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Psicologia e Educação 77 Vol. V, nº 1, Jun. 2006 Análise psicométrica de um questionário de interesses vocacionais baseado na teoria de Holland José Manuel Tomás da Silva* Resumo: Os interesses encontram-se entre as variáveis personológicas mais investigadas pela Psicologia Vocacional. No nosso país, porém, não dispomos ainda de um número significativo de procedimentos de medida dos interesses que estejam devidamente validados para a nossa realidade cultural e social. O objectivo deste trabalho é o de apresentar os resultados preliminares de uma investigação que procurou desenvolver e validar um questionário de interesses vocacionais junto de uma amostra de 678 jovens do 10º e 11º anos de escolaridade. Em primeiro lugar, apresentamos o modelo teórico RIASEC (Holland, 1997) em que assenta a planificação do questionário e que serviu de base à elaboração dos itens. De seguida, apresentam-se os principais resultados das análises efectuadas ao nível das respostas aos itens, quer através das análises clássicas de fiabilidade, quer recorrendo ao método de análise factorial. As análises efectuadas permitiram obter resultados moderadamente satisfatórios. Se, por um lado, consegui- mos alcançar valores aceitáveis de consistência interna para as respostas aos itens, por outro, apenas foi obtido um grau de ajustamento medíocre dos itens ao modelo dimensional hipotético com seis factores. Por fim, discutem-se as áreas de investigação futuras prioritárias para a melhoria do questionário. Palavras-Chave: Interesses vocacionais; Teoria de Holland; Ensino Secundário. Psychometric analysis of a vocational interests questionnaire based on Holland´s theory Abstract: Vocational interests are among the personological variables most researched in Vocational Psychology. In our country, however, we don’t have at our disposal a significant number of measurement procedures within the interest domain adequately validated to our cultural and social reality. The main goal of this study is to present the preliminary results of a research project concerning the development and validation of a vocational interests questionnaire carried out with a sample of 678 high school students (attending the 10 th and 11 th grades). Firstly, in this paper we’ll present the RIASEC theoretical model (Holland, 1997), which is the framework for the design of the questionnaire and the source of inspiration for the elaboration of its items. Afterwards, we’ll present the major results from the analyses that were performed on the item responses, via the use of both the classical procedures of reliability analysis and the methods of factorial analysis. These analyses revealed moderately satisfactory results: acceptable values of internal consistency on the target scales were obtained, even if the items only revealed a mediocre degree of goodness-of-fit with the hypothesized six factors dimensional model. Finally, future research priorities to improve the questionnaire are discussed. Key-Words: Vocational interests; Holland’s theory; Secondary education. _______________ * Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Rua do Colégio Novo – Apartado 6153 – 3001-802 Coimbra (Portugal). E-mail: [email protected]

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Psicologia e Educação 77

Vol. V, nº 1, Jun. 2006

Análise psicométrica de um questionário de interesses vocacionaisbaseado na teoria de HollandJosé Manuel Tomás da Silva*

Resumo: Os interesses encontram-se entre as variáveis personológicas mais investigadaspela Psicologia Vocacional. No nosso país, porém, não dispomos ainda de um númerosignificativo de procedimentos de medida dos interesses que estejam devidamentevalidados para a nossa realidade cultural e social. O objectivo deste trabalho é o deapresentar os resultados preliminares de uma investigação que procurou desenvolvere validar um questionário de interesses vocacionais junto de uma amostra de 678 jovensdo 10º e 11º anos de escolaridade. Em primeiro lugar, apresentamos o modelo teóricoRIASEC (Holland, 1997) em que assenta a planificação do questionário e que serviude base à elaboração dos itens. De seguida, apresentam-se os principais resultadosdas análises efectuadas ao nível das respostas aos itens, quer através das análises clássicasde fiabilidade, quer recorrendo ao método de análise factorial. As análises efectuadaspermitiram obter resultados moderadamente satisfatórios. Se, por um lado, consegui-mos alcançar valores aceitáveis de consistência interna para as respostas aos itens,por outro, apenas foi obtido um grau de ajustamento medíocre dos itens ao modelodimensional hipotético com seis factores. Por fim, discutem-se as áreas de investigaçãofuturas prioritárias para a melhoria do questionário.Palavras-Chave: Interesses vocacionais; Teoria de Holland; Ensino Secundário.

Psychometric analysis of a vocational interests questionnairebased on Holland´s theory

Abstract: Vocational interests are among the personological variables most researchedin Vocational Psychology. In our country, however, we don’t have at our disposala significant number of measurement procedures within the interest domain adequatelyvalidated to our cultural and social reality. The main goal of this study is to presentthe preliminary results of a research project concerning the development and validationof a vocational interests questionnaire carried out with a sample of 678 high schoolstudents (attending the 10th and 11th grades). Firstly, in this paper we’ll present theRIASEC theoretical model (Holland, 1997), which is the framework for the designof the questionnaire and the source of inspiration for the elaboration of its items.Afterwards, we’ll present the major results from the analyses that were performedon the item responses, via the use of both the classical procedures of reliability analysisand the methods of factorial analysis. These analyses revealed moderately satisfactoryresults: acceptable values of internal consistency on the target scales were obtained,even if the items only revealed a mediocre degree of goodness-of-fit with the hypothesizedsix factors dimensional model. Finally, future research priorities to improve thequestionnaire are discussed.Key-Words: Vocational interests; Holland’s theory; Secondary education.

_______________* Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Rua do Colégio

Novo – Apartado 6153 – 3001-802 Coimbra (Portugal). E-mail: [email protected]

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Introdução

Transcorridos quase cem anos de inves-tigação sistemática, sobre o comportamen-to de escolha e de ajustamento vocacionais,pode afirmar-se com segurança que ointeresse (estado) e, sobretudo, os interes-ses (enquanto disposições ou traços depersonalidade) estão entre as característi-cas da individualidade que mais influen-ciam o grau de adequação pessoa-ambi-ente (e.g., Hall, 2002; Hansen, 2005).Como refere Savickas (1999, p. 19) existeuma abundante literatura sobre a medidados interesses vocacionais que, geralmen-te, contempla aspectos relativos à “cons-trução, validação, e interpretação de es-calas psicométricas que operacionalmentedefinem os interesses vocacionais.” Comefeito, pode-se comprovar com facilidadeque a medida dos interesses vocacionaisconstitui um tópico frequentemente con-templado nos principais manuais de ava-liação psicológica (e.g., Anastasi, 1990;Cohen & Swerdlik, 2002; Friedenberg,1995; Murphy & Davidshofer, 2005), o quefaz que a avaliação dos interessesvocacionais constitua o domínio da Psi-cologia Vocacional que mais tem contri-buído para o campo das ciências psico-lógicas. O inventário ou questionário deinteresses vocacionais é, igualmente, o“cavalo de trabalho” do psicólogo deaconselhamento de carreira, estimando-seque vários milhões deste tipo de inven-tários sejam administrados anualmente nosEUA, país onde a indústria do testing estáperfeitamente consolidada (Silva, 2002).Apesar do imenso número de estudosempíricos sobre os interesses vocacionaise dos numerosos documentos que teste-munham a sua ampla utilização na inter-venção de carreira, alguns dos autores quetêm procurado delinear uma verdadeira psi-cologia dos interesses (e.g., Abreu, 1986;

Dawis, 1991; Savickas, 1999) continuama lamentar a inexistência de uma respostacompleta e definitiva para a questão cru-cial da definição, quer do conceito deinteresse (estado psicológico), quer dosinteresses (traço de personalidade). Semnos determos nesta importante matéria, eseguindo na esteira da análise essencialrealizada por Savickas (1999) sobre asdefinições e determinantes do interessecomo estado e dos interesses vocacionaiscomo traços adoptamos, neste trabalho, asua posição, de que perspectivados comouma disposição da personalidade, “osinteresses indicam um grupo homogéneode interesses específicos que formam umatendência de resposta disposicional con-sistente, persistente e estável, que aumentaa prontidão de alguém para prestar aten-ção e para agir sobre um grupo particularde estímulos ambientais” (Savickas, 1999,p. 51). Como demonstrou Savickas (1999)esta resposta de orientação pode ser ana-lisada segundo parâmetros distintos masinterrelacionados: força do hábito (forçaabsoluta necessária para a activação dadisposição), força relativa, e grau de auto-consciência da disposição. A abordagempsicométrica dos interesses vocacionaistem-se preocupado, fundamentalmente,com o segundo parâmetro ou vector re-ferido – i.e., a força relativa da orientaçãoou do traço. De facto, este parâmetro possuiuma relevância especial para os psicólo-gos vocacionais, uma vez que estes estãoprincipalmente interessados em determinara predominância relativa de diferentesorientações do sujeito para distintos ob-jectos, pessoas ou actividades. De acordocom Savickas (1999, p. 51), “uma dispo-sição revela a sua força relativa nas pre-ferências por actividades – isto é, nacompetição com outros interesses para aexpressão comportamental. A força rela-tiva dos interesses pode ser medida cominventários de interesses.”

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O estudo psicométrico dos interessesvocacionais, através da construção deinventários, teve o seu início durante osanos vinte do século passado, destacando-se neste empreendimento a obra pioneirae notável a vários títulos de Edward K.Strong, Jr. Este investigador em 1927publicou a primeira versão do teste quecontempla o seu nome, o Strong VocationalTest Blank (SVIB). A versão mais recentedeste instrumento, denominada de StrongInterest Inventory (SII), foi publicada em1994, o que faz que o SII seja, entre osinstrumentos de avaliação dos interessesvocacionais actualmente disponíveis, omais antigo e, concomitantemente, aqueleque se tem mantido durante mais tempoem uso contínuo (Hansen, 2000). O SII,com 317 itens, 6 escalas de TemasOcupacionais Gerais (GeneralOccupational Themes, GOT), 25 escalasde Interesses Básicos (Basic Interest Scales,BIS), 211 escalas Ocupacionais(Occupational Scales, OS), 4 escalas deestilos pessoais (Personal Styles Scales) ealguns índices administrativos, constitui oexpoente máximo e o exemplo mais elo-quente dos resultados formidáveis que setornaram possíveis graças aos avanços edesenvolvimentos propiciados pelo movi-mento psicotécnico no decurso do séculovinte.Todavia, a sofisticação e complexidadeinerente à computação das pontuações dossujeitos nas distintas escalas em testescomo o SII (computação que geralmenteimplica o recurso a meios informáticos ea sistemas e chaves de resposta apenasdetidas pelos proprietários dos testes),constituem um factor que outros autoresprocuraram contornar, construindo versõesmais simples e teoricamente fundamenta-das de inventários de interesses. O melhorexemplo desta abordagem alternativa deconstrução de instrumentos de avaliação

pode encontrar-se na obra de John Holland(e.g., 1958, 1994). O Self-Directed Search(SDS), construído na década de setenta,é único entre os inventários de interesses,devido a um conjunto de qualidades es-peciais (Spokane & Catalano [2000],baseando-se em Reardon [1996]): “(a)sistema de organização baseado numateoria, (b) a natureza auto-dirigida dosmanuais que acompanham o inventário –o SDS não requer a electrónica, e oprocesso de correcção é transparente parao utilizador, portanto tornando-se em simesmo uma intervenção informativa, (c)a crescente base de estudos que examinama sua “utilidade funcional” ou efeitosterapêuticos, e (d) o seu custo modesto”(p. 339). Embora todas as característicasreferidas sejam importantes, a primeira foidecisiva para o sucesso e popularidade do“método de Holland” de avaliação dosinteresses. O próprio SII, na década de 70(revisão de 1974), passou a integrar a teoriade Holland dos tipos vocacionais (Holland,1997) com o empirismo (ateórico) dasescalas ocupacionais (heterogéneas) queconstituem a imagem de marca do Strong.A simplicidade inerente à construção deescalas de interesses baseadas na teoriatipológica RIASEC (contemplando os ti-pos Realista, Intelectual, Artístico, Social,Empreendedor e Convencional), por suavez, permite-nos entender porque existemtantas versões “clones” da tipologia numtão grande número de países.Em Portugal, como referiu Silva (2005),o domínio da medida dos interessesvocacionais não está tão desenvolvidoquanto outras áreas da avaliação de car-reira, como por exemplo, a da avaliaçãoda inteligência e das aptidões cognitivasespecíficas. Ainda que milhares de inven-tários de interesses vocacionais sejamadministrados anualmente nos Serviços dePsicologia e de Orientação (SPO’s) nacio-

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nais, os instrumentos disponíveis para oexame dessa variável são escassos (vide,por exemplo, Leitão & Miguel, 2004;Teixeira, 2004a) e, além disso, não é certoque todos eles reúnam as característicasmetrológicas desejáveis para os fins alme-jados (Silva, 2005).Este trabalho tem por objectivo fazer aprimeira apresentação do Questionário deInteresses Vocacionais (QIV). O QIV, nestafase, é um instrumento de medida expe-rimental dos interesses construído de raizpara a cultura Portuguesa, embora, doponto de vista conceptual esteja alicerçadona teoria das personalidades vocacionaise dos ambientes profissionais de Holland(1997). O QIV foi construído no âmbitode um projecto mais amplo, proposto aoabrigo do protocolo estabelecido entre aFaculdade de Psicologia e de Ciências daEducação da Universidade de Coimbra,através do seu Núcleo de OrientaçãoEscolar e Profissional (NOEP) e a Direc-ção-Geral de Formação Vocacional doMinistério da Educação (DGFV), com afinalidade de conceber, organizar, imple-mentar e avaliar um programa interactivoon-line de exploração vocacional paraalunos do 3º ciclo do ensino básico –especialmente para alunos dos 7os e 8os anosde escolaridade. Para alcançar os objec-tivos sugeridos a equipa de investigadoresdo NOEP propôs, apoiando-se numa ex-tensa análise bibliográfica sobre o desen-volvimento vocacional na infância e ado-lescência, que fosse desenvolvida umaferramenta multimédia que permitisse queos jovens realizassem, simultaneamente,uma exploração e clarificação dos interes-ses e dos sentimentos de auto-eficácia(competências percebidas), relativamente auma mesma amostra de indutoresvocacionais (fotografias de distintas pro-fissões). Paralelamente ao desenvolvimen-to da versão com imagens profissionais foi

construída uma versão de tipo papel-e-lápis– o Questionário de Interesses e Compe-tências Vocacionais (QICV) – com o intuitode tornar mais fácil a recolha de informa-ções de campo sobre os interesses e a auto-eficácia de estudantes matriculados emdistintos cursos do ensino secundário eprofissional. No restante deste trabalhovamos apenas referir-nos à componente doQICV, dedicada à avaliação dos interessesvocacionais. O questionário que aqui éproposto diferencia-se dos actualmenteexistentes em Portugal (e.g., Cruz, 2001;Ferreira & Hood, 1995; Taveira, Nunes,Mesquita, Alves, & Milhazes, 1995;Teixeira, 2004b), em diversos parâmetrosmas, fundamentalmente, porque se preten-de posicionar como uma medida breve,fiável e válida das seis disposições domodelo de Holland (1997).

Método

AmostraO instrumento completo foi administradoa 678 jovens, de ambos os sexos, do 10ºe 11º anos de escolaridade. Do conjuntoda amostra, 49.7% dos sujeitos são rapa-zes (n=337) e os restantes raparigas(50.3%, n=341). A média na variável idade,para o conjunto da amostra, é de 16.48anos (desvio-padrão de 1.45 anos). A curvada distribuição, nesta variável, é assimétricapositiva, uma vez que aproximadamente2% dos participantes reportaram idadessuperiores a 20 anos. Nesta descriçãopreliminar resta-nos referir que foramrealizadas observações em 24 cursos dis-tintos (provenientes de Cursos Científico-Humanísticos, Tecnológicos e Profissio-nais), embora o número de sujeitos queresponderam ao questionário seja muitovariável de curso para curso (os efectivosvariam entre 63 alunos do curso de Ciên-

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cias Sociais e Humanas e apenas 6 do cursode Vidro Artístico).Para efeitos do presente estudo foi obtida,com base em procedimentos aleatórios,uma sub-amostra composta por 300 par-ticipantes (amostra de ensaio), tendo-sereservado os restantes elementos (N=378)para estudos de validação posteriores. Aamostra de ensaio integra 151 rapazes(50.3%) e 149 raparigas (49.7%), sendoa média da idade, para o conjunto dosparticipantes, de 16.7 anos (desvio padrãode 1.4 anos). Oitenta e um (27%) dosrespondentes frequentavam o 10º ano e osrestantes 219 (73%) estavam matriculadosno 11º ano de escolaridade. Todos os 24cursos observados inicialmente estão igual-mente representados na amostra de ensaio,embora com quantitativos que variamamplamente (o curso de Artes Visuais com30 alunos (10%) é o agregado mais nu-meroso, enquanto o curso profissional deArtes do Vidro com 3 alunos (1%) repre-senta o menor conjunto observado). Umaanálise comparativa das proporções obser-vadas desta amostra com aquelas registadaspara a amostra completa permite-nos,porém, concluir que os valores são bas-tante similares (para os exemplos referi-dos acima os valores na amostra geral são,respectivamente, 7.5% e 0.9%).

InstrumentoO Questionário de Interesses Vocacionais(QIV) foi construído com base na teoriado ajustamento pessoa-ambiente deHolland. A teoria de Holland (1997) as-senta numa ideia simples, mas de grandepotencial heurístico: os interessesvocacionais são expressões ou manifesta-ções da personalidade dos indivíduos.Donde, os inventários de interesses, comos seus indutores vocacionais (frequente-mente títulos de profissões), serem basi-camente instrumentos de personalidade e,

consequentemente, meios úteis para sedescreverem as disposições fundamentaisda personalidade dos indivíduos (e.g., tipode pessoa que são, quais as actividadesprofissionais e não vocacionais preferidas,quais os principais valores e objectivos devida que desejam prosseguir, etc.). Formal-mente a teoria pode sintetizar-se atravésde quatro premissas básicas e de outrascinco assunções suplementares. Comopremissas ou pressupostos fundamentais dateoria teremos que considerar os seguintesaspectos (Holland, 1997): (1) A maioriadas pessoas pode ser classificada em funçãodo seu grau de semelhança com os seistipos de personalidade seguintes: realista,investigador, artístico, social, empreende-dor e convencional (a primeira letra de cadaum destes Tipos permite configurar oacrónimo, segundo o qual a teoria éconhecida internacionalmente: RIASEC).Estes tipos podem conceber-se mais ade-quadamente como modelos ou tipos teó-ricos que descrevem um indivíduo ou comos quais os indivíduos podem ser compa-rados. Cada tipo de personalidade possuium conjunto característico de atitudes ehabilidades que usa para responder aosproblemas encontrados nos ambientes, ecada um incorpora preferências diferenci-adas acerca de actividades vocacionais ede lazer, objectivos e valores de vida,crenças acerca de si mesmo e estilo deresolução de problemas. O tipo com quea pessoa se assemelha mais é o seu tipode personalidade. Por sua vez o seu graude semelhança com cada um dos seis tiposconstitui o seu padrão de personalidade;(2) Os ambientes onde as pessoas vivempodem ser igualmente classificados emfunção da sua semelhança com seis tiposde ambientes RIASEC. Cada um delescaracteriza-se pela dominância de um dadotipo de personalidade e comporta carac-terísticas físicas ou outras que lhe são

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próprias; (3) A terceira assunção da teoriade Holland está em correspondência como elemento essencial das teorias interactivasda pessoa-ambiente, nomeadamente, que aspessoas procuram os ambientes que lhespermitam fazer uso das suas habilidadese capacidades, exprimir as suas atitudese valores, e assumir os problemas e ospapéis que lhes são convenientes. Estefacto reflecte a assunção de que “pássarosda mesma espécie voam juntos”; (4) Aquarta assunção é a de que a interacçãoentre a pessoa e o ambiente determina ocomportamento do indivíduo. Se os am-bientes correspondem ao tipo de persona-lidade da pessoa, estas sentir-se-ão refor-çadas e satisfeitas e, portanto, conduzirãoa padrões comportamentais estáveis eprevisíveis. A pessoa experimentará, nessacondição, sucesso e satisfação no empre-go, e por sua vez, contribuirá com sucessopara o ambiente de trabalho. Se o tipo eo padrão de personalidade e o ambientede trabalho não constituírem um empare-lhamento significativo, então como resul-tado ocorrerão mudanças e insatisfação.Como corolário, diríamos que as pessoasinfluenciam e transformam a natureza dosempregos e dos ambientes de trabalho, evice-versa.Para além das assunções fundamentaisreferidas, a teoria postula igualmente aoperação de cinco pressupostos comple-mentares: congruência, consistência, dife-renciação, identidade e cálculo (estasnoções aplicam-se tanto às pessoas comoaos ambientes). Para articular estas noções,Holland dispôs os seis Tipos de persona-lidade (e, da mesma forma, para osambientes profissionais) em cada uma dasarestas de um hexágono equilátero (Asletras RIASEC dispõem-se no hexágonopela ordem apresentada, no sentido dosponteiros do relógio, colocando-se o tipoR na aresta superior esquerda).

Os itens do QIV foram escritos, adoptan-do o procedimento de construção racional,tendo por modelo as características psico-lógicas distintivas de cada um dos tiposde Holland (1997, pp. 21-28). Por exem-plo, o tipo Realista, é composto por pessoascom capacidades mecânicas e atléticas, quegostam de trabalhar ao ar livre, comferramentas e objectos e que, geralmente,preferem lidar com coisas mais do que compessoas. Como profissões típicas de pes-soas realistas temos os electricistas e osmecânicos.A redacção dos itens do quadro 4 tomoucomo ponto de partida os retratos psico-lógicos elaborados por Holland e adoptan-do como base da amostragem de títulosprofissionais a monografia sobre a Clas-sificação Nacional de Profissões (IEFP,1994). Desta última referência seleccioná-mos 60 profissões (10 para cada um dosseis tipos de Holland) que fossem, simul-taneamente, representativas das saídasprofissionais pós 9º ano e tanto quantopossível expressivas dos distintos níveis deformação realizáveis.Considerando que o instrumento poderá seraplicado a alunos desde o 7º ano deescolaridade, julgamos conveniente incluira seguir ao título profissional uma curtadescrição verbal das principais tarefascontempladas nessa profissão. No Quadro1 apresentamos alguns exemplos de itenspara cada uma das escalas do QIV.Para cada um dos itens o participante podeescolher uma de cinco alternativas deresposta: 1 – Não gosto nada; 2 – Gostopouco; 3 – Gosto moderadamente; 4 –Gosto bastante; 5 – Gosto muitíssimo.Decidiu-se usar uma escala ordenada comcinco pontos de forma a conceder aosrespondentes um maior leque de oportu-nidades de resposta e, concomitantemente,conseguir capturar uma maior gama devariação nas disposições avaliadas. O leque

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das pontuações por escala pode, destamaneira, situar-se entre 10 (mínimo inte-resse) e 50 (máximo interesse).

Resultados

Nesta secção apresentamos um sumário dainformação psicométrica obtida com basenas respostas ao QIV, em quatro camposprincipais: (1) comportamento/performancegenérica dos itens, (2) consistência dasrespostas (fiabilidade) nas seis escalasformuladas a priori, (3) investigação dediferenças nos seis tipos de interessesvocacionais em função do sexo e, (4)análise exploratória da estrutura factorial(dimensionalidade) das respostas na tota-lidade dos itens propostos. Evidentemen-te, (1) e (2) dizem respeito à análiseclássica dos itens (incluindo a fiabilidade)e (3) e (4) ao exame da validade deconstructo das respostas ao instrumento.Uma vez que o QIV foi construído combase nos pressupostos do modelo dos seistipos de personalidade de Holland (1997),as estatísticas que apresentamos de segui-

da estão organizadas em função de cadauma das escalas propostas para o instru-mento.O Quadro 2 reúne uma série de informa-ções acerca de um conjunto de parâmetrostradicionalmente considerados relevantespara aferir o comportamento, ou modo defuncionamento, dos itens incluídos numamedida psicopedagógica. Em particularretemos para discussão e apresentaçãoestatísticas acerca da tendência central edispersão das respostas nos itens (e.g.,médias e variâncias dos itens por escala),tendência central (mediana [Md]) e dis-persão (primeiro [Q1] e terceiro [Q3]quartil) das correlações item-total(corrigidas) por escala e, valor do coefi-ciente alfa [α] de Cronbach para o con-junto dos itens (n=10) que integram as seisescalas.As médias e as variâncias para cada sub-conjunto de itens assumem valores acei-táveis face ao tipo de escala com cincopontos que foi utilizado para obter asrespostas dos estudantes. A análise dopadrão de correlações item-total corrigidas(i.e., excluindo o próprio item do cálculo)

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podem também considerar-se, do ponto devista psicométrico, como bastante adequa-das para a maioria dos itens incluídos nasescalas do QIV. Esta conclusão permaneceverdadeira mesmo quando consideramos osvalores mínimos registados para este tipode estatística (estes valores não aparecemno Quadro 2).Neste caso, com uma excepção (item Social7 – Preparador/a Físico/a), cujo coefici-ente de correlação item-total é .08, todosos restantes valores mínimos oscilam entre.21 e .34. Os coeficientes de consistênciainterna, como pode ver-se no Quadro 2,apresentam todos magnitudes superiores ouiguais a .74, demonstrando, apesar dopequeno número de itens por escala, queos itens permitem obter respostas com umgrau de fiabilidade aceitável para os finspretendidos com a medida.

A questão relativa à aplicação justa adistintos grupos e populações de instru-mentos de avaliação psicológica, tem sidoum assunto amplamente investigado edebatido pelos autores de medidas deinteresses vocacionais, especialmente noque diz respeito à sua equidade e justiçapara ambos os sexos. Para além dos inú-meros aspectos científicos, técnicos, filo-sóficos e éticos envolvidos nesta matéria,a análise das diferenças sexuais nas dis-posições de interesses possui igualmenteuma componente eminente prática que nãoimporta descuidar e que tem implicaçõesevidentes para a construção das normas dosresultados para o instrumento. No Quadro3 apresentamos as médias, os desviospadrão, a estatística do teste t de Studente correspondente significância estatística,para os seis contrastes efectuados nos seis

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tipos de interesses vocacionais avaliadospelo QIV.Analisando os resultados inseridos noQuadro 3 verificamos que os rapazes, emmédia, obtêm pontuações mais elevadasque as raparigas em duas escalas, todavia,somente diferença registada para os inte-resses de tipo Realista pode ser conside-rada estatisticamente significativa (Magni-tude do Efeito[ME]/Effect size [ES]=.71).As raparigas, por sua vez, revelam possuirinteresses mais elevados que os rapazesnas escalas que avaliam o tipo Artístico(ME=.38) e Social (ME=.75). SegundoCohen (1988) as ME para os contrastesnos interesses Realistas e Sociais podemser adjectivadas como moderadas altas,enquanto que a registada para os interes-ses Artísticos é apenas pequena.A matriz de correlações entre os 60 itensdo QIV foi submetida a uma análisefactorial exploratória, depois de termoscomprovado, através do teste deesfericidade de Bartlett (p<.001) e damedida KMO (>.85), que a mesma eraadequada para a realização deste métodode estatística multivariada. Tendo recorri-do ao método de componentes principaispara realizar a extracção dos factores,foram extraídos inicialmente 14 com ra-ízes, ou valores próprios superiores a 1(critério de Kaiser), que explicavam,aproximadamente, 66% da variância total.Este número está muito acima daquele queteoricamente esperávamos encontrar (nes-te caso seis). Para podermos interpretar osignificado psicológico de cada factor, amatriz inicial foi submetida ao método derotação Varimax com normalização deKaiser (rotação ortogonal). O padrão desaturações obtido (i.e., as correlações dositens nos factores) é, geralmente, confuso,não permitindo discernir o modelo decorrelações esperado. Mesmo quandoapenas são consideradas como salientes as

saturações, ou cargas factoriais, com va-lores superiores a .30 (valor absoluto),verificámos que vários itens possuem umaestrutura factorial complexa (i.e.,correlacionam com mais de um factor) e,em geral, tendem a agrupar-se com itensque teoricamente pertencem a uma tendên-cia psicológica distinta da postulada.Uma vez que vários dos factores extraídosno final da solução apenas possuem umnúmero reduzido de cargas salientes, efec-tuámos uma segunda análise em que onúmero de factores foi restringido aoteoricamente esperado (seis dimensões deinteresses). Esta análise revelou-se, igual-mente, infrutífera já que o padrão de cargasnos factores não se aproximou de formaclara e evidente do modelo esperado,embora, neste caso a condensação operadapelo método estatístico já possua algumainterpretabilidade psicológica. Por exem-plo, os itens de tipo Social aparecendomaioritariamente junto de itens dos tiposArtístico e Empreendedor. Em todo caso,a conclusão que se impõe face aos resul-tados alcançados com estas análises é ade que há um ajustamento medíocre dosdados ao modelo hipotético que guiou aconstrução do instrumento.

Discussão e conclusões

O instrumento que apresentámos nestetexto, um questionário para medir os seistipos de interesses vocacionais postuladosna teoria de Holland (1997), surge noâmbito de um projecto mais lato queprocura avaliar o valor incremental daanálise concomitante dos interesses e daauto-eficácia vocacional, na promoção daexploração do auto-conceito vocacional dejovens. Apesar de em Portugal já existi-rem instrumentos de análise dos interessesvocacionais similares ao que aqui propo-

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mos (e.g., Ferreira e Hood, 1995), a sin-gularidade desta iniciativa passa por que-rermos produzir uma medida concisa dosseis tipos vocacionais de Holland – rea-lista, investigador, artístico, social, empre-endedor e convencional – que pudesse seradministrada com rapidez e facilidade ajovens desde idades precoces (12-13 anos),ajudando-os a efectuar um diagnóstico dosseus interesses e, encaminhando-os poste-riormente para uma exploração orientadade distintas fileiras de formação (pós 9ºano). Uma medida breve dos interesses,para além da sua inegável utilidade clínica(na intervenção de carreira), tem ainda avantagem adicional de poder revelar-se degrande proficuidade na investigação decarreira, campo onde medidas breves dosconstructos são sempre altamente deseja-das.A versão verbal (existe, igualmente, umaversão em imagens deste instrumento[NOEP/DGFV, 2005]) inclui 60 itensseleccionados da CNP (IEFP, 1994), combase na teoria das personalidadesvocacionais e dos ambientes profissionaisde Holland (1997). A tipologia de Hollandfoi escolhida para sustentáculo conceptualdo instrumento porque se trata de um dosmodelos mais conhecidos do comporta-mento vocacional, possui um amplo su-porte empírico para um grande número dassuas pressuposições, tem revelado umaextensa validade cultural (e.g., Ferreira &Hood, 1995) e, não menos importante, lidaamplamente com o constructo de interessevocacional.As propriedades de medida psicológicaanalisadas neste estudo revelaram-se mis-tas quanto aos seus resultados. Por um lado,as análises ao nível dos itens e da con-sistência interna das escalas, revelaram queas medidas realizadas possuem as carac-terísticas metrológicas exigidas a ins-

trumentos desta natureza (por exemplo, to-dos os coeficientes de consistência internaobtidos estão acima de .7). No mesmosentido vão as comparações que efectuá-mos entre ambos os sexos nos totais dasescalas. As diferenças estaticamente sig-nificativas que foram observadas são ashabitualmente relatadas na literatura: osrapazes possuem mais interesses de tiporealista (i.e., interesses de ordem prática,mecânicos), enquanto que as raparigasevidenciam interesses de tipo social maisfortes (i.e., interesse pelas relações soci-ais, querer ajudar os outros). Porém,contrariamente à nossa expectativa, ainvestigação da validade de constructo doinstrumento revelou-se infrutífera, uma vezque não foi possível capturar a repartiçãodos itens segundo a estrutura factorialteórica esperada (os seis tipos de Holland).Este é um revés importante uma vez queesta forma de validade é crucial para osfins que pretendíamos alcançar com estenovo instrumento dos interessesvocacionais.Face aos dados recolhidos nesta aplicaçãoexperimental do questionário de interessesvocacionais torna-se prioritário que emfuturos trabalhos se aprofunde a análisede itens, procurando-se fazer uma depu-ração daqueles indicadores que, por exem-plo, nas análises factoriais se revelaramfactorialmente complexos. Na medida emque estes problemas básicos possam serresolvidos satisfatoriamente importa, deseguida prosseguir com outras análises devalidação e replicação na amostra de“holdout” e, especialmente, realizar estu-dos da validade concorrente das escalasdo QIV, para determinar em que medidaos distintos cursos e as fileiras formativaspós 9º ano podem ser adequadamentediferenciadas com apoio nas medidas agorapropostas.

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