anderson, perry. passagens da antiguidade ao feudalismo (resumo)
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ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. Trad. Telma
Costa. Ed. 3º. Porto: Afrontamento, 1989.
Por Eduardo Carneiro
OBS: olhar o feudalismo a partir de qual formação social?
“A transição da antiguidade clássica para o feudalismo tem sido muito menos estudada no quadro do
materialismo histórico do que a transição do feudalismo para o capitalismo”.
- Coloca alguns problemas do desenvolvimento europeu pela mudança do mundo antigo para o medieval.
- O livro começa com uma discussão do modo de produção escravagista na época clássica. Depois faz uma
comparação das “estruturas” sociais e políticas das sociedades gregas, helenística e romana. Não dá ênfase
ao econômico, é isso?
- As razões para a queda final do sistema imperial romano, que levou a Antiguidade ao seu fim, são
analisadas à luz das divisões regionais no seio do Império e da evolução das tribos germânicas.
“Uma síntese da Idade das Trevas conduz a uma visão geral sobre a emergência do feudalismo, como um
novo modo de produção na Europa Ocidental”.
- A formação do feudalismo não foi igual em todos os lugares.
“É traçado o padrão de desenvolvimento específico da Europa Oriental na época medieval”.
- O livro encerra com uma reflexão sobre a natureza e o destino do Império Bizantino, cujo desaparecimento
final marca convencionalmente a era moderna na Europa.
“A discussão a que se destinam encontra-se, sobretudo, delimitada pelo campo do materialismo histórico”.
- O método materialista foi explicado na obra Linhagens do Estado Absolutista.
“Não foi concedido privilégio especial à historiografia marxista como tal... a grande massa da obra histórica
séria do século XX foi escrita por historiadores estranhos ao marxismo”.
“O materialismo histórico não é uma ciência acabada; nem todos aqueles que o praticaram foram de
idêntica envergadura. Há campos da historiografia dominados pela investigação marxista. Há muitos outros
nos quais os contributos não-marxistas são superiores em qualidade e em quantidade” p.7.
“Não podem tomar-se simplesmente à letra os próprios Marx e Engels: os erros dos seus escritos sobre o
passado não devem ser iludidos ou ignorados, mas identificados e criticados. Fazê-lo não é abandonar o
materialismo histórico, mas antes aproximar-se dele... desrespeitar a assinatura de Marx significa
alcançar a liberdade do Marxismo” p. 7.
PRIMEIRA PARTE
I. ANTIGUIDADE CLÁSSICA - A delimitação entre Ocidente e Oriente é uma convenção.
- Apenas o Ocidente Europeu participou nas grandes migrações bárbaras, nas cruzadas medievais e nas
modernas conquistas coloniais.
- Na idade média, o ocidente era atrasado e o oriente era desenvolvido.
- Há uma tendência de explicar a queda do império romano pelas diferenças entre o oriente e o ocidente.
“O ORIENTE com suas cidades prósperas e numerosas, economia desenvolvida, pequena propriedade rural,
relativa unidade cívica e distância geográfica em relação à maior violência dos ataques bárbaros, sobreviveu;
o OCIDENTE com a sua população esparsa e cidades mais fracas, aristocracia poderosa, camponeses
sobrecarregados de encargos, anarquia política e vulnerabilidade estratégica às invasões germânicas,
pereceu” JONES, p. 14.
“Depois, o destino final da Antiguidade foi selado pelas conquistas árabes, que dividiram as duas margens
do Mediterrâneo. O Império do Oriente passou a ser BIZÂNCIO – um sistema político e social distinto do
resto do continente europeu. Foi neste novo espaço geográfico, surgido na Alta Idade Média, que a
polaridade entre leste e oeste iria permutar as suas conotações” p.14.
- Até mesmo o conceito de Europa é criticável, pois foi formulado baseado na divisão do mundo em cinco
continentes.
- Marc Bloch1 disse que a partir do século VII formaram-se na Europa Central elementos semelhantes nas
sociedades ali existentes. “Foi essa região que deu origem à Europa Central” p. 14.
“Entendida desse modo, delimitada desse modo, a Europa é uma criação do início da Idade Média” Marc
Bloch. 15.p. Países europeus e países europeizados????
- Bloch exclui de sua definição de continente as regiões que hoje constituem o Leste da Europa.
“A formação da Europa e a germinação do feudalismo têm sido geralmente confinadas à história da metade
ocidental do continente, excluindo da apreciação a metade oriental” p. 15.
- Duby estuda a economia feudal primitiva que teve início no século IX.
1. O MODO DE PRODUÇÃO ESCLAVAGISTA2 (p.17).
“A gênese do capitalismo tem sido objeto de muitos estudos inspirados pelo materialismo histórico desde
que Marx lhe dedicou capítulos célebres do Capital. A gêneses do feudalismo, pelo contrário, tem
permanecido em larga medida por estudar dentro da mesma tradição: como tipo de transição distinto para
um novo modo de produção nunca foi integrada no corpo geral da teoria marxista” p. 17.
- A importância dessa transição para a História talvez seja menor do que a da outra.
“A gênese do feudalismo na Europa derivou de um colapso catastrófico e convergente de dois modos de
produção distintos e anteriores, e foi a recombinação dos seus elementos desintegrados que verdadeiramente
libertou a síntese feudal, a qual, por isso, conservou sempre um caráter híbrido” p. 17.
- A transição da qual se fala foi diferente da do feudalismo para o capitalismo.
“O duplo predecessor do modo de produção feudal foi, evidentemente, o modo de produção esclavagista
em decomposição, no qual se fundamentara a construção de todo o enorme edifício do Império Romano, e
os primitivos modos de produção alargados e deformados dos invasores germânicos, que sobreviveram em
suas novas pátrias, após as conquistas bárbaras” p. 18.
“Estes dois mundos radicalmente diferentes haviam sofrido uma lenta desintegração e uma interpenetração
subtil nos últimos séculos da Antiguidade” p. 18.
- A matriz original de toda civilização clássica foi à greco-romana.
“A antiguidade greco-romana constituíra sempre um universo centrado nas cidades” p.18.
- A antiga polis grega e a república romana representaram um modelo de vida urbana inigualável.
- Filosofia, ciência, poesia, história, arquitetura, escultura, direito, administração, dinheiro, fisco, sufrágio,
debate, recrutamento – tudo isso apareceu nessa civilização sem precedentes.
- Contudo, faltava-lhes uma ECONOMIA URBANA. “Pelo contrário, a prosperidade material que
sustentava a sua vitalidade intelectual e cívica provinha em proporções esmagadoras do campo” p. 18.
- Economicamente o mundo clássico era rural. “A agricultura representou, ao longo da sua história, o setor
em absoluto dominante da produção, fornecedor invariável das maiores fortunas das próprias cidades. As
cidades greco-romanas nunca foram predominantemente comunidades de manufatores, comerciantes
ou mercadores: eram, na sua origem e princípios, agregados urbanos de proprietários de terras” p. 18.
- A democrata Atenas, a oligárquica Esparta e a Roma senatorial eram essencialmente dominadas por
proprietários agrários.
- Os três grandes artigos básicos do Mundo Antigo eram o TRIGO, AZEITE e o VINHO.
- Dentro das cidades as manufaturas eram poucas e rudimentares. “O normal das mercadorias das cidades
nunca foi muito além dos têxteis, olaria, mobiliário e vidros” p. 18.
“A técnica era simples, a procura limitada e o transporte exorbitantemente caro” p. 18.
- A manufatura na Antiguidade se desenvolveu não pela divisão do trabalho, o que ditava os custos de
produção era à distância. Por isso, a manufatura estava dispersa.
1 Ainda se tinha a idéia de identidade unificada e homogênea.
2 Oito séculos de existência: ascensão de Atenas à queda de Roma. “Lapso de tempo equivalente ao modo de produção feudal”
- Sobre o grau de importância da vida rural na economia clássica é dada pelos rendimentos fiscais do
império romano do século IV d.C.
- As cidades foram sujeitas a coleta de impostos a partir da crise, quando isso ocorreu verificou-se que
correspondia nem a 5% da coleta total da zona rural.
“A condição prévia desta característica distintiva da civilização clássica era o seu caráter costeiro” p. 19.
- A civilização clássica era essencialmente mediterrânea na sua estrutura íntima. O comércio inter-regional
era mediado pela água. “O transporte marítimo era o único meio viável de troca de mercadorias a média ou
longa distância” p. 19. O transporte terrestre era muitíssimo caro.
“A água era o meio insubstituível de comunicação e comércio que tornava possível o crescimento urbano de
uma concentração e apuramento muito mais avançados que o interior rural que lhe estava por trás” p. 20.
“O mar era o condutor do improvável esplendor da Antiguidade” p. 20.
- A Antiguidade era marcada pela combinação operacional: cidade\ campo. O MEDITERRÂNEO era o
grande lago que oferecia ao mundo antigo a unidade econômica. “Só ele oferecia velocidade marítima de
transporte para uma vasta zona geográfica” p. 20.
- O destaque do mundo clássico na antiguidade na história universal não pode estar desvinculado desse
“privilégio físico”. O mediterrâneo era o ambiente geográfico necessário, contudo, o fundamento social era a
relação cidade e campo.
“O modo de produção esclavagista foi uma invenção decisiva do mundo grego-romano que forneceu a base
última tanto das suas realizações como do seu eclipse” p. 20.
- A escravatura propriamente dita existia sob várias formas através da Antiguidade Oriental, mas era uma
condição jurídica impura que assumia a forma de servidão. Não era o tipo dominante de apropriação de
excedente. “Era um fenômeno residual, marginal em relação à massa da mão-de-obra rural” p. 21.
- Os impérios Sumérios, Babilônicos, Assírios e Egípcio3 não eram economias esclavagistas. Faltava em
seus sistemas jurídicos a concepção nítida e separada da propriedade de bens.
“As cidades-Estado gregas tornaram a escravatura pela primeira vez absoluta na forma e dominante
na extensão, transformando-a desse modo de recurso subsidiário em MODO DE PRODUÇÃO
sistemático” p. 21.
- O mundo helênico nunca foi exclusivamente escravagista.
“Toda a formação social concreta é sempre uma combinação específica de diferentes modos de produção, e
as da Antiguidade não constituíam exceção” p. 21.
- Existiam os camponeses livres, rendeiros, artesãos urbanos... Mas o MODO DE PRODUÇÃO dominante
era o esclavagista.
“O conjunto do Mundo Antigo nunca foi, na sua continuidade e extensão, marcado pela
predominância do trabalho escravo”. P. 21.
- Mas as suas grandes épocas clássicas sim. (Grécia dos séculos V e IV a.C e Roma dos séculos II a.C ao II
d.C. Foram aqui que esse sistema teve hegemonia dentre outros sistemas de trabalho.
- A vida urbana era ligada ao escravismo. Quando um decaiu, o outro foi junto.
- As estimativas mais seguras nos dizem que na Grécia de Péricles a razão entre escravos e cidadãos livres
na Atenas de Péricles andava à volta de 3\2.
“Na Grécia clássica, portanto, os escravos foram pela primeira vez regularmente empregados nos negócios,
na indústria e na agricultura para além da escala doméstica” p. 23.
- Já não era servidão, mas ausência completa de liberdade.
- Foi a formação da classe escrava que, por contraste, elevou os cidadãos das cidades gregas a níveis de
liberdade jurídica consciente até então desconhecidos. “A escravidão e a liberdade eram indivisíveis”. Uma
era condição da outra.
- As comunidades orientais ignoravam a noção de cidadania livre e a da propriedade privada.
3 Estados ribeirinhos construídos sobre uma agricultura irrigada intensiva que contrastava com as culturas ligeiras, de sequeiro, do
futuro mundo mediterrâneo.
- O Advento do modo de produção esclavagista gerou um “milagre econômico” para o mundo Greco
romano.
“A civilização da Antiguidade clássica representava, como vimos, a supremacia anômala da cidade sobre o
campo dentro de uma economia predominantemente rural: antítese do primitivo mundo feudal que lhe
sucedeu” p. 23.
- A grandeza metropolitana só foi possível graças ao trabalho escravo: “Só este podia libertar uma classe de
proprietários fundiários das suas origens rurais tão radicalmente que ela pudesse transformar-se numa
cidadania urbana que, apesar disso, retirava do solo a sua riqueza fundamental” p. 23.
- A classe dirigente se abstinha totalmente de qualquer forma de trabalho produtivo. Até mesmo as funções
administrativas eram executadas por escravos – “um paliativo humanitarista da escravatura clássica”
- A propriedade na Antiguidade, diferentemente da feudal, não requeria a presença do dono para gerar
excedente. Este podia ser extraído sem a presença dele na terra.
- O que ligava o senhor ao escravo não era o consuetudinário, mas o ato da compra. O senhor comprou o
escravo.
- Atributos contraditórios4 da escravidão da antiguidade clássica: a) a ESCRAVATURA representava a mais
radical degradação do trabalho rural imaginável: a conversão dos próprios homens em meios de produção
inertes através da sua privação de todos os direitos sociais e da sua assimilação jurídica a besta de carga. b) a
ESCRAVATURA era a mais drástica comercialização urbana do trabalho que possa conceber-se – o
trabalhador se reduz a um objeto de compra e venda nos mercados metropolitanos.
“O destino do grosso dos escravos na Antiguidade clássica era o trabalho agrário” p. 24.
“A escravatura era a mola econômica que única cidade e campo para o benefício desproporcionado da polis”
p. 25.
- Os escravos davam suporte à agricultura e promovia o comércio inter-urbano.
- O comércio por meio do Mediterrâneo era o suprimento das carências do mundo rural.
- As limitações dos transportes moldavam a estrutura de toda a economia. O Escravo era uma mercadoria
essencialmente móvel – podia ser facilmente deslocado.
- A riqueza e conforto da classe proprietária urbana na Antiguidade clássica eram mantidos por meio do
MPE.
- As relações esclavagistas de produção impunham limites às forças produtivas. Mesmo com os parcos
aperfeiçoamentos técnicos nessa fase a produção tendia a cair.
“Nenhum modo de produção é isento de progresso material na sua fase ascendente” p. 25.
- Houve melhora na difusão da cultura do vinho e azeite e na melhoria na qualidade do pão.
- O mundo clássico não foi marcado por inovações revolucionárias que impulsionassem a economia de
forma considerável rumo “a forças de produção qualitativamente novas” p. 26.
- O MPE foi caracterizado pela “estagnação” infra-estrutural e pela vitalidade superestrutural. O escravismo
pode ser o culpado disso.
“O melhor dos Estados não fará de um trabalhador manual um cidadão, pois a massa dos trabalhadores
manuais é hoje escrava ou estrangeira” Aristóteles em Política.
- Essa era a norma ideal do MPE, no entanto, nunca foi realizada concretamente. “Mas sua lógica teve
presente de um modo imanente na natureza das economias clássicas”.
- Já que o trabalho manual estava ligado à perda da liberdade, isso sufocava as invenções. A escravidão
emperrava a técnica, ocasionando baixa produtividade do próprio trabalho escravo.
- Os escravos tinham pouco incentivo para desempenharem suas funções.
- Notoriamente a escravidão freou a tecnologia.
- No espaço econômico, havia uma exclusão da aplicação da cultura à técnica, tendo em vista às invenções.
- A liberdade estava alheia ao trabalho.
“O trabalho é alheio a qualquer valor humano e em certos aspectos parece mesmo ser a antítese daquilo que
é essencial ao homem” Plantão.
4 Que era o segredo da paradoxal precocidade urbana do mundo Greco-romano.
- Quem trabalhava não pensava - o pensar era atividade dos livres.
- A civilização clássica foi essencialmente colonial. O crescimento econômico vinha por meio das guerras e
pela pilhagem e tributos.
“O poder militar estava mais estreitamente ligado ao crescimento econômico do que talvez em qualquer
outro modo de produção, isso por que a principal fonte do trabalho escravo eram os prisioneiros de guerra”
p. 29.
“O recrutamento de tropas urbanas livres para a guerra dependia da manutenção da produção doméstica por
meio de escravos” p. 29.
“Os escravos permitiam a criação do exército de cidadãos”.
- TRÊS CICLOS DE EXPANSÃO imperial na Antiguidade clássica cujas características “estruturam o
padrão total do mundo greco-romano: a) ateniense; b) macedônio; c) romano. Em todas as três fases as bases
da civilização urbana permaneceram intactas. O que houve foi sucessivas formas de resolver os problemas
advindos da conquista ultramarina.
2. A GRÉCIA.
- O aparecimento das cidades-estados helênicas na região egéia é anterior à época clássica.
- Após o colapso da civilização micênica (1.200 a.C), a Grécia experimentou uma prolongada “idade das
trevas”: a escrita desapareceu; a vida econômica e política regrediram a um rudimentar mundo rural e
primitivo narrado pelos poemas homéricos.
- Foi no período 800-500 a.C que a civilização clássica foi se formando. Possivelmente as monarquias foram
derrubadas pelas aristocracias tribais. Cidades foram fundadas sob o domínio da nobreza.
“Em meados do século VI, havia cerca de 1.500 cidades gregas na pátria grega e no estrangeiro” p. 30.
- As cidades eram núcleos residenciais: “os agricultores viviam dentro das muralhas da cidade e saíam todos
os dias para trabalhar no campo, regressando à noite” p.30.
- A organização dessas cidades refletia muito do passado tribal do povo. A estrutura era ainda de parentesco.
- Pouco se sabe das cidades gregas na época arcaica. Era de se supor que se baseavam numa dominação
privilegiada da nobreza hereditária. O governo exercido por aristocratas.
“A ruptura desta ordem geral ocorreu no último século da Idade Arcaica, com o advento dos tiranos (650-
510 a.C)” p. 31.
- Foram eles que romperam o podem da aristocracia sobre as cidades.
“As tiranias do século VI, com efeito, constituíram a TRASINÇÃO crucial para a polis clássica” p. 30. Foi
nesse período que os fundamentos dessa civilização foram lançados.
- Houve aumento da população, restauração do comércio e cunhagem de moeda. “A onda de colonização
ultramarina dos séculos VIII a VI a.C foi a expressão mais evidente deste desenvolvimento” p. 31.
- As trocas comerciais aconteciam no Mediterrâneo.
- O aumento da população e o fim da economia arcaica geraram conflitos. O efeito das sublevações foi o
aparecimento das tiranias transitórias do fim do século VII e do século VI a.C. Tais tiranos fizeram aprovar
leis populares e reformas econômicas. O povo dava respaldo a eles, em oposição à nobreza tradicional.
- Os tiranos bloqueavam o monopólio da propriedade agrária. “A pequena propriedade camponesa foi
preservada e consolidada em toda a Grécia durante este período” p. 32. O monopólio representava o poder
ilimitado. Que gerou tanta miséria na Grécia arcaica.
- Foram as reformas de Sólon em Atenas que forneceram o mais claro e melhor exemplo conhecido. Mesmo
não sendo tirano, estava investido de poderes supremos para mediar os conflitos entre ricos e pobres. Aboliu
a servidão por divida no campo. “O resultado foi uma paragem no crescimento das propriedades dos
nobres e a estabilização do padrão de pequena e média agricultura” p. 33.
- As reformas tiveram sucesso com duração parca... os conflitos desembocaram na tirania. Estes realizaram
obras públicas – o que empregou a muitos. Forneceu créditos públicos aos camponeses.
“A base econômica da cidadania helênica iria ser a propriedade agrária modesta” p. 34.
- Houve também mudanças na organização militar das cidades. Surgem os hoplitas, compostos da classe
agricultora de classe média das cidades.
- O pressuposto da futura democracia grega era uma infantaria de cidadãos armados por si próprios. Esparta
foi a primeira a entrar nessa estratégia. Esparta não passou pela tirania.
- Outras cidades-estados da Grécia foram mais lentas rumo à forma clássica.
- As tiranias foram fases decisivas no desenvolvimento. “Foram a sua legislação agrária ou as suas
inovações militares que prepararam a polis helênica do século V a.C” p. 37.
- Para o surgimento da civilização clássica grega faltava o seu elemento principal: a escravatura numa escala
massiva.
- A escravidão era pré-requisito para o ócio das classes superiores da cidade.
- A abolição da servidão por dívida foi seguida pela escravidão. Os escravos eram inicialmente importados,
e isso, para atender a demanda por mão-de-obra. O custo de um escravo vindo da Síria e de outros lugares
eram extremamente baixos, o emprego deles se generalizou. Até mesmo humildes artesãos ou agricultores
podiam ter escravos.
- Na era clássica, o número de escravos era maior do que o de livres.
- Foi justamente o emprego de escravos nas minas e na zona rural que permitiu “o súbito florescimento da
civilização urbana grega”.
- O impacto da escravidão não foi apenas no âmbito econômico, também foi vital para toda a vida social
grega.
- A descoberta da liberdade foi uma função da instituição da escravatura. O cidadão livre se destacava num
panorama de trabalhadores escravos.
- Independente como ela estava estruturada, fica claro que a polis erguia-se por mãos-de-obra escrava.
“No século V havia talvez uns 80 a 100 mil escravos em Atenas para uns 30 a 40 mil cidadãos” p. 40.
- Um terço da população livre vivia na própria cidade, a outra ficava nas aldeias das regiões circunvizinhas.
- O grosso dos cidadãos era formado por hoplitas e tetas.
- O conselho dos quinhentos era formado por sorteio entre os cidadãos. (sortear é melhor que eleger?).
- O quórum mínimo para as deliberações das Assembléias era 6 mil membros.
- Atenas nunca produziu uma filosofia democrática. Quase todos os filósofos eram oliarcas.
“O mudo de produção esclavagista subjacente à civilização ateniense encontrou necessariamente a sua
expressão ideológica mais original no estrato social privilegiado da cidade, cuja elevação intelectual foi
possível graças ao trabalho excedente nos fundos silenciosos da polis” p. 42.
- A preponderância Ateniense também foi em virtude de dois fatores: a) era na Ática que ficava as mais ricas
minas de prata de toda Grécia (foi a prata que projetou a hegemonia naval ateniense);
“Foi a superioridade monetária e naval de Atenas que deu margem ao seu imperialismo” p. 43.
- Os cidadãos estavam isentos de qualquer imposto direto.
- O Estado sobrevivia com as taxas portuárias, das propriedades e expansão (tributos a favor de uma armada
contra os orientais).
- A harmonia interna gerou a necessidade de expansão externa. A exploração tinha que acontecer de algum
modo.
“O império ateniense que emergiu na esteira das Guerras Pérsicas era essencialmente um sistema marítimo
destinado à subjugação coercitiva das cidades-estados do Egeu” p. 43.
- Havia 150 cidades sobre a cobertura do império ateniense. As cidades pagavam tributos, que era
equivalente a mais de 50 % da renda do império. Isso financiou o apogeu cultural da polis grega. Foi
construído o Partenon.
- Externamente a esquadra policiava o mar egeu. Nos estados submetidos, havia uma articulação para a
formação de uma magistratura dócil ao império.
- Os mais pobres eram favoráveis ao império.
- Na sociedade ateniense não havia diferença entre estado e sociedade.
“As cidades gregas do século IV a.C afundaram-se na exaustão, enquanto a polis clássica experimentava
crescentes dificuldades de finanças e recrutamento, sintomas que prenunciavam o seu anacronismo” p. 47.
3. O MUNDO HELÊNICO. P. 48.
4. ROMA (p. 56.)
“A ascensão de Roma marcou um novo ciclo de expansão imperial-urbana, que representou não somente um
deslocamento geográfico do centro de gravidade do mundo Antigo para a Itália, mas também um
desenvolvimento sócio-econômico do modo de produção que tinha sido inaugurado na Grécia, o que
tornou possível um dinamismo muito maior e mais duradouro do que aquele produzido pela época
helenística” p. 56.
- Inicialmente, a República Romana seguiu o curso normal das cidades-estados clássicas: guerras contra
cidades rivais, anexação de territórios, subjugação de aliados, fundação de colônias, etc.
- A diferença dos gregos foi o fato de Roma ter conservado o poder político da aristocracia intacto “até a
fase clássica de sua civilização urbana” p. 56.
- A monarquia arcaica foi derrubada por uma nobreza no final do século VI a.C., depois, nunca houve uma
fase tirana a lá grega, que diminuísse a força da aristocracia e construísse a democracia na cidade.
- A nobreza hereditária conservou o poder, as leis a sustentava.
“A República era dominada pelo Senado, controlado, nos seus dois primeiros séculos de existência,
por um pequeno grupo de clãs patrícios” p. 56. Era vitalício o cargo de senador.
“Os consulados (dois) eram as instâncias executivas supremas do Estado e foram juridicamente monopólio
de uma restrita ordem de patrícios até 366 a.C” p. 57.
- A partir dessa data os plebeus enriquecidos forçaram a nobreza patrícia a abrir o acesso a um dos dois
consulados anuais. Somente em 172 a.C os dois cônsules foram plebeus.
- Os antigos cônsules se tornavam automaticamente senadores.
“A República Romana conservou, portanto, o governo oligárquico tradicional por meio de uma constituição
compósita, até a época clássica da sua história” p. 58.
- A cidadania romana possuía uma estrutura social diferente da grega.
- A nobreza patrícia cedo lutara para concentrar a propriedade da terra em suas mãos, reduzindo os
camponeses livres mais pobres à servidão por dívidas.
- Quando os Gracos tentaram seguir os passos de Sólon, era tarde de mais. No século II a.C, a situação dos
pobres estava triste. Nunca houve em Roma uma reforma agrária duradoura.
- A nobreza utilizava da política para bloquear qualquer mudança significativa da estrutura fundiária.
- A servidão por endividamento contribuiu para concentrar ainda mais as terras nas mãos dos nobres.
- Enquanto o campo se cobria de grandes senhores;
- Roma retirava de seus aliados não somente impostos como fazia os gregos, mas também recrutas para o
seu exército.
- A inovação decisiva da expansão romana foi ECONÔMICA: “Foi à introdução do latifúndio cultivado por
escravos, em larga escala, pela primeira vez na Antiguidade” p. 63. Os gregos eram costeiros, o emprego da
mão-de-obra estava confinado à pequenas áreas.
“Foi à república romana que primeiro aliou a grande propriedade agrária aos bandos de escravos no campo
em grande escala. O advento do esclavagismo como MODO DE PRODUÇÃO inaugurou, como
acontecera na Grécia5, a fase clássica propriamente dita da civilização romana, o apogeu do seu poder
e cultura... em Roma foi sistematizado por uma aristocracia urbana que gozava já do domínio social e
econômico sobre a cidade. Daí resultou a nova instituição rural do latifúndio extensivo cultivado por
escravos” p. 64.
- A mão-de-obra para a exploração teve origem maciça nas guerras.
“O estado de guerra constante exigia uma mobilização constante” p. 64.
5 Pequena agricultura e um corpo compacto de cidadão.
- Nos idos do século II a.C, mais de 10% da população estiveram permanentemente incorporadas nas tropas.
Esse tremendo esforço só foi possível graças à economia escravista. As guerras vitoriosas, por sua vez,
proporcionavam mais escravos.
“O resultado final foi o aparecimento de propriedades agrárias cultivadas por escravos de uma imensidade
nunca vista” p. 65.
“Talvez 90% dos artesãos da própria Roma eram de origem escrava” p. 66.
“Todo o potencial do MODO DE PRODUÇÃO ESCLAVAGISTA foi pela primeira vez revelado por
Roma, que o organizou e o levou a uma conclusão lógica que a Grécia nunca conhecera” p 66.
“O militarismo predatório da República romana foi a sua principal alavanca de acumulação
econômica. A guerra trouxe terras, tributos e escravos; os escravos, os tributos e as terras forneceram
o material para a guerra” p. 67.
- As conquistas romanas não se limitam, é claro, às riquezas da oligarquia senatorial.
- A conquista do Mediterrâneo foi decisiva para a república.
- Foi a cidade-estado romana que desenvolveu o latifúndio rural com trabalho escravo.
“O êxito da organização da produção agrária em larga escala com o trabalho escravo foi a condição prévia
da conquista e colonização permanentes dos grandes territórios” p. 68.
- Certas províncias ficaram mais marcadas pelo sistema do que as outras: Gália, Hispânia, etc.
- A economia rural de trabalho escravo dependia de uma rede de cidades prósperas, para onde iam a
produção excedente.
- No mediterrâneo oriental não se generalizou a escravatura. Os escravos lá apreendidos eram enviados para
o ocidente.
- O direito romano garantia a propriedade privada. “Foi a jurisprudência romana que, pela primeira vez,
emancipou a propriedade privada de todo o requisito ou restrição extrínsecos, ao desenvolvimento a novel
distinção entre mera posse” p. 72.
- Ter a propriedade era muito mais seguro que somente a posse da terra. Tal garantia legal foi uma vultosa
inovação.
“A República conquistara para Roma o seu império: as suas próprias vitórias a tornaram anacrônicas” p. 72.
- O recrutamento era uma forma de reduzir a classe dos pequenos proprietários, mas as aspirações
econômicas deles ficaram vivas. A pressão pela redistribuição das terras aumentou a partir de Mário.
- A riqueza de Roma vinha da exploração da mão-de-obra escrava, dos tributos, dos saques, das extorsões,
etc. Apesar de todo o luxo, os soldados eram magramente pagos. Pagá-los bem significava onerar a classe
alta com impostos.
- Ao fim da república havia uma tendência à infidelidade militar em relação ao Estado.
- Guerras civis em larga escala foram inevitáveis.
- A desgraça camponesa foi o subsolo da turbulência militar e da desordem do fim da república. A miséria
das massas urbanas alimentou a crise.
- A pressão popular foi ocasionando algumas cessões.
“Foi o clamor popular que deu a Pompeu os poderes militares extraordinários que puseram em movimento a
desintegração final do Estado senatorial; foi o entusiasmo popular por César que o tornou tão ameaçador
para a aristocracia” p. 74. Era o fim da república.
- A nobreza foi incapaz de gerir as províncias romanas. Os privilégios que tinha não eram compatíveis com
os trabalhos que exerciam.
- As guerras civis mostraram que o centro dinâmico do sistema imperial romano estava no mediterrâneo
ocidental.
- Foi a imperial Roma que forneceu os teóricos da liberdade democrática: Cícero e Tácito.
- O Estado Imperial Romana era baseado num direito civil.
“A história subseqüente do principado foi muito a de uma crescente provincianização do poder central
dentro do império.” P. 81.
“A unificação política e administrativa foi marcada pela segurança externa e pela prosperidade econômica...
com o principado, o crescimento econômico acompanhou o florescimento da cultura latina e a poesia, a
história e a filosofia, etc.” p. 82.
“Durante cerca de dois séculos, a tranqüilidade magnificência da civilização urbana do Império
Romano ocultou os limites e as tensões subjacentes da base produtiva em que assentava” p. 82.
“Diferentemente da economia feudal que lhe sucedeu, o MODO DE PRODUÇÃO ESCLAVAGISTA
da Antiguidade não possuía um mecanismo interno, natural, de auto-reprodução, porque a sua força
de trabalho nunca pôde ser homeostaticamente estabilizada no interior do sistema” p. 82.
- O suprimento de escravos dependia das conquistas. Os prisioneiros de guerra sempre foram a principal
fonte de trabalho servil.
“A República saqueara todo o Mediterrâneo, em busca do seu material humano, para instalar o sistema
imperial romano” p. 83.
- Findada as guerras e delimitadas as fronteiras do império, a crise veio.
- Cada escravo representava um investimento perecível de capital. O capital pago e o lucro deveriam vir o
mais rápido possível por meio do sobre trabalho.
- A manutenção da prole escrava era um encargo financeiro improdutivo para o dono e foi evidentemente
desprezada.
- A população livre rural não expandiu a ponto de suprir a demanda por escravos.
- O MPE não era desprovido de inovações técnicas como o moinho rotativo e a prensa de parafuso.
- Mas no geral, a dinâmica do sistema era muito limitada. A produtividade estava presa ao aumento de mão-
de-obra. Não houve avanço tecnológico considerável por que a economia não estava voltada para esse foco.
Tudo girava em torno de conquista de mais escravos.
- Havia obstáculos insuperáveis ao progresso técnico.
- AZENHA representou a primeira aplicação da força inorgânica à produção econômica, e isso, no século I
d.C. O seu uso não foi generalizado. A técnica em si não era o motor primeiro da economia. Os inventos
permaneciam isolados por anos.
“O modo de produção esclavagista não tinha espaço nem tempo para a azenha ou para a ceifeira: a
agricultura romana ignorou-os durante toda a sua existência” p. 87.
- O principado foi responsável por várias grandes obras urbanas, no entanto, nunca houve uma mudança
qualitativa na estrutura de toda produção.
- Os custos nos transporte impediam a concentração das manufaturas.
- Os mercadores eram uma profissão desprezada.
“O Estado era de longe o maior consumidor individual do Império e o único centro real da produção massiva
de bens que poderia ter dado origem a um dinâmico setor manufatureiro” p. 88.
“Em toda antiguidade clássica, as obras públicas normais eram geralmente executadas por trabalho escravo”
p. 88.
- A característica estrutural era o uso de escravo. Isso permaneceu até ao império bizantino.
- O Estado se expandia, enquanto a economia nem tanto.
- Com o fim da expansão e a carência de escravos, nada fez com que o sistema conseguisse produzir mais. A
crise veio a partir do início do século III d.C. AS pressões bárbaras não cessavam.
“Nos caóticos cinqüenta anos que decorreram de 235 a 284 d.C houve nada mais nada menos que 20
imperadores, dezoito dos quais morreram de morte violenta” p.90.
“A agitação política interna e as invasões estrangeiras em breve deixavam um rastro de epidemias sucessivas
que enfraqueceram e reduziram as populações do império, já diminuídas pelas destruições da guerra” p. 92.
“As terras foram abandonadas e aumentaram-se as falhas no abastecimento agrícola” p. 92.
- Os centros urbanos decaíram.
“Sob intensa pressão interna e externa, durante cerca de cinqüenta anos – de 235 a 284 – as
sociedades romanas parecia ir entrar em colapso” p. 92.
“Em fins do século III, princípio do IV, contudo, o Estado Imperial mudara e recuperara-se... a segurança foi
gradualmente restaurada... na época de Diocleciano (284)”.
- O recrutamento voltou a ser feito, aumentando o exército. “Um grande número de voluntários bárbaros era
incorporado no exército” p. 93. A aristocracia senatorial foi deslocada de seu papel nuclear na política. O
poder foi deslocado para os oficiais dos exércitos. Novo sistema fiscal. Tentou-se fixar os preços e salários.
O centro político do império tendeu para o oriente. Emergia Constantinopla.
“A formidável expansão material da máquina do Estado resultante destas medidas contradizia
inevitavelmente as tentativas ideológicas de Diocleciano” p. 94.
- A crise era mais visível no ocidente. O oriente era abarrotado de riquezas naturais. O cristianismo nasceu
no oriente e difundiu-se durante o século III. A partir de então, os romanos não tinham mais a maioria do
senado. A troca dos imperadores ficou fora do arco de influência do senado e foi para as mãos dos generais.
- A fonte de soldados passou a ser os Bálcãs e o Danúbio. As dinastias passaram a vir do oriente. O Império
suspirou um pouco no princípio do século IV, mas isso teve alto preço.
- A aristocracia ocidental: Itália e Gália continuaram sendo a mais rica economicamente. No entanto, agora
estava divorciada do comando militar que respaldava a liderança política. A CRISE POLÍTICA.
- Constantino tentou voltar o foco para o ocidente. Ler página 99 – sobre o cristianismo.
- Soma a crise financeira todo o aparato clerical imposto por Constantino. Aumentou também o número de
soldados.
“A expansão do Estado foi acompanhada por uma contração da economia” p. 100.
- Com a crise a tendência foi a valorização da periferia, onde ficavam os centros produtivos.
“Verificou-se uma ruralização gradual, mas inequívoca do Império” p. 102.
- Enquanto a cidade estagnava o campo gerava a crise imperial. “Ocorriam na economia rural modificações
de maior alcance, presságio da transição para outro modo de produção” p. 102.
- Quando as fronteiras do império deixaram de avançar, o MPE entrava em declínio.
- Ao final do século III o preço do escravo tendeu a cair, o que mostra a diminuição da procura. Os
proprietários não mais abastecia os escravos, eles foram colocados em lotes de terras e explorados apenas no
excedente de produção.
- A zona rural foi o refúgio para aqueles que fugiam das cobranças fiscais e dos recrutamentos.
- Surge a figura do COLONO – o cultivador camponês dependente, vinculado a propriedade do senhor, ao
qual pagava rendas em dinheiro ou em espécie pelo seu lote, ou cultivando-o em regime de parceria. Dessa
forma, o patrão se preocupava em isentar o colono do recrutamento.
- Os escravos deixaram, aos poucos, de serem tratados como mercadorias no sentido convencional. Até que
Valentino I proibiu de vez a vendo do mesmo à parte das terras onde trabalhavam.
- Dessa forma formou-se uma classe de produtores rurais distinta dos escravos e dos rendeiros livres.
- As forças produtivas permaneceram bloqueadas.
- O COLONATO alterou a linha central de todo o sistema econômico.
- O Estado passou a tributar a zona urbana, o que definhou o comércio e a produção artesanal.
- A tributação mais pesada recaia sobre os camponeses. Somente o Estado absorvia 1\3 da produção
agrícola. Os tributos eram para sustentar os privilégios dos funcionários públicos que os SANGRAVAM.
- O Império no OCIDENTE encontrava-se dilacerado por dentro, devido às crises econômicas, por fora, o
colapso era por conta das invasões bárbaras.
- Essa interpretação ressalta o caráter catastrófico da queda, em contraposição aqueles que dizem que foi
pacífica e quase não sentida por aqueles que a viveram.
- Outros dizem que a queda não foi devido à crise interna.
- Os ataques ao império oriental foram muito mais violentos e ele conseguiu subsistir. Era lógico que as
contradições internas do MPE se desenvolvessem de forma mais avançadas no ocidente.
- No oriente, a cultura helenística prevalecia. Não sentiu tanto a queda populacional do século III. Ali o
comércio estava mais vivo. “A ascensão de Constantinopla como segunda capital do império foi o maior
êxito urbano dos séculos IV e V” p. 108. Ali a pequena propriedade sempre subsistiu. Ali os encargos fiscais
parecem ter sido mais leves.
- O MPE do qual se fala é o do Ocidente. Ler.p. 107.
- A instituição do COLONATO teve sua origem no oriente, particularmente no Egito.
- As duas regiões foram dominadas por classes diferentes. “No Oriente, os proprietários rurais constituíam
uma nobreza média, com base nas cidades, acostumada tanto a sua exclusão do poder político central como
à obediência aos comandos reais e burocráticos: era a única ala da classe fundiária das províncias que nunca
produzira qualquer dinastia imperial” p. 109.
- A ordem senatorial do Ocidente era o segmento mais poderoso da nobreza fundiária de todo império. Eram
pagãos contra o cristianismo.
II. A TRANSIÇÃO
CAP. 1 – O CONTEXTO GERMÂNICO (p. 117).
- Entre os germanos prevalecia o comunismo primitivo. O rebanho era propriedade privada. Muitos dos clãs
eram ainda matriarcais. Essa estrutura foi se modificando a partir do século I d.C. Quando começaram a
entrar em contato com os romanos, passaram a negociar com eles: gado e escravos. Havia guerras entre as
tribos. Formou-se uma aristocracia hereditária que compunha o conselho da tribo, a assembléia era composta
por guerreiros. Surgem as linhagens dinásticas quase reais.
- Os chefes das tribos tinham ao redor de si uma escolta de guerreiros. Tal escolta era mantida pelos
produtores da terra. Era o núcleo da divisão de classe. Tais privilégios marcaram a transição do regime de
clãs\tribal. Pois já não era mais a solidariedade do parentesco, mas a fidelidade ao chefe guerreiro.
- Os romanos incentivavam a guerra entre os bárbaros, fazendo alianças com alguns.
- Os romanos pressionavam a desintegração do comunismo primitivo entre os germanos. “Quanto mais
persistia o sistema imperial romano, mais o seu poder, influência e exemplo tendiam a arrastar as tribos
germânicas dispostas ao longo das suas fronteiras para uma maior diferenciação social e mais elevados
níveis de organização política e militar” p. 120.
- O perigo dos bárbaros foi aumento à medida que o contato com os romanos foram alterando as estruturas
deles.
- Roma cooptou vários bárbaros para o exército imperial. A diplomacia romana quis se valer de uma rede de
clientela bárbara ao redor de suas fronteiras. Pessoas que defendiam o interesse romano dentro do mundo
bárbaro em troca de subvenções financeiras, apoio político e proteção militar.
“Havia um certo entrelaçamento de elementos romanos e germânicos no interior do próprio aparelho de
Estado Imperial” p. 121. Muitos bárbaros ascenderam na carreira militar.
- Nas sociedades tribais bárbaras já havia uma tendência a estratificação e diferenciação social. Muitos
“males” foram aprendidos com os romanos. Os germanos do tempo de César, não eram os mesmos na época
do fim do império.
“A rude igualdade originária dos clãs fora sucedida pela riqueza individual em terras e pela
consolidação de uma nobreza oriunda das escoltas de guerreiros. A longa simbiose das formações
sociais romanas e germânicas nas regiões limítrofes estreitara gradualmente o hiato entre ambas,
embora este fosse ainda imenso nos aspectos mais importantes. Da sua colisão final, catastrófica, e da
sua fusão iria finalmente nascer o FEUDALISMO” p. 121.
-A periferia bárbara do império, para onde os romanos iam em busca de aliados e escravos, para muitos,
passou a integrar o próprio império. Quem ruiu com a aliança branca deles foi a vinda dos HUNOS que
forçaram esses primeiros bárbaros a invadirem o império.
CAP. 2 – AS INVASÕES (p. 121)
- As invasões que varreram o ocidente imperial ocorreram em duas fases distintas: a) a primeira iniciou com
a travessia das águas geladas do Reno no final do ano 406, por vândalos e outros. Em 410, Visigodos tinham
saqueado Roma. Em toda a invasão, houve um respeito ao legado latino.
- Por volta de 480, estabelecera-se em solo anteriormente romano o primeiro sistema primitivo de estado
bárbaro: eram os visigodos na Aquitânia, os Ostrogodos no norte da Itália, os Vândalos no norte da África,
etc.
“Na primeira metade do século V, a ordem imperial fora devastada pelo fluxo de bárbaros através de todo o
Ocidente” p. 123.
- As províncias entraram em desordem total, a administração costumeira submergiu. O banditismo espalhou-
se. Foi a volta à cultura local arcaica.
“As tribos germânicas que dilaceravam o Império do Ocidente não eram pó si capazes de substituí-lo por um
universo político novo ou coerente... os bárbaros continuavam a ser comunidades rudimentares e primitivas
quando irromperam no Ocidente”.
- Não conheciam nenhuma experiência de Estado territorial duradouro. Ignoravam a escrita. O sistema de
propriedade ainda não estava totalmente estabilizado.
“As estruturas improvisadas dos primeiros Estados bárbaros refletiam esta situação básica de fraqueza e
isolamento relativo”.
- Quando se instalaram em terras antes romanas, os germânicos tenderam a imitar as práticas romanas e
romperam em parte com o passado tribal.
- No geral, o sistema adotado foi o da HOSPITALIDADE, aprendido com os romanos. Concessão de terras
em troca de taxas.
- Cada tribo bárbara teve sua experiência, não se pode homogeneizá-la. Faltam documentos para comprovar
tudo que se fala sobre essas tribos.
- A distribuição de terras acontecia pelo medo da dispersão militar.
- As terras não eram distribuídas a todos os guerreiros. Os pactos eram feitos entre duas pessoas, que
virariam nobres. Quem recebia distribuía a outros até se chegar ao pequeno agricultor que a todos
sustentavam.
- Inicialmente as terras não eram propriedades plenas e hereditárias. “Mas a lógica do sistema era evidente:
dentro de cerca de uma geração estava consolidada uma ARISTOCRACIA germânica na terra, com um
campesinato dependente dela” p. 126.
- A formação do Estado define o fim do comunismo primitivo bárbaro.
“Os reinos germânicos típicos desta fase eram ainda monarquias rudimentares, com regras de sucessão
incertas, com base em corpos de guardas reais ou escoltas da corte, a meio caminho entre o séquito pessoais
do passado tribal e a nobreza fundiária do futuro feudal” p. 128.
- O perfil econômico dos primeiros invasores germânicos se baseava numa divisão formal das terras
romanas.
- O autor é da opinião que os bárbaros são incapazes, pois não organizaram um sistema político a altura do
anterior.
- O aparelho militar era germânico a administração era romana. Esse foi o DUALISMO do qual o autor fala
que vigorou, sobretudo, na Itália. Preservou-se o legado imperial.
“Em muitos aspectos, as estruturas jurídicas e políticas romanas permaneceram intactas nestes primeiros
reinos bárbaros” p. 128.
- A organização social tribal era inseparável da religião tribal. “Desse modo, a TRANSIÇÃO política para
um sistema territorial de Estado fazia-se invariavelmente acompanhar por uma conversão ideológica ao
cristianismo” p. 129.
“Em geral, este reinos bárbaros modificaram as estruturas sociais, econômicas e culturais do mundo romano
tardio numa proporção relativamente limitada”.
“O tempo de vida dos Estados bárbaros originais não foi longo” p. 131.
- As comunidades de aldeia, marca do feudalismo, foram se implantando, primeiro na França.
- As VILAS como unidades organizadas de produção entram em declínio. As vilas eram marcas da
colonização rural latina. Reaparecem os alódios camponeses e as terras comunais de aldeia.
- A confusão nessa época foi grande. A obscuridade que a envolve é muita. As combinações entre a cultura
romana e as germânicas.
- A segunda leva de invasões produziu por toda parte uma aristocracia germânica dotada de mais vastos
domínios. Essas invasões marcaram o fim da administração e do direito dualista. Os merovíngios ainda
tentaram mantê-las, no entanto, o direito germânico ao final prevaleceu. O fisco também desapareceu a
medida que o Estado não executava mais serviços públicos. “Todos os impostos caducaram
progressivamente nos reinos francos”. Os francos adotaram o cristianismo.
- A transição não foi única. Cada tribo germânica teve sua experiência.
- A superação dualista não produziu por si uma nova fórmula política bem definida no final da Alta Idade
Média.
- O processo de abandono da herança clássica foi concomitante com o avanço islâmico no mediterrâneo.
- Os merovíngios abandonaram a cunhagem de moedas.
“Em suas estruturas econômicas, sociais e políticas a Europa Ocidental deixara para trás o dualismo...
dera-se um tosco processo de fusão, mas os resultados eram ainda heteróclitos e informes. Nem a
simples justaposição nem uma fusão grosseira eram capazes de dar origem a um novo MODO DE
PRODUÇÃO geral, capaz de superar o impasse da escravatura e do colonato” p. 139.
“Apenas uma SÍNTESE genuína podia consegui-lo” p. 139.
CAP. 3 – SÍNTESE (p. 140).
“A síntese histórica que acabou por dar-se foi o FEUDALISMO” p. 140.
- Síntese\ Interação\ Fusão. Ver dialética.
- Colisão catastrófica dos dois modos de produção anteriores: o primitivo e o antigo. OBS: a fusão dos dois
sempre resultará no feudalismo?
“Esse feudalismo ocidental era o resultado específico de uma fusão dos legados germânicos e romano, o que
era já evidente para os pensadores do renascimento, quando pela primeira vez se debateu a questão da sua
gênese” p.140.
- Montesquieu afirmou a origem germânica do feudalismo.
- O debate é a proporção da mistura, quem contribuiu mais para o surgimento do feudalismo: romanos ou
germânicos?
- O FIM DA ANTIGUIDADE: a) PACIFICA: Para alguns historiadores o colapso do império romano foi
apenas o culminar de séculos de absorção pelos povos germânicos. Foi uma calma libertação. Foram
conquistados no interior aos poucos. b) CATASTRÓFICA.
- O modo de produção feudal pode ser visto em várias FORMAÇÕES SOCIAIS, nem sempre iguais.
“É necessário elaborar uma tipologia do feudalismo europeu, mais do que determinar-lhe
simplesmente a genealogia” p. 142.
“A filiação original das instituições feudais específicas parece de todo o modo muitas vezes inextricável,
dada a ambigüidade das fontes e o paralelismo de evoluções dentro dos dois sistemas sociais anteriores” p.
142.
“A VASSALAGEM pode ter as suas raízes principais tanto no COMITATOS germanos como na
CLIENTELA galo-romana: duas formas de escolta aristocrática que existiram em cada um dos lados do
Reno muito antes do fim do Império” p. 142.
“Também o benefício, com o qual ela se fundiu para formar o FEUDO, pode ser relacionado com as práticas
eclesiásticas do Império Romano tardio e com a distribuição tribal da terra entre os germanos” p. 142.
“Os enclaves comunais da aldeia medieval eram herança basicamente germânica, sobrevivente dos sistemas
rurais originais da floresta após a evolução geral dos camponeses bárbaros do regime ALODIAL para os
regimes de dependência” p. 143.
“A própria servidão descendente tanto do estatuto clássico dos colonos como da lenta degradação dos
camponeses livres germânicos” p. 143.
- O sistema jurídico e constitucional do mundo medieval era igualmente híbrido. A herança romana do
direito codificado foi importante.
“No topo do sistema político medieval, a própria instituição da monarquia feudal constituía uma
AMÁLGAMA instável do chefe guerreiro germânico, semi-eletivo e com funções seculares rudimentares; e
do soberano imperial romano, autocrata sagrado com poderes ilimitados” p. 144.
- A estrutural geral de uma TOTALIDADE FEUDAL na Europa tem uma matriz dupla, da qual já vimos.
- A única instituição da Antiguidade que sobreviveu por toda a era Medieval foi a Igreja Cristã. Ela foi o
reservatório do mundo clássico. A escrita tornou-se um privilégio clerical. “A igreja nunca foi teorizada no
quadro do materialismo histórico” p. 144.
- O papel da IGREJA na TRANSIÇÃO tem sido enfatizado e menosprezado conforme a historiografia.
- Todo aparato clerical após a oficialização do cristianismo significou mais ônus no orçamento do Estado.
- Outros dizem que a ideologia cristã do amor arruinou o império, na medida em que minava a escravidão.
- O cristianismo foi importante no processo de latinização no final da antiguidade. Essa foi a principal
função da igreja no processo de transição.
- A igreja conservou parte da superestrutura romana.
“A IGREJA foi, por tanto, a ponte indispensável entre duas épocas, numa passagem catastrófica, não
cumulativa, de um modo de produção para outro” p. 151.
“Com o Estado carolíngio começa a história do feudalismo propriamente dito” p. 150.
- Houve um enorme esforço ideológico para recriar o sistema imperial romano.
- O Islão havia derrotado os visigodos na Espanha.
- Em 800, um BÁRBARO é proclamado imperador do ocidente cristão.
- Foi nessa fase que surgiram mais nitidamente as instituições fundamentais do feudalismo. Foi nesse
governo que uniu-se o JURAMENTO DE FIDELIDADE ao monarca com a CONCEÇÂO de terras.
“Mas foi realmente a época de Carlos Magno que se introduziu a síntese decisiva entre as doações de
terras e os vínculos de serviço” p. 153.
- Final do século VIII – a VASSALAGEM (homenagem pessoal) e o BENEFÍCIO (concessão de terras)
foram progressivamente assimilados.
- No decurso do século IX, o BENEFÍCIO foi progressivamente assimilado à HONRA.
“As concessões de terras pelos soberanos deixaram então de ser dádivas, para se tornarem direitos
condicionados, conferidos em troca de serviços jurados” p. 153.
- Foram sendo formada uma classe de vassalos ligada direta ao imperador. Cujos benefícios eram
concedidos diretamente pelo próprio Carlos Magno. Esses eram o núcleo do exército carolíngio.
“O resultado final desta evolução convergente foi o aparecimento do FEUDO – concessão de terras,
revestidas de poderes políticos e jurídicos, em troca de SERVIÇO MILITAR” p. 153.
“O sistema de FEUDO levou um século a ganhar forma e raízes no OCIDENTE, mas o seu primeiro
núcleo incontestável formou-se com Carlos Magno” p. 155.
- OBS: com objetivos expansionistas, Magno valorizou e formou os militares. Trabalhou a questão da
fidelidade.
- As guerras reduziam a população rural. As campanhas militares exigiram uma base econômica que as
sustentassem. Os guerreiros tornaram-se nobres. Os camponeses sedentários e desarmados sustentavam o
exército do rei. Foi nesse período que a dependência camponesa foi consolidada.
- O império carolíngio era uma realidade continental. Isolada pelo império Islão. “A resposta econômica ao
ISOLAMENTO foi o desenvolvimento de um sistema senhorial” p. 154.
- 20% da população rural ainda era escrava no império carolíngio.
- A unidade ruiu, a tendência era a regionalização da aristocracia.
- Os ataques vindos de todos os lados pulverizaram todo o sistema imperial. Eram os sarracenos, vikings e
magiares.
OBS: O termo FEUDO passou a entrar em uso nas últimas décadas do século IX. Foi por essa época que,
devido as invasões, toda França foi coberta por castelos e fortificações, construídos pelos senhores rurais
sem qualquer permissão imperial.
- As fortificações eram ao mesmo tempo uma prisão e uma proteção. Os camponeses foram lançados a uma
servidão generalizada.
- O enraizamento dos senhores à terra e a consolidação da susserania solidificou o sistema feudal.
SEGUNDA PARTE
I. EUROPA OCIDENTAL
CAP. 1 – O MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL (p. 163)
“O modo de produção feudal que surgiu no Ocidente europeu caracterizou-se por uma unidade complexa”.
“Foi um modo de produção dominado pela terra e por uma economia natural, no qual nem o trabalho nem os
produtos do trabalho eram mercadorias. O produtor imediato – o camponês – estava ligado aos meiso de
produção – o solo – por uma relação social específica” p. 163.
- A SERVIDÃO era uma situação jurídica.
“A propriedade agrária era controlada em regime privado por uma classe de senhores feudais que extraía dos
camponeses um excedente através de relações político-jurídicas de coerção” p. 163.
- A palavra SERVO foi uma invenção do século XII (Marc Bloch).
- O senhor feudal era vassalo de outro e assim a cadeia terminava no monarca.
- A soberania política nunca estava concentrada num único ponto. A divisão feudal da soberania em zonas
particularizadas
- Existência de terras comunitárias de aldeia e alódios de camponeses (sobreviventes do MPE). Essas duas
características representavam formas de resistência dos camponeses.
- Não havia uma forma homogênea de propriedade. A estrutura era variável. Havia domínios em que a
exploração era direta. Havia também aqueles domínios inteiramente divididos em parcelas cultivadas por
camponeses. “Mas o tipo modal sempre constituiu numa combinação de reserva senhorial e de
parcelas camponesas, em proporções variáveis” p. 165.
“A parcelarização feudal das soberanias produziu o fenômeno da cidade medieval na Europa Ocidental...
Não pode localizar-se dentro do feudalismo enquanto tal, a gênese da produção urbana de
mercadoria: claro que ela é anterior” p. 166.
- O MPF foi o primeiro a permitir um desenvolvimento autônomo da produção urbana dentro de uma
economia agrária natural.
“As cidades medievais européias típicas, que praticavam o comércio e as manufaturas, eram comunas
autogovernadas que gozavam de organização política e militar autônoma em relação à Igreja e à
nobreza” p. 167.
- MARX: “A história da Antiguidade Clássica é a história das cidades, mas de cidades baseadas na
propriedade fundiária e na agricultura... a Idade Média (período germânico) inicia-se quando O CAMPO
se torna a sede da história, cujo desenvolvimento posterior se processa através da oposição entre cidade e
campo; a história moderna é a urbanização do campo e não, como entre os antigos, a ruralização da
cidade” Formações pré-capitalistas.
“Somente o MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL foi possível uma oposição dinâmica6 entre cidade e campo”
p. 167.
“O modo de produção feudal era preponderantemente agrário” p. 167.
- O senhor tinha poder somente em seu feudo. A fragmentação da soberania era incompatível com a unidade
da nobreza. O sistema era uma anarquia em potencial. Existia uma contradição estrutural. O sistema exigia
um sistema final de autoridade, no entanto, a monarquia era enfraquecida naturalmente.
- A igreja que sempre esteve ligada ao estado, ficou autônoma. Sua fonte de autoridade era a força que
exercia sobre as mentes e sua imensa extensão de terras.
- Os monarcas mantinham seus cargos graças à preservação das leis tradicionais. O poder político
identificou-se com a aplicação das leis. Dentro da política, a justiça era central. “Ela era o nome comum do
poder” p. 170.
6 Economia Urbana - baseada nas trocas mercantis, com mercadores em guildas e corporações. Economia Rural – de troca natural,
controlada por nobre.
CAP. 2 – TIPOLOGIA DAS FORMAÇÕES SOCIAIS (p. 171).
II. EUROPA ORIENTAL
OBS: “a mistura produz o imprevisível” Paul Gilroy. Se o feudalismo foi a síntese de “misturas”...
diferentes misturas não podem gerar essa mesma síntese.