anÁlise preliminar dos riscos ocupacionais em um...
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ANÁLISE PRELIMINAR DOS RISCOS
OCUPACIONAIS EM UM RESTAURNTE
UNIVERSITÁRIO
Francis Amim Flores (UENF)
Gabriel Antunes Leal Miguel Chiapin (UENF)
Maecio Pinto Baptista (UENF)
Mauricio Firmino da Mata (UENF)
Getulio da Silva Abreu (UENF)
Objetivou-se neste trabalho identificar e analisar preliminarmente os
riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores do
Restaurante Universitário (RU) da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), no município de Campos dos
Goytacazes - RJ. Estes riscos afetam de forma negativa a saúde dos
trabalhadores. A equipe de funcionários do RU/UENF está exposta aos
seguintes grupos de riscos: químicos, físicos, biológicos, de acidentes,
ergonômicos e os psicossociais. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, descritiva e com análise quantitativa dos dados oriundos
de um questionário próprio. O estudo apontou que 72,72% dos
funcionários pertencem ao sexo feminino. Apenas 27,28% estudam
atualmente, e somente 9,1% possui outra atividade profissional. A
maior parte dos respondentes possui ensino superior (68,3%), 9,1%
possui ensino fundamental e 13,6% possui alguma especialização. Da
amostra de 22 funcionários do restaurante universitário obteve-se os
seguintes percentuais de risco: atividade extremamente repetitiva
(82%), dores relacionadas à postura (73%), alta carga mental na
realização da atividade (64%), risco de acidentes com material
perfurocortante (55%), nível de ruído elevado (41%), atividade
monótona (36%), jornada longa de trabalho (36%), risco de
contaminação por substâncias químicas (32%), elevado esforço físico
(32%), temperatura ambiente elevada (27%), falta de equipamentos de
segurança (23%), agressões morais (14%), problemas com chefia
(14%), falta de treinamento profissional (9%). Conclui-se que a
identificação dos fatores relativos às condições de trabalho que
possam expor os profissionais aos riscos e aos problemas de saúde,
torna-se necessário o uso de medidas preventivas e educativas para
prevenir possíveis acidentes do trabalho e doenças.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Palavras-chave: Acidente de trabalho, Doenças, Restaurante
universitário, Riscos ocupacionais
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1. Introdução
A alimentação é com toda certeza uma das coisas mais relevantes para a vida, está ligada a
sobrevivência do indivíduo e envolve questões de nutrição, aspectos ambientais, culturais,
psicológicos e outros, além de estar conectada à qualidade de vida, à produtividade e muitas
outras dimensões da existência humana (ALEVATO; ARAÚJO, 2009).
Inúmeras atividades econômicas são movimentadas entorno da alimentação. A produção e a
distribuição de alimentos, refeições, ingredientes e equipamentos são segmentos do mercado
da alimentação. Denomina-se “alimentação coletiva”, como as servidas nas escolas,
restaurantes, empresas, hospitais, entre outras. Esta atividade emprega uma grande quantidade
de mão-de-obra por todas as regiões do Brasil (ALEVATO; ARAÚJO, 2009).
Para Monteiro (2009), o mercado de refeições coletivas fornece 7,5 milhões de refeições/dia,
movimenta uma cifra superior a 8 bilhões de reais por ano, oferece 180 mil empregos diretos,
consome diariamente um volume de 3,5 mil toneladas de alimentos e representa para os
governos uma receita de 2 bilhões de reais anuais entre impostos e contribuições.
Portanto, para que se obtenha uma alimentação de qualidade, é necessário falar em qualidade
de vida do trabalhador, associada aos fatores de preservação da integridade física, psicológica
e da saúde destes trabalhadores (ESTEVES et al., 2013)
De acordo com Santana, Nobre e Waldvogel (2005), os acidentes de trabalho são,
mundialmente, os principais responsáveis pela morte de trabalhadores e pelas incapacidades
causadas no trabalho, e consequentemente, geram prejuízos tanto para a Saúde Pública quanto
para a produção de bens e serviços.
No Brasil, um dos principais problemas de saúde ocupacional ligados aos trabalhadores do
setor de alimentação coletiva é de natureza musculoesquelética, devido à postura incorreta e
aos movimentos repetitivos (CASAROTO; MENDES, 2003). Também deve-se levar em
consideração os riscos causados pelo ambiente físico, caracterizados pela temperatura,
ventilação e umidade inadequadas, e também, pelo alto ruído (SILVA et al., 2008). Estes
fatores são os responsáveis pela diminuição da produtividade, ocorrência de acidentes do
trabalho, insatisfação, problemas de saúde e insatisfação do trabalhador (MATOS, 2000).
Neste contexto, o artigo busca identificar e analisar preliminarmente, através de um
questionário (ANEXO A), os riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais da
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equipe do Restaurante Universitário da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro (UENF) e assim, prevenir eventuais acidentes do trabalho e doenças.
A UENF situa-se no município de Campos dos Goytacazes – RJ, e foi considerada a melhor
universidade do Estado do Rio de Janeiro e a 11ª no país, de acordo com o Índice Geral de
Cursos (IGC) de 2011.
O Restaurante Universitário da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
(RU/UENF) visa fornecer aos seus usuários (estudantes, docentes e servidores técnicos e
administrativos) uma alimentação de alta qualidade, tanto em nível nutricional quanto em
nível de higiene. Para tanto, o número de clientes e a infraestrutura são fatores que
influenciam no processo de produção e distribuição das refeições (LOURENÇO et al., 2006).
É necessário estar atento ao bem-estar do funcionário para que possa proporcionar uma
melhoria na capacidade produtiva, visto que o RU/UENF pode ser comparado a um
restaurante de médio/grande porte e, consequentemente, desempenha atividades de
processamento de refeições cada vez mais acelerado.
2. Revisão de Literatura
2.1. Os riscos ambientais
Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados, de acordo com a Portaria n° 3.214, do
Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Esta Portaria contém uma série de normas
regulamentadoras (NR) que consolidam a legislação trabalhista, relativas à segurança e
medicina do trabalho (BRASIL, 1978). Para efeito da NR-9, consideram-se riscos ambientais
os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho que, em função
de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador. Tem-se como exemplos, segundo a NR-9:
a) Riscos Físicos: diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações ionizantes, radiações não ionizante, bem como o infrassom e o ultrassom.
b) Riscos Químicos: consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeira,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
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exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por
ingestão.
c) Riscos Biológicos: consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos,
parasitas, protozoários, vírus, entre outros (MTE, 2014).
Além dos riscos contidos na NR-9, podem-se destacar ainda outros fatores que colocam o
trabalhador em situação vulnerável e que podem afetar a integridade física e o bem estar. São
os riscos de acidentes, ergonômicos e psicossociais.
Segundo a Portaria n° 25, de 29 de dezembro de 1994, que trata do anexo IV da NR-5 e
determina as diretrizes de criação do mapa de riscos, os riscos ambientais podem ser
exemplificados, como: esforço físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção,
ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, probabilidade de incêndio ou
explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que
possam contribuir para desencadear doenças nos trabalhadores.
Os riscos ergonômicos considerados são, por exemplo: esforço físico intenso, levantamento
de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos
em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição
de rotina intensa.
Segundo Barsano e Barbosa (2014), é natural que o trabalhador leve problemas pessoais para
o ambiente de trabalho. Não há como fingir que está tudo bem quando, na verdade, está
passando por problemas particulares que somente ele é capaz de dosar, sobre realmente o
valor dessa angústia. Esses fatores são responsáveis pelo aumento do absenteísmo, de doenças
e acidentes do trabalho.
2.2. Que patologias podem acometer os trabalhadores do RU/UENF?
O trabalho dos profissionais na unidade de alimentação coletiva do RU/UENF está envolto
em vários fatores de risco ocupacional, que podem ocasionar danos à saúde dos trabalhadores
e, consequentemente, interferirem na qualidade do serviço prestado aos usuários da unidade
em questão (CHIODI; MARZIALE, 2006).
Esteves et al. (2013) mencionam que entre as patologias mais comuns relacionados a este
ambiente de trabalho, destacam-se as lesões por esforços repetitivos (LER) e os Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
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A LER não é propriamente uma doença. É uma síndrome onde um grupo de doenças faz parte
dessa denominação – tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do
carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo,
mialgias -, que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores principalmente, e
sobrecarrega o sistema musculoesquelético. Esse distúrbio provoca dor e inflamação e pode
alterar a capacidade funcional da região comprometida. A prevalência é maior no sexo
feminino, fato que também ocorre no presente estudo. É causada por mecanismos de agressão,
que vão desde esforços repetidos continuadamente ou que exigem muita força na sua
execução, até vibração, postura inadequada e estresse (COMISSÃO DE REUMATOLOGIA
OCUPACIONAL, 2011).
A patologia DORT foi introduzida para substituir a sigla LER, particularmente por duas
razões: primeiro porque a maioria dos trabalhadores com sintomas no sistema
musculoesquelético não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura; a outra razão é
que além do esforço repetitivo, outros tipos de sobrecargas no trabalho podem ser nocivas
para o trabalhador como sobrecarga estática (uso de contração muscular por períodos
prolongados para manutenção de postura); excesso de força empregada para execução de
tarefas; uso de instrumentos que transmitam vibração excessiva; trabalhos executados com
posturas inadequadas (COMISSÃO DE REUMATOLOGIA OCUPACIONAL, 2011).
Outra patologia que deve ser observada neste ambiente de trabalho é o estresse ocupacional,
desencadeado pelas novas práticas organizacionais onde o ritmo de trabalho está cada vez
maior (VISENTINI et al.,2009).
O estresse ocupacional é um problema de natureza perceptiva, resultante da incapacidade em
lidar com as fontes de pressão no trabalho, tendo como consequências, problema na saúde
física, mental e na satisfação do trabalho, afetando não só o indivíduo como as organizações.
Esse tipo de estresse ocorre quando há percepção do trabalhador da sua inabilidade em
atender as demandas solicitadas pelo trabalho, causando sofrimento, mal-estar e um
sentimento de incapacidade para enfrentá-las (SILVA, 2010).
Pode-se entender estresse associado ao trabalho como um conjunto de perturbações
psicológicas ou sofrimento psíquico, associado às experiências de trabalho, desencadeando o
chamado estresse ocupacional (SILVA, 2010).
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Alguns fatores organizacionais que desencadeiam o estresse: envolvimento e participações no
trabalho; suportes organizacionais (estilo de supervisão, apoio gerencial, esquemas
organizacionais, planos de carreira); organização do trabalho, com base nos aspectos mentais
do mesmo, como monotonia ou sobrecarga de trabalho; ritmo de produção e de trabalho; das
pressões temporais; do significado do trabalho, da natureza das tarefas (SILVA, 2010).
3. Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva e com análise quantitativa dos dados.
Segundo Gil (2010) a modalidade de estudo de caso não proporciona o conhecimento preciso
das características de uma população, mas fornece uma visão geral do problema ou de
identifica possíveis fatores que o influenciam ou são por eles influenciados.
O Restaurante Universitário da UENF (Figura 1) é composto por 52 funcionários e a maioria
é residente no próprio município de Campos dos Goytacazes - RJ. Os demais são de cidades
adjacentes, por exemplo, São João da Barra – RJ.
Figura 1 – O restaurante universitário da UENF
Fonte: Medina (2014)
Seguem os principais parâmetros metodológicos desta pesquisa:
d) População: São dois cozinheiros, três nutricionistas, um técnico em Nutrição, quatro
ajudantes de cozinha, um açougueiro, dois ajudantes de açougueiro, vinte e dois
copeiros, quinze auxiliares de serviços gerais e dois auxiliares administrativos,
totalizando 52 trabalhadores.
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e) Amostra: A amostra foi constituída por todos os trabalhadores, independentemente do
sexo, que aceitaram participar da pesquisa e estavam trabalhando no mês de março de
2015, data da coleta dos dados. Os trabalhadores que estavam ocupados na data em que
os dados foram coletados foram excluídos do estudo. A amostra foi constituída de 22
trabalhadores, que representa 42% da população total do RU/UENF.
f) Procedimento: Os dados foram coletados por meio de um questionário que segue em
anexo (ANEXO A). O instrumento utilizado foi analisado por estudantes pesquisadores
do Laboratório de Engenharia de Produção em relação ao conteúdo e objetividade, e
foram considerados adequados no estudo realizado.
g) Análise dos dados: Utilizou-se da estatística descritiva com uso de cálculos percentuais
e apresentação de resultados em quadros.
4. Resultados e discussões
O estudo foi realizado com 22 funcionários pertencentes às seguintes categorias: a)
Nutricionista; b) Cozinheiro; c) Auxiliar de serviços gerais; d) Auxiliar administrativo e e)
Açougueiro. Para facilitar a análise e de acordo com a dinâmica do trabalho, optou-se por
tratar os dados como um todo.
O Quadro 1 representa algumas características dos trabalhadores. Pode-se observar que existe
um desequilíbrio em termos de gênero, pois 72,72% dos funcionários pertencem ao sexo
feminino. Apenas 27,28% estudam atualmente, e somente 9,1% possui outra atividade
profissional. A maior parte dos respondentes possui ensino superior (68,3%), 9,1% possui
ensino fundamental e 13,6% possui alguma especialização. A idade média aproximada é de
33 anos e o tempo médio de deslocamento dos indivíduos até o trabalho é de 50 min, onde
150 min é o maior tempo que um trabalhador leva para chegar ao seu trabalho e 10min o
menor tempo.
Quadro 1 – Caracterização da amostra
Respostas de cada categoria (%)
Gênero Masculino
(27,28)
Feminino
(72,72)
Nível de instrução Fundamental
(9,1)
Superior
(68,3)
Especialização
(13,6)
Estuda atualmente? Sim Não
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(27,28) (72,72)
Possui outra atividade profissional? Sim
(9,1)
Não
(81,9)
No Quadro 2 são representados dados relativos a opinião dos trabalhadores quanto aos fatores
de risco na execução do trabalho no RU/UENF. Todos os trabalhadores do RU/UENF
identificaram que as ferramentas utilizadas em suas atividades estão em boas condições. A
maioria dos respondentes identificou a atividade como extremamente repetitiva (82%), dores
relacionadas à postura (73%), alta carga mental na realização da atividade (64%), risco de
acidentes com material perfurocortante (55%).
Ou seja, é notório o impacto das atividades de trabalho na vida destes profissionais, atrelados
a um grande nível de repetitividade, má postura e risco de acidentes com material
perfurocortante que podem prejudicar a integridade física destes trabalhadores. Estes riscos
merecem ser observados e eliminados ou minimizados para não haver queda de
produtividade. Também deve-se levar em consideração a alta carga mental, que poderá
prejudicar no rendimento destes profissionais.
A qualidade de vida do trabalhador está vinculada à qualidade do trabalho e às condições
adequadas. Para que se possa realizar a adequação nas condições de posto de trabalho, é
necessário que se tenha um conhecimento das condições de trabalho, tanto dos fatores da
própria tarefa quanto daqueles do ambiente de trabalho. Muitas atividades apresentam riscos
que devem ser analisados com o objetivo de eliminá-los ou minimizá-los (BATIZ et al.,
2009).
Quadro 2 - Distribuição da opinião dos trabalhadores do RU/UENF segundo fatores de riscos ocupacionais
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Fator de risco ocupacional n %
Ferramentas em boas condições 22 100%
Atividade repetitiva 18 82%
Dores relacionadas à postura 16 73%
Alta carga mental na realização da atividade 14 64%
Risco de acidentes com material pérfuro-cortante 12 55%
Nível de ruído elevado 9 41%
Atividade monótona 8 36%
Jornada de trabalho longa 8 36%
Risco de contaminação por substâncias químicas 7 32%
Elevado esforço físico 7 32%
Temperatura ambiente 6 27%
Equipamentos individuais de segurança 5 23%
Agressões morais 3 14%
Problemas com chefia (relacionamento/comunicação) 3 14%
Falta de treinamento profissional 2 9%
Agressões físicas 0 0%
Dentre os fatores identificados pelo menor número de trabalhadores estão segundo o
Quadro2: nível de ruído elevado (41%), atividade monótona (36%), jornada longa de trabalho
(36%), risco de contaminação por substâncias químicas (32%), elevado esforço físico (32%),
temperatura ambiente elevada (27%), falta de equipamentos de segurança (23%), agressões
morais (14%), problemas com chefia (14%), falta de treinamento profissional (9%) e nenhum
relato de agressão física. Deve-se ressaltar, mesmo que seja em menor número, que tais
fatores não podem ser ignorados.
5. Conclusões
O trabalho permitiu concluir que os trabalhadores do RU/UENF possuem como características
mais frequentes: faixa etária entre 19 e 59 anos, com uma idade média de 33 anos; a maioria
dos trabalhadores são do sexo feminino, cerca de 72,72%; o tempo médio de deslocamento
para o trabalho de 50 min; a maioria possui ensino superior e trabalha apenas nessa unidade.
Essa análise abordou, de maneira conjunta, os principais riscos a que os funcionários do
RU/UENF estão expostos. Assim, o resultado foi à percepção de mais de um fator de risco
que afeta em potencial os funcionários dessa unidade de trabalho.
Dentre os riscos ocupacionais identificados, 82% avaliou que sua atividade é extremamente
repetitiva, o que pode gerar Lesões por Esforço Repetitivo (LER). Em consequência, 73%
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respondeu possuir dores devido à postura na realização das atividades. Estas dores podem ser
causadas pelo esforço repetitivo aliado à má postura por tempos longos, e merecem ser
observadas.
O estresse é outro fator que atinge uma grande massa de funcionários no RU/UENF, onde
64% dos respondentes apontaram que sua atividade exige alta carga mental. Essa doença
afeta, logicamente, a saúde do trabalhador em potencial, podendo gerar lesões sérias, além de
gerar distúrbios na convivência diária com os colegas de trabalho e uma má qualidade na
prestação do serviço.
O estresse também está diretamente ligado a outro risco que os funcionários estão submetidos,
o risco de acidentes com materiais perfurocortantes. Dentre os respondentes, 55% deles
possui contato direto nas suas atividades e, consequentemente, há o risco iminente de
acidentes. Com relação à ligação desse risco com o estresse, é mais propenso ocorrer acidente
quando a atividade é repetitiva e com alta carga mental. O fato é que o excesso de cansaço
físico e mental diminuem os movimentos do corpo humano, que já não respondem
perfeitamente aos estímulos. Além disso, a distração com outras coisas é muito comum,
aumentando a propensão ao risco.
Além dos riscos existem pontos positivos para expor. As ferramentas utilizadas no ambiente
se encontram em boas condições, fato que todos os entrevistados responderam. Nenhum dos
colaboradores apontou agressão física na sua rotina de trabalho. E apenas 9% citou falta de
treinamento para executar as tarefas. E, 14% identificaram problemas com a chefia,
comunicação/relacionamento ou algum tipo de agressão moral.
Considera-se de suma importância o diagnóstico dos riscos ocupacionais para o planejamento
de medidas preventivas, visando à promoção da saúde dos trabalhadores nessa área. Diante do
grande número de profissionais que atuam em unidades de alimentação coletiva de
universidades públicas e privadas, e a diversidade de riscos ocupacionais a que estão
expostos, considera-se que estudos abordando esses riscos devam ser incentivados com a
finalidade de contribuir na melhoria da condição de trabalho e elaboração de estratégias
educativas. O intuito é identificar sempre as medidas de segurança que devem ser tomadas e
instigar nos trabalhadores o conceito contínuo de prevenção.
REFERÊNCIAS
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XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, 06 a 09 de outubro, 2009.
ANEXO A
LEVANTAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS
Este questionário tem como objetivo avaliar os Fatores de risco ocupacionais no Restaurante Universitário da UENF. A sua
participação é muito importante. Desde já agradecemos a colaboração!
DADOS PESSOAIS
Setor/Departamento:
Idade: Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino N° de filhos:
Escolaridade atual:
( ) Fundamental ( ) Superior ( ) Especialização
Carga horária semanal de trabalho (exceto hora extra):
Tempo médio de deslocamento da residência para o local de trabalho:
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Tem atividade profissional? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual a carga horária semanal:
Estuda atualmente? ( ) Sim ( ) Não Se sim, informe o turno:
Já sofreu algum tipo de agressões moral em seu trabalho? Sim ( ) Não ( )
Já sofreu algum tipo de agressão física em seu trabalho? Sim ( ) Não ( )
Há ocorrência de problemas com a chefia
(relacionamento/comunicação)? Sim ( ) Não ( )
Há o risco de contaminação por substâncias químicas? Sim ( ) Não ( )
Há riscos de acidentes de trabalho com material perfurocortante? Sim ( ) Não ( )
A temperatura ambiental é agradável para realização de suas
atividades? Sim ( ) Não ( )
Caso a resposta anterior seja „‟não‟‟, você descreveria que o ambiente
é: Quente ( ) Frio ( )
Como você descreveria o nível de ruído em seu ambiente de trabalho? Alto ( ) Baixo ( )
Você sente dores relacionadas à postura inadequada? Sim ( ) Não ( )
A carga mental despendida na realização de sua atividade é elevada? Sim ( ) Não ( )
O esforço físico exigido é elevado? Sim ( ) Não ( )
A atividade pode ser considerada repetitiva? Sim ( ) Não ( )
A atividade pode ser considerada monótona? Sim ( ) Não ( )
Falta de treinamento profissional para realização de sua atividade? Sim ( ) Não ( )
A jornada de trabalho é: Longa ( ) Normal ( ) Curta ( )
As ferramentas de trabalho se encontram em boas condições? Sim ( ) Não ( )
Você recebe equipamentos individuais de segurança? Sim ( ) Não ( )