análise dos impactos ocasionados pelo turismo

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ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS OCASIONADOS PELO TURISMO NA CACHOEIRA DE OURICURÍ - PILÕES-PB CARDOSO, Jailson da silva Graduando em geografia pela UEPB- campus III [email protected] NASCIMENTO, Robéria do Graduanda em geografia pela UEPB- CampusIII [email protected] SANTOS, Edinilza Barbosa dos Orientadora: Profª. da Universidade Estadual da Paraíba Campus III [email protected] RESUMO O objeto de estudo deste trabalho é a Cachoeira de Ouricuri-PB, localizada no rio Araçagi, encontra-se cravada numa região de relevo pouco movimentado com vales profundos e estreitos, constituindo uma área de potencial natural para o desenvolvimento do turismo ecológico. Então, a problemática que incitou o presente estudo foi à possível falta de planejamento, por parte dos gestores públicos (estado e município). Portanto, tem por objetivo analisar as problemáticas da provável falta de planejamento para o turismo local desenvolvido na cachoeira de Ouricuri, a qual está situada no município de Pilões-PB, localizado na mesorregião do agreste e microrregião do brejo paraibano, com distância aproximada de 117 km da capital do Estado. Quanto à metodologia utilizada, procurou-se valorizar a pesquisa qualitativa somada a pesquisa empírica, na qual ocorreram observações sistemáticas na referida cachoeira em épocas de chuvas locais e épocas de estiagens; haja vista que a cachoeira nunca seca totalmente. Também foi feito um levantamento bibliográfico que nos auxiliou na definição dos autores utilizados nos procedimentos teóricos e metodológicos, dentre eles podemos citar: Tauk (1995); Ruschmann (1997); Rodrigues (1999), Cruz (2002), Fonteles (2004), Barretto (2005), Silva; Zaidan (2009). Por meio deste estudo observou-se que o uso da cachoeira de Ouricuri como espaço de lazer; há divulgação através de diversas mídias, do referido “espaço turístico”, no entanto não tem uma infraestrutura de apoio ao usuário (turista). Pode ser percebido no espaço que compreende a cachoeira e o seu entorno, com o acúmulo de resíduos sólidos deixados pelos visitantes, o desmatamento de boa parte da vegetação nativa. Palavras- chave: Cachoeira de ouricurí, turismo, planejamento.

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O TURISMO MAL PLANEJADO OU SEM PLANEJAMENTO DEGRADA O MEIO AMBIENTE!

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Page 1: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS OCASIONADOS PELO TURISMO NA CACHOEIRA DE OURICURÍ - PILÕES-PB

CARDOSO, Jailson da silva Graduando em geografia pela UEPB- campus III

[email protected]

NASCIMENTO, Robéria do Graduanda em geografia pela UEPB- CampusIII

[email protected]

SANTOS, Edinilza Barbosa dos Orientadora: Profª. da Universidade Estadual da Paraíba – Campus III

[email protected]

RESUMO O objeto de estudo deste trabalho é a Cachoeira de Ouricuri-PB, localizada no rio Araçagi, encontra-se cravada numa região de relevo pouco movimentado com vales profundos e estreitos, constituindo uma área de potencial natural para o desenvolvimento do turismo ecológico. Então, a problemática que incitou o presente estudo foi à possível falta de planejamento, por parte dos gestores públicos (estado e município). Portanto, tem por objetivo analisar as problemáticas da provável falta de planejamento para o turismo local desenvolvido na cachoeira de Ouricuri, a qual está situada no município de Pilões-PB, localizado na mesorregião do agreste e microrregião do brejo paraibano, com distância aproximada de 117 km da capital do Estado. Quanto à metodologia utilizada, procurou-se valorizar a pesquisa qualitativa somada a pesquisa empírica, na qual ocorreram observações sistemáticas na referida cachoeira em épocas de chuvas locais e épocas de estiagens; haja vista que a cachoeira nunca seca totalmente. Também foi feito um levantamento bibliográfico que nos auxiliou na definição dos autores utilizados nos procedimentos teóricos e metodológicos, dentre eles podemos citar: Tauk (1995); Ruschmann (1997); Rodrigues (1999), Cruz (2002), Fonteles (2004), Barretto (2005), Silva; Zaidan (2009). Por meio deste estudo observou-se que o uso da cachoeira de Ouricuri como espaço de lazer; há divulgação através de diversas mídias, do referido “espaço turístico”, no entanto não tem uma infraestrutura de apoio ao usuário (turista). Pode ser percebido no espaço que compreende a cachoeira e o seu entorno, com o acúmulo de resíduos sólidos deixados pelos visitantes, o desmatamento de boa parte da vegetação nativa. Palavras- chave: Cachoeira de ouricurí, turismo, planejamento.

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1. INTRODUÇÃO

Apesar do título deste artigo sugerir um trabalho de análise de impactos ambientais

numa área a onde se inicia o turismo, o mesmo pretende apenas identificar os elementos

que por ventura estejam degradando o ambiente, ou melhor, a cachoeira de Ouricuri e o seu

entorno. Haja vista que, para realização de um trabalho de análise de impactos ambientais

se faz necessário um conjunto de técnicas e métodos mais complexos.

Embora a atividade turística seja muito explorada pelos gestores públicos e pelo

capital privado como meio de criação de empregos para a comunidade local e

desenvolvimento econômico da região, o turismo, especialmente em áreas naturais, ainda

não tem recebido a devida importância quanto ao seu planejamento e preservação do

ambiente. Percebe-se uma corrida desenfreada pelo lucro, na qual se explora o espaço

transformando-o em mera mercadoria.

Mesmo considerando que o turismo contribui para o processo de desenvolvimento

econômico, este ocorrendo de forma desordenada intensifica o processo de degradação do

espaço. Brusandi (1994 e 2001) afirma que os impactos causados pelo desenvolvimento

das atividades turísticas, tanto de ordem positiva quanto negativa, ainda não são tão

reconhecidos. Os impactos ambientais que se relacionam ao turismo são significativos

especialmente nas áreas costeiras e, traz sérios problemas, de modo superior a capacidade

de assimilação dos sistemas naturais. Ruschmann (1997) é enfático quando diz que o

turismo implica na ocupação e na destruição de áreas naturais que se tornam urbanizadas e

poluídas pela presença e pelo tráfego intenso de turistas.

E, desta forma, o turismo atribui um novo valor aos espaços, tornando os lugares

turísticos. “Ele promove, transforma o lugar em mercadoria e estabelece o valor de uso de

bens culturais. [...] Espaços turistificam-se no momento em que são reorganizados no

sentido de satisfazer os desejos de uma clientela que vem de fora”. (FONTELES, 2004,

pag.42).

O presente trabalho tem por objetivo analisar a problemática referente à degradação

provocada pelo turismo local desenvolvido na cachoeira de Ouricuri, em Pilões, na Paraíba,

além de residências localizadas em suas proximidades, na perspectiva de identificar as

possíveis ações que degradam o ambiente local e, num momento posterior, lançar

propostas para uma melhor utilização da cachoeira, priorizando a apreciação da cachoeira

para conscientização da população envolvida, com base na legislação ambiental vigente.

Segundo a Companhia de Pesquisa e de Recursos Minerais (CPRM), órgão

responsável pelo serviço geológico do Brasil (2005), a Cachoeira de Ouricuri pertence ao

município de Pilões, que está localizado no estado da Paraíba. E, por sua vez, este

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município está localizado na Microrregião do Brejo e Mesorregião do Agreste paraibano,

inserido na Unidade Geoambiental no Planalto da Borborema. Sua formação de relevo varia

com altitude entre 650 a 1000 metros. Os rios que cortam o município são: o Araçagi e o

Araçagi - Mirim afluentes da Bacia Hidrográfica do rio Mamanguape. Este município dista da

capital da Paraíba – João Pessoa – aproximadamente 117 km e tem uma população de

6.978 habitantes, segundo o IBGE (2010), que se distribuem em 64 km2 .

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

Os recursos naturais apresentam potencialidades para o desenvolvimento turístico.

E, nesta perspectiva, Rodrigues (1999) afirma que os patrimônios ambientais são essenciais

para a implantação de atividades relacionadas ao turismo. Mas, por esses recursos naturais

serem frágeis à exploração intensiva, pode-se alterar o meio ambiente de maneira

irreversível. Então, é preciso considerar e ponderar sua utilização em nome do

desenvolvimento socioeconômico de certas regiões.

Ruchmann (1997) chama a atenção para os problemas e conflitos encarados pelos

responsáveis do turismo, bem como pelos responsáveis do meio ambiente, para que

possam criar condições para conviverem e administrar essa situação no futuro.

De acordo com Guerra e Marçal (2006) o turismo pode estar totalmente relacionado

aos meios físicos, como também é uma atividade que pode estar ligada intimamente e

vinculada à exploração de áreas naturais, oferecendo um turismo de aventura, um turismo

ecológico, ou qualquer outra modalidade ou termo que se crie.

O planejamento pode ser compreendido como “um processo que consiste em”

determinar os objetos de trabalho, ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis,

determinar os métodos e as técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de organização e

expor com precisão todas as especificações necessárias para que a conduta da pessoa ou

do grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos seja racionalmente

direcionada para alcançar os resultados pretendidos. Segundo as palavras de Ruchmann

(1997) o turismo e o meio ambiente têm de encontrar um ponto de equilíbrio evitando assim

que o meio ambiente seja degradado.

Em suas explanações a cerca do planejamento, Barretto (2005) explicita a

importância do mesmo, e ressalta que planejar turismo significa harmonizar o atendimento

às necessidades e propiciar o bem estar de sujeitos sociais provenientes de outro lugar,

dentro de uma sociedade receptora e seu meio ambiente, considerando os sujeitos dessa

sociedade receptora em relação aos turistas e entre si.

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Faz-se necessário que haja ações definidas com normas que priorizem os recursos

naturais e assim, evite a vulnerabilidade dos mesmos. Ruchmann (1997) menciona a

atuação planejada do turismo, mantendo o equilíbrio, harmonia, com os recursos naturais,

culturais e sociais das regiões receptoras, que assim possa evitar a destruição das bases

que o fazem existir.

Referente ao investimento e planejamento, o Ministério do Turismo (Mtur) coordena e

acompanha a promoção de planos e projetos que objetivam a captação de investimentos

nacionais e internacionais em ações integradas com as diretrizes do desenvolvimento.

Rodrigues (1999, p. 57) ressalta que “o turismo deveria se pautar no funcionamento

da natureza e nos seus limites ecológicos ao projetar infra-estrutura e equipamentos

turísticos”. Então, não basta criar critérios de utilização de qualquer área turística, mas

planejar considerando os limites da natureza, para evitar o super uso e a degradação do

ambiente.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A área em estudo encontra-se no município de Pilões, inserido nos domínios da

bacia hidrográfica do rio Mamanguape. A pesquisa desenvolveu-se com base nos seguintes

procedimentos: levantamento bibliográfico fundamentado em autores que abordam as

discussões que envolvem o turismo, como: a degradação de áreas naturais pelo turismo e o

planejamento do turismo. Os principais autores foram Tauk (1995), Ruschmann (1997) que

relacionam o turismo ao planejamento sustentável e enfatizam a preservação do meio

ambiente; Rodrigues (1999), dentre outros conteúdos, trabalha com o conceito de

patrimônio ambiental, implicações e exploração turística dos recursos naturais; Cruz (2002)

e Fonteles (2004) fazem uma reflexão sobre as políticas de turismos referentes ao território;

Barreto (2004) ressalta a importância do planejamento e a organização turística; assim

como Silva (2005); e Zaidan (2009).

Foi realizada uma pesquisa de campo na cachoeira de Ouricurí, a qual está

localizada no município de Pilões, no Estado da Paraíba

O trabalho empírico ocorreu através da observação do objeto de estudo,

especificamente ao fazer um estudo da localização e da caracterização da área, na qual se

fez uso de registro fotográfico, anotações em caderneta de campo, somados a levantamento

de dados através de conversas informais e, principalmente, aplicação de questionários (com

moradores do local e visitantes/turistas), isto, para melhor compreensão da problemática.

Page 5: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

Portanto, foi levada em consideração a visão dos moradores do entorno da cachoeira e a

visão dos visitantes, na busca de compreender a problemática por vários ângulos.

Foram realizadas pesquisas em periódicos na internet e sítios oficiais, os quais

contribuíram para o desenvolvimento do estudo, como: Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) com dados populacionais, entre outros; Companhia de Pesquisa e

Recursos Minerais (CPRM) com caracterização do município e da respectiva bacia

hidrográfica do rio Araçagi e Araçagi - Mirin; além do Ministério do Turismo (Mtur), no qual

se pesquisou sobre gestão e gerenciamento turístico no Brasil. Após todo esse

levantamento e análise de materiais, foi elaborado o presente texto.

4. RESULTADOS E DICUSSÕES

Nesta pesquisa foram aplicados 20 questionários divididos com moradores e turistas

que utilizam a cachoeira de Ouricuri, como veremos na análise a seguir.

4.1 Moradores do entorno da Cachoeira

Com a aplicação dos questionários aos moradores do Sítio Ouricuri, que têm suas

residências próximas a referida cachoeira, podemos perceber a sinceridade destes e até

mesmo o seu conhecimento da área em estudo, e, até algumas controvérsias em relação

aos questionamentos aplicados, os quais serviram para aprimorar mais a nossa concepção

crítica da realidade local.

Considerando o universo pesquisado, a maioria dos moradores, com uma

representação de 90%, mora há mais de 20 anos nas várzeas do rio Araçagi, numa

localidade denominada Sítio Ouricuri, próxima a Cachoeira de Ouricuri.

Aos olhos de pessoas leigas esta ocupação não traz problemas para a referida

cachoeira, mas com a contínua utilização do solo para o desenvolvimento da atividade

agrícola, pode ocasionar muitos problemas, como desmatamento da vegetação, lixiviação,

surgimento de ravinas e voçoroca, assoreamento do rio, dentre outros, e conseqüentemente

compromete a lâmina d’água da cachoeira.

Ao indagar a essas mesmas pessoas sobre o estado de preservação da referida

cachoeira, 80% dos entrevistados responderam não haver preservação, enquanto que 20%

afirmaram que há sim preservação do local. (ver gráfico 01).

Page 6: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

Gráfico 01. Opinião dos moradores sobre a existência de preservação na cachoeira

de Ouricuri- Pilões/PB

0%

20%

40%

60%

80%

Sim

Não

Fonte: os autores. Pesquisa in loco, 2011.

Western (1995, p. 55) ao fazer uma reflexão sobre o desenvolvimento do turismo em

áreas naturais, afirma que se deve explorar o potencial turístico visando a conservação, e

deve-se evitar o impacto negativo à ecologia, à cultura e a estética. Queremos enfatizar,

portanto, que isto não ocorre na área em estudo. Conforme os dados levantados, metade

(50%) dos moradores utilizam a cachoeira como espaço de lazer e a outra metade afirmou

não utilizar a cachoeira para qualquer atividade. (gráfico 02

Gráfico 02. Opinião dos moradores quanto utilização da cachoeira como espaço de

lazer.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Sim

Não

Fonte: Os autores. Pesquisa in loco, 2011.

Quanto ao desenvolvimento das atividades socioeconômicas, metade (50%) dos

moradores entrevistados e seus familiares têm a agricultura como única fonte de renda e

sobrevivência, já uma parcela menor, mas significativa de 30% sobrevive de atividades

relacionadas ao comércio, enquanto o restante dos moradores (20%) é constituído por

funcionários públicos municipais que é uma professora e um gari.

Page 7: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

Questionamos a esta população se lá nas imediações da cachoeira haveria alguma

regra exposta para o visitante seguir, e 80% dos entrevistados afirmaram que há regras,

10% não souberam responder, e os outros 10% ratificaram que não há regras. Neste caso

podemos assegurar que houve um equívoco por parte dos entrevistados representados por

80%, já que conforme pesquisa in loco realizada por nós autores, não há qualquer norma

para o turista ou visitante seguir. O que existe mesmo, que podemos perceber, é a falta de

todo um planejamento para o desenvolvimento turístico. Pois, registramos a poluição da

mata ciliar, do leito do rio e da cachoeira por vários resíduos de materiais inorgânicos

deixados pelos turistas.

Em suas palavras, certa professora atuante, que reside nas imediações da

cachoeira, nos confiou que por parte dos gestores públicos não há nenhum investimento

nem planejamento, segundo ela, os funcionários da prefeitura municipal de Pilões ficaram

de por algumas lixeiras para coleta do lixo, mas até no momento não havia posto.

4.5 Turistas

Aos entrevistados turistas que sempre visitam a cachoeira de Ouricuri foi

questionado o que eles faziam com o próprio lixo produzido no local, e 80% responderam

que recolhem o seu lixo, mas deixam no local e 20% afirmaram que recolhem o próprio lixo

e levam de volta, conforme o demonstrado no gráfico 03.

Gráfico 03. Destino dos resíduos sólidos produzido pelos turistas da cachoeira de

Ouricuri.

0%

20%

40%

60%

80%

Recolho edeixo

Recolho elevo

Fonte: Os autores. Pesquisa in loco, 2011.

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A pesquisa demonstrou que a maioria (60%) dos turistas foi conhecer pela primeira

vez a referida cachoeira por influência da mídia e 40% afirmaram não terem sofrido qualquer

influência da mídia. Esses turistas que sempre estão indo até a cachoeira para descansar

no momento de lazer e contemplar as belezas naturais do local, ao serem questionados

sobre o motivo da(s) sua(s) visita(s) 50% dos entrevistados disseram que foram atraídos

pela beleza do local, outros 40% afirmaram que foram atraídos pela curiosidade e um

pequeno percentual de 10% disseram que foram apenas pelo encontro com os amigos.

Muitas pessoas vêm de cidades vizinhas conhecerem a cachoeira, principalmente

em dias feriados. Alguns retornam ao lugar mais vezes, outros nunca mais querem voltar,

isto se deve principalmente, por não haver condições favoráveis aos banhistas, foi a opinião

de 60% dos interrogados; e 40% afirmaram ter vindo uma única vez, devido à precariedade

da acessibilidade ao lugar. Nós continuamos dessa vez indagando sobre a infraestrutura do

local e 50% afirmaram há necessidade principalmente do serviço de recolhimento de lixo; e

40% dos entrevistados analisaram e constataram que era necessário melhorar as vias de

acesso, já que é muito difícil para chegar até a cachoeira. Inclusive uma moradora nos

certificou que os turistas banhistas voltam antes de chegar ao local, haja vista as estradas

não favorecem aos mesmos. E 10% dos visitantes disseram que a principal necessidade é a

construção de banheiros públicos no lugar.

Na coleta de dados 100% dos turistas ressaltaram da falta de planejamento turístico

para a cachoeira de Ouricuri, daí percebe-se que há um potencial ecológico, porém, não é

tratado e planejado como deveria, apesar de haver divulgação da cachoeira com a sua

beleza em carros públicos municipais, com imensos painéis, por parte do gestor público

municipal de Pilões.

Figura1. Cachoeira do Ouricurí-Pilões/PB. Fonte: pesquisa de campo, 2011.

Em relação à preservação da localidade, 80% nos transmitiram que a área não é

preservada e 20% asseguraram ser uma área preservada. Mas, considerando nossas

Page 9: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

observações in loco, percebemos a degradação vem ocorrendo tanto na mata ciliar, quanto

ao local de lazer, a própria cachoeira. Pudemos perceber o medo das pessoas lá presentes

quando registramos algumas fotografias do local. E, isto se deveu a presença de vários

materiais inorgânicos deixados nas margens da cachoeira pelas pessoas presentes.

Figura 2. Acúmulo de resíduos sólidos na área de estudo. Fonte: pesquisa de campo

Segundo Ruschmann (1997) o relacionamento do turismo com o meio ambiente tem

se caracterizado por alguns aspectos peculiares e que deverão ser consideradas as ações e

estratégias do planejamento da atividade. Para que o desenvolvimento do turismo ocorra de

forma equilibrada é necessário estabelecer critérios para a utilização dos espaços. E,

conforme a população que colaborou com esta pesquisa, é isto que falta: “critérios para a

utilização da cachoeira de Ouricuri”.

5. CONCLUSÃO

Consideramos que a presente pesquisa foi de grande valia para nós, por tomarmos

conhecimento de uma problemática que não tem sido discutida por nenhum seguimento da

sociedade, e de podermos nos posicionarmos e chamar a atenção dos diversos agentes

produtores do espaço - principalmente dos gestores públicos - neste caso, de um espaço

turístico.

Há uma demanda considerável de visitantes na cachoeira, e isto ratifica o seu

potencial turístico, principalmente nos dias feriados. A beleza natural da área chama a

atenção daquelas pessoas que gostam de apreciar a natureza, pois, nas imediações da

cachoeira ainda é preservada a sua vegetação natural e, isto pode ser explorado

Page 10: Análise dos impactos ocasionados pelo turismo

culturalmente e economicamente de forma bem planejada para que esta beleza possa ser

apreciada por gerações futuras.

Com um planejamento turístico específico para a referida cachoeira, a população

local poderá ser beneficiada com a criação de atividades econômicas que gerem renda.

Mas, considerando as limitações naturais que o local oferece, ou seja, qualquer ação

precisa ser antecedida de um planejamento, especialmente por parte do gestor público

municipal.

A maioria dos pesquisados (moradores e turistas) concordou com a precariedade de

infraestrutura, falta de normas para utilização da cachoeira e principalmente, a falta de

planejamento para o local. Então, é necessário um planejamento urgente caso contrário

perderemos um grande patrimônio natural.

6. REFERÊNCIAS

BARRETTO, Margarita. Planejamento responsável do turismo. São Paulo: Papirus, 2005. BRUSANDINI, Leandro Benedini. Políticas e planejamentos do turismo: Avaliação do programa nacional de municipalização do turismo.Uni (FACEF). Disponível em http://unicef.com.br acesso em 18/03/2011. CPRM- Serviço geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Diagnostico do município de Pilões, estado da Paraíba/ organizado[por] João de Castro Mascarenhas, Breno Augusto Beltrão,Luiz Carlos de Souza Junior, Franklin de Morais, Vanildo Almeida Mendes, Jorge Luiz Fortunato de Miranda.Recife: CPRM/PRODEEM,2005. http://unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20EP/Leandro%20Benedini%20Brusadin.pdf CRUZ, Rita de Cássia. Política de turismo e território. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2002. FONTELES, Jose Osmar. Turismo e impactos socioambientais. São Paulo: Aleph, 2004. GUERRA, Antonio José Teixeira; MARÇAL, Mônica dos Santos. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e ambiente; reflexões e propostas. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1999. RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001. RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio Ambiente. 10 ed. São Paulo: Pantirus, 2007. Sítios consultados: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 Acesso em: 05/ 03/ 2011 http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/21Documento_Referencial.html. Acesso em: 08/03/2011