análise do filo mollusca na praia de buarcos
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Análise da presença do Filo Mollusca na Praia de Buarcos
Ana Filipa Gonçalves Rodrigues, Carolina Andreia Lopes Magro, José Pedro Brojo de Melo, Sara Isabel Barbacena Isidoro
Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra
Sumário - A visita à praia de Buarcos, Figueira da Foz, teve como principais objectivos a observação directa, interpretação das características gerais e classificação dos Invertebrados encontrados.
Foi concluído que a maior parte dos invertebrados marinhos identificados eram pertencentes ao Filo Mollusca, pelo que concentrámos no mesmo o objecto de estudo deste artigo.
Introdução Os invertebrados são os mais numerosos
seres (cerca de 95%) do grande grupo de organismos vivos existentes. Apresentam características comuns, variando de filo para filo. Estes seres podem apresentar simetria esférica, radiada e lateral, podendo alguns deles ser assimétricos. A maior parte apresenta um sistema nervoso e um cérebro localizados na extremidade anterior do corpo. Podem apresentar duas ou três camadas, sendo que estes últimos, os triplobásticos, podem ser celomados, acelomados e pseudocelomados. Podem ser fixos ou sésseis, no último caso o seu movimento pode ser feito por cílios ou flagelos. Quanto sua à reprodução esta pode ser sexuada ou assexuada, estes dois tipos ao mesmo tempo, ou hermafroditas.
Através das observações realizadas concluímos que a maior parte dos organismos encontrados pertenciam ao Filo Mollusca. Assim sendo, foi escolhido este filo como objecto principal de estudo deste artigo.
Este filo é caracterizado por ser um grupo com bastante diversidade e disparidade morfológica, pois pode ser encontrado em ambiente marinho, de água doce ou mesmo em ambiente terrestre.
Geralmente estes invertebrados são triploblásticos celomados, e a sua estrutura mais desenvolvida é o pé, pois permite-lhes o deslocamento ou mesmo ajudar a procurar e captar alimento. O seus sistemas reprodutor, excretor, digestivo e nervoso estão localizados na massa visceral, que na maior parte dos moluscos está dentro da sua concha. Esta pode estar a descoberto, ou coberta pelo
manto. São no geral dióicos, e a sua reprodução é sexuada interna ou cruzada.
A escolha da Praia de Buarcos, situada a norte da Figueira da Foz, deve-se à sua zona rochosa, aos afloramentos (sobretudo do período Jurássico), interacções biológicas e a sua grande variabilidade de invertebrados. A costa rochosa poderá então ser dividida em três partes: na Zona Supralitoral, Zona Mediolitoral, e Zona Infralitoral.
A zona supralitoral encontra-se entre o limite máximo da zona mediolitoral e o limite máximo atingido pela água e o ar carregado de sal. É uma zona raramente coberta por água, apenas sujeita a alguns salpicos.
A zona mediolitoral encontra-se situada entre os limites máximo e mínimo, atingidos pelas ondas e marés, na preia-mar e na baixa-mar. É a zona mais extensa onde se encontram um grande número de organismos que possuem uma tolerância de períodos alternados de imersão e emersão.
A zona infralitoral encontra-se compreendida entre o limite mínimo da zona mediolitoral e a profundidade a que a luz penetra com intensidade suficiente para a realização da fotossíntese das algas. É uma zona quase sempre imersa, sendo abundante em biodiversidade e apresentando uma temperatura e grau de salinidade estáveis.
Assim o objectivo principal deste artigo visa a identificação, classificação e descrição das várias espécies pertencentes ao Filo Mollusca, encontradas na visita à praia de Buarcos, Figueira da Foz. Outro objectivo é relacionar a presença destas espécies ao longo da zona costeira com a sua adaptação ao meio.
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Materiais e MétodosNo dia 11 de Outubro de 2010 foi realizada
uma visita à Praia de Buarcos, na Figueira da Foz, de forma a estudar e identificar invertebrados existentes nas formas rochosas, e nas poças permanentes.
Para isso fizemo-nos acompanhar de material para a recolha dos organismos, como um tabuleiro, um guia de campo de identificação de invertebrados marinhos e material de apontamento.
Posteriormente procedemos à sua identificação, classificação e descrição de forma a estudarmos os organismos. Após esta análise devolvemos os invertebrados aos locais onde estes foram encontrados.
Resultados-Lebre-do-mar-negra (Aplysia fasciata, Poiret, 1789)
Taxa: Domínio – EukaryaReino – AnimaliaFilo – MolluscaClasse – GastropodaOrdem – AnaspideaFamília – AplysiidaeGénero – AplysiaEspécie – A. fasciata
Esta espécie é caracterizada por ter cabeça distinta, com tentáculos superiores, que engolbam a via oral, e inferiores. Estes são denominados de rinóforos (estruturas sensoriais receptoras de cheiro ou sabor), e são a razão pela qual esta espécie é denominada de lebre-do-mar. Possui um pé achatado e bem desenvolvido, e desloca-se através do movimento ondulante dos seus parapódios (projecções laterais que lhes permitem nadar intermitentemente). Apresentam simetria bilateral e possuem uma concha pouco desenvolvida coberta pelo seu manto.
São herbívoros e alimentam-se de variadas algas, o que faz variar o seu aspecto exterior, que pode apresentar cores desde o verde escuro, vermelho, ou negro-violeta.
Encontramos esta espécie na zona mediolitoral como na infralitoral.
- Mexilhão (Mytilus galloprovincialis, Lamarck, 1819)
Taxa: Domínio – EukaryaReino – AnimaliaFilo – MolluscaClasse – BivalviaOrdem – MytiloidaFamília – MytilidaeGénero – MytilusEspécie – M. galloprovincialis
Este bivalve pode ser facilmente identificado pela sua cor, que varia entre o azul-escuro e o preto e pela sua forma alongada. As suas conchas são iguais, sendo arredondadas numa ponta e quase bicudas na outra. A sua dimensão varia entre cerca de seis a quinze centímetros. Fixa-se normalmente em rochas que estão expostas a grandes correntes ou a mudanças de marés (zonas mediolitoral, infralitoral e supralitoral). O seu ciclo de vida é diplonte.
Alimenta-se de uma grande variedade de organismos fitoplanctónicos.
- Caramujo (Littorina littorea, Linnaeus, 1758)Taxa: Domínio – Eukarya
Reino – AnimaliaFilo – MolluscaClasse – GastropodaOrdem – MegastropodaFamília – LittorinidaeGénero – LittorinaEspécie – L. litorea
Gastrópode marinho de pequeno porte, pode atingir um tamanho até 4 cm. Possui uma concha cónica que aponta para a sua retaguarda. A cor da concha varia entre o preto, cinzento, o castanho e o vermelho mas
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Fig. 1 – Vista dorsal de uma lebre-do-mar. (Rupert&Barnes, Zoologia dos Invertebrados, 6ª edição)
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é geralmente preto e cinzento, tendendo a desgastar-se com a idade. Os caramujos jovens identificam-se pelos seus tentáculos achatados de faixas pretas.
A sua alimentação é à base de microrganismos e detritos, bem como algumas espécies de algas.
Foi observado uma grande abundância destes organismos desde a zona supralitoral até à zona infralitoral em áreas mais rochosas. Como é uma zona quase imersa, a humidade do local favorece o seu metabolismo. Também foi possível encontrar em zonas mais expostas, tolerando grandes variações da salinidade.
- Lapa (Patella vulgata, Lindberg, 1986)Taxa: Domínio – Eukarya
Reino – AnimaliaFilo – MolluscaClasse – GastropodaOrdem – DocoglossaFamília – PatellidaeGénero – PatellaEspécie – P. vulgata
A P. vulgata é um organismo marinho que se fixa nos rochedos, e apresenta um comprimento de menos de 8 cm. Possui uma concha que confere protecção contra o meio ambiente envolvente, uma cabeça com boca individualizada e um par de tentáculos e olhos.
Este ser é identificado pela sua cor branca ou verde. Tanto pode ser herbívoro como alimentar-se de alguns microrganismos.
Reproduz-se sexualmente e externamente. Ao nível da distribuição encontra-se um pouco por todo o mundo nos três níveis de organização da zona costeira.
Bibliografia
- RUPERT, E. E. & R. D. BARNES (1996). Zoologia dos Invertebrados (Trad.). Editora Roca, São Paulo, Brasil.- CAMPBELL, Andrew; Fauna e flora do Litoral de Portugal e Europa.
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biomoluscos.phphttp://www.seaslugforum.net/find/seahares
http://www.seaslugforum.net/find/aplyfasc
http://apescadesportiva.blogspot.com/2007/09/vinagreira-negra-aplysia-fasciata.html
http://www.issg.org/database/species/ecology.asp?si=102&fr=1&sts
http://www.oceanario.pt/cms/514/
http://www.arkive.org/edible-periwinkle/littorina-littorea/#text=RangeHabitat
http://en.wikipedia.org/wiki/Common_periwinkle
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Fig. 2 – Lapa