análises físico-químicas e bacteriológicas de mel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA CURSO DE ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DE MEL DE ABELHA São Luís 2008

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Page 1: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA

CURSO DE ANÁLISES

FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DE

MEL DE ABELHA

São Luís

2008

Page 2: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

1 INTRODUÇÃO

O mel floral é um produto obtido do néctar das flores, que é processado por

insetos sociais em especial as abelhas, que possuem toda a sua anatomia adaptada,

onde sua anatomia interna é utilizada para armazenar, transportar o néctar das

flores, bem como transformar o néctar em mel e transportar a água coletada no

campo (ANEXO A). Segundo Guedes (2000), em artigo para o Almanaque Rural

Apicultura, as abelhas então produzem o mel com características que variam de

acordo com o tipo floral visitado. (Figura 1).

Figura 1 - Abelha sem ferrão não identificada.

Para produzir 100 g de mel uma abelha deve visitar cerca de um milhão de

flores com ajuda de sua problocide (tromba), a abelha suga o néctar e o armazena

em seu estômago de mel, voltando para a colméia. Uma abelha sem carga voa a 65

km/h, juntando-se a sua colheita, cujo peso pode alcançar 1/4 do peso do seu corpo,

ela diminui a sua velocidade de vôo para 30 km/h. Para obter 1 kg de mel, a abelha

deve levar para colméia de 120.000 a 150.000 cargas de néctar. Se as flores, das

quais as abelhas coletam a substância adocicada, estão a 1,5 km da colméia, para

transportar cada 963 cargas cada abelha terá que voar 3 km. Conseqüentemente

deverá percorrer um total de 360.000 a 460.000 km, para produzir um quilo de mel.

(FUENTES, 2004).

Nos tempos antigos fazia-se abundante consumo de mel como alimento

promovedor de saúde e longevidade. A exemplo de Hipócrates, Pitágoras e tantos

outros. Com a descoberta do açúcar de cana, e mais recentemente com os

Page 3: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

adoçantes químicos artificiais, o consumo de mel como alimento infelizmente caiu

em desuso. Essa substituição trouxe enormes prejuízos ao homem.

Mel de abelhas é o único alimento que não apodrece. Os arqueólogos

encontraram mel nas tumbas egípcias com mais de 2.000 anos no estado

cristalizado, em perfeito estado de conservação. Tanto que para validade do mel, é

apenas simbólica, sendo concedido o prazo máximo de alimentos, que é de dois

anos, além da observação de que é melhor “consumir até...”, o que não quer dizer

que após aquela data o produto esteja estragado.

Mel de abelhas é ao mesmo tempo alimento e medicamento, já afirmava

Hipócrates o pai da medicina. O mel faz bem ao: coração, fígado, intestino, pulmões,

pele, boca, rins e praticamente a todo corpo humano, sem nenhuma contra

indicação.

Seu uso diário, em substituição ao açúcar industrializado, só traz vantagens

à saúde, principalmente à prevenção de cáries e o desaparecimento de gorduras

localizadas, comuns aos consumidores de açúcar. (NATIPE, 2002).

Page 4: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 História do surgimento das abelhas

Há evidências de que as plantas eram polinizadas por abelhas desde o

período terciário. Entre 24 e 40 milhões de anos atrás, já havia abelhas Pebleia sp

(Figura 2) e Proplebeia (Mirins), seus fósseis foram encontrados na atual República

Dominicana, no Caribe, perfeitamente conservados em âmbar. Um fóssil de Trigona

sp (Figura 3) com 30 milhões de anos foi encontrado na Sicília e há outros de

diferentes regiões, datados em 40 milhões de anos. Essas relíquias indicam que no

período Eoceno já havia abelhas especializadas em determinadas plantas e que a

maioria dos grupos conhecidos hoje já existia. Alguns estudiosos acreditam que a

origem das abelhas tenha ocorrido no período Cretáceo, devido à descoberta de

fóssil de Meliponae em New Jersey, América do Norte, sendo datada em 80 milhões

de anos, idade que corresponde à Era Cretácea. (GUEDES, 2000).

Figura 2 - Abelha Plebéia sp. Figura 3 - Trigona sp na flor

de coroa-de-cristo.

2.1.1 Primeiros Apicultores

Acredita-se que os primeiros apicultores da história foram os egípcios,

porque já criavam abelhas em potes de barro no ano 2.400 a.C. Prática que foi

imortalizada nas paredes de suas pirâmides. No entanto, há registros que vinculam o

pioneirismo a outro lugar. Os hindus já apreciavam mel em 6.000 a.C. e utilizavam

própolis como cicatrizante. O mel também fazia parte do cardápio dos Sumérios

(Figura 4) em 5.000 a.C. e havia colméias na ilha de Creta por volta de 3.400 a.C.

(GUEDES, 2000).

Page 5: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Tumba de Pa-bu-sa. Luxor. Egipto.

Cueva de la Araña, em Bicorp (Valencia, Espana)

Figura 4 - Pinturas Rupestre de aproximadamente 8.000 e 630 a.C. 2.1.2 Apicultura no Brasil

2.1.2.1 Meliponicultura

Até 1840 as abelhas criadas no Brasil eram as nativas dos gêneros

Lestrimellitini, Trigonini e Meliponini (Meliponae) (Figura 5), onde a sua maioria no

mundo habita as regiões tropicais e subtropicais do país. Adaptadas ao meio

ambiente são fundamentais para polinização de algumas espécies vegetais, porém

inúmeras abelhas já foram extintas pelas queimas e desmatamentos provocados

pelo homem. (GUEDES, 2000).

Figura 5 - Mandassaia (Melipona quadrifasciata)

Page 6: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Segundo o Dr. Paulo Nogueira Neto, estudioso das abelhas Meloponineos

para o Museu Nacional, primeiro a ensaiar uma criação científica, as velas, de muitos

lugares da América Latina, são feitas de cera produzidas pelas abelhas. Segundo

este estudioso “é provável que a maior parte do mel e da cera usados nos três

primeiros séculos após o descobrimento viesse da abelha Urussú, a mais vulgar e a

mais abundante em todo o Brasil” (NOGUEIRA NETO apud MEL E ABELHAS

BRASILEIRAS, 2004).

Entre 1850 e 1870 o brilhante farmacêutico Theodoro Peckolt ocupou-se em

classificar e estudar as Trigonildas, abelhas sociais do Brasil. As abelhas bem como

as observações biológicas de Peckolt foram enviadas a Frederic Smith, do British

Musseum em remessas sucessivas. O pesquisador britânico fez uma monografia

sobre as abelhas sociais do Brasil. (MEL E ABELHAS BRASILEIRAS, 2004).

Nos estudos químicos realizados por Peckolt há a constatação de ausência

de sacarose em alguns méis indígenas. Essa constatação química serviu de pretexto

para que Rodolfo não incluísse a produção das abelhas nativas na farmacopéia

brasileira (MEL E ABELHAS BRASILEIRAS, 2004).

Os farmacêuticos brasileiros passaram quase toda a década de 40 do século

XX tentando revisar a farmacopéia brasileira. Entre os quais estava o mel, tendo

como grande defensor Elsior Coutinho que publicou suas idéias na revista brasileira

de farmácia em 1941.

2.1.2.2 Apicultura

Em 1839, teve início à criação de abelhas que não eram de origem nativa do

Brasil, aonde colméias vindas de Portugal para o Rio de Janeiro, a mando do Padre

Antônio Carneiro Aureliano, ao fim de dois anos já haviam produzido mais de 200

colméias dessas abelhas na Quinta Imperial. (GUEDES, 2000).

Outros imigrantes, de origem alemã, em meados de 1845 iniciaram uma

criação de abelhas Apis Nigra e Apis mellifera, para os estados do sul e sudoeste do

país. “Em 1879, o apicultor Frederico Hanemann introduziu abelhas italianas (Apis

mellifera lingustica) no Rio Grande do Sul, e uma colônia da mesma espécie chegou

a Pernambuco em 1895, trazida pelo Padre Amato Van Emelen” (GUEDES, 2000, P.

8).

Page 7: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

A partir das descobertas do geneticista Warwick Estevan Kerr, na década de

40, aumentou o interesse comercial e científico na cultura das abelhas. Suas

observações a respeito dos hábitos e comportamentos das abelhas nativas e

introduzidas no Brasil trouxeram um enorme desenvolvimento para a apicultura

brasileira. (GUEDES, 2000).

2.2 Taxonomia

A taxonomia das abelhas mostra as principais características físicas e

morfológicas das abelhas, nativas sem ferrão, daquelas que possuem ferrão, das

sugadoras e das lambedoras de néctar bem como daquelas que formam colônias e

aquelas que são solitárias. (Figura 6).

Figura 6 - Fluxograma - Taxonomia.

A Tiúba (Melipona compressipes fasciculata), abelha nativa sem ferrão

genuinamente maranhense, enquadra-se no filo Arthropoda, classe Insecta,

subclasse Pterygota (possuem asas), ordem Hymenoptera (insetos com quatro asas

membranosas), subfamília Apoidea, família Apidae (abelhas sugadoras de língua

Filo: Arthropoda

Classe: Insecta

Subclasse: Pterygota

Ordem: Hymenoptera

Subfamília: Apoidea

Apinae (Abelhas com ferrões)

Meliponinae (Abelhas sem ferrões)

Apis Bombus Meliponini Trigonini Lestrimellitini

Page 8: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

longa), gênero Meliponinae, na subfamília meliponae (abelhas com ferrão atrofiado)

dos gêneros Meliponini.

2.3 Definição do mel de abelha

A elaboração do mel resulta de duas modificações principais (processos)

sofridas pelo néctar, uma física pela desidratação (eliminação da água), através da

evaporação na colméia e absorção no papo, a outra reação química que atua sobre

o néctar, transformando a sacarose, através da enzima invertase, em glicose e

frutose. Ocorrem mais duas reações, em escala menor, que consiste em transformar

o amido do néctar, através da enzima amilase em maltose e a enzima glicose-

oxidase transforma a glicose em ácido glicônico e peróxido de hidrogênio, este

último, conhecido como água oxigenada. (LENGLER, 2001). A fonte principal do mel

é o néctar das flores, açúcares dissolvidos secretados pelos nectários e colhido

pelas abelhas. (Figura 7).

Figura 7 - Abelha Uruçu (Melipona scutelaris)

Outra fonte, em pequena proporção é o mel originado do orvalho, cuja

secreção, de folhas de certas plantas, cochonilhas (muito freqüente nos Alpes

Europeus) e substâncias doces diversas (bagaço de cana-de-açúcar e frutas).

(LENGLER, 2001).

O mel é basicamente uma mistura complexa de açúcares altamente

concentrada.

O mel de abelhas é um produto muito apreciado, no entanto, de fácil

adulteração com açúcares ou xaropes. Desta forma, é necessário que haja algumas

análises para a determinação da sua qualidade para que seja comercializado.

Sua composição química foi objeto de revisões bibliográficas como a

realizada por Campos e Serrano et al, apresentada em obra de Vilhena e Murandian,

Page 9: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

(1999 apud EVANGELISTA-RODRIGUES; SILVA; BESERRA, 2000, p. 5-6), “que

sugeriram ser a composição do mel dependente de muitos fatores tais como:

espécies colhidas, natureza do solo, raça de abelhas, estado fisiológico da colônia,

estado de maturação do mel, condições meteorológicas, etc”.

O mel da abelha do gênero meliponae, abelhas nativas sem ferrão, pouco se

conhece a respeito de suas propriedades e características físico-químicas, tendo

como base para estes estudos comparações com dados já existentes em relação ao

mel das abelhas africanizadas. “Assim, se faz necessário estudar esse produto,

porque os hábitos das abelhas nativas se diferenciam das abelhas africanizadas,

podendo alterar também a composição do produto” (NOGUEIRA-NETO, 1997 apud

EVANGELISTA-RODRIGUES; SILVA; BESERRA, p. 6).

2.4 Composição química do mel de abelha

Sabe-se que o mel é um produto que tem inúmeros componentes e

substâncias em sua composição, desde açúcar até sais minerais, proteínas e

vitaminas, com valores e proporções já determinados e que este mel é o da abelha

Apis mellifera. O mais analisado para se obter dados e padrões a respeito dos

valores e proporções destes componentes e substâncias presentes, como mostram

as Tabelas 1 e 2 no item 2.4.1.

2.4.1 Composição química do mel em geral

A Tabela 1 apresenta valores de algumas análises físico-químicas realizadas

com o mel de abelhas africanizadas (Apis mellifera).

Page 10: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Tabela 1 - Composição físico-química do mel de flores e melato - instrução

normativa nº 11 de 20 de outubro de 2000.

Parâmetros físico-químicos Mel de flores Mel de melato

1. Umidade máxima (%) 20,0 20,0

2. Açúcares redutores (mínimo) (%) 65,0 60,0

3. Sacarose (máximo) (%) 6,0 15,0

4. Cinzas (resíduo mineral) (máximo) (%) 0,6 1,2

5. Hidroxi Metil Furfural (máximo) (mg/kg) 60,0 60,0

6. Acidez (máxima) (mg/kg) 50,0 50,0

7. Atividade diastásica como mínimo 8 na escala Göthe (méis com baixo conteúdo

enzimático, mínimo 3 na escala Göthe, sempre que o conteúdo de Hidroxi Metil

Furfural não exceda a 15 mg/kg)

8. Sólidos insolúveis em água (máximo) 0,1%, exceto mel prensado se tolera 0,5%

Fonte: Lengler, 2001 Açúcares redutores = glicose e frutose

Quando o mel é secado e aquecido, no resíduo fica seu conteúdo em

minerais. A Tabela 2 apresenta, em partes por milhão (ppm) o conteúdo de minerais

do mel.

Tabela 2 - Minerais em mel claro e mel escuro.

Minerais Mel claro (ppm) mg/kg

Mel escuro (ppm) mg/kg

Potássio Cloro

Enxofre Cálcio Sódio

Fósforo Magnésio

Sílica Ferro

Manganês Cobre

205 52 58 49 18 35 19 22

2,40 0,30 0,29

1676 113 100 51 76 47 35 36

9,40 4,09 0,56

Fonte: Lengler, 2001

Page 11: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

No mel podem ser encontradas as seguintes substâncias:

� Vitaminas: Vitamina A, Vitamina B (Tiamina), Vitamina B2 (Riboflavina),

Vitamina B5 (Ácido Pantatênico), Vitamina B6 (Piridoxina), Vitamina B (Ácido Fólico),

Vitamina C (Ácido Ascórbico), Vitamina H (Biotina), Vitamina PP (Niaciamina,

niacina, ácido nicotínico);

� Sais minerais: Cálcio, fósforo, enxofre, potássio, cloro, ferro, manganês,

cobre, sílica, sódio;

� Enzimas: Invertase, diastase, lípase, inulase, glicose-oxidase, catalase e

fosfatase ácida;

� Proteínas e aminoácidos: Prolinas, lisina, ácido glutâmico, ácido aspártico,

arginina, cistina, glicina, histidina, isoleucina, leucina, metionina, felilalanina, serina,

treonina, triptofano e tirocina.

Temos ainda na composição do mel: cetonas e aldeídos e os ácidos e seus

éteres.

2.4.2. Aspectos Microbiológicos do Mel

Além do seu uso como alimento, o mel tem sido utilizado pelas suas

propriedades medicamentosas. A sua eficácia, como auxiliar terapêutico, tem sido

demonstrada, embora, a explicação bioquímica desses efeitos ainda não seja

conclusiva (MOLAN, 2001). Alguns dos compostos do mel são substâncias

conhecidas como tendo ações fisiológicas que poderiam explicar tais efeitos. Sua

capacidade de proteger a mucosa estomacal de ratos contra lesões induzidas por

etanol está relacionada com a alta osmolaridade que é potencializada pelo aumento

do fluido sem aumentar a acidez gástrica (GHARZOULI, 2001). Entre os diversos

efeitos biológicos produzidos pelo mel, tem sido observado que este apresenta

propriedades antibacteriana, antifúngica, imunológica e antioxidante (MOLAN, 2001;

MOREIRA et al., 2001).

O mel, quanto a suas propriedades é dividido em dois grandes grupos:

Page 12: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

méis peróxidos e méis não peróxidos ambos com poder bactericida sob uma grande

variedade de microrganismos. Os méis peróxidos são os que têm como substância

ativa o peróxido de hidrogênio e os méis não peróxidos têm seu efeito devido a

outros compostos químicos como: ácidos orgânicos, destacando-se o ferúlico e o

caféico, outros compostos fenólicos, flavonóides como: galangina, crisina e

quercitina (TAORMINA et al., 2001). As ações antibacteriana e antifúngica têm sido

amplamente divulgadas, nos mais diferentes agentes etiológicos de interesse

médico, como Escherichia coli, Salmonella thyphimurium, Shigella sonnei, Listeria

monocytogenes, Staphylococcus aureus, Streptococcus viridans, Helicobacter pylori

e Candida albicans, entre outros (THEUNISSEN et al., 2001).

Um aspecto importante da produção do mel em qualquer nível é a

manutenção da qualidade do produto. A qualidade do mel utilizado como alimento

está relacionada a pelo menos quatro fatores básicos: 1) o tipo de frasco utilizado

para o envaze; 2) às condições de estocagem do produto; 3) às condições higiênicas

da coleta e 4) às características higiênicas das abelhas.

As embalagens apresentam um papel fundamental na preservação dos

alimentos, funcionam como uma barreira física entre o produto embalado e seu

entorno, resguardando o produto da incidência de luz e contato direto com a

umidade atmosférica. A deficiência de hermetismo entre a tampa e o corpo da

embalagem permite a passagem de umidade para o interior o que pode

comprometer consideravelmente a sua qualidade. A umidade pode favorecer a

fermentação de açúcares causada por microrganismos osmofílicos presentes no mel

que fazem parte da sua microbiota ou que foram veiculados durante o processo de

manejo ou que ainda não foram totalmente eliminados ou controlados durante o

processo de pasteurização (RIEDEL, 1981).

Segundo Lengler (2003), o armazenamento prolongado e em temperatura

acima de 30ºC favorece a produção de hidroxi-metil-furfural (HMF) no mel, que deve

ser avaliada em função do tempo de armazenamento. As modificações físico-

químicas, como a produção de (HMF), que é tóxico para as abelhas, serve de

indicador de armazenamento inadequado e de adulteração do mel. Diferentes

temperaturas de armazenamento podem favorecer granulação, fermentação e

cristalização no mel, porém, mel cristalizado sem indícios de fermentação, pode ser

consumido.

A coleta do mel é de grande importância para a qualidade do produto

Page 13: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

destinado à comercialização. Tem que ser levado em consideração a época do ano

com menor pluviosidade e umidade, além do procedimento de coleta de forma

higiênica. Alguns produtores extraem o mel espremendo os favos com as mãos,

outros utilizam hastes de metal ou madeira para perfurar o favo, fazendo-o escorrer e

depois o filtram. Existe ainda a coleta por meio da aspiração com auxílio de uma

bomba e a coleta por centrifugação (KERR, 1996).

A qualidade do mel não depende apenas das práticas higiênicas do

produtor, mas também está relacionada com os hábitos higiênicos das abelhas. A

maioria das meliponas costuma visitar excrementos humanos, de animais e águas

poluídas (NOGUEIRA NETO, 1997), ainda segundo este autor, com relação a esses

hábitos, as abelhas são classificadas em: limpas, ocasionalmente limpas e sujas.

Neste último grupo há as abelhas com hábitos bem menos adequados a ponto de

seu mel não ser recomendado para consumo humano. A abelha mais higiênica é a

popular Jati, (Tetragonisca angustula). Outras com hábitos higiênicos impróprios

incluem: a Cupira, (Partamona cupira), Mandassaia (M. quadrifasciata), Jandaíra do

Nordeste, (M. subnitida), Uruçú do Nordeste, (M. scutellaris), e (T. testaceicornis) já

foram vistas coletando excrementos humanos, de animais e, a maioria, até mesmo

barro para a construção de suas colméias. A Trigona necrofaga e outras espécies de

trigonas são descritas como tendo o hábito de visitar carcaças de animais mortos

para retirar deles sua fonte de proteínas. Nogueira Neto (1997) alerta para o risco de

o mel transmitir a hepatite A. Além disso, existe ainda o risco de transmissão do

botulismo infantil (NAKANO, H. & SAKAGUCHI, 1991) e da salmonelose, uma vez

que o agente etiológico desta última patologia permanece viável por até 34 dias no

mel de Apis. Este risco está relacionado com práticas higiênicas inadequadas. No

mel das meliponas a viabilidade da Salmonella ainda não é conhecida (GROSSO et

al., 2002).

Para as abelhas do gênero Apis com características biológicas,

produtividade, tipo de colônias, características físico-químicas e hábitos higiênicos

diferentes das meliponas, existem normas estabelecidas para o físico-químico de

qualidade do mel. O mesmo não acontece com o mel produzido por meliponas, pois

não há, até o momento, normas que possam direcionar os procedimentos de análise

ou que permitam estabelecer critérios para o consumo, tempo de estocagem,

critérios de aceitação ou rejeição do consumo deste. Os artigos que se referem ao

mel de meliponas sempre traçam paralelos com méis das abelhas do gênero Apis o

Page 14: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

que é inaceitável (CORTOPASSI-LAURINO & GUELLI, 1991).

2.4.3. Mel de abelhas sem ferrão

O mel das abelhas sem ferrão é rico em açúcar, contendo sais minerais,

vitaminas, proteínas, podendo ser usado na complementação alimentar, como fonte

desses nutrientes e até mesmo na prevenção de algumas doenças e infecções.

O mel das abelhas sem ferrão é armazenado em potes feito de cera para

armazenamento, maturação e conservação sendo que assim que o mel estiver

maduro os potes são abertos e servem para alimentar todas as abelhas da colméia,

inclusive a rainha, sendo que, esta recebe uma quantidade maior de mel para poder

se desenvolver (ANEXO B), diferentemente do que ocorre com as abelhas

africanizadas que guardam o seu mel em favos organizados de uma maneira

totalmente diferente a das abelhas nativas sem ferrão e alimentam a sua rainha com

geléia real. (Figura 8).

Figura 8 - Potes de mel e favos de cria da abelha nativa.

Outras características desse mel são suas propriedades organolépticas

como cor, viscosidade, sendo mais fluido e mais claro que o mel da abelha Apis.

Segundo Fuentes (2004, p. 2). (Figura 9).

Page 15: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Figura 9 - Méis de abelhas indígenas sem ferrão corretamente

colhidos e armazenados.

2.5 Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha

Considerando a necessidade de padronizar o processamento de produtos de

origem animal, visando assegurar igualitárias e total transparência da elaboração e

comercialização deste produto, resolve segundo a instrução normativa nº 11 de 20

de outubro de 2000 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento:

� Art. 1° - Aprovar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de

Abelha;

a) Art. 2° - Revogar a Portaria n° 367, de 4 de setembro, que aprovou o

Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha.

2.5.1 Objetivo

Estabelecer a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deve

cumprir o mel destinado ao consumo humano direto.

Este Regulamento não se aplica para mel industrial e mel utilizado como

ingrediente em outros alimentos.

Page 16: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

2.5.2. Definição

Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas,

a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das

plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes

vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com

substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da

colméia.

2.5.3 Classificação

2.5.3.1 Por sua origem

a) Mel floral - é o mel obtido dos néctares das flores.

� Mel unifloral ou monofloral - quando o produto proceda

principalmente da origem de flores de uma mesma família, gênero ou

espécie e possua características sensoriais, físico-químicas e

microscópicas próprias.

� Mel multifloral ou polifloral - é o mel obtido a partir de diferentes

origens florais.

b) Melato ou Mel de Melato - é o mel obtido principalmente a partir de

secreções das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores

de plantas que se encontram sobre elas.

2.5.3.2 Segundo o procedimento de obtenção de mel do favo

a) Mel virgem - produto que flui espontaneamente dos favos, quando

desoperculados;

b) Mel centrifugado - obtido por processo de centrifugação;

c) Mel prensado - obtido por compressão a frio;

d) Mel em favos - mantido dentro dos próprios favos.

Page 17: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3. CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DO MEL DE ABELHA

3.1 Equipamentos e acessórios

Relacionam-se, aos equipamentos a serem usados nas análises.

3.1.1 Balança digital

Utiliza-se uma balança digital Automarte, modelo AL500, com carga

mínima de 0,02 g e carga máxima de 500 g, para determinação das massas das

amostras.

3.1.2 Forno Mufla

Utiliza-se um forno mufla elétrico QUIMIS-TECNAL, com termostato

variando sua temperatura de 100 a 1200º C, para calcinação do mel.

3.1.3 Estufa de secagem e esterilização

Utiliza-se uma estufa para a secagem modelo 315-SE, com circulação

mecânica de ar e com variação de 0 a 110°C.

3.1.4 Chapa de aquecimento

Utiliza-se para aquecimento e secagem das amostras, chapa metálica de

aquecimento marca FANEM, modelo 170/3, com variação de temperatura de 0 a

100º C.

3.1.5 pH-metro

Para leitura de pH, utiliza-se um pH-metro, marca DIGMED, modelo

Dmph/1, com precisão de 10-1 unidades.

Page 18: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.1.6 Refratômetro

Utiliza-se para medir a percentagem direta de sólidos solúveis das

amostras.

3.1.7 Bomba a vácuo

Utiliza-se para eliminar o excesso de água por sucção e ajudar em favor

da filtração na determinação de sólidos insolúveis em água.

3.2 Materiais e vidrarias

Materiais e vidrarias a serem utilizados:

� Cápsulas de porcelana;

� Cadinhos de porcelana;

� Garra metálica;

� Suporte universal;

� Bico de bunsen;

� Pêra de sucção;

� Tela de amianto;

� Papel de filtro;

� Pinça;

� Espátula;

� Tripé;

� Agitador magnético;

� Magneto;

� Pisseta;

� Provetas (normais e rolhas

esmerilhadas);

� Buretas;

� Bolinhas de vidro;

� Erlenmeyers;

� Pipetas (graduadas e

volumétricas);

� Balões volumétricos;

� Beckers;

� Bastão de vidro;

� Dessecador;

� Tubos de ensaio;

� Bomba a vácuo.

Page 19: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.3 Reagentes e soluções

3.3.1 Reagentes

Reagentes a serem utilizados:

� Éter etílico;

� Resorcina;

� Ácido tânico;

� Hidróxido de sódio;

� Sal de Rochelle (tartarato de

sódio e potássio tetrahidratado)

� Ácido clorídrico;

� Amido.

� Glicerina;

3.3.2 Soluções

Soluções a serem utilizadas:

� Solução de ácido tânico 0,5%;

� Solução clorídrica de resorcina;

� Hidróxido de sódio 5 mol/L;

� Solução de lugol;

� Azul de metileno 1%;

� Solução de Fehling A e B;

� Soluções de mel;

� Solução de hidróxido de sódio

0,05 N;

� Ácido clorídrico 0,05 N.

3.4 Análises físico-químicas do mel de abelha

As análises serão realizadas segundo os métodos físico-químicos para

análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (2005).

3.4.1 Brix

A percentagem de sólidos solúveis é obtida pela leitura direta no

refratômetro de cada amostra analisada. Utiliza-se a tabela do respectivo aparelho,

onde nos deu a devida correção da temperatura em que foi lida.

Page 20: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.4.2 Umidade

Umidade corresponde à perda de peso pelo produto quando aquecido em

condições em que a água é removida. Utiliza-se como referência a Tabela de

Chataway (ANEXO C), obtendo a umidade em percentagem, simplesmente, pelo

valor de grau Brix obtido. Onde, fez-se a devida correção da temperatura de 30°C

para 20°C com auxílio da Tabela do aparelho refratômetro.

3.4.3 Acidez

Na determinação da acidez de cada amostra pesa-se 10 g das mesmas em

erlenmeyers de 250 mL onde se colocam 75 mL de água livre de CO2 e agita-se.

Titula-se com solução de hidróxido de sódio 0,05 N até o pH chegar a 8,5; logo em

seguida acrescenta-se 10 mL de NaOH 0,05 N imediatamente. Titula-se novamente,

agora com solução de ácido clorídrico 0,05 N até o pH chegar a 8,3. A determinação

da acidez pode ser expressa pela Equação 3.

� Correções:

NaOH corrigido = volume gasto NaOH x fator do NaOH

HCl corrigido = volume gasto do HCl x fator do HCl

� Cálculos:

Acidez livre = (NaOH gasto corrigido – branco) x 50 / peso da amostra. (Eq. 1)

Acidez lactônica = (10 – vol. HCl gasto corrigido) x 50 / peso da amostra. (Eq. 2)

Acidez total = Acidez livre + Acidez lactônica (meq/kg) (Eq. 3)

3.4.4 Cinzas

Resíduo mineral fixa ou cinzas é o nome dado ao resíduo obtido por

aquecimento de um produto em temperatura próxima a 550 – 570°C.

Pesa-se 5,0 g de cada amostra em cadinhos de porcelana, previamente

aquecida em forno mufla a 550°C, resfria-se em dessecador até temperatura

ambiente e pesa-se. Calcina-se em temperatura baixa e incinera-se no forno mufla a

Page 21: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

550°C, por quatro horas. Resfria-se em dessecador até temperatura ambiente e

pesa-se. A determinação do teor de cinzas pode ser expressa pela Equação 4.

Cinzas (%) = P

N100 × (Eq. 4)

Onde:

N = massa em gramas de cinzas;

P = massa em gramas da amostra.

3.4.5 Açúcares redutores

Determina a osmolaridade a qual está envolvida na eliminação e controle da

fauna microbiana.

Na determinação de açúcares redutores, pesa-se 2,0 g de cada amostra e

em seguida completa-se o volume em um balão volumétrico de 100 mL.

Em erlenmeyers junta-se 50 mL de água destilada mais 10 mL da solução

de Fehling A e adiciona-se 10 mL da solução de Fehling B, deixa-se ferver, marca-

se dois minutos e começa-se a titular com a solução de mel diluída, sob agitação,

usa-se como indicador 3 gotas de azul de metileno a 1% e titula-se até atingir

coloração vermelho tijolo. A determinação dos açúcares redutores pode ser

expressa pela Equação 5.

Açúcares redutores (%) = x VP

Fc x 100 100 × (Eq. 5)

Onde:

Fc = Fator de correção equivalente a 0,05;

P = massa em gramas da amostra;

V = volume em mL gasto na titulação.

Page 22: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.4.6 Açúcares totais

Determinam-se os açúcares de cada amostra tomando-se 50 mL da solução

restante de mel da análise de açúcares redutores num balão de 100 mL, acrescenta-

se 3 gotas de HCl concentrado e leva-se em banho-maria por 15 minutos, deixa-se

esfriar em temperatura ambiente, neutraliza-se com NaOH 5 mol/L e completa-se o

volume do balão. Titula-se da mesma forma que foi realizada para os açúcares

redutores. Em seguida procede-se igual à determinação de açúcares redutores

sendo expressa pela Equação 6.

Açúcares totais (%) = x VP

Fc x 100 100 × (Eq. 6)

Onde:

Fc = Fator de correção equivalente a 0,05;

P = massa em gramas da amostra;

V = volume em mL gasto na titulação.

3.4.7 Açúcares não-redutores

A determinação de açúcares não-redutores é realizada pela subtração dos

valores dos açúcares totais menos os valores dos açúcares redutores em relação a

cada amostra. A determinação dos açúcares não-redutores pode ser expressa pela

Equação 7.

% Açúcares não-redutores = % A.T. – % A.R . (Eq. 7)

Onde:

A.T. = açúcares totais;

A.R. = açúcares redutores.

Page 23: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.4.8 Determinação de pH

“Representa as concentrações de íons de hidrogênio em uma solução que é

influenciada por fatores além da quantidade de ácidos presentes, particularmente

pelo conteúdo mineral”. (WHITE, 1992 apud CARVALHO, 2001, p. 11).

Pesa-se 10,0 g de mel dilui-se em 10 mL de água destilada e mede-se o pH

usando-se o pH-metro previamente calibrado e estabilizado.

3.4.9 Cor

A cor é um fator determinante para a aceitação do mel no mercado mundial,

sendo os méis mais claros os preferidos pelos consumidores. A cor do mel está

relacionada com a origem floral, o processamento e o armazenamento (SEEMANN e

NEIRA, 1988), mas ainda depende dos fatores climáticos durante o fluxo do néctar e

da temperatura na qual o néctar é transformado em mel no interior da colméia

(SMITH, 1967).

Para a determinação da cor seleciona-se o espectrofotômetro na faixa de

560 nm, deixa-se estabilizar, zera-se o equipamento, usando-se como branco de

glicerina PA. Faz-se a leitura em absorbância e usa-se como referência a Escala de

Pfund (ANEXO D), para a determinação da cor de acordo com a faixa.

3.4.10 Determinação de sólidos insolúveis em água

Pesa-se 25,0 g de cada amostra em beckers de 400 mL, adiciona-se 200 mL

de água quente e deixa-se em ebulição durante 20 minutos, substituindo a água

evaporada. Filtra-se em papel de filtro whatman nº 4 ou equivalente (previamente

lavado com água quente, colocado em placa de petri e aquecido em estufa a 100-

110°C, durante 1 hora, resfriado em dessecador até a temperatura ambiente e

pesado). Lava-se com 800 mL de água quente, elimina-se o excesso de água por

sucção, coloca-se o papel de filtro com o resíduo na mesma placa de petri e aquece-

se em estufa a 100-110°C, resfria-se em dessecador e pesa-se. A determinação do

teor de sólidos insolúveis em água pode ser expressa pela Equação 8.

Page 24: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Sólidos insolúveis (%) = P

N100 × (Eq. 8)

Onde:

N = massa em gramas do resíduo;

P = massa em gramas da amostra.

3.4.11 Lund

Pesa-se 2,0 g de cada amostra. Transfere-se para uma proveta de 50 mL,

com rolha esmerilhada, com auxílio de 20 mL de água. Adiciona-se 5 mL da solução

de ácido tânico a 0,5%. Adiciona-se água até completar o volume de 40 mL. Agita-

se, deixa-se em repouso por 24 horas.

O teste deve ser positivo formando-se um precipitado floculoso entre 0,6 a

3,0 mL, indicando que a amostra é pura. Ausência ou vestígio de precipitação indica

a presença de glicose comercial.

3.4.12 Fiehe

Pesa-se 5g de cada amostra em erlenmeyers de 250 mL. Adiciona-se 5 mL

de éter e agita-se vigorosamente. Transfere-se a camada etérea para tubos de

ensaio e deixa-se o éter evaporar à temperatura ambiente. Adiciona-se ao resíduo

dos tubos 5 gotas de solução clorídrica de resorcina.

O teste indica a presença de glicose comercial ou açúcar invertido técnico,

ou ainda um mel que sofreu superaquecimento. Adquirindo cor vermelha intensa,

indica presença de glicose comercial ou açúcar, indica ainda a presença de

hidróximetilfurfural (HMF), que reage com a resorcina em meio ácido.

Se a coloração for salmão, indica que o mel foi aquecido intensamente ou

estocado prolongada mente em temperatura ambiente elevada. O teste deverá ser

negativo para o mel puro.

Page 25: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

3.4.13 Lugol

O teste indica a presença de amido e dextrinas ou açúcares comerciais.

Pesa-se 10,0 g de cada amostra em beckers de 50 mL. Adiciona-se 10 mL

de água. Agita-se, adiciona-se 1 mL de solução de lugol em cada amostra.

Caso o mel seja puro, o teste deve ser negativo, a coloração final é próxima

a do mel, caso contrário, adquirindo cor vermelho-violeta a azul, indica a presença

de amido e dextrina.

3.4.14 Determinação da atividade diastásica

Através deste teste pode-se determinar a presença de fermentos

diastásicos.

Na determinação da atividade diastásica, em tubos de ensaio, mistura-se 5

mL de solução de mel a 20% mais 5 mL de água destilada e 1 mL de solução de

amido 1%. Incuba-se em banho-maria a 45°C por 1 hora exatamente e, então,

acrescenta-se 1 mL da solução de lugol.

O teste deve ser positivo formando-se uma coloração parda clara, indicando

que o mel é legítimo e que possui atividade diastásica. Caso contrário, adquirindo

cor azul, representa um mel sem atividade diastásica, mel artificial, não hidrolisa o

amido.

A Figura 10 apresenta de forma simplificada as etapas de coletas e análises

físico-químicas do mel de abelha Tiúba (Melipona compressipes fasciculata).

Page 26: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Figura 10. Fluxograma referente às análises físico-químicas do mel.

QUANTITATIVAS QUALITATIVAS

Cor

Brix

Umidade

Acidez

Açúcares redutores

Açúcares totais

Açúcares não - redutores

Atividade diastásica

Sólidos insolúveis em água

Lund

Fiehe

Lugol

Cinzas

pH

COLETA DAS AMOSTRAS

T2 T1

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Page 27: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

4. CONTROLE DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO MEL DE ABELHA

4.1. Equipamentos e acessórios

4.1.1 Materiais, vidrarias e equipamentos

Materiais e vidrarias a serem utilizados:

� Tubos de ensaio;

� Placas de Petri;

� Bico de bunsen;

� Erlenmeyers;

� Pipetas (graduadas);

� Beckers;

� Bastão de vidro;

� Swab

� Discos de papel de filtro

� Estufa Bacteriológica (37ºC);

� Banho-maria (44,5ºC ± 0,5º)

4.1.2 Meios de cultura e soluções

4.1.2.1 Meios de cultura

Meios de cultura a serem utilizados:

� Caldo Lauril Sulfato;

� Caldo Verde Brilhante e Bile 2%;

� Caldo E.C;

� Caldo Infusão Cérebro Coração (BHI)

� Caldo Tetrationato;

� Caldo Rapapport;

� Agar Batata Dextrose;

� Agar Dicloran Rosa de Bengala Cloranfenicol (DRBC);

� Agar Plate Count (PCA);

� Agar Mueller-Hinton;

� Agar Sulfito Polimixina Sulfadiazina (SPS).

Page 28: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

4.1.2.2 Soluções

Soluções a serem utilizadas:

� Solução salina 0,85% estéril;

� Solução de ácido tartárico 10%;

� Solução de lugol;

� Solução de verde brilhante.

5. CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS

Os microrganismos patogênicos estão presentes no solo e,

conseqüentemente, nas colheitas, nas aves e nos peixes, enfim em vários

alimentos. Portanto, é inevitável que os produtos in natura utilizados como

ingredientes sejam veículos de contaminação patogênica. Dessa forma, para evitar

toxinfecções alimentares, os patógenos dos ingredientes devem ser identificados e

controlados. Os programas de controle devem ser implantados, sendo monitorados

quanto à sua eficácia, além de serem revisados e modificados, sempre que

necessário.

5.1 Microrganismos indicadores da qualidade higiênico-sanitária dos alimentos

e causadores de enfermidades de origem alimentar

5.1.1 Coliformes Totais

Este grupo é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae, são

capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubados a 35º-37ºC

por 24-48 horas. São bacilos gram negativos não esporulados. Fazem parte desse

grupo às bactérias do gênero Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella,

além de serem encontrados nas fazes, também podem persistir longos períodos e

se multiplicar em ambientes não fecais, como vegetais, solo. A presença de

coliformes totais no alimento não indica, necessariamente, contaminação fecal

recente. O índice de coliformes totais é utilizado para avaliar as condições

higiênicas, sendo que as altas contagens significam contaminação pós-

Page 29: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

processamento, limpezas e sanificações deficientes, tratamentos térmicos

ineficientes ou multiplicação durante o processamento ou estocagem.

Coliformes a 45ºC e Escherichia coli as bactérias pertencentes a este grupo

correspondem aos coliformes totais que apresentam a capacidade de continuar

fermentando lactose com produção de gás, quando incubadas à temperatura de

45ºC. Nessas condições, em torno de 90% das culturas de E. coli são positivas. O

índice de coliformes a 45ºC ou de E. coli nos alimentos é empregado como indicador

de contaminação fecal, ou seja, condições higiênico-sanitárias, visto que se estima

que a população deste grupo é constituída de uma alta proporção de E. coli, que tem

seu habitat exclusivo no trato intestinal do homem e de outros animais. Assim, sua

presença pode indicar a possibilidade de ocorrerem outros microrganismos entéricos

na amostra.

Em alimentos processados, a presença de um número considerável de

coliformes ou de enterobactérias pode indicar: processamento inadequado e/ou

recontaminação pós-processamento, sendo as causas mais freqüentes aquelas

provenientes da matéria-prima, equipamento sujo ou manipulação sem a devida

higiene; proliferação microbiana que poderia permitir a multiplicação de

microrganismos patogênicos.

5.1.2. Diferenciação dos coliformes

A enumeração dos coliformes pode ser efetuada utilizando métodos

convencionais e métodos rápidos. O método convencional ainda muito empregado é

o método dos tubos múltiplos que pode ser utilizado para estimar o número de

coliformes pela técnica do Número Mais Provável (NMP). Para diferenciação entre

os coliformes fecais dos não-fecais são necessários testes bioquímicos para

identificação das espécies. Esses testes são coletivamente designados como

reações IMVic → indol; vermelho de metila; reação de Voges-Proskauer e citrato de

Simmons. Outros testes também são sugeridos como os carboidratos e

aminoácidos.

Page 30: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

5.2. Escherichia coli

Escherichia coli é a espécie predominante entre os diversos microrganismos

anaeróbios facultativos que fazem parte da microbiota intestinal de animais de

sangue quente. Pertence à família Enterobacteriaceae e entre suas principais

características destacam-se: bacilos gram negativos não esporulados, capazes de

fermentar glicose com produção de ácido e gás. A maioria fermenta também a

lactose, com produção de ácido e gás.

As linhagens patogênicas de E. coli são divididas de acordo com os

sintomas clínicos nos seguintes grupos.

E. coli enterotoxigênica (ETEC)

E. coli enteropatogênica (EPEC)

E. coli enterohemorrágica (EHEC)

E. coli enterogregativa (EAggEC)

E. coli enteroinvasora (EIEC)

E. coli difusamente adesiva (DAEC)

Está relacionada com casos de diarréias, principalmente infantil, com colites

hemorrágicas, disenterias, infecções da bexiga, dos rins, infecções de feridas

cirúrgicas, septicemia, síndrome urêmica hemolítica. Algumas destas enfermidades

terminam em óbitos.

5.3. Salmonella spp.

O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae. São gram

negativos, anaeróbios facultativos, não formam esporos e têm forma de bastonetes

curtos. A temperatura ótima de crescimento é de aproximadamente 38ºC e a

temperatura mínima é de 5ºC. Como não formam esporos, são relativamente

termolábeis, podendo ser destruídos a 60ºC por 15 a 20 minutos.

Existem mais de 2.5001 sorotipos de salmonelas, dentre os quais 1.478

pertencem à subespécie I, incluindo Salmonella sorotipo Typhi. Mudanças

significativas ocorrem na nomenclatura e taxonomia das salmonelas nos últimos

anos, baseadas, principalmente, nas suas características bioquímicas.

Page 31: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

O gênero Salmonella está dividido em duas espécies Salmonella entérica e

Salmonella bongori, sendo a primeira subdividida em seis subespécies. Essas

enterobactérias são transmitidas ao homem, principalmente, por meio de consumo

de alimentos contaminados por fezes de animais ou humanas.

Os sintomas característicos de doenças de origem alimentar causadas por

Salmonella são: diarréia, náuseas, febre branda e calafrios, algumas vezes, vômitos,

dor de cabeça e fraqueza. O período de incubação antes da doença é de cerca de

16 a 72 horas. A enfermidade é, normalmente, auto-limitante e persiste durante 2 a 7

dias. A pessoa infectada excretará grandes quantidades de Salmonella pelas fezes

durante o período da doença. A dose infecciosa varia de acordo com a idade e a

saúde da vítima, com o alimento e ainda com a linhagem da Salmonella. As doses

infecciosas podem variar de 20 até 106 células.

A contaminação do alimento ocorre devido ao controle inadequado de

temperatura, de práticas de manipulação ou por contaminação cruzada de alimentos

crus com alimentos processados. O microrganismo se multiplica no alimento até

atingir a dose infecciosa.

5.3. Bolores e leveduras

O crescimento de bolores e leveduras é mais demorado do que o de

bactérias em alimentos de baixa acidez e alta atividade de água. Portanto,

dificilmente serão responsáveis pela deterioração desses alimentos. Em alimentos

ácidos e de baixa atividade de água, no entanto, o crescimento de fungos é maior,

provocando deterioração com grande prejuízo econômico em frutas frescas,

vegetais e cereais. São também responsáveis pela deterioração de sucos de frutas,

queijos, alimentos congelados, desidratados e em conserva como picles, quando

armazenados em condições inadequadas.

A presença de fungos filamentosos (bolores) e leveduras em índice elevado

nos alimentos pode fornecer várias informações:

� condições higiênicas deficientes de equipamentos;

� multiplicação no produto em decorrência de falhas no

� processamento e/ou estocagem;

� matéria-prima com contaminação excessiva.

Page 32: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

A presença desses microrganismos pode tornar-se um perigo à saúde

pública devido à produção de micotoxinas pelos bolores. Algumas medidas devem

ser tomadas por manipuladores de alimentos suscetíveis a essa contaminação, na

tentativa de reduzir ou eliminá-la:

� boas práticas de higiene levam à redução da carga de esporos;

� esses alimentos devem chegar o mais rapidamente possível ao

� consumidor;

� o armazenamento de alimentos congelados deve ser a temperaturas

� inferiores a -12ºC;

� eliminar ou reduzir o contato com o ar através de embalagens, por

� exemplo;

� adicionar ácidos ou conservadores químicos como benzoatos ou

� sorbatos, para retardar o crescimento fúngico.

Baixas contagens de bolores e leveduras são normais em alimentos frescos

e congelados, não sendo, portanto, significativas. Somente quando o crescimento de

bolor for visível ou o alimento apresentar um número elevado de leveduras, o

consumidor será capaz de reconhecer a deterioração. Esta deterioração por

leveduras não é prejudicial à saúde.

6. MÉTODOS DE ANÁLISES

6.1. Amostragem

A obtenção correta das amostras, seu transporte para o laboratório e sua

preparação para análise são etapas fundamentais para o sucesso de uma análise

microbiológica.

Seguir as seguintes etapas:

� A amostra deve ser representativa, os produtos prontos para consumo

devem ser coletados em suas embalagens originais fechadas, com especificações

de dados que o identifique como, nº. do lote, data de fabricação, etc. Quando

embalagens abertas precisam ser analisadas, é importante que sejam

Page 33: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

acondicionadas adequadamente para evitar contaminação com outros alimentos,

manipuladores, e com o ambiente.

� Os produtos acondicionados em embalagens, de difícil transporte para

o laboratório podem ser amostrados “in loco”, com a máxima assepsia.

� Alimentos perecíveis refrigerados devem ser mantidos entre 0º e 44ºC

até o início da análise. Quando se tratar de alimentos congelados, as amostras

devem ser descongeladas somente para a realização da análise. Como regra geral,

toda amostra deve ser analisada até 36 horas após sua obtenção. Produtos

perecíveis que não puderem ser analisados nesse período podem ser refrigerados

ou ainda congelados, dependendo do tipo de produto, objetivo da análise e tipo de

microrganismo a ser pesquisado.

� O número de unidades a serem coletadas para análise e dos critérios

adotados para aprovação ou reprovação de um produto definem um plano de

amostragem.

6.2. Preparo da amostra para análise microbiológica

6.2.1 Coleta da amostra

� Técnicas assépticas devem ser utilizadas em todas as etapas;

� Deve-se proceder à limpeza e a desinfecção da embalagem do

alimento a ser analisado com álcool a 70%;

� A quantidade analisada do alimento é muitas vezes na faixa de 25g (ou

mL) 50g

� A mostra precisa ser homogeneizada com diluente apropriado, a

escolha do diluente depende do tipo do produto e dos microrganismos a serem

pesquisados;

� A homogeneização das amostras com o diluente pode ser feita em

liquidificadores ou homogeneizadores de laboratório, denominados stomacher.

6.2.2 Retirada da amostra

A operação de retirada da amostra deve ser efetuada, preferencialmente,

dentro de uma capela de fluxo laminar, ou próxima de um bico de Bunsen, com a

chama a meia altura.

Page 34: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

As embalagens devem ser desinfetadas antes de sua abertura que deverá

ocorrer de maneira asséptica. Amostras de alimentos líquidos devem ser retiradas

com pipeta estéril, e os alimentos sólidos ou semi-sólidos devem ser pesados

assepticamente.

6.2.3 Preparo das diluições

No preparo das diluições sucessivas, podem ser utilizados diversos

diluentes; solução salina-peptonada, salina a 0,85% ou água estéril e outros.

Para obtenção da diluição inicia (1/10) procede-se do seguinte modo:

a) Retirar assepticamente porções de 25g ou 25 mL da amostra, colocando–se em

homogeneizadores esterilizados ;

b) Adicionar 225 mL do diluente;

c) Homogeneizar por alguns minutos em velocidade reduzida, para não danificar as

células microbianas.

d) A partir da diluição inicial (1/10), proceder às diluições seguintes (1/100); (1/1000),

etc. (Anexo E).

6.3. Estimativa da população de coliformes totais, a 45ºC e Escherichia coli

através do número mais provável (NMP).

Tradicionalmente, as bactérias do grupo coliformes têm sido consideradas

como indicadoras de poluição fecal em alimentos e águas. São bastonetes gram

negativas, não esporuladas, de metabolismo aeróbio ou facultativo anaeróbio, da

família das Entenobacteriaceae. O grupo dos coliformes totais (CT) apresenta a

característica de fermentar a lactose com produção de gás dentro de 48 horas a

35ºC. Mais de 20 espécies de bactérias podem ser classificadas como coliformes,

originárias tanto do trato gastrintestinal do homem e de animais, como também de

outros ambientes.

O grupo de coliformes a 45ºC é formado pelos coliformes que fermentam

lactose, com produção de gás dentro de 24-48 horas, em temperatura de 45ºC,

normalmente em Caldo EC. Podem ser Citrobacter freundi, Enterobacter spp.,

(incluindo E. aerogenes e E. cloacae), Kleblsiella etc. Entretanto, Escherichia coli é a

única espécie cujo habitat é o trato gastrintestinal do homem e de animais.

Page 35: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Enterobacter, Klebsiella e Citrobacter podem desenvolver-se fora do trato intestinal,

tais como vegetais e solo.

Quando se determina à população dos coliformes a 45ºC, 90% corresponde

á população de Escherichia coli. A técnica mais usada nos laboratórios para

determinação de coliformes (totais e a 45ºC) é a do número mais provável (NMP)

dos tubos múltiplos, onde se estima quantitativamente este grupo, utilizando-se a

Tabela de Hoskins (Apêndice F). Outras técnicas são utilizadas para determinação

de coliformes como membrana filtrante e simplate.

6.3.1 Método Coliformes Totais

� Prova Presuntiva

Visa detectar a presença de microrganismos fermentadores de lactose,

especialmente o grupo coliforme. Células estressadas por tratamentos térmicos,

pelo congelamento ou outro motivo, podem ser recuperados nessa fase.

� Procedimento

Selecionar três diluições adequadas da amostra e inocular uma série de três

tubos de ensaio contendo, em cada tubo, 10 mL de Caldo Lauril Sulfato e tubos de

Durhan invertidos com cada uma das diluições decimais preparadas. Colocar, em

cada tubo com o Caldo Lauril, 1,0 mL de do inoculo. Incubar em estufa de

bacteriologia a 35-37ºC por 24 a 48 horas. Após as 48 horas, retirar os tubos de

ensaio da estufa. São considerados positivos aqueles que apresentarem turvação do

meio e presença de gás (bolhas de ar) no interior dos tubos de Durhan. Em seguida

contar o número de tubos positivos correspondentes a cada diluição (Apêndice G).

� Prova Confirmatória (Coliformes totais)

O meio utilizado, o Caldo Verde Brilhante Lactose Bile 2%, contém dois

inibidores (Bile e Verde Brilhante) do crescimento da microbiota acompanhante,

especialmente bactérias gram-positivas. Assim, a produção de gás nos tubos, nas

condições do teste, indica que houve desenvolvimento ou bactérias gram-negativas

que fermentaram lactose, características do grupo coliforme.

Page 36: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

� Procedimento

Riscar os tubos de ensaio positivos no Caldo Lauril Sulfato para os tubos de

Caldo Verde Brilhante a 35-37ºC por 24 a 48 horas. Os tubos positivos apresentam

turvação e formação de bolhas de gás nos tubos de Durhan. Anotar os resultados de

consulte a tabela para NMP (Número Mais Provável) para coliformes totais por

grama ou mL.

6.3.2. Coliformes a 45ºC

Para a qualificação dos coliformes a 45ºC risque os tubos de ensaio

positivos no Caldo Lauril Sulfato e/ou dos tubos positivo do Caldo Verde Brilhante

para os tubos de Caldo EC e coloque no banho-maria por 24 ou 48 horas. Os tubos

positivos apresentam positividade semelhante nos Caldo Lauril e Verde Brilhante.

Anotar os resultados consultando a tabela do NMP para coliformes a 45ºC por

grama ou mL.

6.3.2.1. Identificação de Escherichia coli

A partir de cada tubo de ensaio positivo com Caldo EC riscar (estriar) placas

de Petri para Agar EMB (Eosina Azul de Metileno) com auxilio de alça de níquel

cromo e incubar a 35ºC por 18 a 24 horas. Ter o cuidado de, durante a inoculação,

não colocar muito material da amostra, afim de não superlotar as placas,

proporcionando às colônias crescimento isolado, transcorrido este tempo, verificar o

crescimento de colônias com características de E. coli, ou seja, 2 a 3 cm de

diâmetro, com brilho metálico esverdeado ou com centro escuro (Apêndice H).

De cada placa correspondente a cada tubo, repicar de 2 a 3 colônias

características para tubo com Agar Triptona de Soja (TSA) inclinado e incubar por

18-24 horas a 35-37ºC. Efetuar em cada cultura em TSA, as provas bioquímicas:

IMViC -Indol, Vermelho de metila, Vogues-Proskauer e Citrato de Simmons).

Considerar a cultura positiva para E.coli, quando forem obtidos os seguintes

resultados para o IMViC (Tabela 1).

Page 37: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Tabela 1. IMViC.

OBS:

1- Outros testes bioquímicos podem ser adicionados, como os testes de

carboidratos e aminoácidos.

2- Tabela do NMP (Apêndice B).

6.3.3. Pesquisa de Salmonella spp.

Salmonella é um gênero da família Enterobacteriaceae, gram negativo, não

esporulado. Várias espécies são patogênicas ao homem e aos animais. Habitando o

trato intestinal de animais, Salmonella é eliminada pelas fezes. A possibilidade de

contato dessas fezes contaminadas com águas, superfícies e manipuladores, torna

iminente a sua veiculação por alimentos.

Existem vários métodos para o isolamento de Salmonella, nenhum é

completamente satisfatório para isolar todos os sorotipos presentes em qualquer

alimento. Eles compreendem as seguintes etapas: pré-enriquecimento,

enriquecimento seletivo, isolamento em agar seletivo e diferencial e seleção de

colônias suspeitas, com as quais realizam-se provas bioquímicas, sorologia e

fagotipagem, que definirão, finalmente, o sorotipo.

� Técnica de Análise

a) Pré-enriquecimento: Pesar 25 g ou medir 25 mL da amostra e adicionar 225mL de

Caldo Lactosado ou Água Peptonada Tamponada. Incubar a 35-37ºC por 24 horas.

b) Enriquecimento seletivo: Agitar o caldo pré-enriquecimento e inocular 0,1mL em

10mL do meio Rapapport e 1,0mL em 10mL do Caldo Tetrationato. Incubar os meios

a 37ºC e 42ºC/24 horas.

Page 38: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

c) Plaquemento em meio seletivo e diferencia l: Agitar os tubos de Caldo Rapapport

e Tetrationato e estriar uma alçada de cada cultura em placas nos seguintes meios

de cultura: Agar Hektoen, Agar Rambac e Agar XLD, identificando a origem das

culturas (Rapapport e tetrationato). Incubar as placas invertidas a 35ºC por 24 horas.

d) Seleção de colônias suspeitas: Transcorrido o período de incubação do

plaqueamento seletivo, observar as colônias suspeitas de Salmonella com auxílio de

manuais especializados (Apêndice I).

e) Provas bioquímicas de triagem: Transferir duas ou mais colônias suspeitas de

cada placa para tubos inclinados, contendo Agar TSI e LIA. Com auxílio de agulha

de inoculação, tocar levemente o centro da colônia, estriar na superfície inclinada

(ápice) do TSI e dar uma picada na base. Sem flambar a agulha, dar duas picadas

na base do meio LIA e estriar na superfície. Rotular os tubos, identificando a origem

das culturas e incubar a 35ºC por 24 horas.

Reações típicas de Salmonella nos tubos de TSI e LIA, são as seguintes:

� TSI → ápice alcalino (vermelho) e base ácida (amarela), com ou sem

produção de gás (bolha) e de H2S (escurecimento do meio).

� LIA → base alcalina (púrpura), a maioria produz H2S. Coloração

vermelho-tijolo no ápice do meio LIA não é tipo de Salmonella.

Submeter todas as culturas com reações típicas no meio LIA (base alcalina)

e/ou no meio TSI (alcalina/ácida) a testes bioquímicos e sorológicos. Descartar

apenas as culturas ápice/base ácidas no meio TSI e aquelas com base ácida no

meio LIA (Apêndice J).

� Provas bioquímicas de confirmação

� Teste da urease: Inocular com alça, tubos de ensaio com Caldo Uréia.

Incubar a 35ºC por 24 horas. Reação positiva: alteração da cor do meio para rosa

escuro, pela viragem alcalina do indicador. A maioria das cepas de Salmonella é

urease negativa (não altera a coloração do meio).

Page 39: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Para os testes posteriores, renovar as culturas urease negativas em meio

TSI inclinado e incubar a 35ºC por 24 horas.

� Teste de fermentação do dulcitol: Inocular uma alçada em tubos de

ensaio com Caldo Púrpura de Bromocresol com 0,5% de dulcitol. Incubar a 35ºC por

48 horas. Reação positiva: acidificação do meio (amarelo). Reação negativa:

coloração púrpura do meio. A maioria das cepas de Salmonella fermenta dulcitol.

� Teste de utilização do malonato: Inocular cultura para tubos de ensaio

com Caldo Malonato e incubar a 35ºC por 48 horas, mas examinar após 24 horas.

Incubar um tubo controle não inoculado. A maioria dos sorotipos de Salmonella é

malonato negativo (coloração verde). Malonato positivo (alteração de cor verde para

azul).

As culturas de Salmonella spp. apresentam o seguinte quadro:

Teste Resultado Citrato de Simmons + Malonato - Vermelho de meti la + Voges-Proskauer - Indol _ Urease - Lisina + Açúcares; lactose - Açúcares; gl icose + Açúcares; dulcitol + Moti l idade (meio SIM) +

6.3.4. Contagem de Bolores e Leveduras

Os bolores são fungos com estruturas filamentosas. As leveduras são fungos

unicelulares de forma esférica, ovóide, cilíndrica. Os fungos são talvez a causa mais

comum de deterioração de alimentos estocados em ambientes domésticos, além

disso, alguns bolores produzem micotoxinas.

Page 40: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Técnica de Análise

Retirar assepticamente 25g ou 25mL da amostra e preparar as diluições

sucessivas (10-1 a 10-3). Pipetar alíquotas de 1mL de cada diluição para placas de

Petri, fazendo de cada diluição placas em duplicatas. Adicionar a cada placa 15mL

do Agar batata dextrose, previamente fundido, resfriado a 45ºC e acidificado com o

ácido tartárico. Homogeneizar com movimentos em forma de oito. Deixar solidificar a

temperatura ambiente. Incubar as placas a 25ºC por 3 a 5 dias.

Para a contagem de bolores e leveduras em placas utilizando o Agar

Dicloran Rosa de Bengala Cloranfenicol (DRBC) alíquotas de 0,1 mL das diluições,

serão inoculadas na superfície das placas contendo o agar em duplicatas sendo

espalhadas com bastão em “L”. As placas inoculadas serão incubadas por 3 a 5 dias

à temperatura de 25° C .

Resultados

Após o período de incubação, considerar para contagem somente as

placas da mesma diluição que apresentarem de 30 a 300 colônias. Em seguida,

multiplicar a média das duas placas pelo fator de diluição correspondente,

expressando o resultado em Unidades Formadoras de Colônias por grama ou

mililitros (UFC/g ou mL) (Apêndice L).

6.3.5 Pesquisa de Clostrídos Sulfito Redutores

As bactérias do gênero Clostridium estão amplamente distribuídas na

natureza, podendo ser encontradas no solo, ar, poeira, água, alimentos e até no

trato intestinal do homem e de animais.

Estas bactérias têm sido freqüentemente associadas a surtos de DTAs,

quando uma população de, no mínimo 1 milhão de bactérias, contamina estes

alimentos.

A detecção de clostrídios sulfito redutores se faz por contagem em placas,

em meio contendo sulfito de sódio e sais de ferro, além de antibiótico. A redução de

sulfito, produzindo sulfeto, é detectada por sua reação com ferro, provocando o

aparecimento de colônias negras, dentre aquelas redutoras de sulfito. Podem ser

Page 41: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

utilizados dois meios seletivos, o Agar Seletivo Sulfito Polimixina Sulfadiazina (SPS)

e o Agar Triptose Sulfito Cicloserina (TSC) com emulsão de gema de ovo, usado

para plaqueamento em profundidade.

Uma outra bactéria sulfito redutora de grande importância é. C. botulinum

que, se presente, será igualmente detectada.

Muitos casos de surtos de toxinfecções relacionados a bactérias

produtoras de toxinas de elevada potência em conservas enlatadas têm sido

relatados.

A pesquisa de determinadas espécies, como C. perfringens ou C.

botulinum, se faz a partir da estimativa em meio de cultura, pela amostragem de

colônias suspeitas e pelas respectivas provas bioquímicas.

� Técnica de Análise

Pesar assepticamente 25g ou medir 25mL da amostra e preparar

diluições sucessivas. Pipetar alíquotas de 1mL de dada diluição em placas com Agar

(SPS) ou TSC, previamente fundido e resfriado a 50ºC. Após a absorção do inoculo,

adicionar uma sobrecamada cerca de 10mL do meio fundido e resfriado e permitir

mais uma vez a sua solidificação. Incubar em jarra anaeróbica a 46ºC por 24 horas

permitir mais uma vez a sua solidificação.

Contar o número total de colônias negras, observando o limite entre 20 e

200 colônias negras com ou sem halo por placa. Contar todas as colônias negras e

calcular a média das duas placas (Apêndice M).

� Confirmação das colônias típicas de Clostridium sulfito redutor

Selecionar várias colônias típicas e transferir para tubos de Caldo Infusão

Cérebro Coração (BHI), previamente desaerados. Incubar os tubos inoculados a

35ºC/24 horas, preparar um esfregaço da cultura para coloração de gram e utilizar o

caldo remanescente para teste de catalase.

� Teste de catalase

Adicionar ao tubo de BHI 1,0mL de peróxido de hidrogênio 3% e observar

se ocorre borbulhamento imediato (teste positivo) ou não (teste negativo). Os

clostrídios sulfito redutores são bastonetes gram positivos, catalase negativos.

Page 42: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

� Cálculo dos resultados

Considerar como confirmadas todas as culturas de bastonetes gram positivos

catalase negativos. Calcular o número de UFC/g ou mL em função do número de

colônias típicas, diluição inoculada e percentual de colônias confirmadas. Por

exemplo, para plaqueamento em profundidade, diluição 10-2, 25 colônias típicas, 10

submetidas à confirmação, 8 confirmadas (80%) � UFC/g ou mL = 2,5 x 102 x 0,8 =

2,0 x 103.

6.3.6. Contagem Padrão em Placas (CPP) de Microrganismos Aeróbios

Mesófilos Viáveis

O método da Contagem Padrão em Placas (CPP), estima o número de

células viáveis contidas em um alimento qualquer. Este método, não diferencia tipos

de bactérias, sendo utilizado para se obter informações gerias sobre a qualidade de

produtos, práticas de manufatura, matérias primas utilizadas, condições de

processamento, manipulação e vida de prateleira. Não é um indicar de segurança,

pois não estar diretamente relacionado à presença de patógenos ou toxinas.

Sua presença em grande número indica:

a) Matérias-primas excessivamente contaminadas;

b) Limpeza e desinfecção de superfícies inadequadas;

c) Higiene inadequada na produção;

d) Condições inadequadas de tempo/temperatura durante a produção ou

a conservação dos alimentos ou uma combinação destas circunstâncias.

As técnicas utilizadas para se quantificar as bactérias são: “Pour Plate”,

“Spread Plate”. O método CPP baseia-se na premissa de que cada célula viável,

isolada, homogeneizada em um meio sólido (agar), dará origem a uma colônia uma

vez que é teoria biológica que uma colônia provém de uma única célula microbiana.

Page 43: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

� Técnica de Análise

Retirar assepticamente 25g ou 25mL da amostra e preparar diluições

sucessivas. Pipetar alíquotas de 1mL de cada diluição para placa de Petri

esterilizadas. Adicionar a cada placa 15-20mL de Agar Padrão para Contagem,

previamente fundido e resfriado a temperatura de 45ºC. Homogeneizar em

movimentos suaves em forma de oito (cerca de dez vezes) e deixar a temperatura

ambiente, até a completa solidificação do agar. Após a solidificação, incubar as

placas em posição invertida a 35-37ºC/48 horas (Apêndice N).

� Resultados

Transcorrido o tempo de incubação, considerar para contagem, somente

as placas da mesma diluição que apresentarem de 30 a 300 colônias; o resultado

deve ser expresso seguindo a formula:

Nº de unidades formadoras de colônias/mL ou g = Nº de colônias x

diluição.

Sempre que quiser trabalhar com segurança, o método CPP exige o uso

de placas de Petri em duplicatas. Muitos erros podem ser cometidos na execução do

método: erros de pesagem, erros da amostra, erros na medida dos volumes dos

diluentes e nas alíquotas a serem distribuídas nas diluições, erros no espalhamento

do inoculo, contaminação nas operações e erros na homogeneização das amostras.

No resultado:

Contagem de bactérias = 36; Diluição = 10-3; Nº UFC = 36 x 103 UFC/g ou

mL ou 36000 = 3,6 x 104 UFC/g ou mL.

6.3.7. Atividade Antibacteriana do Mel pelo Método de KIRBY-BAUER (1966)

Este método tem por objetivo verificar a ação de substâncias

antimicrobianas no crescimento de bactérias.

A determinação da atividade antimicrobiana do mel será realizada frente

três bactérias patogênicas: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Proteus

mirabilis.

Page 44: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

� Procedimentos

1. Realizar o cultivo das cepas em caldo BHI (35°C/24h);

2. Semear alíquotas de 0,1ml da cultura sobre a superfície do Agar Mueller Hinton,

espalhando o inóculo com auxilio do swab (Figura 11).

3. Após a semeadura, os discos impregnados com 0,75µl do mel são colocados

sobre a superfície do agar inoculado e levemente pressionados com auxilio de uma

pinça (Figura 12).

4. Incubar as placas a 35°C pelo mínimo de 18 horas e máximo de 48 horas.

� Interpretação dos resultados

1. Observar as placas do antibiograma, verificando a presença ou ausência de halos

de inibição do crescimento em torno dos discos.

2. A zona clara de inibição (raio do halo de inibição) ao redor de cada disco é

medida em milímetros com auxílio de régua (Figura 13).

Figura 11. Semeadura da bactéria no Agar Muller Hinton

Page 45: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Figura 12. Deposição dos discos impregnados com o mel

Figura 13. Visualização da placa do teste de antibiograma

Page 46: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

7. REFERÊNCIAS

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Page 50: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

ANEXOS

ANEXO A – ANATOMIA INTERNA DA ABELHA

Page 51: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

ANEXO B – ABELHA NATIVA (Rainha)

Page 52: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

ANEXO C – TABELA DE CHATAWAY* - UMIDADE

Índice de refração a 20°C

Sólidos Solúveis %

Peso específico a 20°C

Umidade %

1,4844 79,0 1,3966 21,0 1,4849 79,2 1,3979 20,8 1,4853 79,4 1,3992 20,6 1,4858 79,6 1,4006 20,4 1,4862 79,8 1,4020 20,2 1,4866 80,0 1,4033 20,0 1,4871 80,2 1,4046 19,8 1,4876 80,4 1,4060 19,6 1,4880 80,6 1,4074 19,4 1,4885 80,8 1,4086 19,2 1,4890 81,0 1,4101 19,0 1,4895 81,2 1,4115 18,8 1,4900 81,4 1,4129 18,6 1,4905 81,6 1,4143 18,4 1,4910 81,8 1,4156 18,2 1,4915 82,0 1,4171 18,0 1,4920 82,2 1,4182 17,8 1,4925 82,4 1,4197 17,6 1,4930 82,6 1,4212 17,4 1,4935 82,8 1,4225 17,2 1,4940 83,0 1,4239 17,0 1,4945 83,2 1,4254 16,8 1,4950 83,4 1,4267 16,6 1,4955 83,6 1,4282 16,4 1,4960 83,8 1,4295 16,2 1,4965 84,0 1,4310 16,0 1,4970 84,2 1,4324 15,8 1,4975 84,4 1,4338 15,6 1,4980 84,6 1,4352 15,4 1,4985 84,8 1,4367 15,2 1,4990 85,0 1,4381 15,0 1,4995 85,2 1,4395 14,8 1,5000 85,4 1,4409 14,6 1,5005 85,6 1,4424 14,4 1,5010 85,8 1,4438 14,2 1,5015 86,0 1,4453 14,0 1,5020 86,2 1,4466 13,8 1,5025 86,4 1,4481 13,6 1,5030 86,6 1,4495 13,4 1,5035 86,8 1,4510 13,2 1,5040 87,0 1,4525 13,0

Page 53: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

ANEXO D – TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DA COR (ESCALA DE PFUND)

Cor Escala de Pfund Faixa de cor

Branco d’água 1 a 8 mm 0,030 ou menos

Extra branco mais de 8 a 17 mm mais de 0,030 inc. 0,060

Branco mais de 17 a 34 mm mais de 0,060 inc. 0,120

Extra âmbar claro mais de 34 a 50 mm mais de 0,120 inc. 0,188

Âmbar claro mais de 50 a 85 mm mais de 0,188 inc. 0,440

Âmbar mais de 85 a 114 mm mais de 0440 inc. 0,945

Âmbar escuro mais de 114 mm mais de 0,945 inc. ...

Page 54: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo E . Esquema das di luições sucessivas.

Diluição

Alimento (25g)

Homogeneizar

225mL de H2O peptonada, 0,85%

10-2 10-3

1mL

1mL

10-1

Page 55: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo F. Tabela do Número Mais Provável (NMP), para séries de três

tubos (NMP/g ou mL).

Número de tubos positivas nas diluições Número de tubos positivos nas diluições

10-1 10-2 10-3 NMP 10-1 10-2 10-3 NMP

0 0 0 3 2 0 0 9.1 0 1 0 3 2 0 1 14 0 0 2 6 2 0 2 20 0 0 3 9 2 0 3 26 0 1 0 3 2 1 0 15 0 1 1 6.1 2 1 1 20 0 1 2 9.2 2 1 2 27 0 1 3 12 2 1 3 34 0 2 0 6.2 2 2 0 21 0 2 1 9.3 2 2 1 28 0 2 2 12 2 2 2 35 0 2 3 16 2 2 3 42 0 3 0 9.4 2 3 0 29 0 3 1 13 2 3 1 36 0 3 2 16 2 3 2 44 0 3 3 19 2 3 3 53 1 0 0 3.6 3 0 0 23 1 0 1 7.2 3 0 1 39 1 0 2 11 3 0 2 64 1 0 3 15 3 0 3 95 1 1 0 7.3 3 1 0 43 1 1 1 11 3 1 1 75 1 1 2 15 3 1 2 120 1 1 3 19 3 1 3 160 1 2 0 11 3 2 0 93 1 2 1 15 3 2 1 150 1 2 2 20 3 2 2 210 1 2 3 24 3 2 3 290 1 3 0 16 3 3 0 240 1 3 1 20 3 3 1 460 1 3 2 24 3 3 2 1100 1 3 3 29 3 3 3 2400

Page 56: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo G. Enumeração de coliformes totais e a 45ºC.

1ml 1ml 1ml

10-1 10-2 10-3

Caldo Lauryl (CL)

ESTUFA 35ºC/24-48h

2 alçadas

Teste Confirmativo coliformes a 45ºC

(Caldo E.C.)

2 alçadas

Teste Confirmativo coliformes totais

(Caldo VB)

BANHO-MARIA 45ºC/24h

ESTUFA 35ºC/24-48h

Gás (+) Presença de

coliformes a 45ºC

Gás (-) Ausência de

coliformes a 45ºC

Gás (+) Presença de

coliformes totais

Gás (-) Ausência de

coliformes totais

TESTE BIOQUÍMICO Teste API-20E

Page 57: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo H. Identif icação de Escherichia col i.

Agar Eosina Azul de Metileno (Agar EMB) com crescimento de E. coli .

Isolamento em Agar Tripcase Soja (Agar TSA)

Caldo E.C., presença de gás (+) para coliformes a 45ºC.

INDOL

E. coli (+)

Série Bioquímica

Page 58: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo I. Pesquisa de Salmonella spp.

Estrias

225ml de Água Peptonada Tamponada

ESTUFA A 35ºC/24 horas

ENRIQUECIMENTO

0,1mL 1mL

10mL de Caldo Tetrationato

10mL de Caldo Rapapport

ESTUFA A 35ºC/24 horas

Agar Tripcase Soja

Testes Bioquímicos

Agar Hektoen Agar Rambach

INCUBAÇÃO 35ºC/24H

ALIMENTO 25g ou 25ml

Page 59: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo J . Identif icação de Salmonella spp.

Citrato de Simmons

Uréia Agar LIA Agar TSI

a Testes Preliminares ( 1 Etapa )

Vogues - Proskauer Vermelho de Metila

Indol

Testes Finais ( 2 a Etapa )

Fermentação de Lactose Fermentação de Sacarose Caldo Malonato

Page 60: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo L. Contagem de Bolores e Leveduras.

225ml solução salina estéril

Agar Batata Dextrose adicionado Ácido Tartárico

9 ml sol. salina

1ml

10-2 10-3 10-4 10-1

1ml 1ml

1ml 1ml 1ml 1ml

ALIMENTOS 25g ou 25 ml

ESTUFA B.O.D. 25ºC/ 5 dias

Contagem das placas que contenham entre 30 e 300 colônias (UFC/g ou ml)

Page 61: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo M. Contagem de Clostr idium spp.

Contagem das colônias típicas de Clostridium spp. em Agar SPS

Isolamento em Agar Tripticase Soja (Agar TSA)

1ml 1ml 1ml 1ml

9 ml sol. salina 1ml

225ml solução salina estéril

10-2 10-3 10-4 10-1

1ml 1ml ALIMENTO 25g ou 25ml

ESTUFA 46ºC/48 horas (Em Anaerobiose)

TESTES BIOQUÍMICOS

Page 62: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel

Anexo N. Esquema da técnica de análise de Contagem Padrão em

Placas de bactérias mesófi las.

1mL

1mL 1mL Amostra

(25g)

10-2

10-3

10-4

10-1

1mL 9 mL sol.

salina 0,85% NaCl

225mL solução

salina estéril

Plate Count

Agar (PCA) 1mL 1mL 1mL

Incubação 37ºC/48h

Contagem das placas contendo

30 a 300 colônias

Page 63: Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas de Mel