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ANÁLISE DE DESEMPENHO DA TORRE DE LONDRES EM CRIANÇAS ENTRE 6 E 11 ANOS Adriana Menna Barreto¹, Raphaela Machado², Imira Fonseca³, Jane Correa 4 Universidade Federal do Rio de Janeiro Palavras chaves: planejamento; avaliação; torre de londres Funções executivas são habilidades cognitivas relacionadas ao cumprimento de objetivos. Dentre as funções executivas, destaca-se o planejamento como habilidade de suma importância na realização de tarefas diárias, especialmente, as tarefas escolares. O planejamento envolve a identificação de passos a serem tomados, a hierarquização dos mesmos e a ponderação sobre as consequências para o estabelecimento de um plano. Na escola, é necessário fazer uso de uma boa estratégia para realizar uma prova ou escrever uma redação, por exemplo. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é descrever o desempenho de crianças numa tarefa de planejamento. Participaram 101 escolares do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular do Rio de Janeiro. Os alunos foram divididos em 3 grupos de acordo com a faixa etária: o grupo 1 compreende crianças com 6 e 7 anos, o grupo 2, crianças com 8 e 9 anos e o grupo 3, crianças com 10 e 11 anos. A medida de planejamento utilizada foi a Torre de Londres (TOL). A Torre de Londres é formada por três pinos verticais de diferentes alturas e três esferas coloridas, com furo no centro para o encaixe dos pinos. O objetivo é movê-las para reproduzir, em um número determinado de movimentos, a posição de uma figura-alvo apresentada. Existem doze problemas com grau crescente de dificuldade, sendo a tarefa mais fácil é aquela que pode ser resolvida com dois movimentos. São permitidas três tentativas para a resolução do problema. Foram avaliados: tempo de execução médio, que consiste na soma de todos os tempos divididos por 12, e pontuação total, obtida pela soma dos pontos de cada etapa, que variam de 0 a 3. A análise de variância mostrou diferença significativa entre os grupos nos quesitos em pontuação total e tempo de execução médio. Post hoc (Tukey HSD) confirmou que a diferença na pontuação total foi significativa entre o grupo 1 quando comparado aos grupos 2 e 3. Não houve diferença significativa no desempenho dos grupos 2 e 3. Quanto ao tempo médio de execução houve diferença significativa entre o grupo 1 e 3. Desta forma, houve diferença significativa no desempenho dos 6 aos 7 anos, em comparação às crianças de 8 a 11 anos na pontuação total da tarefa. Estes resultados sugerem que as crianças mais

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ANÁLISE DE DESEMPENHO DA TORRE DE LONDRES EM CRIANÇAS

ENTRE 6 E 11 ANOS

Adriana Menna Barreto¹, Raphaela Machado², Imira Fonseca³, Jane Correa4

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: planejamento; avaliação; torre de londres

Funções executivas são habilidades cognitivas relacionadas ao cumprimento de

objetivos. Dentre as funções executivas, destaca-se o planejamento como habilidade de

suma importância na realização de tarefas diárias, especialmente, as tarefas escolares. O

planejamento envolve a identificação de passos a serem tomados, a hierarquização dos

mesmos e a ponderação sobre as consequências para o estabelecimento de um plano. Na

escola, é necessário fazer uso de uma boa estratégia para realizar uma prova ou escrever

uma redação, por exemplo. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é descrever o

desempenho de crianças numa tarefa de planejamento. Participaram 101 escolares do 1º

ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular do Rio de Janeiro. Os alunos

foram divididos em 3 grupos de acordo com a faixa etária: o grupo 1 compreende

crianças com 6 e 7 anos, o grupo 2, crianças com 8 e 9 anos e o grupo 3, crianças com

10 e 11 anos. A medida de planejamento utilizada foi a Torre de Londres (TOL). A

Torre de Londres é formada por três pinos verticais de diferentes alturas e três esferas

coloridas, com furo no centro para o encaixe dos pinos. O objetivo é movê-las para

reproduzir, em um número determinado de movimentos, a posição de uma figura-alvo

apresentada. Existem doze problemas com grau crescente de dificuldade, sendo a tarefa

mais fácil é aquela que pode ser resolvida com dois movimentos. São permitidas três

tentativas para a resolução do problema. Foram avaliados: tempo de execução médio,

que consiste na soma de todos os tempos divididos por 12, e pontuação total, obtida pela

soma dos pontos de cada etapa, que variam de 0 a 3. A análise de variância mostrou

diferença significativa entre os grupos nos quesitos em pontuação total e tempo de

execução médio. Post hoc (Tukey HSD) confirmou que a diferença na pontuação total

foi significativa entre o grupo 1 quando comparado aos grupos 2 e 3. Não houve

diferença significativa no desempenho dos grupos 2 e 3. Quanto ao tempo médio de

execução houve diferença significativa entre o grupo 1 e 3. Desta forma, houve

diferença significativa no desempenho dos 6 aos 7 anos, em comparação às crianças de

8 a 11 anos na pontuação total da tarefa. Estes resultados sugerem que as crianças mais

novas não se planejam o suficiente para realizar a tarefa com a menor quantidade de

movimentos possíveis em comparação às crianças mais velhas, necessitando de maior

número de tentativas para alcançar a solução perfeita da tarefa. Soma-se a isso, um

maior tempo de execução médio, pois despendem mais tempo durante a realização da

tarefa para eleger quais movimentos devem realizar. Observa-se, ainda, o fato de não

haver mudanças significativas de 8 a 11 anos que traduzam diferenças qualitativas,

nesta faixa etária, para o desenvolvimento da habilidade de planejamento.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

ANÁLISE DE DESEMPENHO DA HABILIDADE DE PLANEJAMENTO DE CRIANÇAS

ENTRE 6 E 11 ANOS NA TAREFA MAPA DO ZOOLÓGICO

Raquel Andrade¹, Aline Barreto², Imira Fonseca³, Jane Correa4

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: planejamento; avaliação; mapa do zoológico; medida ecológica

Planejamento é uma das funções cognitivas mais presentes e importantes no cotidiano das

pessoas. Ao pensar, por exemplo, na roupa com a qual iremos ao trabalho, fazemos uso da

habilidade de planejar. A habilidade de planejamento refere-se à capacidade de elaboração e

execução de um plano de ação. Isto envolve o reconhecimento de uma sequência de passos e

a previsão das consequências das decisões tomadas. Os instrumentos de avaliação da

habilidade de planejar mais utilizados no Brasil são a reprodução de figuras complexas ou a

resolução de problemas visuais, como as tarefas das torres. Poucos estudos brasileiros

utilizam medidas ecológicas em crianças. Dada a importância do planejamento no

desempenho escolar, este estudo pretende descrever o desenvolvimento desta habilidade em

crianças, em função da faixa etária, com emprego de uma tarefa ecológica de avaliação das

funções executivas. Participaram 99 escolares do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma

escola particular do Rio de Janeiro. Os alunos foram divididos em 3 grupos de acordo com a

faixa etária: o grupo 1 compreende crianças com 6 e 7 anos, o grupo 2, crianças com 8 e 9

anos e o grupo 3, crianças com 10 e 11 anos. A medida ecológica de planejamento é o teste

Mapa do Zoológico que integra a Behavioral Assesment of the Dysexecutive Syndrome. A

tarefa é realizada em duas etapas nas quais o mapa de um zoológico é apresentado para a

criança. Na primeira etapa, é informado que a criança deve percorrer o zoológico com o

objetivo de visitar 6 jaulas diferentes e finalizar o passeio na área de piquenique. Na segunda

etapa, a criança deve visitar os mesmos lugares seguindo uma sequência pré-determinada. Em

ambas as etapas, existem trechos do mapa que não podem ser visitados por mais de uma vez.

A etapa 1, objeto de análise do presente trabalho, exige maior recurso de planejamento, uma

vez que a criança precisa estabelecer a melhor sequência possível de visitação. Foram

avaliados: tempo de latência, tempo de execução da tarefa, número de erros apresentados e

pontuação total. A análise de variância mostrou diferença significativa entre os grupos nos

quesitos número de erros e pontuação total. Post hoc (Tukey HSD) confirmou que a diferença

no número de erros e na pontuação total foi significativa entre os grupos 1 e 2 quando

comparados ao grupo 3. Desta forma, não houve diferença significativa no desempenho dos 6

aos 9 anos, mas destas para o das crianças de 10 e 11 anos na tarefa de planejamento. Esses

resultados sugerem que as crianças mais novas são mais impulsivas e apresentam mais erros

porque não planejam, adequadamente, sua ação. Este panorama muda durante alguns anos,

quando conseguem reconhecer a necessidade de planejar sua ação para conseguir êxito. Por

fim, quando estão mais velhas, conseguem utilizar os recursos de planejamento de forma

mais otimizada cometendo menos erros e obtendo, dessa forma, maior pontuação total.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

O DESENHO DO PAR EDUCATIVO COMO MEIO DE EXPRESSÃO DOS

AFETOS ENVOLVIDOS NO APRENDER

Ana Carolina Costa, Ana Paula Vidal, Daniela Almeida, Renata Linhares, Tatiana

Branco.

Orientado por: Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Desenho do Par Educativo, Afeto, Aprendizagem.

A trajetória escolar de crianças com dificuldade no processo de aprendizagem, muitas

vezes, é marcada por frustrações, insucessos e desapontamentos. Observar e entender

estes afetos tornam-se importantes, uma vez que possibilitam ações transformadoras na

história escolar da criança. Um dos procedimentos adotados para melhor compreender a

relação da criança com o aprender é o desenho do Par Educativo. O desenho do Par

Educativo possibilita a expressão gráfica da criança acerca do próprio processo de

aprendizagem e, também, a produção narrativa a partir do desenho. Por meio da

narrativa, é possível então, identificar diversos afetos que permeiam a relação da criança

com o aprender. O desenho do Par Educativo é um importante instrumento para a

clínica, pois, no momento em que o vínculo da criança com a aprendizagem se torna

compreensível, a prática terapêutica pode ser pautada por este entendimento. Isto

possibilita elaborar a intervenção, bem como construir junto à criança um espaço

acolhedor, que permite encarar o erro como parte importante do processo de aprender.

Desse modo, o presente estudo buscou compreender os afetos envolvidos na

aprendizagem de crianças que enfrentam dificuldades no processo de escolarização por

meio do desenho do Par Educativo e de sua narrativa. Foram analisados os protocolos

de avaliação de 5 crianças, com idades entre 8 e 11 anos, cursando o 3º ano do ensino

fundamental, de escolas públicas e privadas, participantes do projeto Oficinas de Leitura

e Escrita do Instituto de Psicologia da UFRJ. Os desenhos das crianças foram analisados

segundo os seguintes critérios: a posição de quem ensina e quem aprende, o tamanho do

desenho e dos personagens, a relação entre os elementos do desenho e o todo do

mesmo, o grau de simplificação, o contexto representado e, principalmente, a narrativa

produzida. Três crianças apresentaram descrição objetiva da rotina escolar, de maneira

mecânica e inexpressiva, com afastamento emocional presente nas narrativas. Não

houve registros de implicações pessoais, tais como sentimentos, preferências,

pensamentos ou satisfação diante da aprendizagem. As duas outras crianças produziram

desenhos e relatos de insucesso por parte de quem aprende, sugerindo que a pouca

habilidade nas tarefas escolares do personagem é consequência da ausência de desejo ou

de seu esforço em aprender. As crianças não relataram ou desenharam qualquer

experiência de sucesso no aprendizado. Dessa forma, o vínculo que a criança estabelece

com o aprender implica na construção de sua autoimagem enquanto aprendiz, assim

como revela o significado atribuído por ela ao contexto escolar. Sendo assim,

compreender os afetos envolvidos no processo de aprendizagem torna possível realizar

intervenções eficazes que auxiliem às crianças a desenvolver estratégias para lidar com

suas dificuldades objetivando a criação de novos vínculos com a aprendizagem.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPQ, FAPERJ, Profaex-UFRJ.

AVALIACAO NEUROPSOCOLIGA: EPILEPSIA E DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

Andreza Martins¹; Ana Carolina Ferreira², Andressa Martins³, Andreza Silva³, Adrielle

Martins³, Hulda Macruz³.

UNIABEU CENTRO UNIVERSITÁRIO

Palavras Chaves: Dificuldade de aprendizagem, Epilepsia, Avaliação Neuropsicológica.

1.Identificação: L.A. é um menino de 10 anos cursando o 1° ano do ensino fundamental

I., portador de epilepsia. A literatura sugere que crianças com epilepsia formam um grupo

de risco para dificuldades cognitivas e sociais. Segundo Capovilla, a epilepsia é um

distúrbio cerebral causado por uma predisposição persistente do cérebro que gera crises

epiléticas. A epilepsia pode afetar a vida acadêmica gerando uma limitação da

aprendizagem causadas por fissuras neurológicas. Porém variáveis que podem estar

envolvidas no processos de escolarização como, ausência de estratégias diferenciadas

para gerar a aprendizagem, efeitos secundários a medicação e falta de informação e

orientação adequada a família de como lidar com o quadro clínico também são

importantes e podem promover o menor rendimento escolar da criança.2.Queixa

neuropsicológica principal: L.A. chegou ao SPA da UNIABEU encaminhado por seu

Neurologista e com a queixa de dificuldade de aprendizagem 3.História clínica: verificou-

se histórico neurológico que se identifica no CID 10 por meio dos códigos G400 como

“epilepsia e síndromes epiléticas idiopáticas definidas por sua localização focal/parcial

com crises de início focal”, e F79 como “retardo mental não especificado” e crise febril

complexa. L.A possui pais separados e mora com a mãe e a irmã. Não possui contato

assíduo com o pai. Segundo o relato da mãe, L.A também possui comportamento

agressivo, apresenta dificuldade em fazer amigos, se relacionando melhor com adultos.

Sobre os marcos de desenvolvimento, L.A apresentou desenvolvimento motor e da

linguagem sem alterações. Parou de usar fraldas quando completou 1 ano de idade. Mas,

retornou ao uso aos 4 anos, após seu primeiro ataque epilético e persiste utilizando-a

desde então. A crise epilética iniciou-se com uma forte e intensa dor de cabeça, esta,

persistiu, ocasionando diversas novas crises, fazendo L.A ser encaminhado para o

neurologista por seu pediatra aos 6 anos. A redução das crises ocorreu aproximadamente

3 anos após o início do tratamento com o uso de Risperidona, Clonazepam e Camotrigina.

4.Metodologia empregada na avaliação neuropsicológica: Entrevista Clínica, WISC IV,

Figura Complexa de Rey, Paradigma Stroop, Atividade de Escrita-Ditado, Aprendizagem

Auditivo/Verbal de Rey, Paradigma Fluência Verbal, Avaliação Comportamental,

PROHMELLE, Aritmética- TDE. Resultados: L.A apresentou nível de funcionamento

cognitivo global significativamente abaixo do esperado para sua faixa etária

(Extremamente Baixo). Verificou-se desempenho comparativamente melhor nas tarefas

verbais do Wisc-IV. Mostrou capacidade de inteligência fluída rebaixada estando a

inteligência cristalizada mais preservada no momento. Análise funcional: por meio deste

processo foi possível verificar um conjunto de variáveis relevantes que atuam para manter

ou até agravar o quadro de L.A., sendo eles: ausência de orientação a família de como

lidar com o quadro clínico de L.A e, sistema de aprovação automática, na escola, sem

qualquer adaptação as dificuldades apresentadas pelo paciente.4. Conclusão: Ressalta-se

a importância de uma avaliação neuropsicológica clínica para a compreensão de todas as

variáveis envolvidas no baixo rendimento acadêmico e a importância de se envolver

família e escola no processo de intervenção.

Aquisição e o desenvolvimento da linguagem em crianças bilíngues de 0-5 anos

Endler, Angela J. E.; Diniz, Claudia Instituto de Psiquiatria – IPUB da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ [email protected], [email protected] Palavras chave Organização neurofuncional; aquisicão e desenvolvimento de linguagem; bilinguismo; neuroplasticidade.

A Neurociência cognitiva, também chamada de Neuropsicologia, trata das capacidades mentais mais complexas, típicas do ser humano, como a linguagem, a autoconsciência e a memória. A Neuropsicologia tem por objetivo o estudo das relações entre as estruturas cerebrais e funções executivas. A linguagem é um importante fator para o desenvolvimento da aprendizagem. O bilinguismo é uma capacidade presente em cada vez mais pessoas - devido à crescente miscigenação humana oriunda da globalização e há uma estimativa, que mais da metade da população mundial seja bilíngue. O crescente interesse nessa capacidade cognitiva do ser humano e o contínuo aprimoramento de técnicas de neuroimagem, faz com que o bilinguismo seja usado cada vez mais como modelo para a pesquisa sobre a neuroplasticidade em função do período de aprendizado, tanto das linguagens, como também de outras competências cognitivas. O avanço progressivo das novas técnicas de neuroimagem não invasivas possibilita obter dados mais precisos sobre a localização e a especialização das regiões e dos circuitos neuronais envolvidos nos diversos estágios de desenvolvimento e processamento das linguagens. Durante os primeiros anos de vida crianças apresentam uma plasticidade cerebral diferenciada para estímulos linguísticos na percepção da fala através dos sons (fonético), da identificação das palavras como seu significado (semântico) e aspectos gramaticais, além da formação do léxico mental. Segundo Patricia Kuhl, os bilíngues desenvolvem diferentes estratégias de aquisição de ambas as línguas. Os bebês aprendem os padrões de sons das unidades fonéticas, as palavras e a estrutura de frases da língua que escutam bem antes de produzirem suas primeiras palavras, estabelecendo um compromisso neural para a detecção dos padrões acústicos dessa língua. Esse compromisso interfere no aprendizado posterior de uma segunda língua L2. Assim aprender duas ou mais línguas nos primeiros anos de vida pode ser mais fácil do que na fase posterior da vida porque os efeitos de interferência são mínimos, até os padrões neurais estarem bem estabelecidos. A partir de um estudo teórico verificou-se que a aquisição de linguagem de duas línguas (L1 e L2) pode ser diferenciada em relação a idade de aquisição e ao tempo que são expostas a linguagem. Segundo Berken se as duas primeiras línguas maternas são aprendidas ao mesmo tempo logo após o nascimento, caracteriza-se um bilinguismo simultâneo (simultaneous bilinguals), enquanto que aqueles que aprendem a segunda língua L2 após a aquisição da primeira língua L1 já esta estabelecida, caracteriza- se um bilinguismo sequencial (sequential bilinguals). Este conhecimento sobre a aquisição e desenvolvimento de linguagem pode esclarecer o processo de aprendizagem cognitivo de crianças monolíngues e bilíngues e pode interferir nos métodos e processos de ensino e aprendizagem.

ALTERAÇÃO DA COGNIÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDOS À QUIMIOTERAPIA:

UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Angelica Yolanda Bueno Bejarano Vale de Medeiros1, Arlete Ozorio2, Priscila do

Nascimento Marques3

Universidade Veiga de Almeida-UVA1-2, Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ3.

Palavras chaves: Neoplasms; Cognition; Drug therapy

Segundo a Organização Mundial da Saúde o câncer é a segunda maior causa de morte no

mundo. Globalmente, são registrados 14 milhões de novos casos por ano, e esses registros

devem subir 70% nas próximas duas décadas. A quimioterapia é essencial no tratamento ou

paliação do câncer, e é utilizada tanto para redução pré-cirúrgica do tumor cancerígeno

(terapia neoadjuvante) quanto para tratamento residual pós-cirúrgico (terapia adjuvante). Os

tratamentos disponibilizados têm aumentado a sobrevida dos sobreviventes de câncer, o que

traz uma preocupação com a qualidade de vida destas pessoas. O objetivo deste trabalho é

investigar evidências de alterações cognitivas em pacientes submetidos à quimioterapia,

através de revisão integrativa da literatura. A estratégia utilizada para a construção da

pergunta de investigação foi a PICOT. O tipo de questão foi a Etiologia, para determinar o

impacto da quimioterapia na cognição. Realizou-se uma revisão integrativa a partir de

levantamento bibliográfico no portal Regional da BVS e nas bases MEDLINE, LILACS,

BDENF, IBECS, entre os anos de 2013 a 2017. Foram combinados aleatoriamente os

descritores em inglês: Neoplasms AND Cognition AND Drug therapy, para ampliar a

pesquisa. O resultado após a aplicação dos cortes e critérios de inclusão e exclusão foi de 11

artigos. Dentre os artigos selecionados, a população mais frequente foi de pacientes do sexo

feminino; o tipo de câncer mais comum foi o de mama. O procedimento adotado nos artigos

inclui avaliação neuropsicológica com grupo controle e comparação intraindividual antes e

após a quimioterapia. Foram investigadas diferentes funções neuropsicológicas, dentre elas:

Funções executivas (Tarefa de Fluência Verbal Fonológica e Semântica, teste de Stroop, teste

de Trilhas A e B, Figura Complexa de Rey), Memória episódica (RAVLT), Memória de

trabalho (Dígitos e Sequência de Número e Letras, WAIS –III) Atenção visual e retenção de

curto prazo (BVRT), Flexibilidade (Wisconsin Card), Inteligência (WAIS-III), entre outros

computadorizados. Conclui-se que os pacientes submetidos à quimioterapia apresentaram

piora significativa no desempenho em medidas neuropsicológicas, sobretudo em memória e

funções executivas, com impactos negativos na qualidade de vida a longo prazo. Estes

déficits variam conforme a idade do paciente e com o tempo de exposição ao tratamento

quimioterápico. Em síntese, a diversidade da metodologia utilizada e a falta de estudos que

possam aprofundar as pesquisas chamaram a atenção. Este estudo pode contribuir com a

melhora da qualidade de vida do paciente sobrevivente de câncer, na medida em que uma

avaliação neuropsicológica antes, durante e após o tratamento poderia sinalizar o tipo de

alteração cognitiva e concomitantemente o tipo de reabilitação adequada a cada caso.

Contato: [email protected]

1) TEMA LIVRE – PÔSTER:

Crenças Disfuncionais Sobre Emoções Negativas e Regulação Emocional

Bruna I. Arruda¹, Fernanda Fucci-da-Costa¹, João Vitor Fadel¹ & Daniel C. Mograbi¹,²

1-Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Psicologia.

2- King’s College London, Institute of Psychiatry, Psychology and Neuroscience,

Department of Psychology.

Palavras-chave: crenças sobre emoções; regulação emocional; supressão emocional.

A pesquisa, em fase de coleta de dados, consiste no estudo da regulação emocional de

pessoas que apresentam altos níveis de crenças disfuncionais sobre emoções negativas.

Essas crenças são entendidas como a inaceitabilidade da expressão e experiência de

emoções negativas e estão associadas ao uso da supressão emocional como estratégia de

regulação das emoções. Além disso, elas constituem um fator de risco e manutenção de

diferentes transtornos e estão associadas com maiores níveis de ansiedade e depressão.

Já a supressão emocional está relacionada a efeitos contra produtivos com o aumento de

estados afetivos negativos, constituindo uma estratégia de regulação pouco adaptativa

ao atuar como um fator de manutenção do estado negativo que se deseja evitar. Apesar

da relação entre crenças disfuncionais sobre emoções negativas e dificuldades de

regulação emocional, há a necessidade de um estudo experimental a respeito de

estratégias e fatores envolvidos. A presente pesquisa pode auxiliar no tratamento de

diferentes condições, identificando fatores de risco que podem ser prevenidos ou

gerenciados, permitindo um melhor prognóstico para pacientes com crenças

disfuncionais. Assim, espera-se que as crenças se comportem como fator de risco,

manutenção e desenvolvimento de diferentes quadros clínicos.

Contato: [email protected]

Fomento: Capes

CASO CLÍNICO (PÔSTER)

AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E A SUSPEITA DE TDAH: CASO

CLÍNICO

Bruna Guimarães Marques; Maíra Biajoni Guimarães; Emmy Uehara Pires.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) / Núcleo de Ações e Reflexões

em Neuropsicologia do Desenvolvimento (NARN/UFRRJ).

Palavras-chave: Neuropsicologia; Avaliação; Reabilitação; TDAH.

O presente trabalho visa apresentar um estudo de caso de um atendimento realizado no

Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

(UFRRJ). Tem como finalidade discorrer sobre os métodos e especificidades do trabalho

realizado, bem como os objetivos a se alcançar a posteriori. R. (nome fictício), sexo

masculino, 24 anos, foi encaminhado para Avaliação Neuropsicológica pela sua psicóloga

cognitivo comportamental em decorrência de suspeita de Transtorno do Déficit de

Atenção e Hiperatividade (TDAH). As principais queixas, sinais e sintomas observados

ao longo da vida do cliente foram: rebaixamento atencional, problemas de memória,

comportamentos impulsivos (discussões e brigas durante a infância e adolescência) e

problemas emocionais (dificuldade nos relacionamentos familiares e românticos). Ao

todo, foram realizadas 06 sessões, com duração de 50 minutos no período de outubro a

novembro de 2017, sendo aplicados os instrumentos (testes e tarefas neuropsicológicas):

Escala Weschsler de Inteligência para Adultos – Terceira Edição (WAIS-III); Teste dos

Cinco Dígitos (FDT); Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA), Figuras

Complexas de Rey, Escala de Prejuízos Funcionais (EPF-TDAH), entre outros. Foram

avaliados aspectos como: atenção, memória, linguagem, função executiva, organização

percepto-motora e aspectos comportamentais e emocionais. Os resultados indicaram:

capacidade mnemônica acima da média quando comparado com pares da mesma idade;

habilidades intelectuais preservadas; déficit na capacidade atencional; quadro

sintomatológico de ansiedade; prejuízos funcionais severos nas seguintes áreas:

acadêmica, profissional, doméstica, social, saúde e risco legal. Prejuízos nas áreas

acadêmica, profissional e social constituem um dos critérios para diagnóstico de TDAH

no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). No final da

avaliação, foi recomendada a continuidade do acompanhamento psicoterapêutico regular,

o início de uma reabilitação neuropsicológica e uma avaliação psiquiátrica para verificar

a hipótese diagnóstica. A reabilitação teve início em 2018 e tem como objetivo principal

estimular as capacidades cognitivas, emocionais e comportamentais mais prejudicadas

por meio de treinos cognitivos. De acordo com as necessidades específicas do cliente, o

programa de reabilitação tem focado principalmente em treinamentos atencionais e

ferramentas que o auxiliem a se organizar, iniciando por tarefas mais simples até alcançar

as demandas mais complexas.

Contato: [email protected]

Da Aversão à Compaixão: Efeitos de Proximidade em Reações Empáticas Frente ao

Sofrimento Alheio

Bruno M. Salles1, João V. Fadel1 e Daniel C. Mograbi1,2,3

1 – Departamento de Psicologia – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

2 – Department of Psychology, Institute of Psychiatry, Psychology & Neuroscience,

King’s College London

3 – Instituto de Psiquiatria – IPUB, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: compaixão, empatia, dor, expressão facial de emoção, FACS

Resumo

Familiaridade e similaridade estão associados à maior empatia. Contudo, nenhum estudo

verificou empiricamente se seus efeitos são diferentes ou indistinguíveis. O presente

estudo investigou se graus de proximidade (i.e., familiaridade e similaridade) moderam

reações empáticas ao sofrimento alheio, em particular, termos de reações aversivas ou

compassivas frente ao sofrimento. 87 participantes assistiram a um vídeo de um atleta

sofrendo uma lesão, no entanto isso foi precedido por diferentes estímulos de acordo com

a condição experimental: 29 participantes (condição desconhecida) assistiram a um vídeo

conrole sobre curiosidades olímpicas; os participantes restantes assistiram a um vídeo

descrevendo a trajetória do atleta, com metade dos participantes assistindo a um vídeo no

qual o atleta tinha a mesma nacionalidade (condição familiar-similar; n=29) ou uma

nacionalidade diferente (condição familiar-dissimilar; n=29). Autorrelato, expressão

facial, comportamento ocular e tamanho da pupila foram mensurados. As condições

familiares reagiram mais compassivamente (com mais expressões faciais de tristeza) o

que a condição controle (desconhecida). Adicionalmente, participantes da condição

familiar-dissimilar relataram mais tristeza e preocupação do que aqueles da condição

desconhecida. Como esperado, as condições familiar-similar e desconhecida tiveram

mais reações de aversão do que a condição familiar-dissimilar. Além disso, na condição

familiar-similar os participantes demonstraram maior dilatação da pupila do que o grupo

controle. Esses achados demonstram alta excitação fisiológica quando a familiaridade e

similaridade estão presentes, e maior regulação emocional quando a familiaridade não é

acompanhada de similaridade. Esses achados são discutidos em termos de implicações

clínicas a profissionais de saúde e distanciamenteo saudável entre eles e seus pacientes.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

Respostas a Pistas Sociais em Exibições Emocionais Dentro de um Contexto

Competitivo

Bruno M. Salles1, João V. Fadel1 e Daniel C. Mograbi1,2,3

1 – Departamento de Psicologia – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

2 – Department of Psychology, Institute of Psychiatry, Psychology & Neuroscience,

King’s College London

3 – Instituto de Psiquiatria – IPUB, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: contágio emocionais, avaliação social, filiação grupal, direção do

olhar, FACS

Resumo

A teoria do contágio emocional afirma que as pessoas imitam expressões emocionais de

forma análoga a um reflexo motor. Contudo, achados mais recentes sugerem que pistas

sociais podem moderar responstas convergentes e até mesmo produzir reações

divergentes a exibições emocionais demonstradas por outros. O presente estudo

investigou se resposts convergentes e divergentes dependem da filiação grupal, direção

do olhar, e a emoção mostrada pelo outro. 48 participantes assistiram a vídeos de

membros endo e exogrupo demonstrando raiva, medo, tristeza, e alegria em duas

direções: para o lado e frente. Além de autorrelato, reações faciais foram analisadas. Os

participantes tenderam a corresponder às emoções que foram exibidas. Além disso, a

direção do olhar influenciou reações a exibições de medo, com medo para o lado

provocando mais reações amedrontadas do que expressões de medo para frente.

Adicionalmente, filiação grupal levou a mais respostas convergentes de alegria e tristeza,

e alegria-exogrupal eliciou mais tristeza e desprezo, enquanto que medo-exogrupal

provocou reações faciais aversivas. Os achados sugerem que sentimentos aversivos a

outros grupos pode ser a causa ou consequência de preconceito e atitudes negativas frente

a pessoas dissimilares. Além disso, os resultados destacam o papel de pistas sociais em

contágio, clarificando prediçoes de contágio primitivo e teorias de avaliação social.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

Adaptação e validação transcultural da versão

brasileira da Escala de Crença sobre Emoções

Daniel C. Mograbi 1,2, Pamela I. S. Marques 1 , Caio A. Lage 1 , Vitória Tebyriça 1 , Jesus

Landeira-Fernandez 1 & Katharine A. Rimes 2

1 Pontifícia Universidade Católica, Department of Psychology, 2 King’s College London,

Institute of Psychiatry, Psychology and Neuroscience, Department of Psychology

Palavras-Chave: crenças; emoção; regulação emocional; perfeccionismo; validação.

Crenças sobre a inaceitabilidade da expressão e experiência de emoção estão presentes

na população em geral, mas parecem ser mais prevalentes em pacientes com uma série de

problemas de saúde. Tais crenças, que podem ser vistas como uma forma de

perfeccionismo sobre as emoções, podem ter um efeito deletério na sintomatologia, bem

como na adesão ao tratamento e os resultados. No entanto, poucos questionários foram

desenvolvidos para medir tais crenças sobre emoções, e nenhum instrumento foi validado

em um país em desenvolvimento. O presente estudo adaptou e validou a Escala de

Crenças sobre Emoções (Beliefs about Emotions Scale) em uma amostra brasileira. O

procedimento de adaptação incluiu tradução, tradução reversa e análise do conteúdo, com

a versão final brasileira da escala testada online em uma amostra de 645 participantes. A

consistência interna da escala foi muito alta (α = .86), e os resultados da análise fatorial

de eixo principal indicaram uma solução de 2 fatores. Os respondentes com alta fadiga

mostraram crenças mais perfeccionistas e a escala correlacionou positivamente com

questionários medindo ansiedade, depressão e medo de avaliação negativa, confirmando

associações interculturais relatadas anteriormente. Finalmente, homens, não-caucasianos

e participantes com baixo nível de escolaridade endossaram mais tais crenças do que

mulheres, indivíduos caucasianos e participantes com maior nível de escolaridade. O

estudo confirma achados clínicos anteriores relatados na literatura, mas indicam novas

associações com variáveis demográficas. O último pode refletir diferenças culturais

relacionadas às crenças sobre emoções no Brasil.

Contato: [email protected]

PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE ANSIEDADE DE DESEMPENHO E

ANSIEDADE SOCIAL EM UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Carlos Alexandre Antunes Cardoso¹, Marina de Souza Guzzo,

Lucas Emmanuel Lopes e Santos, Cecília Souza Oliveira

¹Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave: Ansiedade Social, Universitários, Avaliação Psicológica.

Os Transtornos de Ansiedade ocupam o segundo lugar de maior prevalência na população

(28,8%) dentre os transtornos psicológicos. Já está bem definido na literatura científica

que a causa dos transtornos de ansiedade é multifatorial. Os diversos ambientes

familiares, classes sociais, estratos econômicos, culturais e sociais podem interferir como

fatores de risco ou de proteção para o desenvolvimento de um transtorno mental. Dentre

as subcategorias, o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) pode ser caracterizado como

um padrão acentuado de alarme, medo e desconforto ocasionado pela exposição a

situações nas quais o indivíduo deve interagir, realizar tarefas sob a avaliação de outras

pessoas ou engajar-se em atividades sociais. Em um estudo recente realizado com

universitários brasileiros com queixas de ansiedade social, verificou-se que sua incidência

foi de 12,5% em mulheres e de 7,4% em homens. O objetivo da presente pesquisa é

investigar a prevalência de sintomas de ansiedade de desempenho e ansiedade social em

um grupo de universitários. A amostra foi composta por 110 estudantes de diferentes

cursos da Universidade Federal Fluminense – Campus Campos dos Goytacazes, que

preencheram a Escala de Ansiedade Social de Liebowitz (LSAS). O instrumento,

composto por 24 situações cotidianas, avalia o grau de ansiedade em duas categorias:

desempenho e interação social. Os resultados preliminares deste estudo revelam

diferenças nos escores da amostra nas duas categorias supracitadas quando comparadas

por sexo. Verifica-se que tanto a ansiedade de desempenho quanto a ansiedade social

apresentam escores mais elevados nos participantes do sexo feminino se comparados às

médias dos participantes do sexo masculino. Também foi possível estabelecer diferenças

nas médias, quando comparado o desempenho de estudantes de diferentes cursos de

graduação. Ressalta-se a necessidade de uma investigação pormenorizada dos prejuízos

decorrentes do TAS no que diz respeito à atuação futura dos estudantes universitários,

por se tratar de um meio profissional que exige diferentes níveis de exposição social, que

poderia ser comprometido pelos sintomas do TAS.

Contato: [email protected]

PERFIL COGNITIVO DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES GERAIS DE

LEITURA E ESCRITA

Pedro Albuquerque, Ana Carolina Costa, Ana Paula Vidal, Daniela Almeida, Luisa

Schmoelzmeier, Natália Knupp, Imira Fonseca.

Orientado por: Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras Chave: Dificuldades Gerais Em Leitura E Escrita, WISC IV, Perfil cognitivo.

O aprendizado da leitura e da escrita é cercado de grande expectativa social, envolvendo

a afirmação da capacidade do sujeito aprendiz, a aceitação no meio social e, em muitos

casos, a possibilidade de um futuro bem-sucedido. Aprender a ler e a escrever

possibilita que a criança tenha acesso a conteúdos escritos produzidos pela sociedade.

Desse modo, as dificuldades de aprendizagem repercutem de forma significativa em

toda a vida escolar da criança, o que interfere também na sua autoconfiança. A qualquer

tipo de dificuldade de aprendizagem deve corresponder uma intervenção eficaz que

promova o desenvolvimento da criança. Isto envolve identificar as habilidades

cognitivas mais prejudicadas em cada circunstância. É possível dividir as crianças com

dificuldades de aprendizagem em grupos distintos, em função de dificuldades

específicas, como as crianças com dislexia ou com dificuldades atencionais. Há ainda,

um grupo nomeado por dificuldades gerais em leitura e escrita. Crianças com

dificuldades de gerais de leitura e escrita podem apresentar prejuízos em diversas

habilidades linguístico-cognitivas. Poucos estudos foram realizados com esse grupo

para caracterizar suas dificuldades. Desta forma, o presente estudo analisou o perfil

cognitivo de 12 crianças participantes das Oficinas de Leitura e Escrita do Instituto de

Psicologia da UFRJ, com dificuldades gerais de leitura e escrita. Os escolares tinham

idade entre 7 e 15 anos, e cursavam do 1º a 8º ano. Foi constatado que as crianças

apresentaram escores abaixo da média esperada em todos os subtestes da Escala

Wechsler de Inteligência para Crianças - 4ª Edição (WISC-IV). A partir do desempenho

dos escolares, os subtestes puderam ser hierarquizados, segundo seu grau de dificuldade

relativa, em três grupos. No primeiro grupo, estão os subtestes cujos escores mais se

aproximaram da média: Semelhanças, Raciocínio com palavras, Códigos,

Cancelamento, Completar Figuras e Sequência de Números e Letras. No segundo,

aqueles subtestes que apresentam grau de dificuldade mais expressivo que os anteriores:

Compreensão, Conceitos Figurativos, Raciocínio Matricial e Procurar Símbolos. No

terceiro e último grupo, os subtestes de maior dificuldade em relação a todos os outros.

Nestes, os escolares tiveram o seu pior desempenho: Dígitos, Cubos, Vocabulário e

Aritmética. Com base nesses resultados, é possível apontar que a intervenção com

crianças com dificuldades gerais de leitura e escrita deve contemplar tarefas que

desenvolvam diversas funções cognitivas, particularmente, memória de trabalho,

flexibilidade cognitiva, organização, planejamento e vocabulário.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPq, FAPERJ.

Correlação entre as habilidades linguístico-cognitivas em escolares do 3º ano do Ensino

Fundamental

Carolina SathlerI; Sara PeresI Renata MousinhoII

IFonoaudióloga, graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

pesquisadora do Projeto ELO – UFRJ, mestranda em Saúde Materno Infantil – IPPMG

(UFRJ) Rio de Janeiro, RJ, Brasil IIProfessora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ); Mestre e Doutora em Linguística da UFRJ; Pós-Doutora em Psicologia

pela UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Palavras chaves: Memória de trabalho. Acesso lexical. Consciência fonológica. Ensino

Fundamental. Leitura e escrita.

Estudos comprovam a importância das habilidades linguístico-cognitivas no

desenvolvimento do processo da aprendizagem, principalmente no primeiro ciclo do

ensino fundamental. O objetivo do presente estudo é analisar as correlações das

habilidades fonológicas, consciência fonológica, memória de trabalho e acesso lexical em

escolares do 3º ano do ensino fundamental. A amostra foi composta por 41 crianças, de

ambos os sexos, com a média de idade de 7,58 anos (desvio padrão de 3,793). Todos os

escolares ingressaram no primeiro ano do ensino fundamental da mesma instituição de

ensino. As avaliações realizadas foram: prova de consciência fonológica de Cielo (2002),

Repetição de não-palavras de Kessler (1997) e Span de dígitos - ITPA (1997) e Nomeação

Automatizada Rápida – RAN (2007). Para a análise estatística dos dados, foi realizada a

correlação de Pearson entre as variáveis envolvidas, utilizando o resultado da média das

tarefas de Repetição de Não-palavras, Span de Dígitos e Consciência Fonológica. Como

resultado, verificou-se que Nomeação Automatizada Rápida obteve correlação negativa

com a tarefa de Span de Dígitos (r=-0,403**). Essa correlação negativa, sugere que há

uma evolução simultânea nas duas habilidades, porém as análises são feitas por critério

diferentes. A prova de Span de dígitos apresentou correlação positiva com Nomeação

Automatizada Rápida (r=0,314*) e com a tarefa de Consciência fonológica (r=0,388**).

Além disso, houve correlação positiva entre consciência fonológica e memória de

trabalho na tarefa de Repetição de não-palavras (r=0,373*). O desempenho na habilidade

de memória de trabalho apresentou correlação significativa com as tarefas que avaliam

as habilidades de acesso lexical e consciência fonológica. Assim, as habilidades

fonológicas apresentam correlação significativa entre si, de forma que, a partir do

desenvolvimento de uma habilidade, há influência no desempenho da outras.

Contato: [email protected]

Intervenção Breve em TCC para um grupo de Idosos com Sintomas Depressivos: resultados de um estudo-piloto

Ana Carolina Veras, Isabela Varnieri, Lais Araujo, Felipe Kenji, Helenice

Charchat Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Introdução: Transtornos depressivos maiores são prevalentes na população idosa e se associam a altas taxas de cronicidade, alto risco para o desenvolvimento de doenças médicas gerais, aumento no risco de suicídio e grande custo para a Saúde Pública. Além disso, sintomas depressivos subsindrômicos podem ser ainda mais frequentes nesta faixa etária e possuem impacto significativo sobre desfechos clínicos e qualidade de vida desta população. Evidências de ensaios clínicos utilizando antidepressivos mostraram uma menor resposta na depressão no idoso em comparação com adultos jovens; desta forma, a busca por novos métodos de intervenção sobre estes quadros deve ser foco de atenção de pesquisadores. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é um método de abordagem recomendado pelos principais consensos de especialistas na depressão. Objetivo: Avaliar a eficácia de um protocolo em TCC em um grupo de idosos com sintomas depressivos. Método: Para o estudo-piloto, foram selecionados 5 idosos que obtiveram pontuação indicativa da presença de sintomas depressivos no Inventário de Depressão de Beck (BDI). Foram excluídos pacientes com síndromes demenciais, com menos de 4 anos de escolaridade, depressão grave e outros transtornos psiquiátricos. Foram realizados 10 encontros semanais com duração de 1hora e 30 minutos. Resultados: Todos os pacientes do grupo obtiveram melhora de seus sintomas depressivos após intervenção. Conclusão: A TCC breve e em grupo pode ser uma alternativa terapêutica eficaz para o manejo de sintomas depressivos em idosos. Estudos utilizando amostras maiores ainda são necessários para confirmar os presentes achados.

Nomeação Automatizada Rápida e a Leitura: implicações para a avalição

clínica

Deborah Ambre, Giuliana Ramires e Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: RAN, Velocidade de leitura, Precisão de Leitura

A leitura é uma atividade complexa e requerida para a completa inserção do indivíduo

na sociedade moderna. Diferentemente da linguagem oral, a leitura e a escrita são

habilidades aprendidas. Uma importante habilidade para este aprendizado é a

velocidade de nomeação, que pode ser avaliada por meio da tarefa Rapid Automatized

Naming (RAN). Esta é composta por estímulos de cunho alfanuméricos (letras e

números) e figurativos (cores e objetos). Acredita-se que a velocidade com que estes

estímulos são nomeados seja uma importante preditora para aprendizagem da leitura

como para suas dificuldades. Assim, o presente trabalho buscou investigar as relações

entre os estímulos da RAN com a precisão e velocidade na leitura de palavras e

pseudopalavras, analisando quais estímulos, em termos de avaliação clínica, se

mostraram mais significativos para o aprendizado da leitura. Para tanto, participaram

deste estudo 29 crianças cursando o 3º ano e 16 crianças cursando o 5º ano do Ensino

Fundamental. A fim de avaliar a velocidade e precisão para a leitura de palavras, foi

utilizado o subteste de leitura do Teste de Desempenho Escolar (TDE), sendo

contabilizado o total de palavras lidas corretamente, bem como o tempo de realização

da tarefa. No que diz respeito a velocidade e precisão na leitura de pseudopalavras, foi

utilizada tarefa de leitura de pseudopalavras das Provas de Avaliação dos Processos

de Leitura – PROLEC. Da mesma forma, foram contabilizadas as pseudopalavras

lidas corretamente e o seu tempo de realização. Foi realizada, também, a tarefa RAN,

em seus quatro estímulos. Os resultados mostraram diferentes padrões de associação

entre os estímulos da RAN e os componentes de leitura avaliados. No 3º ano, os

estímulos de objetos e letras foram os que mais apresentaram correlações

significativas tanto com a velocidade, quanto com a precisão para a leitura de palavras

e pseudopalavras. Já no 5º ano, as únicas correlações significativas apresentadas

foram entre a RAN de objetos e de cor com a velocidade de leitura em palavras e em

pseudopalavras, respectivamente. Estes resultados sugerem que ao final do ciclo de

alfabetização, a nomeação rápida de objetos e de letras são os correlatos mais

importantes para a avaliação da precisão e da velocidade de leitura. No 5º ano a

nomeação de objetos e de cores são os mais importantes correlatos na avaliação da

velocidade de leitura. As implicações, em termos de avaliação clínica, destas análises

se fazem importantes uma vez que pode auxiliar o planejamento de estratégias de

atendimento eficientes para o desenvolvimento de habilidades necessárias para o

aprendizado da leitura.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES e CNPq

Avaliação Funcional e Reabilitação Cognitiva na Esquizofrenia

Edilane Souza da Silva, Psicóloga

(ISECENSA)

Palavras-chave: Avaliação Funcional, Esquizofrenia, Reabilitação Cognitiva.

O presente trabalho objetiva abordar o emprego da Avaliação Funcional como

instrumento de mensuração do nível de dependência/independência funcional do

paciente esquizofrênico na automanutenção e atividades instrumentais da vida diária e

também para verificação da evolução da reabilitação cognitiva empregada. A

mensuração da autonomia ou dependência funcional demanda a aplicação de testes para

que se avalie adequadamente, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo o

estado de habilidade funcional do paciente. Isso permite estabelecer o estado atual e

avaliar as alterações futuras, negativas ou positivas. Os instrumentos utilizados para

verificar habilidades funcionais são: Direct Assessment of Functional Status – DAFS;

Instrumental Activities of Daily Living – IADL; Disability Assessment Dementia Scale-

DADS; Interview for Deterioration in Daily Living Activities in Dementia – IDDD. O

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais demonstrou a importância da

funcionalidade dos pacientes psiquiátricos quando introduziu em sua terceira edição

(DSM-III) um sistema multiaxial com a presença do eixo V, para avaliar o

comprometimento no funcionamento global de pacientes psiquiátricos, demonstrando a

preocupação por uma avaliação dentro de um modelo que promove uma análise

biopsicossocial. Acredita-se que o déficit cognitivo do paciente portador de

esquizofrenia está mais relacionado à qualidade de vida e aos desempenhos social,

funcional e vocacional do que aos sintomas positivos que caracterizam a doença.

Pesquisas com testes neuropsicológicos tem demonstrado correlações específicas entre

déficit cognitivo e desempenho de atividades diárias em casa e na comunidade,

aquisição de atividades psicossociais e instrumentais, reinserção no trabalho e

independência. Dessa forma, podemos aceitar a idéia de que a recuperação de pacientes

portadores de esquizofrenia necessita da atenção da dimensão cognitiva e deve ir além

do controle dos sintomas clássicos da doença (positivos e negativos). Neste sentido, a

avaliação funcional pode revelar aspectos importantes que inter-relacionam atividades

da vida diária e cognição, como por exemplo, usar transporte público (atividade

instrumental da vida diária) e tomada de decisão de onde quer ir (função executiva).

Salientando que as funções cognitivas mais fortemente afetadas na esquizofrenia são a

memória de trabalho, aprendizagem e memória visual, velocidade de processamento,

cognição social, atenção sustentada/vigilância, aprendizagem, memória verbal e

funções executivas. Deste modo, um programa de reabilitação cognitiva que valorize

tais segmentos da cognição será de grande valia. A reabilitação cognitiva pode ser

Restauradora, que se caracteriza pela otimização da forma como o paciente reproduz a

atividade ou Compensatória, definida pelo aprendizado de estratégias para realizar

atividades de forma diferente da habitual. A relação entre défices cognitivos e

esquizofrenia despertou a atenção da comunidade científica que passou a considerar a

reabilitação cognitiva como uma área fundamental de intervenção na esquizofrenia.

Ainda que esta reabilitação englobe um conjunto de técnicas heterogêneas com eficácias

diferentes de acordo com suas variáveis (compensatória ou restauradora), a evidência

produzida na última década através de pesquisas revela resultados favoráveis da

reabilitação cognitiva em pessoas com esquizofrenia principalmente no planejamento

das estratégias terapêuticas que visam melhorar o prognóstico contribuem para o

interesse da realização desta pesquisa.

Contato: [email protected]

Cognitive Profile of Patients with Parkinson´s Disease and Deep Brain Stimulation

X Parkinson´s Disease Patients

Barbosa¹, Eduarda Naidel Barboza e; Nasser², José Augusto dos Santos; Charchat-

Fichman¹, Helenice

PUC-Rio¹ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro); INTO² (Instituto

Nacional de Traumatologia e Ortopedia)

Objectives Compare the cognitive profile of patients with PD receiving DBS with the

profile of patients with PD who did not undergo DBS described in Brazilian literature.

Investigate DBS effects on PD patients cognition - particularly global cognitive

functioning (GCF), verbal fluency (VF), working memory (WM) and processing speed

(PS). Background Deep Brain Stimulation (DBS) is a surgical intervention aimed at

reducing or extinguishing motor symptoms in case of Parkinson's Disease (PD). Some

PD patients have cognitive deficits and there is no consensus in the literature regarding

the DBS effects on cognition. Methods Descriptive analysis of 16 subjects with PD

receiving DBS evaluated by a neuropsychological battery in 2017 (table 1). Research

for articles that describe Brazilian cognitive profile of PD patients with similar

characteristics to the PD+DBS sample collected and evaluated with the same

instruments. Comparison between the means of the two populations (PD+DBS and PD

only) through Student's t-test. Results A significant difference was observed between

the GCF results, comparing the PD+DBS sample and Machado's article (2014)

t(43)=2.667, p=0.01; what did not occur when comparing it with Prado (2008)

t(28)=0.856, p=0.4; Sobreira (2008) t(48)=0.841, p=0.4; dos Santos (2013) t(21)=0.378,

p=0.71; and da Silva (2015) t(42)=1.645, p=0.11. About VF, a significant difference

was observed between PD+DBS sample with Sobreira (2008) t(48)= 3.044, p<0.01 and

Souza (2017) t(84)=4.143, p<0.01; and a trend with Santos (2013) t(21)= 1.788, p=0.09;

and Machado (2014) t(43)=1.892, p=0.07. In WM, we observed a significant difference

between the PD+DBS sample and Sobreira (2008) t(49)=16.420, p<0.01 and in PS in

Souza (2017), especially in the A form with t(84)= 2.282, p=0.02; but not in the B form

t(84)=1.690, p=0.09. Conclusion It was observed that there was no difference in the

performance of overall cognitive functioning among subjects with PD receiving DBS

and patients with PD and other treatments - mostly drug treatment. There was a

significant difference in the performance of verbal fluency and working memory

(improving them) and processing speed (slowing it down) in the postoperative group.

We aim to evaluate more patients in both conditions and to investigate if this trend will

continue.

Prado, ALC; Puntel, GO; Souza, LP; Tomaz ,CAB (2008). Análise das

manifestações motoras, cognitivas e depressivas em pacientes com doença de

Parkinson. Revista de Neurociência, Vol. 16(1), pp. 10-15. Souza, CO (2017) A relação

entre aspectos cognitivo e aspectos motores em pacientes com doença de Parkinson.

Tese de Doutorado. Programa de Neurologia da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo. 2017.

References

REVISÃO DE OBJETIVOS E MÉTODOS AO LONGO DO PROCESSO DE

REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA – UM ESTUDO DE CASO

Eduarda Peçanha¹, Rosinda Oliveira²

¹Universidade Estácio de Sá ²Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Avaliação Neuropsicológica, Reabilitação Neuropsicológica,

Transtorno do Espectro Autista

A reabilitação neuropsicológica (RN) tem, entre outros objetivos, remediar ou

compensar as funções cognitivas alteradas em um indivíduo. Pode incluir o treino

cognitivo, no entanto a escolha das metas na RN deve levar em consideração o impacto

da disfunção cognitiva nas atividades cotidianas do paciente, bem como a sua

funcionalidade. O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por prejuízos na

comunicação e interações sociais, além de padrões de comportamentos e interesses

restritos e repetitivos. O TEA pode se manifestar de forma leve a grave, com ou sem

prejuízo intelectual e de linguagem. O perfil neuropsicológico desse transtorno pode

incluir prejuízos em diversos aspectos do funcionamento executivo. O objetivo do

presente trabalho é apresentar as mudanças de objetivos e métodos ao longo da

intervenção em um caso de reabilitação neuropsicológica no TEA leve. J. foi

encaminhado para avaliação neuropsicológica aos 12 anos com queixas de dificuldades

escolares e baixa autonomia no estudo. O paciente tinha sido diagnosticado com

Transtorno do Espectro Autista leve e usava medicamento psicoestimulante. A

metodologia da avaliação incluiu os seguintes instrumentos: WISC – III, teste de

Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey e Figura Complexa de Rey. O perfil

neuropsicológico observado revelou funcionamento cognitivo global preservado com

rebaixamento das funções executivas (planejamento e flexibilidade cognitiva). O

objetivo do primeiro momento da reabilitação neuropsicológica foi o desenvolvimento

das funções executivas, de modo a estimular o uso de estratégias na aprendizagem e

aumentar a autonomia no estudo. Atividades de reabilitação com foco na estimulação do

planejamento foram implementadas de forma coordenada a um apoio escolar

(calendário de estudo, gerenciamento das matérias e planejamento de redações). Sessões

de orientação com os pais foram realizadas para facilitar a implementação das

estratégias de estudo e de gerenciamento autônomo das atividades escolares. Aos 13

anos, J. foi reavaliado com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento e evolução do

quadro. A metodologia de reavaliação incluiu os seguintes instrumentos: WISC IV,

Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey, Figura Complexa de Rey e Teste dos

Cinco Dígitos. Embora tenha ocorrido aumento significativo da autonomia e de uso de

estratégias no estudo, os resultados da reavaliação mostraram manutenção do perfil

cognitivo. O funcionamento executivo se mostrava aquém do esperado para a idade e

nível de estimulação, em especial a flexibilidade cognitiva, nessa segunda avaliação.

Além disso, J. evidenciava dificuldades da compreensão de cenas sociais e teoria da

mente, o que impactava o estabelecimento de vínculos na escola. O objetivo do segundo

momento da reabilitação neuropsicológica foi o desenvolvimento do funcionamento

executivo, em especial a flexibilidade cognitiva, de modo a estimular o aumento da

compreensão social e da teoria da mente. Nesse segundo momento, o apoio escolar foi

suspenso, uma vez que J. conseguia gerenciar e lidar de forma autônoma com as

atividades escolares. Atividades de reabilitação de análise de cenas sociais, tarefas de

resolução de problemas e jogos de simulação de interações sociais foram desenvolvidas.

Segundo relato dos pais e da escola, J. tem apresentado melhora na compreensão das

cenas sociais, além disso, vem reduzindo os comportamentos inadequados nas

diferentes situações sociais. Este caso ilustra a necessidade de revisar as metas da

reabilitação, ao longo do processo, com base em reavaliação formal e funcional. A

concepção da reabilitação como processo flexível em termos de definição e revisão de

objetivos e métodos pode ser crucial para atingir o objetivo geral do processo:

compensação e remediação de aspectos alterados do funcionamento neuropsicológico

visando qualidade de vida. Neste caso, as melhoras de funcionamento cognitivo se

manifestaram de forma mais clara no aumento da funcionalidade do paciente e

adaptação do mesmo ao seu meio. A análise do impacto da disfunção cognitiva no

cotidiano do paciente é crucial no desenvolvimento dos programas de intervenção

neuropsicológicos.

Contato: [email protected]

TEMAS LIVRES ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DA TERAPIA DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA DEMÊNCIA NO BRASIL Bertrand1,2, Elodie; Naylor1, Renata; Laks2,3, Jerson; Marinho3, Valeska; Spector4, Aimee; Mograbi1,5, Daniel C. 1 – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) 2 – Universidade do Grande Rio (Unigranrio) 3 – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 4 – University College London (UCL) 5 – King’s College London (KCL) Palavras chaves: demência, Terapia de Estimulação Cognitiva, população brasileira, adaptação cultural A Terapia de Estimulação Cognitiva (Cognitive Stimulation Therapy - CST) é uma intervenção de grupo em 14 sessões, que foi criada no Reino Unido, para tratamento não medicamentoso de pessoas com demência. Com uso de técnicas psicológicas, a estimulação é feita por meio de atividades em grupos, estruturadas por temas. A CST possui uma robusta base de evidências indicando uma melhora significativa da cognição e da qualidade de vida em seus participantes. É a única intervenção sem uso de drogas recomendada para tratar a cognição na demência de acordo com as diretrizes do Instituto Nacional para a Saúde e Excelência Clínica (NICE) do Reino Unido. É aprovada globalmente pela Associação Internacional de Alzheimer, usada em mais de 24 países globalmente e traduzida para pelo menos 8 idiomas. Nossa hipótese é que os benefícios encontrados no Reino Unido poderiam ser replicados em uma amostra brasileira. O presente trabalho descreve o processo de adaptação e validação da CST no Brasil. O estudo segue o modelo em cinco fases para adaptação de psicoterapia, que inclui o envolvimento dos intervenientes, a tradução e a tradução reversa do material e o estudo-piloto. Um estudo de viabilidade com 50 pessoas com demência, randomizado para receber a intervenção ou o tratamento como de costume, será realizado após a adaptação inicial. Os resultados dos grupos focais com os intervenientes, incluindo profissionais de saúde, pacientes e cuidadores, serão apresentados com uma discussão sobre como os materiais e procedimentos estão sendo adaptados para um país em desenvolvimento. As principais características da CST são aplicáveis à nossa amostra, mas o ajuste dos procedimentos aos participantes com nível educacional heterogêneo deve ser levado em consideração. Um ponto reforçado pelos intervenientes foi a ausência de qualquer intervenção não farmacológica baseada em evidências para a demência em nosso país. Uma abordagem psicológica eficaz e validada com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e a cognição das pessoas com demência é uma necessidade urgente em nosso país. Contato: [email protected] Fomento: Newton Advanced Fellowship provided by the Academy of Medical Sciences, UK, and Royal Society

TEMA LIVRE:

CONTRIBUIÇÃO DA AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

NA DOENÇA DE PARKINSON

Erika Regina Barbosa Guimarães¹; Amanda Oliveira de Carvalho¹; Priscilla Yohanna

Moreira¹; Telka Baiocchi²; Vanessa Lemos da Costa Soares¹; Murilo Ramos Mariano¹;

Cristina Maria Duarte Wigg³

¹Graduando(a) em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (IP/UFRJ); Estagiário(a) do Setor de Neuropsicologia/INDC/UFRJ. ²Aluna do curso

de pós graduação de Neuropsicologia do Instituto Neurológico de São Paulo (INESP);

³Professora do IP/UFRJ; Coordenadora do Setor de Neuropsicologia do Instituto de

Neurologia Deolindo Couto da UFRJ (INDC/UFRJ); Coordenadora do Núcleo de Ensino,

Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia (NEPEN/IP/UFRJ).

Palavras chaves: Avaliação Neuropsicológica; Reabilitação Neuropsicológica; Doença de

Parkinson.

A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio degenerativo e progressivo que acomete o

Sistema Nervoso Central. Além dos comprometimentos motores, os pacientes podem

apresentar disfunções cognitivas. Nesse contexto, a Neuropsicologia atua na identificação e

acompanhamento da evolução de um déficit cognitivo e/ou comportamental. Para a

identificação dos déficits, é realizada a Avaliação Neuropsicológica (AN), procedimento

fundamental para caracterização dos comprometimentos cognitivos na DP. Através da

interpretação cuidadosa dos resultados apontados pelos instrumentos neuropsicológicos e de

uma análise contextualizada, o profissional irá identificar as dificuldades cognitivas e

comportamentais presentes, assim como suas potencialidades em termos neuropsicológicos.

Os resultados da AN levam em consideração diversas informações clínicas, visando não

apenas o diagnóstico, mas também a elaboração de intervenções eficazes. No contexto das

intervenções possíveis, a Neuropsicologia apresenta a Reabilitação Neuropsicológica (RN),

cujo enfoque está na redução do impacto da deficiência e não em sua cura propriamente. A

intervenção proposta pela RN é guiada pelo plano de reabilitação, elaborado a partir dos

resultados apontados pela AN. O objetivo consistiu em indicar uma direção preliminar de

RN de grupo para pacientes com DP, a partir do perfil cognitivo dos mesmos. Foram

estudados 50 participantes do projeto Avaliação Neuropsicológica na Doença de Parkinson,

aprovado pelo comitê de ética do Instituto de Neurologia Deolindo Couto - INDC/UFRJ,

onde todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A

amostra foi composta por ambos os gêneros, idades entre 45 e 83 anos, e tempo de

diagnóstico variando entre 1 e 20 anos. Foram utilizados resultados dos seguintes

instrumentos: Teste Comportamental de Memória de Rivermead (RBMT) e Escala de

Inteligência Wechsler para adultos (WAIS-III) com subtestes: Vocabulário, Cubos e Dígitos.

Foi realizada uma análise transversal e descritiva, utilizando o software estatístico PSPP para

obtenção de estatística descritiva do desempenho dos sujeitos. Como resultados, o RBMT

indicou comprometimento da memória, de leve a grave, em 88% dos casos. Nos subtestes do

WAIS III, o percentual abaixo da média foi 56% no Vocabulário; 58% no Cubos; e, 22% no

Dígitos. A partir do perfil encontrado e considerando o comprometimento motor, decidiu-se

por uma combinação entre atividades que estimulassem habilidades cognitivas e motoras. Na

RN de grupo são possíveis atividades mais dinâmicas e motivacionais frente a RN individual.

Portanto optou-se pela abordagem de grupo. As habilidades cognitivas trabalhadas foram de:

visuoconstrução, visuoespacial, atenção, memória, controle inibitório, flexibilidade cognitiva

e linguagem. Como exemplos de atividades, destacam-se aqui jogos como: Dobble, Lonpos,

Tangran, Sodoku, Jogo da Memória, além de atividades como construção de blocos e

exercícios de fluência verbal. Concluiu-se que a avaliação neuropsicológica e o perfil

cognitivo contribuíram para uma abordagem mais eficaz na amostra estudada. A partir do

perfil cognitivo e sócio-emocional foi possível identificar habilidades preservadas e

prejudicadas, além de características específicas do grupo, que determinaram um plano de

reabilitação que estimulasse funções prejudicadas e preservadas, combinadas com tarefas

motoras e motivacionais. A intervenção foi possível a partir de jogos comercializados para

RN, e também de atividades autorais, criadas pela própria equipe Nepen.

Contato: [email protected]

Avaliação comparativa da velocidade de processamento em adultos e idosos a partir do

teste computadorizado COMPCOG

Fidel Samora, Gabriel Costa E Silva, Larissa Marques, Liana Chaves, Ana Mercedes de

Figueiredo, Helenice Charchat

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

A velocidade de processamento é uma habilidade cognitiva que consiste no tempo

necessário para percepção, formulação de resposta e emissão desta diante de um

estímulo, ou seja, o tempo despendido para realizar uma tarefa mental. Com o objetivo

de avaliar as diferenças na velocidade de processamento entre idosos e adultos, foram

avaliados um grupo de 131 idosos saudáveis de Casas de Convivência do Rio de Janeiro

com média de idade M = 69,6 (6,1) e um grupo de 50 adultos universitários da

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com média de idade M = 21,18 (4).

A avaliação foi feita por meio de 2 subtestes – tempo de reação simples e de escolha -

do teste computadorizado COMPCOG. O COMPCOG utiliza o iPAD como interface e

faz a medição do tempo de reação em milissegundos a partir da detecção de respostas a

estímulos visuais – quadrados brancos ou coloridos que aparecem na tela. Os idosos

obtiveram uma média de tempo de resposta diante de um estímulo simples M=552,23ms

(261,28), maior que a média dos adultos (M= 345,52ms (81,0)). A diferença foi

significativa t(174) = 8,091, p<.05. A mesma significância e diferença foi observada em

relação à média de tempo de reação diante de uma tarefa de escolha de estímulos

(Idosos M= 807,21(213,77); Adultos M=525,32(60,00); t(169) = 13,74, p<.05). Apesar

do aumento do tempo de reação com a idade, não houve diminuição da porcentagem de

respostas corretas. Foi encontrada inclusive uma superioridade pequena, porém

significativa, dos idosos em relação aos adultos (Idosos M= 97,81 (3,07); Adultos

M=96,80(2,3); t(179) = 2,119, p<.05). Os resultados condizem com o esperado: o

processo de envelhecimento saudável envolve um declínio de algumas funções

cognitivas e uma consequentes erros na realização de atividades. A lentificação

funciona como uma estratégia bem-sucedida diante da percepção de dificuldades,

aumentando a velocidade de processamento mas garantindo o controle dos erros e o

mesmo resultado ao final da execução da tarefa.

Título: Como os efeitos de primazia e recência podem auxiliar na previsão de declínio

cognitivo?

Gabriel Lima1,2, Camila Bernardes1,3, Priscila Corção1,3, Gabriel Bernardes1,5, Marcelo

Leonel Peluso1,4, Ana Theresa Cavalcanti1,5, Alina Tedelschi1, Cláudia Drummond1,3 e

Paulo Mattos1,3

1Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino - Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA-

IDOR), 2Universidade Veiga de Almeida (UVA), 3Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), 4Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), 5Pontifícia

Universidade Catolica (PUC-RJ)

Palavras-chave: Memória, Primazia, RAVLT, Prognóstico, Alzheimer

Diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) é associado à fase pré-clínica

da Demência de Alzheimer (DA) devido ao maior risco de progressão para quadro

demencial, especialmente quando há comprometimento mnêmico. Como nem todos os

pacientes convertem para demência, é importante fazer projeções confiáveis acerca do

prognóstico. Entre os melhores preditores, encontram-se testes de memorização de

listas de palavras. Nestes, há um efeito de posição serial: indivíduos saudáveis recordam

mais facilmente itens do início (primazia) e final (recência) da lista. Segundo a

literatura, observa-se diminuição da primazia em pacientes com CCL e DA, sendo esta

associada à memória de longo prazo, enquanto recência é associada à de curto prazo.

Nosso objetivo foi verificar se esses efeitos apresentam potencial preditivo de declínio

cognitivo. Para isso, o estudo foi dividido em duas séries de casos, com três casos cada.

Utilizou-se a etapa de aprendizagem do Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de

Rey (RAVLT) para avaliar primazia e recência, e Escala Geriátrica de Depressão para

sintomas depressivos. Estes efeitos foram calculados dividindo a lista em três grupos

de cinco palavras (primazia, meio e recência). Então, somou-se o número de vezes que

cada palavra do grupo foi repetida, dividido pelo total de palavras do grupo. Na primeira

série, foram selecionados pacientes sem comprometimento cognitivo na primeira

avaliação, com resultados distintos no follow-up de 24 meses (sem comprometimento

cognitivo, CCL amnéstico de domínio único [CCL A DU], CCL amnéstico de múltiplos

domínios [CCL A MD]). Na segunda série, pacientes foram diagnosticados com CCL

A DU na primeira avaliação e, segundo os resultados do follow, foram classificados em

categorias: reversão do quadro (sem comprometimento em testes), declínio cognitivo

(diagnóstico de CCL A MD) e conversão (progressão para DA). Os diagnósticos foram

dados após discussão com equipe clínica multidisciplinar, examinando dados da

história clínica e avaliações neuropsicológica e fonoaudiológica. Observou-se a curva

de desempenho dos pacientes, magnitude dos efeitos, e discrepância entre efeitos

(através das curvas de tendência linear dos escores ou subtração do escore de primazia

pelo de recência). Análises do desempenho no RAVLT dos casos de ambas as séries

demonstraram sobreposição das curvas, não se relacionando aos diagnósticos. O

mesmo ocorreu ao compararmos efeitos de primazia e recência. Na primeira série,

discrepância intra-sujeito dos efeitos, vista pela curva de tendência, demonstrou que

pacientes com curva mais linear apresentaram declínio no seguimento, mas não a

magnitude deste. Quando avaliamos discrepância pela subtração desses escores, é

possível distinguir qual paciente apresentaria declínio e sua magnitude. Na segunda

série, análises da discrepância pelas curvas de tendência indicaram quais pacientes não

progrediriam para quadro de DA. Porém, discrepância avaliada pela subtração desses

escores indicou qual paciente apresentaria reversão do quadro (em teste), declínio

(comprometimento de outros domínios) e conversão para DA. Tais resultados sugerem

que avaliar estes efeitos, principalmente discrepância, possibilitaria previsões mais

precisas sobre prognóstico de pacientes com ou sem comprometimento cognitivo,

viabilizando intervenções precoces para retardar o declínio. Sugere-se cautela na

interpretação dos achados, pois sua corroboração por estudos longitudinais com mais

participantes é necessária.

Contato: [email protected]

1

ESTUDO SOBRE OS EFEITOS NEUROFISIOLÓGICOS DA MEDITAÇÃO DE

ATENÇÃO PLENA MINDFULNESS EM PACIENTES ADULTOS COM

TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

Orie

Gloria Suzana Gomes de Oliveira, Guaraci Ken Tanaka, Bruna Velasques e Pedro

Ribeiro

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Psiquiatria – IPUB, Centro

de Ciências da Saúde - CCS

Palavras chaves: TDAH, Mindfulness, Adulto, Neurofisiologia, Atenção

O Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atinge de 3 a 6% das

crianças em idade escolar. Os sintomas básicos são desatenção, hiperatividade e

impulsividade, com intensidades e combinações variáveis, ocasionando quadros clínicos

diferenciados. Em cerca de 60% dos casos persiste na idade adulta. Adultos portadores

de TDAH frequentemente sofrem comorbidades, como por exemplo: ansiedade,

depressão, dependência química. As limitações na resposta ao tratamento

medicamentoso, os casos de contraindicação e os relatos de efeitos colaterais, tornam

fundamentais as pesquisas na busca de tratamentos alternativos. O objetivo geral do

trabalho foi verificar, através de revisão bibliográfica, os efeitos neurofisiológicos da

meditação de atenção plena Mindfulness em pacientes adultos com TDAH. Mindfulness

é um treinamento mental envolvendo atenção às experiências do momento presente sem

julgamento, com abertura e intenção. Estudos de neuroimagem relatam influência da

meditação em áreas do cérebro que fazem parte da rede de modo padrão (DMN), cuja

disfunção está associada ao TDAH. Outros estudos mostram que praticantes de

meditação têm maior consciência corporal e capacidade de regular suas emoções. O

controle atencional em Mindfulness tem como base o processo cerebral envolvendo três

funções principais: (1) a modulação da excitação, o estado de alerta e o engajamento da

atenção; (2) a seleção do estímulo e (3) os processos de controle atencional. Essas

funções são desempenhadas por três redes atencionais: as redes de alerta, orientação e

controle executivo, respectivamente. Estudos recentes sugerem ainda uma subdivisão, a

rede de saliência, que tem a função de detectar eventos subjetivamente relevantes ou

salientes e fornecer sinais à rede executiva. Uma pesquisa avaliou a ativação do cérebro

durante períodos de repouso e de meditação em praticantes experientes de Mindfulness

e controles. Os achados demonstram alterações na rede de modo padrão consistentes

com a redução de lapsos de atenção e devaneios que podem ter grande impacto no

tratamento do TDAH. Um estudo piloto envolvendo um programa de oito semanas de

treinamento em Mindfulness foi aplicado a vinte e quatro adolescentes e adultos com

TDAH. As avaliações do estudo incluíram medidas de sintomas psiquiátricos e

funcionamento cognitivo pré e pós-teste. O Teste de Rede de Atenção (ANT) mediu três

2

aspectos da atenção: alerta, orientação e conflitos, e a tarefa Stroop mediu o conflito

atencional. As práticas foram bem recebidas pelos participantes, sem notificações de

efeitos adversos. As avaliações indicaram que o programa pode levar à redução dos

sintomas auto-relatados e ao melhor desempenho nos testes de comprometimento

neurocognitivo. No grupo de adultos, os índices de ansiedade e depressão melhoraram.

Na visão dos pesquisadores os resultados obtidos indicam potenciais benefícios de

terapias cognitivas baseadas em Mindfulness. Apoiados no aprofundamento dos

estudos, o conhecimento mais preciso dos mecanismos de Mindfulness, suas interações

com as redes neurais complexas e a correlação das descobertas neurocientíficas com os

dados comportamentais permitirão o aprimoramento das intervenções e o

desenvolvimento de programas ajustados às condições neuropsicológicas e

neurofisiológicas específicas dos indivíduos com TDAH, promovendo alterações

evolutivas ao longo do tempo, que contribuam para sua reabilitação cognitiva e

possibilitem a redução e até mesmo a retirada gradativa da medicação.

Contato: Gloria Suzana Gomes de Oliveira, email: [email protected]

"EPIGENÉTICA E PSICOLOGIA: UMA POSSIBILIDADE DE ENCONTRO ENTRE

O SOCIAL E O BIOLÓGICO.”

Iara Peixoto de Oliveira, Ana Raquel Mendes de Toledo Neris, Aydamari João Pereira Faria

Junior

Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave: Psicologia; Epigenética; Psicopatologia; Esquizofrenia.

O presente trabalho tem o objetivo de mostrar a possibilidade da relação entre os

campos da psicologia e da epigenética e como considerações secundárias, a possível relação

entre psicopatologias - especialmente, a esquizofrenia - e epigenética. Com esse intuito,

foram utilizados como base artigos científicos e livros que permeiam os temas da psicologia,

psicopatologias, epigenética e esquizofrenia. A partir disso, foi delineado o percurso de

formação da psicologia e do campo da epigenética, incluindo o modo como o último pode

impactar o primeiro e gerar novas formas de compreensão sobre a prática do psicólogo. Com

base nessa revisão, pode-se afirmar que a epigenética possui grande relevância para a

psicologia, pois permite pensar os transtornos psíquicos de uma forma que integre os fatores

genéticos e sociais que, geralmente, são separados em um clássico maniqueísmo. Atuar na

psicologia a partir de uma perspectiva que considera como base ambos os aspectos - genética

e ambiente físico e social - permite ampliar a possibilidade de diagnóstico e, ainda, repensar

formas de tratamento e intervenção a serem trabalhadas com os sujeitos acometidos por

psicopatologias de forma que explore ainda mais as potencialidades desses indivíduos.

Contato: [email protected]

Motivações e recompensas nos videogames no comportamento humano

João Guilherme Midões Izidoro1, Rodrigo Vieira de Mello2, Emmy Uehara Pires3

1Bolsista de Iniciação Científica, UFRRJ/CAPES; 2Mestrando da PPGPSI/UFRRJ; 3Professora Adjunta IE/DEPSI/PPGSI/UFRRJ.

Palavras-chave: videogame; motivação; recompensas; desenvolvimento. Os jogos eletrônicos deixaram de ser aparelhos lúdicos exclusivos do público infantil e tornaram-se máquinas potentes de alta tecnologia. Os desenvolvedores foram gradativamente sofisticando formas de recompensas para manter as pessoas jogando. A fim de aumentar a imersão do indivíduo, esses aparelhos foram se adaptando ao gosto dos jogadores, tornando-se cada vez mais semelhantes com a realidade e com elementos que exigem ou otimizam habilidades dos usuários. Atualmente, os games podem ser utilizados pela sociedade como simuladores ou ferramentas educativas. Por exemplo, auxiliam no treinamento de profissionais, bem como na reabilitação neuropsicológica. As capacidades exigidas pelos games fazem com que a diversão, as recompensas e as motivações sejam intensas e contínuas para manter o sujeito consumindo jogos eletrônicos e, com isso, ficando muito tempo jogando. Essas recompensas podem surgir direta ou indiretamente, ser intrínsecas ou extrínsecas. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi investigar as motivações dos jogadores categorizando em 6 (seis): motivações pessoais, prêmios e gratificações, desenvolvimento de habilidades, desafios, evolução dos games e imersão. A coleta de dados nos fez concluir que todas as motivações são estimulantes e são capazes de manter o indivíduo jogando. A maioria dos participantes afirmaram que preferem jogar sozinho em modo offline – isso pode estar relacionado a outro dado em que 64% dos entrevistados desfrutam de todos aspectos do game, exploram-no devagar para só depois concluí-lo. Ainda, mencionaram que ao jogarem com mais pessoas, possivelmente o sujeito desfrute mais da companhia ao invés de explorar e dedicar atenção aos aspectos do game. Apesar de outras pesquisas mostrarem que o fator mais motivador para os jogadores de videogame ser o trabalho da arte gráfica, a análise aponta tratar-se do terceiro recurso mais escolhido junto com a capacidade de imersão. Para os jogadores pesquisados, os elementos mais motivadores são o mundo aberto e a liberdade que o game fornece e, em seguida, os aspectos complexos que o jogo exige (abordar questões filosóficas como a moral e a ética, emocionar o jogador e outros). Por fim, pesquisa permitiu uma melhor compreensão do funcionamento de recompensas dos videogames, possibilitando a elaboração de estratégias no desenvolvimento de habilidades com o uso desse sistema reforçador.

Contato: [email protected]

TEMA LIVRE (PÔSTER)

EFICÁCIA DO NEUPSILIN-INF NA PREVENÇÃO DE DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM

Autores: Jozenilda Buarque de Morais; Viviane Nascimento Soliva; Maria Claudete Silva.

Centro Universitário Augusto Motta

Palavras chaves: Avaliação neuropsicológica; Cognição; Prevenção; Aprendizagem.

Um aspecto complexo e delicado a ser observado são as dificuldades que as crianças podem

apresentar durante seu desenvolvimento, e mais precisamente, em suas habilidades cognitivas

e psicossociais quando inseridas no processo de aprendizagem. Essas dificuldades acabam por

gerar diversos estudos sobre o desenvolvimento infantil na tentativa de explicar possíveis

déficits nos aspectos motor, afetivo, cognitivo e social da criança. Partindo desse pressuposto,

o objetivo deste trabalho foi apresentar o Neupsilin-inf como um importante instrumento para

avaliação neuropsicológica breve em crianças no início do processo de alfabetização, e de que

forma pode contribuir como possível ferramenta na prevenção da dificuldade de

aprendizagem. O estudo torna-se relevante devido à carência de testes neuropsicológicos para

avaliação infantil breve, visto que o objetivo do NEUPSILIN-inf é fornecer um perfil

neuropsicológico breve por meio da avaliação de habilidades cognitivas preservadas e

deficitárias, sendo um instrumento que inclui testes para avaliação de oito funções

neuropsicológicas, entre elas orientação, atenção, percepção, memória, habilidades

aritméticas, linguagem, praxias construtivas e funções executivas. O trabalho foi

bibliográfico na medida em que foi realizada pesquisa em livros, jornais, revistas

especializadas, sites, dissertações e teses com informações pertinentes ao campo de estudo.

Foi também exploratório, pois buscou elencar, descrever e aprimorar conceitos existentes

sobre desenvolvimento infantil, dificuldades na aprendizagem, transtorno de aprendizagem,

objetivos da avaliação neuropsicológica e os estudos do instrumento de avaliação

neuropsicológica breve infantil – Neupsilin-Inf, de maneira a compor o referencial teórico do

estudo. Concluiu-se que a avaliação neuropsicológica, utilizando o Neupsilin-inf, pode ser

uma ferramenta de prevenção na dificuldade de aprendizagem, uma vez que, sendo aplicada,

identificará questões cognitivas as quais podem ser trabalhadas previamente para um

desenvolvimento adequado da aprendizagem. O instrumento pode ser muito promissor no

início do processo diagnóstico e prognóstico de diferentes fases de desenvolvimento típico e

atípico, em crianças com quadros neurológicos e/ou psiquiátricos com sequelas

neurocognitivas. Suscita ainda, o pensamento que uma avaliação nos anos iniciais da

escolarização pode fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento

intelectual da criança, podendo orientar diversos profissionais, principalmente, os da escola na

conduta e no desenvolvimento de estratégias a serem adotadas com crianças, que possam

apresentar possíveis dificuldades de aprendizagem, as quais deverão ser trabalhados seus

déficits e potencializado suas habilidades preservadas. Vale ressaltar, que não se trata de

rotular a criança que possa apresentar dificuldades no processo de aprendizagem, mas sim

evitar que tais dificuldades possam impedir o desenvolvimento saudável da criança.

Contato: [email protected]

WISC-IV: Semelhanças e diferenças no desempenho de crianças com dislexia,

TDAH e atraso no desenvolvimento cognitivo

Joyce Diniz, Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: WISC, dislexia, TDAH, atraso no desenvolvimento cognitivo.

A Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC) é empregada na clínica para investigar

habilidades verbais e não verbais, bem como os obstáculos encontrados pelas crianças em termos de

funcionamento cognitivo. A caracterização de perfis cognitivos pode contribuir para a realização de

diagnósticos diferenciais na infância. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo investigar as

semelhanças e diferenças no perfil cognitivo de crianças com dislexia, TDAH ou atraso no

desenvolvimento cognitivo no WISC-IV. Participaram do estudo 30 crianças do 1º ao 3º ano do Ensino

Fundamental, com idade entre 7 e 9 anos. Elas foram diagnosticadas com dislexia (N=16), TDAH

(N=8) e atraso no desenvolvimento cognitivo (N=6) após avaliação multidisciplinar realizada pelo

projeto ELO. As crianças com dislexia apresentaram desempenho médio em todos os índices da

bateria, enquanto as crianças com TDAH apresentaram desempenho médio inferior no Índice de

Velocidade de Processamento (IVP) e médio nos demais índices. Por outro lado, as crianças com atraso

no desenvolvimento cognitivo tiveram seu desempenho classificado como médio inferior na maioria

dos índices, exceto no Índice de Memória Operacional, cujo desempenho mostrou-se limítrofe. Apesar

de ambos terem apresentado desempenho geral mediano, as crianças com dislexia apresentaram

diferença estatisticamente significativa das crianças com TDAH no Índice de Compreensão Verbal.

Verificou-se que o desempenho das crianças com dislexia foi inferior ao desempenho das crianças com

TDAH. Tal resultado sugere maior comprometimento do processamento linguístico no caso das

crianças com dislexia, ainda que o desempenho delas tenha atingido o nível médio. Quando o

desempenho das crianças com dislexia foi comparado com o das crianças com atraso no

desenvolvimento cognitivo, obteve-se diferença estatisticamente significativa em todos os índices da

bateria. Em relação ao desempenho dos grupos com TDAH e atraso no desenvolvimento cognitivo,

observou-se que o Índice de Velocidade de Processamento foi o único a não apresentar diferença

estatisticamente significativa entre os grupos. Os subtestes do IVP recrutam, além de velocidade no

processamento de informações, habilidade atencional importante para a seleção dos estímulos

solicitados. Notou-se que o desempenho das crianças com TDAH revelada, por esse Índice, aproxima-

se daquela experimentada por crianças com dificuldades gerais em relação às habilidades intelectuais.

As habilidades e dificuldades de cada grupo clínico podem fornecer dados importantes para a condução

de diagnósticos diferenciais. No caso do presente estudo, as diferenças encontradas no desempenho das

crianças de diferentes grupos clínicos mostram que a classificação média não é suficiente para que o

desempenho de dois grupos clínicos diferentes sejam considerados equivalente. Além disso, um grupo

pode revelar desempenho intelectual total médio e dificuldade específica em determinada habilidade,

com resultados aproximados de outro grupo em que as dificuldades encontram-se mais visíveis. A

utilização de instrumentos avaliativos mostra-se relevante para a prática clínica. Contudo, é a

interpretação atenta dos dados mensurados que possibilitará compreender o que eles significam, bem

como conduzir a intervenção adequada para a superação das dificuldades.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPq.

COMPARAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE CONTROLE INIBITÓRIO EM

CRIANÇAS: TESTE DOS 5 DÍGITOS E STROOP

Abner Oliveira Barros, Juliana Muniz Furtado; Clarissa de Carvalho Abreu; Douglas

Dutra; Priscila Marques; Rosinda Martins Oliveira.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)

Palavras chaves: controle inibitório; Stroop; Five Digits Test;

O controle inibitório, componente elementar das funções executivas, consiste na

habilidade de inibir respostas preponderantes, cessar respostas que estão em curso e

controlar respostas frente a estímulos distratores. Dentro deste sistema de inibição inclui-

se o controle de interferência. O Teste Stroop e o Teste de Cinco Dígitos (FDT) são usados

como medidas para avaliação do subcomponente inibitório relacionado ao controle de

interferência pois baseiam-se no efeito Stroop, que consiste na inibição de uma resposta

automática frente a um estímulo ambíguo. O objetivo deste trabalho é comparar a

capacidade desses 2 testes de diferenciar participantes com desempenhos extremos

daqueles com desempenhos próximos da média. A amostra é composta por 44 crianças,

de 8 a 9 anos, sendo 65,9% do sexo feminino, 54,5% oriundas de uma escola comunitária

e 45,4% de escola particular, todas da cidade do Rio de Janeiro. Os testes aplicados para

avaliar os participantes foram FDT e Stroop (Versão Victoria). Para participar da pesquisa

foi necessária a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), por

parte dos responsáveis das crianças, além da não existência de histórico de transtornos de

neurodesenvolvimento e doenças neurológicas e/ou psiquiátricas. Os escores nas

condições incongruência (Stroop) e escolha (FDT) foram divididos em seus respectivos

quartis e separados em 4 grupos (1 a 4), onde 1 obteve os melhores resultados e 4 os

piores resultados. Através de ANOVAs unidimensionais foram feitas 3 comparações

planejadas. Na primeira comparação grupos 1 e 2 foram comparados com os grupos 3 e

4. Na segunda comparação o grupo 1 foi comparado com o grupo 2. Na terceira

comparação o grupo 3 foi comparado com o grupo 4. Utilizando os quartis do Stroop

como variável critério apenas a comparação 1 foi significativa com as VDs inibição (p<

0,01) e escolha (p< 0,01) do FDT. Utilizando os quartis do FDT como variável critério

houve diferença significativa nas comparações 1 e 3 na VD condição incongruente (p<

0,01). Houve também diferença significativa na comparação 1 e forte tendência de

diferença (p< 0,054) na comparação 3 com a VD escore de interferência do Stroop

(diferença entre condição incongruente e condição de nomeação de cores). Os resultados

apontam que o Stroop é capaz de discriminar a diferença entre desempenhos abaixo e

acima da média mas não entre desempenhos extremos e medianos, enquanto o FDT tem

maior capacidade de discriminar crianças que sofrem mais o efeito de interferência.

Contato: [email protected]

Agências de fomento: Capes

ESTUDO SOBRE IMPULSIVIDADE E FUNÇÕES EXECUTIVAS EM ALUNOS

DO ENSINO FUNDAMENTAL COM BAIXO RENDIMENTO ACADÊMICO

Larissa Bezerra Lopes¹ , Maria Carolina Soares Monteiro de Barros¹ , Rizza Avacil

Assis de Carvalho¹, Vanessa Lemos da Costa Soares¹, Cristina Maria Duarte Wigg²

¹Graduanda em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (IP/UFRJ); Estagiária do Setor de Neuropsicologia/INDC/UFRJ, ²Professora do

IP/UFRJ; Coordenadora do Setor de Neuropsicologia do Instituto de Neurologia

Deolindo Couto da UFRJ (INDC/UFRJ); Coordenadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa

e Extensão em Neuropsicologia (NEPEN/IP/UFRJ)

Palavras chaves: Funções Executivas, Impulsividade, Dificuldade de Aprendizagem,

Neuropsicologia

Estudos têm demonstrado que tanto o Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH), quanto o baixo desempenho das funções executivas, podem

estar relacionados com a dificuldade de aprendizagem (DA). O presente trabalho tem

como objetivo analisar e relacionar o desempenho das funções executivas e a presença

da impulsividade alta, próprio do TDAH, em escolares com DA. Estudo correlacional

com amostra composta por 70 escolares de instituições públicas e privadas, que cursam

do 2º ao 7º ano do Ensino Fundamental, de 7 a 17 anos, ambos os sexos, oriundos do

Projeto Avaliação Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes com Dificuldade de

Aprendizagem, aprovado pelo comitê de ética do INDC/UFRJ. Todos eles apresentaram

classificação percentílica inferior no TDE, como caracterizador da dificuldade de

aprendizagem. Os responsáveis assinaram o TCLE. Os instrumentos utilizados foram:

Teste de Desempenho Escolar (TDE); Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin

(WCST); Escala de TDAH - versão para professores (E-TDAH); Software estatístico

PSPP (1.0.1). A presença de impulsividade foi observada em 8,57% da amostra que

apresentou percentil acima de 95 caracterizando transtorno relacionado à impulsividade,

18,57% da amostra apresentou percentil entre 75 e 95, indicando impulsividade acima

do esperado para a faixa etária, totalizando 27,14% de escolares com tendência à

impulsividade. No entanto, 51,43% da amostra apresentou percentil entre 25 e 75

caracterizando ter uma resposta impulsiva de acordo com o esperado para a idade e

21,43% da amostra obteve percentil abaixo de 25, indicando uma impulsividade menor

que a esperado para a idade. O déficit nas funções executivas foi mais presente na

amostra, demonstrado pelo número de categorias completadas no WCST, onde 30% da

amostra completou no máximo 1 categoria, sugerindo comprometimento de leve a grave

nas funções executivas, 32,86% da amostra completou de 2 a 3 categorias que sugere

dificuldade mediana e 37,14% da amostra completou de 4 a 6 categorias sugerindo bom

desempenho de suas funções executivas. Portanto, observamos que 62,86% da amostra

apresenta algum nível de dificuldade nas funções executivas. Verificou-se, ainda, uma

correlação fraca entre impulsividade e funções executivas. Concluiu-se que uma maioria

dos escolares com baixo rendimento escolar apresentou dificuldade nas funções

executivas, mas não se percebe a mesma predominância do fator impulsividade, o que

pode indicar que a impulsividade não é uma variável significativa para a dificuldade de

aprendizagem. Além disso, é necessário reconhecer os limites dos instrumentos de

relato respondidos por informantes externos.

Contato: [email protected]

SEQUELAS COGNITIVAS DO TCE E RELAÇÕES COM O SISTEMA NERVOSO: ESTUDO DE CASOS

DE PACIENTES À ESPERA DE CRANIOPLASTIA

Larissa Marques Francisco, José Augusto Nasser, Helenice Charchat-Fichman

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia

A presente pesquisa tem como objetivo relacionar a organização do sistema nervoso com o

funcionamento cognitivo a partir do estudo de traumas e sequelas cognitivas. Para tanto, dois

pacientes vítimas de traumatismo cranianoencefálico com consequente perda do osso craniano,

e momentaneamente à espera da cirurgia de reconstrução, foram avaliados por uma bateria

neuropsicológica. Os resultados da avaliação sugeriram diversas sequelas cognitivas nos dois

pacientes. Enquanto alguns resultados dos testes neuropsicológicos tiveram correlação direta

com as lesões específicas dos pacientes, outros não encontraram correspondência - foram

encontradas alterações cognitivas mais abrangentes que os danos ao tecido descritos. Estas

podem ser consequência tanto de lesões difusas quanto de alterações metabólicas, ambas

condições características de quadros de traumatismos cranioencefálicos e de ausência de parte

da calota craniana. Desta forma, a avaliação neuropsicológica se coloca como uma importante

ferramenta para traçar um perfil cognitivo mais completo desse tipo de paciente neurológico,

complementando os achados de neuroimagem e entrevista clínica.

VALIDAÇÃO INICIAL DO UCSD PERFORMANCE-BASED SKILL

ASSESSMENT (UPSA-1-BR) EM IDOSOS

Leonardo Cardoso Portela Câmara1, Ana Cláudia Becattini-Oliveira2, Antônia de

Azevedo Falcão Sigrist2, Helenice Charchat-Fichman2

1Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro, 2Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras-chave: envelhecimento, funcionalidade, cognição, avaliação.

Buscou-se, por meio deste estudo, determinar a capacidade funcional de idosos com um

novo instrumento (o UPSA) e avaliar a sua correlação com medidas cognitivas. Os

sujeitos foram recrutados entre aqueles com idade igual ou superior a 60 anos,

independentes e autônomos, que frequentavam regularmente casas de convivência da

prefeitura do Rio de Janeiro. Foi realizada avaliação cognitiva com a Bateria Breve de

Rastreio Cognitivo (BBRC), constituída pelo Teste de Memória de Figuras (TMF), Teste

de Fluência Verbal (TFV), Teste de Desenho do Relógio (TDR) e Mini Exame do Estado

Mental (MEEM). Na avaliação funcional, foram utilizados a Escala de Atividades

Instrumentais de Vida Diária (AIVD) e o UCSD Performance-Based Skill Assessment

(UPSA-1-Br). O UPSA é um instrumento de medida da capacidade funcional, baseado

na intepretação de situações que simulam tarefas do cotidiano em cinco domínios

diferentes: Compreensão e Planejamento, Comunicação, Finanças, Transporte e Tarefas

Domésticas. Foram avaliados 32 idosos com idade média de 71,9 anos (DP = 5,8) e

escolaridade média de 11,2 anos (DP = 4,6), sendo 90,6% do sexo feminino. A média

geral do UPSA foi 44,9 (DP = 7,9). Observou-se uma correlação estatisticamente

significativa com idade e escolaridade, e na BBRC com o TFV, o MEEM e a AIVD.

Concluímos que o UPSA é um instrumento de avaliação funcional de rápida e fácil

aplicação em idosos, apresentando correlação significativa com medidas cognitivas.

Contato: [email protected]

CONDIÇÕES FÍSICAS E CAPACIDADE FUNCIONAL MEDIDA PELO UCSD

PERFORMANCE-BASED SKILL ASSESSMENT (UPSA-1-BR) EM IDOSOS

Leonardo Cardoso Portela Câmara1, Ana Cláudia Becattini-Oliveira2, Antônia de

Azevedo Falcão Sigrist2, Helenice Charchat-Fichman2

1Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro, 2Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras-chave: envelhecimento, funcionalidade, avaliação geriátrica, déficit visual.

Buscou-se, neste trabalho, avaliar o impacto da presença de alteração física na capacidade

funcional de idosos. Foram recrutados sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos,

independentes e autônomos, que frequentavam regularmente casas de convivência da

prefeitura do Rio de Janeiro. Foi realizada uma avaliação geriátrica incluindo visão

(Snellen Eye Chat), audição (Teste do Sussurro), marcha (Timed Get up and Go) e

medidas antropométricas (peso e altura). A capacidade funcional foi avaliada por meio

do UCSD Performance-Based Skill Assessment (UPSA-1-Br), um instrumento baseado

na interpretação de situações que simulam tarefas do cotidiano em cinco domínios

(Compreensão e Planejamento, Comunicação, Finanças, Transporte e Tarefas

Domésticas). A amostra foi composta de 40 idosos com idade média de 72,8 anos (DP =

6,3) e escolaridade média de 10,7 anos (DP = 4,7), sendo 37 (92,5%) do sexo feminino.

Apresentaram média de 2,8 (DP = 1,4) doenças e 2,7 (DP = 1,9) medicamentos em uso,

sendo a pontuação média do UPSA 43,7 (DP = 8,7). A análise estatística indicou que

idade, escolaridade e presença de déficit visual têm correlação significativa com o UPSA.

Em contrapartida, não foram detectadas correlações com déficit auditivo, risco de quedas

e índice de massa corpórea. Concluiu-se, a partir desses resultados, que a presença de

déficit visual em idosos pode comprometer significativamente a capacidade funcional.

Alterações auditivas e motoras parecem não ter o mesmo impacto, porém, mais estudos

são necessários.

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ANÁLISE DO PERFIL COGNITIVO DE UM GRUPO DE ESTUDANTES

UNIVERSITÁRIOS COM SINTOMAS DE ANSIEDADE SOCIAL

Lucas Emmanuel Lopes e Santos¹, Marina de Souza Guzzo,

Carlos Alexandre Antunes Cardoso, Cecília Souza Oliveira

¹Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave: Transtorno de Ansiedade Social, Avaliação Neuropsicológica,

Universitários.

O Transtorno de Ansiedade Social (TAS) pode ser definido como um padrão intenso de

alarme, medo e desconforto decorrente da exposição a situações nas quais o indivíduo

deve interagir, desempenhar tarefas sob a avaliação de outras pessoas ou engajar-se em

atividades sociais. Estudos recentes têm demonstrado a ocorrência de prejuízos em

funções neuropsicológicas específicas, como a memória de trabalho visual, como

consequência do TAS. O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil clínico e

cognitivo de estudantes universitários com e sem Transtorno de Ansiedade Social. A

pesquisa constitui-se de três etapas: 1) os participantes preencheram a Escala de

Ansiedade Social de Liebowitz (LSAS), que avalia o grau de interferência da ansiedade

em 24 situações cotidianas; 2) aplicação da Entrevista Clínica Estruturada (SCID-5-CV),

a fim de coletar dados que corroborem os critérios diagnósticos para o TAS, descritos no

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5); e 3) categorização

dos participantes em dois grupos (caso e controle) para a avaliação das funções

cognitivas, realizada por meio de testes neuropsicológicos computadorizados. A amostra

parcial resultou em 110 sujeitos, sendo 70% do sexo feminino e 30% do sexo masculino.

Com relação à presença de comorbidades, 10,9% dos sujeitos já foram diagnosticados

com Transtornos de Ansiedade e 4,5% com Transtorno Depressivo. A avaliação parcial

das funções cognitivas aponta diferenças entre os grupos caso e controle no desempenho

em tarefas de estratégia e resolução de problemas, tomada de decisão, atenção seletiva e

planejamento espacial. Acredita-se que, ao final deste estudo, a avaliação

neuropsicológica trará uma contribuição para o estabelecimento de uma normativa para

uma amostra brasileira. Nesse sentido, será possível uma detecção mais precoce e precisa

dos prejuízos cognitivos decorrentes do TAS, possibilitando uma intervenção mais eficaz

para esta população.

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Resultados Preliminares da Validação do Teste CFT20-R de Inteligência Fluída para a

População Brasileira entre 8 anos e seis meses e 17 anos

Maíta de Mendonça Bittar ; Giuseppe Mario Carmine Pastura ; Marcelo Gerardin

Poirot Land.

Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira- Universidade Federal do Rio de

Janeiro -IPPMG/UFRJ

Palavras Chave: validação,inteligência fluída, inteligência não-verbal, fidedignidade

O CFT 20-R (Cattell’s Fluid Intelligence Test, Scale 2) é um procedimento psicológico

validado em diversos países para medir a eficiência intelectual a partir da avaliação da

inteligência fluída, com menor interferência de variáveis socioculturais. Os testes de

inteligência não verbal podem ampliar a população elegível para testagem. Crianças em

fase pré-verbal do desenvolvimento linguístico, assim como aquelas que apresentam

déficits em algum aspecto da linguagem, podem ser avaliadas obtendo resultados mais

consistentes. A adaptação semântica, cultural e validação do teste CFT 20-R na

população brasileira será correlacionada com os resultados de quarenta e sete indivíduos

do teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven na faixa etária de 8 anos e seis meses

à 11 anos e seis meses , a partir de um coeficiente de correlação 0,4 , erro alfa menor

que 0,05 e erro beta de 0,20.Num estudo transversal estão sendo avaliadas trezentos e

sessenta crianças e adolescentes de acordo com procedimento do cálculo amostral na

faixa etária de 8 anos e seis meses a 17 anos, divididos em nove grupos de idade e

dezoito clusters de acordo com o sexo.O estudo de fidedignidade é analisado através da

consistência interna , erro padrão de medida e teste-reteste. O erro padrão de medida do

instrumento é calculado considerando as propriedades psicométricas do teste original,

pois é uma versão inédita no Brasil. A versão internacional é composta por duas partes

ou sessões com quatro subtestes cada – seriação, classificação, matrizes e topologia –,

com duração total de aplicação de sessenta minutos, incluindo o tempo de resposta aos

itens e a administração das instruções. Até o momento, já foram avaliadas cento e

setenta e três crianças e adolescentes na faixa etária determinada no projeto nos estados

do RJ e MG, que estudam em escolas públicas e tem demonstrado alta consistência

interna( Alfa de Cronbach =0,80). No presente estudo preliminar foram selecionadas 12

crianças na faixa etária de 8 anos e seis meses até 11 anos e seis meses para fazer a

correlação entre o Teste CFT 20-R(parte 1 + parte2) e o Teste Matrizes Progressivas

Coloridas de Raven considerando o total de acertos em cada teste, onde foi encontrada

uma correlação moderada de -0,65 .Atualmente, a aprovação do presente projeto no

Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro(CEFET/RJ) está sendo

finalizada para que a coleta em adolescentes de 15 anos à 17 anos seja realizada na

instituição,bem como a aprovação do projeto em escolas públicas e particulares no Rio

de Janeiro e em Minas Gerais para demais faixas etárias, onde os índices de

fidedignidade serão calculados a partir da integração de tais dados coletados.

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A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL NA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

DE PACIENTES COM TRANSTORNO DE CONDUTA

Marcelo Leonel1,2, Camila Bernardes1,3, Natalia Oliveira1, Tiago Figueiredo1,3, Carolina Morais1, Ana Theresa Cavalcanti1,4, Gabriel Lima 1,5, Priscila Corção1,3, Gabriel Bernardes1,4, Pilar Erthal1, Paulo Mattos1,3

1Centro de Neuropsicologia Aplicada – CNA-IDOR, 2Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 3Universidade Federal do Rio de Janeiro,4Pontifícia Universidade Católica, 5Universidade Veiga de Almeida

O Transtorno de Conduta (TC) é caracterizado por um padrão de comportamento repetitivo e

persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou de regras

sociais relevantes e apropriadas para a idade. Segundo o DSM-5, pacientes com esse

transtorno tendem a apresentar comportamentos de: agressão a pessoas e animais,

destruição de propriedade, falsidade ou furto e violações graves de regras. O padrão dos

indivíduos com TC envolve a ausência de remorso ou culpa, falta de empatia, despreocupação

com o desempenho e afeto deficiente. O exame neuropsicológico visa a avaliação das funções

cognitivas dos pacientes através de entrevistas, inventários/questionários, testes e

observações clínicas. Um dos objetivos é avaliar se existe comprometimento cognitivo e, para

tanto, o exame deve contar com o mínimo de interferência de fatores distratores endógenos e

exógenos, bem como um nível de esforço satisfatório na realização das tarefas. Os testes

utilizados são objetivos e normatizados e requerem do examinador formas específicas de

aplicação e exposição de instruções. O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico de TC,

que trouxe limitações na interpretação dos resultados da avaliação neuropsicológica por conta

de características inerentes ao transtorno em questão, como despreocupação com

desempenho. Trata-se de L., sexo masculino, de 13 anos, atualmente em internação

psiquiátrica. O exame foi solicitado pelo médico que o assistiu durante a internação atual e

uma anterior. A queixa familiar tangencia desobediência e comportamentos desafiadores e

agressivos, tais como roubos, furtos, maus tratos a animais e danos físicos à própria residência,

além de indiferença significativa no que diz respeito a estes atos. Há relato de diagnóstico

prévio de Transtorno do Uso de Substâncias (TUS) e uso de substâncias atual. No exame foram

avaliadas a capacidade cognitiva global, visioconstrução, visiopercepção, capacidade de

abstração, raciocínio lógico não verbal, velocidade de processamento, memória operacional,

planejamento, flexibilidade cognitiva, controle inibitório, linguagem e atenção. Foram

avaliados ainda sintomas de ansiedade, depressão, desatenção, hiperatividade/impulsividade

e uso de substâncias, através de entrevista clínica e questionários padronizados. A capacidade

cognitiva global do paciente revelou-se dentro dos limites inferiores da normalidade para a

faixa etária, em uma classificação limítrofe. Durante os testes, o examinando demonstrou

pouco esforço ao se deparar com itens de maior nível de dificuldade, além de transparecer

notável indiferença frente aos examinadores. Foram observados também comportamento

pouco cooperativo e despreocupação com o resultado, além de incongruência de respostas em

itens com níveis de dificuldade semelhantes. Como a interpretação dos resultados deve levar

em consideração os fatores comportamentais observados, neste caso, os comportamentos,

característicos do TC, de desinteresse e indiferença, além da inconsistência de respostas,

trazem à tona a questão da validade dos escores obtidos. Além disso, este comportamento de

desinteresse provavelmente faz parte do funcionamento do indivíduo ao longo da vida,

podendo também ter contribuído para déficits de aprendizado secundários a este perfil. Dessa

forma, essas questões devem ser levadas em conta na interpretação e conclusão de avaliações

neuropsicológicas e é de extrema importância que essas informações sejam discutidas com os

responsáveis na devolução dos resultados.

Palavras chaves: neuropsicologia, transtorno de conduta, comportamento, avaliação

neuropsicológica

Contato: [email protected]

Tema Livre

Caracterização e correlatos da compreensão de linguagem oral, compreensão de leitura oral e

silenciosa nos perfis clínicos: dislexia, déficit atencional e atraso do desenvolvimento cognitivo.

Maria Clara Holanda, Renata Mousinho e Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: compreensão de linguagem oral, compreensão de leitura oral e silenciosa.

A compreensão é a sucessão de operações cognitivas que, partindo de uma mensagem oral ou escrita,

nos permite, como receptores ativos, conferir significado ao enunciado transmitido. Refere-se à

capacidade relacional do que a criança se lembra da comunicação feita ou da aplicação das informações

obtidas do que ouviu ou leu, em voz alta ou silenciosa, para a atribuição de coerência ao conteúdo

linguístico. Levando em consideração a ampla necessidade de estudos que caracterizem perfis

linguísticos de escolares nas tarefas de compreensão de linguagem verbal, compreensão de leitura oral e

silenciosa, o objetivo deste trabalho é investigar o comportamento e os correlatos das habilidades

compreensivas, oral e de leitura, em três grupos clínicos: dislexia, déficit atencional e atraso do

desenvolvimento cognitivo. Desta forma, participaram da pesquisa 77 escolares do 1º ao 3º ano do

ensino fundamental, com faixa etária de 8 e 9 anos e diagnosticados com dislexia, déficit atencional e

atraso do desenvolvimento cognitivo. Foram realizadas três tarefas de compreensão. O teste de

compreensão de linguagem oral é baseado na recontagem da narrativa e de suas perguntas eliciadoras.

Há classificação quanto o seu nível de complexidade em cinco níveis. A compreensão de leitura oral e

silenciosa é avaliada após a leitura textual, tanto oral quanto silenciosa, por meio de cinco perguntas

elaboradas para cada texto equivalente ao ano escolar da criança. Quando comparados os três grupos

por meio da inspeção das médias em cada tarefa de compreensão, observa-se que grupo déficit

atencional teve o pior o desempenho na compreensão de linguagem verbal e compreensão de leitura oral

e silenciosa. O desempenho do grupo dislexia foi melhor na compreensão de linguagem oral, enquanto

o grupo atraso no desenvolvimento cognitivo teve melhor resultado nas tarefas de leitura oral e escrita.

O grupo déficit atencional teve o pior desempenho em todas as tarefas de compreensão. Na análise da

dificuldade relativa de modalidade de tarefa de compreensão para cada grupo clínico, observa-se que os

três grupos apresentam a mesma relação hierárquica entre as tarefas. Da tarefa considerada mais fácil a

mais difícil: compreensão de linguagem oral, compreensão de leitura oral e compreensão de linguagem

escrita. Na avaliação das tarefas de compreensão, é importante considerar se a dificuldade encontrada

pela criança relaciona-se, primordialmente, às questões de compreensão de linguagem oral ou somente

as de compreensão leitora, e qual seriam as implicações para o aprendizado da leitura e escrita,

correlatas à compreensão oral, para caracterização de cada grupo clínico. Assim, é importante traçar

esses perfis para a caracterização dos aprendizes com dislexia, déficit atencional e atraso do

desenvolvimento cognitivo para melhor conhecimento das habilidades de compreensão textual.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPQ e FAPERJ

DELINEAMENTO CLÍNICO E ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO TRANSTORNO

DE ANSIEDADE SOCIAL EM UNIVERSITÁRIOS

Marina de Souza Guzzo¹,Carlos Alexandre Antunes Cardoso,

Lucas Emmanuel Lopes e Santos,Cecília Souza Oliveira

¹Universidade Federal Fluminense

Palavras-chaves: Transtorno de Ansiedade Social, Universitários, Psicopatologia.

Os Transtornos de Ansiedade (TA) compreendem, de modo geral, um medo crônico e

acentuado com relação a eventos futuros, que compromete sobremaneira o desempenho

dos indivíduos em situações cotidianas como o trabalho, a escola e as interações sociais.

Em termos evolutivos, o medo é a resposta emocional do organismo frente a uma

ameaça iminente. Todavia, quando esse medo torna-se irreal e gera prejuízos

significativos na funcionalidade do indivíduo, a experiência pode se tornar patológica.

O Transtorno de Ansiedade Social (TAS) é uma categoria dos TA, que pode ser

verificado em sujeitos com um esquema desadaptativo de medo e ansiedade perante

situações nas quais esteja exposto a avaliações de outras pessoas ou interações sociais.

O presente estudo objetivou analisar o perfil clínico e a prevalência de sintomas do TAS

em estudantes universitários. Para tanto, utilizou-se uma amostra composta por

estudantes dos cursos de Psicologia, Ciências Sociais, Geografia, História e Economia

da Universidade Federal Fluminense – Campos dos Goytacazes. Na primeira fase da

pesquisa, os participantes preencheram a Escala de Ansiedade Social de Liebowitz, a

qual avalia a ansiedade presente em 24 situações sociais. A segunda etapa compreendeu

uma entrevista clínica semiestruturada, a fim de coletar informações como sexo, idade,

uso de medicamentos psicotrópicos e comorbidades. Os resultados parciais deste estudo

apontam uma prevalência de 87,3% da amostra com escores que sugerem algum nível

de ansiedade social. Também foram encontradas diferenças nos escores entre os sujeitos

sem diagnóstico prévio e aqueles com comorbidades. Evidencia-se que a prevalência

dos sintomas nesta amostra preliminar foi superior em relação aos estudos que tratam do

Transtorno de Ansiedade Social na comunidade em geral. Isso nos traz de alerta para as

possíveis variáveis que possam contribuir para esse aumento, assim como para a

necessidade de um olhar mais cuidadoso para possíveis ocorrências desse transtorno no

meio universitário.

Contato: [email protected]

MODALIDADE: TEMA LIVRE - PÔSTER

Os correlatos neurocientíficos da experiência religiosa: um estudo preliminar

Matheus Svóboda Caruzo¹, Emmy Uehara Pires²

Núcleo de Ações e Reflexões em Neuropsicologia do Desenvolvimento

(NARN/UFRRJ), Departamento de Psicologia da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (DEPSI/UFRRJ).

Eixo temático: Processos Cognitivos/Neuroimagem

Palavras-chaves: neurociência, religião, neuropsicologia.

A datar do caso Galileu, ciência e religião são termos comumente marcados por uma

distinção no imaginário social, sendo possível analisar historicamente a polarização

gerada e por vezes fomentada por entusiastas tanto das ciências quanto dos

conhecimentos teológicos. Neste sentido, foram múltiplas as áreas das ciências

biológicas, humanas e sociais que reservaram parte de seus anseios temáticos para

teorizações que objetivassem compreender os fenômenos religiosos, sobretudo durante

os séculos XVIII e XIX. Uma destas foi a supernova – que nesta época ainda marchava

ao progresso – neurociência, a qual durante os anos intermediários do século XX

presenciou a propagação de pesquisas do tema. Demarcando o papel da consciência na

gênese de transcursos humanos, os autores que formularam a defesa dessas ideias

postularam que as religiões que emergiram do processo evolutivo vislumbraram a

possibilidade de surgir apenas na medida em que a maquinaria neuropsicológica

humana se refinou e apropriou-se às características do sentir, do agir e do pensar que

especificam a humanidade. Paralelamente aos estudos subjetivos, rigorosos métodos de

imagem cerebral foram desenvolvidos, possibilitando maior distância do campo

especulativo e expandindo a margem de compreensão dos aspectos neuroanatômicos e

neurofisiológicos da experimentação religiosa. Os anos 1990 presenciaram diversos

estudos realizados através das tecnologias de neuroimagem, destacando-se os de

Michael Persinger, Andrew Newberg e Eugene d’Aquili. Apesar de o tema por vezes

conduzir a dúvidas acerca da utilidade de delimitar em margens rígidas este âmbito

experimental, muito se fomenta entre os autores americanos a inserção do campo da

neuropsicologia na interface. Atualmente, os resultados aplicativos se ramificam em

dois: busca das bases neurobiológicas da manifestação da religião e isolamento de

correlatos neurofuncionais de experiências positivas para emprega-los com fins

terapêuticos. Como exemplo do segundo caso, a atual pesquisa conduzida pelo

neurocientista Richard Davidson vem tentando entender a eficácia da meditação em

determinar o retardamento do envelhecimento cortical. Já Newberg deu início a um

estudo com pacientes oncológicos a fim de analisar se o estado religioso pode aliviar o

estresse, a tristeza e a depressão derivados do processo de doença. Para não deixar de

citar terras tupiniquins, dois pesquisadores das Universidade de São Paulo (USP) e

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participaram de uma pesquisa mundial

que analisou o fluxo sanguíneo cerebral de um grupo de médiuns brasileiros durante a

prática da psicografia, obtendo resultados significativos. Entretanto, um dos grandes

entraves para que as pesquisas da área comecem a receber mais atenção é o ainda muito

marcado antagonismo criado entre ciência e religião, levando muitos pesquisadores a

duvidam da fidedignidade dos experimentos realizados. Entendemos que as duas áreas

convergem no momento em que explicam complementarmente fenômenos que não se

deixam explicar de modo exaustivo por só uma delas, fornecendo um caráter de

mutualidade. Para promover uma ótica integrativa, demarca-se a importância da

divulgação científica válida e rigorosamente sistemática, especialmente por se tratar de

um aspecto atentado nesta interface, para que, desta forma, a legitimidade de inúmeras

pesquisas seja creditada e possa servir de fundamento para práticas qualificadas em

saúde.

Contato: [email protected]

SINTOMAS DEPRESSIVOS E ANSIOSOS EM IDOSOS COM SOBREPESO E OBESIDADE: O PAPEL

DOS FATORES DE RISCO VASCULAR

Millena Cardoso dos SantosA, Naima AssuncaoB,C, Claudia DrummondB,D, Alina TedeschiB,

Gabriel CoutinhoB, Fernanda RodriguesB,D, Natalia OliveiraB, Gabriel BernardesB, Gustavo

BravoB, Victor CallilB, Andrea Silveira de SousaB, Fernanda Tovar MollB,E, Felipe Kenji SudoA,B,

Paulo MattosB,F

APrograma de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Departamento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; BMemory Clinic, Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; CPrograma de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; DDepartamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; EInstituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; FDepartamento de Psiquiatria e Medicina Legal, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

INTRODUÇÃO. O sobrepeso e a obesidade são agravos comuns na população e estudos

internacionais apontaram correlações positivas entre a presença destes transtornos e a

ocorrência de quadros depressivos e ansiosos em adultos. Entretanto, análises

semelhantes envolvendo populações idosas são escassas e possuem resultados pouco

robustos. OBJETIVOS: Este estudo buscou avaliar as relações entre o Índice de Massa

Corporal (IMC) e a circunferência abdominal (CA) com os escores na Geriatric Depression

Scale – GDS – e no Geriatric Anxiety Inventory – GAI em uma população idosa

ambulatorial. Além disso, buscou-se medir o impacto da presença de fatores de risco

vascular (hipertensão arterial – HAS - e diabete melito - DM) sobre estes sintomas.

METODOLOGIA. Este trabalho é ramo de um estudo sobre Síndrome Metabólica,

conduzida na Memory Clinic do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa. A presença de

sobrepeso e obesidade foram definidos conforme critérios da OMS e do NCEP-ATP III.

Sujeitos com sobrepeso/ obesos foram classificados como metabolicamente saudáveis

(MS) caso não apresentassem diagnóstico ou histórico de tratamento para HAS ou DM.

RESULTADOS. 114 idosos (78,6% sexo feminino; idade média= 69,80 ± 5,85 anos;

escolaridade média = 15,06 ± 2,38 anos) foram selecionados. 70,2% da amostra

apresentou sobrepeso ou obesidade. Não houve correlações significativas entre GDS,

GAI, IMC e CA. A análise de regressão demonstrou que a pontuação no GDS foi preditora

da classificação dos sujeitos como MS. CONCLUSÕES. Ao contrário do observado na

literatura acerca da população adulta jovem, não houve correlações entre sobrepeso

/obesidade e a presença de sintomas depressivos e ansiosos na amostra de idosos deste

estudo. Porém, a pontuação no GDS mostrou-se preditora da classificação dos sujeitos

como MS, o que indica a importância de outros fatores de risco vascular sobre a

presença de sintomas depressivos em idosos com sobrepeso/ obesos.

TEMAS LIVRES (PÔSTER) - RESUMO

TÍTULO: Transtorno de Déficit de Natureza na Infância - uma perspectiva da

neurociência aplicada à aprendizagem.

AUTORIA:

Mônica Maria Souza de Oliveira

Bruna Brandão Velasques

INSTITUIÇÃO: Universidade Federal do Rio de Janeiro

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Infantil; Aprendizagem; Déficit de Natureza;

Neurociência; Criança.

RESUMO: O Transtorno de Déficit de Natureza (TDN) tem sido registrado em

pesquisas científicas que revelam o quanto o contato com a natureza é necessário para

que ocorra um desenvolvimento saudável – físico e mental - do indivíduo. Nas últimas

décadas, os estudos sobre a primeira infância registraram aumento significativo de

problemas relacionados ao aprendizado, transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade, obesidade, diabetes, aumento da taxa de miopia, deficiência de vitamina

D - que podem levar a osteoporose, síndrome metabólica, distúrbios emocionais como

depressão, ansiedade, estresses dentre outros, e correlacionaram esses resultados a falta

de contato com a natureza, que causa esses impactos negativos, ou pode ser agravado

por essa condição; mas também apontam o quanto a (re) conexão com a natureza é

restauradora e um poderoso antídoto para combater o TDN. Este estudo objetivou

conhecer os aspectos emocionais, cognitivos e motores de crianças que podem ser

comprometidos pelo Transtorno de Déficit de Natureza (TDN), os efeitos

neurobiológicos do contato da criança com a natureza e apresentar resultados de

pesquisas neurocientíficas que evidenciam a importância desse contato na infância.

Utilizou-se o arcabouço teórico da neurociência aplicada à aprendizagem, através de

consultas bibliográficas em artigos acadêmicos, publicações científicas nas bases de

dados nacionais e internacionais. Os resultados das pesquisas realizadas mostram que é

através do contato com a natureza que a criança se desenvolve de forma integral –

fortalecendo aspectos afetivo-emocionais, motores e processos cognitivos – atenção,

memória, aprendizado e criatividade; e também revelam que o sistema nervoso funciona

por meio de estímulos internos e externos, através de mecanismos ligados às vias

motoras e sensoriais, nesse sentido cada vez mais os médicos prescrevem o brincar livre

na natureza.

Contato: [email protected]

Young and Late Onset Dementia: a comparative study of quality of life, burden and

depression of caregivers.

Nathália Ramos Santos Kimura, Alexandre Magno Frota Monteiro, Marcia Cristina

Nascimento Dourado.

Centro de Doença de Alzheimer e outras Desordens Mentais na Velhice, Instituto de

Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.

Key words: caregiver; dementia; quality of life; burden; depression.

Caregivers of people with dementia frequently report lower levels of quality of

life and higher levels of burden and depression. Few studies have directly compared the

differences in these clinical characteristics among caregivers of people with young onset

dementia (YOD) and late onset dementia (LOD). However, the literature indicates

differences in quality of life, burden and depression of caregivers according to the age of

onset of disease due to psychosocial context that disease occur. Dementia is often thought

of as a condition of old age. Therefore, the challenges faced by people with YOD are

different due to the stage of life that is interrupted by the diagnosis. For example, people

with YOD may still be in employment, may be the primary source of income in the

family, may have dependent children or parents and may be more likely to develop

financial difficulties due to the early onset of disease, they will also be more likely to be

in good physical health, be physically active and are more likely to be drivers, factors

which may pose particular management difficulties. Besides, in YOD, the majority of

caregivers are spouses of similar age who likely experience a severe disruption in their

professional, familial, and social lives. Thus, the psychosocial differences between both

groups of caregivers lead to the hypothesis of poorer QoL and higher burden and

depression in YOD group than in LOD group. This study aims to compare the quality of

life, burden and depression of caregivers and which factors might be associated in YOD

and LOD groups, by conducting a cross-sectional assessment of 110 dyads of care-

recipient (55 YOD) and their caregivers. The majority of caregivers were women in both

groups. In LOD group the mostly of caregivers were adult children of care-recipient

whereas in YOD group the most part of caregivers were spouses. We found a difference

in caregivers’ burden and depression according to the age of onset. However, there was

no significant difference in the caregivers’ quality of life between the groups. The linear

regression analysis indicated that caregiver’s perspective about quality of life of care-

recipient and caregiver's hopelessness were significantly related to the caregiver's quality

of life in both groups. The caregivers’ quality of life seems to be independent of clinical

aspects and age of onset of disease. Factors associated with burden were completely

different in both groups. The caregiver's burden was associated with caregivers’

perspective of about quality of life of care-recipient, kinship and presence of emotional

problems in LOD group. Duration of caregiving function, coresiding with care-recipient

and anxiety symptoms were significantly related to the caregivers' burden in YOD group.

It seems reflect the differences in psychosocial context. In both groups depression was

significantly associated with hopelessness, and anxiety symptoms were associated with

depression only in YOD group. Also, caregivers of people with YOD had a higher score

in assessment of depression. Our findings indicate that there is a different

sociodemographic and clinical profile between the caregivers of people with LOD and

YOD.

E-mail: [email protected]

TEMAS LIVRES

Atraso neuro cognitivo motor em bebês de creches públicas de Petrópolis

Noory Lisias Oliveira1, Diana Ramos-Oliveira2

1Colaboradora do Grupo de Pesquisa Processos Psicossociais e Cognição Social (UCP)

2Professora Adjunta no Programa de Pós-graduação em Psicologia na Universidade

Católica de Petrópolis (UCP)

Palavras chaves: desenvolvimento neuro cognitivo, plasticidade neural, linguagem

O desenvolvimento cognitivo infantil é objeto de estudo há muito tempo. e as interações

desde útero do ser com o ambiente determinarão a formação topográfica cerebral em um

movimento de retroalimentação e as respostas consequentes a esta influência gera o

repertório comportamental, baseado na sua história evolutiva nos aspectos ontogênicos e

filogênicos onde o organismo seleciona as respostas através das experiências adquiridas

em sua interação com o meio e que portanto são passiveis de modificações conforme o

enfrentamento ambiental Esta sequência de respostas são chamadas de plasticidade

neural que pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções

do sistema nervoso. Desta forma, a função do cérebro é influenciada por diferentes

eventos ambientais como estímulos sensoriais, drogas psicoativas, hormonais, relações

pais - criança, as relações entre colegas, estresse precoce, flora intestinal e dieta. O

ambiente de risco das crianças pertencentes grupos socioeconômicos desfavorecidos onde

há constante enfrentamento dos fatores descritos acima agravado pela pobreza de

estimulação cognitivo no ambiente familiar, pode gerar lesões no desenvolvimento

cognitivo motor Com basa nessas constatações,foi realizada um estudo com o objetivo de

observar se há presença de atraso neuro cognitivo em bebes de 6 meses a 12 meses em 6

creches pública do Municipio de Petrópolis(N=30), constituída de uma amostra não-

probabilística, intencional em uma metodologia quase experimental, a pesquisa foi

implementada após a aprovação do Comitê de Ética da UCP, com o número de parecer

1.359.515, posteriormente houve a autorização da Secretaria Municipal de Educação e

consentimento dos pais através da assinatura do Termo de Consentimento Livre

Esclarecido.(TCLE)Estabeleceu-se instrumento para a realização do estudo, devidamente

validado e autorizado para utilização em pesquisa empírica. Teste de Triagem Denver-II

(DDST)Este instrumento é bastante aplicado quando há suspeita de atraso no

desenvolvimento cognitivo motor ou quando o sujeito a ser testado esteja exposto a

fatores de riscos potenciais, por exemplo, em intercorrências neonatais e desnutrição. O

teste consiste em 125 itens, 60 dos quais foram utilizados, dispostos em quatro grupos:

a) Pessoal-Social: aspectos da socialização da criança dentro e fora do ambiente familiar;

b) Motricidade fina: coordenação olho mão, manipulação de pequenos objetos;

c) Linguagem: produção de som, capacidade de reconhecer, entender e usar linguagem e

d) Motricidade ampla: controle motor corporal, sentar, caminhar, pular e todos os demais

movimentos realizados pela musculatura ampla. Estes itens foram administrados

diretamente à criança. Para este estudo, o teste de confiabilidade foi satisfatório = 0,86.

O resultado do Teste Denver, revelou a presença frequente do resultado suspeito no item

linguagem que apresentou suspeito em mais de 70% dos indivíduos estudados, aduzindo

a conclusão de que as crianças têm atrasos cognitivos relevantes. Tais fatos corroboram

com várias pesquisas realizadas nas várias regiões do País.

Contato : e-mail:[email protected]

1) TEMA LIVRE - PÔSTER

Título: O uso da indução de humor por Realidade Virtual na promoção de consciência

emocional e interoceptiva

Autores: Pedro Diniz Bernardo¹, Nicolly Marques de Almeida Ribeiro¹, Daniel C.

Mograbi¹²

1 - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Departamento de

Psicologia

2 – King’s College London, Institute of Psychiatry, Psychology and Neuroscience,

Department of Psychology

Palavras-chave: Realidade Virtual; Interocepção; Regulação Emocional; Consciência.

O presente estudo se encontra em espera da aprovação do Comitê de Ética. Tem como

objetivo verificar como a indução de humor por Realidade Virtual, bem como a

regulação emocional, pode influenciar na melhora da consciência interoceptiva e

emocional. Os participantes de ambos os sexos e com faixa etária entre 18 e 60 anos

serão alocados em três grupos: o primeiro receberá um estímulo neutro, o segundo

grupo receberá um estímulo emocional e o terceiro receberá um estímulo emocional

seguido por um momento de regulação emocional. Todos os estímulos serão

apresentados por simulações no ambiente virtual, mediadas pelo aparelho de Realidade

Virtual Oculus Rift. Para verificar a consciência interoceptiva serão realizadas tarefas de

contagem de batimento cardíaco entre as induções. Também serão utilizados os

instrumentos Positive And Negative Affection Schedule (PANAS) e Toronto Alexithymia

Scale (TAS-20) para avaliar a consciência emocional dos indivíduos testados. As

respostas fisiológicas dos participantes, como frequência cardíaca, temperatura da pele e

sudorese serão coletadas ao longo do experimento. É esperado que o grupo que passar

pela regulação emocional apresente melhor consciência interoceptiva e emocional que

os outros grupos.

Contato: [email protected]

Fomento: Capes

Resumo

PERFIL DOS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE PSIQUIATRIA DA

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Rachel Barbabela

IPUB – Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Realizou-se um estudo transversal, descritivo e retrospectivo da

população de crianças e adolescentes que utilizaram a triagem ambulatorial do

Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência. O estudo levou a análise de

oitocentos e quinze triagens, onde foi possível obter dados sócio demográficos

e dados relativos as manifestações clínicas e intervenções atuais e prévias. A

maioria das crianças e adolescentes triados eram do sexo masculino (70,2%),

possuem de 7-12 anos, frequentam a escola, moram no município do Rio de

Janeiro, buscaram o serviço por manifestações de origem comportamental em

sua maioria e receberam o diagnóstico sindrômico de síndrome externalizante.

Além disso, sua hipótese diagnóstico foi em sua maioria relacionados a

questões envolvendo situações que influenciam o estado de saúde, retardo

mental e dificuldades de aprendizado. Levantar o perfil das pessoas atendidas,

permite que se otimize os tipos de intervenções oferecidas no Instituto, como

também provê material para novos estudos e análises.

Palavras – chaves: criança, adolescente, triagem, Rio de Janeiro,

psiquiatria.

Contribuições da Arteterapia na auto-regulação da ansiedade: um

estudo com viés Neuropsicológico

Art Therapy Contributions on Self-Regulation of Anxiety: A

Neuropsychological Bias Study

Raquel de Azevedo de Souza

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

RESUMO

Introdução: Ansiedade pode ser definida como um sentimento vago e

desagradável de medo. Em crianças, o desenvolvimento emocional

influencia diretamente a manifestação de medos e preocupações, sejam

eles normais ou patológicos. A arteterapia tem como princípios conceituais,

restaurar o senso de auto-controle do paciente, reduzindo o estresse e

facilitando o enfrentamento de situações ansiogênicas. Objetivo:

Investigar a ansiedade, a partir de um estudo de caso de abordagem

teórico-prática em Arteterapia, utilizando princípios da Neuropsicologia, na

identificação de causas primárias e secundárias relacionadas a queixa.

Método: Em encontros semanais ao longo de 3 meses, inicialmente foram

feitas avaliações e questionários (baseados no SCARED - Ansiedade e

Testes HTTP) de cunho investigativo, na sequência foram aplicadas oficinas

lúdicas (acompanhadas de Supervisão Profissional Neuropsicólogica

periódica) utilizando diversas técnicas, materiais plásticos e naturais,

settings variados (em ambientes internos e ao ar livre) para levantamento

de conteúdos mnemônicos envolvendo o paciente e sua família.

Discussão: Durante o período de atendimento, houve aumento

quantitativo e qualitativo na expressividade plástica nas atividades

arteterapêuticas propostas. Diante da expressividade verbal, o paciente

tinha dificuldade em falar de sí mesmo e de seus sentimentos, diante da

evocação de alguns conteúdos emocionais que não lhe eram agradáveis,

disparando comportamentos sequenciais de desatenção, dificuldade no

controle inibitório, tendência a fuga, não engajamento nas atividades que

não se concluíam e finalizando algumas vezes episódios de agressividade e

frustração. Em compensação, o engajamento dos pais foi fundamental para

houvesse uma perseveração nas propostas não acolhidas pela criança,

ressaltando a disponibilidade quanto participação nas atividades. além

disso foi possível um olhar mais abrangente sobre as relações, que iam

além do discurso e conteúdos levantados. Conclusão: A ludicidade

arteterapêutica, facilita o acesso a conteúdos emocionais para sua posterior

elaboração e ressignificação , mas para isso é necessário que o paciente se

permita. No entanto, diante da recusa deste olhar subjetivo, é difícil obter

efeitos e resultados. O olhar Neuropsicológico, ajudou a mapear os

possíveis mecanismos cognitivos do quadro de ansiedade, e na elaboração

de intervenções mais assertivas que ajudem o paciente em sua auto-

regulação emocional. Este foi igualmente encaminhado para a Terapia

Neuropsicológica, pelo seu caráter estruturador de pensamento e

comportamento, ajudando a desenvolver as habilidades cognitivas

específicas, na busca pela autonomia da criança e reforço de suas

conquistas, elevando sua auto-estima.

Palavras-chave: ansiedade, arteterapia, neuropsicologia, auto-regulação,

criança

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Comparação entre Medidas de Memória Operacional do WISC-IV em Crianças

Valkíria dos Anjos F. S. da Silva, Rehira Silveira Kritz, Eduardo Amorim, Paulo Alain, Douglas

Dutra, Priscila Marques, Rosinda Martins Oliveira

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Memória Operacional; Sequência de Números e Letras; Dígitos

Sequência de Números e Letras (SNL) e Dígitos são sub-testes que compõem o Índice de Memória

Operacional da Escala WISC-IV. Dígitos Ordem Direta (DD) avalia armazenamento na Memória

de Curto-Prazo, e Dígitos Ordem Inversa (DI), a operação na memória Operacional. Já sobre SNL,

pouco foi investigado. Os manuais do WISC-IV relacionam DI com Memória Operacional, e a

Memória de Curto-Prazo (MCP) auditiva com DD e SNL. Objetiva-se investigar a relação entre

SNL e ambas as condições de Dígitos. Ainda, procura-se entender se o fato de ser atribuída

pontuação aos itens de SNL nos quais o sujeito inverte a ordem solicitada na instrução (diz as

letras em ordem alfabética antes dos números em ordem crescente) poderia afetar o escore.

Participaram 70 crianças de 8 e 9 anos, pertencentes a escolas particulares do Rio de Janeiro. Os

responsáveis assinaram o TCLE. Critérios de exclusão: transtorno do neurodesenvolvimento ou

neuropsiquiátrico e QI total na Escala WASI menor que 80. Cada criança foi avaliada em 3 sessões

com testes neuropsicológicos, dentre eles Dígitos e SNL. Houve correlação significativa dos

Pontos Brutos (PB) do SNL com DD (rs= 0,33; p<0,01), mas não com DI (PB). O Span de SNL se

correlacionou significativamente com o Span de DD e de DI (rs = 0,40, p< 0,01 e rs= 0,31, p< 0,01,

respectivamente). O teste de Friedman mostrou que os três Spans diferem entre si (X²(2) = 75,48;

p < 0,01), e que os PB diferem significativamente entre os testes (X²(3) = 177,62; p < 0,01). O

teste de comparações múltiplas mostrou que o Span de DI é significativamente menor do que o

Span de SNL e o Span de DD (p < 0,01 em ambas as condições), que o Span de SNL é

significativamente menor do que o Span de DD (p < 0,05). O teste de Wilcoxon mostrou que SNL

Padronizado é maior do que Dígitos Padronizado (z = -3,69; p < 0,01). DI (PB) e DD (PB) diferem

de SNL (PB) quando considerada a ordem como critério de acerto (p < 0,01). O teste de Wilcoxon

mostrou que, quando subtraídos os PB recebidos ao inverter a ordem, esses valores são

significativamente inferiores (Z = -4,68; p < 0,01). Apesar do tamanho amostral ser pequeno, os

resultados mostram relação mais próxima de SNL com DD do que com DI (tanto PB quanto dos

Span). O Span de DD foi maior que SNL e este foi maior que DI. É possível que SNL seja medida

de armazenagem e operação, mas com menor demanda da Memória Operacional do que DI e ainda,

SNL (PB) sem os Pontos Invertidos são significativamente inferiores aos pontos brutos com esses

pontos, podendo ter impacto sobre os escores padronizados e afetar na interpretação clínica do

sub-teste.

Contato: [email protected]

Agências de fomento: Capes e CNPQ

A investigação linguística em indivíduos com Síndrome de Williams

Renata Martins de Oliveira, Marina R. A. Augusto

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A Síndrome de Williams-Beuren (SW) se trata de uma condição rara (1:7500)

geneticamente determinada a partir da deleção de múltiplos genes do cromossomo 7. Os

indivíduos com a síndrome possuem características recorrentes como: baixa estatura,

atraso no desenvolvimento, personalidade amigável, musicalidade apurada, dismorfias

faciais características, cardiopatia estrutural, anomalias dentárias, entre outras. Neste

estudo, certos resultados obtidos por essa população em avaliações linguísticas são

questionados a partir de um ponto de vista que considera possível haver interferência do

domínio cognitivo – comprometido na síndrome – no desempenho linguístico dessa

população em avaliações linguísticas. Apesar de serem extraordinariamente sociáveis e

comunicativos, o desempenho desses indivíduos em determinadas avaliações linguísticas,

como é o caso do TROG (Test of Reception for Grammar), indicaria algum tipo de

comprometimento do domínio linguístico. No entanto, a análise dos instrumentos

utilizados nesse tipo de avaliação indica que, ao levarmos em consideração o severo

comprometimento visuo-espacial da síndrome - reforçado pelo apagamento de um gene

relacionado a esse domínio (LINK1) - resultados negativos podem ter influência da

dificuldade encontrada pelos participantes em componentes visuo-espaciais, e não

linguísticos. Em estudo realizado por Oliveira (2016) a autora, com o objetivo de

investigar habilidades linguísticas em indivíduos com Síndrome de Williams, utiliza uma

avaliação linguística, o MABILIN (Módulos de Avaliação Linguística) (Corrêa, xxxx)

em que não há nenhuma adição de componentes visuo-espaciais, como preposições ou

verbos de movimento. De maneira isolada, a autora submete esses indivíduos a avaliações

de compreensão e produção visuo-espaciais. Os resultados indicam dificuldade nos testes

que incluemcomponentes visuo-espaciais e boa performance nos testes linguísticos. Esse

tipo de resultado reforça a hipótese de que há preservação do domínio linguístico e que a

inclusão de elementos visuo-espaciais nesse tipo de avaliação pode interferir na

performance dessa população. Sendo assim, uma vez que os testes comumente utilizados

na avaliação linguística se mostram inadequados para a avaliação de SW por conta do uso

de termos espaciais sem controle específico, poderiam outros testes comumente utilizados

para outros tipos de avaliação, como o caso da avaliação cognitiva (WISC/WAIS) ter o

mesmo tipo de interferência? Que testes se mostrariam mais adequados para essa

população? Esse tipo de indagação se mostra pertinente para uma investigação mais

adequada do perfil cognitivo da Síndrome de Williams, sem que haja possíveis

interferências de outros domínios no desempenho desses indivíduos.

Habilidades, comprometimento, Síndrome de Williams, avaliações

Contato: [email protected]

Título:

Contribuições da avaliação neuropsicológica em um caso de atraso de linguagem

Autoras: Ronilda Alves Moitinho¹, Priscila do Nascimento Marques²

¹ Universidade Veiga de Almeida; ² Universidade Federal do Rio de Janeiro

Tipo: Caso clínico

Modalidade de apresentação: Caso Clínico- Neuropsicologia avaliação (apresentação

oral)

Palavras chaves: Avaliação neuropsicológica, contexto clinico, atraso de linguagem.

1 - Identificação:

João (nome fictício), 7 anos e 7 meses, filho único, pais separados desde os três

meses de idade. Atualmente reside com mãe, tio e avós maternos. Passa a maior parte

do tempo com a avó materna e com a mãe. João apresenta dificuldades na fala desde os

três anos de idade.Vem fazendo acompanhamento fonoaudiológico desde esta idade, na

frequência de uma vez por semana, porém sem diagnóstico para tal atraso.

Freqüenta escola particular e atualmente cursa o 1º ano do ensino fundamental.

Devido a dificuldade na leitura repetiu o 1º ano, sendo visto como aluno “preguiçoso”

na escola em que estuda. Pela família, João é descrito como uma criança agitada,

desobediente e que só aceita fazer o que quer. As dificuldades comportamentais

motivaram encaminhamento para psicoterapia.

2 – Queixa neuropsicológica principal

João foi encaminhado para avaliação neuropsicológica pela psicoterapeuta que o

acompanha devido à dificuldade na pronúncia das palavras e baixo rendimento escolar,

no que se refere à escrita e leitura. A avaliação teve como objetivo esclarecer o

funcionamento cognitivo de João, e se há relação com o comportamento agitado e com

a dificuldade na alfabetização.

3 – História Clínica

João apresenta gestação e desenvolvimento psicomotor conforme esperado.

Emitiu as primeiras palavras na idade de 1 ano e 3 meses, entretanto, pouco utilizava a

linguagem oral. Para se fazer entendido, era recorrente apontar para as coisas ao invés

de nomeá-las. Aos três anos de idade, começou a formar pequenas sentenças, porém

confundindo as letras e trocando consoantes. Nesta época foi encaminhado para

intervenção fonoaudiológica, obtendo melhora.

Quanto à funcionalidade e atividades de vida diária (tais como vestir-se, dormir

no próprio quarto, tomar banho), João apresenta pouca autonomia, apesar de mostrar-se

capaz de realizar tais atividades. Necessita de supervisão para direcionar seu

comportamento. Por exemplo, ao utilizar o banheiro do serviço de psicologia aplicada,

precisou ser orientado pela avó para que não se demorasse e fechasse a torneira,

enquanto João brincava com a água.

Na escola, o processo de alfabetização segue com relativo atraso. João não

pôde passar para a série seguinte, pois não sabia ler como as demais crianças.

Apresenta dificuldades nas interações sociais e comportamento agitado.

Quando é solicitado a executar alguma tarefa se recusa, age agressivamente, jogando

materiais escolares no chão, e às vezes chora. Foi orientado pela escola a realizar

psicoterapia. A psicóloga que o acompanha solicitou à família que realizasse uma

avaliação neuropsicológica para a investigação do atraso na linguagem, e se isto

interfere em seu comportamento.

4 – Metodologia empregada na avaliação neuropsicológica

Foram avaliadas diferentes funções cognitivas, dentre elas: memória, atenção,

funções executivas e linguagem, assim como o conhecimento acadêmico (escrita, leitura

e aritmética). Foi feita também avaliação breve do desenvolvimento emocional em

função da história apresentada.

Instrumentos utilizados: Escala Wechsler de Inteligência para Crianças 4ªedição (WISC

-IV), Neupsilin Infantil (subtestes de Linguagem), Compreensão de sentenças faladas

(Seabra & Capovilla).

Teste psicológico: HTP (Casa-Árvore-Pessoa)

Tarefas: Leitura e composição de palavras através de aplicativo de tablet (recurso

lúdico), Aritmética (cálculos armados).

Resultados:

Na escala WISC-IV, João obteve os seguintes resultados: ICV- 83

(Médioinferior); IOP -102 (Médio); IMO -88 (Médio Inferior); IVP- 86

(MédioInferior) ; QI Total – 87 (Médio inferior).

Desempenho por subteste: Cubos (NP=14); Semelhanças (NP= 8); Dígitos

(NP=8);Conceitos Figurativos (NP=4); Código (NP= 7)

Vocabulário (NP=6); Sequência de Números e Letras (NP=8); Raciocínio matricial

(NP=14); Compreensão (NP=7); Procurar símbolos (NP=8); Completar figuras (NP=

10).

NEUPSILIN – Nomeação (PB=9; Escore Z = 0);Consciência fonológica rima

(PB=4, Escore Z = 0,37); Compreensão oral (PB=5; Escore Z=0,17); Processamento

inferencial (PB=1; Escore Z=-0,16); Escrita copiada(PB=2; Escore Z=0,30); Leitura

sílaba (PB=2; Escore Z= -3,22)

Compreensão de sentenças faladas (Seabra & Capovilla) – PB=34; Pontuação

padrão=111; Desempenho: Médio)

Tarefas de Leitura e escrita -A avaliação formal da leitura e escrita foi difícil

para João. Em função da ansiedade que esta tarefa lhe proporcionava, não aceitou

iniciar a leitura e escrita livre de palavras isoladas. Através do recurso lúdico, João

conseguiu associar a palavra escrita ao objeto que esta corresponde. Em uma sequência

de 6 itens (ex: cadeado, sino, rato, foca e jujuba), João obteve êxito na primeira tentativa

de cada item. Foi capaz de copiar a forma de palavras e sentenças diante da exibição

destas. Não se mostrou capaz de ler e escrever palavras isoladas. Atividades lúdicas que

ofereciam apoio visual apresentou mínimo de capacidade de reconhecer os sons das

sílabas.

Tarefa de aritmética - João apresentou desempenho dentro do esperado no

processamento numérico, no que se refere ao domínio de conceito de número (unidade e

dezena), de leitura de números, e de relação maior e menor. Apresentou domínio do

algoritmo de soma e subtração, e foi capaz de utilizá-los para resolver problemas orais

desde que se apresentassem de forma simplificada. Foi capaz de resolver contas

armadas de soma e subtração, assim como problemas simples envolvendo soma e

subtração.

No teste HTP, João não foi capaz de se limitar aos limites das folhas para a

apresentação dos desenhos. Na representação das figuras humanas houve discrepância

de tamanho dos membros inferiores e superiores em relação ao corpo, ocupando assim

todo o limite da folha. Na figura da árvore a representação da copa se apresentou de

forma caída não coerente com a dimensão do tronco. O que reflete imaturidade e

dificuldade em se manter dentro de um determinado contexto.

6 - Postura durante o processo de avaliação e estratégias de compensação

João mostrou dificuldade de aceitar tarefas formais de lápis e papel,

apresentando baixo autoconceito e intensa ansiedade diante da realização destas.

Quando percebia que havia feito algo errado, fazia queixas e recusas em prosseguir na

tarefa, alegando incapacidade para a execução.. Em tarefas mais longas que exigiam um

maior tempo de concentração e demanda de abstração, João mostrou-se resistente, com

alteração do estado emocional e agressividade quando se estabelecia limites.

Para que João executasse as tarefas formais, foi necessário adaptá-la para

forma lúdica e oferecer apoio para organização de seu comportamento. No decorrer do

processo de avaliação,

João beneficiou-se de mediação para se autorregular, a partir de mediação. Obteve

boa resposta diante comandos concretos e diretos, sendo capaz de cumprir combinados.

7.Conclusão

João apresentou funcionamento cognitivo global médio inferior, fator que teve

colaboração do baixo índice de compreensão verbal. A imaturidade no desenvolvimento

da autorregulação e controle inibitório torna difícil a execução de tarefas que exigem

tempo e controle voluntário do comportamento. Além disto, a ansiedade diante de

tarefas formais compromete a execução das mesmas. Houve discrepância significativa

entre o índice de compreensão verbal e o índice de organização perceptual, indicando

assimetria acentuada no desenvolvimento da linguagem. Este perfil afeta seu

comportamento de forma global e interfere no cumprimento às regras, somado a pouca

autonomia e ansiedade que apresenta diante do aprendizado.

Em suma, a presente avaliação indica que a dificuldades linguísticas e cognitivas

de João também interferem em seu comportamento opositivo. Ainda que haja a atuação

de fatores psicogênicos como a ansiedade, em sua sintomatologia, este quadro

comportamental é compatível com atraso no desenvolvimento linguístico e da

autorregulação.

Deste modo, a psicoterapia deverá estar conjugada à reabilitação

neuropsicológica e avaliação fonoaudiológica detalhada. Para a escola, serão orientadas

estratégias pedagógicas que favoreçam melhora na relação de João com o aprendizado,

e mediação utilizando-se de recursos lúdicos e concretos.

Contato: Ronilda

e- mail: [email protected] / [email protected]

Avaliação de adultos com dificuldades de leitura

Sara PeresI; Carolina SathlerI; Renata MousinhoII

IFonoaudióloga, graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

pesquisadora do Projeto ELO – UFRJ, mestranda em Saúde Materno Infantil – IPPMG

(UFRJ) Rio de Janeiro, RJ, Brasil IIProfessora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ); Mestre e Doutora em Linguística da UFRJ; Pós-Doutora em Psicologia

pela UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Palavras chaves: Dislexia. Leitura. Aprendizagem. Compreensão. Adulto.

A dislexia é um distúrbio que interfere na habilidade de ler e soletrar. Sendo a falta de

instrumentos para avaliação de adultos um grande desafio, o objetivo do presente estudo

é comparar o desempenho de indivíduos com e sem dificuldades de leitura por meio de

instrumentos que avaliam as habilidades fonológicas, leitura e escrita. Assim, verificar

quais destes instrumentos se mostraram mais sensíveis na comparação entre os grupos.

Participaram da pesquisa 10 indivíduos sem dificuldades de leitura (G1) e 20 com

dificuldades (G2), com idades entre 17 e 48 anos, avaliados pelo Projeto ELO-UFRJ. Os

participantes foram submetidos a avaliação das habilidades de leitura por meio do texto

“Enterro e Futebol” para leitura oral e o “O homem nu” para a leitura silenciosa, sendo

avaliada a velocidade de leitura (número de palavras lidas por minuto) e compreensão.

Além disso, avaliação da escrita, através do ditado de palavras para 2ª grau proposto por

Moojen (2003) e teste cloze através do texto “Reciclagem levada a sério”. Ainda, foram

realizados o Teste de repetição de não-palavras de Kessler (1997) e tarefa N-back

auditivo, o Teste de Consciência Fonológica para Adultos de Moojen (2012) e o teste de

Nomeação Automatizada Rápida – RAN (2007). A análise estatística foi realizada por

meio do teste t, a partir do software SPSS, sendo considerados valores significativos

quando p<0,05. Nas tarefas de nomeação automatizada rápida, o grupo G2 apresentou

tempos significativamente menores em comparação ao grupo controle em objetos

(t=4,228, p<0,000**) e em letras (t=-2,587, p<,015*). Na velocidade de leitura, as

velocidades de leitura oral (t=4,831, p<,000**) e silenciosa (t=5,346, p<,000**) pelo

grupo G1 foram significativamente maiores em comparação ao grupo G2. No entanto,

não houve diferenças significativas em relação à compreensão do material lido, exceto no

teste cloze (t=3,008, p<,007**), com o grupo G2 apresentando erros significativamente

maiores. Na avaliação da consciência fonológica, o grupo G1 apresentou

significativamente melhor desempenho em nível silábico (t=-3,254, p<0,003**) e

fonêmico (t=2,877, p<0,008**), não havendo diferença significativa em nível de rima

entre os grupos (t= -1,610, p<0,122). No que se refere à memória de trabalho, o grupo G1

apresentou desempenho melhor em comparação ao grupo G2, na repetição de não-

palavras com cinco sílabas (t=3,327, p<003**) e na repetição de não-palavras com seis

sílabas (t=3,928, p<,001**). De igual forma, ao se comparar os dois grupos na tarefa N-

back auditivo, o grupo controle apresentou resultados melhores nos três níveis, 1-back

(t=3,066, p<,005**) , 2-back (t=3,269, p<,003**) e 3-back (t=2,314, p<,039*) , em

relação ao grupo estudado. Nos resultados da avaliação da escrita, houve diferenças

relevantes entre os grupos no ditado (t=4,040, p<,000**). Como visto na literatura, os

testes que melhor diferenciam indivíduos com e sem dificuldades de leitura são testes que

avaliam as habilidades de leitura, de escrita, consciência fonológica, nomeação

automatizada rápida e memória de trabalho. Para a avaliação é necessário considerar não

apenas os índices de falhas nas tarefas, mas também, o tempo gasto para a sua realização,

visto que disléxicos são mais lentos em tarefas que envolvem habilidades de leitura.

Contato: [email protected]

Relação entre a nomeação automatizada rápida e a velocidade de leitura em escolares

com Dislexia e com Déficit Cognitivo

Stella Varizo, Jane Correa, Renata Mousinho

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: nomeação automatizada rápida; velocidade de leitura; dislexia; atraso

no desenvolvimento cognitivo

Ler é uma tarefa complexa. Algumas crianças, mesmo inseridas em boas condições de ensino,

podem apresentar dificuldades no processo de aprendizagem da leitura. Escolares que

apresentam queixas relacionadas à leitura nos primeiros anos de escolaridade tendem a

apresentar também mau desempenho escolar, uma vez que a leitura assume papel central nas

tarefas e avaliações escolares. Dificuldade na leitura pode ser percebida, inicialmente, pela

dificuldade que a criança apresenta em acessar as representações fonológicas. Na tarefa de

nomeação automatizada rápida, assim como ocorre na leitura, o escolar deve identificar o

estímulo visual, acessar sua representação fonológica, reconhecendo seu significado na rede

semântica, e acessar o processamento fonético para a articulação oral da palavra. Dessa

forma, observa-se que a tarefa de nomeação automatizada rápida e a leitura compartilham

habilidades similares, o que explica a importância da habilidade de nomeação automatizada

para predizer o desempenho do escolar em leitura. Com isso, o presente estudo tem por

objetivo principal examinar a relação entre a nomeação automatizada rápida e velocidade de

leitura em escolares com dislexia e naqueles que apresentam transtorno no aprendizado

associado a atraso no desenvolvimento intelectual. Dessa forma, pergunta-se quais estímulos

da tarefa de nomeação estão associados à velocidade de leitura nestes grupos que,

inicialmente, apresentam perfis semelhantes em desempenho na avaliação de leitura.

Participaram deste estudo, 54 escolares com queixa de dificuldade no aprendizado da leitura

avaliada pelo projeto de pesquisa Ambulatório de Transtornos da Língua Escrita - diagnóstico,

acompanhamento e capacitação profissional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Participaram 26 escolares com dislexia, com idade entre 8 e 10 anos (M=8 anos e 7 meses; DP=

7 meses) e 28 com atraso no desenvolvimento cognitivo, da mesma faixa etária (M= 8 anos e 5

meses; DP= 8 meses). Para os escolares com dislexia, foram significativas as correlações entre

velocidade de leitura e a NAR letras. Já para os escolares com atraso no desenvolvimento

cognitivo, correlacionaram significativamente com a velocidade de leitura a NAR de objetos,

cores, números e letras. É possível observar que a nomeação automatizada rápida está

associada à velocidade de leitura nos grupos clínicos estudados, entretanto, essa correlação

ocorre de maneira diferente. Tais evidências trazem implicações clínicas importantes de serem

consideradas. O profissional que acompanha crianças com queixas em leitura deve incluir no

planejamento terapêutico intervenções específicas de nomeação automatizada rápida para

cada tipo de diagnóstico. Em crianças com dislexia a automatização das letras parece trazer

benefícios mais expressivos para o desenvolvimento da velocidade de leitura. Por outro lado,

crianças que apresentam prejuízos cognitivos globais seriam beneficiadas com o

desenvolvimento da habilidade de nomeação não apenas para estímulos alfanuméricos.

Atividades que exijam velocidade em processar rapidamente diversos estímulos poderiam

auxiliar estas crianças em poder ler mais rapidamente.

Contato: [email protected]

Fomento: CNPq

ESTRATÉGIAS EMPREGADAS POR ESCOLARES SURDOS DO 1º AO 3º

ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA CÓPIA DA FIGURA COMPLEXA DE

REY - OSTERRIETH (ROCF)

Tatiana Branco, Imira Fonseca, Silene Madalena, Jane Correa.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Figura Complexa de Rey; escolaridade; planejamento; organização;

surdez.

O Teste da Figura Complexa de Rey - Osterrieth (ROCF) é um instrumento amplamente

utilizado na clínica para avaliar funções executivas e habilidade visuoespacial quando

realizada a cópia da Figura pelo sujeito (fase I do teste). Por não se tratar de uma tarefa

verbal, a Figura de Rey pode ser utilizada com surdos sem necessitar de adaptação para

tal. No teste são realizados dois tipos de pontuação: a quantitativa e a qualitativa. A

análise quantitativa diz respeito à presença ou ausência dos detalhes da figura original.

A análise qualitativa compreende classificar a estratégia utilizada pelo sujeito para

desenhar a figura. A classificação qualitativa varia do Tipo I, melhor estratégia, ao Tipo

VII, pior estratégia. Pesquisas recentes indicam que a estratégia IV pode ser subdividida

em 4 subtipos, em função do grau de organização empregado pela criança. Na literatura,

são escassos os estudos voltados a investigar tais habilidades na população surda. Desta

forma, o presente estudo objetiva analisar as estratégias utilizadas na cópia da Figura de

Rey por escolares do 1º ao 3º ano do ensino fundamental do Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES). Participaram deste estudo 46 escolares, sendo 17 do 1°

ano, com idades entre 7 e 9 anos, 12 do 2º ano, com idades entre 9 e 13 anos, e 17 do 3°

ano, com idades entre 10 e 15 anos. Foi realizada a análise de distribuição de estratégias

do sistema Osterrieth, segundo diferentes anos escolares por meio do teste Qui-

quadrado. Posteriormente, foi realizada a distribuição de frequência dos subtipos IV por

cada ano escolar. Os resultados sugerem que conforme a escolaridade aumenta, os

escolares tendem a utilizar estratégias mais eficazes para realizar a cópia da Figura. No

1º ano a maior parte das crianças empregou a estratégia V, já no 2º e 3º ano a maioria

utilizou a estratégia IV. Com o intuito de melhor diferenciar o emprego da estratégia IV,

foi feita uma análise dos subtipos mais utilizados em cada ano escolar. Observou-se que

no 1º ano as crianças tendem a fazer a cópia de forma fragmentada. No 2º ano há

também o predomínio da cópia fragmentada, porém, já é possível observar a tendência a

estratégias mais complexas como a cópia por pequenos agrupamentos. Já no 3º ano, a

cópia por pequenos agrupamentos é a estratégia que começa a ser mais utilizada. Além

disso, a cópia por agrupamentos ordenados, considerada a melhor estratégia dentro do

tipo IV, tende a aparece com mais frequência no 3º ano do que nos outros anos

escolares. Sendo assim, a experiência escolar demonstrou produzir melhora na escolha

da estratégia empregada, o que sugere a importância da escolarização na construção das

habilidades de organização e planejamento em escolares surdos.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPQ, FAPERJ, Profaex-UFRJ.

Modalidade de apresentação: Tema Livre (Pôster)

Índices do WISC-IV de crianças e adolescentes com queixa de dificuldade de

aprendizagem atendidas pela equipe de Neuropsicologia da UFRJ

Tamiris de Moura Pinto; Ana Carla Coquito Pereira; Douglas de Farias Dutra; Rosinda

Martins Oliveira.

Instituto de Psicologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Palavras chaves: perfis clínicos, dificuldades de aprendizagem, wisc

A Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC – está entre as medidas de

inteligência de crianças e adolescente mais utilizadas. Através de seus subtestes e Índices,

possibilita avaliar funções como linguagem, memória, planejamento e atenção. É

utilizada na avaliação neuropsicológica não apenas para obtenção do quociente de

inteligência, medida de funcionamento cognitivo global, mas também para contribuir para

a compreensão de perfis cognitivos. Em casos de dificuldades de aprendizagem observa-

se ampla variedade desses perfis e há evidências de perfis característicos observados com

maior frequência em transtornos específicos de aprendizagem. O presente estudo

objetivou identificar os perfis cognitivos mais frequentes em crianças com queixas de

dificuldade de aprendizagem. Participaram do estudo 54 pacientes atendidos na Divisão

de Psicologia Aplicada da UFRJ com idade entre 6 e 16 anos, sendo 81,5% do sexo

masculino. Todos os pacientes foram avaliados com o WISC-IV. Foi utilizada a análise

de cluster por K-médias para identificar grupos de pacientes com perfis semelhantes. Para

caracterizar os perfis clínicos foram utilizadas as variáveis idade, sexo, Índice de

Compreensão Verbal (ICV), Índice de Organização Perceptual (IOP), Índice de Memoria

Operacional (IMO), Índice de Velocidade de Processamento (IVP) e o QI Total (QIT).

Foram utilizadas as soluções com 2, 3 e 4 clusters. A solução com dois clusters resultou

em um perfil rebaixamento específico na memória de trabalho e outro com o IMO e o

IVP rebaixados em relação com o ICV e o IOP. A solução de 3 clusters resultou

novamente em um perfil com o rebaixamento específico do IMO e outro com o IMO e o

IVP rebaixados em comparação com o ICV e o IOP. No entanto, também identificou um

grupo onde o ICV e o IMO estão rebaixados, frente o IOP e o IVP. A solução de 4 clusters

encontrou os mesmos perfis da solução anterior, mas com o perfil de rebaixamento

específico do IMO dividido em dois grupos. A solução com três clusters foi escolhida

como a melhor, por apresentar os perfis clínicos mais distintos a partir de uma perspectiva

teórica. Assim, os pacientes com dificuldade de aprendizagem foram caracterizados por:

perfil 1 - dificuldade atencional (IMO e IVP rebaixados); perfil 2 -restrição na capacidade

da memória operacional (IMO rebaixado); e perfil 3 - prejuízo na linguagem e na

capacidade da memória operacional (ICV e IMO rebaixados).

Contato: [email protected]

O PERFIL COGNITIVO DE CRIANÇAS COM DISLEXIA ATENDIDAS NAS

OFICINAS DE LEITURA E ESCRITA DA UFRJ

Victoria Santos, Tatiana Branco, Renata Linhares, Carolina Maciel, Mariane Bechuate,

Deborah Ambre, Joyce Diniz.

Orientado por: Jane Correa.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: dislexia; crianças; perfil cognitivo; WISCIV.

O aprendizado da linguagem escrita é um marco importante na vida de uma criança. Tal

aprendizado permite que ela tenha acesso, por meio de materiais escritos, a

conhecimentos produzidos pela humanidade. Aprender a ler e a escrever requer diversas

habilidades linguístico-cognitivas. Tendo em vista a complexidade deste processo,

algumas crianças podem apresentar dificuldades neste aprendizado. A criança com

dislexia apresenta prejuízos em habilidades linguísticas relacionadas ao processamento

fonológico, o que dificulta o desenvolvimento da leitura e escrita por parte destas

crianças. Para o diagnóstico de dislexia, os prejuízos observados nas habilidades

linguísticas não devem estar associados a qualquer outro decorrente de nível intelectual.

Dessa forma, o conhecimento do perfil de habilidades cognitivas relacionado à dislexia

é importante para a eficácia de seu diagnóstico e de estratégias de intervenção. O

presente estudo buscou traçar o perfil cognitivo de crianças com dislexia a fim de

identificar em quais habilidades cognitivas residem suas dificuldades ou

potencialidades. Participaram deste estudo, 16 crianças de 7 a 11 anos, cursando do 2º

ao 5º ano do ensino fundamental, diagnosticadas com dislexia após a avaliação

linguístico-cognitiva realizada pelas Oficinas de Leitura e Escrita do Instituto de

Psicologia da UFRJ. Foi analisado o desempenho das crianças na Escala Wechsler de

Inteligência para Crianças - 4ª Edição (WISC-IV). Os resultados indicaram habilidade

intelectual média. Os quatro índices da escala - Compreensão verbal, Organização

Perceptual, Memória Operacional e Velocidade de Processamento - apresentaram

também pontuações classificadas como médias. Os Índices nos quais as crianças

apresentaram, comparativamente, menores escores foram os de Compreensão Verbal e

Memória Operacional. A análise da pontuação média dos subtestes revelou que os

menores escores foram observados em Semelhanças, Vocabulário, Informação e

Dígitos. Estes resultados sugerem que as principais dificuldades relativas apresentadas

pelas crianças disléxicas em seu perfil cognitivo se referem à habilidade verbal, bem

como a prejuízo em memória de trabalho. As potencialidades observadas estão

relacionadas a habilidades não-verbais, notadamente em organização perceptual e em

velocidade de processamento. Os resultados encontrados neste estudo corroboram os

achados da literatura acerca da predominância, na dislexia, de prejuízos em habilidades

linguísticas. O melhor desempenho nas habilidades não-verbais sugere a importância

dos recursos visuais e/ou multissensoriais, como do recurso à leitura multimodal. para o

aprendizado das crianças com dislexia.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPQ, FAPERJ, Profaex-UFRJ.

Manejo clínico da reabilitação neuropsicológica em um caso de esquizofrenia – Caso clínico Telka Baiocchi¹, Cristina Maria Duarte Wigg ² Dayanne de Oliveira Silva³

1- Pós graduanda em Neuropsicologia do Instituto Neurológico de São Paulo (INESP);

Colaboradora do Setor de Neuropsicologia/INDC/UFRJ. 2- Professora do IP/UFRJ;

Coordenadora do Setor de Neuropsicologia do Instituto de Neurologia Deolindo Couto da

UFRJ (INDC/UFRJ); Coordenadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em

Neuropsicologia (NEPEN/IP/UFRJ); 3- Graduanda em Psicologia do Instituto Brasileiro de

Medicina e Reabilitação (IBMR); Estagiária do Setor de Neuropsicologia/INDC/UFRJ.

Palavras chave: Reabilitação Neuropsicológica, Esquizofrenia, Avaliação Neuropsicológica.

A organização Mundial de Saúde define a esquizofrenia como uma enfermidade mental de

causas desconhecidas caracterizadas por alterações no afeto, pensamento, percepção,

comunicação e comportamento. A paciente deste estudo será tratada como “A”, sexo

feminino, 11 anos, cursando o 4º ano fundamental. A queixa neuropsicológica principal foi

dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita. “A” repetiu o 1º ano escolar, mudou de

escola e repetiu duas vezes o 2º ano. Foi medicada com Risperidona, por cerca de 2 anos,

devido a algumas vezes ver vultos em casa. Há cerca de 2 anos, foi medicada com Ritalina 10

mg. Foi observada uma melhora considerável na atenção e nos resultados escolares. Em

relação à estrutura familiar, mora com a mãe, avô e avó materna. O pai não é presente e

possui uma personalidade instável, motivo que fez a mãe se afastar. No exame

neuropsicológico, “A” apresentou comprometimento global das funções cognitivas. Quanto às

Funções Executivas, exibiu dificuldades com relação ao processamento de novas

informações, na capacidade de planejar uma tarefa e criar estratégias para solucionar

problemas. Foi indicada a reabilitação realizada até então em 12 sessões. Na 7ª sessão, a mãe

de “A” relatou mudanças no comportamento da menor, informando sobre a presença de risos

sem motivo aparente, conversas sozinha, isolamento social e ameaça de querer matar a

família. Com o agravamento do quadro foi decidido encaminhamento para avaliação do

quadro clínico e ajuste medicamentoso. Após 1 mês, “A” retornou com o diagnóstico de

esquizofrenia confirmado pela neurologia. Foi suspenso o uso de Ritalina prescrevendo-se 2

mg de Risperidona por dia. Desta forma, retomou as atividades e na 12ª sessão foi realizada

reavaliação do WCST para análise de resultados da reabilitação. O Plano de reabilitação foi

sustentado na avaliação neuropsicológica de 21/07/2017, na qual foram aplicados: entrevista

semistruturada; Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade para professores,

Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes de 6 a 16 anos (CBCL);Teste

Guestáltico Visomotor de Bender (B-SPG), Teste de Desempenho Escolar (TDE), Teste de

Atenção Concentrada (AC). Foi utilizada ainda a Escala de Inteligência Wechsler para

Crianças, 3ª edição, Teste de Consciência Fonológica Instrumento de Avaliação Sequencial

(Confias), Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST). O Início da Reabilitação

Cognitiva foi em 16/10/2017, na qual foram trabalhados, dentre outras habilidades: Evocação;

Memória visual; Conceitos numéricos; Raciocínio lógico; Atenção sustentada; Percepção

visual e coordenação motora fina; Controle inibitório; Flexibilidade cognitiva, Memória

operacional, Análise e síntese visual; Planejamento, Memória visual e Diário de atividades. A

Reavaliação do teste WCST foi em: 26/04/2018. “A” apresentou melhora nas funções:

flexibilidade cognitiva e controle inibitório. A memória de trabalho se manteve, diminuindo

apenas a capacidade de planejamento. Visto que o medicamento teve início há 1 mês e ainda

sob análise da adaptação da paciente, percebe-se resultado satisfatório da reabilitação

neuropsicológica.

Contato: [email protected]

Avaliação comparativa da memória de trabalho em crianças e adultos

a partir do teste computadorizado COMPCOG

Tatiana de Faro Orlando, Raquel de Azevedo de Souza, Larissa Marques

Francisco, Liana Chaves, Ana Mercedes de Figueiredo, Helenice Charchat-

Fichman

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Introdução

A memória de trabalho é uma função executiva de manutenção e manipulação de

informações. Seu desenvolvimento se relaciona à maturação do córtex pré-frontal

dorsolateral e se dá ao longo da infância até a vida adulta.

Objetivo

Com o objetivo de avaliar as diferenças de desempenho da memória de trabalho visuo-

espacial em crianças e adultos, foram avaliados um grupo de crianças da Escola

Municipal Camilo Castelo Branco com média de idade em anos 11,64(0,48) e

escolaridade em anos 6,6(0,48) e um grupo de adultos universitários da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro com média de idade 21,18(4) e escolaridade

13,5(11,7).

Metodologia

A avaliação foi feita por meio de um teste computadorizado, o COMPCOG, que é

aplicado em um IPAD com uma interface visuo-espacial. Ele avalia a memória de

trabalho a partir de um de seus subtestes - quadrados se acendem na tela e o sujeito deve

reproduzir a sequência em ordem primeiramente direta e depois inversa.

Conclusões

As crianças obtiveram uma média de respostas corretas (M = 73.0 (7,8)) menor que dos adultos

(M = 78.2 (6)). A diferença foi significativa t(87) = -3,55, p< .05. Quanto ao desempenho na

sequência direta, as crianças obtiveram média M=5 (1), enquanto os adultos M=5,7 (1,1). A

diferença também foi significativos t(87) = -2,93, p<.05. Não houve diferença, no entanto, no

tempo mediano para as respostas na sequência direta (p>.05). Na sequência inversa, as crianças

obtiveram média M=3,74 (1,1) e os adultos M=4,68 (1,1), com diferença significativa entre os

dois grupos p<.05. Além disso, o tempo mediano de respostas na sequencia inversa também

diferiu, sendo maior para as crianças t(87)=2,05, p<.05. Os resultados condizem com o esperado:

a maturação do córtex pré-frontal ainda não foi alcançada no grupo das crianças, contrariamente

ao dos adultos. Por esse motivo, espera-se que o desempenho deste grupo seja melhor que o

daquele.

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Um estudo comparativo do Teste de Evocação Livre e com Pistas entre os lobos

temporais direito e esquerdo.

Vanessa Daudt-Santos1,2,5, Julia de Bulhões Carvalho Schechtman1,3, Eelco van

Duinkerken1,6, Monique Castro-Pontes1,4,5, François Jean Delaere¹ & Nicolle

Zimmermann¹

1Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), 2 Universidade do Estado do

Rio de Janeiro (UERJ), 3Instituto Brasileiro de Medicina Reabilitação (IBMR), 4Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), 5Bolsista CNPq, 6VU

University Medical Center Amsterdam, Holanda.

Eixo temático: Neuropsicologia Clínica e Experimental

Palavras chaves: Memória episódica verbal, Teste de Evocação Seletiva Livre e com

Pistas, avaliação neuropsicológica, epilepsia do lobo temporal.

A epilepsia do lobo temporal (ELT) é a manifestação mais comum em epilepsia. As

lesões cerebrais decorrentes deste quadro neurológico podem causar déficits de

memória episódica em suas diferentes modalidades, verbal ou visual. Para a ELT à

esquerda, geralmente são encontrados déficits na memória episódica verbal. Para avaliar

esta modalidade mnésica, diferentes instrumentos de avaliação são utilizados, dentre

eles, o Teste de Evocação Seletiva Livre e com Pistas (TESLP), que permite a avaliação

de déficits no armazenamento de memória verbal. Esse paradigma foi recentemente

adaptado e está em processo de validação para a população brasileira. O estudo teve

como objetivo investigar as diferenças do desempenho de memória episódica no

TESLP, entre pacientes com ELT com lesão à direita versus à esquerda (ELTD e

ELTE). O TESLP avalia os processos de memória episódica, no qual são apresentadas

16 palavras divididas em categorias semânticas. Para a aprendizagem, ocorrem três

evocações livres e com pistas, além da evocação tardia (após 20 minutos) e

reconhecimento. Após uma semana de aplicação, faz-se a evocação super tardia. Para as

análises, foi utilizado o teste não paramétrico Mann-Whitney, com amostras

independentes, em todos os ensaios do TESLP entre pacientes com ELTD e ELTE. A

amostra foi dividida por lateralidade da lesão associada ao diagnóstico de ELTD (n=16)

e com ELTE (n=17). O grupo ELTE foi composto por 8 homens, 13 destros, 3 canhotos

e 1 ambidestro com tempo de diagnóstico na mediana 29,0 anos. O grupo ELTD foi

composto por 11 homens, 15 destros e 1 canhoto, com tempo de diagnóstico na mediana

26,5 anos. Participantes com ELTE e ELTD tiveram idade (mediana ELTE: 37,0 anos

vs. mediana ELTD: 31,5 anos) e escolaridade (mediana ELTE: 12,0 anos vs. mediana

ELTD: 12,0 anos) iguais. Foi possível observar diferenças significativas entre grupos no

desempenho das variáveis de Codificação (mediana ELTE=13 e ELTD=16), Ensaio

Total 1 (mediana ELTE=13 e ELTD=14,5), Ensaio Livre 2 (mediana ELTE=8 e

ELTD=11), Ensaio Livre 3 (mediana ELTE=10 e ELTD=12), Ensaio Total 3 (mediana

ELTE=14 e ELTD=16,), Ensaio Livre Tardia (mediana ELTE=9 e ELTD=12), Ensaio

Tardia Total (mediana ELTE=15 e ELTD=16), Ensaio Livre Super Tardia (mediana

ELTE=2 e ELTD=5,5), e Ensaio Total Super Tardia (mediana ELTE=10 e

ELTD=12,5). Os resultados da análise sugerem diferenças significativas entre os grupos

de acordo com a lateralização da lesão. Os pacientes com ELTD apresentaram melhor

desempenho no TELSP quando comparados ao grupo com ELTE. Estes dados, que

estão de acordo com a literatura, demonstraram que pacientes com lesões temporais à

esquerda apresentam maiores prejuízos no domínio avaliado. O estudo aponta

possibilidade de o TESLP ser um instrumento válido para avaliação da memória

episódica verbal nesse contexto que demanda a lateralização das funções de memória.

Contato: [email protected]

RELATO DE UM CASO DE PARKINSON PRECOCE - Caso Clínico

Vanessa Lemos da Costa Soares¹, Larissa Bezerra Lopes¹, Maria Carolina Soares

Monteiro de Barros¹, Rizza Avacil Assis de Carvalho¹, Cristina Maria Duarte Wigg²

1- Graduanda em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (IP/UFRJ); Estagiária do Setor de Neuropsicologia/INDC/UFRJ; 2.

Professora do IP/UFRJ; Coordenadora do Setor de Neuropsicologia do Instituto de

Neurologia Deolindo Couto da UFRJ (INDC/UFRJ); Coordenadora do Núcleo de

Ensino, Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia (NEPEN/IP/UFRJ)

Palavras chave: Avaliação Neuropsicológica, Parkinson Precoce, Doença de Parkinson,

Demência, Triagem Cognitiva.

Casos de Parkinson Precoce são descritos como raros, a análise do perfil cognitivo de

um indivíduo com este diagnóstico colabora com a compreensão do declínio cognitivo

nos casos de Doença de Parkinson (DP) por se tratar de um declínio fora do contexto

esperado do processo de envelhecimento. O sujeito deste estudo, RT, homem, 47 anos,

natural do Rio de Janeiro, casado e autônomo. Recebeu o diagnóstico de Parkinson aos

32 anos, convive com a doença há 15 anos e utiliza Carbidopa Levodopa, Cifrol e

Basilet. Apresenta atualmente suspeita de quadro de depressão e ansiedade

concomitante. Realiza acompanhamento com neurologista, que encaminhou para

Avaliação Neuropsicológica. O primeiro sintoma de Parkinson que sentiu foi rigidez

nos membros superiores e inferiores, manifestada durante o processo de divórcio em seu

primeiro casamento. RT acredita que a vulnerabilidade emocional em que se encontrava

tenha sido catalisadora da manifestação da DP. RT relatou que durante a juventude foi

usuário de drogas, principalmente cocaína. O incentivo de sua esposa e o nascimento de

seu primeiro filho, aos 25 anos, foram importantes para RT afastar-se do consumo.

Atualmente, RT está no segundo casamento e relatou manter boa relação com a atual

esposa, que está grávida, e com seu filho, hoje com 22 anos. RT mencionou vida social

ativa. Para a Avaliação Neuropsicológica utilizou-se o protocolo padronizado de

avaliação neuropsicológica de pacientes com Parkinson da equipe de Neuropsicologia

do INDC, que consiste em três etapas: 1- Entrevista Estruturada com o paciente. 2-

Testes de Rastreio: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), que apontou ausência de

comprometimento; Teste de Fluência Verbal (FV), com resultados normais; e Teste do

Desenho do Relógio (TDR), com comprometimento moderado. 3- Instrumentos de

Avaliação Neuropsicológica: Teste Comportamental de Memória de Rivermead

(RBMT), no qual obteve desempenho moderadamente comprometido; Teste de Atenção

Concentrada (AC), no qual seu desempenho foi médio inferior; Teste dos Cinco Dígitos

(FDT), com resultados inferiores; Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST);

no qual obteve classificação global média; Escala de Depressão de Beck (BDI); que

apontou depressão leve; Escala de Ansiedade de Beck (BAI), com escore mínimo; e 3

Subtestes da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, 3ª Edição (WAIS III):

Cubos, Dígitos e Vocabulário em que apresentou classificação médio inferior, médio

superior e médio superior, respectivamente. Além da aplicação do protocolo

padronizado, foi aplicado um instrumento de avaliação neuropsicológica adicional:

Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) no qual RT apresentou alta tendência ao

neuroticismo, tendência média à extroversão e abertura e baixa tendência à socialização

e realização. Um parecer do neurologista responsável pelo caso também foi solicitado.

No decorrer da avaliação, RT demonstrou desinteresse em inserir-se no grupo de

estimulação cognitiva de pacientes com DP no INDC, explicando que suas experiências

em outras instituições pouco agregaram em seu caso. O ritmo lento dos demais

pacientes, as atividades propostas repetitivas e pouco interessantes/relevantes foram

algumas das causas de seu afastamento. Apesar destas experiências, o paciente vem

sendo motivado a participar de sessões, grupais ou individuais, de estimulação cognitiva

junto a equipe NEPEN.

Contato: [email protected]

A COGNIÇÃO DOS MUITO IDOSOS

Verônica Carvalho de Araujo, Helenice Charchat-Fichman

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Palavras chaves: Cognição, Muito idosos, Bateria Breve

O envelhecimento populacional brasileiro é um fenômeno que vem recebendo atenção de

pesquisadores há algum tempo, no entanto, diferentemente de países mais desenvolvidos,

ainda enfrentamos problemas de saúde pública para oferecer melhores serviços à esta

parcela da população. Dentre os idosos o grupo que mais cresce é o de mais de 80 anos

que hoje ultrapassa os 13% da população idosa, mas que é foco específico de poucos

estudos. O objetivo deste trabalho é mostrar as características cognitivas desta parcela da

população obtidas através do estudo nas Casas de Convivência do município do Rio de

Janeiro. Foram avaliados 470 idosos sendo 17,4% (n=82) pertencentes ao grupo acima de

80 anos com a Bateria Breve de Rastreio Cognitivo composta pelo Mini-Exame do Estado

Mental (MEEM), Teste de Memória de Figuras, Teste do Desenho do Relógio, TFV,

Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15), Lawton (Escala de Atividades Instrumentais

de Vida Diária) e Pfeffer (Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer para

familiares). Estes idosos foram divididos em 4 grupos de escolaridade para estudo do

desempenho cognitivo. A comparação com os idosos mais novos através da Anova One

Way demonstrou que só há diferença estatisticamente significativa nas avaliações de

memória, sendo o desempenho cognitivo global e as funções executivas mantidos estáveis

com o passar da idade. No entanto, na comparação entre os grupos de escolaridade foi

detectada diferença estatisticamente significativa nas medidas de desempenho global e

funções executivas, com a memória se mantendo estável.

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TEORIA NEUROVISCERAL, VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E FUNÇÕES

EXECUTIVAS: REVISÃO SISTEMÁTICA

Lucas Loureiro1, Gabriel Cardoso1 e Carlos Eduardo Nórte1;2

1Universidade Veiga de Almeida

2Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Funções executivas, Psicofisiologia, Teoria neurovisceral

TIPO: TEMA LIVRE

RESUMO: O modelo de integração neurovisceral proposto por Thayer aponta o córtex pré-

frontal como uma estrutura-chave na rede de estruturas responsáveis pela regulação da

variabilidade da frequência cardíaca (HRV). A ativação da área pré-frontal em tarefas

executivas, no entanto, já é bem documentada. Por isso, a variabilidade da frequência cardíaca

(HRV) vem sendo sugerida como um índex da atividade pré-frontal e relacionada ao

funcionamento executivo. Nesta revisão, buscamos reunir as evidências científicas da relação

entre as medidas da HRV e o desempenho em tarefas que avaliam as funções executivas

usando como protocolo o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-

Analyses (PRISMA). Um total de 25 estudos foram identificados para inclusão na revisão e

categorizados em três grupos: 1) relação entre HRV de repouso e desempenho em tarefas

executivas, 2) relação entre HRV de execução e desempenho em tarefas executivas e 3)

relação entre intervenção na HRV e desempenho em tarefas executivas. Os resultados

sugerem que níveis elevados de HRV em repouso estão relacionados com maiores pontuações

em tarefas de funções executivas e que medidas de intervenção na HRV produzem alterações

significativas no funcionamento executivo. A revisão aponta para a relevância de novos

estudos que possam aprofundar a relação intrínseca e os fatores mediadores entre esses

fatores, assim como novas pesquisas que avaliam esse modelo em contextos de intervenção.

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