Quadro 2- Características dos sujeitos com Respiração Nasal (RN) baseadas no Protocolo MBGR........................................................................................

22

Quadro 3- Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados no grupo RO ..................................................................................................

26

Quadro 4- Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados no grupo RN ..................................................................................................

27

xiv

Resumo

Introdução: a ocorrência de respiração oral (RO) interfere negativamente no

posicionamento da língua, podendo causar alterações persistentes de fala, mastigação e deglutição por várias etapas da vida. Estudos mostram que o instrumental acústico propicia a condição de inferir o posicionamento do dorso da língua durante a produção de fala, o que poderia auxiliar os processos diagnóstico e terapêutico da RO. Objetivo:

apresentar dados acústicos comparativos do padrão de formantes (frequência, intensidade dos três primeiros formantes – F1, F2 e F3 e banda do primeiro formante) das vogais orais do português brasileiro (PB) de amostras de fala de indivíduos com diagnóstico de respiração oral (RO), em comparação a indivíduos sem alterações respiratórias (RN). Metodologia: 8 falantes com respiração oral e 8 sem alterações respiratórias com idades entre 07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos foram submetidos à sessão de gravação de amostras de fala contendo trechos de fala semi-espontânea e sentenças-veículo com as sete vogais orais do PB inseridas. As gravações foram analisadas por meio do software de livre acesso Praat, para extração de medidas acústicas referentes à freqüência, intensidade e banda de formantes. As medidas acústicas foram submetidas à análise estatística por meio do teste T. Resultados: A caracterização do padrão formântico das vogais orais do grupo RO em relação ao RN revelou diferenças estatísticas em termos dos parâmetros de frequência e intensidade. No caso da frequência, F1 revelou-se rebaixado nas vogais abertas e semi abertas do grupo RO, enquanto F2 revelou-se rebaixado nas vogais anteriores do grupo RO. Tais dados sugerem diminuição da movimentação de língua (no eixo da altura e do deslocamento ântero-posterior) e da abertura da mandíbula. Quando foram comparadas as subfaixas etárias (07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos) para cada um dos grupos (RO e RN) detectou-se aumento de todas as freqüências formânticas (F1, F2 e F3) na primeira subfaixa etária, revelando que houve ampliação da extensão total do trato vocal na etapa seguinte, provavelmente pelo processo de crescimento craniofacial e laríngeo. As medidas de intensidades formânticas (I1, I2 e I3) apresentaram-se aumentadas no grupo RO em relação ao RN. Tal achado foi relacionado a efeitos de ajustes de tensão laríngea (hiperfunção) e de modificações na dimensão da cavidade oral consequentes ao quadro de respiração oral, tais como palato duro alto e estreitado. Conclusão: os falantes respiradores orais apresentaram alterações na estrutura formântica das vogais orais do PB, em comparação aos dados de falantes sem alteração da respiração, com destaque para as medidas de freqüência (F1, F2 e F3) e de intensidade (I1, I2 e I3). Palavras-chave: Respiração; Acústica da Fala; Fonética; Medida da Produção da Fala

xv

Abstract

Introduction: oral breathing (RO) can influence tongue movements patterns and this can

cause persistent alterations in speech, chewing and swallowing throughout life. Studies show that the use of acoustic analysis allows us to infer tongue position during the production of speech. This can be helpful in the processes of diagnosis and speech therapy. Objectives: to present acoustic data of the formant patterns (frequency and

intensity of the first three formants – F1, F2 and F3, and the bandwidth of the first formant – F1) of Brazilian Portuguese (PB) oral vowels as produced by individuals diagnosed with mouth breathing (RO) and individuals presenting no respiratory alterations (RN). Methodology: the corpus consisted of words, inserted in carrier sentences, containing all

of the seven oral vowels in stressed position and semi-spontaneous speech. It was recorded by two groups of subjects (RO and RN). These two groups were further divided into two age groups (7-10 years and 10 years and one month to 12 years). Results: statistical differences between RO’s and RN’s vowel formants (frequency and intensity) have been found. The comparison between the vowel formant structures revealed that the F1 frequencies of the open vowels produced by the RO group were lower than those produced by the RN group, but the F2 frequencies were found to be lower in anterior vowels. These data can be interpreted as related to diminished tongue movement and jaw openness. The comparison among age groups (7 years -10 years and 10 years and 1 month – 12 years) within RO and RN groups showed that all formant frequencies (F1, F2 and F3) of the vowels produced by the 7 -10 age group were higher than the older group. This finding can be interpreted as correlated to laryngeal and craniofacial growth. The intensity values of the vowels produced by the RO group were found to be higher than the ones produced by the RN group. This finding can to be correlated with the higher degrees of laryngeal tension (hyperfunction) which characterized RO’s voice qualities and characteristics of oral cavity size due to high and narrowed palate area. Conclusion:

comparison between the formant structures of the vowels produced by the RO and the RN groups were found to differ in terms of formant frequency (F1, F2 and F3) and intensity (I1, I2 e I3).

Key-words: Breathing; Speech Acoustics; Phonetics; Speech Production Measurement

1

1 INTRODUÇÃO

A respiração oral (RO), em oposição à respiração nasal (RN), é um quadro

frequente na infância e adolescência. O número de respiradores orais aumenta

significativamente em função da vida moderna: desenvolvimento urbano e industrial,

poluição ambiental (MARCHESAN, 1998; 2003; SILVA et al., 2002). Assim, muitos

pacientes buscam atendimento fonoaudiológico encaminhados por vários profissionais da

área da saúde como dentistas, otorrinolaringologistas, alergistas, pediatras,

pneumologistas, fisioterapeutas e psicólogos (MIRANDA et al., 2002; PAROLO e

BIANCHINI, 2000).

Há um consenso da necessidade de uma equipe interdisciplinar para a eficiência

no tratamento devido a sua complexidade. Além disso, os profissionais que atuam nesta

área estão melhor preparados para reconhecer a amplitude do problema a fim de buscar

soluções para a problemática em questão (MIRANDA, 2002; MARCHESAN, 2003).

Do conjunto de alterações previstas no quadro de RO, aquelas referentes à fala

ganham destaque especialmente em termos da produção de consoantes como plosivas

([t] [d]), fricativas [s] [z], alveolares (MARCHESAN, 2005, 2011).

Além disso, é frequente a menção à alteração do posicionamento da língua na

cavidade oral durante a produção da fala, o que resultaria clinicamente numa

característica descrita como imprecisão. Tal referência clínica geralmente guarda relação

com a qualidade das vogais, em que a alteração do posicionamento dos articuladores

(palato mole, língua, lábios e mandíbula) modifica a resposta de ressonância característica

do som das vogais, levando, muitas vezes, em conjunto com as alterações nas

consoantes e alterações da inteligibilidade da fala.

Algumas explorações acústicas da fala dos respiradores orais apontam ocorrências

que merecem investigação mais detalhada, tais como alterações das frequências

2

formânticas das vogais, especialmente do primeiro formante - F1 (GREGIO et al., 2005;

GREGIO et al., 2006), sinalizando postura de dorso de língua elevado.

Com o intuito de corresponder os achados clínicos dos respiradores orais com as

particularidades da produção dos sons consonantais e vocálicos, destaca-se a

contribuição da tecnologia de fala. Informações disponibilizadas por meio de imagens do

trato vocal (ressonância magnética e ultrassonografia), além da eletromiografia de

superfície, da articulografia e da análise acústica da fala, ganharam destaque nos estudos

da fala com e sem alteração (MARCHESAN, 2008).

A análise acústica caracteriza-se como técnica não invasiva de avaliação do

aparelho fonador na produção da fala e que permite estabelecer relação com a esfera da

percepção dos sons da fala.

Com respaldo da Fonética Acústica, a análise acústica propicia a inferência a

respeito dos movimentos que resultaram no sinal sonoro analisado. Dessa forma, a

decomposição do sinal sonoro permite o detalhamento dos mecanismos que levaram à

sua produção e as características que afetam sua percepção.

Neste contexto, o estudo das características acústicas das vogais poderia propiciar

a reflexão sobre aspectos relevantes da mobilização dos articuladores na situação de RO;

que tenham maior ou menor impacto nas alterações de fala, há muito referidas em termos

de atuação clínica fonoaudiológica.

Os distúrbios de fala decorrentes da RO podem ocasionar reações ou sentimentos

negativos, tanto no falante como em quem ouve a fala com distorção e/ou imprecisão.

Alguns sentimentos ou reações como impaciência, rejeição, gozação, imitação, dificuldade

de compreensão, embaraços e pena por parte de quem ouve a fala inadequada são

referidos. Tais sentimentos podem comprometer o convívio social, levando à ansiedade,

ao sentimento de exclusão, desconforto, insegurança e muitas vezes frustração frente à

situação de comunicação (MARCHESAN, 2008).

3

Além disso, o estudo evidenciou que crianças com respiração oral apresentam

baixos escores de qualidade de vida (questionários) em relação às crianças saudáveis.

Tais achados são decorrentes de valores baixos nas respostas aos domínios de:

percepção geral da saúde, limitações sociais, comportamentos e impacto em relação aos

pais, fatores estes considerados tanto do ponto de vista emocional quanto em relação ao

tempo despendido com a doença (DI FRANCESCO, 2003).

Diante do exposto, pretendo aprofundar a investigação dos aspectos de

posicionamento da língua na produção das vogais orais dos falantes respiradores orais, a

partir da descrição acústica das vogais, de forma a refletir sobre as seguintes questões:

De que forma a respiração oral compromete o posicionamento da língua durante a

produção do sinal de fala?

Há uma tendência de mobilização dos articuladores e de compensações para a fala

no caso das alterações de movimentação dos articuladores refletidas na produção

das vogais na respiração oral em comparação à respiração nasal?

Outros parâmetros acústicos relacionados às ressonâncias do trato vocal podem

sinalizar particularidades do grupo de RO?

O respaldo teórico das Ciências da Fala, na leitura de dados advindos da clínica

fonoaudiológica, particularmente da Fonética Acústica, justifica-se pela possibilidade de se

aprofundar na interface entre a produção e a percepção do sinal de fala, permitindo em

muitas situações, abordagens terapêuticas refinadas e diferenciadas para a manifestação

em questão (GREGIO, 2006; CAMARGO e MADUREIRA, 2009).

O presente trabalho integra a linha de pesquisa Linguagem e Patologias da

Linguagem e tem por objetivo analisar, do ponto de vista fonético-acústico, as produções

de vogais orais do Português Brasileiro (PB) de crianças com diagnóstico de respiração

oral em comparação com crianças respiradoras nasais. Tal descrição está pautada na

caracterização do padrão de formantes das vogais orais do PB, por meio de dados

acústicos de:

4

- Frequência (F1, F2 e F3 em Hz);

- Intensidade (I1, I2, I3 em dB);

- Banda (B1 em Hz).

A proposta de pesquisa apresentada encontra respaldo nos trabalhos do Grupo de

Pesquisa de Estudos Sobre a Fala (CNPq) - Laboratório Integrado de Análise Acústica e

Cognição (LIAAC), tais como expostos em MENDES (2003); GREGIO (2006); LIMA et al.

(2007); BARZAGHI-FICKER (2008).

5

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No campo da fonética, tal como se pratica hoje, é imprescindível o trabalho

interdisciplinar que congrega as diversas disciplinas das Ciências da Fala, tais como a

Linguistica, a Neurociências, a Engenharia, as Ciências da Computação as Ciências

Médicas entre outras, a fim de compreender a complexidade dos processos envolvidos

entre a produção e a percepção do sinal de fala e permitir obter avanços em nossos

conhecimentos (LLISTERRI, 1991).

Neste capítulo, destinado à fundamentação teórica, abordo aspectos relacionados à

classificação articulatória das sete vogais orais do português brasileiro e ao Modelo Fonte-

Filtro para a produção das vogais, integrante da Teoria Acústica da Produção da Fala,

proposta por FANT (1970).

Estudos sobre os sons vocálicos são pertinentes para a compreensão dos seus

mecanismos de produção e percepção (GREGIO, 2006) uma vez que são segmentos

relevantes para inteligibilidade da fala por veicularem o acento e a entoação.

A exploração das propriedades articulatórias e acústicas das vogais dos achados

na fala de crianças RO e RN é subsidiada, neste estudo, pelas Ciências Fonéticas.

2.1 A classificação articulatória das vogais orais do português brasileiro

Do ponto de vista articulatório, as vogais são classificadas quanto à conformação

dos espaços supraglóticos, uma vez que as pregas vocais sempre vibram no momento de

sua produção e não ocorre obstrução total ou parcial da corrente de ar em sua produção

(CAMARGO e NAVAS, 2009).

Os critérios de classificação articulatória dos segmentos vocálicos referem-se a

(SILVA, 2002; GREGIO, 2006; CAMARGO e NAVAS, 2009):

6

posicionamento da língua

o altura: representa a dimensão vertical ocupada pela língua dentro da

cavidade oral, considerando-se vogal alta, média (alta e baixa) ou baixa;

o deslocamento ântero-posterior da língua: representa a dimensão

horizontal, considerando-se vogal anterior, central ou posterior;

arredondamento dos lábios: considera a presença ou ausência de

arredondamento, considerando-se vogal arredondada ou não-arredondada;

grau de abertura da cavidade oral, considerando-se vogal aberta, fechada ou

intermediária (semi-aberta e semifechada);

posicionamento do palato mole: considerando-se vogal oral, quando se

encontrar elevado ou vogal nasal, quando abaixado.

Deste modo, na posição tônica do PB, é descrita a ocorrência de sete vogais orais

(CAMARGO e NAVAS, 2009):

[i]: vogal oral, alta, anterior, não-arredondada, fechada;

[e]: vogal oral, média-alta, anterior, não-arredondada, fechada;

[ɛ]: vogal oral, média-baixa, anterior, não-arredondada, aberta;

[a]: vogal oral, baixa, central, não-arredondada, aberta;

[ɔ]: vogal oral, média-baixa, posterior, arredondada, aberta;

[o]: vogal oral, média-alta, posterior, arredondada, fechada;

[u]: vogal oral, alta, posterior, arredondada, fechada.

Esta classificação pode ser representada pelo trapézio das vogais, especialmente

no que se refere ao posicionamento da língua nos eixos vertical e horizontal e abertura da

cavidade oral.

7

Figura 1. Trapézio vocálico1 Figura 2. Aparelho fonador e trapézio vocálico2

Fonte: IPA International Phonetic Association

A configuração do trato vocal durante a produção das vogais orais e nasais do PB

foi estudada por meio de imagens radiográficas (PINHO et al., 1988; MASTER, 1991) e de

ressonância magnética (IRM) (GREGIO, 2006) no cenário nacional.

2.2. Teoria Acústica da produção da fala: o Modelo Fonte-Filtro

Dentre os modelos teóricos que podem colaborar para a leitura clínica de dados de

distúrbios de fala, a Teoria Acústica da Produção da Fala, especialmente o Modelo Fonte-

Filtro para a produção das vogais proposto por FANT (1970), destaca-se pela

possibilidade de permitir a integração a dados da percepção e da fisiologia do sinal de

fala.

O modelo referido pressupõe que a onda de fala seja considerada como a resposta

dos sistemas de filtro do trato vocal a uma ou mais fontes sonoras (fonte de voz, fonte de

ruído continuo, fonte de ruído transiente) (CAMARGO, 1999). Assim, os sons vocálicos

1 Disponível em http: //www.langsci.ucl.ac.Uk/ipa/vowels.html, acesso em 28 out 2011

2 Disponível em: http: //www.radames.manosso.nom.br/gramatica/vogal.htm, acesso em 28 out 2011

8

seriam resultantes da excitação no trato vocal da energia produzida inicialmente pela

atividade glótica, de vibração das pregas vocais (fonte de voz).

Do ponto de vista fonético, o som vocálico possui fonte de voz (sonoridade) e trato

vocal supraglótico sem obstrução à passagem de ar (CAMARGO et al., 2000; CAMARGO

e MADUREIRA, 2009; GREGIO, 2006). Este sinal periódico gerado pela fonte laríngea

sofre a função de transferência do trato vocal em que as frequências do sinal glótico são

reforçadas pelo trato vocal supraglótico. Este fenômeno depende do comprimento da

extensão total e do diâmetro do trato vocal supraglótico (SILVA, 1997; CAMARGO et al.,

2003; MAGRI et al., 2007; MAGRI et al., 2009).

Neste modelo, a fonte sonora atua como um transdutor de energia aerodinâmica

(fluxo de ar) em acústica (sonoridade) e o filtro reforçam algumas freqüências produzidas

pelas pregas vocais, caracterizando assim o efeito de ressonância do trato vocal

(CAMARGO et al., 2003; MAGRI et al.,2007). Tal efeito pode ser descrito por meio das

medidas de formantes, entendidos como as ressonâncias do trato vocal supraglótico e

identificados pelas frequências do sinal glótico amplificadas pelo trato vocal supraglótico

(CAMARGO et al., 2003; MAGRI et al.,2007).

Os formantes são então caracterizados por sua frequência central, sua intensidade

e sua largura de banda (MENDES, 2003), de maneira que qualquer mudança nas

propriedades da ressonância altera a qualidade das vogais.

O número de formantes identificados numa vogal é teoricamente infinito. Na

análise acústica, entretanto, os três primeiros são os que recebem maior atenção dos

pesquisadores, por permitirem a distinção entre as vogais, conferindo a sua identidade

fonética (FANT, 1973; SILVA, 1997; CAMARGO et al., 2003; GREGIO, 2006; MAGRI et

al., 2007).

Cada formante guarda particularidades do movimento dos articuladores e

consequentemente, da configuração das cavidades supraglóticas. O primeiro formante

(F1) é influenciado pela cavidade posterior ao ponto de maior aproximação da língua com

9

o palato e está relacionado à altura da língua e à abertura de boca. O segundo (F2) é

influenciado pela cavidade oral (anterior) e está relacionado com a posição da língua no

sentido ântero-posterior (eixo horizontal). O terceiro formante (F3) coincide com o grau de

constrição na passagem da corrente de ar.

Assim, os ajustes supraglóticos capazes de modificar a frequência de F1 estão

relacionados principalmente às modificações na altura da língua e no grau de abertura da

mandíbula (abertura da boca). O aumento do valor da frequência de F1 é proporcional ao

aumento desta última abertura referida (BEHLAU et al., 1998). O movimento de elevação

da língua mantém relação direta com o aumento da dimensão da cavidade posterior

(faríngea) e o abaixamento com a diminuição da dimensão desta cavidade. O aumento da

cavidade posterior leva a uma redução no valor da frequência de F1 e vice-versa (FANT,

1970; LADEFOGED, 1973; PINHO e CAMARGO, 2001; MAGRI et al., 2007, 2009).

A frequência do F2 relaciona-se às variações do movimento da região da língua no

sentido ântero-posterior. A anteriorização do dorso da língua promove o aumento de sua

frequência, pois diminui a cavidade anterior, formada à frente do ponto no qual o corpo da

língua mais se aproxima do palato (duro ou mole). Contrariamente, a língua em uma

posição mais retraída faz com que a cavidade anterior aumente em dimensão e,

consequentemente, reduza a frequência de F2 (FANT, 1970; LADEFOGED, 1973

CAMARGO, 1999; PINHO e CAMARGO, 2001; MAGRI et al., 2007,2009).

A frequência de F3 guarda relação com as duas cavidades formadas pela posição

da língua, ou seja, uma cavidade atrás e outra à frente do ponto de maior aproximação da

língua ao palato (FANT, 1970; 1973, CAMARGO, 1999; LIMA et al., 2007). O F3 é,

portanto, influenciado por constrição ântero-posterior (BORDEN et al.,1994).

O trapézio das vogais, referido anteriormente na Figura 1, ao ilustrar a

representação da configuração articulatória do trato vocal supraglóticos, pode ser obtido

por meio da plotagem de medidas acústicas, em que a frequência de F1 é representado

no eixo vertical e a de F2 no eixo horizontal (MARTINS, 1988).

10

Ao investigar acusticamente as vogais, é importante analisar as medidas de

frequências formânticas, bem como sua relação com os demais parâmetros de

intensidade e largura de banda, enquanto descrição do padrão de formantes (CAMARGO,

1999).

A magnitude do pico espectral é praticamente equivalente à razão entre a

frequência e a largura de banda de determinado formante: Fn/Bn. A amplitude geral de

uma vogal para um determinado espectro da fonte glótica, é determinada pela amplitude

do primeiro pico espectral (STEVENS, 2000).

A intensidade intrínseca depende da realização articulatória: quanto maior for o

canal de passagem da corrente de ar, maior é a quantidade de ar que o atravessa e, por

conseguinte, maior a intensidade. Desta forma, as vogais fechadas ou altas, articuladas

com maior elevação da língua em relação ao palato duro ou mole, serão menos intensas

em comparação às vogais abertas ou baixas (MARTINS, 1988).

A largura de banda dos formantes representa a faixa de frequência efetiva de

resposta do ressoador, ou seja, a extensão de frequência em torno da qual um ressoador

responde a um estímulo glótico (LADEFOGED, 1996; STEVENS, 2000; CAMARGO et al.,

2003). Geralmente é determinada pelas perdas acústicas no trato vocal, advindas de

várias fontes, como as paredes do trato, viscosidade, condução de calor e radiação, sendo

que cada um desses mecanismos influencia regiões de frequências específicas

(STEVENS, 2000; MENDES, 2003).

Para efeitos de extração da medida, a largura de banda do pico de cada formante

representa o intervalo de frequências situado na extensão compreendida em até 3 dB

abaixo do pico (frequência central). Representa as frequências anteriores e posteriores ao

pico que indicam ganho de intensidade de até 3 dB abaixo da intensidade da frequência

central do formante (LADEFOGED, 1996; STEVENS, 2000; CAMARGO et al., 2003).

Para as vogais orais a largura de banda estimada é de 100 Hz (FANT, 1956;

STEVENS e HOUSE, 1961).

11

Em termos da percepção do sinal de fala e, especificamente das vogais, cabe

mencionar STEVENS (2000), quanto às não linearidades propostas para explicar o “salto

quântico” na percepção, em que as variações articulatórias da fala não resultariam

(proporcionalmente) em conseqüências auditivas. Nesta concepção, existiriam regiões do

aparelho fonador consideradas invariantes, de maneira que, mesmo uma grande variação

na articulação poderia resultar na ausência de efeito auditivo. Por outro lado, variações de

menor proporção na trajetória do movimento de articuladores numa área de maior

variação poderiam resultar num efeito de maiores dimensões na percepção, o referido

“salto quântico”. Neste aspecto, extensa e aprofundada revisão de literatura sobre a

acústica e percepção de vogais pode ser encontrada em MENDES (2003).

Na literatura, a busca por detalhamento das alterações de produções vocálicas tem

sido conduzida por poucos grupos. Neste campo, destacam-se BALL e GIBBON (2002),

em organização de volume dedicado às alterações clínicas que envolvem a percepção e a

produção de vogais e as consequências de tais distúrbios.

MENDES (2003) realizou estudo que analisou a relação entre produção e

percepção das sete vogais orais do PB por um sujeito deficiente auditivo e um sujeito

ouvinte. A análise acústica compreendeu medidas de frequência em Hz e transformação

em BARK dos três primeiros formantes e da frequência fundamental, além da medida de

duração das vogais em contexto de consoantes plosivas não vozeadas. Os resultados

mostraram o trapézio acústico mais disperso e com sobreposição nas vogais posteriores,

indicando menor controle e precisão dos movimentos articulatórios na fala do deficiente

auditivo.

BARZAGHI-FICKER e MENDES (2008) investigaram a duração do

segmentos de fala e frequências de F1 e F2 da vogal [a] em

diferentes posições de acento (sílabas tônicas e átonas) da fala de dois indivíduos com

deficiência auditiva. Encontraram aumento dos valores de frequência de F1, sinalizando

12

abertura excessiva da mandíbula. Além disso, a relação

entre F1 e F2 das vogais em posição átona revelou alterações na qualidade da vogal.

Estudo acústico das vogais também foi conduzido por ANDRADE DAN (2009), que

selecionou segmentos das sete vogais orais do PB em posição tônica de falantes

saudáveis de 4 a 8 anos para o levantamento de estimativa das medidas de frequência

fundamental (f0), frequências dos formantes (F1, F2 e F3) e a largura de banda de F1 da

vogal [i]. Os achados mostraram decréscimo na frequência fundamental e nas frequências

dos formantes com o aumento da idade.

LIMA-GREGIO (2010) investigou frequências de F1, F2, F3, formante nasal (FN) e

anti-formante para as vogais [a] e [ã] na presença de aberturas feitas no bulbo de réplicas

da prótese de palato de uma paciente com insuficiência velofaríngea. Foram observadas

mudanças significativas nos valores espectrais estudados de acordo com alterações no

tamanho da abertura velofaríngea.

Trabalhos anteriores de BEHLAU et al. (1988), SOUZA (1994) e ARAÚJO (2000)

sobre análise das vogais do PB também são encontrados na literatura, com estimativas de

medidas de frequências de formantes para vários grupos de falantes (crianças,

adolescentes, adultos do sexo masculino e feminino).

No campo das descrições de distúrbios de fala, as vogais não ganham o mesmo

destaque conferido às consoantes. Os estudos de aquisição fonológica em língua materna

dedicaram muito mais espaço para a cronologia de desenvolvimento de consoantes e

conjuntos de padrões normais de substituição de consoantes em relação às vogais (BALL

e GIBBON, 2002).

13

3 REVISÃO DA LITERATURA

Este tópico é destinado à caracterização dos falantes respiradores orais e as

possíveis manifestações de alterações de fala.

A respiração oral é tida por fonoaudiólogos, médicos e dentistas como uma das

causas das alterações do tônus3 das estruturas da boca e da face, assim como das

alterações das funções de mastigação, deglutição e, especialmente da produção

articulatória da fala (MARCHESAN, 2005).

Em geral, a respiração oral é consequência de um processo obstrutivo do nariz ou

da faringe. Sendo assim, deve ser considerada uma adaptação patológica uma vez que

pode desencadear uma série de distúrbios para o indivíduo e não deve ser considerada

como uma adaptação alternativa (fisiológica) à dificuldade de respirar pelo nariz (DI

FRANCESCO, 2003).

Entretanto, há ainda a respiração oral por hábito, quando não se encontra mais a

doença obstrutiva. A investigação da causa da obstrução é relevante para compreensão

do problema e determinação da conduta terapêutica nos casos dos distúrbios orofaciais

(MARCHESAN e DI FRANCESCO, 2011).

TSUJI e CHUNG (2003) indicam como causas mais comuns de obstrução nasal:

fatores anatômicos: desvio septal, hipertrofia das tonsilas faríngeas ou palatinas,

hipertrofia de cornetos inferiores;

fatores inflamatórios (rinopatias): rinite alérgica (teste cutâneo positivo) , rinite não alérgica

(teste cutâneo negativo), rinite vasomotora, rinite medicamentosa, rinite atrófica;

infecções: resfriado comum, rinossinusite bacteriana;

malformações congênitas: atresia coanal, cisto dermóide; neoplasias; doenças sistêmicas;

3 Neste trabalho utilizarei o termo hipotonia e/ou hipertonia para referir a diminuição ou aumento do tônus de origem funcional

14

outras causas: mucocele, papiloma, perfuração, septal.

De acordo com Principato, citado por (MARCHESAN, 2011) o indivíduo respirador

oral pode apresentar um crescimento desarmônico da face, o que resultaria em

características faciais típicas, como maxila atrésica, protrusão de incisivos superiores,

mordidas aberta e/ou cruzada, eversão de lábio inferior, lábio superior hipodesenvolvido,

narinas estreitas e hipotonia da musculatura perioral.

A Figura 3 apresenta ilustrações das alterações anatômicas e musculares mais

frequentes no respirador oral, com base em levantamento do registro fotográfico do grupo

de falantes RO participante deste estudo.

a. b. c.

d. e. Figura 3 - Ilustração dos achados anatômicos e musculares mais frequentes no respirador oral: a.hipertonia do músculo mentual ao tentar fechar os lábios; b. palato duro profundidade aumentada e largura reduzida; c. lábio superior cobre menos de um terço dos dentes superiores; d. lábios ressecados e inferior evertido; e. narinas estreitas

As queixas mais recorrentes dos respiradores orais referem-se justamente às

conseqüências deste quadro: dentárias, e craniofaciais, dos órgãos fonoarticulatórios

(sistema estomatognático), corporais e das funções orais (MARCHESAN, 1998). Dentre as

inúmeras alterações musculares, funcionais, posturais, ósseas e até mesmo

15

comportamentais presentes em respiradores orais, a diminuição do tônus dos órgãos

fonoarticulatórios, com destaque para a hipotonia funcional da língua, é evidenciada na

grande maioria dos casos (DI FRANCESCO, 2004). Tal achado é fator desencadeante de

distúrbios na produção dos sons da fala.

No atendimento clínico, na atividade junto ao respirador oral observamos que,

independente da causa, o paciente tende a apresentar a língua rebaixada ou posicionada

no assoalho da boca, com parte do dorso elevado, além de possíveis alterações

musculares, oclusais e ósseas.

Na produção da fala, o respirador oral tende a apresentar ocorrências descritas

clinicamente como distorções de [s] e [z] (ex. ceceio anterior ou “lateral”), ou imprecisão

articulatória (MARCHESAN, 1995, 2005; PIEROTTI, 2003). Tais alterações podem ocorrer

pela diminuição do tônus dos órgãos fonoarticulatórios e também pelo acúmulo da saliva

na boca (MARCHESAN, 1995, 2005, 2011). Nas manifestações mais intensas, a língua

assume formato alargado e a musculatura supra-hióidea apresenta o tônus diminuído.

Normalmente, nesses falantes, os sons referidos como mais comprometidos são as

consoantes dentais [t] e [d], produzidos com projeção do terço anterior da língua (alteração

do ponto articulatório da consoante).

A presença de alteração de fala tem sido mencionada como parte do quadro do

(RO), mas sua investigação é ainda limitada quando se considera o vasto panorama de

pesquisas sobre os distúrbios de fala.

Recentemente, em levantamento bibliográfico sobre o perfil da fala do respirador

oral, GIMENEZ e NISHIMURA (2010) constataram que o tema na literatura nacional é

escasso, e os poucos artigos existentes abordam as alterações de fala indiretamente.

Nos trabalhos de MARCHESAN (2005, 2008 e 2011), a autora observa

principalmente a mudança das consoantes com pontos de articulação dos sons bilabiais

[p], [b], [m] sendo realizados com o lábio inferior e os incisivos superiores e dos sons

16

dentais [t], [d], que são produzidos com projeção do terço anterior da língua. A modificação

do ponto de articulação, por menor que seja, associada ao enfraquecimento na produção

dos mesmos, pelo fato de o tônus de lábios e língua estarem diminuídos, tende a conferir

um aspecto de imprecisão na produção da fala como um todo.

Além de alterações da fala, encontramos também na literatura pesquisas que

citaram a associação entre obstrução nasal e o desenvolvimento de patologias laríngeas.

Pacientes respiradores orais poderiam apresentar modificações na estrutura das pregas

vocais provocadas pelo hábito da respiração alterada, uma vez que a respiração oral pode

ressecar os tecidos da laringe e prejudicar a vibração das pregas vocais (PINHO, 1998;

MARTINS e TRINDADE, 2003).

Os efeitos dos processos alérgicos na qualidade vocal vão além das alterações de

ressonância. HERSAN (2003) observa relação entre o quadro alérgico e presença de

nódulos em crianças.

BAKER et al. (1982) realizou estudo com crianças com diagnóstico de alergias e

encontrou anormalidades na qualidade vocal e na articulação dos sons em 50% das

amostras.

TAVARES e SILVA (2008) apresentam uma revisão na literatura sobre a relação

entre respiração oral e disfonia, analisando a influência das alterações causadas pela

respiração oral na qualidade e/ou comportamento vocal. Concluem que poucos autores

relatam a possível correlação entre esses dois parâmetros (respiração oral e disfonia).

Porém, reconhecem que a respiração oral promove uma série de alterações estruturais

significativas que refletem nas funções estomatognáticas, interferindo também na fonação.

ANDRADE DAN (2009) investigou os parâmetros de frequência fundamental (f0) e

de frequência dos três primeiros formantes (F1, F2 e F3) segmentos das vogais orais [a],

[i] e [u] do PB em posição tônica da voz de crianças respiradoras orais e saudáveis. Os

resultados mostraram que os dois grupos investigados apresentam diferenças

17

estatisticamente significantes na f0 das vogais [i] e [u] e na F1 da vogal [u]. A partir destes

achados concluiu que a f0

consiste em um parâmetro vocal capaz de diferenciar

respiradores orais de crianças saudáveis, contribuindo, desta forma para um sistema de

classificação do respirador oral.

O trabalho de DENUNCI (2003) descreveu a qualidade vocal do ponto de vista

perceptivo nas alterações miofuncionais e posturais relacionadas às obstruções das vias

aéreas superiores, em população infantil, por meio da descrição da atividade laríngea e

dos parâmetros perceptivo-auditivos vocais através do modelo VPAS proposto por LAVER

(1980) e adaptado por CAMARGO (2002). Participaram deste estudo crianças com

obstrução de vias aéreas superiores decorrente de hipertrofia de tonsilas palatinas (grupo

GT) e outro grupo composto de crianças com hipertrofia de tonsilas faríngeas (grupo GA).

Foram encontradas diferenças significativas entre os grupos GA e GT no que se refere

aos ajustes de denasalidade e voz áspera e tendências para ajuste articulatório de

labiodentalização e nasalidade em relação ao grupo GT.

18

4 MÉTODOS

A descrição da metodologia é apresentada enquanto tópicos relativos aos sujeitos;

local de realização da pesquisa e procedimentos de coleta e de edição de análise dos

dados.

4.1 Sujeitos

A coleta inicial de dados foi realizada com 38 sujeitos, sendo que foram excluídos

aqueles da coleta piloto, com alterações de qualidade vocal graus 3 e 4 de acordo com

aplicação do roteiro VPAS (CAMARGO e MADUREIRA, 2008), e de fala (contraste de

sonoridade), com dificuldades em realizar a coleta (deslocamento do acento silábico e

dificuldade em diferenciar a produção dos sons vocálicos [o] e [ɔ] , [e] e [ɛ] na forma da

escrita). Estes critérios são detalhadamente expostos abaixo.

Do grupo inicial de 38 sujeitos, foram selecionados 16 falantes, sendo 8 com

diagnóstico otorrinolaringológico e fonoaudiológico de respiração oral (RO) e 8 sem

alterações respiratórias (RN) (grupo referência), com idades entre 07 a 12 anos, por

corresponder à faixa etária atendida pelo programa CARO (Centro de Atendimento do

Respirador Oral) do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus. Além disso, o limite inferior

da faixa etária representa o período final de aquisição dos sons do PB (WERTZNER,

1995) enquanto o limite superior representa período anterior a muda vocal (PINHO, 1998).

Considerei ainda o crescimento e desenvolvimento craniofacial relacionado à idade

dentária, em que o aumento da dimensão vertical do terço inferior da face e o surto de

crescimento da maxila ocorrem por volta dos 5 ou 6 anos juntamente com a erupção dos

primeiros molares permanentes. Nesta fase, inicia-se a dentição mista, a qual será

finalizada por volta dos 12 anos (BAPTISTA e TENÓRIO, 1994).

19

Pelos estudos de GENEROSO et al. (2003) há correlação direta entre idade

cronológica com a maturação das vértebras cervicais, e ainda sem diferenças estatísticas

entre os sexos masculino e feminino até os 12 anos de idade.

Ainda neste estudo a variação do índice de maturação das vértebras cervicais na

faixa de 7 a 10 anos ocorreu estágio de maturação semelhante, sendo que na faixa acima,

de 10 anos a variação foi maior.

A partir destas considerações, os sujeitos do presente estudo, foram divididos em

dois subgrupos: 07 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos.

Considerando os tópicos elencados, os critérios de inclusão dos sujeitos

participantes da pesquisa para o grupo com alteração respiratória (RO) foram: apresentar

alterações no Exame Miofuncional Orofacial – MBGR (Protocolo MBGR) 4 proposto por

MARCHESAN et al. (2011) e aplicado para avaliação da respiração. Para o grupo sem

queixa e sinais de alteração de respiração (RN), foi considerado o histórico negativo em

questionário (anexo 1) para os pais e ausência de alterações clínica em um breve exame

clínico adaptado do protocolo MBGR para descartar alterações respiratórias (anexo 2).

Os critérios de exclusão para o grupo RO foram: presença de deformidades

craniofaciais não relacionadas ao quadro de respiração oral, deficiência auditiva,

comprometimentos neurológicos, alterações de qualidade vocal de natureza fonatória em

graus maiores que 2.

Os critérios de exclusão para o grupo RN foram: presença de deformidades

craniofaciais, deficiência auditiva, comprometimentos neurológicos, alterações no

Protocolo MBGR (MARCHESAN et al., 2011) para respiração, e alterações sistemáticas

da fala.

4 Disponível em http: //dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009000200009

Acesso em 27 out 2011

20

Conforme preceitos éticos, os responsáveis pelos sujeitos participantes foram

informados sobre os procedimentos e objetivos da pesquisa, e convidados de modo a

expressarem consentimento por meio do termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE) no uso das informações para fins estritamente científicos e de inclusão das

amostras coletadas ao banco de dados do Instituto CEFAC e do LIAAC (Laboratório

Integrado de Análise Acústica e Cognição, PUC SP) (anexo 3).

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do CEFAC e

aprovado sob o número 051 /10 (anexos 4 e 5).

As características dos sujeitos estudados de acordo com os dados de avaliação por

meio do Protocolo MBGR são apresentadas nos Quadros 1 e 2.

21

S* gen idade Saúde

Respiratória

Postura e forma

de lábios

Lingua posição habitual

Palato duro Profundidade

largura

Tonsilas palatinas

Oclusão e mordida

Tônus Fala

S1

F 10.11

adenoidectomia

aos 7 anos rinite

entreabertos inferior com

eversão

não observável

aumentada reduzida

não observáveis

Classe I mordida aberta

lábios diminuído

distorção do [s] [z] [x] [j]

S2

M 9.7 adenoamidalectomia aos 7 anos

entreabertos inferior com

eversão acentuada

interdental aumentada

reduzida removidas

Classe I mordida de topo

mentual aumentado bochecha esquerda diminuído

imprecisão

S3 M 9.5 rinite alérgica

sinusite ronco

aberto ao dormir não

observável aumentada

reduzida não

observáveis Classe I

sem alterações imprecisão

assitemática

S4

M 12.2 rinite alérgica

ronco baba

ora abertos ora fechados

eversão discreta rebaixada

aumentada reduzida

presentes

Classe I a direita Classe III a esquerda

mordida aberta anterior

lábio inferior diminuído mentual

aumentado língua

diminuído

imprecisão distorção

[s] [z] [x] [j] [t] [d] [l]

interposição lingual

S5 F 7.9 rinite alérgica hipertrofia de

tonsilas palatinas

abertos asa de gaivota inferior com

eversão acentuada

rebaixada aumentada

reduzida hipertrofia

Classe III mordida aberta

anterior

lábios

diminuído língua

diminuído

distorção do [s] [z]

S6 F 8.7

rinite alérgica

entreabertos inferior com leve

eversão

assoalho

aumentada

não observáveis

sobressaliência

lábios diminuídos sem alteração

S7

F

10.11 rinite alérgica

entreabertos asa de gaivota

inferior com eversão discreta

não observável

adequado não

observáveis

mordida aberta posterior a esquerda

lábio inferior diminuído mentual

aumentado

alteração de ressonância

S8 M 7.4 rinite alérgica entreabertos no assoalho

aumentada

reduzida presentes

cruzada canino

língua

diminuído

ceceio anterior acúmulo de saliva

imprecisão

Quadro 01- Características dos sujeitos com Respiração Oral (RO) baseadas no Protocolo MBGR

* S - sujeito

22

S*

gen idade Saúde

respiratória Postura de lábios

Língua posição habitual

Palato duro

Profundidade largura

Tonsilas palatinas

Oclusão e

mordida

Tônus

Fala

S9 F 11 sem alterações fechados não

observável

aumentadareduzida

não observáveis

adequada sem

alterações sem

alterações

S10 M 10 sem alterações fechados não

observável aumentada

não observáveis

adequada sem

alterações sem

alterações

S11 F 9.3 sem alterações fechados não

observável adequado

não observáveis

adequada sem

alterações sem

alterações

S12 F 9.4 sem alterações fechados não

observável adequado

não observáveis

adequada sem

alterações sem

alterações

S13 F 7.0 sem alterações fechados não

observável adequado

não observáveis

adequada sem

alterações sem

alterações

S14 F 9.1 adeno

amigdalectomia aos 4 anos

fechados não

observável

aumentada reduzida

ausente adequada

sem alterações distorção [s]

assistemático

S15 M 8.11 adeno

amigdalectomia aos 2 anos

fechados não

observável adequado ausente

adequada

sem

alterações

sem alterações

S16 M 10.1 adenoidectomia

aos 3 anos fechados

não observável

aumentadareduzida

não observáveis

adequada

sem

alterações

sem alterações

Quadro 02- Características dos sujeitos com Respiração Nasal (RN) baseadas no Protocolo MBGR

*S - sujeito

23

4.2 Local de realização da Pesquisa

A coleta de dados foi realizada no departamento de Motricidade Orofacial (MO) e

Laboratório de Fala do Instituto CEFAC5. Os falantes RO foram registrados ao iniciarem a

avaliação fonoaudiológica na referida instituição, no setor de Motricidade Orofacial. Os

falantes RN (grupo controle), sem queixas para avaliação no setor de motricidade

orofacial, foram triados no momento de acompanhamento da consulta de familiares na

instituição ou atendimento no setor de linguagem escrita, a fim de garantirmos o perfil

sócio econômico semelhante.

5 O Instituto CEFAC, criado em 1999, tem por missão o desenvolvimento de assistência, ensino e pesquisa na área dos problemas de aprendizagem, da comunicação oral e escrita e das alterações que prejudicam ações como respirar, mastigar e engolir. Para tanto, promove o acesso da população à educação preventiva, ao diagnóstico e assistência especializada, assim como realiza formação técnico-científica de profissionais. Desde seu início, já prestou atendimento direto a cerca de 4.000 pessoas, 10.000 atendimentos, em seus diversos programas voltados para a voz, a fala, a linguagem oral e escrita, a aprendizagem, problemas de respiração, mastigação e deglutição e avaliações auditivas. O público alvo é a população desfavorecida ou em situação de vulnerabilidade social.

24

4.3 Procedimentos de coleta de dados

A composição do corpus envolveu trechos de emissão semi-espontânea (a partir de

solicitações do examinador, tais como “conte um passeio que você fez e gostou”) e leitura

(ou repetição, para os que apresentaram dificuldade em ler) de sentenças-veículo

contendo todas as vogais orais do PB em contexto tônico; sendo o intervalo preenchido

com os vocábulos paroxítonos garantindo-se que as vogais analisadas estavam num

mesmo contexto fonético.

“Diga______________ agora”

Papa [a]

Pépe [ɛ]

Pêpe [e]

Pipi [i]

Pópo [ɔ]

Pôpo [o]

Pupu [u]

As sentenças-veículo foram digitadas em fonte arial tamanho 36 apresentadas

individualmente, em forma de fichas, em ordem aleatorizada para cinco repetições de

cada sentença.

A gravação do referido corpus ocorreu em cabina acústica, com uso de mesa de

som, a partir do software Sound Forge Edit (versão 7.0), em frequência de amostragem de

22050 Hz, 16 bits, extensão.wav, modalidade estéreo (para monitoramento do nível de

intensidade em dois canais).

25

4.4 Procedimentos de edição e análise de dados de fala

Os trechos de fala semi-espontânea dos dois grupos foram avaliados a partir do

roteiro VPAS-PB (CAMARGO e MADUREIRA, 2008) por um juiz com experiência há 12

anos na aplicação do roteiro. Tal avaliação permitiu compor o perfil de qualidade e

dinâmica vocal a fim de excluir alterações de qualidade vocal de natureza fonatória

detectadas em graus maiores que 2, devido à sua possível interferência na identificação

dos formantes, tais como descontinuidades, impostas pela aperiodicidade do sinal de fala,

que dificultam a extração de medidas acústicas.

Os dados da avaliação do modelo fonético de qualidade vocal são apresentados

nos Quadros 3 e 4.

26

S* Perfil de qualidade vocal

Ajustes supralaríngeos

Ajustes laríngeos Ajustes de tensão

S1 lábios estirados 2 (i) diminuição da extensão de lábios 2 e mandíbula 3 corpo de língua elevado 4 denasal 1

voz áspera 1 (i) hiperfunção de laringe 2

S2 ponta de língua avançada 1 diminuição da extensão de corpo de língua 3 e mandíbula 2 corpo de língua abaixado 2 denasal 1

escape de ar 1 voz crepitante 1

hiperfunção de laringe 1

S3 denasal 2 corpo de língua abaixado 2 diminuição da extensão de mandíbula 2

voz crepitante 1 (i)

S4 diminuição da extensão de corpo de língua 2 e lábios 2 corpo de língua abaixado 2 denasal 2 labiodentalização 1

voz áspera 1 hiperfunção de laringe 1

S5 denasal 1 diminuição da extensão de corpo de língua 2 e lábios 3 corpo de língua elevado 4 labios estirados 2

voz áspera 1

escapear 1 hiperfunção de laringe 1

S6 ponta de língua avançada 1

voz áspera 1 hiperfunção de laringe 2

S7 denasal 3 corpo de língua avançado 2

voz áspera 1 escapear 1 voz crepitante 1 (i)

S8 corpo e ponta de língua avançado 1

Quadro 03 - Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados no grupo RO S* - sujeito

S* Perfil de qualidade vocal

Ajustes supralaríngeos Ajustes laríngeos Ajustes de tensão

S9 ponta de língua avançada 2 voz áspera 1 escape ar 1

hiperfunção de laringe 1

S10 ponta de língua avançada 1 voz áspera 1 escape ar 1 voz crepitante 1

hiperfunção de laringe 2

S11 diminuição da extensão de corpo de língua 2 corpo de língua abaixado 1 ponta de língua avançada 1 diminuição da extensão de mandíbula 2

voz áspera 2 escape ar 1

hiperfunção de laringe 1

S12 corpo de língua avançado 2 ponta de língua avançada 2 diminuição da extensão de mandíbula 1

voz soprosa 2

hiperfunção de laringe 2

S13 corpo de língua elevado 2 diminuição da extensão de mandíbula 1

voz áspera 1 escape ar 1 voz crepitante 1 (i)

S14 corpo de língua avançado 3 ponta de língua avançada 2 diminuição da extensão de mandíbula 2 e lábios 2

escape ar 1 voz crepitante 1

S15 denasal 2 corpo de língua avançado 1 extensão aumentada de mandíbula 1 e lábios 1

voz crepitante 1

hiperfunção de laringe 1

S16 diminuição da extensão de corpo de língua 2 e mandíbula 2

Quadro 04 - Informações referentes ao perfil de qualidade vocal dos falantes avaliados no grupo RN S*- sujeito

28

As sentenças-veículo foram segmentadas e etiquetadas em termos dos segmentos

vocálicos e consonantais para extração das medidas acústicas das vogais orais em

posição tônica em vocábulo p_p_.

As emissões de vogais em contexto da sílaba tônica foram analisadas por meio de

software de livre acesso Praat versão 5144 (BOERSMA e WEENINK, 2002) com extração

manual das medidas de frequência (Hz), intensidade (dB) e banda (HZ) a partir dos

algoritmos FFT (Fast Fourier Transform) e LPC (Linear Predictive Code) para a

caracterização do padrão de formantes. O detalhamento de tal procedimento é descrito a

seguir.

No espectrograma de banda larga foi selecionado um ponto no período estacionário

da vogal. A partir deste ponto foram gerados o espectrograma de banda estreita e traçado

o FFT e, em seguida, o espectro LPC suavizado. Os picos gerados em ambos algoritmos

foram confrontados, sendo que o valor de frequência dos formantes, intensidade e banda

foram obtidos a partir do espectro LPC suavizado. Como última etapa de checagem dos

valores obtidos, o espectrograma de banda larga e marcação automática de formantes foi

consultado. Os espectros por LPC suavizado foram gerados de acordo com os seguintes

parâmetros: draw frequency spectrum, range 0 a 5000Hz, LPC suavizado com delimitação

de 8 a 12 picos formânticos.

As Figuras de 4 a 12 demonstram as etapas para a extração manual das medidas

características do padrão de formantes, divididas em etapas 1 a 6.

29

Figura 4 – Etapa 1: forma da onda (janela superior) e espectrograma em janelamento de banda larga (janela inferior)

Figura 5 – Etapa 2: forma da onda (janela superior) e espectrograma em janelamento de banda larga (janela inferior): seleção de um ponto estacionário

30

Figura 6 – Etapa 3: identificação da trajetória dos formantes (flechas) no espectrograma de banda larga da vogal [a] em posição tônica de falante RO

Figura 7- Etapa 4: forma da onda (janela superior) e espectrograma de banda estreita (janela inferior) da vogal [a] de falante RO

31

Figura 8- Etapa 5: forma da onda (janela superior) e espectrograma de banda larga (janela inferior): extração do espectro a partir da opção view spectral slice

Figura 9 – Etapa 6: geração do espectro FFT a partir do espectrograma de banda estreita e inspeção do traçado da vogal [a] de falante RO

32

Figura 10- Etapa 7: configuração da marcação automática de formantes: considerar o número de formantes previsto para o intervalo de frequências conforme valores de frequência fundamental (população masculina, feminina ou infantil)

Figura 11 – Etapa 8: inspeção do traçado do espectro de LPC suavizado (azul) sobreposto ao traçado do espectro FFT (preto)

Ao encontrar congruência entre os traçados FFT e LPC, partiu-se para extração de

medidas referentes ao padrão de formantes a partir do espectro LPC suavizado.

33

Figura 12- Etapa 9: ilustração da extração de medidas de frequência (F1 em Hz- sinalizado em azul) e de intensidade (I1 em dB- sinalizado em verde) dos formantes da vogal [a] de falante RO

As medidas de frequência (F1, F2 e F3), intensidade (I1, I2 e I3) e banda de formantes

(B1) foram submetidas à análise estatística por meio do teste T para comparação das amostras independentes, com uso do programa SPSS. 17.

As etapas de análise estatística constaram das seguintes comparações:

Medidas (F1, F2 e F3, I1, I2 e I3, B1) de cada vogal oral do PB entre grupos RO e

RN

Medidas (F1, F2 e F3, I1, I2 e I3, B1) de cada vogal oral do PB comparadas por

subgrupos por faixas etárias entre grupos RO e RN (grupo RO X grupo RN faixa

etária de 07 a 10 anos, grupo RO X grupo RN faixa etária 10 anos e 1 mês a 12

anos)

Medidas (F1, F2 e F3, I1,I2 e I3, B1) de cada vogal oral do PB comparadas

intragrupo (grupo RO faixa etária de 7 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos,

grupo RN faixa etária de 7 a 10 anos 10 anos e 01 mês a 12 anos)

34

O grupo RN compôs o banco de dados de medidas de formantes presumíveis para

as referidas faixas etárias na ausência de RO, uma vez que não há uma exploração deste

na faixa etária para falantes do PB.

Estudo de ANDRADE FLA (2009) explorou as medidas formânticas na faixa etária

de 04 a 08 anos de um grupo de RN.

As medidas de frequência formântica (F1, F2 e F3) foram analisadas por meio do

script CartaFormantesLog.praat para gerar o trapézio das vogais orais do PB autorizado

pelo autor6.

6 Script: CartaFormantesLog.praat

Desenvolvido por Eduardo Velázquez (adaptado de Mietta Lennes 2004)

35

5 RESULTADOS

Os resultados referentes às medidas acústicas características do padrão de

formantes (frequência – F1, F2, F3; intensidade – I1, I2, I3; e banda – B1) das vogais orais

do PB são apresentados de forma diferenciada por vogal com todas as medidas e por

grupos de falantes (RO e RN) e subgrupos por faixa etária.

Nas Tabelas de 1 a 7 são apresentados os valores de médias, desvio padrão e

p-valor de todas as medidas do padrão de formantes diferenciadas por vogal.

Tabela 1 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [a] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 897,92 111,631 0,001* RN 980,98 103,855

F2 (Hz) RO 1615,42 199,634 0,571 RN 1638,53 157,199

F3 (Hz) RO 3153,49 370,195 0,239 RN 3244,60 307,725

I1 (dB) RO 41,6128 6,37574 0,130 RN 39,6179 5,03560

I2 (dB) RO 33,6270 8,60722 0,379 RN 32,0325 7,18019

I3 (dB) RO 18,9103 8,07559 0,218 RN 16,7974 6,90985

B1 (Hz) RO 211,7179 103,92785 0,956 RN 210,4500 99,41958

*estatisticamente significante (p<0, 05)

36

Tabela 2 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [ɛ] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 670,31 78,223 0,001* RN 735,05 93,639

F2 (Hz) RO 2315,56 170,212 0,038* RN 2394,88 163,682

F3 (Hz) RO 3316,54 324,071 0,137 RN 3412,45 234,996

I1 (dB) RO 43,7923 6,20159 0,034* RN 40,6075 6,89739

I2 (dB) RO 30,2974 6,92921 0,004* RN 25,4475 7,66671

I3 (dB) RO 22,5974 7,70039 0,005* RN 17,5000 8,808975

B1 (Hz) RO 156,6154 73,29810 0,511 RN 144,6500 87,11488

*estatisticamente significante (p<0, 05)

Tabela 3 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [e] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão

p- valor

F1 (Hz) RO 522,20 38,401 0,469 RN 529,30 48,341

F2 (Hz) RO 2399,23 225,716 0,000* RN 2611,70 196,126

F3 (Hz) RO 3247,80 307,198 0,005* RN 3438,18 280,404

I1 (dB) RO 49,4150 6,21762 0,069 RN 46,9550 5,71651

I2 (dB) RO 26,4125 6,76674 0,004* RN 21,4700 8,24463

I3 (dB) RO 21,5775 7,09859 0,17 RN 17,5500 7,62503

B1 (Hz) RO 67,8250 42,78682 0,976 RN 67,5250 44,84846

*estatisticamente significante (p<0,05)

37

Tabela 4 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2 e F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [i] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 356,40 53,047 0,197 RN 342,62 40,128

F2 (Hz) RO 2734,60 268,539 0,000* RN 2949,16 228,075

F3 (Hz) RO 3664,27 372,413 0,368 RN 3736,72 323,972

I1 (dB) RO 45,2450 7,63471 0,002* RN 40,7385 4,14371

I2 (dB) RO 22,2850 10,36324 0,002* RN 15,3757 8,59223

I3 (dB) RO 18,3514 9,20705 0,010* RN 13,3410 7,15441

B1 (Hz) RO 111,1282 60,62359 0,918 RN 109,7949 53,38992

*estatisticamente significante (p<0,05)

Tabela 5 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1, I2, I3) e banda (B1) da vogal [o] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 534,15 53,444 0,155 RN 554,92 73,876

F2 (Hz) RO 1062,70 97,499 0,207 RN 1111,64 219,149

F3 (Hz) RO 3133,95 426,294 0,464 RN 3201,16 376,874

I1 (dB) RO 49,8750 6,16203 0,000* RN 43,8079 5,46519

I2 (dB) RO 36,5250 8,00262 0,005* RN 30,9590 8,99438

I3 (dB) RO 10,1395 8,19431 0,000* RN 2,9447 8,71490

B1 (Hz) RO 76,2500 44,76076 0,033* RN 98,8462 47,68843

*estatisticamente significante (p<0,05)

38

Tabela 6 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [ɔ] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 682,38 90,718 0,002* RN 754,85 110,149

F2 (Hz) RO 1203,62 128,695 0,465 RN 1223,11 94,733

F3 (Hz) RO 3233,57 321,350 0,346 RN 3298,21 272,158

I1 (dB) RO 45,1600 7,54816 0,536 RN 50,7025 55,82353

I2 (dB) RO 36,0641 7,14421 0,066 RN 33,2251 5,76471

I3 (dB) RO 14,4054 21,11834 0,256 RN 10,1846 8,98043

B1 (Hz) RO 134,8250 76,13951 0,084 RN 170,6250 104,43908

*estatisticamente significante (p<0,05)

Tabela 7 - Valores de médias e desvio-padrão dos três primeiros formantes: frequência (F1, F2, F3), intensidade (I1,I2,I3) e banda (B1) da vogal [u] dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Variável Grupo Média Desvio Padrão p- valor

F1 (Hz) RO 428,76 81,821 0,423 RN 415,14 61,682

F2 (Hz) RO 849,31 133,744 0,494 RN 895,69 333,254

F3 (Hz) RO 3096,74 328,498 0,760 RN 3067,17 404,518

I1 (dB) RO 42,3276 5,20847 0,72 RN 38,6378 5,16427

I2 (dB) RO 32,0000 9,16461 0,057* RN 27,0414 9,87636

I3 (dB) RO - 0,9594 7,72123 0,009* RN -6,3720 7,21477

B1 (Hz) RO 189,7368 87,78065 0,368 RN 172,1667 78,65640

*estatisticamente significante (p<0,05)

39

Na sequência desta exposição, os dados são apresentados de forma diferenciada

por grupos de medidas. Os valores sintetizados de frequências de formantes (F1, F2 e F3)

das vogais orais são apresentados na Tabela 8, enquanto valores de média (ME) e

desvio-padrão (DP) para os grupos respiradores orais (RO) e respiradores nasais (RN).

Tabela 8 - Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) dos três primeiros formantes F1, F2 e F3 das 7 vogais orais do PB dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Estímul

o

(vogal)

Respirador Oral

Respirador Nasal

F1

ME (±DP)

F2

ME (±DP)

F3

ME (±DP)

F1

ME (±DP)

F2

ME (±DP)

F3

ME (±DP)

[a]

897

(111,63)

1615

(199,63)

3153

(370,19)

980

(103,85)

1638

(157,19)

3244

(307,72)

[ɛ] 670 (78,22)

2315

(170,21)

3316

(324,07)

735

(93,63)

2394

(163,68)

3412

(234,99)

[e] 522 (38,40)

2399

(225,71)

3247

(307,19)

529

(48,31)

2611

(196,12)

3438

(280,40)

[i] 356 (53,04)

2734

(268,53)

3664

(372,41)

342

(40,12)

2949

(228,07)

3736

(323,97)

[ɔ] 682 (90,71)

1203

(128,69)

3233

(321,35)

754

(110,14)

1223

(94,73)

3298

(272,15)

[o] 534 (53,44)

1062

(97,49)

3133

(426,29)

554

(73,87)

1111

(219,14)

3201

(376,87)

[u] 428 (81,82)

849

(133,74)

3096

(328,49)

415

(61,68)

895

(333,25)

3067

(404,51)

40

Nas figuras 13 a 17 as informações de frequências formânticas (F1 e F2 em Hz)

das sete vogais do PB são apresentadas enquanto valores de dispersão na figura do

trapézio vocálico.

Figura 13 - Distribuição das medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO

Hz

Hz

41

Figura 14 - Distribuição das medidas de F1 e F2 (em HZ) das vogais orais do PB dos falantes RN

Figura 15 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) para as vogais orais do PB dos falantes RO (preto) e RN (azul)

Hz

Hz

Hz

Hz

42

A seguir, os valores de intensidade (I1,I2,I3 em dB) de formantes por vogal são apresentados na Tabela 9 enquanto valores de média (ME) e desvio-padrão (DP) para os grupos RO e RN. Tabela 9 - Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da intensidade (I1,I2,I3 em dB) dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Estímulo

(vogal)

Respirador Oral

Respiradora Nasal

I1

ME (±DP)

I2

ME (±DP)

I3

ME (±DP)

I1

ME (±DP)

I2

ME (±DP)

I3

ME (±DP)

[a]

41,61 (6,37)

33,62 (8,60) 18,91 (8,07) 39,61 (5,03) 32,03 (7,18) 16,79 (6,90)

[ɛ] 43,79 (6,20) 30,29 (6,92) 22,59 (7,70) 40,60 (6,89) 25,44(7,66) 17,50 (8,08)

[e] 49,41 (6,21) 26,41 (6,76) 21,57 (7,09) 46,95 (5,71) 21,47 (8,24) 17,55 (7,62)

[i] 45,24 (7,63) 22,28 (10,36) 18,35 (9,20) 40,73 (4,14) 15,37 (8,59) 13,34 (7,15)

[ɔ] 45,16 (7,54) 36,06 (7,14) 14,40 (21,11) 50,70 (55,82) 33,22 (5,76) 10,18 (8,98)

[o] 49,8 (6,16) 36,52 (8,00) 10,13 (8,19) 43,80 (5,4 ) 30,95 (8,99) 2,94 (8,71)

[u] 42,32 (5,20) 32,00 (9,16) -,95 (7,72) 38,63 (5,16) 27,04 (9,87) -6,37 (7,21)

43

Nas figuras 16 e 17 são apresentados os gráficos de distribuição das medidas de

intensidade dos três primeiros formantes (I1, I2, I3 em dB) para as vogais orais do PB dos

falantes respiradores orais e nasais.

Respirador oral

uÓoiEea

Inte

nsid

ad

e d

e f

orm

an

tes (

dB

)

60

50

40

30

20

10

0

-10

I1

I2

I3

Figura 16 – Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes (I1, I2, I3) das vogais orais produzidas por falantes dos grupos RO

Respirador nasal

uÓoiEea

Inte

nsid

ad

e d

e f

orm

an

tes (

dB

)

60

50

40

30

20

10

0

-10

I1

I2

I3

Figura 17 - Distribuição das medidas de intensidade dos três primeiros formantes (I1, I2, I3) para as vogais orais produzidas por falantes dos grupos RN

44

Os valores de bandas de formantes por vogal são apresentados na Tabela 10 enquanto valores de média (ME) e desvio-padrão (DP) para os grupos RO e RN. Tabela 10 - Valores de médias (ME) e desvio-padrão (DP) da banda do primeiro formante B1 dos falantes dos grupos RO (respirador oral) e RN (respirador nasal)

Estímulo

(vogal)

Respirador Oral

Respirador Nasal

B1

ME (±DP)

B1

ME (±DP)

[a] 211,71 (103,92) 210,45 (99,41)

[ɛ] 156,61 (73,29) 144,65 (87,11)

[e] 67,82 (42,78) 67,52 (44,84)

[i] 111,12 (60,62) 109,79 (53,38)

[ɔ] 134,82 (76,13) 170,62 (104,43)

[o] 76,25 (44,76) 98,84 (47,68)

[u] 189,73 (87,78) 172,16 (78,65)

Banda de formante - B1

uÓoiEea

Hz

300

250

200

150

100

50

0

RO

RN

Figura 18 - Distribuição das medidas bandas de formantes (Hz) das 07 vogais orais do PB do grupo RO

45

No estudo por subgrupos divididos por faixas etárias entre grupos RO e RN, valores

estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de médias de

freqüência (Hz) por faixa etária de 7 a 10 anos para os grupos de RO e RN de F1 de [a]

(p= 0,000), [ɛ] (p= 0,006) , [i] (p= 0,001) e [ɔ] (p= 0,007); de F2 [e] (p=0,001), [ɛ] (p=

0,022) e [i] (p= 0,016). A distribuição dos valores médios de F1 e F2 (em Hz) para a

referida subfaixa etária são apresentados na Figura 19.

A variação das médias por faixa etária de 7 a 10 anos no grupo RO revelou

diminuição das médias de F1 e F2 em relação aos RN, exceto para a vogal [i] em F1.

Figura 19 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) para as vogais orais do PB dos falantes RO (preto) e RN (azul) de 7 a 10 anos

Hz

Hz

46

Valores estatisticamente significantes também foram encontrados para comparação

de médias por faixa etária de 10 anos e 1 mês a 12 anos para os grupos de RO e RN de

F2 de [e] (p=0,000) e [i] (p= 0,000); F3 de [a] (p= 0,006), [ɛ] (p= 0,005), [e] (p=0,000) e

[u] (p=0,016). Detectou-se diminuição das médias de F2 e F3 dos falantes do grupo RO,

exceto para a vogal posterior [u] em F3. Na Figura 16 são apresentados.

A distribuição dos valores médios de F1 e F2 (em Hz) para a referida subfaixa

etária são apresentados na Figura 20.

Figura 20 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO (preto) e RN (azul) de 10 anos e 01 mês a 12 anos

Hz

Hz

47

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de frequências de F1 e F2 por faixa etária de 7 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12

anos para o grupo RO de F1 de [e] (p= 0,045), [ɛ] (p= 0,014) e [i] (p= 0,000); F2 de [a]

(p=0,000), [e] (p= 0,000), [ɛ] (p= 0,001), [i] (p= 0,013), [o] (p=0,003), [ɔ] (p= 0,000) e [u]

(p=0,004); F3 de [a] (p=0,000), [e] (p= 0,000), [ɛ] (p= 0,000) e [o] (p=0,034). Detectou-se

diminuição das médias de freqüência para a faixa etária de 10 a 12 anos em relação

àquela de 7 a 10.

A distribuição dos valores médios de F1 e F2 (em Hz) para as duas subfaixas

etárias no grupo RO são apresentados na Figura 21.

Figura 21 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RO 7 a 10 anos (preto) e RO de 10 anos e 01 mês a 12 anos (cinza)

48

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de frequência por faixa etária de 7 a 10 anos e 10.1 anos a 12 anos para os

falantes do grupo RN para F1 de [a] (p=0,000), [ɛ] (p= 0,019), [o] (p=0,015) e [ɔ] (p=

0,015); F2 [a] (p=0,000), [e] (p= 0,001), [ɛ] (p= 0,000), [i] (p= 0,049) e [ɔ] (p= 0,004); F3

[e] (p= 0,038), [ɛ] (p= 0,000), [o] (p=0,009) e [ɔ] (p= 0,006). Detectou-se diminuição das

médias de frequência para a faixa etária de 10 anos e 1 mês a 12 anos em relação a faixa

de 7 a 10 anos.

A distribuição dos valores médios de F1 e F2 (em Hz) para as duas subfaixas

etárias no grupo RN são apresentados na Figura 22.

Figura 22 – Médias de medidas de F1 e F2 (em Hz) das vogais orais do PB dos falantes RN 7 a 10 anos (azul) e RN de 10 anos e 1 mês a 12 anos (azul claro)

49

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de intensidade (dB) por faixa etária de 7 a 10 anos para os grupos de RO e RN de

I1 de [ɛ] (p=0,015), [i] (p=0,009), [o] (p=0,001) e [u] (p=0,000); I2 de [ɛ] (p=0,041), [e]

(p=0,012) e [i] ] (p=0,047), I3 [i] (p=0,030) e [o] (p=0,012).

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de intensidade (dB) por faixa etária de 10 a 12 anos para os grupos de RO e RN

de I1 de [a] (p=0,007) e [o] (p=0,002); I2 de [i] (p=0,000), [o] (p=0,004) e [u] (p=0,012); I3

[a] (p=0,012), [ɛ] (p=0,013) e [o] (p=0,005).

Valores estatisticamente significantes foram encontradas para comparação de

médias de intensidade (dB) por faixa etária de 7 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos

para os grupos de RO de I1 de [a] (p=0,000) e [ɔ] (p= 0,012), I2 de [a] (p=0,001), [e] (p=

0,052), [ɔ] (p= 0,039) e [u] (p=0,018); I3 [a] (p=0,000), [e] (p= 0,026) e [ɛ] (p= 0,051).

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de intensidade (dB) por faixa etária de 7 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12 anos

para os grupos de RN de I1 de [a] (p=0,001), [e] (p= 0,019), [ɛ] (p= 0,020), [i] (p= 0,025) e

[o] (p=0,013), I2 [a] (p=0,000), [ɔ] (p= 0,005) e [u] (p=0,00).

Valores estatisticamente significantes foram encontrados para comparação de

médias de largura de banda por faixa etária de 10 anos e 1 mês a 12 anos para os grupos

de RO e RN de [ɔ] (p= 0,043); por faixa etária de 7 a 10 anos e 10 anos e 01 mês a 12

anos para os grupos de RO para as vogais [i] (p=0,022) e [ɔ] (p= 0,000) e RN para as

vogais [ɛ] (p=0,006), [o] (p=0,29), e [ɔ] (p= 0,047).

50

6 DISCUSSÃO

Na literatura investigada, verificou-se a escassez de estudos que tenham analisado

detalhadamente os efeitos da respiração oral na fala, especialmente aqueles de natureza

acústica. Neste campo, ganha destaque o trabalho de ANDRADE DAN (2009), que

investigou as medidas de frequência formântica (F1, F2 e F3) das vogais [a] [i] [u] da fala

dos respiradores orais para a faixa de 05 a 10 anos.

No presente estudo, os resultados apontam para diferenciação do padrão

formântico entre crianças respiradoras orais (RO) e nasais (RN) na faixa etária de 07 a 12

anos.

A inspeção geral dos valores de frequências formânticas revela que aqueles

referentes a F1 encontraram-se rebaixados (com significância estatística) na vogal aberta

[a] e nas semiabertas [ɛ] e [ɔ] (Tabelas 1, 2 e 6) no grupo de respiradores orais, sugerindo

maior fechamento das cavidades ressoadoras, especialmente por redução da extensão da

mobilização do dorso de língua e/ ou mandíbula (STEVENS,2000).

A descrição de ajustes de qualidade vocal apresentada com a finalidade de

caracterização da amostra (Quadros 3 e 4) aponta tendências de ajustes de diminuição de

extensão de movimentos de dorso de língua e de mandíbula, em maior proporção no

grupo RO. Tais ajustes de qualidade vocal manifestam-se no domínio de longo termo da

fala e podem afetar as articulações das vogais, devido ao predomínio da mobilização dos

articuladores, neste caso a língua e mandíbula, por várias e repetidas vogais no fluxo da

fala. Esta ocorrência é descrita por LAVER (1980) como princípio da susceptibilidade dos

segmentos aos ajustes de qualidade vocal.

No caso deste estudo, as vogais são consideradas segmentos susceptíveis a

ajustes de qualidade vocal relativos a mobilizações de língua, lábios, mandíbula e palato

mole, além daqueles fonatórios. Apesar de a análise perceptivo-auditiva ter sido realizada

51

em trechos de fala semi-espontânea dos falantes, deve-se considerar que as tendências

de mobilização de articuladores ocorrem na fala de forma recorrente. Estes dados

reforçam as inferências relativas às mobilizações de língua e mandíbula detectadas na

análise de frequências formânticas.

Os valores de frequências de F2 apresentaram-se rebaixados nas vogais anteriores

[ɛ],[e] e [i] (Tabelas 2, 3 e 4) do grupo de RO (com significância estatística), sugerindo que

há um movimento de posteriorização do dorso na língua nas vogais anteriores.

Na mesma concepção adotada para análise de F1, destaca-se que o achado de

ajuste de qualidade vocal de diminuição de extensão de movimento da língua pode ter

afetado o parâmetro de F2. Assim sendo, a mobilização ântero-posterior da língua

mostrou-se mais limitada para as vogais anteriores, situação oposta ao grupo RN, em que

foi detectada a tendência à mobilização anterior de ponta e dorso de língua.

Tomados em conjunto, os dados de F1 e F2 sugerem que no RO ocorre uma

redução da amplitude dos movimentos da língua nos eixos da altura e do deslocamento

ântero-posterior. Tais dados são compatíveis com decrições clínicas que referem

alteração no posicionamento da língua no caso da fala do RO.

Nas figuras do trapézio das vogais orais do PB traçadas a partir dos resultados da

média das medidas acústicas dos formantes F1 e F2 do grupo RO em relação ao grupo

RN (Figuras 13 e 14) observa-se redução da sua área, principalmente nas vogais

anteriores. O trapézio ilustra a representação da configuração articulatória do trato vocal

supraglótico por meio da plotagem de medidas acústicas, em que a frequência de F1 é

representada no eixo vertical e a de F2 no eixo horizontal.

Interessante notar que os valores de intensidade de formantes seguem elevados no

grupo RO em relação a RN, quando comparados por subfaixas etárias.

52

Tais conclusões foram possíveis a partir da consideração da descrição acústica das

vogais em que o primeiro formante (F1) é influenciado pela cavidade posterior ao ponto de

maior aproximação da língua com o palato e está relacionado à altura da língua e à

abertura de boca. O segundo (F2) é influenciado pela cavidade oral (anterior) e está

relacionado com a posição da língua no sentido ântero-posterior (eixo horizontal) (FANT,

1970, LADEFOGED, 1973, STEVENS, 2000).

Quanto às intensidades dos formantes das vogais do PB (I1, I2 e I3), vale ressaltar

que houve aumento da medida no grupo RO em relação ao grupo RN (com significância

estatística). Estas ocorrências foram notáveis nas vogais [ɛ], [i] e [o] para I1, [ɛ],[e], [i] e [o]

para I2 e [ɛ], [i], [o] e [u] para I3.

Os dados obtidos sugerem um aumento do nível global da intensidade da vogal que

se reflete no aumento, também global, das intensidades formânticas (Figuras 16 e 17).

Estes achados são compatìveis aos ajustes de qualidade vocal de hiperfunção laríngea.

Tais ajustes de qualidade vocal podem ter influenciado os achados, na medida em que a

hiperfunção leva a maior grau de adução glótica e ao aumento da pressão subglótica. Os

dados refletem-se no envelope espectral da vogal, de maneira que todos os picos

formânticos encontram-se elevados em intensidade. Os achados vão de encontro a

explorações recentes de correlações entre dados perceptivos (VPAS-PB) e acústicos

(CAMARGO, MADUREIRA, 2010; RUSILO et al., 2011), em que os ajustes de hiperfunção

laríngea agruparam-se com medidas acústicas de intensidade e declínio espectral.

Um achado a se considerar é a incidência elevada de ajustes de hiperfunção

laríngea nos dois grupos estudados (RO e RN), porém em grau mais acentuado no grupo

RO, o que poderia justificar a intensidade mais elevada das vogais.

Levanto a possibilidade de o achado de aumento de intensidade dos três primeiros

formantes também guardar relação com condições adversas da cavidade nasal do grupo

RO, em que se destaquem alterações da mucosa por quadros alérgicos e situação de

hipertrofia de tonsila palatina (Quadro 1). Além disso a alteração na profundidade

53

(aumentada) e largura (reduzida) do palato duro, característica dos quadros de RO, pode

levar à ampliação da área da cavidade oral em relação à cavidade nasal.

Neste ponto da discussão, vale recordar que o sitema de ressoadores nasais é

complexo, na medida em que a cavidade nasal e a rinofaringe conectam-se ao sistema de

seios paranasais. Alguns estudos exploram as particularidades de ressonância de

diferentes segmentos do sistema ressonantal nasal (DANG e HONDA, 1995) e

identificaram ressonâncias, ou seja, formantes diferenciados para distintos segmentos

deste complexo de cavidades nasais.

Outro ponto a se destacar a partir deste achado é o fato de que as intensidades

dos picos espectrais (formânticos) são pouco abordadas na literatura, inclusive quando da

caracterização de vogais, basicamente concentrada na descrição e análise de frequências

destes componentes.

Prosseguindo a análise de parâmetros relativos a subgrupos por faixas etárias entre

os falantes RO e RN, destaco os achados de frequências formânticas. Na faixa etária de

07 a 10 anos ocorreram fenômenos similares àqueles descritos para grupo RO em geral,

ou seja diminuição de F1 nas vogais abertas e semiabertas e de F2 nas vogais anteriores,

além do aumento da intensidade nos três formantes. No caso da faixa etária superior (10

anos e 1 mês a 12 anos), há um diferencial: os grupos RO e RN não apresentaram

diferenças em termos de F1, enquanto F2 se apresentou rebaixado para algumas das

vogais anteriores ([e] e [i]) e F3 diminuído nas vogais [a], [ɛ, ][e] e [u].

Quanto à largura de banda (B1), houve diferenciação entre grupos apenas na

vogal [ɔ], com valores rebaixados no grupo RO.

Os dados da subfaixas etária de 10 anos e 1 mês a 12 anos referentes às

frequências formânticas diferenciaram-se da faixa etária anterior nesta fase, revelando a

possibilidade de crescimento e/ou ampliação da cavidade faríngea, especialmente pelos

valores de F2 e F3, os quais podem não estar restritos ao grupo de RO.

54

Neste processo de desenvolvimento, a laringe da criança apresenta um formato em

cone que prioriza a proteção de vias aéreas (AZEVEDO, 2009). Durante os primeiros anos

de vida até a fase pré puberal ocorre uma adaptação progressiva da laringe infantil

(HERSAN, 1998).

Neste processo de desenvolvimento, a laringe se desloca para porções mais baixas

no pescoço. Por volta dos cinco anos, a borda inferior da cartilagem cricóide encontra-se

na altura da 5ª ou 6ª vértebra cervical resultante do crescimento vertical da faringe e

região cervical, mudança do ângulo da base do crânio em relação à coluna vertebral e

crescimento do terço posterior da língua em direção à faringe (HERSAN, 1998;

AZEVEDO, 2009). As mesmas autoras sustentam que a muda vocal pode ocorrer por

volta de 12 a 14 anos nas meninas e de 13 a 15 anos nos meninos.

Finalmente, a comparação intragrupos (RO e RN) por subgrupos etários revelou

diferenças em termos das medidas de F1, F2 e F3 para todas a vogais na faixa de 07 a

10 anos, com tendências à elevação das frequências formânticas. Tais dados sugerem

que a extensão do trato vocal é menor no RO e no RN de 07 a 10 anos comparada a

faixa etária seguinte. Neste aspecto, devo mencionar que o encurtamento de extensão do

trato vocal reflete-se na elevação de todas as frequências formânticas, enquanto o

alongamento promove efeito inverso (LADEFOGED,1973, STEVENS 2000). Desta forma,

o crescimento do aparelho fonador reflete-se acusticamente no rebaixamento de todas as

frequências formânticas.

No grupo RO, as variações de F1 foram mais evidentes em [ɛ] [e] e [i]. Por outro

lado, e de forma complementar, as intensidades I1, I2 e I3 foram maiores no subgrupo 10

anos e 1 mês a 12 anos de idade. Fenômenos similares ocorreram no grupo RN, sendo

que F1 apresentou valores elevados no grupo etário de 07 a 10 anos em vogais diferentes

do grupo RO: [a], [ɛ], [ɔ] e [o] (vogais abertas com exceção de [o]).

55

Os dados apresentados apontam para particularidades na produção das vogais

pelo grupo de crianças do grupo RO, em que se destacam indicativos acústicos da

redução da amplitude do movimento de língua e de mandíbula. Tais dados poderão

colaborar para o direcionamento terapêutico em caso de queixas de alterações de fala dos

falantes respiradores orais, uma vez que foi possível detalhar o perfil de um grupo de

falantes RO em relação ao grupo RN.

Os dados das medidas de frequência formântica F1, F2 e F3 das sete vogais orais

do PB dos RN deste estudo na faixa etária de 07 a 10 anos foram comparados ao estudo

de ANDRADE FLA (2009) de RN na faixa etária semelhante (07 a 08 anos). As médias

das referidas medidas acústicas encontradas foram equivalentes.

O mesmo resultado ocorreu ao comparar os resultados do presente estudo com as

médias das medidas de F1 F2 e F3 com o trabalho de ANDRADE DAN (2009) nas vogais

[a] [i] [u] com RO.

Vale salientar que os dados acústicos do grupo RN na faixa etária de 07 a 12 anos

podem ser empregados como referência para falantes do PB sem alterações respiratórias.

56

7 CONCLUSÕES

Os falantes respiradores orais (RO) e sem alteração da respiração (RN)

apresentaram diferenças na estrutura formântica das vogais orais do PB, no que se refere

aos parâmetros de frequência e intensidade.

Em comparação ao grupo RN, o grupo RO caracterizou-se por valores abaixados

de F1, os quais sinalizam tendências à diminuição da abertura de mandíbula e elevação

de dorso de língua, especialmente nas vogais abertas. Os valores rebaixados de F2

indicam tendência à menor amplitude de movimentos de língua no eixo ântero-posterior,

especialmente nas vogais anteriores. Tais dados conjugados sinalizam menor amplitude

da articulação das vogais.

As medidas de intensidade I1, I2 e I3 apresentaram-se aumentadas no grupo RO,

as quais merecem maior investigação a fim de se caracterizar a natureza de tais achados

num grupo ampliado de falantes. As indicações preliminares apontam para a possibilidade

de correspondência a achados de conformação de cavidade oral, especialmente pela

configuração de palato duro, e por ajustes de qualidade vocal de hiperfunção laríngea.

Os valores de banda de formantes não revelaram diferenças significativas entre os

grupos RO e RN.

Finalmente, algumas diferenças foram detectadas em medidas de frequências

formânticas entre subgrupos por faixas etárias, as quais sugerem que foi possível registrar

efeitos do processo do crescimento do trato vocal e de aumento de sua extensão total,

além da ampliação da área de cavidades ressoadoras, tanto no grupo RO, quanto RN.

A análise acústica de amostras de fala de crianças RO, em relação a crianças RN,

permitiu o detalhamento da produção da fala, especialmente das vogais, o qual pode ser

relevante ao delineamento da conduta terapêutica no grupo RO.

57

Anexo 1 Questionário aplicado aos pais e ou responsáveis

pelos respiradores nasais

adaptação da História Clínica – MBGR (Marchesan e col, 2011)

Nome:

Data: / / Idade: anos e meses DN: / /

1. Apresenta a respiração:

Oral ( ) Nasal ( ) Oronasal ( )

2. Apresenta problemas respiratórios:

Não ( )

Sim ( ) Qual (is):

Resfriados frequentes*: sim

Problemasde garganta: sim

Amidalite: sim

Halitose: sim Asma: sim

Bronquite: sim

Pneumonia: sim

Rinite: sim

Sinusite: sim

Obstrução nasal: sim

Prurido nasal: sim

Coriza: sim

Espirros em salva: sim

*resfriado freqüente (alteração de via aérea superior – viral): crianças até 5 anos acima de 12 episódios/ano

entre 6 e 12 anos acima de 6 episódios/ano

3. Já fez tratamento médico ( ORL, Alergologista, Pneumologista) ?

Sim ( ) Não ( )

4. Já fez alguma cirurgia ?

Não ( )

Sim ( ) Qual: __________________ Quando? ______________

5. Apresenta alteração de sono?

Não ( )

Sim ( ) Assinale as opções:

Agitado: sim

Fragmentado: sim

Ronco: sim

Ressona: sim

Sialorréia (baba): sim

Apnéia: sim

Ingestão de água a noite: sim

Boca aberta ao dormir: sim

Boca seca ao acordar: sim

58

Anexo 2

Breve Exame Clínico Fonoaudiológico aplicado nos respiradores nasais

adaptação do Protocolo MBGR (Marchesan e col, 2011)

NNoorrmmaa FFrroonnttaall [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 3)

Tipo facial comparar a altura (A) com a largura (La): (0) média (A semelhante a La)

(1) longa (A > La)

(1) curta (La > A)

Proporção facial

comparar o terço médio com o inferior: (0) semelhantes (1) terço inferior maior (1) terço inferior menor

comparar a distância do canto externo do olho à comissura labial D com a E: (0) semelhante (1) assimétrica

NNoorrmmaa LLaatteerraall [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 2)

Tipo Facial: (0) Tipo I (reto) (1) Tipo II (convexo) (1) Tipo III (côncavo)

Ângulo nasolabial: (0) próximo a 90º - 110 (1) agudo (<90º) (1) obtuso (>110º)

Observação: ____________________________________________________________________________

LLáábbiiooss [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 10)

Posição habitual: (0) fechados (2) entreabertos

(1) fechados com tensão (2) fechados em contato dentário

(2) ora abertos ora fechados (3) abertos

Forma - Superior:

- Inferior:

(0) normal (1º arco do cupido)

(0) normal

(1) em asa de gaivota (1º e 2º arco do cupido)

(1) com eversão discreta

(2) com eversão acentuada

Comprimento do superior: (0) cobre ⅔ dos incisivos (1) cobre mais que ⅔ (1) cobre menos que ⅔

Mucosa externa:

(0) normal (1) com saliva (1) ressecados (2) feridos

Observação: __________________________________________________________________________________

PPaallaattoo [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 8)

Duro: Profundidade: (0) adequada (1) reduzida (baixo) (2) aumentada (alto)

Largura: (0) adequada (1) aumentada (larga) (2) reduzida (estreitada)

Véu Palatino: Simetria: (0) presente (1) ausente

Extensão: (0) adequada (1) longa (2) curta

Úvula: (0) adequada (1) alterada (descrever): ______________________________________________________________

Observação:____________________________________________________________________________

TToonnssiillaass ppaallaattiinnaass [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 4)

Presença: presentes removidas não observáveis

Tamanho: (0) adequado (1) hipertrofia D (1) hipertrofia E

Coloração: (0) adequado (1) hiperemia D (1) hiperemia E

Observação: ____________________________________________________________________________

59

OOcclluussããoo [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 10)

Linha média: (0) adequada (1) desviada D (1) desviada E

Classificação de Angle: Lado D

Lado E

(0) Classe I

(0) Classe I

(1) Classe II div. 1ª

(1) Classe II div. 1ª

(1) Classe II div. 2ª

(1) Classe II div. 2ª

(1) Classe III

(1) Classe III

Relação horizontal: (0) adequada (TH entre 1 e 3mm)

(1) mordida de topo (TH = 0mm)

(1) sobressaliência excessiva

(TH >3mm)

(1) mordida cruzada anterior

(TH <0mm)

Relação vertical: (0) adequada (TV entre 1 e 3mm)

(1) mordida de topo (TV = 0mm)

(1) sobremordida excessiva (TV >3mm)

(1) mordida aberta anterior (TV <0mm)

(1) mordida aberta posterior D

(1) mordida aberta posterior E

Relação transversal: (0) adequada (1) mordida cruzada posterior D (1) mordida cruzada posterior E

Uso de aparelho: não removível fixo

Observação: _____________________________________________________________________________

RReessppiirraaççããoo [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 7)

Se alterada, esta é de origem [ ] funcional [ ] estrutural [ ] outra

Tipo: (0) médio/inferior (1) médio/superior (1) outro (descrever): __________________________________

Modo: (0) nasal (1) oronasal (2) oral

Fluxo nasal (usar o espelho)

ao chegar: (0) semelhante entre as narinas (1) assimetria leve (1) assimetria acentuada

após limpeza: (0) semelhante entre as narinas (1) assimetria leve (1) assimetria acentuada

Possibilidade de uso nasal: (0) 2 minutos ou mais (1) entre 1 e 2 minutos (2) menos que 1 minuto

Observações:___________________________________________________________________________

PPeerrffiill ddoo ssuujjeeiittoo::

RReessppiirraaddoorr oorraall (( )) RReessppiirraaddoorr nnaassaall (( ))

FFaallaa::

60

Anexo 3 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição LIAAC

Programa de Estudos Pós-Graduados em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem LAEL Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Nome do participante:........................................................................................................ ..Data:..../..../.....

Endereço: .......................................................................................................Cidade:.................UF:......... CEP: ........................Telefone: ( )...........................................RG:..............................CPF:.......................

Nome do pesquisador principal:

Instituição: Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-

LIAAC/ PUCSP e Instituto CEFAC.

1. Título do estudo : Correlatos acústicos da postura de língua na produção de fala de respiradores orais.

2. Propósito do estudo: comparar, por meio de dados perceptivos e acústicos padrão de formantes: frequência,

intensidade e banda dos três primeiros formantes – (F1, F2 e F3) das vogais orais do Português Brasileiro-PB, o

posicionamento da língua nos aspectos de altura e anterioridade durante a produção de fala de indivíduos com

diagnóstico de respiração oral

3. Justificativas:estudos mostram que o instrumental da análise acústica propicia a condição de inferir o

posicionamento da parte média da língua durante a produção de fala, o que poderia auxiliar o processo de diagnóstico e promover uma melhor conduta terapêutica

4. Procedimentos: dez falantes de cada grupo (com respiração oral e sem alterações respiratórias) com idades entre 7 a

13 anos serão submetidos à sessão de gravação de amostras de fala contendo trechos de fala semi-espontânea, e

sentenças-veículo com as sete vogais orais do PB inseridas. A coleta de tais dados ocorrerão no Laboratório de Fala

do Instituto CEFAC.

5. Riscos e desconfortos: nenhum

6. Benefícios: minha participação é voluntária e não trará qualquer benefício direto, mas proporcionará um melhor

conhecimento sobre as variações da produção de sons do Português Brasileiro, como também para futuros estudos

na área das Ciências da Fala.

7. Direitos do participante: eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento, sem sofrer nenhum prejuízo e tenho

direito de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. 8. Compensação financeira: não existirão compensações financeiras relacionadas à minha participação no estudo.

Serei reembolsado por quaisquer despesas de viagem.

9. Incorporação ao banco de dados do Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição (LIAAC) e Laboratório

de Fala do Instituto CEFAC:os dados obtidos com minha participação, na forma de entrevistas, gravações em áudio

e vídeo, resumos e relatório de exames, serão incorporados ao banco de dados dos referidos laboratórios cujos

responsáveis zelarão pelo uso e aplicabilidade das amostras exclusivamente para fins científicos, apenas

consentindo o seu uso futuro em projetos que atestem pelo cumprimento dos preceitos éticos em pesquisas

envolvendo seres humanos, segundo resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

10. Confidencialidade: compreendo que os resultados deste estudo poderão ser publicados em jornais profissionais ou

apresentados em congressos profissionais, sem que minha identidade seja revelada.

11. Em caso de dúvida quanto ao item 9, posso entrar em contato com os responsáveis pelo banco de dados do LIAAC (Mário Fontes e Zuleica Camargo) no telefone:36708333.

12. Em caso de dúvida quanto à pesquisa descrita posso telefonar para Luciana Regina de Oliveira no número (11)

36827321 a qualquer momento.

Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em participar deste

estudo e em ceder meus dados para o banco de dados do LIAAC e Laboratório de Fala do Instituto CEFAC.

Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo feito. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

________________________________________

Assinatura do sujeito participante (responsável)

_____________________________________

Assinatura do pesquisador

61

Anexo 4

São Paulo, 23 de junho de 2010

À pesquisa

Fga (0) Luciana Regina de Oliveira

End: R. Victor Brecheret, 520 apto 3C T5

CEP: 06026-000 Vila Yara Osasco - SP

TEL: (11) 3682 7321

Referência: avaliação ética de pesquisa com seres vivos

O Comitê de Ética em Pesquisa do CEFAC – Centro de Especialização em

Fonoaudiologia Clínica, em reunião realizada no dia 23 / 06 /10, avaliou seu projeto de

pesquisa com seres vivos denominado “ Correlação acústicos e perceptivos da postura de

língua na produção de fala de respiradores orais ” sob número 051 /10 e o considerou

APROVADO SEM RISCO COM necessidade do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Parabenizando pelo projeto e desejando que o mesmo possa ser realizado,

enriquecendo os conhecimentos fonoaudiológicos no nosso país, despedimo-nos

lembrando que você deve comunicar toda e qualquer alteração do projeto e/ou do

consentimento pós-informado e interromper temporariamente seus procedimentos até

manifestação por escrito do Comitê.

Atenciosamente,

DRA. RITA MOR

Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa – CEFAC

Fone/fax: (11) 3868 0818 Email: cefac@cefac

62

Anexo 5

São Paulo, 26 de outubro de 2011

À pesquisa

Fga (0) Luciana Regina de Oliveira

End: R. Victor Brecheret, 520 apto 3C T5

CEP: 06026-000 Vila Yara Osasco - SP

TEL: (11) 3682 7321

Referência: avaliação ética de pesquisa com seres vivos

O Comitê de Ética em Pesquisa do CEFAC – Centro de Especialização em

Fonoaudiologia Clínica, em reunião realizada no dia 26 / 10 /11, avaliou seu projeto de pesquisa com seres vivos denominado “Análise acústica comparativa das vogais orais entre respiradores orais e nasais” sob número 051 /10 e o considerou APROVADO SEM RISCO COM necessidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Parabenizando pelo projeto e desejando que o mesmo possa ser realizado, enriquecendo os conhecimentos fonoaudiológicos no nosso país, despedimo-nos lembrando que você deve comunicar toda e qualquer alteração do projeto e/ou do consentimento pós-informado e interromper temporariamente seus procedimentos até manifestação por escrito do Comitê.

Atenciosamente

DRA. ADRIANA RAHAL REBOUÇAS DE CARVALHO

Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa – CEFAC

Fone/fax: (11) 3868 0818 Email: cefac@cefac

63

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