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ANÁLISE ERGONÔMICA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE UM POSTO DE TRABALHO EM UMA FÁBRICA DE MÓVEIS GABRIEL SANTANA VASCONCELOS (UFS ) [email protected] Felipe Augusto Silva Lessa (UFS ) [email protected] Simone de Cassia Silva (UFS ) [email protected] Os conceitos de ergonomia, já discutidos por diversos autores em variados estudos e em diferentes épocas, estão atrelados à interação entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, adaptando o trabalho ao homem com o objetivo de proporcionar bem-estar às pessoas envolvidas neste processo. A análise ergonômica deste estudo abrange a etapa do processo de polimento, que é composta por um posto de trabalho que prepara as peças a serem encaminhadas à pintura, em uma fábrica de móveis. Buscou-se a avaliação das características e condições do trabalho concernentes às condições ambientais de saúde e segurança relacionadas ao posto analisado, como a análise dos ambientes: térmico, lumínico, acústico e da qualidade do ar. Ao final do trabalho, foram propostas melhorias necessárias para adequação dos quesitos que se encontraram inadequados. Palavras-chaves: Ergonomia, condições ambientais, posto de trabalho XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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ANÁLISE ERGONÔMICA DAS

CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE UM

POSTO DE TRABALHO EM UMA

FÁBRICA DE MÓVEIS

GABRIEL SANTANA VASCONCELOS (UFS )

[email protected]

Felipe Augusto Silva Lessa (UFS )

[email protected]

Simone de Cassia Silva (UFS )

[email protected]

Os conceitos de ergonomia, já discutidos por diversos autores em

variados estudos e em diferentes épocas, estão atrelados à interação

entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, adaptando o

trabalho ao homem com o objetivo de proporcionar bem-estar às

pessoas envolvidas neste processo. A análise ergonômica deste estudo

abrange a etapa do processo de polimento, que é composta por um

posto de trabalho que prepara as peças a serem encaminhadas à

pintura, em uma fábrica de móveis. Buscou-se a avaliação das

características e condições do trabalho concernentes às condições

ambientais de saúde e segurança relacionadas ao posto analisado,

como a análise dos ambientes: térmico, lumínico, acústico e da

qualidade do ar. Ao final do trabalho, foram propostas melhorias

necessárias para adequação dos quesitos que se encontraram

inadequados.

Palavras-chaves: Ergonomia, condições ambientais, posto de trabalho

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1. Introdução

Diversos autores relatam o surgimento da ergonomia durante a II Guerra Mundial, a partir do

trabalho interdisciplinar a fim de buscar soluções para os problemas dos grandes projetos.

Sendo que, no pós-guerra, essa busca intensificou-se para as questões industriais e tem

evoluído desde então (IIDA, 1997; KROEMER; GRANDJEAN, 1998).

Para a Associação Internacional de Ergonomia ou International Ergonomics Association

(IEA), a ergonomia é a uma disciplina relacionada à análise das interações entre os homens e

os demais elementos de um sistema. Além disso, a IEA divide a abrangência da ergonomia

em três especializações: ergonomia física, cognitiva e organizacional. Sendo que neste

trabalho será dada ênfase à ergonomia física, mais especificamente aos aspectos das

condições ambientais do posto de trabalho em análise.

Vários fatores interferem direta ou indiretamente em um processo ou atividade. E isso

aumenta a cada dia com o advento de novas tecnologias, como ferramentas e equipamentos,

que são inseridas no ambiente laboral, alterando-o de diversas formas e influenciando a

maneira como os colaboradores se sentem no seu posto de trabalho.

Dentre esses fatores encontram-se aqueles relacionados às condições ambientais, que são

abordados neste trabalho e podem ser divididos em: ambiente lumínico, térmico, acústico e da

qualidade do ar. Neste contexto, muitos ergonomistas buscam soluções onde os colaboradores

sintam-se satisfeitos e confortáveis, de modo que haja um aumento da produtividade

acompanhado de vários outros benefícios, evitando constrangimentos e insatisfações, como

fadiga, estresse e monotonia.

Diversas variáveis interferem nas condições ambientais em um posto de trabalho. É possível

identificá-las principalmente através do imediatismo de suas influências: as primárias –

temperatura, iluminação, ruído, vibrações, odores, cores; e secundárias – arquitetura, relações

humanas, remuneração, estabilidade, apoio social. Entretanto nem sempre é possível trabalhá-

las em sua totalidade, podendo-se considerar como sendo mais comum o enfoque de alguns

desses, de acordo com as necessidades do projeto em função da interface usuário e atividade

(VERDUSSEN, 1978).

Este artigo teve o intuito de realizar uma análise das condições ambientais em um posto de

trabalho de uma empresa do ramo moveleiro. O posto escolhido foi o de polimento, por

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apresentar não-conformidades que podem trazer riscos ambientais e prejudicar a saúde do

trabalhador.

Dentro deste contexto, este trabalho tem como objetivo principal a realização de uma análise

das condições ambientais presentes em um posto de trabalho do setor de polimento de uma

fábrica de móveis, visando a busca de possíveis melhorias em aspectos ergonômicos e de

produtividade da empresa.

2. Ergonomia e as condições ambientais

A ergonomia direciona seus estudos abarcando tanto as condições prévias de trabalho, ou seja,

a concepção do trabalho, como também as consequências do trabalho que interagem na

relação entre o homem, à máquina e o ambiente durante o seu relacionamento com esse

sistema produtivo (LEITE e CARVALHO, 2011).

Segundo Falzon (2007), um aspecto importante da ergonomia é o seu caráter interdisciplinar,

pois a ergonomia utiliza a colaboração das diversas disciplinas científicas, numa perspectiva

de aplicação de um corpo de conhecimentos que, tem como finalidade uma melhor adaptação

ao homem dos meios tecnológicos de produção e dos ambientes de trabalho e de vida.

As condições ambientais são grandes fontes de tensão no local de trabalho e podem causar

desconforto e incômodo aos colaboradores quando suas grandezas encontram-se fora dos

limites normatizados. Consequentemente, ocorre um maior risco de acidentes e danos

consideráveis a saúde neste caso. Sendo assim, cabe ao ergonomista conhecer detalhadamente

essas limitações dentro de um posto de trabalho, para assim tomar as providências necessárias

para manter os trabalhadores fora dessas faixas de risco (IIDA, 1997).

Porém, como toda atividade que se destina ao setor produtivo, a ergonomia só será aceita

como elemento importante nas empresas se for economicamente viável, ou seja, se apresentar

uma relação custo/benefício favorável (LEITE e CARVALHO, 2011).

No Brasil a Norma Reguladora em Ergonomia é a NR 17, que visa estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho

eficiente.

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3. Metodologia

A análise ergonômica deste estudo abrange a etapa do processo de polimento, que é composta

por um posto de trabalho que prepara as peças a serem encaminhadas à pintura.

Para isso, foi realizada a comunicação e explanação da importância desse estudo junto aos

colaboradores envolvidos diretamente com o setor em análise. Diversas visitas técnicas foram

feitas em dias e períodos alternados a fim da obtenção de dados com uma melhor qualidade

para o posterior estudo.

Para a realização da análise ergonômica das condições ambientais do setor de polimento de

uma fábrica de móveis foi necessário realizar medições quantos aos aspectos térmico,

lumínico, acústico e de qualidade do ar, com a utilização de equipamentos especificados para

cada parâmetro a ser avaliado.

Foi utilizado o termo-higro-decibel-luxim para a análise térmica, lumínica e acústica, além do

medidor de stress térmico que também foi utilizado na análise térmica.

Para a coleta e análise dos dados das condições ambientais estudadas foram realizadas cinco

medições nas mesmas posições do ambiente de trabalho, para cada parâmetro de condição

ambiental. Esses dados foram coletados no ambiente onde se encontra o posto de trabalho em

análise, ou seja, a bancada onde é realizado o polimento das peças em madeira para a

preparação para a pintura, restringindo-se apenas a este ambiente interno citado.

4. Resultados e discussões

O ambiente em análise apresenta um espaço físico amplo, arejado e bem iluminado, devido ao

fato de ser uma edificação com pé direito elevado e à existência de janelões e uma abertura

lateral para uma iluminação e ventilação ainda melhores.

4.1. Ambiente térmico

Quanto à análise do ambiente térmico, os dados foram obtidos com a utilização do termo-

higro-decibel-luxim e do medidor de stress térmico, sendo mostrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Dados obtidos com a utilização do termo-higro-decibel-luxim

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De acordo com a norma regulamentadora NR 17, relacionada à ergonomia, o índice de

temperatura efetiva deve variar entre 20 e 23 °C. Com isso, pode-se traçar o gráfico da

variação de temperatura, considerando os limites normativos. De acordo com a norma

regulamentadora NR 17, relacionada à ergonomia, o índice de temperatura efetiva deve variar

entre 20 e 23 °C. Com isso, pode-se traçar o gráfico da variação de temperatura, considerando

os limites normativos.

Figura 1 – Gráfico de controle das temperaturas medidas

Com base nos dados obtidos e no gráfico de controle das temperaturas medidas, pode-se notar

que há uma discrepância entre os dados coletados e os valores normativos. Com isso,

constata-se que o ambiente de trabalho encontra-se desconfortável termicamente, mas esse

efeito pode ser mascarado quando da ocorrência de correntes de ar que aliviam a sensação

térmica.

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Para melhorar esse quadro, aconselha-se a colocação de circuladores/exaustores de ar, que

auxiliariam também na qualidade do ar respirado pelos trabalhadores devido à quantidade

excessiva de partículas suspensas oriundas do polimento.

Levando-se em conta a utilização do medidor de stress térmico, os dados obtidos nas

medições e as análises necessárias de acordo com a norma regulamentadora NR 15 – em seu

anexo 3, que trata dos limites de tolerância para exposição ao calor, são observados na

sequência.

Tabela 2 – Dados obtidos com a utilização do medidor de stress térmico

Para a medição de stress térmico, os dados mostrados na Tabela 2 devem ser tratados da

seguinte maneira:

A média e os desvios padrão foram calculadas em função das 3 últimas medições onde

não houve uma variação acima de 0,1 °C, de acordo com o que é estabelecido pelo

manual de instruções do aparelho medidor de stress térmico digital portátil – modelo

TGD-200, fabricado pela Instrutherm.

Para o cálculo do IBUTG (Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo) levou-se em

consideração somente as temperaturas medidas pelo globo e pelo bulbo úmido, pois,

como é determinado pelo manual de instruções do equipamento, somente se faz

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necessário o uso desses parâmetros no caso de ambiente interno sem carga solar direta,

que é o caso do posto de trabalho em estudo.

Foram necessárias várias medições experimentais para a temperatura de globo e de bulbo

úmido, sendo que as medições que não respeitaram a variação máxima permitida foram

desconsideradas, com isso as medições de relevância para o estudo foram as mostradas na

Tabela 2.

De acordo com a NR 15 – em seu anexo 3, temos que o índice IBUTG para ambientes

internos sem carga solar direta deve ser calculado conforme a Equação 1.

Onde: TBUN: temperatura de bulbo úmido natural

TG: temperatura do globo

Com isso, o índice IBUTG foi calculado considerando-se as últimas três temperaturas para o

globo e o bulbo úmido, e seus valores são mostrados na tabela a seguir.

Tabela 3 – Valores do IBUTG calculado

Após isso, foi necessária a classificação da atividade com relação à sua intensidade, conforme

descrito no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação de atividades

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Fonte: Quadro nº 3, NR 15 – anexo 3

A partir de uma análise subjetiva deste quadro, classificou-se a atividade de polimento, do

posto de trabalho observado, como trabalho moderado. Dentro desta classificação,

especificou-se esta atividade como sendo de pé, em máquina ou bancada, com alguma

movimentação, possuindo assim uma taxa de metabolismo de 220 kcal/h, de acordo com o

Quadro 1.

De posse dessas informações e com os índices IBUTG calculados, pode-se realizar a análise

comparativa entre o tipo de atividade e a faixa de valores dos índices IBUTG para a

determinação do regime de trabalho adequado. Isso deve ser realizado de acordo com o

Quadro 2.

Quadro 2: Quadro relacionando tipo de atividade, índice IBUTG e regime de trabalho

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Fonte: Quadro nº 1, NR 15 – anexo 3

Analisando essas informações, conclui-se que os valores do índice IBUTG compreendem a

faixa de 26,8 a 28,0 na coluna de atividade moderada. Com isso, o regime de trabalho que

deve ser utilizado será o de 45 minutos de atividade regular e 15 minutos de descanso, em

uma hora de trabalho. Sendo que esse descanso pode ser através da realização de uma

atividade mais leve, ou seja, com uma menor taxa metabólica.

Chegando-se ao gráfico de controle dos índices IBUTG, considerando os limites de controle

como sendo a faixa de valores proposta no Quadro 2, conforme observado na Figura 2.

Figura 2 – Gráfico de controle dos IBTUGs medidos

Para determinar a taxa de metabolismo gasta na realização da atividade laboral,

compreendendo a atividade regular e de descanso, devem ser apontados os valores das taxas

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de metabolismo para cada atividade. Isso é feito através do quadro de classificação das

atividades, proposto pela NR 15 – em seu anexo 3.

Como a taxa de metabolismo para a atividade regular moderada já foi determinada, deve-se

fazer o mesmo para a atividade de descanso. Essa atividade foi classificada em uma análise

subjetiva como leve, sendo um trabalho de pé, em máquina ou bancada e principalmente com

os braços, tendo uma taxa metabólica de 150 kcal/h.

Sendo assim, deve-se determinar a taxa metabólica média, que é realizada através de uma

média ponderada e de acordo com a Equação 2, proposta na NR 15 – em seu anexo 3.

Onde: Mt: taxa de metabolismo no local de trabalho; Md: taxa metabólica no local de

descanso; Tt: tempo, em minutos, no local de trabalho; Td: tempo, em minutos, no local de

descanso.

Assim, chegou-se ao valor da taxa média de gasto metabólico de 202,5 kcal/h, podendo-se

aproximar esse valor para 200 kcal/h, visando uma melhor análise de acordo com a NR 15 –

em seu anexo 3.

Quadro 3 – Relacionamento do gasto metabólico e IBUTG máximo

Fonte: Quadro nº 2, NR 15 – anexo 3

Portanto, o valor máximo do índice IBUTG deve ser de 30,0. Então, ao se utilizar o regime de

trabalho com 45 minutos de atividade regular e 15 minutos de atividade de descanso ou mais

leve, pode-se concluir que o gasto metabólico e a relação do stress térmico seriam

satisfatórios.

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4.2. Ambiente lumínico

Com relação à análise do ambiente lumínico os dados também foram obtidos com a utilização

do termo-higro-decibel-luxim, sendo mostrados na tabela a seguir.

Tabela 4 – Dados obtidos com a utilização do termo-higro-decibel-luxim

Conforme estabelecido pela norma regulamentadora NBR 5413, que versa sobre a

iluminância de interiores, os limites superiores e inferiores da referida norma são subdivididos

em três classes A, B e C. O ambiente de trabalho analisado se caracteriza dentro do tipo de

atividade inserido na classe B, que se refere à iluminação geral para área de trabalho com

tarefas com requisitos visuais normais. Com isso, os limites inferior e superior da iluminância

na referida classe são, respectivamente, 500 e 1000 lux.

Então, de posse dessas informações foi construído o gráfico de controle da iluminância para

as cinco medições realizadas no ambiente de trabalho.

Figura 3 – Gráfico de controle das iluminâncias medidas

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É importante destacar que o limite inferior de controle (LIC) é o fator preponderante na

análise do ambiente lumínico, já o limite superior de controle (LSC) é um fator de referência,

podendo ter o seu valor superado sem grandes prejuízos aos trabalhadores até o ponto em que

não se transforme em um incômodo como o ofuscamento pelo excesso de luminosidade.

Sendo assim, podemos considerar o ambiente lumínico como em condições satisfatórias, pois

o valor do LIC é respeitado em todos os pontos e em todas as medições realizadas.

4.3. Ambiente acústico

Assim como nas análises anteriores, na análise do ambiente acústico utilizou-se o termo-

higro-decibel-luxim e os dados obtidos da medição são observados na tabela que segue.

Tabela 5 – Dados obtidos com a utilização do termo-higro-decibel-luxim

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Na norma regulamentadora NR 15 – em seu anexo 1, assim como na Norma de Higiene

Ocupacional – NHO 01, de avaliação da exposição ocupacional ao ruído, são estabelecidos os

limites de tolerância para ruídos contínuos ou intermitentes, como mostrado na figura a

seguir. Então, no posto de trabalho em análise, durante as 8 horas diárias de atividade, o limite

superior de controle será de 85 dB (A) para os indivíduos que não estejam adequadamente

protegidos, que é o caso dos trabalhadores do estudo. Esta mesma norma diz que não será

permitida uma exposição a níveis de ruído acima de 115 dB (A) para esses indivíduos

desprotegidos.

Quadro 4 – Limites de tolerância para ruído

Fonte: NR 15 – anexo 1

A partir dos limites regulamentados e dos valores do nível de ruído medidos pode-se

estabelecer o gráfico de controle, que é mostrado na figura 4.

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Figura 4 – Gráfico de controle para os níveis de ruído

Da Figura 4, pode-se observar que nas medições 2, 4 e 5 o nível de ruído ultrapassa ou se

aproxima bastante do limite recomendado para exposição ao ruído por período igual a 8 horas

diárias. Isso pode ser explicado pela maior proximidade desses pontos de medição com o setor

de montagem, que possui muitos equipamentos que em operação têm um nível de ruído

elevado. Com isso, faz-se necessária a utilização de equipamentos de proteção individual

(EPIs), tais como protetores auriculares dos tipos concha e plug.

4.4. Qualidade do ar

Por fim, para a análise da qualidade do ar observou-se que o ambiente em estudo apresenta

uma situação desfavorável no tocante à qualidade do ar devido à presença excessiva de

partículas suspensas oriundas tanto da atividade realizada no posto de trabalho analisado

(polimento) como também dos outros setores da organização, pois a matéria-prima base de

todo o processo produtivo é a madeira. Sendo assim, a empresa já adota algumas medidas

para mitigação desses efeitos nocivos à saúde de seus trabalhadores, como a disponibilização

do equipamento de proteção individual (EPI) do tipo protetor respiratório, como pode ser

visto na Figura 5.

Figura 5 – Trabalhador utilizando o EPI

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5. Conclusões

O presente trabalho teve o objetivo de realizar uma análise ergonômica do trabalho através do

estudo das condições presentes de um posto de trabalho do setor de polimento de uma fábrica

de móveis, visando à busca de possíveis melhorias em aspectos ergonômicos e de

produtividade da empresa.

Apesar da fábrica se apresentar em condições satisfatórias ou toleráveis de trabalho em

diversos pontos de análise, foi proposta um conjunto de melhorias que devem ser

implementadas.

Por fim, caso a empresa siga as orientações do presente trabalho conseguirá melhorar as

condições ergonômicas do posto estudado, além de auxiliar na adequação das normas

regulamentadoras. Com isso a empresa cuidará da saúde e segurança de seu trabalhador sem

prejuízo de produtividade.

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FALZON, Pierre. Ergonomia. (Eds.) São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 2007.

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LEITE, C. M. G.; CARVALHO, R. J. M. Gestão da ergonomia para a saúde ocupacional dos gerentes hoteleiros,

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VERDUSSEN, Roberto. Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Livros

Técnicos e Científicos, 1978.