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  • 1

    ANLISE EPISTEMOLGICA DA PRODUO BIBLIOGRFICA SOBRE

    ASSDIO MORAL NO CAMPO DA ADMINISTRAO

    Mriam de Castro Possas

    Cntia Rodrigues de Oliveira Medeiros

    Aline Silva Barroso

    RESUMO A acirrada competitividade em nvel macroeconmico, facilmente observada por meio da atuao de corporaes, na busca por mercados e capital, refletida no nvel micro das organizaes, facilitando uma cultura organizacional em que a competio exacerbada leva desvalorizao do trabalho e banaliza a violncia entre os empregados. Dentre as diversas formas de violncia, est o assdio moral, um tema que desperta interesse no s no mundo empresarial, mas, tambm, no meio acadmico. No mbito do campo de conhecimento da administrao, esse tema recente e vem sendo discutido, principalmente, nas reas de recursos humanos e de estudos organizacionais. Este artigo tem como objetivo realizar uma anlise epistemolgica da produo bibliogrfica de assdio moral, publicada entre os anos 2000 e 2013, em mbito nacional. Para realizar tal anlise, foram selecionados artigos publicados em peridicos nacionais, na temtica em foco da rea de Administrao. Os resultados apontam que a produo do tema assdio moral nesse campo de estudo tem sido elaborada, sobretudo, a partir das abordagens crtico-dialtica e sistmica.

    PALAVRAS-CHAVE: Assdio moral. Epistemologia. Cultura organizacional.

    1 INTRODUO

    Em um cenrio de extrema competitividade (HELOANI, 2004), possvel que

    as pessoas se tornem competitivas a tal ponto de violarem as subjetividades uma

    das outras. Dentro desse contexto, um tema que desperta a ateno, tanto de

    executivos, bem como dos pesquisadores de diversas reas o assdio moral

    (MATTOS et al., 2010), sendo um dos indicadores da importncia do tema o

    crescente nmero de reclamaes sindicais que o assdio moral no trabalho

    representa (CRUZ; SARSUR; AMORIM, 2012).

    Mestranda em Administrao. Universidade Federal de Uberlndia. Email: [email protected] Doutora em Administrao. Universidade Federal de Uberlndia. Professora Adjunta. Email:

    [email protected] Mestranda em Administrao. Universidade Federal de Uberlndia / Instituto Federal de Educao,

    Cincia e Tecnologia/GO, Diretora. Email: [email protected]

  • 2

    Todavia, para estudiosos de administrao, cujo objeto de estudo ,

    sobretudo, organizaes, falar de assdio moral como um fenmeno organizacional

    no uma tarefa simples, uma vez que estudar administrao significa orientar-se

    pela eficincia e eficcia. A abordagem de assdio moral, no mbito da

    Administrao, incomoda aqueles que esto empenhados em compreender como

    ser bem sucedido no ambiente corporativo. Tendo em vista esse cenrio, uma

    questo que emerge de que forma o tema assdio moral tem sido explorado e

    discutido nas publicaes nacionais na rea de Administrao, as quais, por sua

    vez, podem ser utilizadas na conduo de estudos e na formao profissional em

    Administrao. Sendo assim, a questo que orienta esta pesquisa : quais

    abordagens epistemolgicas so utilizadas para tratar do assdio moral no campo

    da administrao?

    Dessa forma, este artigo tem como objetivo realizar uma anlise

    epistemolgica da produo bibliogrfica de assdio moral, publicada entre os anos

    2000 e 2013, em mbito nacional. Os estudos sobre assdio moral fazem-se cada

    vez mais necessrios, j que ele causa de inmeras denncias e queixas dos

    trabalhadores (CRUZ; SARSUR; AMORIM, 2012), provocando doenas e assolando

    subjetividades (FREITAS, 2007). Alm disso, preciso motivar mais denncias e

    auxiliar a identificar potenciais agressores e ambientes que possibilitam o assdio

    moral. Por fim, o levantamento bibliogrfico dos estudos realizados na rea nos

    auxilia a ter um panorama do que j foi escrito sobre o tema, possibilitando,

    igualmente, identificar lacunas para futuras pesquisas.

    O artigo est estruturado em quatro sees, incluindo esta introduo. Na

    prxima seo, apresenta-se a base terica sobre assdio moral e, em seguida,

    descrevem-se os procedimentos realizados para a elaborao da pesquisa. Os

    resultados so descritos na sequncia e as consideraes finais encerram o artigo.

    2 ASSDIO MORAL NO TRABALHO: PISTAS PARA ENTENDER A CULTURA

    ORGANIZACIONAL

    O termo assdio moral foi utilizado pela primeira vez em 1999 pela

    psicoterapeuta e especialista em vitimologia Hirigoyen e, a partir da, debates foram

    desencadeados nas mais diversas esferas (FREITAS, 2007). Apesar da discusso

    sobre o assunto ser nova, o fenmeno to antigo quanto o prprio trabalho

  • 3

    (FREITAS, 2001; HELOANI, 2004). No Brasil, essa temtica recebeu interesse no

    incio da dcada passada, com Barreto (2000), Freitas (2001) e Hirigoyen (2001).

    Dentre os estudos acerca da produo cientfica sobre assdio moral,

    destacam-se trs pesquisas em mbito nacional, realizadas nos ltimos anos.

    Scanfone e Teodsio (2004, p. 78) discutem a bibliografia sobre o tema, constatando

    que a produo cientfica por eles analisada dotada de um carter bastante

    normativo sobre o tema, focalizando em estratgias de combate. Bradaschia

    (2007), em sua dissertao de mestrado, aborda o desenvolvimento dos estudos

    sobre o tema, identificando trs principais pesquisadores que influenciaram os

    debates e pesquisas no mundo todo: Leyman, Andr Adams e Hirigoyen. Lage e

    Emmendoerfer (2010, p. 12) analisam a produo cientfica nacional na perspectiva

    da gesto pblica, concluindo que pouco se evoluiu, ou seja, as contribuies no

    geraram efetivos progressos para as cincias administrativas. Ademais, os autores

    identificaram que, em grande parte dos trabalhos analisados, trata-se de uma

    replicao e tratamento do tema diferente, ou apenas a inteno de chamar

    ateno da sociedade para tal fenmeno, no exclusivo do espao organizacional

    (LAGE; EMMENDOERFER, 2010, p. 12).

    Heloani (2004) ressalta que o fenmeno se caracteriza pela intencionalidade;

    o objetivo neutralizar a vtima, decorrente da desqualificao e fragilizao desta.

    Para o autor, as vtimas normalmente so pessoas sinceras, transparentes e que se

    posicionam, questionam e cobram. Por no se deixarem dominar, acabam sendo

    alvo de agresses. Freitas (2001) tambm afirma que o fato da resistncia ao

    autoritarismo que torna a pessoa um alvo do assdio.

    Para Freitas (2007, p. 9), o assdio moral

    [...] uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida que visa humilhar, vexar, constranger e desqualificar e demolir psiquicamente um indivduo ou grupo, degradando suas condies de trabalho, atingindo sua dignidade e comprometendo a sua integridade pessoal e profissional.

    O assdio moral se inicia com o abuso de poder, em seguida por um abuso

    narcsico que leva a vtima a perder sua autoestima e em alguns casos pode chegar

    ao abuso sexual. Nas organizaes, este fenmeno provm da soma de inveja,

    poder e perversidade (FREITAS, 2001).

  • 4

    A princpio o assdio no parece ofensivo e os ofendidos consideram como

    brincadeira as desavenas e maus-tratos. No entanto, com o tempo, os ataques

    tornam-se reincidentes e a vtima acuada e posta em situao de inferioridade. O

    assdio vem precedido de desvalorizao da vtima pelo agressor e induzida a

    pensar que de fato merece tal situao (HIRIGOYEN, 2009).

    De acordo com o Heloani (2004), o assdio pode vir a patologizar as vtimas,

    desencadeando um processo mimtico em relao ao que o agressor afirma sobre

    elas. Aps um longo perodo de sofrimento, a vtima pode se tornar exatamente o

    que lhe estava sendo atribudo, podendo vir a sofrer depresso, insnia e, com isso,

    possivelmente se tornar negligente no trabalho. Fortalecendo tal raciocnio, Freitas

    (2001) explica que, em decorrncia da presso sofrida, a vtima pode se tornar

    exatamente o que se diz dela, sendo evidente que, ao sofrer esse assdio, ela no

    produzir o seu melhor, torna-se desatenta e ineficaz.

    No ambiente organizacional, possvel encontrar as seguintes situaes:

    agresso de um colega a outro; um subordinado agredir um superior e vice-versa,

    sendo este ltimo o mais frequente (FREITAS, 2001). A prtica do assdio moral

    muitas vezes vem carregada de armadilhas que impedem a vtima de reagir. Isto

    pode acontecer de diversas formas: recusa de comunicao direta em que o conflito

    no aberto; desqualificao praticada de forma sutil, dissimulada e no explcita;

    isolamento da vtima; constrangimento por meio de atribuies de tarefas inteis ou

    pela solicitao de trabalhos em horrios noturnos ou, em finais de semana, sem

    necessidade; induo ao erro (FREITAS, 2001).

    As consequncias do assdio moral no trabalho podem se dar em trs

    esferas: individual, organizacional e social (FREITAS, 2007; MARTININGO FILHO;

    SIQUEIRA, 2008). Vrios autores sugerem medidas de combate ou preveno ao

    assdio moral, porm ressaltam que no se trata de uma tarefa fcil. Freitas (2007)

    afirma que possvel prevenir ou eliminar a ocorrncia desse fenmeno, mas

    adverte que, para isso, preciso coragem e vontade das chefias em assumir que

    so passveis de acontecer e mostrarem determinao em averiguar, coibir e

    penalizar os agentes, sem excees. A autora ainda acrescenta que a forma como

    os casos de assdio so tratados podem confirmar a seriedade e o senso de justia

    da organizao.

  • 5

    Na viso de Heloani (2004), os cdigos de tica que so criados nas

    empresas no so suficientes para coibir o assdio. Para ele, a rea de Recursos

    Humanos pode contribuir criando mecanismos para que o agredido denuncie

    sigilosamente, porm tambm no basta. O que deve mudar so a filosofia e as

    condies que geram a hipercompetio. Um processo de humanizao do trabalho

    que surtiria efeitos concretos.

    Benevides et al. (2012) apontam a realizao de seminrios e outras

    atividades de discusso e sensibilizao sobre prticas abusivas que configuram o

    assdio, como medidas preventivas deste fenmeno. Ainda como soluo para o

    problema do assdio, Martiningo Filho e Siqueira (2008) apontam que as reas de

    gesto de pessoas devem tornar pblico o problema e investir muito na formao

    dos gestores. Ressaltam tambm que as organizaes devem se preocupar mais

    com os indivduos do que com nmeros e tambm impor medidas de controle sobre

    a ao de gestores perversos e paranoicos.

    Heloani (2004) entende e considera os indivduos como parte de uma

    condio social maior, como integrantes e produtos de uma construo scio-

    histrica, construo essa que possui regras e uma determinada lgica

    macroeconmica que imersa em relaes de poder. Assim, esse sistema

    macroeconmico favorece a humilhao e outras formas de violncia, pois est

    embasado em um processo disciplinar que legitima o poder do superior hierrquico

    sobre o seu subordinado.

    Dessa forma, as organizaes, quando entendidas como um palco onde os

    indivduos interagem, possvel identificar condies que facilitam e possibilitam o

    surgimento de comportamentos violentos e humilhantes. Principalmente, quando h

    uma cultura organizacional em que haja a permissividade, a inexatido de regras, o

    estmulo competitividade e o relacionamento desrespeitoso (FREITAS, 2007). Para

    Carrieri, Aguiar e Diniz (2013), muitas vezes, a prpria poltica de Recursos

    Humanos pode motivar tais acontecimentos, quando enfatizam a produtividade e a

    competio, fragilizando as relaes de trabalho, tornando a violncia crescente e

    fomentando sofrimentos e adoecimentos psquicos.

    A exacerbao da competio da forma como feita, atualmente, torna-se um

    libi para que os comportamentos agressivos e degradantes apaream, alm da

    supervalorizao das hierarquias, tirania e ausncia de questionamentos (FREITAS,

  • 6

    2007). A alta competio, que tambm acontece no plano macro, pois as empresas,

    tambm, competem por mercados e capital, resulta em acmulo de tarefas para os

    trabalhadores que, juntamente com os avanos tecnolgicos, desvalorizam o

    trabalho, propiciando sua marginalizao (MARTININGO FILHO; SIQUEIRA, 2008).

    Dentre as condies que podem facilitar o assdio moral, destacam-se: uma

    cultura organizacional permissiva, quando o relacionamento entre as pessoas tende

    a se tornar desrespeitoso; clima competitivo (FREITAS, 2007); os tipos de

    lideranas; as formas de organizar o trabalho (MARTININGO FILHO; SIQUEIRA,

    2008); e as omisses que permitem a consolidao de situaes e aes

    degradantes (FREITAS, 2007).

    O assdio s se torna possvel quando encontra um terreno frtil (CARRIERI;

    AGUIAR; DINIZ, 2013), ou seja, quando as interpretaes da realidade no

    esbarram em regras rgidas que cobem comportamentos e regulam a violncia, mas

    sim, quando h certa flexibilizao, ausncia de normas e regras, possibilitando um

    afrouxamento dos limites e subjetividade das fronteiras. A ausncia de punio para

    tais ocorrncias permite que elas se instalem e sejam banalizadas, apresentando-se

    como sutilezas que comeam como brincadeiras, passando despercebidas pelas

    prprias vtimas (BENEVIDES et al., 2012).

    Essas elaboraes tericas sobre o assdio moral, no mbito das

    organizaes, sinalizam para uma direo: preciso tratar desse assunto quando se

    pretende entender a cultura organizacional e reconhecer que sim, trata-se de um

    fenmeno organizacional no raro. Pelo contrrio, o assdio moral frequente no

    mundo corporativo e sua abordagem no pode ficar restrita aos aspectos legais.

    3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

    Tendo em vista a relevncia e atualidade do assdio moral no trabalho,

    apresenta-se, neste artigo, um esboo das pesquisas realizadas no Brasil sobre

    Assdio Moral. Para isso, foram selecionados, na lista Qualis/Capes, todos os

    peridicos brasileiros classificados entre A1 e B2, ano base 2012. Aps essa

    seleo, verificaram-se, nos sites eletrnicos dos peridicos, artigos que versavam

    sobre o tema Assdio Moral. No caso das publicaes nacionais, a busca foi

    realizada em todo o corpo do texto utilizando-se os termos: assdio moral e, nos

  • 7

    peridicos com publicaes em lngua inglesa, moral harassment. As publicaes

    nacionais na rea de administrao constituram-se no foco da pesquisa, o que

    totalizou uma busca em 44 (quarenta e quatro) Revistas. O perodo considerado

    foram os ltimos 14 anos, ou seja, publicaes entre 2000 e 2013.

    Ao final, foram encontrados 22 artigos, dos quais foi realizado um recorte,

    selecionando aqueles que tinham o assdio moral como tema central ou um dos

    temas centrais, o que totalizou 15 artigos, como mostrados na Tabela 1, na seguinte

    proporo: Cadernos EBAPE (2), Gesto e Planejamento (1), Organizao em

    contexto (1), RAE - Revista de administrao de empresas (3), RAE Eletrnica (2),

    RAM Revista de Administrao Mackenzie (1), REGE Revista de Gesto (1),

    RGO - Revista de Gesto Organizacional (1), Revista Brasileira de Gesto e

    desenvolvimento regional (1), Revista de Administrao (1), Revista de

    Administrao da UFSM (1).

    Tabela 1 - Quantidade de artigos encontrados por peridico

    Nome da Revista Quantidade

    Cadernos EBAPE 2 Gesto e Planejamento 1 Organizao em contexto 1 RAE Revista de administrao de empresas 3 RAE Eletrnica 2 RAM Revista de Administrao Mackenzie 1 REGE - Revista de Gesto 1 RGO - Revista de Gesto Organizacional 1 Revista Brasileira de Gesto e desenvolvimento regional

    1

    Revista de Administrao 1 Revista de Administrao da UFSM 1 Total 15

    Fonte: As autoras

    O levantamento bibliogrfico dos estudos realizados na rea nos auxilia a ter

    um panorama do que j foi escrito sobre o tema, possibilitando, igualmente,

    identificar potenciais para pesquisas futuras. Na anlise de resultados, descrevem-

    se os artigos encontrados, inclusive, aqueles que foram retirados da seleo final.

    Inicialmente, identificou-se o ttulo dos artigos, o objetivo da pesquisa, o

    mtodo utilizado na pesquisa e o ttulo do peridico e ano de publicao. Em

    seguida, os artigos foram classificados conforme as abordagens epistemolgicas

    propostas por Rocha, Arajo e Correia (2012). Esses autores identificaram oito

  • 8

    abordagens epistemolgicas (Quadro 1) nas pesquisas em Administrao,

    considerando como corpus para a pesquisa as dissertaes de um programa de

    Ps-graduao em Administrao na regio Nordeste do Brasil, no perodo de 2005

    a 2007.

    Quadro 1: Abordagens epistemolgicas e suas principais caractersticas

    ABORDAGENS EPISTEMOLGICAS

    CARACTERSTICAS

    TERICO-EMPRICA Busca realizar o estudo tendo como base a teoria para explicar os fatos; so estudos tericos realizados em textos ou documentos com carter descritivo.

    EMPIRISTA-POSITIVISTA HIPOTTICO-DEDUTIVA

    Preocupao com a explicao dos fatos atravs das relaes entre os fenmenos da realidade, sincronicamente; utiliza a observao e experimentos do que explcito, buscando uma refutao da teoria ou hiptese; parte do geral ao especfico, ou seja, da teoria prtica, acreditando que pode existir neutralidade na experincia.

    EMPIRISTA-POSITIVISTA HIPOTTICO-INDUTIVA

    Preocupao com a explicao dos fatos atravs das relaes entre os fenmenos da realidade, sincronicamente; utiliza a observao e experimentos de fatos em que se busca uma comprovao da teoria ou hiptese; parte do especifico ao geral, ou seja, da prtica teoria, acreditando que pode existir neutralidade na experincia.

    EMPIRISTA-POSITIVISTA

    Consiste em estudar os fatos atravs das relaes entre eles, descrevendo e explicando os fenmenos; caracterizam-se pelo experimento, controle e sistematizao de dados empricos mediante anlises estatsticas.

    SISTMICA Estudos de carter sistemtico quanto ao enfoque lgico de um sistema; tm como caractersticas explicar como o objeto de estudo funciona, se institucionaliza e sobrevive; utilizam teste dos instrumentos de coleta, sistematizao com anlise de dados, organizao e controle das variveis; a anlise feita tendo como preocupao o todo.

    ESTRUTURALISTA Busca explicar o objeto de estudo atravs da decomposio de sua estrutura, para atingir as invariantes.

    FENOMENOLGICO-HERMENUTICA

    Preocupa-se em descrever os fenmenos como eles realmente acontecem; busca a essncia e no considera a superficialidade do explcito.

    CRTICO-DIALTICA Considera a mudana, no apenas dentro do sistema, mas do sistema como um todo, sempre presente; h uma preocupao histrica para explicar os fatos.

    Fonte: Rocha, Arajo e Correia (2012, p. 137-138)

    4 ANLISE DESCRITIVA E EPISTEMOLGICA DOS ARTIGOS PESQUISADOS

    Os artigos nacionais que tm como tema central o assdio moral

    encontrados nesse levantamento so brevemente descritos no Quadro 2.

  • 9

    Quadro 2: Descrio dos artigos encontrados

    Ttulo do Artigo Objetivo da pesquisa

    Metodologia utilizada Peridic

    o/ano

    Assdio moral e Assdio sexual: faces do poder

    perverso nas organizaes

    Analisar duas faces do poder perverso nas organizaes modernas: o

    assdio moral e o sexual

    No se aplica

    RAE Revista

    de Administrao de Empresas (2001)

    O assdio moral no servio pblico estadual:

    uma investigao no Estado do Par

    Identificar as formas mais comuns de

    manifestao de assdio moral na

    administrao pblica estadual no

    Estado do Par.

    Abordagem quantitativa, utilizando tcnicas de estatstica descritiva e multivariada (AFE). A

    amostra foi composta por 119 entrevistados com

    abordagem no probabilstica por acessibilidade.

    Revista Brasileira

    de Gesto e desenvolvimento regional (2001)

    Eros e Narcisismo nas organizaes

    Realizar uma contribuio terica

    para questo do narcisismo e do

    prazer nas organizaes.

    RAE-eletrnic

    a (2003)

    Assdio moral um ensaio sobre a

    expropriao da dignidade no trabalho

    Discutir conceito e aspectos centrais

    do tema No se aplica

    RAE Eletrnic

    a (2004)

    Quem paga a conta do assdio moral no

    trabalho?

    Contribuir para o avano da

    discusso do tema No se aplica

    RAE Revista

    de Administrao de Empresa

    s (2007)

    Percurso semntico do assdio moral na

    trajetria profissional de mulheres gerentes

    Evidenciar comportamentos de assdio moral

    na trajetria profissional de 12 mulheres gerentes

    de empresas privadas de Minas

    Gerais que se consideravam assediadas,

    relacionando-os s

    A coleta dos dados foi realizada por meio de histrias devida com

    investigao participativa e os dados foram interpretados

    por meio da anlise de discurso.

    RAE Revista

    de Administrao de Empresa

    s (2007)

  • 10

    categorias de Hirigoyen (2002a e

    2002b).

    Assdio moral: um estudo de caso no setor de

    minerao

    Verificar como se manifesta o

    assdio moral em empregados

    terceirizados de limpeza de uma grande empresa

    mineradora brasileira

    Estudo de caso descritivo com abordagem quantitativa

    e qualitativa de dados. Aplicao de questionrio

    composto de questes fechadas e abertas em 64

    empregados 59 serventes de limpeza e cinco

    supervisores administrativos - e a realizao de uma

    entrevista semiestruturada com o proprietrio da empresa terceirizada.

    Revista Gesto e Planejam

    ento

    (2008)

    Assdio moral nas organizaes: percepo dos gestores de pessoas sobre danos e polticas de

    enfrentamento.

    Levantar a percepo de gestores de pessoas de

    grandes empresas do norte do Paran

    sobre a temtica do assdio moral.

    Pesquisa descritiva de natureza qualitativa. Coleta

    de dados por meio de entrevistas semiestruturadas com os gestores de recursos humanos de sete empresas

    de diferentes ramos de atividade. Anlise

    comparativa das respostas.

    RGO Revista

    de Gesto

    Organizacional (2011)

    Assdio moral: uma anlise dos acrdos do

    Tribunal Regional do Trabalho do Esprito

    Santo

    Levantar e descrever as

    caractersticas dos processos de

    assdio moral no Estado do Esprito

    Santo.

    Anlise de todos os processos transitados em

    julgado no TRT-ES. Contedo dos acrdos

    foram objeto de anlise e a partir destes foi possvel

    descrever as caractersticas dos processos e agrupar as variveis de acordo com a

    natureza. Para isto utilizou-se a anlise de contedo.

    REGE Revista

    de Gesto (2011)

    Assdio moral no trabalho: um estudo

    exploratrio no municpio de Fortaleza Cear

    Apresentar a incidncia dos

    casos de assdio moral no municpio

    de Fortaleza Cear

    Pesquisa exploratria com a utilizao de dados

    secundrios

    Revista de

    Administrao da UFSM (2012)

    Estruturao intersubjetiva do assdio

    moral: um estudo do contexto das

    organizaes bancrias

    Analisar o processo de

    institucionalizao do combate ao

    assdio moral no trabalho dentro do

    contexto das organizaes

    bancrias brasileiras

    Estudo de caso interpretativo que utilizou o modelo

    sequencial de institucionalizao, definido

    por Barley e Tolbert (1997), a fim de analisar a estruturao

    intersubjetiva desse fenmeno a partir da anlise

    de discurso

    Organizaes em contexto (2012)

    Por que ocorre? Como lidar? A percepo de

    Compreender por que acontece o

    Foram coletados e analisados, pelo mtodo do

    Revista de

  • 11

    professores de graduao em Administrao sobre o

    assdio moral

    assdio moral no vetor aluno-

    professor e o que pode ser feito para

    que esse comportamento

    seja evitado

    discurso do sujeito coletivo (DSC) de carter

    qualiquantitativo, os depoimentos provenientes de 51 questionrios respondidos

    por professores universitrios.

    Administrao

    (2013)

    Reflexes sobre o indivduo desejante e o

    sofrimento no trabalho: o assdio moral, a violncia simblica e o movimento

    homossexual

    Apresentar reflexo terica sobre assdio

    moral

    Anlise acerca da violncia simblica sofrida pelo

    trabalhador homossexual, buscando delimitar o contexto social e de

    produo de subjetividade no qual ocorre tal violncia

    Cadernos EBAPE

    (2013)

    Do assdio moral violncia interpessoal:

    Relatos sobre uma empresa jnior.

    Analisar a violncia interpessoal

    vivenciada por sujeitos que atuam

    ou atuaram profissionalmente em uma empresa

    jnior (EJ).

    Histria oral; anlise de dados de acordo com a

    tcnica hermenutica/dialtica

    Cadernos EBAPE

    (2013)

    Fonte: As autoras

    Alm dos artigos listados no Quadro 2, foram encontrados trabalhos que

    continham a palavra assdio moral no corpo do texto, mas no como tema central,

    entre eles, dois artigos escritos por Limongi-Frana e Kanikadan (2006) e Kanikadan

    e Limongi-Frana (2007) que falam sobre a qualidade de vida, focando nos

    professores de ingls, e, ainda, o artigo Vivendo no limite de Heloani (2005), que

    tambm tem como tema central a qualidade de vida. Ainda, o de Hanashiro e

    Carvalho (2005), que tem como tema central a diversidade cultural; e o de Loureno,

    Ferreira e Brito (2013) que contam a experincia de vida de uma professora, atravs

    da metodologia Histria de Vida, porm, o termo aparece somente uma vez no

    artigo; e, por fim, o artigo de Cruz, Sarsur e Amorim (2012), onde o termo assdio

    moral aparece associado s frequentes crticas do acontecimento para os sindicatos,

    e o artigo de Demo et al. (2011).

    Nesse ltimo, os autores fazem um apanhado de publicaes sobre Gesto

    de Pessoas. Ainda, esses artigos tambm no consideram a ideia de que a cultura

    organizacional um contexto que possibilita o assdio moral.

    J os trabalhos listados no Quadro 2, tm como tema central o assdio e

    consideram o assdio inserido no contexto das organizaes, e, ainda, imerso em

  • 12

    uma cultura organizacional que o possibilita, que o torna possvel (FREITAS, 2007;

    CARRIERI; AGUIAR; DINIZ, 2013).

    Alguns artigos de cunho terico mostram a relevncia do tema, entre eles:

    Freitas (2001, 2007) e Heloani (2004), que trazem as abordagens sobre assdio ao

    longo do tempo, suas caractersticas, as formas de identific-lo e minimiz-lo. Outros

    trabalhos, que traziam junto reviso bibliogrfica (que muitas vezes se baseavam

    nesses ltimos autores) a pesquisa aplicada, trouxeram abordagens qualitativas e

    quantitativas. Alguns, com a finalidade de mostrar a incidncia de casos em

    determinada regio, como o caso do artigo de Benevides et al. (2012) que foca no

    municpio de Fortaleza; o de Olivier, Behr e Freire (2011) que analisam processos de

    assdio moral no Estado do Esprito Santo; o de Mattos et al. (2010) que tem como

    foco identificar as formas mais comuns de assdio moral na administrao pblica

    estadual no Estado do Par e o de Paixo et al. (2013) que analisam o assdio

    moral entre alunos e professores, como consequncia da mercantilizao do ensino.

    Outros dois estudos tericos foram o de Paula (2003), que tem como objetivo

    trazer contribuies da filosofia e psicanlise para o entendimento do assdio moral,

    focalizando a questo do narcisismo e dos prazeres e o trabalho de Carrieri, Aguiar

    e Diniz (2013) onde buscam uma transmutao do termo de assdio moral para

    violncia simblica, trabalhando tambm com a questo da homossexualidade, das

    subjetividades e da dominao masculina.

    Dos estudos empricos, alguns artigos optaram pela metodologia qualitativa,

    entre elas, as entrevistas, a pesquisa documental e o grupo focal apareceram, e,

    entre as de cunho quantitativo, o que mais apareceu foi o questionrio. Como

    exemplo de metodologia qualitativa, tem-se o trabalho de Corra e Carrieri (2007),

    que entrevistaram doze gerentes de empresas privadas de Minas Gerais que

    sofreram assdio moral, onde perceberam, pelas histrias de vida, como as relaes

    de poder possibilitam o assdio moral. E, como exemplo de pesquisa quantitativa,

    pode-se citar o trabalho de Mattos et al. (2010), em que, atravs de questionrios e

    anlise fatorial, identificam as formas mais comuns de o assdio moral se

    manifestar, sendo elas: a atribuio excessiva de tarefas, a contestao das

    decises da vtima, crticas injustas e/ou exageradas, falar gritando, retirar

    autonomia no trabalho, deixar de transmitir informaes teis ao trabalho e fazer

    gestos de desprezo. Outro estudo (SILVA JNIOR et al., 2008), tambm

  • 13

    quantitativo, concluiu que as formas de assdio mais relatadas foram o acmulo

    indiscriminado de trabalho e a atribuio incessante de novas tarefas.

    Mesmo que muitos trabalhos tratem o tema com pesquisas empricas, foi

    possvel notar que o nmero de publicaes ainda incipiente. Todavia, este estudo

    aponta que o tema tem atrado maior interesse atualmente, visto que o nmero de

    publicaes ao longo dos anos cresceu e que 80% dos estudos listados neste

    trabalho desenvolveram-se nos ltimos sete anos e, quase metade desses estudos,

    foram publicados nos ltimos dois anos (2012 e 2013). Um dos motivos para que

    isso ocorra o fato de o tema ter emergido recentemente, como aponta Freitas

    (2001).

    Muitos dos estudos trouxeram problematizaes acerca de como evitar o

    assdio moral ou tentar minimizar ou modificar as condies que os criam ou os

    permitem (HELOANI, 2004; FREITAS, 2007; CARRIERI; AGUIAR; DINIZ, 2013). Um

    deles (MARTININGO FILHO; SIQUEIRA, 2008) identifica que empresas que

    possuem polticas mais claras em relao ao assdio possuem estruturas de

    trabalho menos hierarquizadas e um clima organizacional de confiana e respeito

    fazem com que os funcionrios se sintam mais seguros para fazer denncias. Alm

    disso, aborda a importncia de no negar o problema e adotar medidas efetivas para

    evit-lo, assim como passar a ouvir mais relatos com o objetivo de identificar

    possveis agressores. J o artigo de Teixeira, Munk e Reis (2011) conclui que,

    mesmo que os gestores saibam o que o assdio moral e quais os seus efeitos

    para os indivduos e para a organizao, a adoo de poltica interna de forma a

    inibir o assdio so incipientes, e, ainda, evitam discutir o tema com os funcionrios.

    Dessa forma, pode-se perceber que os estudos sobre assdio moral fazem-se cada

    vez mais necessrios, tendo em vista a sociedade competitiva e a forma como ainda

    perpetuam-se as condies que o tornam possvel (HELOANI, 2004).

    No Quadro 3, a seguir, apresenta-se a classificao epistemolgica dos

    artigos analisados, conforme a proposta de Rocha, Arajo e Marques (2012).

    preciso salientar que essa classificao no foi apontada pelos autores nos artigos,

    tendo surgido da interpretao das autoras desta pesquisa.

  • 14

    Quadro 3: Anlise Epistemolgica - classificao

    Ttulo do Artigo Classificao

    Reflexes sobre o indivduo desejante e o sofrimento no trabalho: o assdio moral, a violncia simblica e o movimento homossexual

    Crtico-dialtica

    Do assdio moral violncia interpessoal: Relatos sobre uma empresa jnior.

    Crtico-dialtica

    Assdio moral: um estudo de caso no setor de minerao Sistmica

    Estruturao intersubjetiva do assdio moral: um estudo do contexto das organizaes bancrias

    Sistmica

    Assdio moral e Assdio sexual: faces do poder perverso nas organizaes

    Crtico-dialtica

    Assdio moral um ensaio sobre a expropriao da dignidade no trabalho

    Crtico-dialtica

    Quem paga a conta do assdio moral no trabalho? Sistmica

    Percurso semntico do assdio moral na trajetria profissional de mulheres gerentes

    Crtico-dialtica

    Eros e Narcisismo nas organizaes Crtico-dialtica

    Assdio moral e gesto de pessoas: uma anlise do assdio moral nas organizaes e o papel da rea de gesto de pessoas

    Sistmica

    Assdio moral: uma anlise dos acrdos do Tribunal Regional do Trabalho do Esprito Santo

    Sistmica

    Assdio moral nas organizaes: percepo dos gestores de pessoas sobre danos e polticas de enfrentamento.

    Empirista-positivista

    O assdio moral no servio pblico estadual: uma investigao no Estado do Par

    Empirista-positivista

    Por que ocorre? Como lidar? A percepo de professores de graduao em Administrao sobre o assdio moral

    Empirista-positivista

    Assdio moral no trabalho: um estudo exploratrio no municpio de Fortaleza Cear

    Sistmica

    Fonte: As autoras

    A classificao epistemolgica dos artigos analisados evidencia uma

    concentrao nas abordagens crtico-dialtica (6), sistmica (6), sendo alguns

    trabalhos identificados como abordagens empirista-positivista (3). A abordagem

    sistmica privilegia a anlise do todo, pois considera que o fenmeno s pode ser

    explicado se o todo for considerado, visto que ele existe apenas se o todo existir.

    Ainda nessa abordagem, pressupe-se que o sistema uma propriedade de toda a

    organizao, contrastando com a abordagem crtico-dialtica que considera a

    superao do fenmeno. Os textos sobre assdio moral na abordagem sistmica se

    baseiam na ideia de realimentao, buscando no a superao de um determinado

    sistema, mas, sim, sua adaptao ao meio, pois se aceitam suas disfunes desde

    que a organizao no seja por elas afetada.

  • 15

    J a abordagem crtico-dialtica, questiona a viso esttica e privilegia a ideia

    do vir a ser contnuo das formaes sociais. Os textos analisados sobre assdio

    moral que se utilizam dessa abordagem pressupem a ideia de processo, ou seja,

    algo que est sempre em formao e nunca acabado. Ou seja, pode haver situaes

    em que a crtica seja necessria e a mudana inevitvel.

    Os textos sobre assdio moral sob a abordagem empirista-positivista buscam

    conhecer as causas desse fenmeno organizacional atravs das relaes dos

    mesmos, orientando-se pelos modos como se processam as relaes entre os fatos.

    De modo geral, independentemente da abordagem epistemolgica adotada,

    os estudos citam os conceitos trabalhados por Leyman, Hirigoyen e Adams,

    corroborando o que aponta Bradaschia (2007) a respeito da importncia desses

    pesquisadores. Ainda, os trabalhos de Freitas (2001), Hirigoyen (2001) e Barreto

    (2000) foram citados na maioria dos artigos analisados, o que foi tambm apontado

    por Lage e Emmendoerfer (2010).

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Esse estudo teve como objetivo esboar um panorama das publicaes

    brasileiras que tiveram como tema central o assdio moral, entre os anos 2000 e

    2013. Nesse sentido, foi possvel perceber a escassez de estudos que versam sobre

    o tema, em contraposio ateno que o tema merece, por se mostrar crescente o

    nmero de pessoas que sofrem o assdio moral e das inmeras consequncias no

    plano individual, organizacional e social que o assdio moral acarreta. Esse

    resultado congruente com as concluses de Lage e Emmendoerfer (2010) quanto

    ao fato de pouco ter se avanado nesse campo.

    Ademais, foi possvel perceber uma preocupao, na maioria dos artigos

    analisados, em identificar os processos que possibilitam o assdio, a forma como ele

    acontece e as maneiras de inibi-lo ou evit-lo. Contrariamente ao que se percebeu

    em alguns estudos que mostraram que as empresas se omitem, evitam falar sobre o

    assunto e no tem polticas claras para evit-lo.

    A pesquisa atingiu o objetivo principal, apontando para a forte concentrao

    de artigos elaborados a partir da abordagem crtico-dialtica e sistmica. Esse

    resultado assinala para um equilbrio entre as duas abordagens contrastantes.

  • 16

    Assim, faz-se necessrio quebrar esse tabu, de tal forma que se possa

    discutir sobre o assdio moral, para que seja possvel identificar potenciais

    agressores e as condies que o possibilitam, na tentativa de coibi-lo e de motivar

    as denncias. Nessa direo, as publicaes sobre o tema so bem vindas, tanto as

    tericas quanto as empricas.

    Esta pesquisa tem limitaes e contribuies. Quanto s limitaes, apontam-

    se a principal delas, que a busca restrita em peridicos nacionais,

    desconsiderando as publicaes internacionais que tambm so utilizadas no

    campo da Administrao. As contribuies residem no fato de analisar a produo

    desse tema em termos das abordagens epistemolgicas utilizadas para

    compreender tal fenmeno.

    Considerando-se as limitaes apontadas, sugere-se uma agenda de

    pesquisa visando o aprofundamento do tema em questo: (1) realizar a anlise

    epistemolgica do tema considerando publicaes internacionais, de modo a

    comparar com a produo nacional; (2) analisar os avanos alcanados sobre o

    tema, em termos cronolgicos, considerando-se as mudanas culturais e sociais; e

    (3) analisar a produo sobre o tema em outras reas de estudo, de forma a

    comparar aos resultados obtidos nos diferentes campos.

    ABSTRACT The intensified competitiveness at the macro level, easily seen through the actions of corporations in their search for markets and capital, reflects over the micro level of organizations facilitating an organizational culture where heightened competition leads to the devaluation of labor and trivializes violence among employees. Among the various forms of violence, harassment (bullying) is a topic that arouses interest not only in business, but also in academic community. Within the field of knowledge management, this subject is recent and has been discussed mainly in the areas of management of human resources and organizational studies. This article aims to conduct an epistemological analysis of the research on harassment (bullying), published between 2000 and 2013, in Brazil. To perform this analysis, articles published in national journals in the area of management were selected. The results indicate that the production of the harassment (bullying) issue in this field of study has been developed mainly based on critical-dialectical and systemic approaches.

    KEYWORDS: Harassment. Epistemology. Organizational culture.

  • 17

    REFERNCIAS

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