animagogia em 15 questões
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Este texto responde a quinze questões sobre a Animagogia. Foi escrito em Belo Horizonte, durante o I Encontro de Animagogia do Sudeste, em janeiro de 2015.TRANSCRIPT
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Compreendendo a Animagogia em 15 questões
1 – O que é a Animagogia?
Resposta: É um programa de educação espiritualista, de cunho universalista e
transreligioso criado em 2003 na ONG Círculo de São Francisco. Parte do pressuposto
que somos Espíritos eternos vivenciando uma experiência humanizada e que a matéria
existe de forma relativa, não sendo apenas uma projeção da mente, como afirma o
pensamento solipsista. Assim, a matéria existe para que o Espírito possa provar para ele
mesmo, e a mais ninguém, que pode ser mais forte que ela, vivenciado sua vida
humanizada com habilidade espiritual (com os atributos do Espírito que veremos
abaixo).
2 – Qual o objetivo da Animagogia?
Resposta: Compreendendo que o Espírito foi criado puro e perfeito, à imagem e
semelhança de Deus, e que não há “espírito inferior” ou “espírito superior”, apenas
Espírito humanizado mais preso ou liberto do ego, o objetivo da Animagogia é ajudar a
despertar os atributos do Espírito, processo que se faz integrando o ego (consciência
humanizada ou “eu inferior”) com o Self (consciência humanizada universal ou “eu
superior”), despertando a sensibilidade crística (atributos do Espírito) presente em nossa
essência. O símbolo abaixo representa essa relação, onde o círculo azul representa o
Espírito puro e o triângulo branco o Self, a consciência humanizada universal. Por sua
vez, o triângulo invertido, na cor vermelha, representa o ego. Na verdade, trata-se de
uma única consciência cuja diferenciação está relacionada à dimensão onde vibra. A
integração do Self e do ego e o despertar dos atributos do Espírito para que a vida
humanizada seja vivenciada com habilidade espiritual são os objetivos centrais da
Animagogia, representada pela imagem abaixo.
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3 – Se o espírito é perfeito por que precisa encarnar/reencarnar?
Resposta: Apesar de ter sido criado puro e perfeito, ou seja, feliz, amoroso, pacífico,
humilde, equânime etc. o Espírito é criado sem experiência e sem sabedoria, o que se
adquire ao longo das encarnações. Atualmente, estamos na fase humanizada do Espírito,
mas o Espírito não é humano. Estar humanizado é uma fase desse aprendizado. A fase
humanizada se caracteriza pelo desabrochar da racionalidade e da intuição, tendo pleno
domínio das emoções e das formações mentais. O Espírito não está necessariamente
“evoluindo”, mas despertando. Um preto-velho que se identifica como pai Joaquim de
Aruanda costuma usar uma metáfora muito interessante em suas palestras públicas
através do médium Firmino José Leite. Ele afirma que cada Espírito é como uma
lâmpada de 100 W. Deus não teria criado o espírito "sem luz" e o colocaria para
“evoluir” até atingir 100 W. Concordando com essa metáfora, a Animagogia considera
que o ego (que falaremos adiante) é como uma sujeira que impede o Espírito de brilhar.
Assim, se pegarmos 3 Espíritos diferentes poderemos até observar que um brilha mais
que o outro nos passando a falsa impressão que um tem mais "luz" que o outro. Mas
essa compreensão é ilusória ou falsa, pois todos apresentam o mesmo brilho. Porém, o
Espírito que não está condicionado às verdades do ego tem sua luminosidade brilhando
de forma plena. O outro que se libertou medianamente tem seu brilho menos intenso,
mas sua luz está lá intacta dentro dele. Assim também naquele cuja “lâmpada” se
encontra totalmente suja, engordurada, cheia de poeira etc. Nesse sentido, quanto mais
o Self se integra ao ego, mais a luz interior se manifesta na vida exterior. E o objetivo da
encarnação é justamente aprender a deixar a luz brilhar em um ambiente (mundo de
provas e expiações) cuja essência é o egoísmo e seus derivados (vaidade, orgulho,
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poder, fama, competição etc.). Ser mais forte que o egoísmo no plano espiritual é muito
fácil, por isso que a prova e a aquisição de experiência e de sabedoria acontecem, na
fase humanizada, com a encarnação nos chamados "mundos de provas e expiações". E,
quanto mais experiência e sabedoria adquirida, mais fácil vivenciar com habilidade
espiritual a vida humanizada do Espírito. É por isso que muitos seres humanizados
encarnados conseguem vivenciar com amor universal, felicidade incondicional e paz
interior toda e qualquer vicissitude. São aqueles que já possuem uma "bagagem"
construída ao longo de muitas encarnações. Podemos comparar com um jogo de cartas.
Uma "mão boa" na mão de um jogador inexperiente pode não representar muita
vantagem, enquanto um jogador experiente, mesmo com uma "mão fraca", é capaz de
vencer uma partida dada como perdida com a distribuição ao acaso das cartas.
Simbolicamente, podemos dizer que ao iniciar suas encarnações nos mundos de provas
e expiações, na fase humanizada, o espírito e o Self estão adormecidos e o "patrão" é o
ego, como podemos representar na imagem abaixo. Ao longo das encarnações, sempre
com mais experiência e sabedoria, o Espírito vai despertando e dominando o Self e o
ego, de forma que as vicissitudes da vida humanizada, seja ela encarnada ou incorpórea
não tirem sua paz interior e sua felicidade.
4 – E como ocorre a encarnação?
Resposta: A Animagogia compreende que para encarnar o Espírito que se encontra na
fase humanizada passa pelos seguintes processos:
a) Processo de humanização – acontece na dimensão que chamaremos de noética (termo
usado pelo psicólogo Willian James, não necessariamente com esse mesmo sentido).
Nesta dimensão “residem” os valores universais humanizados, valores que devem
nortear a existência de todos, tanto do bandido e do policial, do terrorista e do humorista
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ateu, do religioso e do cientista, do homem e da mulher etc. Podemos dizer que é o
campo do insconsciente coletivo, conforme conceituação de C G Jung. Essa dimensão
costuma ser acessada pela intuição ou até mesmo por sonhos.
b) Processo de personalização do ser humanizado – acontece em uma dimensão
"abaixo", com outra vibração, que chamaremos de psicológica. Aqui estão os valores
relacionados à raça, etnia, gênero etc. que particulariza cada agrupamento humano.
Como salientamos, o Espírito puro não é nem um ser humanizado, quanto mais
islâmico, europeu, católico, espírita etc. Ele está humanizado para adquirir experiência
nessa atual fase de sua existência eterna. E se o Espírito não é um ser humanizado, só
podemos considerar que ele está brasileiro, europeu, africano, judeu, muçulmano,
espírita, homem, mulher, homossexual, heterossexual, branco, preto, amarelo etc. Tudo
isso faz parte apenas de sua personalização (lembrando que a palavra persona significa
máscara).
c) Processo de encarnação do ser humanizado – acontece na dimensão em que nos
encontramos, que chamaremos de biológica, onde estão as vibrações mais densas que
chamamos de mundo material. Somos, portanto, Espíritos eternos vivenciando um
processo de humanização e estamos, momentaneamente, agindo na Biosfera como seres
humanizados encarnados.
Podemos dizer que o Espírito representa a subjetividade pura. Por outro lado, o ser
humanizado encarnado, no outro pólo desta linha, vive um processo de subjetividade
condicionada. E só é possível se universalizar nos mundos de provas e expiações
despertando os atributos do Espírito (amor, felicidade, paz interior, equanimidade etc.) o
que acontece paralelamente ao processo de integração do Self, nosso “eu superior” que
“habita” a dimensão noética e o ego, a consciência humanizada que é uma projeção
invertida do Self e que “habita” as dimensões psicológica e biológica. Nesta última se
encontra o lado consciente do ego e na psicológica o subconsciente e o inconsciente
pessoal e sócio-cultural (não confundir com o inconsciente coletivo que é de fundo
universal, portanto, que vibra na noosfera).
A ilustração abaixo nos ajuda a compreender melhor essa relação entre as dimensões e
os diferentes níveis da consciência.
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No plano psicológico também se encontram os seres humanizados desencarnados ou
incorpóreos. A diferença entre eles e nós reside em estar ou não ligado a um corpo
físico. Uma analogia para entender essa relação pode ser o programa de TV Big
Brother. É como se nós, os seres humanizados encarnados, estivéssemos confinados na
“casa” e os seres humanizados desencarnados estivessem do lado de fora observando,
mas podendo nos influenciar com pensamentos e sentimentos. Em alguns casos, estes
podem se manifestar mais ostensivamente através de pessoas que são chamadas de
médiuns, oráculos, pitonisas etc.
Se compararmos com a teosofia, podemos dizer que na Biosfera vibram os corpos físico
e etérico; na Psicosfera o corpo astral e o mental inferior; na Noosfera o corpo causal e
o corpo búdico; e, finalmente, no plano espiritual, o Atma.
5 – Então não basta desencarnar para voltar a ser um espírito puro?
Resposta: Exatamente! Quanto mais o espírito integrar o ego ao Self durante a
encarnação, mais fácil seria uma desumanização na dimensão seguinte, após a morte
física. Porém, quanto mais forte o vínculo do espírito humanizado ao ego, ele poderá se
tornar um ser humanizado iludido do “lado de lá” e, assim, tornar-se um “obsessor”,
ficar em estado de sofrimento ou preso aos vícios (álcool, cigarro, sexo e outros que
tinha sobre a Terra) etc. Porém, na Animagogia, não chamamos esses seres de
“espíritos”, mas de seres humanizados desencarnados ou incorpóreos. A palavra
Espírito é usada apenas para se referir a nossa essência que, como já salientamos, é
feliz, amorosa, pacífica, equânime etc.
A vida na Psicosfera é um prolongamento da vida na Biosfera. Imagine um espírito que
se humaniza e encarna em um país árabe ou em uma tribo indígena. Ao desencarnar, ele
vai continuar se vendo como árabe ou indígena e vai habitar uma "colonia espiritual"
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onde encontrará outros seres humanizados do mesmo grupo étnico ou religioso. Trata-se
de um processo de adaptação. Só depois de algum tempo, e de acordo com sua
experiência e sabedoria, ele começa a se lembrar se suas existências pregressas e vai se
universalizando, retomando a consciência de ser um Espírito eterno, sem religião,
nacionalidade, sexo, etnia, raça etc. Ao despertar para sua condição universal, ele é
atraído vibratoriamente para a Noosfera, onde poderá planejar sua próxima encarnação,
escolhendo um outro gênero de existência. É na Noosfera que "habita" o seu "corpo
causal" (ou "mental superior"). Este é o veículo consciencial que permanece entre uma
encarnação e outra e que preferimos chamar de Self. Mas ele não é eterno. Ao vencer o
mundo de provas e expiações, até o Self terá que ser, finalmente, abandonado. É quando
podemos retornar ao mundo espiritual propriamente dito. Porém, ao contrário de quando
fomos criados, ao se vencer a prova, o Espírito passa a ter também experiência e
sabedoria. Ou seja, é nesse momento que ele se encontra pronto para começar uma nova
"etapa evolutiva": não mais como seres humanizados, mas como seres angelicais.
6 – E a Animagogia pode ser praticada com os seres humanizados desencarnados?
Resposta: Sim! aliás, a Animagogia nasceu em 2003 para ajudar no processo de
despertar espiritual desses seres humanizados. Somente, a partir de 2005, que ela passou
também a ser utilizada com os seres humanizados encarnados. E o principal recurso
para fazer a Animagogia com os seres humanizados desencarnados é a Apometria,
técnica espiritualista criada por José Lacerda, um médico espírita brasileiro, em meados
do século XX. No trabalho animagógico com estes seres que permanecem iludidos
habitando a Psicosfera ou mesmo vagando pela Biosfera, enfatizamos sempre que são
Espíritos puros e procuramos despertar a consciência do "eu superior" (Self) para que se
lembrem do momento em que fizeram suas escolhas e planejaram seu gênero de
existência. Libertar-se da persona que viveram na Terra é o objetivo da Animagogia
com estes seres e, entre os recursos disponíveis, acreditamos que a Apometria é o que
melhor atinge essa meta.
7 – E quais são os recursos ou técnicas utilizadas para se praticar a Animagogia
com os seres humanizados encarnados?
Resposta: Como a Animagogia não é uma doutrina, não existem para ela técnicas que
podem ser chamadas de “doutrinárias” e “não-doutrinárias”, técnicas que podem e que
não podem ser utilizadas. Em tese, qualquer técnica pode ser usada em um trabalho
animagógico, desde que seu foco passe a ser o despertar do Espírito e não reforçar o
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ego. Por exemplo, a constelação familiar, de Bert Hellinger, pode reforçar o ego (a
consciência humanizada pessoal) ou integrá-lo ao Self (a consciência humanizada
universal). Se o segundo caso acontecer, pode ser utilizada em um trabalho
animagógico. O mesmo pode ser dito de um trabalho mediúnico. Se este trabalho ajudar
no processo de despertar espiritual, de forma que a pessoa consiga viver sua vida
humanizada com habilidade espiritual, é uma técnica animagógica. Se ela reforçar ainda
mais o ego, não será. O mesmo pode ser dito para qualquer técnica. Em suma, não é a
técnica em si que conta, mas o seu enfoque. Uma aula de hatha-yoga, por
exemplo, pode reforçar ainda mais o ego, deixando a pessoa ainda mais vaidosa e
egoísta, ao invés de despertar sua essência espiritual, que a tornaria mais humilde, mais
fraterna etc. Em suma é a intenção que conta para identificar se um trabalho é
animagógico ou não.
8 – E o que é o Homo spiritualis?
Resposta: Mircea Eliade, um dos principais historiadores da religião, identificou duas
formas de ser e agir no palco da vida humanizada: o Homo religiosus e o Homo
profanus. Na Animagogia, o ser humanizado que está neste processo de integração do
ego com o Self, buscando vivenciar sua vida humanizada com habilidade espiritual, não
se confunde nem com um e nem com outro. Assim, esse ser humanizado passou a ser
identificado como sendo o Homo spiritualis. Em suma, o Homo spiritualis consegue
transcender os limites dogmáticos das religiões e também o ceticismo da ciência
contemporânea, vivenciando e experimentando a realidade espiritual sem fanatismo,
proselitismo, fuga da realidade etc. Podemos dizer que o Homo spiritualis é uma
diferente forma de ser e agir no palco da vida humanizada, integrando espiritualidade e
ciência. O ser humanizado que consegue despertar, de forma significativa, os atributos
do Espírito em sua vida cotidiana, ou seja, que vivencia sua existência com habilidade
espiritual pode ser considerado um Homo spiritualis. Até algumas décadas atrás, quem
atingia essa condição ainda na Terra se habilitava para continuar suas encarnações em
mundos chamados de superiores. Porém, em tese, com a Terra mudando de estágio,
passando a ser um "mundo de regeneração" e não mais de "provas e expiações", são
aqueles que atingiram esse estado que continuarão a reencarnar na Terra.
9 – E como podemos entender o ego e o Self, segundo a Animagogia?
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Resposta: Na Animagogia a expressão ego é utilizada para representar a consciência
humanizada do personagem que vivenciamos na Biosfera. O ego é necessário para
estabelecermos uma relação com o mundo exterior ou material. Mas é importante
lembrar que, na Animagogia, o mundo material não é uma simples projeção da mente,
como afirma o solipsismo, pensamento predominante no movimento que vem sendo
chamado de "misticismo quântico". E o ego tem cinco atributos: a relação corporal
estabelecida com as formas materiais, a percepção sensorial, as emoções criadas a partir
destas percepções, as formações mentais criadas a partir das percepções e das emoções
e, por fim, a memória, que nos impede de vivenciar nossa experiência humanizada
apenas no presente, nos vinculando fortemente ao passado ou nos fazendo idealizar um
futuro. Na Animagogia, não consideramos ser possível matar o ego, como algumas
escolas espiritualistas propõem. E o ego também não é visto como o mal que deve ser
vencido ou exorcizado. Como ele é voltado para o exterior e os mundos de provas e
expiações são nutridos pelo egoismo, o problema é quando o ego é o patrão. Como
afirma Krishna, na Baghavad Gita, o ego é um mau patrão, mas um ótimo servidor.
Assim, ele deve ser dirigido pelo “eu superior”, o Self, que se encontra adormecido e
deve ser despertado durante a encarnação. O Self não é ainda o espírito ou a nossa
consciência espiritual. Na Animagogia consideramos o Self como a consciência
humanizada universal. É através dela que somos capazes de intuir e compreender a
Unidade na diversidade e também que somos espíritos eternos vivenciando uma
experiência humanizada, e não o contrário. Ele se comunica com o consciente através,
sobretudo, da intuição e também dos sonhos. Sua comunicação é, frequentemente,
simbólica. Propostas que buscam despertar o Self sem integrá-lo ao ego podem causar
inúmeras psicoses, assim como acontece com aqueles que buscam nas drogas uma
forma de “fugir da realidade”. Do outro lado, o ego hipertrofiado leva, fatalmente, ao
egoismo e todas as suas derivações (orgulho, desejo por poder, fama etc.). A integração
do Self e do ego é um processo necessário para o despertar dos atributos do espírito,
iluminando os diferentes níveis conscienciais, cada um em sua esfera de atuação.
Assim, é possível transformar o desejo em vontade, na Biosfera; o conhecimento em
sabedoria, na Psicosfera, e despertar a imaginação criativa, na Noosfera etc.
10 – E quais são os pilares teóricos da Animagogia?
Resposta: Como dissemos, a Animagogia é uma prática educativa e não uma doutrina.
Mas ela tem seus pressupostos. Estes estão presentes em ensinamentos espiritualistas
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que chamaremos de Psicosofias. Assim, tais pressupostos estão presentes na Psicosofia
de Lao Tsé, Buda, Krishna e Jesus. E complementam tais pilares, a Psicosofia presente
no Evangelho de Tomé, em O livro dos espíritos e também na doutrina da não-violência
de Mahatma Gandhi. E podemos dizer também que há muita semelhança, no campo
teórico, com a filosofia univérsica de Huberto Hohden. E esta teoria está sempre em
construção. Por exemplo, foi somente em 2009 que a Animagogia passou a ensinar a
reencarnação, após várias experiências que evidenciaram a sua existência. A
metodologia da Animagogia é experiencial, podendo se dar através do contato
mediúnico, da projeção astral ou da clarividência. E os ensinamentos podem ser
aprofundados ou modificados em encontros realizados nacionalmente.
11 - No aspecto acadêmico, onde entraria a Animagogia?
Resposta: Consideramos a Animagogia no campo dos estudos pós-junguianos. Ela se
distingue, por exemplo, da Psicologia Arquetípica de James Hillman, importante para se
compreender a dinâmica da Noosfera, assim como da Antropologia do Imaginário, de
Gilbert Durand e da Psicologia Transpessoal de S; Grof. Mas, apesar desta distinção,
compreende que faz parte da mesma constelação de pesquisas e práticas que podem, de
forma geral, serem classificadas como não-cartesianas.
12 – E qual a relação da Animagogia com a Física quântica?
Resposta: A Física quântica estuda a essência da matéria, a organização das partículas e
subpartículas atômicas. O conhecimento advindo desta área do saber acadêmico vem
sendo utilizado em escala crescente na criação de novas tecnologias. Mas, ao contrário
do pensamento solipsista que renasceu nas últimas décadas se legitimando através de
afirmações polêmicas, por exemplo, que a Física quântica comprovou que a mente cria
a matéria e a transforma, a Animagogia reconhece o valor da Física quântica para se
estudar a matéria e não o espírito ou a consciência. E, lembrando Jung que afirmava que
a energia sentimental e mental não são quantificadas, a Animagogia propõe identificá-
las como sendo o qualitum, distinguindo-as do quantum, uma forma de medir e
quantificar a energia irradiada por corpos materiais.
13 - E como a Animagogia foi importante para o surgimento da TVI?
Resposta: A Terapia Vibracional Integrativa (TVI) é uma técnica bioenergética criada
na ONG Círculo de São Francisco, que utiliza meditação, chi kung e imposição das
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mãos. Ela foi criada para ser utilizada em trabalhos animagógicos. Ao contrário de
técnicas similares que se fundamentam em símbolos místicos, em rituais etc., a TVI
busca integrar as energias das mais diferentes dimensões para ser utilizadas em
tratamentos físicos, mentais e emocionais, buscando ajudar no processo de despertar
espiritual. Para ser praticada, exige a vontade, o pensamento elevado, a imaginação
criativa e o amor. Podemos dizer que a vontade é uma força típica da Biosfera; o
pensamento elevado, da Psicosfera; a imaginação criativa da Noosfera e, o amor
universal, canalizado de nossa essência espiritual.
Mas é importante salientar que a TVI não pensa a matéria como uma projeção mental e
não promete curar todos os problemas físicos, mentais, emocionais e espirituais da
humanidade, como outras técnicas prometem. Seu foco, por ser uma prática
animagógica, é o despertar dos atributos do Espírito e não a cura física momentânea.
Assim, a TVI pode ser pensada como uma terapia complementar aos tratamentos
médicos tradicionais ou acadêmicos.
14 – E por que a Animagogia é uma proposta espiritualista?
Resposta: Existem infinitas teorias que relacionam a consciência e a matéria. Porém,
elas vão se encaixar em apenas 4 escolas que podemos identificar como materialista,
energista, idealista e espiritualista.
As escolas materialistas, que predominam no ambiente acadêmico, partem do
pressuposto que a consciência é um epifenômeno da matéria, no caso, do cérebro.
Assim, com a decomposição do cérebro, a consciência desaparece. Dentro desse
enfoque materialista, Freud postula que o inconsciente é um epifenômeno da
consciência. Por pensar de forma diferente, houve a ruptura deste com Jung, o criador
da Psicologia Analítica e que propôs uma teoria sobre o inconsciente coletivo.
Nas abordagens energistas, a consciência e a matéria se originam no “vazio quântico” e
voltam para lá, ciclicamente. Não há,necessariamente, uma individualidade que
reencarna. Em suma, não deixa de ser uma visão materialista, porém, não mais
mecanicista ou empírica, e sim, racionalista.
Por sua vez, as abordagens idealistas vão partir do pressuposto que a matéria não existe,
que se trata de uma projeção mental. Entre elas, destaca-se o solipsismo que afirma a
existência apenas do Eu, sendo que, todo o resto, inclusive os demais seres humanos,
uma mera projeção da mente. Dentro da corrente idealista temos também os
ensinamentos do suposto mestre Ascenso Saint Germain, através da canalizadora norte-
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americana Elizabeth Clare Prophet, afirmando que, pelo poder da mente, é possível
“dormir no corpo de um homem negro africano e acordar no corpo de uma mulher loira
alemã”.
Ao contrário das três correntes acima, as abordagens espiritualistas que fundamentam
várias religiões no Ocidente e no Oriente, partem do pressuposto que a matéria existe,
mas é relativa e condicionada ao espírito. No caso da Animagogia, a matéria é
fundamental para as provações escolhidas voluntariamente pelo próprio Espírito para
provar, a ele mesmo, que é capaz de ser mais forte que a matéria. Em outras palavras,
mais forte que o ego (cujos atributos descrevemos acima). Assim, cada país, com sua
cultura e organização política, econômica e social é como uma “quadra esportiva”, com
suas marcações adequadas para o jogo que ali se realizará. Dessa forma, ao escolher o
gênero de existência e suas respectivas provações, o espírito vai se humanizar e
encarnar em um determinado país ou agrupamento étnico de acordo com tais escolhas,
pois ali encontrará o cenário mais adequado para vivenciar suas escolhas realizadas
antes da encarnação.
15 - Por fim, qual a relação da Animagogia com a Antropolítica do
(re)envolvimento humano?
Resposta: Em 2003, foram lançadas as primeiras sementes do que seria a Antropolítica
do (re)envolvimento humano. Em tese, um movimento educativo e cultural voltado para
se recriar a relação do ser humanizado com o seu mundo circundante através de 4 eixos:
o (re)envolvimento com a natureza, o (re)envolvimento com a comunidade, o
(re)envolvimento com o corpo físico e, por fim, o (re)envolvimento com a alma ou
nossa dimensão espiritual. Alguns temas passaram a pautar esse movimento, como a
defesa do vegetarianismo, de valorização das culturas tradicionais ou não-modernas, a
diversidade religiosa, o parto humanizado etc. Dos 4 eixos, o que a ONG Círculo de São
Francisco se "especializou" foi no (re)envolvimento com a alma. É neste contexto que
nasceu a Animagogia que completa, em maio de 2015, 12 anos de prática. Mas é
importante ressaltar sempre que a Animagogia não é uma doutrina religiosa, mas uma
prática educativa espiritualista e transreligiosa, bebendo em várias fontes, mas com um
único objetivo: integrar o Self e o ego, despertando os atributos espirituais universais
(felicidade incondicional, amor universal, paz interior, equanimidade, humildade etc.)
de forma que a vida humanizada seja vivenciada com habilidade espiritual.