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ANÁLISE DE TRIÊNIO DE PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL EM
UMA EMPRESA DO SETOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
PNEUMÁTICOS
Sandra Arnold Loureiro*
RESUMO
Um dos fatores que mais impactam na vida dos colaboradores dentro das organizações é o
clima organizacional, razão pela qual é temática fundamental à Gestão de Pessoas. Diante
disto, o presente estudo tem por objetivo geral analisar os fatores organizacionais que
contribuem para a satisfação e insatisfação dos colaboradores de uma empresa do setor de
máquinas e equipamentos pneumáticos, no que se refere ao relacionamento com a liderança.
A pesquisa caracteriza-se quantitativa e descritiva, sendo a coleta de dados realizada de forma
documental, em recorte ex post facto, a partir da pesquisa de clima organizacional da
empresa, no triênio 2015-2017. A amostra é composta por 60 funcionários dos setores de
produção e administração. A análise das informações é feita por estatística descritiva,
compreendendo-se os resultados a partir de teorias de motivação, considerando fatores que
levam à satisfação e insatisfação dos funcionários, onde se torna possível identificar questões
de comunicação, motivação, autonomia, insatisfação com a liderança, sentimentos de
desvalorização bem como a falta de perspectiva profissional na empresa. Comparando os três
períodos e as diferentes abordagens da pesquisa, 22% dos funcionários respondentes
demonstram insatisfação, ou seja, falta de visão quanto ao futuro profissional na organização,
e o único item que obteve aumento de satisfação no período de 2017-2018, inclusive em
“muito satisfeito”, foi o de comunicação com a liderança. Ainda assim há um nível de
satisfação de 85%, o que é importante, pois pessoas buscam além da satisfação profissional, o
reconhecimento, que serve como fator motivacional no desenvolvimento do colaborador.
Palavras-chave: Comportamento organizacional. Motivação e satisfação no trabalho. Teorias
de motivação.
* Discente do curso MBA em Gestão de Pessoas e Liderança Coach da Universidade La Salle – Unilasalle,
matriculada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Cuso. E- mail: [email protected], sob a
orientação da Prof.ª Mª. Alessandra Rodrigues Gonzaga. E-mail: [email protected]. Data de entrega:
20 jul. 2018.
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1 INTRODUÇÃO
O desempenho dos colaboradores depende do seu grau de motivação e para entender o
comportamento destes na organização é preciso conhecer os fatores que estão levando os
indivíduos à desmotivação, ou à falta de vontade de fazer.
Conhecer os fatores associados à satisfação no trabalho pode ser fundamental para que
o gestor consiga reverter possíveis falhas que possam levar ao baixo desempenho e
desenvolvimento da equipe e, consequentemente, da organização. Esse tipo de avaliação
costuma ser em torno do que é chamado “clima organizacional”.
Chiavenato (2014) coloca que a satisfação das necessidades humanas deve ser
considerada no sentido de proporcionar à equipe condições para que manifestem seus desejos
e opiniões, permitindo que assim busquem seu crescimento pessoal e profissional. O
indicador de satisfação dos funcionários é o clima organizacional, que revela os diferentes
aspectos da cultura ou realidade da organização. Ele é percebido, direta ou indiretamente,
pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e acaba por influenciar a motivação e
o comportamento destas pessoas.
Herzberg em sua Teoria dos Dois Fatores coloca que a motivação das pessoas para o
trabalho depende de dois fatores: os higiênicos, que correspondem ao contexto do trabalho; e
os motivacionais, que levam à satisfação no trabalho e correspondem ao cargo, às tarefas e
atividades relacionadas.
Neste contexto, a pesquisa tem por objetivo geral analisar os fatores organizacionais
que contribuem para a satisfação e insatisfação dos colaboradores de uma empresa do setor de
máquinas e equipamentos pneumáticos, no que se refere ao relacionamento com a liderança.
E, por objetivos específicos:
a) explorar resultados comparativos da pesquisa de clima da empresa, na dimensão
de relacionamento com a liderança, dos anos de 2015, 2016 e 2017;
b) compreender os resultados da pesquisa de clima e autoavaliação dos colaboradores
a partir de teorias de motivação, considerando fatores que levam à satisfação e
também à insatisfação.
Na próxima seção, pretende-se explorar os referenciais teóricos das teorias de
motivação, levando-se em consideração sua aplicação em gestão de pessoas.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerando-se que o estudo tem por base uma pesquisa de clima organizacional
optou-se por realizar uma fundamentação teórica nos temas de comportamento
organizacional, conceitos de motivação, satisfação e insatisfação no trabalho e teorias
específicas sobre motivação humana.
2.1 Comportamento organizacional
Segundo Griffin (2006, p. 7), Comportamento organizacional é o estudo do
comportamento humano em ambientes organizacionais, da interface entre o comportamento
humano e a organização e da organização em si. Este campo de estudos tem o propósito de
utilizar o conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. O comportamento
organizacional aplica o conhecimento obtido sobre as pessoas, os grupos e o efeito da
estrutura sobre este, fazendo com que as organizações trabalhem mais eficazmente. É a área
que se ocupa do estudo sobre o que as pessoas fazem nas organizações e de como esse
comportamento afeta o desempenho organizacional, enfatizando o comportamento relativo a
tarefas, trabalho, absenteísmo, rotatividade, produtividade, desempenho e administração.
(ROBBINS, 2010).
Para Griffin (2006) a compreensão do comportamento organizacional é fundamental,
pois proporciona um conjunto de ferramentas que todos os gestores podem utilizar para
executar seu trabalho com mais eficiência.
Robbins (2010) diz que os seres humanos são complexos, e poucos princípios simples
e universais explicam o comportamento organizacional. Como somos todos diferentes, a
possibilidade de fazer generalizações é muito limitada, o que significa que os conceitos de
comportamento organizacional precisam refletir condições situacionais ou contingenciais.
Segundo Bergamini (1997), cada indivíduo traz de forma intrínseca suas próprias
motivações e a organização deve agir de forma que as pessoas não percam sua sinergia
motivacional. Um colaborador pode possuir todas as qualidades necessárias ao desempenho
da função, ter o conhecimento, ser treinado e ter um bom ambiente de trabalho, contudo, isto
não garantirá que ele realize sua tarefa de forma produtiva.
Ainda segundo Bergamini (1997), a recompensa é um fator motivacional de grande
importância para as organizações, uma vez que está ligada à crença do colaborador de que seu
comportamento gera resultados. Neste contexto, a organização deve observar a necessidade
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do colaborador, auxiliando para o comportamento organizacional esperado.
Griffin (2006) ainda relata que a análise e o entendimento do comportamento
organizacional contribuem para que gestores vejam mais claramente porque as demais
pessoas na organização agem de determinada maneira.
Para Cortella (2016), a empresa precisa entender que necessita criar movimentos de
estímulo, promover formação continuada e reconhecimento, tudo aquilo que faz com que a
pessoa ganhe energia e receba combustível, sugerindo ainda que ninguém motiva alguém, o
que se pode é estimular. A motivação é movimento interno – uma pessoa se encontrará mais
motivada se ela for estimulada a fazê-lo. Quem é cuidado por uma organização também vai
cuidar dela.
2.2 Motivação, satisfação e insatisfação no trabalho
Para Robbins (2010), motivação é um conjunto de sentimentos que uma pessoa tem
em relação ao seu trabalho, sendo esta mais uma atitude do que um comportamento.
Bergamini (1997) acredita que todo o indivíduo, consciente ou inconscientemente, conhece
suas motivações, e assim busca organizações onde possa desenvolver suas habilidades de
maneira que não perca sua motivação. A autora também ressalta que quando se assume a
possibilidade de motivar as pessoas, confunde-se motivação com condicionamento.
Uma vez que se aborda condicionamento, sabe-se que, quando as forças
condicionantes desaparecerem, sejam eles reforçadores positivos ou negativos, essas pessoas
param, precisando de novos estímulos para que voltem a movimentar-se. Seria indiscutível
então, que ninguém consegue motivar alguém, uma vez que a motivação nasce no interior de
cada um. No entanto, é possível de acordo com Bergamini (1997), manter pessoas motivadas
quando se conhece suas necessidades e se oferece fatores de satisfação para tais necessidades.
Em Bergamini (1997), a motivação cobre grande variedade de formas comportamentais. As
organizações não devem adotar estratégias que motivem as pessoas, mas acima de tudo,
oferecer um ambiente de trabalho no qual a pessoa mantenha o seu tônus motivacional.
A diversidade de interesses percebida entre os indivíduos permite aceitar que as pessoas não
façam as mesmas coisas pelas mesmas razões.
Segundo Robbins (2010), evidências mostram que funcionários mais satisfeitos e
tratados de maneira justa têm mais propensão a desenvolver o comportamento de cidadania
organizacional que supera suas funções. Dessa maneira, pode-se inferir, na linha de raciocínio
de Robbins, que uma pessoa satisfeita com seu trabalho gerará sentimentos e atitudes
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positivas no ambiente organizacional, diferentemente de um funcionário insatisfeito, que
apresentará atitudes negativas e desestimulantes, podendo inclusive influenciar o próprio
grupo de trabalho negativamente.
Bergamini (1997) diz ainda que cada indivíduo possui objetivos motivacionais
próprios, e o sentido dado a cada atributo é único. Isto é, o significado das ações tem ligação
com a escala pessoal de valores. O referencial próprio é que dá sentido à maneira pela qual
cada indivíduo leva sua existência de motivação. Assim, a satisfação não só está inversamente
ligada ao absenteísmo e à rotatividade, mas as organizações têm a responsabilidade de
oferecer empregos que sejam estimulantes e intrinsecamente gratificantes.
Segundo Cortella (2016), há um anonimato muito forte na produção. Como existe uma
estrutura de trabalho em equipe muito grande, o trabalho em equipe quase leva à anulação do
reconhecimento do indivíduo. E isso significa que um trabalho em equipe não prescinde da
atuação de cada pessoa. É necessário que não se gere anonimato, afirmando ainda que o
reconhecimento não é só pecuniário e financeiro, é autoral. É necessário que a empresa exalte,
mostre quem colaborou com o feito. À medida que se tem reconhecimento, comemoração,
celebração, isso dá energia vital para continuar fazendo. Não se entende aquilo como sendo
apenas uma tarefa. O reconhecimento para Cortella (2016) ultrapassa a ideia de tarefa, é a
principal forma de estímulo que alguém pode ter.
De acordo com Hollenbeck (1999), a insatisfação é uma das principais causas de
absenteísmo e rotatividade de funcionários nas organizações, problema que acaba gerando
custos altos para as empresas. A insatisfação também gera declínio no compromisso
organizacional, pois segundo os autores, compromisso implica uma dose de esforço e vontade
de ficar na empresa.
Para Wagner e Hollenbeck (1999), algumas características das organizações podem
causar, além da insatisfação, o estresse. Assim, atitudes e comportamentos dos funcionários
devem ser monitorados e avaliados pelos gestores, para que não se chegue ao ponto do
trabalhador achar que é perda de tempo informar a razão de sua insatisfação.
Diversas são as teorias e crenças relacionadas à motivação e à maneira pela qual esta
se processa no indivíduo. Apesar de divergentes, Bergamini (1997) acredita que estas teorias
“se complementam e contribuem para o delineamento de uma visão mais abrangente do ser
humano como tal, tendo em vista a natural complexidade que o caracteriza”. Sobre algumas
dessas teorias trata a próxima seção desse estudo.
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2.3 Teorias de motivação
Várias são as teorias de motivação que dão embasamento aos líderes, para que possam
identificar e compreender quais fatores motivam as pessoas nas organizações. Dentro das
teorias clássicas de motivação encontram-se a Teoria de Maslow, Teoria de dois fatores de
Herzberg, a Teoria X e Y de McGregor e a Teoria de McClelland, resumidas no quadro 1.
Corrente/autor Características Fator de Motivação Necessidade dominante
Maslow Hierarquia das
Necessidades Humanas: a
cada momento há uma
necessidade insatisfeita
predominante
Perspectiva de satisfação
da necessidade dominante
Hierarquia das
necessidades
Herzberg Divisão entre fatores
higiênicos e motivacionais
Enriquecimento do
trabalho
Estima,
autorrealização
McGregor Duas maneiras de encarar
o trabalhador: Teoria X e Teoria Y
Autonomia, desafios Estima,
autorrealização
McClelland Pessoas não são colocadas
em categorias. Elas têm
vários graus de cada uma
das necessidades
Realização, poder e
afiliação
Realização,
poder e afiliação
Quadro 1 – Comparação entre teorias de motivação
Fonte: Slideshare, 2018.
Conforme quadro 1, para Maslow os seres humanos funcionam com base em uma
hierarquia de necessidades. Herzberg divide sua teoria entre fatores motivacionais e
higiênicos. Já McGregor divide os trabalhadores entre as Teorias X (necessidade de
recompensa) e Y (trabalho como fonte de satisfação), e para McClelland as pessoas não são
classificadas em categorias, elas possuem vários graus de necessidades.
2.3.1 Teoria de Maslow
Chiavenato (2009) afirma que as necessidades humanas estão divididas em
hierarquias, denominadas por ele de hierarquia dos motivos humanos. Conforme seu conceito,
uma necessidade é substituída pela seguinte mais forte na hierarquia, à medida que começa a
ser satisfeita onde o esforço de motivação deste se colocará na busca de satisfação do nível
imediatamente superior.
Maslow hierarquizou as necessidades humanas na seguinte ordem de premência:
a) necessidades de autorrealização;
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b) necessidades de autoestima;
c) necessidades sociais;
d) necessidades de segurança;
e) necessidades fisiológicas.
As necessidades fisiológicas são as mais fortes e demandam um nível mínimo de
satisfação para a sobrevivência do homem. Estas necessidades englobam aspectos como fome,
sede, sono, abrigo contra intempéries e alívio de perigos de ordem fisiológica. As
necessidades de segurança estão em um nível superior às fisiológicas e se relacionam com
segurança física, estabilidade, sentimentos de dependência e proteção. As necessidades sociais
ou de afiliação estão vinculadas à carência que as pessoas têm de amar, participar de grupos
sociais, de clubes, igrejas e demais. As necessidades de autoestima se apresentam sob o
aspecto de autoafirmação, de valorização das pessoas em relação a elas mesmas ou aos outros.
A procura de poder, de status, de prestígio, de reconhecimento, de apreço, de competência ou
suficiência indica a busca de satisfação das necessidades vinculadas a este nível.
Mais elevado e mais difícil de ser alcançado, o nível mais raramente preenchido em
sua plenitude é, segundo Maslow, o das necessidades de autorrealização. Este engloba a
necessidade dos indivíduos de realizar ou atualizar seu potencial, de concretizar ou
operacionalizar suas possibilidades. Assim, por exemplo, a busca de vencer, de ser coerente,
de possuir conhecimentos, revela necessidades em nível de autorrealização.
Chiavenato (2009) tece algumas considerações a respeito da teoria de Maslow, dentre
elas o fato de que uma necessidade satisfeita não é motivadora, considerando que apenas as
não satisfeitas influenciam o comportamento humano e motivacional, que as necessidades
localizadas nas partes mais baixas da pirâmide exigem um ciclo motivacional rápido,
enquanto as que estão mais elevadas demandam um ciclo motivacional mais lento.
2.3.2 Teoria dos dois fatores de Herzberg
Frederick Herzberg publicou em 1959 (apud ROBBINS, 2010) a obra “The
Motivation to Work”, na qual traz uma concepção diferente com relação às razões para
motivação no trabalho, que originou sua teoria sobre fatores motivacionais e higiênicos.
Segundo Herzberg, os fatores higiênicos são aqueles que, quando faltam ou estão
inadequados levam a insatisfação com o trabalho, porém, isto não quer dizer que deixem os
trabalhadores satisfeitos quando estão presentes. A motivação dependeria de outros fatores,
chamados de motivacionais.
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Pesquisas realizadas por Herzberg (1959, apud ROBBINS, 2010), o levaram a afirmar
que o contrário de satisfação não pode ser chamado de insatisfação, mas caracteriza-se mais
como nenhuma satisfação. Da mesma forma, o contrário de insatisfação não pode ser
entendido como satisfação, mas nenhuma insatisfação.
Outro aspecto interessante encontrado em suas pesquisas é o poder de diferenciar
pessoas em tipos ou estilos motivacionais. Em sua teoria, Herzberg aponta que há pessoas
voltadas basicamente à procura da realização, da responsabilidade, do crescimento, da
promoção do próprio trabalho de reconhecimento merecido – pessoas estas são tidas como
tipos que “procuram motivação”.
Por outro lado, existem pessoas que centralizam seus objetivos em elementos como o
pagamento, vantagens adicionais, competência da supervisão, condições de trabalho,
segurança, políticas da empresa e colegas de trabalho. Estas pessoas Herzberg chama de tipos
que “procuram manutenção”.
Quadro 2 – Visão de Herzberg
Fonte: Shermerhorn, 2001, p. 8.
Segundo Robbins (2000), apesar das críticas, esta teoria foi amplamente divulgada
entre os executivos. Para o autor deve-se atribuir a Herzberg em virtude de suas
recomendações, a popularidade da verticalização das funções, o que permitiu aos funcionários
maior responsabilidade no planejamento e controle do próprio trabalho.
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2.3.3 Teoria X e Y de McGregor
McGregor propõe duas visões distintas do ser humano, sendo uma basicamente
negativa – Teoria X, e outra basicamente positiva – Teoria Y.
Quadro 3 – Pressupostos teoria X e Y
Fonte: Loreto, 2018.
No quadro 3, pelas pressuposições da Teoria X, percebe-se que o indivíduo motiva-se
pelo menor esforço, necessitando de acompanhamento por parte da liderança para o
desenvolvimento de suas tarefas. Já na Teoria Y, os indivíduos são motivados, criativos,
procuram e aceitam responsabilidades, demandando uma participação maior nas decisões
inerentes a suas atividades.
Para Gil (2011, p. 203) a teoria X “supõe que a maioria das pessoas não gosta de
trabalhar e consequentemente as equipes só funcionam pela disciplina e possibilidade de
recompensa”. Já a teoria Y preza pela ideia de que os colaboradores encaram o trabalho como
fonte de satisfação, onde são capazes de dedicar-se para obter os melhores resultados.
Adeptos da teoria X costumam trabalhar afastados de sua equipe e focados em resultados,
enquanto aqueles que se identificam com a teoria Y trabalham em conjunto, partilhando
decisões e ações a serem tomadas. (GIL, 2011).
Na concepção da teoria X, a tarefa da administração se restringe a aplicação e controle
da energia humana unicamente em direção aos objetivos da organização, deixando de levar
em consideração os objetivos pessoais dos colaboradores. A teoria Y contempla uma tarefa
mais ampla de administração, a qual cria oportunidades, encoraja o crescimento, orienta,
desenvolve potenciais. É uma administração por objetivos e não controles. (GIL, 2011).
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2.3.4 Teoria das necessidades socialmente adquiridas (McClelland)
Desenvolvida por David McClelland, a teoria das necessidades socialmente adquiridas
descreve que pessoas são motivadas por três necessidades básicas: necessidade de realização,
necessidade de poder e necessidade de afiliação.
Para Griffin (2006), a necessidade de realização representa um interesse recorrente em
fazer as coisas melhor, ultrapassando os padrões de excelência, é o desejo de alcançar um
objetivo ou realizar uma tarefa de forma mais eficaz do que no passado.
Os indivíduos bem cotados neste aspecto preferem situações em que obtenham
feedback acerca do seu desempenho, caracterizam-se pela vontade de ser bem sucedidos em
situações de competição, pelo desejo de fazer alguma coisa melhor ou de forma mais
eficiente.
McClelland em sua teoria considera que as pessoas que tem necessidade de realização
como motivadora, primeiramente focam o crescimento pessoal, em fazer melhor. Em seguida
querem feedback concreto e imediato do seu desempenho. Uma característica é evitar tarefas
que visualizem como muito fáceis ou muito difíceis. Buscam superar obstáculos, mas
precisam sentir que o fracasso ou sucesso dependeu de suas próprias ações. Significa assim
dizer que gostam de desafios com dificuldade intermediária. (ROBBINS, 2010).
A necessidade de poder vem do desejo de controlar o ambiente, inclusive recursos
financeiros, materiais, de informação e humanos. As pessoas, as quais possuem essa
necessidade em alta, gostam de estar no comando, buscam a influência sobre os outros,
preferem estar em situações competitivas e de status e tendem a se preocupar mais com o
prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho eficaz. (GRIFFIN, 2006).
Por fim, em Griffin (2006), a necessidade de afiliação, um anseio humano de ter
companhia vem da necessidade de afeição, do desejo de possuir relacionamentos interpessoais
agradáveis e estar bem com todo mundo. São pessoas que buscam a amizade e a cooperação.
Tendem a querer apoio e aprovação dos outros, e geralmente se preocupam com os
sentimentos alheios. Uma característica das pessoas que possuem esta necessidade é que são
mais propensas a fazer concessão a demandas particulares.
3 METODOLOGIA
A pesquisa teve o objetivo de analisar os fatores organizacionais que estariam
contribuindo para a satisfação e insatisfação dos colaboradores atuantes na área administrativa
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e fabril de uma empresa do setor de máquinas e equipamentos pneumáticos, no que se refere
ao relacionamento com a liderança. Foram analisados resultados da Pesquisa de Clima
Organizacional (PCO) da empresa, referentes aos anos do triênio 2015, 2016 e 2017.
3.1 Caracterização da pesquisa
Para Gil (2010), quanto à natureza das variáveis pesquisadas a pesquisa caracteriza-se
por quantitativa, visando analisar o grau dos fatores de satisfação e insatisfação dos
colaboradores, compreendendo as variáveis e as relações entre elas. A pesquisa quantitativa é
utilizada para medir opiniões, atitudes e preferências. Por considerar informações decorrentes
de avaliação realizada na empresa da pesquisadora, o delineamento do estudo é por pesquisa
documental.
A abordagem de pesquisa é descritiva, já que foi possível descrever a população
participante em produção e administração e utilizar uma técnica padronizada para coleta de
dados, realizando os registros, analises, classificação e interpretação dos questionamentos,
sem interferir nos mesmos.
3.2 Técnica de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em recorte ex post facto, tendo em vista que as
pesquisas de clima em questão foram realizadas pela empresa nos anos de 2015, 2016 e 2017.
De acordo com Gil (2010) esse tipo de experimento é “a partir do fato passado” e busca
verificar a existência de relações entre as variáveis coletadas. O detalhamento a respeito de
setores e número de participantes por setor é apresentado no item 4.1 de apresentação da
amostra.
O acesso aos dados deu-se de forma satisfatória, uma vez que a pesquisa de clima está
diretamente ligada ao setor de atuação da pesquisadora – área de Recursos Humanos. Porém,
para que os dados pudessem ser publicados, a empresa optou por manter a confidencialidade
do nome. No que se refere aos dados das pesquisas de 2015 e 2016, os mesmos estavam
disponíveis desde o início deste artigo, mas como a pesquisa de clima se dá de forma anual e a
possibilidade de incluir os resultados de 2017, foi necessário aguardar até o mês de novembro
de 2017 para que estes fossem compilados. Após coletados, os dados do triênio 2015-2017
foram analisados por meio de estatística descritiva, a partir da construção de gráficos
comparativos em torno do índice de satisfação dos colaboradores, sendo esses considerados à
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luz de teorias de motivação estudadas.
3.3 Sobre a organização
A empresa pesquisada é nacional, atuante no mercado desde 1959, e dedica-se ao
desenvolvimento e aprimoramento constante de soluções em ferramentas pneumáticas. Ao
longo de meio século, conquistou significativa posição no mercado industrial, liderando
segmentos com produtos de alto desempenho e consolidando sua marca. Possui um parque
industrial em sede própria, situado em Porto Alegre, com mais de 5.000m², tornos, retíficas e
centros de usinagem totalmente computadorizados. Atualmente conta com aproximadamente
95 colaboradores, tendo filiais em Caxias do Sul e São Paulo. Possui rede de consultores
técnicos externos por todo território nacional e rede de assistência técnica em grandes cidades
brasileiras.
4 ANÁLISE DE DADOS
O presente estudo analisa os resultados das pesquisas de clima organizacional de uma
empresa do setor de máquinas e equipamentos pneumáticos decorrentes dos anos de 2015,
2016 e 2017. Na sequência, segue a apresentação da amostra e a apresentação dos dados da
pesquisa, de forma geral e por questão pesquisada.
4.1 Apresentação da amostra
No triênio de escopo do presente estudo, a amostra é composta por funcionários dos
setores de produção e administração. A metodologia utilizada pela empresa não possibilita
identificar características específicas, tais como, idade, sexo ou departamento. A única
distinção realizada é a identificação da área de trabalho, dividida em administração e
produção.
O montante de questionários entregues refere-se ao número de funcionários ativos na
empresa na oportunidade da realização das pesquisas, descartando-se deste universo, apenas
os funcionários legalmente afastados.
A tabela 1 abaixo apresenta demonstrativo relacionando questionários entregues
versus questionários respondidos e avaliados nas pesquisas, proporcionando conhecer o
percentual de adesão dos funcionários em responder a pesquisa.
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Tabela 1 – Questionários entregues x questionários avaliados
Questionários Entregues Questionários Respondidos e Avaliados
ANO ADM PRODUÇÃO ANO ADM % ADESÃO PRODUÇÃO % ADESÃO
2015 29 53 2015 21 72% 45 85%
2016 32 38 2016 30 93% 35 92%
2017 29 36 2017 21 72% 30 83%
Fonte: PCO - Triênio 2015-2017.
Diante dos dados apresentados na tabela 1, podemos observar que no ano de 2016
obteve-se uma população maior participando da pesquisa, chegando a um percentual de 93%.
Já nos anos de 2015 e 2017, a participação média na administração foi de 72% e na produção
85%.
4.2 Apresentação dos dados da pesquisa
Apresentam-se as respostas das questões do instrumento de pesquisa através de nove
gráficos. Os aspectos analisados referem-se a questões diretamente ligadas a liderança, tais
como: orientação, comunicação, liberdade, valorização. Também foram analisados aspectos
quanto à satisfação pessoal com o trabalho, motivação, expectativa profissional e sentimento
geral do colaborador com relação à empresa como um todo.
Gráfico 1 – Orientação da liderança
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
O gráfico 1 mostra um alto nível de satisfação em relação à orientação da liderança.
A orientação que recebo de minha LIDERANÇA faz com que eu me sinta...
2015 2016 2017
83% 74% 77%
15% 17%
0% 0% 2% 2% 9% 8%
13%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
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A comunicação que tenho com minha LIDERANÇA faz com
que eu me sinta...
2015 2016 2017
77% 83%
68%
20%
3% 12%
20%
0% 2% 0% 5% 10%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
Em 2017 a satisfação aumentou levemente (de 74% no ano anterior para 77%), porém ainda
não atingindo o índice de 2015 (83%). Ainda no ano de 2017 aparece um escore de 2% no
quesito Muito Insatisfeito, o que não foi identificado nos anos anteriores.
O fator de orientação da liderança é considerado pela teoria Y como importante, pois
mostra o encorajamento por parte da liderança pelo crescimento e desenvolvimento dos
potenciais. Na empresa, isso significa um trabalho conjunto entre líderes e subordinados,
partilhando decisões e ações a ser tomadas, criando oportunidades para o líder encorajar o
crescimento, orientar e desenvolver potenciais dos colaboradores.
Gráfico 2 – Comunicação da liderança
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
A boa comunicação entre os gestores e colaboradores é muito importante, pois
favorece o clima da empresa, facilita o desenvolvimento de ações, proporciona uma maior
participação dos colaboradores no dia a dia da organização, e consequentemente no
desenvolvimento profissional de cada membro da equipe. Novamente um fator considerado
pela teoria Y como importante, pois mostra o encorajamento por parte da liderança pelo
crescimento e desenvolvimento dos potenciais.
Observa-se no gráfico 2 que houve a retomada em 2017 do índice atingido em 2015
por parte da liderança no quesito Muito Satisfeito, porém, no que se refere ao quesito
Insatisfeito ocorreu no mesmo período de comparação (2015/2017), um aumento de 10%.
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Gráfico 3 – Liberdade com a liderança
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
O gráfico 3 apresenta os resultados sobre a percepção de liberdade para exposição de
ideias. Diante dos resultados apresentados, observa-se que os colaboradores sentem-se em sua
maioria satisfeitos ou muito satisfeitos. Um resultado importante, pois o colaborador não se
sente apenas um executor de tarefas, mas sim alguém que tem participação no
desenvolvimento da empresa, e que faz parte de uma equipe. Pela teoria de Herzberg, a
verticalização das funções permite ao funcionário maior responsabilidade no planejamento e
controle do próprio trabalho.
Ainda no gráfico 3 observa-se que o índice de satisfação vem tendo leve queda nos
anos de comparação, e uma elevação na questão da insatisfação. Porém, no que se refere aos
colaboradores que se consideram muito satisfeitos, os índices vêm sendo mantidos, chegando
a 27% em 2016.
Gráfico 4 – Valorização pela liderança
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
Percebo que minha LIDERANÇA valoriza meu trabalho
2015 2016 2017 75%
67% 69%
13% 19%
15%
4% 4% 3% 8% 10%
13%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
Sinto que tenho liberdade para expor minhas opiniões e ideias para minha
LIDERANÇA
2015 2016 2017
77%
64% 62%
20% 27% 25%
3% 5% 5% 0%
5% 8%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
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Neste aspecto, pelo gráfico 4, observa-se que houve um aumento no percentual de
colaboradores insatisfeitos. Porém, considerando que o reconhecimento para cada colaborador
seja percebido de forma diferente, podemos dizer que o número de colaboradores satisfeitos e
muito satisfeitos representa até 85% dos pesquisados, o que é importante, pois as pessoas
buscam além da satisfação, o reconhecimento profissional, e este serve como um fator
motivacional no desenvolvimento do colaborador. A necessidade de afiliação, pela teoria de
McClelland, vem da necessidade de afeição. As pessoas tendem a querer apoio e aprovação
dos outros, necessitam ser valorizadas.
Gráfico 5 – Sobre o que trabalho me torna
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
O gráfico 5 apresenta a percepção dos funcionários sobre a relação direta entre o
trabalho e a satisfação pessoal. Revela elevado índice de colaboradores satisfeitos (em 2017 =
67%) e muito satisfeitos (em 2017 = 23%), levando a percepção de que os colaboradores
gostam das atividades que realizam, ainda que tenha ocorrido um aumento no índice de
colaboradores insatisfeitos se comparados os períodos de 2015 e 2017 (aumento de 10%).
A necessidade de realização pela teoria de McClelland representa um interesse
recorrente em fazer as coisas da melhor forma possível. Funcionários gostam de situações que
obtenham feedback acerca de seu desempenho, caracterizando-se pela vontade de serem bem
sucedidos.
O trabalho/atividade que faço me torna uma pessoa...
2015 2016 2017
73% 66% 67%
27% 31%
23%
10%
0% 0% 0% 0% 3%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
17
Gráfico 6 – Motivação para o trabalho
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
Contextualizando a pergunta apresentada no gráfico 6, podemos observar a
instabilidade nas respostas dos funcionários. Apesar do maior percentual permanecer entre os
funcionários satisfeitos (69%) e muito satisfeitos (17%), observamos que com o passar dos
anos os índices de colaboradores muito insatisfeitos (2%) e insatisfeitos (10%) vem sendo
mantido ou até mesmo elevando, o que indica um decréscimo na motivação geral dos
funcionários, ainda que de forma gradual.
A teoria de McClelland considera que pessoas que tem necessidade de realização
como motivadora focam o crescimento pessoal, em fazer melhor. São indivíduos que gostam
de desafios. Já a teoria de Maslow traz a motivação como algo constante. À medida que
satisfazemos uma necessidade, sobrevém outra, sempre iremos desejar algo.
Gráfico 7 – Expectativa quanto ao futuro profissional
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
A expectativa que tenho quanto ao meu futuro profissional na empresa me
deixa...
2015 2016 2017
63% 54%
62%
17% 22% 21% 19%
6% 5% 11% 13%
6%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
Minha motivação para o trabalho me deixa...
2015 2016 2017
65% 68% 74%
13% 22% 20%
11% 11%
0% 3% 4% 8%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
18
Diante dos resultados do gráfico 7, observa-se que o grau de satisfação com relação à
expectativa de futuro profissional na empresa é significativo, porém instável, pois existe um
percentual considerável de colaboradores insatisfeitos ou muito insatisfeitos (na soma, 2017
chega a 32%), ou seja, quase metade se considerarmos o total de satisfeitos e muito satisfeitos
no mesmo período (68%).
Segundo a teoria de Maslow, o nível das necessidades de autorrealização é o mais
raramente preenchido em sua plenitude. Este engloba a necessidade dos indivíduos de
realizar, de concretizar ou operacionalizar suas possibilidades, o que pode levar a frustrações
diante de obstáculos ao tentarem vislumbrar seu futuro profissional na empresa.
Gráfico 8 – Sentimento
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
A partir do gráfico 8 podemos observar que os colaboradores dividem bastante suas
opiniões, e o sentimento de bem estar para com a empresa de maneira geral, pode não ser
considerado satisfatório. Há um índice considerável de colaboradores muito insatisfeitos (11%
em 2017) e insatisfeitos (19% no triênio), enquanto o número de colaboradores muito
satisfeitos teve uma queda significativa se comparados os anos de 2016 e 2017 (queda de
35%). Ainda assim, o percentual de colaboradores satisfeitos manteve uma média no período
analisado (63%).
Pela teoria de McClelland, os indivíduos que possuem necessidade de afeição buscam
relacionamentos interpessoais agradáveis, precisam estar bem com todo mundo. São pessoas
que buscam cooperação, apoio e aprovação.
Ultimamente me sinto...
2015 2016 2017
65% 61% 64%
19% 19% 19% 11%
15% 17%
2% 3% 6%
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
19
Gráfico 9 – Resultado geral
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de PCO - Triênio 2015-2017.
Diante dos resultados apresentados nos gráficos 1 a 8 e considerando uma média geral
desses, que é o gráfico 9, resume-se um resultado positivo no que se refere ao grau de
satisfação dos funcionários. É possível perceber que o percentual de funcionários satisfeitos
no triênio 2015-2017 vem sendo mantido (89%), o que é bastante significativo, uma vez que o
colaborador satisfeito desempenha suas tarefas de forma mais prazerosa, representando
inclusive maior produtividade. Importante, porém, verificar o índice de colaboradores que
estão insatisfeitos, o qual também mantém uma média no período avaliado (12%).
A identificação dos fatores motivadores é fundamental para evitar que colaboradores
satisfeitos se transformem em insatisfeitos, afetando inclusive o desempenho profissional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por objetivo analisar os fatores organizacionais que contribuem
para a satisfação e insatisfação dos colaboradores de uma empresa do setor de máquinas e
equipamentos pneumáticos, no que se refere ao relacionamento com a liderança.
Analisando os resultados das pesquisas de clima dos anos de 2015, 2016 e 2017,
percebe-se que a grande maioria das respostas se concentra entre o Satisfeito e Muito
Satisfeito, onde o grau de satisfação se mantém em 70%, e o índice de funcionários muito
satisfeitos atinge a marca de 19% na média do triênio. Comparando os três períodos e nas
diferentes abordagens da pesquisa, há um nível de satisfação de 85%, o que é importante,
pois pessoas buscam além da satisfação, o reconhecimento profissional, e este
reconhecimento serve como fator motivacional no desenvolvimento do colaborador. Porém, é
RESULTADO GERAL Compilação de todas respostas da pesquisa
2015 2016 2017
91% 89% 88%
10% 11% 13%
Insatisfeito Satisfeito
20
possível observar que existe relativa insatisfação em questões como o sentimento de
valorização pela liderança, que chega a 13% de funcionários insatisfeitos no ano de 2017, na
motivação para o trabalho que na média também atinge 13% de insatisfeitos, e na expectativa
de futuro na empresa, onde até 22% dos funcionários que responderam aos questionários
demonstram sua insatisfação, ou seja, falta de visão quando ao futuro profissional nesta
organização. O contexto da pesquisa de clima organizacional demonstra um bom nível de
integração entre funcionários e líderes. Ainda assim, muitos são os aspectos a serem
melhorados para que os colaboradores atinjam melhores níveis de motivação. Medidas como
a garantia de valorização através de recompensas não somente financeiras, mas por
reconhecimentos pessoais, seriam de grande valia, bem como, o aproveitamento do potencial
através de metas e desafios que proporcionem ao funcionário crescimento profissional e
ganho de responsabilidades.
De modo geral, a pesquisa permitiu maior conhecimento sobre os fatores
motivacionais dos funcionários da empresa pesquisada e também de expectativas futuras
relacionadas à empresa, possibilitando a implementação de melhorias e manutenção de um
clima e ambiente favoráveis.
A pesquisa limitou-se ao triênio de 2015-2017, houve um enfoque maior na questão
das lideranças, considerando os setores de administração e produção. Para pesquisas futuras,
sugere-se realizar entendimentos mais próximos dos funcionários. Uma opção seria a
realização de “focus group” com os colaboradores, em questões específicas como motivação,
valorização, comunicação e expectativas futuras, para que possam assim trazer resultados
mais direcionados. Outra possibilidade seria a aplicação de questionários “online” que seriam
formulados e respondidos de forma totalmente anônima, possibilitando trazer muitas
informações, abrindo espaço para que os funcionários sintam mais liberdade em expor suas
opiniões e tragam sugestões mais específicas daquilo que gostariam de mudar.
ANALYSIS OF A TRIENNIUM OF ORGANIZATIONAL CLIMATE RESEARCH IN
A COMPANY OF THE MACHINERY AND PNEUMATIC EQUIPMENT
ABSTRACT
One of the factors that most impact on employees' lives within organizations is the
organizational climate, which is why this theme is key to People Management. Given this, the
present study has the general objective of analyzing the organizational factors that contribute
21
to the satisfaction and dissatisfaction of the employees of a company from the machines and
pneumatic equipment sector, regarding the relationship with the leadership. The research is
quantitative and descriptive, and the data collection was done in a documentary form, in an ex
post facto approach, from the organizational climate survey of the company, during the
triennium 2015-2017. The sample is made up of 60 employees from the production and
administration sectors. The analysis of the information is made through descriptive statistics,
understanding the results using theories of motivation, considering factors that lead to
employee satisfaction and dissatisfaction, where it becomes possible to identify issues of
communication, motivation, autonomy, dissatisfaction with the leadership, feelings of
devaluation and lack of professional perspective in the company. Comparing the three
timeframes and different approaches to the survey, 22% of the respondents showed
dissatisfaction, that is, lack of vision regarding the future professional in this organization,
and the only aspect that had increased satisfaction in the period of 2017-2018, including "very
satisfied", was the communication with the leadership. Nevertheless, there is an 85%
satisfaction level among employees, which is important because people seek recognition,
in addition to professional satisfaction, and this recognition serves as a motivational factor in
the development of the employee.
Keywords: Organizational behavior. Motivation and job satisfaction. Theories of motivation.
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