animagogia em 15 questões

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Compreendendo a Animagogia em 15 questões 1 O que é a Animagogia? Resposta: É um programa de educação espiritualista, de cunho universalista e transreligioso criado em 2003 na ONG Círculo de São Francisco. Parte do pressuposto que somos Espíritos eternos vivenciando uma experiência humanizada e que a matéria existe de forma relativa, não sendo apenas uma projeção da mente, como afirma o pensamento solipsista. Assim, a matéria existe para que o Espírito possa provar para ele mesmo, e a mais ninguém, que pode ser mais forte que ela, vivenciado sua vida humanizada com habilidade espiritual (com os atributos do Espírito que veremos abaixo). 2 Qual o objetivo da Animagogia? Resposta: Compreendendo que o Espírito foi criado puro e perfeito, à imagem e semelhança de Deus, e que não há “espírito inferior” ou “espírito superior”, apenas Espírito humanizado mais preso ou liberto do ego, o objetivo da Animagogia é ajudar a despertar os atributos do Espírito, processo que se faz integrando o ego (consciência humanizada ou “eu inferior”) com o Self (consciência humanizada universal ou “eu superior”), despertando a sensibilidade crística (atributos do Espírito) presente em nossa essência. O símbolo abaixo representa essa relação, onde o círculo azul representa o Espírito puro e o triângulo branco o Self, a consciência humanizada universal. Por sua vez, o triângulo invertido, na cor vermelha, representa o ego. Na verdade, trata-se de uma única consciência cuja diferenciação está relacionada à dimensão onde vibra. A integração do Self e do ego e o despertar dos atributos do Espírito para que a vida humanizada seja vivenciada com habilidade espiritual são os objetivos centrais da Animagogia, representada pela imagem abaixo.

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Este texto responde a quinze questões sobre a Animagogia. Foi escrito em Belo Horizonte, durante o I Encontro de Animagogia do Sudeste, em janeiro de 2015.

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Page 1: Animagogia em 15 questões

Compreendendo a Animagogia em 15 questões

1 – O que é a Animagogia?

Resposta: É um programa de educação espiritualista, de cunho universalista e

transreligioso criado em 2003 na ONG Círculo de São Francisco. Parte do pressuposto

que somos Espíritos eternos vivenciando uma experiência humanizada e que a matéria

existe de forma relativa, não sendo apenas uma projeção da mente, como afirma o

pensamento solipsista. Assim, a matéria existe para que o Espírito possa provar para ele

mesmo, e a mais ninguém, que pode ser mais forte que ela, vivenciado sua vida

humanizada com habilidade espiritual (com os atributos do Espírito que veremos

abaixo).

2 – Qual o objetivo da Animagogia?

Resposta: Compreendendo que o Espírito foi criado puro e perfeito, à imagem e

semelhança de Deus, e que não há “espírito inferior” ou “espírito superior”, apenas

Espírito humanizado mais preso ou liberto do ego, o objetivo da Animagogia é ajudar a

despertar os atributos do Espírito, processo que se faz integrando o ego (consciência

humanizada ou “eu inferior”) com o Self (consciência humanizada universal ou “eu

superior”), despertando a sensibilidade crística (atributos do Espírito) presente em nossa

essência. O símbolo abaixo representa essa relação, onde o círculo azul representa o

Espírito puro e o triângulo branco o Self, a consciência humanizada universal. Por sua

vez, o triângulo invertido, na cor vermelha, representa o ego. Na verdade, trata-se de

uma única consciência cuja diferenciação está relacionada à dimensão onde vibra. A

integração do Self e do ego e o despertar dos atributos do Espírito para que a vida

humanizada seja vivenciada com habilidade espiritual são os objetivos centrais da

Animagogia, representada pela imagem abaixo.

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3 – Se o espírito é perfeito por que precisa encarnar/reencarnar?

Resposta: Apesar de ter sido criado puro e perfeito, ou seja, feliz, amoroso, pacífico,

humilde, equânime etc. o Espírito é criado sem experiência e sem sabedoria, o que se

adquire ao longo das encarnações. Atualmente, estamos na fase humanizada do Espírito,

mas o Espírito não é humano. Estar humanizado é uma fase desse aprendizado. A fase

humanizada se caracteriza pelo desabrochar da racionalidade e da intuição, tendo pleno

domínio das emoções e das formações mentais. O Espírito não está necessariamente

“evoluindo”, mas despertando. Um preto-velho que se identifica como pai Joaquim de

Aruanda costuma usar uma metáfora muito interessante em suas palestras públicas

através do médium Firmino José Leite. Ele afirma que cada Espírito é como uma

lâmpada de 100 W. Deus não teria criado o espírito "sem luz" e o colocaria para

“evoluir” até atingir 100 W. Concordando com essa metáfora, a Animagogia considera

que o ego (que falaremos adiante) é como uma sujeira que impede o Espírito de brilhar.

Assim, se pegarmos 3 Espíritos diferentes poderemos até observar que um brilha mais

que o outro nos passando a falsa impressão que um tem mais "luz" que o outro. Mas

essa compreensão é ilusória ou falsa, pois todos apresentam o mesmo brilho. Porém, o

Espírito que não está condicionado às verdades do ego tem sua luminosidade brilhando

de forma plena. O outro que se libertou medianamente tem seu brilho menos intenso,

mas sua luz está lá intacta dentro dele. Assim também naquele cuja “lâmpada” se

encontra totalmente suja, engordurada, cheia de poeira etc. Nesse sentido, quanto mais

o Self se integra ao ego, mais a luz interior se manifesta na vida exterior. E o objetivo da

encarnação é justamente aprender a deixar a luz brilhar em um ambiente (mundo de

provas e expiações) cuja essência é o egoísmo e seus derivados (vaidade, orgulho,

Page 3: Animagogia em 15 questões

poder, fama, competição etc.). Ser mais forte que o egoísmo no plano espiritual é muito

fácil, por isso que a prova e a aquisição de experiência e de sabedoria acontecem, na

fase humanizada, com a encarnação nos chamados "mundos de provas e expiações". E,

quanto mais experiência e sabedoria adquirida, mais fácil vivenciar com habilidade

espiritual a vida humanizada do Espírito. É por isso que muitos seres humanizados

encarnados conseguem vivenciar com amor universal, felicidade incondicional e paz

interior toda e qualquer vicissitude. São aqueles que já possuem uma "bagagem"

construída ao longo de muitas encarnações. Podemos comparar com um jogo de cartas.

Uma "mão boa" na mão de um jogador inexperiente pode não representar muita

vantagem, enquanto um jogador experiente, mesmo com uma "mão fraca", é capaz de

vencer uma partida dada como perdida com a distribuição ao acaso das cartas.

Simbolicamente, podemos dizer que ao iniciar suas encarnações nos mundos de provas

e expiações, na fase humanizada, o espírito e o Self estão adormecidos e o "patrão" é o

ego, como podemos representar na imagem abaixo. Ao longo das encarnações, sempre

com mais experiência e sabedoria, o Espírito vai despertando e dominando o Self e o

ego, de forma que as vicissitudes da vida humanizada, seja ela encarnada ou incorpórea

não tirem sua paz interior e sua felicidade.

4 – E como ocorre a encarnação?

Resposta: A Animagogia compreende que para encarnar o Espírito que se encontra na

fase humanizada passa pelos seguintes processos:

a) Processo de humanização – acontece na dimensão que chamaremos de noética (termo

usado pelo psicólogo Willian James, não necessariamente com esse mesmo sentido).

Nesta dimensão “residem” os valores universais humanizados, valores que devem

nortear a existência de todos, tanto do bandido e do policial, do terrorista e do humorista

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ateu, do religioso e do cientista, do homem e da mulher etc. Podemos dizer que é o

campo do insconsciente coletivo, conforme conceituação de C G Jung. Essa dimensão

costuma ser acessada pela intuição ou até mesmo por sonhos.

b) Processo de personalização do ser humanizado – acontece em uma dimensão

"abaixo", com outra vibração, que chamaremos de psicológica. Aqui estão os valores

relacionados à raça, etnia, gênero etc. que particulariza cada agrupamento humano.

Como salientamos, o Espírito puro não é nem um ser humanizado, quanto mais

islâmico, europeu, católico, espírita etc. Ele está humanizado para adquirir experiência

nessa atual fase de sua existência eterna. E se o Espírito não é um ser humanizado, só

podemos considerar que ele está brasileiro, europeu, africano, judeu, muçulmano,

espírita, homem, mulher, homossexual, heterossexual, branco, preto, amarelo etc. Tudo

isso faz parte apenas de sua personalização (lembrando que a palavra persona significa

máscara).

c) Processo de encarnação do ser humanizado – acontece na dimensão em que nos

encontramos, que chamaremos de biológica, onde estão as vibrações mais densas que

chamamos de mundo material. Somos, portanto, Espíritos eternos vivenciando um

processo de humanização e estamos, momentaneamente, agindo na Biosfera como seres

humanizados encarnados.

Podemos dizer que o Espírito representa a subjetividade pura. Por outro lado, o ser

humanizado encarnado, no outro pólo desta linha, vive um processo de subjetividade

condicionada. E só é possível se universalizar nos mundos de provas e expiações

despertando os atributos do Espírito (amor, felicidade, paz interior, equanimidade etc.) o

que acontece paralelamente ao processo de integração do Self, nosso “eu superior” que

“habita” a dimensão noética e o ego, a consciência humanizada que é uma projeção

invertida do Self e que “habita” as dimensões psicológica e biológica. Nesta última se

encontra o lado consciente do ego e na psicológica o subconsciente e o inconsciente

pessoal e sócio-cultural (não confundir com o inconsciente coletivo que é de fundo

universal, portanto, que vibra na noosfera).

A ilustração abaixo nos ajuda a compreender melhor essa relação entre as dimensões e

os diferentes níveis da consciência.

Page 5: Animagogia em 15 questões

No plano psicológico também se encontram os seres humanizados desencarnados ou

incorpóreos. A diferença entre eles e nós reside em estar ou não ligado a um corpo

físico. Uma analogia para entender essa relação pode ser o programa de TV Big

Brother. É como se nós, os seres humanizados encarnados, estivéssemos confinados na

“casa” e os seres humanizados desencarnados estivessem do lado de fora observando,

mas podendo nos influenciar com pensamentos e sentimentos. Em alguns casos, estes

podem se manifestar mais ostensivamente através de pessoas que são chamadas de

médiuns, oráculos, pitonisas etc.

Se compararmos com a teosofia, podemos dizer que na Biosfera vibram os corpos físico

e etérico; na Psicosfera o corpo astral e o mental inferior; na Noosfera o corpo causal e

o corpo búdico; e, finalmente, no plano espiritual, o Atma.

5 – Então não basta desencarnar para voltar a ser um espírito puro?

Resposta: Exatamente! Quanto mais o espírito integrar o ego ao Self durante a

encarnação, mais fácil seria uma desumanização na dimensão seguinte, após a morte

física. Porém, quanto mais forte o vínculo do espírito humanizado ao ego, ele poderá se

tornar um ser humanizado iludido do “lado de lá” e, assim, tornar-se um “obsessor”,

ficar em estado de sofrimento ou preso aos vícios (álcool, cigarro, sexo e outros que

tinha sobre a Terra) etc. Porém, na Animagogia, não chamamos esses seres de

“espíritos”, mas de seres humanizados desencarnados ou incorpóreos. A palavra

Espírito é usada apenas para se referir a nossa essência que, como já salientamos, é

feliz, amorosa, pacífica, equânime etc.

A vida na Psicosfera é um prolongamento da vida na Biosfera. Imagine um espírito que

se humaniza e encarna em um país árabe ou em uma tribo indígena. Ao desencarnar, ele

vai continuar se vendo como árabe ou indígena e vai habitar uma "colonia espiritual"

Page 6: Animagogia em 15 questões

onde encontrará outros seres humanizados do mesmo grupo étnico ou religioso. Trata-se

de um processo de adaptação. Só depois de algum tempo, e de acordo com sua

experiência e sabedoria, ele começa a se lembrar se suas existências pregressas e vai se

universalizando, retomando a consciência de ser um Espírito eterno, sem religião,

nacionalidade, sexo, etnia, raça etc. Ao despertar para sua condição universal, ele é

atraído vibratoriamente para a Noosfera, onde poderá planejar sua próxima encarnação,

escolhendo um outro gênero de existência. É na Noosfera que "habita" o seu "corpo

causal" (ou "mental superior"). Este é o veículo consciencial que permanece entre uma

encarnação e outra e que preferimos chamar de Self. Mas ele não é eterno. Ao vencer o

mundo de provas e expiações, até o Self terá que ser, finalmente, abandonado. É quando

podemos retornar ao mundo espiritual propriamente dito. Porém, ao contrário de quando

fomos criados, ao se vencer a prova, o Espírito passa a ter também experiência e

sabedoria. Ou seja, é nesse momento que ele se encontra pronto para começar uma nova

"etapa evolutiva": não mais como seres humanizados, mas como seres angelicais.

6 – E a Animagogia pode ser praticada com os seres humanizados desencarnados?

Resposta: Sim! aliás, a Animagogia nasceu em 2003 para ajudar no processo de

despertar espiritual desses seres humanizados. Somente, a partir de 2005, que ela passou

também a ser utilizada com os seres humanizados encarnados. E o principal recurso

para fazer a Animagogia com os seres humanizados desencarnados é a Apometria,

técnica espiritualista criada por José Lacerda, um médico espírita brasileiro, em meados

do século XX. No trabalho animagógico com estes seres que permanecem iludidos

habitando a Psicosfera ou mesmo vagando pela Biosfera, enfatizamos sempre que são

Espíritos puros e procuramos despertar a consciência do "eu superior" (Self) para que se

lembrem do momento em que fizeram suas escolhas e planejaram seu gênero de

existência. Libertar-se da persona que viveram na Terra é o objetivo da Animagogia

com estes seres e, entre os recursos disponíveis, acreditamos que a Apometria é o que

melhor atinge essa meta.

7 – E quais são os recursos ou técnicas utilizadas para se praticar a Animagogia

com os seres humanizados encarnados?

Resposta: Como a Animagogia não é uma doutrina, não existem para ela técnicas que

podem ser chamadas de “doutrinárias” e “não-doutrinárias”, técnicas que podem e que

não podem ser utilizadas. Em tese, qualquer técnica pode ser usada em um trabalho

animagógico, desde que seu foco passe a ser o despertar do Espírito e não reforçar o

Page 7: Animagogia em 15 questões

ego. Por exemplo, a constelação familiar, de Bert Hellinger, pode reforçar o ego (a

consciência humanizada pessoal) ou integrá-lo ao Self (a consciência humanizada

universal). Se o segundo caso acontecer, pode ser utilizada em um trabalho

animagógico. O mesmo pode ser dito de um trabalho mediúnico. Se este trabalho ajudar

no processo de despertar espiritual, de forma que a pessoa consiga viver sua vida

humanizada com habilidade espiritual, é uma técnica animagógica. Se ela reforçar ainda

mais o ego, não será. O mesmo pode ser dito para qualquer técnica. Em suma, não é a

técnica em si que conta, mas o seu enfoque. Uma aula de hatha-yoga, por

exemplo, pode reforçar ainda mais o ego, deixando a pessoa ainda mais vaidosa e

egoísta, ao invés de despertar sua essência espiritual, que a tornaria mais humilde, mais

fraterna etc. Em suma é a intenção que conta para identificar se um trabalho é

animagógico ou não.

8 – E o que é o Homo spiritualis?

Resposta: Mircea Eliade, um dos principais historiadores da religião, identificou duas

formas de ser e agir no palco da vida humanizada: o Homo religiosus e o Homo

profanus. Na Animagogia, o ser humanizado que está neste processo de integração do

ego com o Self, buscando vivenciar sua vida humanizada com habilidade espiritual, não

se confunde nem com um e nem com outro. Assim, esse ser humanizado passou a ser

identificado como sendo o Homo spiritualis. Em suma, o Homo spiritualis consegue

transcender os limites dogmáticos das religiões e também o ceticismo da ciência

contemporânea, vivenciando e experimentando a realidade espiritual sem fanatismo,

proselitismo, fuga da realidade etc. Podemos dizer que o Homo spiritualis é uma

diferente forma de ser e agir no palco da vida humanizada, integrando espiritualidade e

ciência. O ser humanizado que consegue despertar, de forma significativa, os atributos

do Espírito em sua vida cotidiana, ou seja, que vivencia sua existência com habilidade

espiritual pode ser considerado um Homo spiritualis. Até algumas décadas atrás, quem

atingia essa condição ainda na Terra se habilitava para continuar suas encarnações em

mundos chamados de superiores. Porém, em tese, com a Terra mudando de estágio,

passando a ser um "mundo de regeneração" e não mais de "provas e expiações", são

aqueles que atingiram esse estado que continuarão a reencarnar na Terra.

9 – E como podemos entender o ego e o Self, segundo a Animagogia?

Page 8: Animagogia em 15 questões

Resposta: Na Animagogia a expressão ego é utilizada para representar a consciência

humanizada do personagem que vivenciamos na Biosfera. O ego é necessário para

estabelecermos uma relação com o mundo exterior ou material. Mas é importante

lembrar que, na Animagogia, o mundo material não é uma simples projeção da mente,

como afirma o solipsismo, pensamento predominante no movimento que vem sendo

chamado de "misticismo quântico". E o ego tem cinco atributos: a relação corporal

estabelecida com as formas materiais, a percepção sensorial, as emoções criadas a partir

destas percepções, as formações mentais criadas a partir das percepções e das emoções

e, por fim, a memória, que nos impede de vivenciar nossa experiência humanizada

apenas no presente, nos vinculando fortemente ao passado ou nos fazendo idealizar um

futuro. Na Animagogia, não consideramos ser possível matar o ego, como algumas

escolas espiritualistas propõem. E o ego também não é visto como o mal que deve ser

vencido ou exorcizado. Como ele é voltado para o exterior e os mundos de provas e

expiações são nutridos pelo egoismo, o problema é quando o ego é o patrão. Como

afirma Krishna, na Baghavad Gita, o ego é um mau patrão, mas um ótimo servidor.

Assim, ele deve ser dirigido pelo “eu superior”, o Self, que se encontra adormecido e

deve ser despertado durante a encarnação. O Self não é ainda o espírito ou a nossa

consciência espiritual. Na Animagogia consideramos o Self como a consciência

humanizada universal. É através dela que somos capazes de intuir e compreender a

Unidade na diversidade e também que somos espíritos eternos vivenciando uma

experiência humanizada, e não o contrário. Ele se comunica com o consciente através,

sobretudo, da intuição e também dos sonhos. Sua comunicação é, frequentemente,

simbólica. Propostas que buscam despertar o Self sem integrá-lo ao ego podem causar

inúmeras psicoses, assim como acontece com aqueles que buscam nas drogas uma

forma de “fugir da realidade”. Do outro lado, o ego hipertrofiado leva, fatalmente, ao

egoismo e todas as suas derivações (orgulho, desejo por poder, fama etc.). A integração

do Self e do ego é um processo necessário para o despertar dos atributos do espírito,

iluminando os diferentes níveis conscienciais, cada um em sua esfera de atuação.

Assim, é possível transformar o desejo em vontade, na Biosfera; o conhecimento em

sabedoria, na Psicosfera, e despertar a imaginação criativa, na Noosfera etc.

10 – E quais são os pilares teóricos da Animagogia?

Resposta: Como dissemos, a Animagogia é uma prática educativa e não uma doutrina.

Mas ela tem seus pressupostos. Estes estão presentes em ensinamentos espiritualistas

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que chamaremos de Psicosofias. Assim, tais pressupostos estão presentes na Psicosofia

de Lao Tsé, Buda, Krishna e Jesus. E complementam tais pilares, a Psicosofia presente

no Evangelho de Tomé, em O livro dos espíritos e também na doutrina da não-violência

de Mahatma Gandhi. E podemos dizer também que há muita semelhança, no campo

teórico, com a filosofia univérsica de Huberto Hohden. E esta teoria está sempre em

construção. Por exemplo, foi somente em 2009 que a Animagogia passou a ensinar a

reencarnação, após várias experiências que evidenciaram a sua existência. A

metodologia da Animagogia é experiencial, podendo se dar através do contato

mediúnico, da projeção astral ou da clarividência. E os ensinamentos podem ser

aprofundados ou modificados em encontros realizados nacionalmente.

11 - No aspecto acadêmico, onde entraria a Animagogia?

Resposta: Consideramos a Animagogia no campo dos estudos pós-junguianos. Ela se

distingue, por exemplo, da Psicologia Arquetípica de James Hillman, importante para se

compreender a dinâmica da Noosfera, assim como da Antropologia do Imaginário, de

Gilbert Durand e da Psicologia Transpessoal de S; Grof. Mas, apesar desta distinção,

compreende que faz parte da mesma constelação de pesquisas e práticas que podem, de

forma geral, serem classificadas como não-cartesianas.

12 – E qual a relação da Animagogia com a Física quântica?

Resposta: A Física quântica estuda a essência da matéria, a organização das partículas e

subpartículas atômicas. O conhecimento advindo desta área do saber acadêmico vem

sendo utilizado em escala crescente na criação de novas tecnologias. Mas, ao contrário

do pensamento solipsista que renasceu nas últimas décadas se legitimando através de

afirmações polêmicas, por exemplo, que a Física quântica comprovou que a mente cria

a matéria e a transforma, a Animagogia reconhece o valor da Física quântica para se

estudar a matéria e não o espírito ou a consciência. E, lembrando Jung que afirmava que

a energia sentimental e mental não são quantificadas, a Animagogia propõe identificá-

las como sendo o qualitum, distinguindo-as do quantum, uma forma de medir e

quantificar a energia irradiada por corpos materiais.

13 - E como a Animagogia foi importante para o surgimento da TVI?

Resposta: A Terapia Vibracional Integrativa (TVI) é uma técnica bioenergética criada

na ONG Círculo de São Francisco, que utiliza meditação, chi kung e imposição das

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mãos. Ela foi criada para ser utilizada em trabalhos animagógicos. Ao contrário de

técnicas similares que se fundamentam em símbolos místicos, em rituais etc., a TVI

busca integrar as energias das mais diferentes dimensões para ser utilizadas em

tratamentos físicos, mentais e emocionais, buscando ajudar no processo de despertar

espiritual. Para ser praticada, exige a vontade, o pensamento elevado, a imaginação

criativa e o amor. Podemos dizer que a vontade é uma força típica da Biosfera; o

pensamento elevado, da Psicosfera; a imaginação criativa da Noosfera e, o amor

universal, canalizado de nossa essência espiritual.

Mas é importante salientar que a TVI não pensa a matéria como uma projeção mental e

não promete curar todos os problemas físicos, mentais, emocionais e espirituais da

humanidade, como outras técnicas prometem. Seu foco, por ser uma prática

animagógica, é o despertar dos atributos do Espírito e não a cura física momentânea.

Assim, a TVI pode ser pensada como uma terapia complementar aos tratamentos

médicos tradicionais ou acadêmicos.

14 – E por que a Animagogia é uma proposta espiritualista?

Resposta: Existem infinitas teorias que relacionam a consciência e a matéria. Porém,

elas vão se encaixar em apenas 4 escolas que podemos identificar como materialista,

energista, idealista e espiritualista.

As escolas materialistas, que predominam no ambiente acadêmico, partem do

pressuposto que a consciência é um epifenômeno da matéria, no caso, do cérebro.

Assim, com a decomposição do cérebro, a consciência desaparece. Dentro desse

enfoque materialista, Freud postula que o inconsciente é um epifenômeno da

consciência. Por pensar de forma diferente, houve a ruptura deste com Jung, o criador

da Psicologia Analítica e que propôs uma teoria sobre o inconsciente coletivo.

Nas abordagens energistas, a consciência e a matéria se originam no “vazio quântico” e

voltam para lá, ciclicamente. Não há,necessariamente, uma individualidade que

reencarna. Em suma, não deixa de ser uma visão materialista, porém, não mais

mecanicista ou empírica, e sim, racionalista.

Por sua vez, as abordagens idealistas vão partir do pressuposto que a matéria não existe,

que se trata de uma projeção mental. Entre elas, destaca-se o solipsismo que afirma a

existência apenas do Eu, sendo que, todo o resto, inclusive os demais seres humanos,

uma mera projeção da mente. Dentro da corrente idealista temos também os

ensinamentos do suposto mestre Ascenso Saint Germain, através da canalizadora norte-

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americana Elizabeth Clare Prophet, afirmando que, pelo poder da mente, é possível

“dormir no corpo de um homem negro africano e acordar no corpo de uma mulher loira

alemã”.

Ao contrário das três correntes acima, as abordagens espiritualistas que fundamentam

várias religiões no Ocidente e no Oriente, partem do pressuposto que a matéria existe,

mas é relativa e condicionada ao espírito. No caso da Animagogia, a matéria é

fundamental para as provações escolhidas voluntariamente pelo próprio Espírito para

provar, a ele mesmo, que é capaz de ser mais forte que a matéria. Em outras palavras,

mais forte que o ego (cujos atributos descrevemos acima). Assim, cada país, com sua

cultura e organização política, econômica e social é como uma “quadra esportiva”, com

suas marcações adequadas para o jogo que ali se realizará. Dessa forma, ao escolher o

gênero de existência e suas respectivas provações, o espírito vai se humanizar e

encarnar em um determinado país ou agrupamento étnico de acordo com tais escolhas,

pois ali encontrará o cenário mais adequado para vivenciar suas escolhas realizadas

antes da encarnação.

15 - Por fim, qual a relação da Animagogia com a Antropolítica do

(re)envolvimento humano?

Resposta: Em 2003, foram lançadas as primeiras sementes do que seria a Antropolítica

do (re)envolvimento humano. Em tese, um movimento educativo e cultural voltado para

se recriar a relação do ser humanizado com o seu mundo circundante através de 4 eixos:

o (re)envolvimento com a natureza, o (re)envolvimento com a comunidade, o

(re)envolvimento com o corpo físico e, por fim, o (re)envolvimento com a alma ou

nossa dimensão espiritual. Alguns temas passaram a pautar esse movimento, como a

defesa do vegetarianismo, de valorização das culturas tradicionais ou não-modernas, a

diversidade religiosa, o parto humanizado etc. Dos 4 eixos, o que a ONG Círculo de São

Francisco se "especializou" foi no (re)envolvimento com a alma. É neste contexto que

nasceu a Animagogia que completa, em maio de 2015, 12 anos de prática. Mas é

importante ressaltar sempre que a Animagogia não é uma doutrina religiosa, mas uma

prática educativa espiritualista e transreligiosa, bebendo em várias fontes, mas com um

único objetivo: integrar o Self e o ego, despertando os atributos espirituais universais

(felicidade incondicional, amor universal, paz interior, equanimidade, humildade etc.)

de forma que a vida humanizada seja vivenciada com habilidade espiritual.