impactos do turismo x comunidade local

Upload: adrianamonteiro

Post on 07-Jan-2016

19 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

O fenômeno turístico tem gerado análises, estudos e pesquisas sobre as relações que produz em consequência das viagens e dos efeitos negativos ou positivos produzidos nas populações receptoras. Tendo em vista que os residentes de destinos turísticos geralmente não são consultados quando o Turismo começa a se desenvolver em sua localidade, este artigo tem por objetivo apresentar uma discussão de autores que descrevem a respeito dos impactos do turismo nas comunidades receptoras e a importância de conhecer a percepção e a atitude dos moradores a respeito do Turismo e seus impactos. Por meio de pesquisa bibliográfica foi possível perceber que os impactos positivos do turismo estão relacionados com o dinheiro proveniente dos turistas, geração de empregos e fortalecimento da cultura local. Por outro lado, o surgimento de aspectos negativos como criminalidade, aumento no consumo de drogas, congestionamentos, entre outros, fazem com que os moradores apresentem certa xenofobia com relação ao Turismo.

TRANSCRIPT

  • 1

    IMPACTOS DO TURISMO X COMUNIDADE LOCAL

    Sandra Dall'Agnol1

    Faculdades de Xaxim/SC - Celer

    Resumo: O fenmeno turstico tem gerado anlises, estudos e pesquisas sobre as

    relaes que produz em consequncia das viagens e dos efeitos negativos ou positivos

    produzidos nas populaes receptoras. Tendo em vista que os residentes de destinos

    tursticos geralmente no so consultados quando o Turismo comea a se desenvolver

    em sua localidade, este artigo tem por objetivo apresentar uma discusso de autores que

    descrevem a respeito dos impactos do turismo nas comunidades receptoras e a

    importncia de conhecer a percepo e a atitude dos moradores a respeito do Turismo e

    seus impactos. Por meio de pesquisa bibliogrfica foi possvel perceber que os impactos

    positivos do turismo esto relacionados com o dinheiro proveniente dos turistas,

    gerao de empregos e fortalecimento da cultura local. Por outro lado, o surgimento de

    aspectos negativos como criminalidade, aumento no consumo de drogas,

    congestionamentos, entre outros, fazem com que os moradores apresentem certa

    xenofobia com relao ao Turismo.

    Palavras-chave: Turismo; impactos do turismo; comunidade local.

    1 Introduo

    Dentre as diferentes abordagens sobre turismo, o questionamento dos impactos ou

    mudanas nas comunidades receptoras recebeu maior ateno da Sociologia, da

    Psicologia e da Antropologia. Por ser um fenmeno de mltiplas facetas, penetra em

    muitos aspectos da vida humana, quer de forma direta, quer indireta (REJOWSKI,

    1996, p.18). Para a autora o turismo tem-se desenvolvido utilizando mtodos e tcnicas

    de vrias disciplinas.

    Rejowski (1996) destaca ainda que o turismo no reconhece fronteiras geogrficas e

    nem demarcaes disciplinares, no importando quo distintas possam parecer. Esse

    considerado [...] uma rea estimulante porque requer uma integrao de todas as

    principais cincias sociais [...] com as humanidades [...] combinadas com aquelas partes

    das cincias fsicas que se relacionam com o meio ambiente (REJOWSKI, 1996, p.20).

    Como o turismo um fenmeno social, que de acordo com Barretto (2000, p.85)

    fenmeno porque empiricamente observvel e social diz respeito ao homem em

    1 Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul UCS; Docente no curso de Turismo da Faculdade Anglo Americano de Passo Fundo/RS e Celer Faculdades de Xaxim/SC;

    [email protected]

  • 2

    sociedade e dentro de um processo histrico, integra cincias como a Economia, a

    Geografia, a Antropologia, a Psicologia, dentre outras. Historicamente, a primeira

    cincia a estudar o fenmeno turstico foi a Economia, seguida das cincias sociais

    (Sociologia e Antropologia) e da Geografia (Barretto, 2000, p.85).

    Portanto, conhecer a opinio dos residentes de destinos tursticos torna-se indispensvel

    para o bom planejamento e desenvolvimento das localidades, pois a populao local

    parte essencial para o bom desenvolvimento do Turismo.

    2 O Turismo, seus impactos e as comunidades locais

    Segundo Barretto (2004) as cincias econmicas estudaram os impactos positivos,

    referente ao dinheiro proveniente dos turistas que entram em uma localidade. Atravs da

    Geografia, os problemas gerados pelo excesso de habitantes temporrios, causados ao

    meio ambiente natural e humano passaram a receber maior ateno. Os impactos na

    cultura local, provocados pelo contato entre padres culturais diferentes, influenciando

    mudanas nos hbitos locais por aculturao, estudados pela Antropologia. Estes

    estudos

    [...] permitem relativizar a influncia do fenmeno em relao dos meios de

    comunicao (no caso da questo cultural) e em relao a outras indstrias (no caso da

    poluio ambiental), sem contar que evidenciam o importante papel que o turismo vem tendo na recuperao do patrimnio histrico, dos museus, da cultura popular e das

    tradies (BARRETTO, 2004, p.85).

    Entende-se que o turismo tem um importante papel no campo econmico, cultural e na

    troca social. Por este motivo de fundamental importncia conhecer as percepes e

    atitudes dos residentes em localidades tursticas acerca dos impactos gerados pelo

    turismo em seus lugares de residncia. Sabe-se que,

    Ao longo de toda histria registrada, de certa forma o Turismo teve um impacto sobre

    tudo e todos os que estiveram em contato com ele. Num plano ideal, esses impactos

    deveriam ter sido positivos, no tocante aos benefcios obtidos tanto pelas reas de

    destino quanto por seus residentes. Esses impactos positivos significariam para o local

    resultados tais como melhorias nas condies econmicas, uma promoo social e

    cultural e a proteo dos recursos ambientais. Teoricamente, os benefcios do Turismo

    deveriam produzir ganhos muito superiores aos seus custos.(THEOBALD, 2002, p.81).

  • 3

    Porm, o que na teoria tende a funcionar perfeitamente, na prtica tende a apresentar

    limitaes. Os impactos negativos muitas vezes superam os positivos. Segundo

    Ruschman (2000, p. 34), os impactos [...] so conseqncia de um processo complexo

    de interao entre os turistas, as comunidades e os meios receptores. Muitas vezes, tipos

    similares de Turismo provocam diferentes impactos, de acordo com a natureza das

    sociedades nas quais ocorrem. Esses podem ser positivos ou negativos, sendo

    considerados como positivos os que trazem benefcios para a comunidade receptora e

    negativos os que causam estragos para a localidade e sua populao.

    No turismo os impactos [...] referem-se gama de modificaes ou seqncia de

    eventos provocados pelo processo de desenvolvimento turstico nas localidades

    receptoras (RUSCHMANN, 2000, p. 34). Esses so provocados por variveis que

    possuem [...] natureza, intensidade, direes e magnitude diversas; porm os resultados

    interagem e so geralmente irreversveis quando ocorrem no meio ambiente natural

    (Idem, 2000, p.34). Pode-se dizer que juntamente com o crescimento do Turismo vem o

    aumento dos impactos por ele gerados. Estes podem ser reversveis quando detectados

    no seu incio, ou antes, e irreversveis quando no lhes dada a devida ateno e, no

    momento que se percebe isso j ser tarde demais para a sua reverso.

    As comunidades receptoras tenderiam a ver o Turismo com desconfiana, porque em

    geral no tm a oportunidade de participar das tomadas de decises sobre a questo

    nessa rea. Sentem-se, com isso, excludas e acabam no desejando a presena de

    turistas na sua localidade. Pior, em muitos casos o turista chega antes do turismo, ou

    seja, do planejamento e organizao da localidade para receb-lo. Conforme

    Krippendorf explana,

    Os habitantes das regies visitadas comeam a sentir tambm um certo rancor em

    relao aos efeitos negativos do xodo das massas tursticas. Essas populaes tm cada

    vez mais a impresso de que so invadidas por esse desenvolvimento e, ao mesmo

    tempo, dele excludas.(2000, p.19)

    Por esse motivo a opinio dos autctones sobre o turismo se faz to importante e a

    satisfao da comunidade ir refletir na hospitalidade e tambm na experincia do

    turista. Para a Organizao Mundial do Turismo (2003) a atividade turstica gera uma

    srie de efeitos positivos e negativos de diferente grau sobre o plano social e cultural,

    conforme destacado a seguir:

  • 4

    Impactos positivos

    No plano cultural, o turismo contribui para preservao do patrimnio histrico,

    artstico e cultural; Gera uma atividade socioeconmica sobre o mercado receptor e cria-

    se empregos; Facilita os laos de comunicao e entendimento entre os povos e

    sociedades que produzem problemas raciais ou de xenofobia; No mbito trabalhista

    produz aumento social de emprego e criao de novos postos de trabalho; Pode permitir

    a comunicao e a paz com os mercados emissores.

    Impactos negativos

    Efeitos de aculturao e imitao: se produzem trocas nos gostos e hbitos de cultura da

    comunidade receptora, ao estar exposta aos hbitos e gostos da emissora (horrios,

    atividades de descanso, comidas, vesturio, trato pessoal, gostos sexuais modificados);

    Estabelece umas trocas urbansticas, meio ambientais e arquitetnicos que influenciam e

    modificam a demografia do mercado receptor; Pode produzir fenmenos de repetio;

    Modificao da sociologia rural e urbana ao receber de forma regular correntes

    tursticas massivas; Instabilidade do mercado receptor por motivos polticos (ditadura,

    estado de excluso) e sociais (regras, insegurana, severas normas de circulao),

    produz uma reduo do fluxo; Prejuzos e barreiras sociais por intolerncia, indiferena,

    xenofobia, racismo, idioma; Pode, ao contrrio, ser objeto de ambientes que repercutem

    negativamente nas relaes tursticas futuras; Problemas com a gastronomia (gua

    potvel); Boa ou m ateno mdica-sanitria: controle da higiene e limpeza nos lugares

    tursticos.

    Segundo Lickorish (2000) at meados da dcada de 1970, grande parte dos estudos

    estava concentrado nos benefcios econmicos do turismo e pouca ateno era dada a

    interao entre turistas e a comunidade local. A partir da metade da dcada de 1970,

    mais estudiosos e profissionais do turismo passaram a dar mais ateno ao

    relacionamento entre turistas e a populao local, principalmente aos efeitos no

    econmicos induzidos por este relacionamento (LICKORISH, 2000, p.101). Para o

    autor, em termos positivos, o impacto econmico do turismo pode gerar muitos

    benefcios como emprego, receita e melhorias na infra-estrutura.

    Em termos sociais, a atividade turstica em regies menos desenvolvidas pode oferecer

    meios para manter um nvel de atividade econmica suficiente, evitando a migrao de

    pessoas para reas mais desenvolvidas de um pas. Em termos negativos, o autor destaca

  • 5

    que quando os turistas chegam a um pas, trazem um tipo diferente de comportamento,

    podendo transformar profundamente os hbitos sociais locais atravs da remoo e da

    perturbao das normas j estabelecidas pela populao local, que no apenas tem que

    aceitar os efeitos da superlotao, mas tambm precisa modificar seu modo de vida,

    alm de ter que viver em contato com um tipo diferente de populao, levando a

    xenofobia e tenso social, onde a populao por motivos psicolgicos, culturais ou

    sociais, no est pronta par ser submetida a uma invaso de turistas (LICKORISH,

    2000, p.107).

    O necessrio o reconhecimento de que a populao local parte da herana cultural e, portanto, merece proteo tanto quanto os aspectos do destino do turismo, ou seja, o

    ambiente. As relaes humanas so importantes, j que o excesso de turismo pode ter

    repercusses problemticas: transformar a hospitalidade tpica de muitos pases em

    prticas comerciais leva os fatores econmicos a suplantarem o relacionamento pessoal.

    Os efeitos posteriores podem ser o aparecimento do comportamento consumista, o

    declnio da moral, a mendicncia, a prostituio, o consumo de drogas, a perda da

    dignidade e a frustrao em no poder satisfazer suas necessidades. No entanto, seria

    errado culpar o turismo por todos esses problemas, que tambm esto ligados s

    mudanas sociais que afetam as comunidades no processo de modernizao. O turismo

    acelera o processo, mas no o cria (LICKORISH, 2000, p. 107-108).

    Lickorish (2000) enfatiza ainda que o desenvolvimento do turismo pode gerar impactos

    scio-culturais benficos e o intercmbio de idias, culturas e percepes podem

    auxiliar na disperso da ignorncia e de desentendimentos. Em muitos locais o turismo

    j existe, e a necessidade descobrir quais so as vises dos residentes. Neste caso, a

    pesquisa visa registrar e monitorar as percepes dos residentes em relao aos

    impactos do turismo (LICKORISH, 2000, p.114).

    Durante as ltimas dcadas, os psiclogos sociais tem aumentado a ateno aos

    impactos sobre as percepes e atitudes a respeito do turismo por parte das

    comunidades receptoras. Neste sentido Ap (1992) e Lankford (1994) (apud BRUNT e

    COURTNEY, 1999) afirmam que de suma importncia, j que o xito de um destino

    turstico vai depender, em grande parte, de que a populao valorize positivamente o

    papel que desempenha o turismo em sua localidade. Os autores assinalam tambm que

    as percepes e as atitudes dos residentes a respeito dos impactos do turismo

    provavelmente so uma considerao importante na planificao e poltica turstica,

    para obter o xito no desenvolvimento, no marketing e no funcionamento de projetos

    presentes e futuros.

  • 6

    Prez e Nadal (2005) destacam que discusses so levantadas quando novas polticas

    so desenvolvidas sem o conhecimento e o apoio das populaes locais. Para os autores

    as polticas pblicas tero xito quando as reaes e fatores que influenciam nestas

    atividades sejam estudados e que as investigaes sobre as atitudes dos residentes

    proporcionam um contexto para explicar a relao entre benefcios individuais e o

    desenvolvimento econmico. Razo pela qual a percepo e atitudes da comunidade

    local so consideradas importantes no mbito da planificao, da poltica e da

    comercializao atual e futura do turismo, no esquecendo que em um destino turst ico

    os impactos negativos necessariamente devem ser reduzidos ao mnimo para que o

    turismo seja percebido favoravelmente pela populao local.

    Outro fator de influncia na mudana de comportamento dos residentes so que

    grandes diferenas culturais ocorrem entre pases diferentes e as vezes entre diferentes

    regies do mesmo pas (ARCHER e COOPER, 2001, p.93). Para os estudiosos, o

    problema seria exacerbado porque os turistas so, por definio, estranhos no destino.

    Seus cdigos de vestimenta e seus padres de comportamento so diferentes dos

    adotados pelos residentes e, freqentemente, diferem at mesmo daqueles que o turista

    teria no prprio lugar de origem. Os comportamentos inibidos nos locais de origem

    passam a no s-lo durante a viagem e seguem-se os problemas decorrentes, como

    prostituio, drogas, jogo e s vezes vandalismo. E na condio de estranhos, os turistas

    so tambm vulnerveis e se tornam vitimas de roubo e crimes perpetrados pela

    comunidade local, que pode considerar essas atividades um modo de refazer o

    equilbrio (ARCHER e COOPER, 2001, p. 93).

    Quando as diferenas culturais entre os residentes e os turistas de pases e regies mais

    prsperos so muito acentuadas, pode acontecer de a cultura e os costumes locais serem

    explorados para satisfazer o visitante custa do orgulho e da dignidade da populao

    local. As danas tradicionais e o artesanato artstico cedem lugar a imitaes baratas

    para satisfazer s necessidades do visitante e para proporcionar ao residente um rendimento com menor esforo possvel. Em alguns casos isso apenas uma reao

    inicial, e mais tarde o turismo acaba estimulando um retorno a artesanatos especficos

    de alta qualidade.(ARCHER e COOPER, 2001, p.93).

    Os autores destacam tambm que o fluxo de turistas numa regio aumenta as densidades

    em que vivem as pessoas e superlota as instalaes que eles devem compartilhar com a

    populao local. A superlotao rebaixa o valor da experincia de frias, cria tenso

  • 7

    entre a prpria populao residente e em casos extremos a populao local pode ser

    impedida de desfrutar das instalaes naturais de seu prprio pais ou regio.(ARCHER

    e COOPER, 2001, p.95).

    Outras definies de impactos do turismo so abordadas por Montejano e esse ressalta

    que a atividade turstica no s tem repercusses psicossociais a nvel individual ou de

    grupo, mas tambm no conjunto da sociedade (MONTEJANO, 1996, p.62). Isso pode

    ser notado tanto na comunidade emissora, quanto na comunidade receptora de fluxos

    tursticos.

    Valene Smith (1989) sustenta que a entrada do turismo geralmente beneficia

    economicamente uma comunidade, mas o desenvolvimento associado frequentemente

    serve como um im que atrai trabalho de fora da rea. Ela exemplifica que quando

    Cancun foi desenvolvida, indivduos com maior sofisticao e experincia na indstria

    de viagem rapidamente reconheceram a oportunidade para novos trabalhos e se

    mudaram para Cancun. Smith (1989, p. 109) faz uma seleo de fatores custo

    benefcio do turismo, conforme destacado a seguir.

    Aspectos Positivos Aspectos Negativos

    Econmicos

    Influxo de dinheiro

    Efeito multiplicador

    Industrias de servios com trabalho intensivo

    Melhor infra estrutura: estradas, gua, esgotos,

    aeroportos, recreao.

    Gastos dos residentes com o uso de atraes

    criadas pelo desenvolvimento

    Econmicos Sazonalidade

    Vazamento econmico

    Imigrao de estrangeiros como mo-de-obra

    Custo de segurana para balancear o crime

    Perda de rendimentos devido a crises

    econmicas externas/terrorismo

    Sociocultural

    Ampliao da perspectiva social

    Preservao de laos familiares

    Mobilidade incrementada

    Apreciao do patrimnio e da identidade

    tnica

    Estimulo do folclore; criao de museus

    Sociocultural

    Coca-colalizao

    Perda da identidade cultural na comunidade

    global

    Transformao dos turistas em coisas Deteriorao de stios histricos devido ao

    uso exagerado

    Medo de terrorismo e crime

    Simplificao da cultura

    Ambientais

    Conscientizao da necessidade de

    conservao

    Estabelecimento de marcas ecolgicas

    Ambientais

    Custos de preservao

    Transformao de parques nacionais e

    zoolgicos

  • 8

    Conscientizao dos limites dos recursos

    globais

    Estabelecimento dos limites de uso de terras

    Perda das reas selvagens

    Poluio

    Uso exagerado do habitat devido a febre do

    ecoturismo

    Fonte: (SMITH, 1989, p.100)

    Para Valene Smith(1989) o turismo em excesso, ou tipo errado de turismo, pode

    despojar uma comunidade e marginalizar os residentes e o principal estmulo para o

    desenvolvimento do turismo de ordem econmica.

    El turismo requiere considerable mano de obra, y sobre todo uma reserva de

    trabajadores minimamente especializados, aparte de tener gran importancia como

    instrumento del desarollo, sobre todo em zonas subdesarrolladas del mundo entero.

    Donde hay grandes diferencias econmicas entre anfritiones e invitados , o donde est

    extendido el uso de drogas, es posible que los turistas sean vctimas de atracos, robos o

    acciones terroristas, pero ello no se deber a su calidad de turistas, sino al hecho de ser

    presa ms fcil.(SMITH, 1989, p.23-24).

    Para a populao visitada, o turismo pode ser considerado uma beno pela gerao de

    novos postos de trabalho e incremento do fluxo de dinheiro constante, porm os

    prprios turistas podem se converter em uma carga fsica e social.

    Doxey (1975 apud ROSS 2002, RUSCHMANN 1997, BRUNT e COURTNEY 1999)

    desenvolveu o Modelo irridex que busca identificar e explicar os efeitos cumulativos

    do desenvolvimento do turismo sobre as relaes sociais e a evoluo da mudana nas

    atitudes dos moradores com relao aos turistas. Em um primeiro momento, a

    populao receberia os turistas com entusiasmo e euforia, o turismo seria visto como

    fonte de prazer e desenvolvimento. Depois, a comunidade sentiria a presso por parte

    dos turistas de ter uma infra-estrutura turstica mais completa, decorrente do aumento do

    fluxo e o contato entre turistas e populao vai se tornando menos pessoal. Neste

    momento, os residentes j esto mais apticos em relao a atividade e o turismo no

    mais novidade, somente uma maneira de obter lucro fcil. Quando o fluxo de turistas

    aumenta ainda mais, gerando mudanas na localidade como congestionamentos, preos

    elevados e outros, comea exceder os limites de tolerncia da comunidade, causando

    irritao. Os custos, neste momento, comeam a exceder os benefcios e a comunidade

    passaria a agir com hostilidade em relao aos turistas.

  • 9

    De acordo com Brunt e Courtney (1999, p.221) a maior debilidade no modelo de Doxey

    o fato de que os residentes no formam um grupo homogneo e o modelo

    determinista, deixando um nico destino para a comunidade que se desenvolve

    turisticamente. No entanto, os autores esclarecem que necessrio ficar claro que apesar

    das criticas, o modelo de Doxey possui grande valor terico e tem grande destaque para

    a teoria do turismo.

    Brunt e Courtney (1999, p.225-235) em um estudo realizado na localidade de Dawlish

    (Reino Unido), identificaram alguns impactos positivos do turismo, tais como a

    melhoria em reas de recreao, maior conservao das reas centrais e favorecimento

    das artes e do artesanato. Por outro lado, alguns aspectos negativos como a superlotao

    no transito e o aumento nos preos de determinados produtos foram uma das fontes de

    ressentimento e tenso percebidas pelos residentes.

    Em relao percepo dos impactos do turismo Pizam (1978), Sheldon e Var (1984) e

    Beislei e Hoy (1980) (apud, ROSS, 2002, p.139) descobriram que ela diminui medida

    que aumenta a distncia entre a moradia dos residentes e a zona turstica. Kendall e Var

    (1984, apud Ross 2002, p.140) demonstram preocupao pelo fato de o turismo ir

    contra o modo de vida dos moradores e provocar efeitos como aglomerao de gente,

    congestionamento do trnsito, barulho, sujeira, destruio de propriedade, poluio,

    alterao da aparncia da comunidade e destruio da vida selvagem.

    Murphy (1980, 1981 apud ROSS, 2002) descobriu que certos tipos de residentes

    desenvolvem atitudes muito mais positivas ao turismo do que outras, os residentes que

    tm um interesse comercial no turismo parecem ser os que tem maior probabilidade de

    ver os turistas com bons olhos do que os outros residentes. Outro aspecto descoberto foi

    que as atitudes da comunidade esta relacionada ao estgio de crescimento do setor e a

    presso de competir pelos espaos e recursos limitados em seu ambiente natal. O fator

    mais frequentemente citado pelos residentes foi o congestionamento em restaurantes e

    hotis locais, filas maiores no comrcio, problemas de trnsito e estacionamento, o lixo

    e o vandalismo.

    Ross (2002) em um estudo realizado para avaliao dos impactos positivos e negativos

    do turismo sobre o indivduo e a comunidade no Extremo Norte de Queensland

    (Austrlia), identificou que os itens percebidos como impactos negativos foram o custo

    da terra a ser comprada, custo de construo e custo do aluguel de uma casa, custo de

  • 10

    vida e nveis de criminalidade. Os itens considerados como impactos positivos foram as

    oportunidades comerciais, a construo e melhora de parques e praas, hotis e

    restaurantes, infra-estruturas de entretenimento e facilidade de fazer compras. Desse

    modo, os impactos positivos giravam em torno do lazer e das oportunidades

    econmicas, enquanto os negativos giravam em torno dos custos mais elevados de

    acomodaes.

    Em uma pesquisa realizada na Ilhas Baleares, no Oeste do Mediterrneo, os

    pesquisadores Prez E Nadal (2005) analisaram como os residentes percebiam a

    influncia do turismo, a fim de proporcionar um marco para a investigao das atitudes

    nessa comunidade. Os resultados obtidos apresentaram que os entrevistados percebem

    que o turismo conduz a sobressaturao dos servios da comunidade e ao

    congestionamento no transito, mas reconhecem que graas ao turismo haveria mais

    oportunidades de lazer. No que se refere as polticas culturais, a maioria dos residentes

    aprovam novas propostas para a criao de novas atraes culturais como museus ou

    auditrios e tambm esto de acordo com a organizao de eventos culturais anuais.

    Com relao aos problemas com o meio ambiente, Prez e Nadal (2005) descrevem que

    os residentes concordam que o turismo conduz para a degradao dos recursos naturais

    e quando so questionados sobre a responsabilidade da destruio do entorno natural da

    Ilhas Baleares, as respostas apontam para o setor turstico como fator chave. Em

    contrapartida, existe certa ambigidade na viso dos residentes com relao a

    possibilidade de que o turismo tenha contribudo para a conservao de determinados

    espaos naturais. Em resumo, 54% dos moradores fazem um balano positivo ao

    desenvolvimento do turismo, enquanto 18% crem que o balano negativo.

    De Kadt (1979), em anlise sobre os efeitos do turismo nas opes de vida e bem-estar

    das comunidades nos pases em desenvolvimento, argumenta que as formas em que o

    desenvolvimento turstico afeta as opes de vida esto estritamente relacionadas com

    seus efeitos sobre os ingressos e sobre a distribuio dos mesmos. (DE KADT, 1979,

    p. 73). Para o pesquisador, os turistas consomem os mesmos bens e servios utilizados

    pelos residentes.

    Si o turismo tiende a incrementar la disponibilidad de bienes deseados, esto beneficiar

    a la gente local, pero si los turistas compiten com los residentes por un abastecimiento

  • 11

    limitado, entonces el resultado tender a ser negativo para la poblacin local como

    consumidora, si bien no como productora (DE KADT, 1979, p.75).

    De acordo com De Kadt (1979), outro recurso de competio entre turistas e residentes

    o acesso as praias e os parques. Uma reclamao comum que tais servios meio

    ambientais esto vedados aos residentes locais em favor dos turistas e dos residentes

    mais ricos. O autor faz meno do termo capacidade de absoro e explica que essa

    no se refere somente ao numero mximo de visitantes que uma localidade pode

    suportar, mas tambm as taxas de crescimento mximas desejveis. A capacidade de

    absoro de cada destino estaria relacionada com o tipo de turismo desenvolvido na

    localidade (Idem, 1979, p. 50).

    Santana Tavalera (1997, p. 96) relata que para a anlise da atitude e percepo dos

    residentes frente ao processo turstico, importante levar em conta o nmero de

    visitantes, a durao da estadia e as caractersticas socioeconmicas dos turistas para

    ajudar a determinar a capacidade de absoro desejvel frente ao crescente numero de

    visitantes.

    Neste sentido, na literatura sobre planejamento turstico preocupada com os efeitos

    negativos do turismo, uma das alternativas disseminadas para conter o fluxo de turistas

    seria tentar suavizar os seus impactos com o ndice de capacidade de carga. Segundo

    Boo (1990, apud RUSCHMANN, 1997, p. 16) a capacidade de carga o nmero

    mximo de visitantes (por dia/ms/ano) que uma rea pode suportar, antes que ocorram

    alteraes nos meios fsico e social. Na prtica, ainda bastante difcil estimar este

    ndice, pois se deve relativizar as caractersticas de cada rea. Ruschmann (1997, p.17)

    esclarece que a capacidade de carga social

    estar ultrapassada quando os moradores da localidade j no aceitarem os turistas e

    passarem a hostiliz-los, pois eles destroem seu meio ambiente natural, agridem sua

    cultura e impedem sua participao nas atividades e a freqncia a lugares que lhes pertencem.

    Segundo a autora, para estabelecer este ndice necessrio que haja monitoramento na

    localidade anfitri, para identificar em que estgio se encontra a relao entre os turistas

    e a populao local e tambm a percepo desses com relao ao turismo e aos turistas.

    Este ndice interessante, mas tem se mostrado na prtica de difcil mensurao.

  • 12

    importante tambm para esta anlise utilizar o conceito de residncia secundria, que

    pode ser comprovado empiricamente em praias e localidades tursticas em que as casas

    de veraneio esto presentes. Na definio de TULIK (1995, p.26), a residncia

    secundria se afirma, atualmente, como uma das mais difundidas dentre as diversas

    modalidades de alojamento turstico. A autora tambm destaca os diferentes termos

    utilizados para caracteriz-las: domicilio de uso ocasional (conforme classificao do

    IBGE), residncia turstica, residncia secundria, segunda residncia, alm de outros

    termos correntes como casa de campo, de temporada, de praia, de veraneio, chal,

    cabana, sitio e chcara de lazer ou de recreio. Tulik (1995, p.32) afirma ainda que o

    uso destes alojamentos est ligado ao tempo livre, seja de frias ou de fim de semana, e

    pressupe recreao e/ou lazer.

    As casas de segunda residncia geralmente tendem a ser ocupadas durante determinadas

    estaes, aumentado o estresse da comunidade neste perodo.

    Desta forma, uma destinao que essencialmente atrativa por suas praias e por veres

    quentes provavelmente ter uma demanda sazonal alta. H, tambm, outros fatores que

    influenciam, como a poca das frias escolares e de trabalho, ou eventos especiais regulares que acontecem no local. (COOPER, 2001, p.104).

    O estudioso enfatiza que quando as diferenas culturais entre os residentes e os turistas

    so muito acentuadas, pode acontecer que os costumes locais sejam utilizados para

    satisfazer o visitante custa do orgulho e da dignidade da populao local. Para ele,

    neste caso, os impactos socioculturais,

    (...) podem ser positivos, como nos casos em que o turismo preserva ou mesmo

    ressuscita as habilidades artesanais da populao, ou aumenta o intercmbio cultural

    entre duas populaes diferentes. Os impactos tambm podem ser negativos, como a

    comercializao ou degenerao das artes e do artesanato e a comercializao de

    cerimnias e rituais da populao anfitri. Os impactos podem prejudicar tambm o intercmbio cultural, apresentando uma viso limitada e distorcida de uma das

    populaes (COOPER, 2001, p.215).

    Swarbrooke (2000, p.112) afirma que dado ateno aos impactos negativos do

    turismo sobre a sociedade local e sua cultura. Entretanto, importante reconhecer que

    os efeitos podem ser tambm positivos. Neste sentido a culinria local tambm pode

    ser exaltada, pois conforme Ruschman (2000, p.51) o artesanato, a gastronomia, as

    tradies, a histria, a arquitetura e as atividades de lazer so responsveis pela atrao

  • 13

    de turistas. Muitos turistas buscam atravs da gastronomia familiarizarem-se, para se

    sentirem integrados com a cultura local, levando a que determinados pratos de um

    destino mantenham suas razes. A terica destaca, ainda, que com o desenvolvimento do

    turismo os monumentos e prdios com valor histrico, diante de seu potencial de

    atratividade, passam a receber as atenes dos governos e at de instituies privadas,

    que os restauram e conservam. (RUSCHAMNN, 2000, p.53).

    Outro fator importante que a inter-relao entre o turismo e o meio ambiente

    incontestvel, uma vez que este ltimo constitui a matria-prima da atividade

    (RUSCHMANN, 2003). Conforme Dias (2003) a utilizao intensiva dos recursos

    naturais e a preocupao de preservao desses atrativos, que formam a base de

    sustentao da atividade, no se fizeram presentes durante muitos anos e os resultados

    foram os impactos negativos no meio ambiente, como a degradao da paisagem e a

    crescente poluio.

    Para a OMT (2003), os impactos mais evidentes da atividade turstica so aqueles que

    causam perda ou prejuzo ao meio ambiente, como a poluio do ar e da gua, bem

    como a sonora e a visual; congestionamentos de veculos e de pedestres; lixo deixado

    pelos turistas; desequilibro ecolgico e perturbao da vida selvagem; danos aos stios

    arqueolgicos e riscos ambientais, como eroso, deslizamento de terra e deficincia na

    engenharia das instalaes tursticas.

    3 Consideraes Finais

    Portanto, as contribuies abordadas demonstram que a anlise das percepes e

    atitudes dos residentes tem sido efetuada pela preocupao relacionada aos aspectos

    negativos que o turismo pode desencadear nas localidades receptoras e pelos aspectos

    positivos que podem ser potencializados, atravs da opinio da comunidade local. A

    presena de visitantes nas comunidades, tambm um fenmeno generalizado e afeta os

    padres de vida das pessoas, em especial nas localidades tursticas. As formas como os

    visitantes se portam e seus relacionamentos pessoais com cidados da comunidade

    anfitri costumam ter um efeito sobre o modo de vida e atitudes dos moradores locais.

    Para que o desenvolvimento turstico ocorra de maneira adequada, sua abordagem

    precisa ser multidisciplinar, com profissionais de reas distintas trabalhando em

  • 14

    conjunto, tanto na avaliao dos seus impactos, como no encaminhamento de solues

    para o mesmo. Sob este enfoque, a populao quando integrada no planejamento

    turstico de sua localidade, pode contribuir avaliando as insatisfaes que esse

    desencadeia, assim como avaliar suas potencialidades.

    Quando o turismo considerado um rendimento financeiro essencial em uma escala

    local e nacional, h um consenso na literatura da sustentao positiva das comunidades

    anfitris para o seu desenvolvimento ser bem sucedido. Porm, necessrio o

    monitoramento da opinio dos moradores aps os estgios iniciais do desenvolvimento.

    O monitoramento sobre a opinio dos moradores a respeito do turismo torna-se, ento,

    indispensvel para o planejamento adequado em uma localidade turstica. Aqueles

    membros da populao anfitri que so influenciados pelo comportamento dos turistas,

    provavelmente influenciaro outros membros da sua comunidade com suas atitudes e

    comportamento modificados, fazendo com que o fenmeno torne-se desejvel ou

    indesejvel pela populao em geral.

    Referncias

    ARCHER, Brian e COOPER, Chris. Os impactos positivos e negativos do turismo.

    In: THEOBALD, William F. (org.). Turismo Global. 2. ed. Traduzido por: Ana Maria

    Capovilla; Maria Cristina Guimares Cupertino e Joo Ricardo Barros Penteado. So

    Paulo: SENAC, 2002. Traduo de: Global Tourism.

    BARRETTO, M. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades do planejamento.

    Campinas: Papirus, 2000.

    BRUNT, Paul e COURTNEY, Paul 1999. La percepcin de los impactos

    socioculturales del turismo por la poblacin residente. Annals of Tourism Research

    en Espaol, v.1, n.2, p.215-239.

    COOPER, Chris; FLETCHER, John; WANHILL, Stephen; GILBERT, David e

    SHEPHERD, Rebecca. Turismo, princpios e prtica. Traduo de Roberto Cataldo

    Costa. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

    DE KADT, Emanuel. Turismo: passaporte al desarrollo? Perspectivas sobre los

    efectos sociales y culturales del turismo em los pases em via de desarrolo. Madrid:

    Endimyon, 1979.

    DIAS, R.; AGUIAR, M. R. Fundamentos do Turismo: conceitos, normas e

    definies. Campinas: Alnea, 2002.

  • 15

    KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo para uma nova compreenso do

    lazer e das viagens. So Paulo: Aleph, 2001.

    LICKORISH, Leonard J. Introduo o turismo. Traduo de Fabola de Carvalho S.

    Vasconcellos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

    MONTEJANO, Jordi Montaner. Psicossociologa del turismo. Espaa: Snteses, 1996.

    OMT, Organizao Mundial do Turismo. Guia de desenvolvimento do turismo

    sustentvel. Traduzido por: Sandra Netz. Porto Alegre: Bookman, 2003. Traduo de:

    Guide for Local Authorities on Developing Sustainable Tourism.

    PREZ, A. P., NADAL, J. R. Las percepciones de los residentes: un anlisis cluster.

    Annals of Tourism Research em Espaol. v. 7, n. 2, p. 255-273, 2005.

    REJOWSKI, Mirian. Turismo e pesquisa cientifica: pensamento internacional x

    situao brasileira. Campinas: Papirus, 2000.

    ROSS, Glenn F. Psicologia do Turismo. So Paulo: Contexto, 2002.

    RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentvel: a proteo do meio

    ambiente. So Paulo: Papirus, 2000.

    SANTANA TAVALERA, Augustn. Antropologia y turismo: nuevas hordas viejas

    culturas? Barcelona: Ariel, 1997.

    SMITH, V. Anfitriones e invitados. Antropologa del Turismo. Madrid: Endymion,

    1989.

    SWARBROOKE, John. Turismo sustentvel: conceitos e impacto ambiental. 3. ed.

    Traduzido por: Margarete Dias Pulido. So Paulo: Aleph, 2000. 1v. Traduo de:

    Sustainable Tourism Management.

    THEOBALD, William F. (org.). Turismo Global. 2. ed. Traduzido por: Ana Maria

    Capovilla; Maria Cristina Guimares Cupertino e Joo Ricardo Barros Penteado. So

    Paulo: SENAC, 2002. Traduo de: Global Tourism.

    TULIK, Olga. Residncias Secundrias as fontes estatsticas e a questo conceitual. Turismo em Anlise, vol. 6, n. 2. Nov. 1995, p. 26-34.