analise dos efeitos de reator limitador de curto-circuito em estudos de superac˘ao de...

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AN ´ ALISE DOS EFEITOS DE REATOR LIMITADOR DE CURTO-CIRCUITO EM ESTUDOS DE SUPERAC ¸ ˜ AO DE EQUIPAMENTO Enzo Casemiro Zuccaro Projeto de Gradua¸c˜ ao apresentado ao Curso de Engenharia El´ etrica da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos ne- cess´ arios ` aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Engenheiro. Orientadores: Antonio Carlos Siqueira de Lima e Yuri Rosenblum de Souza Rio de Janeiro Dezembro de 2019

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ANALISE DOS EFEITOS DE REATOR LIMITADOR DE

CURTO-CIRCUITO EM ESTUDOS DE SUPERACAO DE

EQUIPAMENTO

Enzo Casemiro Zuccaro

Projeto de Graduacao apresentado ao

Curso de Engenharia Eletrica da Escola

Politecnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos ne-

cessarios a obtencao do tıtulo de Engenheiro.

Orientadores: Antonio Carlos Siqueira de

Lima e Yuri Rosenblum de Souza

Rio de Janeiro

Dezembro de 2019

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ZUCCARO, ENZO CASEMIRO

Analis dos Efeitos de Reator

Limitador de Curto-Circuito em Estudos

de Superac~ao de Equipamento

IV, 37 p. 29,7 cm (UFRJ, Engenharia

Eletrica, 2019)

Orientadores: Prof. Antonio

Carlos Siqueira de Lima, D.Sc. e Yuri

Rosenblum de Souza, M.Sc.

Projeto de Graduac~ao - Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ - Escola

Politecnica

1. Introduc~ao 2. Aspectos Teoricos 3.

Estudo de Caso 4. Conclus~oes

I. Siqueira de Lima, Antonio Carlos

e Rosenblum de Souza, Yuri II. UFRJ,

Escola Politecnica, Curso de Engenharia

Eletrica III.Analise dos Efeitos de

Reator Limitador de Curto-Circuito em

Estudos de Superac~ao de Equipamento

iii

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politecnica - Departamento de Eletrica

Centro de Tecnologia, bloco H, Cidade Universitaria

Rio de Janeiro - RJ CEP 21949-900

Este exemplar e de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

podera incluı-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

E permitida a mencao, reproducao parcial ou integral e a transmissao entre bibli-

otecas deste trabalho, sem modificacao de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa academica, comentarios e citacoes, desde que

sem finalidade comercial e que seja feita a referencia bibliografica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho sao de responsabilidade do(s) autor(es).

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AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeco aos meus pais, Gisele e Paulo, por nao apenas terem me

incentivado, mas por tambem terem me criado com muito amor e carinho. Agredeco

a toda minha famılia, em especial meu irmao Enrico, minha avo Maria da Conceicao,

minha tia Janice e meu primo Marlon, por sempre me apoiarem e acreditarem em

mim.

Aos meus grandes amigos, Alan Renier, Alexandre Nunes, Alexandre Pardellas,

Erick Frank, Fernando Oliveira, Gabriel Guedes, Joao Vitor Leste, Jorge Garioli,

Marcos Seefelder, Maria Clara Garioli, Natasha Fernandes, Pedro Mallet, Stefano

Rocha e Thiago Machado. Amigos pelos quais tenho um grande carinho, me ajuda-

ram sempre que puderam e com quem compartilhei varios momentos de alegria.

Aos meus orientadores Antonio Carlos e Yuri Rosenblum, por todo conheci-

mento compartilhado que tornou esse trabalho possıvel e pela contribuicao a mi-

nha formacao profissional. Ao Frederico Garcia, por ter me ensinado com muita

paciencia a utilizar o ATP.

A Furnas, em especial aos colegas do GPL.E, por todo aprendizado e experiencia

adquiridos no meu tempo de estagio, atraves de um ambiente de trabalho profissional

e amigavel.

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RESUMO

A demanda por energia eletrica esta em constante aumento no Brasil e, para

atende-la, e necessaria a expansao do Sistema Interligado Nacional, levando ao au-

mento dos nıves de curto-circuito nas subestacoes. Como consequencia desse au-

mento, diversos equipamentos ficam sujeitos a superacao, entre eles, o disjuntor, o

qual pode estar superado por corrente nominal, por corrente de curto-circuito, por

constante de tempo X/R e/ou por tensao de restabalecimento transitoria.

Este trabalho apresenta a metodologia para dimensionar reatores limitadores de

curto-circuito capazes de solucionar cenarios de superacao de equipamentos eletricos

por corrente de curto-circuito. Sao apresentados entao os resultados de simulacoes de

transitorios eletromagneticos atraves do ATP mostrando os efeitos que esses reatores

causam na tensao de restabelecimento transitoria de um disjuntor hipotetico.

As simulacoes mostraram que um reator limitador conectado em serie com o dis-

juntor afeta diretamente sua tensao de restabelecimento transitoria, diminuindo o

valor de pico da mesma e aumentando sua taxa de crescimento. Foi verificado

tambem que um reator limitador, conectado de maneira a seccionar o barramento

no qual o disjuntor esta conectado, consegue limitar a corrente de curto-circuito sem

afetar a TRT, porem nessa topologia o valor de sua reatancia e consideravelmente

maior.

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ABSTRACT

The demand for electric power is constantly increasing in Brazil, and to face it,

it requires the expansion of the Brazilian Electrical System, leading to increased

short circuit levels in the substations. As a consequence of this increase, several

equipments are subject to overcurrent, among them, the circuit breaker, which can

be surpassed by nominal current, short circuit current, time constant X/R and/or

by Transient Recovery Voltage.

This work presents a methodology for sizing current limiting reactors capable of

solving short circuit current overrun scenarios. The results of transient simulations

through the ATP software are then presented and it shows the effect that these

reactors cause on the transient recovery voltage of a hypothetical circuit breaker.

The simulations showed that a current limiting reactor conected in series with

the circuit breaker directly affects its transient recovery voltage, decreasing its peak

value and increasing its rate of rise. It has also been found that a current limiting

reactor, connected in such a way as to tie the busbar to which the circuit breaker

is connected, can limit the short circuit current without affecting the TRV, but in

this topology the value of its reactance has to be considerably higher.

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SIGLAS

Ω - Ohms

ABNT - Associacao Brasileira de Normas Tecnicas

ANAFAS - Analise de Faltas Simultaneas

ANAREDE - Analise de Redes Eletricas

ANEEL - Agencia Nacional de Energia Eletrica

ATP - Alternative Transient Program

BD - Barra Dupla

BPT - Barra Principal e de Transferencia

CC - Corrente Contınua

DJM - Disjuntor e Meio

IEC - International Electrotechnical Commission

kA - Kiloampere

kV - Kilovolt

PAR - Plano de Ampliacao e Reforcos

ONS - Operador Nacional do Sistema Eletrico

RLCC - Reator Limitador de Curto-Circuito

s - segundos

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SIN - Sistema Interligado Nacional

SE - Subestacao

TCTRT - Taxa de Crescimento da Tensao de Restabelecimento Transitoria

TRT - Tensao de Restabelecimento Transitoria

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Sumario

1 Introducao 1

1.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 Organizacao do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Aspectos Teoricos 3

2.1 Superacao de Equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.1.1 Superacao de Disjuntores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.2 Reatores Limitadores de Curto-Circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2.1 Possıveis Topologias para a Implementacao de um RLCC . . . 12

2.2.2 Dimensionamento de RLCC’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3 Tensao de Restabelecimento Transitoria . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3.1 Superacao e Determinacao da Envoltoria . . . . . . . . . . . . 16

3 Estudo de Caso 23

3.1 Sistema-Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.1.1 Descricao Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.1.2 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.2 Simulacoes e Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.2.1 RLCC em Serie com o Disjuntor . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2.2 RLCC Seccionando o Barramento . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4 Conclusoes 36

4.1 Propostas de Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Bibliografia 38

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Lista de Figuras

2.1 Fluxograma para analise de superacao de disjuntores por corrente

nominal Fonte: [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Fluxograma para analise de superacao de disjuntores por X/R [1] . . 8

2.3 Fluxograma para analise de superacao de disjuntores [1] . . . . . . . . 10

2.4 Reatores Limitadores a Nucleo de Ar na SE 345kV Mogi das Cruzes [2] 11

2.5 RLCC em serie com os circuitos alimentadores [3] . . . . . . . . . . . 13

2.6 RLCC em serie com os circuitos de saıda [3] . . . . . . . . . . . . . . 14

2.7 RLCC seccionando um barramento [3] . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.8 Representacao a dois parametros da envoltoria da TRT [4] . . . . . . 17

2.9 Representacao a quatro parametros da envoltoria da TRT [4] . . . . . 17

2.10 TRT de um disjuntor nao superado [4] . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.11 TRT de um disjuntor superado [4] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.1 Sistema Sul [5] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.2 Sistema modelado no ANAREDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3 Sistema modelado no ANAFAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.4 Sistema reduzido modelado no ANAFAS . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.5 Sistema reduzido modelado no ATP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.6 Disjuntor representado no sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.7 RLCC em serie com o disjuntor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.8 TRT em cada fase do disjuntor antes da implementacao do RLCC . . 32

3.9 TRT em cada fase do disjuntor apos a implementacao do RLCC . . . 33

3.10 RLCC seccionando o barramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.11 TRT em cada fase do disjuntor apos a implementacao do RLCC sec-

cionando o barramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

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Lista de Tabelas

2.1 Fatores de reducao da corrente nominal de curto-circuito . . . . . . . 7

2.2 Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 100 e 170 kV – Repre-

sentacao por dois parametros – 62271-100 IEC 2001 [6] . . . . . . . . 18

2.3 Tensao nominal igual ou maior que 245 kV – Representacao por qua-

tro parametros – 62271-100 IEC 2001 [6] . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.4 Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 100 e 245 kV – Repre-

sentacao em funcao da corrente passante no disjuntor – 62271-100

IEC 2001 [6] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.5 Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 300 e 800 kV – Repre-

sentacao em funcao da corrente passante no disjuntor – 62271-100

IEC 2001 [6] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.1 Nıveis de Curto-Circuito nas barras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

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Capıtulo 1

Introducao

A crescente demanda por energia eletrica leva a uma constante expansao

do Sistema Interligado Nacional - SIN e por conta disso, cenarios de superacao de

equipamentos se tornam inevitaveis. A causa dessas superacoes esta relacionada

com a reducao da impedancia de Thevenin equivalente de cada barra do sistema,

como consequencia da entrada em operacao de novas linhas de transmissao, elevando

o nıvel de curto-circuito nos barramentos do SIN. Alem disso, a conexao de novas

unidades geradoras tambem contribui para tal elevacao, sendo que hoje em dia as

usinas eolicas e fotovoltaicas apresentam uma participacao cada vez mais relevante

no mercado energetico devido a custos cada vez mais atrativos.

Equipamentos superados representam um risco operacional e economi-co para

o SIN e seus agentes, visto que o risco de explosao aumenta consideravelmente. Entre

os equipamentos sujeitos a superacao, o disjuntor sera o foco deste trabalho, por

apresentar criterios mais complexos de analise de superacao, como a superacao por

Tensao de Restabelecimento Transitoria. Esta e a tensao que surge nos terminais

do disjuntor durante a interrupcao da corrente de curto, e ela pode atingir valores

que venham a romper o dieletrico dentro do meio de extincao do disjuntor.

A fim de evitar cenarios de superacao por corrente de curto-circuito adotam-se

medidas mitigadoras e entre elas, o reator limitador de curto-circuito e um dos dis-

positivos mais antigos e ainda utilizados no mercado. E uma solucao cuja principal

vantagem e o seu baixo custo, alem de tambem apresentar uma certa versatilidade

em sua implantacao. A instalacao do RLCC, no entanto, insercao de novas perdas

e o aumento da taxa de crescimento da tensao de restabelecimento transitoria, que

1

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em altos valores pode causar a reignicao do arco eletrico.

1.1 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo mostrar, atraves de simulacoes, o efeito

de um reator limitador em um sistema apresentando um cenario de superacao por

corrente de curto-circuito. Serao analisadas as correntes de curto-circuito a ser in-

terrompida por um disjuntor antes e depois da implementacao de um reator capaz

de resolver o cenario de superacao, assim como a tensao de restabelecimento tran-

sitoria. Para isso serao utilizados softwares como ANAREDE, para determinar o

ponto de operacao do sistema, o ANAFAS, para calcular os nıveis de curto-circuito

nos barramentos e determinar o sistema reduzido equivalente, e o ATP, para as

simulacoes de transitorios eletromagneticos do sistema sob analise.

1.2 Organizacao do Trabalho

Este trabalho esta dividido em quatro capıtulos. O Capıtulo 1 introduz o

assunto e apresenta o principal objetivo.

O Capıtulo 2 apresenta as diretrizes para analise de superacao de equipamen-

tos eletricos, assim como as causas dessas superacoes.

O Capıtulo 3 apresenta a metodologia, detalhes do sistema e os resultados

Por fim, no Capıtulo 4 e apresentada a conclusao e algumas propostas para

trabalhos futuros.

2

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Capıtulo 2

Aspectos Teoricos

2.1 Superacao de Equipamentos

Equipamentos eletricos apresentam limites de suportabilidade nominais que

ao serem violados, configuram um cenario de superacao. Essas violacoes podem

ser devido ao nao cumprimento de diversos criterios, que geralmente envolvem a

maxima corrente de curto-circuito ou de regime permanente. Superacoes ocorrem

devido ao aumento do nıvel de curto circuito nos barramentos das subestacoes de

um sistema, como a demanda por energia eletrica esta em constante crescimento, a

geracao deve acompanha-la. Pode-se citar tambem como causa do aumento do nıvel

de curto-circuito, o aumento significativo da presenca de usinas eolicas no Brasil, que

representam uma fonte renovavel de energia com custos cada vez mais vantajosos.

Os equipamentos eletricos sempre estarao sujeitos a superacao, tornando necessaria

a aplicacao de metodologias de analise que visam evitar esse cenario.

2.1.1 Superacao de Disjuntores

O ONS, os Agentes de Transmissao e diversos Agentes da Distribuicao e

da Geracao, que compoem o SIN, trabalharam em conjunto para a elaboracao do

documento ”Criterios para Analise de Superacao de Equipamentos e Instalacoes de

Alta Tensao”[1], que tem como objetivo estabelecer e manter atualizados criterios,

metodologias e processos para a analise de superacao de equipamentos de alta tensao.

A seguir serao indicados e especificados os criterios de superacao de disjun-

tores conforme [1]. O documento estabelece que grandezas eletricas precisam ser

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analisadas para determinar a superacao ou nao do disjuntor, assim como a metodo-

logia aplicada em cada analise. Ficam responsaveis por esses estudos, o ONS e os

Agentes da Transmissao. O disjuntor pode estar superado por:

• Corrente Nominal

• Corrente de Curto-Circuito (Simetrico e Assimetrico)

• Constante de Tempo (X/R)

• Tensao de Restabelecimento Transitoria

O documento tambem recomenda os seguintes softwares para as analises,

cada um referente a um tipo de estudo especıfico:

• ANAREDE, para fluxo de potencia;

• ANAFAS, para curto-circuito;

• ATP, para transitorios eletromagneticos

2.1.1.1 Superacao por Corrente Nominal

A superacao por corrente nominal ocorre quando a corrente de carga que

passa pelo equipamento atinge valor superior ao especificado nos dados de placa

pelo fabricante.

O metodo utilizado para caracterizar um disjuntor como superado se resume

em estudos de fluxo de potencia. Os estudos deverao ser realizados em cenarios de

emergencia no SIN, para casos futuros dentro do horizonte do PAR, a fim de deter-

minar o maior carregamento no equipamento em analise. Devera ser determinado o

maior carregamento em cada vao, sob as seguintes condicoes:

• Com todos os vaos em operacao;

• Com um disjuntor em manutencao;

• Com uma barra em manutencao (arranjo DJM e BD duplo disjuntor);

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• Para os disjuntores interligadores de barras nos arranjos BD 4 ou 5 chaves e

BPT, deve ser analisado o maior carregamento quando o mesmo estiver sendo

utilizado.

O fluxograma a seguir resume os procedimentos de analise descritos acima.

Figura 2.1: Fluxograma para analise de superacao de disjuntores por corrente no-

minal Fonte: [1]

Onde Icalc e a corrente calculada no estudo de fluxo de potencia e In e

corrente nominal do disjuntor.

5

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2.1.1.2 Superacao por Corrente de Curto-Circuito

Disjuntores superados por curto-circuito estao sujeitos a correntes de curto

simetrica e assimetrica superiores aos valores nominais para o equipamento, tanto

para condicoes normais de operacao quanto para um cenario de emergencia.

A referencia [7] define com mais precisao a metodologia de analise de su-

peracao por corrente de curto-circuito. Este documento estabelece que deve ser uti-

lizado um software de calculo de curto-circuito para verificar o nıvel de curto-circuito

(monofasico, trifasico e bifasico-terra) na barra em estudo, para entao comparar o

maior valor calculado com a capacidade de interrupcao simetrica de cada disjuntor

ligado a barra em questao.

Caso seja encontrada uma relacao de no mınimo 95% entre o maior nıvel de

curto-circuito calculado e a capacidade de interrupcao simetrica de algum disjuntor,

devera ser conduzido um estudo mais especifıco para determinar a corrente passante.

Se este estudo apontar uma relacao maior que 100%, o disjuntor sera considerado

superado por capacidade de interrupcao simetrica, caso a relacao encontrada for

entre 90 e 100%, sera considerado um estado de alerta para o equipamento.

Um disjuntor tambem pode estar superado pela crista da corrente de curto-

circuito, quando esta apresenta uma magnitude superior ao valor considerado no-

minal para o equipamento. O valor da crista da corrente de curto-circuito pode ser

calculado atraves da equacao a seguir:

Ip = Icc ·√

2 · (1 + e−tp/τ ) (2.1)

Onde:

• Ip: valor de crista da corrente de curto-circuito calculada

• Icc: valor eficaz da corrente de curto-circuito calculada nos estudos de cc

• tp: tempo de crista da corrente de curto-circuito (8,33 ms para 60 Hz ou 10

ms para 50 Hz)

• τ : constante de tempo calculada para a barra onde o equipamento e instalado

(L/R)

6

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2.1.1.3 Superacao por constante de tempo (X/R)

O ONS decidiu desenvolver e adotar um criterio proprio de analise de su-

peracao de disjuntores por constante de tempo X/R, por conta da complexidade

dos fenomenos envolvidos. A referencia [1] menciona que uma relacao X/R da rede

superior ao X/R nominal do disjuntor nao confirma a superacao do equipamento,

sendo necessaria a analise conjunta desse parametro com a amplitude da corrente

de curto-circuito simetrica.

A metodologia de analise de superacao por X/R consiste em comparar a

corrente de curto-circuito simetrica calculada na barra do disjuntor em estudo, com

a corrente de curto-circuito nominal do equipamento multiplicada por um fator de

reducao que depende da X/R da rede e do tempo de operacao do disjuntor. A tabela

a seguir apresenta os possıveis valores para o fator de reducao:

Tabela 2.1: Fatores de reducao da corrente nominal de curto-circuito

τ(ms) 0 < top ≤ 10 10 < top ≤ 27, 5 27, 5 < top ≤ 44, 5

45 1,000 1,000 1,000

60 0,896 0,881 0,883

75 0,847 0,820 0,818

120 0,767 0,722 0,708

Em que:

• τ : constante de tempo derivada da relacao entre a indutancia e a resistencia

de curto-circuito equivalente da rede no ponto considerado;

• top: tempo de abertura do disjuntor em ms.

O grupo de trabalho, ONS e Agentes, preferiu adotar valores mais conserva-

tivos para o fator de reducao em relacao aos valores expostos na tabela 2.1, a fim

de garantir uma margem de seguranca maior. Os fatores adotados pelo grupo sao:

• 0,7 para τ entre 75 e 120 ms (inclusive);

• 0,8 para τ entre 60 e 75 ms (inclusive);

• 0,85 para τ entre 45 e 60 ms (inclusive).

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Quando a corrente de curto-circuito simetrica for maior que a corrente de

curto do disjuntor multiplicada pelo fator de reducao apropriado, o disjuntor e clas-

sificado como ”em princıpio superado”. Nesse caso, o procedimento recomendado e

consultar o fabricante do equipamento para o diagnostico definitivo. Caso contrario,

existe confianca o suficiente para afirmar que ha seguranca para o disjuntor operar.

A figura a seguir apresenta o fluxograma que resume a metodologia de analise de

superacao por X/R:

Figura 2.2: Fluxograma para analise de superacao de disjuntores por X/R [1]

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2.1.1.4 Superacao por Tensao de Restabelecimento Transitorio

Disjuntores que estiverem sujeitos a nıveis de curto-circuito superiores a

85% de seu valor nominal serao considerados para analise de superacao por TRT.

Tal superacao pode ocorrer devido a ultrapassagem dos valores de suportabilidade

dieletrica ou termica do seu meio de extincao do arco, o que e consequencia de uma

tensao imposta pelo sistema, durante a abertura dos terminais, superior ao especifi-

cado no equipamento, seja pela magnitude da TRT ou pela sua taxa de crescimento.

E responsabilidade da transmissora identificar, atraves de simulacoes, os dis-

juntores superados por TRT. Inicialmente, elas deverao utilizar valores e envoltorias

estabelicidos por norma pertinente a especificacao do disjuntor, como a ABNT ou

a IEC. Devido a complexidade do calculo de TRT, o ONS e os Agentes desenvolve-

ram um conjunto unificado de criterios para este tipo de analise de superacao. A

metodologia em questao adotada esta resumida a seguir, conforme [1]:

• Utilizar um programa de calculo de transitorios eletromagneticos, por exemplo

ATP/EMTP;

• Aplicar falhas terminais trifasicas nao aterradas;

• Adotar a representacao trifasica da rede estudada;

• Modelar a rede como um sistema reduzido que se estenda ate a segunda barra

a montante da barra a qual o disjuntor em estudo esteja conectado;

• Comparar os valores de curto-circuito para falhas trifasicas e monofasicas ob-

tidos com o uso do programa ANAFAS em sistema completo com aqueles

obtidos pelo ATP/EMTP com o sistema reduzido, utilizando-se equivalentes

de rede;

• As linhas de transmissao devem ser representadas pelo modelo de parametros

distribuıdos, sem correcao com a frequencia; os transformadores e reatores

devem ser representados sem considerar a saturacao, capacitancias parasitas e

perdas no ferro; nao representar as cargas;

• Os disjuntores devem ser representados pelo modelo de chaves ideais tempo-

controladas; nao representar o arco eletrico do disjuntor nem as capacitancias

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de equalizacao de tensao (em paralelo com as camaras de interrupcao); nao

considerar polo preso do disjuntor;

• Representar as cargas com modelo RL paralelo na barra da subestacao cujos

disjuntores estao sendo analisados. Caso nao tenha carga na propria barra, a

representacao das cargas nas barras adjacentes deve ser realizada. A repre-

sentacao das cargas nas barras adjacentes tambem deve ser adotada quando

o disjuntor em analise se mantiver superado por TRT, apos o estudo conside-

rando apenas a representacao da carga na barra da subestacao do disjuntor

avaliado.

A secao 2.3 do presente trabalho aborda o assunto da TRT com mais detalhes,

especificando os meios de determinacao das envoltorias previamente mencionadas.

A figura a seguir apresenta o fluxograma que resume todo o processo de

analise de superacao de disjuntores, explicado ao longo dessa secao do Capıtulo 2:

Figura 2.3: Fluxograma para analise de superacao de disjuntores [1]

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2.2 Reatores Limitadores de Curto-Circuito

O Reator Limitador de Curto-Circuito (RLCC) e um dos dispositivos mais

antigos no mercado e aplicado ate os dias de hoje para a reducao do nıvel de corrente

que possa vir a causar a superacao do disjuntor. Eles podem representar uma medida

mitigadora de nıvel de curto-circuito tecnico-economicamente vantajosa, pois podem

evitar a substituicao de equipamentos mais caros, como os disjuntores.

RLCC sao em essencia enrolamentos de cobre ou alumınio, formando uma

ou mais bobinas, devidamente montadas em suportes isolantes. Alem disso, sao

reatores a nucleo de ar, pois caso tivessem nucleo de material ferromagnetico apre-

sentariam saturacao, o que seria um limitante para as altas correntes para as quais

o equipamento e projetado [8]. Outro fator que impede que os RLCC sejam cons-

truıdos com nucleos ferromagneticos sao as correntes harmonicas em serie com o

disjuntor.

Figura 2.4: Reatores Limitadores a Nucleo de Ar na SE 345kV Mogi das Cruzes [2]

O reator limitador atua de maneira a aumentar a impedancia equivalente do

sistema vista pela barra em que o disjuntor em estudo esta conectado, e como o nıvel

de curto-circuito da barra varia com o inverso dessa impedancia, torna-se possıvel

a mitigacao de tal grandeza. Como consequencia desse aumento da impedancia

equivalente, ocorre uma queda de tensao permanente, que impoem novas perdas

mas que em alguns casos, podem ser desprezadas em sistemas mais malhados.

As principais vantagens da aplicacao desse metodo mitigador de nıvel de

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curto-circuito esta no baixo de custo de implementacao, e na simplicidade do di-

mensionamento do reator limitador. Quanto as desvantagens, alem das novas perdas

devido a queda de tensao previamente mencionadas, pode-se citar tambem:

• Perdas por efeito Joule;

• Campo magnetico disperso na subestacao devido ao nucleo de ar, que pode

induzir correntes parasitas em outros equipamentos ou objetos metalicos;

• Aumento da taxa de crescimento da TRT, o que sera observado em detalhes

no Capıtulo 3.

Pode-se instalar um banco de capacitores em paralelo com o reator limitador

a fim de amenizar alguns dos efeitos negativos dele, como a queda de tensao e o

aumento da taxa de crescimento da TRT. Estudos mais especıficos determinarao a

necessidade da implementacao de um banco de capacitores, pois eles podem evitar

um cenario de superacao por TRT ou minimizar as perdas em regime permanente.

Tendo as vantagens e as desvantagens em vista, e necessaria uma analise

tecnico-economica para definir se a implementacao de um RLCC e viavel para evitar

um cenario de superacao de disjuntor. Nas imagens, o RLCC e representado como

DLCC, que significa dispositivo limitador de curto-circuito

2.2.1 Possıveis Topologias para a Implementacao de um RLCC

Um RLCC pode ser implementado atraves de algumas topologias, que serao

apresentadas a seguir.

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• RLCC em serie com os circuitos alimentadores:

Figura 2.5: RLCC em serie com os circuitos alimentadores [3]

Nesta configuracao, o RLCC e conectado em serie com as linhas de transmissao

ou transformadores que injetam corrente na barra, limitando a contribuicao

de corrente de curto-circuito destes vaos. Esta configuracao e a que apresenta

maiores perdas.

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• RLCC em serie com os circuitos de saıda:

Figura 2.6: RLCC em serie com os circuitos de saıda [3]

Nesta configuracao, o RLCC limita a corrente de curto-circuito para defeitos

apos o dispositivo, limitando a contribuicao que sai da barra.

• RLCC seccionando um barramento:

Figura 2.7: RLCC seccionando um barramento [3]

Esta configuracao traz maior confiabilidade e flexibilidade operativa pelo fato

dos barramentos seccionados operarem fechados. E necessario, porem, um

equilıbrio entre as cargas das duas barras, para assim minimizar a corrente

circulando pelo equipamento, reduzindo perdas.

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2.2.2 Dimensionamento de RLCC’s

A Siemens apresenta um metodo para o dimensionamento de RLCC’s de facil

aplicacao, o qual pode ser aplicado para qualquer topologia descrita anteriormente.

O metodo se resume em uma equacao que depende da tensao do sistema e das

correntes de curto-circuito antes e depois da instalacao do dispositivo. A equacao

utilizada e a seguinte, conforme [9]:

X =V0√

3· ( 1

I2− 1

I1)Ω (2.2)

onde X e a reatancia em Ω do reator, V0 e a tensao fase-fase do barramento em kV,

I1 e corrente de curto-circuito em kA que flui no ramo em que o reator sera instalado

e I2 e a corrente de curto-circuito em kA que fluira no reator apos a sua instalacao.

A corrente de curto-circuito a ser utilizada no calculo pode tanto ser a trifafica

como monofasica. A equacao 2.2 tambem pode ser expressa em funcao do nıvel de

curto-circuito, em MVA.

X = V02 · ( 1

S2

− 1

S1

)Ω (2.3)

onde S1 e o nıvel de curto-circuito em MVA antes da instalacao do reator limitador,

e S2 e o nıvel de curto-circuito em MVA apos a instalacao do reator, sendo S =√

3 · V · I.

Importante levar em consideracao que o valor encontrado para a reatancia

do RLCC atraves das equacoes 2.2 e 2.3 serve como uma aproximacao inicial, sendo

necessarias simulacoes adicionais para se alcancar o valor mais adequado.

2.3 Tensao de Restabelecimento Transitoria

A TRT e a tensao que aparece nos terminais de um disjuntor durante a

interrupcao da corrente de curto-circuito, que e a solicitacao mais severa a qual um

disjuntor pode estar sujeito. Durante a abertura de um disjuntor ocorrem oscilacoes

transitorias devido a rapida perda de condutividade do arco eletrico conforme a

corrente se aproxima de zero.

A forma de onda da TRT depende do circuito em estudo, assim como a natu-

reza de elementos nele presente, podendo estes serem concentrados ou distribuıdos.

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Tambem influenciam a TRT a corrente de curto-circuito a ser interrompida e o tipo

e local da falta a ser interrompida pelo disjuntor, esta podendo ser terminal ou

quilometrica. A seguir estao definidos estes dois tipos de faltas, conforme [10]:

• Faltas Terminais: podem ser faltas monofasicas, bifasicas (aterradas ou iso-

ladas) ou trifasicas, que venham a ocorrer nos terminais do disjuntor das co-

nexoes dos tranformadores, das linhas de transmissao ou de distribuicao, ou

entao nos barramentos.

• Faltas Quilometricas: podem ser faltas dos mesmos tipos das faltas terminais,

mas que ocorrem em linhas de transmissao ou distribuicao a alguns quilometros

do disjuntor.

Por fim, podemos citar o momento de abertura do disjuntor como fator in-

fluente na forma de onda da TRT, pois a tensao instantanea na barra esta variando

senoidalmente entre zero e o valor de pico, logo, quanto maior esse valor no momento

da abertura dos terminais do disjuntor, mais severa sera a TRT.

2.3.1 Superacao e Determinacao da Envoltoria

Na secao 2.1.4 deste trabalho foram apresentadas as diretrizes para a analise

de superacao de disjuntores por TRT, e nessa secao foram mencionadas envoltorias

que sao definidas por normas. As envoltorias sao curvas tracadas em um grafico da

tensao instantanea no tempo, que delimitam uma regiao que contem os possıveis

valores que uma TRT pode atingir sem que configure um cenario de superacao.

A superacao por TRT pode ser devida a sua taxa de crescimento, TCTRT,

e/ou ao seu valor de pico, ambos explicados a seguir, conforme [10]:

• A TCTRT e um valor em kV/µs e e a razao entre o primeiro pico da TRT e

o tempo que levou para atingı-lo. Essa grandeza e importante ser analisada

pois antes da abertura do disjuntor, altas temperaturas sao atingidas na sua

camara de extincao, havendo a necessidade de que o interior dela seja resfriado

antes que o primeiro pico seja atingido, impedindo a ionizacao do ambiente,

que por sua vez impede a reignicao termica.

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• O valor de pico da TRT, dado em kV, e o maximo valor de tensao atingido

durante o regime transitorio. Este valor deve ser inferior a suportabilidade

dieletrica do meio de extincao para que nao haja a ruputra do dieletrico.

As envoltorias podem ser representadas atraves de dois ou quatro parametros,

o que e definido pela tensao nominal do disjuntor e pela porcentagem da capacidade

de interrupcao do disjuntor que e atingida pela corrente de curto-circuito. As figuras

a seguir ilustram a diferenca entre as duas representacoes:

Figura 2.8: Representacao a dois parametros da envoltoria da TRT [4]

Figura 2.9: Representacao a quatro parametros da envoltoria da TRT [4]

Os valores de uc, u1, t1 e t2 variam com a norma utilizada. A seguir serao

apresentadas as tabelas da norma IEC 62271-100 [6] que servem para determina-los.

A norma contem tabelas para tensoes nominais de 100 a 170kV e para valores iguais

ou superiores a 245kV.

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Tabela 2.2: Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 100 e 170 kV – Representacao

por dois parametros – 62271-100 IEC 2001 [6]

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Tabela 2.3: Tensao nominal igual ou maior que 245 kV – Representacao por quatro

parametros – 62271-100 IEC 2001 [6]

A norma IEC 62271-100 tambem fornece tabelas com base na porcentagem

da capacidade de interrupcao do disjuntor atingida. Nota-se que nessas tabelas,

para todos os valores de tensao nominal, existe a possibilidade da envoltoria ser

representada a dois ou a quatro parametros.

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Tabela 2.4: Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 100 e 245 kV – Representacao

em funcao da corrente passante no disjuntor – 62271-100 IEC 2001 [6]

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Tabela 2.5: Envoltoria de TRT – Tensao nominal entre 300 e 800 kV – Representacao

em funcao da corrente passante no disjuntor – 62271-100 IEC 2001 [6]

A seguir serao apresentadas duas figuras que ilustram uma TRT e a sua

respectiva envoltoria, uma mostrando um caso de nao superacao por TRT e a outra

mostrando um caso de superacao.

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Figura 2.10: TRT de um disjuntor nao superado [4]

Figura 2.11: TRT de um disjuntor superado [4]

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Capıtulo 3

Estudo de Caso

Neste capıtulo serao apresentados os resultados de simulacoes em um sistema-

teste a fim de mostrar os efeitos da implementacao de um RLCC. Foi considerado um

cenario de superacao por corrente de curto-circuito, devido a um aumento no numero

de unidades geradoras em uma das barras, em um disjuntor hipotetico desse sistema.

A fim de resolver esse cenario, foram modelados RLCC’s para serem implementados

em duas topologias diferentes. Foi verificada nas simulacoes a corrente de curto-

circuito a qual o disjuntor esta sujeito antes do aumento do numero de unidades

geradoras na barra a que ele esta conectado, apos o aumento do numero de unidades

geradoras e apos a instalacao de um RLCC, para cada topologia. Foi verificada

tambem a TRT no disjuntor antes e depois da instalacao do RLCC de cada topologia.

Inicialmente, o sistema-teste foi modelado no ANAREDE e no ANAFAS. O

primeiro foi utilizado para o calculo do fluxo de potencia e o segundo para o calculo

do nıvel de curto-circuito nas barras. O ANAFAS tambem foi utilizado para o

calculo do sistema equivalente, o qual posteriormente foi modelado no ATP para as

simulacoes de transitorios eletromagneticos.

3.1 Sistema-Teste

3.1.1 Descricao Geral

O sistema utilizado nas simulacoes e uma representacao de parte do Sistema

Sul do Brasil, com 33 barras, que consiste em uma malha de 500kV acoplada a um

trecho de 230kV. O sistema apresenta uma topologia toda malhada que interliga as

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usinas da regiao, configurando um sistema robusto de transmissao [5].

O sistema e divido em duas areas geoeletricas A e B, interligadas por duas

linhas de transmissao e um transformador. Em ambas as areas existe capacidade de

geracao instalada suficiente para atender a demanda de ambas as cargas, sendo que

na area A a capacidade de geracao esta no limite enquanto a area B apresenta uma

demanda de energia menor e uma capacidade de geracao maior, logo o intercambio

ocorre de B para A [5]. A referencia [5] contem as informacoes dos parametros

eletricos do sistema. A figura 3.1 a seguir ilustra o sistema, mostrando a divisao

entre as areas, a malha de 500kV em vermelho e a de 230kV em verde.

Figura 3.1: Sistema Sul [5]

3.1.2 Modelagem

Os arquivos contendo o sistema modelado no ANAREDE e no ANAFAS

sao encontrados no website http://www.sistemas-teste.com.br/ . Com o sistema

modelado no ANAREDE, atraves dos parametros eletricos encontrados em [5], foi

possıvel calcular o fluxo de potencia. A figura 3.2 a seguir ilustra o sistema modelado

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no ANAREDE, ja com o fluxo de potencia calculado e a figura 3.3 apresenta a

representacao do sistema no ANAFAS

Figura 3.2: Sistema modelado no ANAREDE

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Figura 3.3: Sistema modelado no ANAFAS

Como o objetivo do trabalho e realizar simulacoes de transitorios eletro-

magneticos com o ATP, sera preciso modelar o sistema reduzido. Para determinar

esse sistema equivalente, foi utilizado o ANAFAS para calcular as impedancias de

transferencia e fontes equivalentes. Com base no nıvel de curto-circuito das barras

do sistema, vide tabela 3.1, foi escolhida a SE/UHE S.SANTIAGO para os estudos

de transitorios eletromagneticos, por esta apresentar o maior nıvel de curto-circuito

trifasico.

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Tabela 3.1: Nıveis de Curto-Circuito nas barras

A partir da barra S.SANTIAGO foi calculado o sistema equivalente, seguindo

os criterios apresentados em [1], utilizando a ferramenta de calculo de equivalente

do ANAFAS. O software gerou o seguinte sistema:

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Figura 3.4: Sistema reduzido modelado no ANAFAS

O ANAFAS gerou quatro impedancias de transferencia, sao elas: AREIA-500

a CAXIAS-500, AREIA-500 a MACHADIN-500, AREIA-230 a CASCAVEL-230 e

CAXIAS-500 a MACHADIN-500. Todos os geradores presentes no sistema reduzido

sao fontes equivalentes, enquanto os tranformadores sao originais do sistema-teste.

Nao foi gerado nenhum equipamento shunt.

Foi feita entao a modelagem do sistema reduzido no ATP. As linhas de trans-

missao existentes foram modeladas com parametros distribuıdos. Os valores dos

parametros eletricos das linhas SSANTIAGO-500 a S.CAXIAS-500 e CASCAVAELO-

500 a S.CAXIAS-500 foram retirados do relatorio R2 do lote J do Leilao 001/2019

da ANEEL. Para as demais, os valores foram retirados do relatorio R2 do lote A

do Leilao 006/2011 da ANEEL. Os parametros dos transformadores foram retirados

dos mesmos relatorios, mas desconsiderando suas saturacoes.

As impedancias de transferencia foram modeladas no ATP atraves de parametros

concentrados, os geradores foram modelados como um fonte de tensao ideal em serie

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com uma impedancia. As cargas foram modeladas como uma impedancia RL. A

figura a seguir mostra o sistema reduzido modelado no ATP.

Figura 3.5: Sistema reduzido modelado no ATP

3.2 Simulacoes e Resultados

As simulacoes apresentadas a seguir foram realizadas no ATP, no sistema

reduzido que foi apresentado na secao anterior deste trabalho. Foi estabelecido que

um disjuntor hipotetico conectado a barra de 500kV da subestacao esta proximo da

superacao por corrente de curto-circuito e ocorrera entao um aumento no numero

de unidades geradores conectadas a ela, forcando um cenario de superacao.

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Serao dimensionados dois RLCC diferentes a fim de resolver a superacao

de tal disjuntor, um deles sera instalado em serie com ele e o outro seccionara o

barramento de Salto Santiago. A figura a seguir mostra um zoom do sistema com o

disjuntor representado por uma chave ideal, instalado na linha entre Salto Santiago

e Segredo.

Figura 3.6: Disjuntor representado no sistema

As seguintes premissas foram adotadas para as simulacoes:

• Tempo de integracao de 10−6s;

• Duracao de 0,15s;

• Abertura dos disjuntores aos 0,05s de simulacao;

• Serao aplicados curto-circuitos trifasicos nao-aterrados nos terminais do dis-

juntor em regime permanente, em line out, de maneira a verificar o pior caso;

• A capacidade de interrupcao do disjuntor e de 12 kA;

• O numero de unidades geradoras na barra de Salto Santiago sera dobrada.

3.2.1 RLCC em Serie com o Disjuntor

Primeiramente foi calculada a corrente de curto-circuito que passa pelo dis-

juntor antes do aumento da geracao, o valor encontrado foi de 11.636 A. Apos o

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aumento, o valor de corrente encontrada foi de 15.960 A, configurando um cenario de

superacao por corrente de curto. Com esse valor e possıvel dimensionar um RLCC

atraves da equacao 2.2, foi entao calculada uma reatancia que reduz a corrente de

15.960 A para 10 kA, a fim de obter-se uma folga. Foi encontrado o valor de 11 Ω

e a corrente de curto foi reduzida para 10.404 A, resolvendo a superacao. A figura

a seguir mostra um zoom do sistema com o numero de unidades geradoras dobrado

e o RLCC instalado em serie com o disjuntor.

Figura 3.7: RLCC em serie com o disjuntor

Apesar do cenario de superacao por corrente de curto-circuito ter sido re-

solvida, foi feita tambem a analise de superacao por TRT. Foram monitoradas a

TRT de cada fase antes e apos a implementacao do RLCC e as envoltorias foram

escolhidas de acordo com a Tabela 2.5, utilizando os parametros referentes ao T100.

Os resultados encontrados foram os seguintes:

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Figura 3.8: TRT em cada fase do disjuntor antes da implementacao do RLCC

Na figura acima, as curvas em vermelho, verde e azul representam respecti-

vamente as tensoes nas fases A, B e C. Estao representadas tambem as envoltorias

para cada fase. Nota-se que ja existia um cenario de superacao pelo pico da TRT

nas fases A e C, o que e passıvel de ocorrer, visto que de acordo com [1], disjuntores

sujeitos a correntes de curto superiores a 85% de suas capacidades de interrucao sao

fortes candidatos a superacao por TRT.

Na figura a seguir, estao representadas as mesmas curvas, mas apos a imple-

mentacao do RLCC.

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Figura 3.9: TRT em cada fase do disjuntor apos a implementacao do RLCC

Percebe-se que com a implementacao do RLCC, todas as fases passaram a

apresentar superacao pela taxa de crescimento da TRT e que a fase A (em vermelho)

deixou de estar superada pelo pico da TRT, enquanto a fase C (em azul) ainda con-

tinua superado. Este resultado mostra exatamente o que era esperado, um aumento

da TCTRT de cada fase e uma dimunuicao no pico da TRT.

3.2.2 RLCC Seccionando o Barramento

Os valores de corrente de curto-circuito que passam pelo disjuntor antes e apos

o aumento do numero de unidades geradoras sao as mesmas apresentadas na secao

anterior. Agora o objetivo e definir um ponto para o seccionamento no barramento

de Salto Santiago, calcular a corrente que flui por esse trecho e entao limita-la para

que a corrente de curto passante no disjuntor tenha o mesmo valor de 10 kA da

secao anterior. A figura a seguir mostra como o RLCC e instalado neste caso:

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Figura 3.10: RLCC seccionando o barramento

A corrente de curto-circuito que flui no ponto do seccionamento e de 12.220 A,

para limitar a corrente de curto no disjuntor a 10 kA e necessario reduzir a corrente

no ramo a 6.240A, pois a diferenca entre os 15.960 A e os 10 kA desejados deve

ser limitada apenas no ponto de seccionamento. Pode-se entao aplicar a equacao

2.2 novamente para dimensionar o RLCC que seccionara o barramento, resultando

em uma reatancia de 22, 49 Ω. A nova corrente de curto-circuito que passa pelo

disjuntor e de 10.583 A, o que resolve a superacao por corrente de curto.

Novamente serao analisadas a TRT de cada fase. Antes da implementacao

do RLCC, as curvas da TRT sao as mesmas da figura 3.8. A figura a seguir mostra

o caso apos a implementacao do RLCC seccionando o barramento.

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Figura 3.11: TRT em cada fase do disjuntor apos a implementacao do RLCC secci-

onando o barramento

Comparando as figuras 3.11 e 3.8, pode-se observar que o RLCC seccionando

o barramento nao teve influencia consideravel na TRT do disjuntor. A superacao

por pico nas fases A (em vermelho) e C (em azul) se mantiveram e nao foi verificada

superacao por TCTRT em nenhuma das fases. Nota-se tambem que o valor da

reatancia do RLCC necessaria para limitar a corrente de curto no disjuntor em

aproximadamente 10 kA, neste caso, duas vezes superior ao caso em que o RLCC e

instalado em serie, o que impacta fortemente no preco do equipamento.

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Capıtulo 4

Conclusoes

Disjuntores superados pelo valor de crista ou pela taxa de crescimento da TRT

apresentam suas caracterısticas nominais de suportabilidades dieletricas e termicas

comprometidas, aumentando a probabilidade de ocorrencia de reignicoes e reacen-

dimentos apos a abertura dos terminais. Um disjuntor e considerado superado por

TRT quando a tensao em pelo menos uma das fases ultrapassa os limites estabeli-

cidos por uma envoltoria proposta em alguma norma, como a IEC ou a ABNT.

As simulacoes mostraram duas topologias diferentes para a implementacao

de um RLCC, uma em serie com o disjuntor e outra seccionando o barramento em

estudo. Ambas foram bem sucedidas na limitacao da corrente de curto. Quanto ao

efeito na TRT, o RLCC em serie diminuiu o valor de pico da mesma e aumentou a

TCTRT, levando a superacao por essa grandeza em todas as fases. Ja com o RLCC

seccionando o barramento, nenhum efeito relevante foi verificado. Ficou evidente

tambem que a reatancia do RLCC seccionando o barramento e maior que a do

RLCC em serie, implicando em custo e dimensao maiores na primeira topologia,

alem disso o RLCC em serie soluciona o cenario de superacao por pico de TRT nas

fases A e C.

4.1 Propostas de Trabalhos Futuros

Como proposta de trabalhos futuros, sugere-se o dimensionamento de um

capacitor a ser instalado em paralelo com o RLCC, a fim de limitar o aumento

da TCTRT, evitando a superacao pela mesma. Recomenda-se tambem um estudo

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da viabilidade tecnico-economica da instalacao de RLCC’s na subestacao de Salto

Santiago, o presente trabalho nao comparou os custos da troca de um disjuntor com

os custos da instalacao do RLCC, alem de nao ter levado em conta o espaco fısico

necessario para a adocao de tal medida mitigadora.

Sugere-se tambem a realizacao de novas simulacoes adotando diferentes nıveis

de carregamento, de maneira a verificar a sensibilidade das solicitacoes transitorias

em relacao a carga do sistema. Alem disso, e proposto tambem a realizacao desse

estudo em um outro sistema que contenha um elo de corrente-contınua, e tambem

com varios, de maneira a configurar um cenario multi-infeed. Estudos envolvendo

elos CC vem ganhando cada vez mais relevancia para o SIN, visto que em 2019 novas

linhas CC entraram em operacao de maneira a configurar um cenario multi-infeed.

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Referencias Bibliograficas

[1] ONS, “Criterios para Analise de Superacao de Equipamentos de Instalacoes de

Alta Tensao”, 2014.

[2] SENA, C. V. D., Ensaio de um Modulo Limitador de Corrente de Curto-

Circuito Supercondutor. , Universidade Federal do Rio de Janeiro, Setembro

2011.

[3] TRINDADE, P. G., Medidas para Reducao de Nıveis de Curto-Circuito: Estudo

de Caso da Area Rio. , Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fevereiro 2019.

[4] SINDER, D., Metodos de Calculo da Tensao de Restabelecimento Transitoria

para Analise da Superacao de Disjuntores de Alta Tensao. , COPPE/UFRJ,

Marco 2007.

[5] “Sistema-Teste Brasileiro 33 Barras”, http://www.sistemas-teste.com.br/.

[6] High-voltage switchgear and controlgear - Part 100: Alternating-current circuit-

breakers, Report IEC 62271-100, International Electrotechnical Commission,

2017.

[7] ONS, “Procedimento de Rede - Modulo 11 - Submodulo 11.3 - Estudos de

curto-circuito”, 2009.

[8] IBT, “Catalogo de Produtos - Reatores a Nucleo de Ar”.

[9] SIEMENS, “Reactor Applications in Power Systems”.

[10] ALVES, R. D. O., Tensao de Restabelecimento Transitoria (TRT). , Universi-

dade Federal de Minas Gerais, Maio 2012.

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