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Angra dos Reis. Monumentos e História 0 Angra dos Reis Monumentos e história. Francimar Pinheiro 1 a Edição Janeiro de 2001 2 a Edição Março de 2012 Ed. Eletrônica revisada

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Angra dos Reis. Monumentos e História

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Angra dos Reis Monumentos e história.

Francimar Pinheiro

1a Edição

Janeiro de 2001

2a Edição

Março de 2012 Ed. Eletrônica revisada

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Angra dos Reis. Monumentos e História

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PÁGINA DEIXADA EM BRANCO PROPOSITADAMENTE

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Angra dos Reis. Monumentos e História

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© 2001 by Francimar Pinheiro

Projeto Gráfico e Textos

Francimar Pinheiro

Gravuras

Sueli Messias

Revisão

Profa. Cida Moreti

Impressão

Gráfica Freitas

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Agradeço a Deus por ter conhecido a Cida. Agradeço à Cida por ter conhecido a Renata.

Agradeço ao amigo Freitas por Ter acreditado nesse sonho.

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Este sonho foi acalentado durante anos, a ideia original

era fotografar alguns monumentos e apresentá-los com textos de nossa história. Quando voltei a Angra, em maio de 1993, após morar em vários lugares do Brasil, constatei que nossa cidade era mais conhecida pela beleza de suas ilhas e não pelo seu passado histórico, algumas ilhas já tinham outros nomes. Nos lugares onde morei sempre me preocupei em conhecer suas histórias, seus personagens e as datas mais importantes. Aprendi com os gaúchos a guardar viva a chama de nossas tradições, a riqueza de nossa história e a beleza de nossos monumentos. Esses conhecimentos acordaram-me e resolvi transformar o sonho em projeto.

No início de 1994, ganhei de um amigo um álbum da Sueli Messias, lançado em dezembro de 2002. Eu não a conhecia pessoalmente, mas fiquei encantado com aquela obra. Mudei a ideia original para usar seus desenhos, que são maravilhosos. Ela carinhosamente aceitou e fez todas as gravuras desta obra.

Reiniciei as pesquisas, as leituras dos livros do historiador Alípio Mendes, do Dr. Camil Capaz e muitos outros. Ouvi histórias interessantes, vi fotografias, desenhos antigos e aprendi muito sobre Angra dos Reis.

Fiquei triste em alguns momentos ao constatar que algumas pessoas sabiam os nomes dos proprietários das mansões à beira-mar, das ilhas e praias mais badaladas da nossa costa, mas desconheciam detalhes da história da nossa cidade e de nossa gente.

Tentei colocar os relatos deste livro em uma linguagem simples, com a intenção de atingir todas as pessoas interessadas em conhecer um pouco da história de Angra.

Este livro não tem a pretensão de ser a verdade e eu não tinha a pretensão de ser historiador quando o escrevi.

Mas quero que você viaje no tempo e sonhe... Como eu sonhei!

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“A história angrense é de difícil concatenação, dada a falta de documentos, pois os manuscritos e mais papéis eclesiásticos, oficiais e particulares, foram quase totalmente destruídos pela ignorância dos homens, a inclemência do tempo e a voracidade dos térmitas.”

(Alípio Mendes)

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Partimos de Lisboa em junho de 1501. Depois de Cabral,

esta era a primeira expedição à nova terra. Após vários dias de tormentas e calmarias avistamos terra, estávamos há 67 dias no mar. Nosso comandante, Gonçalo Coelho, autorizou o desembarque de alguns homens e neste ponto da costa assistimos ao espetáculo mais horripilante de nossas vidas. Três dos nossos foram atacados, mortos e devorados pelos silvícolas. Ficamos estarrecidos, mas não os atacamos, levantamos âncoras e zarpamos rumo ao sul.

Aportamos em vários lugares da costa, até que em janeiro de 1502 encontramos uma majestosa baía, à qual chamamos angra dos Reis. Navegamos neste mar de águas serenas sem a violência dos oceanos, observando que, em alguns pontos, a floresta confundia-se com o mar, apenas o verde e o azul modificavam-se em tons harmoniosos, salpicados de estrelas pelo reflexo da luz do sol. Estávamos extasiados pela quantidade de ilhas que se multiplicavam à nossa frente, obrigando-nos às mais extraordinárias manobras. Parecia que algum artista do reino tinha preparado esta paisagem.

Lançamos âncoras em uma pequena enseada neste mar de tranquilidade. Desembarcamos. Os índios pareciam mais amistosos que os outros e neste lugar passaríamos alguns dias.

Quando a frota partiu, aqui fiquei. Estava encantado com a beleza do lugar e sobrevivi a todos estes anos na imaginação deste povo que ao contar a sua história, mistura nela algumas lendas. É compreensível que entre a história e a fantasia existam grandes diferenças, mas o que seria da verdadeira história sem a poesia da imaginação?

Contarei, com fantasia e poesia, partes da vida deste lugar e de alguns de seus monumentos. Não pretendo causar polêmicas, o que é próprio da história, mas aguçar a sua

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curiosidade para que você visite alguns destes monumentos e perceba a importância de Angra dos Reis na história.

Andava pelas praias do lugar, quando conheci o Capitão

Manuel Antunes. Era um homem rude, dono de muitas roças e escravos. Chegou por estas bandas em 1586 e construiu sua fazenda na ilha da Gipóia. Pelas dificuldades de locomoção na região, ele acreditava ser o primeiro morador, mesmo sabendo que algumas terras já tinham sido doadas a outros desbravadores.

Em 1595, iniciou a formação do povoado de Nossa Senhora da Conceição em um sítio no continente, defronte a ilha. Além das terras de Manuel Antunes, algumas casas delineavam o contorno da pequena vila; o pároco local era Padre Luiz dos Santos Figueira, responsável em dirigir os

O Descobrimento

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ofícios religiosos na pequena igreja do povoado, cujo altar era dedicado aos Santos Reis Magos.

O local, privilegiado pela beleza da mata e a visão magnífica da ilha da Gipóia, era separado do continente apenas por um canal de águas cristalinas. Alguns diziam ter sido ali a aldeia de Cunhambebe, o maior chefe indígena da região, muito temido não só por nós portugueses, como também por outras tribos. Era um mito, chamado de "o grande rei selvagem"...

Com a serra muito próxima ao mar e alguns manguezais em volta, a área onde se podia construir o povoado era pequena. Além disso, o acesso por terra era difícil, preocupando-o demasiadamente.

Por isso o Capitão Manuel Antunes recebeu, em 1598, ordens do Sr. Jorge Correia, Capitão-mor de São Vicente, para iniciar a transferência do povoado para um local mais amplo.

O capitão escolheu uma área para a nova sede do povoado, andava-se cerca de uma légua por trilhas traçadas entre o mar e a floresta até chegar às margens do pequeno rio

Novo Povoado de Nossa Senhora da Conceição

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que cortava toda a extensão do local, cruzavam-se as terras doadas aos padres beneditinos e seguia-se pela praia. A areia branca contornava toda a frente do povoado recebendo a espuma borbulhante derramada por mansas ondas. A praia não tinha as ondas fortes do mar bravio, protegida pela natureza que salpicou seu mar com centenas de ilhas.

As matas que limitavam o novo povoado eram ricas em madeiras nobres, protegidas por montanhas íngremes. Algumas fontes próximas forneciam água pura e fresca em abundância.

A construção dos padres carmelitas era o limite extremo da área do novo povoado, daí em diante a vegetação nativa e uma pequena enseada completavam a beleza do lugar.

Os padres carmelitas chegaram ao Brasil em 1580 e estabeleceram-se em Olinda, no interior da Capitania de Pernambuco. De lá partiram para disseminar a Ordem, construindo igrejas e conventos nas novas terras. O planejamento das construções foi dado a Frei Pedro Viana, que veio para o Brasil especialmente cumprir esta missão.

Frei Pedro Viana iniciou a construção da Casa Missionária em 1593. Como os padres carmelitas necessitavam expandir a Ordem em nossa região receberam, em outubro de 1604, uma gleba de terras como doação do Sr. Manuel de Oliveira Gago. O Convento de Nossa Senhora do Carmo da Ilha Grande ficou pronto em 1617 e seu primeiro Superior foi Frei Constantino da Cruz.

Nesta época o povoado já estava com sua formação adiantada e outros desbravadores chegavam para morar na nova povoação, o capitão Manuel Antunes continuava com a missão de distribuir terras e assentar os novos. Ele sabia que era um trabalho árduo, mas gratificante, poderia render-lhe mais tarde cargos ou favores especiais junto ao governo da Capitania.

Porém, pelos mistérios da vida e as surpresas do destino, neste mesmo ano de 1617, o capitão assassinou o Padre Luiz

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dos Santos Figueira. Este lamentável incidente deixou o povoado vários anos sem poder realizar os ofícios religiosos. A única maneira encontrada pelas autoridades da igreja para indicarem um novo pároco foi a transferência definitiva da sede do povoado para o novo local. Afetado por este episódio o capitão Manuel Antunes abandonou suas terras e mudou-se do povoado...

A paróquia do antigo povoado foi abandonada, até que em dezembro de 1623, dona Custódia Moreira, viúva do Sr. Antônio de Oliveira Gago, doou uma parte de suas terras aos padres carmelitas e ajudou-os na construção de uma igreja, com a condição de nela ser sepultada sob os degraus do altar colateral.

As funções de pároco do povoado passaram a ser exercidas por Frei Constantino da Cruz, até a chegada do novo vigário.

Quando o Capitão-mor João de Moura Fogaça, em 1624,

completou definitivamente a transferência do povoado para o novo local, já era possível perceber o traçado das primeiras

Convento de Nossa Senhora do Carmo da Ilha Grande

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ruas. As duas principais, alinhadas ao mar, acompanhavam suas curvas; as transversais partiam do mar rumo às montanhas.

Novos moradores continuavam chegando e já se fazia necessário a construção de uma Igreja Matriz. Em fevereiro de 1626, benzeu-se o chão e lançou-se a primeira pedra da nova igreja, em cujo altar-mor ficariam as imagens dos Santos Reis Magos, trazidas da igreja antiga.

Neste mesmo ano, na sesmaria que receberam do capitão Manuel Antunes em 1598, os padres beneditinos inauguraram sua casa monacal.

Com o intuito de formar novas povoações nesta região o Capitão-mor João Pimenta de Carvalho doou, em 1630, algumas terras às margens do rio Paratiguaçu a sua filha Maria Jácome de Melo. Naquele local ela iniciou a formação de uma povoação com o nome de Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. Trinta anos mais tarde esta vila seria desmembrada de nossa área territorial.

...Naquele tempo era comum a construção de igrejas por algumas famílias abastadas, que além de exprimirem o sentimento religioso mostravam o poder e a riqueza da família. Os artistas também adoravam estas construções, pois tinham a oportunidade de mostrarem seus talentos.

Na vila, em 1632, a família Verenável de Oliveira para cumprir uma promessa, contratou a construção de uma igreja sob a invocação de Santa Luzia. Esta igreja serviu durante muito tempo como igreja matriz do povoado, foi erguida na rua Direita, esquina com a rua que ia para a serra da banda norte e inaugurada em dezembro daquele ano.

Todas as principais cerimônias religiosas passaram a ser realizadas na nova igreja, tendo à frente dos ofícios religiosos o vigário Padre Pedro Homem da Costa. No final do ano de 1633 ele decidiu ir embora, o que representaria grande perda à comunidade, pois era ele quem mais incentivava o povo a ajudar na construção da igreja matriz. Felizmente ele atendeu

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aos pedidos dos vereadores e do povo, resolvendo voltar atrás em sua decisão.

Uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, destinada à vila de Conceição de Itanhaém, ficou no povoado alguns dias para ser vista e adorada pelos fiéis. Findo este período, a embarcação zarpou rumo ao sul, mas não conseguiu sair da baía devido ao mau tempo. Três tentativas foram feitas e todas fracassaram, o barco era obrigado a retornar ao porto da vila. Então o povo se reuniu e considerou aquele incidente como uma mensagem divina, exigindo que a imagem ficasse na vila. O altar-mor da nova Igreja Matriz seria, a partir de então, dedicado a Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Durante a construção da igreja era comum, nós que não trabalhávamos na obra, pararmos por perto e darmos alguns palpites ou fazermos comentários sobre os serviços. Em 1633, o Senado da Câmara aprovou uma lei que obrigava a polícia a colocar as pessoas que ficavam à volta, prejudicando o andamento da obra, a ajudar na construção.

Igreja de Santa Luzia

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Com o crescimento da região, o povoado foi elevado à categoria de vila, com o nome oficial de Vila da Ilha Grande. Nesta época apenas uma parte da população morava no centro da vila, onde existiam muitas chácaras sem construções.

Este fato levou o Senado da Câmara a determinar que seus proprietários construíssem suas residências em um prazo de seis meses, sob pena de receberem multas de altíssimos valores. Parte do dinheiro arrecadado com as multas, seria repassado às obras da Igreja Matriz e da Casa da Câmara.

Era o Poder Público procurando meios de arrecadar fundos para as obras. Até a Coroa Portuguesa ajudou, em 1704, enviou uma carta ao Provedor da Fazenda da Vila de Santos doando anualmente uma quantia em dinheiro...

O vigário da paróquia em 1730 era Frei Luiz Nogueira

Travassos, ele acelerou a construção da igreja, conseguindo concluí-la parcialmente. Os últimos ornamentos necessários à conclusão da obra foram solicitados ao Rei D. João V e

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

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finalmente a igreja foi inaugurada em fevereiro de 1750, com a entronização de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cuja imagem era guardada na Igreja de Santa Luzia, desde 1632.

A construção da Igreja Matriz durou quase 125 anos, foi uma tarefa árdua, morosa e cheia de contratempos. Frei Luiz Nogueira Travassos faleceu em abril de 1745, sem ver terminada a obra pela qual dedicou anos de sua vida.

Com a criação do Conselho Ultramarino pela Coroa Portuguesa tomavam importância nas vilas os Senados das Câmaras. Seus membros conhecidos como Vereadores ou Camaristas eram responsáveis pela criação e cumprimento das leis, exercendo em algumas vilas o Poder Executivo, todos os seus atos eram registrados no Livro das Vereanças. Aqui, o Senado da Câmara era formado por um Presidente, um Procurador, um Escrivão e quatro ou cinco Vereadores.

Com a necessidade de um local próprio para suas reuniões, os Vereadores resolveram construir a Casa da Câmara ao mesmo tempo em que edificavam a Igreja Matriz. Na parte superior do prédio ficaram as salas destinadas ao Senado da Câmara e na parte inferior foi construída a Cadeia Pública. Decidiram, os Vereadores, separar a metade de todos os impostos e multas para estas construções.

Evidentemente, os Vereadores gozavam de alguns privilégios, enquanto os cidadãos comuns eram multados pelos mais diversos motivos. Estes abusos causavam revolta e indignação à população que protestava espalhando cartazes pela vila. Um destes protestos aconteceu no Natal de 1635, após uma sessão na Câmara, os Vereadores seguiram para a Igreja de Santa Luzia, onde assistiriam à Missa do Galo; encontraram pregado à porta um cartaz ofendendo-os de modo grosseiro pelos atrasos na construção da Igreja Matriz. O povo não concordava com a morosidade dos trabalhos, pois era ele quem pagava parte da construção. Os Vereadores ofenderam-se e durante algumas sessões, o assunto era encontrar os responsáveis pelo cartaz e aplicar-lhes uma

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punição exemplar. Nunca conseguiram identificar o responsável e esqueceram o assunto.

Em fevereiro de 1657, os Vereadores presididos pelo Capitão Jerônimo de Souza pagaram, do próprio bolso, as despesas das cerimônias pelo falecimento do Rei D. João V, na Igreja de Santa Luzia. Estavam presentes, as autoridades locais, as congregações religiosas, algumas famílias da vila, os Vereadores e o Capitão-mor e Ouvidor, Sr. Simão Dias de Moura.

A vida na vila continuava pacata até que em 1698, chegou-nos a notícia da descoberta de ouro nos sertões das Gerais. Esta nova causou um alvoroço em nossa povoação. Alguns, mais aventureiros, quiseram partir para enriquecerem com a mineração. Outros, já estabelecidos, vislumbraram o crescimento da vila com o aquecimento do comércio entre o litoral e a região mineradora.

Como nesta época alguns fatos sucederam-se simultaneamente, é preciso dar algumas voltas no tempo para contá-los com clareza, sem prejuízo da narrativa.

Câmara Municipal

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O Capitão Manuel da Cunha Carvalho, em 1652, recebeu e hospedou em sua casa os primeiros frades franciscanos em nossa vila. Com a decisão de edificar um convento aqui, o capitão doou as terras necessárias aos frades e construiu-lhes uma morada ao lado da Igreja de Santa Luzia. O primeiro convento foi construído no local conhecido por Cachoeira, sendo inaugurado em fevereiro de 1659. Frei Inácio de Jesus foi designado para ser o guardião do Convento de São Bernardino de Sena da Vila da Ilha Grande.

Após uma tentativa fracassada, em agosto de 1710, de atacar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um dos navios da esquadra do Capitão Jean François Du Clerc, bombardeou a vila por dois dias consecutivos. Os Conventos de Nossa Senhora do Carmo e de São Bernardino sofreram vários estragos. Uma das bombas caiu aos pés do altar de São Bernardino, mas não explodiu. Os fiéis que refugiaram-se no Convento, juraram que a imagem encheu-se de vida, desceu do altar e apagou o fogo com as mãos. Era mais um dos muitos milagres atribuídos ao santo...

Estamos em 1752, dois anos após a inauguração da Igreja Matriz. A extração de ouro nos sertões da Gerais está no auge, com a crescente criação de vilas e povoados em torno das regiões auríferas.

Aqui, os homens pardos da vila, reunidos no Convento de Nossa Senhora do Carmo, comemoraram o primeiro aniversário de fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, cuja imagem ficava em um dos altares laterais da igreja. Os sepultamentos dos Irmãos eram feitos no claustro do Convento e as assembléias da Irmandade eram realizadas na Igreja do Convento.

Neste mesmo ano, retribuindo uma graça alcançada, o Capitão Baltazar Mendes de Araújo contratou a construção de uma igreja. Dedicou o altar mais nobre à Nossa Senhora da Lapa.

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Após percorrer vários lugares na vila, escolheu um à beira-mar, numa pequena elevação rochosa que avançava pelo mar, dando-nos a impressão de ser uma ilhota. Neste local ele passava horas sob o céu límpido, divinamente estrelado. As ondas contavam uma eterna história, sem início e sem final. Tudo tão tranqüilo, simples, eram momentos de paz.

O Capitão Baltazar Mendes de Araújo tinha fortes laços de ligação com os frades franciscanos, ele exercia no Convento de São Bernardino a função de Síndico Apostólico, além de ser um dos doadores de várias porções de terra aos frades.

Em uma reunião geral da Ordem, os franciscanos concluíram que era necessário construir um novo Convento. O atual estava mal conservado e era pequeno para abrigar todos os irmãos. Além disso, o local era muito úmido e infestado de sapos e cobras.

Em julho de 1758, em uma solenidade especial foi colocada a pedra fundamental do novo Convento. Foram cinco anos de obra, até que Frei Inácio de Jesus abençoou a nova edificação.

Igreja de Nossa Senhora da Lapa

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Os frades organizaram uma procissão solene para conduzirem as imagens dos santos venerados ao novo local.

Com o convento em pleno funcionamento realizavam-se magníficas festas religiosas na igreja. As mais concorridas eram em homenagem a São Bernardino, Santo Antônio e São Benedito.

A festa de São Benedito era preparada e organizada pela Irmandade que levava seu nome, fundada no tempo do antigo Convento. A data da realização desta festa tinha uma história curiosa.

Os grandes proprietários de engenhos da região passavam a maior parte do tempo em suas propriedades no interior, mas possuíam residências no centro da vila, para onde vinham resolver algum assunto importante ou na época de alguma festa religiosa. Durante a Semana Santa, as famílias

deslocavam-se para a vila, podendo assim acompanhar as procissões e assistir às solenidades que aconteciam de sexta-

Convento de São Bernardino de Sena

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feira a domingo. Alguns escravos acompanhavam seus senhores nessas viagens para cuidarem dos afazeres domésticos e não podiam participar das solenidades desse período. Com a autorização dos seus senhores passaram a festejar São Benedito, seu santo protetor, após o término das festas da Semana Santa. Assim passou-se a realizar a festa em louvor a São Benedito na segunda-feira de Páscoa.

O Convento de São Bernardino de Sena da Vila da Ilha Grande, desde a sua fundação, tornou-se um marco importante em nossa história, marcando com sua presença vários acontecimentos de nossas vidas.

Já era visível o progresso da região. No interior, estavam instaladas as grandes propriedades com seus engenhos fabricando açúcar e aguardente em larga escala, algumas propriedades possuíam até 200 escravos.

No centro da vila, a construção de casas e sobrados ocupava toda a mão-de-obra disponível. O número de ruas aumentava e novas praças eram construídas. Os Vereadores discutiam como arregimentar recursos para o calçamento dos logradouros públicos, o que seria um imenso passo para incrementar ainda mais o progresso.

No mar, a pesca da baleia era a atividade mais lucrativa, empregava muitos escravos e da baleia eram extraídos vários produtos importantes, além do óleo para a iluminação e da carne. Com o crescimento da cidade do Rio de Janeiro, nossas manufaturas prosperavam e comercializar nossos produtos ficou mais fácil.

Com o avanço da agricultura na região do planalto paulista, alguns novos caminhos foram abertos até o mar ou até encontrar outros existentes, facilitando o escoamento dessa produção e o trânsito de pessoas. Às margens desses caminhos cresciam novas povoações, interessando à Igreja que podia ampliar as paróquias existentes. As nossas freguesias também se desenvolveram nesta época. Algumas como Mambucaba, Bracuí e Jacuecanga viveram intensamente

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o apogeu angrense. Com a chegada de novos moradores, edificavam-se novos sobrados, escolas e reformavam-se as construções existentes.

Nas esquinas, o povo discutia o movimento revolucionário descoberto nas Gerais, exatamente em Vila Rica. Contavam que todos tinham sido presos, alguns foram condenados à prisão perpétua. Apenas um alferes de nome Joaquim José, apelidado de Tiradentes, tinha sido condenado à pena de morte. Era o ano de 1792...

Para os piratas, fundear em nossa baía passou a ser rotina. Para proteger a vila de possíveis ataques, em meados de 1797, a fortaleza do Outeiro do Carmo foi reformada e a fortificação do morro do São Bento recebeu um quartel novo. Com essas reformas, as autoridades da Província do Rio de Janeiro atenderam a uma antiga reivindicação dos moradores da vila da Ilha Grande.

Quando o Irmão da Ordem Terceira Franciscana, Joaquim Francisco do Livramento, chegou à vila para visitar seus irmãos de Ordem, tinha no pensamento a idéia fixa de construir um estabelecimento de ensino na cidade do Rio de Janeiro. Seria

Sobrados da Rua do Comércio

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uma obra filantrópica, destinada à educação de jovens menos afortunados.

Aqui, conheceu o Coronel Manuel da Cunha Carvalho e contou-lhe seus projetos. O Coronel, por coincidência, tinha idéias parecidas com as suas, porém, queria construir este estabelecimento na freguesia de Jacuecanga, onde residia e possuía muitas propriedades. Depois de muito insistir, conseguiu o Coronel, convencer Irmão Joaquim a edificar o seu seminário naquela freguesia.

Em junho de 1808, levou-o as suas propriedades para que escolhesse o local e iniciasse as obras necessárias. Nesse mesmo período, a Família Real Portuguesa mudava-se para o Brasil e estabelecia a Corte na cidade do Rio de Janeiro.

Irmão Joaquim terminou a obra em fevereiro de 1809, inaugurando a Casa Pia da Santíssima Trindade. A primeira turma de estudantes era formada de 44 alunos.

Agora as notícias da Corte chegavam mais rápido. D. João VI voltou para Portugal deixando seu filho, D. Pedro I, em seu lugar. Em setembro de 1822, D. Pedro I estava em viagem pela Província de São Paulo e impelido pelas circunstâncias rompeu os laços políticos com Portugal. Estava declarada a Independência do Brasil.

O Seminário, administrado pelo Padre Antônio Ferreira Viçoso, estava sendo reformado e ampliado. Os internos estavam sendo abrigados no Convento de São Bernardino e retornaram de lá em 1825, quando terminaram as obras. Irmão Joaquim faleceu quatro anos depois, estava em Marselha buscando recursos para sua obra.

Em março de 1835, um novo acontecimento encheu de orgulho o povo da cidade. Isso mesmo, a vila foi elevada à categoria de cidade com o nome definitivo de Angra dos Reis. Os Vereadores e o povo comemoraram exaustivamente este novo fato.

No Seminário, as coisas não iam bem. Desgostoso com o descaso das autoridades que não forneciam mais verbas,

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Padre Antônio afastou-se da direção e voltou para sua terra. O Seminário ficou abandonado, até que em abril de 1839, a Casa Pia da Santíssima Trindade foi transformada em Liceu Provincial e transferida para o centro da cidade.

Contar a história da freguesia de Mambucaba, uma das mais importantes da região, exige um retorno no tempo. Contam os mais velhos, que neste local existiu uma aldeia indígena destruída pelos inimigos de Cunhambebe. Em seu lugar ele determinou a um de seus caciques a construção de outra, mas esta nova aldeia não chegou a ser erguida.

Os primeiros colonizadores chegaram por volta de 1610, ocupando as terras às margens do rio de mesmo nome da freguesia. Eram terras férteis, prontas para o plantio das mais diversas lavouras.

Em 1755, ajudada pelo Capitão Manuel da Cunha Carvalho, a população da freguesia iniciou a construção de uma igreja, invocando Nossa Senhora do Rosário. A duras penas terminaram a igreja em 1770. Em fevereiro de 1802, dois anos depois que Valério de Carvalho, herdeiro do Capitão Manuel da Cunha Carvalho, doou a igreja ao Bispado do Rio de Janeiro, foi

Seminário da Santíssima Trindade de Jacuecanga

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criada a paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Mambucaba.

O progresso da freguesia floresceu a partir de 1810, com o início do cultivo de café na região, na serra paulista e no sul da Província de Minas Gerais. O porto da freguesia passou a ser a porta de saída da produção cafeeira e talvez a porta de entrada do mercado de escravos, grandes proprietários instalaram seus engenhos de açúcar e aguardente nas redondezas.

A freguesia de Mambucaba possuía boas escolas públicas e particulares, clube recreativo, teatro e uma Loja Maçônica.

Com a igreja velha corroída pelo tempo e não comportando mais o número de fiéis, Padre Antônio Noberto da Fonseca, em abril de 1834, convenceu seus paroquianos da

necessidade de se construir uma nova igreja. Formaram uma

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

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comissão encarregada de arrecadar fundos para a obra e iniciar a construção do novo templo.

O progresso era tanto que o Governo Imperial, em 1835, designou no orçamento uma importância em dinheiro para ajudar na construção de uma estrada até as cidades do sul da Província de Minas Gerais. Esta estrada foi construída em dois ramais um até os sertões de Cunha e o outro até encontrar a Estrada da Cesarea, no alto da Serra da Bocaina...

Voltemos ao ano de 1840, D. Pedro II é aclamado Imperador do Brasil.

Apesar do progresso, a água em Angra dos Reis era vendida, de casa em casa, acondicionada em barris. Uma das nascentes era no alto da chácara da Carioca, a água era coletada em canos de bambu até jorrar em um poço na parte mais baixa. A Câmara Municipal , em 1842, construiu um chafariz para que a própria população pudesse abastecer-se de água. Em torno desta fonte criou-se uma lenda...

"...um rapaz sonhador costumava passar parte de seu

tempo próximo à fonte ouvindo o canto triste da água,

entremeado pelo alegre trinar dos pássaros.

Certo dia, ele vê aproximar-se da fonte uma linda jovem, de

rosto angelical, acompanhada de uma mucama, que vinham

buscar água na fonte. Ele, encantado por tanta beleza,

observava-a escondido nas sombras do entardecer. Ela percebeu

que estava sendo observada. Ele aproximou-se, contemplaram-

se, sorriram. Sorriram com o coração... apaixonados.

Voltaram a encontrar-se, entre beijos e segredos juraram

amor eterno escondidos pela complacência da velha mucama.

Porém, os pais da jovem souberam de tais encontros e

proibiram-na de ir à fonte.

O rapaz desesperou-se não vendo mais sua amada, sua vida

ficou entre o desespero e a esperança. Partiu para o Paraguai,

alistara-se na guerra.

A jovem não viu mais o seu amado, sua vida ficou entre a

saudade e a esperança.

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A guerra terminou, nossos soldados voltaram, menos ele.

Morreu heroicamente defendendo sua Pátria.

A jovem, apaixonada, não suportou. Faleceu!

Em frente ao chafariz o dia passa vagarosamente. Ao

anoitecer, a magia do amor desce lentamente sobre o local. Ao

som triste do canto da água, observado pelo silêncio dos

pássaros, dois vultos de branco encontram-se, apaixonados,

encobertos pelas sombras da velha paineira..."

Voltando à realidade, em 1843 o Liceu Provincial voltou a funcionar no Convento de São Bernardino. Por falta de alunos as atividades encerraram-se antes do término do contrato firmado entre a Ordem Franciscana e o Governo Provincial.

1846 foi um ano festivo para a cidade, o hospital da Santa Casa de Misericórdia completou dez anos de existência, Trazendo melhoras na assistência social à população.

Por nossa região era feito o escoamento da produção cafeeira, utilizava-se como meio de transporte tropas de

Chafariz da Carioca

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muares conduzidas por escravos. Como essa atividade estava em plena expansão, tornava-se necessário adquirir novos escravos. Com a publicação em 1850 da lei Euzébio de Queirós, o comércio negreiro sofreu um grande golpe. Porém, alguns fazendeiros continuaram com este tipo de negócio. No final de 1852 aconteceu, talvez, o último desembarque de escravos em nossa terra. Os escravos desembarcaram na fazenda Santa Rita, no Bracuí, de propriedade do irmão do Sr. José Joaquim de Souza Breves. Dali, foram levados para a fazenda Resgaste, em Bananal, de propriedade do Sr. Manuel de Aguiar Vallim. Os dois foram processados pelas autoridades do Império, mas foram absolvidos por falta de provas.

1855 foi marcado pela tristeza, uma epidemia de febre amarela assolou a cidade. Atendendo à solicitação do Governo Provincial a Ordem Franciscana cedeu uma ala do Convento de São Bernardino para atender os doentes. O Padre Provincial determinou que os mortos seriam sepultados no cemitério dos escravos.

Novamente o Governo Provincial tentou fazer funcionar o Liceu Provincial no Convento de São Bernardino. Em 1858 apresentou-se um orçamento para as obras de reparo do prédio, como o custo era muito alto o Governo decidiu extinguir definitivamente o Liceu. No ano seguinte o Convento foi desativado, sendo condenado à ruína...

Em dezembro de 1863 a cidade enfeitou-se para receber a visita do Imperador D. Pedro II. Após pernoitar na Ilha Grande, Sua Majestade chegou à cidade. A população e as autoridades locais apinharam-se à beira do cais para receber a mais ilustre personalidade do Império. D. Pedro II visitou vários locais e conversou com autoridades angrenses. Como era o dia da Padroeira, Sua Majestade participou dos festejos em louvor a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, junto com o povo.

Talvez para marcar sua visita, sugeriu a construção de um chafariz na rua do Cruzeiro. Destinando uma contribuição em dinheiro para essa finalidade, a Câmara de Vereadores

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completaria essa arrecadação e iniciaria a construção. Para perpetuar a visita de Sua Majestade à cidade, o chafariz foi batizado de Chafariz da Saudade.

A visita de D. Pedro II a Angra dos Reis projetou a cidade no cenário político brasileiro. Esta viagem foi destaque nos principais jornais da cidade do Rio de Janeiro e principalmente nos jornais daqui.

O primeiro jornal a circular na cidade foi o "A Nova Phase", fundado em junho de 1860 pelo Sr. José Antônio das Neves. Por ser um jornal ligado ao Partido Conservador concorreu para a criação, dias depois, de outro jornal ligado aos Liberais. O jornal "A Liga Constitucional" foi fundado pelos médicos Felipe Jansen de Castro, Albuquerque Júnior e Paulino Corrêa Vidigal. Assim nasceu a imprensa angrense, das

Chafariz da Saudade

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conversas nas esquinas passamos a ler nos jornais as notícias da região e do Império.

Nos jornais lemos as notícias sobre as hostilidades entre Brasil e Paraguai, causando-nos grandes preocupações. No final de 1864 a guerra estava declarada com a invasão de algumas províncias brasileiras pelas tropas paraguaias. Assistimos ao embarque de nossos jovens rumo aos campos de batalhas, carregando em seus corações a fé e a esperança na manutenção de uma nação forte. Enquanto a guerra acontecia no sul, uma linha marítima era inaugurada, ligando as cidades de Angra dos Reis e Rio de Janeiro. Na verdade atendia aos desejos dos habitantes da região do planalto paulista, facilitando-lhes o transporte de passageiros e cargas.

O ano de 1870 chegou com boas notícias, a Guerra do Paraguai terminou e a reforma da Igreja Matriz foi autorizada. Aproveitando o momento, o governo aprovou também o início das obras de melhoria da iluminação pública da cidade.

Em dezembro de 1871, a Câmara dos Vereadores, presidida pelo Dr. Diniz Frederico de Vilhena, finalmente concluiu a construção do Chafariz da Saudade. A água, captada na Fonte da Saudade, jorrava límpida e fresca. Foi uma alegria para o Dr. Diniz e um alívio para o Sr. José Pedro Gomes de Castro, empreiteiro da obra.

Com o término das obras da Igreja Matriz, no final de 1872, voltamos a assistir aos ofícios religiosos como nos velhos tempos, comandados por Padre Joaquim Eugênio de Souza Breves.

Nossos jornais publicavam notícias desanimadoras. As lavouras de café da nossa região estavam esgotadas e, grandes investimentos foram feitos no oeste paulista para expandir a lavoura naquele local. Aqui, já era visível o abandono de algumas casas e sobrados. O apogeu da cafeicultura chegava ao fim...

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Sendo D. Pedro II um apaixonado pela cultura, desenvolveu-se na Corte o gosto pela literatura, música e artes plásticas. Após os concertos líricos, a elite divertia-se nos teatros. Nós há muito tínhamos os nossos teatros; o Ginnasio Angrense, o do Zimblão, o do Largo da Banca e o Santa Isabel. O sobrado onde funcionava o teatro Santa Isabel, palco de várias apresentações dos atores João Caetano e sua mulher Estela Sezefredo, durante uma tempestade em meados de 1874 sofreu grandes avarias em suas estruturas e foi abandonado.

A Câmara de Vereadores, em maio de 1876, inaugurou o novo prédio do Paço Municipal. Assim o antigo prédio passou a abrigar o Destacamento Policial na parte superior e a Cadeia Pública continuou na parte inferior. O novo prédio era uma construção imponente, muito bonito para os padrões arquitetônicos da época.

Em março de 1879, os irmãos João Ildefonso e Manuel Possidônio fundaram o jornal "A Gazeta de Angra". Entre tantos jornais fundados em nossa cidade ele foi o mais importante, muitos escritores consagrados de nossa terra eram seus colaboradores, entre eles estavam Júlio Maria, Honório Lima, Brasil dos Reis e Augusto Sá.

...Frei João do Amor Divino caminhava lentamente equilibrando-se nas pedras do calçamento, acompanhavam-no o Síndico Apostólico Sr. Vitorino José Coutinho, Vice-Cônsul de Portugal em Angra dos Reis e o Sr. João Raimundo da Câmara Barreto. Em nenhum momento olhou para trás, seus olhos cheios de lágrimas denunciavam sua tristeza, ele sabia que era o último religioso a passar pelo Velho Convento. Estávamos em setembro de 1881, o Convento de São Bernardino, que estava muito arruinado ficou completamente abandonado.

Nossa história avança até 1886, recebemos pela segunda vez a visita de Sua Majestade o Imperador D. Pedro II. Visitou os locais mais importantes da cidade, acompanhado pelos políticos locais e pelo povo. Não se esqueceu de visitar o Chafariz da Saudade, monumento erigido em sua homenagem.

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Neste mesmo ano, outra comitiva do governo visitou a cidade, além dos ministros da Marinha e do Império, estava o angrense Raul D'Ávila Pompéia, escritor, advogado e jornalista consagrado. Apesar do abandono de algumas construções com a queda da produção cafeeira, ele gostou do aspecto da cidade e comparou suas construções às existentes em alguns locais da cidade do Rio de Janeiro. Raul Pompéia não visitou a Fazenda Jacuecanga, local onde nasceu em abril de 1863.

Em maio de 1888 os escravocratas receberam seu golpe derradeiro. A Princesa Isabel assinou a lei que extinguia legalmente a escravidão no Brasil. Tanto na cidade do Rio de Janeiro como aqui em Angra dos Reis, as manifestações foram múltiplas. Nas sacadas dos sobrados, flores e panos coloridos retratavam a alegria da população.

Um ano e meio depois, o Movimento Republicano, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca e outras personalidades da época, depôs o Gabinete do Império, liderado pelo Visconde de Ouro Preto. Estava proclamada a República. A Família Imperial, partiu dias depois para o exílio. D. Pedro II fez sua quarta e última visita à nossa região.

Fazenda Jacuecanga

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Em 1890, a cidade tinha 5 praças e 17 ruas. Suas construções contavam com cerca de 360 casas e 80 sobrados. Esses números foram o resultado do censo feito por Honório Lima. Três anos mais tarde, ele visitou a Ilha Grande com o Presidente Floriano Peixoto. O Presidente resolveu, naquela ocasião, determinar a construção de uma Colônia Correcional na Fazenda de Dois Rios.

...Nossos jornais estamparam em suas páginas uma tragédia! Raul Pompéia suicidou-se com um tiro no coração, aos 32 anos. Era Natal, do ano de 1895.

A história angrense sempre girou em torno das ordens religiosas que se fixaram na região. Cada fato ocorrido com elas, era comemorado ou lamentado pelo povo. Com o abandono do Convento de São Bernardino, o Convento do Carmo passou a receber mais atenção da população. Foi com grande alegria que o povo participou, em abril de 1901, da Missa Cantada pela reinauguração do Convento de Nossa Senhora do Carmo da Ilha Grande.

No final do ano seguinte o Convento preparou uma

Casa de Cultura Brasil dos Reis

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cerimônia solene para inaugurar oficialmente o seu Santo Noviciado e abençoar a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cujo trabalho de restauração foi feito pelo artista angrense Heitor Costa.

Com a modernização e o aparecimento de novas tecnologias, assistimos em 1908, à montagem da nova iluminação da Igreja Matriz. Ernesto da Silva Pires e Otaviano Luiz montaram um gasômetro no cemitério - com acesso através de uma passagem pelo muro - e instalaram a iluminação à base de gás de acetileno, no interior da igreja.

Em meados de 1910, outro fruto da tecnologia chegou à cidade. No prédio do Teatro São José, foi inaugurado o primeiro cinema, com o filme "O Mártir do Calvário".

Com as constantes notícias de confrontos entre os países europeus, o governo decidiu que era necessário construir algum tipo de proteção para a entrada da baía de Angra dos Reis. O engenheiro Capitão Rosalvo Mariano da Silva foi designado para construir uma fortificação no local conhecido por Ponta do Leme. A fortificação foi inaugurada em outubro de 1911.

Em janeiro de 1913, a Marinha de Guerra do Brasil inaugurou um monumento em homenagem aos mortos do encouraçado Aquidabã. Estavam presentes várias autoridades militares e parentes das vítimas. A emoção daquele momento transportou-nos ao início do ano de 1906, quando partiu da cidade do Rio de Janeiro o encouraçado Aquidabã, comandado pelo Capitão de Fragata Artur da Serra Pinto. Na tarde daquele dia chegou à enseada de Palmas, onde ancorou e permaneceu até o dia seguinte, junto com os cruzadores Barroso e Tiradentes.

A missão daquele grupo era verificar e aprovar o projeto de construção do novo Arsenal de Marinha, na baía de Jacuecanga. O objetivo da Marinha de Guerra era mudar o Arsenal da cidade do Rio de Janeiro para outro local menos

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movimentado. Além de Angra dos Reis, outras cidades estavam sendo cogitadas.

No dia seguinte, o comandante do Aquidabã recebeu ordens para navegar até a baía de Jacuecanga, onde ancorou próximo à Ponta do Leste. Após os trabalhos diários, a

tripulação descansava e conversava no convés observando o movimento do mar sob a luz do luar daquela noite. O toque de recolher chegou aos seus ouvidos, lembrando-os que o dia seguinte seria decisivo para os ideais da Marinha e os sonhos de alguns oficiais.

Faltavam quinze minutos para as vinte e três horas quando ouvimos, ao longe, uma explosão. Corremos para a rua

Monumento aos mortos do Aquidabã

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e ouvimos os estrondos de outras explosões, no céu ficou o colorido de um vermelho fúnebre. Em poucos minutos o Aquidabã afundou nas águas da baía, perdemos cerca de duzentas vidas naquele fatídico acidente. Na manhã seguinte alguns corpos foram encontrados em vários lugares da baía, o que nos deu uma dimensão maior da tragédia.

Os jornais noticiaram a tragédia e informaram que entre os mortos estavam alguns angrenses: o Almirante João Cândido Brasil, cujo corpo não foi encontrado, o Tenente Jovino de Souza Dias e Irineu José Peixoto, conhecido como Irineu Barbeiro. Além de assistirmos ao trágico acidente, ruiam-se as esperanças da construção do Arsenal de Marinha em nossa região.

Em junho de 1914, novamente a Marinha de Guerra do Brasil entra em nossa história e inaugura, na enseada da Tapera, a Escola Naval. Estavam presentes o Presidente Hermes da Fonseca e sua mulher, o Almirante Alexandrino de Alencar, então Ministro da Marinha e várias autoridades militares e dos governos municipal e federal. Os visitantes foram recepcionados pelo discurso emocionado de Honório Lima.

Um mês depois, um ativista sérvio assassinou o herdeiro do Império Austro-Húngaro. Foi o passaporte para a Primeira Guerra Mundial.

Neste mesmo ano, o governo encomendou ao engenheiro Capitão Rosalvo Mariano da Silva a construção de um local que abrigasse melhor os pescadores que vinham comercializar seus pescados no Largo da Banca, este prédio substituiu a velha banca localizada à beira mar.

Dez anos após a tragédia do Aquidabã, outro fato trágico abalou a cidade de Angra dos Reis, naquela manhã úmida de primavera recebemos a notícia do falecimento de Frei Inácio da Conceição, o Pai dos Pobres. A praça em frente ao Convento do Carmo ficou apinhada de devotos, a multidão necessitava ver e dar um último adeus ao venerável sacerdote.

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Neste ponto da história, a vida na cidade seguia com sua lentidão, nada aconteceu de notável até o início das obras da Estrada de Ferro Oeste de Minas, em 1920. As contratações de trabalhadores para o trecho entre Angra dos Reis e Rio Claro estavam em um ritmo acelerado, muita gente nova chegava à cidade em busca de trabalho.

Em 1925, iniciaram-se as obras de aterro para a construção do Porto. Estes acontecimentos encheram-nos de esperanças para o futuro, era o começo de um novo ciclo de desenvolvimento.

Estávamos proseando na praça quando um silvo forte cortou o silêncio daquela tarde mormacenta, estamos em princípios de 1928. A algazarra das crianças misturava-se à nossa perplexidade, chegava à cidade a primeira locomotiva da Oeste de Minas.

Ali permanecemos, observando o movimento dos trabalhadores do porto em sua lida diária de carregar e

Mercado Municipal

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descarregar. No chão uma folha de jornal chamou a minha atenção, apanhei-a e li a seguinte notícia:

"O físico inglês James Chadwick descobriu o nêutron. Com isso completou-se o retrato do átomo. Pode-se agora dominar o uso da energia nuclear."

Eu, olhando o balanço dos barcos no cais pensei! Quem sabe um dia...

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BIBLIOGRAFIA

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O AUTOR

Francimar Pinheiro, nasceu aos vinte dias do mês de julho de 1954, na pacata cidade de Espera Feliz, no interior da Zona da Mata de Minas Gerais.

Nas esperança de dias melhores, Seu Francisco e dona Eliane mudaram-se, com os dois filhos, para a cidade do Rio de Janeiro e anos depois para Angra dos Reis. Foram residir em Jacuecanga, às margens dos Estaleiros Verolme.

Cresceu nesse ambiente de liberdade, estudou no “velho” Ginásio Angrense e formou-se entre as primeiras turmas do Colégio Estadual Dr. Artur Vargas.

Aprendeu alguns passos da construção naval e seguiu na correnteza da vida. Sem nunca esquecer as lições de casa, aprendidas com seus pais.

Leu muito, principalmente os autores portugueses e brasileiros. Admirador de Raul Pompéia e Manuel Bandeira, na infância participava das brincadeiras literárias e dos teatros que aconteciam no Clube Social e Recreativo de Jacuecanga.

Morou em vários lugares do Brasil, sempre fazendo questão de dizer que era angrense. Sem muito alarde fazia propaganda deste pedaço de chão, como o melhor e mais lindo lugar do mundo.

Correspondências para o autor: e-mail: [email protected]

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“... Algumas vezes me extasiei com os odores das árvores e das

flores e com os sabores dessas frutas e raízes, tanto que pensava

comigo estar perto do Paraíso Terrestre.

E o que direi da qualidade de pássaros, das cores das suas plumagens

e contos, quantos são e de quanta beleza?

Não quero me estender nisto, pois duvido que me deem crédito...”

(Américo Vespúcio)