+anÁlise de fatores ergonÔmicos em um armazÉm geral
TRANSCRIPT
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 1/28
MÁRCIO GOMES ARAÚJODIOGO PÁDUA KROHLING
ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL DE
CAFÉ DO MUNICÍPIO DE MARECHAL FLORIANO, ES.
Trabalho apresentado ao Departamento deEngenharia Elétrica e de Produção daUniversidade Federal de Viçosa como parte dasexigências para a conclusão do curso deEngenharia de Produção.
Orientador Prof. Luciano José Minetti
VIÇOSAMINAS GERAIS - BRASIL
2007
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 2/28
ii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 6
1.1. Importância e caracterização do problema 6
1.2. Objetivos 7
2. REVISÃO DE LITERATURA 7
2.1. Ergonomia 7
2.1.1. Perfil dos colaboradores 8
2.1.2. Avaliação da carga de trabalho físico
2.1.2.1. Freqüência cardíaca
8
9
2.1.3. Riscos ambientais 9
2.1.3.1. Ruído 10
2.1.3.2. Iluminação 11
2.1.3.3. Poeira 12
2.2. Padronização de café em grão cru 12
3. MATERIAL E MÉTODOS 14
3.1. Caracterização do local de estudo 14
3.2. Perfil dos colaboradores 14
3.3. Atividades desenvolvidas 15
3.4. Determinação da carga de trabalho físico 19
3.5. Análise dos fatores ambientais no local de trabalho 19
3.5.1. Ruído 19
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 3/28
iii
3.5.2. Iluminação 20
3.5.3. Poeira 20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 20
4.1. Análise das atividades desenvolvidas e condições de trabalho 20
4.2. Análise da carga de trabalho físico 21
4.3. Análise dos fatores ambientais 21
4.3.1. Ruído 22
4.3.2. Iluminação 22
4.3.3. Poeira 23
5. CONCLUSÃO 23
6. SUGESTÕES DE MELHORIA 24
7. REFERÊNCIAS 26
ANEXOS 27
Anexo 1 27
Anexo 2 28
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 4/28
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Controle dos entroncamentos das tubulações............................................. 15
Figura 2 - Saída das pedras do catador de pedras........................................................ 16
Figura 3 - Peneirão classificador de grãos................................................................... 16
Figura 4 - Densimétricas............................................................................................. 17
Figura 5 - Densimétrica e o saco para retirada do resíduo.......................................... 17
Figura 6 - Enchimento dos silos e correia transportadora........................................... 18
Figura 7 - Tempo de Exposição X Decibéis................................................................ 22
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 5/28
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação da carga de trabalho físico (freqüência cardíaca)................ 9
Tabela 2 - Tabela descritiva dos riscos ambientais..................................................... 9
Tabela 3 - Níveis de iluminamento recomendados..................................................... 11
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 6/28
6
ARAÚJO, Márcio Gomes e KROHLING, Diogo Pádua. Análise de fatores ergonômicosem um armazém geral de café do município de Marechal Floriano, ES . 2007, 20f..Trabalho de Graduação (Curso de Engenharia de Produção) – Universidade Federal deViçosa.
1. INTRODUÇÃO
1.1. Importância e caracterização do problema
No contexto de um mundo globalizado, as empresas estão constantemente buscando
novas tecnologias, visando melhorar seus produtos e seus serviços prestados e, com isso,
garantir a sua sobrevivência. Porém, alguns problemas aparecem durante a implantação
destas modificações, em sua maioria no aspecto humano, onde o homem tem que se adaptar
a todas estas mudanças no processo de produção, sendo que estas mudanças podem muitas
vezes não se adequar a ele, que está diretamente ligado ao processo produtivo.
Os estudos ergonômicos visam harmonizar o sistema de trabalho adaptando-o ao ser
humano, através da análise da tarefa, da postura e dos movimentos do operador, assim
como das suas exigências físicas e psicológicas. Com isso, há reduções da fadiga e do
estresse dos colaboradores e, conseqüentemente, aumento da eficiência e do rendimento dasatividades.
A ergonomia tem contribuído significativamente para melhorar as condições do
trabalho humano (MINETTE, 1996). Isso implica em compromisso pessoal e prazer em
trabalhar, que é a condição essencial para a qualidade de produtos e serviços de uma
organização (BOM SUCESSO, 1997).
A avaliação da carga física de trabalho, para vários colaboradores do mundo, vem
sendo uma questão central, inclusive para os que trabalham em setores mais modernos ecom esforços físicos menores. Em análises ergonômicas do trabalho, utilizam-se os índices
fisiológicos, objetivando constatar os limites das atividades físicas que um indivíduo é
capaz de exercer. Tais índices determinam a duração da jornada de trabalho, a duração e a
freqüência das pausas, de acordo com a capacidade física do colaborador (SOUZA e
MACHADO, 1991).
Já as condições desfavoráveis como, por exemplo, vibração, níveis de ruído
elevados, poeira excessiva, luminosidade ineficiente e temperatura inadequada causam
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 7/28
7
desconforto no ambiente de trabalho, aumentando os riscos de acidentes, podendo provocar
assim sérios danos à saúde dos colaboradores.
Nas operações no setor de separação mecânica de grãos de café, o colaborador
realiza diversas movimentações e esforços, sendo que suas atividades são realizadas em
diferentes posições, assim estando sempre exposto a ruídos elevados, variações de
temperatura e luminosidade, dentre outros fatores.
1.2. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho foi estudar os fatores ergonômicos relacionados àsatividades realizadas pelos colaboradores do posto de trabalho do setor de separação
mecânica de grãos de café em um armazém geral de café, no município de Marechal
Floriano-ES, visando a redução dos riscos de acidentes e doenças do trabalho, o bem-estar,
a melhoria da produtividade e a adequação às normas e leis regulamentadoras do trabalho.
Especificamente, os objetivos foram os seguintes:
• Analisar o perfil dos colaboradores;
• analisar as atividades realizadas pelos colaboradores;
• avaliar a carga de trabalho físico; e
• caracterizar os fatores de ambiente de trabalho (ruído, luminosidade e poeira).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Ergonomia
A ergonomia surgiu através da necessidade de responder às insatisfações dos
colaboradores. Porém, o diagnóstico e a utilização dos conhecimentos não eram levantados.
Todavia, a vantagem ainda dominante era em relação aos conselhos preciosos e aos fatos
que correspondiam às demandas de determinada empresa, sem prejudicar o trabalho
industrial por se realizar em um curto período tempo. A análise ergonômica do trabalho
originou-se dos ergonomistas franceses e o seu objetivo não era mais fazer com que a tarefa
fosse descrita pela direção da empresa, e sim analisar as atividades de trabalho envolvendo
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 8/28
8
a análise da demanda, a proposta de contrato, a análise do ambiente, da situação de
trabalho, da restituição dos resultados, das recomendações ergonômicas com as
intervenções e a eficiência das mesmas (WISNER, 1994).
A ergonomia deve ser aprofundada em diversas situações, visando o tempo e o
espaço, observando os fatores externos que podem alterar a atividade do homem e por em
evidência os problemas gerais e suas possíveis soluções (SANTOS & FIALHO, 1997).
2.1.1. Perfil dos colaboradores
Segundo MINETTE (1996), o principal componente que determina o sucesso ou ofracasso de um sistema de trabalho é o colaborador. O que se observa é que nem todos os
colaboradores são iguais e, portanto, diferentes tipos de funções exigem diferentes
habilidades dos seus ocupantes (IIDA, 1990).
O conhecimento do perfil e das opiniões dos colaboradores envolvidos nas
atividades de padronização de café em grão cru, a respeito do trabalho, é útil na
implementação da melhoria de suas condições atuais de trabalho, nas novas formas de
treinamento, nas prevenções de acidentes, entre outras.
Portanto, devem ser feitos estudos paralelos para saber o que é ideal para cada
situação de trabalho, evitando assim que os colaboradores exerçam suas atividades por um
longo período de tempo e não se adaptem ao trabalho (LOPES, 1996).
2.1.2. Avaliação da carga de trabalho físico
De acordo com SILVIA (1999), os índices fisiológicos têm como objetivo
determinar o limite de atividades físicas que um colaborador pode exercer. A autora entãosugere que os índices fisiológicos podem determinar a jornada de trabalho, a duração e a
freqüência de pausas, de acordo com a capacidade física do indivíduo.
A capacidade aeróbica e a freqüência cardíaca são utilizadas freqüentemente
como índices fisiológicos. No presente trabalho, a freqüência cardíaca foi o índice
escolhido.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 9/28
9
2.1.2.1. Freqüência cardíaca
A freqüência cardíaca, geralmente expressa em batidas por minuto (bpm), pode
ser realizada através da palpação de artérias e do uso de medidores eletrônicos de
freqüência cardíaca (ALVES, 2001).
A indicação clara da existência de fadiga veio com a medida da freqüência
cardíaca durante a realização das atividades, onde se evidenciou que em uma jornada de
trabalho de 8 horas, o valor da freqüência cardíaca não deve exceder 110 batimentos por
minuto (COUTO, 1995).
Com base na freqüência cardíaca, pode-se classificar a carga de trabalho físico,como mostra a Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação da carga de trabalho físico (freqüência cardíaca)
Carga de Trabalho Físico Freqüência cardíaca em bpm
Muito leve < 75
Leve 75 – 100
Moderadamente pesada 100 – 125
Pesada 125 – 150
Pesadíssima 150 – 175
Extremamente pesada > 175
Fonte: IIDA, 1990.
2.1.3. Riscos ambientais
Segundo DELLA ROSA e COLCAIOPPO (1993), risco ambiental é uma
denominação genérica que se refere aos possíveis agentes de doenças profissionais
encontrados em uma atividade ou local de trabalho. Os riscos ambientais podem ser
divididos de acordo com a Tabela 2.
Tabela 2 - Tabela descritiva dos riscos ambientaisRiscos DescriçãoFísicos Ruído, calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não
ionizantes, vibrações etc.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 10/28
10
Químicos Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas etc.Biológicos Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos etc.
Ergonômicos Levantamento e transporte manual de peso, monotonia,repetitividade, responsabilidade, ritmo excessivo, posturasinadequadas de trabalho, trabalho em turnos etc.
Acidentes Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, incêndio eexplosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção,quedas e animais peçonhentos.
Fonte: Internet: http://www.btu.unesp.br/cipa/mapaderisco02.htmA presença de fontes de tensão no ambiente de trabalho, como excesso de
temperatura, ruídos e vibração, iluminação inadequada e poeira excessiva contribuem para
uma condição desfavorável de trabalho. No presente trabalho, os fatores ambientais
considerados pesquisados foram ruídos, iluminação e poeira.
2.1.3.1. Ruído
O ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, sendo medido em uma
escala logarítmica, cuja unidade é o decibel (dB). O ouvido humano é capaz de perceber
desde intensidades sonoras próximas de zero, até potências de 1013 superiores, equivalentes
a 130dB. Acima deste valor, o aparelho pode sofrer danos irreversíveis (IIDA, 2005).
O tempo de exposição ao ruído alto pode causar sobrecarga do coração,
acarretando secreções anormais de hormônios e tensões musculares. Isso tudo é causado
pela aceleração da pulsação, aumento da pressão sangüínea e estreitamento dos vasos
sangüíneos. Tal exposição pode ter como conseqüências mudanças no comportamento
como nervosismo, fadiga mental, baixo desempenho do trabalho, provocando também altas
taxas de absenteísmo e rotatividade (GERGES, 1992).
De acordo com as normas brasileiras, a máxima exposição diária permissível semo uso de um protetor auricular é de 85 decibéis. Entretanto, exposições superiores são
permitidas, desde que o tempo de exposição seja reduzido pela metade com o aumento de 5
decibéis no nível de ruído.
De acordo com SILVIA (2003), na aquisição de um protetor auditivo, deve-se
considerar fatores como conforto do usuário, a durabilidade, a facilidade de higienização e
a aceitação pelo trabalhador. Além disso, deve-se selecionar os tipos adequados destes
protetores para o trabalho, sendo estes do tipo concha ou do tipo de inserção.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 11/28
11
2.1.3.2. Iluminação
Uma boa iluminação pode ser entendida como a existência de um conjunto de
condições, em determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas
visuais com o máximo de acuidade e precisão e menor esforço. A falta ou o excesso de
iluminação no local do trabalho pode aumentar a fadiga visual, a incidência erros e a taxa
de acidentes. Na iluminação correta dos ambientes de trabalho, dois fatores merecem
destaque: a intensidade da iluminação, geralmente expressa em lux e a luminância, que é a
sensação de brilho e de ofuscamento, percebida por uma pessoa, a partir de uma fonte deluz, ou refletida por uma superfície (COUTO, 1995).
Os níveis de iluminamento recomendados para algumas tarefas típicas estão
mencionados na Tabela 3.
Tabela 3 – Níveis de iluminamento recomendados
TipoIluminamentorecomendado
(lux)Exemplos de aplicação
Iluminação geral de ambientesexternos
5 – 50 Iluminação externa de locais públicos, como ruas,estradas e pátios.
20 - 50Iluminação mínima de corredores e almoxarifados,
zonas de estacionamento.Iluminação geral para locais de pouco uso
100 - 150Escadas, corredores, banheiros, zonas de circulação,
depósitos e almoxarifados.
200 – 300Iluminação mínima de serviço. Fábricas com
maquinaria pesada. Iluminação geral de escritórios,hospitais e restaurantes.
400 - 600
Trabalhos manuais pouco exigentes. Oficinas emgeral. Montagem de automóveis, indústria de
confecções. Leitura ocasional e arquivo. Sala de primeiros socorros.
Iluminação geral em locais detrabalho
1000* - 1500*Trabalhos manuais precisos. Montagem de pequenas
peças, instrumentos de precisão e componenteseletrônicos. Trabalhos com revisão e desenhos
detalhados.
Iluminação localizada 1500 - 2000Trabalhos minuciosos e muito detalhados.
Manipulação de peças pequenas e complicadas.Trabalhos em relojoaria.
Tarefas especiais 3000 - 10000Tarefas especiais de curta duração e de baixos
contrastes, como em operações cirúrgicas.(*) Pode ser combinado com a iluminação total.Fonte: IIDA, 2005.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 12/28
12
2.1.3.3. Poeira
Poeiras são aerodispersóides sólidos com granulações invisíveis (menores de 0,2
mícrons) ou visíveis (10 a 150 mícrons). Aqueles menores que 5 mícrons flutuam no ar
durante muito tempo, sendo que os menores a 3 mícrons atingem os alvéolos pulmonares.
Resultam de operações de trituração, moagens, explosões e polimentos (IIDA, 2005).
2.2. Padronização de café em grão cru
O café é uma semente, proveniente de um arbusto. As diferentes regiões,variedades genéticas, tratos culturais, processos pós-colheita, clima, modos de secagens e
armazenamento provocam variações de paladar e da fisionomia da semente. Esta grande
quantidade de fatores determina uma grande variação nos lotes de café, exigindo assim a
necessidade de uma forma universal de classificação do café verde ou em grãos crus. A
partir dessa classificação do café e das necessidades dos clientes, surgiram diversas
máquinas destinadas a ajudar os armazéns gerais, cooperativas e exportadores a padronizar
os lotes de café.
A padronização é realizada por paladar, através de um teste de degustação, e
depois pelo aspecto físico, que retira os grãos defeituosos e separa por tamanho, cor e
forma. O setor analisado neste trabalho inclui toda a separação física, que ocorre através de
quatro tipos de máquinas, a saber:
• Catadores de pedras: retiram as pedras através de vibração, inclinação e colunas de
ar, impulsionando as pedras para cima e o café para baixo. Assim, o café segue pelo
sistema e as pedras caem em um saco localizado atrás da máquina;
• Classificadoras (Peneirões): realizam a separação de acordo com o tamanho e a
forma dos grãos através de peneiras com furos e formas de diferentes espessuras
sobrepostas e, através da vibração e inclinação do conjunto, o café é enviado a
diferentes destinos já separados por tamanho;
• Mesas densimétricas: através de um colchão de ar, realiza a separação dos grãos
com densidade menor (cascas, mal formados, brocados e chochos) dos mais densos,
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 13/28
13
através da regulagem da quantidade de ar, da inclinação da mesa e da disposição das
paletas na saída das máquinas, conforme o tipo e a finalidade do café;
• Seletoras (eletrônicas): separam o café por cor através de células fotoelétricas, onde
os grãos imperfeitos (pretos, ardidos, preto-verdes e os verdes) que ainda estão no
lote são expelidos por jatos de ar e enviados para silos de “resíduos” (este é o nome
dado para o café comercializado no mercado interno). Já os grãos para comércio
externo são enviados para outros silos.
As principais tarefas realizadas na separação mecânica de café em grão cru são:
- Regulagem e controle das máquinas: As máquinas devem ser reguladas no início do
processamento do lote e no caso de ter ocorrido alguma variação no tipo do café. Este processo ocorre através do método da tentativa e erro. O operador deve ficar atento a
possíveis alterações nos níveis de ruído da máquina, assim como no acúmulo de algum
barbante ou corpo estranho na saída ou entrada das máquinas. As eletrônicas recebem uma
atenção maior pela complexidade de suas operações. Um operador controla estas máquinas
na maior parte da sua jornada de trabalho, mas isto não impede que ele execute as demais
tarefas. O outro operador cuida de todas as outras atividades, podendo realizá-la sozinha ou
em conjunto com o operador das eletrônicas.
- Controle dos transportes verticais e horizontais: O café entra no sistema a granel, através
de elevadores de caneca (transportes verticais), onde é içado para dentro de silos ou desce
por gravidade dentro de tubos metálicos inclinados até as máquinas. O café armazenado nos
silos pode também ser transportado através de correias transportadoras (transportes
horizontais) para outras máquinas ou áreas da empresa. Os operários são responsáveis por
todos estes transportes, assim como, em regulá-los para que não haja sobrecarga ou baixa
utilização. Todas as máquinas e transportes são ligados e desligados em dois painéis de
controle localizados dentro do posto de trabalho.
- Enchimento dos silos: Os topos dos silos estão interligados por escadas e plataformas para
que os colaboradores possam direcionar, através das correias transportadoras móveis, o café
para determinado silo. O café de um silo não pode ser misturado com o de outro, sendo que
os colaboradores não podem esquecer de atualizar o quadro com a informação do tipo de
café e o código do silo.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 14/28
14
- Troca de lotes: Quando acaba a separação de um lote, dependendo do tipo do café, todos
os equipamentos e máquinas devem ser limpos. Um tipo de café pode influenciar
negativamente no paladar de outros mais refinados. Essa tarefa ocorre esporadicamente,
pois paralisa o sistema por longos períodos e mobiliza muitas pessoas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Caracterização do local de estudo
Este trabalho foi realizado com dados coletados em um armazém geral de café naregião serrana, no município de Marechal Floriano, no Estado do Espírito Santo.
A jornada de trabalho na empresa tinha duração de 9h 30min no período de segunda
a sexta, iniciando às 7h e finalizando às 17h 30min. O intervalo para o almoço tinha
duração de 1h, entre 11h e 12h. Nessa jornada, dois colaboradores realizam as atividades,
sendo que um deles controla as eletrônicas e ajuda no enchimento dos silos, e o outro
controla as demais máquinas. O posto de trabalho é constituído por 10 silos, 2 catadores de
pedras, 2 peneirões, 3 densimétricas, 2 painéis de controle, transportes verticais e
horizontais e 12 eletrônicas.
O setor de padronização de café, em grão cru ou verde, produz os lotes de café
vendidos pela empresa. A produção anual varia conforme a situação mundial do setor. O
setor produtivo tem capacidade aproximada de produzir 1500 sacas de 60 quilos por dia, e
fica localizado no centro do armazém.
3.2. Perfil dos colaboradores
A população pesquisada foi composta por 4 funcionários que atuavam nas
atividades de operação no posto de trabalho do setor de padronização de café de um
armazém geral, nas atividades de enchimento de silo, regulagem e limpeza das máquinas e
equipamentos.
A população caracteriza-se pela baixa escolaridade dos colaboradores, e um nível
reduzido de otimização das atividades. Através das entrevistas, ficou claro também o
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 15/28
15
excesso de dores e reclamações dos funcionários, alguns desses com dores generalizadas no
sistema músculo-esquelético ao final da jornada de trabalho.
O café da manhã e da tarde, o almoço e o jantar são fornecidos pela empresa, assim
como a moradia para quem reside em outras cidades ou outro estado. A maioria dos
trabalhadores reside perto da empresa e usam a bicicleta como meio de locomoção até o
trabalho.
3.3. Atividades desenvolvidas
Os colaboradores, antes de ligarem as máquinas, revisam todo o posto de trabalhoe repõem, caso seja necessário, os materiais utilizados, como por exemplo, a sacaria e o
barbante utilizados no fechamento das sacas de resíduo da densimétrica e do catador de
pedras. Na realização deste fechamento, um colaborador costura manualmente as sacas e as
coloca em pilhas simples, próximas à densimétrica, para posterior retirada por outros
colaboradores.
Após receber as ordens de produção, o colaborador liga as máquinas e os
transportes, e regula as tubulações através dos volantes (Figura 1). Logo após, ele destrava
a saída de café do silo (onde está o café a ser processado) e regula todas as máquinas.
No catador de pedras, o colaborador o regula de forma que saia uma menor
quantidade possível de café junto com as pedras (Figura 2). Ele controla a polia da
máquina, a fim de monitorar a sua vibração, para fazê-la funcionar mais rápido ou mais
devagar, dependendo da demanda. Assim, uma manutenção preventiva desta máquina é
feita de acordo com o barulho que esta emite quando a polia está danificada.
Figura 1 – Controle dos entroncamentos das tubulações
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 16/28
16
Figura 2 – Saída das pedras do catador de pedras
Já no peneirão, o colaborador analisa a vazão ao subir numa escada (Figura 3) até
uma plataforma, controlando-a na própria máquina e, de forma manual, na saída do silo.
Além disso, ele retira amostras periódicas para controlar a porcentagem de cafés menores
que estão passando no meio dos grandes. Esse processo é feito da seguinte maneira: Ele
recolhe uma amostra no silo, do qual está saindo o café para o peneirão, e a leva para uma
sala localizada ao lado da sala das eletrônicas. Ali, ele pesa 100g da amostra numa balança
e faz uma peneiração manual. Assim, ele constata se o café está sendo peneiradocorretamente na máquina. Se este não estiver sendo peneirado corretamente, ele precisa
controlar o vazamento do peneirão com as válvulas, para que os cafés não se misturem.
Figura 3 – Peneirão classificador de grãos
Em especial, na densimétrica (Figura 4), o colaborador permanece a maior parte
do seu tempo, devido à necessidade de retirar os resíduos em sacarias (Figura 5), quando o
PEDRAS E CAFÉ
SOMENTE CAFÉ
PENEIRA DE CIMA ( BURACOS MAIORES)
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 17/28
17
volume é pequeno. Por sua vez, as paletas de madeira são bastante sensíveis às mudanças
de padrão do café processado, necessitando assim de constante regulagem. Além disso, ele
controla oito puxadores localizados ao lado dessas máquinas, a fim de regular a quantidade
e a precisão do ar que é jogado nos grãos, válvulas que regulam a inclinação das máquinas
e sua vibração e, finalmente, utiliza também os controles localizados embaixo destas. A
manutenção feita nessas máquinas é corretiva, trocando-se os quatro rolamentos, mesmo se
apenas um estragar.
Figura 4 – Densimétricas
Figura 5 – Densimétrica e o saco para retirada do resíduo
Para controlar o enchimento dos silos, o funcionário precisa subir até eles através
das escadas e das passarelas (Figura 6), a fim de mudar a posição da correia transportadora,
empurrando-a com as mãos. Porém, há uma correia transportadora que é movimentada
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 18/28
18
através de cabos de aço. Ele, então, gira a catraca com uma alavanca e determina a posição
correta da correia transportadora através de marcações. É importante lembrar que, no
controle final do enchimento dos silos, é necessário ajeitar o café com um rodo para que se
tenha a carga máxima.
Figura 6 – Enchimento dos silos e correia transportadora
A limpeza de todo o sistema é uma atividade eventual, consistindo em limpar todos
os equipamentos e máquinas. Todo o café acumulado dentro dos elevadores, máquinas,
correias transportadoras e silos é retirado com o auxílio de jatos de ar pressurizado. No Anexo 1, está mostrado um fluxograma tarefa versus atividade, para um melhor
entendimento destas.
A avaliação da carga de trabalho física e os fatores condicionantes do ambiente de
trabalho foram realizados durante a realização de todas as atividades descritas.
3.4. Determinação da carga de trabalho físico
A carga de trabalho físico foi avaliada por intermédio do levantamento da
freqüência cardíaca durante a jornada de trabalho, em diversas atividades. Os dados foram
coletados e analisados por meio do sistema da Polar Vantage NV, formado por três partes:
um receptor digital de pulso, uma correia elástica e um transmissor com eletrodos. O
transmissor foi fixado na altura do tórax do colaborador, por meio da correia elástica,
emitindo sinais de freqüência, que foram captados e armazenados pelo receptor de pulso em
intervalos de tempo predeterminados. Ao término da coleta de dados, os dados foram
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 19/28
19
transferidos para um computador onde puderam ser analisados por intermédio de um
software desenvolvido pelo próprio fabricante do equipamento.
Para a coleta de dados da freqüência cardíaca, o equipamento foi fixado ao
trabalhador no início e retirado no final do expediente. Os valores de freqüência cardíaca
foram armazenado s no intervalo de 5 em 5 segundos, durante toda a jornada de trabalho.
Esses dados permitiram calcular a carga cardiovascular do trabalho, conforme
metodologia proposta por APUD (1989), que corresponde à percentagem da freqüência
cardíaca durante o trabalho, em relação à freqüência cardíaca máxima utilizável. Tal
metodologia está representada nos Anexo 2.
3.5. Análise dos fatores ambientais no local de trabalho
3.5.1. Ruído
Os níveis de ruído existentes foram medidos por um instrumento digital chamado
dosímetro da marca B2, que fornece a dose média de ruído em decibéis [dB(A)] durante
uma jornada de trabalho. Um aparelho é colocado no ombro do colaborador, perto do seu
ouvido, tendo a função de armazenar o nível de ruído a que o colaborador está exposto
durante a sua jornada de trabalho, gerando um gráfico (Tempo de Exposição versus
Decibéis) no computador ou num receptor portátil, posteriormente. Os dados obtidos pelo
aparelho foram comparados com as normas prescritas na NR 15 – anexo no 1, da Portaria nº
3.214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego.
3.5.2. Iluminação
A avaliação da luminosidade foi feita no campo de trabalho, utilizando um
luxímetro digital com fotocélula, da marca Lutron LX-101, entendendo-se como campo de
trabalho os diversos locais onde o trabalhador executa alguma atividade. As leituras foram
realizadas no decorrer do dia, iniciando-se às 7 horas com término as 17h 30 min, sendo as
leituras realizadas de 2 em 2 horas.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 20/28
20
3.5.3. Poeira
A semente de café libera uma película, que provoca a poeira dentro das
instalações do posto. Esta poeira origina-se do atrito das sementes de café com a superfície
das máquinas e equipamentos.
Houve então uma impossibilidade da realização de uma análise laboratorial da
poeira, a fim de verificar a existência ou não de substâncias tóxicas na mesma, que seria
muito dispendiosa tanto financeiramente, quanto em termos de tempo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análise das atividades desenvolvidas e condições de trabalho
No espaço estudado, observaram-se pequenas distâncias entre as máquinas, além
de roldanas expostas, quinas, alavancas e motores em áreas de risco, expondo os
colaboradores a acidentes. Inclusive, através de entrevistas, constataram-se dois acidentes
relacionados ao fato das roldanas expostas, sendo um que o colaborador foi puxado pela
manga da camisa por um motor, quase caindo da plataforma, e o outro em que houve a
perda dos dedos de um colaborador em um motor sem proteção.
As escadas, plataformas e passarelas, pelas quais os colaboradores sobem nas
máquinas e andam por todo o local de trabalho possuem dimensões indevidas, de acordo
com COUTO (1995), sendo que os colaboradores podem escorregar nas mesmas, sendo
este, então, um risco fatal de acidente. Neste tipo de risco, também se enquadram as
escadas de acesso a alguns silos, que são extremamente altas e desprovidas de quaisquer
proteções ou plataformas intermediárias.Quanto ao clima do local de trabalho, os colaboradores relataram que, no verão, a
temperatura é elevada e o ambiente fica abafado pela falta de ventilação, fato decorrente da
concentração desnecessária de sacarias dentro do posto.
Nas atividades de retirar as sacas (aproximadamente 50 kg) de resíduos das
máquinas densimétricas, costurá-las e armazená-las, o colaborador encontra-se em um
trabalho pesado e em uma má postura.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 21/28
21
Quanto à sinalização de segurança (placas, avisos, faixas de segurança etc.) e ao
posicionamento de extintores, não se encontrou nenhum tipo de sinalização e os extintores
estavam mal localizados.
Ainda em relação a segurança, observou-se a falta e o uso incorreto de
alguns EPI´s (Equipamentos de proteção individual), assim como a falta de treinamento
para prevenção de acidentes e o baixo conhecimento dos colaboradores em relação ao
assunto.
4.2. Análise da carga de trabalho físico
A carga de trabalho físico, de acordo com COUTO (1995), não deve exceder 110
batimentos por minuto numa jornada de trabalho de 8 horas, fato que não ocorreu no
ambiente de trabalho. Devido às diversas pausas e às atividades não serem muito
cansativas, a carga de trabalho físico não se constituiu em um problema para os
colaboradores.
4.3. Análise dos fatores ambientais
4.3.1. Ruído
De acordo com a NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO;
(117.023-6 / I2), o nível de ruído deve ser de 85 decibéis [dB(A)] para um período de seis
horas de trabalho. No local de trabalho, foi constatado um ruído constantemente alto,
chegando a atingir até 108 dB aproximadamente, conforme ilustra o gráfico (Figura 7)
abaixo. As quedas nos índice de ruído são atribuídas, principalmente, às saídas dofuncionário do posto de trabalho.
Quanto ao uso de protetores auriculares, a empresa oferece aquele tipo concha,
que segundo os trabalhadores os incomodam devido ao desconforto. Isso faz com que os
mesmos não usem corretamente os protetores. Ainda, observou-se um fato interessante,
onde um colaborador estava utilizando algodões nos ouvidos para proteger-se do ruído,
ainda alegando que sua “medida” funcionava.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 22/28
22
“Minha filha pede para eu abaixar o som, pergunta se estou ficando surdo” - relato
de um colaborador que trabalha no posto há doze anos.
Figura 7 - Tempo de Exposição X Decibéis
4.3.2. Iluminação
De acordo com a NR17, no item 5.3.1, “A iluminação geral deve ser
uniformemente distribuída e difusa”. Entretanto, notou-se uma má distribuição da
iluminação geral (não uniforme), além da falta de algumas lâmpadas e do bloqueio da
entrada de luz natural devido à sujeira das telhas transparentes.
Em todo o posto de trabalho, de acordo com as medições do luxímetro, a
iluminação deixava a desejar, sendo extremamente ruim em alguns pontos. Particularmente,
nos setores de realização das atividades, onde o iluminamento deve ser de cerca de 600 lux,
foram encontradas medições de menos de 300 lux. Nos corredores e entre as máquinas,
bem como nas escadas, foram encontradas medições inferiores a 100 lux e, nas eletrônicas,onde a cor dos grãos é um gargalo do sistema produtivo, encontraram-se medições
inferiores a 400 lux, onde deveria ser de cerca de 800 lux.
4.3.3. Poeira
A poeira excessiva foi a maior reclamação dos colaboradores, sendo evidente em
toda o setor produtivo da empresa. Ela se forma de pequenas películas que se desprendem
D e c i b é i s [ d B ( A ) ]
Tempo de Exposição (h)
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 23/28
23
do café durante o processamento deste. Há instalado um filtro de poeira que é ligado
somente à entrada de café de algumas máquinas, não sendo então eficiente, e muito menos
suficiente para resolver o problema.
A poeira, quando inalada em longo prazo, pode causar doenças respiratórias,
sendo que em curto prazo, dificulta a respiração. Outro aspecto prejudicial é o
estorvamento da visão e irritação dos olhos. Quanto à utilização de máscaras, muitos dos
colaboradores não têm consciência da gravidade de não usá-las.
“Tem dia que acordo e tiro uma resma preta dos cantos dos olhos” – relato de um
colaborador que trabalha em todo o setor produtivo.
5. CONCLUSÃO
A jornada de trabalho diária encontra-se acima da permitida por lei. O setor de
processamento tem jornada dupla, funcionando em dois turnos de segunda-feira a sexta-
feira, com duas horas para jantar no turno da noite e uma hora para almoço no turno do dia.
Apesar disso, a jornada semanal passa seis horas do permitido pela lei. O ambiente de
trabalho e marcado pelo excesso de poeira, odor não muito forte de café e alto nível de
ruído no processo de separação, como em outros setores da empresa. Em decorrência do
trabalho pesado, segundo os colaboradores, o maior problema da profissão e a falta de
pausas programadas.
Quanto à carga de trabalho físico, esta não se mostrou como um problema para os
colaboradores.
Quanto aos fatores ambientais, o ruído se encontra bem acima do permitido, bem
como a iluminação, que é ineficiente e insuficiente em todo o posto de trabalho. A poeira,
por sua vez, caracteriza-se como o principal problema da empresa.Assim, todos esses problemas mencionados ocorrem simultaneamente. Portanto,
esse conjunto de problemas é o que pode causar acidentes e reduzir a produtividade dos
colaboradores no posto de trabalho e, em decorrência destes fatos, há uma redução da
produtividade da empresa.
Em síntese, fazer esta análise ergonômica do trabalho (AET) demonstrou a real
importância de um estudo ergonômico, mostrando que em um ambiente de trabalho existem
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 24/28
24
muitos fatores e situações que influenciam no comportamento humano e,
conseqüentemente, em sua produtividade.
6. SUGESTÕES DE MELHORIA
• Proteger as roldanas e motores, arredondar as quinas expostas e consertar os
puxadores das densimétricas;
• estudar um projeto viável e seguro para a construção de escadas no posto de
trabalho, além de criar plataformas intermediárias nas escadas de acesso aos silos;
• retirar sacarias e outros materiais desnecessários do posto de trabalho para facilitar aventilação, que pode ser também melhorada abrindo-se janelas em algumas partes
estratégicas, fato que também iluminaria naturalmente o local. O uso de
ventiladores é indevido, pois espalhariam a poeira ainda mais no ambiente;
• colocar um apoio abaixo das sacas nas densimétricas para facilitar o trabalho dos
colaboradores e adquirir carrinhos de transporte para estas sacas;
• de acordo com a 1 NR26 do MTE, deve-se usar a cor vermelha para designar os
equipamentos de combate a incêndios, cor branca delimitar os locais para passagem
de pessoas, cor verde para designar os materiais e receptáculos de segurança do
trabalho e cor laranja para as roldanas e motores expostos. Deve-se também
providenciar uma saída de incêndio, de acordo com a 2 NR23;
• Providenciar legendas para os volantes dos silos, que sejam explicativas e legíveis
para os responsáveis pelo seu controle, além de placas sinalizadoras (saída de
incêndio, uso obrigatório de EPIs, algum tipo de aviso de perigo etc.);
• Procurar fazer uma manutenção preventiva, mensalmente. Em especial, para as
eletrônicas BSM, deve-se adquirir transistores para seus cartões;
• Providenciar EPIs tais como abafadores e máscaras para os colaboradores, a fim de
reduzir o ruído excessivo que as máquinas emitem e protegê-los da poeira excessiva
existente no ambiente. Deve-se providenciar também um receptáculo para que
1 NR26: Norma Regulamentadora 26: Sinalização de Segurança
2 NR23: Norma Regulamentadora 23: Proteção contra Incêndios
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 25/28
25
sejam colocados estes equipamentos, além de um treinamento para os colaboradores
a fim de saberem como utilizá-los e conservá-los;
• Aumentar e melhorar a iluminação de todo o posto de trabalho, tanto a natural como
a artificial, principalmente onde o colaborador realiza suas atividades. Nas
eletrônicas, onde os grãos são selecionados de acordo com sua cor, deve existir uma
iluminação especial, assim como nas máquinas densimétricas e nos peneirões;
• Limpar constantemente as máquinas e todo o local, para evitar danos que possam
vir a comprometer a produtividade da empresa e a segurança dos trabalhadores. Nas
eletrônicas, as caixas de luz aonde os grãos são selecionados devem ser limpas
cuidadosamente com auxílio de um jato de ar;• Conscientizar os trabalhadores quanto aos problemas colocados, mostrando-lhes
que isto é importante para eles e para a empresa.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 26/28
26
7. REFERÊNCIAS
ALVES, J.U, Analise ergonômica das atividade de propagação vegetativa de Eucalyptus spp.em viveiros. Viçosa, MG: UFV, 2001. 94p. Tese – Universidade federal de Viçosa, 2001.
BOM SUCESSO, E.P. Reconquistando o prazer de trabalhar. In: SIMPÓSIO BRASILEIROSOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL, 3, 1997, Vitória. Anais... Vitória: SIF;DEF, 1997, p 1-4
COUTO, H.A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995. v.1, 353p.
DELLA ROSA, H.V. & COLCAIOPPO, S. A contribuição da higiene e da toxicologia
ocupacional. São Paulo, 1993.GERGES, S.N.Y. Ruído: fundamentos e controles. Florianópolis, UFSC, 1992. 600p.
IIDA, I., Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1990. 465p.
IIDA, I., Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
LOPES, E.S. Diagnóstico do treinamento de operadores de máquinas na colheita de madeira. Viçosa – MG: UFV, 1996. 137p.
MINETTE, L.J. Análise de fatores operacionais e ergonômicos na operação de corte florestal
com motosserra. Viçosa, MG: UFV, 1996. 211 p. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, 1996.
SANTOS, N. & FIALHO, F. Manual de análise ergonômica do trabalho. Curitiba: Gênesis,1997.
SILVA, K.R. Analise de fatores ergonômicos em marcenarias do município de viçosa, MG.Viçosa, MG: UFV, 1999.123p. Tese de mestrado – Universidade Federal de Viçosa, 1999.
SILVA, K.R. Analise de fatores ergonômicos em industrias do pólo moveleiro de Ubá, MG.Viçosa, MG: UFV, 2003.123p. Tese de doutorado – Universidade Federal de Viçosa, 2003.
SOUZA , A.P., MACHADO, C.C. Estudo ergonômico em operações de exploração florestal. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE FLORESTAL, 1, 1991,Belo Horizonte. Anais... Viçosa, MG: SIF, 1991. p.198-226.
WISNER, A., A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo,FUNDACENTRO, UNESP, 1994. 190p.
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 27/28
27
ANEXOS
Anexo 1
Tarefa X Atividade
Regulagem econtrole das
máquinas
Revisão do posto detrabalho eligação dasmáquinas
Controle dostransportes
Controle dosentroncament
os dastubulações
Enchimentodos silos
Controle doenchimento
dos silos
Troca de lotesControle doscatadores de
pedras
Ajuste dasmáquinas
Controle dasclassificadoras
Controle das
mesasdensimétricas
Controle das
seletoras
Fluxograma Tarefa versus Atividade
5/10/2018 +ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/analise-de-fatores-ergonomicos-em-um-armazem-geral 28/28
28
Anexo 2
A carga cardiovascular é da pela seguinte equação:
CCV = (FCT – FCR)/(FCM – FCR)x100 em que:
CCV = carga cardiovascular, %;
FCT = freqüência cardíaca de trabalho;
FCM = freqüência cardíaca máxima (220- idade);
FCR = freqüência cardíaca de repouso.
A freqüência cardíaca limite (FCL) em bpm para a carga cardiovascular de 40% éobtida pela seguinte fórmula:
FCM = 0,40 x (FCM –FCR) + FCR
Quando a carga cardiovascular ultrapassa 40% acima da freqüência cardíaca limite,
para reorganizar i trabalho, foi determinado, segundo APUD (1989), o tempo de repouso
necessario, pela equação:
Tr = Ht (FCT – FCL) / (FCT –FCR)
em que
Tr = tempo de repouso, descanso ou pausa, em minutos;
Ht = duração do trabalho, em minutos.
FONTE: IIDA, 2005.