análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO Departamento de Odontologia Restauradora ANÁLISE POSTURAL DO ENDODONTISTA NA ATIVIDADE CLÍNICA UTILIZANDO INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA E MANUAL POR MEIO DA CINEMETRIA, ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE E CHECKLISTS ERGONÔMICOS GERALDO CELSO DA SILVA ONETY Ribeirão Preto 2011

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Page 1: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO

Departamento de Odontologia Restauradora

ANÁLISE POSTURAL DO ENDODONTISTA NA ATIVIDADE CLÍNICA

UTILIZANDO INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA E MANUAL POR MEIO DA

CINEMETRIA, ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE E CHECKLISTS

ERGONÔMICOS

GERALDO CELSO DA SILVA ONETY

Ribeirão Preto 2011

Page 2: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

GERALDO CELSO DA SILVA ONETY

ANÁLISE POSTURAL DO ENDODONTISTA NA ATIVIDADE CLÍNICA

UTILIZANDO INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA E MANUAL POR MEIO DA

CINEMETRIA, ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE E CHECKLISTS

ERGONÔMICOS

Ribeirão Preto 2011

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciências – Programa: Odontologia Restauradora. Área de Concentração: Odontologia Restauradora-opção: Endodontia Orientadora: Profa. Dra. Simone Cecílio Hallak Regalo

Page 3: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial da presente obra por qualquer

meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a

fonte.

Assinatura do autor:_________________________________________________ Data:_____/_____/______

FICHA CATALOGRÁFICA

Onety, Geraldo Celso da Silva Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando instrumentação rotatória e manual por meio da cinemetria, eletromiografia de superfície e checklists ergonômicos. Ribeirão Preto, 2011.

104 p.: il.; 30cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: Odontologia Restauradora – Endodontia.

Orientadora: Regalo, Simone Cecílio Hallak.

1. Análise Postural 2. Ergonomia. 3. Eletromiografia. 4. Instrumentação Rotatória. 5. Instrumentação Manual.

Page 4: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

Candidato: Geraldo Celso da Silva Onety

Título da Dissertação: Análise postural do endodontista na atividade clínica

utilizando instrumentação rotatória e manual por meio da cinemetria, eletromiografia

de superfície e checklists ergonômicos

A Comissão Julgadora dos trabalhos de defesa da Dissertação de Mestrado,

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – Área

de Concentração: Odontologia Restauradora - opção: Endodontia, em sessão

pública realizada em ____/_____/2011, considerou o candidato

______________________.

BANCA EXAMINADORA

Prof (a). Dr(a).________________________________________________________

Instituição: __________________________________________________________

Julgamento: _______________________Assinatura: _________________________

Prof (a). Dr(a).________________________________________________________

Instituição: __________________________________________________________

Julgamento: _______________________Assinatura: _________________________

Prof (a). Dr(a).________________________________________________________

Instituição: __________________________________________________________

Julgamento: _______________________Assinatura: _________________________

Page 5: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

DEDICATÓRIA

Aos Meus Pais Paulo de Oliveira Onety e Maria Iris Dutra da Silva Onety

Exemplos de vida, amor, cumplicidade e acima de tudo lealdade. Se cheguei

até aqui foi graças ao incentivo e apoio dados por vocês em toda a minha trajetória.

Embora não estejam mais presentes nesta vida terrena sinto suas bênçãos a todo o

momento. Tenho a certeza de que Deus os acolheu e os mantém ao Seu lado para

juntos protegerem a família aqui construída. Meu amor incondicional!

Aos meus irmãos

A vocês, meus queridos irmãos, pela confiança e afeto que sempre recebi.

Sinto orgulho de fazer parte da família Onety e tenham a certeza de que esta vitória

só ocorreu em face da união e do amor existentes entre nós. Vocês são meu refúgio

e minha fortaleza!

Aos demais familiares

O bem querer mútuo e o respeito profissional foram fundamentais para a

realização deste sonho. Cada incentivo, palavras de carinho e reconhecimento da

minha atividade profissional serviram para que acreditasse na minha capacidade

técnica e continuasse em busca de novos desafios.

Page 6: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

DEUS- O Arquiteto do Universo

Obrigado Senhor, pelo dom da vida. Sua luz, ao iluminar meus caminhos,

permite minhas vitórias fazendo com que me torne uma pessoa melhor. Que eu seja

merecedor de Suas dádivas e que o Divino Espírito Santo continue a me proteger

aumentando a cada dia minha fé.

Minha Orientadora Profa. Dra. Simone Cecílio Hallak Regalo

Quando recebi a notícia que teria você como minha orientadora, a sensação

de paz e de que algo de bom estaria reservado para mim aflorou em minha mente.

Estava certo! Você é uma das pessoas mais formidáveis que já conheci. Sua

educação, seu sorriso estampado no rosto, suas palavras de conforto nos momentos

difíceis que passei associados à seriedade e competência profissional fazem de

você esta pessoa admirada por todos. De coração, muito obrigado!

Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora

Sua trajetória acadêmica, por si, serve de exemplo para todos aqueles que

buscam na docência, a realização de um sonho. Não obstante, tive a oportunidade

de, durante nossas conversas, partilhar momentos de crescimento profissional,

espiritual e humano. Um aprendizado que jamais esquecerei!

Profa. Dra Marisa Semprini, Profa. Dra Selma Siessére

A harmonia e a sensação de bem-estar na sala do Departamento de Morfologia,

Estomatologia e Fisiologia - DMEF, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

são percebidas graças a vocês que, juntamente com a minha orientadora, fazem

daquele ambiente um local estimulador e agradável. Essa energia positiva contagia

a todos nós, que temos a oportunidade de desfrutar dessa convivência.

Page 7: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

Prof. Dr. Benedito Taveira da Silva, Profa. Dra. Tânia de Miranda Chicre

Alcântara, Prof. Dr. Joaquim Alberto da Silva

Meus coordenadores e amigos da Universidade do Estado do Amazonas- UEA

que, ao tomarem ciência de minha aprovação no curso de mestrado da

FORP-USP, não mediram esforços na liberação de minhas atividades acadêmicas

junto à Universidade, visando minha participação no curso.

Profa. Dra. Débora Fernandes Costa Guedes, colaboradora do Departamento de

Odontologia Restauradora, pelas palavras de incentivo e amizade ao longo de todo o

curso.

Fisioterapeutas Bruno Ferreira e Gabriel de Pádua da Silva

A oportunidade de trabalhar com vocês durante esta jornada foi fundamental para

o êxito desta dissertação. Profissionais jovens, competentes e com um grande

futuro. Torço por vocês e que possamos em breve desenvolver novos projetos.

Cirurgiãs Dentistas Alexandra Maria Sousa Valente e Denise Freire da Silva

Amigas de todos os momentos! Vocês que sempre acreditaram em mim, o

reconhecimento pelo verdadeiro significado do sentimento de amizade. Guardo

vocês no lado esquerdo do meu peito e que este sentimento esteja em continua

renovação.

Aos amigos André Loureiro Marques e Maria Aparecida Gomes de Freitas

Quando decidi pelo curso de mestrado em Ribeirão Preto, estava ciente que o

afastamento de meus familiares seria extremamente doloroso e que precisaria

encontrar forças na oração e em mim mesmo. Para minha felicidade, Deus colocou-

os no meu caminho e agradeço todos os dias pela receptividade e carinho que

vocês dispensaram para comigo. Muito obrigado por tudo!

Page 8: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas-

IFAM, na pessoa do Magnífico Reitor Prof. Dr. João Martins Dias, pela liberação de

minhas atividades profissionais junto a essa Instituição Federal, através do incentivo

à qualificação de seus servidores técnico-administrativos.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM, pela

concessão de bolsa pelo programa de RH- POSGRAD-MESTRADO, apoio este de

fundamental importância durante o desenvolvimento do curso.

A Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, na

pessoa do seu Diretor Prof. Dr. Osvaldo Luiz Bezzon e do Vice-Diretor Prof. Dr.

Valdemar Mallet da Rocha Barros, pela oportunidade de crescimento profissional.

Ao Departamento de Odontologia Restauradora, na pessoa do seu chefe Prof. Dr.

Ricardo Gariba Silva e docentes da Endodontia, Prof. Dr. Antonio Miranda da

Cruz Filho; Prof. Dr. Luiz Pascoal Vansan e ao Programa de Pós-Graduação em

Odontologia Restauradora, pelo seu Coordenador Prof. Dr. Manoel Damião de

Souza Neto, pelos conhecimentos adquiridos através do conteúdo programático do

curso.

Polliana Vilaça Silva

A amizade construída ao longo do curso de mestrado foi extremamente

gratificante, tendo sido demonstrada não somente durante nossas atividades

discentes, mas também naqueles momentos difíceis onde seu apoio e incentivo

foram significativos. De coração, desejo muito sucesso em sua nova etapa

acadêmica!

Page 9: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

Aos colegas da Pós-Graduação: Daniel Vilela Leonel, Graziela Bianchi Leoni,

Luis Eduardo Souza Flamini, Tiago Gilioli Varise, Mariangela Salles Pereira

Nassar, Marcelo Palinkas, Ana Paula Zanetti Brochini, Ira Cristina Uekama,

César Lepri, Renata Filgueira Borges, Renata Scatolin e Luciana Bastos que

caminharam junto comigo nesta jornada, rogo a Deus pelo crescimento profissional e

pessoal de cada um de vocês. Estarei à disposição para o que precisarem.

Prof. Dr. André Augusto Franco Marques

Meu amigo e colega docente da Universidade do Estado do Amazonas. Um

jovem pesquisador que, além do incentivo para concorrer ao mestrado, fez de seus

pais minha nova família em Ribeirão Preto. Muito obrigado!

Aos Professores e Amigos da Universidade do Estado do Amazonas- UEA, que

vivenciaram recentemente a experiência de um curso de Pós-Graduação, pelo apoio

e pela torcida para que eu realizasse com êxito este trabalho.

Carlos Feitosa dos Santos, Secretário da Pós-Graduação do Departamento de

Odontologia Restauradora. Sua maneira educada e atenciosa, não somente comigo,

mas com todos aqueles que em algum momento recorreram às suas funções nesta

Secretaria, revela a pessoa iluminada e amiga que tive a felicidade de conhecer.

Que Deus o abençoe sempre!

Luiz Gustavo de Souza, Técnico do Laboratório de Anatomia da Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Sua capacidade

técnica, fundamental para que meu trabalho tornasse viável, além do espírito amigo

em todas as vezes que estive no laboratório traduz a pessoa de alma boa e

colaboradora que você é. Meus sinceros agradecimentos.

Aos Funcionários da FORP-USP: Paulo Batista de Vasconcelos (Técnico

Laboratório de EMG Prof. Dr. Mathias Vitti), Clélia Aparecida Celino (Secretária do

MEF), Reginaldo Santana da Silva (Técnico do Laboratório de Pesquisa em

Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora), Patrícia Marchi

(Técnica do Laboratório de Pesquisa em Dentística do Departamento de Odontologia

Page 10: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

Restauradora), Ronivaldo Zonfrilli (Técnico do Laboratório Multidisciplinar)

Frederico Augusto B. Farias (Técnico do Laboratório Multidisciplinar), Maria

Amália Viesti de Oliveira Motta (Secretária do Departamento de Odontologia

Restauradora), Maria Isabel Cezário Francisco Miguel (Secretária do

Departamento de Odontologia Restauradora), Regiane de Cássio Tirano

Damasceno (Secretária da Pós Graduação da Faculdade de Odontologia), Regiane

Cristina Moi Sacilotto (Técnica Acadêmica), Isabel Cristina Galino Sola (Técnica

Acadêmica – Chefe Administrativo do Serviço) Elisabete Camilo Pereira

(Funcionária dos Serviços Gerais Terceirizado do MEF), Rosangela Angelini

(Auxiliar de serviços gerais Departamento de Odontologia Restauradora).

A colaboração de vocês foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho.

Durante todo o processo tive a oportunidade de conviver com pessoas abençoadas

e com espírito de grupo, sem o que não seria possível a realização desta pesquisa.

Minha eterna gratidão!

Aos Cirurgiões Dentistas voluntários, obrigado pela disponibilidade, paciência e

percepção da importância da participação de cada um para a realização da

pesquisa.

Page 11: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

VIDA

“Já perdoei erros quase imperdoáveis

Tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis

Já fiz coisas por impulso. Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei

me decepcionar, mas também decepcionei alguém

Já abracei pra proteger. Já dei risada quando não podia

Já fiz amigos eternos

Já gritei e pulei de tanta felicidade

Já me apaixonei por um sorriso

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém

especial (e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!

E ainda vivo!

Não passo pela vida...

E você também não deveria passar. Viva!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,

Abraçar a vida e viver com paixão,

Perder com classe e vencer com ousadia,

Porque o mundo pertence a quem se atreve

E A VIDA É MUITO para ser insignificante”.

CHARLES CHAPLIN

Page 12: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

RESUMO

Onety, GCS. Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

instrumentação rotatória e manual por meio da cinemetria, eletromiografia de

superfície e checklists ergonômicos (dissertação). Ribeirão Preto: Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2011.

Atualmente a ergonomia revela-se em todas as circunstâncias na prática

odontológica, desde o local de trabalho a forma como os equipamentos são

utilizados, onde variáveis importantes como a postura e o movimento são

determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho. O objetivo desta pesquisa foi

analisar, por meio da atividade muscular (eletromiografia), cinemetria, escalas

ergonômicas (RULA e Checklist de Couto) e biofotogrametria, a postura de dezoito

profissionais endodontistas, destros, com idade entre 25 e 60 anos (30 ± 3) durante

o preparo químico-mecânico do sistema de canais radiculares dos molares 16 e 17,

utilizando-se da técnica de instrumentação rotatória e da técnica de instrumentação

manual, evidenciando os efeitos que a profissão odontológica e as posturas viciosas

adotadas pelos profissionais endodontistas promovem durante as horas de trabalho

nas cadeias musculares dos membros superiores e região de tronco. Baseado nos

resultados obtidos nesta pesquisa pode-se concluir que as variações apresentadas

nos valores eletromiográficos normalizados durante a execução das técnicas

rotatória e manual sugerem que a ação dos músculos longuíssimo, deltóide anterior,

deltóide médio, trapézio - fibras médias, bíceps braquial, tríceps braquial,

braquiorradial e abdutor curto do polegar, propiciou adaptações musculares, com a

finalidade de promover movimentos funcionais mais precisos. Na cinemetria

computadorizada, observou-se que a técnica rotatória apresentou maior exigência

postural do que a técnica manual, fato também evidenciado pela análise do posto de

trabalho e biomecânica da atividade profissional. A análise estática da postura

corporal (biofotogrametria) sugere que a atividade clínica do profissional

endodontista pode contribuir para um desequilíbrio postural do quadrante superior

do corpo. Concluiu-se que o profissional endodontista apresentou postura corporal

comprometida, independente de trabalhar com a técnica rotatória e/ou manual.

Palavras-Chave: Análise postural, ergonomia, eletromiografia, instrumentação rotatória,instrumentação manual. .

Page 13: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

ABSTRACT

Onety, GCS. Analysis of the endodontist posture using rotary and manual

instrumentation applying kinemetry, surface electromyography and ergonomic

checklists (dissertation). Ribeirão Preto: Faculdade de Odontologia de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo; 2011.

Nowadays ergonomics has had different uses in dentistry, from the workplace to how

equipments are used; where important variables, such as posture and movement,

have been determined by the job and the work position. The objective of this

research was to apply electromyography, kinemetry, ergonomic scales (RULA and

Couto’s checklist) and biophotogrammetry to analyze the posture of eighteen right-

handed endodontists, aged between 25 and 60 years old (30 + 3), during the

preparation of the chemical-mechanical system of root canal of molars 16 and 17,

using rotary and manual instrumentation, showing the effects of endodontists’

profession and vicious postures during hours of work on muscle chains of upper

limbs and trunk. Based on the results it is possible to conclude that the variations

showed in the electromyographic values normalized during the use of rotary and

manual techniques, suggest that longissimus, anterior and middle deltoid, trapezium

– medium fibers, brachial biceps and triceps, brachioradialis and short abducent of

the thumb, provided muscle adaptations in order to cause functional more accurate

movements. In computer kinemetry the rotary technique was more postural

demanding than the manual technique, that was also showed by the analysis of the

work position and biomechanics of the profession. The static analysis of the body

posture (biophotogrammetry) suggests that the professional activity of the

endodontist can contribute for a postural imbalance of upper body. In conclusion, the

endodontist presented compromised posture regardless the kind of technique he/she

uses: rotary and/or manual.

Keywords: Postural analysis, ergonomics, electromyography, rotary instrumentation,

manual instrumentation.

Page 14: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

SUMÁRIO

1 Introdução......................................................................................................... 15

2 Proposição........................................................................................................ 25

3 Material e Métodos........................................................................................... 27

3.1 Amostra................................................................................................... 28

3.2 “Paciente” da Pesquisa........................................................................... 29

3.3 Preparo Químico-Mecânico do Sistema de Canais Radiculares............ 33

3.3.1 Instrumentação Rotatória............................................................ 33

3.3.2 Instrumentação Manual............................................................... 34

3.4 Avaliações Durante a Execução do Preparo Químico-Mecânico........... 36

3.4.1 Análise Eletromiográfica.............................................................. 36

3.4.2 Análise dos Dados Eletromiográficos.......................................... 39

3.4.3 Cinemetria Computadorizada...................................................... 40

3.4.4 Escalas Ergonômicas (Rula e Checklist de Couto) .................... 43

3.4.5 Biofotogrametria Computadorizada............................................. 44

3.5 Análise Estatística................................................................................... 45

4 Resultados........................................................................................................ 46

5 Discussão......................................................................................................... 70

6 Conclusão......................................................................................................... 87

Referências.......................................................................................................... 89

Anexos................................................................................................................. 97

Page 15: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

15

Page 16: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

16

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde conceitua saúde como “o completo estado

de bem-estar físico, psíquico e social” (WHO, 2011).

Para Régis Filho (2004), “Saúde é a ausência de estado como: patologia,

deficiência, restrição da vida social e miséria econômica”, ou seja, saúde deve ser

vista como resultado de um processo de construção de uma vida saudável, ou ainda

a adoção de práticas adequadas que envolvem cuidados médicos, de higiene

pessoal, de prevenção contra doenças, de prevenção de acidentes, e de equilíbrio

das atividades diárias: trabalho, recreação, sono e repouso.

O trabalho e as condições em que este trabalho é realizado são fatores

preponderantes no estado de saúde integral do indivíduo (REGIS FILHO, 2002).

Segundo a ABERGO (2011), a Internacional Ergonomics Association adotou

uma definição oficial para ergonomia como sendo uma disciplina científica

relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros

elementos ou sistemas e a aplicação de teorias, dados e métodos a projetos, a fim

de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.

Iida (1993) classifica a ergonomia de acordo com a ocasião em que a

intervenção ergonômica ocorre, ou seja, ergonomia de concepção, a qual permite

que se aja desde a fase inicial criando-se condições de trabalho adaptadas e

relacionadas à eficácia, segurança e conforto; ergonomia de correção, que

corresponde às inadaptações, ou seja, se traduzem por problemas na segurança e

no conforto do indivíduo ou na qualidade e quantidade da produção, e ergonomia de

conscientização, que conscientiza e, ao mesmo tempo, complementa as fases de

concepção e correção, pois proporciona aos indivíduos a capacitação para utilização

Page 17: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

17

correta dos recursos para realização do trabalho e deve ocorrer por meio de

treinamentos e reciclagens periódicas.

Dul e Weerdmeester (1998) citaram que um princípio extremamente

importante na aplicação da ergonomia é o de que equipamentos, sistemas e tarefas

deverão ser projetados para uso coletivo.

A Ergonomia fez-se presente de uma forma empírica e implícita na história da

Odontologia e se revela em todas as circunstâncias, desde o local de trabalho ao

equipamento ou instrumento que é utilizado para a realização de um determinado

procedimento. Entretanto ela foi fortemente inserida a partir de três eventos

históricos que marcaram uma nova era na incorporação de conceitos ergonômicos à

prática odontológica. O primeiro evento que iniciou a reforma ergonômica na

odontologia foi a fabricação da cadeira do tipo “relax” baseado em cadeiras de avião

bombardeiros; o segundo evento que marcou a ergonomia odontológica foi a

fabricação do protótipo do primeiro mocho rodante, que possuía cinco rodízios; e por

último a disponibilização do primeiro sistema de sucção (BARROS, 1999).

Segundo Garbin et al. (2009) a consolidação e a aplicação de normas e

diretrizes ergonômicas que identifiquem, apontem e modifiquem as inadequações

posturais se fazem necessárias e eficazes para garantir a salubridade, segurança,

alto desempenho, motivação e a satisfação na prática odontológica.

Postura e movimento, variáveis que tem grande importância para a

Ergonomia, são determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho. Para se assumir

uma postura ou movimento são acionados diversos músculos, ligamentos e

articulações do corpo, onde os músculos fornecem a força necessária para o corpo

adotar uma postura ou realizar um movimento (DUL; WEERDMEESTER, 1998).

Page 18: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

18

As lesões por esforços repetitivos (LER) e os distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORT) em profissionais da saúde têm-se demonstrado de

forma significativa e crescente, dentre os principais riscos biomecânicos no posto de

trabalho. Os distúrbios no sistema músculo-esquelético resultantes de posturas

viciosas ou adquiridas demonstram-se com maior índice de lesão, justificando assim

mais estudos nas áreas de trabalho com pouco conhecimento sobre os riscos

deletérios a saúde do trabalhador, que podem ser limitadoras ou levá-lo ao

afastamento do trabalho. Estando a etiologia das LER/DORT bem estabelecida

torna-se essencial conhecer os nexos causais de fundo laboral, ou seja, ligando esta

etiologia às condições materiais que podem produzir comportamentos deletérios

(RUCKER; SUNELL, 2002).

No manual de biossegurança direcionado ao atendimento odontológico

proposto pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, elaborado a partir de

estudos realizados por Gomes et al. (2001), e revisados pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), os distúrbios posturais e doenças profissionais

frequentes no cirurgião dentista são: dores musculares na região dorsal, lombar,

pernas, braços e pés; cefaléias; perturbações circulatórias e varizes; bursite dos

ombros e cotovelos; inflamações de tendões; problemas de coluna com alterações

cervicais, dorsais e lombares; fadiga dos olhos; desigualdade da altura dos ombros

(artrite cervical).

Régis Filho (2004) por meio de pesquisa realizada com 484 profissionais

cirurgiões dentistas indicou que os principais distúrbios de saúde eram os vasculares

dos membros inferiores, deficiências auditivas, disfunções da coluna vertebral,

deficiências visuais e outras, como dermatites, conjuntivites e intoxicações.

Page 19: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

19

Chovet (1978) relatou em suas pesquisas que as principais alterações de

saúde em cirurgiões dentistas eram a fadiga e distúrbios nervosos, distúrbios

vertebrais e dores posturais, baixa prematura da acuidade visual, distúrbios

circulatórios e cardíacos e, finalmente, distúrbios alérgicos.

Gomes et al. (2001) demonstraram que as dores na região posterior do tronco

associadas à má postura ocupacional, acometem um grande número de cirurgiões

dentistas. Segundo os estudos, um entre dois cirurgiões dentistas apresentam

patologias na coluna lombar que são correlacionadas à postura profissional que

impõe aos cirurgiões dentistas uma movimentação da coluna no sentido de

inclinações para frente, laterais, flexões e extensões, posturas estas que podem

acentuar patologias de origem postural como escoliose, cifose e lordose.

Para Lawrence (1972) é bastante comum entre cirurgiões dentistas a

degeneração dos discos intervertebrais da região cervical. Outras patologias, como a

periartrite escápulo-umeral ou bursite, a hipertrofia muscular no membro mais

utilizado e a contratura muscular fisiológica são comuns nesta categoria profissional

(SAQUY; PÉCORA, 1996). Encontram-se, também em vários cirurgiões dentistas,

desigualdade na altura do ombro, infamação das bainhas tendinosas e artrite das

mãos (NOGUEIRA, 1983).

Para relatar as alterações no campo da ergonomia existem vários métodos

observacionais, utilizados em estudos ergonômicos, destacando-se a observação

direta, as fotografias e os videotapes. O método a ser utilizado para avaliação da

postura e posição de trabalho em Odontologia deve ser selecionado de acordo com

as necessidades e objetivos da avaliação, considerando suas limitações e

facilidades (CAMPOS et al, 2008).

Page 20: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

20

O método RULA - Rapid Upper Limb Assessment (Anexo III) proporciona uma

avaliação rápida das cargas impostas ao sistema músculo esquelético, devido à

postura, função muscular e forças exercidas, sem a necessidade de equipamentos

especiais, contribuindo para a análise ergonômica global da tarefa (CARDOSO

JUNIOR, 2006). Nesta pesquisa, o método RULA atuou como parâmetro na análise

do posto de trabalho do endodontista por meio da avaliação postural da região

cervical, tronco e membros superiores (braço, antebraço e mãos), relacionando com

o esforço muscular e a carga externa a qual o corpo foi submetido quando o

voluntário endodontista estava trabalhando na instrumentação do sistema de canais

radiculares, tanto na técnica de instrumentação manual quanto na técnica rotatória.

Como coadjuvante ao método RULA, foi utilizado o checklist de Couto (Anexo

IV) que é um instrumento subjetivo e simplificado para possíveis riscos de

tenossinovites e distúrbios músculo esqueléticos de membros superiores

relacionados ao trabalho. O checklist de Couto possibilita que todos os pontos

importantes de uma análise de trabalho sejam observados, evitando a omissão de

algum aspecto, além de possibilitar um mapeamento rápido, obtendo-se uma

espécie de visão panorâmica do risco de lesão de membros superiores (FERREIRA,

2006).

Outro recurso cada vez mais eficaz na análise da postura e da sobrecarga

imposta às cadeias musculares é a eletromiografia que tem como principal função

monitorar as atividades elétricas das membranas excitáveis, representando a

medida do potencial de ação da unidade motora. O sinal eletromiográfico é a soma

de todos os sinais captados em determinada área, o qual pode ser afetado por

propriedades musculares, anatômicas e fisiológicas assim como pelo controle

Page 21: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

21

nervoso periférico e os instrumentos utilizados para aquisição do sinal (MARCHETI;

DUARTE, 2011).

A fotogrametria por sua vez é a ciência e tecnologia de se reconstruir o

espaço tridimensional, a partir de imagens bidimensionais, advindas da gravação de

padrões de ondas eletromagnéticas. A fotogrametria pode fornecer às práticas

médicas um meio não-invasivo e sem dor para obter medidas espaciais relacionadas

ao corpo humano (MICHEL; NEWTON, 2002).

Iunes et al. (2005) demonstraram em seu estudo que a biofotogrametria

computadorizada vem sendo utilizada para facilitar o trabalho de profissionais da

área da Saúde. Tal método consiste em aplicações da fotogrametria a curta

distância, geralmente para extrair medidas das formas e dimensões do corpo

humano. Esse método é utilizado em avaliações posturais em função de suas

vantagens e efetividade de sua aplicação clínica.

A videogrametria é composta por procedimentos de natureza essencialmente

óptica, onde as medidas são realizadas segundo indicadores indiretos obtidos por

meio de imagens e procura medir os parâmetros cinemáticos do movimento

(CUNHA, 2009).

Segundo Robertson et al. (2004) a cinemetria ou videogrametria permite

estudar tanto movimentos lineares, cujos parâmetros cinemáticos são a posição, a

velocidade a aceleração, como movimentos angulares cujos respectivos parâmetros

são ângulo, velocidade angular e aceleração angular.

Os instrumentos endodônticos são produzidos em ligas de aço inoxidável

autenístico, que possuem boa resistência à corrosão, à fratura, grande tenacidade e

dureza, características estas que permitem que os instrumentos endodônticos

Page 22: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

22

vençam os carregamentos adversos encontrados durante a instrumentação dos

canais radiculares (LOPES; SIQUEIRA JR., 2004).

Walia et al. (1988) introduziram a liga de níquel-titânio em endodontia com a

utilização de limas número 15 produzidas experimentalmente a partir de fios

ortodônticos compostos desta liga.

As limas de níquel-titânio quando flexionadas ou torcidas, apresentam

elasticidade duas a três vezes maiores que as limas de número 15 de aço

inoxidável. A liga de NiTi empregada na endodontia apresenta pequeno módulo de

elasticidade, cerca de um quarto a um quinto em relação ao aço inoxidável, e, em

consequência disso, possui grande elasticidade e alta resistência à deformação

elástica e à fratura (LOPES; SIQUEIRA JR., 2004).

Os desafios da prática endodôntica são principalmente caracterizados pela

dificuldade em se obter uma perfeita limpeza e uma correta modelagem do sistema

de canais radiculares (SCHILDER, 1974).

Clem (1969) foi quem primeiro propôs o escalonamento para canais curvos e

atrésicos denominado step preparation observando que, com esta técnica, acidentes

como desvios e perfurações poderiam ser evitados.

Martin (1974) descreveu uma técnica para canais curvos denominada

telescópica ou step back. Esta técnica consiste na dilatação e irrigação do canal

curvo em toda sua extensão até uma lima tipo K de diâmetro inicial 25 ou 30 e

subsequente recuo de um milímetro (1mm) em cada lima de numeração crescente

(LEONARDO, 2005 )

No Departamento de Endodontia da Universidade de Oregon Health Science

Center foi desenvolvida uma técnica denominada Técnica de Oregon, ou Crown

Down pressureless technique ou Técnica Crown Down. Esta técnica visava um

Page 23: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

23

tempo de trabalho menor e uma instrumentação atraumática para todos os tecidos

periapicais (MARSHALL; PAPPIN, 1980).

Os sistemas rotatórios, através do emprego de instrumentos fabricados com a

liga níquel-titânio acionados a motor, com rotação completa (360◦), instrumentação

não convencional, representam atualmente uma verdadeira “evolução tecnológica na

Endodontia”, principalmente por possibilitar a realização de tratamentos de canais

radiculares atresiados, retos e∕ou curvos de molares, de uma forma muito mais

rápida do que se fazia num passado recente (LEONARDO, 2005).

Com o advento dos instrumentos rotatórios, os clínicos e endodontistas têm

realizado tratamentos mais rápidos e com melhora da qualidade final do preparo

(YOUNG et al., 2007).

Os instrumentos rotatórios são utilizados em baixa rotação (rotações por

minuto- rpm) acionados por um motor elétrico ou pneumático. Sua utilização tem

mostrado bons resultados, sendo capazes de preparar um canal radicular causando

pouco ou nenhum transporte do longo eixo axial do canal (BUCHANAN, 2001)

Várias técnicas para o preparo biomecânico dos canais radiculares com

diferentes instrumentos e diversos motores têm sido preconizadas por diversos

autores ou mesmo de acordo com a recomendação dos fabricantes (LEONARDO;

LEONARDO, 2002)

A técnica de instrumentação denominada Free Tip Preparation foi

desenvolvida de forma a solucionar o problema da fratura dos instrumentos

rotatórios, permitindo o uso destes pelos alunos de graduação. O princípio da

técnica baseia-se em direcionar os esforços durante a instrumentação para a região

onde os instrumentos apresentem maior massa metálica, permitindo que a ponta do

instrumento permaneça livre (PÉCORA et al., 2002).

Page 24: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

24

O sistema rotatório K3, desenvolvido pelo Dr. John T. McSppaden,foi

introduzido comercialmente em 2001 pela Sybron Dental Specialties-Kerr e

representa uma evolução da limas Quantec. Diferentemente da maioria dos

instrumentos rotatórios que apresentam um ângulo de corte negativo, o instrumento

do sistema K3 apresenta três planos radiais de corte positivo com ângulos

diferentes, fazendo desse sistema, o que apresenta maior capacidade de corte

(HERZOG; MENDEZ; CÁRDENAS, 2005).

Como se pode observar no histórico da Odontologia, a profissão evoluiu muito

tecnicamente, seja no que diz respeito aos materiais ou aos instrumentos. Nos

últimos tempos esta evolução tem sido cada vez mais rápida devido às pesquisas

mais intensas que tentam atender a uma demanda cada vez maior com o objetivo de

se aumentar a produtividade e diminuir os custos.

Dentro de um contexto global, Saquy et al. (1998), o trabalho torna-se mais

dependente da técnica, o que aumenta de forma assustadora o número de acidentes

e doenças profissionais.

Page 25: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

25

Page 26: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

26

2 PROPOSIÇÃO

O objetivo desta pesquisa foi analisar, por meio da atividade muscular

(eletromiografia), cinemetria, escalas ergonômicas (RULA e Checklist de Couto) e

biofotogrametria, a postura dos profissionais endodontistas, durante o preparo

químico-mecânico do sistema de canais radiculares de molares do hemiarco

superior direito, utilizando-se de duas técnicas, a técnica de instrumentação rotatória

e a técnica de instrumentação manual, nos elementos dentais 17 e 16

respectivamente, demonstrando-se os efeitos que a profissão odontológica e as

posturas viciosas adotadas pelos profissionais endodontistas promovem durante as

horas de trabalho nas cadeias musculares dos membros superiores e região de

tronco.

Page 27: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

27

Page 28: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

28

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 AMOSTRA

Participaram deste estudo dezoito profissionais endodontistas, destros, com

idade entre 25 e 60 anos, com média de idade de 30 ± 3 anos, oriundos da região de

Ribeirão Preto, submetidos às análises eletromiográficas, cinemétricas,

biofotogramétricas e escalas ergonômicas (RULA e Checklist de Couto) durante a

execução de duas técnicas de tratamento endodôntico, a técnica de instrumentação

rotatória, realizada no elemento dental 17 e a técnica de instrumentação manual,

realizada no elemento dental 16. As análises realizadas durante a execução do

tratamento endodôntico foram feitas no Laboratório de Pesquisa em Laser do

Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, que possui equipamento odontológico

completo. A biofotogrametria foi realizada no Laboratório de Eletromiografia “Prof.

Dr. Mathias Vitti”, do Departamento de Morfologia, Estomatologia e Fisiologia da

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (processo n°

2010.1.1334.58.3 – Anexo I). Todos os profissionais endodontistas foram informados

sobre os propósitos e etapas da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Anexo II), de acordo com a resolução 196/96 e Complementares do

Conselho Nacional de Saúde.

A seleção da amostra e os critérios de inclusão/exclusão foram determinados

da seguinte forma: todos os profissionais deveriam ser endodontistas, com

Page 29: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

29

experiência em instrumentação rotatória e manual, não apresentaram diagnósticos

estabelecidos de patologias posturais e nem problemas cognitivos ou mentais.

3.2 “PACIENTE” DA PESQUISA

Como “paciente” dos profissionais endodontistas foi utilizado um boneco de

plástico em tamanho adulto adaptado, com articulação dos membros superiores,

inferiores e pescoço (Figura1), simulando os movimentos realizados por um

indivíduo em condições reais.

Figura 1: Modelo Experimental

Este modelo foi confeccionado no Laboratório de Anatomia do Departamento

de Morfologia, Eletromiografia e Fisiologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo pelo técnico especializado Luiz Gustavo de

Sousa. Frente à necessidade de analisar a postura do profissional endodontista

executando as técnicas propostas, a idéia de usar um modelo artificial foi muito

discutida e finalmente optou-se pela construção deste modelo, que incluiu também a

Page 30: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

30

cavidade da boca (Figura 2). A cavidade bucal foi reproduzida com a utilização de

dentes naturais e, a mesma, permitia a substituição dos elementos dentais 17 e 16 a

cada execução do experimento, pois estes elementos dentais foram construídos em

blocos individuais.

Figura 2- Modelo Experimental

Page 31: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

31

Foram utilizados trinta e seis elementos dentais, sendo dezoito elementos

dentais 16 e dezoito 17, provenientes do banco de dentes da Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Previamente ao

experimento, os elementos dentais foram submetidos à remoção de cálculos

salivares existentes por ação de curetas periodontais, além de profilaxia coronária

com pasta de pedra pomes aplicada com auxílio de uma escova tipo Robson. Em

seguida, os dentes foram fixados em uma base de cera utilidade pela porção

radicular e depois, incluídos em um bloco de resina acrílica auto-polimerizável,

obtido a partir de uma matriz de silicone previamente confeccionada (Figura 3).

Figura 3: Confecção dos blocos em resina acrílica

Page 32: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

32

Após a polimerização da resina acrílica procedeu-se a cirurgia de acesso

coronário, por meio de broca esférica diamantada nº 1016 HL (FKG Sorensen) e

motor de alta rotação odontológico (MS 350- DABI ATLANTE) sob refrigeração,

removendo-se o teto da câmara pulpar até atingir sua porção mais central, momento

referido como a “sensação de queda no vazio”. Realizou-se a forma de conveniência

para dentes molares superiores, com formato triangular com a base voltada para a

face vestibular fazendo com que os orifícios de entrada dos condutos radiculares

ficassem bem visíveis. Com auxílio de uma sonda endodôntica de ponta reta

localizou-se a entrada dos canais radiculares, seguindo-se com o alisamento das

paredes e remoção de todas as retenções por meio de broca Endo Z (Maillefer) de

alta rotação permitindo um acesso livre e direto aos canais radiculares.

Para efeito de padronização foram utilizados somente elementos dentais com

três condutos. Todo o procedimento foi realizado sob irrigação abundante com

solução de hipoclorito de sódio a 1% com aspiração concomitante.

Seguiu-se com a remoção da base de cera e, por meio de uma lima

endodôntica manual tipo K10 (Maillefer), obteve-se a odontometria dos condutos

radiculares por visualização direta. Recuou-se um milímetro do comprimento do

instrumento endodôntico após sua ultrapassagem pelo forame apical, para a

determinação do comprimento de trabalho. Este procedimento foi realizado com a

finalidade de se evitar o exame radiográfico durante a execução do preparo químico-

mecânico. Concluiu-se esta etapa com a colocação de uma pelota de algodão no

interior da câmara pulpar e selamento da cavidade com cimento provisório Coltosol

(VIGODENT).

Todos os momentos operatórios descritos acima foram executados por um

mesmo operador, para evitar viés de procedimento operatório inicial. Em seguida, os

Page 33: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

33

blocos foram posicionados no hemiarco superior direito e fixados por pontos de

resina acrílica na região palatina realizando-se o procedimento de isolamento

absoluto dos referidos elementos dentais.

A partir dessa etapa, o modelo artificial foi posicionado na cadeira

odontológica para a atuação dos profissionais endodontistas.

3.3 PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO DO SISTEMA DE CANAIS RADICULARES

Nesta fase da pesquisa foi solicitado aos profissionais endodontistas que,

inicialmente, desenvolvessem a técnica preconizada de instrumentação rotatória no

elemento dental 17 de forma semelhante ao atendimento realizado em suas

atividades clínicas diárias, com a finalidade de reproduzir seus movimentos, para as

análises propostas.

3.3.1 INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA

Para a execução desta fase do preparo químico-mecânico no elemento dental

17, foi estabelecido o uso da técnica de instrumentação rotatória Free Tip

Preparation (PÉCORA et al., 2002) que, segundo seus autores, procura preparar o

canal com as áreas de maior conicidade do instrumento e deixar a ponta livre. Este

conceito de ponta livre diminui drasticamente o risco de fraturas e foi descrito de

modo semelhante por outros pesquisadores (MCSPADDEN, 1996)

Após a remoção do selamento provisório com cureta de dentina e irrigação

da cavidade coronária com hipoclorito de sódio a 1% iniciou-se o preparo da região

cervical dos condutos radiculares com instrumentos de níquel-titânio K3

(SybronEndo) , de conicidade 0.06 e diâmetro da ponta (D1) 25, utilizando-se motor

rotatório elétrico em 300 rpm (rotações por minuto) até atingir os 2/3 terços do

comprimento de trabalho previamente obtido, realizando movimentos de vai-e-vem e

Page 34: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

34

acompanhando o longo eixo do canal radicular. A irrigação abundante com

hipoclorito de sódio a 1% e aspiração se fez presente de forma efetiva.

Prosseguiu-se o preparo cervical dos condutos radiculares utilizando-se

instrumentos de níquel-titânio de conicidades maiores - 0.08, 0.10 e 0.12, mantendo-

se o diâmetro da ponta (D1) 25, nos 2/3 terços do comprimento de trabalho do canal

radicular, sob constante irrigação com solução irrigadora e aspiração.

Para a instrumentação da porção apical dos condutos radiculares utilizou-se

instrumentos de menor conicidade, 0.02 e 0.04 e diâmetro da ponta (D1) de acordo

com o Diâmetro Anatômico (DA) do referido conduto, até atingir o comprimento de

trabalho. Seguiu-se com o preparo, utilizando-se instrumentos rotatórios de Diâmetro

da ponta (D1) quatro números imediatamente acima do inicial, com o objetivo de

estabelecer um Diâmetro Cirúrgico (DC) em torno de 200 micrometros de dilatação

desta região. A irrigação com hipoclorito de sódio a 1 % seguida de aspiração foi

uma constante nesta etapa.

Concluído o preparo químico-mecânico dos condutos radiculares, foi colocada

uma pelota de algodão no interior da cavidade coronária e realizado o selamento

provisório do referido elemento dental, com cimento Coltosol (VIGODENT).

Após a execução da instrumentação rotatória houve um intervalo de dez

minutos para que em seguida o profissional iniciasse a instrumentação manual no

elemento dental 16.

3.3.2 INSTRUMENTAÇÃO MANUAL

Para realização da instrumentação manual no elemento dental 16, foi

estabelecida a técnica denominada Técnica de Oregon, ou Crown Down

Pressureless Technique ou Técnica Crown Down, técnica esta que, segundo seus

Page 35: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

35

autores, visava um tempo de trabalho menor e uma instrumentação atraumática para

todos os tecidos periapicais (MARSHALL; PAPPIN, 1980).

Com o decorrer do tempo, várias modificações foram introduzidas à técnica

original, porém os princípios básicos foram mantidos.

Inicialmente, após a remoção do selamento provisório com cureta de dentina

e irrigação da cavidade coronária com hipoclorito de sódio a 1%, utilizou-se uma

broca CPdrill longa (Aditek do Brasil Ltda), preparando a embocadura do conduto e

promovendo uma dilatação inicial do orifício do canal radicular. Seguiu-se com a

seleção de uma lima manual tipo K (Maillefer), de diâmetro equivalente à

embocadura do canal radicular e, com movimentos de penetração, rotação de ¼ de

volta no sentido horário e ¼ de volta no sentido anti-horário e remoção, iniciou-se a

instrumentação do canal radicular. Esta operação foi repetida com instrumentos de

diâmetros decrescentes até que um instrumento endodôntico de número 10,15 ou 20

atingisse o comprimento de trabalho previamente obtido.

Prosseguiu-se a fase operatória acima descrita, reiniciando a

instrumentação na embocadura do canal com uma lima de diâmetro imediatamente

superior ao utilizado no primeiro momento, objetivando chegar ao comprimento de

trabalho com uma lima endodôntica de calibre imediatamente superior ao diâmetro

inicial atingido pelo instrumental na região apical, e assim sucessivamente até que o

preparo da região apical fosse realizado com uma lima de diâmetro 30, 35 ou 40,

promovendo uma dilatação do diâmetro do conduto em torno de 200 micrometros. A

irrigação com solução de hipoclorito de sódio a 1% era realizada a cada troca de

limas, mantendo-se a câmara coronária sempre repleta de líquido.

Page 36: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

36

Finalizado o preparo químico-mecânico dos condutos radiculares, uma pelota

de algodão foi colocada no interior da cavidade coronária e realizado o selamento

provisório do referido elemento dental, com cimento Coltosol (VIGODENT).

3.4 AVALIAÇÕES DURANTE A EXECUÇÃO DO PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO

3.4.1 ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA

Foi utilizado o Eletromiógrafo MyoSystem-Br1 P84 (Figura 4), de doze canais,

portátil, sendo oito canais para EMG (para eletrodos ativos e passivos), quatro

canais auxiliares, sistema de aquisição de dados de alta performance e software

para controle, armazenamento, processamento e análise de dados. Os conectores

possuem saídas de tensão CC de ±12V @ ±100 mA, CMRR (relação de rejeição em

modo comum) de 112dB @ 60dB, impedância de entrada para eletrodos passivos

10¹º Ohms/6pf, correntes bias de entrada para eletrodos ativos de ±2nA, proteção

contra sobretensões e filtros passa faixa para eliminação de ruídos de 5Hz a 5KHz.

Figura 4 - Eletromiógrafo MyoSystem Br1 P84

Page 37: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

37

Os eletrodos utilizados foram os eletrodos ativos simples diferenciais de

superfície, com dois contatos de 10,0 x 1,0 mm e distância de 10,0 mm entre eles,

sendo de prata e fixos em um encapsulamento de resina de 40x20x5 mm (Figura 5).

Utilizou-se como parâmetro eletromiográfico de coleta, eletrodos ativos com ganho

de sinal de 20x, amplificação analógica do sinal com ganho de 124x e filtros

analógicos em frequência de 2Khz.

Os eletrodos foram posicionados sobre a pele dos ventres musculares dos

músculos: longuíssimo, deltóide anterior, deltóide médio, trapézio - fibras médias,

bíceps braquial, tríceps braquial, braquiorradial e abdutor curto do polegar, músculos

estes captados unilateralmente no membro dominante dos profissionais

endodontistas, nesse caso, o lado direito. Para isto realizou-se a medição e

demarcação do melhor ponto para eletromiografia seguindo à padronização do

protocolo internacional, SENIAM - Surface ElectroMyoGraphy for the Non-Invasive

Assessment of Muscles (HERMENS et al., 1999).

Figura 5 – Eletrodo ativo diferencial de superfície

Page 38: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

38

Como eletrodo de referência (eletrodo terra), utilizou-se um eletrodo circular

de aço inoxidável, com três centímetros de diâmetro, posicionado sobre a pele da

região maléolo lateral direito (Figura 6).

Figura 6 – Eletrodo terra

Após as demarcações dos pontos eletromiográficos sobre a pele dos ventres

musculares dos músculos longuíssimo, deltóide anterior, deltóide médio, trapézio -

fibras médias, bíceps braquial, tríceps braquial, braquiorradial e abdutor curto do

polegar foi realizado, para normalização dos dados, o exercício denominado de

crucifixo ou ponte, com o profissional endodontista sentado no mocho odontológico,

com os dois braços abertos lateralmente, em forma de cruz, durante 10 segundos.

Após esta coleta inicial, foi emitido um comando para que os profissionais

endodontistas começassem a execução da técnica endodôntica conforme

preconizado, iniciando pela instrumentação rotatória e depois, após dez minutos,

finalizando com a instrumentação manual, com determinação temporal.

Durante o registro eletromiográfico procurou-se manter um ambiente calmo e

silencioso. Previamente à realização de cada experimento, foram realizadas as

instruções e explicações necessárias, solicitando sempre ao profissional

endodontista que permanecesse o mais calmo possível, respirando lenta e

pausadamente.

Page 39: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

39

Todos os exames foram executados nos períodos de manhã e tarde entre

8h00min e 15h00min, eliminando qualquer alteração do ciclo circadiano.

3.4.2 ANÁLISE DOS DADOS ELETROMIOGRÁFICOS

Os sinais eletromiográficos foram processados no programa Myosystem-Br1

versão 3.5.6. Após a digitalização, os sinais foram filtrados (filtro passa-banda de

0,20 – 2kHz) e amostrados por uma placa conversora A/D de 12 bites com

frequência de aquisição de 4KHz.

Para análise dos dados obtidos determinou-se a utilização do janelamento do

sinal, ou seja, a técnica de RMS móvel, que consiste em realizar tomadas temporais

pré-determinadas do sinal coletado. Neste trabalho realizaram-se cinco tomadas

temporais de 120 segundos cada. Para determinação destes tempos utilizou-se a

somatória completa de cada atividade desenvolvida pelo profissional endodontista e

deste total retirou-se o tempo inicial, 25%, 50%, 75% e tempo final de cada técnica

realizada.

Page 40: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

40

3.4.3 CINEMETRIA COMPUTADORIZADA

Durante a avaliação eletromiográfica, foi realizado a videogrametria como

critério de investigação da ergonomia do profissional endodontista no seu posto de

trabalho. Para realização da técnica foram utilizadas 03 câmeras da marca FujiFilm

modelo S1800, sendo posicionadas em ângulo de 90 graus formando um circuito em

270 graus em relação ao profissional endodontista em seu posto de trabalho. Os

tripés foram posicionados em três planos de delimitações (região frontal, lateral

direito e lateral esquerdo). A coleta seguiu padrões de altura (laterais de 90 cm e

frontal de 140 cm) e distância entre o foco da imagem ao ponto central do posto de

trabalho (150 cm). Durante a realização das técnicas, os profissionais endodontistas

utilizaram as posições de trabalho de 09 e 11 horas. O protocolo de padronização da

pesquisa foi realizado previamente por demarcações de pontos anatômicos de

referência com uma caneta Pilot e posteriormente foram posicionados os

demarcadores passivos (bolinhas de Isopor com diâmetro de 25 mm), por meio de

fita dupla face da marca 3M. Os pontos demarcados foram o manúbrio do esterno,

acrômios, epicôndilo lateral do úmero, processo estilóide do rádio, C7, ângulo

superior e inferior da escápula, tragos auriculares, glabela e região mentual. Os

vídeos foram coletados continuamente de acordo com a técnica de instrumentação

aplicada (rotatória e manual). Ao término de cada coleta, os vídeos foram

transferidos para um computador portátil e posteriormente os pontos importantes

foram avaliados pelo programa Quintic Biomechanics versão 9.03, no formato WMV,

com redução da velocidade em timeline. A análise foi realizada de acordo com o

tempo de ciclo de trabalho do profissional endodontista (0%, 25%, 50%, 75% e

100%). A periodização do tempo de trabalho foi definida por valores matemáticos e

obtendo os frame-ware pelo próprio programa com base na escala temporal do ciclo

Page 41: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

41

de trabalho. Os vídeos foram analisados de acordo com a obtenção de imagem de

cada câmera: Câmera lateral esquerda (abdução-adução de ombro contralateral e

inclinação cervical), câmera frontal (flexo-extensão de cervical e cotovelo) e câmera

lateral direita (coluna cérvico-torácica). Para realização das análises foram traçados

ângulos livres fechados de acordo com a condição clínica do profissional

endodontista em atividade. Estabeleceu-se um protocolo de faixa de normatização

de 100 quadros para mais e para menos dos vídeos, com o objetivo de obter o ponto

temporal exato da atividade executada (Figura 7).

Page 42: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

42

Figura 7: Cinemetria computadorizada

Page 43: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

43

3.4.4 ESCALAS ERGONÔMICAS (RULA E CHECKLIST DE COUTO)

Foram utilizados para análise ergonômica do posto de trabalho os protocolos

do método RULA e análise de Couto, por meio do software Ergolandia 3.0

concomitantemente à avaliação eletromiográfica e cinemétrica. Em ambos, a

avaliação dos profissionais endodontistas foi feita enquanto os mesmos

desempenhavam seu exercício profissional, por meio da análise dos gestos,

quantificando-os e qualificando-os.

O método RULA gera pontuações em determinadas posturas, enquadrando o

indivíduo em uma escala de escore de 1 a 7, sendo que quanto maior o seu escore

maior o risco biomecânico do profissional desenvolver alguma patologia. Esses

resultados requerem intervenções, dependendo do escore, que vão desde uma

postura aceitável - nível de ação 1, até a necessidade de introdução de mudanças

posturais imediatamente - nível de ação 4, passando pelo nível de ação 2 no qual

deve-se realizar uma observação onde podem ser necessárias mudanças e nível de

ação 3 onde mudanças devem ser introduzidas após investigação.

A avaliação de Couto indica os riscos ergonômicos, variando de acordo com

tipo de atividade, risco e realidade observada no posto de trabalho. Esta avaliação

permite classificar as situações de risco, pela significância dos critérios

biomecânicos, em: A - ausência de fatores significativos - escore entre 0 a 3 pontos;

B - fator biomecânico pouco significativo – escore entre 4 a 6 pontos; C - fator

biomecânico de moderada significância – escore entre 7 e 9 pontos; D - fator

biomecânico significativo – escore entre 10 e 14 pontos e, E - fator biomecânico

muito significativo com escore acima de 15 pontos.

Page 44: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

44

Os escores acima obtidos geram uma interpretação que varia de ausência de

risco para os itens A e B; risco improvável, mas possível para o item C; risco para o

item D e alto risco para o item E.

3.4.5 BIOFOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA

Na análise da biofotogrametria computadorizada, os profissionais endodontistas

foram fotografados para visualização dos padrões normais e de alterações posturais.

Esta avaliação foi realizada com os profissionais endodontistas em trajes leves e

confortáveis, sendo dadas as instruções e explicações necessárias.

Como critérios de padronização das imagens, os profissionais endodontistas

foram posicionados sobre uma plataforma de nivelamento tridimensional à frente de

um simetrógrafo com dimensões de 200 x 100 cm e de 10 cm de quadrangular.

Previamente ao posicionamento todo um critério de nivelamento parede-solo foi

realizado. Foram demarcados pontos passivos (bolinhas de isopor de 25 mm) nas

seguintes estruturas corporais: manúbrio do esterno, acrômios, epicôndilo lateral do

úmero, processo estilóide do rádio, vértebra C7, ângulo superior e inferior da

escápula, vértebra L4.

Uma câmera da marca Kodak p880 com 8.5 megapixels foi posicionada a um

tripé com uma distância de três metros entre a lente focal da câmera e o centro

corporal do profissional endodontista sendo demarcada ao solo com fita crepe, para

prosseguimento das avaliações. Outra medida de padronização foi a altura do tripé,

mantida a 0,90 cm. A obtenção das imagens foi realizada por um único avaliador,

sem zoom e em três planos de delimitação: anterior, lateral e posterior.

Ao final das coletas as imagens foram analisadas pelo programa ImageJ

versão 1.40g com prévia calibração do software pelo comando Set Scale, por meio

Page 45: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

45

da quadrangular de 10 cm do simetrógrafo. Posteriormente foram traçados ângulos

fechados livres nas seguintes condições clínicas: elevação de ombro, abdução de

ombro, flexão de cotovelo e rotação de escápula (Figura 8).

Figura 8: Biofotogrametria

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados eletromiográficos normalizados, cinimétricos, os escores das

tabelas avaliativas e os dados da biofotogrametria foram tabulados e submetidos à

análise estatística utilizando o software SPSS versão 17.0 para Windows (SPSS

Inc.; Chicago, IL, USA). Realizou-se a análise descritiva (médias, desvios padrão,

valor máximo e valor mínimo), para cada variável. Os valores obtidos foram

comparados pelo teste estatístico teste t independente (p≤0,05).

Page 46: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

46

Page 47: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

47

4. RESULTADOS

RESULTADOS ELETROMIOGRÁFICOS

Tempo Inicial (tempo 0)

Na análise tempo Inicial dos profissionais endodontistas verificaram-se

maiores valores eletromiográficos normalizados durante a execução da técnica

rotatória para a maior parte dos músculos analisados, exceto para o deltóide anterior

e abdutor curto do polegar. Os dados não foram estatisticamente significantes para

p≤0,05 (Figura 9 e Tabela 1).

Figura 9. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo Inicial.

Page 48: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

48

Tabela 1. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo Inicial (teste t para p≤0,05).

Músculos Técnica p Média Erro Padrão

Deltóide Anterior Rotatória

0,73 ns 1,08 ±0,20

Manual 1,20 ±0,26

Deltóide Médio Rotatória

0,37 ns 0,20 ±0,01

Manual 0,18 ±0,01

Bíceps Braquial Rotatória

0,81 ns 2,72 ±0,30

Manual 2,62 ±0,31

Tríceps Braquial Rotatória

0,26 ns 2,50 ±1,74

Manual 0,53 ±0,05

Braquiorradial Rotatória

0,63 ns 4,02 ±0,45

Manual 3,73 ±0,38

Abdutor Curto do

Polegar

Rotatória 0,64 ns

33,59 ±3,39

Manual 36,04 ±4,07

Trapézio Médio Rotatória

0,76 ns 0,47 ±0,06

Manual 0,44 ±0,06

Longuíssimo Rotatória

0,46 ns 2,99 ±0,32

Manual 2,63 ±0,35

ns Não significante

Page 49: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

49

Tempo 25%

Na análise Tempo 25% dos profissionais endodontistas verificaram-se

maiores valores eletromiográficos normalizados durante a execução da técnica

rotatória para os músculos bíceps braquial, tríceps braquial, braquiorradial e

longuíssimo. Os músculos deltóide anterior, deltóide médio, trapézio médio e abdutor

curto do polegar apresentaram maior atividade eletromiográfica na técnica manual.

Os dados foram estatisticamente significantes para o músculo abdutor curto do

polegar para p≤0,05 (Figura 10 e Tabela 2).

Figura 10. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo de 25%.

Page 50: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

50

Tabela 2. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo de 25% (teste t para p≤0,05).

Músculos Técnica p Média Erro Padrão

Deltóide Anterior

Rotatória

0,20 ns

0,85 ±0,10

Manual 1,06 ±0,12

Deltóide Médio Rotatória

0,61 ns 0,23 ±0,02

Manual 0,25 ±0,02

Bíceps Braquial Rotatória

0,44 ns 3,20 ±0,37

Manual 2,80 ±0,37

Tríceps Braquial Rotatória

0,24 ns 2,15 ±1,32

Manual 0,57 ±0,05

Braquiorradial

Rotatória

0,50 ns

4,12 ±0,45

Manual 3,72 ±0,38

Abdutor Curto do

Polegar

Rotatória 0,02*

32,83 ±3,66

Manual 47,90 ±5,02

Trapézio Médio Rotatória

0,92 ns 0,55 ±0,05

Manual 0,56 ±0,13

Longuíssimo Rotatória

0,16 ns 2,89 ±0,31

Manual 2,61 ±0,40

ns Não significante

* Significante para p≤0,05

Page 51: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

51

Tempo 50%

Na análise temporal de 50% verificou-se que os músculos bíceps braquial,

tríceps braquial e longuíssimo obtiveram valores eletromiográficos normalizados

maiores durante a técnica rotatória. Os músculos deltóide anterior, deltóide médio,

braquiorradial, trapézio médio e abdutor curto do polegar apresentaram maior

atividade eletromiográfica na técnica manual. Os dados não foram estatisticamente

significantes para p≤0,05 (Figura 11 e Tabela 3).

Figura 11. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo de 50%.

Page 52: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

52

Tabela 3. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo 50% (teste t para p≤0,05).

Músculos Técnica p Média Erro Padrão

Deltóide Anterior Rotatória

0,16 ns 0,84 ±0,11

Manual 1,12 ±0,16

Deltóide Médio Rotatória

0,14 ns 0,21 ±0,02

Manual 0,27 ±0,02

Bíceps Braquial Rotatória

0,50 ns 3,30 ±0,28

Manual 2,97 ±0,39

Tríceps Braquial Rotatória

0,23 ns 1,90 ±1,08

Manual 0,58 ±0,04

Braquiorradial Rotatória

0,94 ns 4,13 ±0,35

Manual 4,17 ±0,45

Abdutor Curto do

Polegar

Rotatória 0,00**

29,09 ±3,12

Manual 49,34 ±5,45

Trapézio Médio Rotatória

0,40 ns 0,49 ±0,05

Manual 0,71 ±0,25

Longuíssimo Rotatória

0,56 ns 2,64 ±0,28

Manual 2,40 ±0,29

ns Não significante

**Significante para p≤0,01

Page 53: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

53

Tempo 75%

Na análise temporal de 75% verificou-se que os músculos bíceps braquial,

tríceps braquial e longuíssimo obtiveram valores eletromiográficos maiores durante a

técnica rotatória. Os músculos deltóide anterior, deltóide médio, braquiorradial e

abdutor curto do polegar apresentaram maior atividade eletromiográfica na técnica

manual. O músculo trapézio médio apresentou valores eletromiográficos

normalizados iguais para as duas técnicas. Os dados foram estatisticamente

significantes para os músculos deltóide anterior, deltóide médio e abdutor curto do

polegar para p≤0,05 (Figura 12 e Tabela 4).

Figura 12. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo de 75%.

Page 54: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

54

Tabela 4. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo 75% (teste t para p≤0,05).

Músculos Técnica p Média Erro Padrão

Deltóide Anterior Rotatória

0,04* 0,67 ±0,07

Manual 0,99 ±0,12

Deltóide Médio Rotatória

0,01** 0,18 ±0,16

Manual 0,27 ±0,02

Bíceps Braquial Rotatória

0,62 ns 3,34 ±0,36

Manual 3,06 ±0,42

Tríceps Braquial Rotatória

0,20 ns 2,58 ±1,55

Manual 0,58 ±0,05

Braquiorradial Rotatória

0,96 ns 4,14 ±0,39

Manual 4,16 ±0,49

Abdutor Curto do

Polegar

Rotatória 0,00**

25,60 ±2,77

Manual 48,46 ±4,98

Trapézio Médio Rotatória

0,97 ns 0,47 ±0,04

Manual 0,47 ±0,06

Longuíssimo Rotatória

0,33 ns 3,95 ±1,26

Manual 2,65 ±0,39

ns Não significante

** Significante para p≤0,01 * Significante para p≤0,05

Page 55: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

55

Tempo Final

Na análise temporal Final do tempo total dos profissionais endodontistas na

execução das técnicas, verificou-se que os músculos bíceps braquial, tríceps

braquial, trapézio médio e longuíssimo obtiveram valores eletromiográficos

normalizados maiores durante a técnica rotatória. Os músculos deltóide anterior,

deltóide médio, braquiorradial e abdutor curto do polegar apresentaram maior

atividade eletromiográfica na técnica manual. Os dados foram estatisticamente

significantes para p≤0,05 somente para o músculo abdutor curto do polegar (Figura

13 e Tabela 5).

Figura 13. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo Final.

Page 56: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

56

Tabela 5. Médias eletromiográficas normalizadas (µV) e erro-padrão dos músculos

deltóide anterior (DA), deltóide médio (DM), bíceps braquial (BB), tríceps braquial

(TB), braquiorradial (BR), abdutor curto do polegar (ACP), trapézio médio (TM) e

longuíssimo (L) nas técnicas rotatória e manual para a condição clínica de trabalho

habitual no tempo Final (teste t para p≤0,05).

Músculos Técnica p Média Erro Padrão

Deltóide Anterior Rotatória

0,73 ns 0,86 ±0,08

Manual 0,91 ±0,10

Deltóide Médio Rotatória

0,25 ns 0,17 ±0,02

Manual 0,20 ±0,02

Bíceps Braquial Rotatória

0,81 ns 2,98 ±0,31

Manual 2,86 ±0,37

Tríceps Braquial Rotatória

0,28 ns 1,94 ±1,25

Manual 0,59 ±0,05

Braquiorradial Rotatória

0,80 ns 3,79 ±0,42

Manual 3,97 ±0,56

Abdutor Curto do

Polegar

Rotatória 0,03 *

25,56 ±3,15

Manual 36,47 ±3,94

Trapézio Médio Rotatória

0,38 ns 0,62 ±0,17

Manual 0,46 ±0,06

Longuíssimo Rotatória

0,32 ns 3,59 ±1,17

Manual 2,37 ±0,33

ns Não significante

* Significante para p≤0,05

Page 57: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

57

CINEMETRIA COMPUTADORIZADA

Condição Clínica Flexo-Extensão Cervical

Em flexo-extensão de cervical, observou-se que no ciclo de trabalho houve

uma prevalência de flexão de cervical na técnica manual no inicio e 50% e na

técnica rotatória em 25% e 75%. Os dados não foram estatisticamente significantes

para p≤0,05 (Figura 14, Tabela 6).

Figura 14. Valores médios e erro-padrão da cinemetria no eixo angular de flexo-

extensão de cervical, nas técnicas rotatória e manual, durante o ciclo de trabalho do

profissional endodontista.

Page 58: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

58

Tabela 6. Valores médios da cinemetria e erro-padrão do eixo angular de flexo-

extensão de cervical, nas técnicas rotatória e manual, para a análise comparativa

entre as técnicas, durante o ciclo de trabalho do profissional endodontista.

Análise

Temporal

Técnica p Média Erro Padrão

Inicial Rotatória 0,48 ns 83,92 ± 1,78

Manual 81,94 ± 2,13

25% Rotatória 0,48 ns 103,78 ± 5,06

Manual 108,77 ± 4,90

50% Rotatória 0,58 ns 106,36 ± 4,96

Manual 102,81 ± 4,16

75% Rotatória 0,88 ns 103,49 ± 6,41

Manual 104,75 ± 5,39

Final Rotatória 0,98 ns 106,50 ± 5,41

Manual 106,61 ± 5,12

ns Não significante

Page 59: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

59

Condição Clínica de Inclinação Cervical

Na condição clínica de inclinação cervical, observou-se nos ciclos de trabalho

inicial e 25% que a técnica manual apresentou maior inclinação cervical para direita.

Na técnica rotatória, pequena inclinação cervical à direita foi observada em 75% e no

final do ciclo de trabalho. Os dados não foram estatisticamente significantes para

p≤0,05 (Figura 15, Tabela 7).

Figura 15. Valores médios da cinemetria e erro-padrão no eixo angular de Inclinação

cervical, nas técnicas rotatória e manual, durante o ciclo de trabalho do profissional

endodontista.

Page 60: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

60

Tabela 7. Valores médios da cinemetria e erro-padrão do eixo angular de Inclinação

cervical, nas técnicas rotatória e manual, para a análise comparativa entre as

técnicas, durante o ciclo de trabalho do profissional endodontista.

Análise Temporal Técnica p Média Erro Padrão

Inicial Rotatória 0,66 ns 103,30 ± 4,42

Manual 100,78 ± 3,80

25% Rotatória 0,49 ns 52,29 ± 6,55

Manual 46,77 ± 4,70

50% Rotatória 0,99 ns 48,90 ± 5,50

Manual 48,89 ± 4,65

75% Rotatória 0,92 ns 47,51 ± 6,01

Manual 48,22 ± 4,31

Final Rotatória 0,86 ns 46,37 ± 5,37

Manual 47,67 ± 5,41

ns Não significante

Page 61: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

61

Condição Clínica na Coluna Cérvico-Torácica

Na condição clínica da coluna cérvico-torácica, observou-se que os

profissionais endodontistas apresentaram em todo o ciclo de trabalho da técnica

rotatória uma hipercifose torácica, independente do período de instrumentação, o

que não foi verificado na execução da técnica manual. Os dados não foram

estatisticamente significantes para p≤0,05 (Figura 16, Tabela 8).

Figura 16. Valores médios da cinemetria e erro-padrão no eixo angular da coluna

cérvico-torácica, nas técnicas rotatória e manual, durante o ciclo de trabalho do

profissional endodontista.

Page 62: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

62

Tabela 8. Valores médios da cinemetria e erro-padrão do eixo angular da coluna

cérvico-torácica, nas técnicas rotatória e manual, para a análise comparativa entre

as técnicas, durante o ciclo de trabalho do profissional endodontista.

Análise Temporal Técnica p Média Erro Padrão

Inicial Rotatória 0,64 ns 148,48 ± 2,29

Manual 149,97 ± 2,57

25% Rotatória 0,62 ns 136,13 ± 2,52

Manual 137,71 ± 2,05

50% Rotatória 0,67 ns 139,49 ± 2,93

Manual 141,10 ± 2,44

75% Rotatória 0,54 ns 138,59 ± 2,49

Manual 140,39 ± 1,55

Final Rotatória 0,61 ns 137,53 ± 3,09

Manual 139,33 ± 1,70

ns Não significante

Page 63: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

63

Condição Clínica Flexo-Extensão Cotovelo

Observou-se na condição clínica de flexo-extensão de cotovelo que a técnica

rotatória apresentou maior ângulo de carregamento (semi-flexão de cotovelo) do que

a técnica manual, durante o ciclo de trabalho excetuando a fase inicial da

instrumentação. No período de 50% e 75% do ciclo de trabalho, obtiveram-se

valores estatísticos significantes para p≤ 0,05 nas técnicas rotatória e manual (Figura

17, Tabela 9).

Figura 17. Valores médios da cinemetria e erro-padrão no eixo angular de flexo-

extensão de cotovelo, nas técnicas rotatória e manual, durante o ciclo de trabalho do

profissional endodontista.

Page 64: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

64

Tabela 9. Valores médios da cinemetria e erro-padrão do eixo angular de flexo-

extensão de cotovelo, nas técnicas rotatória e manual, para a análise comparativa

entre as técnicas, durante o ciclo de trabalho do profissional endodontista.

Análise

Temporal

Técnica p Média Erro Padrão

Inicial Rotatória 0,63 ns 104,74 ± 2,99

Manual 102,62 ± 3,29

25% Rotatória 0,09 ns 51,95 ± 2,91

Manual 58,52 ± 2,47

50% Rotatória 0,00** 52,13 ± 2,34

Manual 64,36 ± 3,63

75% Rotatória 0,01** 49,93 ± 2,54

Manual 62,46 ± 4,22

Final Rotatória 0,70 ns 49,93 ± 2,06

Manual 51,16 ± 2,52

** Significância estatística para p≤0,01 ns

Não significante

Page 65: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

65

Condição Clínica Abdução-Adução de Ombro Contralateral

Na condição clínica de abdução-adução de ombro contralateral a técnica

rotatória durante o ciclo de trabalho inicial, 25% e 75% apresentou maior abdução de

ombro, sendo que nos demais tempos clínicos foram mantidos valores de

normalidade. Os dados não foram estatisticamente significantes para p≤0,05 (Figura

18, Tabela 10).

Figura 18. Valores médios da cinemetria e erro-padrão no eixo angular de abdução-

adução de ombro, nas técnicas rotatória e manual, durante o ciclo de trabalho do

profissional endodontista.

Page 66: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

66

Tabela 10. Valores médios da cinemetria e erro-padrão dos eixo angular de

abdução-adução de ombro contralateral, nas técnicas rotatória e manual, para a

análise comparativa entre as técnicas, durante o ciclo de trabalho do profissional

endodontista.

Análise Temporal Técnica p Média Erro Padrão

Inicial Rotatória 0,68 ns 91,70 ± 1,44

Manual 90,81 ± 1,63

25% Rotatória 0,26 ns 92,78 ± 2,98

Manual 88,62 ± 2,13

50% Rotatória 0,88 ns 89,11 ± 4,67

Manual 89,92 ± 2,89

75% Rotatória 0,65 ns 92,73 ± 2,97

Manual 90,79 ± 3,02

Final Rotatória 0,95 ns 99,76 ± 3,67

Manual 99,48 ± 3,54

ns Não significante

Page 67: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

67

ESCALAS ERGONÔMICAS (RULA e COUTO) - Avaliação do posto de trabalho

A escala avaliativa de RULA evidenciou que os profissionais endodontistas,

quando em seu posto de trabalho, apresentavam posturas inadequadas, resultando

em alto risco ergonômico, com maiores índices de anormalidade da escala.

No Checklist de COUTO observou-se que há risco biomecânico de moderada

importância com relação aos profissionais endodontistas, quando em seu posto de

trabalho, sendo um fator possível de lesão (Figura 19, Tabela 11).

Figura 19. Médias das escalas avaliativas (Escala de RULA e Checklist de COUTO)

e erro-padrão durante o posto de trabalho dos profissionais endodontistas.

Tabela 11. Médias e erro padrão das escalas avaliativas (Escala de RULA e

Checklist de COUTO), nos profissionais endodontistas

Escala Ergonômica Média Erro Padrão

Escala de RULA 6,9 ±0,73

Checklist de COUTO 8,1 ±0,37

Page 68: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

68

BIOFOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA

Os resultados da biofotogrametria computadorizada demonstraram que, para

os ombros (EO), o lado esquerdo apresentou-se levemente mais elevado do que o

lado direito. Na variável flexão de cotovelo (FC) notou-se para o lado direito que o

ângulo de carregamento (semi-flexão estática de cotovelo) foi superior ao lado

esquerdo, evidenciado pelo valor menor da flexão do cotovelo. Na abdução de

ombro (elevação lateral), observaram-se valores semelhantes entre os lados direito

e esquerdo. Na condição clínica de rotação de escápula, observou-se que o lado

direito apresentou maior rotação externa de escápula.

Os resultados foram estatisticamente significantes somente para a variável de

flexão de cotovelo para p≤0,05 (Figura 20, Tabela 12).

Figura 20: Valores médios da biofotogrametria e erro-padrão das condições clínicas

de elevação de ombro (EO), flexão de cotovelo (FC), abdução de ombro (AO) e

rotação de escápula (RE) de profissionais endodontistas.

Page 69: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

69

Tabela 12. Médias biofotogramétricas e erro-padrão das condições clínicas elevação

de ombro direito e esquerdo, semi-flexão de cotovelo direito e esquerdo, abdução de

ombro direito e esquerdo e rotação de escápula direita e esquerda nos

endodontistas (teste t para p≤0,05).

Regiões p Média Erro Padrão

Elevação de Ombro Direito 0,17ns

99,34 ± 0,97

Elevação de Ombro Esquerdo 101,10 ± 0,83

Semi-Flexão Cotovelo Direito 0,01**

158,23 ± 1,55

Semi-Flexão Cotovelo Esquerdo 163,80 ± 1,57

Abdução de Ombro Direito 0,72ns

100,33 ± 1,05

Abdução de Ombro Direito 99,77 ± 1,21

Rotação de Escápula Direito 0,11ns

126,75 ± 2,69

Rotação de Escápula Esquerdo 121,35 ± 2,01

**Significância estatística para p≤0,01 ns Não significante

Page 70: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

70

Page 71: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

71

5. DISCUSSÃO

A eletromiografia é uma ferramenta diagnóstica que se caracteriza pela

captação dos potenciais de ação da unidade motora, ocorrendo de forma direta ou

indireta (RIBERTO et al., 2004). A eletromiografia direta ou profunda é realizada com

a introdução de uma agulha de captação eletromiográfica intramuscular, sendo

considerada uma forma confiável e de alta precisão para obtenção dos sinais

eletromiográficos com acuidade significativa (NEVES, 2011). A eletromiografia

indireta ou de superfície é caracterizada pela captação do sinal através da pele do

indivíduo. Esta técnica tornou-se popular pela sua simplicidade e viabilidade de

realização onde os indivíduos não são submetidos a processos dolorosos e

complexos para a coleta dos dados (RIBERTO et al., 2004).

Atualmente a eletromiografia de superfície é difundida no mundo todo, pois

sua utilização é uma forma concisa e fácil de aumentar o conhecimento sobre a

função muscular (REGIS-FILHO; MICHELS; SELL, 2006; BLACK, 2005). Entretanto,

para manter a confiabilidade desta técnica, é necessário que seu operador tenha

cuidados para diminuir a impedância e possíveis ruídos eletromiográficos, tendo em

vista que, por se tratar de uma técnica indireta, os tecidos corpóreos são

atenuadores do registro eletromiográfico, funcionando como filtros de banda passa-

baixa (REGIS-FILHO; MICHELS; SELL, 2006).

Durante a preparação e padronização da técnica de eletromiografia existem

fatores que devem ser abordados para aumentar a acuidade dos resultados obtidos.

Segundo as regras internacionais propostas pelo SENIAM - Surface Eletromiography

for a Non-Invasive Assesssment of Muscle (HERMENS et al., 1999), destaca-se a

colocação correta dos eletrodos de superfície, na porção central dos ventres

musculares, visando a melhor captação do sinal eletromiográfico, fazendo com que a

Page 72: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

72

pesquisa mantenha uma padronização para os diferentes indivíduos. Este fato torna-

se significativo para atenuar o cross-talk e captar um sinal eletromiográfico

considerado “puro”, isto é, individualizado para o músculo analisado, sem

interferências de músculos circunvizinhos (BASMAJIAN, 1985; FORTI, 2005).

Na área da Saúde, relacionada à ergonomia, a eletromiografia tornou-se um

método para a análise do biofeedback muscular, com a avaliação da resposta

muscular em atividades ocupacionais, assim como a efetividade de exercícios de

reabilitação transformando-se, neste contexto, em uma ferramenta fundamental para

o estudo cinesiológico de fatores lesivos dentro do campo de trabalho (REGIS-

FILHO; MICHELS; SELL, 2006; FORTI, 2005).

Nesta pesquisa, a técnica eletromiográfica foi utilizada para avaliar as

alterações musculares em profissionais endodontistas durante a realização de duas

diferentes técnicas de instrumentação endodôntica, a técnica rotatória e a manual,

comparando-as em diferentes faixas temporais, nos tempos Inicial, 25%, 50%, 75%

e Final. Para isso, os profissionais endodontistas foram preparados para a coleta de

do sinal eletromiográfico segundo as padronizações estabelecidas pelo SENIAM,

como a demarcação dos pontos eletromiográficos correspondentes aos músculos

analisados, tricotomia, quando necessário e assepsia da pele com álcool. Após esta

etapa, a captação dos sinais eletromiográficos foi obtida durante a execução das

técnicas de instrumentação da prática clínica habitual. Os profissionais

endodontistas realizavam a técnica rotatória no elemento dental 17, seguido por um

intervalo de 10 minutos para descanso e, posteriormente executavam a técnica

manual no elemento dental 16, sem a retirada dos eletrodos, o que evitou um viés

na captação dos dados eletromiográficos.

Page 73: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

73

Na análise dos valores eletromiográficos, cinco tempos foram selecionados:

Inicial, 25%, 50%, 75% e Final, estabelecendo-se o período de 120 segundos para

cada um deles.

Nesta pesquisa verificou-se que os músculos bíceps braquial, tríceps braquial,

longuíssimo e trapézio médio, obtiveram maiores valores eletromiográficos durante a

realização da técnica rotatória. Este fato corrobora com Graças et al. (2006) que

apresentou os fatores de agressão para o profissional endodontista, destacando a

utilização de aparelhos vibratórios.

A utilização de equipamentos vibratórios, como são os utilizados pelos

sistemas rotatórios, funcionam gerando energia vibratória ou de aceleração, que

transfere uma porcentagem desta energia para o corpo humano. Esta energia

vibratória é transformada em energia mecânica, e neste estudo, verificou-se que

esta energia promoveu no profissional endodontista um aumento da atividade

muscular por uma maior necessidade de estabilizar o membro superior devido à

dissipação destas energias (REGAZZI, 2011). Os resultados obtidos nesta pesquisa

demonstraram uma maior ativação dos músculos sinergistas e estabilizadores do

ombro, evidenciando que o uso do sistema rotatório influenciou na atividade dos

músculos da região do cotovelo, ombro e coluna, aumentando a estabilidade destas

regiões, frente às exigências funcionais.

O ombro tem a função de permitir maior amplitude da movimentação das

mãos com relação ao espaço. A região dos ombros apresenta amplos movimentos

nos três eixos, ântero-posterior, látero-lateral, e rotacional, resultante da pequena

quantidade de estabilizadores estáticos. As porções longas dos músculos bíceps

braquial e tríceps braquial são estabilizadoras glenoumerais e sinergistas dos

movimentos dos ombros. Desta forma notou-se que ocorreu uma maior necessidade

Page 74: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

74

de estabilização articular após um determinado tempo de uso do sistema rotatório

(KOSSEL et al., 2009).

O músculo longuíssimo atua indiretamente na estabilidade articular do ombro,

onde as contrações involuntárias deste músculo estabilizam a articulação da coluna

mantendo a postura corporal (PIRES et al., 2003).

Ao final do experimento, o músculo trapézio médio obteve maiores valores

durante a técnica rotatória, entretanto os profissionais endodontistas já

apresentavam uma alteração postural, confirmada pela biofotogrametria, que pode

ter gerado um fator adicional para obtenção destes resultados. Este fato pode ser

causado pelo stress muscular, haja vista que o músculo trapézio participa como

estabilizador na rotação da escápula, o que permite maior liberdade e sustentação

dos movimentos do ombro e minimiza a compensação muscular desta região

(FORTINGUERRA, 2006; ANJOS, 2006).

Regis Filho et al. (1991) demonstraram que a repetição dos movimentos para

o tratamento endodôntico promove nos profissionais endodontistas postura

inadequada do membro superior e tronco e falta de manutenção do alinhamento

corporal, gerando patologias ocupacionais, como consequência de uma maior

sobrecarga muscular na região descrita acima. Verificou-se também um aumento

exacerbado da atividade do abdutor curto do polegar, principalmente pelo

movimento de pinça, executado para sustentação da caneta do aparelho rotatório

e/ou dos instrumentos manuais, com aumento da atividade muscular na região do

punho de cirurgiões dentistas.

Na técnica manual verificou-se a maior atividade para os músculos deltóide

anterior, deltóide médio e abdutor curto do polegar. Este fato ocorreu em razão dos

movimentos inerentes à realização da técnica manual de instrumentação

Page 75: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

75

endodôntica, onde há uma rotação de ¼ há ½ de volta na lima no interior do canal,

exigindo uma maior ativação muscular do abdutor curto do polegar, vista que, a ação

cinesiológica deste músculo durante a cinemática de pinça em cadeia aberta e

fechada é amplamente utilizada na execução do movimento (MARSHALL; PAPPIN,

1980; MONTEIRO et al., 2009).

Os músculos deltóides (anterior e médio), durante a técnica manual,

apresentaram-se mais ativados. Isso ocorreu porque esses músculos são

influenciados por movimentos de coordenação fina, como os movimentos realizados

pela mão do profissional endodontista que exigem uma alta precisão, gerando

adaptações musculares por todo o antebraço e braço para realizar a estabilidade da

articulação glenoumeral (FORTINGUERRA, 2006). Estes resultados são

corroborados por Cartucho et al., (2007) que demonstraram a influência do músculo

deltóide na estabilidade do ombro, atuando com o manguito rotador e a cabeça

longa do bíceps, mantendo a estabilização da articulação glenoumeral. Entretanto

estes resultados são discordes dos resultados obtidos por Roman-Liu et al., (2001),

que relataram não haver influência dos músculos deltóides na coordenação fina, que

é regida apenas pelo músculo trapézio, sendo este um sinergista da estabilização do

ombro.

Durante a execução das técnicas rotatória e manual, o músculo braquiorradial

apresentou maiores valores eletromiográficos normalizados para a técnica rotatória

no início da coleta, consequência da sua atuação na estabilização do cotovelo,

buscando uma maior estabilidade da articulação úmero-ulnar, resultados concordes

com Correa e Freire, 2004, que verificaram que o músculo braquiorradial

desempenha importante atuação na estabilidade do cotovelo. Ao final da execução

das técnicas, ocorreu uma maior atividade do músculo braquiorradial durante a

Page 76: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

76

execução da técnica manual, fato este, que pode ser explicado pela diminuição da

atividade dos músculos deltóides, o que gera um mecanismo muscular

compensatório, onde a diminuição da estabilidade do ombro ocasiona uma atuação

dos músculos sinergistas (bíceps e tríceps braquial) desencadeando um aumento na

atividade do músculo braquiorradial para estabilizar o cotovelo de uma forma mais

concisa.

Segundo GRUÉN (1997) a cinemetria é uma ciência de marcação precisa de

medidas reais por meio de vídeos, oferecendo uma análise detalhada do objeto

avaliado, com maior fidedignidade em seus resultados se comparado aos meios

visuais. A técnica é obtida por meio de filmagens e colocação de marcadores

passivos em estruturas corporais que servem como pontos de referência para

análise angular de eixos específicos, resultando na possível reprodução de valores

quantitativos e qualitativos do movimento. Esta técnica também se fundamenta na

busca detalhada de mecanismos de desordens específicas e compensações durante

a execução de determinados movimentos e atividades, além de possuir grande valor

no diagnóstico de disfunções músculo esqueléticas, na prescrição de terapias e na

avaliação da evolução de tratamentos (BARROS et al., 1999).

A cinemetria é realizada para registros dos movimentos, sendo

posteriormente os vídeos processados por meio de um software, o qual calcula os

padrões cinemáticos. Para tanto é necessário traçar ângulos predeterminados, no

entanto, a precisão das medidas reais dos pontos de referência é de extrema

importância, pois é por meio destas que o cálculo dos coeficientes e

consequentemente a determinação das coordenadas é obtida, cuidados estes que

foram seguidos a risca durante toda a coleta da cinemetria computadorizada deste

estudo (REIS, 2007).

Page 77: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

77

Na atuação do profissional endodontista a cinemetria teve por objetivo

analisar as exigências biomecânicas, diagnosticando a postura do indivíduo e

propondo valores para melhoria das ferramentas e comandos dentro do alcance dos

movimentos corporais, facilitando a percepção de informações, de modo que o

trabalho seja realizado com conforto e segurança (ABRAHÃO, 2000). Na análise da

projeção de qualquer posto de trabalho, a cinemetria baseia-se na relação espaço

laboral e dimensões do corpo, dessa forma, o posto de trabalho poderá ser ajustado

ao trabalhador (PALUCH, 1996).

A avaliação pela cinemetria computadorizada objetivou uma visualização dos

padrões angulares, por meio de eixos específicos da postura do profissional

endodontista em seu posto de trabalho, comparando duas técnicas de

instrumentação endodôntica (rotatória- Free Tip Preparation e manual- Crown

Down). Neste estudo foram utilizados cinco eixos angulares para visualização de

estruturas corporais: flexo-extensão de cervical, inclinação cervical, coluna cérvico-

torácica, abdução-adução de ombro contralateral e flexo-extensão cotovelo, de

acordo com a periodização do ciclo de trabalho inicial, 25%, 50%, 75% e final. Como

critério de padronização das coletas de vídeo foi feita uma sincronização

independente por meio de mudanças na iluminação do ambiente durante o início da

coleta de dados. A partir do término do foco de iluminação do ambiente, foi dado

início a coleta dos dados e as demais análises temporais.

A obtenção de imagens deste estudo foi feita em três planos, com o objetivo

de quantificar a atividade do profissional endodontista por meio de uma análise

espacial (RÉGIS FILHO; MICHELS; SELL, 2006). Para isso, três câmeras

independentes foram dispostas ao redor do posto de trabalho, coletando os vídeos

ao longo da execução das duas técnicas de instrumentação empregadas. Para

Page 78: Análise postural do endodontista na atividade clínica utilizando

78

minimizar possíveis vieses de resultados, alguns critérios de padronização da

obtenção dos vídeos foram estabelecidos, tais como a demarcação de solo; a

determinação da altura dos tripés; a determinação do posicionamento do posto de

trabalho do profissional endodontista em nove ou onze horas, para diminuir a

variação do posicionamento no mocho durante o desenvolvimento da técnica e por

fim, a distância do foco da lente ao profissional endodontista.

Para o cálculo das expressões matemáticas da periodização do trabalho foi

utilizada a seguinte fórmula: (Tempo Total do vídeo - Fase Inicial pós sincronismo) x

0,25, 0,50 ou 0,75, sendo que a fase final da periodização do trabalho coincidiu com

o término da instrumentação das técnicas. Os resultados obtidos, na condição clínica

de flexo-extensão de cervical mostraram que houve uma prevalência de flexão de

cervical na técnica manual no inicio e 50% do ciclo de trabalho e na técnica rotatória

em 25% e 75% do ciclo de trabalho. Estes resultados corroboram com Alves et al.,

2002, que constataram em seu estudo uma prevalência de flexão de cervical durante

a prática profissional do cirurgião dentista. De acordo com Moen e Bjorvatn, 1996, na

conduta clínica do profissional cirurgião dentista, existem vários procedimentos onde

estes profissionais assumem e mantêm posições que podem alterar a integridade de

seu sistema músculo esquelético. Dentre as principais posições adotadas, destaca-

se a elevação dos braços sem apoio e com a coluna cervical flexionada e rodada, o

que também foi verificado em nosso estudo. Existe uma grande prevalência de

sintomas no pescoço, na região do ombro, assim como, na região lombar durante a

prática clínica. Rio e Rio (2001) verificaram que 92,12% dos cirurgiões dentistas de

Belo Horizonte apresentavam dores relacionadas ao exercício da profissão,

considerando a atividade profissional estressante.

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Na condição clínica de inclinação cervical, observou-se que somente no ciclo

de trabalho Inicial e 25%, a técnica manual apresentou maior inclinação cervical para

direita. Na técnica rotatória, pequena inclinação cervical à direita foi observada em

75% e no final do ciclo de trabalho. Estes resultados podem estar correlacionados

com o campo visual do profissional endodontista em seu posto de trabalho, que

busca durante a instrumentação endodôntica uma postura para melhorar a execução

da técnica, principalmente na execução da técnica manual. Segundo Rio e Pires,

1999, a postura correta do posto de trabalho deve ser aplicada de acordo com a

manutenção do pescoço na posição neutra, sem inclinação, flexo-extensão e/ou

rotação, mantendo o campo visual em seu nível preciso, para que não haja

comprometimento do sistema músculo esquelético. No entanto, a adequação do

posicionamento da cadeira odontológica durante a instrumentação ou o

posicionamento do posto de trabalho, possivelmente colaboram com a diminuição

dos acometimentos de inclinação cervical.

Os resultados posturais da flexo-extensão e inclinação cervical demontraram

que a técnica manual, em seu aspecto biomecânico postural, apresentou maior

índice de alteração cinésio-funcional, estes dados condizem com a exigência

postural para a técnica empregada. O campo de visão do profissional endodontista é

dificultado, invariavelmente pela necessidade do profissional se adaptar às

limitações da abertura da cavidade bucal, além de ter que desempenhar suas

atividades em dentes, com morfologia variada, na maioria das vezes com difícil

acesso e visualização direta e ainda atuar de forma a não se apoiar no paciente e

manter o campo de ação não contaminado. Os endodontistas mantêm a flexão do

pescoço e cabeça na maior parte do tempo, fato que possivelmente promove o

aparecimento de quadro álgico nessas regiões (BARROS,1999; SMITH et al., 2002)

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80

Na condição clínica da coluna cérvico-torácica, observou-se que a técnica

rotatória, em todo o ciclo de trabalho, provocou no profissional endodontista uma

hipercifose torácica, independente do período de instrumentação, quando

comparada à técnica manual. A prevalência da hipercifose torácica na técnica

rotatória observada neste trabalho pode estar relacionada com a adaptação do

profissional endodontista ao equipamento vibratório para a execução da técnica de

instrumentação, resultados estes concordes com Carvalho, 2007, que demonstraram

que os casos mais frequentes de acometimentos posturais em cirurgiões dentistas

são a escoliose, hiperlordose, destacando-se a hipercifose torácica. Pietrobon, Regis

Filho, 2005, verificaram uma elevada tendência de cifose e escoliose, principalmente

em cirurgiões dentistas, do gênero feminino, da Secretaria Municipal de Saúde do

município de Florianópolis/SC.

Observou-se na condição clínica de flexo-extensão de cotovelo que a técnica

rotatória apresentou maior ângulo de carregamento (semi-flexão de cotovelo) do que

a técnica manual, durante o ciclo de trabalho excetuando a fase inicial da

instrumentação. A semi-flexão de cotovelo, segundo Oliveira et al.(2008), ocorre de

acordo com o limiar de esforço para execução de uma atividade. Nesta pesquisa

observou-se que, para execução da instrumentação, a técnica rotatória apresentou

maior exigência funcional do que a técnica manual, demonstrando que a técnica

possivelmente promova maiores alterações posturais e funcionais no sistema

músculo esquelético.

Na condição clínica de abdução-adução de ombro contralateral, a técnica

rotatória durante o ciclo de trabalho Inicial, 25% e 75% apresentou maiores valores

de abdução de ombro e na execução da técnica, durante a manipulação do contra-

ângulo do aparelho rotatório, ocorreram adaptações posturais do membro superior

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do profissional endodontista. Pode-se também observar que o padrão de adaptação

postural empregado proporcionou ao profissional endodontista a exposição a

esforços estáticos, sendo que o recomendado, para o posto de trabalho, é a

eliminação de movimentos rápidos e altamente repetitivos dos braços ou que exijam

esforços estáticos; minimizar a flexão e abdução dos ombros e a sustentação de

cargas nas mãos; reduzir ou eliminar tarefas que requeiram emprego de força

manual excessiva e que os trabalhadores tenham períodos de descanso

(SOMMERICH et al, 1993).

Os fatores de risco na postura de cirurgiões dentistas podem ser agrupados

com base nos seguintes critérios: grau de adequação do posto de trabalho à zona

de atenção e à visão; frio; vibração e pressões mecânicas localizadas nos tecidos;

posturas inadequadas; carga músculo esquelética; carga estática; invariabilidade da

tarefa; exigências cognitivas e fatores organizacionais e psicossociais ligados ao

trabalho (KUORINKA; FORCIER, 1995).

A ergonomia é caracterizada como uma área da ciência médica que atua na

configuração do indivíduo no posto e na rotina de trabalho, tendo em vista que as

exigências da produção e a saúde do trabalhador são afetadas pelo ambiente onde

trabalha, assim como, por fatores intrínsecos pessoais do indivíduo, tornando a

ergonomia uma ação dinâmica de duplo benefício para o trabalhador e empregador

(MOTTA, 2009; TAKEDA et al, 2010).

As patologias músculo esqueléticas decorrentes do posto de trabalho são um

dos principais agravantes para a saúde do trabalhador brasileiro, ocupando o

terceiro lugar dentre todas as doenças, tornando-se uma pandemia. Os distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são ocasionados pela

inflexibilidade e alta intensidade do ciclo de trabalho, movimentos repetitivos em alta

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velocidade, trabalho de determinados grupos musculares, falta de intervalos, alto

ritmo de produtividade, uso de equipamento e mobiliários inapropriados

ergonomicamente (PAVANI, 2007).

Devido ao crescente número de patologias relacionadas ao trabalho, iniciou-

se um movimento das organizações empresariais e de seus gestores, sugerindo

uma avaliação na adaptação das condições do trabalho de seus empregados,

aumentando a área de atuação na prevenção das DORTS (PAVANI, 2007). Dessa

forma, fez-se necessário a realização de avaliações cinesiológicas dos diferentes

postos de trabalho, a fim de gerar um levantamento ergonômico, com o objetivo de

identificar possíveis fatores adaptativos e/ou agressivos existentes, elaborando uma

possível solução (BORDIN, 2004).

Dentre os métodos avaliativos ergonômicos, o método RULA (Rapid Upper

Limb Assessment) é um método utilizado para verificar as adaptações posturais do

trabalhador com queixas de alterações músculo esqueléticas nos membros

superiores, pois esta técnica realiza uma análise detalhada da atividade desses

membros e gera uma classificação sobre o risco iminente à saúde do trabalhador,

avaliando a musculatura de forma estática (SAAD et al, 2006; TAKEDA et al., 2010).

Outro método utilizado na avaliação ergonômica do posto de trabalho é o

checklist de Couto que tem objetivo de avaliar de forma simplificada fatores

biomecânicos de risco nos membros superiores (BARROS, 2006). Esta avaliação

permite obter uma visão panorâmica, mapeando de forma rápida, os agentes lesivos

do posto de trabalho (FERREIRA, 2006).

Nesta pesquisa durante os primeiros 15 minutos da execução do

procedimento endodôntico, foram realizadas as avaliações de RULA e Couto, com o

objetivo de analisar e classificar os fatores biomecânicos que influenciam os

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profissionais endodontistas durante a prática de suas atividades ocupacionais. Para

isto utilizou-se o programa Ergolandia versão 3.0, que contém, dentre as várias

avaliações ergonômicas existentes, as duas análises utilizadas nesta pesquisa. Para

avaliação do posto de trabalho houve o treinamento e preparo de um fisioterapeuta,

que foi incumbido de realizar as avaliações em todos os profissionais endodontistas

participantes desta pesquisa por meio de visão látero-posterior sem realizar aviso

prévio do momento da realização das avaliações, evitando com isso, a modificação

enganosa da postura dos profissionais endodontistas.

Os resultados obtidos nesta pesquisa com a avaliação de RULA

apresentaram o maior índice de comprometimento postural do método, com escore 7

de acometimento, o qual requer a imediata introdução de medidas ergonômicas para

prevenção de lesões. No checklist de Couto os profissionais endodontistas foram

classificados como fator biomecânico de moderada importância – risco improvável,

mas possível (C - fator biomecânico de moderada significância – escore entre 7 e 9

pontos), demonstrando que também há comprometimento ergonômico. Estes dados

corroboram com Cassarin e Caria (2008), que descreveram a importância dos

músculos da cintura escapular e cervical na atuação biomecânica do cirurgião

dentista, relatando quadro de fadiga nestes músculos no decorrer do trabalho, que

resulta no aparecimento de algias. Este dados são concordes com os apresentados

por Regis Filho, Michels e Sell (2006), que verificaram que os cirurgiões dentistas

realizam posturas compensatórias no posto de trabalho, com acometimento de

médio a alto risco para desencadear patologias ocupacionais. Os resultados obtidos

nessa pesquisa são discordes, em parte, aos encontrados por Moreira (2011), o qual

relatou que a posição de trabalho de 9 e 11 horas minimizam os acometimentos

posturais nos cirurgiões dentistas. Verificamos que, mesmo nestas posições de

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84

trabalho, ocorrem riscos ergonômicos elevados para o desencadeamento de

DORTS.

A biofotogrametria computadorizada é advinda de princípios fotogramétricos

obtidos de movimentos corporais ou de padrões estáticos. As imagens são aplicadas

por bases de fotointerpretação, tornando-se uma ferramenta significante para o

estudo da cinemática. A fotointerpretação segue parâmetros de referências ósseas e

articulares, associando com os planos e eixos. Nessa técnica obtém-se o

planejamento e construção de um mapa planimétrico condizente com a realidade

que se pretende refletir sobre o segmento corporal a ser estudado (RICIERI, 2005).

Esta técnica é um instrumento no diagnóstico das desordens de movimentos,

processando imagens livres coletadas em vários sistemas, utilizando-se câmeras e

marcadores que são colocados sobre vários pontos no corpo do indivíduo

(CASTILLO et al., 2011).

A prática odontológica, principalmente a endodôntica, faz com que se utilize

como rotina de trabalho os membros superiores e estruturas adjacentes,

frequentemente com repetitividade de um mesmo padrão de movimento em virtude

da atividade clínica, assumindo posturas inadequadas pelas próprias fases de

instrumentação (REGIS FILHO; MICHELS; SELL, 2005).

Para biofotogrametria computadorizada, previamente foi realizado o

nivelamento parede-solo, o profissional endodontista foi posicionado em uma

plataforma de nivelamento à frente do simetrógrafo e foram demarcados os pontos

estruturais como manúbrio do esterno, acrômios, epicôndilos laterais do úmero,

processo estilóide do rádio, ângulo superior e inferior de escápula e C7. As imagens

foram coletadas em 4 planos de delimitação (anterior, lateral direito e esquerdo e

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85

posterior), os dados foram analisados na elevação de ombro, flexão de cotovelo,

abdução de ombro e rotação de escápula.

Na condição clínica de elevação de ombros, o lado esquerdo apresentou-se

elevado quando comparado ao direito. Os resultados revelaram a possibilidade dos

profissionais endodontistas apresentarem uma maior inclinação de tronco à direita

para realização da instrumentação, com consequente alteração postural entre os

dois ombros. Jacinto et al. (2008) verificou harmonia de elevação entre os dois

ombros durante um programa de treinamento físico, independente da dominância.

Na variável flexão de cotovelo notou-se para o lado direito que o ângulo de

carregamento (semi-flexão de cotovelo) foi superior ao do lado esquerdo. Estes

resultados são discordes de Simão, 2001, que constatou um padrão de normalidade

da flexão de cotovelo em ambos os hemicorpos em praticantes de atividade física. A

prevalência de semi-flexão de cotovelo direito está possivelmente relacionada aos

profissionais endodontistas serem destros, mantendo maior exigência funcional no

membro superior direito e com isso gerando adaptações estruturais durante as

atividades executadas.

Na abdução de ombro, observou-se semelhança entre os valores dos lados

direito e esquerdo, demonstrando que ocorreu uma harmonia corporal, sem

compensação postural dos profissionais endodontistas. Segundo Moraes et al.,

2009, existe uma predisposição maior para desenvolver alterações na relação

mobilidade-estabilidade quando se mantém o ombro abduzido. Nesta pesquisa,

acredita-se que a normalidade entre os valores de abdução de ombro ocorreu em

razão dos profissionais endodontistas apresentarem poucas variações no posto de

trabalho.

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Na condição clínica de rotação de escápula, observou-se que o lado direito

apresentou maior rotação externa de escápula. Este resultado possivelmente está

relacionado ao fato dos profissionais endodontistas serem destros e pelos níveis de

exigências impostos ao membro superior direito. Segundo Marmor e Bechtol, 1963,

a prevalência de rotação de escápula não é uma condição frequente e, está

associada a uma disfunção da musculatura do serrátil anterior, ocasionando todo um

desarranjo no complexo escapular. No entanto os resultados demonstram que a

prática clínica do endodontista pode influenciar no sistema muscular de ombro,

cintura escapular e cotovelo, promovendo um desequilíbrio na atividade muscular

dessas estruturas e conseqüentemente o aparecimento de alterações posturais.

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6 CONCLUSÕES

Baseados nos resultados obtidos nesta pesquisa pode-se concluir que as

variações apresentadas nos valores eletromiográficos normalizados durante a

execução das técnicas rotatória e manual sugerem que, a ação dos músculos

longuíssimo, deltóide anterior, deltóide médio, trapézio - fibras médias, bíceps

braquial, tríceps braquial, braquiorradial e abdutor curto do polegar, propiciou

adaptações musculares, com a finalidade de promover movimentos funcionais

precisos.

Na cinemetria computadorizada, observou-se que a técnica rotatória

apresentou maior exigência postural do que a técnica manual, fato também

evidenciado pela análise do posto de trabalho e biomecânica da atividade

profissional.

A análise estática da postura corporal (biofotogrametria) sugere que a

atividade clínica do profissional endodontista pode contribuir para um desequilíbrio

postural do quadrante superior do corpo.

Dessa forma, existe a necessidade de mais estudos tanto no campo da

tecnologia dos equipamentos e técnicas quanto na ergonomia, para minimizar as

alterações posturais e funcionais dos profissionais endodontistas ao longo do tempo

de trabalho.

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ANEXOS

ANEXO I- Aprovação do Comitê de Ética

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ANEXO II - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos você, _______________________________________ para participar

voluntariamente do projeto de pesquisa “Análise postural do endodontista na atividade clínica

utilizando instrumento rotatório por meio da cinemetria, eletromiografia de superfície e

checklists ergonômicos”, tendo como pesquisadores responsáveis o mestrando Geraldo Celso

da Silva Onety e a Profa. Dra. Simone Cecilio Hallak Regalo, professora da Disciplina de

Morfologia do Corpo Humano da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP.

Declaro que tomei ciência e que fui esclarecido(a) de maneira a não restarem quaisquer

dúvidas sobre minha participação no estudo, de acordo com os termos abaixo relacionados.

Fui informado que:

1) O objetivo deste estudo é avaliar os efeitos que a profissão odontológica e as posturas

viciosas adotadas pelos especialistas endodôntistas promovem durante as horas de trabalho

nas cadeias musculares dos membros superiores e inferiores ao longo do tempo de atuação

profissional.

2) Estas análises serão feitas usando diferentes metodologias, como o aparelho para ver a

atividade dos meus músculos (eletromiógrafo), exames de avaliação postural e gestos

profissionais por meio da videogrametria (análise das imagens – filmagens durante o ato

profissional). Finalizando será realizado Check-lists ergonômicos (questionário de postura)

após a atuação do profissional em seu posto de trabalho..

3) No exame de eletromiografia, o desconforto causado resume-se a adesão da fita adesiva

(esparadrapo) sobre a pele do local dos músculos a serem estudados. Os riscos são mínimos e

os benefícios esperados resumem-se em saber a função dos músculos. Fui esclarecido que

este método não aquece, não provoca dor e não causa risco à minha saúde.

4) Não será oferecido nenhum tipo de pagamento de gastos, assim como não será efetuado

nenhum tipo de pagamento pela minha participação.

5) Tenho total liberdade em não participar da pesquisa, sem nenhum prejuízo, podendo

também interromper minha participação a qualquer momento que desejar.

6) Estou ciente que minha identidade será mantida em sigilo e que tenho total liberdade para

solicitar maiores esclarecimentos antes e durante o desenvolvimento da pesquisa e consultar o

Comitê de Ética em Pesquisa para qualquer informação sobre o projeto.

7) Autorizo, para devidos fins, o uso, a divulgação e publicação em revistas científicas os

dados obtidos nesta pesquisa, desde que minha identidade não seja revelada. Tenho, por parte

dos pesquisadores, a garantia do sigilo que assegura a minha privacidade.

8) Estou ciente que não terei benefício direto com este estudo, mas estou disposto a autorizar

minha participação para que os resultados encontrados possam ajudar outras pessoas.

9) Entendo que posso fazer qualquer pergunta sobre os procedimentos e que eu sou livre para

rescindir meu consentimento e interromper a minha participação nesta pesquisa a qualquer

momento, sem nenhum prejuízo de minha parte.

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Desta forma, confirmo que recebi de maneira clara, todas as informações necessárias ao meu

consentimento. Assim, informo que irei participar desta pesquisa por livre e espontânea

vontade.

Ribeirão Preto, ........... de ........................................de 20.....

Eu, ......................................................................................................., portador(a) do RG nº....,

residente à ...................................................................................., nº............., na cidade de

...............................Fone.............................., Estado de ............., estou ciente das informações

acima e concordo a participar da pesquisa.

Assinatura do Voluntário _____________________________________________

Mestrando Geraldo Celso da Silva Onety (RG: 594715)

Profa. Dra. Simone Cecílio Hallak Regalo (RG: 15281645)

Telefones para contato: Profa. Dra. Simone 16-81257376 ou 36024015

Secretária do CEP: Juliana Godoi de Oliveira Silva - Avenida do Café, s/n.° - 14040-904

– Ribeirão Preto/SP Telefones: (16) 3602-4122 / 3963

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ANEXO III- MÉTODO RULA

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ANEXO IV- CHECKLIST DE COUTO

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ANEXO V- AUTORIZAÇÃO DE IMAGENS

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