anexo 14 - diagnóstico geoambiental do municipio de fortaleza

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P R E F E I T U R A M U N I C I PA L D E F O R TA L E Z A

Marcos Jos Nogueira de Souza Jos Meneleu Neto Jader de Oliveira Santos Marcelo Saraiva Gondim

1 Edio

Prefeitura de Fortaleza Fortaleza, 2009

SUMRIOApReSentAO ________________________________________________________________ LiSTA DE SiGLAS E ABREViATURAS _________________________________________________xi

xiii

LiSTA DE FiGURAS _____________________________________________________________ xVii LiSTA DE QUADROS ____________________________________________________________ LiSTA DE TABELAS __________________________________________________________xxiV

xxV

1 iNTRODUO ______________________________________________________________ 26 2 PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS ______________________________________________ 28

V

Conceitos e Princpios Procedimentos Operacionais Etapas do Roteiro Metodolgico

28 30 32

3 CONTExTUALiZAO AMBiENTAL _______________________________________________ 34

Condicionantes Geolgicos e Geomorfolgicos Aspectos Hidroclimticos Solos e Cobertura Vegetal

36 39 43

4 COMPARTiMENTAO GEOAMBiENTAL ____________________________________________ 47

Plancie Litornea Faixa de Praia e Terraos Marinhos Dunas Mveis Dunas Fixas Plancies Fluviomarinhas com Manguezais Plancies Fluviais e Lacustres

47 49 50 52 53 55 56 57 61 62 62

Vi

reas de Inundao Sazonal Tabuleiros Pr-litorneos Transio Tabuleiros Pr-litorneos e Depresso Sertaneja Morros Residuais Sinopse da Compartimentao Ambiental

5 DA LEGiSLAO AMBiENTAL PERTiNENTE _________________________________________ 73

Competncia Legislativa Municipal Meio Ambiente Artificial Urbano

75 81

Parques Urbanos de Fortaleza Tutela Penal do Meio Ambiente Artificial Bens Ambientais Municipais Rios, Lagos e Lagoas Faixa Praial e Campos de Dunas Mveis Dunas Fixas Plancie Fluviomarinha com Manguezais Unidades de Conservao Municipais Das Unidades de Proteo Integral Das Unidades de Uso Sustentvel Consideraes sobre a Necessidade de Criao e Implementao das Unidades de Conservao em Fortaleza Do Plano Diretor Municipal Do Zoneamento Urbano-Ambiental A Necessidade de um Plano Diretor Participativo para Fortaleza

81 83 84 85 90 93 94 95 102 103 105 106 109 110

VII

6 PRiNCiPAiS PROBLEMAS AMBiENTAiS E AES DA GESTO AMBiENTAL E DOS RECURSOS NATURAiS _ 111

Programa de Meio Ambiente e Gesto de Recursos Naturais Estratgia I - Regulao do Uso e Ocupao do Solo Estratgia II Uso e Conservao da Biodiversidade Estratgia III Controle da Qualidade Ambiental Estratgia IV Gesto dos Recursos Hdricos

115 115 116 117 118

7 PLANEJAMENTO TERRiTORiAL E GESTO AMBiENTAL: UNiDADES DE iNTERVENO ______ 121

VIII

reas Frgeis reas Medianamente Frgeis reas Medianamente Estveis

122 122 123

8 ESBOO DO ZONEAMENTO AMBiENTAL ___________________________________________ 127

Definio das Zonas (tipologia do zoneamento) Zona de Urbanizao Consolidada Zona de Uso Sustentvel dos Tabuleiros e da Faixa de Transio Tabuleiro/Depresso Zona de Preservao Ambiental

130 131 131 132

Zona de Uso Especializado Zona de Recuperao Ambiental Zona de Relevante Interesse Ecolgico Zonas Especiais

133 133 134 134

9 CONCLUSES E RECOMENDAES _______________________________________________ 139

REFERNCiAS _______________________________________________________________ 143

Bigliogrficas Documentais Legislativas

144 152 154

Ix

GLOSSRiO __________________________________________________________________ 156

ApReSentAO com prazer que a Prefeitura Municipal de Fortaleza entrega cidade este estudo geoambiental, que proporciona um conhecimento aprofundado do nosso territrio, das particularidades de cada bairro, das necessidades e potencialidades de cada lugar. Ele visa dar fundamentao para um desenvolvimento urbano que inclua toda a cidade e contemple as demandas dos diferentes grupos sociais. A crescente urbanizao de Fortaleza envolve um nmero significativo de problemas e desequilbrios. Nos deparamos, conseqentemente, com uma srie de desafios para as polticas pblicas a serem implementadas e para o planejamento de uso e ocupao do solo dentro de parmetros de um desenvolvimento sustentvel. O documento apresenta um macrozoneamento onde cada regio individualizada por sua identidade natural, condies de vulnerabilidade, fragilidades e capacidades. Alm disso, aponta a necessidade de proteo, recuperao ou preservao de cada rea. Que este estudo nos ajude a pensar a cidade, priorizando uma convivncia harmoniosa da populao, entre si e com o meio fsico-natural. Fortaleza precisa ter sua populao protegida e a qualidade ambiental garantida. Assim, com embasamento tcnico e atuando em parceria, podemos trabalhar priorizando quem mais precisa e garantindo o desenvolvimento saudvel de nossa cidade.

Luizianne de Oliveira Lins Prefeita de Fortaleza

ESTUDO GEOAMBiENTAL

eQUIpe tCnICA De exeCUOCoordenadorda

equipe TCniCade

Prof. Dr. Marcos Jos Nogueira de Souza Prof. Dr. Jos Meneleu NetoEconomista; doutor em Sociologia

equipe TCniCa

exeCuo

Prof. Dr. Marcos Jos Nogueira de SouzaGegrafo; doutor em Geografia Fsica

Aline Mesquita M. RosaArquiteta e urbanista

Antnia Cleide Silva MadeiroEducadora ambiental

Jader de Oliveira SantosGegrafo; mestre em Geografia

xII

Marcelo Saraiva Gondim

Arquiteto e urbanista; mestre em Geografia

Marcos J. Nogueira de Souza FilhoAdvogado; especialista em Direito Ambiental

Colaboradores

Anna Emilia Maciel BarbosaGegrafa

Cludio Alberto Barbosa BezerraEngenheiro de Pesca

rika Gomes Brito

Gegrafa; mestre em Geografia

Genario Azevedo FerreiraEngenheiro de Pesca

Hlio Alves Rodrigues

Gegrafo; mestre em Geografia

Jos Carlos VasconcelosGegrafo

Marcus Vincius Chagas da SilvaGegrafo; mestre em Geografia Gegrafa Biloga

Nadja Cristina da Silva Almeida Rejanny Mesquita Martins Rosa

LiSTA

DE

SiGLAS

E

ABREViATURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LIStA De SIGLAS e ABReVIAtURASAPA rea de Proteo Ambiental APP rea de Preservao Permanente ARIE rea de Relevante Interesse Ecolgico Art. Artigo (referente legislao) AUMEF Autarquia Metropolitana de Fortaleza CAD Computer aided designer (desenho assistido por computador) CE Estado do Cear CHESF Companhia Hidreltrica do So Francisco COEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente COGERH Companhia de Gerenciamento de Recursos Hdricos COMDEC Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Fortaleza CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (Servio Geolgico do Brasil) DSG Diretoria do Servio Geogrfico

xIII

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

SiGLAS

E

ABREViATURAS

EIA Estudo de Impacto Ambiental EMLURB Empresa de Limpeza Urbana EPE Erro-padro estimado ETA Estao de Tratamento de gua ETA-Gavio Estao de Tratamento de gua do Gavio ETM Enhanced thematic mapper ETM+ Enhanced thematic mapper plus

xIV

FLONA Floresta nacional FUNCEME Fundao Cearense de Metereologia e Recursos Hdricos GPS Global position system (Sistema de posicionamento global) IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano LANDSAT Land remote sensing satellite M.Cidades Ministrio das Cidades

LiSTA

DE

SiGLAS

E

ABREViATURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

MMA Ministrio do Meio Ambiente ONG Organizao no governamental PARNA Parque nacional PDPFOR Plano Diretor Participativo de Fortaleza PEC Padro de exatido cartogrfica PMF Prefeitura Municipal de Fortaleza REP Reserva ecolgica particular RESEX Reserva extrativista RIMA Relatrio de impacto ambiental RMF Regio Metropolitana de Fortaleza RPPN Reserva particular do patrimnio natural SAABRMF Sistema de Abastecimento de gua Bruta para Regio Metropolitana de Fortaleza SAD 69 South American datum 1969 SEDURB Superintendncia do Desenvolvimento Urbano do Estado do Cear SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e InfraEstrutura de Fortaleza

xV

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

SiGLAS

E

ABREViATURAS

SEMACE Superintendncia Estadual do Meio Ambiente SEMAM Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano SEPLA Secretaria de Planejamento e Oramento de Fortaleza SIG Sistemas de informao geogrfica SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao SPRING Sistema de Processamento de Informaes Georreferenciadas U.C Unidade de conservao

xVI

UECE Universidade Estadual do Cear ZCIT Zona de convergncia intertropical ZE Zona especial ZEE Zoneamento ecolgico-econmico ZPA Zona de preservao ambiental ZRA Zona de recuperao ambiental ZRIE Zona de relevante interesse ecolgico ZUE Zona de uso especializado

LiSTA

DE

FiGURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LIStA De FIGURASFigura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Fluxograma metodolgico Localizao de Fortaleza Crescimento populacional 1890-2000. Distribuio pluviomtrica mdia. Insolao total ao longo do ano. Temperaturas mdias anuais. Relao precipitao e evaporao para a cidade de Fortaleza. Pluviometria anual. Faixa de praia prximo foz do rio Coc. p.33 p.34 p.35 p.39 p.40 p.40 p.41

xVII 19

Figura 8 Figura 9

p.43 p.49 p.49

Figura 10 Terraos marinhos em contato com o campo de dunas. Figura 11 Terraos litorneos entre as desembocaduras dos rios Coc e Pacoti. Figura 12 Processos incipientes de formao de solos colonizados por vegetao pioneira.

p.50

p.50

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

FiGURAS

Figura 13

Alinhamento de rochas de praia (beach rocks) em Sabiaguaba. Vista parcial das dunas mveis retaguarda dos terraos marinhos e contato com os tabuleiros pr-litorneos em Sabiaguaba. Dunas mveis e semi-fixas com vegetao pioneira. Campo de dunas mveis e semifixas na praia de Sabiaguaba. Vista area parcial do campo de dunas que exibe geraes diferenciadas.

p. 50

Figura 14

p.51 p.51

Figura 15 Figura 16

p.51

Figura 17

p.52

xVIII

Figura 18 Figura 19

Padro fisionmico da vegetao sobre dunas fixas. p.52 Panorama parcial das dunas fixas e dunas dissipadas na Praia do Futuro, limitadas pela plancie fluviomarinha do rio Coc e por tabuleiros pr-litorneos ao fundo. p.53 Aspecto da vegetao de mangue mais exposta influncia de mars.

Figura 20

p.53

Figura 21

Aspecto da densidade e porte da vegetao de manp.53 gue regenerado do rio Coc. Plancie fluviomarinha do rio Coc. Notar a exubep.54 rncia da vegetao. Vista area da plancie fluviomarinha do rio Cear-Maranguapinho, limite dos municpios de Fortaleza e Caucaia. p.54

Figura 22

Figura 23

LiSTA

DE

FiGURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

Figura 24

Plancie fluvial do rio Coc no bairro Boa Vista. Notar a degradao da mata ciliar. Panorama da plancie fluvial do rio Coc. Plancie fluvial da lagoa da Precabura, expondo extenso territorial expressiva. Vista area da lagoa de Parangaba. Pode-se verificar a ocupao da maior parte da plancie fluvial pela expanso urbana.

p.55 p.55

Figura 25 Figura 26

p.55

Figura 27

p.56

Figura 28

Plancie fluvial do rio Coc, onde se pode evidenciar baixos nveis de terraos fluviais e contato com as reas de inundao sazonal e dos tabuleiros pr-litorneos. p.56 Plancie fluvial do rio Maranguapinho. Grande concentrao de residncias expostas a riscos socioambientais na plancie fluvial do rio Maranguapinho. p.56

xIx

Figura 29 Figura 30

p.57

Figura 31

rea de inundao sazonal associada com a plancie fluvial do rio Coc, nas proximidades dos bairros p.57 Tancredo Neves e Lagamar. Solos compactados das reas de inundao sazonal. Ao fundo a plancie fluviomarinha do rio Coc e p.57 rea de expanso vertical da cidade. Aspecto da vegetao tpica da mata ciliar com carnabas em rea de inundao sazonal, na poro sul do municpio de Fortaleza.

Figura 32

Figura 33

p.58

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

FiGURAS

Figura 34

rea de contato entre tabuleiros pr-litorneos e campo de dunas, na praia da Sabiaguaba.

p.58

Figura 35

Topografia plana dos tabuleiros em contraste com o relevo ondulado do campo de dunas ao fundo. p.58 Sedimentos da formao barreiras que formam os p.59 tabuleiros pr-litorneos. Baixa capacidade de inciso linear da rede de drenagem sobre os tabuleiros pr-litorneos, nas proximidades do bairro Lagoa Redonda.

Figura 36

Figura 37

p.59

Figura 38

Densidade da vegetao de tabuleiros, no Stio Curi. p.60 Mata de tabuleiro, no Campus do Pici-UFC (Universidade Federal do Cear). Mosaico de fotografias areas, exibindo remanescente de cerrado (escala 1:5.000). Transio tabuleiro-depresso sertaneja.

xx

Figura 39

p.60

Figura 40

p.60 p.61

Figura 41 Figura 42

rea de contato tabuleiro/depresso sertaneja, plancie fluvial e rea de inundao sazonal, extremo sul do municpio. Ao fundo a Serra da Aratanha. p.61 Diferentes aspectos da vegetao na transio tabuleiros-depresso.

Figura 43

p.61

Figura 44 Figura 45

Morro Caruru (notar o desgaste causado pela minerao). p.62 Morro do Ancuri, ao fundo, circundado pelos tabuleiros pr-litorneos.

p.62

LiSTA

DE

FiGURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

Figura 46 Figura 47

Mapa de sistemas ambientais. Grfico dos sistemas ambientais - municpio de Fortaleza 2006.

p.63 p.64

Figura 48

Grficos dos sub-sistemas ambientais - municpio p.64 de Fortaleza - 2006. Vazamento de chorume do lixo em decomposio existente no j desativado aterro sanitrio do p.113 Jangurussu. Chorume proveniente do aterro do Jangurussu. Notar o rio Coc ao fundo. Efluente nas proximidades do Jangurussu, poluindo o rio Coc.

Figura 49

Figura 50

p.113

Figura 51

xxIp.113

Figura 52

Elevado ndice de eutrofizao do riacho Tauape. p.114 trabalho de remoo dos aguaps. Constatao de ausncia de fiscalizao ambiental e deposio de lixo na poro sul do municpio, faixa de transio tabuleiro-depresso sertaneja. p.114 Vista area parcial do aterro do Jangurussu e estao de tratamento do chorume.

Figura 53

Figura 54

p.114

Figura 55

Mortandade de vegetao de mangue ocasionada pelo barramento da cunha salina em decorrncia p.115 da construo da Av. Gen. Murilo Borges.

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

FiGURAS

Figura 56

Ocupao da foz do rio Coc por barracas de praia em Sabiaguaba. Ocupao da faixa de praia e terraos marinhos entre os rios Coc e Pacoti.

p.115

Figura 57

p.115

Figura 58

Aterro para construo do Shopping Iguatemi, ocupando p.116 reas originalmente recobertas por manguezais. Ocupao indiscriminada das margens e canalizao do riacho Tauape.

Figura 59

p.116

Figura 60

xxIIFigura 61

Plancie fluvial ocupada por subestao da Chesf reduzindo a rea de amortecimento de cheias e p.116 contribuindo para alagamentos e inundaes. Construo da ponte sobre a foz do rio Coc. Alm da retirada da vegetao de mangue e terraplanagem de dunas, as pilastras favorecem o assoreamento do rio e acmulo de bancos de areia.

p.117

Figura 62

Minerao clandestina nos tabuleiros pr-litorneos p.117 nas imediaes do Conjunto Palmeiras. Detalhe da utilizao de tratores para minerao clandestina deixando cicatrizes irreversveis na paisagem. p.117 Minerao clandestina em rea do parque natural p.118 municipal das dunas de Sabiaguaba. Ocupao por moradias de risco na plancie fluvial do rio Coc.

Figura 63

Figura 64

Figura 65

p.118

LiSTA

DE

FiGURAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

Figura 66

Residncias construdas sobre o espelho d`gua em ambiente lacustre, bairro Mondubim.

p.118

Figura 67 Figura 68

rea de risco no vertedouro da Lagoa da Itaperaoba. p.119 Ocupao do leito menor do rio Coc, com exposio da populao a riscos socioambientais. p.119 Elevado ndice de eutrofizao e ocupao irregular das margens na favela Maravilha. Plancie fluvial do rio Maranguapinho, restando estreita faixa de vegetao ciliar completamente descaracterizada. reas de riscos a inundaes nas margens do rio Maranguapinho. Ocupao do leito maior e plancie fluvial do rio Maranguapinho.

Figura 69

p.119

Figura 70

p.119

Figura 71

xxIIIp.120

Figura 72

p.120

Figura 73

Foz do rio Maranguapinho no esturio do rio Cear (notar as reas anteriormente ocupadas por salinas e o avano da ocupao em reas de riscos na APA do p.120 esturio do rio Cear Vila Velha). Unidades de interveno - municpio de Fortaleza. Unidades de interveno - rea frgil - municpio de Fortaleza. Mapa de unidades de interveno. p.125 p.125

Figura 74 Figura 75

Figura 76

p.126

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LiSTA

DE

QUADROS

LIStA De QUADROSQuadro 1 Classes de solos, unidades geomorfolgicas e feies morfolgicas. Unidade fitoecolgica, classe de solos e localizao geogrfica. Faixa de praia e terraos litorneos Dunas mveis Dunas fixas Complexo fluviomarinho. Espelho d`gua e plancies lacustres Plancies fluviais rea de inundao sazonal Tabuleiros Morro e crista residual Faixa de transio tabuleiro / depresso sertaneja Unidades de interveno. Sntese de zoneamento ambiental do municpio de Fortaleza. p.45

Quadro 2

p.46 p.65 p.66 p.67 p.68 p.69 p.69 p.70 p.71 p.71 p.72 p.124

Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5

xxIV

Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Quadro 9 Quadro 10 Quadro 11 Quadro 12 Quadro 13 Quadro 14

p.137

LiSTA

DE

TABELAS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

LIStA De tABeLASTabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Temperaturas ao longo do ano. Srie histrica de precipitaes entre 1974-2005 Correlao entre a taxinomia anterior e a classificao atual de solos. Sistemas Ambientais - Municpio de Fortaleza 2006. p.41 p.42

p.43 p.64

Tabela 4

Tabela 5

Impactos Ambientais conforme o grau de urbanizao. p.112

Tabela 6

Unidades de Interveno - Municpio de Fortaleza.

p.125

xxV

ESTUDO GEOAMBiENTAL

iNTRODUO

1 IntRODUOOs procedimentos adotados na elaborao dos estudos fsico-ambientais merecem a devida ateno, ao tratar de estabelecer as diretrizes das polticas de meio ambiente. Os resultados e as experincias alcanados na ltima dcada baseiam-se em um modelo sistmico, revelando-se mais adequado para incorporar a varivel ambiental organizao territorial. Tem-se origem no suposto de considerar o ambiente como um sistema complexo que deriva das relaes e interaes de componentes do potencial ecolgico e da explorao biolgica. Essas relaes assumem grau maior de complexidade quando incorporadas s variveis socioeconmicas. Os sistemas ambientais tendem a representar um arranjo espacial decorrente da similaridade de relaes entre os componentes naturais de natureza geolgica, geomorfolgica, hidroclimtica, pedolgica e fitoecolgica materializando-se nos diferentes sistemas ambientais e padres de paisagem. Parte-se do pressuposto bsico de que os sistemas ambientais so integrados por variados elementos que mantm relaes mtuas e so continuamente submetidos aos fluxos de matria e energia. Cada sistema representa uma unidade de organizao do ambiente natural. Em cada sistema, verifica-se, comumente, um relacionamento harmnico entre seus componentes e estes so dotados de potencialidades e limitaes prprias sob o ponto de vista de recursos ambientais. Como tal, reagem tambm de forma singular no que tange s condies de uso e ocupao. Considerando os pressupostos retromencionados, o estudo do meio fsico-natural busca atingir os objetivos delineados a seguir.

28

iNTRODUO

ESTUDO GEOAMBiENTAL

elaborar o diagnstico ambiental do meio fsico, com base na aplicao de metodologia sistmica; delimitar os sistemas ambientais com base nas relaes entre os componentes abiticos e biticos de cada sistema; utilizar produtos de sensoriamento remoto na elaborao da cartografia temtica da rea de abrangncia do Municpio de Fortaleza; indicar as potencialidades, limitaes e ecodinmica dos sistemas ambientais, definindo sua capacidade de suporte em virtude da ocupao e da expanso urbana; analisar a legislao ambiental pertinente; e subsidiar os princpios bsicos preconizados pelo planejamento urbano e pelo ordenamento territorial, mediante o zoneamento ambiental.

29

ESTUDO GEOAMBiENTAL

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

2 pROCeDIMentOS MetODOLGICOS

CONCEiTOS

E

PRiNCPiOS

30

Os resultados do diagnstico ambiental do meio fsico derivam de uma reviso sistemtica dos levantamentos anteriormente procedidos sobre a base de dados dos recursos naturais. As anlises desse material e dos produtos do sensoriamento remoto, alm dos trabalhos de campo para fins de reconhecimento da verdade terrestre, constituem os meios utilizados para o alcance dos objetivos propostos. O diagnstico do meio fsico representa uma proposta de sntese da compartimentao geoambiental por meio de um quadro sinptico. Essa proposta apoiada na anlise das variveis ambientais e nas relaes mtuas dessas variveis. So definidos, assim, com maior clareza, o significado geoambiental das variveis relacionadas com o suporte, o envoltrio e com a cobertura. Visa-se, com isso, a atender aos pressupostos de uma anlise integrada do ambiente fsico natural. Na etapa subseqente do diagnstico, priorizada a viso de totalidade para a caracterizao dos sistemas ambientais. Destacam-se, nesse aspecto, as concepes metodolgicas consagradas em trabalhos ligados aos diagnsticos e zoneamentos ambientais. Os sistemas so delimitados em funo de combinaes mtuas especficas entre as variveis geoambientais. Sob esse prisma, a concepo de paisagem assume significado para delimitar cada sistema, em funo da exposio de padres uniformes ou relativamente homogneos. A paisagem encerra o resultado da combinao dinmica e instvel de elementos fsicos, biolgicos e antrpicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem dessa paisagem um conjunto nico e indissocivel em perptua evoluo (BERTRAND, 1972).

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

Na preparao da legenda do Mapa de Sistemas Ambientais (Compartimentao Geoambiental), so destacadas as caractersticas dos principais atributos naturais. Servem de base para indicar condies potenciais ou limitativas, quanto s possibilidades de uso dos recursos naturais e das reservas ambientais. Essas condies potenciais e limitativas so elementos fundamentais para o planejamento e ordenamento do territrio. Segundo Tricart (1977), estudar a organizao do espao determinar como uma ao se insere na dinmica natural para corrigir certos aspectos desfavorveis e facilitar a explotao dos recursos ecolgicos que o meio oferece. Com o objetivo de avaliar a dinmica ambiental e o estado de evoluo dos sistemas, so estabelecidas categorias de meios ecodinmicos com base em critrios de Tricart (1977). Cada categoria de meio est associada ao comportamento e vulnerabilidade das condies geoambientais em funo dos processos degradacionais. So definidas trs categorias de meios ecodinmicos: medianamente estveis, de transio ou intergrades e instveis. Nos meios medianamente estveis, a noo de estabilidade aplicase ao modelado, interface atmosfera-litosfera. O modelado evolui lentamente, de maneira insidiosa, dificilmente perceptvel, onde h predomnio dos processos pedogenticos. Os ambientes de transio asseguram a passagem gradual entre os meios medianamente estveis e os meios instveis. H uma interferncia permanente da morfognese e da pedognese, efetuando-se de modo concorrente sobre um mesmo espao, sem que exista nenhuma separao abrupta. H, verdadeiramente, um continuum nessa transio. A tendncia para situao de estabilidade ou de instabilidade pode ser, sobremaneira, influenciada pela ao da sociedade ensejada pelas atividades socioeconmicas. Nos meios instveis ou fortemente instveis, a morfognese o elemento predominante da dinmica natural, subordinando os demais componentes naturais.

31

ESTUDO GEOAMBiENTAL

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

32

Com o enquadramento dos sistemas em determinada categoria de meio ecodinmico, viabiliza-se a possibilidade de destacar o grau de vulnerabilidade do ambiente e sua sustentabilidade futura, tendencial e desejada. Aps a caracterizao do contexto geoambiental, est organizado um Quadro Sinptico dos sistemas ambientais, contemplando, seqencialmente, os seguintes aspectos: (a) Caractersticas Naturais Dominantes; (b) Capacidade de Suporte; e (c) Impactos, Riscos de Ocupao e recomendaes. A capacidade de suporte inclui condies de potencialidades e limitaes. As potencialidades so tratadas como atividades ou condies exeqveis de praticar em cada sistema ambiental, sendo propcias implantao de atividades ou de infra-estruturas. As limitaes ao uso produtivo, alm das restries ligadas legislao ambiental, so identificadas com base na vulnerabilidade e nas deficincias do potencial produtivo dos recursos naturais e no estado de conservao da natureza, em funo dos impactos produzidos pela ocupao urbana. Os riscos se referem aos impactos negativos de uma ocupao desordenada do ambiente. A organizao do mapeamento foi feita com base na utilizao de imagens de sensoriamento remoto, em produtos cartogrficos bsicos e temticos disponveis, e em trabalhos de campo.

PROCEDiMENTOS OPERACiONAiSA avaliao ambiental d nfase ao conhecimento integrado e delimitao dos espaos territoriais modificados ou no pelos fatores econmicos e sociais. Desse modo, inclui uma vertente de variveis fsicas e biticas ou das variveis geoambientais, que se materializam mediante uma srie de unidades espaciais homogneas que constituem heranas da evoluo dos fatores fisiogrficos e ecolgicos ao longo da histria natural recente da rea.

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

A identificao e a delimitao dos sistemas naturais homogneos esto configuradas no Mapa de Sistemas Ambientais, resultante do agrupamento de reas dotadas de condies especficas quanto s relaes mtuas entre os fatores do potencial ecolgico (fatores abiticos) e aqueles da explorao biolgica, compostos essencialmente pelo mosaico de solos e pela cobertura vegetal. Esse mapa organizado por intermdio da interpretao das imagens de sensoriamento remoto e da anlise do acervo cartogrfico temtico, oriundo de levantamentos sistemticos dos recursos naturais anteriormente procedidos. A anlise ecodinmica procedida com base em critrios consagrados, com as necessrias adaptaes s caractersticas naturais da rea. So consideradas como categorias de ambientes as seguintes: 1. ambientes medianamente estveis; 2. ambientes medianamente frgeis; e 3. ambientes fortemente frgeis. Cada uma dessas categorias, definidas e enquadradas para os diferentes sistemas, serve de base para avaliar a tipologia, o comportamento e a fragilidade de cada sistema. Com base em sucessivos nveis de sntese mediante relaes interdisciplinares, considerando os fatores do potencial ecolgico (geomorfologia + climatologia + hidrologia), da explorao biolgica (solos + vegetao) e das condies de ocupao e de explorao dos recursos naturais, so estabelecidas, delimitadas e hierarquizadas as unidades espaciais homogneas, configurando, cartograficamente, o ambiente do Municpio de Fortaleza. A anlise dos atributos e da dinmica natural que identificam os sistemas ambientais tem carter globalizante e integrativo. Essa viso holstico-sistmica, a ser adotada, faculta a compreenso dos sistemas de inter-relaes e interdependncias que conduzem formao de combinaes dos atributos geoambientais. Desse modo, descartouse o tratamento linear cartesiano, que privilegia os estudos setoriais e distorce a viso sistmica e de conjunto que configura a realidade regional.

33

ESTUDO GEOAMBiENTAL

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

ETAPAS

DO

ROTEiRO METODOLGiCO

Levantamento de acervo bibliogrfico, geocartogrfico e de informaes disponveis sobre o contexto geoambiental da rea municipal; Anlise dos temas de estudo, tendo em vista a elaborao do diagnstico ambiental; Preparao da cartografia bsica a ser elaborada por intermdio do Sistema de Informaes Geogrficas (SIG), contendo as principais informaes planialtimtricas; Anlise e utilizao dos produtos de levantamentos sistemticos de recursos naturais disponveis sobre a rea; Anlise e interpretao de produtos do sensoriamento remoto, tendo em vista os estudos temticos e as integraes parciais e progressivas do temas; Levantamentos de campo para fins de reconhecimento da verdade terrestre sob o ponto de vista ambiental; Elaborao de quadro orientador ou sinptico do Municpio de Fortaleza, visando, na prtica, definio de parmetros de avaliao permanente do planejamento ambiental; e Organizao do acervo produzido para fins de armazenamento dos resultados, visando formao do banco de dados do meio ambiente e da qualidade dos recursos naturais das reas focalizadas. O fluxograma metodolgico (Figura 1) apresentado a seguir sintetiza os procedimentos a serem adotados sob o ponto de vista ambiental.

34

PROCEDiMENTOS METODOLGiCOS

ESTUDO GEOAMBiENTAL

Elaborar o Zoneamento Ambiental do municio de Fortaleza

Levantamento de Dados Secundrios

Cartografia Bsica e imagens de Sensoriamento Remono em escala compatveis

Trabalhos de Campo Interpretao de Imagens, Geoprocessamento e cartas temticas

Anlise e correlao dos Componentes Naturais

Litoestruturas

Condies Hidroclimticas

35

Compartimentao das Geoformas Biodiversidade

Solos

Estrutura Dinmica da Natureza

Potencialidades e Limitaes Ambientais

Zoneamento Ambiental e Subsdios ao Ordenamento Territorial de Fortaleza

Vunerabilidade: Impactos e comprometimento Ambiental

Figura 1 - Fluxograma metodolgico Fonte: elaborao dos autores

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3 COntextUALIZAO AMBIentALO Municpio de Fortaleza est localizado na poro norte do Estado do Cear, ocupando uma rea de aproximadamente 314 km limitando-se ao norte com o oceano Atlntico; a o sul com os Municpios de Maracana, Itaitinga e Pacatuba; ao oeste com Eusbio e Aquiraz; ao leste com o Municpio de Caucaia (Figura 2). Apesar da reduzida dimenso territorial, Fortaleza encerra um complexo mosaico de sistemas ambientais que confere diferentes paisagens fortemente sujeitas s alteraes desencadeadas pelas atividades socioeconmicas. A cidade de Fortaleza o principal centro urbano cearense, concentrando o maior contingente populacional do Estado e ocupando o status de quarta maior cidade do Brasil, com populao superior a dois milhes e quatrocentos mil habitantes. Diferentemente da maior parte das grandes cidades brasileiras, Fortaleza desponta como centro regional somente a partir da segunda metade do sculo XX, consolidando-se como principal cidade do Nordeste setentrional. Gonalves (2004) diz que a concentrao demogrfica, por si, implica uma srie de problemas ambientais que no se pronunciam quando a populao est dispersa em reas rurais, como o lixo, abastecimento de gua, saneamento bsico, sade pblica, educao e outros. Esses problemas, segundo o autor, tornam-se o principal desafio ambiental do mundo contemporneo, pois as diferentes formas de uso e ocupao da terra so, na verdade, o reflexo do desenvolvimento do sistema tcnico-cientfico. A esse respeito, diz:Figura 2 - Localizao de Fortaleza

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O desafio ambiental est no centro das contradies do mundo moderno-colonial. Afinal, a idia de progresso e sua verso mais atual, desenvolvimento rigorosamente, sinnimo de dominao da natureza! Portanto, aquilo que o ambientalismo apresentar como desafio , exatamente, o que o projeto civilizatrio, nas suas mais diferentes vises hegemnicas, acredita ser a soluo: a idia de dominao da natureza. O ambientalismo coloca-nos diante da questo de que h limites para a dominao da natureza. Assim, alm de um desafio tcnico, estamos diante de um desafio poltico e, mesmo, civilizatrio. GONALVES, 2004)

2500000 2000000 1500000 1000000 500000 01890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1891 2000

O desafio ambiental assume maiores propores medida que se observam as condies socioeconmicas no espao compreendido pela Regio Metropolitana de Fortaleza - RMF (SANTOS, 2006), que a rea mais densamente povoada do Estado do Cear. A instituio da RMF na dcada de 1970 acelerou o crescimento populacional das cidades que atualmente integram a RMF. Essa concentrao demogrfica foi bastante acelerada, com a populao total crescendo de 857.980 habitantes em 1970 para 2.141.402 no ano 2000, somente em Fortaleza, o que representa 28,82% dos 7.430.661 moradores do Cear. Esse crescimento demogrfico vertiginoso foi verificado em todos os municpios da Regio Metropolitana de Fortaleza, especialmente daqueles que apresentam maior nvel de articulao urbana com Fortaleza, como Maracana e Caucaia. De 1950 a 1970, a populao de Fortaleza praticamente duplicou, passando de 270.169 pessoas para 514.813 habitantes. A Figura 3 (Crescimento populacional 18902000) mostra o crescimento populacional da cidade, no perodo compreendido entre 1890 e 2000. Como pode ser visto na Figura 3 (Crescimento populacional 1890-2000), o crescimento de Fortaleza aconteceu de forma bastante rpida, num curto espao de tempo. Esse crescimento foi impulsiona-

Figura 3 Crescimento populacional 1890-2000. Fonte: SOUZA, 1978 e CENSO, 2000.

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do, em grande parte, pela ocorrncia de secas, que sistematicamente aconteceram no espao cearense e empobrecem ainda mais a populao do campo. A inexistncia de polticas pblicas para o setor rural impulsiona fortemente as migraes, cujos principais destinos so a capital estadual e sua regio metropolitana. A respeito desse crescimento populacional vertiginoso, decorrente, em particular da migrao oriunda das zonas rurais do Cear, Souza (1978) assinala que esse crescimento ocorreu em razo da falta de dinmica dos ncleos urbanos no Estado, consolidando Fortaleza como o principal destino do fluxo migratrio. A anlise dos nmeros ora expostos comprova a macrocefalia existente na Capital e denuncia e inexistncia de um menor nvel de complexidade e complementaridade da rede de cidades interioranas e litorneas do Cear (SILVA, 2000). Por conseguinte, esse adensamento populacional num curto espao de tempo ocasionou a agudizao dos problemas socioambientais. Nesse sentido, faz-se premente um estudo dos componentes geoambientais, para, com suporte na anlise das inter-relaes, identificar as potencialidades e, principalmente, as limitaes impostas ao uso e ocupao do solo no Municpio de Fortaleza, com base na capacidade de homeostase e resilincias dos diferentes sistemas ambientais. Faz-se a seguir breve caracterizao sinttica dos principais componentes geoambientais, notadamente envolvendo os aspectos relacionados geologia e geomorfologia, clima, recursos hdricos, solos e cobertura vegetal.

CONDiCiONANTES GEOLGiCOS

E

GEOMORFOLGiCOS

No que se refere aos aspectos geolgicos, o Municpio de Fortaleza caracterizado pela primazia de coberturas sedimentares cenozicas, terrenos cristalinos e relevos de exceo, derivados de vulcanismo tercirio.

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Litologicamente, os terrenos cristalinos so constitudos pelas rochas dos complexos gnissico-migmattico e granitico-migmattico do Proterozico inferior. Trata-se de uma superfcie de aplainamento onde o trabalho erosivo truncou variados litotipos, formando uma superfcie de plana a suavemente dissecada. Morfologicamente, constituda de rampas de pedimentao que se inclinam suavemente em direo ao litoral e aos fundos de vales. Esses terrenos ocupam pequenas parcelas ao sul e sudoeste do Municpio, imediatamente aps os tabuleiros pr-litorneos. As rochas vulcnicas alcalinas constituem relevos de exceo e so constituintes de uma provncia petrogrfica geneticamente associada ao vulcanismo tercirio do arquiplago de Fernando de Noronha (BRANDO et alii, 1995). Topograficamente, se destacam por constiturem relevos residuais em forma de morro e crista que se sobressaem de forma elipsoidal (Ancuri) e em neck vulcnico (morro Caruru). As coberturas sedimentares cenozicas so constitudas pela plancie litornea, vales e glacis de deposio pr-litorneos da Formao Barreiras. A Formao Barreiras de idade plio-pleistocnica e distribui-se de forma contnua em uma faixa de largura varivel, acompanhando a linha de costa, situada retaguarda dos sedimentos elicos antigos e atuais (BRANDO et alii, 1995). Litologicamente, formada por sedimentos areno-argilosos de colorao vermelho-amarelada, por vezes esbranquiada, e de aspecto mosqueado, com granulao de fina a mdia e intercalaes de nveis conglomerticos. Trata-se de depsito correlativo de origem continental, formado em condies climticas pretritas, predominantemente semi-ridas, compondo leques aluviais coalescentes, numa poca em que o nvel do mar era mais baixo do que o atual, propiciando a formao de vasta plataforma de deposio. Os fundos de vales so constitudos por depsitos flvio-aluvionares com sedimentos fluviais e lacustres, cujos clsticos predominantes so areias, cascalhos, siltes e argilas. Dispostos em discordncia sobre os ter-

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renos cristalinos, esses depsitos constituem faixas estreitas, geralmente formados por sedimentos grosseiros ao longo dos canais, enquanto, nas reas de inundao, apresentam granulometria mais fina. J sob influncia dos terrenos sedimentares, os rios e riachos formam depsitos mais espessos, provenientes do retrabalhamento da Formao Barreiras e das dunas, sendo constitudos por areias finas, siltes e argilas. Nas plancies lacustres, so depositados principalmente sedimentos finos, associados a grande quantidade de matria orgnica. Os sedimentos areno-quartzozos da plancie litornea tm aspectos morfolgicos diferentes, mormente nas faixas de praia e terraos marinhos, dunas mveis e fixas, com diferentes idades e geraes. As praias se dispem de modo alongado por toda a costa, desde a rea de estirncio at a base das dunas mveis, sendo interrompidas somente pelas plancies fluviomarinhas dos principais rios (Cear, Coc e Pacoti). Por vezes, h ocorrncias de beach rocks ou arenitos de praia. Essas ocorrncias so comuns nas praias do Meireles e Sabiaguaba. Os terraos marinhos so superfcies formadas a partir do recuo da linha de costa, e encontram-se entre a zona de alta praia e a base do campo de dunas, como ocorre nas praias do Futuro e Sabiaguaba. As dunas, originalmente, formavam cordes contnuos que acompanhavam paralelamente a linha de costa, interrompidas somente por pequenas plancies fluviais e pelas plancies fluviomarinhas. Ocorrem como dunas mveis ou semi-fixas e com dunas fitoestabilizadas. As dunas mveis e semi-fixas so caracterizadas pela ausncia ou fixao parcial de vegetao, favorecendo a mobilidade dos sedimentos por meio do transporte elico. Primordialmente, essas dunas se localizam prximas linha de costa, onde a ao elica mais intensa. Tm forma de meia lua (barcanas) com declives suaves a barlavento e inclinaes mais acentuadas a sotavento. retaguarda dessas dunas, encontra-se uma gerao mais antiga, j fixada pelos processos pedogenticos e exibindo feies de dunas parablicas e eixos alinhados em direo E-W. As plancies flvio-marinhas so constitudas pela deposio de sedimentos predominantemente argilosos e com grandes concentraes de

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matria orgnica. Sua deposio resultante da mistura de guas doce e salgada, que colmatam um material escuro e lamacento, formando solo bastante profundo, salino, sem diferenciao ntida de horizontes. justamente nesse ambiente que proliferam os manguezais.

400 350 300 250 200 150 100 50 0Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

ASPECTOS HiDROCLiMTiCOSO clima fator determinante das condies ambientais, na medida em que influencia a distribuio e disponibilidade dos recursos hdricos e controla a ao dos processos exgenos. Como mencionado anteriormente, as condies climticas tm influncias diretas sobre o regime e disponibilidade de recursos hdricos superficiais e subterrneos. Nesse sentido, Fortaleza beneficia-se por apresentar ndices de precipitao superiores a 1.200 mm/ano. O maior volume de chuvas proporciona maior disponibilidade hdrica, justificando melhores condies de reservas hdricas, se comparadas s regies semi-ridas do Cear. A circulao atmosfrica em Fortaleza comandada, principalmente, pela Zona de Convergncia Intertropical (ZCIT), alm de outros sistemas de menor escala que atuam na rea, como o Sistema de Vorticidade Ciclnica, as linhas de instabilidade formadas ao longo da costa e as brisas martimas (BRANDO et. alii, 1995; SOUZA, 2000). Assim como ocorre na maior parte do Nordeste setentrional, h maior concentrao de chuvas nos seis primeiros meses do ano, o que representa mais de 90% do total precipitado ao longo do ano, com picos de precipitao nos meses de maro e abril. A ZCIT o principal sistema sintico responsvel pelo estabelecimento da quadra chuvosa. Ela se faz bem mais evidente quando da sua mxima aproximao do hemisfrio sul, durante o equincio outonal (23 de maro), retornando ao hemisfrio norte no ms de maio e ocasionando o declnio do perodo chuvoso (BRANDO, et. al. op cit), conforme pode ser verificado na Figura 4.

Figura 4 Distribuio pluviomtrica mdia. Fonte: FUNCEME, 2006.

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DiSTRiBUiO350 300 250 200 150 100 50 0

AO LONGO DO ANO

MDiA

Jan

Fev

Mar Abr

Mai Jun

Jul

Ago Set Out Nov Dez

Figura 5 Insolao total ao longo do ano. Fonte: FUNCEME, 2006.

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27,5 27 26,5 26 25,5 25 24,5Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 6 Temperaturas mdias anuais. Fonte: FUNCEME, 2006.

Os meses de maro e abril so os que apresentam a menor quantidade de horas de sol, com 148,9 e 152,8 horas/ms, respectivamente. Em outubro (296,1 horas) e novembro (283,2 horas), verifica-se maior incidncia de radiao solar. A Figura 5 mostra a mdia da distribuio das horas de sol durante o ano, conforme as normais climatolgicas do perodo de 1961 a 1990, para a estao de Fortaleza, evidenciando-se a irregularidade na radiao solar e na radiao mdia anual do perodo retromencionado. A intensa insolao associada latitude proporciona temperaturas constantes no decorrer do ano. Desta feita, as temperaturas mdias anuais nas regies prximas ao equador esto entre 26 e 28C (NIMER, 1972). Segundo o referido autor, as elevadas temperaturas se apresentam no somente na mdia anual, mas sim nas mdias mensais, o que justifica os elevados coeficientes trmicos verificados no Municpio. Assim como ocorre em todo o Territrio brasileiro situado no hemisfrio austral, os meses de junho e julho so geralmente os que apresentam as menores temperaturas. Em Fortaleza, essa situao concretiza-se, na medida em que a temperatura mdia de 26,6C, enquanto a mdia das mnimas de 23,5C e a mdia das mximas 29,9C, como pode ser verificado na Tabela 1. Os meses de junho, julho e agosto apresentam as menores mdias de temperatura, respectivamente, com 25,85, 25,65 e 25,85C. Novembro (27,55C), dezembro (27,65C) e janeiro (27,6C) tm as maiores mdias. Os meses de menor temperatura mnima mdia so junho, julho e agosto, com 22,1, 21,8 e 22,6 C, respectivamente. Em novembro e dezembro, verificam-se as mdias mximas mais elevadas com 30,7C cada uma. A Figura 6 (Temperaturas mdias anuais) apresenta sntese das informaes ao longo do ano. A forte radiao solar e o conseqente aumento da temperatura no segundo semestre, associado s baixas precipitaes a partir do ms de junho, contribuem para as intensificas taxas de evaporao

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no segundo semestre do ano, que em mdia atinge 1.469mm/ano no Municpio. A evaporao ocorre de forma inversamente proporcional precipitao e em consonncia com a maior radiao solar. Durante a mxima atuao da ZCIT (perodo mais chuvoso), nos meses de maro, abril e maio, observam-se os menores ndices de evaporao. As mximas ocorrem durante o de estio, nos meses de setembro, outubro e novembro, o que contribui para o saldo negativo no balano hdrico anual, conforme pode ser verificado na Figura 7 (Relao precipitao e evaporao para a cidade de Fortaleza). Como pde ser analisado, as precipitaes em Fortaleza apresentam acentuada irregularidade, manifestando-se no apenas no decorrer dos meses, mas tambm ao longo dos anos, pois h anos em que o ndice pluviomtrico mdio no atingido e aqueles em que as precipitaes superam a mdia histrica. Essas variabilidades pluviomtricas esto associadas s irregularidades ocasionadas pelas temperaturas dos oceanos tropicais e aos fenmenos El Nio e La Nia, que ocasionam efeitos variados. O El Nio causa prolongados perodos de secas, geradores de srios problemas socioambientais; o La Nia provoca fortes chuvas que causam situaes calamitosas, principalmente nas reas sujeitas aos riscos ambientais. Analisando os totais pluviomtricos anuais constantes da Figura 8 (Pluviometria anual) e Tabela 2, verifica-se que as maiores secas registradas na srie ocorreram nos anos de 1979 a 1983, 1992, 1993. 1997 e 1998. O ano de 1983 assume destaque, por encerrar uma srie de cinco anos de estio (1979 a 1983). Trata-se do perodo mais seco da srie, quando os valores totais de cada ano foram bastante inferiores mdia.Dentre os anos que apresentam o total pluviomtrico inferior mdia do perodo, o de 1983 desponta por apresentar o menor ndice registrado (955 milmetros). Os baixos ndices pluviomtricos associados ao crescimento do consumo de gua desencadeou o compro-

350 300 250 200 150 100 50 0

EVAPORAO

PRECiPiTAO

Jan

Fev

Mar Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out Nov Dez

Figura 7 - Relao precipitao e evaporao para a cidade de Fortaleza. Fonte: FUNCEME, 2006.

Meses Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mdia

Mnima 24,7 23,2 23,8 23,4 23,4 22,1 21,8 22,6 23,4 24,5 24,4 24,6 23,4917

Mxima 30,5 30,1 29,7 29,7 29,1 29,6 29,5 29,1 29,2 30,5

Mdia 27,6 26,65 26,75 26,55 26,25 25,85 25,65 25,85 26,3 27,5

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30,7 27,55 30,7 27,65 29,8667 26,6792

Tabela 1 Temperaturas ao longo do ano. Fonte: FUNCEME, 2006.

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Ano 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Mdia

Jan 330,3 102,3 63,5 240,8 61,2 50,8 187,3 99,2 95,3 22,0 105,3 232,2 115,0 91,2 182,1 256,4 40,3 16,5 48,1 43,2 116,2 114,8 98,2 7,6 183,3 47,6 188,9 110,9 273,1 227,9 500,0 22,3 133,6

Fev 211,4 140,3 304,7 213,4 262,7 182,1 457,3 74,9 180,5 158,8 266,7 463,4 296,9 130,3 201,9 65,2 130,0 252,4 305,9 107,8 252,3 246,8 219,4 48,8 84,2 156,6 115,9 47,6 68,8 352,8 196,4 104,9 196,9

Mar 597,3 451,6 353,5 262,8 229,4 404,7 204,0 576,0 196,0 280,9 325,3 546,1 765,1 416,1 333,7 324,6 104,4 449,4 235,2 198,6 405,0 477,5 518,2 189,6 342,3 248,5 274,1 194,0 373,2 568,4 499,4 279,0 363,2

Abr 608,0 264,4 385,4 251,2 293,8 119,3 100,9 113,8 249,1 131,7 439,6 634,1 577,6 202,6 424,1 420,7 244,7 461,3 217,5 231,3 458,1 652,6 449,1 540,2 151,1 323,7 351,8 817,5 523,1 437,9 171,0 183,0 357,2

Mai 521,6 375,3 132,7 194,4 273,1 247,2 53,3 135,8 101,9 61,4 318,1 301,8 157,5 54,9 200,2 193,4 205,6 216,1 90,4 131,8 326,3 349,8 240,9 241,3 103,4 403,6 152,2 61,8 158,9 308,0 86,3 312,8 209,7

Jun 221,6 150,2 89,8 536,0 105,9 44,9 76,2 31,1 79,0 155,0 306,9 216,8 323,2 210,4 162,2 277,1 53,3 69,5 121,6 70,9 593,6 156,8 45,4 12,4 66,6 34,5 77,5 188,9 167,8 269,0 312,7 158,2 168,3

Jul 29,3 134,5 73,3 253,7 199,5 21,6 49,3 1,8 33,7 54,9 157,5 157,7 32,9 103,9 126,6 129,3 89,6 8,7 10,4 180,3 128,2 86,6 27,6 15,2 14,7 4,8 204,2 77,2 132,3 5,0 183,5 38,0 86,4

Ago 34,5 8,7 28,7 33,4 6,6 37,8 31,4 11,0 31,2 35,0 38,2 30,8 43,7 25,5 11,2 85,6 13,8 14,9 30,5 31,5 15,4 0,0 65,9 16,5 20,1 7,1 130,0 0,0 3,2 13,0 7,0 12,2 27,3

Set 64,9 58,4 3,4 9,7 44,0 53,0 23,5 1,1 32,3 4,0 12,9 27,8 39,1 13,3 22,7 21,1 34,7 2,2 17,6 12,1 16,0 1,1 7,2 0,0 5,4 48,8 165,7 0,0 0,0 20,2 23,4 8,0 24,8

Out 23,1 24,6 13,9 18,3 16,7 15,1 19,2 0,7 17,5 19,3 47,8 0,2 6,8 7,1 11,5 15,3 25,5 50,0 6,7 5,9 9,5 16,7 12,0 0,0 12,8 9,5 0,0 0,0 24,1 0,0 0,0 0,0 13,4

Nov 34,9 12,6 22,5 2,8 5,4 6,4 7,8 4,3 14,4 0,6 4,7 15,0 39,7 0,6 16,5 10,6 19,6 2,7 3,0 12,7 4,3 36,8 6,4 37,6 3,8 2,1 6,2 14,0 11,2 0,0 11,4 2,0 11,6

Dez 74,4 90,4 18,4 3,4 58,8 7,7 5,8 36,7 20,5 31,6 6,3 210,1 59,2 3,8 169,4 63,2 16,6 5,0 1,9 16,6 54,7 4,0 17,9 34,1 24,7 59,8 6,7 42,6 6,3 6,2 0,0 12,0 36,5

Tot Anual 2.751 1.813 1.490 2.020 1.557 1.191 1.216 1.086 1.051 955 2.029 2.836 2.457 1.260 1.862 1.863 978 1.549 1.089 1.043 2.380 2.144 1.708 1.143 1.012 1.347 1.673 1.555 1.742 2.208 1.991 1.132 1.629,1

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Tabela 2 Srie histrica de precipitaes entre 1974-2005 Fonte: FUNCEME, 2006.

CONTExTUALiZAO AMBiENTAL

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metimento do abastecimento de gua para Fortaleza, contribuindo para que o sistema de abastecimento de gua entrasse em colapso. O abastecimento no foi suspenso em virtude da adoo de medidas emergenciais, como o racionamento de gua e a construo do canal do Trabalhador, traado a partir de fornecimento hdrico oriundo do aude Ors.

3000 2500 2000 1500 1000 5001974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

SOLOS

E

COBERTURA VEGETAL

A origem e evoluo dos solos est relacionada a fatores que traduzem as caractersticas dos condicionantes climticos, litolgicos e de relevo ao longo do tempo (SANTOS, 2006). Os solos ocorrentes em Fortaleza tm variaes significativas quanto tipologia, classes de solos e variao espacial. So dominantes as seguintes classes de solos: Neossolos Quartzarnicos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Neossolos Flvicos e Gleissolos. A Tabela 3 exibe a correspondncia entre a classificao anteriormente utilizada e a nova classificao de solos, conforme o novo Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (EMBRAPA, 1999). Tomando como base os trabalhos de campo, informaes e descries contidas em diversos trabalhos tcnicos e relatrios (IPLANCE, 1989; BRASIL, 1981; CEAR, 1998; BRANDO et al 1995; SOUZA, 2000), seguem breves descrio e distribuio das principais classes de solos do Municpio de Fortaleza. Os Neossolos Quartzarnicos so arenosos, geralmente profundos, pouco desenvolvidos, com alta permeabilidade e baixa fertilidade natural. Apresentam colorao esbranquiada ou amarelada. So solos com pouca reserva de nutrientes para as plantas. Sua distribuio geogrfica est associada plancie litornea e a setores dos tabuleiros pr-litorneos. Na plancie litornea, os Neossolos Quartzarnicos esto associados ao campo de dunas e setores da faixa praial onde se deu incio ao processo de colonizao vegetal. So recobertos por vegetao pionei-

0

Figura 8 Pluviometria anual. Fonte: FUNCEME, 2006.

Classificao Atual Argissolo Vermelho Amarelo Eutrfico Argissolo Vermelho Amarelo Distrfico Neossolos Quartzarnicos Neossolos Flvicos Gleissolos

Classificao Anteriormente Utilizada Podzlico Vermelho Amarelo Eutrfico Podzlico Vermelho Amarelo Distrfico Areias Quartzozas e Areias Quartzozas Marinhas Solos Aluviais Solos Indiscriminados de Mangue

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Tabela 3 Correlao entre a taxinomia anterior e a classificao atual de solos.Fonte: Brando et alii (1995) e EMBRAPA (1999).

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ra do complexo vegetacional litorneo. Nos tabuleiros pr-litorneos, esto associados aos Argissolos Vermelho-Amarelos comportando espcies do complexo vegetacional litorneo. Os Argissolos Vermelho Amarelos Distrficos tm distribuio espacial bastante variada, ocorrendo nos tabuleiros pr-litorneos, nos relevos planos a suavemente ondulados da faixa de transio com a depresso sertaneja e na base dos morros residuais. Sua profundidade varia de profundo a moderadamente profundo, com textura de mdia a argilosa. So solos bem drenados e acidez elevada. A colorao variada, apresentando tons desde vermelho-amarelados at bruno-acinzentadas, com origem relacionada a diferentes tipos de materiais. So ocupados por diversificados tipos vegetacionais. Os Neossolos Flvicos tm formao a partir da sedimentao fluvial e distribuem-se principalmente ao longo dos rios de maior fluxo. Sua distribuio espacial est associada presena de corpos hdricos, notadamente bordejando a calha dos rios de maior caudal (Coc, Cear, Maranguapinho e Coau) e s margens de lagoas como as de Precabura, Messejana e Maraponga. Primariamente, esses solos eram revestidos por uma vegetao do tipo mata ciliar, j completamente descaracterizada. Gleissolos Slicos ocorrem em reas que apresentam altas taxas de salinidade, nas zonas litorneas e pr-litorneas, principalmente nas plancies fluviomarinhas dos principais rios. Verifica-se tambm sua ocorrncia nas margens de lagoas situadas mais prximas ao litoral. nesses solos que se desenvolvem os manguezais. Conforme exposto, pode-se observar estreita relao entre as classes de solos com o contexto geomorfolgico. O Quadro 1 sumaria

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essa relao, associando a classe de solo s unidades geomorfolgicas e feies do modelado. Classes de Solos Neossolos Quartzarnicos Argissolos Vermelho Amarelos Unidades Geomorfolgicas Plancie litornea Glacis de deposio pr-litorneos Morros residuais Depresses submidas sertanejas Feies Morfolgicas Faixa de praia e campo de dunas Tabuleiros pr-litorneos Cristas residuais Depresso sertaneja Plancie fluvial dos rios Coc, Cear, Maranguapinho e Coau, plancies lacustres, flvio-lacustres e reas de acumulao sazonal Plancies fluviomarinhas

Neossolos Flvicos

Plancies e reas de acumulao sazonal

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Gleissolos Slicos

Plancie litornea

Quadro 1 Classes de solos, unidades geomorfolgicas e feies morfolgicas.atual de solos. Fonte: Adaptado de Souza (1998 e 2000).

Originalmente, eram encontradas algumas manchas de cerrados na rea dos tabuleiros pr-litorneos, principalmente no setor centro-leste do Municpio. Essa vegetao foi sumariamente suprimida para dar lugar expanso urbana (SANTOS, 2006). Atualmente, existe pequeno ncleo de vegetao de cerrados no bairro Cidade dos Funcionrios,

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com cerca de 2,8ha, que corresponde ao ltimo remanescente desse complexo vegetacional no Municpio de Fortaleza. Como verificado anteriormente, os solos estabelecem estreito relacionamento com os demais componentes ambientais. Nesse sentido, apresenta-se o Quadro 2, que relaciona a unidade fitoecolgica classe de solos correspondente e ao respectivo compartimento de relevo. Unidade Fitoecolgica Complexo vegetacional litorneo Mata de tabuleiro Cerrado Caatingas Classes de Solos Neossolos Quartzarnicos Argissolos VermelhoAmarelos Neossolos Quartzarnicos Argissolos Vermelho Amarelos Compartimento Geomorfolgico Plancie litornea

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Tabuleiros pr-litorneos Depresso sertaneja e tabuleiros pr-litorneos

Quadro 2 Unidade fitoecolgica, classe de solos e localizao geogrfica.

COMPARTiMENTAO GEOAMBiENTAL

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4 COMpARtIMentAO GeOAMBIentALOs sistemas ambientais so identificados e hierarquizados conforme a inter-relao dos seus componentes, dimenses, caractersticas de origem e evoluo. Dessa forma, possvel identificar as potencialidades e limitaes para melhor avaliar a capacidade de suporte ao uso e ocupao da terra. Considerando a diversidade interna dos sistemas, so delimitadas as unidades elementares contidas em um mesmo sistema de relaes, que constituem os subsistemas ambientais. Sob esse aspecto, a concepo de paisagem assume significado para a delimitao das subunidades, em virtude da exposio de padres uniformes ou com relativa homogeneidade. Foram identificados os seguintes sistemas ambientais: plancie litornea tendo como subsistemas dunas mveis, dunas fixas, faixa de praia/ terraos litorneos e complexo flvio-marinho; plancies lacustres; plancie fluviais; tabuleiros pr-litorneos; transio tabuleiro/ depresso sertaneja, morros e cristas residuais, conforme se verifica na Figura 46.

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PLANCiE LiTORNEAA plancie litornea caracteriza por estreita faixa de terras, com largura mdia de 2,5 3,0 km, constituda por sedimentos de neoformao (holocnicos), de granulometria e origem variadas, capeando os depsitos mais antigos da Formao Barreiras. Na plancie litornea de Fortaleza, h de se verificar a estreita relao entre feies que a compem. As feies morfolgicas recebem influncias de natureza marinha, elica, fluvial ou combinada, originando formas de acumulao e eroso. Alm dos efeitos da mor-

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fodinmica atual e dos fatores litolgicos, a morfologia tambm influenciada pelos episdios eustticos transgressivos e/ou regressivos, pela neotectnica e por eventos paleoclimticos. Dentre as feies que compem a plancie litornea de Fortaleza e que serviram de critrio para definir os subsistemas ambientais, foram considerados os seguintes: Faixa de praia e terraos marinhos; Dunas mveis; Dunas fixas; e Plancies fluviomarinhas com manguezais.

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O ambiente litorneo apresenta bom potencial de recursos hdricos superficiais e subsuperficiais, com freqncia de esturios, lagoas e lagunas. A melhor disponibilidade de guas superficiais e subterrneas na plancie litornea depende essencialmente das condies climticas, da natureza dos terrenos, das caractersticas geomorfolgicas e fitoecolgicas. Em razo da litologia, predominantemente sedimentar, a regio litornea favorece maior acmulo hdrico no subsolo, configurando importantes aqferos nos campos de dunas e terraos marinhos e propiciando a ocorrncia de lagoas costeiras e freticas. Os solos apresentam associao predominantemente de solos imaturos e pouco desenvolvidos como Neossolos Quartzarnicos Marinhos, Neosolos Quartzarnicos e Gleisolos. Revestem esses solos uma vegetao tpica (complexo vegetacional litorneo) composta pela vegetao pioneira psamfila, vegetao de dunas e manguezais. Os ambientes constituintes da plancie litornea possuem forte ao dos processos morfogenticos. Os principais agentes destes pro-

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cessos, segundo Silva (1998), so as correntes marinhas, as oscilaes do nvel do mar no Quaternrio, a arrebentao das ondas, a composio litolgica, as feies do relevo, a hidrologia de superfcie e subterrnea, a ao de agentes climticos, que levam formao de paisagens com alta instabilidade ambiental. Esta alta instabilidade faz com que este ambiente tenha reduzida capacidade de resistncia aos impactos ambientais provenientes de atividades socioeconmicas (SANTOS, 2006). Desta feita, a plancie litornea um ambiente dinmico e de extrema fragilidade ambiental, em decorrncia da ao dos processos de eroso, transporte e de acumulao que atuam ao longo desses ambientes costeiros e tornando-os sujeitos a condies de forte instabilidade ambiental. Faixa de Praia e Terraos Marinhos Segundo Brando et alii. (1995), a faixa de praia forma um grande depsito contnuo alongado, que se estende por toda a costa, desde a linha de mar mais baixa at a base das dunas mveis (Figura 9 e Figura 10). As praias recobrem todo o litoral fortalezense, sendo seccionadas localmente pela ponta do Mucuripe e pelos esturios dos rios Cear, Coc e Pacoti. Sua gnese e evoluo esto associadas a sedimentos arenosos, cascalhos, pequenos seixos e restos de conchas que foram transportados e re-trabalhados pelos processos marinhos. Sobre a sua formao, Silva (1998) assinala que o excesso de sedimentos depositados na linha de costa torna-se volumoso para ser transportado pela ao elica ou marinha, acumulando-se nas praias. Na faixa de praia e nos terraos marinhos, predominam as areias quartzozas, com nveis de minerais pesados, fragmentos de conchas e minerais micceos. So moderadamente selecionados, com granulometria que varia de fina a mdia e de tonalidades esbranquiadas.

Figura 9

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Figura 10

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COMPARTiMENTAO GEOAMBiENTAL

Figura 11

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Figura 12

Pode-se garantir que a maioria dos sedimentos que compem a faixa praial de origem continental e foram transportados pela drenagem at o litoral, posteriormente retrabalhados pela abraso marinha. Esses sedimentos so recobertos por Neossolos Quartzarnicos marinhos, que se caracterizam pela ausncia de vegetao na faixa de praia. Alguns setores da alta praia e os terraos marinhos so recobertos por uma vegetao pioneira herbcea, formando um substrato rasteiro, composto, essencialmente, por gramneas adaptadas a elevada salinidade, intensidade dos ventos e radiao solar (Figura 11 e Figura 12). Em amplos setores dos terraos litorneos verifica-se que os exutrios ocasionam a ocorrncia de uma srie de lagoas freticas, como verificado na regio de Sabiaguaba, entre os esturios dos rios Coc e Pacoti (Figura 12). Sobre esses ambientes, verificam-se ocorrncias de alinhamentos rochosos e descontnuos abaixo da linha de preamar. Ocupam enseadas ou reas prximas s desembocaduras fluviais, como ocorre nas praias de Sabiaguaba e do Meireles (Figura 13). So ambientes que esto submetidos aos processos morfogenticos, onde a pedognese praticamente nula, garantindo-lhes alta fragilidade ambiental e ecodinmica desfavorvel s atividades humanas, que devem ser cuidadosamente planejadas. Trata-se de um ambiente fortemente instvel, constantemente recebendo aes dos processos morfogenticos. Seu uso mais apropriado destinado ao lazer e recreao de forma planejada e no predatria. Dunas Mveis As dunas mveis so constitudas pelo mesmo material da faixa praial, com sedimentos areno-quartzosos holocnicos, selecionados pelo transporte elico, sobrepostos a uma litologia mais antiga. Os sedimentos elicos que formam as dunas mveis tm preponderncia

Figura 13

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de areias quartzozas bem selecionadas, com granulometria que varia de fina a mdia, formas homogneas e coloraes amarelo-esbranquiadas. Em sua maioria, as areias quartzosas so de origem continental e foram transportadas pelos rios at a zona litornea. Posteriormente, so retrabalhadas pelo mar e depositadas na praia por aes da deriva litornea. Durante as mars baixas, os sedimentos ressecam e, assim, so transportados, para o interior, pelos ventos, acumulando-se em formaes dunares (SILVA, 1998). A Figura 14 exibe vista area parcial do campo de dunas mveis da Sabiaguaba e sua rea de contato com os terraos marinhos e tabuleiros pr-litorneos. As dunas mveis so compostas por sedimentos em constante mobilizao, no apresentando processos pedogenticos. Em funo da ausncia de solos, no h cobertura vegetal, sendo que, por vezes, apresenta uma vegetao pioneira psamfila que d incio ao processo de colonizao vegetal. Trata-se de uma vegetao herbcea de pequeno porte, formando um estrato rasteiro que atua na fixao das dunas, contribuindo para o incio do processo de pedognese (Figura 15 e Figura 16). A ausncia de cobertura vegetal justifica a constante mobilizao dos sedimentos. Os efeitos dessa mobilidade podem ser sentidos, tanto nos sistemas naturais, quanto nas reas transformadas pelo homem. No primeiro caso, a migrao ocasiona assoreamento de rios, aterramento de mangues, soterramento de paleodunas e desvio dos cursos dgua. As dunas mveis encontram-se associadas s dunas fixas e semifixas, que juntas constituem o campo de dunas da plancie litornea de Fortaleza. A Figura 17 evidencia a constituio do campo de dunas com diferentes geraes. Nos ambientes antropizados, a deflao elica causa soterramento de vias de acesso e de moradias, como pode ser verificado na Sabiaguaba, Praia do Futuro I e II, Goiabeiras e Barra do Cear. Estes pro-

Figura 14

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Figura 15

Figura 16

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Figura 17

blemas ocorrem em funo do desordenamento do processo de uso e ocupao de terra, onde reas que no deveriam ser ocupadas foram utilizadas de forma no apropriada. So ambientes fortemente instveis, onde h primazia dos processos morfogenticos, o que confere a essas reas forte vulnerabilidade ambiental aos processos de uso e ocupao do solo. So reas que devem ser destinadas, primordialmente, manuteno das integralidades e funcionalidades sistmicas por elas exercidas, dado seu elevado potencial paisagstico. Eventualmente, so reas que podem ser destinadas ao turismo e lazer, desde que com pauta nos preceitos conservacionistas e de sustentabilidade ambiental. Dunas Fixas

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Figura 18

As dunas fixas so ambientes que j foram alvo de aes pedogenticas e proporcionaram o desenvolvimento de uma vegetao de porte arbreo-arbustivo. Segundo Souza (2000), essa gerao de dunas apresenta areias com tons vermelho-amarelados, baixos nveis altimtricos e evidncias eventuais de dissipao das feies originais. So recobertas por uma vegetao subpereniflia e com padres fisionmicos variados em que predominam plantas de porte arbustivo a barlavento e arbreo nas encostas a sotavento. O desenvolvimento dos processos pedogenticos e o conseqente recobrimento vegetal tm papel fundamental na fixao das dunas, anulando os efeitos da ao elica e impedindo o avano de sedimentos rumo ao interior. Criam-se, por conseqncia, condies de fitoestabilizao. A Figura 18 mostra o porte e aspecto fisionmico da cobertura vegetal em dunas fitoestabilizadas. Via de regra, as dunas fixas esto situadas logo aps o cordo de dunas mveis na rea limtrofe com os tabuleiros pr-litorneos. A Figura 19 evidencia a rea de contato da plancie litornea (dunas fixas e plancie flviomarinha) com os tabuleiros pr-litorneos. A permo-

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porosidade do material sedimentar constituinte favorece o aumento de reservas hdricas subsuperficiais. As dunas fixas so ambientes de transio onde h certo equilbrio nas relaes entre pedognese e morfognese, garantindo certa estabilidade ambiental. Assim, alm do potencial paisagstico, os campos de dunas fixas concentram reservas de guas subterrneas passveis de utilizao. Plancies Fluviomarinhas com Manguezais As plancies fluviomarinhas so ambientes especiais, sendo submetidos s influncias de processos marinhos (oscilaes de mar) e fluviais. Trata-se de um ambiente lamacento, encharcado, mido, rico em matria orgnica e com vegetao altamente especializada (mangue), que atua nos processos de estabilizao ambiental. So ambientes criados por processos de deposio, notadamente de sedimentos de textura argilosa com elevada concentrao de matria orgnica em decomposio. Em decorrncia da mistura de guas marinhas e continentais e da conseqente precipitao dos sedimentos em suspenso, os solos de mangue so lamacentos e profundos, apresentando alta concentrao de salinidade e matria orgnica em decomposio. H predominncia de Gleissolos genericamente associados a solos indiscriminados de mangues. Trata-se de um ambiente de alta produo de biomassa, que serve de berrio para inmeras espcies marinhas e continentais. Por estar sujeito a quatro oscilaes de mar num perodo de 24 horas (duas de preamar e duas de baixamar), estabelecida uma cobertura vegetal altamente especializada. O mangue (vegetao pereniflia paludosa martima de mangue) tem como caracterstica principal suportar inundaes peridicas e altos ndices de salinidade. A Figura 20 e a Figura 21 mostram os padres fisionmicos da vegetao de mangue.Figura 19

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Figura 20

Figura 21

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Figura 22

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Figura 23

O ecossistema manguezal possui vegetao arbrea haloftica, composta por cinco espcies principais, que se distribuem de forma diferenciada nas plancies fluviomarinhas. Atravs da Figura 22, o porte e exuberncia de algumas espcies do mangue exibem estgio climxico. Essa unidade de vegetao contribui para que o manguezal seja o ecossistema dotado de maior produtividade no litoral do Municpio, atuando na fertilizao de suas guas mediante o aporte de matria orgnica. O mangue atua na funo de estabilizao geomorfolgica. protegendo contra inundaes, impactos das mars, fixando solos instveis, diminuindo a eroso das margens dos canais dos esturios e regulando a deposio de sedimentos no litoral. Dessa forma, a cobertura vegetal, alm de atuar no equilbrio dos processos geomorfognicos da plancie fluviomarinha, diminui o avano de dunas sobre os cursos dgua e contribui para a manuteno da linha da costa (SILVA, 1998). O mangue constantemente devastado para a retirada de madeira lenhosa que serve como matriz energtica ou para a construo civil. A atividade salineira teve grande impacto nos manguezais dos rios Cear, Coc e Pacoti. Em meados da segunda metade do sculo XX, grandes reas de mangue daqueles rios foram devastadas e incorporadas atividade. A expanso urbana invadindo estas reas, para fins de moradia ou empreendimentos tursticos e industriais, impactaram irreversivelmente o sistema ambiental. A Figura 23 mostra vista area parcial da plancie fluviomarinha do rio Cear no limite entre os Municpios de Fortaleza ( direita) e Caucaia (esquerda). Na fotografia, possvel verificar reas incorporadas atividade salineira no Municpio de Fortaleza que atualmente encontram-se desativadas. Trata-se de um ambiente com alta vulnerabilidade ocupao, justificando seu enquadramento legal como reas de preservao compulsria.

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PLANCiES FLUViAiS

E

LACUSTRES

Souza (2000) acentua que as plancies fluviais so as formas mais caractersticas de acumulao decorrentes da ao fluvial e se distribuem longitudinalmente acompanhando a calha dos rios Maranguapinho, Cear, Coc, Pacoti e seus principais tributrios (Figura 24 e Figura 25). As plancies lacustres so reas de acumulao inundveis que bordejam as lagoas perenes e semiperenes existentes no litoral e nos tabuleiros pr-litorneos ou correspondem a reas aplainadas, com ou sem cobertura arenosa, submetidas a inundaes peridicas e precariamente incorporadas rede de drenagem. Os sedimentos aluviais que compem as plancies fluviais e lacustres so predominantemente areias finas e mdias, com incluses de cascalhos inconsolidados, siltes, argilas e eventuais ocorrncias de matria orgnica em decomposio. A Figura 26 e a Figura 27 mostram vista area parcial das lagoas da Precabura e Parangaba. A primeira constitui um complexo flviolacustre que se expande alm dos limites territoriais de Fortaleza, englobando partes de Eusbio e Aquiraz. Transversalmente, segundo Souza (1979), as plancies fluviais so subsetorizadas conforme as seguintes caractersticas: rea de vazante, vrzea baixa, vrzea alta e rampas de interflvios. A vazante constituda pelo talvegue e pelo leito menor dos rios, delimitados lateralmente por diques marginais areno-argilosos revestidos por matas ribeirinhas. A vrzea propriamente dita a rea tpica da plancie, tendo sua ocupao comprometida durante os anos de chuvas excepcionais. A vrzea alta representa setores um pouco mais elevados das plancies e ficam ao abrigo das inundaes. As rampas com baixos declives dos interflvios marcam os nveis de terraos fluviais escalonados. A Figura 28 e a Figura 29 mostram as plancies fluviais dos rios principais que drenam a maior parte do stio urbano de Fortaleza: Coc e Maranguapinho.

Figura 24

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Figura 25

Figura 26

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Figura 27

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So reas que detm um bom potencial hidrogeolgico em virtude da permoporosidade do material constituinte. Os solos predominantes so mal drenados, profundos, de textura indiscriminada e mdia, com alta fertilidade natural. So constitudos, por Neossolos Flvicos, originalmente revestidos por matas ciliares j degradadas. A retirada da mata ciliar ocasiona maior quantidade de sedimentos que colmatam as calhas fluviais e contribuem para o assoreamento dos rios e magnificao dos efeitos das cheias. A drenagem imperfeita e o encharcamento e excesso de gua durante a estao chuvosa constituem os principais fatores limitantes ao uso, tratando-se de reas constantemente sujeitas a inundaes. a que se concentra a maior parte das reas de risco existentes em Fortaleza. A Figura 30 mostra a ocupao da plancie fluvial por habitaes, expondo os residentes a riscos derivados de inundaes na quadra chuvosa.

REASFigura 28

DE

iNUNDAO SAZONAL

Figura 29

As reas de inundao sazonal so superfcies planas com ou sem cobertura arenosa, sujeitas a inundaes peridicas. Litologicamente, so compostas por sedimentos coluviais argilosos, inconsolidados, eventualmente recobertos por uma camada arenosa de topografia plana, balizada por nveis mais elevados. Os sedimentos argilosos tendem a contribuir para a impermeabilizao dos horizontes superficiais dos solos, possibilitando a permanncia da gua em superfcie, com drenagem imperfeita, precariamente incorporada rede de drenagem, favorecendo as inundaes peridicas. O escoamento do tipo intermitente sazonal em fluxo muito lento. Os solos variam de rasos a medianamente profundos, de textura indiscriminada e drenagem imperfeita, susceptveis a encharcamentos sazonais

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e eroso, com baixas a mdias condies de fertilidade natural e problemas de salinizao. So compostos, primordialmente, por Planossolos, Neossolos Flvicos e eventualmente ocorrncias de Vertissolos. A cobertura vegetal tpica de vrzeas (matas ciliares), onde a carnaba (Coperncia prunifera) a espcie mais freqente, associandose a outras plantas de porte arbreo e a gramneas. So reas medianamente frgeis com ecodinmica de ambientes instveis/transio com tendncias instabilidade. Por isso mesmo, a ocupao deve ser evitada, principalmente para auxiliar no controle das cheias.

Figura 30

TABULEiROS PR-LiTORNEOSOs tabuleiros pr-litorneos so compostos por sedimentos mais antigos, pertencentes Formao Barreiras, e se dispem de modo paralelo linha de costa e retaguarda dos sedimentos elicos, marinhos e flviomarinhos que compem a plancie litornea. A Figura 34 e a Figura 35 mostram o contato dos tabuleiros pr-litorneos da Formao Barreiras com os neossolos quartzarnicos da plancie litornea. O sistema deposicional da Formao Barreiras variado e inclui desde leques aluviais coalescentes at plancies de mars. As fcies sedimentares superficiais tm, igualmente, variaes que dependem de condies diversas, tais como: da rea-fonte dos sedimentos, dos mecanismos de mobilizao e das condies de deposio. Sob o aspecto litolgico, h predominncia de sedimentos arenoargilosos de tons esbranquiados, vermelho-amareladas e cremes. O material mal selecionado e tem variao textural de fina a mdia e estratificao indistinta (SOUZA, 1988 e 2000). Os sedimentos em apreo, de origem continental, constituem depsitos correlativos de superfcies de aplainamento interiores, tendo sido removidos e depositados em condies de resistasia e influencia-

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Figura 34

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Figura 35

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dos por morfognese mecnica (SOUZA, op cit). A Figura 36 apresenta a colorao e a espessura do material constituinte de tabuleiros em sedimentos argilo-arenosos. As reas interfluviais que compem os tabuleiros pr-litorneos. correspondem a terrenos firmes, estveis, com topografias planas e solos espessos. A sede do Municpio de Fortaleza est quase que em sua totalidade situada sobre esses terrenos. A rede de drenagem conseqente entalha os glacis de modo pouco incisivo, isolando interflvios tabuliformes. Apresenta fluxo mdio muito lento, limitando a capacidade de inciso linear que no permite ao rio escavar vales. Disso resulta que os nveis altimtricos entre as reas situadas no topo dos tabuleiros e no fundo dos vales no ultrapassem dez metros (SOUZA, 2000). A Figura 37 mostra a pouca capacidade de entalhe da drenagem. Sob o ponto de vista dos solos, apresentam condies que variam de acordo com o material de origem. Nos tabuleiros arenosos, a superfcie plana do relevo composta por Neossolos Quartzarnicos. Nos tabuleiros com predomnio de coberturas areno-argilosas, h maior ocorrncia de Argissolos Vermelho-Amarelos. Neossolos Quartzarnicos so solos profundos, com drenagem excessiva, elevada acidez e fertilidade natural baixa. Argissolos Vermelho-Amarelos apresentam-se como solos profundos, bem drenados e com fertilidade natural variando de baixa a mdia. A vegetao de tabuleiros no se apresenta homognea, principalmente se analisada sob o ponto de vista fisionmico. Existem duas feies distintas: subpereniflia e caduciflia, conforme Fernandes (1990) citado por Souza (2000). A vegetao subpereniflia situa-se principalmente nas reas prximas ao litoral recobrindo Argissolos Vermelho-Amarelos Distrficos e Neossolos Quartzarnicos. constituda por espcies de porte arbreo/arbustivo. medida que se aproxima do contato com a depresso sertaneja, passa

Figura 36

Foto: Tay Martins

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Figura 37

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Figura 39

Figura 40

a haver uma predominncia de espcies caduciflias, configurando certa similaridade com as caatingas das depresses sertanejas. Corresponde a um complexo florstico que inclui espcies de matas, das caatingas, do complexo litorneo e dos cerrados. Fisionomicamente, percebe-se que, apesar da descaracterizao paisagstica generalizada sobre os tabuleiros em face da expanso urbana, h ocorrncia de plantas adensadas com porte arbreo-arbustivo. Nesse sentido assume destaque a mata de tabuleiro existente no stio Curi (Figura 38) e no campus do Pici da Universidade Federal do Cear (Figura 39). Tratam-se dos ltimos resqucios do padro de vegetao primitivo do Municpio. Cabe ressaltar a pequena reserva de vegetao de cerrado, em reas de tabuleiros arenosos no bairro Cidade dos Funcionrios. Trata-se do ltimo remanescente vegetacional desse complexo, numa rea restrita de aproximadamente 28.000 m, e que testemunha evidncias de flutuaes climticas quaternrias. A Figura 40 apresenta mosaico de fotografias areas e mapa bsico do remanescente de cerrados em rea de grande valorizao imobiliria em Fortaleza. Vale destacar que a rea s no fora incorporada ao mercado imobilirio por ser de propriedade do Exrcito Brasileiro e da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT). Existem, contudo, manifestaes do Exrcito para venda da rea e da ECT para expanso do centro de triagem e administrativo da Empresa. So ambientes que possuem ecodinmica favorvel e poucas restries ao uso e ocupao. Apresenta condies propcias expanso urbana, dada a topografia pouco acidentada, propiciando ocupaes e usos variados, desde que observadas as adequadas condies de infraestrutura urbana e de saneamento ambiental. As limitaes ocupao referem-se, principalmente, manuteno do equilbrio ambiental e controle de cheias, com destaque para as reas mais prximas confluncia de canais fluviais e/ou em reas

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prximas s plancies fluviomarinhas, com destaque para as plancies dos rios Coc, Coau, Maranguapinho, Cear e Pacoti.

TRANSiO TABULEiROS PR-LiTORNEOS E DEPRESSO SERTANEJACorresponde poro meridional do Municpio e abrange a rea de contato do embasamento cristalino com os sedimentos da Formao Barreiras. A rea do embasamento exibe acentuada diversificao litolgica, com rochas indistintamente truncadas por superfcie de eroso onde os processos de pediplanao deram origem s depresses sertanejas. A transio entre os tabuleiros e a depresso sertaneja no tem rupturas topogrficas ntidas (Figura 41 e Figura 42). A rede de drenagem superficial densa, de padro dendrtico e com pequena capacidade de entalhamento em face da intermitncia sazonal dos cursos d`gua. Os solos tm predominncia de Argissolos Vermelho-Amarelos pouco profundos, moderadamente drenados, com textura mdia, cascalhentos e com fertilidade natural mdia. As caatingas com variados padres fisionmicos e florsticos prevalecem no domnio dos sertes circunjacentes semi-ridos. O padro arbreo s chega a prevalecer onde a semi-aridez mais moderada e onde os solos tm melhores condies de fertilidade natural. Quando as condies ambientais oferecem maiores limitaes edficas, h primazia de padro arbustivo denso ou aberto. Quando mais fortemente degradada, as condies fisionmicas tendem a apresentar um tapete herbceo extensivo, ao lado de rvores e arbustos esparsos (Figura 43).

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Figura 43

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MORROS RESiDUAiSVerificam-se dois relevos de exceo no Municpio, e esto associados a atividades vulcnicas tercirias. Constituem uma provncia petrogrfica geneticamente associada ao vulcanismo tercirio do arquiplago de Fernando de Noronha (BRANDO at alii, 1995). Essas rochas vulcnicas alcalinas apresentam-se em forma de necks e diques, constitudas por litotipos classificados dominantemente como fonlitos e traquitos de colorao cinza-esverdeada. Esses relevos apresentam ocorrncias nos morros do Caruru e Ancuri. O Caruru apresenta-se em forma tpica de neck vulcnico, situado entre as desembocaduras dos rios Coc e Pacoti (Figura 44). O Ancuri localiza-se na poro sul do Municpio, no limite geogrfico com Itaitinga, tratando-se de um relevo residual de forma elipsoidal (Figura 45). So reas que devem ser destinadas preservao ambiental, dada a grande inclinao das vertentes, pouco desenvolvimento de solos e elevado grau de impactos desencadeados pela minerao no Caruru e o carter estratgico do Ancuri para o abastecimento de gua da Capital.

Figura 44

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Figura 45

SiNOPSE

DA

COMPARTiMENTAO AMBiENTAL

A sinopse da Compartimentao Geoambiental apresentada em quadros sinpticos (Quadro 3 a Quadro 12) que sintetizam as caractersticas dos sistemas ambientais.

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Figura 46 Mapa de Sistemas Ambientais.

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Tabuleiro Plancie Litornea Vales

Morros Residuais Faixa de Transio Corpos Dgua

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Tabela 4 Sistemas Ambientais - Municpio de Fortaleza 2006.

Figura 47 Grfico dos Sistemas Ambientais - Municpio de Fortaleza 2006.

Faixas de Praia Terraos Marinhos Dunas Mveis

Dunas Fixas Plancies Fluvio Marinhas com Manguezais

Plancies Fluviais Plancies Lacustres

rea de Inundao Sazonal

Figura 48 Grficos dos Sub-sistemas Ambientais - Municpio de Fortaleza - 2006.

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FAixA

DE

PRAiA

E

TERRAOS LiTORNEOSCapacidade de Suporte Potencialidades Patrimnio paisagstico; turismo e lazer; energia elica; recursos hdricos subterrneos; criao de ambientes de preservao nas unidades de uso sustentvel como nas APAs da Sabiaguaba, do esturio do rio Cear e do rio Pacoti. Limitaes Ambientes legalmente protegidos; terrenos com alta permoporosidade; alta vulnerabilidade poluio/ contaminao dos recursos hdricos superficiais e subterrneos; aqfero livre presente em pequenas profundidades com areias de elevada condutividade hidrulica; muito suscetvel contaminao; restries s atividades minerrias em face da grande vulnerabilidade do ambiente dunar. Ecodinmica Ambientes fortemente instveis e com alta vulnerabilidade ocupao. Impactos e Riscos, de Ocupao e recomendaces Comprometimento da qualidade das guas; eroso marinha e recuo da linha de costa; processos erosivos ativos; desequilbrio no balano sedimentolgico do litoral; desmonte ou interrupo do deslocamento de dunas por ocupao desordenada pode intensificar a eroso costeira (retrogradao), descaracterizar a paisagem e comprometer a hidrodinmica marinha; perda de atrativos tursticos; desestabilizao de dunas fixas pela retirada da cobertura vegetal pode desencadear processos dedegradacionais; desestabilizao do sistema dunar com riscos de alterao da paisagem (explorao de areia e trnsito de veculos); monitoramento rigoroso da faixa praial e dos terraos para evitar ocupaes desordenadas.

Caractersticas Naturais Dominantes rea plana ou com declive muito suave para o mar, resultante de acumulao marinha. Tem menor taxa de ocupao ao longo da praia do Futuro e principalmente da Sabiaguaba, estendendo-se com direo NW-SE. A oeste da ponta do Mucuripe at a Barra do Cear, o sistema ambiental apresenta a maior parte dos seus componentes degradados ou suprimidos e a organizao funcional eliminada em virtude da expanso urbana contnua e desordenada. H, por conseqncia, descaracterizao dos substratos terrestre e marinho, alteraes das drenagens ou da hidrodinmica. Trata-se de superfcie composta de material arenoso inconsolidado que se estende desde o nvel de baixa-mar para cima, at a zona de vegetao permanente ou onde h mudanas morfolgicas ntidas, correspondendo ao antigo relevo costeiro (paleolinhas de praias).

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Quadro 3 - Estado Atual de Conservao: rea que apresenta o sistema ambiental primitivo de parcial a fortemente modificado, com dificuldades de regenerao natural pela explorao ou substituio de alguns de seus componentes.

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DUNAS MVEiSCapacidade de Suporte Potencialidades Limitaes Forte vulnerabilidade Patrimnio paiMorros de areias quaambiental; baixo sagstico; recursos ternrias em depsitos hdricos subterrne- suporte para edificamarinhos inconsolios e corpos d`gua es; alta susceptibidados, acumulados e lidade poluio dos lacustres; prtiremodelados pelo vento solos e dos recursos cas de educao e desprovidos de solos e hdricos; Implantade cobertura vegetal. As ambiental; energia o viria; minerao elica. dunas ativas ou mveis descontrolada. ocorrem com maior freqncia nas praias do Futuro e Sabiaguaba, sendo submetidas ao deslocamento incessante sob efeito dos ventos, especialmente no perodo da estao seca. Caractersticas Naturais Dominantes Ecodinmica Ambiente fortemente instvel. Impactos, Riscos de Ocupao e recomendaes Desmonte ou interrupo do deslocamento das dunas por ocupao desordenada pode intensificar a eroso costeira, descaracterizar a paisagem e comprometer a hidrodinmica marinha; desequilbrio no balano sedimentolgico do litoral; perda de atrativos paisagsticos e tursticos; elaborao do Plano de Manejo das Unidades de Conservao que contenham esse sistema ambiental; monitoramento rigoroso do campo de dunas, para evitar ocupaes desordenadas.

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Quadro 4 - Estado Atual de Conservao: modificaes severas e generalizadas, com urbanizao consolidada nas reas norte e oeste do Municpio; parcialmente mantidas na poro leste, noroeste e do esturio do rio Coc.

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DUNAS FixASCapacidade de Suporte Impactos, Riscos de Ocupao e recomendaes Potencialidades Limitaes Ecodinmica Desestabilizao das dunas Ambientes de Morros de areias quar- Patrimnio paisagsti- Ambientes legalmente ternrias em depsitos co; recursos hdricos; protegidos; de mode- moderada a forte- por desmatamentos pode reativar as aes erosivas mente instveis. prticas de educao rada a forte instabilimarinhos e litornee intensificar o trnsito ambiental; preserva- dade ambiental; baixo os inconsolidados e de areias, assoreamento suporte para edificao ambiental; acumulados pelo vento. de manguezais, espelhos es; alta susceptibibiodiversidade; Processos incipientes de dgua e reas urbanas; lidade poluio dos pesquisa cientfica. edafizao viabilizam a monitoramente rigoroso solos e dos recursos fixao das dunas por do campo de dunas fixas, hdricos; implantao meio da fitoestabilizapara evitar ocupaes viria; restries s o. Constituem morros desordenadas. atividade minerrias. de areia pertencentes a geraes mais antigas de dunas, estando alguns, eventualmente, dissipados. Em alguns casos, como nas Praias do Futuro e Sabiaguaba, elas ocorrem simultaneamente com o campo de dunas mveis. Caractersticas Naturais Dominantes

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Quadro 5 Estado Atual de Conservao: modificaes severas e generalizadas, com urbanizao consolidada, exceto na poro leste do Municpio.

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COMPLExO FLUViOMARiNHOCaractersticas Naturais Dominantes Superfcie plana, resultante da combinao de processos de acumulao fluvial e marinha, sujeita a inundaes peridicas e comportando manguezais nas bordas das reas estuarinas. reas complexas de peridica a permanentemente inundveis, com se