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ANEXOS

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ANEXOS

Guião de Entrevista

Tema: Professores/profissionais RVC - entre teorias e práticas.

Objectivos Gerais:

• Conhecer as expectativas dos professores relativamente ao desempenho das suas funções enquanto profissionais de Centros Novas Oportunidades.

• Analisar os saberes prévios para o desempenho das funções. • Analisar o modo como se (re)ajustam as competências de um professor/profissional RVC • Interpretar a forma como constróem competências, ao longo da sua nova actividade

profissional • Interpretar os factores que contribuem para o desenvolvimento dessas mesmas competências.

Blocos

Objectivos Questões orientadoras

Notas

A.

Legitimação da entrevista

Criar um clima propício à entrevista

Explicar os objectivos da entrevista

Motivar o entrevistado/a a responder livremente

Garantir a confidencialidade das informações prestadas

Apresentar-se enquanto entrevistadora.

Informar sobre as finalidades da entrevista.

Solicitar a colaboração

Garantir confidencialidade

Solicitar autorização para gravar a entrevista

Verificar se o/a entrevistado/a está à vontade.

B.

Caracterização do/a entrevistado/a

Analisar o percurso académico e profissional do/a entrevistado/a .

Analisar as motivações para mudança de funções.

Avaliar indícios de competência para exercer as funções de profissional RVC

Nome e idade?

Qual a sua formação académica?

Descreva, por favor, o seu percurso profissional.

Há quanto tempo exerce estas funções?

Como se tornou, no enquadramento profissional e académico, profissional RVC?

Profissional RVC - objectivo profissional.

Como surge a actividade de profissional RVC .

Indícios de saberes e/ou competências para o exercício da actividade.

C.

Conhecimentos prévios do/a entrevistado/a relativamente ao processo RVCC e ao trabalho dos profissionais.

Analisar os saberes prévios do/a entrevistado/a sobre o processo RVCC.

Interpretar os saberes prévios relativamente ao desempenho das funções de profissional RVCC.

Refira-se às suas primeiras opiniões sobre o trabalho desenvolvido nos CNOs?

Quando iniciou funções, essas opiniões mantinham-se? Imaginava –se a ser profissional RVC?

Mas trata-se de algo diferente da sua actividade anterior…

Como decorria o seu trabalho anterior?

Conheceu alguém que fosse profissional de um Centro Novas Oportunidades, ou que nele desempenhasse outras funções?

Que lhe disseram sobre o trabalho aí desenvolvido?

Qual foi a contribuição desses relatos para a construção da sua opinião?

Alguém que tivesse realizado o processo RVC lhe relatou a experiência?

Essa ideia ajustava-se a qualquer outra informação anterior?

Como imaginava o dia-a-dia das profissionais RVC?

Como se tornou o seu?

Aprendizagem ao Longo da Vida

Qualificação

Certificação.

Acolhimento

Diagnóstico/triagem

Encaminhamento

Reconhecimento de Competências

Validação

Certificação

Plano de desenvolvimento pessoal

Metodologias subjacentes ao processo

D.

Construção das competências para o desempenho das funções.

Analisar os mecanismos subjacentes à preparação da actividade profissional.

Analisar como se vão construindo as competências para o desempenho das funções.

Avaliar os saberes mobilizados na construção de estratégias.

Como decorreram os primeiros tempos enquanto profissional RVCC.

Que situações tiveram maior relevância para o seu desempenho?

Porquê?

Que conselhos/informações lhe deram inicialmente?

Que pensou sobre essas informações iniciais?

Aconselharam-lhe algumas leituras?

Na sua opinião a que se deve esse facto?

Como utilizou essas informações?

Que tarefas desenvolvia com os candidatos a certificação?

Como as desenvolvia?

À medida que o tempo passava, que ia sentindo relativamente ao seu trabalho?

Os candidatos faziam apreciação do seu trabalho?

Que valor deu, ou dá, a essas apreciações?

Formas de trabalho

Interacção com os elementos do Centro

Papel desempenhado por outros profissionais na construção de competências

Saberes teóricos

Leituras

Reflexões sobre a actividade

Alguma vez considerou a sua actividade monótona?

Porquê?

É habitual falar com alguém sobre a sua actividade profissional?

Sobre que falam concretamente?

É habitual os colegas fazerem perguntas, uns aos outros, sobre o trabalho?

De que forma colocam as questões?

Há alguma semelhança entre o trabalho que executava nos primeiros tempos e o que executa hoje?

Por que acha que essa situação acontece?

Quando tem dúvidas sobre a sua actividade, como procede?

Quais as suas preocupações mais relevantes?

E o futuro…

Questões finais Saber se o entrevistado quer colocar questões Agradecimentos Agradecer a disponibilidade e colaboração

Entrevista realizada a A.

Quero, primeiro, agradecer-te a gentileza com que acedeste a este pedido de entrevista e assegurar-te

a confidencialidade da mesma.

Idade a formação académica?

A. , 46 anos, sou licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variantes Estudos Portugueses.

Como aconteceu seres profissional RVCC ?

Olha, vim, porque praticamente fui ... foi quase uma imposição, por parte do Presidente do Conselho

Executivo que estava com dificuldade em ... encontrar o staff suficiente para preencher as necessidades

aqui do CNO, então ele insistiu bastante comigo e eu ofereci-me como profissional. Estou cá a tempo

parcial, portanto não ... tenho uma turma, tive, porque acabei já, uma turma EFA, do básico ... e

portanto divido as minhas funções com o CNO e como formadora de EFA.

Ofereceste-te para profissional...

Ofereci-me para profissional. A alternativa era formadora, formadora ficava cá com quatro horas o que

implicava que, depois, teria de estar aqui quatro horas à noite, teria uma turma EFA, à noite, e o resto

do tempo seria, depois, para algumas turmas de dia ... eu acho que era uma dispersão demasiado

grande e portanto achei ... eu também gosto de desafios ... Eu não sabia o que vinha fazer, não sabia.

Profissional, que é isso? Ah os profissionais fazem entrevistas, foi o que me foi dito ... eu não fiz

nenhuma entrevista (risos) estás a perceber? Vim mesmo naquela: deixa-me ver o que é, era um

desafio

era um desafio...

Era um desafio porquê? Porque era um trabalho totalmente ... eu, até hoje fui professora, tenho vinte e

três, vinte e quatro anos de serviço, como professora de português, não é? Portanto, era um desafio, eu

nem fazia a mínima ideia do que vinha fazer, mas gosto de coisas diferentes e achei que, se calhar, era

capaz de ser interessante ... O ano passado, portanto, o CNO tinha iniciado as funções, no ano anterior,

as pessoas estavam ainda, de certa forma, a apalpar o terreno, mas eu vinha ocupar funções ainda mais

novas. Ainda mais novas porquê? porque fiquei como profissional do Secundário, portanto, tinha

arrancado o Secundário e eu estava no projecto do Secundário com a N., que já tinha alguma

experiência de Básico e com formadores ... era quase tudo novo, porque a “malta” do Básico ficou

com o Básico, isto é mesmo uma experiência, uma aventura. Nós formandos e formadores fomos

pioneiros, nós estávamos na mesma aventura, no mesmo barco os dois elementos, não é?

Como deste, aqui, os primeiros passos?

A primeira coisa que eu fiz foi agarrar no referencial e lê-lo ... e tentar perceber o que era pedido,

claro que nós também temos um Coordenador Pedagógico, que agora, infelizmente, vai-se embora,

mas que tem formação em Educação de Adultos que insistiu muito em várias ... vários aspectos, de

forma a quebrar a nossa tradição profissional, de modo a integrar-nos nesta ... neste novo desafio,

nesta ... neste novo método, portanto foi a conjunção das conversas que tive com ele ... e depois eu sou

muito chata, porque perguntei muita coisa, porque eu tinha uma série de dúvidas, dúvidas que

provinham do facto de eu não pescar minimamente do que se estava aqui a passar ... e então com

leitura do referencial e dessa conversa que tive com ele ... e com a experiência que a N. tinha do ano

anterior, fui tentando perceber de que forma é que isto funcionava. Claro que começámos com a

questão administrativa, não começámos com a questão pedagógica e pronto foi por aí ... fizemos o

acolhimento, logo, ao pessoal que estava inscrito, que era para aí uns trezentos e tal ... a ideia foi

minha e ficou logo tudo a olhar para mim –então como é que vais fazer? –então, vamos chamando aos

pouquinhos e vamos dizendo o que é que o Centro ... quais são as ofertas do Centro, para que é que ...

o Centro está aberto, para que é que isto serve, o que é que eles vão conseguir com aquilo que lhes

damos aqui. Curiosamente ... na formação que fizemos, a ANQ mandou-nos fazer exactamente o que

já tínhamos feito, portanto foi interessante esta parte, depois foi a questão do diagnóstico ... não sei se

fomos pelo melhor caminho ... mas o que é certo é que ... é assim: o diagnóstico tem dois aspectos, um

positivo e outro negativo. O positivo foi integrar toda a equipa ... foi a integração da equipa toda no

Referencial, porque aquilo tem uma linguagem hermética e então o facto dos formadores serem

levados a pensar sobre o Referencial e serem levados a fazerem perguntas, ou a formularem questões,

sobre aspectos ligados ao tal Referencial, para conseguirmos fazer o tal diagnóstico ... poucas pessoas

pensa assim, ou reflecte assim, apesar de nós sabermos, hoje ... pensamos que não devemos começar

por esses aspectos ligados ao Referencial, ir mais à história de vida, mas nós precisávamos ver que

material é que tínhamos para trabalhar, se as pessoas tinham capacidade de escrita, de reflexão e

sobretudo se dominavam alguns dos temas, porque metê-los em processo sem ... termos aferido essas

coisas, pensamos nós, que era condenar o processo ao fracasso. O aspecto negativo foi termos feito

um questionário para cada área de competência e demorámos imenso tempo, a dar a volta àquela

gente toda a quem nós tínhamos feito o acolhimento, porque tentámos fazer isso tudo.

Tudo tarefas diferentes das que executavas enquanto professora...

Pois ... Eu penso que o profissional tem de ser muito mais um coordenador de equipa, tem de ... não

tem de dominar as matérias, tem de ter sensibilidade para compreender se o candidato, o adulto, o

formando, como entenderes, tem mais apetência para aquela área, para não sei quantas e, depois,

canalizares os trabalhos, que vão sendo realizados, para depois constituírem o portefólio, dentro desta

perspectiva. Eu considero que, enquanto profissional, não sou assim grande coisa, gostava de ser

melhor. Porquê, porque me sinto mais à vontade na minha área como formadora, mais à vontade

(risos) mas não me deixam continuar, mas mesmo que me deixassem, porque depois é assim, tu tens

de pressionar um pouco os formadores, tens de lhes chamar a atenção pelo facto de eles serem ... pelo

facto de estarem a escolarizar demasiado o processo, porque a nossa formação é professores e não é de

formadores e resvala-nos o pé para ali, a toda a hora e a todo o instante, e nós, como profissionais,

temos de estar na perspectiva do adulto e temos de perceber que há pessoas que têm o nono ano, ou

têm um bocadinho mais, as aprendizagens deles, algumas são escolares, mas é uma percentagem

muito pequenina, porque eles já deixaram a escola há muitos anos, alguma coisa eles ficaram, mas

matéria de décimo, décimo primeiro ano não têm quase nada .

Dizes que resvala o pé...

Eu tentei, juro que tentei fazer um esforço enorme, para que isso não acontecesse, pôr-me sempre na

perspectiva do adulto, portanto, percebendo ou tentando perceber que os saberes ... os saberes não

podem estar ... organizados de uma forma muito sistemática na cabeça deles, não estão, não podem

estar, é impossível e ponho-me sempre... é porque eu dou aulas, à noite, a adultos e sei perfeitamente

como eles funcionam, não é?.. não vale a pena nós insistirmos numa situação dogmática, porque eles

fogem, eles detestam essas coisas, portanto temos de ir por eles , temos de lhe dar sempre a primazia,

deixá-los avançar sempre um pouco e, depois, fazer uns reparos e não o contrário, que normalmente é

o que os professores fazem, que é direccioná-los logo à partida, não é? Por isso, eu tento, com a

minha experiência, pôr-me na perspectiva deles e, por isso, às vezes, tenho algumas pegas com os

nossos formadores, porque eles achavam que as coisas tinham de ser mais escolarizadas. O

referencial, de facto, tem coisas que apontam para a escolarização, mas essa escolarização tem de ser

adaptada à experiência de vida dos indivíduos.

Mas tu já tinhas essa experiência anterior...

Tinha, mas eu estou em permanente dúvida (risos), eu estou sempre a duvidar se aquilo que estou a

fazer é o mais correcto e eu penso que nós deveríamos ter tido...bem, mea culpa, eu deveria ter tido a

preocupação de pegar nos montes de livros da bibliografia que foi referida pela ANQ e ter lido aquela

coisa toda do princípio ao fim. E por que é que eu não fiz isso? Porque eu penso que, para nós

questionarmos as teorias, temos de ter alguma prática ... senão, somos capazes de sermos

direccionados para uma coisa e tentarmos implementar uma determinada ... metodologia que, depois,

na prática, não funciona ... mas eu sou assim, um bocado esquisita, mas pronto. Eu penso que, se nós

vamos ler uma determinada teoria pedagógica, ou outra qualquer, aquilo está muito bem escrito e até

parece que faz todo o sentido, mas se não temos uma prática relativa àquela questão, como é que nós

conseguimos questionar a teoria que está ... porque, normalmente, quem escreve são os teóricos e nós

estamos no terreno ... não é por isso, as minhas dúvidas surgem do terreno, não é? e portanto, todos os

dias que me aparece uma situação nova, eu pergunto: �será que eu, a ir por este caminho, estou a ir

bem, ou mal? não sei, não é? Vamos ver quais são os frutos, ou não frutos, da minha tomada de

decisão ... portanto, é o que eu digo, mea culpa, que eu devia ter feito leituras sobre aquelas questões

todas, mas considerei ... também não pensei que a minha vida de profissional terminasse este ano, se

gostasse continuaria, se não me desse bem com esta situação, poderia ir fazer outra coisa qualquer,

porque eu sou professora, não sou profissional, por isso pensei, um ano de experiência, depois vou ver

como me vou posicionar, fazer as minhas leituras e logo vou ver qual destes autores é que tem razão

ou não.

Como foi o início da tua actividade?

No início, nos começámos com três sessões, por semana, seguidas, portanto, eu fiquei com um lote

enorme de formandos, fiquei com quarenta e três, divididos por quatro grupos, portanto eram grupos

muito grandes, portanto eu é que sugeri no início, devido à minha falta de experiência, à falta de

experiência dos formadores, não sabíamos muito bem como íamos funcionar. É que não sabíamos

mesmo ... e então começámos com três sessões: segunda, terça e quarta, primeiro grupo; semana

seguinte, segunda, terça e quarta, segundo grupo e por aí fora ... depois pusemo-los a falar nas sessões,

cada um contava as experiências relevantes da sua história de vida, tomávamos notas, eu e os

formadores, de modo a tentarmos perceber como é que iríamos trabalhar o Referencial e histórias de

vida. Chegámos à conclusão que o último grupo começou três semanas depois do primeiro (risos),

reformulámos as sessões e então depois pusemos os grupos a vir uma vez por semana, fizemos isso ...

em termos operacionais, mudámos isso.

Relativamente às histórias de vida, as pessoas foram muito sugestionadas por essa questão.

Resumindo e concluindo, começaram a escrever as histórias delas. E nós bem dissemos: �Atenção!

olhem para o Referencial, estudem-no, este é a vossa bíblia, o vosso amante, durmam com ele,

reflictam, não se separem, vocês e este manual são inseparáveis. Mas o que é certo é que as pessoas

borrifaram-se para o manual, não é manual, para o Referencial e não consideraram aquilo um dogma,

de maneira nenhuma ... resumindo e concluindo, para cumprir os critérios de evidência de cada núcleo

gerador, as pessoas têm de estar ligadas ao Referencial e, então, vinham trabalhos sobre coisas que

não tinham nada, minimamente a ver, mas as coisas eram pensadas em equipa.

Como decorriam as vossas reuniões de equipa?

Sempre à quarta-feira, de manhã, reuníamos e depois, de quinze em quinze dias, tínhamos uma reunião

também. Discutia-se imenso, sobre tudo aquilo que se estava a fazer, sobre a forma de implementar o

processo, sobre tudo e mais alguma coisa, cada um tinha a sua opinião e as conclusões, normalmente,

as conclusões (risos) tirava-as o coordenador pedagógico e dizia: façam assim.

Mas discutiam ...

Estávamos a discutir para nascer a luz. Mas atenção, ele, ele é muito competente, tem umas ideias

muito interessantes, mas é demasiado perfeccionista, íamos sempre pelo caminho mais longo, mas ele

ouvia toda a gente, fazia um apanhado daquilo que achava que estava mais correcto e dava uma

orientação.

E como te posicionavas face a essa atitude?

(Risos) Eu fui sempre muito crítica, tenho um espírito mito pragmático e então fazia-me aflição,

muitas vezes, processos longos, processos muito aprimorados de determinadas situações ... ah ... mas

... repara,, eu ... eu sou um elemento da equipa e tenho um coordenador, barafustava e dizia aquilo que

pensava, mas, na prática, tinha de cumprir aquilo que tinha ficado decidido, não era? Se calhar eu não

tinha feito coisas que se fizeram ... fomos a júri quando? quando é que foi que estivemos, para aí, a

partir pedra? não sei, se foi na terça feira, que eles entregaram os dossiers e eu considerava que ... um

era o menino querido da equipa, o outro era o contestatário. O menino querido da equipa fez um

arranjo gráfico maravilhoso do trabalho, o outro fez uma colecção de documentos, então achavam que

havia ali uma diferença brutal entre os dois, um deveria ir a júri , o outro não, estás a ver? Eu fartei-me

de dizer coisas das minhas, daquelas... (risos)

Mas agora tens muito mais experiência...

Agora tenho muito mais experiência, não é muito mais experiência, experiência... alguma, mas com

uma perspectiva de trabalho em equipa que eu não tinha, porque os professores não trabalham em

equipa, ou, pelo menos, não trabalhavam até aqui, agora vão ter de começar a trabalhar, depois nós

estamos habituados a fazer o quê? A fazer a planificação das nossas aulas, pronto, fazemos a

planificação em grupo, fazemos essas tretas, essas coisas todas, às vezes não são tretas, depois cada

um trata as coisas à sua maneira, um acha que é assim, outro acha que é assado; ora, aqui não, aqui tu

trabalhas em equipa, reúnes com a equipa e as decisões são tomadas em equipa e tu tens de acatar

essas decisões, não é? porque tu ... o que eu, este ano ... aprendi, este ano, foi meter o meu ego dentro

da algibeira e custa muito, porque não é a minha prática, porque o meu ego é o meu ego, porque eu

sou a professora, dentro da sala de aula, e aqui eu não posso fazer isso, portanto trabalhamos em

equipa, nós temos de ... discutir e isso para mim é complicado ... eu quando acho uma coisa, acho que

tenho razão e depois é muito difícil tirarem-me da minha razão, percebes? Arranjarem argumentos

para dizerem não, não podes ir por ali, portanto isto é uma mais valia, eu tentar perceber a perspectiva

dos outros, outra coisa é o quê? Deixa-me pensar que eu tenha mudado no meu ...

A relação com os adultos é basicamente a mesma, portanto, eu não vou falar disso, eu dou-me

muitíssimo bem com eles, trabalho muitíssimo bem com adultos, não sei ... o que eu aprendi foi uma

nova forma de mostrar competências, porque este processo é muito mais mostrar a competências

adquiridas ... isto também é um bocado relativo. Isto tudo são experiências, não fiz nenhuma

formação especial, nem fiz mestrados, nem coisa nenhuma. Eu gostava de ter formação, mas eu acho

que a formação a que nós temos acesso, neste momento, não me interessa minimamente, porque não

me interessa ter formação teórica, eu estou a borrifar-me para as teorias, há montes de teorias, esta

teoria dos objectivos, das, das competências, estas teorias, para mim, são uma treta, o que me interessa

... eu gostaria de ter formação com pessoas que estivessem a implementar as coisas, porque nós lemos

os teóricos ... isso é que me interessava ... agora, como nós tivemos a formação, dois dias com um dos

autores do Referencial, com a directora da ANQ ... é pá, quer dizer, o que é que aquela gente percebe

do trabalhar no, no terreno? Não percebem nada, dão informações contraditórias, primeiro dizem uma

coisa, depois ... isso não me interessa nada, interessava-me realmente formação dos que estivessem no

terreno, que estivessem já muito experimentados, que tivessem algumas coisas já em termos de

experiência, teorias não me interessa, teoria encontro-as aí em qualquer lado.

Então como integrarias uma professora nesta actividade?

Uma professora que viesse trabalhar para aqui? como faria integração? ... oh! oh! pois , uma

professora como profissional, eu não sei ... como é que eu faria? Quer dizer, para já, eu acho que

devia ter um perfil diferente da maior parte dos professores e porquê? ter um espírito aberto, não são

muitas pessoas que poderiam vir para aqui e abraçar um projecto, abraçar um projecto, despindo a

camisola ... ah, fazer um trabalho de coordenação, porque é isso que se pretende de um profissional,

mas eu dir-lhe-ia que ela tinha de despir a camisola de professora, porque aqui, como profissional, ela

não pode ser directiva, tem de olhar para o adulto muito mais como pessoa, do que como aprendente,

portanto ... tinha de despir a camisola. Essa era a primeira coisa que lhe dizia e, depois, outra coisa

que lhe dizia era: �Mete o teu ego na algibeira, ouve o que te dizem, reflecte sobre o que te dizem,

porque tu vais trabalhar em equipa e não estás habituada a isso. Fundamentalmente era isto, mas pode

ser que me lembre de mais alguma coisa, fundamentalmente é isto, é o centrar, na vida do adulto, todo

o processo e ... conseguir trabalhar em equipa.

Que levas daqui?

Eu acho que levo muita coisa que já tinha ... não sei, quer dizer, o respeito pelo outro eu já o tinha ...

os alunos sãos alunos, o professor é o professor, eu nunca tive essa perspectiva, mas aqui tem de se ter

menos, isso eu levaria de qualquer maneira ... não sei ... práticas? aquela questão, por exemplo, da

construção do portefólio, tem a ver com o sistema de avaliação, que eles agora decidiram implementar,

mas isso, de certa forma, eu já fazia isso à noite, quer dizer, uma avaliação contínua, o peso dos testes

é mínimo, eu já fazia isso, portanto não mudei a minha actuação, nesse sentido. Olha, eu gostei muito

das reuniões que eram muito participativas, apesar de eu gritar muito, foram importantes as reuniões

de equipa, foram muito importantes e o nosso coordenador, é assim, ensinou-me coisas importantes,

aprendi muito com ele.

Aprendeste...

Aprendi, por exemplo, que, para este processo, é necessário que nós tenhamos uma capacidade de

integração, de sairmos da nossa pele de professores e termos uma visão diferente do que é a escola, do

que são as aprendizagens, fundamentalmente é isso.

Isso é o teu coordenador que diz?

É assim, eu já tinha percebido, mas ele pôs-me a pensar sobre o assunto, porque nós, às vezes,

sabemos as coisas e não problematizamos e ele teve esse condão de me pôr a pensar ... Sabes que o

RVCC, eu tenho muito mais tempo em termos administrativos, que propriamente de processo,

percebes? Porque, como eu te disse, aquela parte inicial do diagnóstico foi longo e portanto, depois, a

minha prática é completamente diferente, é a pratica da coordenação e eu acho que já falei sobre isso,

é a questão ... a ligação com membros da equipa, o contacto directo com o candidato, por exemplo,

vêm quatro ou cinco, uns estão com os formadores, outros estão comigo, eu leio o trabalho, digo onde

podem melhorar, quais são os aspectos que estão ligados àquele núcleo ou a outro.

Mas tu falas aqui muito do coordenador e da sua experiência

Foi ele o organizador dos currículos alternativos, há uns anos atrás, aqui na escola, é muito bom, em

termos de montagem de um sistema, não é? A tónica sobre o adulto, a partir do momento em que o

adulto entende, ele dizia muitas vezes: atenção que os adultos são renitentes a aprender, mas a partir

do momento em que eles conseguem perceber o sistema, já ninguém os pára e o facto de ele me ter

dito isso: � Atenção o adulto é renitente, mas a partir do momento que percebe, ninguém o pára ...e é

verdade, aqueles que entenderam, uns andaram ali, mas assim que entenderam como as coisas se

processavam, iam em frente e realmente ninguém os parava.

Tens feed-back dos candidatos a certificação?

Eu tenho feed-back de alguns...relativamente à escola, ou ao nosso desempenho ... de mim não falam,

falam dos formadores que são muito rigorosos, têm alguns colegas que andam aqui, ali e acolá, que o

processo não é uniforme, que cada um trabalha à sua maneira, alguns são muito mais ... trabalham

muito mais leve, nós aqui ... também já ouvi que eles têm uma ideia que nós somos muito exigentes,

relativamente aos trabalhos que vão efectuando.

Gostarias de acrescentar algo que consideres importante e que não foi abordado nesta entrevista?

Não (risos)

Resumo da entrevista realizada a A.

A. integrou um Centro Novas Oportunidades, de uma Escola Secundária, por insistência do presidente

do Conselho Executivo. Acabou por aceitar pelo desafio, por ser um trabalho diferente daquele que

executava, pela curiosidade.

Não tinha qualquer noção das funções que iria desempenhar, nem do processo de Reconhecimento,

Validação e Certificação de Competências.

A integração na equipa foi feita pelo coordenador do Centro e as muitas conversas que com ele

manteve, conjugadas com a leitura do referencial e com a experiência de outro profissional, com

quem trabalhava e com quem discutia formas de fazer, foram-lhe abrindo o caminho e a compreensão

das tarefas a desenvolver. Foram importantes os conselhos do coordenador no sentido de a fazerem

compreender a necessidade de abandonar a sua perspectiva de professora.

Embora se sinta mais à vontade na sua área de formação, a prática ensinou-a a realizar o trabalho de

profissional e a reconhecer e gerir as especificidades dos adultos e a acompanhá-los no processo.

Face às dúvidas e a situações novas, age de acordo com os “frutos” da prática, da experiência, e

considera que esta deve questionar aquela. Na sua opinião começar pela teoria pode direccionar ou

condicionar a prática, levar a implementar procedimentos que não funcionam, em suma: a teoria deve

ser questionada e pensada com e através da experiência. A formação é necessária, mas a que sente

mais pertinente é a veiculada pelas pessoas que trabalham no terreno e remete para as formas de

operacionalizar a teoria.

Para integrar uma professora na actividade de profissional, aconselhá-la-ia a abandonar a perspectiva

construída no âmbito da docência, manter o espírito aberto, não ser directiva , partir do adulto, dos

seus saberes e olhá-lo mais como pessoa, do que como aprendente. Outro conselho relacionar-se-ia

com a capacidade de ouvir os outros, reflectir sobre o que ouve, deixar de lado o ego e organizar-se de

forma a ser capaz de trabalhar em equipa. Este seria o grande desafio, por considerar que os

professores não estão habituados aos procedimentos deste tipo de trabalho.

O tempo de permanência no Centro permitiu-lhe ter uma outra perspectiva de trabalho em equipa,

perceber de uma forma mais evidente a perspectiva dos outros, a gerir as questões de ego, embora as

aprendizagens que realizou, neste campo, se tenham revelado difíceis e dolorosas. Aprendeu a sair da

sua “pele de professora” e a actividade, enquanto profissional, ensinou-a a ter outra visão da

aprendizagem e do papel da escola.

Análise de conteúdo da entrevista realizada a A.

Categorias Sub-categorias Unidades de registo

1. Mudança de actividade profissional 2. Saberes prévios

1.1 Motivos extrínsecos 1.2 Motivos intrínsecos 2.1 Conhecimento do processo 2.2 Conhecimento do trabalho dos profissionais

1.1..foi quase uma imposição por parte do presidente do Conselho Executivo… ... ele insistiu bastante comigo…

1.2...eu também gosto de desafios ...isto é mesmo uma experiência, uma aventura… ... mas gosto de coisas diferentes e achei que se calhar era capaz de ser interessante. Vim mesmo naquela: deixa-me ver o que é… …era um desafio…ofereci-me como profissional… 2.1...nem fazia a mínima ideia do que vinha fazer ... não pescar minimamente do que se estava aqui a passar 2.2... os profissionais fazem entrevistas, foi o que me foi dito ... Eu não sabia o que vinha fazer, não sabia

3.Imersão na prática

3.1 Preparação 3.2Organização pessoal do trabalho 3.3 Funções do profissional

3.1A primeira coisa que fiz foi agarrar no referencial e lê-lo, tentar perceber o que era pedido, ...Coordenador Pedagógico... insistiu muito em vários aspectos de forma a quebrar a nossa tradição profissional ...foi a conjunção das conversas que tive com ele. ... perguntei muita coisa ... dessa leitura do referencial e dessa conversa que tive com ele.. e com a experiência que a Manuela tinha do ano anterior fui tentando perceber de que forma é que isto funcionava 3.2eu sou um elemento da equipa e tenho um coordenador ... na prática tinha de cumprir aquilo que tinha ficado decidido ...as decisões são tomadas em equipa e tu tens de acatar essas decisões 3.3... pôr-me sempre na perspectiva do adulto ... não vale a pena nós insistirmos numa situação dogmática, porque eles fogem, eles detestam essas coisa… ... portanto temos de ir por eles ...temos de lhe dar sempre a primazia… ... deixá-los avançar sempre um pouco e depois fazer uns reparos ... deveria ter tido a preocupação de

Aprendizagens

3.4 Pensamentos e reflexões 4.1 Formas de aprender 4.2 Articulação teoria/prática

3.4 eu estou sempre a duvidar se aquilo que estou a fazer é o mais correcto ...eu estou em permanebte dúvida …deveria ter tido a preocupação de pegar em montes de livros da bibliografia que foi referida pela ANQ e ter lido aquela coisa toda do principio ao fim… 4.1...todos os dias que me aparece uma situação nova eu pergunto será que eu a ir por este caminho estou a ir bem ao mal ... Vamos ver quais são os frutos ou não frutos da minha tomada de decisão ... tenho um espirito mito pragmático ...como nós fazemos, como todos os professores fazem, é com a experiência ... foram importantes as reuniões de equipa ... aprendi muito com ele (coordenador) ... ele teve esse condão de me pôr a pensar..... 4.2 eu penso que para nos questionarmos a teoria temos de ter alguma prática ... somos capazes de sermos direccionados para uma coisa e tentarmos implementa uma determinada metodologia que depois na pratica não funciona

6.Integração de um colega

6.1 Explicitações iniciais

... se não temos uma pratica relativa aquela questão como é que nos conseguimos questionar a teoria ... quem escreve são os teórico e nos estamos no terreno ... eu acho que a formação a que nos temos acesso neste momento não me interessa minimamente ...eu gostaria de ter formação com pessoas que estivessem a implementar as coisas ... teorias não me interessa, teoria encontro-as aí em qualquer lado 6.1...não são muitas pessoas que poderiam vir para aqui e abraçar um projecto, . abraçar um projecto, despindo a camisola.. ... ter um espirito aberto ... ela tinha de despir a camisola de professora ... como profissional ela não pode ser directiva ... tem de olhar para o adulto muito mais como pessoa do que como aprendente portanto. ... outra coisa que lhe dizia era mete o teu ego na algibeira ... ouve o que te dizem ... reflecte sobre o que te dizem ... tu vais trabalhar em equipa e não estás habituada ... o centrar na vida do adulto todo o processo ... conseguir trabalhar em equipa

7. Retorno Reflexivo

7.1 Enriquecimento pessoal

7.1com uma perspectiva de trabalho em equipa que eu não tinha ... este ano aprendi este ano foi meter o meu ego dentro da algibeira e custa muito ... nós temos de discutir e isso para mim é complicado eu quando acho uma coisa acho que tenho razão e depois e muito difícil tirarem-me da minha razão ... eu tentar perceber a perspectiva dos outros ... aprendi foi uma nova forma de mostrar competências ... sairmos da nossa pele de professores ... uma visão diferente do que é a escola, ... do que são as aprendizagens

Entrevista realizada a B.

Quero, primeiro, agradecer-te a gentileza com que acedeste a este pedido de entrevista e assegurar-te

a confidencialidade da mesma.

Idade a formação académica.

Portanto, eu sou B., tenho 53 anos, mestrado interdisciplinar em Estudos Portugueses.

Como é que passaste a profissional de RVC?

O facto de eu vir e tornar-me profissional RVC foi um desafio que me foi lançado, em Setem..., em

final de Outubro. A X. (presidente de um Conselho Executivo) telefonou-me a perguntar-me se eu

gostaria, se estaria interessada em integrar este projecto. Eu estava requisitada na inspecção, tinha a

requisição até ao fim de Agosto, eu achei o projecto interessante, pedi tempo para poder interromper

a requisição, porque não foi propriamente fácil, tive de fazer um requerimento ao Secretário de Estado

a pedir a suspensão, a partir de 31 de Dezembro; foi aceite e vim, portanto, foi ...este o percurso,

pareceu-me um projecto interessante, uma outra forma de fazer as coisas.

Então conhecias o processo...

Muito pouco, sabia que existia este projecto e sabia, porque uma das coisas que fiz, neste tempo que

estive requisitada, foi a coordenação do Centro de Documentação da Inspecção, onde chegava

documentação. Começou a chegar documentação da ANEFA, depois documentação da DGRV,

portanto formação vocacional ...da ANQ já menos, porque já foi agora nesta face final ....começou a

aparecer documentação sobre as acções Saber Mais e aí tinha uma leve percepção que se tratava de

reconhecer e validar competências e conhecimentos dos adultos, mas era uma leve percepção,

portanto, não tinha a noção de como é que o trabalho se organizava.

Como decorreram os primeiros dias enquanto profissional?

Eu cheguei aqui, o E., portanto, trouxe-me cá abaixo, foi aberto o computador –Isto, esta é a nossa

página- introduziu o meu nome e tal, -sabes como é que é, vais vendo isto- entretanto as próprias

colegas foram-me introduzindo. Foram as colegas, as outras profissionais que me foram introduzindo,

que me disseram: - Bom, olha, temos estes documentos, conforme as pessoas vêm o percurso é este,

temos os boletins de... temos a ficha de inscrição, temos esta documentação, estas fichas que

entregamos, o percurso é este.... Fui assistir a algumas entrevistas com colegas, portanto, ao início do

percurso, observei materiais e fui-me adaptando, portanto.. não foi propriamente uma, uma, foi uma

preparação no local, portanto, tomar contacto, primeiro com os documentos, com o percurso e com a

ordem da apresentação dos documentos. Foi a primeira ....o primeiro embate, digamos assim, porque

eu não tinha a percepção...da forma como conduzir as coisas e não conhecia os documentos, portanto,

simultaneamente, tive de fazer as duas coisas. O que é que eu fiz? foi a M. inclusivamente que fez

isso, ela pegou na colecção toda e disse: -Olha, os documentos que temos para gerir isto, e estou a

falar de RVCC básico, terceiro ciclo, os documentos são estes, estão estruturados desta forma,

costumamos dar estes primeiro, depois damos estes. Peguei nos documentos, organizei-os, fiz algumas

cópias para me sentir confortável, fiz alguns conjuntos que, depois, trabalhava com as pessoas que

pudesse ter. Comecei logo, ao segundo dia, que estava... estive aqui, fiz, portanto, a primeira

entrevista com uma pessoa que vinha com a quarta classe, portanto, que tem um tratamento e exige

uma orientação que não é totalmente diferente, mas a maior parte das pessoas que nos aparecem são

candidatos para um básico três e não um básico dois, portanto, havia ali algumas coisas ... que foi

preciso ajustar, os próprios documentos que eu tinha eram mais os do básico do terceiro ciclo... ir

preparando... fui preparando as coisas. Fui começando a trabalhar e a tirar dúvidas e ia fazendo

disparates eventualmente, mas reflectindo sempre sobre o que é que eu estava a fazer: para que é que

aquele papel servia? o que é que eu podia fazer com aquele papel e com a pessoa? porque o mais

importante não era o papel que eu tinha, era a função que aquele papel poderia desempenhar como

auxiliar do meu trabalho com aquela pessoa, que eu ia receber... e foi por aqui que eu comecei.

E que mais foste pensando?

Julgo que todo o percurso do básico, do terceiro ciclo, está bastante orientado, tem uma função, fui-

me apercebendo disso, portanto, há perguntas que inicialmente ... eu lembro-me que uma das coisas

que eu achei estranha foi ... eu peguei numa ficha de inscrição, o senhor Francisco preencheu a ficha

de inscrição, há um conjunto de perguntas ok ...aliás um conjunto de coisas a que a pessoa tem de

responder, na inscrição ... na sessão seguinte, no dia seguinte, marquei uma entrevista e uma das coisas

que me surpreendeu é que a maior parte das questões eram questões repetitivas, em relação ao que

estava na ficha e recordo-me de ter pensado: - Mas que raio estamos aqui a fazer a repetir coisas!?

Depois, na sessão seguinte ... tínhamos numa primeira sessão, contrato, compromisso, análise dos

documentos e o senhor Francisco era muito observador, leu o contrato todo de ponta a ponta... foi

engraçado, porque ele colocou algumas dúvidas a que eu não sabia responder, como eu também não

tenho problemas, nunca me pareceu que soubesse tudo, antes pelo contrário, disse: - Olhe, senhor

Francisco, só um bocadinho, que vou ali perguntar. Fui perguntar. O que acontece é que,

habitualmente, nós acabamos por assumir aquilo como certo, como correcto, e não pensamos muito

nas pequenas coisas... daqui e dali fui perguntando, fui explicitando, fui tirando algumas dúvidas

concretas, havia lá um parágrafo que, no contrato... que lhe parecia duvidoso, tinha a ver com o direito

a ser ressarcido ou a ressarcir, no caso de haver uma quebra de compromisso, e ele queria saber que

responsabilidade é que ele tinha, ou que direitos teria, naquele caso, ... era uma situação muito

concreta, �o que é que me fazem se eu não fizer o percurso, ou o que é que eu ganho?�, era uma

situação legal muito concreta. Foi muito interessante, foi muito bom, porque me obrigou também, a

mim, a ver as coisas com um filtro muito mais cuidado. Este tipo de questões que nos vão sendo

colocadas começam ... também nos ajudam a ter a percepção ...primeiro da falibilidade da nossa

própria acção e da falibilidade dos próprios documentos que, sendo documentos orientadores, não

servem

para toda a gente ou ... acima do documento está a pessoa e esta foi a percepção, estás a ver? que fui

tendo, depois, à medida que ia apoiando o desenvolvimento do trabalho, a própria organização e

constituição do dossier, fui percebendo que as próprias questões que eram levantadas, desde o início, e

que, no fundo, se prendiam com a história de vida, com a formação académica, com a experiência

profissional, essas perguntas continuavam a ser, de alguma forma, recorrentes, ainda que mais

exploradas, no sentido de ajudar. E percebi isso à medida que fui trabalhando, ajudando o adulto a

reflectir na sua própria vida, a reflectir e a elaborar documentos cada vez mais complexos, digamos

assim, por forma a produzir um material que fosse mais adequado que o identificasse no fundo ..no

fundo, foi esse percurso

Foste sempre mantendo essa interacção com os candidatos?

Nem sempre, há candidatos que vão dando feed-back.... há outros que nem tanto, portanto, a questão

que se me coloca neste.. e começou a colocar-se-me bem cedo, digamos assim, é precisamente alguma

uniformidade que exige do profissional uma flexibilidade e uma sensibilidade para as diferenças,

porque o feed-back, às vezes, não vem como nós pensávamos, não vem com o entusiasmo de vir

mostrar, vem muitas vezes com a timidez, que é outro tipo de feed-back... não são todas as pessoas .. e

eu tive alguns casos de pessoas que vêm e estão entusiasmadas e gostam de vir... tive, na altura, quase

logo a seguir, duas ou três semanas depois, a dona S. que adorava vir para aqui trabalhar. Ela, ela tinha

computador, em casa, mas vinha para aqui, porque, no dia livre, estava em casa, mas era um

aborrecimento e, então, vinha para aqui, não como acontece com alguns, porque não tivesse, em casa,

suporte, mas porque entra um, entra outro, e ela gostava de ouvir, de falar, ela gostava muito de

conversar, gostava muito de ouvir, de falar e vinha aqui por leviandade entusiasmadíssima, outros não.

Conhecias alguém que tivesse feito o processo , antes de vires para aqui?

Não , não conhecia

Qual a relevância de toda esta experiência enquanto profissional?

Foi...Este foi um desafio. Julgo que, para mim, o mais relevante é o desafio, um desafio à

aprendizagem, julgo que ... hã ... e é bom ter a percepção de que conseguimos aprender coisas, que

continuamos abertos a aprendizagens novas, a aprendizagens ..hã...que não são assim tão diferentes.

Se nós formos a ver bem, elas são diferentes do trabalho de prática de sala de aula, em que estamos

com jovens que estão ali, que temos uma determinada prática, mas ... a função que está por trás, que é

ajudar alguém a crescer, ou ajudar alguém a encontrar-se, está lá. Este foi um desafio que foi

importante para mim, que está a ser importante, que continua a, a ser e, e um desafio que eu julgo que

funciona nas duas vertentes, porque à medida que vou ajudando alguém a encontrar-se, a, a situar-se,

a crescer, a arranjar caminho, eu própria interajo, aprendo, reaprendo coisas, ou aprendo, de novo,

coisas, ou dou um sentido diferente ao que sei e isso é que é importante, percebes?, e acima de tudo

perceber ... perceber a pequenez que cada um ... que eu sou, em termos de conhecimento e em termos

dessa dinâmica...

... dessa dinâmica...

...sim, porque também ... colocam-se-me dúvidas, as dúvidas são praticamente constantes. A primeira

coisa que eu faço é admitir a dúvida, parece-me que é muito importante, e perguntar, perguntar,

perguntar até aborrecer qualquer um (risos) e, acima de tudo, e creio que isso ... hã ... na minha vida,

por uma questão de maneira de ser, não me satisfaço com a primeira resposta, ou raramente, ou a

primeira resposta é realmente suficientemente convincente, ou não me chega ... e, e perante um... a

dúvida, se eu consigo alguém que me ajude a resolvê-la de imediato... eu resolvia ...muitas vezes me

aconteceu dizer: -Olhe, senhor Fulano, eu não vou conseguir saber o resultado, hoje, na próxima

sessão que nós tivermos, eu digo-lhe, digo-lhe e explico-lhe isso, porque, eu, neste momento, não

consigo e não encontro. Como é que consigo, ou tento resolver as dúvidas? consultando as colegas,

consultando a legislação, consultando as perguntas frequentes, as respostas frequentes, as questões,

tento sempre ver ... e vendo também, sobretudo, por exemplo, na estrutura dos trabalhos... uma coisa

que me ajuda a estruturar a minha própria cabeça é ver os trabalhos, ver os trabalhos, ver como os

colegas fazem, ver como os colegas resolvem e... todas essas vertentes foram vertentes que foram,

não, estão a ser, vertentes que são importantes... e a submissão do meu trabalho aos colegas, quando eu

estou a fazer, assim: �O que é que achas? Isso, para mim, é muito importante, julgo que o tenho feito,

julgo que tenho tido algum feed-back que me ajuda, a mim, e que ajuda os colegas, e isso é importante,

para mim é importante.

Há então um diálogo constante com as colegas... e nos primeiros tempos, quando decidiste vir para o

Centro?

A X telefonou-me, em Outubro, a primeira coisa que fiz foi ir à ANQ, ao Centro de Documentação,

perguntar: �O que é que vocês têm aí sobre este reconhecimento? A pessoa que estava no Centro de

Documentação, que eu conhecia, porque eu estava ali, na porta ao lado, e, ainda por cima, como eu

também estava no Centro de Documentação, pertencíamos a um projecto conjunto na Secretaria Geral

e, portanto, falei com ela e ela marcou-me uma entrevista com a chefe de divisão do Centro de

Documentação que é, no fundo, a responsável pela gestão destas coisas. Conversámos um bocado, ela

deu-me um bocado o feed-back da posição em que estavam estas coisas e foi-me dando ... materiais.

Fui ver a bibliografia, tentei comprar e adquirir e ver e consultar e mexer tudo o quanto é documentos

e textos, sobre educação e formação de adultos, alguns ainda não vi, com o rigor e o pormenor que

gostaria de ver, mas já tinha alguma sensibilidade para isto, precisamente porque os documentos iam

aparecendo, ia lendo, aqui ou ali, uma folha, ou outra, comecei a ver... e não te posso dizer que tenha

uma sistematização dos conhecimentos teóricos, porque não a tenho, mas tentei sempre fazer isso,

sempre ver ... mesmo a própria problemática e muito mais no secundário, porque esta questão, esta

questão teórica coloca-se, julgo eu, em relação aos dois...a todos os níveis, digo dois, porque nós

validamos sobretudo Básico, terceiro ciclo e no Secundário coloca-se com mais premência pela

própria estrutura do trabalho... ahhh! tento ver, continuo insatisfeita, continuo insatisfeita, por

exemplo, com o ...hã...próprio conceito, não com o conceito, mas com... ou se calhar é com o

conceito, o ... julgo que é preciso criar um conceito novo de portefólio, e estou a falar do Secundário

claramente, Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, o que se espera que façamos nesse domínio, o que

se espera que um profissional faça em relação à abordagem, não é a mesma coisa que... na elaboração

de um portefólio de aprendizagem, numa escola, no ensino superior, numa sala de aula, há uma

pessoa, ou duas pessoas, portanto, há o formando, ou o aluno, há o professor. Neste percurso, nós

temos uma terceira pessoa que é o profissional, ou o mediador, nos cursos EFA, e o percurso... como a

estrutura montada é tripartida, temos o mediador ou profissional, temos o formando, temos os

formadores, neste momento, este percurso... ainda não encontrei uma definição de portefólio que me

satisfaça e que eu diga: - É isto que se faz, é isto que eu acho que se faz aqui 2/

E essa informação que foste recolher à ANQ?

A informação que nós recolhemos, do meu ponto de vista, qualquer informação que eu tenha sobre o

que quer que seja, raramente é de aplicação prática imediata, penso que a primeira fase e ... se calhar a

mais importante, é de apropriação, eu tenho de perceber, primeiro, o que é aquilo e, depois, tenho de

perceber como é que aquilo se pode aplicar. O que posso fazer com a informação que adquiri, é ver

isso também com um sentido crítico, porque aquela informação que eu adquiri, as orientações, ou não

orientações que fui vendo, aqui e ali, muitas vezes, não têm, não podem ter, uma aplicação prática

imediata, estás a ver? são uma espécie de suporte, são uma espécie de alicerce onde se vai construir a

casa que é a prática, estás a ver? eu concebo as coisas assim e normalmente procuro trabalhar assim,

eu tento ver... claro que foi um sacrifício muito grande, quando cheguei aqui, porque eu tive de,

simultaneamente, atacar as duas frentes, não é? trazia algum conhecimento, tinha algum material para

manusear e, de repente, o que tu tens não é o tempo para fazer o alicerce e depois fazes a casa, o que tu

tens é: �tem aqui estes materiais que fazem os alicerces, tem aqui estes materiais que fazem a casa

...e, entretanto, a casa precisa de telhado e eu ainda não sei como fazer os alicerces, portanto, estás a

ver, (risos). Isto é o que eu sinto, continua a ser um desafio e eu continuo à procura dos alicerces com

a consciência que tenho algumas casas meio construídas.

...Como integrarias uma professora que viesse para o Centro, com a função de profissional?

Um...uma professor que não... repara, eu vim para aqui com um percurso prévio de trabalho...com um

trabalho diferente com exigências diferentes, a primeira coisa que eu diria a um colega que viesse é, de

facto, pegar em duas ou três coisas: �Tens de investigar o que é isto: o que é que são os adultos?

como se aborda um adulto? como é que se ensina um adulto? como é que... e depois as coisas não são

tão diferentes assim, em termos de aquisição, porque se tu atribuis um desafio, todos nós aprendemos

por desafios, o adulto aprende mais por desafio, não é? a pessoa põe-se face ao adulto: �olhe lá, tem

de fazer este caminho, veja lá por onde passa e não sei que mais... propões o desafio, esperas o feed-

back, vais vendo, vais vigiando, digamos assim, observando o percurso a partir do desafio. Se tu fores

ver, é isto que tens na sala de aula, se tu desafiares, num determinado sentido, um grupo de jovens e

eles acreditarem no desafio ... É claro que a diferença é o tipo de crença, face ao desafio e o tipo de

experiência � para que é que o desafio serve? - um adulto ainda que não ponha de parte a parte lúdica

... a parte lúdica é importante e é agradável e é muito importante na aquisição, para todos nós, não tem

o peso que tem numa...nos nossos jovens, digamos assim, mas o lúdico e o desafio está presente. Na

prática, as coisas não são muito diferentes, mas temos de ter presente que um adulto que nos chega

aqui, já levou muita chapada na vida, estás a ver? e temos aqui muitas pessoas que vêm e temos

algumas pessoas que nos chegam aqui motivadas, porque querem, porque não sei quê, mas a maior

parte das pessoas vêm maltratadas. Maltratadas, no sentido em que estão a ver o seu emprego em

risco, perderam o seu emprego, não sabem como é que vai ser o futuro e vêm com receio...não por

prazer, não por acreditarem no desafio, a maior parte das pessoas com quem tenho contactado vêm

pelo receio pela ...como prevenção, face a situações menos positivas e poucas são.. eu diria que são

dez por cento, as que vêm pelo desafio pessoal. As motivações são extrínsecas, são poucas as pessoas

...hã...eu disse dez por cento , eu não sei se tenho dez por cento... olhando para o perfil, estas pessoas

estão aqui apenas por motivações extrínsecas, ou as intrínsecas têm aqui um peso claramente superior.

O termos esta percepção, porque é que a pessoa vem e como chegar...hã... eu começaria por aí, era o

primeiro conselho que daria ao colega que viesse, depois a consciência de que há um conjunto de

coisas que nós temos a tendência para dizer que são e são, podemos dizer que sim, trabalho

burocrático.. ter a percepção que esse trabalho tem um timing, é feito desta forma, tem de ser feito

assim, introduzir as pessoas também nessa parte, portanto, as coisas organizam-se, não é um dossier da

turma x, não é um material em que só eu mexa, mas é um material que deve ter uma linguagem tal que

qualquer das pessoas tem de mexer e nós fazemos muito pouco ... menos, digamos assim, e esta

percepção... estas duas coisas seriam as duas coisas que eu diria, em primeiro lugar, primeiro, tentar

investigar, tentar eventualmente ler um outro... ou outro livro, um outro artigo ... portanto sobre

aprendizagem ... sobre a relação de aprendizagem, aprendizagem e formação com o adulto, porque,

no fundo, o profissional também faz muito isso ..se não tem a ver com uma determinada área de

competência, tem a ver com o despertar, é o profissional que abre, que ajuda o adulto a desabrochar e a

disinibir-se para escrever, por exemplo, e isto é muito importante, ter esta percepção e depois a parte

da gestão mais burocrática, e mais burocrática em grupo, digamos assim. Nós estamos mais habituados

a gerir os papéis com os colegas com quem trabalhamos, de uma forma mais imediata, mas somos nós

que temos, somos nós que fazemos, temos os dossiers, na sala de grupo, onde as coisas estão

estruturadas mas ... aquilo funciona muito mais enquanto material de uso pessoal, não é isso que

acontece na... no CNO... e já agora havia outra coisa que, se eu tivesse ... portanto, se eu pudesse,

digamos assim, havia outra coisa que eu faria: temos os profissionais, temos os formadores, o

profissional tem claramente um papel diferente do do formador, mas eu julgo que da mesma forma

que o profissional vai tendo, aqui e ali, um contacto bastante próximo com o formador, eu colocaria

todos os formadores, durante algum tempo, a fazer todo o trabalho também de profissional, seguir um

adulto, pegar num adulto, fazer todo o percurso ter a percepção do que é, ter a percepção até na própria

elaboração de documentos que são da responsabilidade do formador e que, muitas vezes, ... que o

profissional tem de estar atento ao percurso, eu julgo que essa desatenção é, é uma desatenção...

porque há muitas coisas para fazer, porque há muito trabalho e se a pessoa tivesse a percepção do que

é feito, podia haver uma interajuda maior, em ambos os sentidos, julgo que é ... faz muita falta.

O trabalho que desenvolves agora assemelha-se ao que desenvolvias no início?

Eu mudei muita coisa...fui mudando muita coisa, mudei muita coisa, a forma, a abordagem, mesmo

em relação ao Ensino Básico, fui mudando a forma, a abordagem com o próprio adulto, fui mudando,

fui sentindo alguma...eu própria tenho, agora, uma percepção que não tinha e logo, aí, implica uma

abordagem e uma mudança grande, porque uma coisa e tu dizeres: �tenho aqui uma escada com

quatro degraus, ao cimo dos degraus há uma paragem ... e eu estou a dizer isto a um adulto, mas eu

não sei o que está do outro lado, ainda é.. portanto, não ter a percepção do que vem a seguir aos quatro

degraus torna mais deficiente, claramente mais deficiente, o trabalho que eu faço com os adultos.

Tenho a clara percepção que, as primeiras pessoas que eu abordei, foram pessoas a quem eu não dei o

apoio total que sei que as pessoas tinham direito, neste momento, tenho a percepção global dos

passos...neste momento ... pedi ao E. para trabalhar mais com o Secundário e, na altura, quis entrar no

Básico, porque eu julgo que o profissional deve ter a percepção do que é que se passa naquela casa

e.....em todas as áreas, para poder ajudar a dar orientações. Neste momento, um adulto que chega,

que quer fazer o Básico, que traz as suas angústias, as suas necessidades, as suas preocupações, eu

consigo rentabilizar mais as orientações que dou, ajudá-los mais do que anteriormente, claramente,

portanto, mudei bastante a minha forma de agir.

Concretiza, por favor

Ah...Repara, uma das coisas que costumo fazer, que nós costumamos fazer, na entrevista... nós

fazemos uma entrevista e definimos mais ou menos um perfil, vemos, pela entrevista, quais são os

pontos mais fortes, ou mais fracos, do adulto. O primeiro trabalho e o primeiro desafio que lançamos,

ao adulto, é pedir-lhe um ou dois textos manuscritos...eu peço sempre manuscrito ... é vício de

professora de português, porque ali eu sei que não há interferência dos correctores, não vou dar uma

avaliação àqueles textos... eu, na altura, pedia, por exemplo, no início, comecei por pedir um dia de

trabalho, ou um dia de lazer, ou fale-me da sua primeira experiência de emprego ... eu hoje... ao longo

da entrevista, vou percebendo, provavelmente pela pergunta que coloco e pela forma como a resposta

vem, num determinado momento... eu mantenho os mesmos tipos de pedido... eu quero, por exemplo,

três textos, três textos diferentes, mas a gestão dos textos que peço são muito mais adaptados àquela

pessoas, portanto, não é o primeiro emprego, se calhar o primeiro emprego foi uma treta mas ... que ...

quando vejo que os olhos do adulto brilham quando falam dele, porque o primeiro texto que eu lhe

peço tem de ser um texto gratificante, a pessoa tem de falar de uma forma positiva e, porque também

conheço já todo o percurso, são textos que depois podem ser aproveitados ... sempre aquela história de

que as perguntas são repetitivas, mas se calhar não são tão repetitivas assim, há um criar de um

caminho que é também um criar de confiança e, à medida que essa confiança se vai estruturando, o

adulto vai trabalhando de forma mais confiante e de forma mais segura. Eu, hoje, faço pedidos muito

mais concretos, tendo a ver com aquele adulto, com a forma como provavelmente aquele adulto vai

estruturar o seu dossier e preparo, desde a primeira entrevista... o percurso e os pedidos que vou

fazendo podem não ser eventualmente os mesmos, com a mesma sequência, mas são os pedidos que

eu...face aos quais eu vejo que o adulto se estrutura melhor e claramente é isto, por exemplo e...

muitas vezes, os adultos têm necessidade de... querem saber como e que vai ser, como é que vai ser o

fim, como é que vai ser o júri, há muitos que querem saber, agora, que conheço a escada toda, dou

uma preparação melhor, dou um esclarecimento melhor do que daria noutras circunstâncias. Depois

há outra coisa que é muito importante gerir também, tem de haver um espaço para quem não se quer

mostrar, para quem não quer partilhar comigo o seu percurso ...esta é uma das minhas reflexões,

como fazer num processo que é história de vida, ponto. 3/

E para o ano?

...Julgo que, acima de tudo, teria de continuar a crescer, teria de continuar formas de ajudar o melhor

possível as pessoas, julgo que ainda não atingi...não é a perfeição, não, não aspiro a tanto, mas que

estou longe de atingir um ponto em que eu diga ...ah...satisfaço e ajudo plenamente cada um dos

adultos que chega aqui, que aqui chega, portanto o que eu queria era continuar a aperfeiçoar a

abordagem que tenho feito, continuar a questionar e a crescer nessa abordagem, partilhar, julgo que a

partilha é muito importante, julgo, inclusivamente, que se partilha menos do que se devia partilhar,

porque todos nós temos, não são só os adultos que aqui chegam, nós também temos as nossas

inibições, nós também temos medo e vergonha de dizer: �eu não sei! quando é a coisa mais natural

...e portanto, essa partilha ...a partilha, a partilha de, de igual para igual, de ignorância para

ignorância, partilhar algum saber que se vai adquirindo, era isso, é assim que eu me vejo continuar a

aprender, continuar a crescer, tentar encontrar um caminho o mais eficaz possível, para ajudar o

máximo de gente possível... e ter sempre... primeiro não ter medo de errar e segundo...tentar sempre

voltar atrás e alterar o que eu acho que fiz mal e tenho feito muita coisa mal.

Gostarias de acrescentar a esta entrevista algo que consideres importante e que não foi abordado?

Não.

Resumo da entrevista realizada a B.

B. tem cinquenta e três anos, mais de vinte de docência e Mestrado Interdisciplinar em Estudos

Portugueses. Integrou um CNO, a convite da Presidente do Conselho Executivo de uma Escola

Secundária, na qual é Professora do Quadro de Nomeação Definitiva.

Aceitou as novas funções, por se tratar de um projecto que veiculava outra forma de ver. Tinha uma

“leve percepção” da filosofia do processo; sabia tratar-se de reconhecer, validar e certificar as

competências de adultos, a partir das experiências de vida, dado ter exercido funções no Centro de

Documentação do Ministério da Educação, onde chegavam documentos relativos à Educação e

Formação de Adultos, no entanto não sabia como, na prática, se organizavam os trabalhos. Teve a

preocupação, antes de iniciar funções, de conversar com a chefe de divisão do Centro de

Documentação no sentido de obter informações sobre o processo e recolher bibliografia sobre o

mesmo, no entanto considera que as orientações teóricas, além de deverem ser analisada com sentido

crítico “não são de aplicação prática imediata”, constituem um suporte, um alicerce do trabalho, mas

implicam tempo para apropriação, um tempo do qual não dispôs.

A sua integração, enquanto profissional, foi feita pelas outras profissionais do Centro, que lhe

mostraram a documentação utilizada no processo com os candidatos a certificação, lhe explicaram a

ordem pela qual devia ser utilizada e quais os passos a seguir. Acompanhou o trabalho de uma colega

na realização de entrevistas, mas rapidamente se autonomizou.

Levantou algumas questões relativamente ao modo como estavam construídos os documentos, porque

todos eles remetiam para as mesmas questões, mas, com a prática, encontrou um sentido para essa

mesma construção. À medida que ia trabalhando, ia-se apercebendo de que um profissional RVC

devia ser sensível e flexível, face às características de cada adulto, e ter a capacidade de, em face delas,

adaptar os instrumentos de trabalho.

Além das questões que o seu próprio trabalho lhe ia levantando e a procura de respostas, que passava,

não só por um processo de reflexão pessoal, como também pela consulta dos colegas, da legislação,

da estrutura dos trabalhos já realizados no Centro, , foi sendo alertada para outras questões, pelos

próprios candidatos que assim a “obrigavam” a outros olhares sobre o trabalho e funcionavam como

um fiel da sua acção. De referir que encontrou respostas ao ajudar os adultos a reflectirem sobre os

seus percursos de vida, deu, por vezes, sentidos novos aos seus conhecimentos e apercebeu-se que,

muitas vezes, se assumem práticas como certas e se deixa de pensar nelas.

As dúvidas são uma constante no seu trabalho e pergunta, pergunta até obter a resposta que a satisfaça,

refere a partilha de experiências como construtora dos saberes, apesar das inibições e do medo de se

dizer: não sei.

Considera que integrar um professor nesta actividade implicaria recomendar-lhe algumas leituras

sobre: “... que são os adultos? como se aborda um adulto? como é que se ensina um adulto?” e depois

introduzi-lo nas questões burocráticas, na linguagem que lhe está associada e no tempo da sua

realização. Alertaria a docente para o facto de que o processo de aprendizagem dos adultos não é

assim tão diferente daquele que ocorre com os adolescentes, dado que ambos aprendem por desafio,

embora em graus diferentes, e que se deve estar atento às especificidades do adulto: a linguagem, a

vida que teve e que muitas vezes o maltratou, as motivações que o levam ao processo de

reconhecimento que, na sua opinião, são sobretudo extrínsecas.

A sua prática foi mudando, ao longo do tempo, sobretudo, porque se foi apercebendo das

especificidades de cada adulto, da sua individualidade, da forma diferente de abordar cada um e de lhe

adequar o percurso de trabalho.

Análise de conteúdo da entrevista realizada a B.

Categorias Sub-categorias Unidades de Registo 1.Mudança de actividade profissional 2Saberes Prévios

1.1Motivos extrínsecos 1.2 Motivos intrínsecos 2.1Conhecimento do Processo 2.2 Conhecimento das funções dos profissionais

A X (presidente do Conselho Executivo) telefonou-me a perguntar-me se eu gostaria, se estaria interessada em integrar este projecto... ....foi um desafio... ... pareceu-me um projecto interessante, uma outra forma de ver a educação e a formação. ... já tinha alguma sensibilidade para isto ...

2.1(Sabia) muito pouco... .... sabia que existia este projecto... ... tinha uma leve percepção que se tratava de reconhecer e validar competências e conhecimentos dos adultos, mas era uma leve percepção... 2.2... não tinha a noção de como é que o trabalho se organizava. ... eu não tinha a percepção...da forma como conduzir as coisas e não conhecia os documentos... ... não te posso dizer que tenha uma sistematização dos conhecimentos teóricos, porque não a tenho...

3Início de funções

3.1 Preparação 3.2.Sentimentos e pensamentos iniciais 3.3.Integração no trabalho

3.1...a primeira coisa que fiz, foi ir à ANQ, ao Centro de Documentação ... O que é que vocês têm aí sobre este reconhecimento?... ... uma entrevista com a chefe de divisão do Centro de Documentação... Conversámos um bocado, ela deu-me um bocado o feed-back da posição em que estavam estas coisas e foi-me dando materiais... ...fui ver a bibliografia... ... ver e consultar e mexer tudo o quanto é documentos e textos sobre educação e formação de adultos... ... alguns ainda não vi com o rigor e o pormenor que gostaria de ver... ... os documentos iam aparecendo, ia lendo, aqui ou ali, uma folha, ou outra, comecei a ver... ... trazia algum conhecimento, tinha algum material para manusear... 3.2...foi um sacrifício muito grande quando cheguei aqui, porque eu tive de, simultaneamente, atacar as duas frentes (teoria e prática)... 3.3”...o Y. (coordenador) trouxe-me cá abaixo... ... sabes como é que é, vais vendo isto... ... as próprias colegas foram-me introduzindo... ... foram as colegas, as outras profissionais, que me foram

4 Imersão na prática

4.1Organização Pessoal do Trabalho 4.2Pensamentos/Reflexões

introduzindo... ... disseram: -Bom, olha, temos estes documentos, conforme as pessoas vêm o percurso é este... ...Fui assistir a algumas entrevistas com colegas... ..observei materiais e fui-me adaptando... ... foi uma preparação no local... ... tomar contacto, primeiro com os documentos, com o percurso, e com a ordem da apresentação dos documentos... 4.1...Comecei logo ao segundo dia ... ... Peguei nos documentos, organizei-os... ... havia ali algumas coisas que foi preciso ajustar... ... foi preciso ajustar, os próprios documentos que eu tinha... 4.2 fui reflectindo sempre sobre o que é que eu estava a fazer... ... para que é que aquele papel servia? ... o que é que eu podia fazer com aquele papel e com a pessoa... ... a função que aquele papel poderia desempenhar como auxiliar do meu trabalho com aquela pessoa... ... habitualmente, nós acabamos por assumir aquilo como certo como correcto e não pensamos muito nas pequenas coisas... ... acima do documento está a pessoa e esta foi a percepção... que tenho... ... uma das coisas que me surpreendeu é que a maior parte das questões eram questões repetitivas... ... ... recordo-me de ter pensado: - Mas que raio estamos aqui a fazer a repetir coisas!?

4.3Papel do profissional 4.4Dúvidas/ Questões 5.1. Formas de aprender/situações de aprendizagem

... exige do profissional uma flexibilidade e uma sensibilidade para as diferenças ... continuo insatisfeita, continuo insatisfeita ... continua a ser um desafio e eu continuo à procura dos alicerces com a consciência que tenho algumas casas meio construídas. ... o percurso ... está bastante orientado, tem uma função, fui-me apercebendo disso

4.4... que se espera que um profissional faça em relação à abordagem (do adulto)... ... o que se espera que façamos nesse domínio (portefólio)... .. as dúvidas são praticamente constantes... ...fui começando a trabalhar e a tirar dúvidas ... 5.1... reflectindo sempre sobre o que é que eu estava a fazer... ... daqui e dali fui perguntando, fui explicitando, fui tirando algumas dúvidas concretas... ...perguntar, perguntar, perguntar até aborrecer qualquer um... ... não me satisfaço com a primeira resposta... ... ou a primeira resposta é realmente suficientemente convincente, ou não me chega... ... fui tirando algumas dúvidas concretas .... Este tipo de questões que nos vão sendo colocadas ...foi muito bom porque me obrigou também, a mim, a ver as coisas com um filtro muito

5Aprendizagens

5.2 Articulação teoria/prática

mais cuidado. ... Este tipo de questões que nos vão sendo colocadas começam ... também nos ajudam a ter a percepção, primeiro da falibilidade da nossa própria acção e da falibilidade dos próprios documentos... ... percebi isso à medida que fui trabalhando, ajudando o adulto a reflectir na sua própria vida... ... consultando as colegas... ...consultando a legislação... ... consultando as perguntas frequentes... ... as respostas frequentes... ... uma coisa que me ajuda a estruturar a minha própria cabeça é ver os trabalhos, ver os trabalhos, ver como os colegas fazem, ver como os colegas resolvem... ... a submissão do meu trabalho aos colegas... ... tu atribuis um desafio, todos nós aprendemos por desafios... ... a partilha é muito importante... ... nós também temos as nossas inibições... ... nós também temos medo e vergonha de dizer: -eu não sei!... ... a partilha de igual para igual... ... não ter medo de errar... ... tentar sempre voltar atrás e alterar o que eu acho que fiz mal ... 5.2...qualquer informação que eu tenha sobre o que quer que seja, raramente é de aplicação prática imediata... ... primeira fase e... se calhar a mais importante, é de apropriação, eu tenho de perceber... ... eu tenho de perceber, primeiro, o que é aquilo e depois tenho de perceber como é que aquilo se pode aplicar ... ... O que posso fazer com a informação que adquiri?...

6. Integração de um colega

6.1 Explicitações iniciais sobre aprendizagem de adultos

... ver isso(questões teóricas) também com um sentido crítico ... ... aquela informação que eu adquiri, as orientações, ou não orientações que fui vendo, aqui e ali, muitas vezes, não têm, não podem ter, uma aplicação prática imediata ... ... são uma espécie de suporte... ... são uma espécie de alicerce onde se vai construir a casa que é a pratica... ... vou percebendo, provavelmente pela pergunta que coloco e pela forma como a resposta vem... 6.1Tens de investigar o que é isto: o que é que são os adultos? como se aborda um adulto? como é que se ensina um adulto?... ... depois as coisas não são tão diferentes assim em termos de aquisição (entre jovens e adultos) ... propões o desafio, esperas o feed-back, vais vendo, vais vigiando, digamos assim, observando o percurso a partir do desafio. ... o adulto aprende mais por desafio... ... um adulto que nos chega aqui, já levou muita chapada na vida... ... mas a maior parte das pessoas vêm maltratadas... ... a maior parte das pessoas com quem tenho contactado vêm pelo receio pela ...como prevenção... ... estas pessoas estão aqui apenas por motivações extrínsecas ... ... termos esta percepção, porque é que a pessoa vem... .... o adulto aprende mais por desafio... 6.2...é o profissional que abre, que ajuda o adulto a desabrochar... ... a disinibir-se para escrever...

7 Retorno Reflexivo

6.2 Trabalho do profissional 6.3 Propostas de leitura 7.1Enriquecimento pessoal 7.2Trabalho do profissional

... o profissional deve ter a percepção do que é que se passa naquela casa e.....em todas as áreas... ... trabalho burocrático.. ter a percepção que esse trabalho tem um timing, é feito desta forma, tem de ser feito assim... ... as coisas organizam-se ... é um material que deve ter uma linguagem tal que qualquer das pessoas tem de mexer... ... gestão mais burocrática, e mais burocrática em grupo... 6.3... tentar investigar, tentar eventualmente ler um outro... ou outro livro, um outro artigo ... ...portanto sobre aprendizagem ... sobre a relação de aprendizagem, aprendizagem e formação com o adulto... 7.1... o mais relevante é o desafio, um desafio à aprendizagem... ... é bom ter a percepção de que conseguimos aprender coisas, que continuamos abertos a aprendizagens novas ... ... à medida que vou ajudando alguém a encontrar-se, a, a situar-se, a crescer, a arranjar caminho, eu própria aprendo, reaprendo coisas, ou aprendo de novo coisas, ou dou um sentido diferente ao que sei... 7.2... exige do profissional uma flexibilidade e uma sensibilidade para as diferenças ... ...a função que está por trás que é ajudar alguém a crescer, ou ajudar alguém a encontrar-se... ...há um criar de um caminho que é

7.3Mudanças

também um criar de confiança... ... propões o desafio, esperas o feed-back, vais vendo, vais vigiando, digamos assim, observando o percurso a partir do desafio... ... o profissional deve ter a percepção do que é que se passa naquela casa e.....em todas as áreas 7.3Eu mudei muita coisa... ... a abordagem com o próprio adulto, fui mudando... ... a gestão dos textos que peço são muito mais adaptados àquela pessoas ... faço pedidos muito mais concretos, tendo a ver com aquele adulto... são os pedidos que eu...face aos quais eu vejo que o adulto se estrutura melhor e claramente ... dou uma preparação melhor ... consigo rentabilizar mais as orientações que dou... ... eu queria era continuar a aperfeiçoar a abordagem que tenho feito...

Entrevista realizada a C.

Quero, primeiro, agradecer-te a gentileza com que acedeste a este pedido de entrevista e assegurar-te

a confidencialidade da mesma.

Idade a formação académica, por favor?

C., tenho 46 anos, a minha formação de base é Línguas e Literaturas Modernas, Inglês Alemão.

Como passaste a profissional RVCC?

Como é que integrei a equipa? Fui contactada, no início da criação do Centro...pronto, para integrar a

equipa. Na altura, estava já com um horário atribuído, mas...pronto... houve uma decisão de que

exerceria funções ali, pronto, foi mesmo logo... eu creio que as aulas ainda não tinham começado e...

Já tinhas ouvido falar dos Centros de Formação e dos processos RVCC...

... hã...na altura...na altura creio que não, não... a saber, pronto, saberia que havia processos em que as

pessoas estavam a fazer um processo, para obter o nono ano, mas não tinha... Nessa altura, não.

Quem te integrou neste trabalho?

Portanto, quem me falou foi o coordenador que fez uma... não foi uma acção de formação, mas foi, no

fundo, uma divulgação das informações e dos conhecimentos que ele tinha adquirido numa formação

que tinha feito, antes do início do ano lectivo ... e então, portanto, reuniu, na altura, a equipa, que era

o profissional, que era eu, e quatro formadores, creio eu, de Básico, e esteve a mostrar-nos uma série

de documentação... Como é que foi? (pausa em que tenta recordar-se) Os referenciais de

competências-chave, ... portanto bibliografia também, creio que ele nos deu ... O que é que eu senti, na

altura? Senti que tinha de me debruçar sobre o que me estavam a dizer, porque ... o que realmente ...

era realmente novo para mim, ainda por cima, porque eu não ia ser formadora da minha área, portanto

... O que era um profissional? O que é que um profissional fazia? Fui à internet, andei a ver sites onde

estava, onde podia arranjar informação, fui, na altura era a Direcção Geral de Formação Vocacional,

também fui, na altura, cheguei a ir lá também à biblioteca deles, ver o que é que havia e estava...Foi

uma angústia, comecei por ficar um bocado angustiada, porque, depois, havia a questão das metas e eu

ver-me assim sozinha como profissional do Centro, mas portanto foi um desafio .

Conhecias alguém ligado a esta actividade?

Não conhecia ninguém, ninguém ... as informações foi o coordenador que realmente transmitiu aquilo

que ele, pronto, que ele sabia e acho que foi um desafio. Foi um desafio para todos, depois fomos

para formação e ... no início do ano lectivo, já não me recordo se foi em Outubro, tivemos uma acção

de Formação. Foi em Lisboa e durou, assim, uns dias

E essa formação?

A formação?! e creio que pus lá nessa formação, -já não sei se foi nessa se foi nas seguintes- mas que

o profissional de RVCC deveria ter uma acção específica para a função, sei que isso eu senti, porque

apercebi-me que desde a parte da entrevista o ... portanto havia ali questões que são da área da

psicologia que eu acho que poderemos fazer e ... mas com uma ... ali com uma formação mais de base

que cobrisse todos os profissionais, para haver ali um nível mais coeso.

Entretanto começaste a trabalhar...

Era um trabalho interessante, um trabalho bastante interessante ... e ... que realmente eu acho que

tenho uma boa relação, portanto, eu já vinha do ensino recorrente, a minha relação com os adultos

nunca achei que fosse, pronto, que houvesse grandes problemas e portanto, aqui, que não estava na

língua, a minha função não era ensinar nenhuma língua estrangeira, era tentar ver se eles articulavam

realmente os referenciais ... como é que aquilo tudo se articulava... onde é que estavam as experiências

significativas de vida e ... eu gostei do trabalho que estava a fazer.

As dificuldades que eu sentia era mais saber: É assim que se faz? Estou a fazer bem? Deveria

imprimir um outro ritmo? Qual é o nível de exigência -porque nós somos professores- que se deve ter

na elaboração do dossier? na altura não se falava em portefolio.

Essas eram as dificuldades?

Na relação ... de trabalho ... é assim, fazer com que eles ficassem no projecto, que não desistissem ...

acho que é uma dificuldade, pronto, pelo menos eu senti isso, porque é, é...como não há aulas às x

horas, é um trabalho que se quer um pouco autónomo, guiado, mas autónomo ... é fácil eles desistirem,

portanto aquele vínculo que se quer que eles criem com os formadores, com o profissional leva tempo,

quer dizer, leva ali ... pronto é necessário tempo, investimento e portanto ... não ... conseguir que eles

fiquem até ao fim é a dificuldade, se bem que a, a partir de certa altura, quando eles... talvez seja a

vinculação não sei, há ali um click que eles aí já vêm.

Faz um relato do trabalho desenvolvido, por favor

Nós tínhamos uma sessão em que explicávamos...tínhamos a parte das entrevistas em que realmente

tínhamos um guião, portanto, adaptámos o guião que nos deram na formação, que foi apresentado na

formação, que acho que era de uma escola, em Lisboa, que já estava, há vários anos, no terreno e

seguíamos, portanto, esse guião, fazíamos entrevistas que ainda eram extensas ... e depois, a partir

das entrevistas, tratávamos então o perfil e seguidamente preenchíamos mais uma grelha, o perfil do

adulto e seguidamente fazíamos a constituição dos grupos.

Grelhas para...?

Não era para avaliar, mas para elencar as características deles, tinha essas grelhas, foi da mesma

formação, nós fomos buscar o material que no fundo tinha sido facultado.

Mas disseste que o adaptaram...

Havia ali umas questões que.. lembro-me que havia, ali, uma ou outra que achávamos que era

repetitivo, portanto não valia a pena estarmos a ... portanto discutimos em equipa, era eu ... entretanto

já estava outra profissional no Centro e, portanto, facultei-lhe a informação também e vimos o que é

que... como é que achávamos a melhor forma de trabalhar, também em articulação com o coordenador

e também, já não sei se também com os formadores, creio que não, esse foi mais o nosso trabalho.

Tinham momentos formais para esse tipo de trabalho?

Tínhamos reuniões semanais, portanto tínhamos mesmo horas no horário, creio que eram duas, duas

horas, mas encontrávamo-nos também fora, fora desse horário estabelecido.

Como é que decorriam essas reuniões?

Essas reuniões eram para debater como é que se estava, pronto ... como é que o processo estava a

decorrer, as dificuldades que estávamos a sentir e o que poderíamos fazer para, para...digamos, gerir

isto de uma forma melhor...

E o teu dia-a-dia enquanto profissional?

Como era? Portanto, no início, era tentar, portanto, era fazer um trabalho de equipa, depois tinha o

trabalho com os adultos... primeiro, portanto, fizemos o trabalho de adaptação das tais grelhas e de

construção de materiais, fizemos isso, depois, começámos então a fazer as entrevistas, tínhamos as

horas marcadas para as pessoas virem fazer as entrevistas. Eu não estava a tempo total, portanto, tinha

duas turmas também, portanto, as minhas horas, aqui, não eram a totalidade do horário, estava no

período tarde-noite, a outra colega estava manhã-tarde e, portanto, recebíamos o adulto, fazíamos as

entrevistas, ... fazia o tratamento das entrevistas ... tirávamos assim... às vezes, confrontávamos um

caso ou outro, entre as duas, para termos, portanto, outra opinião sobre a pessoas e depois tínhamos o

... horas, sessões. Quando começaram as sessões de reconhecimento, tínhamos horas com o formador,

em sala, em que, portanto, os adultos desenvolviam ou traziam já desenvolvida a história de vida e eu

ia dando algumas indicações que achasse pertinentes ... mas também os formadores, cada um na sua

área, fazia a sua intervenção e acompanhamento do adulto.

Tinhas duas turmas do ensino regular

Pois...porque a turma, eu era formadora da minha área, aqui não, aqui tinha, era responsável por outras

pessoas ... eram formas diferentes, foi, tive ... li o que é que esperavam ... era suposto que o

profissional fizesse, não é? e também, portanto, a forma, tentava que não fosse a professora, não era

uma aula, eu não vinha com a aula preparada, embora tivesse que preparar, que ter preparado, ter lido

o que é que as pessoas escreveram. Dá algum trabalho, tinha que ler, tinha que ler, às vezes, lia, por

exemplo, se não tinha tido tempo para estar com a pessoa lia e via , por exemplo, um indício que podia

ser explorado e, na sessão, os formadores estavam também, com um ou outro adulto, poderia dizer-

lhes, por exemplo, que se a pessoa tinha, tinha um senhor que era ... que tinha, vários anos, na

construção civil ... à partida, se eu sei que se ele é construtor civil e, ainda por cima, tem uma,

portanto, um trabalhador que orienta e tem que fazer lá a sua organização no trabalho, eu ali, pronto ...

relacionava, temos aqui com certeza material para explorar em matemática para a vida e na

cidadania, com certeza, mas também sabia que ele tinha sido formador de jovens etc ... eu sei que em

cidadania vamos explorar, portanto, falando com os formadores e ... vamos lá ver, se calhar vocês já

viram, já repararam, mas atenção, vamos ver se podemos aprofundar aqui um pouco mais.

E a maior relevância deste trabalho?

As experiências. Agora já falando nesta parte do secundário ... em termos profissionais?... em termos

profissionais, para mim, como profissional, como professora de inglês... Eu vou ver ... a relevância não

na minha área específica de formação, mas como...olha, na parte, acho que na parte relacional e não

só, mas também numa talvez interdisciplinaridade de que nós falamos no dia-a-dia, mas que aqui não

são disciplinas são áreas de competência, torna mesmo efectiva, porque um profissional tem mesmo

que...a função, parece-me a mim, é mesmo estar atento às várias áreas e fazer, tentar fazer, os

cruzamentos, que conseguir encontrar, de forma a poder ajudar o adulto.

Como é que integrarias uma colega?

Que conselhos ?

Pergunto de que forma o prepararias um professor para desempenhar estas funções de profissional

RVCC.

Eu dizia para ler sobre o que é o Reconhecimento e Validação de Competências, alguma bibliografia,

porque acho que há uma parte teórica que ...que faz falta, acho que é importante, e depois preparar-se a

esse nível e ler os referenciais e depois, se calhar, vir acompanhar, durante um tempo, os profissionais

que estão no terreno. Na altura, quando eu iniciei, foi logo, uma das questões que eu pus, porque

sentia necessidade de estar, há pouco não falei disso, mas senti essa necessidade de estar com alguém

que estivesse já no terreno, como observadora, a ver como é que se estava a processar tudo isto.

Quais são as tuas perspectivas neste trabalho?

Bom, no final do ano passado, portanto, eu tive um percurso a nível do Básico, eu tinha perspectivas

para, este ano que passou, fazer algumas coisas de forma diferente, por exemplo, começarmos por uma

apresentação do próprio referencial, se calhar de uma forma mais interactiva, do que foi quando

iniciámos, tentar dar outro ritmo... portanto nas alterações, não é? depois mudei para o secundário e

foi um pouco começar de novo, não foi começar de novo, mas foi a análise do referencial com a

equipa, a equipa era maior...

... estavas a falar de mudanças

Conseguir fazer grupos maiores, não sei se grupos maiores se grupos ... mais grupos, conciliar com o

horário que tinha, era complicado conseguir mais grupos, porque, depois, seriam mais adultos a

acompanhar, porque, em termos das metas, é complicado. No primeiro ano foi tactear o terreno.

Há semelhanças entre o teu desempenho inicial e o de hoje?

O trabalho eu ...portanto, daquela angústia inicial, porque era um trabalho novo era um desafio, veio ...

acho que se seguiu uma fase de contentamento, porque, realmente, o reconhecer ... as pessoas dão

feed-back positivo, quando começam a sentir, portanto, a auto-estima, há estudos, não é? sobre o

RVCC, a auto-estima fica ... eleva-se e isso nós sentimos e acho que foi assim um ... o ... eu senti que,

realmente era um processo muito interessante, que o adulto sempre se revê ali, na sua vida, naquilo

que está a conseguir fazer e isso acho que faz , para mim e para a equipa é bastante compensador.

Dizes que os candidatos dão feed-back...

Sim dão, eu ia perguntando, eu ia, pronto, não é em todas as sessões, mas estando com eles, às vezes,

em sessões individuais, portanto, dava-lhes um apoio individual e, aí, ia aferir, não duma forma

formal, pronto, não era formal ... era conversar ... –Então? lembra-se como é que iniciou e como é que

está agora? e realmente essa, esse percurso, para mim, foi o mais satisfatório, a ida a júri e o sair de

júri, como as pessoas se sentiam e a vontade de continuar de muitas delas, outras não.

Com quem falas sobre o teu trabalho?

Falo com .. portanto com a equipa. No início ia eu e outra colega, por sugestão minha, íamos ao

Centro X falar com ... com uma das profissionais, nós não tínhamos ainda iniciado e tínhamos uma

série de questões que se punham, pronto, que não era da prática, porque não a tínhamos, ela

esclareceu como é que fazia, olha se fizerem, pronto, desta forma eles progridem, pronto, acho que na

altura foi bastante útil, depois, aqui no Centro, falávamos e discutíamos sobre o que tínhamos visto e

ouvido e, e ... qual a melhor forma de fazer... agora falamos muito em equipa, falamos, uns com os

outros, para resolver dificuldades.

E o feed-back dos outros professores da escola?

Os professores da escola ... não sei muito bem responder, mas .. não que me tenham dito directamente,

mas haverá alguma noção de que pode ser um trabalho interessante, mas também alguma ideia de que

estes processos estão associados a facilitismo, pronto, porque há essa ideia também ...levado o

trabalho que ... se faça, que se queira realmente que esteja lá o referencial e ... não é o facilitismo que

se pode por aí apregoar, não está nesse facilitismo, portanto acho que se pode fazer um trabalho sério

e ... pronto e dêem tempo às pessoas também, porque este trabalho requer tempo e, como as pessoas

dizem, as metas são um bocado ... metas e um trabalho assim aprofundado ... No Secundário, o facto

das pessoas irem para, serem encaminhadas para um processo de formação, ou seja, podem ter uma

validação parcial, acho que é óptimo, não sei se, no Básico, pensarão futuramente por aí, mas eu acho

que isso garante ... faz-se o reconhecimento do que existe, ou daquilo que foi sendo adquirido e,

depois, há formação para terminar o processo em formação

Da minha experiência, na altura, nós não tivemos assim um número muito grande de adultos, mas

nalguns casos ... ou então logo na triagem que, nesse ano... no início não foi feita, mas que agora é ...

encaminhamento, não parcial, mas total para EFA, portanto ir para um EFA, Básico dois ou três.

E o teu futuro enquanto profissional

Enquanto profissional, neste momento, eu não...a minha função enquanto profissional vai cessar em

termos... vai cessar, em termos, para mim, em termos pessoais e profissionais foi muito enriquecedor

... o contacto com pessoas tão diferentes, com experiências tão diversificadas, também nos enriquece,

... ficamos, acabamos por ver algumas coisas noutras perspectivas, foi realmente uma experiência

muito interessante que acho que ... acho que devia, faz ... devia ser pensada em termos nacionais, com

uma paragem e pensar: -vamos dar formação específica para profissionais ... portanto, quinze dias, um

mês, o que fosse, mas vamos apostar aqui, a sério, nos profissionais para que, nos Centros, não haja

disparidade de actuações e não seja, um pouco, deixado ao critério de quem quer, ou de quem pode ...

investigar, saber, em termos teóricos, o que se passa e como fazer. Agora vou para os cursos EFA,

portanto, vou ter Secundário, portanto o referencial é este, agora em termos de metodologia...pois ...é

diferente e também aí... vou ter de me adaptar

E se voltasses ao ensino regular?

Era complicado, complicado voltar ao ensino regular, até porque, para além destes anos que estive

aqui, pronto, com o RVCC, eu estava no ensino recorrente, portanto, não estou ... estou um bocado

afastada dos jovens, mas se tivesse de ser, se tivesse de se,r era um bocadinho deste investimento que

ficava esquecido, não ficava esquecido, ficava de lado, à espera de voltar a ser utilizado, porque

identifico-me muito mais com os adultos ... porque, não é com este trabalho de RVCC, mas com os

adultos sim, porque me sinto mais realizada com os adultos, sei chegar a eles com mais facilidade.

Mas como decorreu a passagem do ensino regular para o recorrente?

Não foi escolha, aliás o perceber que gostava de estar com os adultos não foi opção, foi um horário

que havia que era à noite, eu era a última da lista, na lista. Na altura, pensei: �isto vai ser um

problema, o estágio não era para esta faixa etária ... ok, e o que é que eu fiz? Fiz o que podia, que era

aplicar o que fazia num lado, para o outro.

E resultou?

Tive que fazer as adaptações, claro, os estilos de aprendizagem eram diferentes, o tipo de linguagem ...

fui fazendo isto de uma forma intuitiva ... O que é que resulta? ver o que é que resulta e o que resulta

vamos continuando, porque a formação para formadores de adultos, os professores não têm, a não ser

que tenham investido, nessa área, por sua auto-recreação, porque não a temos.

Então quando chegaste aqui já conhecias formas de trabalhar com os adultos?

Vinha com experiência, porque eu já trazia a forma de me relacionar, a linguagem, não, não ser a

linguagem de um adulto para um jovem, ou para uma criança, portanto, isso com certeza, não era

racional, mas estava lá, adaptei os materiais a utilizar, ter em atenção que, no recorrente, todos os

materiais que arranjava ia buscar a livros que são de inglês para adultos, ter atenção não ir buscar a

livros de sétimo e oitavo ano, do ensino diurno, não é? porque seriam os filhos daquelas pessoas ou os

netos, tive essa, essa preocupação... ter em atenção o dia-a-dia das pessoas, isso eu já tinha no

recorrente e não estar a falar sobre situações hipotéticas, desgarradas do que é seu dia–a dia, portanto,

eles podem fazer, pronto, textos que têm a ver com a sua experiência, pronto, ainda eu não estava

muito longe de pensar no Reconhecimento e Validação de Competências adquiridos ao longo da vida ,

não tinha nada a ver com isso.

Os profissionais aqui tinham estado todos no ensino recorrente?

São pessoas que estavam também num ...alguns estavam, os profissionais estavam excepto uma

colega, estavam no recorrente.

E falavam, entre você,s das formas de se relacionarem com os adultos?

Nunca falámos dessas questões, porque realmente lidar com o adulto era uma prática.

E essa colega que não tinha essa prática?

Não sei, sei que ela gostou do processo, mas nunca falámos sobre isso, era mais sobre as questões que

estávamos aqui a ter

Gostavas de continuar enquanto profissional?

Sim, porque não? É um trabalho interessante ... e o enriquecimento foi imenso, porque, entretanto, já

há alguns anos, que andava a pensar em fazer um qualquer ... um estudo, ou uma pós graduação, mas

numa área que fosse Psicologia e Aprendizagem e realmente foi no início, creio eu, aquilo coincidiu

com o ter entrado para o Mestrado de Psicologia e Aprendizagem e, pronto, e como estava ...aqui o

Centro estava numa fase de arranque, depois a Tese de Mestrado não foi sobre o RVCC, porque eu

andava precisamente a ver como era, portanto acabou por ser também sobre o adulto, mas naquelas

acções que foram as de Saber Mais e aí achei muito interessante a psicologia do desenvolvimento do

adulto, que não sabia e que acho que era fun-da-men-tal que ... as pessoas que trabalham com o adulto

terem umas noções de desenvolvimento do adulto e abriu-me assim outro horizonte

Concretiza essa tua afirmação ”achei interessante a Psicologia do Desenvolvimento do Adulto”.

Achei interessante perceber como é que ... para mim também, mas para nos relacionarmos com os

adultos, seja, aqui, neste processo, seja em EFA, ou mesmo recorrente, tudo, tudo o que são

modalidades de adultos, para perceber o que é que se passa realmente e o que é que pode interferir na

aprendizagem de forma mais positiva, ou menos, para, como formadores, podermos potenciar o que é

realmente positivo e podermos ajudar a ultrapassar as dificuldades.

Concretiza, por favor

Na prática, por exemplo, por exemplo... ...nós sabemos, não é, que, de forma intuitiva, que a parte

familiar, por exemplo, interfere nas aprendizagens, mas saber, ter a noção que há os papéis sociais e

de forma é que eles interagem uns com os outros, em termos teóricos, nos estudos, o que é que se tem

feito, acho que, para mim, dá-me outra sensibilidade de poder... puxar pelo adulto de uma outra forma,

portanto, acho que dá outro entendimento da situação, não só ... pois, pronto, ficar ali a falar com o

adulto sobre um drama qualquer, que lhe está a acontecer e ali fico naquela postura de ... pronto ali

estou um bocadinho e penso já fiz, já fiz a minha função, mas poder desviar, se calhar, canalizar

energias de uma outra forma que, se não tenho essa noção de que... fica tudo um bocadinho pelo bom

senso, actuamos segundo o bom senso, o que pensamos que é melhor, muitas vezes está bem, também,

é a nossa prática.

...a prática..

Pode resultar, se calhar resulta, nalguns casos, mas noutros casos, em que as pessoas não são tão,

pronto, ou intuitivas, ou ... o bom senso é uma coisa muito lata, daí eu apontar a formação, o que é que

acontece? vai estabelecer um nivelamento à priori de, de conhecimentos dos formadores ... depois, o

modo como eles aplicam já é um bocadinho ... já é deixado à intuição, ao bom senso, ao

profissionalismo de cada um (risos).

Gostarias de acrescentar algo que consideres importante e que não foi abordado nesta entrevista?

Não

Resumo da entrevista realizada a C.

C. tem quarenta e seis anos e é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante Inglês/Alemão.

Foi contactada, no início da formação do Centro, pelo Presidente do Conselho Directivo que lhe

apresentou a decisão de ali exercer funções.

Desconhecia por completo a filosofia do processo, embora soubesse que havia formas dos adultos

obterem certificação do nono ano por vias não escolares. Foi o coordenador do Centro que a integrou

no trabalho e lhe deu a conhecer as informações por ele adquiridas em formação, a documentação e a

bibliografia. Teve uma formação, pouco tempo depois do seu ingresso na equipa, e sentiu necessidade

de tempo para se apropriar de toda a informação ali veiculada. Considerava o processo interessante por

se tratar de outra forma de fazer e o trabalho era um desafio.

Sentiu que tinha de reflectir sobre tudo o que lhe diziam, sobretudo perceber o que era um profissional

e quais as suas funções.

Procurou, por iniciativa própria, informação que a ajudasse a perceber o trabalho que lhe estava

destinado: biblioteca da Direcção Geral de Formação Vocacional, visita a um outro centro e conversas

com as profissionais, consultas na internet e leu sobre as tarefas a desempenhar pelo profissional de

RVCC.

O início das suas funções, foi de grande angústia, por ser a única profissional no Centro, por procurar

um caminho para o seu trabalho e se sentir pressionada com as metas a atingir em termos de

certificação de adultos. Sentia sobretudo necessidade de estar com profissionais já com experiência no

terreno. Iniciou o seu trabalho de uma forma intuitiva, embora a experiência, adquirida no ensino

recorrente, da forma de actuar com os adultos, nomeadamente a nível da linguagem a utilizar, a

necessidade de ter em atenção o seu dia-a-dia, evitando o recurso a situações hipotéticas a tenham

ajudado a avançar e tentou sempre não pensar, nem actuar, como professora. O trabalho que passou a

desempenhar incentivou-a a concretizar o desejo de fazer um Mestrado na área da Psicologia do

Desenvolvimento do Adulto.

Considera fundamental que todos quantos trabalham com adultos tenham formação nesta área,

sobretudo nas questões relativas ao seu desenvolvimento, pois permite uma outra compreensão do

processo e construir uma outra sensibilidade para gerir o acompanhamento dos adultos,

rentabilizando energias e canalizando-as de forma adequada e necessário fazer uma paragem no

processo RVC de forma a dar formação específica aos profissionais no sentido de os enquadrar

teoricamente e de se uniformizarem as práticas.

O alargamento da equipa do Centro, com a entrada de outras profissionais permitiu que se discutisse o

trabalho realizado e a realizar, se partilhassem experiências e se confrontassem algumas situações, na

lógica de compreender quais as estratégias que resultam e prosseguir na sua utilização. As

modificações das práticas foram sempre pensadas e negociadas na equipa.

Integraria uma professora, neste trabalho, aconselhando-a a ler sobre o processo de Reconhecimento e

Validação de Competências, a investir na formação teórica, a ler os referenciais e a acompanhar uma

profissional, durante algum tempo, para aprender como se faz.

O enriquecimento pessoal deste trabalho centra-o no trabalho de equipa, na dimensão relacional, quer

com colegas, quer com os candidatos a certificação e ao alargamento de perspectivas, pelo contacto

com pessoas com histórias de vida tão ricas e diferentes.

Análise de conteúdo da entrevista realizada a C.

Categorias Subcategorias Unidades de Registo 1.Mudança de actividade profissional 2. Saberes Prévios

1.1Motivos Extrínsecos 1.2 Motivos extrínsecos 2.1Conhecimento do Processo

1.1... fui contactada no início da criação do Centro... ...houve uma decisão de que exerceria funções ali... 1.2... foi um desafio . ...o trabalho era interessante, outra forma de fazer as coisas... …era um trabalho novo e era um desafio… 2.1... na altura creio que não (conhecimento do processo)... ... a saber, pronto, saberia que havia processos em que as pessoas estavam a fazer um processo para obter o nono ano ... ...era realmente novo para mim ... quem me falou foi o coordenador... …era realmente novo para mim

3.Início de funções

3.1.Preparação 3.2.Sentimentos e pensamentos iniciais 3.3.Integração no trabalho

3.1.... Fui à internet, andei a ver sites onde estava, onde podia arranjar informação ... ... fui, na altura era a Direcção Geral de Formação Vocacional... cheguei a ir lá também à biblioteca deles... ... íamos ao Centro K falar com ... com uma das profissionais... ... ela esclareceu como é que fazia ... ... li o que é que esperavam ... era suposto que o profissional fizesse... 3.2.... Senti que tinha de me debruçar sobre o que me estavam a dizer ... Foi uma angústia... ... comecei por ficar um bocado angustiada... ... ver-me assim sozinha como profissional do Centro... ... O que era um profissional? ...O que é que um profissional fazia? ... realmente eu acho que tenho uma boa relação (com os adultos) 3.3... quem me falou foi o coordenador ... fez uma... não foi uma acção de formação, mas foi, no fundo, uma divulgação das informações e dos conhecimentos que ele (coordenador) tinha adquirido numa formação que tinha feito ... (coordenador) esteve a mostrar-nos uma série de documentação ... bibliografia também ... Não conhecia ninguém, ninguém ... depois fomos para formação... … ler o referencial de competências-chave …no início, era tentar, portanto, era fazer um trabalho de equipa

4.Imersão na Prática

4.1Organização Pessoal do Trabalho 4.2Pensamentos/Reflexões

4.1...era tentar ver se eles articulavam realmente os referenciais... ... onde é que estavam as experiências significativas de vida ... ... tentava que não fosse a professora... 4.2 Senti que tinha de me debruçar sobre o que me estavam a dizer... ...o profissional de RVCC deveria ter uma acção específica para a função... ... uma formação mais de base que cobrisse todos os profissionais para haver ali um nível mais coeso. …senti essa necessidade de estar com alguém que estivesse já no terreno, como observadora... ... dar formação específica para profissionais... ... não haja disparidade de actuações ... havia ali questões que são da área da psicologia... ... acho que era fun-da-men-tal que as pessoas que trabalham com o adulto terem umas noções de desenvolvimento do adulto... ... perceber o que é que se passa realmente e o que é que pode interferir na aprendizagem de forma mais positiva ... ...para como formadores podermos potenciar o que é realmente positivo e podermos ajudar a ultrapassar as dificuldades. ... realmente eu acho que tenho uma boa relação (com os adultos) ... o que pensamos que é melhor ... ... fica tudo um bocadinho pelo bom senso ... actuamos segundo o bom senso... ... é necessário tempo, investimento...

5. Aprendizagens

4.3 Trabalho do profissional 4.4Dúvidas/Questões 5.1Formas de aprender/Situações de aprendizagem

4.3... investigar, saber, em termos teóricos, o que se passa e como fazer ... sinto mais realizada com os adultos, sei chegar a eles com mais facilidade ... ter em atenção o dia-a-dia das pessoas... ... não estar a falar sobre situações hipotéticas desgarradas do que é seu dia–a-dia... ... tentava que não fosse a professora, não era uma aula... ...adaptámos o guião que nos deram na formação... ... Havia ali umas questões (questões repetidas nos documentos) Tive que fazer as adaptações o tipo de linguagem 4.4... É assim que se faz? ...Estou a fazer bem? ...Deveria imprimir um outro ritmo? ...Qual é o nível de exigência que se deve ter na elaboração do dossier? 5.1... falamos uns com os outros para resolver dificuldades. ... discutimos em equipa... ... às vezes confrontávamos um caso ou outro, ... ver o que é que resulta e o que resulta vamos continuando, ... fui fazendo isto de uma forma intuitiva ... eu não vinha com a aula preparada... Falo com .. portanto com a equipa... ... íamos ao Centro X falar com ... com uma das profissionais... ... ela esclareceu como é que fazia...

6. Integração de um colega 7 Retorno Reflexivo

5.2Articulação teoria/prática 6.1Explicitações iniciais 7.1Enriquecimento pessoal

... falávamos e discutíamos sobre o que tínhamos visto e ouvido e, e..qual a melhor forma de fazer... Tive que fazer as adaptações não era racional, mas estava lá…

5.2... há uma parte teórica que ...que faz falta ... em termos teóricos, nos estudos, o que é que se tem feito, acho que, para mim, dá-me outra sensibilidade de poder... puxar pelo adulto de uma outra forma ... dá outro entendimento da situação ... poder desviar, se calhar, canalizar energias de uma outra forma 6.1... Eu dizia para ler sobre o que é o reconhecimento e validação de competências ... ... alguma bibliografia ... ... acho que há uma parte teórica que ...que faz falta... ... ler os referenciais ... ...vir acompanhar, durante um tempo, os profissionais que estão no terreno ... 7.1...acho que na parte relacional... ... numa talvez interdisciplinaridade que nós falamos no dia-a-dia... ... o enriquecimento foi imenso ... em termos pessoais e profissionais foi muito enriquecedor... …contacto com pessoas diferentes, com experiências diversificadas… …acabamos por ver as coisas noutras perspectivas…

Entrevista realizada a D.

Quero primeiro, agradecer-te a gentileza com que acedeste a este pedido de entrevista e assegurar-te

a confidencialidade da mesma.

Idade a formação académica?

O meu nome é D., tirei uma licenciatura em geografia e ..mais tarde, quando conclui essa

licenciatura, pedi reingresso e fiz uma licenciatura em ensino da geografia, portanto, na prática,

..tenho duas ...mas.. só exerci sempre no ensino, nunca exerci outra profissão e entretanto...estou a

trabalhar nesta área desde 88, tenho 10 anos de experiência noutras áreas, mas estou no ensino desde

oitenta e oito.

Como te tornaste profissional RVCC?

Foi quase por um acaso, ...quando eu estava no Centro de Formação, ouvi falar de uma reunião, onde

ia ser feita uma exposição pública dos resultado do trabalho feito pelos seis primeiros centros RVCC,

um dos quais era o Centro Profissional do Seixal, e eles fizeram uma sessão de divulgação pública dos

resultados dos processos RVCC ... eu fui a essa reunião. Propus, à Directora do Centro de Formação,

ir a essa reunião, porque me pareceu que a temática a ser abordada era interessante e a temática era

precisamente medidas de educação e formação de adultos, nomeadamente o processo RVCC, portanto

nós estávamos exactamente no princípio. Tinha sido feita uma experiência piloto, com

os seis primeiros Centros, e eles iam fazer uma divulgação pública dos resultados. Participei nessa

reunião e ...fiquei logo muito interessado pelo assunto, falei com a Directora do Centro de Formação e

disse: �está aqui uma coisa que me parece interessantíssima e acho que a gente deve talvez enveredar

por aqui. O Centro, que, até aí, tinha uma actividade muito centrada na formação de professores

estava, na altura, a abrir o seu leque de intervenção para outras áreas, nomeadamente para a Educação

e Formação de Adultos, nesse sentido ...eu, eu falei com a G.: �Olha, passou-se isto, foram

divulgados estes resultados, aquilo parece-me uma coisa muito interessante... e pronto, a Directora do

Centro estava neste espírito, estava receptiva a esta ideia �Ah! isso é uma coisa que eu já tinha

pensado, vamos fazer uma candidatura ... e foi, inclusive, um do meus primeiros trabalhos no Centro

de Formação, foi preparar esta candidatura que me levou.. muitíssimo tempo, levei quatro meses a

juntar material... a preparar o dossier de candidatura e foi assim que o Centro integrou a primeira vaga,

digamos assim, de rede dos Centros de RVCC, portanto eu estou...fiz a candidatura...na prática, eu

nunca trabalhei no Centro mas ...dei o meu contributo, na fase de candidatura, portanto, isto, para

mim, faz sentido, desde o princípio

Que queres dizer, quando afirmas que o projecto era interessante?

Quer dizer, o que achei mais interessante ... eu já tinha alguma experiência de ensino... nocturno e ...

de facto ... uma coisa que eu achava, que eu achei, inconcebível ... eu recordo-me que a primeira turma

de ensino nocturno que eu tive... tinha inscritos setenta e cinco alunos e eu deitei a mãos à cabeça:

�Como é possível uma pessoa trabalhar com setenta e cinco alunos? Fui falar dessa minha

preocupação ao Conselho Executivo, Conselho Directivo, como se chamava na altura, e eles disseram-

me assim �ah! não te preocupes, não te preocupes, porque estão inscritos setenta e cinco, mas só vêm

quarenta e, depois do Natal, metade vai-se embora, e vais chegar ao fim com muito poucos. E foi, de

facto, assim. Eu fiquei com muito poucas pessoas, das setenta e cinco da lista inicial acabaram, para

aí, umas dez pessoas ... quer dizer isto representa ... não sei se é insucesso...mas é insucesso, porque se

as pessoas manifestaram vontade de se inscrever e depois só ... só ... dez chegaram ao fim, isto

representa um insucesso terrível, não é? Conclusão, e isto não foi só com uma turma, foi com várias,

conclusão, eu tinha uma noção clara que aquele ensino nocturno clássico não correspondia às

necessidades das pessoas ... porque se correspondesse muito, elas não desistiam assim, aos magotes,

portanto, quando eles começaram a .... expor aquela nova filosofia de trabalho com os adultos, enfim,

como nós sabemos agora ... centrava na sua experiência de vida, partindo daquilo que eles já sabem,

não fazendo dos adultos tábuas rasas, onde se vão inscrevendo lá os tais conhecimentos ... aquilo, para

mim, foi algo que me despertou logo muito interesse, muita curiosidade.

Na altura, imaginavas-te a exercer as funções de profissional?

Na altura.... quer dizer, não pus de parte essa... essa hipótese, na altura não se proporcionou, porque eu

estava requisitado, pelo Ministério da Educação, para exercer outras funções e quer dizer ... não

conseguia conciliar as duas coisas, ou fazia uma, ou fazia outra ... eu estava requisitado para o Centro

de Competências ... o Centro de Formação era também Centro de Competências ... portanto, foram ...

por essa mesma razão, nunca trabalhei directamente com ... no RVCC ... eu tinha um contacto

próximo ... e mais, eu até fiz alguma colaboração efectiva no centro RVCC, como formador de TIC,

que era a área que eu estava a trabalhar, na altura. A ideia que eu tinha ... era a ideia que eu tinha ao

princípio ... eu mantive-a, aliás, se calhar, aprofundei-a e, além disso, falando frequentemente com a

G. ia acompanhando o desenrolar do trabalho ... de facto a ideia que eu tinha, que era teórica, digamos

assim, passou a ser testada na prática e isso ... a informação que me ia chegando era de

que...corroborava o minha ideia inicial, de facto, esta é uma ideia que interessa às pessoas, nós

tínhamos o feed-back das pessoas e de facto, quanto mais não seja, para a sua auto-estima pessoal isto

representa uma transformação importante e eu senti isso no Centro e senti isso aqui e... quer dizer,

quanto mais não seja, só por causa disso já vale a pena.

Que ideia tinhas do trabalho dos profissionais?

A ideia que eu tinha...é... se calhar modifiquei um bocadinho, é que o trabalho do profissional era

mais burocrático do quanto eu desejaria, porque eu via nas colegas ... aquele trabalho mais

administrativo, que absorve de facto muitíssimo tempo eeeee ...digamos, passe a expressão, é a parte

chata do trabalho, mas depois há a outra que é mais compensadora, que é mais interessante, que é

acompanhar a pessoa e vê-la a crescer, vê-la chegar aqui com muito receio, com muito...muita

incerteza acerca do seu próprio potencial e vê-la crescer, com o passar do tempo, até ao dia da

certificação... de sair daqui com...com a auto-estima reforçada, com uma autoconfiança que, às vezes,

parecem pessoas diferentes daquelas que a gente conheceu, no primeiro dia.

Então, como trabalha um profissional?

A função do profissional não me era desconhecido, portanto ... o quadro funcional do profissional

RVCC eu, eu já conhecia, pôr em prática, isso ... isso é que foi a novidade, não é? Quer dizer, no

fundo tenho um ano de ... de ... dessa experiência, ao princípio com um bocadinho de receio, quando

enfrentamos uma coisa nova temos, à partida, alguma desconfiança, sei lá, algum receio, mas

rapidamente me adaptei ... rapidamente me adaptei e consegui interpretar o espírito e pô-lo em

prática, com os adultos.

Que é isso de captar o espírito?

Captar o espirito ... quer dizer ... fazê-los tomar, como ponto de partida ... não coisas que vêm ...

aquilo que ele já sabe, fazê-lo ter essa consciência que, às vezes, essas pessoas sabem ... sabem coisas,

têm saberes, têm competências, mas que elas próprias não ... não, não consciencializam, quer dizer ...

sabem coisas que não sabem, aliás, houve aqui um senhor que, depois, quando lhe pedimos que falasse

um pouco da forma como vivenciou isto tudo, ele disse uma frase que resume isto tudo: �Foi muito

bom ... quer dizer, ele disse que foi muito bom saber que sabia coisas, que não sabia que sabia, quer

dizer que ... isto é um trocadilho um bocadinho complicado, não é? mas a ideia é essa mesma, havia

coisas que ele sabia, mas ele próprio não tinha essa consciência, portanto, para mim, o espírito, o

espírito ... a pedra fulcral disto reside aqui ... é ajudar a pessoa a descobrir-se a si própria, ajudar a

pessoa a fazer um trabalho de auto análise, de introspecção, de consciencialização, partir ... partir daí,

partir daquilo que já sabe eventualmente para outras que gostaria ... que queira vir a aprender ... por

acaso, uma coisa que eu acho muito interessante, aqui, é que as, as pessoas saem daqui com um nível

de satisfação muito grande, mas muitas saem daqui, saem daqui não, saem do processo, com vontade

de aprender mais, e saem daqui com o espírito aberto para, na eventualidade de irem para um curso

EFA, para um curso extra-escolar, não é? portanto, isto não é, acaba por ser não um processo que se

encerra, mas um processo que inicia outros processos ... eventuais processos de aprendizagem

Como decorre o teu trabalho?

Feitos os procedimentos administrativos, inscrição e tal ... a primeira face do trabalho é uma

entrevista. Nós, aqui, utilizamos um guião, um guião de entrevista escrita, mas eu, pessoalmente, não

me limito às perguntas e ao tempo de resposta que é pedido ... normalmente levo muito tempo com a

entrevista, mas não me importo com isso, para além daquilo que é perguntado, falamos de outras

coisas paralelas, que é muito importante para mim, e porquê? Porque fico com um conhecimento

muito mais alargado da pessoa, isto é, não limita aquilo que é perguntado ali, mas, às vezes, a opinião

que a pessoa tem sobre um assunto, que aparentemente não tem nada a ver com aquilo, dá-me logo

uma perspectiva ... enfim, do âmbito do conhecimento geral, da consciência que a pessoa tem do

mundo, que tem de si próprio... tenho uma visão muito mais ampla da pessoa e, portanto, devo ...

demoro muito tempo com a entrevista. Para mim, não representa um problema.

E o teu trabalho enquanto professor?

O meu trabalho de professor ... o meu percurso de aprendizagem de professor integra-se nisto de forma

que ... eu penso que ... eu vou dizer uma coisa, vou dizer aquilo que sinto, de facto, acho que, nestas

coisas, a intuição tem um peso muito grande, quer dizer, isto não é um, um processo absolutamente

racional e eu, eu ... eu acho que aplico aqui muito da minha intuição pessoal, para mim, não tem nada

a ver com sexto sentido, ... não tem nada a ver com isso, mas são percepções que a gente tem das

coisas que, embora possam não ser muito racionais, ou muito conscientes, são sinais que a gente capta,

que as pessoas vão dizendo, que as pessoas vão escrevendo, pronto ... onde é que a gente desenvolve

isso? é claro que o professor contacta, ou contactou, -passado- com muitos alunos, muitos tipos de

pessoas ... com muitas pessoas de diferentes idades, nós mesmo, sem racionalizarmos isso muito,

ganhamos creio um ... eu ... alguma experiência que nos permite, depois, ter essa percepção e portanto

... de certeza absoluta que eu se, nos últimos vinte anos, tivesse trabalhado numa fábrica de parafusos,

não teria desenvolvido esta capacidade de escuta, de escuta activa, não é só escutar, de escuta... de

tentar explorar um filão, entre aspas, que há ali para ... mas sinceramente, isso não me foi ensinado na

universidade, portanto, foi uma coisa que eu desenvolvi mais ao longo da minha experiência

profissional, não é?

Como descreverias mais esse trabalho?

(Risos) É ... é ... este género de trabalho, para mim, foi ao mesmo tempo motivante, eu gostei do que

fiz, este ano, e até tenho pena de deixar esta função de profissional para ir, agora, para ... outra função

embora dentro do CNO, como formador ... de qualquer forma, foi muito motivante, para mim, foi um

ano de crescimento para mim também, e esse crescimento ... depende, decorre sobretudo do contacto

que tive com as pessoas... ah ... porque uma coisa é a gente ter uma ficha de inscrição que nos dá um

nome, uma fotografia, outra coisa e termos contacto com a pessoas, ouvirmos falar, ouvirmos ...

aprendermos como é que podemos abordar esta pessoa, como podemos abordar aquela, porque as

pessoas não são todas iguais, não é? por isso, isto foi um enriquecimento, para mim, portanto, eu acho

que vai ser...eu, por acaso, acabei de fazer o meu relatório de avaliação, agora, e frisei lá isso, que, este

ano, como profissional RVCC, para mim, foi muito importante, para o meu futuro próximo como

formador, e porquê? Porque o profissional RVCC tem uma visão mais integrada de todo o processo,

incluindo a parte de construção de portefólio, a parte da formação, inclusive coisas que não têm

directamente a ver com o processo, mas que a pessoa importa ... fazem parte da sua vida, não é?

Portanto, temos uma visão integrada da pessoa e do processo que ela desenvolveu aqui. Isso vai ser

importante para mim, para o ano, penso eu, para eu não me limitar apenas ao desenvolvimento de

conteúdos, ou de temas que têm a ver com a minha área específica, não é? mas para ser capaz de

integrar isso numa coisa mais ampla que é o processo em si.

O que fica, então, como mais importante?

O mais importante é o crescimento interior das pessoas que eu já referi, mais do que metas, mais do

que números, mais do que a sessão de júri -ainda não tinha falado desta- a sessão de júri é o culminar

do processo, é a expressão pública da pessoa, não é? mas a sessão de júri, às vezes, não transmite o

processo que ela desenvolveu, ou seja, há pessoas que têm processos de crescimento interior, como eu

digo, muito, muito interessantes, mas têm um... uma má performance, na sessão de júri, e o contrário

também acontece ... pessoas que eu penso que não aproveitaram o potencial que o processo tem para

... para fazer esse crescimento interior e, depois, têm mais facilidade de comunicação em público, têm

mais experiência e tem uma, uma... um desempenho melhor, na sessão de júri. O mais importante é

aquilo que não se vê que ... que é o processo auto-formativo que as pessoas desenvolvem, aqui,

durante uns meses de trabalho connosco.

Há alguma semelhança entre o trabalho que realizas, hoje, e aquele que realizavas quando, aqui,

chegaste?

Basicamente é o mesmo, nós quando... quando eu integrei a equipa que começou de novo, nós, nós...

assim em traços gerais, o que é que nós fizemos? Fizemos uma análise da forma como é que o

processo... como é que o processo estava a funcionar ... como estava estruturado, quando nós cá

chegámos, houve algumas coisas que esta nova equipa achou que deviam ser reformuladas, nós

reformulámos e praticamente, hoje, mantemos a mesmo modelo, mas é evidente que ...nós fomo-nos

aperfeiçoando, fomos aperfeiçoando a nossa ... fomo-nos aperfeiçoando enquanto equipa, nós somos

uma equipa constituída por pessoas que vieram de várias origens, a maior parte de nós não se conhecia

de lado nenhum e, por acaso, acho, integrámo-nos todos muito bem ...a equipa resultou muito bem e

passámos a aperfeiçoar os procedimentos, quer dizer, a princípio, andámos a tactear um pouco,

depois, com a experiência, fomos aperfeiçoando os procedimentos, mas o modelo de trabalho com as

pessoas basicamente é o mesmo que tínhamos ao principio.

E as questões que vão surgindo?

Falamos uns com os outros, nós temos a sorte de ter, aliás, ... como eu penso que deve ser, uma

equipa multidisciplinar e temos, inclusive, uma área que, por vezes, é complicada ... mas temos a sorte

de ter duas psicólogas na equipa e, às vezes, surgem-nos casos que ultrapassam, um pouco, o foro da

formação da pessoa e ... entram, invadem um pouco o foro psicológico ... e aconteceu termos algumas

pessoas ... que eu penso que não seria a pessoa ideal para as acompanhar, porque havia ali algum

trabalho de suporte psicológico que era necessário ... dar à pessoa e, e, de com o acordo da colega

psicóloga, passei-lhe o processo, para ser ela a trabalhar com ele, isto aconteceu com várias outras

pessoas que trabalharam com outros profissionais, quer dizer, o facto de termos aqui uma psicóloga

foi, de facto, um suporte, portanto, as dúvidas, as dúvidas ... nós conversamos uns com os outros, por

exemplo, quando estamos a ler o texto: �O que é que achas? Achas que isto é, de facto, uma

evidência, ou achas que isto é apenas um indício? Achas que isto é suficiente para validar? ... e por aí

fora, não é?

Há aqui um ponto, uma questão importante, que é o seguinte: é a formação, a formação ... eu, neste

ano que passou, eu fiz quatro Acções de Formação todas dedicadas, ou pelo menos ... quanto mais não

seja, relacionadas com esta com esta actividade e, e não tenho da formação aquela perspectiva que a

gente vai para lá para aprender tudo, mas tenho mais esta perspectiva que a formação é importante,

para a gente se situar perante modelos que são, que são explorados, certas experiências que nós

ouvimos contar e essas referências que nós vamos ... que nós vamos tendo, são importantes para a

gente se situar e saber se estamos muito longe, ou muito próximos, daquilo que pensamos que ...

pronto daquilo que, no momento, pensamos que é mais correcto e, portanto, a formação é muito

importante, sobretudo a formação interpares e depois há outra coisa importante, isto é, uma situação

informal, estas conversas que a gente tem, conversas de café, encontramo-nos ... �Como é que estás

a fazer isto? Como é que estás a fazer aquilo? Portanto, esta espécie de formação informal, este

contacto ... portanto nós estivemos sempre muito próximos do MC por razões evidentes, não é e essa

troca de experiências, foi muito muito, muito, muito, muito útil.

E as tuas dúvidas?

Enquanto profissional, houve dúvidas resultantes do processo RVCC, portanto eu não sei se tenho

dúvidas, esforço-me por não ter certezas, ter certezas (risos) ... alguma coisa não está bem, eu tenho,

eu tenho ... e a dúvida que persiste sempre é esta: será que estou a ... a fazer uma abordagem correcta

com esta pessoa? Eu, na altura, parece-me que sim, não é? se calhar, se fizesse o mesmo, daqui a três

anos ... se calhar já não faria assim, portanto, isto tem de ser analisado, um pouco, no contexto de

tempo e no momento, não é? Eu, para cada pessoa, eu não trato as pessoas todas da mesma maneira,

não é? para cada pessoa nós temos uma linguagem, temas de conversa que temos ou não de

desenvolver, as pessoas não são todas iguais e eu, para cada pessoa, esforço-me por me adaptar o

máximo às suas características, se consigo sempre, ou não, há sempre aqui uma dúvida que persiste.

Relativamente ao processo em si, portanto, e incluo aqui não só a construção de portefólio ou dossier

... inclusive, na parte de formação a dúvida é mais ... que nós até falámos, aqui, numa reunião que

tivemos ... é que este é um processo formativo e é muito importante para a pessoas e, na maior parte

dos casos, elas não sentem que seja suficiente e se nós fossemos aplicar, desenvolver o processo tal

como ele foi concebido, isto destinava-se quase só exclusivamente às pessoas que já têm as

competências e, de facto, verifica-se que não é esse o caso da maioria das pessoas; a maioria das

pessoas todas têm ainda lacunas importantes, numa série de domínios e, portanto, às vezes esse ... é

importante no ponto de vista das pessoas, agora, no ponto de vista do colmatar dessas lacunas que as

pessoas trazem, eu não sei se o processo será suficiente, mas como eu disse há pouco, se ele servir

para desencadear vontade nas pessoas de continuarem a estudar e continuarem a aprender, isso já é um

bom princípio.

Há pouco falaste em reformulações...

as reformulações sobretudo na forma ... nos instrumentos de mediação que estavam a ser utilizados,

porque achámos ... recordo que, relativamente à entrevista ... a entrevista era um formulário

extraordinariamente comprido e fastidiosos e perguntava uma série de coisas que acabava por não ser

necessário perguntar, naquela altura, quer dizer, a pessoa, no decorrer do trabalho, ia-se apercebendo

que, efectivamente, aqueles, aqueles e ... depois lembro-me que aqueles instrumentos todos pediam

repetidamente a identificação da pessoas, as habilitações, quer dizer a pessoa passava a vida a

preencher documentos, passava a vida a responder ao mesmo e, portanto, isso não tinha sentido, não

é? e portanto nós reformulámos instrumentos, guiões, instrumentos de mediação, etc, reformulámos

também procedimentos, porque, por exemplo, uma coisa que era feita aqui ... eu não estou a criticar a

equipa anterior, uma coisa que era feita e, para mim, não tinha muito sentido, era ... as entrevistas

eram feitas em grupo ... em grupos, por aquilo que percebi, trinta e mais pessoas e as pessoas

preenchiam, escreviam, não é? o formulário ... preenchiam o guião de entrevista, portanto, aquilo não

era propriamente uma entrevista, não havia uma conversa com as pessoas das tais informações que não

são pedidas lá, que são, se calhar, paralelas, mas muito importantes, passavam ao lado com certeza,

porque o que ficava da pessoa era um papel preenchido ahhh ... e portanto uma coisa que nós

passámos a fazer foi entrevistas individuais, por exemplo, não é ? ... pronto foi este tipo de

reformulações que nós fizemos.

Como integrarias uma colega tua, uma professora, no desempenho das funções de profissional?

Alguém que desconhecesse por completo...pois, isso se calhar vai acontecer não, não ... a próxima

equipa vai ser constituída por pessoas que, provavelmente, não têm nenhuma ideia do assunto, não é?

... se calhar ... em vez de mandar ler referenciais, que a mim parece-me pouco eficaz ... o referencial é

um documento que é incontornável ... mais tarde, ou mais cedo, as pessoas vão ter que os ler, mas ...

uma pessoa que chega aqui para trabalhar isto �olha começa por ler os referenciais ... se calhar é a

abordagem mais assustadora ... olha, se calhar uma conversa como esta que estamos a ter aqui, para

primeira abordagem é capaz de se mais interessante ... falar deste assunto falar desta experiência

deixar que a pessoa faça as suas perguntas ... ir mais ao encontro daquilo que são as suas questões

principais e conversar, conversar, afinal é o que nós aqui todos fazemos, fazemos perguntas e

trocamos experiências ... e não nos temos dado mal.

Gostarias de acrescentar a esta entrevista algo que consideres importante e que não foi abordado?

Não.

Resumo da entrevista realizada a D.

D. não referiu a idade. Tem duas licenciaturas, uma em Geografia e outra para o ensino desta

disciplina. Está a leccionar, desde mil novecentos e oitenta e oito, portanto, há vinte anos, apesar de ter

tido outras experiências profissionais.

Integrou a equipa de um Centro Novas Oportunidades, de uma Escola Secundária, por acaso. O grupo

anterior tinha terminado funções, foi-lhe feita a proposta para fazer parte do novo, aceitou o desafio.

Como tinha formalizado a candidatura de um Centro de Formação de Professores, a Centro de

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, a filosofia do processo era-lhe familiar,

conhecia o quadro funcional do trabalho dos profissionais RVC, embora não soubesse como colocá-lo

em prática. Tinha já colaborado com um Centro, como formador TIC

Para ele, o processo faz todo o sentido dado que, aquando da sua experiência, como professor, num

Curso Nocturno, se apercebeu que o sistema não satisfazia as necessidades de quem procurava

recomeçar os estudos, porque a percentagem de desistência dos alunos neles inscritos rondava os

oitenta e sete por cento.

Iniciou a sua actividade, enquanto profissional, com algum receio, o receio inerente à novidade

“quando enfrentamos uma coisa nova temos, à partida, alguma desconfiança”. Começou, desde o

primeiro momento, a trabalhar com a equipa que se formou de novo. O grupo fez uma análise dos

procedimentos que tinham vindo a ser realizados, discutiram formas de trabalhar e reformularam

instrumentos, guiões e procedimentos de acordo com a compreensão que tinha do processo. Mantém o

mesmo modelo, mas sente que o trabalho se aperfeiçoou, como se aperfeiçoou a dinâmica entre os

vários elementos da equipa. Foi em equipa que esclareceu dúvidas e encontrou soluções.

Inicialmente, as tarefas dos profissionais RVC pareceram-lhe muito burocráticas. Esta opinião

resultou daquilo que lhe parecia ser o trabalho realizado, por aqueles, no Centro, no entanto, ao iniciar

funções, verificou ter feito uma avaliação que não correspondia à realidade. A função principal do

profissional é contribuir para o crescimento pessoal do adulto e reforçar a sua auto-estima.

Rapidamente se adaptou às exigências do novo trabalho e foi capaz de o colocar em prática.

Considera a formação importante, sobretudo para o posicionamento teórico dos participantes, mas, na

sua opinião, é a formação interpares, as conversas informais com os colegas, a troca de opinião e

formas de fazer com quem está no terreno que se tornam mais útil para o desenrolar da actividade.

Nada do que fez lhe foi ensinado por via formal, decorreu do contacto com os outros. Age muito por

intuição e a sua capacidade de ler sinais e de escuta activa foi desenvolvida na sua actividade enquanto

professor. O contacto com uma variedade enorme de pessoas ensina a captar, nos outros, os sinais

que orientam a acção.

Nunca integraria um professor no desempenho desta função, aconselhando-o a ler referenciais. Uma

conversa informal onde se explicitam processos, se colocam questões se vão abordando perspectivas e

olhares sobre o trabalho é muito mais proveitosa.

Afirma tratar-se de um trabalho muito motivante que permite também um crescimento grande por

parte do profissional. Este crescimento advém sobretudo da escuta da história de vida e formas de

pensar de cada um.

Análise de conteúdo da entrevista realizada a D.

Categorias Sub-categorias Unidades de registo

1.Mudança de actividade profissional 2. Saberes Prévios

1.1Razões extrínsecas 1.2Razões intrínsecas 2.1Conhecimento do Processo

1.1Foi quase por um acaso… 1.2…foi algo que me despertou logo muito interesse, muita curiosidade… …fiquei logo muito interessado pelo assunto… …isto para mim faz sentido, desde o princípio… 2.1…fizeram uma sessão pública dos resultados RVC…eu fui a essa reunião… ... eu nunca trabalhei no Centro mas ...dei o meu contributo na fase de candidatura … …eu tinha um contacto próximo… ... até fiz alguma colaboração efectiva no centro RVCC, como formador de TIC …nova filosofia de trabalho com os adultos…centrada na sua experiência…partindo do que já sabem… … fiz a candidatura (de um Centro) ao processo …um processo que inicia outros processos…

3.Início de funções

2.2 Conhecimento das funções dos profissionais 3.1.Preparação 3.2.Sentimentos e pensamentos iniciais 3.3.Integração no trabalho

2.2... A função do profissional não me era desconhecido… A ideia que eu tinha é que o trabalho do profissional era muito burocrático ... o quadro funcional do profissional RVCC eu, eu já conhecia… …ajudar-se a pessoa a descobrir-se a si própria… …partir daquilo que já sabe …para outras que gostaria …vir a aprender 3.1Fizemos uma análise da forma como é que o processo... estava a funcionar ... houve algumas coisas que esta nova equipa achou que deviam ser reformuladas 3.2... ao princípio com um bocadinho de receio ... quando enfrentamos uma coisa nova temos, à partida, alguma desconfiança 3.3 ... quando eu integrei a equipa que começou de novo, nós... Fizemos uma análise da forma como é que o processo... como é que o processo estava a funcionar... rapidamente me adaptei e consegui

4.Imersão na prática

4.1Organização Pessoal do trabalho 4.3Dúvidas/Questões

interpretar o espírito e pô-lo em prática ... houve algumas coisas que esta nova equipa achou que deviam ser reformuladas ... reformulámos ... nos instrumentos de mediação que estavam a ser utilizados ... reformulámos instrumentos, guiões, instrumentos de mediação etc reformulámos também procedimentos… ... a princípio andámos a tactear um pouco 4.1... isto (o trabalho de profissional) tem de se analisado um pouco no contexto de tempo e no momento …levo muito tempo com a entrevista… …tenho uma visão mais ampla da pessoa… …no decorrer do trabalho ia-me apercebendo…que aquilo (os instrumentos) não tinha sentido… 4.3... enquanto profissional houve dúvidas resultantes do processo RVCC ... a dúvida que persiste sempre é esta: será que estou a ... a fazer uma abordagem correcta com esta pessoa …adapto-me às características do candidato?... a dúvida persiste

5. Aprendizagens

5.1Formas de aprender 5.2 Situações de aprendizagem

5.1…o meu percurso de aprendizagem de professor integra-se nisto ... nestas coisas, a intuição tem um peso muito grande ... aplico aqui muito da minha intuição pessoal ... são percepções que a gente tem das coisas ... embora possam não ser muito racionais, ou muito conscientes, são sinais que a gente capta, ... alguma experiência (enquanto professor) que nos permite, depois, ter essa percepção ...isso não me foi ensinado na universidade .... decorre sobretudo do contacto que tive com as pessoas ... Falamos uns com os outros …capacidade de escuta activa 5.2 Há aqui um ponto, uma questão importante, que é o seguinte: é a formação ... fiz quatro acções de formação todas dedicadas,... relacionadas com esta com esta actividade ... não tenho da formação aquela perspectiva que a gente vai para lá para aprender tudo, ... a formação é importante, para a gente se situar perante modelos ...sobretudo a formação interpares ...estas conversas que a gente tem ... situação informal

6.Integração de um colega 7 Retorno Reflexivo

5.3 Articulação teoria/prática 6.1Explicitações iniciais 7.1Enriquecimento pessoal/profissional

... esta espécie de formação informal

... estivemos sempre muito próximos do MC (um outro CNO) ... essa troca de experiências, foi muito muito, muito, muito, muito útil. 5.3…saber se estamos muito longe, ou muito próximos daquilo que pensamos que é correcto… …a teoria é muito importante para a gente se situar perante modelos… 6.1... em vez de mandar ler referenciais... uma conversa como esta que estamos a ter aqui… …o referencial é incontornável… …mais cedo, ou mais tarde, vão ter que o ler… …deixar que as pessoas façam perguntas… …falar desta experiência… …trocar experiências 7.1... foi um ano de crescimento para mim… …visão integrada das pessoas… …as diferentes formas de abordar uma pessoa ... para cada pessoa nós temos uma linguagem ...o profissional RVC tem uma visão mais integrada de todo o processo …ajudar a pessoa a fazer um trabalho de auto-análise, de introspecção, de consciencialização …adaptar-me às características dos candidatos