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Universidade de Aveiro 2019 Departamento de Línguas e Culturas ANDRÉ FILIPE CORREIA SARAIVA A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DO GRUPO JERÓNIMO MARTINS

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Universidade de Aveiro

2019

Departamento de Línguas e Culturas

ANDRÉ FILIPE CORREIA SARAIVA

A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DO GRUPO JERÓNIMO MARTINS

Universidade de Aveiro

2019

Departamento de Línguas e Culturas

ANDRÉ FILIPE CORREIA SARAIVA

A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DO GRUPO JERÓNIMO MARTINS

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Línguas e Relações Empresariais, realizada sob a orientação científica da Dra. Maria Hermínia Laurel, Professora Catedrática do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro e sob a coorientação científica da Dra. Celeste Varum, Professora Auxiliar do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo e vice diretora do Programa Doutoral em Ciências Económicas e Empresariais da Universidade de Aveiro.

o júri

presidente Professora Doutora Ana Maria Martins Pinhão Ramalheira Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro

Professor Doutor Manuel Luís Au-Yong Oliveira Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro (arguente)

Professora Doutora Celeste Maria Dias Amorim Varum Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro (coorientadora)

agradecimentos

Primeiramente, gostaria de agradecer à Professora Doutora Ana Maria Ramalheira pela sua ajuda, orientação, disponibilidade e dedicação que tem demonstrado ao longo de todo o meu percurso académico. Um enorme agradecimento também à Professora Doutora Maria Hermínia Laurel e à Professora Doutora Celeste Varum não só pela orientação e coorientação, respetivamente, mas também pela ajuda, disponibilidade e dedicação. Agradecer também ao Grupo Jerónimo Martins pela abertura e pelo apoio demonstrado ao longo de todo este processo. Um enorme obrigado à minha família, pelo apoio nos bons e maus momentos. Obrigado pela dedicação e todos os sacrifícios. Um especial obrigado a todos os meus amigos, que me apoiaram durante todos estes anos e me acompanharam durante esta fase tão importante da minha vida. Obrigado e um carinho à pessoa especial que me acompanhou, aturou e ajudou. À pessoa que me fez continuar e me animava nos piores momentos e celebrou comigo nos bons momentos.

palavras-chave

responsabilidade social corporativa, Jerónimo Martins, responsabilidade ambiental, distribuição alimentar, retalho

resumo

A Responsabilidade Social Corporativa e as atividades empresariais têm sido alvo de um maior escrutínio e pressões por parte da população, principalmente quanto a aspetos de cariz ambiental. Isto leva a que estas sintam uma crescente necessidade de empenho de criação e desenvolvimento de procedimentos ambientais. Sendo este sentido de responsabilidade social cada vez mais relevante, é especialmente importante analisar de que forma uma das maiores multinacionais portuguesas se adapta a estas pressões, estando inserida num mercado potencialmente poluente, o de distribuição alimentar e retalho. A empresa Jerónimo Martins torna-se assim fulcral para este estudo, não só pela sua dimensão, como também pelo potencial impacto ambiental que procura reduzir. Portanto, a presente dissertação é baseada num estudo de caso e em matrizes de avaliação de Responsabilidade Social Corporativa, onde é feita uma extensiva análise dos diversos documentos fornecidos publicamente por parte do Grupo Jerónimo Martins, sendo que esta mesma análise foi posteriormente apoiada por uma entrevista e contacto constante com a Corporate Senior Manager – Environment e com Corporate Senior Manager – Social do Grupo. Assim, efetuada a triangulação destas diversas informações, é possível responder à questão fundamental, se o Grupo Jerónimo Martins dirige verdadeiramente os seus esforços para cumprir estruturalmente e processualmente o seu compromisso ambiental. Procurou-se, desta forma, perceber se os procedimentos e conduta ambiental do Grupo são subjacentes à sua missão de responsabilidade social. A resposta é apresentada através da utilização das matrizes de avaliação anteriormente referidas.

keywords

Corporate Social Responsibility, Jerónimo Martins, environmental responsibility, food distribution, retail

abstract

Corporate Social Responsibility and business activities have been under a greater scrutiny and pressure from the general population, especially when it comes to topics of environmental nature. This leads to a greater necessity for commitment to create and develop environmental procedures. Due to the increasing importance of environmental aspects of corporate responsibility, it’s essential to analyze in what way one of the biggest Portuguese multinationals adapts to these pressures. This is emphasized by the nature of its’ potentially polluting business, the food distribution and retail business. Thus, the Jéronimo Martins Group is crucial to this study, not only due to its’ size, but also because of its’ potential environmental impact that the Group looks to reduce. Therefore, this dissertation is based on a case study and in Corporate Social Responsibility evaluation frameworks. This is achieved by a thorough analysis of several documents publicly available by the Jerónimo Martins Group, to which this same study is then supported by an interview and close contact with the Corporate Senior Manager – Environment and with the Corporate Senior Manager – Social of the Group. Consequently, triangulating this data allowed to answer the question of if the Jerónimo Martins Group truly works to fulfill its’ environmental commitment by turning it into structures and procedures. This way, this dissertation looked to understand if the procedures and the environmental code of conduct are underlying of its’ social responsibility mission. This answer is then presented through the usage of the previously mentioned evaluation frameworks.

Índice 1. Introdução ....................................................................................................... 1

2. A Responsabilidade Social Corporativa ........................................................... 3

2.1 Responsabilidade Social Corporativa ........................................................... 3 2.1.1 As dimensões da Responsabilidade Social Corporativa nas Multinacionais .. 4

2.1.2 A importância de RSC Ambiental e a sua crescente preocupação ................ 6

2.2 Diretrizes no estudo de RSC ........................................................................ 7 2.2.1 Framework no estudo geral de RSC................................................................ 8

2.2.2 Estudo dos aspetos de RSC ambiental ........................................................... 9

2.3 Conclusões Retiradas ................................................................................. 14

3. Metodologia ................................................................................................... 15

3.1 Questão de investigação ............................................................................ 15

3.2 Estudo de caso da Jerónimo Martins .......................................................... 15 3.2.1 Matriz de análise ............................................................................................ 17

3.2.2 Recolha de dados .......................................................................................... 17

4. Análise de Dados .......................................................................................... 21

4.1 Responsabilidade Social ......................................................................... 21

4.2 Responsabilidade Ambiental ...................................................................... 26 4.2.1 Compromisso de Responsabilidade Ambiental ............................................. 26

4.2.2 Responsabilidade Ambiental Estrutural e Processual ................................... 32

4.2.3 Responsabilidade Ambiental Interativa ......................................................... 45

4.3 Dados Adicionais .................................................................................... 49

4.4 Conclusão .................................................................................................. 50 4.4.1 Responsabilidade Social Corporativa Geral .................................................. 50

4.4.2 Responsabilidade Ambiental.......................................................................... 51

Conclusões .......................................................................................................... 57

Referências Bibliográficas .................................................................................... 61

Apêndices ............................................................................................................ 65 Apêndice I – Ferramenta de Avaliação das Implicações Organizacionais da Responsabilidade Ambiental ................................................................................... 67

Apêndice II – Guião de Entrevista ........................................................................... 75

1

1. Introdução

O presente projeto enquadra-se no Mestrado de Línguas e Relações

Empresariais e ocorre no âmbito da obtenção do grau académico de mestre.

Após a conclusão dos estudos na Licenciatura em Tradução, em 2017, na

Universidade de Aveiro, e a consequente integração no mestrado de Línguas e

Relações Empresariais na mesma universidade, sempre fui confrontado não só

com estudos relacionados com a Responsabilidade Social Corporativa, mas

também com a realidade, o impacto e o seu grau de importância dentro das diversas

empresas, sendo elas PMEs ou corporações multinacionais. Assim, ao longo dos

últimos dois anos, surgiu o interesse não só pelo tema da Responsabilidade Social

Corporativa, como também pelo grupo internacional português Jerónimo Martins

SGPS, S.A., sobre o qual desenvolvi, com colegas, alguns trabalhos de

investigação. Com base nestes aspetos, optei por juntar a investigação de RSC,

mais especificamente na vertente ambiental, e o Grupo Jerónimo Martins, devido

ao seu volume de negócios, tanto a nível nacional como internacional, e analisar,

consequentemente, a complexidade de gestão dentro do próprio grupo.

Ora, na atualidade, a preocupação sobre os impactos da atividade humana

na natureza tem sido cada vez mais recorrente, sendo que a poluição atmosférica,

a utilização de plásticos e o uso de energias renováveis têm sido uns dos principais

temas em discussão por parte da população e de alguns governos em todo o

mundo. Consequentemente, a pressão por parte do público nas diversas empresas,

essencialmente nas grandes corporações mundiais, tem, igualmente, vindo a

aumentar, levando a que estas tenham a necessidade de se adaptarem a estes

problemas ambientais. Na literatura existe a controvérsia relativamente às práticas

das empresas. Como referido por Baumann-Pauly et al. (2013) nem sempre a RSC

“talk” das empresas coincide com a RSC “walk” das mesmas. Por outras palavras,

as declarações e compromissos que uma certa empresa toma em relação a um

certo tema de responsabilidade social corporativa nem sempre correspondem à

realidade dos processos e estratégias efetuados. Com isto, é essencial analisar as

afirmações e verificar se estas correspondem à realidade dos processos.

2

É por estas razões, e pelos desafios, que optei por analisar de que forma um

dos maiores grupos nacionais, a Jerónimo Martins, combate, ou não, estes

problemas a nível ambiental dentro da própria Responsabilidade Social

Corporativa, sendo este o tema da minha dissertação de Mestrado em Línguas e

Relações Empresariais.

Assim, a presente dissertação procura explicar de que forma uma

multinacional enfrenta as diferentes questões e desafios de Responsabilidade

Ambiental e se será que a RSC “talk” se reflete na RSC “walk”.

A metodologia basear-se-á num estudo de caso sobre a Responsabilidade

Ambiental do Grupo Jerónimo Martins, tentando procurar certas respostas

relativamente às suas atividades ambientais, também devido ao seu volume de

negócio e tamanho empresarial.

Portanto, a metodologia segue uma estrutura relativamente simples, sendo

que inicialmente foi efetuada uma entrevista ao Grupo Jerónimo Martins com o

objetivo de triangular os dados fornecidos com os dados divulgados publicamente

por parte do Grupo Jerónimo Martins. Resultando assim uma base sólida na

procura de resultados eficientes e concretos no que toca às atividades de cariz

ambiental do Grupo tanto em Portugal como no estrangeiro, utilizando-se como

base de análise a matriz geral de Zadek (2004) e a matriz mais específica de

Baumann-Pauly & Scherer (2013).

Por fim, consoante as tipologias utilizadas e os resultados retirados da

análise dos dados fornecidos, são apresentadas conclusões em relação à posição

do Grupo nas ações de Responsabilidade Social Corporativa no combate aos

desafios ambientais. Serão, também, apresentadas eventuais limitações da

presente dissertação que deverão ser tomadas em conta. Segue-se, um curto

esquema (Imagem 1) que resume a estrutura da presente dissertação:

Imagem 1 - Estrutura da Dissertação

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2. A Responsabilidade Social Corporativa

Devido ao contexto em que se insere a presente dissertação, dentro de um

tema que tem ganho relevância nos últimos anos, será, naturalmente, necessário

apresentar o mesmo tema e as várias perspetivas presentes na literatura. De facto,

não existe um consenso claro sobre uma definição fixa do tema, visto que se trata

de um aspeto que tem suscitado cada vez mais atenção nos últimos anos.

Considerando estes pontos, este capítulo focar-se-á em dois pontos.

Primeiramente, apresenta a temática de Responsabilidade Social Corporativa, a

sua importância e a sua crescente preocupação, com o objetivo de procurar um

melhor entendimento sobre o tema. De seguida, e considerando os aspetos

presentes na literatura, serão apresentadas diretrizes distintas cujo objetivo procura

analisar de que forma as diversas empresas, sejam elas pequenas ou

multinacionais, enfrentam o desafio e as questões à volta da Responsabilidade

Social Corporativa e a Responsabilidade Ambiental.

2.1 Responsabilidade Social Corporativa

O tema de responsabilidade social corporativa (RSC) tem vindo a ganhar

cada vez mais atenção, em particular nas dimensões éticas, ambientais e sociais,

na área dos negócios (Kolk, 2016). Estas dimensões revelam uma importância

significativa nas atividades de empresas multinacionais, visto que o fator

globalização tem impacto nas estratégias de negócio (Kolk & van Tulder, 2010).

Adicionalmente, Kolk & van Tulder (2010) afirmam que aspetos como os desafios

económicos, legais, éticos, ambientais e sociais estão envolvidos nos processos

complexos de decisões estratégicas por parte das empresas, sejam estas a nível

internacional ou, por exemplo, na escolha de produtos e portfólio de mercados. No

entanto, a definição do próprio tema de RSC é complexo e complicado (Sheehy,

2015). Devido à evolução e a própria variabilidade da definição do termo de RSC,

é necessário avaliar de que forma poderá ser obtida uma definição mais completa

possível.

Desta forma, Sheehy (2015) expõe a problemática do termo de RSC, já que

este pode ser definido como comportamento. Se definirmos RSC como apenas

4

“filantropia corporativa”, é possível dizer que se doar cem dólares para certo tipo de

causas enquanto se efetuam atividades, por exemplo, de teor prejudicial ao

ambiente, então a própria corporação poderá afirmar que pratica atos de RSC

(Sheehy, 2015); caso esta definição seja mais enfatizada como “comportamento

corporativo alterado”, então será possível afirmar que a mudança de um donativo

de apenas um dólar para um valor de cem dólares, significa, igualmente, que a

empresa pratica atos de RSC (Sheehy, 2015). Sheehy (2015) continua ao afirmar

que se RSC for determinada como “sacrifício de lucros”, então o ato de desviar

investimentos de potenciais lucros, como é referido acima, é considerado uma

prática de RSC.

Contudo, visto que o objetivo da presente dissertação não visa a análise das

diferentes definições de RSC, será assumido o conceito como uma forma de

autorregulamentação por parte das empresas privadas, sendo estas focadas na

redução e mitigação de danos (Sheehy, 2015), mais precisamente sobre aspetos

sociais, ambientais e económicos, também conhecido como o termo “triplo P” –

“People, Planet, Profit” (Kolk & van Tulder, 2010).

2.1.1 As dimensões da Responsabilidade Social Corporativa nas Multinacionais

Apesar da complexidade e dificuldade em definir o conceito de RSC da forma

mais completa possível, pode-se afirmar que esta envolve três dimensões

essenciais: sociais, ambientais e económicas. São estas mesmas dimensões que

colocam desafios às diversas empresas, não só nas suas próprias operações, mas

também nas relações com outras empresas e stakeholders (Kolk & van Tulder,

2010). Consequentemente, é necessário analisar de que forma as diferentes

dimensões de RSC poderão afetar as empresas na esfera multinacional, pois a

presente dissertação trata do estudo de uma multinacional portuguesa.

Assim, o conceito de RSC está centrado na pressão exercida, relativamente

aos aspetos anteriormente referidos, por uma vasta seleção de stakeholders como

clientes, consumidores, funcionários, investidores, ONGs, comunidades, governos,

fornecedores e os próprios meios de comunicação (Maloni & Brown, 2006). Por

isso, esta atenção à RSC por parte das empresas não tem sido voluntária, sendo

5

provocada (com surpresa para alguns) pela necessidade de dar uma resposta

pública a certos problemas que antes não eram considerados como parte das

responsabilidades empresariais (Porter & Kramer, 2006). Devido a esta mesma

pressão, constantemente presente nas atividades das diversas multinacionais, as

atividades de RSC destas mesmas empresas têm vindo a tornarem-se cada vez

mais estratégias, ou seja, passam a estar embutidas no próprio core business (Kolk

& van Tulder, 2010). No entanto, a integração de RSC nas decisões estratégicas

das empresas, seja em que mercado for, apresenta uma enorme dificuldade e

desafio para qualquer que seja a empresa. De forma a integrar negócios e

necessidades sociais é preciso mais do que apenas boas intenções e uma forte

liderança, esta integração requere ajustes na organização, reportes de

relacionamentos, e incentivos (Porter & Kramer, 2006). Esta dificuldade e

complexidade de integração causa, possivelmente, a divulgação de uma certa

mensagem social que não está apoiada na prática da mesma. Por outras palavras,

as empresas multinacionais têm vindo a ser acusadas de uma “fachada” de RSC

que se encontra largamente desligada da realidade das práticas empresariais

(Baumann-Pauly et al., 2013).

Consequentemente, devido a todas estas pressões, as multinacionais

enfrentam, principalmente na atualidade, cada vez um maior escrutínio por parte

dos diversos stakeholders. Um exemplo deste fenómeno acontece com a empresa

“Nike”, cuja situação é também apresentada por Zadek (2004). Esta empresa

enfrentou uma reação extremamente negativa por parte da opinião pública devido

a acusações de trabalho infantil e exploração nos anos 90.

Dentro da mesma linha de pensamento, Aguinis & Glavas (2012) indicam

cinco motivos principais na implementação de aspetos de RSC a nível

organizacional: i) as empresas desenvolvem atividades de RSC devido a razões

instrumentais, como por exemplo certos resultados financeiros esperados; ii) as

empresas atuam dentro das áreas de RSC por razões normativas que existem nos

valores da dita empresa; iii) existe uma pequena, mas positiva, relação entre ações

e políticas de RSC com resultados financeiros – adicionalmente, existem imensos

resultados não-financeiros provenientes das ações de RSC, como, por exemplo, o

aumento de qualidade de produto, eficiência operacional, atratividade a

6

investidores e diversidade demográfica; iv) os recursos intangíveis da empresa e

interpretações de gestão de RSC são vistos como uma oportunidade; e v) a relação

de resultados de RSC é reforçada quando o nível de exposição e visibilidade é

elevado e o tamanho da empresa em questão também o é.

Desta forma é possível verificar que as atividades de RSC constituem uma

oportunidade para as empresas, sejam elas PMEs ou multinacionais, em diversas

vertentes, sejam elas económicas, sociais ou relacionais. Assim, através destas

ações de RSC, uma empresa pode obter resultados económicos favoráveis,

aumentar a qualidade da relação com os diversos stakeholders, ou até a sua

visibilidade e reputação.

2.1.2 A importância de RSC Ambiental e a sua crescente preocupação

Nos dias correntes é praticamente impossível não entrar em contacto com

alguma notícia ou problema relacionado com o ambiente, as alterações climáticas

e a crescente preocupação com a utilização de plásticos e produtos não

biodegradáveis. Também é possível ver esta preocupação por parte de

organizações como as Nações Unidas e o programa UN Global Compact, cuja

missão é apoiar empresas e os diversos stakeholders a fazer negócios de forma

sustentável, de acordo com os “Dez Princípios”, e tomar ações estratégicas que

façam avançar os objetivos sociais (UN Global Compact, s/d). Com mais de 9000

empresas a participar no programa, a UN Global Compact identifica três dos “Dez

Princípios” como assuntos ambientais e de sustentabilidade, sendo eles os

princípios: de que as empresas deveriam abordar os desafios ambientais de forma

cautelar; executar iniciativas que promovam uma maior responsabilidade

ambiental; e apoiar o desenvolvimento de tecnologias amigáveis do ambiente

(United Nations, s/d).

Com isto em mente, também é necessário perceber se as empresas de facto

beneficiam de ações de cariz ambiental e, se for o caso, em que aspetos obtêm

resultados positivos. Um estudo efetuado por Wahba (2007) demonstra que o

mercado recompensa empresas que apresentam uma consciência e

responsabilidade ambiental. De facto, os resultados do estudo demonstram que

7

estes aspetos afetam o valor do mercado da empresa em questão e que a

responsabilidade ambiental é um recurso valioso e raro que pode ser utilizado para

criar vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes dentro do mesmo

setor. Também num estudo sobre a avaliação e impacto de atividades de RSC no

valor da empresa efetuado por Bird et al. (2007) indica que os resultados mais

consistentes estão relacionados com as forças de empregabilidade e as

preocupações ambientas. Estes resultados mostram que caso as empresas não

sejam proativas na área de responsabilidade ambiental e caso não correspondam

às regulações e os padrões sociais, estas mesmas empresas irão sofrer impactos

negativos. Adicionalmente, no mesmo artigo é referido que os aspetos ambientais

têm vindo a ser de maior interesse nos últimos anos.

Também poderá ser necessário mencionar a própria preocupação da

população internacional relativamente ao assunto das alterações climáticas e a

poluição cada vez mais evidente. Estas manifestações, cuja periodicidade aparenta

ter vindo a aumentar, certamente colocará várias pressões, diretamente ou

indiretamente relacionadas entre si, em todos os setores de todos tipos de

empresa.

Assim, para ser possível constatar que a pressão tem vindo a aumentar para

que as empresas efetuem atividades corretas de responsabilidade ambiental tem

vindo a aumentar nos últimos tempos, principalmente em multinacionais com

grande impacto na sociedade, como é o caso das empresas de distribuição

alimentar e retalho.

2.2 Diretrizes no estudo de RSC

A constante dificuldade na definição do próprio termo de RSC causa,

consequentemente, uma dificuldade no estudo das atividades das diversas

empresas nessa área. Desta forma, é necessária a utilização de diretrizes atuais

que permitam o estudo mais preciso possível. Como referido por Baumann-Pauly

et al. (2013) nem sempre a RSC “talk” das empresas coincide com a RSC “walk”

das mesmas. Por outras palavras, as declarações e compromissos que uma certa

empresa toma em relação a um certo tema de responsabilidade social corporativa

nem sempre correspondem à realidade dos processos e estratégias efetuados.

8

Com isto, é essencial analisar as afirmações e verificar se estas correspondem à

realidade dos processos. Assim, este capítulo apresenta certas diretrizes no estudo

de RSC que permitem essa mesma avaliação, tanto numa perspetiva mais geral

como também de uma forma mais especializada na área ambiental. Estas

frameworks serão utilizadas como base da metodologia de avaliação dos dados

posteriormente recolhidos.

2.2.1 Framework no estudo geral de RSC

De forma a ser possível analisar uma das três dimensões de RSC

anteriormente referidas, é necessário avaliar, primeiramente, de que forma uma

empresa enfrenta, ou não, os problemas sociais gerais, tal como o grau de

preocupação por parte da empresa sobre os mesmos. Esta primeira avaliação

permite-nos analisar a RSC “talk” inicial, com o objetivo de a comparar,

posteriormente, com as medidas efetivamente tomadas em relação aos diversos

temas.

Com isto, a framework desenvolvida por Giovanna, Alfredo, & Lucio (2012)

procurou fornecer mais informações relativamente ao tópico de RSC nas pequenas

e médias empresas (PMEs) e mostrar se estas se encontram conscientes e

empenhadas sobre o mesmo tema. Esta mesma framework consiste em inquirir as

empresas sobre as suas noções de RSC, procurando respostas sobre a perceção

das mesmas em relação às várias dimensões acima referidas, nos diversos

stakeholders e em relação à autoavaliação da própria empresa sobre a relevância

das diversas práticas de RSC.

Como foi anteriormente referido, esta framework é direcionada a PMEs,

colocando uma pequena barreira na utilização da mesma para a análise em

empresas multinacionais. No entanto, as questões levantadas nos inquéritos

desenvolvidos por Giovanna, Alfredo, & Lucio (2012) na procura de respostas às

questões levantadas, não deixam de ser relevantes na própria esfera de empresas

multinacionais, fornecendo assim um ponto de partida útil e positivo na análise geral

das noções de RSC por parte da empresa. Assim, a adaptação e utilização deste

método de análise revela-se eficaz na perceção da própria empresa em relação

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aos diversos temas e questões sociais que são cada vez mais presentes nas

pressões exercidas, principalmente, nas empresas multinacionais.

2.2.2 Estudo dos aspetos de RSC ambiental

Uma das limitações da framework desenvolvida por Giovanna et al. (2012)

consiste no facto de que esta apenas efetua um estudo geral de RSC, apontando

ainda as limitações do próprio questionário, inclui diversas questões de natureza

diferente, sendo que umas são questões discursivas, outras sendo questões de

escolha. Adicionalmente, esta mesma framework não nos permite avaliar em que

estado, ou fase, as empresas se encontram no combate aos problemas sociais e

de que forma, ou não, estas as enfrentam.

Assim, de forma a ser possível analisar em que etapa uma empresa se

encontra em relação aos desafios sociais e as atividades de RSC efetuadas pela

mesma, é necessário uma framework adicional. Com isto em mente, a framework

“The Five Stages of Organizational Learning” desenvolvida por Simon Zadek

(2004), procura explicar a curva de aprendizagem das empresas no que toca ao

tema de Responsabilidade Social Corporativa. Estas fases e as suas definições

estão presentes na Tabela 1, apresentada de seguida.

10

Tabela 1 - The Five Stages of Organizational Learning

Fonte: Zadek (2004) The path to corporate responsibility

As cinco fases referidas por Zadek (2004) consistem em: (i) “defensive

stage” (fase defensiva); (ii) “compliance stage” (fase de conformidade); (iii)

“managerial stage” (fase de gestão); (iv) “strategic stage” (fase estratégica); e (v)

“civic stage” (fase cívil). Uma organização ou empresa que se encontre na primeira

fase, ou seja, na fase defensiva, nega, de forma total, qualquer prática imoral,

qualquer resultado de operações negativo, e não se responsabiliza por qualquer

dano possivelmente causado (Zadek, 2004). Nesta fase, as empresas procuram-se

defender de qualquer ataque à sua reputação, negando qualquer impacto nas suas

vendas, produtividade, recrutamento e, como é óbvio, na própria marca (Zadek,

2004). Noutras palavras, as empresas, quando sob graves criticas, usualmente de

ativistas civis e dos meios de comunicação, ou, por vezes, de alguns dos próprios

FASES o QUE AS ORGANIZAÇÕES FAZEM O PORQUÊ DE O FAZEREM

DEFENSIVO

Negar práticas, resultados, ou responsabilidades

Com o objetivo de se defenderem de ataques à sua reputação que no pequeno prazo que poderão afetar

as vendas, recrutamento, produtividade e a marca.

CONFORMIDADE Adotar uma abordagem de conformidade com base em

políticas, como um custo de fazer negócio

De forma a mitigar a erosão do valor económico a médio prazo, devido aos riscos correntes de

reputação e litigação

GESTÃO Incorporar os problemas sociais nos seus processos principais (core) de

gestão

Mitigar a erosão do valor económico a médio prazo e obter ganhos a longo prazo ao integrar práticas de negócio responsáveis

nas suas operações diárias

ESTRATÉGICA Integrar os problemas sociais nas estratégias principais de negócio

(core business strategies)

Aumentar valor económico no longo prazo e ganhar vantagens de first-mover ao alinhar estratégias e

inovações de processos com o problema social

CIVIL Promover uma ampla participação da indústria na responsabilidade

corporativa

Aumentar o valor económico no longo prazo ao superar quaisquer

desvantagens de first-mover e realizar ganhos através de ações

coletivas

11

stakeholders, negam completamente qualquer irregularidade ou qualquer ligação

entre as atividades das empresas e os problemas manifestados (Zadek, 2004). A

seguinte fase, a fase de conformidade, consiste, em suma, na mitigação dos

potenciais danos económicos a médio prazo devido aos riscos colocados na

reputação da marca e aos riscos de litígio (Zadek, 2004). Essencialmente, as

empresas reconhecem o risco das acusações efetuadas contra as mesmas e,

adicionalmente, procuram inserir políticas internas que possam ser efetuadas e

facilmente observadas por críticos (Zadek, 2004). A terceira fase apresentada por

Zadek (2004), a fase de gestão, refere que a empresa admite que existe, de facto,

um problema a longo prazo que é impossível ignorar através da conformidade e,

consequentemente, os administradores do core business assumem a

responsabilidade dos problemas e são oferecidas, adicionalmente, as medidas de

solução. Assim, a empresa procura não só mitigar os danos a médio prazo, como

acima referidos, mas pretende também alcançar lucros a longo prazo através da

integração de práticas responsáveis nas suas operações. No entanto, a empresa

poderá dar um passo extra e integrar as questões sociais no seu próprio core

business, cujo objetivo passa por reforçar os valores económicos a longo prazo e

procurar uma vantagem competitiva em relação aos diversos rivais ao alinhar as

estratégias e inovações de processos com as questões socias – sendo esta a fase

estratégica. Por último, Zadek (2004) identifica a fase final, a fase cívica, onde as

empresas já se encontram numa fase avançada de ações de RSC e procuram

promover ações coletivas, entre as múltiplas empresas, para fazer face às

preocupações sociais. Com isto, as empresas procuram enaltecer os valores

económicos a longo prazo ao superar quaisquer desvantagens de “first-mover” e

de forma a obter ganhos através de ação coletiva (Zadek, 2004).

Contudo, esta framework, apesar de fornecer uma boa base inicial de análise

das diversas fases em que uma empresa se pode encontrar em relação às

atividades de Responsabilidade Social Corporativa, apresenta também algumas

limitações. Tal como apontado por Baumann-Pauly & Scherer (2013), Zadek

desenvolveu este modelo com base apenas numa empresa em questão, a Nike,

cujas atividades de RSC foram despertadas pela enorme e contínua pressão de

ONGs. Adicionalmente, com a crescente preocupação da população em relação a

12

questões sociais, principalmente no aspeto ambiental, é necessária uma matriz

mais desenvolvida e com um maior número de empresas estudadas, de forma a

poder acompanhar o crescimento do tema de RSC. Desta forma, para além das

fases gerais da matriz de Zadek, foi efetuada uma adição de três dimensões para

colmatar algumas lacunas por parte de Baumann-Pauly et al. (2013) (ver Apêndice

II). Estas três dimensões consistem em “commitment” (compromisso), “Internal

structures & procedures” (estruturas internas e procedimentos) e “External

collaboration” (colaboração externa), sendo que estas são utilizadas como

indicadores para serem avaliados consoante as fases de desenvolvimento

concebidas por Zadek, referidas anteriormente.

Fonte: Elaboração própria

A primeira dimensão (“compromisso”) inclui indicadores que procuram

perceber as integrações estratégicas de RSC em documentos, por exemplo em

códigos de conduta, tal como apoio e liderança do CEO e do conselho de

administração (Baumann-Pauly et al., 2013). Adicionalmente, procura analisar a

existência da coordenação de RSC e os departamentos responsáveis pela RSC

(Baumann-Pauly et al., 2013). A dimensão “estruturas internas e procedimentos”

inclui indicadores que representam a integração organizacional de RSC em práticas

e procedimentos, sendo que, no caso de multinacionais, refere sistemas de

incentivo e medidas de formação com o objetivo de promover a consciência de RSC

nos diversos funcionários, canais de reclamação, e avaliações de performance

Imagem 2 - Dimensões de Baumann-Pauly et. al (2013)

Estruturas internas e procedimentos

Avalia a integração organizacional de Responsabilidade Social Corporativa em práticas e procedimentos. Será que a empresa apresenta sistemas de incentivo para a RSC? Existem medidas de consciencialização sobre a RSC?

Colaboração externa Qual o nível de colaboração da empresa com stakeholders externos? A empresa participa ativamente em iniciativas colaborativas?

Compromisso

Analisar a existência da coordenação de Responsabilidade Social Corporativa e os departamentos responsáveis pela mesma. Avaliar o compromisso da empresa perante a Responsabilidade Social Corporativa.

13

(Baumann-Pauly et al., 2013). A última dimensão (“colaboração externa”) procura

avaliar o envolvimento e interação externa de atores da sociedade civil que são

críticos para a agenda de RSC, ou seja, no caso de multinacionais, esta dimensão

refere-se à participação proativa e “nível de atividade” na qual contribuem para

iniciativas de RSC colaborativas (por exemplo, a “UN Global Compact”), e a

qualidade das relações entre a empresa e os diversos stakeholders externos

(Baumann-Pauly et al., 2013).

Imagem 3 - Dimensões de Baumann-Pauly et. al (2013)

Dimensões de Baumann-Pauly et. al (2013)

Assim, com o desenvolvimento da matriz, é possível uma análise e estudo

mais preciso das empresas em geral, provando ser útil na identificação das fases

de desenvolvimento em que uma empresa multinacional se encontra em cada uma

das três dimensões acima referidas. É possível também verificar esta evolução

através da consulta das tabelas no Apêndice I, sendo esta a tabela inicial e

desenvolvida por Zadek (2004), e Apêndice II, já com a adição das dimensões por

parte de Baumann-Pauly & Scherer (2013).

Em suma, este desenvolvimento e evolução demonstra um estudo contínuo

e elaborado sobre o tema, tal como o aperfeiçoamento das matrizes utilizadas para

o estudo da temática de Responsabilidade Social Corporativa. Portanto, fornecem

• Integração estratégica e

apoio da liderança

• Coordenação de

Responsabilidade

Ambiental

• Alinhamento de políticas e procedimentos

• Alinhamento de estruturas de incentivos

• Prestação de formação de requerimentos de RA

• Criação de procedimentos de reclamação

• Avaliação da implementação de RA

• Relatórios sobre RA

• Qualidade de relações com

stakeholders

• Níveis de participação em

iniciativas de cooperação

de Responsabilidade

Ambiental

14

uma boa base para análise, sendo que as matrizes elaboradas por Zadek (2004) e

Giovanna et al. (2012) permitem uma avaliação geral da Responsabilidade Social

Corporativa de uma empresa, enquanto que a framework adaptada de Baumann-

Pauly et al. (2013) permite uma análise mais detalhada e específica para a vertente

da Responsabilidade Ambiental.

2.3 Conclusões Retiradas

Após a revisão da literatura, é possível assim delinear não só objetivos,

como também questões de investigação relativamente às atividades de

responsabilidade ambiental de uma empresa, neste caso sendo a multinacional

portuguesa Jerónimo Martins. De facto, ainda existem algumas lacunas

relacionadas com o tema de Responsabilidade Social Corporativa, sendo que numa

indústria como a de distribuição alimentar e retalho este tópico deverá ter uma

preocupação acrescida, vítima de uma pressão e escrutínio elevado por parte dos

diversos stakeholders.

Portanto, verifica-se uma necessidade de estudos com o objetivo de analisar

as atividades de RSC por parte de empresas, de forma a também auxiliar uma

definição mais concreta do tema. Assim, a presente dissertação passará pela

procura de apoiar o estudo destes pontos e responder às questões sobre de que

modo uma multinacional ataca estas problemáticas, principalmente de

responsabilidade ambiental.

15

3. Metodologia

No presente capítulo será apresentada a metodologia utilizada no estudo do

tema em questão. Primeiramente, a principal questão de investigação será

apresentada e, logo de seguida, serão colocados os passos e métodos de

investigação de forma a procurar uma resposta concreta à questão colocada. Esta

será a base de toda a dissertação e da apresentação da informação obtida.

3.1 Questão de investigação

A presente dissertação procura explicar de que forma uma multinacional

enfrenta as diferentes questões e desafios de Responsabilidade Ambiental e se a

RSC “talk” se reflete na RSC “walk”. Por outras palavras, procura-se verificar se o

Grupo Jerónimo Martins de facto coloca em prática as atividades de

Responsabilidade Ambiental que promove e afirma na sua missão e visão

empresarial.

3.2 Estudo de caso da Jerónimo Martins

A metodologia basear-se-á estudo de caso sobre a Responsabilidade

Ambiental do Grupo Jerónimo Martins, tentando procurar certas respostas

relativamente às atividades ambientais tanto em Portugal como no estrangeiro,

sendo que estes contextos têm mais impacto devido ao seu desenvolvimento

avançado e volume de negócios.

O método de estudo de caso insere-se melhor neste tema devido ao facto

de ser focar maioritariamente em eventos contemporâneos, não requerer controlo

de eventos comportamentais e apresentar um ponto extremamente forte na

capacidade de conseguir lidar, de forma eficaz, com uma grande variedade de

informação (Yin, 2009), que será o caso desta mesma dissertação. Adicionalmente,

o método de estudo irá seguir os cinco componentes referidos, também, por Yin

(2009): i) apresentar as questões para quais o estudo de caso pretende obter

resposta; ii) apresentar as suas proposições, caso e xistam algumas; iii) as

unidades de análise do estudo; iv) a lógica e métodos de interligar a informação

com as proposições; e v) os critérios utilizados na interpretação dos resultados.

16

A Jerónimo Martins apresenta-se como um caso sólido para um estudo de

caso desta natureza. Facilmente podemos afirmar que o Grupo tem uma vasta

influência tanto a nível nacional como a nível internacional, na Polónia, com uma

das maiores cadeias de retalho, e na Colômbia, sendo que este mercado é

relativamente mais pequeno, já que foi criado de raiz. De uma forma geral, as

indústrias de retalho especializado e distribuição alimentar abrangem todos os

setores de atividade, o setor primário, ou seja, a extração de matérias-primas; o

setor secundário, que consiste no processamento dos mesmos; e, por fim, o setor

terciário, ou seja, a prestação de serviços.

Adicionalmente, é necessário olhar para as atividades e a dimensão da

Jerónimo Martins para poder justificar o estudo das ações de RSC ambiental.

Primeiramente, a nível nacional, o Grupo apresenta uma das cotações e volumes

mais elevados no PSI-20 (Investing, 2019; Jornal de Negócios, 2019), emprega

cerca de 32.426 colaboradores em mais de 500 lojas, sendo que 432 fazem parte

da cadeia de supermercados Pingo Doce e 42 lojas da cadeia de Cash & Carry

Recheio, consolidando, em Portugal, mais de 4,8 mil milhões de euros em faturação

agregada em 2018 (Jerónimo Martins, 2019d). Estes valores demonstram o volume

das atividades do Grupo e do impacto que este tem nos diversos setores não só a

nível nacional, mas também a nível internacional, especificamente na Polónia, já

que este mercado se encontra mais desenvolvido comparativamente ao mercado

colombiano. No contexto polaco, a Jerónimo Martins detém a cadeia de

supermercados Biedronka, líder no setor e a principal fonte de lucro do Grupo, que

apresenta um valor de vendas de quase 11,7 mil milhões de euros através das

operações em 2.900 lojas e que, juntamente com a cadeia de lojas especializadas

em Saúde e Beleza, emprega quase 70.492 colaboradores (Jerónimo Martins,

2019d).

Devido ao facto de o Grupo estar envolvido, direta ou indiretamente, em

todos estes setores e de ser uma multinacional com bastante influência nos países

onde se insere, principalmente europeus, é essencial, para o interesse público, que

a Jerónimo Martins tenha uma grande preocupação a nível de responsabilidade

social e ambiental.

17

De forma concreta, e aplicando as questões avançadas em 4.1, a presente

dissertação procura responder às questões: “De que forma o Grupo Jerónimo

Martins enfrenta as diferentes questões e desafios de Responsabilidade

Ambiental?”; “São os compromissos apresentados pelo Grupo Jerónimo Martins,

de facto, traduzidos em políticas e procedimentos?”, ou seja, será que a RSC “talk”

se reflete na RSC “walk”; e “Em que fase de Responsabilidade Ambiental se

encontra a Jerónimo Martins?”

Considerando as questões apresentadas e a dimensão do Grupo Jerónimo

Martins, poderá supor-se que este se encontra, ou deveria encontrar, numa fase

relativamente avançada nas ações de RSC, tanto a nível social como ambiental.

3.2.1 Matriz de análise

Com a utilização da matriz concebida por Zadek (2004) (ver apêndice I), será

possível efetuar uma avaliação mais geral de RSC do Grupo Jerónimo Martins e,

com o objetivo de efetuar uma análise mais específica e apenas relativa à

Responsabilidade Ambiental, será utilizada a matriz adaptada de Baumann-Pauly

& Scherer (2013). Estas matrizes foram apresentadas e discutidas no capítulo

anterior e serão a base para a avaliação dos dados obtidos

3.2.2 Recolha de dados

Os dados para o estudo de caso são recolhidos e analisados em três partes

complementares.

Imagem 4 - Metodologia de Análise

Fonte: Elaboração própria

Numa fase inicial, é feita a análise dos diversos documentos do Grupo

Jerónimo Martins, sendo que estes são publicados pelo próprio grupo. Apesar de

Análise de documentos

Entrevista Triangulação de dados

18

esta ser uma potencial limitação, visto que os documentos utilizados são fornecidos

pelo próprio Grupo (no entanto, também é preciso considerar que estes mesmos

documentos são alvo de alto escrutínio), esta é a única forma de analisar valores

concretos sobre os diversos temas em relação às atividades deste.

Adicionalmente, foi efetuado uma entrevista ao próprio Grupo Jerónimo

Martins no que toca aos assuntos de cariz de Responsabilidade Social Corporativa,

de uma forma geral, e sobre os assuntos ambientais mais específicos.

A entrevista foi efetuada no dia 10 de maio de 2019, sendo que apesar de

não ter sido permitida a gravação da mesma, a maioria das questões foram

respondidas presencialmente e as restantes por correspondência eletrónica,

estando estes dados presentes ao longo da secção de análise de dados. A

entrevista foi então efetuada na sede da Jerónimo Martins, em Lisboa, com a

Corporate Responsibility Senior Manager – Environment do Grupo Jéronimo

Martins. Posteriormente, foi enviado o mesmo guião com as respostas fornecidas

para obter comentários adicionais e com o objetivo de receber respostas no que

toca aos aspetos de responsabilidade social, visto que estes não se inseriam na

sua área de responsabilidades. Assim, obtive respostas, por parte de Corporate

Responsibility Senior Manager – Social do Grupo, às diversas questões de

Responsabilidade Social Corporativa (sendo esta a primeira parte do guião). De

realçar também que após o momento de entrevista, foi estabelecido contacto via e-

mail com os correspondentes Corporate Responsibility Managers e feita uma

comunicação constante, verificando e corrigindo (com base nos diversos

documentos do Grupo) qualquer aspeto necessário. Este aspeto permitiu recolher

os dados mais corretos possíveis e mostrando assim uma preocupação por parte

do Grupo em cooperar na apresentação e estudo destes dados.

O objetivo desta mesma entrevista foi procurar obter as diferentes

perspetivas do Grupo em relação a estes temas, sendo que as respostas recebidas

são, posteriormente, trianguladas com os dados fornecidos nos diversos

documentos disponíveis a nível público. Com isto, é possível diferenciar a RSC

“talk” com a RSC “walk”, como é referido por Baumann-Pauly et al. (2013), ou seja,

verificar se os compromissos que uma empresa toma são, de facto, refletidos nas

ações e estratégias das próprias empresas, pois será fácil para uma empresa

19

afirmar que se compromete a efetuar, por exemplo, uma redução de utilização de

plásticos, mas não converte esse compromisso em práticas para cumprir o mesmo.

Portanto, através da utilização da entrevista será possível obter a RSC “talk”

e esta é triangulada com a informação presente nos documentos de

Responsabilidade Social e o Relatório e Contas 2018 da Jerónimo Martins, ou seja,

a RSC “walk”.

Com a utilização de uma entrevista, foi possível obter a perspetiva do próprio

Grupo em primeira mão. Adicionalmente, o uso do método de entrevista num

estudo de caso é uma das fontes de informação mais importantes (Yin, 2009), não

deixando de apresentar, obviamente, algumas limitações. Apesar de este método

se focar diretamente nos tópicos do estudo de caso e poder fornecer

esclarecimentos adicionais, existem potenciais limitações. Yin (2009) afirma que ao

entrevistar diretamente uma pessoa (neste caso a Corporate Responsibility Senior

Manager – Environment do Grupo Jerónimo Martins) existe a possibilidade de obter

respostas generalistas por parte do(a) entrevistado(a), em que este/esta poderá

fornecer as respostas que o entrevistador “quer” ouvir (Yin, 2009).

Tendo em consideração que as informações dos documentos públicos

(como por exemplo o Relatório e Contas 2018) foram previamente analisados e

estudados, procurei corroborar estes dados através da entrevista, efetuando

questões cujas respostas não se encontravam presentes em quaisquer

documentos, ou com o objetivo de confirmar os dados presentes nos documentos.

Ao seguir o método identificado por Yin (2009), procurei, então, obter comentários

“frescos” com o intuito de posteriormente triangular as informações, obtidas através

da entrevista, com os dados presentes nos diversos documentos.

Assim, numa primeira fase, a entrevista tem como base um inquérito de cariz

social no que toca à RSC, de forma a tentar perceber em que fase, num aspeto

global, o Grupo se encontra nas ações de RSC. Esta primeira parte do guião de

entrevista (ver apêndice III) tem, então, como base o inquérito desenvolvido por

Giovanna et al. (2012), sendo que este foi inicialmente desenvolvido no estudo de

Responsabilidade Social Corporativa de pequenas e médias empresas (PMEs) em

Bergamo. Apesar deste se focar em PMEs, fornece uma base relativamente

positiva para uma adaptação para a realidade das empresas multinacionais, já que

20

as questões são de cariz geral e são facilmente aplicadas a este tipo de empresas

de grande dimensão. No entanto, a resposta esperada às questões deveria ser

expectável nesta realidade multinacional, pois estes tipos de empresas encontram-

se regularmente sob escrutínio por parte de outras organizações e do próprio

governo.

Numa segunda fase, a segunda parte do guião de entrevista foi desenvolvida

pessoalmente, mas tendo como base as diferentes dimensões e indicadores da

matriz de Baumann-Pauly et al. (2013) sobre as implicações organizacionais da

cidadania corporativa (ver apêndice II), sendo que este último também foi adaptado,

por mim, à realidade da responsabilidade ambiental. O objetivo desta segunda parte

visa não só responder às diferentes dimensões da matriz, mas também obter a

perceção da própria empresa sobre os diversos desafios e questões ambientais

que enfrenta. Assim, através desta entrevista, é possível verificar ou refutar as

declarações fornecidas com a triangulação dos documentos sobre os diversos

temas divulgados pela empresa, ou seja, verificar se o RSC “walk” realmente se

encaixa nos compromissos e promessas ambientais que o Grupo divulga (RSC

“talk”).

Contudo, é necessário referir as limitações presentes neste método de

interligação, visto que todos os dados são fornecidos pela própria Jerónimo Martins,

apesar de se poder considerar que o Relatório e Contas será o documento mais

verídico devido ao escrutínio que este deverá sofrer.

Em suma, a metodologia segue uma estrutura relativamente simples, sendo

que a triangulação dos dados divulgados publicamente pela Jerónimo Martins com

os dados fornecidos através da entrevista proporcionam uma base sólida na

procura de resultados eficientes e concretos no que toca às atividades de cariz

ambiental do Grupo tanto em Portugal como na Polónia. Posteriormente, com a

análise dos resultados, será possível, então, colocar o Grupo dentro de uma fase

tanto na matriz geral de Zadek (2004) e na matriz mais específica de Baumann-

Pauly & Scherer (2013).

21

4. Análise de Dados

Como foi referido anteriormente, a análise dos dados passa pela

triangulação das informações obtidas através da entrevista e análise dos

documentos oficiais disponíveis ao público relativamente às atividades de

Responsabilidade Social e, mais especificamente, de Responsabilidade Ambiental

tanto em Portugal como na Polónia e na Colômbia. Com isto em mente, neste

capítulo serão apresentadas todas as informações obtidas, tanto através da análise

de documentos disponíveis a nível público, tanto como as respostas obtidas no

momento de entrevista (e outras informações enviadas por parte do Grupo

Jerónimo Martins). Seguindo a matriz adaptada de Baumann-Pauly & Scherer

(2013), este capítulo tem como objetivo a apresentação da informação de forma

estruturada e de fácil compreensão, pois esta análise Ambiental ataca diversos

tópicos, sendo então necessário seguir esta estrutura lógica.

4.1 Responsabilidade Social

Como referido anteriormente, esta fase inicial tem como objetivo analisar de

que forma o Grupo enfrenta as diferentes questões sociais, mas não sendo este o

objetivo final da presente dissertação. Uma análise da responsabilidade ambiental

não serviria de nada sem uma breve, mas eficaz, avaliação geral de RSC da

Jerónimo Martins. Portanto, esta análise será breve e feita de forma geral, utilizando

apenas a matriz de Zadek (2004) como método de avaliação social. As respostas

nesta específica secção foram fornecidas por parte de Corporate Responsibility

Senior Manager – Social.

Com isto em mente, quando questionado sobre a definição do termo de

RSC, foi indicado que este é a gestão equilibrada da relação entre prosperidade

económica, desenvolvimento social e preservação ambiental nos países onde o

Grupo está presente. Baseando-se nesta premissa, a Jerónimo Martins pretende

continuar a fazer crescer os negócios de forma sustentada e estimular a adoção de

boas práticas e de elevados padrões de qualidade ao longo da cadeia de valor, na

alimentação, no ambiente, na forma como compramos, nos empregos que criamos

e no apoio às comunidades. Esta definição vai, de certa forma, ao encontro da

22

definição de RSC apresentada no ponto 2, representando então esta aproximação

que a própria Jerónimo Martins tem uma visão positiva de RSC. O Corporate

Responsibility Senior Manager – Social indica que existe, de facto, um

departamento de RSC, não estando divido nas diversas secções. Contudo, afirma

que a gestão da sustentabilidade é feita em alinhamento com diversos

Departamentos Corporativos ou, em alternativa, com Departamentos locais.

Adicionalmente, existe um orçamento associado a estas atividades de RSC; no

entanto, tal como o número de staff, este valor não se encontra disponível

publicamente.

Relativamente à relação com os funcionários, a Jerónimo Martins, tanto a

nível de Sede e de Lojas1, oferece diversos programas de apoio, excluindo a

possibilidade de empréstimos bonificados. Para além disso, oferece também,

voluntariamente, apoios familiares e apoios à educação. De forma a fornecer uma

comunicação sólida entre a empresa e os diversos colaboradores, a Jerónimo

Martins apresenta uma comunicação diversificada, tanto a nível de sede como a

nível de lojas, referindo também que tem cartas abertas uma vez por mês e efetua

uma comunicação através de e-mail específicos. Ainda sobre os apoios e interação

com os funcionários, o Grupo proporcionou mais de 4,5 milhões de horas de

formação, tendo sido distribuídas por 66.310 ações de formação (Jerónimo Martins,

2019d).

Nos aspetos de formalização de estratégias de apoio e de igualdade de

oportunidades, a Jerónimo Martins refere que estas existem, privilegiando a

meritocracia e a não-discriminação no acesso e progressão de carreira, afirmando,

então, que é implementada uma igualdade de oportunidades, estando

inclusivamente no Código de Conduta. No que toca à integração de pessoal

estrangeiro, o Grupo apresenta cursos específicos de formação, uma vez que estes

são estágios em contexto real de trabalho e são também acompanhados por outras

formações contínuas (por exemplo o ensino da língua portuguesa) efetuadas por

instituições parceiras. Relativamente à questão sobre a empregabilidade de

1 Esta definição excluí as restantes tipologias de infraestruturas e operações do Grupo (como Centros de Distribuição, outros edifícios centrais, escolas de formação, cozinhas centrais, fábricas e explorações agrícolas e de aquacultura). Com isto, a expressão “operações do Grupo” refere-se a todas estas dimensões.

23

pessoal com registo criminal e pessoal com deficiências, o Grupo não responde,

mantendo a coerência com o seu Código de Conduta.

Quando questionado sobre a relação com os fornecedores, a Jerónimo

Martins demonstra, de facto, uma preocupação sobre as atitudes nos diversos

processos de produção, procurando fornecedores com certificações específicas.

Relativamente a informações de cariz ambiental, estas serão apresentadas no

ponto seguinte. De igual forma, o próprio Grupo apresenta todas as informações

sobre qualidade e segurança alimentar aos seus consumidores, assim como sobre

dimensões específicas da sustentabilidade – é possível verificar estes aspetos

através da consulta do próprio website da Jerónimo Martins, estando estas

informações mais completas no Relatório & Contas. Adicionalmente, são efetuados

inquéritos de satisfação aos consumidores, mais concretamente estudos de

mercado (análise de materialidade) de três em três anos e estudos de clima

bianualmente.

A nível de investimento em publicidade, o Grupo Jerónimo Martins efetua um

marketing relacionado com certas causas sociais e com mensagens de valor social.

De igual forma, o Grupo procura apoiar, através do próprio rendimento líquido,

diversas instituições e áreas com donativos, sendo que a educação, pesquisas

científicas, saúde, intervenções sociais e intervenções de cooperação internacional

são o foco de donativos regulares, com o objetivo de criar condições para a

sustentabilidade das instituições. Estes aspetos podem ser confirmados – foi

efetuado o apoio a 48 instituições, num valor total de mais de 707 mil euros com o

objetivo de suportar projetos ao nível social (56%), da saúde, ambiente, Direitos

Humanos e cidadania (30%), sendo que esta informação diz respeito aos apoios

institucionais da Jerónimo Martins em 2018 (Jerónimo Martins, 2019d). No conjunto

das suas companhias nos diversos países, o valor ascende a mais de 31,5 milhões

de euros (já englobando os 707 mil euros referidos anteriormente), representando

um aumento de 45% face a 2017, sendo distribuídas por mais de mil instituições de

forma direta (Jerónimo Martins, 2019d). A decisão destes donativos é tomada por

diversos atores, como o Conselho de Administração, CEO e o staff e/ou

departamento responsável com as relações comunitárias. No que toca ao apoio a

universidades, o Grupo fornece a possibilidade de estágios. Refere também que

24

patrocina cursos na própria Universidade de Aveiro, mais propriamente apoio à

Licenciatura e ao Mestrado em Gestão Comercial da ESTGA, contribuindo

ativamente para os conteúdos programáticos, e promove a aproximação do mundo

académico ao mundo empresarial através de visitas, estágios e projetos. São

também disponibilizadas bolsas de estudos a alunos, de entre o universo de

colaboradores e filhos de colaboradores, que tenham interesse em frequentar o

Mestrado referido anteriormente (Jerónimo Martins, 2019d). Adicionalmente, o

Manual de Agricultura Sustentável foi efetuado com a Universidade de Coimbra e

existe, também, um projeto de investigação com uma universidade colombiana

(duração de 2 anos) no apoio à conservação de araras. Estes dados demonstram

uma preocupação em manter parcerias com universidades. O Grupo procura ainda

apoiar atividades sociais através da disponibilização de produtos e serviços

próprios.

Relativamente à adoção de certificações na área de RSC, o Grupo apresenta

um Relatório Ambiental e Relatório Social dentro do próprio Relatório & Contas,

demonstrando que estas questões estão embutidas no próprio negócio.

Certificações como a ISO 9001, ISO 22000 (estas duas certificações sendo críticas

para o core business alimentar do Grupo) ou a ISO 14001 e muitas outras, refletem

esta mesma preocupação. De igual forma, o Grupo adota técnicas de

benchmarking (interno, industrial, competitivo e best-in-class) como maneira de

melhorar os próprios processos e RSC.

O Grupo procura ainda utilizar outras práticas de RSC, indicando que utiliza

todos os aspetos questionados presentes na Parte I – ponto 24 do Guião de

Entrevista (apêndice III), desde programas de gestão ambiental à redução de

transportes – sendo que estes aspetos terão uma análise mais profunda no próximo

ponto.

É necessário também avaliar quais são as motivações e/ou incentivos mais

fortes para a prática de RSC por parte da Jerónimo Martins, sendo que os aspetos

como a promoção das relações com os trabalhadores; a atração de recursos

qualificados; a procura em melhorar as relações com os financiadores; a

preocupação de lealdade com os consumidores; sugestões de clientes e

consumidores; procurar melhorar as relações com a comunidade; melhorar a

25

própria performance económica e procurar diminuir o risco de escândalos e crises,

são considerados como aspetos de extrema importância. Relativamente à

dificuldade e barreira de implementação destas práticas, o Grupo afirma que é difícil

avaliar os itens de forma independente, pois estes estão intrinsecamente ligados.

Existem, claramente, barreiras à implementação de práticas, no entanto, os

maiores potenciais impedimentos são os riscos financeiros que ponham em causa

a viabilidade financeira do grupo; caso os custos excedam significativamente os

resultados; e potenciais barreiras técnicas que impossibilitem a implementação.

Por fim, para além dos projetos de cariz ambiental que serão referidos

posteriormente, o Grupo indica projetos, no âmbito da RSC, como Programas de

Responsabilidade Social Interna, introduzido em 2009, onde se procura melhorar a

qualidade da vida pessoal e familiar dos colaboradores, tendo impactos positivos a

nível financeiro, saúde, alimentar, bem-estar familiar, educação, entre outros. Em

2018, este investimento ascendeu a mais de 19,5 milhões de euros. Foram também

feitos apoios a instituições de solidariedade social, procurando reduzir a fome e

malnutrição, de acordo com a Política de Apoio às Comunidades do Grupo, e

promover a quebra de ciclos de pobreza, resultado das situações económico-

financeiras mais vulneráveis da população portuguesa, polaca e colombiana. Ainda

dentro desta linha de pensamento, o Grupo promoveu a qualidade e diversidade

dos produtos alimentares de Marca Própria junto dos consumidores, através dos

Programas no âmbito da Política da Qualidade e Segurança de Produto e Política

Nutricional, sendo que este compromisso advém do reconhecimento do papel que

a alimentação pode desempenhar na prevenção de doenças como a diabetes, a

osteoporose e as doenças cardiovasculares e, consequentemente, na promoção

da qualidade de vida. Estes programas resultaram nas reformulações nutricionais

de produtos de Marca Própria evitando, em 2018, a colocação no mercado de 656

toneladas de gorduras, 88 de açúcar e 8 de sal. O Grupo acredita, por isso, que

tem tido um impacto mais positivo na saúde dos seus consumidores.

Adicionalmente, desenvolveu soluções alimentares que reforçam o papel de uma

alimentação equilibrada na promoção da saúde, democratizando o acesso a

produtos sem gordura, sem lactose, sem glúten, aptos para vegetarianos e para

vegans.

26

Como nota de conclusão, pode-se verificar que, de facto, o Grupo tem uma

posição e Responsabilidade Social forte e bem assente na própria cadeia de valor

e forma de fazer negócio. Esta conclusão fornece uma boa base e uma ideia sólida

da posição do Grupo, permitindo assim um estudo aprofundado da

responsabilidade ambiental que é apresentado de seguida.

4.2 Responsabilidade Ambiental

Neste tópico de análises de dados serão trianguladas as informações

fornecidas através da entrevista com os documentos públicos, maioritariamente o

Relatório & Contas 2018 da Jerónimo Martins. Primeiramente são apresentadas as

respostas (ou informações baseadas nas mesmas) obtidas às diferentes questões

e estas são então avaliadas através dos dados públicos. Dentro desta mesma

alínea, os dados serão apresentados nas subalíneas (ou dimensões/indicadores)

baseadas na matriz adaptada de Baumann-Pauly & Scherer (2013), obtendo então

uma análise mais aprofundada do tema de responsabilidade ambiental.

4.2.1 Compromisso de Responsabilidade Ambiental

Nesta dimensão será avaliada o nível do compromisso da Jerónimo Martins

no que toca à responsabilidade ambiental do mesmo. A implementação destes

compromissos demonstra que uma empresa está disposta a sistematicamente

preencher lacunas regulatórias nas atividades de negócio em que se insere

(Baumann-Pauly & Scherer, 2013). Em suma, esta dimensão procura responder de

que forma o Grupo encara as diversas questões ambientais – se existe alguma

integração de responsabilidade ambiental nas estratégias do Grupo e de que forma

a Jerónimo Martins coordena o processo de decisão com o processo de

implementação. De seguida, apresentam-se os tópicos inseridos na dimensão do

compromisso de responsabilidade ambiental.

27

Esquema 1 - Os indicadores do Compromisso de Responsabilidade Ambiental

Fonte: Elaboração própria

4.2.1.1 Integração de Estratégias e Apoios da Administração

Este indicador procura compreender de que forma o Grupo Jerónimo Martins

encara a questão de responsabilidade ambiental e quais os níveis de integração e

apoio da administração de topo.

Assim, através da entrevista foi possível perceber de que forma a Jerónimo

Martins procura enfrentar a questão de responsabilidade ambiental, cuja pressão e

expectativas sobre a mesma têm vindo a aumentar na atualidade, principalmente

por parte de investidores, analistas, consumidores e ONGs ambientais. O Grupo

refere imediatamente que existe, de facto, uma estratégia relativamente ao

compromisso ambiental, sendo que este é aliado ao elevado apoio da

administração de topo. Este último ponto, não sendo possível totalmente confirmá-

lo, é razoável que se considere como uma afirmação verídica, pois na própria

mensagem no Relatório & Contas 2018 de Pedro Soares dos Santos, Presidente e

Administrador-Delegado do Grupo Jerónimo Martins, está presente a preocupação

sobre os “fenómenos climatéricos extremos e o falhanço das políticas de alteração

climática”. Adicionalmente, foi indicado que existe um código de conduta ambiental,

embutido no código de conduta geral (este integra vários outros aspetos que estão

também vertidos nos cinco pilares de responsabilidade corporativa do Grupo), e

que este é, naturalmente, respeitado e cumprido. Para tal, existe um conjunto de

órgãos internos que visam ao cumprimento deste Código, nomeadamente a

Integração de Estratégias e Apoios da Administração São avaliadas as posições estratégicas da empresa em relação às questões ambientais e procura verificar se existe um apoio claro da administração da empresa.

Coordenação de Responsabilidade Ambiental

É verificado de que forma são delineadas as decisões relacionadas com a Responsabilidade Ambiental e como é executada a implementação das mesmas

01

02

28

Comissão de Ética e a Comissão de Controlo Interno. Ao inserir o código de

conduta ambiental (e outros aspetos) no próprio código de conduta geral, o Grupo

pretende demonstrar que este aspeto é central nas suas preocupações e que

procura definir os modos como os seus colaboradores devem reger a sua conduta.

Estas mesmas preocupações ambientais são refletidas na presença de diversos

documentos de cariz ambiental no próprio website e missão do Grupo Jerónimo

Martins, onde é possível aceder às diversas informações ambientais, como o

respetivo Código de Conduta; o documento de Política Ambiental, onde o Grupo

delineia os seus princípios orientadores de atuação e as suas prioridades, como o

combate às alterações climáticas, preservação da biodiversidade e a gestão de

resíduos de forma responsável (Jerónimo Martins, s/d-a); e no próprio Relatório &

Contas anual. Ainda em relação às três prioridades ambientais do Grupo, estas

estão presentes em documentos adicionais, onde é possível verificar os diversos

indicadores de consumo de água, o consumo de energia e a respetiva pegada de

carbono (Jerónimo Martins, 2019a); estão, também, presentes documentos

relativamente à preocupação da proteção de biodiversidade e as respetivas

compras sustentáveis, onde o Grupo reconhece a escassez de água, alterações

climáticas, alterações nos habitats, perda de biodiversidade e exploração excessiva

de oceanos como seis áreas prioritárias no combate às problemáticas ambientais

(Jerónimo Martins, s/d-b); e, por fim, é de fácil acesso às informações no que toca

à gestão de resíduos por parte da Jerónimo Martins, tanto a nível de desperdício

alimentar (Jerónimo Martins, 2019b) e consumo de materiais (Jerónimo Martins,

2019c).

Em suma, pode-se verificar que existe apoio por parte da administração de

topo do Grupo. Para apoiar esta afirmação, a remuneração de Administradores com

funções executivas tem uma componente fixa e variável que depende de um

conjunto de critérios. Na componente variável são avaliadas questões de

sustentabilidade, sendo que o “desempenho e resultados atingidos nesta última são

medidos por analistas ESG (Environmental, Social and Governance), de acordo

com a informação divulgada pela Sociedade sobre políticas, práticas e indicadores

de desempenho nestas matérias” (Jerónimo Martins, 2019d). De igual forma, estão

presentes informações relativamente aos elementos de responsabilidade ambiental

29

tanto no Código de Conduta, como em outros diversos documentos, incluindo o

próprio Relatório & Contas anual. Através da entrevista, também foi possível

deduzir que a abordagem legal é, naturalmente, extremamente importante, mas o

cumprimento dos códigos ambientais também o é. Adicionalmente, também

consoante as respostas obtidas no momento de entrevista, as solicitações dos

stakeholders são, de facto, centrais na missão da empresa. Estas respostas são

apoiadas pelas ações de cooperação com os diversos stakeholders por parte do

Grupo, seja na definição de prioridades ao conhecer os temas mais relevantes dos

vários stakeholders (Jerónimo Martins, 2016) ou no assegurar de um maior

alinhamento.

4.2.1.2 Coordenação de Responsabilidade Ambiental

Neste particular indicador, é analisado de que forma são delineadas as

decisões de cariz ambiental e como é efetuada a implementação das mesmas. Este

mesmo indicador apresenta a limitação de que muitos dos dados necessários são

internos e confidenciais, causando, consequentemente, a impossibilidade de

confirmar as informações na entrevista. Assim, todos os dados apresentados de

seguida são baseados apenas nas respostas obtidas no momento de entrevista e

em afirmações presentes no Relatório & Contas 2018.

Assim, foi indicado, primeiramente, que existe uma Direção Ambiental

responsável pelos temas ambientais da Jerónimo Martins e que esta reporta à Chief

Communications and Corporate Responsibility Officer. Esta Direção define a

estratégia, políticas e procedimentos ambientais em todos os diferentes contextos

em que a Jerónimo Martins está inserida, cujo objetivo passa pela avaliação dos

diversos riscos, assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos e

identificar oportunidades de minimização dos impactos ambientais (Jerónimo

Martins, 2019d). De igual forma, é indicado que estas definições e decisões de

estratégias de cariz ambiental partem, geralmente, de uma estratégia comum entre

os departamentos de Responsabilidade Corporativa, Ambiente e a própria

Administração – é também referido que poderão, naturalmente, existir casos sobre

os quais, consoante a temática em causa, a Direção de Ambiente efetua um

parecer à Administração e há casos em que as decisões são efetuadas diretamente

30

pela Administração. Além disso, o Grupo refere que consegue prever e identificar

potenciais tendências e aspetos com dois a três anos de antecedência.

Naturalmente, o horizonte temporal é variável consoante a temática em questão –

no caso particular das alterações climáticas e dada a sua natureza os horizontes

temporais são de décadas, enquanto outras questões como o combate à poluição

por plástico é bastante mais recente. O Grupo refere, também, que a auscultação

permanente a stakeholders e a matriz de materialidade permite fazer este tal

acompanhamento.

No que toca à implementação destas mesmas decisões ambientais, estas

são efetuadas de forma semelhante à tomada de decisão, ou seja, na generalidade,

este ponto é tratado de forma complementar pelas Direções de Responsabilidade

Corporativa, Ambiente e a Administração. Suplementarmente, a Direção Ambiental

de cada país faz a sua própria articulação, no entanto nunca se desviando dos

objetivos definidos pelo Grupo.

Resumidamente, tanto as tomadas de decisão e as implementações das

mesmas são, geralmente, efetuadas complementarmente entre as Direções de

Responsabilidade Corporativa, Ambiente e a Administração. Estas decisões

ambientais são tomadas de uma forma global, ou seja, deverão ser implementadas

tanto a nível nacional como a nível internacional, na Polónia e na Colômbia.

Adicionalmente, as direções de cada país têm a liberdade de fazer a sua própria

articulação, em linha com os objetivos globais definidos, e a implementação de

medidas adicionais.

Com estes aspetos em mente, tal como os referidos anteriormente no ponto

4.2.1.1, pode-se sintetizar estas informações, presentes na Tabela 2 que se segue

na seguinte página.

31

COMPROMISSO AMBIENTAL

INTEGRAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E

APOIOS DA ADMINISTRAÇÃO

✓ Um apoio por parte da

administração do Grupo;

✓ Informações de cariz ambiental;

✓ Uma igualdade do cumprimento

legal e o cumprimento do Código

de Conduta.

COORDENAÇÃO DE

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

✓ Uma complementaridade nas

tomadas de decisão e as suas

implementações entre as

Direções e a Administração;

✓ Um envolvimento regular por

parte da Administração

Tabela 2 – Fonte: Elaboração própria

32

4.2.2 Responsabilidade Ambiental Estrutural e Processual

Segundo Baumann-Pauly & Scherer (2013), as estruturas e procedimentos

descrevem o nível de incorporação interna nas operações diárias, incluindo o

alinhamento de políticas especificas, estruturas de incentivo, procedimentos de

reclamação internos e a avaliação e comunicação dos diferentes mecanismos.

Apesar de Baumann-Pauly & Scherer (2013) terem desenvolvido esta matriz no

estudo de Cidadania Corporativa, esta também pode ser utilizada no estudo de

responsabilidade ambiental, afirmando que aqueles devem estar embutidos num

nível estrutural e procedimental com o objetivo de garantir que são cumpridos.

Com isto em mente, neste ponto, para além das informações obtidas através

da entrevista, serão analisados os diferentes documentos com o objetivo de

verificar que estruturas e procedimentos de responsabilidade ambiental são de

facto efetuados. Então, segue-se a apresentação dos tópicos inseridos na

dimensão de responsabilidade ambiental estrutural e processual.

33

Esquema 2 - Os indicadores da Responsabilidade Ambiental Estrutural e Processual

Fonte: Elaboração própria

4.2.2.1 Alinhamento de políticas e procedimentos ambientais

Este indicador, em particular, poderá apresentar-se como um dos mais

extensos relativamente à análise dos dados fornecidos, pois envolve uma

triangulação das afirmações obtidas durante o momento de entrevista com os

diversos documentos e informações de cariz ambiental. Ou seja, neste ponto serão

apresentados dados concretos que confirmam, ou não, o alinhamento de políticas

e a existência de procedimentos consoante os compromissos ambientais

Alinhamento de políticas e procedimentos ambientais Apresentação de dados que confirmam, ou não, o alinhamento de políticas e a existência de procedimentos consoante os compromissos ambientais da empresa. Alinhamento de Estruturas

de Incentivos Secção onde são avaliadas as estruturas de incentive para o cumprimento interno dos compromissos ambientais. De que forma a empresa encara estes compromisso e incentiva o seguimento dos mesmos.

Criação de procedimentos de reclamação ambiental Tal como o nome refere, é analisada a presença, ou a ausência, de procedimentos de reclamação ambiental. Existe um canal de denúncia dedicado a esta vertente? De que forma são as reclamações tratadas?

É verificada a existência de auditorias internas com o objetivo de verificar que as políticas e os procedimentos ambientais são cumpridos.

Prestação de Formação de Responsabilidade Ambiental

A empresa presta formações e ações de sensibilização para as temáticas de Responsabilidade Ambiental?

Comunicação e Relatórios de Responsabilidade Ambiental

Este indicador procura avaliar de que forma a empresa encara a comunicação das suas atividades e indicadores relativos à Responsabilidade Ambiental.

01

02

03

04

05

06

Avaliação da Implementação Interna

34

delineados, tanto a nível nacional como a nível internacional (maioritariamente no

contexto polaco).

No decorrer da entrevista foi afirmado que, de facto, a Jerónimo Martins

segue o compromisso ambiental delineado e que este foi totalmente traduzido em

diversas políticas e procedimentos ambientais, sendo que os mesmos são

regularmente analisados e revistos.

De forma a ser possível confirmar as indicações anteriores, é necessário,

então, analisar quais são os compromissos ambientais da Jerónimo Martins (alguns

já referidos) e verificar, nos diversos documentos disponíveis, se estão de facto

completamente traduzidos em políticas e procedimentos ambientais.

Primeiramente, pode-se afirmar que o compromisso foi, realmente, traduzido

em políticas ao consultar o documento de “Política Ambiental” da Jerónimo Martins.

Assim, o Grupo procura aliar o crescimento económico à proteção do ambiente,

integrar critérios de desempenho ambiental na realização de atividades e nos

diversos processos de tomada de decisão, promover as práticas ambientais e

incentivar a eco inovação (Jerónimo Martins, s/d-a). Adicionalmente, a Jerónimo

Martins apresenta três focos principais com o objetivo de melhorar o desempenho

ambiental e minimizar os impactes ambientais nas diversas fases de operações,

sendo estes: i) combater as alterações climáticas através da adoção de práticas

responsáveis e na redução de consumos de energia e emissão de gases com efeito

de estufa; ii) preservar a biodiversidade ao proteger a diversidade biológica; e iii) a

gestão dos diversos resíduos de forma responsável com a minimização e

valorização dos mesmos (Jerónimo Martins, s/d-a). Portanto, pode-se verificar que,

neste aspeto, os compromissos foram traduzidos em políticas, restando então a

verificação do alinhamento dos procedimentos. Relativamente aos procedimentos,

confirma-se que estes estão alinhados com os compromissos através da análise

dos dados que se seguem.

No que toca ao primeiro ponto, o combate às alterações climáticas, verifica-

se uma diminuição de consumo total de água (m3/’000€ - metro cúbico por mil euros

de vendas) de 1,2% do ano de 2017 para o ano de 2018, não tendo, no entanto,

cumprido o objetivo de redução total de 2% (Jerónimo Martins, 2019d). É também

interessante indicar que o consumo total de água (metros cúbicos) é bastante mais

35

elevado na unidade de negócio de distribuição em Portugal do que na Polónia

(Jerónimo Martins, 2019d) – este aspeto foi justificado com a diferença de

estrutura/oferta, pois no caso do Pingo Doce o foco nos produtos Perecíveis em

loja é mais elevado do que no caso da Polónia, levando a um maior consumo de

água. Ainda no mesmo ponto, é também revelado que o consumo de energia do

ano de 2017 para o ano de 2018 apresentou uma redução total de 2,5% (GJ/’000€

- gigajoule por cada mil euros de vendas), sendo que, neste aspeto, a unidade de

negócio de distribuição na Polónia consome mais do dobro de energia

comparativamente à unidade de distribuição em Portugal (Jerónimo Martins,

2019d) – explicado pelo facto que a dimensão de operações dos dois países é

bastante diferente, sendo que em Portugal existem cerca de 500 lojas (Pingo Doce

e Recheio) enquanto na Polónia são cerca de 3100 lojas (Biedronka e Hebe)

(Jerónimo Martins, 2019d). Em relação à pegada de carbono da Jerónimo Martins,

verificou-se uma diminuição de 11,8% de toneladas de CO2e (dióxido de carbono

equivalente) relativamente ao valor global, traduzindo-se numa diminuição de

0,0744 para 0,0616 toneladas de CO2e por mil euros de vendas, ou seja, uma

redução de 17,2% (Jerónimo Martins, 2019d). Estas reduções foram mais visíveis

no contexto da distribuição em Portugal, com uma diminuição de 39,4% de 2017

para 2018, do que na Polónia, apresentado uma diminuição de 6,2% - este aspeto

poderá ser explicado pela aquisição de energia elétrica proveniente de fontes

renováveis (Jerónimo Martins, 2019d).

É importante frisar que o Grupo indica um investimento “superior a 102

milhões de euros entre 2014 e 2018” nas áreas de racionalização de consumos de

água e energia, tendo evitado a emissão de mais de 82 mil toneladas de carbono

(Jerónimo Martins, 2019d). Adicionalmente, em oito anos, através do projeto

“Equipas para Gestão dos Consumos de Água e Energia”, iniciado em 2011 nas

lojas portuguesas, a Jerónimo Martins obteve uma redução de consumos nos

valores de 334.857 m3 (consumo de água) e 43.368.670 kWh (consumo de

energia), originando uma poupança de mais de 5,5 milhões de euros (Jerónimo

Martins, 2019d).

De igual forma, a Jerónimo Martins demonstra preocupação na preservação

da biodiversidade, já que o elevado volume de vendas de carne, peixe, frutas e

36

vegetais apresentam impactes nos diversos ecossistemas (Jerónimo Martins,

2019d). Esta preocupação reflete-se em projetos e práticas de gestão, onde estão

incluídas a monitorização da informação, a formação, as parcerias com

fornecedores e a investigação e desenvolvimento (Jerónimo Martins, 2019d).

Torna-se, pois, necessário que exista uma avaliação e promoção de práticas

sustentáveis por parte dos fornecedores, resultando, então, nas políticas de

compras sustentáveis. Estas políticas têm vários objetivos, sendo um deles reduzir

os impactos negativos, para o que concorre a contribuição positiva na

sustentabilidade dos ecossistemas. Neste campo o Grupo opta pela preferência de

fornecedores locais e que se comprometam obrigatoriamente com as políticas e

com o Código de Conduta de Fornecedores (Jerónimo Martins, s/d-b).

Portanto, visto que o compromisso de preservação da biodiversidade

também está refletido na Política Ambiental do Grupo, é igualmente traduzido na

Política de Compras Sustentáveis e no Código de Conduta de Fornecedores, sendo

o cumprimento dos mesmos verificado através da realização de auditorias aos

fornecedores. No momento da entrevista, foi indicado que a regularidade das

mesmas está dependente da avaliação obtida em auditorias anteriores dos diversos

fornecedores e que o incumprimento das políticas e do Código de Conduta de

Fornecedores pode resultar em 1) um plano de ação corretiva, com a realização de

uma futura auditoria para confirmar que este foi seguido; 2) a suspensão da

parceria caso o incumprimento seja de uma natureza grave, resultando

posteriormente numa reavaliação; ou 3) no cancelamento total da parceria, sem

qualquer oportunidade de correção, quando o caso é extremamente grave (por

exemplo, quanto a aspetos de segurança alimentar ou utilização de trabalho

forçado/infantil) ou em casos em que o fornecedor esteja sistematicamente em

incumprimento. Adicionalmente, foi afirmado que estas auditorias são efetuadas

tanto pela Jerónimo Martins como por empresas de auditoria externas. Assim,

segundo o Relatório & Contas 2018 da Jerónimo Martins, é indicado que foram

efetuadas, em 2018, “27 auditorias ambientais a prestadores de serviços em

Portugal e 26 na Polónia”, apresentando um aumento de 20% face ao ano anterior.

De igual forma, foram auditados 79 fornecedores de Perecíveis e de Marca Própria

em Portugal, sendo que estes são efetuados por uma entidade externa (Jerónimo

37

Martins, 2019d). Não são apresentados quaisquer dados desta natureza

relativamente ao contexto polaco. No entanto, de acordo com o Relatório & Contas

de 2018, as auditorias a fornecedores de Qualidade e Segurança alimentar em

Portugal, Polónia e Colômbia incluem, também, critérios ambientais e sociais

(Jerónimo Martins, 2019d). Ainda no que toca à preocupação da biodiversidade, a

Jerónimo Martins promove métodos de produção de agricultura sustentável, sendo

que a metodologia do Manual de Agricultura Sustentável já foi aplicada a 35

fornecedores em 2018 (apenas no contexto português, visto que o projeto ainda

será alargado aos fornecedores na Polónia até 2020) (Jerónimo Martins, 2019d),

sendo também acompanhado de formações através da frequência de workshops.

O Grupo foca-se, também, 1) nos aspetos de deflorestação – onde tem vindo a

implementar ações de redução de impactes associados à destruição florestal

causado pela utilização do óleo de palma, da soja, da carne bovina, e das fibras de

madeira e papel –, 2) na aplicação de estratégias de pescado sustentável, onde

não são comercializadas espécies de pescado classificadas como “Criticamente

em Perigo”; são procuradas alternativas às espécies “Em Perigo”; e promove o

limite de ações promocionais de espécies “Vulneráveis”, e 3) na preocupação do

bem-estar animal, onde realça o compromisso de eliminar, até 2025, a venda de

ovos, das Marcas Próprias, provenientes de galinhas enjauladas (Jerónimo Martins,

2019d). Adicionalmente, o Grupo efetuou ações de formação, tanto a nível nacional

como internacional, com o objetivo de aprofundar o trabalho de cooperação com os

parceiros de negócio (Jerónimo Martins, 2019d).

Em relação ao terceiro ponto, a Jerónimo Martins procura evitar a produção

de resíduos e promover o desenvolvimento de embalagens e produtos reutilizáveis

e/ou recicláveis de forma a contribuir para a redução do consumo de recursos

naturais (Jerónimo Martins, 2019d). Através da utilização de embalagens

reutilizáveis, tanto a nível de processos logísticos como a nível de loja (e.g., através

do projeto Eco referido de seguida e outras ações como a introdução de sacos

reutilizáveis), foi evitado o uso de quase 32 mil toneladas destas mesmas

embalagens – sendo necessário realçar uma parceria, efetuada em 2018 nas lojas

Pingo Doce, que consiste numa solução inovadora de reenchimento de garrafas de

água (projeto Eco), assim se evitou o consumo de 3.800 quilogramas de

38

embalagens de plástico (Jerónimo Martins, 2019d). Para além destes aspetos, no

que toca ao desperdício alimentar, o Grupo registou um aumento de 10% face a

2017 e de cerca de 20% face a 2016, sendo este o ano de referência (Jerónimo

Martins, 2019d). Apesar destes valores, a Jerónimo Martins adotou a resolução do

The Consumer Goods Forum com o objetivo de reduzir o desperdício alimentar para

metade até 2025 através de planos de ação (como, por exemplo, o aumento da

eficiência e donativos de alimentos a instituições) (Jerónimo Martins, 2019d). Por

fim, o Grupo valoriza também os seus próprios resíduos, sendo que, atualmente,

85% dos resíduos produzidos pelo Grupo são encaminhados para valorização e

que estes estão integrados nos objetivos de desempenho. Para além desse aspeto,

o Grupo também dá valor aos resíduos dos próprios consumidores, destacando o

projeto da rede de ecopontos que abrangeu, em 2018, 370 lojas Pingo Doce (88%

do parque de lojas) e 98% do parque de lojas da Biedronka (recolha pequenos

eletrodomésticos, lâmpadas fluorescentes e pilhas) (Jerónimo Martins, 2019d).

Em suma, considerando os compromissos apresentados pelo Grupo

Jerónimo Martins, pode-se confirmar que estes foram, de facto, traduzidos em

políticas e procedimentos ambientais. Através das diversas ações de redução de

consumos de água e consumos de energia, da preocupação com o cumprimento

das políticas ambientais e Código de Conduta garantida com a utilização de

auditorias a fornecedores, e procurando evitar a produção de resíduos, o Grupo

demonstra que estas preocupações se encontram integradas nos processos

principais de negócio.

4.2.2.2 Alinhamento de Estruturas de Incentivos

Neste indicador é apresentada a presença, ou a ausência, de estruturas de

incentivos do cumprimento interno dos compromissos ambientais. Noutras

palavras, é estudado de que forma a Jerónimo Martins incentiva os diversos

funcionários ao cumprimento destes mesmos compromissos. Este ponto apresenta

as suas próprias limitações, visto que a recolha de dados depende meramente das

respostas obtidas através da entrevista, pois dados mais específicos deverão ser,

em princípio, internos e confidenciais.

39

Assim, foi indicado que existem, de facto, incentivos para o cumprimento das

políticas e procedimentos ambientais, sendo que o incumprimento dos mesmos

leva a ações internas de correção. Relativamente aos incentivos, afirma-se que,

por exemplo, os componentes variáveis de remuneração dependem, também, dos

desempenhos que vão para além do cumprimento das obrigatoriedades legais. De

igual forma, o Grupo afirma que consequências das violações legais e dos

princípios ambientais são claras e que estas são tratadas de forma interna e

confidencialmente. Apesar de não ser possível apresentar exemplos relativamente

a consequências das violações ambientais, refere-se um caso de incumprimento

legal que ocorreu em 2017, em que um gestor de topo na Colômbia foi denunciado

pela própria Jerónimo Martins devido a suspeitas de corrupção2. Esta denúncia

surgiu através do incumprimento dos princípios do Código de Conduta do Grupo e

da própria legislação. Relativamente a dados concretos, é apenas referido que

foram atribuídos 110 milhões de euros em prémios aos colaboradores, não sendo

indicado se existem efetivamente prémios específicos relacionados com o

cumprimento das normas ambientais. No entanto, como referido anteriormente, a

remuneração de Administradores com funções executivas tem a componente fixa

e variável que depende de um conjunto de critérios (onde são também avaliadas

questões de sustentabilidade) (Jerónimo Martins, 2019d). De igual forma, os

Managers de ambiente têm uma componente da sua remuneração variável que se

encontra associada ao desempenho da redução de energia e emissões de carbono

(CDP, 2018).

Em suma, é possível confirmar que existe uma estrutura de incentivos de

cariz ambiental, sendo esta afirmação apoiada através do Relatório e Contas 2018

e da resposta ao programa CDP Climate. De igual forma, pode-se confirmar que

existe uma preocupação sobre punição de violações legais.

4.2.2.3 Criação de procedimentos de reclamação ambiental

De certa forma ligado ao ponto anterior, é avaliado o nível de qualidade dos

procedimentos de reclamação internos de cariz ambiental. Este ponto é,

2 Notícia em https://observador.pt/2017/09/21/corrupcao-alto-funcionario-da-jeronimo-martins-detido-na-colombia/

40

igualmente, analisado apenas com as respostas fornecidas no momento de

entrevista, pois não estão presentes nenhuns dados a nível público.

Assim, foi indicado que existem canais de reclamação gerais, como a

Comissão de Ética, os Serviços de Apoio ao Colaborador e a Provedoria do Cliente,

onde é possível apresentar quaisquer sugestões, queixas de eventuais

incumprimentos legais, e violação de princípios ambientais, sendo que

reclamações deste cariz são geridas pela própria Direção de Ambiental.

Adicionalmente, é afirmado que os mesmos canais são de fácil acesso,

confidenciais e que os seus procedimentos são efetuados de forma transparente,

e que o reclamante poderá acompanhar o processo. Contudo, apesar de ser

indicado que todos os casos são analisados, o Grupo afirma que não é frequente

registarem-se denúncias e que reconhece, também, que a tipologia de denúncias

internas é elevada e, consequentemente, a percentagem de queixas ambientais

será extremamente baixa face ao total. Também devido ao facto de o Grupo ter

processos de auditorias ambientais internas, como por exemplo ao nível de lojas,

leva à identificação e correção de situações.

Em suma, é referido no momento de entrevista que reportar é um dever dos

colaboradores e que existem canais de reclamação gerais, não existindo um canal

específico para questões de cariz ambiental. No entanto, as questões ambientais

são, posteriormente, enviadas para a Direção de Ambiente onde são geridas.

4.2.2.4 Prestação de Formação de Responsabilidade Ambiental

Neste ponto será analisado se existe prestação de formações internas de

cariz ambiental. Como já foi referido anteriormente no ponto 4.2.2.1, confirma-se

que existem formações internas; portanto, este ponto terá como objetivo apenas

avaliar a prestação de formação ambiental.

No momento da entrevista foi indicado que, de facto, são fornecidas

formações de normas legais a todos os funcionários, sendo estas adaptadas a cada

contexto da empresa. De igual forma, também são fornecidas ações de formação

ambiental e cursos de sensibilização ambiental aos colaboradores da empresa,

tanto a nível de lojas (sendo que, neste contexto, é indicado que são fornecidos

vídeos e sessões de formação de cariz ambiental) como a nível de sede. Para além

41

disso, os colaboradores com funções centrais recebem um plano de integração

segundo as afirmações fornecidas no momento de entrevista. Assim, foram

oferecidas e realizadas mais de 4,5 milhões de horas de formação aos

colaboradores em 2018 em todas as geografias (mais de 1,5 milhões de horas em

Portugal, mais de 2,4 milhões na Polónia e mais de 499 mil na Colômbia),

correspondendo a uma média de 42 horas por colaborador (uma média de 48 horas

em Portugal, 35 horas na Polónia e 94 na Colômbia) (Jerónimo Martins, 2019d).

Relativamente ao número total de ações de formação, foram efetuadas mais de 66

mil ações de formação, sendo que mais de 41 mil foram feitas em Portugal, mais

de 23 mil na Polónia e mais de 1.600 na Colômbia (Jerónimo Martins, 2019d).

No que toca à partilha de informação e dos métodos de formação ambiental,

a Jerónimo Martins efetua uma partilha indireta ao participar em diversos fóruns de

cariz ambiental. Partilha, também, o Manual de Agricultura Sustentável com os seus

fornecedores e colaboradores, segundo as informações fornecidas no momento de

entrevista. Relativamente a formação de cariz ambiental, foram realizadas mais de

3.300 horas de formação sobre boas práticas de gestão ambiental para

colaboradores em Portugal, Polónia e na Colômbia (Jerónimo Martins, 2018). Para

além do mais, o Grupo realiza ainda uma conferência anual e interna de

sustentabilidade.

Resumidamente, pode-se confirmar que existem, de facto, diversas ações

de formação e também o número de horas de formação de cariz ambiental que

foram fornecidas aos colaboradores – demonstrando assim uma preocupação

sobre aspetos ambientais e sobre sensibilização dos seus colaboradores para

estes problemas cada vez mais críticos na sociedade atual.

4.2.2.5 Avaliação da Implementação Interna da Responsabilidade Ambiental

Relativamente à implementação interna, será analisada a presença de

auditorias internas com o objetivo de avaliar o cumprimento das políticas e

procedimentos definidos pela Jerónimo Martins. Esta análise será maioritariamente

efetuada através dos dados presentes em documentos do Grupo, já que foi referido,

42

na entrevista, que estas mesmas auditorias internas são de facto efetuadas, tendo

estas o propósito de avaliação ambiental e avaliação de outras vertentes.

Deste modo, a Jerónimo Martins, através da utilização da norma ISO 14001,

implementou Sistemas de Gestão Ambiental nos respetivos Centros de Distribuição

(CD) que facilitam a identificação, sistematização e gestão dos impactes por parte

do Grupo, sendo que 4 CD em Portugal e 15 dos 17 CD na Polónia têm esta

certificação, garantindo que 65% (19 num total de 29) dos CD do Grupo a têm

(Jerónimo Martins, 2019d). No que toca às auditorias internas de cariz ambiental (a

lojas, armazéns e CD), foram realizadas, em 2018, 285 auditorias em Portugal e

3.662 na Polónia, cujo aumento é explicado pela decisão de realizar anualmente

duas auditorias ambientais por loja (Jerónimo Martins, 2019d). Adicionalmente,

quando a auditoria identifica uma pontuação inferior a 100%, é apresentado um

plano de ação corretivo (Jerónimo Martins, 2019d).

Adicionalmente, são feitas auditorias por parte de empresas externas com o

objetivo de avaliar a informação de cariz ambiental presente nos relatórios anuais

da Jerónimo Martins, tendo como exemplo a PricewaterhouseCoopers &

Associados, contratados pelo próprio Grupo para a realização de um trabalho de

garantia limitada de fiabilidade sobre os indicadores que integram a informação de

sustentabilidade (PricewaterhouseCoopers & Associados, 2019). É também

necessário mencionar o caso das respostas da Jerónimo Martins ao Carbon

Disclosure Project, nos programas de alterações climáticas e florestas.

Em suma, são efetivamente efetuadas auditorias ambientais internas às

lojas, armazéns e CD (a nível nacional e internacional), e são apresentados planos

corretivos, caso não obtenham uma pontuação de 100%. De igual forma, são

efetuadas avaliações dos dados por empresas exteriores.

4.2.2.6 Comunicação e Relatórios de Responsabilidade Ambiental

Este último indicador desta dimensão procura avaliar de que forma a

empresa em questão encara a utilização de relatórios de responsabilidade

ambiental. É necessário, então, verificar as guidelines que este relatório segue e se

este é, ou não, um relatório separado.

43

Como se pode imediatamente constatar, verifica-se que o próprio relatório

de responsabilidade ambiental (tal como todas as vertentes de RSC) está inserido

no Relatório & Contas anual. De igual forma, confirma-se, nomeadamente no ponto

10 do Relatório & Contas da Jerónimo Martins, que o Grupo segue a metodologia

da Global Reporting Initiative Standards (GRI). Esta integração dos aspetos de RSC

no próprio relatório anual demonstra uma preocupação de que a sustentabilidade

deve estar embutida no próprio negócio.

De forma muito simples, a Jerónimo Martins preocupa-se em colocar a

comunicação e relatórios ambientais ao mesmo nível de todos os outros tipos de

áreas e assuntos, visto que considera os aspetos ambientais de grande importância

e relevância.

Por fim, como objetivo de sintetizar todo o ponto 4.2.2, segue-se a Tabela 3,

que indica os aspetos mais relevantes de cada subtópico:

44

Tabela 3 - Fonte: Elaboração própria

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ESTRUTURAL E PROCESSUAL

ALINHAMENTO DE POLÍTICAS E

PROCEDIMENTOS

✓ Uma tradução completa do compromisso ambiental em políticas e procedimentos;

✓ O feedback dos stakeholders é

valorizado.

ALINHAMENTO DE ESTRUTURAS DE

INCENTIVOS

✓ Uma estrutura de incentivos de cariz

ambiental;

✓ Uma preocupação na punição de

violações legais.

CRIAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE

RECLAMAÇÃO AMBIENTAL

✓ Canais de reclamação gerais, mas não

de um canal específico para questões ambientais;

✓ Processos de reclamação transparentes e anónimos

PRESTAÇÃO DE FORMAÇÃO DE

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

✓ Uma adaptação do tipo de formação a cada diferente contexto;

✓ Uma inexistência de partilha direta de material de formação com as restantes empresas.

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO

INTERNA

✓ Presença de auditorias internas;

✓ Os dados de cariz ambiental fornecidos

através do Relatório & Contas são analisados e revistos por empresas externas;

✓ Presença do Grupo em fóruns

multistakeholders.

COMUNICAÇÃO E RELATÓRIOS DE

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

✓ O próprio Relatório Ambiental está inserido no Relatório & Contas;

✓ As diretrizes da Global Reporting Initiative são seguidas;

✓ Existe uma comunicação regular dentro do contexto ambiental.

45

4.2.3 Responsabilidade Ambiental Interativa

O aspeto interativo, ou de colaboração externa, consiste na descrição da

relação entre a empresa com os diversos stakeholders externos, pois esta interação

ajuda, por um lado, a desenvolver métodos de previsão de potenciais problemas

(este aspeto já foi referido anteriormente, onde foi afirmado que o Grupo consegue

antecipar estas questões, sendo que esta antecipação é variável consoante as

temáticas) e crises. Por outro lado, uma interação regular permite à empresa reagir

a crises emergentes de forma eficaz (Baumann-Pauly & Scherer, 2013). Por fim,

segue-se a apresentação dos tópicos da dimensão responsabilidade ambiental

interativa, também sendo possível designá-la de colaboração externa.

Esquema 3 - Os indicadores da Responsabilidade Ambiental Interativa

Fonte: Elaboração própria

4.2.3.1 Qualidade da Relação com os Stakeholders

Com isto em mente, procurou-se avaliar de que forma a Jerónimo Martins

interage com os stakeholders externos, sendo que foi referido, no momento da

entrevista, que este envolvimento é efetuado de forma regular (o processo de

auscultação é permanente, sendo a matriz de materialidade reavaliada de três em

três anos), mas também feito numa base estratégica, ou seja, para além desse

envolvimento regular já definido, poderão existir outras interações consoante os

Qualidade da Relação com os Stakeholders De forma muito simples, avalia a relação da empresa com os diversos stakeholders e avalia se existe um envolvimento regular.

Nível de Participação em Iniciativas Colaborativas de

Responsabilidade Ambiental É verificado, tal como o nome refere, o nível de participação da empresa em iniciativas colaborativas relacionadas com a Responsabilidade Ambiental.

01

02

46

sistemas e necessidade, pois cada caso é específico e exige, também, uma certa

agilidade mental.

Adicionalmente, através das informações presentes no Relatório & Contas

2018, o Grupo refere que este envolvimento é “relevante na identificação,

priorização e gestão dos aspetos ambientais, sociais e económicos”, tendo um

impacto na sociedade e no próprio negócio. De forma a assegurar este

envolvimento, o Grupo utiliza diversos canais de comunicação para os diferentes

stakeholders, com o objetivo de alinhar as necessidades e expectativas (Jerónimo

Martins, 2019d). Exemplos destes canais passam pelo website corporativo, revistas

corporativas, reuniões, conferências e as próprias redes sociais, onde o Grupo

destaca a plataforma LinkedIn como um meio importante na divulgação das

atividades (Jerónimo Martins, 2019d).

Em suma, segundo as informações fornecidas, a Jerónimo Martins procura

envolver os diversos stakeholders numa base constante, sendo esta efetuada

através de vários canais de comunicações, sejam diretas ou indiretas.

4.2.3.2 Nível de Participação em Iniciativas Colaborativas de Responsabilidade Ambiental

Neste último indicador será avaliado o nível e participação do Grupo em

iniciativas de cariz ambiental. Com a utilização da entrevista, será possível avaliar

o grau de importância que a Jerónimo Martins dá a estas iniciativas. A análise dos

documentos disponíveis permite a identificação de quais iniciativas o Grupo faz

parte.

Assim, foi afirmado que o Grupo tem uma posição proativa e que considera

a adesão destas iniciativas ambientais e o seu devido cumprimento extremamente

importante. Adicionalmente, existe uma preocupação sobre cooperação ambiental

e sobre procura de envolver outras empresas, sendo que só será benéfico, tanto

para as empresas como para os consumidores, que o setor percorra um caminho

sustentável e com preocupações ambientais.

Nas informações disponíveis no website da Jerónimo Martins, podem-se

visualizar as diversas organizações a que o Grupo pertence:

47

1. A Aliança ODS Portugal, sendo esta uma plataforma

multistakeholder, cujo objetivo é aumentar a comunicação entre

as empresas e criar condições para o desenvolvimento de novos

projetos para o Desenvolvimento Sustentável, no âmbito da

Agenda 2030 da ONU;

2. O BCSD Portugal (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável), associação que agrega e representa empresas que

se comprometam com o desenvolvimento sustentável;

3. CDP – A Jerónimo Martins participa nos índices de Climate e

Forests do Carbon Disclosure Project, sendo que este avalia a

prevenção e mitigação dos impactes ambientais das empresas;

4. Consumer Goods Forum, uma plataforma global para a ação e

colaboração entre retalhistas e produtores. Procura contribuir em

torno de temas estratégicos, sendo as alterações climáticas e o

combate à desflorestação dois deles;

5. EuroCommerce, principal organização europeia que representa os

setores de Retalho e Grossista;

6. European Retail Round Table – reúne os CEOs das empresas

internacionais de retalho da Europa. Promove um Mercado Único

no Retalho, um modelo de consumo mais sustentável e criação de

novas oportunidades;

7. Forum Odpowiedzialnego Biznesu (Fórum dos Negócios

Responsáveis), um think-and-do-tank polaco que desenvolve e

estabelece parcerias em matéria de RSC;

8. United Nations Global Compact, iniciativa da Nações Unidas

dirigidas às empresas que assumiram o compromisso de alinhar

as suas estratégias com os 10 Princípios, estando incluídos

princípios ambientais;

9. Global Compact Network Portugal, a rede nacional da iniciativa

anterior;

10. Global Food Safety Iniciative, cuja missão é promover a melhoria

contínua de gestão de segurança alimentar;

48

11. GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial),

associação sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento

de iniciativas de RSC;

12. Global Social Compliance Programme, cujo objetivo é a

promoção da harmonização das medidas de sustentabilidade na

cadeia de abastecimento;

13. London Benchmarkin Group, sendo este uma rede de

profissionais de investimento corporativo comunitário;

14. Retail Forum for Sustainability, uma iniciativa conjunta da

Comissão Europeia e de empresas de Retalho, onde procura

partilhar as boas práticas de economia circular;

15. Round Table on Sustainable Soy Association, organização que

promove um ambiente multi-stakeholder e promove a produção e

comercialização responsável de soja;

16. Roundtable on Sustainable Palm Oil, organização internacional

que reúne stakeholders dos diversos setores de óleo de palma,

com o objetivo de desenvolver e implementar padrões globais;

17. Smart Waste Portugal, associação que tem como missão criar

uma plataforma que potencie o resíduo como recurso,

promovendo o conhecimento e a inovação na área;

18. Supply Chain Initiative, uma iniciativa voluntária lançada por oito

organizações europeias do setor alimentar que procura promover

a equidade nas relações comerciais;

19. We Mean Business, uma coligação de organizações que

reconhecem as alterações climáticas como um risco, mas também

como oportunidade.

Como se pode verificar, a Jerónimo Martins insere-se em diversas

organizações e fóruns, tanto a nível ambiental como nas outras áreas de RSC. É

possível ver que o Grupo tem a preocupação de participar nestas organizações

com o objetivo de combater as alterações climáticas e de promover a

sustentabilidade nas diversas fases de negócio.

49

Por fim, com o objetivo de sumariar os pontos apresentados relativamente à

Responsabilidade Ambiental Interativa, apresenta-se a Tabela 4 de seguida:

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL INTERATIVA

QUALIDADE DA RELAÇÃO COM OS

STAKEHOLDERS

✓ O Grupo Jerónimo Martins procura envolver os diversos stakeholders numa base constante;

✓ Existem vários canais de comunicação, diretos e indiretos, entre os stakeholders.

NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO EM

INICIATIVAS COLABORATIVAS DE

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

✓ O Grupo Jerónimo Martins insere-se em diversas organizações e fóruns;

✓ O Grupo tem a preocupação de combater as alterações climáticas e promover a sustentabilidade.

Tabela 4 - Fonte: Elaboração própria

4.3 Dados Adicionais

Para além dos dados apresentados anteriormente, foram fornecidas

informações adicionais relativamente a projetos de cariz ambiental feitos pela

Jerónimo Martins.

Como referido acima, o Grupo participa em fóruns promovidos pelo governo

português, mais propriamente em consultas públicas, grupos de trabalho e

discussões. As informações acima referidas apontam, também, o facto de

recentemente se estar a trabalhar no Grupo de Trabalho de apoio à elaboração de

um Guia para a Neutralidade Carbónica no âmbito do Roteiro Nacional de Carbono

de Neutralidade Carbónica 2050. Adicionalmente, refere-se a participação no

projeto “Reciclar Vale Mais”, que incentiva a entrega de embalagens usadas no

Ecoponto3, e a colaboração com o Retailers Environmental Action Programme, uma

iniciativa conjunta da Comissão Europeia, EuroCommerce e ERRT.

3 http://eco.nomia.pt/pt/recursos/noticias/plasticoegf

50

É necessário também realçar os projetos de redução de gases com efeito de

estufa e o eco design de embalagens. Relativamente à redução de gases, este

procurou reduzir o impacto de emissões de gases de carbono, tendo como

resultado um impacto significativo a nível financeiro e ambiental. O eco design

trata-se de uma gestão ambiental, onde são consideradas questões ambientais no

processo de desenvolvimento de produto com o objetivo de minimizar impactes

desta natureza ao longo do ciclo de vida do produto (Pigosso, Mcaloone, &

Rozenfeld, 2015). Assim, através do eco design de embalagens, o Grupo procura

reduzir o impacte ambiental associado a embalagens de artigos de Marca Própria

comercializados e otimizar os custos de produção, transporte e gestão de resíduos

das embalagens.

Para além disso, a Jerónimo Martins afirma que conhece o Plano de Ação

para Economia Circular (PAEC) em Portugal, sendo que participou na Consulta

Pública e realizou um conjunto de atividades que vão em linha com os seus

objetivos: recolha de embalagens, grupos de trabalhos específicos, combate ao

desperdício alimentar, gestão de resíduos, etc.

O Grupo indica também que não teve, ou está a ter, acesso a qualquer tipo

de financiamento público para apoio a projetos de cariz ambiental – indica que, por

hábito, não recorre a programas de financiamento público específicos, mas que

pode beneficiar de incentivos fiscais.

4.4 Conclusão

Aqui serão apresentados os resultados dos dados recolhidos consoante as

matrizes de Zadek (2004), para a parte dos resultados de RSC gerais, e de

Baumann-Pauly & Scherer (2013), sendo que este é então utilizado para a

avaliação ambiental.

Assim sendo, apresentaremos as matrizes em primeiro lugar e,

posteriormente, e as razões pelas quais o Grupo Jerónimo Martins se encontra nas

fases que serão apresentadas.

4.4.1 Responsabilidade Social Corporativa Geral

51

Consoante os dados analisados no ponto 4.1, ou seja, relativamente aos

aspetos de Responsabilidade Social Corporativa geral, pode-se afirmar que o

Grupo tem uma posição forte e um compromisso sério no que toca a este assunto.

Tendo em conta as diversas iniciativas nos diferentes contextos internos (relação,

comunicação e apoio aos colaboradores) e externos (relação com os

consumidores, fornecedores e os demais stakeholders). Resultando desta análise

das informações dadas no momento da entrevista e dos dados do próprio Relatório

& Contas, pode-se assumir que o Grupo Jerónimo Martins, neste aspeto, e segundo

a matriz de Zadek (2004) (Apêndice I), encontra-se inserido na fase Estratégica.

Esta avaliação é explicada pelas estratégias e inovações delineadas no âmbito de

resolução de problemas sociais, resultando também num aumento do valor

económico a longo prazo, e a integração destas mesmas estratégias de resolução

no próprio core business. Apesar de o Grupo mostrar uma preocupação sobre

comunidades envolventes, não se pode verificar e comprovar que exista uma

posição “Civil”, onde promova e incentive, de forma direta, a participação das

diferentes empresas, inclusive concorrentes, na responsabilidade corporativa. Este

aspeto pode ser explicar pelo facto de a própria estratégia de resolução de

problemas sociais ser uma vantagem competitiva em relação aos próprios

concorrentes. De igual forma, o Grupo não se insere na fase de “Gestão” pois já se

encontra numa fase relativamente avançada no processo de integração dos

problemas sociais. Para além de incorporar os problemas já presentes, procura

inovar de forma a evitar problemas futuros, sendo que os processos já se

encontram completamente integrados e qualquer estratégia de ação futura já terá

em mente estes problemas sociais.

Em suma, o Grupo insere, firmemente, na fase Estratégica no que toca à

Responsabilidade Social Corporativa, sendo esta avaliada de uma forma geral.

4.4.2 Responsabilidade Ambiental

Considerando tanto os dados presentes nos pontos 4.2 e 4.3, pode-se assumir

que a Jerónimo Martins se encontra inserida nas diferentes fases abaixo referidas.

Estas avaliações têm como base todas as informações recebidas através do

momento de entrevista e dos documentos disponíveis ao público. É necessário

52

realçar, também, que estas avaliações são resultantes de uma análise das

informações fornecidas pela própria empresa. Assim, com base na matriz adaptada

e através da Tabela 5 que se segue, avalia-se:

53

Tabela 5 – Ferramenta de Avaliação de Responsabilidade Ambiental do Grupo Jerónimo Martins

Fases (horizontal) / Dimensões (vertical)

Defensivo Conformidade Gestão Estratégico Civil

Compromisso Ambiental

Integração de Estratégias e Apoios da Administração

X

Coordenação Ambiental X

Responsabilidade Ambiental Estrutural e Processual

Alinhamento de políticas e procedimentos

X

Alinhamento de Estruturas de Incentivos

X

Criação de procedimentos de reclamação ambiental

X

Prestação de Formação de Responsabilidade Ambiental

X

Avaliação da Implementação Interna

X

Comunicação e Relatórios de Responsabilidade Ambiental

X

Responsabilidade Ambiental Interativa

Qualidade da Relação com os Stakeholders

X

Nível de Participação em Iniciativas Colaborativas Ambientais

X

54

De forma muito geral, verifica-se que, dentro das diferentes dimensões, a

Jerónimo Martins encontra-se numa fase Estratégica, que vai em linha com a

avaliação geral apresentada anteriormente. De seguida, será explicada a razão

pela avaliação presente em cada indicador.

No que toca à Integração de Estratégias e Apoio da Administração, esta

encontra-se numa fase Civil devido ao facto de realmente existir um apoio por parte

da administração do Grupo e de estarem presentes diversas informações de cariz

ambiental. Adicionalmente, o Grupo considera estes elementos de cariz ambiental

importantes e benéficos para as atividades do Grupo. Devido ao facto de tanto o

cumprimento legal e o cumprimento do Código de Conduta serem igualmente

importantes, será então possível assumir que o Grupo se encontra numa fase civil,

visto que o Grupo demonstra, tanto a nível da sua missão como envolvência com

os stakeholders, que os aspetos ambientais requerem uma atenção e preocupação

elevada.

Sobre o aspeto da Coordenação Ambiental, segundo as declarações do

Grupo Jerónimo Martins, tanto as tomadas de decisão como as implementações

das mesmas são, geralmente, efetuadas complementarmente entre as Direções de

Responsabilidade Corporativa, Ambiente e a Administração. Desta forma, vê-se

que a administração está direta e regularmente envolvida e que o delinear de

estratégias de cariz ambiental está linha com a estratégia geral da empresa em

questão. Assim, a Jerónimo Martins encontra-se numa fase Civil neste respetivo

indicador.

Relativamente ao longo indicador Alinhamento de Políticas e

Procedimentos, verifica-se que se encontra firmemente numa fase Estratégica.

Pode-se argumentar que poderá até estar numa fase civil, no entanto não é

possível confirmar que o feedback dos stakeholders internos e externos são

integrados. Verifica-se assim que o compromisso ambiental foi traduzido

completamente em políticas e procedimentos e que estes aspetos estão integrados

no próprio core business process. Para além disso, o Grupo revela a preocupação

de ter parcerias com fornecedores responsáveis, tendo algum controlo ao longo da

sua cadeia de fornecimento.

55

No indicador de “Alinhamento de estruturas de incentivos”, como é referido

anteriormente, pode-se afirmar que existe uma estrutura de incentivos de cariz

ambiental. No entanto, pode não ser claro que prémios e bónus estão diretamente

relacionados com o desempenho ambiental (para além das obrigações legais).

Pode-se confirmar, a partir das informações fornecidas no momento de entrevista,

dos dados presentes no Relatório & Contas 2018 e da resposta ao programa CDP

Climate, que a Jerónimo Martins se encontra numa fase Estratégica em relação a

este aspeto, mostrando também uma preocupação sobre punição de violações

legais.

De certa forma relacionado com o indicador anterior, no que toca à Criação

de Procedimentos de Reclamação Ambiental, o Grupo encontra-se também numa

fase Estratégica, sendo possível argumentar que este poderá se encontrar numa

fase Civil. Segundo os dados provenientes da entrevista, de facto existem canais

de reclamação gerais, mas não existe um canal específico para questões

ambientais, um aspeto essencial para se colocar numa fase Civil. Assim, apesar de

não haver um canal específico, as questões ambientais são enviadas para a

Direção correspondente. Para mais, é afirmado que todos os processos são

analisados e transparentes, sendo que, então, o aspeto de apenas haver canais

gerais impossibilita uma posição civil.

Na Prestação de Formação de Responsabilidade Ambiental, é claro que a

Jerónimo Martins se encontra numa fase Estratégica avançada¸ visto que forma

todos os seus colaboradores, adaptando o tipo de formação a cada diferente

contexto. No entanto, o facto de não partilhar diretamente material de formação

com as diversas empresas impede que se encontre numa fase Civil. Com isto em

mente, o Grupo encontra-se avançado neste aspeto, mas, naturalmente, não se

encontra numa fase Civil de forma a manter, também, vantagens de formação em

relação aos concorrentes.

No que toca à Avaliação da Implementação Interna, verifica-se que são feitas

auditorias internas por parte da própria Jerónimo Martins e que os dados de cariz

ambiental fornecidos através do Relatório & Contas são analisados e revistos por

empresas externas. Ademais, o Grupo está presente em diversas iniciativas

desenvolvidas em fóruns multistakeholders e existe uma revisão regular. Ao

56

considerar estes aspetos, pode-se afirmar que o Grupo se encontra numa fase

principalmente Estratégica, sendo que está avançada e poderia ser até

considerado encontrar-se numa fase Civil, mas não existe informação suficiente

para suportar esta opção.

Relativamente ao último indicador desta dimensão, a Comunicação e

Relatórios de Responsabilidade Ambiental, pode-se afirmar que se encontra numa

fase Civil. Como é possível confirmar através da consulta do Relatório & Contas, o

próprio Relatório Ambiental está inserido no mesmo, sendo que as diretrizes da

Global Reporting Initiative são seguidas e existe, portanto, uma comunicação

regular dentro do contexto ambiental.

Na dimensão de Responsabilidade Ambiental Interativa, verifica-se que

ambos os indicadores de “Qualidade da Relação com os Stakeholders” e “Nível de

Participação em Iniciativas Colaborativas Ambientais” se encontram numa fase

Estratégica. É afirmado que o envolvimento com os diversos stakeholders é feito

numa base regular e que estes aspetos são considerados benéficos para a

Jerónimo Martins. De igual forma, o Grupo participa em diversos fóruns e iniciativas

ambientais de forma a melhorar os próprios métodos de negócio e a própria

reputação.

Em suma, de uma forma geral, pode-se afirmar que a Jerónimo Martins se

encontra numa fase Estratégica no que toca à Responsabilidade Ambiental.

57

Conclusões

Como nota de conclusão, a presente dissertação permitiu a resposta às

questões colocadas inicialmente. De acordo com os resultados, é possível concluir

que o Grupo Jerónimo Martins enfrenta as questões ambientais de uma forma séria,

refletindo-se tanto nas suas políticas e procedimentos internos, como na

preocupação de uma atividade correta em toda a sua cadeia de valor. De igual

forma, foi possível verificar que as iniciativas ambientais elaboradas pelo Grupo não

se aplicam apenas ao contexto português dado que todas estas iniciativas são

tomadas com um objetivo de implementação global, ou seja, nos três países onde

o Grupo se insere. Esta preocupação é refletida nos próprios processos,

confirmando que o RSC “walk” corresponde ao RSC “talk” efetuado por parte da

Jerónimo Martins. Isto é sinónimo de que as questões ambientais que o Grupo se

compromete a resolver são, de facto, alvo de alterações nos seus processos com

o objetivo de diminuir o impacto ambiental. Em contraste com a afirmação de

Baumann-Pauly et al. (2013) de que as multinacionais têm vindo a ser acusadas de

uma “fachada” de RSC e que estas se encontram totalmente desligadas do tema,

o Grupo mostra-se empenhado em seguir os seus próprios compromissos

definidos. Curioso também verificar que a própria posição do Grupo vai ao encontro

com o “Triplo P” de Kolk & van Tulder (2010), onde não só se vê uma dedicação

perante não só com as pessoas e o planeta, mas também se verifica uma vertente

lucrativa através de ações de responsabilidade ambiental. Para conseguir essa

mesma vertente lucrativa, verifica-se uma integração de negócio com as próprias

necessidades sociais, resultando em ajustes na empresa em questão, tal como

Porter & Kramer (2006) afirmaram acontecer. Como se pode verificar, as atividades

do Grupo estão relacionadas com diversas posições e definições de

Responsabilidade Social Corporativa e Responsabilidade Ambiental, revelando

uma elevada preocupação relativamente a estas problemáticas.

Consequentemente, é seguro afirmar que o Grupo Jerónimo Martins se

encontra numa fase Estratégica no que toca à Responsabilidade Corporativa

Ambiental. Este aspeto, apesar de certa forma ser esperado devido à dimensão do

Grupo, coloca um interessante exemplo para as diversas empresas do setor de

Retalho Especializado e Distribuição Alimentar.

58

No entanto, será ainda possível potencializar e melhorar as atividades de

Responsabilidade Corporativa Ambiental por parte do Grupo. Como se pôde

verificar, existe, de facto, margem para melhoramento por parte da Jerónimo

Martins no que toca à sua responsabilidade ambiental, mais concretamente nas

vertentes da Responsabilidade Ambiental Estrutural e Processual e

Responsabilidade Ambiental Interativa. Apesar de não se encontrarem numa fase

“civil” relativamente a estes pontos, esta realidade pode-se explicar com o facto do

Grupo, naturalmente, necessitar de certas vantagens competitivas em comparação

com as restantes empresas inseridas no mesmo mercado onde operam. Assim,

desenvolver ainda mais estes tópicos levará não só ao crescimento da

responsabilidade ambiental dentro do Grupo Jerónimo Martins, mas também irá

possivelmente guiar as restantes empresas a seguir o mesmo caminho. Contudo,

ao melhorar estas vertentes, poderá causar também uma potencial redução de

certas vantagens estratégicas – a nível económico e social – comparativamente

aos restantes atores do mercado.

Considerando apenas a realidade interna do Grupo Jerónimo Martins, pode-

se afirmar que esta matriz e consequente avaliação é de facto positiva. A matriz

utilizada fornece orientações para uma análise interna e como base para potenciais

atividades de melhoramento e crescimento a nível da responsabilidade ambiental.

Uma melhoria destes processos e atividades irá não só incentivar o progresso

interno, mas também a evolução da própria indústria, devido ao facto de o Grupo

Jerónimo Martins ser um dos maiores atores de mercado e uma multinacional com

grande influência, principalmente a nível nacional. Com isto, uma verdadeira

dedicação no progresso na Responsabilidade Ambiental, passará pelo avanço

interno que, consequentemente, incentivará as restantes empresas a seguir o

mesmo caminho.

De igual forma, este estudo contribui para a crescente preocupação sobre

as atividades de responsabilidade social e responsabilidade ambiental por parte

das empresas, independentemente do volume e tipo de negócio. Devido à pressão

pública sobre estes temas ambientais, o estudo procurou responder a algumas

questões ambientais que muitas vezes são direcionadas a empresas de distribuição

alimentar, onde esta mesma pressão e preocupação é mais evidente. É possível

59

efetuar atividades de responsabilidade ambiental, sendo que utilizar uma matriz de

avaliação interna é essencial para avaliar estes temas.

Ao considerar todos estes aspetos, verifica-se, com base nas informações

obtidas, que não existe uma matriz clara de avaliação de Responsabilidade

Ambiental dentro do próprio Grupo. Apesar de existir uma grande preocupação em

atacar as diversas questões ambientais, sugere-se a utilização de uma matriz de

avaliação, sendo que a presente dissertação fornece já uma base relativamente

extensa para uma matriz de avaliação mais interna.

Por último, é necessário indicar certas limitações à presente dissertação,

sendo que algumas delas já foram referidas. Como já referido anteriormente, a

matriz de Zadek (2004) apresenta a limitação de ter sido elaborada com base em

apenas uma empresa, mais propriamente a Nike devido às pressões e crises

sociais que enfrentava na altura. Apesar deste aspeto ter sido também referido por

Baumann-Pauly & Scherer (2013), a adaptação da matriz pelos mesmos permitiu

colmatar as limitações presentes na framework de Zadek.

Adicionalmente, é importante realçar as limitações das próprias informações

apresentadas ao longo da presente dissertação. É necessário ter em consideração

o facto de todos os dados presentes serem fornecidos pela própria Jerónimo

Martins, tanto a nível da entrevista como os próprios documentos. Apesar de estes

documentos serem analisados por diversas entidades (sendo então possível

considerar estes dados como verídicos), é relevante ter isto em consideração no

momento de avaliação dos dados.

60

61

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64

65

Apêndices

66

67

Apêndice I – Ferramenta de Avaliação das Implicações

Organizacionais da Responsabilidade Ambiental

68

DEFINIÇÃO DAS DIFERENTES FASES APRESENTADAS POR BAUMANN-PAULY ET AL (2013)

CIV

IL

Co

mp

rom

isso

de

con

trib

uir

par

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ind

epen

den

tem

en

te d

o

seu

val

or

estr

atég

ico

par

a a

emp

resa

; são

par

ceir

os

equ

ival

ente

s n

os

pro

cess

os

de

tom

ada

de

dec

isão

ES

TR

AT

ÉG

ICA

Co

mp

rom

isso

de

usa

r

a R

SC d

e fo

rma

a cr

iar

van

tage

m c

om

pet

itiv

a

Imp

lem

en

taçã

o

inte

grad

a d

e

estr

utu

ras

e p

roce

sso

s

rela

cio

nad

os

com

a

RSC

qu

e ab

ord

am u

ma

vast

a ga

ma

de

área

s p

rob

lem

átic

as

Sta

keh

old

ers

exte

rno

s sã

o in

tegr

ado

s d

e

form

a ab

ran

gen

te

qu

and

o a

ssu

nto

s

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cio

nad

os

com

a

RSC

são

ab

ord

ado

s;

foco

na

“re

solu

ção

de

pro

ble

mas

co

nju

nta

GE

ST

ÃO

Co

mp

rom

isso

par

a

imp

lem

en

tar

prá

tica

s d

e R

SC

As

estr

utu

ras

inte

rnas

e

pro

cess

os

de

RSC

forn

ecem

ori

enta

ção

nas

prá

tica

s d

e n

egó

cio

diá

rias

e

abo

rdam

áre

as

pro

ble

mát

icas

re

laci

on

adas

co

m a

RSC

Os

sta

keh

old

ers

exte

rno

s

são

inte

grad

os

em a

lgu

ns

pro

cess

os

org

aniz

acio

nai

s;

det

erm

inad

os

assu

nto

s re

laci

on

ado

s co

m R

SC s

ão

abo

rdad

os

com

os

sta

keh

old

ers

CO

NF

OR

MID

AD

E

Co

mp

rom

isso

de

cum

pri

r co

m a

s le

is e

re

gula

ções

exi

sten

tes

Estr

utu

ras

inte

rnas

e

pro

cess

os

são

con

ceb

ido

s co

m o

o

bje

tivo

de

asse

gura

r

o c

um

pri

men

to le

gal

Inte

raçã

o c

om

os

sta

keh

old

ers

exte

rno

s

só a

con

tece

cas

o

assu

nto

s le

gais

são

rele

van

tes

DE

FE

NS

IVO

Neg

ação

de

resp

on

sab

ilid

ade

so

cial

ou

am

bie

nta

l;

“n

ão f

azem

a

men

or

idei

a” d

o

qu

e é

RSC

Inex

istê

nci

a d

e im

ple

me

nta

ção

inte

rna

de

estr

utu

ras

e p

roce

sso

s d

e R

SC

Inex

istê

nci

a d

e co

lab

ora

ção

ext

ern

a

ou

re

fusa

de

inte

ragi

r co

m o

s

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keh

old

ers

CO

MP

RO

MIS

SO

ES

TR

UT

UR

AS

INT

ER

NA

S E

PR

OC

ES

SO

S

CO

LA

BO

RA

ÇÃ

O

EX

TE

RN

A

69

Implicações Organizacionais da Responsabilidade Ambiental

Tab

ela

3 C

idad

ania

Co

rpo

rati

va –

Fer

ram

en

ta d

e A

valia

ção

de

Res

po

nsa

bili

dad

e A

mb

ien

tal (

RA

) (a

dap

tad

o d

e B

aum

ann

-Pau

ly e

t al

(2

013

))

Civ

il “

Tem

os

qu

e as

segu

rar

qu

e to

do

s o

faz

em”

A R

A é

um

val

or

sign

ific

ativ

o n

a d

ecla

raçã

o

de

mis

são

da

emp

resa

e

em t

od

os

os

ou

tro

s d

ocu

men

tos.

Res

pei

tar

as

solic

itaç

ões

do

s st

ake

ho

lder

s é

cen

tral

na

mis

são

da

emp

resa

. A R

A

é u

sad

a p

ela

adm

inis

traç

ão c

om

o

just

ific

ação

das

dec

isõ

es

da

emp

resa

. C

um

pri

men

to le

gal e

do

dig

o s

ão ig

ual

men

te

imp

ort

ante

s

A C

om

issã

o d

e R

A e

lab

ora

estr

atég

ias

de

RA

al

inh

adas

co

m a

est

raté

gia

gera

l da

emp

resa

. As

reco

men

daç

ões

são

enca

min

had

as p

ara

o

Co

mit

é Ex

ecu

tivo

, qu

e d

ecid

e n

a im

ple

me

nta

ção

p

erio

dic

amen

te. U

m

dep

arta

men

to d

e R

A é

en

carr

egu

e d

a

coo

rden

ação

do

pro

cess

o

de

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lem

en

taçã

o. A

Ad

min

istr

ação

est

á d

iret

amen

te e

re

gula

rme

nte

en

volv

ida.

Estr

atég

ico

Dá-

no

s u

ma

van

tage

m

com

pet

itiv

a”

Elem

en

tos

de

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são

m

enci

on

ado

s

pro

emin

ente

me

nte

, mas

o r

efer

ido

s d

e fo

rma

sele

tiva

na

dec

lara

ção

de

Mis

são

e n

os

do

cum

ento

s d

a em

pre

sa. A

adm

inis

traç

ão r

efer

e a

RA

co

mo

se

foss

e b

enéf

ico

p

ara

os

ob

jeti

vos

da

emp

resa

. O c

um

pri

men

to

lega

l é m

ais

imp

ort

ante

do

q

ue

o c

um

pri

men

to d

o

cód

igo

.

A C

om

issã

o d

e R

A e

lab

ora

estr

atég

ias

de

RA

alin

had

as

com

a e

stra

tégi

a ge

ral d

a

emp

resa

. As

reco

men

daç

ões

são

enca

min

had

as p

ara

o

Co

mit

é Ex

ecu

tivo

, qu

e d

ecid

e n

a im

ple

me

nta

ção

d

e fo

rma

per

iód

ica.

O

dep

arta

men

to d

e R

P s

erve

co

mo

o p

on

to d

e co

nta

cto

par

a to

do

s o

s as

sun

tos

de

RA

. Ou

tro

s d

epar

tam

ento

s

trab

alh

am n

a im

ple

me

nta

ção

em

as

sun

tos

esp

ecíf

ico

s,

qu

and

o a

ssim

é n

ece

ssár

io.

A A

dm

inis

traç

ão é

sele

tiva

men

te e

nvo

lvid

a em

pic

os

de

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per

fil.

Ges

tão

É o

neg

óci

o,

estú

pid

o!”

Elem

en

tos

de

Res

po

nsa

bili

dad

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Am

bie

nta

l são

m

enci

on

ado

s n

um

a d

ecla

raçã

o d

e m

issã

o e

dig

o d

e co

nd

uta

re

cen

tem

en

te r

evi

sad

os

Cri

ação

de

um

a C

om

issã

o

esp

ecia

l par

a a

elab

ora

ção

d

e es

trat

égia

s d

e R

A. A

s

reco

men

daç

ões

são

en

cam

inh

adas

par

a o

Co

mit

é Ex

ecu

tivo

, qu

e d

ecid

e n

a im

ple

me

nta

ção

d

e fo

rma

per

iód

ica.

Não

ex

iste

um

a co

ord

enaç

ão

efet

iva

no

s n

ívei

s m

ais

bai

xos

da

emp

resa

. O

Dep

arta

men

to d

e R

P

resp

on

de

a in

qu

érit

os

sob

re R

A. A

Ad

min

istr

ação

n

ão e

stá

envo

lvid

a n

o

pro

cess

o d

e im

ple

me

nta

ção

.

Co

nfo

rmid

ade

Fare

mo

s só

o q

ue

é

ob

riga

tóri

o”

Ab

ord

agem

lega

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co n

a co

nfo

rmid

ade

com

leis

loca

is e

inte

rnac

ion

ais

na

dec

lara

ção

de

mis

são

e n

o

cód

igo

de

con

du

ta

O D

epar

tam

ento

Leg

al

gere

os

asp

eto

s d

a U

NG

C

qu

e sã

o r

elev

ante

s. N

ão

exis

te q

ual

qu

er

coo

rden

ação

de

ou

tro

s

asp

eto

s. O

Dep

arta

men

to

de

Rel

açõ

es P

úb

licas

(R

P)

resp

on

de

aos

inq

uér

ito

s so

bre

RA

. A a

dm

inis

traç

ão

não

est

á en

volv

ida

no

p

roce

sso

de

imp

lem

en

taçã

o.

Def

ensi

vo

“N

ão é

o n

oss

o t

rab

alh

o

solu

cio

nar

isso

!”

Não

exi

ste

qu

alq

uer

es

trat

égia

de

inte

graç

ão,

nem

ap

oio

da

adm

inis

traç

ão. A

ad

min

istr

ação

é c

on

tra

qu

alq

uer

tip

o d

e en

volv

imen

to.

Sem

co

ord

enaç

ão d

e

Res

po

nsa

bili

dad

e A

mb

ien

tal

Dim

ensõ

es e

in

dic

ado

res

(ver

tica

l) /

fa

ses

de

des

envo

lvim

ento

Co

mp

rom

isso

de

RA

In

tegr

ação

es

trat

égic

a/ap

oio

da

lider

ança

Co

ord

enaç

ão d

e

Res

po

nsa

bili

dad

e A

mb

ien

tal

70

Implicações Organizacionais da Responsabilidade Ambiental

Tab

ela

3 C

on

tin

uaç

ão

Civ

il “

Tem

os

qu

e as

segu

rar

qu

e to

do

s o

faz

em”

Tod

os

os

elem

en

tos

de

com

pro

mis

so d

e R

A f

ora

m

trad

uzi

do

s em

po

lític

as e

pro

ced

imen

tos.

Est

es s

ão

as b

ases

par

a to

do

s o

s p

roce

sso

s d

e n

egó

cio

, in

clu

ind

o a

ges

tão

da

cad

eia

de

forn

ecim

ento

gl

ob

al. P

olít

icas

e

pro

ced

imen

tos

são

re

gula

rme

nte

an

alis

ado

s e

revi

sad

os;

o f

eed

bac

k d

os

sta

keh

old

ers

inte

rno

s e

exte

rno

s sã

o in

tegr

ado

s.

Estr

utu

ra d

e in

cen

tivo

está

co

mp

leta

men

te

alin

had

a co

m o

co

mp

rom

isso

de

RA

e é

u

m f

ato

r im

po

rtan

te n

a av

alia

ção

de

per

form

ance

in

div

idu

al. D

ecis

ões

so

bre

pro

mo

ções

e b

ón

us

dep

en

dem

do

res

pei

to

pel

os

pri

ncí

pio

s d

e R

A.

Estr

atég

ico

Dá-

no

s u

ma

van

tage

m

com

pet

itiv

a”

O c

om

pro

mis

so d

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A f

oi

trad

uzi

do

em

po

lític

as e

p

roce

dim

ento

s. E

lem

en

tos

qu

e p

od

em s

up

ort

ar

estr

atég

ias

de

neg

óci

o t

êm

vin

do

a s

er in

tegr

ado

s n

o

core

bu

sin

ess

pro

cess

es. A

ca

dei

a d

e fo

rnec

imen

to

glo

bal

não

est

á in

clu

ída

na

def

iniç

ão d

e p

olít

icas

e

pro

ced

imen

tos,

a m

eno

s q

ue

seja

co

nsi

der

ada

com

o

par

te d

e u

m p

roce

sso

de

gest

ão d

e ri

sco

s.

Estr

utu

ra d

e in

cen

tivo

est

á

alin

had

a co

m o

co

mp

rom

isso

de

RA

, mas

as

con

seq

nci

as d

a vi

ola

ção

d

os

pri

ncí

pio

s d

e R

A n

ão

são

cla

ras.

Ges

tão

É o

neg

óci

o,

estú

pid

o!”

Co

mp

rom

isso

de

RA

est

á a

ser

trad

uzi

do

em

po

lític

as

e p

roce

dim

ento

s. A

lgu

ns

elem

ento

s d

e R

A s

ão

inte

grad

os

no

s p

roce

sso

s d

e n

egó

cio

pri

nci

pai

s (c

ore

bu

sin

ess

pro

cess

es),

se

nd

o e

ste

um

tra

bal

ho

em

cu

rso

.

A e

stru

tura

s d

e in

cen

tivo

está

a s

er a

linh

ada

com

o

com

pro

mis

so d

e R

A, m

as

o p

roce

sso

ain

da

não

se

enco

ntr

a co

mp

leto

em

to

das

as

secç

ões

da

emp

resa

.

Co

nfo

rmid

ade

Fare

mo

s só

o q

ue

é

ob

riga

tóri

o”

Exis

te u

m c

om

pro

mis

so

abst

rato

de

RA

, mas

est

e n

ão f

oi t

rad

uzi

do

em

po

lític

as e

pro

ced

imen

tos.

Po

lític

as e

pro

ced

imen

tos

exis

tem

cas

o e

stes

es

teja

m r

elac

ion

ado

s co

m

assu

nto

s le

gais

.

A e

stru

tura

de

ince

nti

vo

não

est

á al

inh

ada,

no

en

tan

to, v

iola

ções

de

regr

as le

gais

são

pu

nid

as.

Def

ensi

vo

“N

ão é

o n

oss

o t

rab

alh

o

solu

cio

nar

isso

!”

Sem

alin

ham

ento

de

po

lític

as e

pro

ced

imen

tos.

N

ão e

xist

e q

ual

qu

er

inte

nçã

o d

e o

faz

er n

o

futu

ro.

Não

exi

ste

qu

alq

uer

alin

ham

ento

e n

enh

um

a in

ten

ção

de

o f

azer

no

fu

turo

.

Dim

ensõ

es e

ind

icad

ore

s (v

erti

cal)

/

fase

s d

e d

esen

volv

imen

to

Estr

utu

ras

e P

roce

dim

ento

s d

e

RA

A

linh

ame

nto

de

po

lític

as e

pro

ced

imen

tos

Alin

ham

en

to d

e es

tru

tura

s d

e

ince

nti

vos

71

Implicações Organizacionais da Cidadania Corporativa

Tab

ela

3 C

on

tin

uaç

ão

Civ

il “

Tem

os

qu

e as

segu

rar

qu

e to

do

s o

faz

em”

Form

ação

é f

orn

ecid

a p

ara

tod

os

os

fun

cio

nár

ios

de

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a a

pre

par

ar p

ara

situ

açõ

es d

e to

mad

as d

e d

ecis

ão e

est

imu

lar

dis

cuss

ão. C

urs

os

de

form

ação

são

ad

apta

do

s ao

s co

nte

xto

s d

a em

pre

sa

e gr

up

os

esp

ecíf

ico

s d

entr

o d

a o

rgan

izaç

ão s

ão

sele

cio

nad

os

par

a cu

rso

s d

e se

guim

ento

. A

emp

resa

par

tilh

a m

ater

ial

de

form

ação

e in

icia

o

des

envo

lvim

ento

de

mat

eria

l de

form

ação

par

a tó

pic

os

ino

vad

ore

s.

Um

can

al d

e re

clam

açõ

es

con

fid

enci

al é

fo

rnec

ido

, cu

jo a

cess

o f

ácil

é ga

ran

tid

o. O

pro

cess

o é

co

mu

nic

ado

e o

s ca

sos

são

an

alis

ado

s d

e fo

rma

a m

elh

ora

r o

s si

stem

as.

Rep

ort

ar é

dev

er.

Mét

od

os

de

aval

iaçã

o d

e im

pac

tos

de

inic

iati

vas

de

CC

são

des

envo

lvid

as e

m

fóru

ns

mu

ltila

tera

is

(mu

ltis

take

ho

lder

s). O

s m

éto

do

s sã

o r

evis

tos

regu

larm

en

te e

os

resu

ltad

os

são

dis

cuti

do

s

pu

blic

amen

te (

tan

to

resu

ltad

os

po

siti

vos

com

o

neg

ativ

os)

.

Estr

atég

ico

Dá-

no

s u

ma

van

tage

m

com

pet

itiv

a”

Cu

rso

s d

e fo

rmaç

ão s

ão

des

tin

ado

s p

ara

a

con

scie

nti

zaçã

o. N

enh

um

gr

up

o e

spec

ífic

o é

es

colh

ido

par

a cu

rso

s d

e fo

rmaç

ão e

spec

ializ

ado

s.

Um

can

al d

e re

clam

açõ

es

con

fid

enci

al é

fo

rnec

ido

e o

se

u a

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o f

ácil

é ga

ran

tid

o.

No

en

tan

to, o

p

roce

dim

ento

não

é

tran

spar

ente

e o

s ca

sos

não

o a

nal

isad

os.

Ava

liaçõ

es d

os

asp

eto

s d

e R

A s

ão r

ealiz

ado

s p

or

emp

resa

s d

e au

dit

ori

as

pro

fiss

ion

ais

qu

e ve

rifi

cam

a

exat

idão

da

info

rmaç

ão

da

emp

resa

so

bre

as

inic

iati

vas

amb

ien

tais

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72

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74

75

Apêndice II – Guião de Entrevista

76

77

Guião de Entrevista

O presente guião de entrevista foi elaborado por mim, André Filipe Correia Saraiva, no âmbito

da dissertação de mestrado de Línguas e Relações Empresariais da Universidade de Aveiro,

orientada pela Prof. Maria Hermínia Laurel e coorientada pela Prof. Celeste Varum. O objetivo do

mesmo é o estudo das perceções e ações de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) por parte

do Grupo Jerónimo Martins, com um foco especial nas atitudes de cariz ambiental, devido à cada

vez maior pressão social nas diversas empresas e, em especial, nas indústrias em que a Jerónimo

Martins se insere.

O guião encontra-se dividido em duas partes, sendo que a primeira trata de um questionário

das ações gerais de Responsabilidade Social Corporativa, preenchida principalmente por questões

de resposta direta e respostas de escolha múltipla. Na segunda parte do guião de entrevista, estão

presentes questões relacionadas meramente com a vertente ambiental da Responsabilidade Social

Corporativa.

As presentes questões serão respondidas pela Dra. Ana Rovisco, Senior Manager de

Responsabilidade Corporativa Ambiental do Grupo Jerónimo Martins, com o objetivo obter uma

perspetiva da própria empresa e não só utilizar os documentos publicados pela mesma.

78

Parte I – Questionário Geral de Responsabilidade Social Corporativa

1. Como definiria o termo “Responsabilidade Social Corporativa”?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. Existe um departamento dedicado a RSC? Sim

a. Qual o número de staff dentro do departamento de RSC? _______________________

b. O departamento de RSC está divido nas diversas secções de RSC? Se sim, em quais?

____________________________________________________________________________

c. Existe um orçamento associado às atividades de RSC? __________________________

d. Se sim, qual o valor anual?________________

3. No que toca à relação com os funcionários, indique, com uma cruz, os aspetos que a

empresa oferece:

Sede da Empresa Lojas

i. Horas flexíveis

ii. Cantina

iii. Empréstimos bonificados

iv. Cuidados de saúde adicionais

v. Viagens e eventos

vi. Tempo integral de maternidade

vii. Creches

viii. Outros que queira destacar (especificar)

______________________________________________________________

4. No que toca à comunicação com os funcionários, indique, com uma cruz, os aspetos que a

empresa oferece:

Sede da Empresa Lojas

i. “Caixa de Ideias”

ii. Intranet

iii. Inquéritos de satisfação

iv. Jornal da Empresa

v. Reuniões periódicas para mostrar resultados

vi. Reuniões periódicas para mostrar estratégias

vii. Outros (especificar) ______________________________________________________________

5. No que toca à formação geral dos funcionários, resposta às seguintes questões:

79

Sede da Empresa Lojas

i. Horas de formação per-capita Horas Horas

ii. Percentagem de funcionários envolvidos % %

iii. A formação é obrigatória ou facultativa?

6. No que toca à formação ambiental dos funcionários, resposta às seguintes questões:

Sede da Empresa Lojas

i. Horas de formação per-capita Horas Horas

ii. Percentagem de funcionários envolvidos % %

iii. A formação é obrigatória ou facultativa?

7. Na Jerónimo Martins, existe uma formalização de estratégias para igualdade de

oportunidades (género, etnias, etc.)?

Sede da Empresa Lojas

i. Existe

ii. Não existe

8. No que toca ao apoio a funcionárias femininas, indique, com uma cruz, as ações que a

Jerónimo Martins toma em relação a este assunto:

Sede da Empresa Lojas

i. Horas de trabalho flexíveis

ii. Partilha de trabalho

iii. Suspensão de carreira

iv. Outros

9. No que toca à integração de pessoal não-Europeu e/ou não-Português, indique, com uma

cruz, os serviços que a Jerónimo Martins fornece aos mesmos:

Sede da Empresa Lojas

i. Cursos de Português

ii. Cursos de formação específica*

iii. Ajuda na habitação

iv. Saúde

v. Outros

*Caso existam, indique quais: _________________________________________________________

10. Indique, com uma cruz, que tipo de pessoal a Jerónimo Martins tem, de momento, a

trabalhar nos quadros da empresa:

Sede da Empresa Lojas

i. Pessoas com registo criminal

ii. Pessoas com deficiências

11. Em relação aos fornecedores do Grupo, é necessário que estes tenham atitudes sociais

corretas no processo de produção? Circule uma das opções.

Sim Não

80

12. De acordo com as motivações da Jerónimo Martins, indique, com uma cruz, que tipo de

certificações, da área de RSC, exige dos seus fornecedores:

i. Auto-certificação

ii. Certificação de qualidade

iii. Certificação de qualidade de produto/serviço

iv. Certificação de correta eliminação de resíduos

v. Código de Ética

vi. Certificação SA8000

vii. Outros

13. Indique, com uma cruz, que tipo de declarações/provas de atividades socialmente

corretas são exigidas aos consumidores por parte da Jerónimo Martins:

i. Auto-certificação

ii. Certificação de qualidade

iii. Certificação de qualidade de produto/serviço

iv. Certificação de correta eliminação de resíduos

v. Código de Ética

vi. Certificação SA8000

vii. Outros

14. Indique, com uma cruz, com que regularidade são feitos inquéritos de satisfação aos

consumidores:

i. Regularmente

ii. Ocasionalmente

iii. Inexistência de quaisquer inquéritos

Outro: _________________________

15. Indique, com uma cruz, que tipo de investimentos em publicidade com objetivo social são

efetuados pelo Grupo Jerónimo Martins:

i. Publicidade com mensagens de valor social

ii. Marketing relacionado a certas causas sociais

iii. Outros__________________________________________

16. Indique, com um círculo, caso a Jerónimo Martins tem feito donativos nos últimos anos:

Sim Não

17. Se sim, indique, com uma cruz, a(s) fonte(s) dos donativos efetuados:

81

i. Rendimento Líquido

ii. Fundos da Base Corporativa

iii. Dividendos

iv. Outros

18. Caso existam donativos efetuados, indique em que áreas e com que regularidade foram

feitas as mesmas:

Regularmente Ocasionalmente

i. Educação

ii. Pesquisa científica

iii. Universidades

iv. Saúde

v. Intervenções sociais

vi. Intervenções de cooperações internacionais

vii. Entretenimento, reabilitação e exibições

viii. Desportos amadores

ix. Atividades religiosas

x. Outros (especificar) _________________________________________________________

19. Caso existam donativos efetuados por parte da Jerónimo Martins, por favor indique, com

uma cruz, as motivações por detrás das mesmas:

Filantropia Retorno de Imagem Outro

i. Educação

ii. Pesquisa científica

iii. Universidades

iv. Saúde

v. Intervenções sociais

vi. Intervenções de cooperações internacionais

vii. Entretenimento, reabilitação e exibições

viii. Desportos amadores

ix. Atividades religiosas

x. Outros (especificar) __________________________________________________________________

20. Indique, com uma cruz, que formas de colaboração existente entre a Jerónimo Martins, a

Universidade de Aveiro e as restantes universidades:

Com Universidade de Aveiro Com Outras Universidades

i. Nenhuma

ii. Subsídios

iii. Financiamento de investigação

iv. Estágios

v. Patrocínios de cursos e eventos

82

vi. Outros (especificar) _________________________________________________________

21. Caso existam, indique, com uma cruz, os tipos de fornecimentos gratuitos de produtos e

serviços para atividades sociais:

i. Equipamento

ii. Produtos próprios (gratuitos)

iii. Produtos próprios (com desconto)

iv. Tempo de staff para realizar projetos especiais

v. Outros (especificar) _________________________________________________________

22. Indique, com uma cruz, as pessoas ou departamentos responsáveis pelas decisões de

donativos e fornecimento gratuito de produtos e/ou serviços:

i. Conselho de Administração

ii. Shareholders

iii. CEO

iv. Staff ou departamento responsável com as relações com a comunidade

v. Outros (especificar) _________________________________________________________

23. Indique com uma cruz caso tenha conhecimento; caso adote e o ano de adoção uma ou

mais das seguintes certificações na área de Responsabilidade Social Corporativa:

Conhecimento É adotado Ano de adoção

i. Relatório Ambiental

ii. Eco-Management and Audit Scheme (EMAS)

iii. Relatório Social

iv. SA 8000

v. Rótulos dos Produtos

vi. Benchmarking*

vii. Outros (especificar) __________________________________________________________________

(*) Caso adote técnicas de benchmarking, indique, com um círculo, qual:

1. Interno

2. Industrial

3. Competitivo

4. Best-in-class

24. Indique, com uma cruz, outras práticas utilizadas pelo Grupo Jerónimo Martins no âmbito

da Responsabilidade Social Corporativa

i. Programas de gestão ambiental

ii. Redução de consumos de energia

iii. Desenvolvimento de energias alternativas

83

iv. Redução do consumo de água

v. Redução do consumo de matérias-primas

vi. Embalagens recicláveis de vários produtos

vii. Redução de emissões para além das obrigações legais

viii. Tratamento e eliminação de resíduos para além das obrigações legais

ix. Redução de transportes

x. Outros

25. Indique, numa escala de um a cinco (sendo que 1 é considerado como “nenhuma

importância” e 5 considerado como “muita importância”), até que ponto os seguintes

aspetos constituem motivações e/ou incentivos para as práticas de RSC na Jerónimo

Martins:

1 2 3 4 5

i. Promoção das relações com os trabalhadores

ii. Atração de recursos qualificados

iii. Procurar melhorar as relações com os financiadores

iv. Lealdade com os consumidores

v. Sugestões de clientes e consumidores

vi. Melhorar as relações com a comunidade

vii. Pressões de associações externas

viii. Melhorar a performance económica

ix. Melhorar a reputação entre ONGs

x. Diminuir o risco de escândalos e crises

xi. Outras

26. Classifique os seguintes itens, relativamente à sua importância, numa escala de um a

cinco (sendo que 1 é considerado como “nenhuma importância” e 5 considerado como

“muita importância”), as barreiras à implementação de práticas de RSC na Jerónimo

Martins:

1 2 3 4 5

i. Falta de sensibilização por parte da administração de topo

ii. Complexidade

iii. Impacto nos custos

iv. Falta de tempo

v. Dificuldade na previsão de benefícios

vi. Falta de interesse por parte dos funcionários

vii. Outras

27. Por fim, indique se existem outros projetos que a Jerónimo Martins ache importante no

âmbito da Responsabilidade Social Corporativa

a) Nome do projeto: _________________________________________

b) Quando é que este foi introduzido? ___________________________

c) Qual era o objetivo do mesmo? _______________________________

d) Quais foram os benefícios? __________________________________

84

e) Quais foram os problemas encontrados? _______________________

85

Parte II – Questionário Ambiental

1. Relativamente à posição da empresa quanto aos aspetos ambientais, identifique até que

ponto as seguintes afirmações se ajustam à situação da sua empresa. Considere a escala de

um a cinco (sendo que 1 é considerado como “discordo totalmente” e 5 considerado como

“concordo totalmente”):

1 2 3 4 5

i. Não existe qualquer estratégia relativamente ao

compromisso ambiental

ii. Não existe qualquer apoio da administração de topo no

compromisso ambiental

iii. Existe principalmente uma abordagem legal

iv. Existe um código de conduta ambiental e este é respeitado

v. O cumprimento legal é mais importante do que o

cumprimento do código de conduta

vi. A administração de topo vê o compromisso ambiental

apenas como algo benéfico para os objetivos do grupo

vii. A administração de topo utiliza o compromisso ambiental

como justificação das ações do grupo

viii. As solicitações dos stakeholders são centrais na missão da

empresa

2. Existe um departamento ambiental específico dentro do departamento Responsabilidade

Social Corporativa, ou está este desassociado do último? Ou a quem reporta o grupo com

responsabilidade ambiental?

_________________________________________________________________________

3. Das seguintes opções, circule a que mais se assemelha à realidade da Jerónimo Martins no

que toca ao envolvimento do departamento da área ambiental e a administração de topo na

definição de estratégias:

a) O departamento toma todas as decisões estratégicas

b) O departamento toma as decisões estratégicas, com pouco apoio da administração

c) O departamento e administração participam de forma igual na tomada de decisões

estratégicas

d) A administração toma as decisões estratégicas, com pouco apoio do departamento

ambiental

e) As decisões estratégicas ambientais são exclusivamente tomadas pela administração

de topo

86

4. Das seguintes opções, circule a que mais se assemelha à realidade da Jerónimo Martins no

que toca ao envolvimento do departamento de RSC ambiental e a administração de topo na

implementação de estratégias:

a) O departamento ambiental é encarregue de toda a implementação

b) O departamento ambiental é encarregue da implementação, com pouco apoio da

administração

c) O departamento ambiental e administração participam de forma igual na

implementação das decisões tomadas

d) A administração é encarregue da implementação das decisões tomadas, com pouco

apoio do departamento ambiental

e) A implementação das decisões ambientais é exclusivamente feita pela administração

de topo

5. Relativamente às políticas e procedimentos ambientais na Jerónimo Martins, assinale até que

ponto concordo, numa escala de um a cinco (sendo que 1 é considerado como “discordo

totalmente” e 5 considerado como “concordo totalmente”), as seguintes afirmações:

1 2 3 4 5

i. Não existe alinhamento entre políticas e procedimentos no

aspeto ambiental

ii. Existe um compromisso, mas este ainda não foi traduzido

em políticas e procedimentos ambientais, existindo

apenas os de cariz legal

iii. O compromisso ambiental foi completamente traduzido

em políticas e procedimentos

iv. As políticas e procedimentos ambientais são regularmente

analisados e revistos

v. O feedback dos stakeholders internos e externos é

integrado nos procedimentos centrais da empresa

vi. A rede de fornecedores não está incluída na definição de

políticas e procedimentos ambientais

vii. É importante a integração de estratégias ambientais nos

core business processes

87

6. Das seguintes opções, circule aquelas que reflitam os incentivos internos desenvolvidos pela

Jerónimo Martins para que as políticas e procedimentos ambientais sejam cumpridos:

a) Existem incentivos para o cumprimento das políticas e procedimentos ambientais*

b) Existe uma punição interna no caso de incumprimento das regras legais

c) As consequências internas das violações dos princípios ambientais são claras**

(*) Caso existam, refira, se possível, incentivos que são aplicados:

_______________________________________________________________

(**) Caso existam, refira, se possível, certas consequências internas:

_______________________________________________________________

7. No que toca às formações de cariz ambiental, circule aquelas que mais se adequam à

realidade da Jerónimo Martins:

a) Existe uma formação sobre o cumprimento das normas legais para todos os

funcionários, adaptados a cada contexto interno

b) Existe apenas uma formação sobre o cumprimento das normas legais aos funcionários

da sede da empresa

c) Existe apenas uma formação sobre o cumprimento das normas legais aos funcionários

das lojas da empresa

d) É fornecida informação sobre os compromissos ambientais a todos os funcionários

e) Existem cursos de formação destinados à sensibilização ambiental

f) A Jerónimo Martins partilha material de formação ambiental a outras empresas

8. No que toca aos aspetos ambientais, em relação aos procedimentos de reclamação internos,

circule as opções que mais se adequam à realidade da Jerónimo Martins:

a) Existe a possibilidade de apresentar queixa de eventuais incumprimentos legais

b) São abordadas apenas as reclamações de cariz legal

c) A denúncia do incumprimento dos princípios ambientais é promovida

d) Todos sabem que “Reportar é um dever”

e) É frequente registarem-se denúncias internamente

9. Ainda relativamente aos procedimentos de reclamação internos no âmbito ambiental,

responda às seguintes questões:

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a) Existe algum canal de reclamação ambiental? _________________________

b) Se sim, qual é o departamento que gere as reclamações de cariz ambiental?

_______________________________________________________________

c) Se sim, o canal é de fácil acesso e confidencial? ________________________

d) Se sim, o procedimento do canal é transparente? _______________________

e) Se sim, qual é a percentagem de casos analisados? ______________________

10. Relativamente às avaliações de implementação ambiental, responda às seguintes questões:

a) São efetuadas auditorias ambientais aos fornecedores?

Sim Não

i) Se sim, com que regularidade? São estas feitas de forma mensal, quinquenal,

anual ou outra?

_________________________________________________________________

ii) Se sim, quais são as consequências do incumprimento das normas ambientais

por parte dos fornecedores?

___________________________________________________

iii) Se sim, das seguintes opções escolha aquela que mais se adequa à realidade

da Jerónimo Martins

1) As avaliações aos fornecedores são efetuadas por empresas de

auditoria profissionais

2) As avaliações aos fornecedores são efetuadas pelo Grupo Jerónimo

Martins

3) As avaliações aos fornecedores são efetuadas pelo Grupo Jerónimo

Martins e por empresas de auditoria profissionais

11. Ainda relacionado com as avaliações de implementação ambientais, o Grupo Jerónimo

Martins participa em fóruns multilaterais (multistakeholders) para o desenvolvimento de

métodos de avaliação de impactos de iniciativas ambientais? Se sim, quais?

________________________________________________________________________________

12. Ainda relacionado com o aspeto ambiental, o Grupo Jerónimo Martins participa em fóruns

(grupos de trabalho ou outros) promovidos pelo governo? SIM NÃO

Se sim, quais?

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13. Conhece o Plano de Ação para Economia Circular (PAEC) em Portugal?

________________________________________________________________________________

14. Participam em alguma das atividades do PAEC? Se sim, em quais?

________________________________________________________________________________

15. No que toca à qualidade de relação com os diversos stakeholders, responda às seguintes

questões:

a) O envolvimento com os stakeholders é feito numa base estratégica ou regular?

_________________________________________________________________________

b) O envolvimento com os stakeholders tem impacto nas políticas do Grupo?

_________________________________________________________________________

16. Numa escala de um a cinco (sendo que 1 é considerado como “discordo totalmente ” e 5

considerado como “concordo totalmente”), indique o seu grau de concordância com os

seguintes itens, quanto à participação da Jerónimo Martins em iniciativas de cooperação

ambiental:

1 2 3 4 5

i. A cooperação ambiental entre as empresas do mesmo setor

é valorizada

ii. A adesão de iniciativas ambientais e o cumprimento de

todos os requerimentos formais são importantes

iii. Existe um envolvimento proativo por parte da Jerónimo

Martins em iniciativas de cooperação ambiental

iv. É essencial um envolvimento proativo por parte da

Jerónimo Martins para integrar outras empresas do setor,

mesmo que estas sejas empresas de concorrência direta

17. Por fim, nos últimos 5 anos, a sua empresa teve acesso (ou está a ter) a algum financiamento

público para apoio a projetos de cariz ambiental?

Sim Não

a) Se sim, qual (quais) o programa do qual obteve financiamento?

__________________________________________

b) Se sim, qual destes itens reflete melhor a situação para a sua empresa:

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i. O apoio público foi relevante, mas a empresa teria efetuado o investimento

de qualquer forma

ii. O apoio público foi muito importante, e permitiu alargar o investimento que a

empresa estava a considerar

iii. O apoio público foi muito importante e permitiu que a empresas não

investisse tanto como estava a prever

iv. O apoio público não foi relevante, pois teríamos efetuado o investimento de

qualquer forma

v. Outra: