andrade macedo oliveira 2014 a-producao-cientifica-em-gener 34588

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Este artigo tem como objetivo mapear as atividades desenvolvidas pelos gruposde pesquisa sobre gênero na área de administração e procurar compreender asrelações entre eles. Identidades de gênero são vistas como importantes categoriassociais para a compreensão de relações de poder e interações humanas nas organizações.Para compreender como se dão tais relações que envolvem tal tema,o aporte metodológico contempla estudos bibliométrico e sociométrico da produçãoem gênero de líderes de grupos de pesquisa em administração que lidamcom a temática, seja em linhas de pesquisa ou em impactos e ações apresentadosna descrição do grupo, apoiado por estatística descritiva para facilitar a visualizaçãodos dados. Foram encontrados 32 grupos com tais características, em suamaioria recentes (metade deles com cinco anos de formalização), que têm, aotodo, 42 líderes, os quais produziram, como autores ou coautores, 88 artigossobre gênero, entre janeiro de 1995 e janeiro de 2014, com concentração emperiódicos A2 e B3. O estudo sociométrico revela uma rede de coautorias poucodensa, sem um ator centralizador, caracterizando reduzido número de relaçõesde coautoria e um número reduzido de autores que apresentam publicações pautadasem gênero, o que indica que o tema não é trabalhado por esses autores ouos trabalhos desenvolvidos não são voltados para produções científicas. Tambémindica a importância das orientações na pós-graduação, para a difusão do temaem diferentes universidades e para a manutenção de relações de coautoria entrepesquisadores, que foram, em determinado momento, orientadores e orientandos.A relevância dos resultados encontra-se na compreensão inicial do campo,a partir dos grupos de pesquisa que constituem um elemento importante paraos programas de pós-graduação e para a produção científica. Como limitações,coloca-se a análise parcial dos grupos, apenas da produção científica dos líderes,além da possibilidade de desatualização de dados presentes no Diretório dosGrupos. Apresentam-se como perspectivas de investigação futura: um estudoaprofundado da produção científica analisada por meio da sociometria, o resgatehistórico da constituição dos grupos e suas relações com projetos de pesquisa eextensão, financiados por agências de fomento.

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  • Este artigo pode ser copiado, distribudo, exibido, transmitido ou adaptado desde que citados, de forma clara e explcita, o nome da revista, a edio, o ano, e as pginas nas quais o artigo foi publicado originalmente, mas sem sugerir que a RAM endosse a reutilizao do artigo. Esse termo de licenciamento deve ser explicitado para os casos de reutilizao ou distribuio para terceiros. No permitido o uso para fins comerciais.

    RAM, REV. ADM. MACKENZIE, 15(6), Edio Especial SO PAULO, SP NOV./DEZ. 2014 ISSN 1518-6776 (impresso) ISSN 1678-6971 (on-line) http://dx.doi.org/10.1590/1678-69712014/administracao.v15n6p48-75. Submisso: 19 jul. 2014. Aceitao: 30 out. 2014.

    Sistema de avaliao: s cegas dupla (double blind review). UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. Ana Silvia Rocha Ipiranga, Eloisio Moulin de Souza e Maria Luisa Mendes Teixeira (Ed. Convidados), p. 48-75.

    AAa produo cientfica em gnero no brasil: um panorama dos grupos de pesquisa de administrao

    LUS FERNANDO SILVA ANDRADEMestrando do Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

    Caixa Postal 3.037, Departamento de Administrao e Economia (DAE), Bloco III,

    Campus Universitrio, Lavras MG Brasil CEP 37200-000

    E-mail: [email protected]

    ALEX DOS SANTOS MACEDOMestrando do Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

    Gestor de Cooperativas do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viosa (DER-UFV).

    Caixa Postal 3.037, Departamento de Administrao e Economia (DAE), Bloco III

    Campus Universitrio, Lavras MG Brasil CEP 37200-000

    E-mail: [email protected]

    MARIA DE LOURDES SOUZA OLIVEIRADoutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pelo Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento,

    Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ).

    Professora do Departamento de Administrao e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE-Ufla).

    Caixa Postal 3.037, Departamento de Administrao e Economia (DAE), Bloco II

    Campus Universitrio, Lavras MG Brasil CEP 37200-000

    E-mail: [email protected]

  • RAM, REV. ADM. MACKENZIE, 15(6), Edio Especial, 48-75 SO PAULO, SP NOV./DEZ. 2014 ISSN 1518-6776 (impresso) ISSN 1678-6971 (on-line)

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    RESUMO

    Este artigo tem como objetivo mapear as atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisa sobre gnero na rea de administrao e procurar compreender as relaes entre eles. Identidades de gnero so vistas como importantes categorias sociais para a compreenso de relaes de poder e interaes humanas nas orga-nizaes. Para compreender como se do tais relaes que envolvem tal tema, o aporte metodolgico contempla estudos bibliomtrico e sociomtrico da pro-duo em gnero de lderes de grupos de pesquisa em administrao que lidam com a temtica, seja em linhas de pesquisa ou em impactos e aes apresentados na descrio do grupo, apoiado por estatstica descritiva para facilitar a visuali-zao dos dados. Foram encontrados 32 grupos com tais caractersticas, em sua maioria recentes (metade deles com cinco anos de formalizao), que tm, ao todo, 42 lderes, os quais produziram, como autores ou coautores, 88 artigos sobre gnero, entre janeiro de 1995 e janeiro de 2014, com concentrao em peridicos A2 e B3. O estudo sociomtrico revela uma rede de coautorias pouco densa, sem um ator centralizador, caracterizando reduzido nmero de relaes de coautoria e um nmero reduzido de autores que apresentam publicaes pau-tadas em gnero, o que indica que o tema no trabalhado por esses autores ou os trabalhos desenvolvidos no so voltados para produes cientficas. Tambm indica a importncia das orientaes na ps-graduao, para a difuso do tema em diferentes universidades e para a manuteno de relaes de coautoria entre pesquisadores, que foram, em determinado momento, orientadores e orientan-dos. A relevncia dos resultados encontra-se na compreenso inicial do campo, a partir dos grupos de pesquisa que constituem um elemento importante para os programas de ps-graduao e para a produo cientfica. Como limitaes, coloca-se a anlise parcial dos grupos, apenas da produo cientfica dos lde-res, alm da possibilidade de desatualizao de dados presentes no Diretrio dos Grupos. Apresentam-se como perspectivas de investigao futura: um estudo aprofundado da produo cientfica analisada por meio da sociometria, o resgate histrico da constituio dos grupos e suas relaes com projetos de pesquisa e extenso, financiados por agncias de fomento.

  • RAM, REV. ADM. MACKENZIE, 15(6), Edio Especial, 48-75 SO PAULO, SP NOV./DEZ. 2014 ISSN 1518-6776 (impresso) ISSN 1678-6971 (on-line)

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    LUS FERNANDO SILVA ANDRADE ALEX DOS SANTOS MACEDO MARIA DE LOURDES SOUZA OLIVEIRA

    PALAVRAS-CHAVE

    Gnero. Grupos de pesquisa em administrao. Sociometria. Bibliometria. Produo cientfica.

    1 INTRODUO

    Este estudo refere-se ao campo de gnero no Brasil e foi baseado na anlise dos grupos de pesquisa que integram o Diretrio dos Grupos de Pesquisa no Brasil/Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), na rea de administrao, e complementado com informaes disponveis no Currculo Lattes dos lderes de pesquisa dos grupos, visando verificar a sua con-tribuio para a construo e consolidao dessa rea de conhecimento no pas. Fomos motivados a realizar este estudo diante da necessidade de uma melhor compreenso sobre a configurao desse campo de pesquisa, a partir de uma viso que leve em considerao a produo cientfica dos pesquisadores e as rela-es existentes entre eles, bem como os limites e as possibilidades de avano dessa temtica. Todas essas questes inicialmente apontadas podem impactar as configuraes elencadas como prioritrias para as anlises.

    Trabalhos que analisaram a produo cientfica brasileira em gnero, diver-sidade e minorias e masculinidades, especificamente na rea de estudos organi-zacionais (Costa & Ferreira, 2006; Cappelle, Brito, Melo, & Vasconcelos, 2007; Souza, Moraes, Duarte, & Higashi, 2012; Souza, Corvino, & Lopes, 2013), nos revelam um aumento no nmero de publicaes sobre a temtica, evidenciando que o campo ainda est em construo. Apontam ainda possibilidades de pesqui-sa e interveno, bem como alguns limites que necessitam ser superados, como a incorporao de alguns aspectos da lgica funcionalista do fazer cientfico, tais como: a objetividade, a neutralidade e a impessoalidade (Cappelle et al., 2007, p. 524). Para os referidos autores, tal posicionamento por parte dos pes-quisadores evidencia uma lacuna terica metodolgica, que nega as constru-es sociais que reproduzem e naturalizam as relaes de gnero e no capaz de superar as concepes dominantes acerca do referido conceito que a prpria disciplina Administrao tem reproduzido e disseminado por meio de uma produo cientfica ainda incipiente (Cappelle et al., 2007, p. 524).

    Outro ponto a incoerncia conceitual nos estudos sobre masculinidades e gnero, principalmente os trabalhos sobre Consumo e Beleza, ao relacionarem e estudarem o masculino apenas em homens, contribuindo para uma aproximao

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    conceitual equivocada e estereotipada em que masculino est relacionado a sexo e refere-se apenas a homens (Souza et al., 2012, p. 213). H tambm uma lacuna de pesquisas que estudem o feminino no somente em mulheres, mas tambm em homens, rompendo assim de forma definitiva com a viso biolgica de gnero, em que o sexo determinaria o gnero (Souza et al., 2013, p. 618).

    Alm dos fatores citados, outro tpico ainda a ser superado, no entendimen-to de Souza et al. (2012, p. 214), o de uma maior abertura dos corpos editoriais destas revistas (leia-se das reas de administrao) para temticas relacionadas a gnero. Souza et al. (2013, p. 619) ponderam que importante que no somen-te os pesquisadores, mas tambm as revistas se abram para essa temtica. Acre-ditamos que uma das formas de superar tais limites pode ser a constituio e o trabalho de grupos de pesquisas interinstitucionais em que se poderia refletir sobre metodologias adequadas, alm de realizar trabalhos em conjunto pesqui-sas, produes, seminrios, eventos sobre a temtica, entre outros.

    Dessa forma, buscamos com este artigo mapear as atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisa sobre gnero na rea de administrao e procurar com-preender as relaes entre eles. Alm desta seo introdutria, apresentamos, para a construo deste artigo, mais cinco sees: na seo 2, estabelecemos o referencial terico e abordamos alguns aspectos referentes aos estudos organiza-cionais; na seo 3, tratamos de pesquisa acadmica e grupos de pesquisa sobre gnero no Brasil; na seo 4, apresentamos os procedimentos metodolgicos e apontamos os processos de escolha e anlise dos dados; na seo 5, discutimos os resultados; e, por ltimo, traamos as consideraes finais.

    2 GNERO E ESTUDOS ORGANIZACIONAIS

    A mdia e a sociedade adotam um discurso de que as mulheres cada vez mais conquistam lugar no espao pblico nas organizaes, na poltica, na economia e em outros lugares , na tentativa de homogeneizar a igualdade entre homens e mulheres. Porm, esse discurso naturalizado cai por terra quando se analisa a diviso sexual do trabalho.

    Muito embora as sociedades ocidentais estejam progressivamente incrementan-do e operacionalizando o discurso igualitrio entre homens e mulheres em reas como cultura, educao e legislao, mudanas so escassas quando se analisa a diviso sexual do trabalho (Steil, 1997, p. 1).

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    Cabe ainda ressaltar que gnero, como categoria analtica, trata da constru-o social da masculinidade e feminilidade (Steil, 1997), em homens e mulheres (Souza et al., 2012), e que as identidades sexuais, opes sexuais e identidades tnico-raciais que destoam de uma suposta normalidade levam aqueles que as detm a ser marginalizados e considerados o outro. Dessa forma, conforme ressalta Tauches (2006 como citado em Carrieri, Souza, & Aguiar, 2014, p. 81), no nvel institucional, gnero e sexualidade so organizados em uma hierar-quia, na qual homens, masculinidade e heterossexualidade so valorizados em relao a mulheres, feminilidade e homossexualidade.

    Os dados apresentados em seguida revelam importantes conquistas do movimento feminista e tambm a notoriedade das pesquisas que tratam das mulheres no mercado de trabalho. Demonstram, no entanto, as lacunas sobre pesquisas (semelhantes a essas sobre mulheres) que tratem das condies de trabalho e empregabilidade para homossexuais e transexuais, bem como sobre um enfoque relacional do gnero nas organizaes.

    Partindo de um resgate histrico, sabemos que muitos avanos foram con-quistados com o advento das lutas do movimento feminista no Brasil. Por exem-plo, 80% das reivindicaes do movimento foram inseridas na Constituio Federal de 1988 (Carneiro, 2003), o que contribuiu para o processo de demo-cratizao do pas. Dentre as conquistas, tm-se a criao de rgos destinados elaborao de polticas para as mulheres de promoo da igualdade de gnero e combate discriminao contra as mulheres, a luta contra a violncia domstica e sexual fazendo parte de polticas especficas, resultando em Delegacias Espe-cializadas no Atendimento Mulher (Deams), os abrigos institucionais para a proteo de mulheres em situao de violncia, entre outras (Carneiro, 2003).

    Ressaltamos que tais avanos ainda no so suficientes, nem esto presentes em todo o territrio nacional. Com as devidas ressalvas quanto a uma concep-o binria de gnero que engloba apenas homens e mulheres hierarquizados corporalmente (Souza & Carrieri, 2010), percebemos que ainda h muito o que conquistar em nossa sociedade, uma vez que se visualiza, no mercado de traba-lho, uma menor insero em termos de ocupao das mulheres (46,2%) em rela-o aos homens (67,7%) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica [IBGE], 2013a). Quando esto ocupadas, seus rendimentos so inferiores (73,6%) aos dos homens, bem como tal insero no eliminou a histrica desigualdade nas opor-tunidades de insero ocupacional entre os sexos (Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Socioeconmicos [Dieese], 2013, p. 5). Entretanto, em ter-mos de desocupao, as mulheres representavam maioria (54,3%) no segundo trimestre de 2013 (IBGE, 2013b). Tal situao se assevera ainda mais quando a anlise realizada por sexo, cor ou raa. Por exemplo, a taxa de desocupao

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    mostrou maior predominncia das mulheres negras ou pardas (56,0%) em rela-o s mulheres brancas (43,3%) e da mesma forma em relao aos homens negros ou pardos (55,2%) quando comparados com os homens brancos (43,6%).

    A pesquisa realizada pelo Dieese (2013, p. 2) sobre a insero das mulheres no mercado de trabalho, nas regies metropolitanas de Belo Horizonte, Fortale-za, Porto Alegre, Recife, Salvador, So Paulo e no Distrito Federal, revelou que as mulheres continuam a estar em menor proporo entre os ocupados e so a maioria dos desempregados em todas as sete regies que integraram a pesquisa.

    Na poltica, as mulheres ainda so minoria, figurando o Brasil em 121 lugar no ranking mundial de igualdade entre homens e mulheres na poltica. No Sena-do Federal, as mulheres representavam 16% dos senadores; na Cmara Federal, 8,6% dos deputados; nas prefeituras, menos de 10% dos prefeitos; e, nas cma-ras municipais, 12% dos vereadores (Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica & Instituto Patrcia Galvo, 2013).

    Nas atividades econmicas, a presena feminina maior nos setores da administrao pblica (22,6% contra 10,5% de homens) e nos servios domsti-cos (14,5% contra 0,7% de homens), entretanto as mulheres so minoria na inds-tria (13% contra 19,3% de homens), na construo (1% contra 13,2% de homens), no comrcio (17,5% contra 19,6% de homens) e em outros servios (16,2% contra 19% de homens) (IBGE, 2012). Alm do mais, dentro da mesma profisso, as mulheres ocupam cargos de menor nvel hierrquico, menor remunerao, status e prestgio social, bem como atividades que esto mais relacionadas aos trabalhos de cuidado dentro das profisses.

    Nesse sentido, visualizamos que a naturalizao dos conflitos relaciona-dos ao gnero contribuem significativamente para perpetuar desigualdades no mundo do trabalho e at mesmo a insero das mulheres nos espaos pblicos, j que a discriminao de gnero

    [...] um fator determinante para as possibilidades de acesso, permanncia e con-dies de trabalho. A necessidade de transformar as condies nas quais elas se inserem e esto inseridas constitui-se em um desafio relevante para a construo de novas relaes sociais (Dieese, 2013, p. 1).

    Percebemos que, diante dos dados e pesquisas apresentados, vrios temas ainda permanecem obscuros. Ferreira (2007, p. 30), ao buscar pesquisas da dcada de 1990, encontrou discriminao, inapropriao de profisses para os homossexuais, homofobia, esteretipos negativos, estigmas sociais e o medo da AIDS como barreiras no ambiente de trabalho para homossexuais. Carrieri et al. (2014) denotam que as violncias simblicas sofridas por lsbicas, gays, bissexuais,

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    travestis, transexuais e transgneros (LGBT) so especficas e trazem as limitaes de acesso ao mercado de trabalho para lsbicas e transexuais e a impossibilidade de acesso de travestis devido ao antagonismo existente entre corpo e gnero.

    Diante da realidade apresentada, observamos que tais discrepncias podem ser compreendidas pelo conceito de diviso sexual do trabalho, discutida por Hirata (2002) e Hirata e Kergoat (2007). Assim, o trabalho uma forma de reproduzir as diferenas sexuais e manter a dominao, a reproduo de desi-gualdades: existem trabalhos de homens e de mulheres, bem como uma hie-rarquia em que o trabalho do homem tem maior valor social agregado do que o trabalho da mulher (Hirata & Kergoat, 2007).

    Nesse sentido, o gnero uma categoria analtica importante para com-preender essas desigualdades entre os sexos, tanto nos espaos pblicos quanto nos privados, revelando-nos como foram socialmente construdas e como pode-riam ser alteradas, ou seja, desconstrudas. Alm do mais, a categoria gnero auxilia na compreenso das desigualdades no somente entre os sexos, mas tam-bm sobre as desigualdades e hierarquias dentro de cada uma das categorias de gnero. Essa categoria analtica tem sido utilizada desde a dcada de 1970 pelas feministas norte-americanas para evidenciar as diferenas em relao ao sexo (Scott, 1995; Soihet, 1997). Para Scott (1995, p. 3) o termo gnero indicava uma rejeio ao determinismo biolgico implcito no uso de termos como sexo ou diferena sexual. O gnero sublinhava tambm o aspecto relacional das defini-es normativas das feminilidades. Nessa perspectiva, a compreenso de tais relaes/interaes humanas deveria ser feita conjuntamente, no analisando em separado nenhum dos dois sexos (Scott, 1995; Soihet, 1997).

    Scott (1995, p. 21) ento define gnero como elemento constitutivo de rela-es sociais baseado nas diferenas percebidas entre os sexos, e o gnero uma forma primeira de significar as relaes sociais. A autora complementa pon-derando que as mudanas na organizao das relaes sociais correspondem sempre mudana nas representaes de poder, mas a direo da mudana no segue necessariamente um sentido nico (Scott, 1995, p. 21). Ou seja, o gnero como categoria analtica seria uma forma de detectar os princpios legais, tra-dicionais, ideolgicos que fundamentam as desigualdades de gnero (Surez, 2002, p. 14).

    No contexto dos estudos organizacionais, os estudos de gnero ganharam notoriedade nos ltimos 40 anos. Os estudos organizacionais tm suas razes histricas nos escritos de pensadores do sculo XIX, como Saint-Simon, que tenta-ram antecipar e interpretar as nascentes transformaes ideolgicas e estruturais geradas pelo capitalismo industrial (Wolin, 1961 como citado em Reed, 1999, p. 61). Seus precursores enxergavam nas organizaes um mecanismo capaz de

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    resolver conflitos permanentes entre as necessidades coletivas e as vontades in-dividuais que obstruam o progresso social (Reed, 1999). Para Bertero e Keinert (1994, p. 82), a anlise organizacional contempla estudos das organizaes, independentemente das variveis utilizadas e da nfase que se coloque. No contexto nacional, Bertero e Keinert (1994) revelam que a anlise organizacional desponta juntamente com a chegada da administrao nos anos 1950 e 1960, seja em termos acadmicos ou de atividade profissional.

    Da mesma forma que os estudos organizacionais so recentes, a percepo destes sobre as questes relacionadas ao gnero tambm . At ento, os estudos organizacionais no levavam em considerao o fato de que as estruturas e os processos organizacionais eram permeados por relaes e prticas de poder ba-seadas nas relaes de gnero (Reed, 1999). Portanto, deixavam de lado alguns pontos que merecem destaque, como: gnero e suas implicaes para o modelo pelo qual se conceitualiza, analisa e pratica a organizao; o tema da etnicidade e raa e sua relevncia para o nosso entendimento da desigualdade organizacional (Reed, 1999).

    Conforme apresentado por Davel e Alcadipani (2003), a temtica de gnero vem ganhando a agenda de pesquisa na academia brasileira, nos estudos orga-nizacionais, mesmo que moderadamente. Por exemplo, somente em 2009, a temtica de gnero e diversidade entrou como temtica nos estudos organiza-cionais do Encontro da Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Administrao (EnAnpad). Conforme estudo realizado por Cappelle et al. (2007, p. 524) sobre a produo cientfica em gnero nos estudos organizacionais no Brasil, esse campo encontra-se em uma fase embrionria, apresentando amplas possibilidades de pesquisa e interveno, bem como algumas limitaes que pre-cisam ser superadas. Trata-se de limitaes tanto ontolgicas quanto epistemo-lgicas, uma vez que o entendimento das relaes de poder entre os gneros feminino e masculino no espao organizacional demanda dos pesquisadores a compreenso de que as organizaes so e sempre foram formadas por relaes entre homens e mulheres que, na tentativa de preservar seus espaos, produ-zem trocas, constroem consensos e disputas prprios da vida organizacional (Cappelle et al., 2007, p. 525).

    Os assuntos abordados sobre a temtica, segundo Davel e Alcadipani (2003, p. 78), perpassam questes relacionadas com a subutilizao do potencial femi-nino, as dificuldades de ascenso na carreira e de auto-afirmao profissional. Outros assuntos no evidenciados pelos acadmicos dos estudos organizacio-nais so a temtica masculinidade, conforme revela a metanlise de Souza et al. (2012), diversidade e minorias etnia, raa, gnero, orientao sexual, idade, ser ou no portador de necessidades especiais, os Gays, Lsbicas, Bissexuais e Transexuais LGBTs (Costa & Ferreira, 2006, p. 1). Alm desses temas, outros

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    permanecem inexplorados, como raa e etnia [...] e o de incluso de pessoas com diversas orientaes sexuais [...]. O negro e o homossexual, de forma especfica, com um olhar prprio e cuidadoso, ficaram praticamente excludos dos estudos organizacionais dos ltimos dez anos (Costa & Ferreira, 2006, pp. 6-7). Tambm h carncia de estudos que levem em considerao a anlise conjunta do feminino com questes de classe e raa, alm de estudos que versem sobre o feminino em homens (Souza et al., 2013).

    Em relao temtica masculinidade, Souza et al. (2012, p. 2014) expem que os estudos apresentam uma forte coligao e atribuio do conceito de mas-culino somente aos homens nos estudos em administrao sobre o tema. Para eles, seria necessrio um avano nessa perspectiva, incluindo estudos que tra-tem sobre o masculino, as mulheres, os gays, as lsbicas, os preconceitos sofri-dos pelos homens dentro das organizaes, bem como uma maior abertura dos peridicos para o assunto em questo.

    Quando o assunto diversidade e minorias no contexto organizacional, Costa e Ferreira (2006, p. 11) apontam que o que no possvel que uma gerao de pesquisadores feche os olhos diante desta lacuna na literatura admi-nistrativa. Para esses autores, isso seria o mesmo que reforar as desigualdades, em que s permanecem os vencedores (leia-se os de boa posio social, de alta escolaridade e alto padro de vida, ou seja, os homens brancos heterossexuais) (Costa & Ferreira, 2006, p. 11).

    A compreenso destas questes gnero, masculinidade, diversidades e mino-rias no ambiente organizacional torna-se prioritria para a organizao (Siqueira & Zauli-Fellows, 2006), pois, ao realizar uma poltica inclusiva e de respeito s diversidades no contexto organizacional, que leve em considerao as diferenas dos colaboradores, como gnero, orientao sexual, raa, idade, classe social, reli-gio, portadores ou no de necessidades especiais, entre outras, ela pode sair for-talecida e contribuir para o amadurecimento dos debates internos e seus limites.

    3 PESQUISA ACADMICA E GRUPOS DE PESQUISA NO BRASIL

    Partindo de um nvel nacional, percebemos que a pesquisa acadmica no Brasil recente, uma vez que a ps-graduao foi institucionalizada apenas em 1965 (Machado & Alves, 2005), embora pesquisadores formados no exterior j trabalhassem nas universidades brasileiras em anos anteriores. Maus (2007, p. 65) ressalta que certas temticas, entre elas gnero, estavam fadadas a uma espcie de guetizao, reservada a pequeno nmero de pesquisadores, cuja for-mao na ps-graduao fora concebida fora do territrio nacional.

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    De acordo com a autora, o aumento gradativo do nmero de pesquisadores no Brasil adveio da combinao das competncias adquiridas e dos investimentos do Estado, o que fez com que a pesquisa ento se configurasse como atividade vital da academia e houvesse a emerso de grupos de pesquisa que investiga-vam novos ramos do saber. Mas, entre a institucionalizao da ps-graduao no Brasil e o surgimento dos primeiros grupos de pesquisa em gnero, existiu um intervalo relevante: Costa, Barroso e Sarti (1985), ao fazerem uma periodizao tanto internacional quanto nacional da pesquisa sobre mulheres e gnero, nos dizem que, antes dos anos 1970, essas pesquisas encontravam-se em um limbo, destoantes das ticas das disciplinas ento ministradas nas universidades. O movimento de liberao da mulher entre 1970 e 1975 apresentava crescente adeso internacional, enquanto, no Brasil, o interesse existente pelo tema no podia ser conciliado com a vida profissional. Apesar do crescente interesse pelo tema nos anos seguintes e dos confrontos entre pesquisadores da rea, outros pesquisadores, rgos de fomento e o movimento feminista em si, somente na dcada de 1980 os primeiros grupos de pesquisa que versavam sobre gnero se institucionalizaram.

    Conforme Ikeda, Campomar e Veludo-de-Oliveira (2005), apesar de, na dcada de 1970, o sistema de financiamento de pesquisa por agncias externas j estar estabelecido e de o Ministrio da Educao (MEC) j ter regulado os cursos de ps-graduao para todas as reas do conhecimento, dividindo-os em mestrado e doutorado, apenas em 1981 surgiram os dois primeiros ncleos de estudo do tema: Ncleo de Estudos, Documentao e Informao sobre a Mulher (Nedim) da Universidade Federal do Cear (UFC) e Ncleo de Estudos sobre a Mulher (NEM) da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Percebemos que esses grupos e os outros que vieram depois estavam inclusos no mbito da sociologia.

    Em nossa anlise, constatamos que o primeiro grupo de pesquisa de gnero nas cincias sociais aplicadas, especificadamente na administrao, surgiu em 1991: Ncleo de Relaes de Trabalho e Tecnologias de Gesto (Nurteg) da Facul-dade Novos Horizontes (FNH). At os anos 2000, apenas outro grupo foi criado, Grupo de Estudos em Inovao Tecnolgica na Agricultura (Geita) do Instituto Agronmico do Paran (Iapar), em 1995. Percebe-se um crescimento exponen-cial do nmero de grupos ao longo dos ltimos dez anos (ver Grfico 1), passando de dez grupos em 2003 para 32 grupos em 2013, o que denota o aumento do inte-resse e a importncia das pesquisas em gnero nos ltimos anos. No prximo tpico, discutiremos a metodologia e a forma como os dados secundrios obtidos foram processados e analisados.

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    grfico 1

    NMERO DE GRUPOS DE PESQUISA EM GNERO NA ADMINISTRAO

    Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (n.d.).

    4 METODOLOGIA

    A opo por trabalhar com dados secundrios do CNPq forneceu uma viso ampliada da realidade investigada. importante elencar, no entanto, alguns limi-tes metodolgicos durante a anlise das informaes. Os dados frios represen-tam informaes datadas e pontuais referentes ao fenmeno social em anlise, nesse caso, especificamente, a configurao do campo de pesquisa de gnero nos grupos de pesquisa em administrao. Compreendemos que algumas das configuraes demandam identificar uma srie de questes que no se mos-tram visveis em aparncia numrica, como: principais privaes para criao do grupo; possveis vinculaes com os programas de ps-graduao na pers-pectiva de compreender como e por que as possibilidades foram construdas; limitaes de contextos locais das produes cientficas; vinculaes com ativida-des de extenso; interdisciplinaridade; associaes com atividades de graduao; associaes com a expanso universitria via Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (Reuni); e movimentos institucionais internos de presso por metas.

    Diante dessas ponderaes, cabe esclarecer que esta uma pesquisa explora-tria descritiva, na qual utilizamos um estudo bibliomtrico e sociomtrico para proceder investigao. A pesquisa descritiva caracterizada como aquela que

    36

    33

    30

    27

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    18

    15

    12

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    3

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    1991

    1992

    1993

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    R = 0,9774

    1 1 1 12 2 2 2 2 3

    4

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    objetiva descrever certo fenmeno (Malhotra, 2006). A bibliometria, segundo Arajo (2006), uma tcnica quantitativa de medio de produo e difuso do conhecimento cientfico, enquanto a sociometria, conforme apresentado por Moreno (1972), uma tcnica na qual se desenvolve uma investigao sistem-tica de grupos (e dos indivduos que os compem), considerando a constituio e evoluo, bem como as relaes existentes. Borges (2010, p. 347) corrobora essa definio ao afirmar que os estudos sobre redes buscam compreender a dinmica social que, junto com a perspectiva econmica, podem explicar o desenvolvimento de articulaes organizacionais e interorganizacionais em mltiplas escalas.

    Para a anlise sociomtrica, procedemos ao clculo dos seguintes indicado-res estruturais:

    Densidade: obtida pela razo entre a quantidade de relaes existentes e de relaes possveis.

    Grau de centralidade: nmero de atores aos quais um ator est ligado direta-mente, dividido em grau de sada, quantidade de ligaes que um ator em especfico tem com os demais e grau de entrada, quantidade de ligaes que os demais atores tm com um ator analisado.

    ndice de centralizao: representa uma condio em que um ator apresenta um papel central na rede, em que os demais atores devem passar por ele para que possam se ligar a outros. Esse ndice tambm dividido em grau de entrada e sada.

    Grau de intermediao: a possibilidade que um ator tem de intermediar a comunicao entre os outros, ou seja, o quanto um ator exerce papel de mediador entre os demais.

    Grau de proximidade: a capacidade de um ator estar prximo dos demais, indicando um bom posicionamento na rede (Lemieux & Ouimet, 2008; Oli-veira, Souza, & Castro, 2013).

    Diante dos esclarecimentos, buscamos compreender as atividades desen-volvidas pelos grupos de pesquisa sobre gnero na rea de administrao e as relaes entre eles. Para entender como ocorre a cooperao entre membros de grupos de pesquisa em gnero na rea de administrao no Brasil e as atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisa sobre a temtica, selecionamos, entre os diversos grupos, aqueles especficos ao tema de interesse, consideramos os grupos que apresentavam como linha de pesquisa a temtica gnero ou cujas repercusses esto relacionadas a gnero, um total de 32 grupos de pesquisa.

    Os dados foram coletados em duas fontes, nos Diretrios dos Grupos de Pesquisa do CNPq e nos currculos da Plataforma Lattes dos lderes dos grupos,

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    em janeiro de 2014. Consideramos as seguintes variveis em relao aos gru-pos: ano de formao, nmero de linhas de pesquisa, nmero de pesquisadores, nmero de estudantes, nmero de tcnicos, unidade da Federao e regio.

    Na busca integral/individual de cada currculo dos 43 lderes dos 32 grupos na Plataforma Lattes, identificamos 88 publicaes, no perodo de janeiro de 1995 a janeiro de 2014. Na anlise das publicaes, observamos as seguintes variveis: quantidade de publicaes, extrato do peridico, coautorias entre lderes dos gru-pos de pesquisa e coautorias entre lderes dos grupos e lderes de outras institui-es de pesquisa. Para identificarmos as publicaes nos currculos dos lderes de grupos de pesquisa relacionados temtica de interesse, observamos se os artigos versavam sobre assuntos relacionados a gnero desigualdade de gnero, relaes de trabalho, minorias, diversidade e masculinidades.

    Para o tratamento dos dados, realizamos uma estatstica descritiva e anlise de redes, com base em trabalhos realizados por Francisco (2011), Walter e Bach (2013), Watanabe, Gomes e Hoffmann (2013). Utilizamos a estatstica descritiva para descrever e relacionar as caractersticas gerais dos grupos de pesquisa, ana-lisando a produo cientfica deles. Em relao anlise de redes, organizamos os dados referentes s coautorias entre membros dos grupos em matrizes e as analisamos com auxlio do software Ucinet, buscando identificar as relaes entre os lderes de grupos de pesquisas e as coautorias, bem como a relao das publi-caes entre os lderes dos grupos de pesquisa com os lderes de outros grupos de instituies diferentes. Os resultados da rede de coautoria so descritos em sociogramas, feitos no software NEtdraw. Por fim, as caractersticas e a produo cientfica dos grupos foram analisadas com base nos resultados das redes des-critas. Os resultados da pesquisa so apresentados nos tpicos seguintes.

    5 RESULTADOS E DISCUSSES

    Para uma melhor visualizao, dividimos os resultados e as discusses em trs tpicos: panorama geral dos grupos de pesquisa, produo cientfica dos grupos de pesquisa e relacionamento entre os grupos de pesquisa e sua relao com a produo cientfica.

    5.1 PANORAMA GERAL DOS GRUPOS DE PESQUISA

    Os grupos de gnero na rea de administrao, inseridos na grande rea de cincias sociais aplicadas, representam 15% do total dos grupos, atrs das reas de servio social e direito, que representam 31% e 20% do total, respectivamen-te. Creditamos o nmero elevado de grupos de pesquisa de gnero em servio

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    social (66), em primeiro lugar, por essa ser profisso formada por 95% de pro-fissionais do sexo feminino (Lisboa, 2010).

    No Quadro 1, apresentamos as caractersticas gerais dos grupos, bem como a nomenclatura utilizada para identificar cada grupo no presente trabalho e o nome do(s) lder(es) de cada grupo.

    quadro 1

    LIDERANAS E CARACTERSTICAS DOS GRUPOS DE PESQUISA EM GNERO NA REA DE ADMINISTRAO

    Grupos de pesquisa Lder(es) Formao uF reGio

    FNH 01 Luz, T. R. 2006 MG SE

    FNH 02 Melo, M. C. O. L. 1991 MG SE

    Iapar Ichikawa, E. Y.; Santos, L. W. 1995 PR S

    Ifes Ackermann, S. R.; Pandolfi, M. de A. 2012 ES SE

    IFRS Azevedo, J. E. A. 2013 RS S

    Mackenzie Hanashiro, D. M. M. 2002 SP SE

    PUC-Minas Sares, M. I. F.; Murback, F. G. R. 2011 MG SE

    Uece Freitas, A. A. F. 2002 CE NE

    UEM Machado, H. V. 2001 PR S

    UEPB Motta, V. L. B.; Arajo, M. F. F. 2008 PB NE

    Uesb Gomes, A. F. 2012 BA NE

    UFABC Vilha, A. M. 2012 SP SE

    Ufes 01 Souza, E. M. 2013 ES SE

    Ufes 02 Martins-Silva, P. O.; Petinelli-Souza, S. 2002 SP SE

    UFF Antunes, L. R.; Cerchiaro, I. 2012 RJ SE

    Ufla 01 Oliveira, M. L. S. 2008 MG SE

    Ufla 02 Cappelle, M. C. A.; Brito, M. J. 2000 MG SE

    UFMG Ckagnazaroff, I. B.; Paes De Paula, A. P. 2006 MG SE

    (continua)

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    Grupos de pesquisa Lder(es) Formao uF reGio

    UFPE Cramer, L. 2009 PE NE

    UFSC Stelzer, J.; Todescat, M. 2013 SC S

    UFU 01 Godi-de-Sousa, E. 2011 MG SE

    UFU 02 Medeiros, C. R. O. 2009 MG SE

    UFU 03 Oliveira, M. F. 2008 MG SE

    UFU 04 Enoque, A. G.; Borges, A. F. 2011 MG SE

    UFV 01 Ferreira, M. A. M. 2008 MG SE

    UFV 02 Menezes, R. S. S. 2013 MG SE

    UFV 03 Freitas, F. M. 2010 MG SE

    Unimep Corra, D. A. 2007 SP SE

    Univali Souza, A. E.; Piva, E. A. 2006 SC S

    UPE Pedrosa, I. V.; Teixeira Filho, J. G. A. 2005 PE NE

    USP 01 Hernandez, J. M. C. 2013 SP SE

    USP 02 Casa Nova, S. P. C. 2013 SP SE

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    A maioria dos grupos identificados est localizada na Regio Sudeste do pas, 22 grupos (68,75% do total), tendo no Estado de Minas Gerais sua maior concentrao, 13 grupos. Percebemos um equilbrio entre as regies Nordeste e Sul, em que as duas regies apresentam cinco grupos, 15,63% do total. Nesta anlise, evidenciamos a ausncia de grupos nas regies Centro-Oeste e Norte do pas.

    Ao analisarmos os grupos pelas instituies de ensino superior, percebe-mos que o mximo de quatro grupos por instituio. Sobre o ano de constitui-o dos grupos, observamos que apenas dois grupos foram constitudos antes dos anos 2000, revelando-nos a possibilidade de consolidao do campo e a importncia das polticas pblicas no aumento do nmero de grupos em anos

    quadro 1 (concluso)

    LIDERANAS E CARACTERSTICAS DOS GRUPOS DE PESQUISA EM GNERO NA REA DE ADMINISTRAO

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    mais recentes. Os dois primeiros grupos a serem constitudos foram FNH 02 e Iapar. Ressaltamos tambm que 16 grupos (50% do total) foram constitudos nos ltimos cinco anos.

    Ao observarmos as linhas de pesquisa dos grupos, percebemos uma mdia de 4,31 linhas por grupo, revelando valor mximo de 9 e o mnimo de 1, o que no significa que todas essas linhas de pesquisa esto voltadas para a temtica de gnero: em mdia, os grupos apresentam 0,94 linha por grupo, ou palavra dentro da linha, relacionada ao gnero.

    Em relao aos membros dos grupos/pesquisadores, os grupos tm em mdia 22,44 membros, sendo as mdias para pesquisadores, alunos e tcnicos 9,84, 11,88 e 0,72, respectivamente. Observamos que os grupos que possuem o maior nmero de pesquisadores so UPE, Ufla 02 e UFV 01, com 45, 24 e 21 pesquisadores, respectivamente. A quantidade mnima de pesquisadores foi 1 (obrigatrio para a constituio do grupo), nos grupos UFU 02 e USP 02. Dos lderes dos grupos de pesquisa, 26,19% so homens e 73,81% so mulhe-res; assim, grande parte dos pesquisadores que estudam gnero composta de mulheres (Costa et al., 1985). Quanto ao nmero de estudantes, os grupos com maior efetivo so UFV 01, UPE e Ufes 02, apresentando 77, 47 e 44 discentes em seu quadro, respectivamente. Entretanto, h grupos que no contam com a presena de estudantes, como Ifes, UFPE e USP 01. Percebemos um pequeno nmero dos tcnicos nos grupos de pesquisa: 21 deles no possuem nenhum tcnico em seu quadro, e a quantidade mxima foi quatro. Ressaltamos que os grupos que apresentam maior quantidade de estudantes entre seus membros se localizam na Regio Sudeste do pas. No tpico seguinte, so apresentados indi-cadores relativos produo cientfica nos grupos de pesquisa investigados.

    5.2 PRODUO CIENTFICA DOS LDERES DE GRUPOS DE PESQUISA

    Aps a anlise das produes cientficas dos lderes de pesquisa, conside-ramos 88 publicaes, entre janeiro de 1995 e janeiro de 2014; justificamos a presena de um artigo de 2014 no pela indicao de produo nesse ano (incon-clusiva no momento), mas pela possibilidade de evidenciarmos novas relaes de autoria e coautoria entre lderes de grupos. Para a anlise, levamos em con-siderao a classificao dos perodicos do Sistema Qualis (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, 2014) nos extratos A, B e C, nas reas de administrao, cincias contbeis e turismo. Cabe uma ponderao em relao s publicaes direcionadas aos perodicos de extrato C: mesmo que no somem pontos para a produtividade dos lderes de pesquisas, isso no significa que essas produes foram subutilizadas, mas que esses peridicos podem ter tal

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    avaliao na rea de administrao e ter outra pontuao mais elevada em outra rea. Tambm encontramos artigos publicados em perodicos no reconhecidos/classificados para a rea de administrao. A Tabela 1 apresenta frequncia anual de artigos de cada extrato.

    tabela 1

    NMERO DE ARTIGOS ENTRE jANEIRO DE 1995 E jANEIRO DE 2014 E SEUS EXTRATOS

    ano/

    extratonC* C B5 B4 B3 B2 B1 a2 totaL %

    1995 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1,14%

    2000 1 1 0 0 0 0 0 1 3 3,41%

    2001 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1,14%

    2002 1 3 0 0 0 0 0 3 7 7,95%

    2003 0 2 0 0 0 0 0 3 5 5,68%

    2004 0 1 0 0 1 1 1 3 7 7,95%

    2005 2 0 0 0 0 0 0 1 3 3,41%

    2006 0 0 0 0 0 0 0 2 2 2,27%

    2007 1 0 0 0 0 1 1 1 4 4,55%

    2008 0 0 1 1 0 0 1 0 3 3,41%

    2009 0 1 0 0 3 1 1 0 6 6,82%

    2010 0 0 0 1 2 1 3 3 10 11,36%

    2011 0 1 1 1 3 1 1 0 8 9,09%

    2012 1 0 1 2 6 2 4 2 18 20,45%

    2013 0 2 0 0 2 1 2 2 9 10,23%

    2014** 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1,14%

    Total 7 12 3 5 17 8 14 22 88 100%

    % 7,95% 13,64% 3,41% 5,68% 19,32% 9,09% 15,91% 25,00% 100%

    * Artigos no classificados. ** Artigos publicados at janeiro de 2014.

    Fonte: Elaborada pelos autores.

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    Percebemos um crescimento da produo de artigos cientficos sobre gne-ro a partir de 2010, fato que relacionamos expanso dos grupos de pesquisa na temtica a partir de 2008. Notamos, nesta anlise, que uma quantidade conside-rvel de artigos foi publicada em peridicos bem qualificados no Sistema Qualis. Um nmero considervel de artigos, 22 (25%), foi publicado em perodicos A2, entre eles Organizaes & Sociedade (cinco artigos), Revista de Administrao de Empresas (cinco) e Revista de Administrao Contempornea (quatro). Dos 14 arti-gos em peridicos B1, destacam-se aqueles publicados na Revista de Administra-o Mackenzie (quatro) e nos Cadernos Ebape.BR (trs). Dos peridicos B2, ape-nas a revista Alcance (Univali) tem trs artigos publicados; de modo semelhante, apenas a Revista de Gesto da USP e os Cadernos de Administrao da Universidade Estadual de Maring (UEM) tm trs artigos publicados para peridicos B3 e C, respectivamente. Evidenciamos que os peridicos em que foram publicados pelo menos trs artigos tm representatividade de 34,09% (30 artigos de 88).

    5.3 RELACIONAMENTO ENTRE OS GRUPOS DE PESQUISA E SUA RELAO COM A PRODUO CIENTFICA

    Os dados coletados no Diretrio dos Grupos de Pesquisa no Brasil/CNPq na rea de administrao e no Currculo Lattes dos lderes de grupos de pesquisa so aqui apresentados em duas figuras distintas para facilitar o entendimento da produo cientfica relacionada aos grupos. A Figura 1 mostra as relaes em que os lderes do grupo so os primeiros autores dos artigos analisados. Atores que no apresentavam relaes (tanto por no terem publicado, como primeiros autores, artigos da temtica estudada quanto por terem publicado artigos sem coautores) foram removidos.

    Percebemos ento que 13 lderes (30,23% do total) publicaram artigos na temtica de gnero como autor principal; desses lderes, apenas um publicou artigo sozinho (do grupo UFU 04). O fluxo das relaes indica quais foram os autores e coautores de cada artigo dos lderes de grupo. Levando em conta os ato-res e as relaes, nota-se um nmero reduzido de relaes de coautoria entre lderes de grupos: na maioria dos casos, os grupos esto isolados. H apenas uma relao interinstitucional: Cramer, do grupo UFPE, publicou com Cappelle e Brito, do grupo Ufla 02, e Cappelle, por sua vez, publicou com Melo, do grupo FNH 02. As duas outras relaes existentes se do entre grupos de mesma ins-tituio Martins-Silva do Ufes 02 publicou com Souza, do Ufes 01, ou entre lderes de um mesmo grupo Ichikawa e Santos, do Iapar.

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    LUS FERNANDO SILVA ANDRADE ALEX DOS SANTOS MACEDO MARIA DE LOURDES SOUZA OLIVEIRA

    figura 1

    SOCIOGRAMA: LDERES DE GRUPO DE PESQUISA DE ADMINISTRAO COM A TEMTICA GNERO COMO AUTORES

    Fonte: Elaborada pelos autores.

    A Figura 2 apresenta a rede de coautorias dos lderes de grupos de pesquisa de administrao com a temtica gnero (ns pretos). Como na anlise anterior, os atores que no apresentavam relaes (sem publicao ou com publicaes sem coautores) foram removidos. Somente 19 lderes de grupo (44,19% de 43) publicaram artigos na temtica analisada como autores (em artigos com coauto-res) ou coautores, um nmero relativamente baixo. Podemos inferir que, apesar de figurar nas linhas de pesquisa dos grupos, a temtica gnero no trabalhada pelos lderes do grupo, limitao da anlise de apenas lderes, ou que os estudos desenvolvidos, principalmente em grupos mais recentes, no visaram a publica-es em peridicos.

    Gomes, V.

    GimeneZ, F. a. p.LeaL, L. B.

    aLiGueri, L. m.

    mione, a.

    paLHano, d. Y. m.

    aeZ, m. e. m.GaZoLa, s.

    Jesus, m. J. F.

    stCYr, L.Greatti, L.

    aLVes, m. C. m.

    Barros, G. V. aLiGueri, L. a.peLisson, C.

    UEMmaCHado, H. V.

    BoniLHa, m. C.Yamamoto, J. m.

    santos, L. W.

    iCHiKaWa, e. Y.

    IAPAR

    BertuCCi, J. L. o.

    diniZ, a. p. r.

    oLiVeira, J. L.meneZes, r. s. s.

    UFV 02

    VaLado Jnior, V. m.

    BorGes, J. F.

    miranda, r. UFU 02

    medeiros, C. r. de o.

    aYrosa, e. a. t.

    CerCHiaro, i.UFF

    santos, V. m. B. m.

    motta, V. L. B.

    UEPB

    Correia, e. L. F.

    siLVa, J. m.

    santana, W. G. p.

    antoniaLLi, L. m.

    Gomes, a. F.UESB

    BaLBi neto, r. r. q.

    siLVa Junior, a.

    nasCimento, d. B.

    Carrieri, a. p.

    pereira, s. J. n.

    CorVino, m. m. F.duarte, p. p. p.

    Lopes, B. C.

    moraes, m. W. p. s.

    HiGasHi, r.

    trindade, Z. a.

    UFES 01

    UFES 02

    martins-siLVa, p. o.

    souZa, e. m.

    pauLa neto, a.

    siLVa, a. L.

    maGeste, G de s.Lopes, a. L. m.

    VasConCeLos, K. a.

    ViLas Boas, L. H. de B.

    souZa, n. L.

    Brito, m. J. m.Brito, m. J.

    Cramer, L.

    FNH 02

    UFLA 02

    UFPE

    CappeLLe, m. C. a.

    meLo, m. C. o. L.

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    figura 2

    SOCIOGRAMA: LDERES DE GRUPO DE PESQUISA DE ADMINISTRAO COM A TEMTICA GNERO

    COMO AUTORES E COAUTORES

    Fonte: Elaborada pelos autores.

    Continuando a anlise da rede, 19 lderes de grupos esto presentes na rede de coautoria (44,19% do total). Ao considerarmos tanto autoria quanto coauto-ria de artigos cientficos, existe uma maior quantidade de relaes interinstitu-cionais. A rede anteriomente formada por Ufla 02, FNH 02 e UFPE se desdobra em uma rede maior, que tambm engloba Ufla 02, Ufes 01, Ufes 02 e UFV 02. As redes dos grupos Iapar, Uesb, UFF e UFU 02 permanecem isoladas. Obser-vamos tambm novas relaes interinstitucionais UEM e UFU 03 e UFV 01 e UFMG. A rede anteriormente formada por Ufla 02, FNH 02 e UFPE agora tambm compreende os grupos Ufla 01, Ufes 01, Ufes 02 e UFV 02.

    Conforme apresentado anteriormente nos sociogramas, vrias relaes foram analisadas de forma descritiva. Para aprofundarmos esse estudo, proce-deremos ao clculo dos indicadores estruturais. Apesar de ligaes relevantes existentes, os graus de densidade da primeira rede lderes como autores prin-cipais e da segunda rede de coautorias dos lderes de grupo de pesquisa em

    UFLA 01maGrine, p. r.

    proena, C. de L. i.aLVes, J. m.

    ries, L. s.

    santana, W. G. F.Gomes, a. F.

    UESB

    antoniaLLi, L. m.

    siLVa, J. m.

    Correa, e. L. F.

    GarCia, a.

    oLiVeira, p. G.

    pedro, L. K. a. miranda, a. r. a.

    BertuCCi, J. L. o.

    UFES 01

    naVes, p. L.BorGes, C. L. p.

    Gado, L. e.

    BonaCim, C.

    maGeste, G. de s.

    paLHera, p. a.

    trindade, Z. a.

    nasCimento, d. s.

    GontiJo, m. C. L.

    souZa, e. m.

    duarte

    diniZ, a. p. r.

    santos, V. m. B. m.

    UEPBmotta, V. L. B.

    paLHano, d. Y.Gomes, V.

    GaZoLa, s.

    Barros, G. V.

    Jesus, m. i.

    LeaL, L. B.

    Greatti, L.

    BorGo

    aLiGueri, L. m.

    aLVes, m. C. m.

    GimeneZ, F. a. p. stCYr, L.

    areZ, m. e. m.

    FaBriCio, J. s.FeLisson, C.

    oLiVeira, m. p.

    oLiVeira, n. C.struett, m. a. m.

    moore, a.

    UEM

    UFU 03

    aLiGueri, L. a.

    maCHado, H. V.

    GouVea, a. B. C. t.

    oLiVeira, m. m.

    oLiVeira, J. L.

    UFES 02

    Lopes, e. C.martins-siLVa, p. o.

    pereira, s. J. n.

    CorVino, m. m. i.HoGasHi, r.

    siLVa, n. n.

    LuiZ, G. V.

    meneZes, r. s. s.

    BaLBi neto, r. r. q.

    siLVa Junior, a.

    moraes, m. W. p. s.

    onJima, p. m. s.

    pereira, V. G.

    FonseCa, F. p.

    souZa, n. L.

    maCedo, F. m. p.

    FonseCa, L. C.

    ViLas Boas, C. m de e.pauLa neto, a.

    VasConCeLos, K. a.

    BoaVa, o. L. t.

    aLVes, m.

    soares, e. G.

    GaZineLLa, m. F. C.

    souZa, r. m. B. C.

    meLo, m. C. o. L.

    Brito, m. J.

    aGuiar, a. r.C.

    Carrieri, a. p.Correa, a. m. m.

    taVares, n. V.

    Brito, m. i. m.

    CappeLLe, m. C. a.

    siLVa, a. L.oLiVeira, a. r.

    Cramer, L.

    Lara, m. o.UFPE rosa, a. r.

    Bo

    VaLado Jnior, V. m.

    miranda, r.

    UFU 02 medeiros, C. r. de o.

    aYrosa, e. a. t.

    CerCHiaro, i.UFF

    santos, L. W.

    Yamamoto, J. m.

    BoneLHa, m. C.

    IAPAR

    iCHiKaWa, e. Y.

    UFV 02

    teixeira, K. m. o.

    pereira siLVa, a. a.

    matta, i. B.

    siLVa, e. a.

    Lima, a. a. t. F. C.

    aLmeida, a. L. t.

    UFV 01

    Ferreira, m. a. m.

    rosado, a. p. n. r.

    LeroY, r. s. o.

    CKaGnaZaroFF, i. B.

    moreira, n. C.

    HanasHiro, d. m. m.

    MACKENZIE

    pereira, J. B. C.

    riBeiro, r. C. L.

    Freitas, a. a. F.

    UFV 03assis, L. B.

    Lopes, a. L. m.

    teixeira, J. C.UFLA 02

    oLiVeira, m. L. s.

    moreira, L. B.

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    LUS FERNANDO SILVA ANDRADE ALEX DOS SANTOS MACEDO MARIA DE LOURDES SOUZA OLIVEIRA

    gnero so de 0,0034 e 0,0078, respectivamente, ou seja, apenas 0,34% e 0,78% dos laos possveis foram efetivados em cada uma das anlises, uma densidade considerada baixa. Os graus de centralizao da rede so de 2,379% para a sada e de 1,252% para a entrada, o que nos mostra a inexistncia de um ator centrali-zador. A Tabela 2 apresenta os atores da rede que tm os maiores valores para os indicadores estruturais analisados.

    tabela 2

    INDICADORES ESTRUTURAIS

    CentraLidade*intermediao* proximidade*

    entrada sada

    Machado, H. V. 2,517 0,839 Cappelle, M. C. A. 0,630 Oliveira, A. R.** 2,778

    Cappelle, M. C. A. 1,958 1,399 Machado, H. V. 0,453 Souza, R. M. B. C.** 2,750

    Souza, E. M. 1,119 0,559 Melo, M. C. O. L. 0,286 Correa, A. M. H.** 2,548

    Moreira, L. B.** 1,119 0,000 Brito, M. J. M.** 0,236 Garcia, A.** 2,462

    Brito, M. J. M.** 0,979 0,420 Souza, E. M. 0,207 Teixeira, J. C.** 2,344

    Martins-Silva, P. O. 0,979 0,000 Carrieri, A. P.** 0,192 Macedo, F. M. F.** 2,278

    Moreira, N. C.** 0,839 0,140 Cramer, L. 0,138 Brito, M. J. M.** 2,267

    Teixeira, J. C.** 0,839 0,000 Menezes, R. S. S. 0,074 Fonseca, F. P.** 2,222

    Cramer, L. 0,699 0,280 Vilas Boas, L. H. B.** 0,071 Cramer, L. 2,133

    Gomes, A. F. 0,699 0,000 Greatti, L.** 0,030 Silva, A. L.** 2,133

    Melo, M. C. O. L. 0,699 1,399 Silva, A. L.** 0,027 Martins-Silva, P. O. 2,118

    * Valores normalizados. ** Pesquisadores que no so lderes de grupo de pesquisa em gnero.

    Fonte: Elaborada pelos autores.

    Quanto ao grau de centralidade, os lderes de grupo que se destacam so Machado, H. V., Cappelle, M. C. A. e Souza, E. M., dos grupos UEM, Ufla 02 e Ufes 01, respectivamente. Esses lderes apresentam maior nmero de ligaes diretas. Machado, H. V., do grupo Empreendedorismo e Gesto de Pequenas Empresas da UEM, destaca-se pelo grau de entrada quantidade de interaes que os outros atores da rede tm com essa autora, o que justificado pelo grande volume de produo da lder: 18 artigos, dos quais seis so de autoria da lder,

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    sem coautores, sete de autoria da lder como autora com coautores e cinco com da lder como coautora. Cappelle, M. C. A., do grupo Ncleo de Estudos em Organizaes, Gesto e Sociedade (Neorgs) da Universidade Federal de Lavras (Ufla), apresenta menor grau de entrada, mas maior grau de sada. A lder tem 16 artigos publicados na temtica analisada, sete deles como autora principal e nove como coautora. Souza, E. M., do Grupo de Estudos sobre Poder em Organi-zaes (Gepo) da Universidade Federal do Esprito Santo (Ufes), apresenta nove artigos publicados, cinco como autor principal e quatro como coautor.

    To importante quanto o grau de centralidade o grau de intermediao, que indica os atores mais importantes de uma rede. Percebemos que a lder que atua como maior mediadora entre os atores da rede Cappelle, com um grau de inter-mediao de 0,63, seguida de Machado (0,453) e Melo, do grupo Nurteg da FNH (0,286). Evidenciamos que Melo orientou o doutorado de Cappelle, o que poderia justificar a quantidade de artigos produzidos em conjunto pelas duas lderes: oito.

    Ao analisarmos o grau de proximidade, percebemos que nenhum dos lderes anteriomente citados, ao tratarmos dos outros ndices estruturais, figura em posi-es privilegiadas na rede; apenas dois lderes de grupos figuram entre aqueles com maior grau de proximidade: Cramer, L., do grupo Gesto de Pessoas e Orga-nizaes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), orientada no doutora-do por Brito, M. J., um dos lderes do grupo Neorgs da Ufla; e Martins-Silva, P. O., do grupo Ncleo de Estudos em Tecnologias de Gesto e Subjetividades (Netes) da Ufes. Em seguida, trazemos as consideraes finais sobre o trabalho desenvolvido.

    6 CONSIDERAES FINAIS

    A contribuio deste estudo est na compreenso das relaes entre grupos analisados e suas possibilidades para impulsionar a produo cientfica na rea, pois, como observado nos ltimos anos, ampliaram-se os grupos e os espaos de comunicao da produo na rea.

    Verificamos quo recente a maioria dos grupos de pesquisa em adminis-trao que lidam com gnero, apesar do relevante aumento do nmero de grupos que tratam do tema. Cabe ressaltar que a formao, ou melhor, os fatores moti-vacionais quanto constituio de grupos de pesquisa perpassam por uma srie de questes, como a distribuio ou a limitao de recursos para a pesquisa; a exigncia por parte das instituies de fomento para a distribuio de recursos condicionada insero de pesquisadores em grupos de pesquisa; a livre inicia-tiva de organizao da equipe de pesquisadores em grupos de pesquisa, contem-plando estudantes de graduao e ps-graduao; questes de afinidade com a problemtica; bem como os jogos de interesse (Mocelin, 2009).

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    O esforo empreendido para elaborao do artigo possibilitou, entre outras questes, a identificao de alguns desafios que podem ajudar na maior com-preenso sobre a produo cientfica em gnero no campo da administrao no Brasil e que no foram objeto de estudo deste trabalho: principais privaes para criao do grupo; possveis vinculaes com os programas de ps-graduao na perspectiva de compreender como e por que as possibilidades foram cons-trudas, e limitaes de contextos locais das produes cientficas; vinculaes com atividades de extenso; interdisciplinaridade; associaes com atividades de graduao; associaes com a expanso universitria via Reuni; e movimentos institucionais internos de presso por metas.

    Um fator limitante da produo cientfica em gnero em administrao que h um grande nmero de lderes de grupo que no possui produo sobre o tema, bem como aqueles que, apesar de possurem artigos publicados, no tm relaes de colaborao com outros grupos e instituies, figurando em ns isolados no emaranhado dos estudos de gnero. Percebemos tambm que as orientaes de doutorado influenciam fortemente a atual configurao da rede de coautorias e que o grupo mais antigo, Nurteg, acabou por originar vrias relaes entre grupos mais recentes. Destaca-se, ento, a importncia dos grupos Nurteg, pelo carter histrico e auxlio na formao de outras lideranas, e Neorgs, pelo seu papel de mediador entre os demais grupos. A relao entre esses dois grupos com os gru-pos UFPE, Ufla 01, Ufes 01, Ufes 02 e UFV 02 refora nossa ideia inicial de que a interinstitucionalidade poderia favorecer a criao de redes de colaborao que fortalecem a temtica como um todo. Ponderamos que a formao dos grupos de pesquisa e de alianas entre os pesquisadores seria, de certa forma, uma estratgia de concorrncia no ambiente cientfico para melhor participarem da distribui-o de recursos, sejam estes capital financeiro ou mesmo simblico como forma de demarcao de espaos na comunidade cientfica (Mocelin, 2009, p. 37).

    Os dados apontam uma maior abertura dos peridicos para a temtica de gnero nos ltimos anos. Isso pode ser um resultado do aumento dos nmeros dos grupos de pesquisa e de suas produes cientficas. No entanto, para futuras investigaes, cabe verificar quais temticas vm sendo pautadas pelos grupos de pesquisas e aquelas publicadas nos peridicos. Assim, seria possivel apontar se algumas temticas continuam sendo negligenciadas pelos peridicos, como apontaram Souza et al. (2012), ou se o fato de esses temas no serem pautados seria um indcio de negligncia dos prprios grupos de pesquisas em gnero na rea de administrao.

    Este estudo apresenta como limitaes a anlise parcial dos grupos de pes-quisa em administrao que tratam de gnero apenas os lderes dos grupos, considerados figuras centrais, tiveram seus currculos Lattes analisados. Quanto a esses currculos, vale ressaltar que podem conter informaes desatualizadas

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    (o que tambm vale para as informaes dos grupos fornecidas para o Diret-rio do CNPq). No Diretrio dos Grupos de Pesquisa no Brasil/CNPq, apesar da abrangncia (contempla cerca de 80% de todos os grupos de pesquisa do Brasil), podem tambm existir grupos de pesquisa em administrao que trabalham com gnero no inseridos no Diretrio.

    Como perspectivas para estudos futuros e investigaes, apresentamos a categorizao da produo cientfica de gnero em estudos organizacionais por meio de um estudo detalhado e profundo dos artigos cientficos. Alm de verifi-car se e como os grupos de pesquisas em gnero vm tratando os assuntos negli-genciados pelos estudos organizacionais, como apontam os estudos de Davel e Alcadipani (2003), Cappelle et al. (2007), Costa e Ferreira (2006), Souza et al. (2012) e Souza et al. (2013). A anlise do horizonte temporal das publicaes em gnero tambm interessante, em conjunto com a anlise das linhas editoriais dos principais peridicos (aqueles mais bem classificados quanto ao extrato e os que mais publicam artigos que debatem sobre gnero), alm dos anais dos congressos dos principais eventos para os estudos organizacionais, a fim de tra-zer um entendimento mais amplo da evoluo histrica dos estudos de gnero nos estudos organizacionais. Ademais, sugerimos a investigao das opes de financiamento e o acesso dos grupos de pesquisa a tais fontes, como forma de dimensionar os incentivos para pesquisa, ensino e extenso em gnero no Brasil.

    THE GENDER SCIENTIFIC PRODUCTION IN BRAZIL: AN OVERVIEW OF ADMINISTRATION RESEARCH GROUPS

    ABSTRACT

    This article aims to map the activities developed by gender research groups in the administration field and to understand the relationships between them. Gen-der identity is seen as an important social category for understanding power relations and human interactions in organizations. To understand these rela-tions, the methodological approach includes bibliometric and sociometric studies of the production of gender research group leaders, whose work lines or research impacts and actions presented in description of the group are related to gender, supported by descriptive statistics in order to facilitate data viewing. A total of 32 groups were found, and most of them are recent (half of them having less than 5 years of formalization) that have, altogether, 42 leaders that produced, as authors or co-authors, 88 articles on gender, between January 1995 and January 2014,

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    with a concentration in A2 and B3 scientific journals. The sociometric study reveals a low density network of co-authorship, without a centralizing actor, fea-turing a small number of co-authoring relationships and a limited number of authors who have publications on gender. This information indicates that the issue is not researched by these authors or the gender works and projects are not meant for scientific production. It also indicates the importance of postgra-duate mentoring, to spread the subject in different universities and to create and mantain relations of co-authorship between researchers who were at any given time, mentors and mentees. The relevance of the results is in the initial understanding of the scientific field, from the research groups, which constitute a major element to postgraduate programs and scientific production. As limita-tions, the partial analysis of the groups, only considering the production of group leaders, and the possibility of lagged data in the Groups Directory may undermine the analysis. An in-depth study of scientific literature analyzed by sociometrics, the historical restoration of the groups constitution, and their relationships with research and extension projects funded by agencies are shown as perspectives of future investigation.

    KEYWORDS

    Gender. Administration research groups. Sociometrics. Bibliometrics. Scientific production.

    LA PRODUCCIN CIENTFICA DE GNERO EN BRASIL: UNA VISIN GENERAL DE LOS GRUPOS DE INVESTIGACIN DE ADMINISTRACIN

    RESUMEN

    Este artculo tiene el objetivo de investigar las actividades desarrolladas por los grupos de investigacin sobre gnero en el rea de administracin y as entender las relaciones entre ellos. Las identidades de gnero son vistas como categorias sociales importantes para la comprensin de relaciones de poder e interacciones humanas en las organizaciones. Para entender cmo surgen dichas relacio-nes que involucran este tema, el enfoque metodolgico contempla un estudio bibliomtrico y sociomtrico de la produccin en gnero de lderes de grupos de investigacin en administracin que se ocupan con este tema, ya sea en lneas de investigacin o en impactos y acciones presentadas en la descripcin del

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    a produo cientfica em gnero no brasil

    grupo, apoyado por la estadstica descriptiva para facilitar la visualizacin de los datos. Se encontraron 32 grupos con dichas caractersticas, la mayora recientes (la mitad con menos de 5 aos de formalizacin) que cuentan con 42 lderes en total, los cuales publicaron como autores o co-autores, 88 artculos sobre gnero, entre enero de 1995 y enero de 2014, concentrados en peridicos A2 e B3. El estudio sociomtrico revela una red de co-autoras poco densa, sin un autor cen-tralizador, caracterizando un pequeo nmero de relaciones de co-autora y un nmero limitado de autores que presentan publicaciones sobre gnero, lo que indica que el tema no es trabajado por estos autores o los trabajos desarrollados no son destinados a producciones cientficas. Tambin indica la importancia de orientaciones en el postgrado, para la difusin del tema en diferentes univer-sidades y para la mantencin de relaciones de co-autora entre investigadores, quienes fueron, en un determinado momento, mentores y aprendices. La rele-vancia de los resultados est en la comprensin inicial del campo, a partir de un elemento importante para los programas de postgrado y para la produccin cien-tfica, los grupos de investigacin. Como limitaciones: el anlisis parcial de los grupos, solamente produccin cientfica de los lderes, adems de la posibilidad de que los datos presentes en el Directorio de Grupos estn obsoletos Se pre-sentan como perspectivas de investigacin futura el estudio en profundidad de la produccin cientfica analizada por medio de la sociometra, como tambin el rescate histrico de la constitucin de los grupos y sus relaciones con proyectos de investigacin y extensin, financiados por agencias de desarrollo.

    PALABRAS CLAVE

    Gnero. Grupos de investigacin en administracin. Sociometra. Bibliometra. Produccin cientfica.

    REFERNCIAS

    Arajo, C. A. (2006, janeiro/junho). Bibliometria: evoluo histria e questes atuais. Em Questo,

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    bro). A produo cientfica sobre gnero nas organizaes: uma meta-anlise. Revista Eletrnica de

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    LUS FERNANDO SILVA ANDRADE ALEX DOS SANTOS MACEDO MARIA DE LOURDES SOUZA OLIVEIRA

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