análise economia política internacional pós iigm

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS Professor: Doutor Jaime César Coelho Mestrandos: Rafael Rovaris Rafael Moreira de Mello Graduando: Diógenes Francisco Britto Trabalho Final apresentado à disciplina de Economia Política Internacional: Análise EPI pósSegunda Guerra Mundial Algumas características que definem o mundo pós Segunda Guerra Mundial tem sido o aumento dramático da integração econômica entre os países liberais capitalistas, um aumento do número de países em desenvolvimento, e, também num passado mais recente um número de nações comunistas que entraram numa transição para se tornarem mercados mais abertos. A Economia Política Internacional visa entender as políticas domésticas e internacional e as fontes da cooperação econômica internacional e conflito, e, como consequência a abertura econômica internacional e seu fechamento, tão qual as consequências domésticas e internacionais da integração econômica transnacional. Neste presente trabalho, serão apresentadas as principais características da economia internacional no pós Segunda Guerra Mundial com base nos autores Law & Gill, Ruggie e Foster & McChesney. Intensificação do Comércio Internacional e de Fluxos de Capital Os novos e principais atores na Economia Política Internacional

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trabalho final para a disciplina de economia política internacional, análise pós segunda guerra mundial

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Page 1: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO­ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E RELAÇÕES

INTERNACIONAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Professor: Doutor Jaime César Coelho

Mestrandos: Rafael Rovaris

Rafael Moreira de Mello

Graduando: Diógenes Francisco Britto

Trabalho Final apresentado à disciplina de Economia Política Internacional:

Análise EPI pós­Segunda Guerra Mundial

Algumas características que definem o mundo pós Segunda Guerra Mundial

tem sido o aumento dramático da integração econômica entre os países liberais

capitalistas, um aumento do número de países em desenvolvimento, e, também

num passado mais recente um número de nações comunistas que entraram numa

transição para se tornarem mercados mais abertos.

A Economia Política Internacional visa entender as políticas domésticas e

internacional e as fontes da cooperação econômica internacional e conflito, e, como

consequência a abertura econômica internacional e seu fechamento, tão qual as

consequências domésticas e internacionais da integração econômica transnacional.

Neste presente trabalho, serão apresentadas as principais características da

economia internacional no pós Segunda Guerra Mundial com base nos autores Law

& Gill, Ruggie e Foster & McChesney.

Intensificação do Comércio Internacional e de Fluxos de Capital

Os novos e principais atores na Economia Política Internacional

Page 2: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

Empresas multinacionais

Instituições globais (FMI, Banco Mundial, OMC)

Arranjos regionais (União Europeia, NAFTA, MERCOSUL)

Globalização

A Conferência de Bretton Woods em 1944 deu origem a uma ordem

econômica mundial estável e liberal. Um produto da cooperação americana e

britânica, esse sistema criado pós Bretton Woods envisionou um mundo em que os

governos teriam uma considerável liberada para perseguir seus objetivos

econômicos, e a ordem monetária seria baseada taxa de câmbio fixada ­ baseada

num padrão dólar/ouro cambial ­ para que prevenisse as depreciações competitivas

e políticas dos anos 1930. Outro princípio adotado foi a convertibilidade de

transações para contas corrente. Ruggie argumenta que o sistema de Bretton

Woods foi uma solução para o conflito entre a autonomia doméstica e normas

internacionais. Com o intuito de evitar a ambas a subordinação das atividades

econômicas domésticas e a estabilidade da taxa de câmbio incorporada no clássico

padrão ouro tanto quanto o sacrifício da estabilidade internacional para a autonomia

da política doméstica característica dos anos 1930. O autor fala que é um

“compromisso do liberalismo embutido”, uma tentativa de permitir os governos

perseguir o políticas de estímulo de crescimento doméstico Keynesianas sem uma

disrupção da estabilidade internacional monetária.

A essência do liberalismo embutido: Diferente do nacionalismo econômico

dos anos trinta, seria multilateral em caráter; e diferente do liberalismo do padrão

ouro e do livre comércio, esse multilateralismo seria predicado no intervencionismo

doméstico.(RUGGIE, 1982). A solução – o novo sistema – deveria adquirir a

natureza de um compromisso.

O liberalismo embutido seria elaborar uma forma de multilateralismo que é

compatível com os requerimentos da estabilidade doméstica. O autor fala que o

multilateralismo seria uma “forma genérica institucional da vida internacional

moderna” que existe quando estados conduzem suas relações com outros de

acordo com certos padrões ou princípios. Esse princípios incluem três

características: não­discriminação, indivisibilidade, e reciprocidade difusa. Não

Page 3: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

discriminação significa que os Estados devem cumprir seus obrigações de tratados

sem nenhuma contingência ou exceções baseadas em alianças, ou nas

idiossincrasias das circunstâncias em mão, ou no grau em que os interesses

nacionais são percebidos em jogo. Um exemplo mais simples de não discriminação

é o de nação mais favorecida (NMF) em que todos os Estados no regime comercial

governado pelo GATT e o seu sucessor, a Organização Mundial do Comércio. Em

outras palavras a idéia de Ruggie é de que em cada época há uma relação entre

Estado e mercado vigente, em que ele intervém mais ou menos. No liberalismo

econômico, não se permitiam muitas intervenções, mas com o tempo, com a

mudança doméstica da relação Estado­sociedade, a ordem econômica também teve

que se ajustar a esses novos tempos. Na verdade, o internacional se ajusta ao

doméstico. Uma ordem economia internacional serve para sustentar estes novos

tempos.

Já o princípio da indivisibilidade, no contexto da cooperação militar, os

Estados tem de conhecer seus comprometimentos com todos os Estados num

acordo coletivo de segurança. E por último, instancias repetidas de cooperação num

arranjo multilateral pode promover reciprocidade difusa entre os Estados e ajudar a

transformar seus senso de interesse pessoal. Sobre o multilateralismo, o autor

argumenta que ele é crucial para a estabilidade das relações entre os estados no

Ocidente no pós Segunda Guerra Mundial. Num período estendido de cooperação e

crescimento econômico entre os Estados na Europa, nas Américas, Japão e partes

do Sudeste asiático foi possível devido às instituições multilaterais construídas em

Bretton Woods. Ele também afirma que o fato de uma ordem multilateral ganhar

aceitação refletiu o extraordinário poder e perseverança dos EUA. Por outro lado,

esse multilateralismo foi acoplado a uma busca pela estabilidade doméstica, e uma

passou a condicionar à outra, refletindo a legitimidade compartilhada de uma série

de objetivos sociais para os quais o mundo industrial havia se mudado, de forma

desigual, mas como uma “entidade singular”.

Os planos domésticos de crescimento dos países criaram uma ordem

econômica liberal e estável que iria prevenir o retorno de uma nova Crise dos anos

1930, esses planos foram um comprometimento da intervenção governamental na

economia para que se estabilizasse a economia e o bem estar social.

Page 4: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

Quando surge o Sistema de Bretton Woods, o Estado começa a ocupar uma

posição de mediação entre as estruturas da economia internacional e da economia

mundial. Ou seja, durante a Pax Americana, há a prevalência de uma ordem

mundial hegemônica em que se destaca, nos Estados industriais avançados, uma

forma de Estado na qual este prestava contas tanto às instituições da economia

mundial ­ FMI e Banco Mundial, por exemplo ­ quanto à opinião pública doméstica.

Tal questão se expressava na ideia de "liberalismo embutido" (RUGGIE, 1982) ou

na possibilidade de se combinar livre­comércio no âmbito internacional com

intervenção estatal no âmbito doméstico a fim de garantir a estabilidade. Nesse

processo de mudança do centro de gravidade da economia nacional para a

economia mundial, o Estado permanecia como responsável pela estabilidade em

ambos os âmbitos. Tal processo pressupunha uma estrutura de poder em que

agências e componentes do governo estadunidense tinham uma posição de

destaque. Contudo, esta estrutura de poder não operava "de cima para baixo" nem

exclusivamente a partir dos Estados nacionais. Como todo processo de construção

de uma hegemonia, pressupunha uma identificação por parte dos subordinados;

assim, os processos de internacionalização do Estado devem ser entendidos de

maneira dialética, como uma tendência que gera contradições e movimentos de

oposição.(GILL & LAW, 1989)

Os autores falam sobre o sistema que se estabeleceu no pós Segunda

Guerra Mundial e também veem que há uma relação em que o poder estrutural que

disciplina os problemas domésticos. O autor vê que há uma mudança estrutural nos

1970, em que há uma transição de um bloco histórico internacional para um bloco

histórico liberal transnacional. No pós ­ Segunda Guerra Mundial acontece um

processo de internacionalização da produção em que as pessoas passaram a

depender cada vez mais da produção transnacional e do comércio internacional

para sobreviver. Junto a isso, acontece também uma grande integração dos

mercados de capital e de câmbio em escala mundial. Neste contexto, tanto os

governos nacionais quanto os trabalhadores são cada vez mais constrangidos pelos

recursos de poder e pela crescente mobilidade do capital transnacional.(GILL &

LAW, 1989)

Page 5: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

A internacionalização e a transnacionalização do capital e tecnologia no pós

guerra revelam que os países passaram a ficar cada vez mais dependentes um do

outro. No entanto, essas características e interações internacionais que temos hoje

conseguiram evoluir sem um controle transnacional como os investimentos de

empresas multinacionais no mercado financeiro, entre outros investimentos mais

diretos. Antes, os investimentos que eram feitos eram de portfólio, só então no

pós­Segunda Guerra que os investimentos diretos passaram a ter maior volume

devido a maior facilidade e regulação que com a criação do Banco Mundial se fez

vigente.

Então, percebe­se que a partir do pós­Segunda Guerra Mundial, há um

rápido processo de internacionalização da produção e, junto a isso, percebe­se uma

integração dos mercados de capital e de câmbio em escala global. Tanto os

governos nacionais quanto os trabalhadores são cada vez mais constrangidos pelos

recursos de poder e pela crescente mobilidade do capital transnacional (GILL; LAW,

1989).

Entrando em outro tópico, mais recentemente houve uma crise que abalou o

sistema econômico internacional, a Crise de 2008, nela, podemos falar que resultou

em um momento após a crise um crescimento lento de vários países desenvovidos

o que levou aos investimentos do sistema financeiro migrarem para mercados que

não foram tão afetados pela crise, como os países semiperiféricos e periférios.

Junto a isso, também houve um deslocamento do centro dinâmico da economia

mundial, indo para a Ásia, em que países como China, com grande reservas de

moeda estrangeira passou a ter maior poder no sistema econômico internacional.

Outro fato, é que houve uma relativa queda de risco das economias que antes não

se destacavam muito por oferecerem retornos menores e mais arriscados. Diante

disso, foi um momento em que as nações em desenvolvimento tentaram se

reafirmar mais no cenário mundial, disputando mais o poder nas instituições

multilaterais como o FMI e o Banco Mundial. Outro acontecimento relevante foi a

criação de organizações como o BRICS reunindo os principais países emergentes.

Um outro problema que foi criado com a Globalização,maior

transnacionalização e aumento do fluxos de capital foi o problema da instabilidade

do sistema. Durante os anos 1990, o sistema financeiro internacional inteiro

Page 6: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

vivenciou diversas crises na América Latina, Oeste e Sudeste asiático, e Rússia.

Frequentemente uma crise financeira em um país espalharia para outros como um

resultado do fluxo de capital transnacional com a tendência de investidores ver os

mercados emergentes de países em desenvolvimento ou economias em transição

tendo esses perfis de risco similares. Entretanto, até hoje essas crises tem sido

contidas e resolvidas como um resultado da liderança dos Estados Unidos no Fundo

Monetário Internacional, mas seria possível que em algum ponto uma crise

financeira poderia trazer um tumulto da política doméstica e social em um país em

desenvolvimento que poderia levar a um colapso político e alavancar um governo

que se tornaria hostil para a integração econômica internacional? . Menos

dramático, mas mesmo assim preocupante, foi a o caso Long Term Capital

Management (LTCM) em 1998 em que as perdas financeiras estrangeiras por uma

firma de investimento estado­unidense levaram a um severo sell­off nos mercados

de valores mobiliários americanos e ameaçaram a estabilidade de diversas grandes

empresas financeiras americanas (que no final levou a intervenção do Federal

Reserve para “pagar a fiança” do LTCM). Com esse caso, prevê­se que os Estados

Unidos não estavam imunes a choques financeiros externamente induzidos de séria

magnitude.

Outro tópico a ser explorado são as constatações que os autores de The

Endless Crisis” fazem de que há um sistema que opera com trocas desiguais, o

qual, segundo Bellamy Foster & McChesney opera com uma concentração e

centralização em escala mundial e a proliferação de corporações multinacionais,

que atualmente governam cada vez mais a produção mundial, a natureza da

competição mudou – não só em nível nacional, mas, agora, também em nível

internacional. Isso, acaba levando a um impulso competitivo que se atenua, o que

traz uma queda de investimentos e assim a pequenas taxas de crescimento o que

resulta em uma tendência de estagnação econômica a longo prazo. Com isso, as

empresas não conseguem investir em novos equipamentos e plantas industriais, o

que faz com que se invista cada vez mais nos mercados financeiros, o que faz com

que haja uma financeirização da economia, a qual tem dominado o mercado nos

últimos 25 anos ou mais.

Page 7: Análise Economia Política Internacional Pós IIGM

Referências

GILL, Stephen and LAW, D. The global political economy – perspectives, problems

and policies. The Johns Hopkins University Press. Baltimore, 1989.

FOSTER, J. Bellamy and McCHESNEY. The Endless Crisis – how

monopoly­finance capital produces stagnation and upheaval from the USA to China.

Monthly Review Press, NY, 2012.

FOSTER, J. Bellamy and McCHESNEY, Jammil, J A Internacionalização do Capital

Monopolista. Disponível em:

<http://periodicos.uesb.br/index.php/cadernosdeciencias/article/viewFile/1734/1597>

.Acesso em 06 de Julho 2015.

RUGGIE, John. International Regimes, Transactions, and Change: Embedded

Liberalism in the Postwar Economic Order. International Organization. 1982.

RAMOS, Leonardo. Ordem e poder na economia política global: a contribuição

neogramsciana. Contexto int., Rio de Janeiro , v. 34, n. 1, p. 113­150, Junho

2012.Disponível em <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102­85292012000100004&

lng=en&nrm=is >. Acesso em 06 Julho 2015.