anÁlise macroergonÔmica do posto de...
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ANÁLISE MACROERGONÔMICA DO
POSTO DE TRABALHO
Priscila Horlle Peres (unilasalle)
Rodrigo Moraes Schwertner (unilasalle)
Fabricio Augusto Kipper (Unilasalle)
Este artigo trata da avaliação do posto de trabalho de uma cantina,
situada na região metropolitana da Porto Alegre, denominada Cantina
Santo Grão. Os resultados obtidos revelaram-se bons mas há a
necessidade de um projeto de ações integraddas, que atue
sistematicamente em alguns fatores que definem o trabalho humano no
atendimento ao cliente: organização do ambiente de trabalho,
capacitação para os funcionários e projeto de mobiliários .Com este
estudo pretende-se melhorar as condições de trabalho deste posto, afim
de trazer aspectos positivos para a vida do trabalhador e benefícios
para o estabelecimento utilizando, para isso, os conhecimentos
adquiridos na cadeira de Ergonomia.
Palavras-chaves: Ergonomia, posto de trabalho, análise
macroergonômica
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
Com a correria da vida cotidiana, cada vez menos, os estudantes dispoem de tempo para se
alimentarem corretamente. Muitos fazem suas refeições no horário do intervalo da
universidade ou no período entre o trabalho e a mesma, sendo as cantinas, estabelecimentos
que apresentam comida rápida para saciar a fome antes das aulas. O setor de alimentação
coletiva vem se tornando um mercado representativo na economia mundial, o ritmo de vida
moderno contribuiu significativamente para a conquista deste espaço. O número de refeições
realizadas fora de casa já é bastante significativo em países da Europa Ocidental e Estados
Unidos da América (PROENÇA, 1996). Algumas cantinas oferecem refeições, lanches e
cafés que, comumente, encontramos em outros estabelecimentos; e há ainda, as que oferecem
tipos de comidas mais saudáveis, com ingredientes integrais, sem ou com poucos
conservantes, visando oferecer dentro do fast food uma alternativa menos nociva para o
organismo dos seus clientes. É nessa linha que se enquadra a cantina de uma universidade da
região metropolitana de Porto Alegre - oferecendo alimentos saudáveis e de fabricação
caseira.
Ainda pensando em saúde, resolveu-se inverter o problema e pesquisar: Quem se preocupa
com a saúde dos clientes também se preocupa com a própria saúde e a saúde dos seus
funcionários?
No Brasil, freqüentemente a produção de refeições exige dos operadores alta produtividade
em tempo limitado, porém em condições inadequadas de trabalho, com problemas de
ambiente, equipamento e processos. Tais condições acabam levando a insatisfações, cansaço
excessivo, queda de produtividade problemas de saúde e acidentes de trabalho (SANT’ANA
et al., 1994).
Com base nos estudos da cadeira de Ergonomia cursada, há inúmeras ocorrências de sintomas
associados a esse tipo de atividade, alguns exemplos, são as lesões músculo-esqueléticas do
membro superior e as lesões resultantes de trabalho repetitivo; que além de afetar a saúde de
quem trabalha, afeta a qualidade do serviço. Para o empregador isso pode significar redução
da produtividade e perdas financeiras (STEPHENSON, 1994).
Mediante observações feitas nos intervalos das aulas, resolveu-se analisar a situação
ergonômica existente nessa cantina e conversando com os funcionários dela, constatou-se que
algumas mudanças poderiam ser feitas para a melhoria da qualidade do trabalho; melhorias
quais, se explanará neste artigo através de pesquisas de campo, relatórios, tabelas e gráficos
para a sugestão de propostas que visem corrigir os problemas de postura detectados, bem
como aliviar a carga de trabalho no corpo.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Cantina
É uma dependência, destinada a fornecer serviços de alimentação mediante pagamento.
O esquema de organização do processo produtivo pode ser analisado, considerando-se duas
funções: as principais, relacionadas diretamente ao processamento dos alimentos; e as funções
anexas, ligadas à manutenção de utensílios e instalações. As funções principais englobam
recepção de matéria prima, estocagem, pré-preparo, cocção, conservação da preparação
pronta e distribuição das refeições. Já as funções anexas envolvem a higienização dos
utensílios e das instalações, bem como a eliminação dos dejetos (SANTANA, 2002).
Como as refeições devem ser consumidas no mesmo dia em que são produzidas, observa-se
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uma grande pressão temporal das atividades, principalmente nos horários que antecedem a
distribuição. Quanto ao ritmo de trabalho neste processo é considerado bastante intenso. Esse
é determinado, principalmente, pelas limitações temporais de manipulação de alimentos e
atendimento da clientela (MACIEL, 2002).
De acordo com uma pesquisa realizada na Universidade de Brasília (UnB), tais
acontecimentos como histórias sobre mau atendimento, seja um prato que veio diferente do
solicitado, a comida do vizinho que chegou antes ou uma conta errada, não são resultado de
distração ou má vontade dos funcionários. “O problema é reflexo de um ambiente que tem
forte impacto no custo humano e, conseqüentemente, gera estresse. O elevado custo humano
no trabalho tem como impactos diretos queda da produtividade, insatisfação e lucros menores
do que seria possível alcançar” (FABIANA VASCONCELOS, 2008).
Por custo humano entende-se o esforço despendido para executar uma atividade em três
esferas: física, afetiva e cognitiva. O último está ligado à inteligência. “Achávamos que o
físico seria o mais alto dos três, mas os índices são bastante parecidos”, afirma a psicóloga
Carla Sabrina Antloga (2008), doutoranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia
Social, do Trabalho e das Organizações.
Dentre outros dificuldades detectadas se enquadram a pressão por resultados, cozinhas
quentes e apertadas, a qualidade de vida dos funcionários que também é comprometida por
relações interpessoais tensas, sobrecarga de trabalho e excesso de esforço físico.
2.2. Trabalho em pé
A postura é determinada pelo posto de trabalho ou natureza da tarefa. Posturas inadequadas,
imediatamente ou no decorrer do tempo, apresentam dor. A dor, mais que a incapacidade,
pode com freqüência, ser o fator limitante para o bom desempenho do trabalhador. A postura
é tão importante para o desempenho das tarefas quanto para a promoção da saúde e
minimização de estresse e desconforto durante o trabalho (MONTEIRO et al, 1997).
Na elaboração dos postos de trabalho ou em tarefas a serem executadas pelos funcionários,
prever a alternância entre a postura sentada e em pé é a forma mais adequada de prevenir
desconfortos durante o expediente, uma vez que o próprio trabalhador escolhe a variação da
postura ao longo do tempo de maneira que fique mais confortável à ele.
Segundo nota técnica 060/2001 divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a
manutenção da postura em pé imóvel tem as seguintes desvantagens:
Tendência à acumulação do sangue nas pernas o que predispõe ao aparecimento de
insuficiência valvular venosa nos membros inferiores, resultando em varizes e sensação
de peso nas pernas;
Sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares que suportam o peso do corpo
(pés, joelhos, quadris);
A tensão muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilíbrio dificulta a
execução de tarefas de precisão;
A penosidade da posição em pé pode ser reforçada se o trabalhador tiver ainda que
manter posturas inadequadas dos braços (acima do ombro, por exemplo), inclinação ou
torção de tronco etc.;
A tensão muscular desenvolvida em permanência para manutenção do equilíbrio traz
mais dificuldades para a execução de trabalhos de precisão.
A escolha da postura em pé só está justificada nas seguintes condições:
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A tarefa exige deslocamentos contínuos como no caso de carteiros e pessoas que fazem
rondas;
A tarefa exige manipulação de cargas com peso igual ou superior a 4,5 kg;
A tarefa exige alcances amplos freqüentes, para cima, para frente ou para baixo; no
entanto, deve-se tentar reduzir a amplitude destes alcances para que se possa trabalhar
sentado;
A tarefa exige operações freqüentes em vários locais de trabalho, fisicamente separados;
A tarefa exige a aplicação de forças para baixo, como em empacotamento.
2.3. Recomendações ergonômicas e legislação brasileira para trabalho em pé
Para Matos (2000) a ergonomia é "o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do
homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefa, dos instrumentos, das
máquinas e dos sistemas de produção". Ela pode visar a melhoria das condições de trabalho
existentes ( de eficácia limitada além de onerosa), ou pode valer-se dos conhecimentos
adquiridos sobre o homem desde o projeto do posto de trabalho, do maquinário ou dos
sistemas de produção.
Portanto, preocupa-se a ergonomia não somente com as condições físicas do trabalho, mas
também, com a sua organização. A ergonomia busca examinar o conteúdo das tarefas, os
ritmos impostos aos trabalhadores, a divisão do trabalho, as relações de poder, as relações
interpessoais, fatores estes que convergem para a desmotivação e insatisfação dos
trabalhadores, no exercício de sua profissão (MARCON, 1997).
Na legislação brasileira existe uma Norma Regulamentadora, do Ministério do Trabalho,
chamada N17-Ergonomia; nela os ítens 17.3 relativos ao mobiliário do posto de trabalho
tratam sobre o trabalho executado na posição sentado e em pé e suas recomendações. (17.3.1,
17.3.2 e 17.3.5 nesse caso, especialmente); enquanto que os ítens 17.6 realtivos a organização
do trabalho tratam sobre adequação do trabalho executado e as cargas (17.6.1 e 17.6.3 nesse
caso, especialmente).
O trabalho parado, em pé, exige o trabalho estático da musculatura envolvida para
manutenção da posição referida provocando facilmente a fadiga muscular. Além disso, há um
aumento importante da pressão hidrostática do sangue nas veias das pernas e o progressivo
acúmulo de líquidos tissulares nas extremidades inferiores favorecendo uma maior incidência
de varizes e edemas de tornozelo (OROFINO, 2004). As tarefas que exigem longo tempo em
pé devem ser intercaladas com tarefas que possam ser executadas na posição sentada ou
andando, a fim de evitar a fadiga nas costas e pernas e, também, prevenir as varizes. Além
disso, é necessário considerar que um estresse adicional pode surgir quando a cabeça e o
tronco ficam inclinados, provocando dores no pescoço e nas costas (CRUZ, 2001, p.85).
Para a configuração dos locais de trabalho, a escolha da correta altura de trabalho é de
essencial importância. Assim, se a área de trabalho é muito alta, freqüentemente os ombros
são erguidos para compensar, o que leva a contrações musculares dolorosas, principalmente
na nuca e nas costas. Por outro lado, se a área é baixa, as costas são sobrecarregadas pelo
excesso de curvatura do tronco, propiciando dores nas costas. Por isso, as mesas de trabalho
devem estar de acordo com as medidas antropométricas, tanto para o trabalho em pé quanto
para o sentado (LEMOS, 1999, p.66).
No caso de a mesma bancada ser utilizada por mais de um funcionário, a altura deve ser
regulada para atender às diferenças individuais. A altura recomendada varia de acordo com o
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cotovelo do trabalhador e a sua tarefa, conforme figura 1.
Tipo de trabalho Altura Recomendada
Trabalho Leve 5 a 10 cm abaixo da altura do cotovelo
Trabalho manual
Trabalho Pesado
10 a 15 cm abaixo da altura do cotovelo
15 a 40 cm abaixo da altura do cotovelo
Tabela 1: Recomendação de alturas para bancadas de trabalho em pé, considerando a altura do cotovelo dos
operadores e o tipo de trabalho
3. Desenvolvimento
3.1. Caracterização do local
O posto de trabalho analisado foi a Cantina Santo Grão – localizada dentro de uma
universidade da região metropolitana de Porto Alegre - seu foco principal é o lanche natural,
de fabricação caseira.
Composta, atualmente, de três funcionárias e um gerente, possui apenas um setor e o horário
de funcionamento e de segunda-feira à sexta-feira das 8:30hs às 21:30hs e sábados das
08:30hs às 11:30hs.
3.2. Método ergonômico
Análise Macroergonômica do Trabalho – AMT (GUIMARÃES, 2002) foi o método utilizado
nesse trabalho. Adotou-se o método participativo, que propõe a participação dos funcionários
em todos os estágios do estudo e/ou intervenções ergonômicas.
Segundo Nagamachi (1996), “ (...) se as pessoas na organização participam da tomada de
decisões, elas são capazes de experimentar a utilização de suas habilidades e discernimento
(julgamento). Como resultado, esse tipo de situação fornece às pessoas um sentimento de
responsabilidade e comprometimento com a organização”.
A participação de todos os funcionários envolvidos no trabalho, tanto de concepção quanto de
operação, garante um maior envolvimento e, por conseguinte, maior indíce de sucesso nas
modificações propostas para melhorar as condições de trabalho (FOGLIATTO e
GUIMARÃES, 1999).
4. Resultado e Discussões
4.1. Levantamento inicial ou apreciação ergonômica (participação direta e indireta dos
funcionários).
Para a intervenção ergonômica ser bem sucedida, a primeira medida é fazer o levantamento
inicial ou apreciação ergonômica.
Realizou-se a apresentação dos colaboradores desse trabalho, com o objetivo de explicar a
pesquisa, feita mediante o consentimento do proprietário do estabelecimento. Após, foram
listadas todas as observações pertinentes para avaliar e identificar os possíveis problemas,
bem como a descrição detalhada das tarefas executadas pelos funcionários, documentação em
vídeo e fotos para posterior análise e comparação juntamente com as informações coletadas.
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A questão considerada nesse trabalho, segundo os constructos ABCORE foi: interface
humano-máquina.
A tarefa é executada na seguinte sequência:
Abrir o bar;
Organização e limpeza do bar - varrer estabelecimento, lavar louça, secar louça, organizar
e preparar utensílios de cozinha para servir os clientes;
Organizar os lanches para venda no balcão - substituir lanches velhos, arrumar a
disposição dos alimentos no display e higienização do display;
Receber os pagamentos no caixa;
Atender os pedidos no balcão – lanches: movimentação do lanche até o cliente que está
no balcão; movimentação do lanche do balcão até o micro pra esquentar (quando
solicitado pelo cliente), operar o microondas para esquentar o lanche, alcançar o lanche
até o cliente no balcão ou até a mesa onde ele se encontra; Bebidas: movimentação até a
máquina de café, conhecer as medidas de preparo, preparar a bebida solicitada,
movimentação do café da máquina até o balcão ou até a mesa onde se encontra o cliente;
ou, movimentação até a máquina de suco, conhecer as medidas de preparo, preparar a
bebida solicitada, movimentação do suco da máquina até o cliente no balcão ou até a
mesa onde se encontra o cliente;
Alcançar os pedidos;
Operar o forno para fazer pão de queijo (pré-pronto);
Ver o que precisa ser reposto no estoque;
Estocagem de produtos;
Limpeza e organização dos aparelhos e do balcão de atendimento.
A primeira coleta dos dados foi feita mediante entrevistas - não induzidas e de maneira
individual - com todos os funcionários do estabelecimento, incluindo o gerente que também
realiza alguns atendimentos, fornecendo assim a priorização dos itens de demanda
identificados pelos mesmos.
Ítens citados na entrevista Pessoa1 Pessoa2 Pessoa3 Pessoa4
Precisa de rigidez no horário de saída em função do
transporte (ônibus/trem)
1 1 4 -
Ainda está se familiarizando com o patrão novo 2 6 - -
Bom relacionamento entre os colegas 3 2 3 4
Atendimento é mais puxado no turno da noite 4 3 5 2
Sente dificuldade em realizar a(s) tarefa(s) 5 4 - -
Sente dor ou desconforto ao final da jornada de trabalho
6 5 6 -
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Ambiente de trabalho abafado 7 - - -
Precisa de flexibilidade no horário de chegada em função
do transporte
8 - - -
Trabalho rotineiro - - 1 -
Desempenha a função de caixa e atendimento de pedidos - - 2 -
Desempenha todas as funções ( caixa, atendimento e compra) - - - 1
Se preocupa com o tratamento dado aos clientes - - - 3
Se sente bem ao final do dia - - - 5
Precisa/deseja fazer curso de capacitação 9 - - 6
Fonte: Autor 2009
Tabela 2 – Tabela inicial das entrevistas
Ítens citados na entrevista Pessoa1 Pessoa2 Pessoa3 Pessoa4 Soma dos
inversos
Precisa de rigidez no horários de saída em
função do transporte (Õnibus/trem)
1,00 1,00 0,25 - 2,25
Ainda está se familiarizando com o patrão
novo
0,50 0,17 - - 0,67
Bom relacionamento entre colegas 0,33 0,50 0,33 - 1,17
Atendimento é mais puxado no turno da noite 0,25 0,33 0,20 0,50 1,28
Sente dificuldade em realizar a(a) tarefa(s) 0,20 0,25 - 0,25 0,70
Sente dor ou desconforto ao final da jornada
de trabalho
0,17 0,20 0,17 - 0,53
Ambiente de trabalho abafado 0,14 - - - 0,14
Precisa de flexibilidade no horário de chegada
em função do transporte
0,13 - - - 0,13
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Trabalho rotineiro
Desempenha a função de caixa e atendimento
de pedidos
Desempenha todas as funções (caixa,
atendimento e compra)
Se preocupa com o tratamento dado aos
clientes
-
-
-
-
-
-
-
-
1,00
0,50
-
-
-
-
1,00
0,33
1,00
0,50
1,00
0,33
Se sente bem ao final do dia - - - 0,20 0,20
Precisa/deseja fazer curso de capacitação 0,11 - - 0,17 0,28
Fonte: Autor 2009
Tabela 3 – Ponderação dos resultados
Ítens citados na entrevista Soma dos
inversos
Percentual Percentual
acumulado
Precisa de rigidez no horário de saída em função do transporte
(ônibus/trem)
2,25 22,10 22,10
Atendimento é mais puxado no turno da noite 1,28 12,57 34,67
Bom relacionamento entre os colegas 1,17 11,49 46,17
Trabalho rotineiro 1,00 9,82 55,99
Desempenha todas as funções (caixa, atendimento e compra) 1,00 9,82 65,81
Sente dificuldade em realizar a(s) tarefa(s) 0,70 6,88 72,69
Ainda está se familiarizando com o patrão novo 0,67 6,58 79,27
Sente dor ou desconforto ao final da jornada de trabalho 0,53 5,21 84,48
Desempenha a função de caixa e atendimento de pedidos 0,50 4,91 89,39
Se preocupa com o tratamento dado aos clientes
Precisa/deseja fazer curso de capacitação
Se sente bem ao final do dia
Ambiente de trabalho abafado
Precisa de flexibilidade no horário de chegada em função
do transporte
0,33
0,28
0,20
0,14
0,13
3,24
2,75
1,96
1,38
1,28
92,63
95,38
97,35
98,72
100,00
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Fonte: Autor 2009
Tabela 4 – Priorização da demanda espontânea - Linha amarela significa o ponto de corte
Fórmula do ponto de corte:
X= soma total/nºítens x= 10,18/14 x= 0,73
Ponto de Corte= x/nºítens*100 Ponto de Corte = 0,73/14*100 Ponto de Corte= 5,21.
Com base nas entrevistas e no ranking corrigido de itens de demanda ergonômica, elaborou-se
um questionário que foi aplicado a todos os funcionários, em uma escala de 0 a 15 - ruim a
ótimo, respectivamente - para medir o grau de satisfação.
A esse questionário foram incorporados, também, itens relevantes que não tinham sido
identificados pelos entrevistados.
Os questionários foram entregues individualmente e preenchidos em local próximo ao
estabelecimento para manter uma maior privacidade e calma aos entrevistados.
Repetição Qst1 Qst2 Qst3 Média
Mobiliário 5,90 5,30 4,50 5,23
Serviço de apoio 8,30 5,70 3,60 5,87
Espaço 6,00 6,70 8,40 7,03
Aparência 9,00 8,50 8,10 8,53
Postura 5,50 6,10 6,80 6,13
Domínio do aparelho 6,90 4,00 5,00 5,30
Saída 8,20 8,90 7,80 8,30
Intervalo 8,00 8,70 9,20 8,63
Dor braços 4,90 3,40 7,00 5,10
Dor ombros
Dor pernas
Dor pés
Dor costas
Dor pescoço
Dor cabeça
4,20
5,20
7,80
7,00
7,70
8,40
3,10
4,30
8,90
4,60
8,30
8,10
6,90
7,60
8,50
4,00
8,80
8,60
4,73
5,70
8,40
5,20
8,27
8,37
Fonte: Autor 2009
Tabela 5 – Resultado dos questionários
A seguir, tabela elaborada a partir do grau de satisfação (escala de 0 a 15) dos funcionários
entrevistados, priorizando como pontos de partida os resultados abaixo da média de 7,5.
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10
5,235,87
7,03
6,13
5,30 5,104,73
5,705,20
mob
iliár
io
serv
iço
de a
poio
espa
ço
postur
a
domín
io d
o ap
arelho
dor b
raço
s
dor o
mbr
os
dor p
ernas
dor c
osta
s
Figura 1 – Gráfico de satisfação dos entrevistados
Logo depois, elaborou-se um resumo da apreciação.
Constructo IDE Valor
IDE
Constrangimento Possível
Solução
Grau
dificuldade
Posto de trabalho Dor ombro 4,73 Prejuízo p/saúde Projeto p/ regular
altura dos móveis
2
Posto de trabalho Dor braço 5,10 Prejuízo p/saúde Projeto p/regular
altura dos móveis
2
Posto de trabalho Dor costas 5,20 Prejuízo p/saúde Projeto p/regular
altura dos móveis
2
Posto de trabalho Mobiliário 5,23 Prejuízo p/saúde Projeto p/regular
altura dos móveis
2
Posto de trabalho Domínio
do aparelho
5,30 Reclamação dos
clientes
Elaborar medida
padrão
1
Posto de trabalho Dor pernas 5,70 Prejuízo p/saúde Colocar cadeiras
p/sentar
1
Posto de trabalho Serviço de
apoio
5,87 Sair p/beber água
e/ou lanchar
Dispor de
bebedouro e área
de descanso
2
Posto de trabalho Postura 6,13 Prejuízo p/saúde Projeto p/regular
altura dos móveis
2
Posto de trabalho Espaço 7,13 Má organização Organizar
produtos e mobília
2
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Fonte: Autor 2009
Tabela 6 – Tabela de finalização da apreciação
4.2 Análise da situação ou diagnose ergonômica
A partir da identificação dos principais pontos a serem diagnosticados, partiu-se para
medições mais detalhadas feitas no estudo de campo realizado em 10 de novembro de 2009 –
turno da noite. Comportamento, movimentação dentro do posto de trabalho e condições
ambientais foram acompanhadas e avaliadas. (figuras 2 a 6).
Figura 2 – Altura do mobiliário dificulta execução das Figura 3 – Faltam cadeiras
tarefas para descanso
Figura 4 – Má organização – muitos Figura 5 – Forro de material PVC abafa o local
Figura 6 – Corredor lateral de acesso ao banheiro, é o mesmo
do bebedouro e da máquina de café dos clientes
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4.3. Elaboração de proposta de solução ou projeção ergonômica
Sugere-se a elaboração de um novo layout como medida inicial para uma melhor organização
do posto de trabalho.
Questão do balcão de atendimento atual, (figura 10) há uma poluição visual muito grande
- muita mistura de produtos - isso dificulta a venda, pois, o cliente não visualiza tudo o
que o bar oferece. Sugere-se um balcão mais limpo (de objetos) e mais claro. Deixando
assim os produtos mais atrativos e o balcão livre para pedidos. A altura do balcão em 90
cm, está de acordo com os padrões ergonômicos estudados para execução de trabalhos
leves.
Questão da posição em pé - De acordo com Iida (2003), “a posição parada, em pé, é
altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para
manter essa posição. Para esse problema sugere-se o emprego de banquetas que podem
ser facilmente guardadas depois ou removidas para área externa, nas horas de maior
movimento da cantina. Segundo Dull e Weerdmeester (1995), “a posição em pé é
recomendada para os casos em que há freqüentes deslocamentos do local de trabalho ou
quando há necessidade de aplicar grandes forças”. Não se recomenda passar o dia todo na
posição em pé, pois isso provoca fadiga nas costas e nas pernas.
Questão dos microondas - Um estresse adicional pode aparecer quando a cabeça e o
tronco ficam 105° inclinados, provocando dores no pescoço e nas costas. Para isso, seria
mais agradável mudar a posição do microondas. O mesmo encontra-se acima da cabeça
dos atendentes, não possibilitando que eles vejam o lanche e obrigando-os a erguer o
braço para pegá-lo, esse esforço repetitivo pode ser causa de dores nos ombros. Para
resolver essa problema recomenda-se o uso de prateleiras reguláveis baixando os
equipamentos para no mínimo 1,50m. Como isso, possibilita-se a adaptação do móvel a
qualquer funcionário que possa vir a trabalhar, futuramente, nesse estabelecimento.
Questão dos serviços de apoio - bebedor e área para intervalo podem ser resolvidos com o
fechamento do corredor lateral. Dessa maneira os funcionários terão um espaço
individual com bebedor e área para intervalo. Não precisando dessa maneira se deslocar
para longe do posto de trabalho.
Questão do abafamento do ambiente – para diminuir o calor, principalmente no verão,
recomenda-se o uso de ar-condicionado de 5.000 a 6.000 btu’s.
Questão de domínio da tarefa: produzir suco – elaborar uma receita padrão para
confecção de sucos naturais e optar por frutas da estação em vigor e da mesma espécie,
extraindo sempre um suco fresco de qualidade e sem perda de sabor e vitaminas.
5. Considerações finais
As pesquisas demonstram serem as questões de planejamento e organização a origem dos
problemas existentes no estabelecimento. Para se alcançar níveis ideais de produção e
qualidade, mais do que treinamento de pessoal, precisa-se fornecer um ambiente de trabalho
compatível com as características fisiológicas e psicológicas do trabalhador e de suas
atividades.
Todas as etapas descritas foram de fundamental importância para elaboração de todo o estudo
ergonômico apresentado; pois, garantiu que os problemas conseqüentes das tarefas ficassem
evidentes para a investigação que se realizou.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Com esses resultados, espera-se que o sistema, que por ventura venha a ser implantado, traga
benefícios para os funcionários e para o estabelecimento.
4. Referências
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do trabalho e produtividade em serviços de alimentação – Capítulo III
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