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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE WESLEY PAULINO COELHO ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ALIADO A ISO / TS 16949 E PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO. São Paulo 2008

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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

WESLEY PAULINO COELHO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO

ALIADO A ISO / TS 16949 E PLANEJAMENTO

AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO.

São Paulo

2008

CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

WESLEY PAULINO COELHO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO

ALIADO A ISO / TS 16949 E PLANEJAMENTO

AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO.

Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Produção na FATEC ZL como requerimento parcial para obter o Título de Tecnólogo em Produção com ênfase em Plástico.

Orientadora: Prof. Msc. Maria Aparecida

Colombo.

São Paulo

2008

Wesley Paulino Coelho

Análise do Desenvolvimento do Processo aliado a ISO / TS 16949:2002 e planejamento avançado da qualidade do produto / Wesley Paulino Coelho – São Paulo, SP 2008.

75 f.

Orientadora: Maria Aparecida Colombo. Monografia (Graduação) – Centro Tecnológico da Zona Leste – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste.

1. Desenvolvimento, processo, ISO / TS 16949.

CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

WESLEY PAULINO COELHO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO

ALIADO A ISO / TS 16949 E PLANEJAMENTO

AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Produção na FATEC ZL como requerido parcial para obter o Título de Tecnólogo em Produção com ênfase em Plástico.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

José Abel Baptista

Universidade Castelo Banco

______________________________________

Prof. Cláudio Gomes

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

______________________________________

Prof. Msc. Maria Aparecida Colombo

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

São Paulo, 20 de Junho de 2008.

Ao bom Deus, aos meus pais e toda minha família, pelo apoio e amor

incondicionais, e a Vitória Regina, pelo amor, por existir e estar ao meu lado.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, o qual deu-me força e condições para chegar até este

momento.

À professora orientadora Maria Aparecida Colombo que tem todo o meu respeito por

ser uma excelente profissional e muito competente ao que se propôs em todas as

etapas deste trabalho, agora uma nova amiga.

Aos professores, que de alguma forma contribuíram para a realização deste, com

conselhos e importantes observações, verdadeiros co-orientadores de grande valor.

Aos amigos Aquiles, Robson e Cristine pelo apoio na concretização do estudo.

À minha família, pela confiança, motivação, paciência, e injeções de muita força,

alegria e entusiasmo, principalmente em momentos de muito estresse e dificuldades.

Aos bons amigos e colegas do curso de Produção ênfase em Plásticos.

À Vitória Regina, por sua doçura, apoio integral, paciência, compreensão e amor.

Aos meus pais com muito amor, simplesmente por tudo.

Aos que não impediram a finalização deste trabalho e aos muitos que duvidaram.

O meu muito obrigado!

Se você acha que pode ou que não pode,

em ambos os casos você está certo.

Henry Ford

COELHO, W. P. análise do desenvolvimento do processo aliado a ISO / TS 16949 e planejamento avançado da qualidade do produto. 2008. Monografia (Graduação em Tecnologia de Produção com Ênfase em Plásticos) – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste. RESUMO

Este trabalho traz o estudo sobre desenvolvimento de processo na indústria automobilística, aliado a implantação de conceitos da ISO / TS 16949 e sua adoção como filosofia. Apresenta modelos históricos como das Revoluções Industriais, modelo de produção em massa, modelo Toyota os quais influenciaram na indústria como ela é hoje. O desenvolvimento do processo traz grandes ganhos quando realizado de maneira disciplinada com foco preventivo. É apresentado no trabalho o modelo de desenvolvimento de processo baseado no Planejamento Avançado da Qualidade do Produto (APQP) e suas ferramentas, assim como os modelos já consagrados e dados discutidos por nomes consagrados dentro deste tema. Neste trabalho também é demonstrado um estudo de caso, no qual vem a reforçar os pontos analisados no decorrer do trabalho.

Palavras-chave: Desenvolvimento, processo, ISO / TS 16949.

COELHO, W. P. Analysis in the development process combined with ISO / TS 16949 advanced planning and the quality of the product. 2008. Monograph (Degree in Production Technology with emphasis on Plastics) - Faculty of Technology of the East. ABSTRACT This work brings the study on development of process in the auto industry, combined deployment of concepts of ISO / TS 16949 and its adoption as philosophy. Provides historical models as the Industrial Revolutions, model for mass production, model Toyota which influenced the industry as it is today. The development of the process brings big gains when performed with a disciplined focus preventive. It is presented in the working model of development based on the Planning Process of Advanced Quality of Product (APQP) and its tools, as well as the already established models and data discussed by names enshrined within this theme. This work is also shown a case study, which is to strengthen the points discussed in the course of work. Keywords: Development, process, ISO / TS 16949.

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Máquina a vapor......................................................................................... 17

Fig. 2 - Frederick W. Taylor.................................................................................... 22

Fig. 3 - Henry Ford………………………………………………………………………. 24

Fig. 4 - Ford modelo T………………………………………………………………….. 26

Fig. 5 - Ciclo PDCA……………………………………………………………………… 29

Fig. 6 - Philip Crosby……………………………………………………………………. 35

Fig. 7 - Organização proporcionada pelo 5S’s e da motivação.............................. 41

Fig. 8 - Esquema Toyota , produzir um carro de qualidade, no sistema JIT, sem

estoque....................................................................................................................

42

Fig. 9 - Partes do modelo japonês.......................................................................... 43

Fig.10 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo.... 47

Fig. 11 - As cinco fases do APQP........................................................................... 49

Fig. 12 - Cabeçalho de um FMEA de Processo...................................................... 53

Fig. 13 - Cronograma de APQP.............................................................................. 61

Fig. 14 - Corte incorreto na parte superior.............................................................. 66

Fig. 15 - Corte incorreto na parte inferior................................................................ 66

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Acontecimentos Marcantes da Primeira Revolução Industrial ............. 19

Quadro 2: Evolução da Segunda Revolução Industrial.......................................... 26

Quadro 3: Entradas e Saídas da terceira fase do desenvolvimento....................... 50

Quadro 4: Modelo de Matriz de Características..................................................... 52

LISTA DE SIGLAS

ISO - International Organization for Standardization

TS - Technical Specification

AIAG - Automotive Industry Action Group

IATF - International Automotive Task Force

SMMT - Society of Motor Manufacturers and Traders

FIEV - Fédération des Industries des Équipements pour Véhicules

CCFA - Comité des Constructeurs Français d´Automobiles

ANFIA - Associazone Nazionale Fra Industrie Automobilistiche

IAOB - International Automotive Oversight Bureau

APQP - Advanced Planning Quality Product

FMEA - Failure Mode and Effects Analysis

PPAP - Production of Part Approval of Process

STP – Sistema Toyota de Produção

VDA - Verbrand der Automobilindustrie

EAQF - Evaluation Aptitude Qualité Fournisseur

AVSQ - ANFIA Valutazione Sistemi Qualità

IMDS – International Material Data System

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

1.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16

1.2 Objetivo Específico .............................................................................................. 16

1.3 Metodologia ......................................................................................................... 16

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO .......................... 17

2.1 Primeira Revolução Industrial .............................................................................. 17

2.1.1 A Revolução Industrial na Inglaterra ................................................................ 18

2.2 Segunda Revolução Industrial ............................................................................. 20

2.2.1 O Taylorismo .................................................................................................... 21

2.2.2 O Nascimento do automóvel ............................................................................ 23

2.2.3 Henry Ford e a linha de montagem .................................................................. 24

2.3 Qualidade e a excelência organizacional ............................................................ 27

2.3.1 Os gurus da Qualidade..................................................................................... 28

2.3.1.1 W. Edwards Deming ...................................................................................... 28

2.3.1.2 Joseph Moses Juran ..................................................................................... 33

2.3.1.3 Philip Crosby ................................................................................................. 34

2.3.1.4 Armand V. Feigenbaun .................................................................................. 36

2.3.1.5 Kaoru Ishikawa .............................................................................................. 37

2.4 Sistema Toyota ................................................................................................... 39

2.5 Sistema de Gestão ISO/TS 16949 ...................................................................... 44

3. APLICAÇÕES ....................................................................................................... 46

3.1 ISO TS 16949:2002 e os requisitos de desenvolvimento .................................... 46

3.1.1 Desenvolvimento do Processo Segundo o APQP ............................................ 49

3.1.1.1 Terceira Fase ................................................................................................ 50

3.1.1.2 Quarta Fase .................................................................................................. 54

3.1.1.3 Quinta Fase ................................................................................................... 56

4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 58

4.1 Objetivo ............................................................................................................... 58

4.2 Metodologia ......................................................................................................... 58

4.3 Primeira Fase: Planejamento do desenvolvimento ............................................. 60

4.3.1 Dados de saída da primeira reunião ................................................................ 60

4.4 Segunda Fase: Projeto e desenvolvimento do Processo .................................... 62

4.4.1 Saídas da fase dois .......................................................................................... 62

4.5 Terceira Fase ...................................................................................................... 64

4.5.1 Saídas da terceira fase ..................................................................................... 64

4.6 Quarta Fase ........................................................................................................ 65

4.7 Resultados .......................................................................................................... 68

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 69

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 72

15

1. INTRODUÇÃO

As indústrias em geral possuem a necessidade de redução de

custos de produção para que o negócio se torne rentável neste mercado concorrido

onde o preço é fundamental para que vença a concorrência. Desta forma as

indústrias automobilísticas viram – se diante de um desafio ainda maior, por

exigência das próprias montadoras, que desejam cada vez mais reduzirem seus

custos, o desafio de reduzir preço e ainda a capacidade de desenvolver produtos,

além da certificação ISO TS 16949. Portanto, o importante é demonstrar a

capacidade de desenvolvimento e ainda reduzir preço gradativamente, um grande

desafio para as indústrias brasileiras, que devem dentro de certo tempo, adaptar-se

ao desenvolvimento e as exigências das montadoras. Assim, o desenvolvimento do

processo ganhou um papel importante neste item, um bom desenvolvimento do

processo é importante para evitar que possíveis problemas venham acontecer num

futuro próximo e garantir que o lucro da empresa permaneça inalterado, e que

mudanças possam ocorrer para aumento deste lucro (DIAS, 2005 p.11).

As indústrias automotivas não possuem um bom desenvolvimento de

processo, e quando possuem a certificação ISO TS 16949 não adotam seus

requisitos e as ferramentas de desenvolvimento de processo e de melhoria como

filosofia de trabalho (SILVA, 2007 p.51).

Através de um desenvolvimento de processo com foco preventivo e

através de um trabalho de planejamento robusto e de forma estratégica, com maior

participação da alta direção e adoção dos requisitos e ferramentas como filosofia de

trabalho há de se melhorar o resultado do processo tanto a nível de custo (de

refugo, retrabalho, etc.) quanto a nível de qualidade.

A escolha do tema surgiu da observação na dificuldade das indústrias

automotivas em atenderem as exigências das montadoras e requisitos da ISO TS

16949:2002 e ainda conseguirem resultados para própria organização através da

realização dos estudos necessários por meio do desenvolvimento de processo.

Dentre os ganhos com a filosofia de desenvolver o processo de uma

maneira mais robusta, está a diminuição dos custos, melhoria dos preços e

16

conseqüentemente ganho de um maior mercado. Além da satisfação do cliente com

o produto e serviço fornecido.

1.1 Objetivo Geral

Demonstrar a necessidade da indústria automotiva melhorar seu

planejamento do processo através de uso de ferramentas e certificar-se ISO TS

16949 de forma a adotá-la como filosofia.

1.2 Objetivo Específico

Demonstrar que falhas no desenvolvimento do processo a nível de

equipe multidisciplinar, controle de processo, planejamento adequado do

ferramental, experiências anteriores, planejamento das atividades de acordo com o

tempo, retroalimentação para melhoria e ações preventivas, entre outros influenciam

diretamente nos resultados e satisfação do cliente, assim como a certificação ISO

TS 16949 não traz resultados se tratada como apenas a nível contratual, mas sim

ser a um nível filosófico, uma proposta de trabalho.

1.3 Metodologia

Para a realização deste trabalho será utilizado o método dedutivo,

utilizando-se de pesquisas bibliográficas, em livros, revistas técnicas, sites

especializados e trabalhos acadêmicos dedicados ao assunto de maneira a fornecer

um panorama dos parâmetros de ensaio. Também serão utilizados os manuais de

Referência da AIAG (Automotive Industry Action Group).

17

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO

2.1 Primeira Revolução Industrial

Segundo Oliveira (2004, p. 84), a Europa da segunda metade do

século XVIII foi marcada por profundas mudanças econômicas e sociais. A história

da indústria e do processo passa pela Revolução Industrial, que teve início na

Inglaterra do Século XVIII, diversos são os motivos pelo qual esta Revolução iniciou-

se.

Segundo Botelho (2007), A invenção da máquina a vapor em 1712 foi

uma das principais evoluções do começo da Revolução Industrial, esta afirmação

refere-se à substituição da tração por força animal pelo motor a vapor, possibilitando

o desenvolvimento dos transportes, onde utensílios de um local podiam ser

transportados para outro. Desta forma, pode-se citar a primeira fase da Revolução

Industrial como da revolução do vapor, que utilizava-se como principal fonte de

energia, o carvão. A figura 1 apresenta a máquina a vapor.

Figura 1 – máquina a vapor

Fonte: Museu Física da Universidade de Coimbra (2008).

18

Segundo Oliveira (2004, p. 85), Esta primeira fase é marcada pela

invenção do motor a vapor por Thomas Newcomen em 1711 e aperfeiçoada por

James Watt em 1760, possibilitando a instalação dos moinhos em outras localidades

distantes das margens dos rios e que facilitou a criação de máquinas de produção a

qual deu origem ao sistema fabril, onde a força humana e da água agora podia ser

substituída com a inserção de máquinas. Este sistema fabril exigiu um novo

conceito, o de organização do trabalho de forma lógica para a produção de produtos.

Com a publicação do livro “A riqueza das Nações” de Adams Smith (1776), no qual

demonstrava os benefícios da divisão e da especialização da mão - de - obra, a não

intervenção do governo na economia, livre comércio e liberdade aos empresários,

esta necessidade ficou mais clara e num todo histórico facilitou o início do processo

de produção (DIAS, 2005).

Ainda na primeira fase da Revolução Industrial, existem eventos de

grande importância para o conhecimento da indústria como ela é hoje, cita-se a

invenção do conceito de peças intercambiáveis por Eli Whitney em 1790, e aplicação

do conceito de tolerância, o desenvolvimento da indústria têxtil, uma indústria de

grande destaque na primeira fase da Revolução Industrial, a utilização da luz a gás

possibilitou o trabalho em jornadas de trabalhos mais longas, entre outros fatores

(DIAS, 2005).

2.1.1 A Revolução Industrial na Inglaterra

Segundo Oliveira (2004, p. 85), A Revolução Industrial foi

desenvolvida primeiramente na Inglaterra, seu grande diferencial que proporcionou

este desenvolvimento antecipado aos outros países estava no contato comercial

com suas colônias, que possibilitou aos ingleses acumularem capital, do qual

facilitou o crescimento de sua produção interna, assim como o investimento em

desenvolvimento de novas tecnologias, aliada ao motor a vapor, o ferro como

matéria prima e o carvão como energia.

Peinado e Graeml (2007, p. 56) citam alguns avanços da primeira

Revolução Industrial e seus responsáveis, como o indicado no quadro 1:

19

1767

James Hargreaves - Invenção da primeira máquina de fiar A máquina consistia em diversos fusos dispostos verticalmente e movidos

por uma roda, além de um gancho que segurava diversos novelos.

1776

Adam Smith - Introdução de uma nova doutrina econômica Como citado anteriormente, em sua célebre obra “A riqueza das nações”

Smith advogava que o governo não precisava intervir na economia. Ele

achava que, se os empresários tivessem liberdade de procurar seus próprios

interesses, o mercado produziria bens na quantidade e no preço que a

sociedade esperasse que atuaria adequadamente se não houvesse

impedimento ao livre comércio.

1776 James Watt - Aperfeiçoamento do motor a vapor O aperfeiçoamento do motor a vapor de Watt permitiu o seu uso prático na

indústria. Instalada, inicialmente, em fábricas de artefatos de ferro, a

máquina a vapor foi o fator importante que realmente disparou a revolução

industrial, mecanizando tarefas anteriormente manuais

1790 Eli Whitney - Criação do conceito da utilização de peças intercambiáveis O intercâmbio de peças foi primeiramente aplicado na fabricação de

mosquetes (rifles) vendidos ao exército americano, mas acabou permitindo o

processo de produção em massa, com estações de trabalho e fluxo

ininterrupto de produção nas mais diversas indústrias. Whitney talvez seja

mais conhecido pela invenção da Cotton gin, uma máquina de

processamento de algodão, que aumentou a produtividade da indústria têxtil,

incentivando as plantações de algodão no sul dos Estados Unidos.

1822 Charles Babbage - Criação da primeira calculadora mecânica A primeira calculadora mecânica foi criada por Babbage. Depois disto,

Babbage desenvolveu a idéia do “motor analítico”, que serviu de base para

as implementações dos computadores eletrônicos, mais de um século

depois, quando, finalmente, a IBM conseguiu desenvolver a tecnologia

necessária para colocar em prática os conceitos do inventor inglês. Em seu

livro On the economy of machinery and manufactures, lançado em 1832,

Babbage fornece idéias revolucionárias de administração da produção, que

também vieram a ser exploradas no século seguinte.

Quadro 1: Acontecimentos Marcantes da Primeira Revolução Industrial

Fonte: Peinado e Graeml (2007, p. 56).

20

A primeira Revolução Industrial contribuiu em muito na evolução dos

processos de produção, o que antes era produzido em casa pelo artesão, passou a

ser produzido em sistema fabril, grandes invenções enriqueceram esta fase, e a

impulsão da indústria têxtil, possibilitou o avanço de outras indústrias que seguiram o

avanço tecnológico, possibilitou também a abertura do sistema organizado,

desenvolvendo a administração, mesmo de forma ainda rústica, deu abertura a era

produtiva.

Segundo Neto (2005, p. 88), após a derrota de Napoleão, em 1815, e

neutralizada a influência francesa na Europa através da ação da Quádrupla Aliança,

a Inglaterra firmou condições para conquistar a hegemonia política, comercial,

financeira e naval ao longo do restante do século XIX, criando um novo sistema

econômico internacional baseado no livre comércio, bem como na especialização e

na divisão social do trabalho, que passa a funcionar dentro da nova ordem

estabelecida e garantida pela vigência da “Pax Britannica”.

2.2 Segunda Revolução Industrial

Este foi o período em que “a grande mudança” da Revolução Industrial,iniciada na Inglaterra, se espalhou pela Europa, América e Ásia, aumentando a concorrência e proporcionando o desenvolvimento da indústria de bens de produção (PEINADO e GRAEML, 2007, p. 57).

Segundo Peinado e Graeml (2007, p. 57), anteriormente na primeira

revolução industrial o ferro era a matéria prima e o carvão a energia, na segunda

revolução industrial pode-se considerar o aço como a nova matéria prima e a

eletricidade como a mais nova fonte de energia, facilitando a explosão da produção

em massa e a expansão do comércio.

Dentro de muitos fatores que marcaram a segunda revolução

industrial alguns deles são de grande importância para o desenvolvimento do

sentido da organização como ela é hoje, dentre esses fatores pode-se destacar a

máquina automática e da especialização do operário, a intensa transformação dos

meios de transporte e nas comunicações: surge a estrada de ferro, o automóvel, o

avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro consolida-se e surgem as

21

grandes organizações multinacionais (como a Standard Oil, a General Electric, a

Westinghouse, a Siemens, a Dupont, a United States Steel etc.) (PEINADO E

GRAEML, 2007, p. 57).

2.2.1 O Taylorismo

Vale-se citar Frederick Winslow Taylor (1856-1915) que veio a

desenvolver a chamada Escola da Administração Científica, com a preocupação de

aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho dos

operários, Taylor é considerado pai da administração científica, e seu trabalho era

baseado nos problemas ocorridos nos sistemas fabris na época, e divulgou o

conceito de eficiência para a melhoria do sistema de trabalho (DIAS, 2005).

O Sistema de Produção Taylor, uma abordagem sistemática para melhorar a eficiência do trabalhador, empregava os seguintes passos: 1. A habilidade, a força e a capacidade de aprendizagem eram determinadas para cada trabalhador, de forma a colocar as pessoas em funções nas quais pudessem se adaptar melhor. 2. Cronometragens eram usadas para definir com precisão a produção padrão por trabalhador em cada tarefa. O produto esperado em cada tarefa era usado para comparar diferentes métodos de executar as tarefas. 3. Cartões de instruções, roteiros e especificações de materiais eram usados para coordenar e organizar a fábrica, a fim de que os métodos e o fluxo de trabalho pudessem ser padronizados, e os padrões de produção da mão-de-obra pudessem ser satisfeitos. 4. A supervisão foi melhorada através de cuidadosa seleção e treinamento. Taylor apontava freqüentemente que a administração era negligente em executar suas funções. Ele acreditava que a administração tinha de aceitar as responsabilidades de planejamento, organização, controle e determinação de métodos, e não deixar essas importantes funções para os trabalhadores. 5. Sistemas de pagamentos por incentivos foram iniciados para aumentar a eficiência e aliviar dos encarregados sua responsabilidade tradicional de impulsionar os trabalhadores (GAITHNER e FRAZIER, 2001, p. 9 apud DIAS, 2005).

22

A figura 2 apresenta o retrato de Taylor:

Figura 2: Frederick W. Taylor

Fonte: Cencal (2008, p.10).

Segundo Bueno (2007), Taylor foi um dos colaboradores para a

consolidação da Administração em forma de ciência. Mais claramente das ciências

sociais, neste momento a Administração tem por finalidade a tentativa de aplicação

dos métodos da ciência empírica aos problemas gerenciais, com o objetivo de

alcançar uma elevada eficiência na produção industrial. Taylor com sua teoria teve

inúmeros seguidores e provocou uma verdadeira revolução no pensamento

administrativo e no mundo industrial de sua época.

Taylor é de grande importância para os estudos que se direcionam

para a categoria trabalho. Ao contrário de outras abordagens, a Idea da teoria

científica era dar ênfase às praticas administrativas, chamou atenção para a

“problemática” do movimento humano enquanto trabalho. Dessa forma, buscou

racionalizar e metodizar os movimentos do operário, tudo com o objetivo de alcançar

a melhoria das condições de rendimento e o aumento da produtividade.

Ainda segundo Bueno (2007), o taylorismo – tinha por objetivo prático

solucionar os problemas americanos no início do século XX. Os problemas

econômicos por que passavam Taylor chamou a atenção aos grandes desperdícios

e à pequena produtividade norte-americana, que, devido à disparidade de métodos

23

administrativos, não conseguia considerar os problemas reais que envolviam o ato

produtivo.

Na busca da solução, Taylor observou que o trabalho era a chave

para solucionar os problemas. Sem reservas, culpou a “vadiagem no trabalho” como

causa primeira dos desperdícios e dos altos custos das indústrias americanas. Para

Taylor, “O trabalhador vem ao serviço e no dia seguinte, em vez de empregar todo o

seu esforço para produzir a maior soma possível de trabalho, quase sempre procura

fazer menos do que pode realmente e produz muito menos do que é capaz.

Segundo Botelho (2007) no decorrer de 1890 o engenheiro Taylor

começou uma série de estudos de processos de trabalho nos quais procurava

encontrar a maneira mais eficiente de realizar tarefas, acabou transformando o

homem em máquina. Mas o que Taylor não considerou foram os danos físicos e

psicológicos que tais atividades tão repetitivas causariam aos trabalhadores.

2.2.2 O Nascimento do automóvel

Segundo Peinado e Graeml (2007, p. 58) Pode-se dizer que o

surgimento do automóvel foi uma coincidência do acaso e do destino, pois Gottlieb

Daimler e Karl Benz sofreram muito com seus inventos. Na época surgiram críticas

pesadas e houve muitas perseguições nas cidades em que trabalhavam. O jornal

Connstatter Zeitung, em 1885, escreveu duras queixas contra o triciclo e o motor

que Daimler estava testando pelas ruas de Connstatt. Eles defendiam que aquele

invento era diabólico, repugnante e muito perigoso para a vida e o bem estar dos

cidadãos, e assim, solicitaram uma enérgica e drástica intervenção dos policiais e

autoridades locais. Daimler, apesar de todas essas perseguições, angústia e mágoa,

não desistiu. Continuou sua pesquisa e testes com o triciclo. Concentrou-se ainda

nas pesquisas de seu barco, o “Marie”.

Segundo Peinado e Graeml (2007, p. 58), quando Daimler foi fazer

seus testes em um rio próximo, acabou disfarçando o barco com muito arame, fios,

diversos isolantes e caixas que não serviam para nada. Disse a todos os curiosos

que se tratava apenas de um barco movido a eletricidade. Só após o sucesso do

24

teste Daimler revelou a verdade e ganhou a batalha psicológica de seus

concorrentes. No mesmo período, Karl Benz era vítima também de um violento

ataque de jornalistas e outros inimigos. Mannheimer, um conhecido jornalista,

descreveu o invento de Benz como indecente e como uma ameaça a toda a

sociedade. “Quem seria o louco interessado em adquirir um invento (a carruagem

sem cavalos de Benz) que ocuparia espaço, sem qualquer segurança e conforto,

uma vez que havia centenas de cavalos a venda, algo bem mais útil ao homem da

região?”. Através de duras críticas, Benz pensou em desistir, mas sua esposa

insistiu para que não desistisse, de forma que Benz trabalhava naquele projeto há

muito tempo. Em 1888, alguns camponeses e fazendeiros assustados viram um dos

veículos de Benz avançar ao meio da estrada cheia de buracos levantando leve

poeira. O veículo era dirigido por um de seus filhos, acompanhado por Benz, a

esposa e seu outro filho. Contudo, Benz ganhou confiança e acabou convencendo

até seus inimigos. Por volta de 1875, mais de dois mil motores tinham sido vendidos

em toda Europa.

2.2.3 Henry Ford e a linha de montagem

A Figura 3 apresenta o retrato de Henry Ford:

Figura 3: Henry Ford

Fonte: Wikipedia (2008).

25

Henry Ford (1863-1947) trabalhou como mecânico de automóveis,

vindo depois a ser um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo. No final do

século XIX, a indústria estava em um novo nível tecnológico e econômico, e Ford em

abril de 1913, em sua fábrica em Detroit, utilizou segundo Dias (2007) da

Administração Científica, pois ele foi entre todos os empresários da época o que

mais acreditou e utilizou essa Filosofia de trabalho. No início do século XX, na Ford

Motor Company ocorre o ápice da Administração Científica com o projeto de Henry

Ford do Modelo T para ser fabricado em linhas de montagem. Essas linhas de

montagem reúnem todos os fundamentos dessa Filosofia de trabalho, os quais são a

produção em massa, baixos custos de manufatura, desenhos de produtos

padronizados, linhas de montagem mecanizadas, especialização da mão-de-obra e

peças intercambiáveis de seus conceitos de produção, conseguindo reduzir, de

maneira relevante, os custos na produtividade. Ford elaborou um novo perfil de

produção. Os trabalhadores já não eram mais os únicos atores “privilegiados” da

produção. Ford introduziu o consumidor, entendendo ser este todo aquele ator

produtivo que, de uma forma ou de outra, compartilha a produção. Dessa forma, o

marco do fordismo seriam as relações entre o operário, o empregador e o

consumidor. Para ele, o trabalho industrial tinha como chave a produção –

representada pelo empregador e pelo operário – e o consumo – representado pelo

público consumidor (BUENO, 2007).

O valor dado a essas relações tinha por pressuposto básico o

“trabalho para a coletividade”. Essa concepção levou Ford a buscar uma maior

produtividade, no intuito de atender o mercado consumidor. A inovação-chave

proposta por ele foi o trabalho repetido e em série.

Ford introduziu então a produção que se movimentava. A finalidade

era levar o objeto de trabalho até o operário, não precisando que esse se

deslocasse em direção ao objeto produzido. Essa mudança permitiu reduzir o

esforço humano na montagem e aumentar a produtividade, diminuindo os custos

proporcionalmente à elevação do volume produzido.

Além disso, os seus carros eram projetados visando uma maior

facilidade em sua construção e manutenção, sem precedentes na história das

indústrias (Ford 1926) (BUENO, 2007).

26

Assim o carro que antes era exclusividade de alguns felizardos que

podiam pagar pela encomenda, agora podia ser difundido em outras classes sociais,

e numa escala muito maior, o que mudou a história da indústria automobilística e da

administração como um todo. A Figura 4 apresenta o Ford T.

Figura 4: Ford modelo T

Fonte: Cencal (2008, p.13)

O Quadro 2 organiza os seguintes acontecimentos neste período de

revolução industrial:

1911 Frederick WinslowTaylor - Escola da administração científica

O trabalho de Taylor, nascido na Pensilvânia nos Estados Unidos, tinha como objetivo principal desenvolver princípios e técnicas para resolver os problemas advindos da intensa escala de industrialização. Taylor concentrou-se na análise da administração de tarefas. Em decorrência do seu trabalho, Taylor é comumente chamado de “o pai da administração científica”.

1912 Frank e Lillian Gilbreth - Estudos dos movimentos e da psicologia industrial.

O casal norte-americano trouxe importantes contribuições para a administração científica, abordando o estudo dos movimentos, da fadiga e da psicologia da administração.

1912 Henry Gantt - Gráfico de Gantt para programação de atividades.

27

Entre as várias contribuições de Henry Gantt, a mais popular e de uso mais generalizado é o que se convencionou chamar de gráfico de Gantt, que ainda é a ferramenta de programação de tarefas mais utilizada pelos administradores. Trata-se de uma ferramenta simples, que se baseia no uso de barras horizontais para mostrar quais tarefas podem ser executadas simultaneamente ao longo da vida de um projeto. As atividades são listadas na vertical, as datas na horizontal e sua duração é representada pelo comprimento das barras, que podem mostrar o desempenho atual comparado com o planejado.

1913 Henry Ford - Criação da primeira linha de montagem móvel.

Seguindo a idéia da linha de montagem móvel, proposta por Ford, o produto em processo desloca-se ao longo de um percurso, enquanto os operadores ficam parados. Essa inovação no processo produtivo trouxe conseqüências espantosas para a produção, maximizando as vantagens da economia de escala. Na lógica de Ford, típica de um momento da história das organizações em que a demanda era muito superior à oferta, quanto mais automóveis fossem produzidos, menor seria o custo unitário. 1916 Henry Fayol - Escola clássica da administração Fayol, engenheiro francês, publicou o livro "Administração geral e industrial", em que formulou uma teoria geral de administração que podia ser ensinada. Sua abordagem se concentrou na análise da administração das funções da organização. Os elementos da administração descritos por ele, como planejamento, organização, liderança, coordenação e controle, ainda são os parâmetros válidos para as modernas teorias da ciência da administração.

Quadro 2: Evolução da Segunda Revolução Industrial

Fonte: Peinado e Graeml (2007, p. 59)

2.3 Qualidade e a excelência organizacional

Desde “A Máquina que Mudou o Mundo” (Womack et alii, 1992) as ferramentas e métodos desenvolvidos e aplicados no modelo japonês, divulgados a partir do caso do Sistema Toyota de Produção (STP), têm produzido grande esforço por parte de empresários e acadêmicos para sua compreensão e aplicação. De fato, os resultados alcançados pelas empresas japonesas, depois de estarem praticamente arruinadas em 1946, conseguindo o posto de segunda economia industrial mundial já na década de 70, impressionou de forma definitiva a mídia vinculada à área de gestão e negócios (PIRES, 2004, p.01).

Segundo Peinado e Graeml (2007, p. 63), “No início das

organizações industriais, a abordagem dos aspectos da qualidade tinha caráter

predominantemente operacional e corretivo, voltado para a inspeção”, este fator

28

gerou o desenvolvimento de um novo pensamento, que está diretamente

relacionado a identificação e eliminação de qualquer tipo de desperdício.

2.3.1 Os gurus da Qualidade

Segundo Peinado e Graeml ( 2007, p. 63), na década de 70, a

questão da qualidade passou a ser tratada como forte prioridade competitiva. As

práticas modernas da qualidade foram desenvolvidas por contribuições de

personagens, que acabaram por serem conhecidos nos meios empresariais como os

gurus da qualidade.

2.3.1.1 W. Edwards Deming

Segundo Hegedus (2004, p.21) Deming nasceu em Sioux City, Iowa

dia 14 de outubro de 1900, Deming trabalhou em sua infância para auxiliar os pais,

então fazendeiros. Pluma Irene Edwards sua mãe , estudou em São Francisco e

tocava música e seu pai, William Albert Deming, estudou leis e matemática,

enfatizavam a importância de estudar e assim Deming o fez, entrando em 1917 para

a Universidade do Wyoming em 1921 em engenharia elétrica, obteve o título de

mestre em 1925 na Universidade do Colorado, em 1928 o doutoramento em Yale,

ambos em matemática e física matemática. Trabalhou na Western Electric

Company, atuou como professor na Universidade do Colorado e em Yale, e desde

1927 no Departamento de Agricultura Norte Americano, sendo posteriormente

transferido para o Serviço de Censo Norte Americano, desenvolveu diversas

abordagens estatísticas na área. Convidado pela JUSE em 1950 após o lançamento

de seu livro no Japão “Elementary principles of quality control and statistics”, realizou

11 viagens ao Japão no período, sendo considerado um dos marcos no processo de

melhoria da qualidade daquele país. Envolveu-se com a qualidade trabalhando com

Walter Shewart. Acreditando que a qualidade dependia do envolvimento da alta

29

administração, encontrou receptividade dos dirigentes japoneses em suas propostas.

A ele é atribuído o mérito de ser o grande divulgador das idéias da qualidade junto

aos japoneses. Faleceu em 1994 (HEGEDUS, 2004, p. 21).

Ainda segundo Hegedus (2004), Deming organizou 14 princípios

básicos para o alcance do sucesso, sendo eles:

1) Constância de propósitos para a melhora do produto e do serviço:

- Inovar. Alocar recursos para planejamento de longo prazo;

- Alocar recursos para pesquisa e formação;

- Melhorar, constantemente, o projeto do produto e do serviço. Esta obrigação não

cessa jamais;

- O consumidor constitui o elo mais importante da linha de produção;

-Existem dois problemas os de hoje e os de amanhã.

Desenvolveu desta forma o ciclo de PDCA, como o apresentado na figura 5:

Figura 5: Ciclo PDCA

Fonte: Hegedus (2004, p. 22).

2) Adote a nova filosofia - há uma nova era na administração. Não pode continuar

tolerando os níveis de erros, falhas, materiais, métodos antiquados etc.

30

3) Cessar a dependência da inspeção em massa :

-Uma rotina de inspeção em 100% para aprimorar a qualidade equivale a planejar

defeitos, reconhecendo que o processo não está capacitado a satisfazer às

especificações;

- A inspeção em massa, não é confiável, é custosa e ineficiente;

-Os inspetores tendem a não concordarem entre si enquanto seu trabalho não for

submetido a um controle estatístico;

-A inspeção de pequenas amostras do produto, estabelecendo quadros de controle

para obter ou manter um controle estatístico, pode constituir um trabalho

profissional. Os inspetores do fornecedor e do cliente passam a ter tempo de

comparar seus instrumentos e testes, aprendendo a falar a mesma linguagem.

4) Acabe com a prática de comprar apenas com base no preço - o preço não tem

sentido sem uma medida da qualidade que está sendo adquirida. Sem dispor de

medidas adequadas de qualidade, os negócios tendem a ser feitos com quem

oferecer o orçamento mais baixo, e o resultado inevitável é baixa qualidade e custo

elevado.

5) Encontre os problemas do sistema para uma constante melhoria - É

responsabilidade da gerência em melhorar constantemente o sistema de produção e

serviço. Todo produto deve ser encarado como parte de um todo: há uma única

chance de sucesso total. A qualidade desejada começa com a intenção, que é

determinada pela direção. O simples desembolso de grandes quantias em

investimentos não trará qualidade. Não há nada que substitua o conhecimento. Mas

a perspectiva de empregar o conhecimento gera o medo.

6) Institua o treinamento - O treinamento tem de ser totalmente remodelado. A

administração necessita de treinamento para aprender a conhecer a empresa, desde

o recebimento de materiais até o cliente. Um problema central é a necessidade de

compreender e saber avaliar a variabilidade. Deve-se dar ênfase ao treinamento em

serviço.

31

7) Use modernos métodos de liderança:

-A função da administração não é supervisionar, e sim liderar. A administração deve

trabalhar as fontes de melhora, o que se tem intenção de obter em termos de

qualidade do produto ou do serviço e a tradução desta intenção para o projeto e

produto final. O enfoque nos resultados tem de ser abolido e substituído por

liderança;

-Remova as barreiras que impedem o empregado de executar seu trabalho,

orgulhando-se de sua capacidade profissional. Os líderes devem conhecer o

trabalho que supervisionam.

8) Afaste o medo - ninguém pode dar o melhor de si a menos que se sinta seguro,

portanto sem preocupação, sem cuidado ao exprimir idéias, sem temor de fazer

perguntas. O medo assume muitas facetas. Um denominador comum do medo, sob

qualquer forma e em qualquer lugar, é a perda resultante do desempenho reprimido

e cifras "arranjadas".

9) Rompa as barreiras entre os diversos setores da empresa - o pessoal de

pesquisa, projetos, aquisição de insumos, vendas e recebimento de materiais têm de

conhecer os problemas enfrentados com os diversos materiais e especificações na

produção e na montagem. Por que não conhecer melhor o cliente? Por que não

passar um tempo na fábrica, observar os problemas, ouvir o que os operários têm a

dizer a respeito?

10) Eliminar "slogans", exortações e metas:

-Elimine as metas, os "slogans", as exortações e os cartazes incentivando-os a

aumentar a produtividade. Os quadros e cartazes não levam em conta o fato de que

a maior parte dos problemas provém do sistema;

-Objetivos são necessários a todos, mas objetivos numéricos definidos para terceiros

sem nenhuma indicação de como chegar lá, produzem efeitos contrários aos

desejados.

11) Elimine as quotas numéricas para a mão de obra:

32

-Quotas numéricas para o empregado horista são, por vezes, denominadas trabalho

diário medido; e também coeficientes, ou padrões de trabalho;

-Os coeficientes de produção são freqüentemente determinados para o trabalhador

médio;

-Naturalmente, metade deles estará acima da média, e outra metade abaixo. O que

acontece é que a pressão dos colegas mantém a metade superior atendendo o valor

mínimo do coeficiente desejado, e não mais. O resultado é a perda, caos,

insatisfação e rotatividade;

-Uma quota é uma fortaleza contra a melhoria da qualidade e da produtividade. Uma

quota é totalmente incompatível com uma melhoria contínua. A intenção de aplicar

um padrão de trabalho é digna: prever custos; definir um teto de custos. O efeito real

é dobrar os custos de operação, e sufocar a auto-realização;

-Padrões de trabalho, pagamento de incentivos, e trabalho pago por peça são

manifestações da incapacidade de compreender e de proporcionar uma chefia

apropriada;

-Elimine também os objetivos numéricos ao pessoal da administração, pelas

mesmas razões expostas anteriormente. Objetivos são necessários desde que todos

saibam como chegar às metas propostas, e que estas sejam alcançáveis.

12) Remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho pelo trabalho bem

executado:

-Essas barreiras devem ser removidas para dois grupos de pessoas. Um constituído

pelos administradores e pelos funcionários mensalistas, o outro formado pelo

pessoal horista;

-Como pode alguém se realizar profissionalmente se não tem certeza sobre o que

constitui um trabalho aceitável e o que não o é, e não tem como descobrir. Certo

ontem, errado hoje. Afinal qual a tarefa?

-A possibilidade de realização profissional é algo mais significativo do que a

existência de benefícios quaisquer.

13) Estimule a formação e o auto-aprimoramento de todos - uma organização não

precisa apenas de gente boa; precisa de gente que vai se aprimorando sempre

através de formação adequada.

33

14) Tome iniciativa para realizar a transformação - a administração deverá assumir e

enfrentar cada um dos 13 princípios acima. Deverá repassar diariamente cada um

dos 13 princípios.

2.3.1.2 Joseph Moses Juran

Segundo Hegedus (2004), Joseph Moses Juran nasceu na cidade de

Braila, atual Romênia, dia 24 de dezembro de 1904. Seu pai Jakob Juran, imigrou

sozinho para os Estados Unidos da América em 1909, trazendo a família três anos

mais tarde para Minneapolis. Juran, desde pequeno trabalhou em diversas

atividades, mas era brilhante e apesar de diversas dificuldades financeiras da

família, entrou para a Universidade de Minnesota em 1920, onde foi campeão de

xadrez, e formou-se em engenharia elétrica em 1924. Formou-se em advocacia em

1936 na Loyola University. Contratado em seguida como inspetor da qualidade pela

Western Electric, em Hawthorne, Chicago, era apenas um entre mais de cinco mil

inspetores teve uma brilhante carreira, atingindo em 1937 a posição de responsável

pela área industrial de Western Electric em Nova York. Em 1926, Walter Shewart,

Don Quarles e Georges Edwards, junto com Walter Bartky, implantaram em

Hawthorne as metodologias de controle estatístico desenvolvidos nos laboratórios da

Bell. Juran foi escolhido como um dos vinte trainees e posteriormente como um dos

dois engenheiros do recém formado Departamento de Inspeção Estatística. Lançou

seu primeiro documento sobre o assunto qualidade em 1928, na forma de um

panfleto interno da ATT com o título Statistical Methods Applied to Manufacturing

Problems. Propôs em fins da década de 1930 o conceito atualmente conhecido

como gráfico de Pareto. Em dezembro de 1941 foi para Washington e em 1945

deixou a Western Electric, iniciando sua carreira como consultor. Em 1951 lançou

seu Quality control handbook , em 1999 foi lançada a quinta edição deste livro. Em

seguida esteve no Japão proferindo palestras aos japoneses sobre qualidade. É um

dos mais respeitados escritores na área da qualidade, com uma grande quantidade

de publicações.

34

Ainda segundo Hegedus (2004), Dentre seus muitos conceitos,

destaca-se:

1) Planejar a qualidade: é a atividade de desenvolvimento de produtos, de processos

e de serviços que atendam as necessidades dos clientes (externos ou internos).

Passa pelas seguintes fases principais:

- Determinar quem são os clientes;

- Determinar suas necessidades;

- Desenvolver produtos ou serviços que atendam essas necessidades;

- Desenvolver processos capazes de atender essas características;

- Transferir o processo e o projeto ao pessoal operacional.

2) Controlar a Qualidade é a atividade que acompanha e verifica que o processo e o

produto ou serviço, atendem aos parâmetros estabelecidos pelas especificações.

Passa pelas seguintes fases:

1ª) Avaliar o desempenho atual. A conformidade às especificações;

2ª) Comparar os valores medidos aos especificados;

3ª) Agir em relação às diferenças.

3) Melhoria da qualidade é o esforço em alcançar e manter os níveis da qualidade

obtidos, níveis significativamente melhores que os historicamente alcançados.

Podemos detalhá-la como abaixo:

Provar a necessidade de melhoria;

Identificar um projeto específico para isso;

Organizar-se para administrar o projeto.

2.3.1.3 Philip Crosby

Qualidade não custa dinheiro. Embora não seja dom, é gratuita. Custam dinheiro as coisas desprovidas de qualidade – tudo o

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que envolve a não execução correta, logo de saída, de um trabalho (CROSBY apud HEGEDUS, 2004, p. 29).

Philip Crosby nasceu em Wheeling, nos EUA em 18 de junho de

1926. Sua carreira profissional teve início na área de qualidade em 1952 após ter

servido na 2ª Guerra Mundial e ter estudado medicina. Crosby começou sua carreira

trabalhando na linha de montagem onde decidiu que seu objetivo seria ensinar a

gerência das empresas que a prevenção de problemas é mais rentável que ser

competente em resolvê-los depois que ocorreram. Trabalhou na Croley entre 1952 e

1955, na Martin-Marietta entre 1957 e 1965 e na ITT entre 1965 e 1979. Foi como

Gerente de Qualidade na Martin-Marietta, onde criou o conceito de "Zero Defeitos".

Enquanto exercia a função de Vice Presidente na ITT Corporation, responsável pela

qualidade da empresa em todo o mundo teve a oportunidade de implementar sua

filosofia de gestão em diversas organizações industriais e de prestação de serviços e

comprovou que funcionava perfeitamente em todas elas.

(PHILIP CROSBY ASSOCIATES, 2008)

A figura 6 apresenta uma das últimas fotos de Philip Crosby:

Figura 6: Philip Crosby

Fonte: Philipcrosby Associates (2008).

Segundo Daychoum (2008), Crosby citou 4 absolutos:

1º Qualidade significa conformidade com as exigências do cliente;

36

2º Desempenho padrão é o do zero defeito;

3º Qualidade vem da prevenção;

4º Qualidade é medida pelo custo da não conformidade.

O norte-americano Philip Crosby ficou conhecido pelos seus

conceitos de zero defeito e de fazer certo na primeira vez. Em sua opinião, a

qualidade significa cumprir com os requisitos. Na opinião de Crosby as

características para o sucesso dos programas de qualidade são: dedicação e

compromisso da alta administração; confiabilidade na empresa e nos conceitos de

gerenciamento da qualidade; envolvimento de todos; mudança de cultura; prevenção

e não avaliação; filosofia voltada para as pessoas; objetivos comuns; política clara

sem incoerências; integração com fornecedores; reconhecimento pelo trabalho

realizado; participação e padrão de desempenho zero defeito (HEGEDUS, 2004).

2.3.1.4 Armand V. Feigenbaun

É o idealizador do conceito TQC (Total Quality Control), para ele TQC

é um sistema efetivo para integrar os esforços para desenvolver, manter e melhorar

a qualidade de vários grupos na organização, e assim tornar possíveis os mais

econômicos níveis de produção e serviços permitindo a plena satisfação do cliente.

Nasceu em 1922, e lançou seu famoso livro TQC em 1951, ano de seu doutorado

em ciências no MIT – Massachusetts Institute of Technology. Trabalhou na General

Electric – GE durante muitos anos chegando a diretor mundial de produção desta

empresa em 1958. Em 1968 fundou sua empresa de consultoria, a General

Systems. É considerada sua a primeira proposta sistemática de divisão dos custos

da qualidade em prevenção, avaliação, falhas internas e externas. Membro

honorário da ASQ – American Society for Quality (HEGEDUS, 2004).

Segundo Hegedus (2004), Um programa de TQC pode ser dividido

em 10 subsistemas:

37

1- Avaliação da qualidade de pré-produção;

2- Planejamento da qualidade de produto e processo;

3- Avaliação e controle do material comprado;

4- Avaliação e controle do produto e processo;

5- Realimentação da informação sobre qualidade;

6- Informação da qualidade do equipamento;

7- Treinamento, orientação e desenvolvimento da mão de obra em qualidade;

8- Serviço de pós-produção;

9- Gerenciamento da função qualidade;

10- Estudos especiais sobre qualidade.

2.3.1.5 Kaoru Ishikawa

Segundo Hegedus (2004), é o mais conhecido especialista japonês

na área da qualidade, teve essencial participação no desenvolvimento da qualidade

no Japão. Um dos criadores dos famosos Círculos de Controle da Qualidade. Foi o

criador do diagrama de Causa e Efeito, que também leva seu nome. Criou o conceito

de Controle da Qualidade Amplo Empresarial. Nasceu em 1915, e formou-se

químico 1939 pela Universidade de Tóquio. Trabalhou incansavelmente pela

melhoria da qualidade no Japão. Criou o conceito CWQC – Company Wide Quality

Control. Foi um dos criadores das hoje conhecidas sete velhas ferramentas da

qualidade, agrupando propostas feitas por outros especialistas da qualidade.

Faleceu em 1986.

Ferreira (2005) lista as sete ferramentas da qualidade na seguinte

forma:

Folha de Coleta de Dados - Quando necessitar colher dados

baseados em observações amostrais com o objetivo de definir um modelo.

38

Diagrama de Pareto - Quando for necessário ressaltar a importância

relativa entre vários problemas ou condições.

Estratificação - Quando é necessário quebrar uma representação em

categorias ou classes mais significativas a fim de direcionar as ações corretivas ou

pesquisar oportunidades de melhoria.

Diagrama de Causa e Efeito - Quando necessitar identificar, explorar

e ressaltar todas as causas possíveis de um problema ou condição específicos.

Histograma - Quando necessitar encontrar e mostrar uma

distribuição de dados por gráfico de barras com certo número de unidades por cada

categoria.

Diagrama de dispersão - Quando necessitar visualizar o que

acontece com uma variável quando outra variável se altera, para saber se as duas

estão relacionadas e o tipo de correlação.

Gráfico de controle - Quando necessitar visualizar o quanto da

variabilidade do processo é devido à variação aleatória e quanto é devido a causas

comuns / ações individuais, de modo a determinar se o processo está sob controle

estatístico.

Segundo Hegedus (2004), Ishikawa fez as seguintes afirmações:

Qualidade primeiro, depois o lucro;

Orientar-se para o cliente, não para o produto;

O próximo no processo é seu cliente;

Quebre as barreiras entre áreas;

Use fatos e dados para fazer apresentações. Use métodos estatísticos;

Respeito à humanidade como filosofia gerencial. Participação gerencial plena;

Gerencie as interfaces do processo.

39

Citar os gurus da qualidade na verdade é descrever a evolução da

qualidade e dos processos de produção no decorrer das 4 eras citadas por Secchis

(2004), como sendo:

1ª Era - Inspeção (Fim do séc. XVIII e principio do séc. XIX);

2ª Era - Controle Estatístico da Qualidade (Década de 30 até meados da década de

40);

3ª Era - Garantia da Qualidade (entre as décadas de 1950 e 1960 );

4ª Era - Gestão da Qualidade Total (da década de 1970 até os dias de hoje).

2.4 Sistema Toyota

O sistema Toyota de produção foi concebido e sua implementação começou logo após a Segunda Guerra Mundial. Mas a atenção do Japão e do resto do mundo só se voltou para a nova técnica a partir de 1973, quando conceitos como o kanban e o just-in-time passaram a ser adotados por empresas dos mais variados setores, tanto no ocidente como no oriente (PEINADO e GRAEML, 2007, p. 63).

Em meio a muitas transformações no qual os processos de produção

e de qualidade sofreram até por volta da metade do século XX, os produtos

japoneses eram conhecidos como de baixa qualidade e baratos, e não usufruíam da

reputação que têm hoje. Naquela época, a qualidade no Japão era obtida através da

inspeção. Após o termino da Segunda Guerra Mundial, o Japão era um país pobre,

arruinado e totalmente destruído. Possuía apenas um recurso, sua gente, sua

poderosa força humana, que levantou a nação e a colocou no topo do mundo

econômico. Havia um grupo de jovens empresários que queriam se dedicar a

construção de uma nova nação. O mundo conhece as marcas destes empresários:

Nikon, Sony, Toyota, Yamaha, Honda, entre outras, que se tornaram sinônimos ou

benchmarking de qualidade (SECCHIS, 2004).

Ao contrário do Japão, os Estados Unidos viviam uma época de grande prosperidade. Os lucros da guerra e da vitória impulsionaram definitivamente o processo de desenvolvimento industrial americano, que atingia seu auge no modelo de produção em massa. Foi nesta época que os americanos

40

ouviram falar novamente dos japoneses, com o início das primeiras crises do petróleo. Foi uma grande surpresa, quando começaram a aparecer, já em 1967, os primeiros carros japoneses nas ruas de Detroit. De fato, após a primeira crise do petróleo, os produtos japoneses literalmente começavam a sua invasão ao mercado americano (PIRES, 2004, p.3).

Segundo Pires (2004) duas certezas deram inspiração a Taiichi Ohno

para formular a estratégia da Toyota:

1ª o modelo de produção em massa não poderia ser reproduzido no Japão, pois não

havia dinheiro suficiente para sustentar os elevados estoques existentes nestas

empresas. Além disso, o mercado interno não aceitaria a redução no número de

tipos de modelos de veículos em produção e;

2ª O modelo americano, apesar de ser claramente muito eficiente, não era perfeito,

pois contava com mão-de-obra de baixa qualificação e participação, além de não

conseguir produzir com elevada variedade.

Em suma esta estratégia estava baseada em três pontos:

1º Competir com os americanos fazendo carros tão bons quanto os deles;

2º Com o mesmo preço,

3º Uma variedade de modelos maior.

O primeiro problema a ser resolvido pela Toyota foi o tempo de set-

up, motivo que limitava o número de variedades de carros no modelo da produção

em massa, onde este tempo chegava a mais de 8 horas. Por isso que não era

possível à Ford fazer outro modelo de carro. O set-up rápido, para manter-se ao

longo do tempo, precisava de algumas ferramentas de suporte. Surgiu então a

necessidade de desenvolver uma ferramenta para organizar o ambiente de

produção, deixando os funcionários mais disciplinados. Esta ferramenta foi o 5S´s,

desenvolvido no início da década de 50, apresentada na figura 7. Também era

necessário aumentar o grau de motivação dos funcionários. Desta forma, surgiu toda

uma série de políticas de recursos humanos que tinham como princípio, aumentar a

motivação e o grau de participação dos funcionários, implementados de forma

41

completa ao final de década de 50. Neste momento, o Sistema Toyota de Produção

começava a construir o seu diagrama de atividades. (PIRES, 2004)

Figura 7: Organização proporcionada pelo 5S’s e da motivação

Fonte: Pires (2004 p. 321).

Existia outro problema. A Toyota necessitaria aumentar muito o seu

volume de produção. Mas não possuía capital de giro e não podia recorrer ao

sistema financeiro japonês, que apenas começava a se recuperar da crise do pós-

guerra. Necessitava de dinheiro para financiar o estoque de peças que tendia a ser

ainda maior do que o existente nas montadoras americanas, pois a Toyota se

propunha a produzir uma maior variedade de carros. Assim, deveria ser produzido

apenas aquilo que estava sendo vendido, sem estoques. Para isso foi desenvolvido

outro conjunto único de atividades dos quais se destacam o Kanban, as células de

produção e a produção “puxada”. A Toyota resolveu outro problema, que era a

produção em grandes volumes, sem estoques intermediários, ou seja, sem gastos

com capital de giro, como demonstrado na figura 7. Mas ainda faltava outro

problema a ser resolvido: a qualidade dos carros produzidos, o produto “made in

Japan” era inferior, pois os processos de produção no Japão possuíam uma série de

deficiências e variabilidades. Desta forma foi implementado o CEP, que diminuía a

42

variabilidade dos processos, produzindo menos erros. É importante deixar claro que

a necessidade de ter processos livres de erros era uma questão de vida ou morte

para o novo modelo que estava sendo construído na Toyota. (PIRES, 2004)

A figura 8 apresenta as fases de produção do STP:

Figura 8: Esquema Toyota, produzir um carro de qualidade, no sistema JIT, sem estoque Fonte: Pires (2004, p. 321).

Pode-se considerar realmente o sistema Toyota como modelo, pois

os resultados alcançados mostram por si só a realidade deste sistema, este modelo

é copiado nos dias de hoje por inúmeras montadoras e outras empresas, porém não

com o mesmo sucesso, exatamente por três pontos citados por (PIRES, 2004)

- O STP está baseado em um conjunto de elementos profundamente interligados entre si e com a estratégia da organização. Não é possível separar o 5S´s, do SMED ou Kaizen. Da mesma forma, não é possível separar o JIT do CEP ou do CCQ. O resultado obtido e a sua sustentabilidade é função não das ferramentas utilizadas, mas do sistema de elementos integrados a uma estratégia. Esta conclusão possibilita a abstração do primeiro princípio da competitividade, chamado de sistêmico. - As ferramentas e métodos desenvolvidos e utilizados no STP são na realidade

43

soluções para problemas enfrentados pela Toyota na década de 50. Estas soluções foram desenvolvidas para a estratégia da empresa, em função do seu contexto e em grande parte a partir do estudo e do envolvimento dos funcionários da empresa. Esta conclusão possibilita a abstração do segundo princípio, chamado de endógeno. - Estes dois princípios, norteados pela necessidade de fazer diferente e melhor, levou à construção de um posicionamento estratégico diferenciado e sustentável, tanto pela definição do diferencial da variedade com baixo preço e boa qualidade, quando pelas soluções inovadoras desenvolvidas para possibilitar este desafio, como CCQ, SMED, JIT, Kanban, Células, etc. Esta conclusão leva à abstração do terceiro princípio da competitividade, chamado de distintivo (PIRES, 2004, p.7).

Desta forma o mesmo Pires (2004) relaciona as razões do não

sucesso em empresas Brasileiras, primeiro, a Toyota não copiou o modelo de outra

empresa, o que estas empresas estão fazendo com as ferramentas da Toyota,

segundo, estas empresas não buscam soluções por meio de sua estratégia, de sua

particularidade, terceiro, o sistema implementa ferramentas fora do contexto da

estratégia da empresa, portanto, não são Distintas, Endógenas, nem Sistêmicas,

princípios do sucesso do modelo Toyota (PIRES, 2004).

Esta filosofia é apresentada na figura 9:

Figura 9: Partes do modelo japonês

Fonte: Pires (2004).

44

2.5 Sistema de Gestão ISO/TS 16949

No decorrer do século XX, a globalização do capital viabilizou a

globalização da informação, influenciando nos padrões culturais e do consumo. Nos

últimos anos um novo ambiente concorrencial, juntamente com a globalização dos

mercados exige das indústrias, uma maior competitividade e definição de estratégias

para que sobrevivam neste mercado extremamente competitivo. Nesse meio de

crescentes exigências tanto em termos de produtividade quanto de qualidade do

serviço oferecido aos clientes, as organizações passaram a se preocupar mais com

a qualidade dos fluxos de bens dentro do processo produtivo, com o objetivo de

atender bem ao cliente e conseqüentemente garantir o fornecimento por longos

anos. Uma grande dificuldade da indústria é adequar-se a esse novo ambiente de

negócios, é necessário então, garantir a padronização e conseqüentemente, a

qualidade dos produtos, tanto os produzidos por ela, como também por seus

fornecedores. Como primeira iniciativa, para tentar solucionar esse problema, foi a

criação em 1987 da norma ISO (International Organization for Standardization) série

9000 – um certificado de qualidade internacional que buscou garantir a padronização

da qualidade a nível mundial, principalmente nos ramos: automobilístico,

armamentos e brinquedos (GUARNIERI, 2005).

Segundo Guarnieri (2005) no ramo automobilístico, devido ao alto

nível de exigência de das peças integrantes de um automóvel, a norma ISO 9000

tornou-se insuficiente, pois era muito genérica e não abordava as exigências do

setor, tais como: controle estatístico do processo, custos de fabricação, processo de

aprovação de peça de produção, entre outros. Então, normas específicas foram

surgindo para atender as necessidades das montadoras, tais como: a QS-9000,

americana: Chrysler, Ford e General Motors; a VDA 6, alemã: Volkswagen, Audi e

Mercedes-Benz; a EAQF francesa: Renault, Peugeot e Citroen e a AVSQ, italiana:

Fiat.

Segundo Haro (2001) diante de tantas normas que regem o setor

automotivo, e da dificuldade dos fornecedores de cumprirem requisitos de todas em

mesmo tempo e das múltiplas auditorias que incomodava em meados de 1996 as

grandes montadoras mundiais começaram um acordo para tentar harmonizar as

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normas de sistema da qualidade do setor. Este acordo foi oficializado em 1997 com

a criação do grupo de trabalho IATF (International Automotive Task Force) com

representantes do AIAG (Automotive Industry Action Group) dos Estados Unidos,

VDA da Alemanha, SMMT (Society of Motor Manufacturers and Traders) da

Inglaterra, FIEV (Fédération des Industries des Équipements pour Véhicules) e

CCFA (Comité des Constructeurs Français d´Automobiles) da França, ANFIA

(Associazone Nazionale Fra Industrie Automobilistiche) da Itália e Comitê Técnico

TC 176 da ISO, este último, responsável pela elaboração das normas ISO série

9000. A tarefa deste grupo era desenvolver a especificação técnica ISO/TS 16949. A

norma ISO 9001 foi definida como base para a confecção desta nova especificação

técnica. A publicação da TS 16949 deu-se em março de 1999, porém somente em

janeiro de 2000, com a criação da IAOB (International Automotive Oversight Bureau),

que é o departamento de gerenciamento da documentação e das certificações TS

16949, ela foi oficialmente reconhecida como uma norma auditável por um

organismo certificador, ou, em outras palavras, passível de uma auditoria de terceira

parte. Conforme relatado pela IAOB (1998), após a implementação da TS 16949, o

grupo da IATF irá revisar esta norma e alinhá-la com a ISO 9000 revisão do ano

2000, neste ínterim, as certificações para as normas existentes (QS-9000, VDA 6,

AVSQ e EAQF) continuariam existindo (HARO, 2001).

Em 2002 a ISO/TS 16949 sofreu uma nova revisão, agora tendo

como base a norma ISO 9001 já na versão 2000.

Segundo Cintra (2005) a ISO/TS 16949 teve como intuito harmonizar

todos os sistemas de normas acima mencionados, a fim de se ter uma aceitação

global já uma organização, por exemplo, que necessitava atender um cliente que

exigia o sistema de qualidade QS 9000 e outro que exigia o sistema de qualidade

VDA, poderia agora atender ambos via ISO/TS 16949, diminuindo seus custos,

estabelecendo apenas um único Sistema de Gestão da Qualidade, amenizando as

múltiplas auditorias, porém, mesmo assim as indústrias automotivas devem atender

requisitos específicos de clientes, o que ainda causa incômodo. A implementação da

ISO/TS 16949 oferece recurso para a melhoria contínua, com ênfase na prevenção

de defeitos e não na correção de erros, modelo de eficiência, além de proporcionar

um enfoque comum para o Sistema de Gestão da Qualidade para as empresas do

ramo do setor automotivo.

46

3. APLICAÇÕES

Esta Especificação Técnica pretende evitar múltiplas auditorias de certificação e fornecer uma abordagem comum para um sistema de gestão da qualidade para organizações de produção automotiva e peças de reposição pertinentes (ISO/TS 16949, 2002, p.X).

Quando se fala em indústria automobilística, fala-se também em

requisitos a serem cumpridos, desde os da norma ISO TS, até requisitos de clientes.

Anteriormente várias normas regiam este meio e como já citado, para facilitar às

indústrias deste meio as montadoras uniram-se e junto à ISO instituiu uma norma

única ao setor.

Segundo Silva (2003) foi possibilitado à empresa, já estar pré-

qualificada para fornecer peças e componentes para diversas empresas ou

montadoras do ramo automobilístico. Sem a necessidade de passar por auditorias

de múltiplos clientes, para a obtenção de certificações que lhes atestem a garantia

de fornecimento de produtos ou componentes, porém alguns requisitos adicionais de

clientes continuaram permanecendo como os manuais da antiga QS9000, que

também serão objetos de estudo deste capítulo.

3.1 ISO TS 16949:2002 e os requisitos de desenvolvimento

Neste item do capítulo estuda-se a aplicação da ISO / TS, tanto no

âmbito normativo como no seu sentido prático, todo o item utiliza-se de pontos

chaves da norma para entendimento de sua aplicação de acordo como o foco do

estudo. Inicialmente cita-se a abordagem de processo que é o ponto fundamental do

sucesso da implantação e, é o objeto deste estudo.

Segundo a ISO / TS 16949 (2002), adota-se a abordagem por

processo para o desenvolvimento, implantação e melhoria do sistema, e define

processo como que a saída de um processo é a entrada para o processo seguinte, a

figura 10 apresenta esta abordagem.

47

Figura 10: Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo

Fonte: ISO/TS 16949 (2002).

Dentro desta análise pode-se dizer que a organização é um processo

como um todo, e múltiplos processos que interagem entre si fazem com que os

resultados sejam positivos.

Segundo Gonzalez (2006), a ISO/TS 16949 introduziu nas

organizações o modelo de gestão baseado por processos. O mapeamento dos

processos, o planejamento e ações que visem à melhoria desses, auxiliam a

empresa a obter significativos resultados quanto à redução de custos de fabricação,

à organização e melhoria do ambiente de trabalho, além de um excelente

relacionamento com o cliente por meio de alocação de um funcionário que

acompanha diariamente o cliente, oferecendo um canal de comunicação direto,

sendo fonte de grandes oportunidades de melhoria.

O grande diferencial da ISO/TS está ligado ao requisito 5.1.1 da

própria norma, onde deixa claro que todos estes processos necessitam não somente

Responsabilidade da Direção

Medição, análise e melhoria

Gestão de Recursos

Realização do produto

Entrada Saída

Clientes

Clientes

Requisitos

Satisfação

Produto

Melhoria Contínua do sistema de gestão da qualidade

Legenda

Atividades que agregam valor Fluxo de informação

48

da eficácia, anteriormente pregada pela ISO 9001, mas sim também pela eficiência,

onde a alta direção juntamente com seu corpo gerencial deve realizar análise de tais

processos, afim de garantir a eficácia e também a eficiência (ISO/TS 16949, 2002).

Segundo Santos (2008) podemos definir eficiência como a relação

existente entre o resultado obtido e os recursos consumidos para conseguir esse

resultado.

Conforme Horngren, Foster e Datar apud Santos (2008, p.2):

“Eficácia é o grau de que um predeterminado objetivo ou meta é atingido”. A eficácia

ocorre quando os objetivos preestabelecidos são atingidos como resultado da

atividade ou do esforço e eficiência é a relação entre o resultado obtido e os

recursos consumidos para conseguir esse resultado.

Portanto, a eficiência está ligada a todos os consumos específicos

dos recursos, ou seja, o processo da ação eficiente permeia todas as atividades da

empresa em todos os processos. Busca-se eficiência em cada processo unitário da

empresa para atingir seus resultados, quais sejam produzir produtos, bens ou

serviços. Já a busca da eficácia dentro de uma empresa consiste em que ela está

permanentemente buscando atingir seus objetivos, e o melhor resultado esperado

está pelo uso eficiente de seus recursos para atingir tais objetivos. (SANTOS, 2008)

O desenvolvimento do processo está expresso pela norma na seção

7.3, ela deixa explícita a necessidade da análise das entradas do desenvolvimento

do processo, a definição de características especiais e saídas do desenvolvimento

do processo (tais como FMEA (análise de modo e efeitos de falha), fluxograma,

Plano de Controle, Instruções de trabalho, entre outros), e deixa implícito o uso de

ferramentas apropriadas para o planejamento do processo, o qual é definido de

acordo com os requisitos específicos dos clientes, neste caso utiliza-se do APQP

(Advanced Planning Quality Product) como objeto de estudo (ISO/TS 16949, 2002).

49

3.1.1 Desenvolvimento do Processo Segundo o APQP

Este item discute as principais características para se desenvolver o

processo para que possa obter produtos de qualidade, e de modo preventivo evitar

perdas e problemas com os clientes, todas as tarefas realizadas dependem das

tarefas realizadas pelo Desenvolvimento do Produto, (fase não citada neste estudo),

este planejamento foi idealizado para assegurar o desenvolvimento completo de um

sistema de processo que atenda os requisitos, necessidades e expectativas do

cliente (DAIMLERCHRYSLER et al, 1997).

Primeiramente, deve-se definir um cronograma para a realização do

desenvolvimento, através dele enxergam-se as fases a serem cumpridas, a

Daimlerchrysler et al (1997) define o cronograma em cinco fases distintas,

apresentadas pela figura 11:

Figura 11: As cinco fases do APQP

Fonte: Daimlerchrysler, Ford, General Motors (1997).

50

3.1.1.1 Terceira Fase

Este estudo por ser focado em desenvolvimento do processo, parte

da terceira fase do cronograma indicado na figura 11, mas para tanto as demais

fases já devem estar cumpridas, a aprovação e cumprimento destas etapas neste

caso, podem ser do Desenvolvimento do Produto realizado internamente ou a partir

da aprovação e submissão de dados pelo cliente.

As entradas e saídas da terceira fase podem ser classificadas da

seguinte forma, indicada no Quadro 3:

Quadro 3: Entradas e Saídas da terceira fase do desenvolvimento

Fonte: Daimlerchrysler, Ford, General Motors (1997).

Saídas:

• Padrões de Embalagem; • Análise crítica do Sistema da

Qualidade / Processo; • Fluxograma de Processo;

• Layout das instalações;

• Matriz de características;

• Análise do Modo e Efeitos de

Falha de Processo (PFMEA);

• Plano de Controle de pré-lançamento;

• Instruções do processo;

• Plano de Análise do sistema de

medição;

• Plano de Estudo Preliminar da Capabilidade do Processo;

• Especificação de Embalagem;

• Suporte da Gerência.

Entradas:

• Análise do Modo e Efeitos de Falha de Projeto (DFMEA);

• Projeto para manufaturabilidade

e Montagem; • Verificação do Projeto;

• Construção de Protótipo-Plano

de Controle;

• Desenhos de Engenharia;

• Especificação do Material;

• Alterações de desenhos e das especificações;

• Requisitos para novos

equipamentos, ferramental e Instalações;

• Características Especiais do

Produto e do Processo;

• Requisitos para meios de medição/Equipamentos de teste;

• Comprometimento de viabilidade

pela equipe e suporte da gerência.

51

As saídas são definidas como as atividades que devem se concluídas

nesta fase, cada uma delas devem ser executadas verificando a viabilidade de cada

implementação e os requisitos dos clientes (internos e externos, a Daimlerchrysler et

al (1997) define cada uma delas da seguinte forma:

Padrões de Embalagem - Normalmente o cliente possui um padrão

de embalagem definido, que deve ser levado em consideração nesta fase, não

existindo por parte do cliente este padrão a mesma deve ser definida pela

organização, levando em consideração a integridade do produto até o momento do

uso.

Análise crítica do Sistema da Qualidade / Processo - A equipe

multidisciplinar neste momento analisa criticamente o local de fabricação de acordo

com o “Manual da Qualidade”, desta forma quaisquer alterações de procedimentos

necessários para realização do produto devem ser anotadas e modificadas no

Manual da Qualidade e também no Plano de Controle, esta análise crítica é

considerada com a oportunidade da equipe de melhorar o sistema da qualidade de

acordo com os ‘inputs’ dos clientes.

Fluxograma de Processo - O Fluxograma do Processo é uma

representação esquemática do fluxo atual ou proposto do processo.

Layout das instalações - Desenvolve-se e analisam-se criticamente

as instalações para determinar a aceitabilidade dos pontos de medição, localização

das cartas de controle, aplicação dos recursos visuais, áreas de retrabalho interinas

e local para estocagem de produto não conforme.

Matriz de características - Técnica analítica recomendada para

mostrar a relação entre os parâmetros do processo e as estações de manufatura. O

quadro 4 um apresenta uma matriz de características.

52

DIM

1

2

3

4

5

6

DESCRIÇÃO

DIÂMETRO

INTERNO

FACE

DIÂMETRO

EXTERNO

TOLERÂNCIA

OPERAÇÃO Nº

05

X

10

C

X

X

20

C

L

X

X

X

30

X

C

L

Quadro 4: Modelo de Matriz de Características

Fonte: Daimlerchrysler, Ford, General Motors (1997).

Onde: C = uma característica em uma operação usada para fixação;

L = uma característica em uma operação usada para localização;

X= Característica criada ou alterada por esta operação deve, pode atender o

fluxograma do processo.

Análise do Modo e Efeitos de Falha de Processo (PFMEA) - É

conduzido durante o planejamento da qualidade do produto antes da produção, é

efetuada para antecipar, resolver ou monitorar problemas de processos em

potencial, é um documento vivo, devendo ser analisado periodicamente. Um FMEA

deve possuir as informações de análise apresentadas na figura 13

(DAIMLERCHRYSLER et al, 2002).

53

Figura 12: Cabeçalho de um FMEA de Processo

Fonte: Daimlerchrysler, Ford, General Motors (2002).

Plano de Controle de pré-lançamento - São descrições das medições

dimensionais, de material e testes funcionais que irão ocorrer após o protótipo e

antes da produção seriada, deve possuir critérios adicionais de produto e processo

antes do mesmo ser validado.

Instruções do processo - São instruções de trabalho que contém

detalhes de todo o processo para o pessoal de nível operacional que tenha

responsabilidade direta no processo, geralmente é indicada junto a um fluxograma,

mas como deve ser o mais claro possível também utiliza-se de outros métodos, fotos

por exemplo.

Plano de Análise do sistema de medição - É um planejamento de

estudo do sistema de medição, deve possuir os responsáveis pelos respectivos

estudos e datas pertinentes, sendo estes estudos de estabilidade, linearidade,

tendência, repetitividade e reprodutibilidade de todos os dispositivos de medição

contidos no plano de controle.

Plano de Estudo Preliminar da Capabilidade do Processo - É um

planejamento de estudo preliminar do processo, mais denominado como

capabilidade preliminar do processo, deve possuir os responsáveis pelos respectivos

estudos e datas pertinentes.

54

Especificação de Embalagem - Nesta fase a equipe desenvolve a

embalagem individual do produto, utiliza-se de normas dos clientes e também

assegurar que características e desempenho do produto não serão alteradas no

empacotamento, trânsito e na retirada do produto da embalagem pelo cliente.

Suporte da Gerência - Uma análise crítica deve ser realizada

juntamente com a alta gerência, afim de garantir o seu comprometimento para que

possa auxiliar nas soluções de qualquer pendência aberta.

3.1.1.2 Quarta Fase

Esta fase possui a análise das principais características da validação

do processo, através de uma corrida piloto de produção. Durante este processo a

equipe deve certificar o fluxo do processo e plano de controle afim de saber se estão

sendo seguidos, e que o produto atenda os requisitos do cliente.

(DAIMLERCHRYSLER et al, 1997)

A quarta fase possui como entrada as saídas da Fase 3, e de posse

destas devidas informações possui como saídas:

Corrida Piloto de Produção - Utiliza-se de todos os meios

necessários para produção como ferramental, equipamentos, meio ambiente,

instalações, ciclo de operação, etc. Define-se uma quantidade mínima de produção

considerando normas do cliente, não havendo, a equipe defina tal quantidade, como

resultado da corrida piloto obtém-se os estudos da Capabilidade do processo,

avaliação dos sistemas de medição, viabilidade final, revisão do processo, teste de

validação da produção, aprovação da peça de produção, avaliação da embalagem,

“First Time Capability” (FTC) e aprovação do planejamento da qualidade.

Avaliação de Sistemas de Medição - Utiliza-se de métodos

estatísticos e padrões de medição especificados para verificar as características

identificadas no plano de controle em relação à especificação de engenharia.

55

Estudo Preliminar da Capabilidade do Processo - Utiliza-se de meios

estatísticos para definir a capacidade do processo de produzir peças boas em

relação do tempo, este método avalia a prontidão do processo para a produção,

seus conceitos são definidos através do CEP (Controle Estatístico do Processo).

Aprovação de Peça de Produção - Seu objetivo é validar os produtos

feitos de acordo com os processos e ferramentas de produção em relação aos

requisitos de especificações de engenharia. Utiliza-se do Manual de Referência do

PPAP, Daimlerchrysler et al (2006), que define o propósito do PPAP (Processo de

Aprovação de Peça de Produção) como:

Determinar se todos os registros de projetos de engenharia e requisitos e especificações do cliente estejam propriamente entendidos pela organização e se o processo de manufatura tem o potencial para produzir produtos que satisfaçam de forma consistente estas exigências durante um lote de produção real e a uma taxa estipulada (DAIMLERCHRYSLER et al, 2006, p.1).

Testes de Validação da Produção - Referem-se aos testes de

engenharia que validam que os produtos feitos estão de acordo com os requisitos de

engenharia.

Avaliação da Embalagem - Testes de embarques e métodos avaliam

a proteção do produto durante o transporte e outros fatores adversos do ambiente.

Plano de Controle da Produção - São descrições das medições

dimensionais, de material e testes funcionais que irão ocorrer após o pré-

lançamento, deve possuir critérios adicionais de produto e processo antes do mesmo

ser validado. Ele é uma extensão lógica do Plano de Controle de Pré-lançamento.

Aprovação do Planejamento da Qualidade e Suporte de Gerência -

Aprova-se os documentos necessários, e verifica-se se estão sendo seguidos de

acordo, a equipe demonstra a alta gerência os dados e resultados desta fase, para

informar a mesma da situação atual, para auxiliar na resolução de qualquer

pendência em aberto.

56

3.1.1.3 Quinta Fase

Esta fase refere-se à análise da produção, a suas variações, peças

fora de especificação e retroalimentação do cliente, e sua participação na resolução

de possíveis problemas, é uma etapa de melhoria contínua dos processos de

produção. Esta fase possui como entradas as saídas da fase anterior

(DAIMLERCHRYSLER et al, 1997).

Segundo a Daimlerchrysler et al (1997) esta fase possui como saídas

a variação reduzida, satisfação do cliente e entrega e assistência técnica.

A Daimlerchrysler et al, (1997) indica cada uma destas saídas da

seguinte forma:

Variação Reduzida - Técnicas estatísticas são utilizadas para avaliar

a variação do processo, ações corretivas devem ser avaliadas para reduzir esta

variação, como melhoria contínua avaliar não somente as causas especiais, mas

também compreender e atuar nas causas comuns.

Satisfação do Cliente - Nem sempre o cliente está satisfeito com o

produto, uma análise deve ser feita com base em reclamações, problemas ocorridos,

etc. Neste momento uma boa relação fornecedor - cliente é fundamental, é o

momento em que ambos mais aprendem, e através de parceria devem identificar

ações para alcançar a satisfação do cliente.

Entrega e Assistência Técnica - Mantém a parceria cliente -

fornecedor em relação à melhoria contínua e solução de problemas. Uma

substituição e assistência técnica deve manter a qualidade, custo e entrega,

qualquer falha ao corrigir um problema na primeira vez sempre prejudica a reputação

do fornecedor. A experiência obtida neste estágio fornece a ambos (fornecedor /

cliente) o conhecimento necessário para rdução de preços mediante a redução de

custos de processo e fornecer o componente ou sistema certo para o próximo

produto.

57

Os dados discutidos neste capítulo fortalecem a hipótese de um

desenvolvimento de processo robusto em busca da redução de custos,

considerando a implantação da ISO/TS, que traz uma filosofia de disciplina e

principalmente os conceitos de processo, eficiência e eficácia, e todo o trabalho de

desenvolvimento mediante as fases do APQP. Assim, implantar estas ferramentas

para apenas garantir fornecimento e não adotá-los como filosofia pode acarretar em

desconfortos.

58

4. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso realizou-se na Marel Indústria e Comércio do

Brasil, foi desenvolvido APQP de processo no ano de 2007 e por questão de

confidencialidade, alguns dados não serão disponibilizados, todo o seu registro

nesta pesquisa tem como intuito demonstrar as etapas do desenvolvimento do

processo, os problemas e erros estratégicos, portanto, datas, nomes de pessoas,

códigos de peças, e outros dados não são abordados neste estudo, seguindo-se o

disposto na autorização apresentada no anexo 1.

4.1 Objetivo

Demonstrar através de um caso real de desenvolvimento do

processo os pontos abordados no decorrer da pesquisa, abordar critérios e

evidências objetivas dos fatores de ganhos e perdas ao longo de todo o

desenvolvimento, e, demonstrar a inconsistência do projeto ao nível de definição de

estratégia, planejamento e execução das tarefas. Observar as falhas na

comunicação e o não cumprimento de prazos e relações com o cliente destaque

para a última fase, a Retroalimentação do Cliente, que é o resultado de todo o

planejamento, onde fica claro se o desenvolvimento do processo foi executado a

contento.

4.2 Metodologia

Este estudo divide-se em quatro Fases:

FASE l - Planejamento do Desenvolvimento FASE ll – Projeto e Desenvolvimento do Processo FASE lll – Validação do Produto/ Processo FASE IV – Retroalimentação e Ação Corretiva

59

A fase um consiste na definição da equipe e do líder do Projeto,

assim como a elaboração do Cronograma do APQP, Análise crítica dos dados de

entrada do projeto: especificações de materiais, características especiais do produto

e do processo, aplicação do produto, dados de alterações de desenhos e

especificações, definição de metas para custo, produtividade, capabilidade,

manutenabilidade.

A fase dois consiste na elaboração do fluxo do processo e definição

do layout, considerando fatores de segurança organização e otimização do

processo. Também nesta fase, defini-se o FMEA de processo e Plano de Controle

de pré-lançamento, assim como instruções de trabalho e definição do cronograma

de confecção do ferramental. Define-se também o planejamento dos estudos

estatísticos de análise do sistema de medição e capabilidade de processos e suas

metas, considerando a metas do cliente.

A fase três é a validação do processo junto ao cliente, neste

momento executa-se o teste piloto (ajustes e Try-out), realiza os estudos estatísticos

planejados, comprova a coerência do FMEA, instruções de trabalho e fluxo de

processo, defini-se o Plano de Controle de Produção e a Ficha Técnica, analisa os

equipamentos, a organização a segurança, as embalagens e seus métodos, avalia

os indicadores e submete PPAP ao cliente para validação do processo, neste

momento aprova-se o Planejamento da Qualidade.

A fase quatro é a Retroalimentação do Cliente, são os dados

colhidos junto ao cliente durante a produção seriada, situação de não

conformidades, ações corretivas para diminuição da variação e principalmente a

Satisfação do Cliente.

Ressalta-se que a primeira fase deste estudo de caso inicia-se na

fase três do APQP, estudado no capítulo anterior, onde o foca-se no

desenvolvimento do processo. Todas as quatro fases são acompanhadas por um

cronograma e uma análise crítica é realizada ao final de cada fase.

60

4.3 Primeira Fase: Planejamento do desenvolvimento

Para realização desta fase, realizou-se uma reunião inicial para

definição da equipe, do líder do projeto, análise das entradas do desenvolvimento,

definição do cronograma e atribuição de responsabilidades e prazos.

4.3.1 Dados de saída da primeira reunião

Dados do cliente – O Cliente disponibilizou o desenho referente à

peça tubo de proteção, as normas aplicáveis ao produto e metas de capabilidade,

PPM, e prazo de conclusão do desenvolvimento. Com estes dados foram definidas

as metas da empresa, a classificação de características especiais, e disponibilidade

da matéria prima a ser utilizada.

Definição dos custos de projeto – Analisou-se os custos de projeto

assim como a viabilidade de fabricação, considerando o tempo de vida do produto,

custo de ferramental e lote mínimo.

Definição de responsabilidades – Definiu-se o líder de projeto, e

neste momento ficou responsável pela elaboração do cronograma, coordenação das

reuniões, feedback das responsabilidades e ações. Vendas responsabilizou-se pela

comunicação com o cliente, o Controle da Qualidade ficou acarretado de assuntos

referentes a instrumentos de medição e estudos aplicáveis, juntamente com relatório

dimensional, a Gerência Industrial, ficou responsável pela confecção do ferramental,

definição da máquina e demais assuntos de processos e o Desenvolvimento e

Processos responsabilizou-se pela documentação técnica, controle de desenho,

definição de fluxo de processo, ficha técnica, FMEA, Plano de Controle, estudos de

Capabilidade de Processos e assuntos técnicos com o cliente, a Gestão da

Qualidade responsabilizou-se em auxiliar o Desenvolvimento e Processos nas

atividades.

61

Cronograma – Ao final da reunião ficou definido o cronograma de

APQP, apresentado na figura 14.

Com a definição das responsabilidades, definição do cronograma,

uma análise crítica foi realizada e concluiu-se que a fase um do desenvolvimento do

processo foi concluída de forma abrangente, desta forma o líder do projeto emitiu o

Roteiro de APQP, que é nada mais na da menos do que uma lista de verificação dos

cumprimentos das fases do APQP, que em sua essência inicia-se na fase dois.

Figura 13: Cronograma de APQP

Fonte: Marel (2007)

Problemas: Não se identificou problemas nesta fase.

62

4.4 Segunda Fase: Projeto e desenvolvimento do Processo

Os dados obtidos na fase anterior servem de entrada para esta fase,

na qual é a fase de planejamento de todo o processo, para que esta fase inicie-se a

fase um deve estar completa, e análise crítica concluída.

No decorrer desta fase realizou-se várias reuniões multidisciplinares,

as quais o intuito é de planejar as ações do processo.

4.4.1 Saídas da fase dois

Fluxograma do processo – O Fluxo do processo foi determinado com

os passos e seqüências do processo de produção, de forma apropriada. Concluiu-se

o fluxograma com atraso de três dias do programado e sua realização não foi de

forma multidisciplinar.

Layout das instalações – O layout foi elaborado de acordo com o

fluxo de processo, demonstrando de maneira coerente e coordenada a

movimentação / circulação e controle de produto fabricado. O Layout foi realizado

com cinco dias de atraso.

PFMEA – o FMEA de processo foi elaborado com base em produtos

similares de diferentes aplicações, abrangendo e analisando os potenciais de falha e

de risco. Foi realizado com nove dias de atraso, e não foi realizado com

colaboradores de cada fase do processo (equipe multidisciplinar) o que não é o

adequado, possíveis causas não foram analisadas pelos realizadores do FMEA por

falta de experiência com o processo.

Plano de Controle de Pré-lançamento – Assim como o FMEA foi

elaborado considerando o fluxo do processo, abrangendo características especiais

63

definidas pelo desenho do cliente e pelas características abordadas no FMEA. Foi

concluído com atraso de nove dias.

Instruções de trabalho – Foram elaboradas abrangendo todas as

formas de realização e preparação do produto. Também concluídas com atraso de

nove dias com a data programada.

Plano de análise do sistema de medição – Foram analisados com

base nas principais características de controle do produto, o planejamento foi

realizado para instrumentos de controle para todas as características constantes no

Plano de Controle de Pré-lançamento.

Plano de estudo de Capabilidade – Planejado para equipamentos e

características indicadas como crítica no desenho, sua realização irá ser de acordo

com o CEP e sua meta é a indicada na análise crítica da primeira fase.

Padrões de embalagem – As especificações técnicas do cliente

foram consideradas para esta tarefa, ficou definido o padrão de embalagem definido

no “Manual de Fornecimento” do cliente.

Confecção do Ferramental – Foi elaborado um cronograma de

confecção do ferramental, porém o ferramental foi concluído com quarenta e cinco

dias de atraso, acarretando atraso do projeto junto ao cliente.

Problemas: Todas as tarefas foram concluídas com atraso, algumas não

comprometendo o andamento do projeto e outras comprometendo o projeto,

observou-se que em todas as tarefas que deveriam ser executadas em equipe

atrasaram e foram elaboradas com número reduzido de colaboradores (dois)

comprometendo a abrangência da análise, o maior exemplo foi a elaboração do

FMEA e Plano de Controle, que devem ser realizados em equipe. Em relação ao

atraso da confecção do ferramental, comprometeu todo o projeto, observou-se que o

fornecedor de serviço não cumpriu as datas, a Marel não comprou a matéria prima

na data estipulada e o gerenciamento desta atividade não considerou tais problemas

64

na primeira fase. Portando, o Desenvolvimento do Processo ficou comprometido,

não tendo condições de cumprir as datas estipuladas, devendo ser negociada uma

nova data junto ao cliente.

4.5 Terceira Fase

A terceira fase iniciou com atraso a data programada inicialmente, e

com nova data e concluída a confecção do ferramental pode ser realizado o teste

piloto de produção, e as demais atividades.

4.5.1 Saídas da terceira fase

Teste piloto de produção – O Try-out foi realizado com todos os

meios de controle (Plano de Controle de Pré-lançamento / Instruções, etc.)

planejados anteriormente, e com todos os recursos utilizados numa produção normal

para análise de capacidade de produção, análise do sistema de medição, estudo de

capabilidade, definição da Ficha Técnica, etc.

Aprovação da matéria prima / serviços – O fornecedor foi aprovado

de acordo com a análise de PPAP e Cadastro de Material no sistema internacional

(IMDS).

Análise do sistema de medição – Os estudos estatísticos do sistema

de medição foram realizados conforme o planejado, e os resultados apontados

consideraram os meios de medição aprovados.

Capacidade do Processo – A capacidade do processo foi definida na

razão de produção de oito horas, estudo de capabilidade foi realizado e valores

encontrados estavam de acordo com o planejado na fase um.

65

PPAP (Validação da peça de produção) – O PPAP foi elaborado de

acordo com o manual da DaimlerChrysler et al (1997), com relatórios dimensionais,

análise do sistema de medição, Cadastro de IMDS, FMEA, Plano de Controle de

Produção, Fluxo do Processo, e demais itens para aprovação junto ao cliente.

Embalagem – A embalagem definida pelo cliente foi utilizada a

contento.

Plano de Controle de Produção – Foi revisado o Plano de Controle

de Pré-lançamento, constando possíveis alterações.

Definição da Ficha Técnica – Foi realizada junto ao teste piloto de

produção.

Aprovação do Planejamento (APQP) – foi realizado a contento.

Problemas: A fase três foi concluída de acordo com o quarto cronograma, portanto a

data de entrega do projeto foi negociada várias vezes com o cliente, causando

desgaste para ambas as partes, o tempo de atraso do projeto foi de cerca de 50

dias, um número considerado alto.

4.6 Quarta Fase

A quarta fase é o reflexo do desenvolvimento, sua realização bem

feita com as análises críticas realizadas, com participação da equipe, considerando o

cliente é a garantia de uma retroalimentação positiva, se o desenvolvimento do

processo for realizado desconsiderando as variáveis irá em acarretar em todo o

fornecimento deste produto.

Como retroalimentações deste projeto foram consideradas a

satisfação do cliente, não conformidades de fornecimento e auditoria do processo

realizado pelo cliente.

66

Não Conformidades – Em seguida ao início de produção seriada

para fornecimento, foi declarada uma não conformidade, as figuras 15 e 16

apresentam o corte incorreto na parte superior e inferior o problema apontado como

não conformidade.

Figura 14: Corte incorreto na parte superior

Fonte: Autor (2008)

Figura 15: Corte incorreto na parte inferior

Fonte: Autor (2008)

Com esta não conformidade ficam claro alguns problemas no

desenvolvimento, uma das causas para o corte incorreto foi pela improvisação de

dispositivo para o corte, o dispositivo correto seria elétrico, mas não foi observado no

67

desenvolvimento devido o líder do projeto desconhecer esta informação. No FMEA

isto não foi considerado porque não foi realizado em equipe, quem detinha tal

informação não participou na elaboração do FMEA.

O operador não observou a peça no decorrer do corte, o que deixa

claro dois problemas. O treinamento em relação à documentação, uso do dispositivo

não foi adequado, no Plano de Controle estava declarada a fase de inspeção 100%

das peças cortadas pelo próprio operador, o segundo problema é mais grave, o

comprometimento com a qualidade por parte do operador está comprometida, não

trabalha dentro da filosofia de autocontrole, até mesmo porque esta filosofia não foi

implantada, falta participação da direção nos assuntos relacionados à filosofia e

estratégia da empresa em relação aos assuntos da qualidade.

Auditoria de Processo – O cliente realizou auditoria em nosso

processo, o resultado foi 84%, que significou a incapacitação da Marel para novos

desenvolvimentos.

Os pontos cruciais para desqualificação foram relacionados em sua

maioria na definição da estratégia da empresa em relação ao sistema de medição,

planta e realização do projeto de processo.

Sistema de medição – Considerado inadequado pelo cliente,

métodos atributivos e falta o autocontrole por parte do operador.

Planta – O site de produção do produto planejado foi considerado

inadequado, pouco espaço, prejudicando o lay-out e conseqüentemente

comprometendo a produção.

Planejamento do processo – O Questionamento em relação ao

desenvolvimento do Processo foi em relação às análises, porque as análises do

projeto não verificaram estas variáveis, tanto da não conformidade, quanto das

questões do sistema de medição, planta. Ou seja, todos os estudos realizados não

perceberam tais problemas envolvendo a produção.

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Atrasos na entrega do produto - Atrasos na entrega do produto, outro

problema não abordado no desenvolvimento, a quantidade de embalagens não

foram o suficiente, assim as entregas ficaram condicionadas ao retorno das caixas já

enviadas, causando atrasos de até quatro dias.

Satisfação do Cliente – A satisfação do cliente ficou totalmente

comprometida devido aos pontos levantados.

4.7 Resultados

Como resultados deste estudo de caso, podemos destacar a

definição estratégica da empresa, ao qual decidiu desenvolver produtos para o ramo

automotivo com um baixo contingente de pessoas capacitadas, a certificação ISO /

TS foi vista como apenas um modo de conquistar mercado, e sua filosofia como

resultado não foi considerada, como o destacado no capítulo anterior, a organização

deve introduzir o conceito de processo, mas o desenvolvimento de processo foi

realizado com pouca multidisciplinaridade, portanto a relação entre os processos fica

prejudicada. Os níveis de PPM interno ultrapassaram os 4.500 ppm, um número

muito alto, o que indica que o desenvolvimento do processo não realizou-se de

acordo.

69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados levantados na pesquisa, pode-se considerar a

proposta do trabalho cumprida, principalmente no que se refere ao problema

proposto, o que pôde ser observado no estudo de caso. Toda a pesquisa foi

desenvolvida baseada nos modelos históricos e no planejamento estratégico das

empresas, os exemplos utilizados no decorrer do trabalho mostraram grandes

avanços em vários dos processos de produção e o que foi observado de diferencial

nestes modelos vencedores, foi a definição de uma estratégia para alcançar o

objetivo proposto o que reforça a hipótese de um desenvolvimento de processo com

foco preventivo com um trabalho de planejamento robusto e de forma estratégica,

com maior participação da alta direção e adoção dos requisitos e ferramentas como

filosofia de trabalho para alcançar os melhores resultados. O estudo dos autores

consagrados como Deming, Ishikawa, entre outros, reforçam a necessidade de

planejar o processo e padronizá-lo, porém sabendo-se que o ser humano é um fator

importante no decorrer do processo, este que por sua vez foi desconsiderado nos

estudos de Taylor.

A invenção da máquina a vapor em 1712 deu início a Primeira

Revolução Industrial, esta afirmação refere-se à substituição da tração por força

animal pelo motor a vapor, possibilitando o desenvolvimento dos transportes. Desta

forma, pode-se citar a primeira fase da Revolução Industrial como da revolução do

vapor, que utilizava como principal fonte de energia, o carvão. Em relação à

Segunda Revolução Industrial pode-se considerar o aço como a nova matéria prima

e a eletricidade como a mais nova fonte de energia, facilitando a explosão da

produção em massa e a expansão do comércio. Este novo cenário possibilitou o

desenvolvimento tecnológico e industrial, sendo que, neste período, alguns fatores

influenciaram no sentido da organização como ela é hoje, dentre esses fatores pode-

se destacar a máquina automática e da especialização do operário, a intensa

transformação dos meios de transporte e nas comunicações: surge à estrada de

ferro, o automóvel, o avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro

consolida-se e surgem as grandes organizações multinacionais.

70

Ainda na era da produção em massa vê-se a padronização do

trabalho através dos métodos de Taylor, que iniciou estudos do trabalho e sua

otimização, que ficou conhecida como a escola de administração científica. Outro

grande acontecimento desta época foi à linha de montagem de Henry Ford, que

utilizou dos conceitos de padronização do trabalho, que mudou a forma de produzir

e popularizou o automóvel, tornando-o acessível as demais classes sociais, não

somente aos mais ricos, como era na época, devido à grande dificuldade da

construção do automóvel.

No decorrer da pesquisa observou-se que as ferramentas definidas

pelos gurus da qualidade (Deming, Ishikawa, Juran, Feigenbaun, Crosby)

influenciaram para o desenvolvimento do processo e nas indústrias como ela é hoje,

entre elas destaca-se os 14 princípios de Deming, as sete ferramentas da qualidade,

os 5S, a qualidade total, conceitos de avaliação e planejamento da qualidade, o

conceito do zero defeito, entre outros. Esses modelos de qualidade e produção

foram e são utilizados por várias empresas em todo o mundo.

O STP como é conhecido o Sistema Toyota de Produção também

foi objeto da pesquisa, e chama a atenção pelo seu sucesso, que fez da Toyota a

grande indústria de automóveis que ela é hoje, este modelo utilizou de muitas

ferramentas sistêmicas, porém aliadas a uma estratégia definida, ao qual se

diferenciou de todas que já existiam, esta estratégia foi definida numa época em que

o Japão passava por inúmeras mudanças, e seus produtos eram conhecidos por

uma qualidade inferior, o que restava aos japoneses da Toyota era a mão de obra e

a disposição para reverter este quadro, o que conseguiu através de modelos como,

Just in time, 5S, Kaisen, Kanban, SMED e outras ferramentas de melhoria. O grande

diferencial observado no estudo do STP foi à definição de uma estratégia

diferenciada por parte da Toyota, uma estratégia adaptada as suas necessidades e

diferencia das de seus concorrentes e definiu um sistema de melhoria e

gerenciamento de acordo com esta estratégia, o que não é realizada por outras

indústrias.

No decorrer do século XX, um novo ambiente industrial foi criado

causando uma grande dificuldade da indústria em adequar-se a esse novo ambiente

de negócios, foi-se necessário então, garantir a padronização e conseqüentemente,

a qualidade dos produtos, tanto os produzidos por ela, como também por seus

71

fornecedores. Como primeira iniciativa, para tentar solucionar esse problema, foi à

criação em 1987 da norma ISO (International Organization for Standardization) série

9000 - um certificado de qualidade internacional que buscou garantir a padronização

da qualidade a nível mundial, porém para o setor automotivo a norma ISO 9000

tornou-se insuficiente, pelo fato de ser muito genérica não abordando as exigências

do setor, tais como: controle estatístico do processo, custos de fabricação, processo

de aprovação de peça de produção, entre outros. Então, normas específicas foram

surgindo para atender as necessidades das montadoras, no entanto no decorrer dos

anos ficou difícil atender todas as normas devido as múltiplas auditorias, então, as

montadoras junto a ISO criaram uma especificação técnica, que visa criar um padrão

único ao setor, a ISO/TS 16949. Os requisitos da ISO/TS 16949 aliado a sua filosofia

em relação ao processo, juntamente com as ferramentas do APQP e outros modelos

de desenvolvimento, são a nova realidade das indústrias automotivas de hoje. O

APQP, estudado no decorrer da pesquisa e aplicado no estudo de caso visa

desenvolver de acordo com uma seqüência lógica, respeitando as necessidades e

exigências do cliente. Dentro das fases do APQP são utilizadas ferramentas de

análise, padronização e validação, sempre visando à garantia de atendimento aos

padrões de qualidade, cita-se entre essas ferramentas: CEP, PPAP, FMEA, Plano

de controle, análise do sistema de medição, entre outras.

Muitos são os benefícios de um desenvolvimento de processo bem

realizado, entre estes benefícios estão o bom atendimento ao cliente, a satisfação

do cliente (que receberá um produto de qualidade, com bom preço, com poucos

problemas no decorrer do fornecimento), se um o desenvolvimento do processo for

bem realizado, obedecendo todas as fases, o cliente certamente ficará satisfeito e a

empresa garantirá bons lucros, com redução de custos, diminuição de retrabalhos,

refugos. Caso ao contrário, pode receber como retroalimentação apenas problemas

e reclamações.

Os resultados positivos do desenvolvimento do processo são

possíveis, e numa analogia com os conceitos históricos estudados no decorrer da

pesquisa, pode-se dizer que a estratégia tem importância da para este sucesso, uma

estratégia adequada, e adaptada a cada empresa, de acordo com sua necessidade.

72

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ANEXO I

AUTORIZAÇÃO

Autorizamos o Sr. Wesley Paulino Coelho a utilizar de informações de

desenvolvimento no estudo de caso desenvolvido em monografia para graduação na

FATEC, com restrições para nomes, datas, nome do cliente e código de peças.

Ademais, podem ser utilizados exemplos para demonstrar a consistência do trabalho

com a relevância de um caso real.

São Paulo, 20 de Maio de 2008.

Atenciosamente,

_______________________________________

Marel Indústria e Comércio do Brasil Ltda.

Irineu Del Giudice

Diretor Geral