anÁlise postural em escolares do ensino

22
1 ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL COM PROGRAMA DE PREVENÇÃO PDE/2008 Clemair Baretta Biasotto 1 Célia Regina de Godoy Gomes 2 RESUMO A preocupação com os problemas posturais visivelmente apresentados em alunos da Escola motivou a realização deste trabalho que culminou neste artigo. A proposta foi a de: avaliar a postura estática através de vista anterior, posterior e lateral, verificando possíveis desvios, nos alunos voluntários e analisar a postura de acordo com as AVDS (Atividade de Vida Diária), através de questionário, para associar possíveis dores a posturas aplicadas diariamente; pesar as mochilas dos alunos por uma semana, verificando no decorrer de um ciclo semanal, se ocorrem excessos, quando e por quê?; Aplicar a intervenção com os alunos avaliados, fazendo uso do material didático produzido para esta, seguindo uma sequência pedagógica que apresentou-se eficiente a toda a abordagem do tema. Esta intervenção culminou com a conscientização dos problemas posturais em todas as turmas do período da manhã e aplicação de Ginástica Laboral (GL), no período de 30 dias em quatro turmas piloto, verificando assim se somente a conscientização é suficiente ou a GL torna mais eficiente os resultados na prevenção a lesões músculo-esquelético. O presente trabalho contribuiu para melhorar a compreensão da importância da postura em todas as AVDs, promovendo hábitos mais saudáveis na comunidade escolar, bem como em suas famílias. PALAVRAS-CHAVE: Escola. Postura corporal. Lesões. Conscientização. Prevenção. 1 Professora PDE/2008 Professora QPM em Ciências, Formação em Ciências Biológicas/ Biologia e Pós Graduação em Ciências Morfosiológicas pela UNIOESTE-PR 2 Professora IES/UEM - Professora de Anatomia com formação em Fisioterapia da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Morfológicas (DCM/CCB).

Upload: vuonghuong

Post on 07-Jan-2017

218 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

1

ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL COM

PROGRAMA DE PREVENÇÃO PDE/2008

Clemair Baretta Biasotto1

Célia Regina de Godoy Gomes2

RESUMO

A preocupação com os problemas posturais visivelmente apresentados

em alunos da Escola motivou a realização deste trabalho que culminou neste

artigo. A proposta foi a de: avaliar a postura estática através de vista anterior,

posterior e lateral, verificando possíveis desvios, nos alunos voluntários e

analisar a postura de acordo com as AVDS (Atividade de Vida Diária), através

de questionário, para associar possíveis dores a posturas aplicadas

diariamente; pesar as mochilas dos alunos por uma semana, verificando no

decorrer de um ciclo semanal, se ocorrem excessos, quando e por quê?;

Aplicar a intervenção com os alunos avaliados, fazendo uso do material

didático produzido para esta, seguindo uma sequência pedagógica que

apresentou-se eficiente a toda a abordagem do tema. Esta intervenção

culminou com a conscientização dos problemas posturais em todas as turmas

do período da manhã e aplicação de Ginástica Laboral (GL), no período de 30

dias em quatro turmas piloto, verificando assim se somente a conscientização é

suficiente ou a GL torna mais eficiente os resultados na prevenção a lesões

músculo-esquelético. O presente trabalho contribuiu para melhorar a

compreensão da importância da postura em todas as AVDs, promovendo

hábitos mais saudáveis na comunidade escolar, bem como em suas famílias.

PALAVRAS-CHAVE: Escola. Postura corporal. Lesões. Conscientização.

Prevenção.

1 Professora PDE/2008 – Professora QPM em Ciências, Formação em Ciências Biológicas/

Biologia e Pós Graduação em Ciências Morfosiológicas pela UNIOESTE-PR 2 Professora IES/UEM - Professora de Anatomia com formação em Fisioterapia da

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Morfológicas (DCM/CCB).

Page 2: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

2

ABSTRACT. Analysis of body posture in junior school students within the

Prevention Program PDE/2008. Concern with visible postural problems in

school children triggered current investigation and paper. Static posture from

the anterior, posterior and lateral point of view is provided. Possible deviations

in voluntary students were verified and body posture was evaluated according

to Activities in Daily Life (ADL) through a questionnaire. The association of

possible pain with daily employed body postures has been investigated.

Students‟ rucksacks were weighed during a week to verify whether excesses

occur, when they occur and why they occur. Intervention with evaluated

students was undertaken employing specially produced didactic material,

followed by a pedagogical sequence which was efficient on the theme. Whereas

intervention was conscience-raising with regard to postural problems in all

students attending morning classes, the application of Laborial Gymnastics (LG)

during 30 days in four pilot teams investigated whether mere conscience-raising

was sufficient or LG was more efficient in the prevention of muscle-skeleton

lesions. Current analysis has contributed towards the understanding of posture

in all ADL and towards the promotion of healthier habits among school children

and their families.

Key-words: school; body posture; lesions; conscience-raising; prevention.

Page 3: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

3

INTRODUÇÃO

Quem deve cuidar de sua coluna é você mesmo.

Knoplich (1984).

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) oportuniza

condições de estudo dos problemas enfrentados pela escola em seu cotidiano,

tendo os conteúdos estruturantes como norteadores deste conhecimento.

Os distúrbios do sistema músculo-esquelético ou locomotor são causas

importantes de dor crônica e de incapacidade física. A forma como lidamos

com nosso corpo fazem com que os músculos esqueléticos se adaptem em

respostas a estímulos recebidos, refletindo corporalmente as experiências

vivenciadas.

O meio ambiente é cenário de alterações contínuas, e em cada década

podemos observar múltiplas modificações na natureza e freqüência dos

transtornos e lesões músculo-esqueléticos, devido as posturas utilizadas em

nossas AVDs. Portanto nos dias atuais os transtornos e lesões deste sistema,

como um grupo, são notoriamente comuns (SALTER, 1986).

De acordo com Knoplich (1984), postura é um equilíbrio de forças

musculares que „seguram‟ o corpo do homem para que fique em pé, numa

posição adequada que não causa danos às estruturas orgânicas, (...) Este

equilíbrio envolve uma coordenação neuromuscular e adaptações devendo ser

aplicado ao movimento corporal em determinadas circunstâncias (Knoplich,

1989).

Na idade escolar do ensino fundamental a estrutura física dos jovens está

em total construção e condutas repetitivas errôneas poderão desviar sua

estrutura de sustentação. Braccialli e Vilarta (2000) consideram as alterações

posturais na infância como um dos fatores que predispõe a condições

degenerativas da coluna no adulto. Para estes autores torna-se necessário

estabelecer mecanismos de intervenção precoce como meio profilático.

O papel da educação sempre foi e será o de levantar questionamentos, e

preparar o homem para refletir suas ações, para que possa mudar de conduta

Page 4: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

4

ou ao menos não anuir ignorância. Nas considerações sobre as estratégias

para o Ensino de Ciências nas Diretrizes Curriculares (2008) encontramos que

tão importante quanto selecionar conteúdos específicos para o Ensino de

Ciências, é a escolha de estratégias pedagógicas adequadas à mediação do

professor.

Acreditamos que todos os professores indiferentes da disciplina, em um

momento ou outro, chama a atenção dos alunos no tocante a sua postura. Por

isso mesmo, a necessidade de todos terem um conhecimento maior sobre o

assunto. Na disciplina de ciências quando tratamos do sistema locomotor,

destacamos a importância de se ter uma boa postura. No entanto parece que a

cada ano com o avanço tecnológico os problemas se agravam e as posturas

estão mais comprometidas.

Concordamos que o adolescente nesta fase da vida preocupa-se com o

que lhe tem de imediato significado. Por isso, o propósito desta pesquisa foi

coletar dados sobre a postura diária de nossos alunos e confrontá-los com o

resultado de problemas posturais encontrados. Tendo assim mais interesse em

ouvir, entender e conscientizar-se das mudanças necessárias em suas

atividades diárias.

METODOLOGIA

Vygotski, dizia que: O aluno não é tão sujeito da aprendizagem, mas, aquele que aprende

junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento.

Zacharias (2007)

Este projeto objetivou gerar conhecimentos para a aplicação prática,

dirigido à prevenção de problemas posturais, sendo desta forma uma pesquisa

aplicada. Efetivou-se na área das Ciências Biológicas, utilizando o Método

Descritivo, sendo a fonte de dados a pesquisa de campo e o procedimento de

Levantamento de dados a Pesquisa-ação (TOGNETTI, 2006).

A população estudada, constituiu-se de 66 alunos de ambos os sexos,

com idades entre 12 e 17 anos. Estes alunos pertenciam a 7a série do Ensino

Page 5: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

5

Fundamental da Escola Estadual 29 de Novembro, do Município de Araruna

/PR, em 2008.

A coleta de dados dividiu-se em duas etapas. Na primeira os alunos

responderam ao questionário sobre seus dados pessoais e suas atividades de

vida diária, neste momento os alunos foram pesados e verificado sua altura,

bem como pesado suas mochilas por uma semana. Na segunda etapa foram

realizadas as avaliações posturais em cada aluno. Os protocolos para coleta de

dados contendo informações sobre a avaliação postural, foram elaboradas com

base nas propostas de Kendall et al. (1995), para avaliação postural

observacional. Neste sentido os alunos postaram-se em posição ortostática em

frente ao simetrógrafo com calcanhares levemente afastados e pés abduzidos

cerca de 15 graus, buscando-se os desvios (assimetrias) nos planos frontal,

sagital e transversal. A inspeção postural realizou-se em vista anterior,

posterior e lateral direita.

Os dados coletados foram organizados sob a forma de representação

tabular com distribuição de freqüência absoluta e relativa.

Desenvolvimento das Atividades

No primeiro semestre de 2008, sob a orientação da IES, se procedeu à

montagem do Projeto de Intervenção Pedagógica, tendo sido feita a

fundamentação teórica através de levantamento bibliográfico em: livros,

revistas, internet, dissertações e teses. Produção de questionário de pesquisa

(MACIEL e MAZIALLI, 1997) com o objetivo de coletar dados, que esclareçam

os possíveis motivos de dores na coluna nos membros da comunidade escolar,

bem como o embasamento teórico/prático para execução desta.

No segundo semestre, mês de agosto de 2008, realizou-se: reunião com

a equipe pedagógica da escola para esclarecimento e o encaminhamento do

projeto de intervenção; reunião com os pais dos 111 alunos das 7ª séries do

período da manhã, tendo sido explicado: sobre o projeto, seu objetivo e

encaminhamento. Neste momento, trocamos idéias para o desenvolvimento do

trabalho, bem como autorização para realizar a pesquisa com seus filhos,

através de questionários, fotos e filmagens para posterior analise, e montagem

Page 6: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

6

de material para a intervenção; Iniciamos o GTR (Grupo de Trabalho em Rede)

que transcorreu até 21 de junho de 2009, tendo através deste disponibilizado o

projeto, a unidade didática produzida e etapas da intervenção, aos demais

professores do Paraná inscritos no curso.

No mês de setembro e outubro realizou-se: a triagem postural, através do

Tabuleiro Quadriculado (simetrógrafo) para o Exame da Postura, por

profissional capacitado. Apesar de que, todo professor de educação física

devido a sua formação também possa fazê-lo; Aplicou-se o questionário de

AVDs e pesagem por uma semana da mochila de todos.

No mês de novembro após as coletas de dados, foram analisados os

resultados e mediante o mesmo, concluído a construção do caderno com a

unidade temática, que subsidiou a intervenção em 2009.

No ano de 2009, no primeiro semestre, realizou-se a intervenção na

escola e esta se dividiu em oito etapas:

1 Conversamos com a Direção, equipe pedagógica e colegiado sobre a

implementação, para que todos tivessem ciência dos fatos a acontecer.

2 Aplicamos as atividades do caderno da unidade temática aos alunos das 8ª

séries. Todo caderno foi testado em 20 aulas seguindo a sequência deste:

1º) Sistema Músculo- Esquelético (a. Colhendo Informações; b. Loteria dos

13 Pontos; c. Comparando Imagens). 2º) Coluna Vertebral ( Equilíbrio 1;.

Equilíbrio 2; Equilíbrio 3 ). 3º) Desvios Posturais mais Comuns A.

Hiperlordose; B. Escoliose; C. Cifose ( Análise Postural ); 4º) Possíveis

Causas de Desvios Posturais – A. Mochilas ( Pesagem de Mochilas ) B.

Mobiliário Escolar ( Posições Ergonomicas; Posturas: Correto X Incorreto).

5º) Ginástica LaboraL – GL. As aulas foram preparadas em slides para TV

Multimídia, vídeos, atividades práticas, uso do Laboratório de Informática

(Paraná Digital), tanto para pesquisa (posturas cotidianas) como para

montagem de Broffice-impress pelos alunos e apresentação destes. As

atividades oportunizaram momentos de reflexão sobre o problema postural

que estão enfrentando, conseqüências futuras e medidas possíveis de

prevenção e/ou tratamento.

Page 7: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

7

3 Aplicamos um curso a quatorze pessoas da escola que formaram o grupo

de apoio a implementação, fizeram parte: direção(1), vice-direção(1),

pedagogas(2) e professores(10) das disciplinas de artes, história, geografia,

educação física, língua portuguesa, ciências, matemática e inglês para que

estes tenham melhor condições de entender, discutir e intervir sobre o

problema postural em sala, ajudando na implementação e aos alunos.

4 Repassamos aos pais e/ou responsáveis dos alunos das 8ª séries os dados

coletados, impressões percebidas durante o repasse da implementação a

seus filhos(as), expondo o que são, como podem se desenvolver e

prevenção aos problemas posturais encontrados (CIFOSE, LORDOSE e

ESCOLIOSE). Bem como, informamos medidas necessárias a serem

tomadas por esses, em relação aos problemas posturais apresentados por

seus filhos (as) no exame feito pela profissional responsável.

5 Propomos em conselho de classe aos professores uma conscientização as

demais turmas do período matutino, pelos alunos da 8ª B, sobre os

problemas posturais encontrados e a viabilidade da aplicação da Ginástica

Laboral em quatro turmas (5ªB, 6ª A, 7ª A e 8ª B).

6 Os alunos da 8ª B realizaram a apresentação sobre o problema postural

pelos alunos apresentados, bem como análise de fotos de alunos durante

atividades diárias na escola (sala de aula, recreio e pátio), observando suas

posturas, e esclarecimento sobre os desvios posturais, suas possíveis

causas, conseqüência e prevenção.

7 Verificamos a aceitação do teste de GL com as turmas: 5ª B, 6ª A, 7ª A e 8ª

B. Sendo explicado a todos o tempo(30 dias) da execução, o horário(entrada

do recreio), forma da aplicação (sentados em sala) e objetivo do teste

(verificar se a melhora na postura, concentração e aprendizado).

8 Verificamos com professores e alunos cujo teste foi aplicado se acreditam

ser viável continuar com a aplicação da GL e se acham que se deve

estender o programa as demais turmas.

Page 8: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

8

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os principais fatores que influenciam numa ‘postura pobre’ são: falta de auto-estima; falta de força muscular; atividade diária por muito

tempo sentada; encurtamento da musculatura posterior da perna; estresse físico, mental e emocional e vida sedentária.

Matsuo (2008)

O meio ambiente é cenário de alterações contínuas, e em cada década

podemos observar múltiplas modificações na natureza e freqüência dos

transtornos e lesões músculo-esquelético. Portanto nos dias atuais os

transtornos e lesões deste sistema, como um grupo, são notoriamente comuns

(SALTER, 1986).

Ao coletarmos dados de pesquisas realizadas entre 2001 e 2008 em

escola de ensino fundamental quanto a desvios posturais apresentados,

notamos um aumento considerável nos percentuais de desvios com o passar

dos anos.

TABELA 01: Indicação dos diferentes trabalhos realizados sobre postura.

AUTORES ANO IDADES Nº

CASOS

FREQUENCIA %

ESC. LORD. CIF.

Detsch e Candotti

2001 6 à 17 a. 154 - 31,17% 10,39%

Martelli e Traebert

2004 10 à 16 a. 344 3,2% 20,3% 11%

Mangueira 2004 11 à 16 a. 166 27,7% 17,5% 34,9%

Jassi e Pastre ? 7 à 13 a. 169 24,3% 15,4% 25,4%

Fornazari 2005 7 à 17 a. 655 26% - -

Biasotto e Godoy Gomes

2008 12 à 17 a. 66 65,1% 42,4% 49,9%

Na interpretação de Zapater et al. (2004), o conjunto de alterações

(posturas biomecanicamente incorretas) é fator que potencialmente pode criar

Page 9: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

9

condições de prejuízos significativos ao sistema músculo-esquelético nos

escolares, particularmente às estruturas que compõem a coluna vertebral.

Se já estávamos

preocupados com a postura de

nossos alunos, o resultado tão

elevado de desvios encontrados

como vemos no gráfico 01, nos

deixou com um problema maior,

como intervir efetivamente no

problema?

Apesar de ter sido ofertado

o exame postural a 111 alunos, ou seja, a todos os alunos das sétimas series

do período matutino, da escola cuja intervenção se realizou, apenas 66

aceitaram fazê-lo. Os motivos foram os mais variados, alguns diziam já fazer

tratamento, outros não queriam e pronto. No cotidiano escolar sempre

encontramos alunos que rejeitam algumas atividades, não iria ser diferente

conosco. Contudo durante a intervenção mesmo não tendo feito o exame, ao

apresentar os dados coletados e analisarmos as fotos do cotidiano escolar, os

alunos demonstraram interesse em entender o que estava acontecendo com

eles e demais colegas.

Uma avaliação antropométrica, psicomotora e postural simplificadas como

o teste de um minuto e um exame físico da atitude postural deveria constar

como parte integrante do planejamento de qualquer instituição de ensino

(Braccialli e Vilarta 2000). Esta opinião também foi externada no curso pelo

grupo de apoio a implementação na escola, como consta no relatório “(...) A

análise postural e o acompanhamento anual são imprescindíveis para verificar

se ocorreu mudanças no desenvolvimento da criança. As disciplinas de

educação física, ciências e matemática poderão trabalhar interdisciplinarmente,

com a análise, conscientização e com os cálculos dos dados coletados e sendo

necessário, fazer o encaminhamento aos especialistas”. Acreditamos também

que, tendo na disciplina de educação física a avaliação postural como parte

integrante de seus conteúdos dificilmente o aluno recusaria sua execução.

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%

66

ALUNOS

Gráfico 01- PERCENTUAL DOS DESVIOS POSTURAIS

ENCONTRADOS EM 2008

CIFOSE

LORDOSE

ESCOLIOSE

Page 10: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

10

Nossos alunos além de lidar com a postura ao se dirigirem a escola, têm

de transportar inúmeros materiais, livros, agendas, cadernos e estojos, além do

material extra. Material este supomos com peso além do que deveria.

Foi feita a pesagem por uma semana das mochilas dos alunos. A partir dos

dados, realizou-se uma média e esta foi comparada ao peso do aluno(a), com

os resultados temos dois gráficos: gráfico 02 - que mostra os dados do alunos

com peso acima dos 10% do peso aconselhado no transporte de mochila em

relação ao peso do aluno e gráfico 03 que mostra os dados em relação ao peso

de 2,41Kg para alunos(as) na fase ente 12-14 anos para a mochila de fixação

escapular onde temos a grande maioria.

Os estudos de Perez (2002), Viana,

et al. (2006), Ribeiro (2007), Medeiros e

Lotufo (2008), recomendam que o peso da

mochila não deva exceder de 10% a 15%

do peso correspondente do aluno. Quando

observamos os dados do gráfico 02

percebemos que o número excedido é

insignificante comparado ao número de

problemas posturais apresentados, o que

nos leva a considerar não ser uma das

causas. Porém se considerarmos as recomendações feita por Rebelatto,

Caldas e Vitta apud BRACCIALLI e VILARTA (2000), de que ao transportar o

material com mochilas de fixação dorsal em relação idade- peso que: 8-9 anos

no máximo 0,929 kg; 10-11 anos, 1,471 kg; 12-14 anos, 1,930 kg e nas

mochilas de fixação escapular: 8-9

anos, 1,151 kg; 10-11 anos 1,872

kg; 12-14 anos 2,41 kg, temos um

grande culpado como nos aponta o

gráfico 03, pois o mínimo dos

alunos não apresentaram peso

inferior a este indicado.

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%

23(2) 27(4) 22(2)

Número de alunos

Grafico 02 - PERCENTUAL DE MOCHILAS COM

MAIS DE 10% DE PESO EM RELAÇÃO AO PESO

DO ALUNO

7ª A

7ª B

7ª C

86,00%88,00%90,00%92,00%94,00%96,00%98,00%

100,00%

23(2) 27(0) 22(1)

Alunos por série

Gráfico 03 - PERCENTUAL DE ALUNOS COM PESO

NA MOCHILA ACIMA DE 2,41 kg

7ª A

7ª B

7ª C

Page 11: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

11

Fo

to:

Cle

ma

ir B

are

tta B

iaso

tto

Medeiros e Lotufo (2008) alertam que quando uma mochila pesada é

usada nas costas, ela empurra seu corpo para trás e, para compensar essa

força, você acaba empurrando os ombros para frente, causando dores nos

ombros, coluna e quadril. Ao observarmos a forma de transportar as mochilas

percebemos outro agravante a forma de transportá-la, como nos mostra a

Fig.01.

É necessário trabalhar com nossos

alunos(as), o conhecimento da Física em

particular da Mecânica, pois estes nos ajudam a

entender a relação entre movimento e equilíbrio

necessários para mantermos a postura ideal,

sendo a cinesiologia o estudo biomecânico que a

explica (KNOPLICH 1989). Quando

demonstramos aos alunos através das atividades

de equilíbrio, o movimento realizado pelo corpo e

o trabalho deste em equilibrar o seu centro

gravitacional ao transportar as mochilas, estes

compreendem o motivo de entortarem o corpo e

consequentemente causarem o desvio na coluna. Podendo ser este desvio

tanto dorsal como escapular, podendo estimular a escoliose ou cifose.

Contudo, mesmo com todo conhecimento apreendido muitos alunos continuam

a utilizar a mochila erroneamente, quando confrontados sobre o porquê estes

dizem ser muito “Mané, babaca...” usar a mochila corretamente. Vencer o

preconceito de “modismos” na adolescência é complicado. Ao mesmo tempo

outros se corrigiram, o que torna importante enfatizar a forma correta de usá-la,

temos alunos que mesmo sentados nas carteiras, mantinham a mochila nas

costas ou transportavam-na mesmo durante o recreio, hábito que foram

corrigindo durante a intervenção.

Outro fator observado foi o mobiliário escolar, e ao fazermos as leituras

percebemos que o MEC desde 1970 estudou e criou uma nova linha de

mobiliário escolar que em 1999 a FUNDESCOLA aprimorou para atender a

nova clientela que no decorrer dos anos vem passando por alterações físicas,

como encontramos no Caderno Técnico I. Neste caderno encontra-se uma

Fi

Fig. 01- Posicionamento incorreto

da mochila

Page 12: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

12

análise tanto pedagógica como estrutural e econômica sobre a melhor

maneira de escolher o mobiliário adequado, distribuição destes em sala para

uma melhor ergonomia, voltada ao uso tanto dos alunos como de professores

em diversas situações como na sala de aula, laboratórios, ambientes

especiais, zona rural entre outros, a abordagem é clara, detalhista e

condizente com o pensamento lógico de como deve ser a estrutura da escola.

Esta obra foi editada e publicada para atender aos objetivos do Projeto

Fundescola, em conformidade, com o Acordo de Empréstimo Número

4311BR com o Banco Mundial no âmbito do Projeto BRA98/011 DO

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), (BRASIL,

1999). Este caderno encontra-se no portal dia a dia educação, distribuído em

vários capítulos sobre as ergonomias ideais dentro de uma escola.

Durante a análise das ergonomias corretas apresentadas neste caderno

técnico do MEC, percebemos que as carteiras que hoje temos em nossa escola

necessitam serem remanejadas de acordo com o tamanho dos alunos. Porém

esbarramos em outro problema, a mesma sala utilizada por um turno é também

usado por outro, logo fica inviável fazer remanejamento de carteira toda vez

que os alunos ocupam uma sala de aula. A solução ideal então seriam as

carteiras terem reguladores de altura. Fato este apresentado em reportagem no

portal dia a dia educação no dia 17 de fevereiro, que o Governo do Paraná está

iniciando este programa de substituir o mobiliário escolar de nossas escolas

“Até o final de março, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE) realizará pregão eletrônico de registro de preços para a aquisição de

móveis escolares para a rede pública de educação básica.(...) As

especificações do mobiliário decorrem de acordo de cooperação técnica entre

o FNDE e a Fundação de Desenvolvimento da Educação (FDE), que cedeu ao

Fundo o projeto de móveis escolares totalmente baseados nas determinações

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).”

Page 13: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

13

Fig. 02- Postura incorreta ao estudar

Fig.03- Postura correta ao Sentar

Foto

: C

lem

air B

are

tta B

iaso

tto

Cabe lembrar que durante as aulas em

duas turmas surgiu o seguinte

questionamento: Professora quanto tempo

você acredita que irá durar as carteiras com

este dispositivo de erguer e abaixar? Na

opinião deles, nem dois meses durariam.

Porém, algumas coisas não dependem de

nos, mas outras podemos observar e

corrigir, pois não basta termos mobiliários adequados ao tamanho de nossos

alunos, seu descuido ao sentar e escrever é

enorme, observe a fig.02. Isto só reforça a

importância de se fazer um trabalho permanente

nas escolas sobre a postura. Knoplich (1984)

recomenda que (fig.03), na posição sentada os

dois pés fiquem apoiados no chão, o tronco reto, a

cabeça erguida olhando para a frente e as costas

apoiadas no espaldar da cadeira. O pescoço pode

ter uma inclinação de até 20º.

No artigo Ergonometria na prevenção de

Lombalgias, Couto (s.d.) diz que ao sentar junto à

mesa devemos: apoiar os dois braços, pois a inclinação unilateral do membro

tende a inclinar o corpo para um dos lados; facilitar os movimentos do corpo

para evitar a fadiga e dor; evitar girar ou manter o corpo inclinado.

A cadeira segundo Knoplich (1984) é apropriada quando apresentar

encaixe para as nádegas. O encosto da cadeira deve apoiar a curvatura da

lordose da coluna, caso contrário não permite o suprimento sanguíneo,

podendo causar amortecimento das pernas.

Nossos alunos passam 04 horas conosco na escola, não podemos achar

que todo problema postural é proveniente deste ambiente. A grande maioria de

nós, passa boa parte do tempo sentado, seja trabalhando, estudando, dirigindo,

assistindo TV, enfim quase 70% do tempo que estamos acordados ficamos

Foto

: C

lem

air B

are

tta B

iaso

tto

Page 14: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

14

sentados (BRAMDIMILLER, 2003). Segundo Oliveira (1995) descreve que

desde 1995, cerca de 80% da população mundial sofre de dor nas costas.

Se compararmos estas afirmações com o tempo que nossos alunos

passam realizando suas AVDs como nos mostra o gráfico 04, somado ao

tempo que ficam na escola sentados e dormindo como a maioria afirma de

bruços, só podemos afirmar que são justificados suas dores.

Segundo Knoplich (1984), na posição deitada, cada disco intervertebral

suporta uma pressão de 7 Kg por cm². Quando de pé, essa pressão passa para

10 kg por cm² e na posição sentada, essa pressão passa para 15 kg por cm²,

sendo a posição sentada a mais danosa a coluna.

Nas revisões de literatura sobre os problemas posturais, podemos

perceber que o homem desde cedo precisa ter consciência de seu corpo como

um todo. Levar em consideração todo o ambiente que nos cerca e fazer parte

dele com sabedoria, é algo que toda família e educador necessitam incutir em

seus alunos (as) e filhos (as), para que possamos ter condições de uma vida

com melhor qualidade. O esporte ou atividades físicas devem estar presente no

cotidiano de todos nos. Apesar de nossos alunos (80%) afirmarem praticar

algum tipo de atividade física diária, estes parecem não ser direcionados com

cuidados e preparo do corpo, daí a nosso ver a importância de se tornar um

hábito a prática de exercícios. A prática de posturas corretas tanto em pé,

como sentado ou deitado amenizam o dano a pressão diária que nossa coluna

suporta.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

53alunos entrevistados

Gráfico 04 - PERCENTUAL DE AVDs REALIZADAS POR MAIS DE 02 HORAS POR DIA

tarefa escolar

jogando vídeo-games

assistindo TV/DVD

praticando esporte

computador

Page 15: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

15

Desta forma observamos que não importa o que façamos causaremos

danos à coluna, portanto o importante é causarmos o menor dano possível

mantendo posturas ideais, lembrando que o que é ideal para um não o é para

outro. Por conseguinte o que é “ideal” na postura sentada e em pé.

Para Adams et al. (1985) em seu texto descrito pela Academia Americana

de Ortopedia, a boa postura é o estado de equilíbrio relativo das diversas

partes do corpo, capaz de proteger os elementos de apoio do corpo humano

contra traumatismos e contra deformação progressiva, qual seja a posição

adotada, sentado, deitada ou em pé.

No artigo de concepções de boa postura de Vieira e Souza (2002), estas

argumentam que intervir na postura de uma pessoa significa, num certo

sentido, indicar-lhe maneiras de: entender-se e de comportar-se corporalmente.

Necessitando ponderação, pois atualmente há controvérsias sobre o que é e

como obter uma boa postura. Por isso mesmo, acreditamos que um cuidado

maior se faz necessário, o que é ideal para um não é necessariamente bom

para outro. Aos professores cabe a prevenção, estar atento aos possíveis

desvios comuns ao corpo em crescimento, orientar a procura de tratamento

com profissionais especializados quando necessário e conscientizá-lo do modo

ideal a realizar suas AVDs.

Segundo Martins e Duarte (2000) algumas empresas brasileiras estão

introduzindo a GL preparatória e compensatória como uma das ferramentas

para promover o bem estar de seus funcionários. Em seu artigo Martins

defende que a GL visa: diminuir os acidentes de trabalho, prevenir doenças,

prevenir a fadiga muscular, corrigir vícios posturais, aumentar a disposição do

trabalhador e promover a integração no ambiente de trabalho.

Ao resgatar estudos da aplicação da GL em escolares encontramos

também estudos feitos por Kalimine e Göller (s.d.), onde estes destacam que a

GL em forma de atividade de pausa aumentou a produtividade mental nos

alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Guilherme Clemente Köehier

– Polivalente da cidade de Ijuí em até 38,7%.

Page 16: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

16

Após analisarmos a leitura de diversos artigos, sobre os resultados

obtidos por empresas ao aplicarem a GL como medida para melhorar a sua:

produtividade, qualidade, rendimentos e resultados constantes, ficamos

surpresos com os números.

Acreditamos que a longo prazo,

os mesmos resultados, podem ser

atingidos no ambiente escolar,

afinal nossos alunos são o

“operário” em nossa produção e

se desejamos ter alunos

produtivos, criativos, com

qualidade de aprendizagem e

bons resultados, devemos acordar e também investir na condição da vida, em

nosso ambiente escolar e de toda nossa comunidade.

Ao entrevistar os professores das turmas selecionadas para execução

do teste da GL, temos dados a considerar como vemos no gráfico 05, apenas

01 professora manifestou que a melhora na postura é parcialmente atingida,

alegando que o aluno retorna a postura incorreta alguns minutos depois. Com

certeza é o esperado, não seria em 30 dias de aplicação que todos estariam

sentados corretamente. Segundo a opinião dos colegas a atividade deveria se

estender a todas as turmas e alguns ainda colocam que deveria ser “uma

atividade obrigatória”, outros ainda acrescentam que deveriam ser aplicadas

“desde os primeiros anos escolares”. Nos comentários alguns salientaram a

melhora na socialização e relacionamento entre os alunos.

Durante a intervenção, executamos as mesmas atividades com a

unidade temática sobre Postura com duas turmas de oitavanista do período

vespertino, a 8ª D. Esta turma tem 32 alunos, e nossas aulas após o recreio

duas vezes na semana, vários alunos apresentam dificuldade de aprendizagem

e conversam bastante. Gostaria de relatar algo que chamou nossa atenção

desde o primeiro bimestre, quando dada a primeira avaliação 20 alunos ficaram

para recuperação paralela, propus fazer com eles a GL a entrada de todas as

aulas como o sugerido pela intervenção nas turmas da manhã, para tentarmos

melhorar sua postura e concentração, iniciamos no final de março. Estes no

91%

100%

0,85

0,9

0,95

1

12

Gráfico 05 - PROFESSORES DAS TURMAS

APLICADOS O TESTE POR AMOSTRAGEM

Melhorou aPostura

Melhorou aconcentração

Page 17: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

17

inicio brincavam, outros não há executavam até que com o passar das aulas

praticamente todos realizam (02 ainda não). Na segunda avaliação nove alunos

ficaram para paralela. Na terceira avaliação nenhum aluno ficou para paralela.

A sala pode estar no maior barulho quando entramos, ao colocar o Pendrive na

TV, puxar a cadeira ao centro da sala e sentar, ao dizer sentando

corretamente, todos se corrigem (tornou-se um hábito), ligamos o vídeo (estes

de relaxamento) com imagem e som, respiramos profundamente e fazemos os

exercícios, terminado a GL, continuamos a aula, sem precisar chamar a

atenção, tendo o ajudado tanto no rendimento como no relacionamento entre

nós.

Cabe lembrar que os exercícios propostos por esta intervenção são

simples, realizados sentados e lentamente, sem repetições, como colocado

por, Bracialli e Vilarta (2000), quando dizem que os alongamentos prolongados,

suaves, progressivos e com baixo número de repetições, são considerados

mais eficazes do que as trações bruscas e com grande número de repetições,

dão uma visão da colocação de uma atividade curta, mas eficaz no

relaxamento muscular como a executada pela ginástica laboral.

É um caso que deu certo, porém devemos ter ciência que a

conscientização, cuidados com a ergonomia dentro da escola e a GL, tão

somente não resolvem os problemas posturais ou de aprendizagem, como diz

Chung (1996), apesar de existirem programas variados de escola de coluna, os

melhores resultados são obtidos quando o paciente se conscientiza de que ele

próprio é o gerenciador da sua saúde.

CONCLUSÕES

O PDE foi um presente recebido depois de anos em sala de aula, a

oportunidade de retornar a universidade com outros 1200 professores por si só

é gratificante. A troca de experiências e opiniões, os cursos de aprimoramento,

o aprendizado, a valorização de nosso trabalho pelos profissionais das

universidades, a orientação em todo este percurso um crescimento.

Page 18: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

18

A escolha do tema Postura: Lesões no Sistema Músculo-esquelético foi

motivada devido a constantes reclamações de adolescentes por apresentar

“dores nas costas” tão precocemente, bem como observarmos por 02 anos

consecutivos alunos fazendo uso de coletes corretivos.

Os problemas posturais encontrados a nosso ver foram muitos, num olhar

mais apurado a suas causas, constatamos que necessitamos enriquecer nosso

conhecimento e termos ações efetivas quando tratamos de conscientizar

adolescentes de seu próprio corpo. Meramente repassar opiniões não basta,

temos que confrontá-los com fatos. Este trabalho atingiu a nosso ver seu

propósito, pois percebemos o interesse de nossos alunos ao discutir o assunto.

Mesmo aqueles que não fizeram os exames ao analisar os dados e fotos dos

colegas da escola, ficaram conscientes que estes problemas posturais não

ocorrem tão somente com as pessoas nos livros e passaram a se ver de outro

modo, por isso consideramos muito importante que a analise corporal de

nossos alunos seja feita anualmente. Tornando-o consciente de seu corpo e

prevenindo problemas posturais que possam surgir, bem como acompanhar os

casos que por hora ocorram e intervir previamente. Outro fator importante é a

família, quando esta percebe que a escola se preocupa com o bem estar de

seus filhos, participa melhor da vida escolar destes. Muitos pais retornaram a

professora PDE, para tomar informações, informar seus procedimentos e

opiniões médicas nos casos mais sérios ou mesmo para agradecer pelo

trabalho realizado com seus filhos (as).

A prática da GL nas aulas, acreditamos que só tem a contribuir com a

postura e aprendizagem do educando, apesar de alguns alunos não

contribuírem e do professor muitas vezes não se sentir a vontade em sua

realização, com o hábito vem o entrosamento e lentamente aparecerá as

vantagens da sua aplicação.

Junto aos colegas de trabalho, colhemos sugestões e trocamos idéias

tanto através do curso com o grupo de apoio a intervenção na escola, como

com o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) em todo o processo. Sendo

professores atuantes em sala de aula, tivemos um respaldo ainda maior

naquilo que estavamos fazendo, sentido-nos seguros a cada etapa.

Page 19: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

19

Ao Governo do Estado que já vem demonstrando a preocupação com a

educação em diversas ações, inclusive tendo já iniciado o pregão para a

substituição dos mobiliários atuais, pelos ergonomicamente corretos,

sugerimos também estudos para implantar armários onde os alunos manteriam

seus materiais escolares, levando para casa apenas os necessários as

atividades diárias.

Este estudo e dados coletados não nos deixa dúvida alguma, que para

termos uma vida mais saudável precisamos ter consciência de nosso corpo e

sabedoria nas escolhas de nossa postura diante das AVDs realizadas. Cabe a

família, escola e governo garantir aos jovens momentos para refletir e vivenciar

esta realidade.

REFERÊNCIAS

As referências se encontram em ordem alfabética de sobrenome e seguem conforme NBR 6023, Ago. 2002.

ADAMS, R. C. et al. Jogos, Esporte e Exercícios: Para o Deficiente Físico.

3. ed. São Paulo: SP. Manole. 1985.

BRASIL. Ministério da Educação. FUNDESCOLA-MEC. Coordenação de Instalações Escolares. Cadernos Técnicos I. Elaborado por:

BERGMILLER, K. H.; SOUZA P. L. P.; BRANDÃO, M. B. A. Brasília - DF. 1999. 70 p. Disponível em: < ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundescola/publicacoes_cadernos_tecnicos/ensino_fundamental_mobiliario_escolar_nr3.pdf > Acesso em: 07 jun. 2008.

BRACIALLI, L. M. P.; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de Problemas Posturais. Rev. Paul. Educação Física, São Paulo, v.14, n.2, p. 16-28,

jan./jun. 2000.

BRAMDIMILLER, Primo A. Postura na frente do computador. São Paulo: SENAC. 2003. Disponível em: <http://www.massagem.net/Artigos_publicados/Como_ sentar_na_frente_do_computador/Postura_na_frente_do_computador.htm> Acesso em: 23 mai. 2008.

COUTO, H. de A. Ergonomia na prevenção de Lombalgias. Revista Proteção.

p. 29, s.d. Disponível em: <http://www.ergonet.com.br/download/ergonomia-lombalgias.pdf> Acesso em: 23 abr. 2008

Page 20: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

20

CHUNG, T. M. Escola de Coluna – Experiências do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. São Paulo – SP. Acta Fisiátrica 3(2): p.13-17. 1996. Disponível em: <http://www.actafisiatrica.org.br/v1%5Ccontrole/secure/Arquivos/ AnexosArquivos/045117BOGOA11A242B > Acesso em 24 abr. 2008.

DETSH, C.; CANDOTTI, C.T. A incidência de desvios posturais em meninas de 6 a 17 anos da cidade de Novo Hamburgo. Movimento. v.7, n.15, p.43-56.2001. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/índex.php/Movimento/article/ viewRST/2622/1251> Acesso em: 23 mai. 2008.

FORNAZARI, L. P. Prevalência de postura escoliótica em escolares do ensino fundamental de duas escolas do município de Guarapuava- PR,2005. Ribeirão Preto, S. P. Escola de enfermagem de Ribeirão Preto, USP. Biblioteca Digital, 2005. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-10052007-142135/publico/LorenaPohlFornazari.pdf> Acesso em: 24/05/ 2008.

KALIMINE, I; GÖLLER, D. F. Ginástica Laboral para Saúde Psíquico dos alunos na Escola do Ensino Fundamental. s.d. p.12. Disponível em: <http://www.sumarios.org/pdfs/579_2735.pdf>.Acesso em: 31 jul. 2008.

KENDALL, O.; KENDALL, P.; WADSMORTH, G. P. Músculos: provas e funções. São Paulo: Manole, 1995.

KNOPLICK, J. Viva bem com a coluna que você tem: Dores nas costas – Tratamento e Prevenção. 10 ed. São Paulo, IBRASA, 1984.

KNOPLICK, J. Endireite as costas: Desvios da Coluna, Exercícios e Prevenção. 5 ed. Paulo, IBRASA, 1989.

JASSI, F.J.; PASTRE, C. M. Alterações Posturais na Coluna Vertebral em Escolares do Ens. Fund. Da Cidade de Adamantina SP. Disponivel em: http://www.fai.com.br/ omnia/eventos/arquivos/jornada/jornada.pdf Acesso em: 25 Mai 2008.

MACIEL, M. H. V. e MARZIALE, M. H. P. Problemas posturais X mobiliário: uma investigação ergonômica junto aos usuários de microcomputadores de uma escola de enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP, v.31, n.3, p. 368-386, dez. 1997. Disponível em: <http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/385.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2008.

MANGUEIRA, J. de O. Prevalência de desvios na coluna vertebral ao exame físico em estudantes de 11 a 16 anos em uma escola do bairro sinhá Sabóia, Sobral- CE/2004. Sobral, CE. Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia, Universidade Estadual vale do Acarai. 2004. 67f. Disponível em: < http://www.sobral.ce.gov.br/saudedafamilia/dowloads/monografia/residencia/jorgiana.pdf > Acesso em: 24 mai. 2008.

Page 21: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

21

MARTELLI, R. C.; TRAEBERT J. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC. Brazil, 2004. Rev.Bras.de Epidemiologia.(Scielo). v.9, n.1, São Paulo,

Mar. 2006. Disponível em: http://www.scielosp.org/ scielo.php?pid=S1415-790X2006000100011&script=sci_artt Acesso em: 23 Mai 2008.

MARTINS, C. de O. e DUARTE, M. de F. da S. Efeitos da Ginástica Laboral em servidores da Reitoria da UFSC. Ciência e Movimento. Brasília. v.8, n.4, p.07-13. Set.2000. Disponível em: <http://www.ucb.br/mestradoef/RBCM/8/8%20%204/completo/c_8_4_1.pdf> Acesso em 11 jun. 2008.

MATSUO, T. H. Postura Correta X Errada. PILATES, Saúde e Bem Estar.

2008, Disponível em: < http://tatipilates.wordpress.com/2008/04/05postura-correta-x-errada/ > Acesso em: 23 mai. 2008.

MEDEIROS, K.; LOTUFO, S. Cuidado com a mochila! Excesso de peso na bolsa pode provocar problemas na coluna e nos ombros. FLEURY: Medicina e Saúde. (2008). Disponível em: <http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/Artigos/Pages/Voltaasaulas.aspx> Acesso em: 07 abr. 2008.

OLIVEIRA, L. H. Dor nas Costas: será que o homem foi mesmo feito para andar em pé? Super Interessante, Abril, ano 9, n. 4, p. 30-35, abr. 1995.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares de Ciências. Departamento de Educação Básica. Curitiba: PR. 2008. 46 p.

PEREZ, V. A influência do mobiliário e da mochila escolares nos distúrbios músculo- esqueléticos em crianças e adolescentes. 2002.

70f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 2002. Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/9991.pdf.> Acesso em: 05 Abr. 2008.

RIBEIRO, P. Colégio Rio Branco conscientiza alunos para uso correto da Mochila Escolar. Fundação de Rotarianos de São Paulo. 2007. Disponível

em: <http://www.frsp.org/sala_imprensa/0704/projeto_mochila.doc> Acesso em: 07 abr. 2008.

SALTER, R. B. Transtornos y lesiones del sistema musculoesquelético. 2

ed. Barcelona: Salvat; 1986.

TOGNETTI, M. A. R. Metodologia da Pesquisa Científica. Serviço de Biblioteca e Informação/ IFSC-SBI. 2006. 37p. Disponível em: <http://sbi_web.ifsc.usp.br /metodologia_pesquisa_cientifica.pdf >. Acesso em 11 jun. 2008.

VIANA, R. et al. Forma de transporte e o Peso das Mochilas em Escolares das Séries Iniciais da rede estadual e particular de educação, no município de Uruguaiana – RS. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – FAFIUR. Educação Física. (2006). Disponível em:

Page 22: ANÁLISE POSTURAL EM ESCOLARES DO ENSINO

22

<http://www.pucrs.campus2.br~brandt/ trainiciacaocientifica.htm> Acesso em 07 abr. 2008.

VIEIRA, A.; SOUZA, J. L. Concepções de boa postura dos participantes da Escola Postural da ESEF/UFRGS. Movimento. Porto Alegre, v.8, n.1, p. 9-

20, jan./abr. 2002.

ZACARIAS, V. L. C. VYGOTSKI e a educação. Centro de Referencia Educacional. (2007), 1-4. Disponível em: < http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotski.html> Acesso em: 02 jun. 2008.

ZAPATER; et at. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Ciência & Saúde Coletiva. v.9, n. 1, p. 1-9, Rio de Janeiro,

2004. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-812320040001000... > Acesso em 23 mai. 2008.