análise das condições de atração de investimento direto externo no

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO PARA O PANAMÁ BRUNA CREDIDIO CAMARA FLORIANÓPOLIS, 2013

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Page 1: análise das condições de atração de investimento direto externo no

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO DIRETO

EXTERNO PARA O PANAMÁ

BRUNA CREDIDIO CAMARA

FLORIANÓPOLIS, 2013

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BRUNA CREDIDIO CAMARA

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO DIRETO

EXTERNO PARA O PANAMÁ

Monografia submetida ao Departamento de

Ciências Econômicas da Universidade Federal

de Santa Catarina, como requisito obrigatório

para a obtenção do grau de Bacharelado.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Seabra

Área de Pesquisa: Economia Internacional

Palavras-chave:

1. Internacionalização de Empresas

2. Investimento Direto Externo

3. Panamá

FLORIANÓPOLIS, 2013

Page 3: análise das condições de atração de investimento direto externo no

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão de curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota média de 9,5,

atribuída pela banca de constituída pelos professores abaixo mencionados.

Banca Examinadora:

____________________________

Fernando Seabra

Presidente

_____________________________

Luiz Carlos de Carvalho Júnior

Membro

_____________________________

Saulo de Castro Lima

Membro

Page 4: análise das condições de atração de investimento direto externo no

Dedico este trabalho a Maria Cristina.

Page 5: análise das condições de atração de investimento direto externo no

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Cláudio e Rosana, pelo exemplo e todo o cuidado comigo. E

principalmente pela paciência e o apoio incondicional a todas as minhas empreitadas.

Aos meus irmãos, Rafael e Gabriel, e ao Pablo, pelo carinho e o talento inestimável de

me divertirem em qualquer situação.

Aos meus amigos e companheiros de estudos, Eduardo, Helen, Chris, Luiza e Ricardo.

Agradeço a extraordinária companhia, sempre, e a ajuda na execução deste trabalho.

Ao Prof. Fernando Seabra, pela orientação e aos professores do Departamento de

Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, pela

dedicação à nossa formação.

Page 6: análise das condições de atração de investimento direto externo no

RESUMO

A posição estratégica do Panamá na logística marítima internacional leva à discussão acerca

de sua importância no comércio internacional. Conforme a conclusão da ampliação do Canal

se aproxima, surgem também as discussões quanto às possibilidades de empresas

multinacionais em usufruírem desta ampliação e dessa posição estratégica. Neste sentido, este

trabalho propôs a análise das condições de atração de investimento direto externo para o

Panamá. O histórico político e de investimentos no país evidenciou que o Canal do Panamá é

o principal indutor de investimento direto externo para o Panamá. Através da análise

macroeconômica e dos resultados obtidos pelo Panamá no Índice de Desempenho Logístico e

no Índice de Competitividade Global, este estudo constatou que as condições de atração de

IDE para o Panamá consistem no esforço do governo em promover leis amigáveis ao IDE e

incentivos fiscais, e em seu desenvolvimento como hub logístico para fazer o melhor uso

possível da sua posição estratégica no comércio internacional.

Palavras-chave: Internacionalização de Empresas; Investimento Direto Externo; Panamá.

Page 7: análise das condições de atração de investimento direto externo no

ABSTRACT

Panama’s strategic position in the international maritime logistics system leads to the

discussion of its importance for international trade. As the conclusion of the expansion of the

Panama Canal approaches, along come discussions about the possibilities of multinational

companies enjoying this expansion and this strategic position. In this sense, this paper

proposed an analysis of the conditions for attracting foreign direct investment – FDI to

Panama. The political and investment history of the country showed that the Panama Canal is

the main driver of foreign direct investment to Panama. Through macroeconomic analysis and

the results obtained by Panama at the Logistics Performance Index and the Global

Competitiveness Index, this study found that the conditions for attracting foreign direct

investment to Panama consist of the government's effort to promote FDI friendly laws and tax

incentives, and its development as a logistics hub to make the best use of its strategic position

in international trade.

Key-words: International Business Expansion; Foreign Direct Investiment; Panama.

Page 8: análise das condições de atração de investimento direto externo no

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Passos incrementais do Modelo de Uppsala ............................................................. 29

Figura 2: Trânsito no Canal do Panamá (quantidade de travessias por embarcações) por ano –

1915 a 2009 .............................................................................................................................. 38

Figura 3: Trânsito no Canal do Panamá (quantidade de travessias por embarcações) por ano –

1989 a 2009 .............................................................................................................................. 39

Figura 4: Investimento Direto Externo, entrada líquida (BP, em US$ de 2000) ...................... 39

Figura 5: Diagrama do conglomerado de atividades econômica diretas (azul) e indiretas

(laranja) relacionadas ao Canal................................................................................................. 41

Figura 6: PIB e entrada de IDE no Panamá, em US$ de 2000 ................................................. 47

Figura 7: Relação entre a taxa de crescimento do PIB panamenho e a porcentagem de IDE em

relação ao PIB ........................................................................................................................... 47

Figura 8: Entradas líquidas de IDE nos países de renda média alta da América Central, em

US$ correntes ........................................................................................................................... 48

Figura 9: Total de exportações do Panamá e exportações para os EUA, relação com IDE ..... 50

Figura 10: Notas dos países do IDL de 2012 em escala cromática .......................................... 54

Figura 11: Evolução da classificação do Panamá no ranking mundial, por subíndice e total, de

2007 a 2013 .............................................................................................................................. 58

Figura 12: Comparação Gráfica entre Desempenho de 2013 do Panamá e a Média das

Economias Dirigidas por Eficiência ......................................................................................... 59

Figura 13: Pontuação do Panamá no ICG, por subíndice e total, de 2007 a 2013 ................... 60

Figura 14: Evolução da classificação do Panamá no ranking mundial para os indicadores

relativos ao IDE ........................................................................................................................ 61

Page 9: análise das condições de atração de investimento direto externo no

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cálculo do Coeficiente de Abertura Comercial ........................................................ 49

Tabela 2: Notas detalhadas do Panamá no Índice de Desempenho Logístico.......................... 52

Tabela 3: Posição do Panamá no Ranking de 155 Países do Índice de Desempenho Logístico

.................................................................................................................................................. 53

Tabela 4: Peso dos subíndices e patamares do PIB para os estágios de desenvolvimento....... 56

Page 10: análise das condições de atração de investimento direto externo no

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Os Principais Determinantes do IDE conforme Maskus (1997) ............................. 27

Quadro 2: Síntese do histórico de IDE no Panamá .................................................................. 37

Quadro 3: Acordos de Livre Comércio & Acordos de Integração Econômica do Panamá ..... 44

Page 11: análise das condições de atração de investimento direto externo no

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP – Autoridad del Canal de Panamá

AMP – Autoridad Marítima de Panamá

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

CIA – Central Intelligence Agency

EMN – Empresa Multinacional

F&A – Fusões e Aquisições

FDI – Foreign Direct Investment

FMI – Fundo Monetário Internacional

IBRD – International Bank for Reconstruction and Development

IDE – Investimento Direto Externo

IMF – International Monetary Fund

OCDE – Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico

OECD – Organization for Economic Cooperation and Development

OMS – Organização Mundial do Comércio

ONU – Organização das Nações Unidas

PCC – Panama Canal Commission

PIB – Produto Interno Bruto

PNB – Produto Nacional Bruto

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

WEF – World Economic Forum

Page 12: análise das condições de atração de investimento direto externo no

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14

1.1 TEMA E PROBLEMA ............................................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 15

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................ 15

1.3 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 16

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................................. 16

1.5 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ............................................................................................. 17

2 REVISÃO TEÓRICA .................................................................................................................. 18

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ....................................................................... 18

2.3 ABORDAGENS ECONÔMICAS DE ATRAÇÃO DE IDE .................................................... 20

2.3.2 O Paradigma Eclético de Dunning e as Novas Contribuições .................................................. 20

2.3.3 Uma extensão do paradigma eclético: a contribuição de Maskus ............................................. 22

2.3.3.1 Fatores Macroeconômicos ......................................................................................................... 22

2.3.3.2 Custos Relativos de Produção ................................................................................................... 23

2.3.3.3 Efeitos de Aglomeração ............................................................................................................ 24

2.3.3.4 Variáveis Políticas ..................................................................................................................... 25

2.3.3.5 Fatores de Risco ........................................................................................................................ 26

2.4 ABORDAGENS COMPORTAMENTAIS DE ATRAÇÃO DE IDE ...................................... 27

2.4.2 Modelo de Uppsala.................................................................................................................... 28

2.4.3 Contribuições de 2009 ............................................................................................................... 29

3 ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICA DA ATRAÇÃO DE IDE NO PANAMÁ ............ 31

3.2 BREVE AVALIAÇÃO HISTÓRICA DAS CONDIÇÕES DE ATRAÇÃO DE IDE NO

PANAMÁ ............................................................................................................................................. 31

3.3 A RELAÇÃO ENTRE O IDE E O CANAL DO PANAMÁ .................................................... 36

3.4 AUTONOMIA, AMPLIAÇÃO DO CANAL E DESREGULAMENTAÇÃO ........................ 42

3.4.2 Leis de Incentivo e “Áreas Econômicas Especiais” .................................................................. 42

3.4.3 Acordos de Livre Comércio e Integração Econômica ............................................................... 44

4 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PARA ATRAÇÃO DE IDE .................................................... 46

4.2 ANÁLISE MACROECONÔMICA .......................................................................................... 46

4.3 ÍNDICE DE DESEMPENHO LOGÍSTICO (LOGISTIC PERFORMANCE INDEX) ........... 50

4.4 ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE GLOBAL (GLOBAL COMPETITIVENESS INDEX) .. 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 65

ANEXO ................................................................................................................................................. 69

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APÊNDICE ........................................................................................................................................... 71

Page 14: análise das condições de atração de investimento direto externo no

14

1. INTRODUÇÃO

A liberalização comercial é uma tendência notada na economia internacional a partir

da década de 1960. Impulsionada pelo GATT - General Agreement on Tariffs and Trade1 e

posteriormente pelo Consenso de Washington, esta liberalização proporciona as condições

necessárias para uma maior integração econômica e permite que os benefícios das trocas

comerciais alcancem novos mercados e consumidores2.

Neste contexto, as empresas buscam manter sua competitividade através de sua

internacionalização e dependem da boa manutenção das medidas de liberalização comercial

para alcançarem e se manterem em mercados internacionais. O comércio internacional é,

portanto, de suma importância para economias nacionais e empresas que buscam ganhos de

eficiência e de escala na interação com novos mercados, visando em última estância o

crescimento econômico.

1.1 TEMA E PROBLEMA

Com uma população de 3.802 milhões (THE WORLD BANK 2013), o Panamá

desfruta de uma posição privilegiada no comércio internacional. A evidente importância do

Panamá no comércio internacional pode ser evidenciada ao tomarmos que 5% do comércio

mundial passa pelo Canal do Panamá (RODRIGUE, 2010 apud MELO, 2013). A posição

estratégica do país no que diz respeito à logística marítima internacional, permite

possibilidades de escoamento e distribuição da produção extremamente favoráveis para

empresas presentes no Panamá, e essas características que não podem ser pareadas por

nenhum outro país vizinho. A abertura do mercado panamenho se mostra como uma

oportunidade para a expansão da indústria e dos serviços, e promoção do comércio

internacional.

Ao nos aproximarmos da conclusão da ampliação do Canal, se intensifica a discussão

acerca da importância do Panamá no comércio internacional e das possibilidades das

empresas multinacionais em usufruírem desta ampliação. Desta forma, o Panamá tem

1 Em Português: Acordo Geral de Tarifas e Comércio

2 Para mais informações sobre a liberalização econômica mundial, GATT e o Consenso de Washington, ver BAGGALEY (1998) e WILLIAMSON (2004).

Page 15: análise das condições de atração de investimento direto externo no

15

demonstrado grandes vantagens de atração para multinacionacionais se instalarem no país

através do investimento direto externo. Através de medidas de liberalização comercial, o país

tem atraído investimentos para desenvolver sua infraestrutura, e de acordo com Seabra e Melo

(2012, p.40), “tais medidas estão alinhadas com a expansão dos fluxos comerciais via Canal

do Panamá, e também sua duplicação, na medida em que o Canal permite a obtenção de

ganhos de economia de escala e redução de custos de transporte, sobretudo fretes”.

Para o governo do Panamá, o Canal serve de base para atrair investimentos que

influenciarão outras áreas de sua economia, ou seja, o governo utiliza o Canal como principal

indutor do investimento direto externo. Dessa forma, o Panamá poderia ser utilizado só como

ponto de passagem, mas a ideia é atrair mais investimento através da expansão do Canal para

compensar os entraves da economia panamenha que por si só não atrairiam muito

investimento direto externo. Assim, é necessário o estudo de quais medidas estão sendo

adotadas para atrair IDE e transformar o Panamá num hub logístico de ponta.

Levanta-se, portanto, a necessidade de reunir informações que viabilizem o processo

de internacionalização e a decisão de investimento. Neste sentido, ressalta-se que a produção

acadêmica recente que trate especificamente do Panamá e das suas condições de atração a

investidores e empresas estrangeiros não é abundante e justifica-se assim a relevância deste

trabalho.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar as condições de atração para entrada de investimento direto externo no

Panamá.

1.2.2 Objetivos Específicos

Estabelecer o referencial teórico sobre a decisão de internacionalização de empresas e

os determinantes do investimento direto externo;

Levantar o histórico político e de IDE no país e identificar a relação entre a entrada de

IDE e o Canal do Panamá;

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16

Apresentar as perspectivas para o comércio após a ampliação do Canal e os atuais

esforços do governo panamenho para atrair IDE.

Analisar o cenário macroeconômico para entrada de IDE e o desempenho do Panamá

em competitividade, logística e liberdade econômica, fatores previstos na teoria como

determinantes de IDE.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia a ser seguida pelo presente trabalho de pesquisa é caracterizada por

uma abordagem qualitativa. Segundo Minayo, Deslandes e Gomes (2008, p. 21) a abordagem

qualitativa responde a questões muito particulares, com um nível de realidade que não pode

ou não deveria ser quantificado.

Quanto à finalidade, esta pesquisa é categorizada como descritiva, cujo delineamento é

o de pesquisa documental (GIL, 1995, p.73). A pesquisa descritiva é caracterizada por

Medeiros (2007, p.41) “pelo estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico

sem a interferência do pesquisador”.

Com o objetivo de elucidar a escolha de que material será analisado, parte-se das

teorias acerca dos determinantes de investimento direto externo encontradas na literatura de

comércio e economia internacional para identificar os fatores relevantes para a tomada de

decisão e processo de inserção em mercados estrangeiros. Diante disso, o procedimento

adotado foi a coletada de dados primários, por meio de consulta à legislação panamenha,

sítios da internet e matérias informativas, e dados secundários, por meio de consulta a

documentos e relatórios gerados por instituições internacionais e autoridades panamenhas. A

análise foi feita a partir da observação direta das informações reunidas.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é dividido em cinco capítulos. O primeiro e presente capítulo apresenta a

proposta de pesquisa, contextualizando e justificando o tema escolhido.

O segundo capítulo aborda brevemente a decisão de internacionalização de empresas e

reúne os principais determinantes do investimento direto externo encontrados

tradicionalmente na teoria de economia internacional.

Page 17: análise das condições de atração de investimento direto externo no

17

No terceiro capítulo é apresentado o histórico político e de IDE no país, a relação entre

a entrada de IDE e o Canal do Panamá; as perspectivas da ampliação do Canal e as leis de

incentivo e zona de livre comércio como forma de atrair IDE.

O quarto capítulo apresenta a análise da conjuntura macroeconômica do Panamá,

assim como de seu desempenho a partir de índices calculados pelo Banco Mundial e o Fórum

Econômico Mundial.

O trabalho é concluído no quinto e último capítulo com as considerações finais dadas

as perspectivas do cenário panamenho e recomendações para estudos futuros.

1.5 LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Neste trabalho analisam-se somente os fatores do país recebedor, neste caso, o

Panamá. Não se leva em conta as condições do país de origem da empresa ou do investidor

que buscam a internacionalização, nem é feita uma análise comparativa. Entende-se que a

investigação das condições locais é de suma importância na tomada de decisão e deve ser

associada à análise feita neste trabalho, porém não se enquadra dentro dos objetivos do

mesmo.

Page 18: análise das condições de atração de investimento direto externo no

18

2 REVISÃO TEÓRICA

Este capítulo abordará os fundamentos teóricos da decisão de internacionalização de

empresas a partir de uma revisão da literatura de comércio exterior e economia internacional.

É importante partir da teoria de decisão de internacionalização de empresas, mais

especificamente, da decisão de uma empresa em realizar IDE, pois estas são as fontes

fornecedoras dos fatores que devem ser observados ao analisar as condições de atração de

IDE em um país.

O capítulo está dividido em quatro seções. Na primeira encontra-se uma introdução

sobre internacionalização de empresas e definições dos termos relevantes das teorias que

serão apresentadas. Na segunda, são apresentados o Paradigma Eclético de Dunning e suas

estratégias de Investimento Direto Externo, o Modelo Vertical e Horizontal de Investimento

Direto Externo. Na terceira seção exibidos os determinantes de Investimento Direto Externo

de Maskus e na quarta seção o Modelo de Uppsala. As três primeiras seções compreendem as

abordagens de aspecto econômico, enquanto a última seção representa a abordagem de

aspecto comportamental escolhida para embasar a análise.

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A literatura econômica enxerga o processo de internacionalização como a projeção das

atividades ou produtos da empresa para fora de seu território nacional de origem. González-

Moralejo (2008, p.74) caracteriza este processo como uma estratégia de sobrevivência das

empresas na atual conjuntura de mercados globalizados, face à condição de crescente

competitividade decorrente desta integração. Através da internacionalização, uma empresa

passa a desfrutar de uma maior gama de investidores, fornecedores e principalmente, de

mercado consumidor.

A internacionalização de uma empresa pode se dar através da exportação de seus

produtos, joint ventures com empresas do país recipiente ou do investimento externo. De

acordo com Macintyre (2007, p.23), ao realizar uma joint venture

a empresa estrangeira concorda em compartilhar capital e outros recursos com

outros sócios, para estabelecer uma nova entidade no país-alvo. Tipicamente, a

sociedade é feita com empresas locais, mas pode envolver autoridades

Page 19: análise das condições de atração de investimento direto externo no

19

governamentais, outras empresas estrangeiras ou um composto de participantes

locais e estrangeiros.

Os investimentos externos, por sua vez, podem ser efetuados sob a forma de

investimentos diretos ou de investimentos em carteira ou portfólio.

O Fundo Monetário Internacional - FMI3 (2008, p. 100) e a Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE4 (2008, p. 48) definem o Investimento

Direto Externo como “uma categoria de investimento internacional no qual uma entidade

residente em uma economia possui o controle ou um significante nível de influência na gestão

de uma empresa residente em outra economia” 5. Esse tipo de investimento implica a

pretensão do investidor não-residente em estabelecer relações de longo prazo no país receptor.

Tanto o FMI quanto a OCDE sugerem que uma empresa realiza investimento direto

externo - IDE quando possui 10% ou mais das ações de outra empresa fora de seu país de

origem. Estipula-se esta alíquota por representar a fatia necessária para controle parcial sobre

as decisões das empresas; investimentos inferiores a 10% das ações representam os

investimentos em carteira ou portfólio6. Krugman e Obstfeld (2005, p.126) indicam como

empresas multinacionais – EMN aquelas que realizam investimento direto externo conforme a

definição do FMI e da OCDE.

Segundo Rodrigues e Ferreira (2009, p;1), a entrada do IDE de uma empresa que

decide estabelecer uma produção no exterior pode ser feita de duas formas distintas: i)

estabelecendo uma nova filial, ou ii) investindo através da aquisição de (ou da fusão com)

uma empresa estrangeira já existente. O estabelecimento de uma nova filial cuja estrutura

produtiva foi construída com 100% de investimento proveniente da sede estrangeira recebe o

nome de greenfield. Já as Fusões e Aquisições – F&A internacionais “envolvem a aquisição

(ou fusão), total ou parcial, de capital, ativos e responsabilidades das empresas existentes num

dado país, pelas multinacionais estrangeiras” (RODRIGUES; FERREIRA, 2009, p. 15).

Entende-se que seja de suma importância a análise da tomada de decisão de grandes

empresas na hora de internacionalizarem-se. De acordo com Varanda et. al. (2010), a análise

da internacionalização de uma empresa pode ser feita através de aspectos econômicos e/ou

comportamentais. Das abordagens que englobam os aspectos econômicos, neste trabalho

3 FMI corresponde à sigla em Português utilizada para designar “International Monetary Fund” (IMF). 4 OCDE corresponde à sigla em Português utilizada para designar “Organization for Economic Cooperation and Development” (OECD). 5 Traduzido pela autora: “category of cross-border investment associated with a resident in one economy having control or a significant degree of influence on the management of an enterprise that is resident in another economy”. 6A Receita Federal do Brasil adota esta mesma definição para distinguir os investimentos estrangeiros feitos por empresas brasileiras. Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/IDE/IDEBrasilRussia/ide.htm. Acesso em 20 de fevereiro de 2013.

Page 20: análise das condições de atração de investimento direto externo no

20

serão apresentados o Paradigma Eclético de Dunning e a interpretação feita a partir dele por

Maskus (1997). Os aspectos comportamentais são tratados no Modelo de Uppsala. Estas

abordagens serão discutidas nas próximas seções.

2.3 ABORDAGENS ECONÔMICAS DE ATRAÇÃO DE IDE

As teorias de internacionalização de empresas de enfoque econômico foram assim

caracterizadas por buscarem “soluções racionais para as questões advindas do processo de

internacionalização, o que seria orientado para um caminho de decisões que trouxessem a

maximização dos retornos econômicos” (CARNEIRO; DIB, 2007, p. 4).

2.3.2 O Paradigma Eclético de Dunning e as Novas Contribuições

No artigo “The Eclectic Paradigm as an Envelope for Economic and Business

Theories of MNE Activity.”, John H. Dunning afirma que o tamanho e a composição da

produção estrangeira por EMNs dependem da interação entre as vantagens de propriedade

(ownership), as vantagens de localization (localização) e as vantagens de internalização

(Internalization).

As vantagens de propriedade de uma EMN são dadas pelas vantagens competitivas em

que ela possui em relação às empresas locais onde o investimento está sendo planejado.

Quanto maiores forem essas vantagens competitivas, maiores serão as chances da EMN de

inserir ou ampliar seus investimentos para esses mercados. As vantagens de localização

consideram os benefícios inerentes à sua localização que podem ser oferecidos pelo país

receptor na atração do IDE. Esses benefícios podem ser de infraestrutura, acesso a recursos

naturais, facilidade logística, entre outros. Quanto maiores forem os benefícios do país

receptor em relação ao país de origem do IDE, maior a inclinação da EMN a realizar o

investimento (DUNNING, 2000). As vantagens de internalização dizem respeito ao conjunto de

vantagens específicas disponíveis na economia receptora para a EMN internalizar através de

adição de valor à atividade desenvolvida. Quanto maiores forem os benefícios de internalizar as

atividades (integração de mercados intermediários ou compra de corporações do país receptor

que facilitarão a instalação e produção da EMN), maiores serão as chances de realizar o

investimento sob envolvimento completo da firma (DUNNING, 2000, p. 163).

Page 21: análise das condições de atração de investimento direto externo no

21

Portanto, o IDE se volta às regiões ou setores que apresentem existência coordenada

para a realização das vantagens de propriedade, localização e internalização. Como o conjunto

das vantagens é dependente das características sociais, políticas, econômicas e institucionais

tanto dos países envolvidos (tanto da perspectiva do investidor quanto do receptor), quanto do

próprio setor, o modelo eclético de Dunning propõe uma abordagem contextual dos

determinantes do IDE. Além disso, no desenvolvimento do tema pesquisado, Brewer (apud

AMAL; SEABRA; SUGAI, 2007) propõe a classificação do IDE a partir de quatro projetos

principais:

1) Market-seeking: busca do mercado interno do país receptor do investimento;

2) Efficiency-seeking projects: busca de menores custos no processo produtivo, baseado

na racionalização desse;

3) Ressource-seeking projects: busca de matéria-primas e mão-de-obra de baixo preço;

4) Asset-seeking projects: busca uma ação coordenada com os ativos estratégicos já

identificados no receptor do IDE.

A conjunção entre o modelo de Dunning e a classificação das estratégias de Brewer

possibilita uma abordagem mais assertiva no estudo da determinação do IDE, considerando as

especificidades e situações próprias de cada cenário de investimento.

Outra contribuição que será considerada no presente trabalho é a distinção entre o

modelo vertical e horizontal no processo de expansão das atividades das EMN. Segundo

HELPMAN (1984, apud MELO, 2009) o modelo vertical desenvolve-se a partir do

pressuposto que existem dois tipos principais de atividades, um ligado aos aspectos gerenciais

da matriz da EMN e um segundo ligado às diferenças de dotação de fatores nas esferas

produtivas, que se encontram espraiadas em distintos países e regiões. Assim, o modelo

vertical baseia-se na produção com maior eficiência e menor custo, assumindo que as

diferenças internacionais de preços de fatores orientam a fragmentação do processo produtivo

e instalação das partes desses onde os requisitos mais favoráveis de eficiência e custo sejam

atendidos.

Já o modelo horizontal é definido como aquele no qual a subsidiária produz produtos

e serviços semelhantes àqueles produzidos no país de (MASKUS, 1997). Para CRISTINI e

AMAL (2006, apud BEZ, 2009):

No modelo horizontal de IDE, as EMNs são empresas com múltiplas plantas

de produção e produzindo um bem homogêneo, em que cada planta possui

como objetivo atender principalmente o mercado local. Assim, supõe-se a

existência de economias de escala em nível da firma, sendo essa a fonte da

vantagem da EMN sobre as empresas locais.

Page 22: análise das condições de atração de investimento direto externo no

22

Portanto, a diferenciação entre o modelo horizontal e vertical, e sua consequente

escolha enquanto estratégia de internacionalização perpassam por aspectos da estrutura dos

mercados a serem explorados, a estrutura de custos e dotação de fatores empregados na

produção, custos de comércio entre outros.

2.3.3 Uma extensão do paradigma eclético: a contribuição de Maskus

Maskus apresenta um desdobramento do Paradigma Eclético de Dunning no qual

simplifica inicialmente que a decisão de investimento depende positivamente na rentabilidade

futura esperada do investimento e negativamente do seu risco, ou variabilidade esperada do

lucro. Este deve ser o princípio utilizado ao interpretar o os fatores listados pelo autor como as

principais influências na decisão de uma EMN em investir em outros países. Essa abordagem

é mais voltada para o objetivo do trabalho que é análise das condições de atração para IDE no

Panamá. Maskus (1997, p.19) separa os determinantes em cinco categorias e avalia a

importância relativa de cada fator dentro de sua categoria, ainda que seja impossível o fazer

em termos gerais posto que os fatores relacionam-se entre si e variam de acordo com o país e

período em questão7.

2.3.3.1 Fatores Macroeconômicos

É consenso na literatura econômica que o tamanho do mercado receptor é um fator

importante para atrair IDE. Este tamanho é medido, em primeira estância, pelos Produto

Nacional Bruto – PNB ou Produto Interno Bruto – PIB reais. Quanto maior for o mercado,

maior é o incentivo para a entrada de IDE, cujo objetivo é aproveitar economias de escala.

Acordos regionais de livre comércio potencializam a atração de IDE por aumentarem o

tamanho da região que a produção local pode alcançar sem restrições.

Maskus se apoia na estimativa feita por Wheeler e Mody (1992) de que a elasticidade

do IDE em produção industrial em relação ao PIB real de países desenvolvidos é de 1,24, o

que significa que um aumento de 1% do PIB real leva a um aumento do IDE maior que 1%.

Para países pobres, a elasticidade do IDE em relação ao PIB real é de 0,24. Logo, quanto

7 Maskus baseia sua discussão nos resultados obtidos de Wheeler e Mody (1992), Barrell e Pain (1996), Kravis e Lipsey (1982), Culem (1988), Grubert e Mutti (1991), e Amirahmadi e Wu (1994).

Page 23: análise das condições de atração de investimento direto externo no

23

maior o nível de desenvolvimento econômico, maior é a elasticidade do IDE em relação ao

PIB real.

Portanto, supondo crescimento do PIB em ambos, países desenvolvidos tendem a

atrair proporcionalmente mais IDE do que países em desenvolvimento. Seguindo a mesma

lógica, a taxa de crescimento do PIB real tem um efeito positivo sobre o IDE. Isso se justifica

pelo princípio da aceleração: conforme a economia cresce, ela precisa de mais investimento

para suprir suas necessidades, incluindo IDE. Maskus aponta que este princípio é consistente

com a concentração de IDE orientado aos países do Leste Asiático e América Latina que

apresentaram significantes taxas de crescimento do PIB real entre 1987 e 1997.

O nível de PNB per capita afeta tanto o montante quanto a natureza do investimento.

O total de investimentos aumenta conforme o nível de desenvolvimento econômico porque o

aumento deste desloca as preferências para bens de capital com maior tecnologia ou produtos

com mais diferenciação e maior qualidade. Quanto maior o PNB per capita, maior é a

exigência dos consumidores. Dessa maneira, este determinante faz com que o IDE se torne

mais horizontal conforme avança o desenvolvimento econômico do país receptor.

Por fim, ao tratar do papel da variação da taxa de câmbio na determinação dos fluxos

de IDE, Maskus apresenta o estudo de Barrell e Pain (1996), o qual diz que uma apreciação

real corrente do dólar leva as firmas dos EUA a anteciparem os IDE planejados para países da

OECD em função dos menores custos de aquisição local, afetando o horizonte temporal do

padrão de investimento, mas mantendo o estoque no longo prazo. Da mesma maneira, uma

apreciação real futura esperada do dólar tende a adiar os investimentos norte-americanos.

Em contrapartida, Cushman (1985, apud MASKUS, 1997, p. 20) afirma que riscos

consideráveis das taxas de câmbio reais tendem a aumentar o IDE já que para as EMN é mais

interessante reduzir as exportações e neutralizar essa redução através do aumento da produção

no exterior. Portanto, não há consenso entre os economistas de que estes fatores da taxa de

câmbio são sistemáticos e importantes no longo prazo.

2.3.3.2 Custos Relativos de Produção

Diferenças no custo unitário real do trabalho entre o país de origem e o país receptor

são um importante determinante na tomada de decisão da localização e evidências são

Page 24: análise das condições de atração de investimento direto externo no

24

encontradas com frequência na literatura econômica. Os trabalhos de Wheeler e Mody (1992,

apud MASKUS, 1997, p.21) apontam esta como a variável mais importante para a explicação

dos investimentos norte-americanos na indústria de eletrônico, cuja elasticidade média é de

1,99%. Isso significa que uma queda de 1% nos custos relativos do trabalho aumenta o IDE

sobre eletrônicos em 1,99%. Essa elasticidade é ainda maior nos países mais pobres.

O efeito do salário relativo é bem menor, ainda que significante, ao se explicar o total

de investimento na produção. Logo, o IDE vertical (representado neste caso pelo IDE em

eletrônicos) é mais sensível do que o horizontal a diferenças no salário.

Maskus ainda destaca a influência da diferença entre as taxas de juros reais do país de

origem e do destino do investimento na decisão da empresa de onde obter seu financiamento.

Ainda que os custos relativos do capital influenciem a proveniência do financiamento,

representam um impacto relativamente pequeno no nível do IDE.

Por fim, é evidente que muito do investimento vertical em setores extrativos se dá pela

disponibilidade abundante e baixo custo dos recursos naturais. Indústrias que dependem

abundantemente destes recursos levam este fator em conta quando da decisão de onde alocar

suas linhas de produção operacionais. Um exemplo citado por Maskus (1997, p. 21) é o da

indústria de alimentos processados.

2.3.3.3 Efeitos de Aglomeração

Segundo Maskus (1997), a aglomeração acontece se, conforme o número de firmas em

uma localidade aumentar, os custos de produção para todas as firmas conjuntamente diminuir.

A razão primordial deste evento é que a atividade concentrada estimula o desenvolvimento

insumos diferenciados e de maior qualidade (tecnologia, recursos humanos ou funções de

infra-estrutura) e a expansão do trabalho especializado se mostra vantajosa para novas firmas

se instalarem na região.

A eficiência da aglomeração em atrair IDE depende da quantidade e qualidade da

infraestrutura de apoio (instalações para transporte, comércio, comunicação e energia) da

economia. Logo, se um país tem interesse em desenvolver-se através da atração de

investimentos para uma região em particular, deve alertar-se para o desenvolvimento da

Page 25: análise das condições de atração de investimento direto externo no

25

infraestrutura e estabelecimento de um grande e vigoroso mercado para o produto, mesmo que

voltado para exportação.

2.3.3.4 Variáveis Políticas

Outro determinante do IDE sensível a diferenças das taxas entre países é a incidência

de impostos corporativos. Grubert e Mutti, (1991) afirmam que uma redução de 20% a 10%

nos impostos do país receptor pode aumentar em até 65% o estoque de planta e equipamentos

de propriedade de afiliadas de empresas norte-americanas em um país em particular. Apesar

de estes resultados serem controversos entre os economistas e aguardarem mais testes, é

consenso que impostos são potencialmente importantes na atração de IDE.

Outras medidas como a proibição de que mais do que 50% do capital de uma empresa

seja propriedade de investidores estrangeiros e regulamentos que determinam requisitos

mínimos de conteúdo local também têm efeito negativo na atração de IDE. Nesse sentido,

isenções fiscais e outros incentivos à produção como aqueles encontrados em áreas de livre

comércio apresentam efetivo estímulo ao IDE (AMIRAHMADI; WU, 1994).

Outro determinante destacado é a política comercial. Segundo a visão tradicional, a

adoção de tarifas elevadas incentivaria o IDE na medida em que as firmas produziriam dentro

do país estrangeiro o que não seria viável exportar para ele em função de seu protecionismo.

Por um lado, barreiras comerciais protegem o mercado interno, o que incentiva as

firmas a instalarem suas linhas de produção final no país protecionista. Porém, essas barreiras

também restringem o acesso de EMNs às últimas tecnologias disponíveis, pois dificultam a

importação de insumos essenciais, como maquinário e produtos químicos. Isto se caracteriza

como um problema para firmas internacionais, as quais prezam o acesso aos insumos mais

baratos possíveis e de maior qualidade.

Maskus (1997) conclui a partir destes fatos que os fluxos de investimento e o comércio

entre os países atuam de forma complementar e não substituta. O autor evidencia a partir dos

estudos de Wheeler e Mody (1992) e (Wang and Swain, 1994) que atualmente, economias

fechadas atraem menos investimentos do que atraíam no passado, e que a liberalização

comercial representa um determinante positivo sobre os fluxos de IDE.

Page 26: análise das condições de atração de investimento direto externo no

26

Por fim, tanto o IDE quanto a transferência de tecnologia através de licenciamento

tendem a aumentar conforme as capacidades tecnológicas de uma economia melhoram. O

desenvolvimento de estoque de capital humano abundante é primordial neste processo, pois

são necessárias habilidades técnicas para absorver, usar e aprimorar a tecnologia que entrará

no país. Também são importantes competência educacional em áreas técnicas e gerenciais e

programas de apoio profissional para a transferência de tecnologia e difusão tecnológica

(TEECE, 1986 apud MASKUS, 1997).

2.3.3.5 Fatores de Risco

O conjunto final de determinantes analisadas por economistas leva em conta riscos

políticos e econômicos voltados para investidores. Diversos estudos mostram que EMN

evitam investir em países com riscos de expropriação, regras limitadas ou imprevisíveis de

repatriamento do lucro, terrorismo e violência, corrupção, burocracia excessiva ou

redundante, sistemas legais ineficientes e considerável desigualdade de renda. Portanto, tanto

a estabilidade política e quanto a segurança macroeconômica são importantes para as EMNs.

Quão significante o risco é em relação a outros fatores dependerá do tipo e duração do

investimento.

A OCDE (1996) constata que países que reprimem direitos de organização do

trabalho, na esperança de que uma força de trabalho barata, estável e muda politicamente

atrairá IDE, acabam não recebendo mais investimentos. Neste sentido, Maskus ressalta que é

muito mais importante oferecer às firmas estrangeiras um conjunto de regras estáveis e

transparentes do que vantagens artificiais.

Page 27: análise das condições de atração de investimento direto externo no

27

Quadro 1: Os Principais Determinantes do IDE conforme Maskus (1997)

Fonte: Adaptado de BEZ (2009), a partir de Maskus (1997).

2.4 ABORDAGENS COMPORTAMENTAIS DE ATRAÇÃO DE IDE

Existem algumas críticas ao paradigma eclético originais tanto do campo da economia

quanto do campo da administração. Johanson e Vahlne são as principais fontes desta crítica,

ao comparar o paradigma eclético ao modelo de internacionalização de Uppsala,

procurando avaliar comparativamente as capacidades explicativas dos dois modelos.

Sustentados por pesquisas empíricas, Johanson e Vahlne reconheceram que o poder

explanatório do modelo de Uppsala era mais elevado para empresas mais

inexperientes, enquanto o paradigma eclético teria maior poder de explicação

quando aplicado a firmas com atuação em diversas regiões do mundo, por pressupor

Tamanho do mercado do país receptor do investimento medido pelo PIB ou PNB

real

Acordos de livre comércio e PIB total da região do acordo

Taxa de crescimento real do PIB

Nível do PNB per capita

Variações nas taxas de câmbio

Diferenças no custo unitário real do trabalho entre o país emissor e o país receptor

Custos relativos de capital (taxas de juros ou custo do uso do capital)

Disponibilidade local e custo dos recursos naturais (nos casos das indústrias que

dependem de recursos naturais)

Efeitos da Aglomeração Qualidade da infraestrutura de apoio (comércio, transporte, comunicação e energia)

Impostos incidentes sobre empresas

Barreiras ao investimento

Política comercial (tarifas)

Benefícios fiscais

Liberalização comercial

Abundância de capital humano qualificado

Programas de transferência de tecnologia e difusão tecnológica

Risco de expropriação

Regras de repatriamento do lucro

Terrorismo e violência

Corrupção

Burocracia excessiva ou redundante

Sistemas legais ineficientes

Desigualdade de renda

Estabilidade política

Principais determinantes do IDE

Fatores

Macroeconômicos

Custos Relativos de

Produção

Variáveis Políticas

Fatores de Risco

(Econômicos e Políticos)

Page 28: análise das condições de atração de investimento direto externo no

28

perfeito acesso as informações dos tomadores de decisão, assim empresas mais

experientes (POLESELLO, 2013, p).

2.4.2 Modelo de Uppsala

Durante a década de 70, diversos pesquisadores da Universidade de Uppsala na Suécia

(JOHANSON e WIEDERSHEIM-PAUL, 1975; JOHANSON e VAHLNE, 1977, 2009)

publicaram trabalhos sobre o processo sueco de internacionalização, analisando como

empresas deste país escolhiam mercados e formas de entrada quando decididas a se

internacionalizar, criando assim um modelo de análise deste processo, conhecido por Modelo

de Uppsala.

As pesquisas em Uppsala foram largamente influenciadas pelos trabalhos de Cyert e

March (1963) e Aharoni (1966) sobre a teoria da firma. Posteriormente, a Escola de Uppsala

foi substituída pela Escola Nórdica de Negócios Internacionais, que lidou com as principais

controvérsias da primeira e ampliou suas linhas de pesquisa (HILAL; HEMAIS, 2003).

No Modelo de Uppsala, a internacionalização se inicia como resposta a uma pressão

por procura de mercados e o primeiro movimento para um mercado estrangeiro ocorre quando

a empresa percebe que suas possibilidades de expansão no mercado doméstico estão

limitadas. Na escolha do destino da internacionalização considera-se o tamanho do mercado

potencial e a menor "distância psíquica" em relação ao mercado doméstico. Essa distância

psíquica, para Johanson e Vahlne (1977), poderá ajudar ou prejudicar o fluxo de informações

entre a empresa e o mercado no qual irá inserir-se, e inclui não apenas dados geográficos de

distância, mas também culturais que promovem o distanciamento, como diferenças no idioma,

no nível de educação, no sistema político, nas práticas de negócios, na cultura, no nível de

desenvolvimento industrial, etc. Para os autores, quanto maior esta distância, maior o grau de

incerteza presente no processo de internacionalização.

O Modelo de Uppsala prega que as empresas entram gradualmente nos mercados

externos, pois precisam ganhar experiência internacional, começando por fluxos irregulares

de exportações e posteriormente mudando para modos de operação cada vez mais intensos e

demandantes. Esse processo ocorre em estágios sequenciais de comprometimento gradual de

recursos, primeiramente através da exploração de seus mercados domésticos, depois a

exportação (irregular e regular através de agente) e com o passar do tempo seriam

Page 29: análise das condições de atração de investimento direto externo no

29

estabelecidas subsidiárias de vendas. O último estágio é o estabelecimento de unidades de

produção no estrangeiro, como mostra a figura 1.

Figura 1: Passos incrementais do Modelo de Uppsala

Fonte: Johanson e Vahlne, 1977.

Para Johanson e Vahlne (1977), o processo de internacionalização é de forma

incremental, pois depende do conhecimento adquirido à medida que o comércio é feito. A

empresa não necessariamente passa por todos eles pois se possuir expertise internacional de

mercado poderá facilmente eliminar etapas, porém o processo segue um mesmo fluxo.

2.4.3 Contribuições de 2009

Já em 2009, além das quatro partes do modelo, o papel do networking foi agregado ao

modelo, alterando dois pontos: a identificação de oportunidades, que em 1977 surgiriam de

um aprendizado incremental e agora é visto como aprendizado e comprometimento

estabelecido entre os relacionamentos envolvidos no negócio; e a redução de incertezas, pois

agora acredita-se que se os atores envolvidos possuírem um forte comprometimento, a

distância psíquica não exercerá tanto efeito, “possibilitando as empresas construírem um

conhecimento do mercado e permitindo aos atores envolvidos a possibilidade de criar

oportunidades” (POLESELLO, 2013), assumindo-se que a internacionalização de empresas

está muito mais próxima do desenvolvimento de oportunidades do que da superação de

incertezas.

Page 30: análise das condições de atração de investimento direto externo no

30

Diante disso, Johanson e Vahlne (2009) observam que altos níveis de conhecimento,

confiança e comprometimento em uma relação resulta em um processo criativo mais

eficiente, argumentando que internacionalização assemelha-se com

empreendedorismo, assim a internacionalização dependeria dos relacionamentos da

empresa e seu network. Portanto a conclusão obtida é que a internacionalização de

uma empresa dependerá das oportunidades que as empresas e seus parceiros

perceberem.” (POLESELLO, 2013).

Page 31: análise das condições de atração de investimento direto externo no

31

3 ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICA DA ATRAÇÃO DE IDE NO PANAMÁ

Para entender a atual conjuntura da economia panamenha e dessa forma analisar as

condições que esta proporciona para a entrada de investimento direto externo, é importante

entender o percurso histórico do país. Ainda que brevemente, este capítulo apresentará o

histórico político e econômico do Panamá, com ênfase nos investimentos diretos externos no

país durante esta trajetória, identificando o foco de maior concentração destes fluxos em

função dos objetivos específicos deste estudo. Serão apresentadas também as perspectivas da

ampliação do Canal, e as atuais leis de incentivo e as zonas de livre comércio do Panamá.

3.2 BREVE AVALIAÇÃO HISTÓRICA DAS CONDIÇÕES DE ATRAÇÃO DE IDE NO

PANAMÁ

Antes mesmo de se tornar o país com a soberania nacional que conhecemos hoje, a

região a qual o Panamá ocupa já era identificada como forte candidata a unificar o Oceano

Pacífico ao Oceano Atlântico através do mar do Caribe. Llácer (2005) mostra que, enquanto

colônia espanhola de 1501 a 1821, houve várias tentativas de realizar esta conexão, que

resultaram nos primeiros estudos de viabilidade de um Canal marítimo apresentados à

Espanha. Maurer e Yu (2011) lembram que a primeira tecnologia de transporte a cortar o

istmo foi a estrada “Camino Real”, construída no início do século XVI e financiada pelo reino

espanhol. Durante a era colonial, o Panamá já era ponto estratégico para o comércio espanhol

entre a Europa e a costa Leste da América do Sul.

Em 1821 o Panamá declara sua independência da Espanha e união à República da Grã-

Colômbia (REYES, 1962). Este período é marcado por grandes investimentos norte-

americanos nos portos do Panamá (Balboa no Pacífico e Cristóbal no Atlântico) e na

construção de uma ferrovia em função da corrida ao ouro, que havia sido descoberto na

Califórnia em 1848. Havia um grande interesse das corporações da costa Leste,

principalmente de Nova Iorque, na conexão entre as duas costas dos Estados Unidos, e o

trânsito através do Panamá representava a melhor opção de transporte vigente, em oposição às

rotas terrestres de desertos e montanhas habitados por índios nativo-americanos considerados

altamente hostis.

Page 32: análise das condições de atração de investimento direto externo no

32

Ainda em 1848, a Colômbia conferiu aos Estados Unidos a concessão para construir

uma ferrovia ou Canal e fazer uso exclusivo deles por 49 anos. Ao empresário norte-

americano William H. Aspinwall e seus sócios fora atribuída a obra. Além disso, foram

cedidos 250.000 acres de terra e terras de propriedade do governo poderiam ser usadas

livremente. “The Panama Railroad” foi incorporada em Nova Iorque em 7 de abril de 1849. A

ferrovia ficou pronta em 28 de janeiro de 1855 e absorveu durante a sua construção US$

6.564.552,95 de investimento direto proveniente dos EUA (Panama Canal Railway Company,

2013). De acordo com Maurer e Yu (2011, p.6-7), a ferrovia panamenha se mostrou muito

lucrativa para seus investidores de Nova Iorque, até a inauguração da Ferrovia

Transcontinental8 em 1869, a qual ligava o Oeste dos Estados Unidos à malha ferroviária do

centro do país. A nova concorrência diminuiu o fluxo através do Panamá, e em 1877 a

ferrovia panamenha estava basicamente falida, e suas ações em Wall Street caíram de US$

369,00 em 1874 para menos de US$ 52,00 em 1877 (Panama Canal Railway Company,

2013).

Neste meio tempo, Ferdinand de Lesseps, o responsável por contruir o Canal de Suez

no Egito, reuniu um grupo de empresários e formou a Société Civile Internationale du Canal

Interocéanique de Darién9 em 1876, cujo objetivo era finalmente construir o Canal

atravessando o Panamá, conforme discutido desde o século XVI. A Colômbia cedeu a

concessão da área para construção do Canal, aprovou o projeto de Lesseps e em 1979

Compagnie Universalle du Canal Interocéanique de Panama10

foi criada. As obras

começaram efetivamente dois anos depois (Llácer, 2005). A empreitada francesa não obteve

sucesso devido a altos custos e corrupção interna, e em 1889 a Compagnie Universalle

declarou falência.

Era do interesse norte-americano que as obras do Canal fossem concluídas para dispor

da conexão com a costa Oeste. A esta altura, era ainda mais atraente para os industriais do

Leste dos EUA, por aquela proporcionar, além do ouro e da prata, matérias-primas como

madeira e petróleo e constituir um novo mercado consumidor para os produtos manufaturados

da costa Leste (MAURER; YU, 2011).

Em janeiro de 1903 os EUA fizeram a proposta de um novo tratado que previa aos

norte-americanos a responsabilidade do término da construção do Canal e do controle de uma

faixa de 10km de largura ao redor deste Canal. O tratado Herrán-Hay foi assinado pelo

8 Originalmente em inglês: Transcontinental Rail-Road.

9 Em Português: Sociedade Civil Internacional do Canal Interoceânico de Darién.

10 Em Português: Companhia Universal do Canal Interoceânico do Panamá.

Page 33: análise das condições de atração de investimento direto externo no

33

governo colombiano no mesmo mês, mas rejeitado pelo Senado deste país em agosto daquele

ano. A insatisfação norte-americana perante a atitude colombiana de recusar o tratado Herrán-

Hay culminou no apoio imediato daquele país aos movimentos panamenhos de independência

da Colômbia (MAURER; YU, 2008). 11

Em 3 de novembro de 1903 o Panamá tornou-se

independente da Colômbia. O tratado proposto pelos EUA foi assinado em 18 de novembro

de 1903, com adicionais 6 km de largura para a Zona do Canal (no total de 16 km de largura e

82,4 de comprimento), e recebeu o nome de Tratado Hay-Bunau Varilla (Lácer, 2005).

As obras do Canal começaram em 1904 e sua inauguração foi no dia 15 de Agosto de

1914. No total foram gastos US$ 387 milhões, incluindo US$ 10 milhões pagos ao governo

panamenho conforme o Tratado Hay-Bunau Varilla e US$ 40 milhões pagos à Compagnie

Universalle du Canal Interocéanique de Panama em função do trabalho previamente

realizado na construção do Canal. A partir de então, a Zona do Canal e a gestão do Canal do

Panamá, ambos concedidos ao governo dos EUA, foram administrados por militares norte-

americanos e usados principalmente para apoio ao comércio dos EUA. A forte presença

militar norte-americana na Zona do Canal visava garantir a segurança do Canal, dada a

importância deste para o suprimento do mercado norte-americano. A posição estratégica do

Panamá também tornava favorável o estabelecimento de uma base militar que alcançasse

tanto o Pacífico quanto o Atlântico com facilidade, além de aproximar a América do Sul da

supervisão militar norte-americana.

Em 1947 inaugura-se o primeiro aeroporto para uso civil do Panamá, o Tacumen

International Airport. Até então, os aeroportos do Panamá eram para uso dos militares norte-

americanos. Em 1948 surge o primeiro grande esforço do governo panamenho em atrair

capital estrangeiro para usufruir de sua posição estratégica e infraestrutura logística com a

criação da Zona de Livre Comércio de Colón.

Melo (2013, p.88) ressalta que apesar de ter sido uma democracia constitucional

baseada nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário entre 1903 e 1968, o Panamá havia

cedido a soberania da parte mais rentável de seu território aos EUA. Durante a concessão da

Zona do Canal, toda a administração era realizada por militares de carreira norte-americanos

cujo objetivo principal era suprir as necessidades do comércio norte-americano de transitar

pelo Panamá e garantir a segurança do mesmo. Uma vez supridas essas necessidades, não

havia esforços dos administradores em aperfeiçoar a eficiência do trabalho na Zona do Canal

ou transbordar os benefícios da localização estratégica para o resto do território e população

11 Para mais detalhes sobre a intervenção norte-americana no processo de independência do Panamá, ver What

Roosevelt Took: The Economic Impact of the Panama Canal, 1903-37 (Noel Maurer; Carlos Yu, 2008).

Page 34: análise das condições de atração de investimento direto externo no

34

panamenhos12

. Este fato provocava grande pressão interna contra a presença norte-americana.

Não havia muito que pudesse ser feito, no entanto, posto que os EUA forneciam apoio técnico

e financeiro à Polícia Nacional e à Guarda Nacional do Panamá, sobretudo após o início da

Guerra Fria na década de 1950 e da ascensão dos grupos de esquerda na América Latina

O estopim do nacionalismo panamenho aconteceu em 1964, quando o “hasteamento

de uma bandeira norte-americana em uma escola causou um violento conflito de rua que

duraria vários dias e deixaria 28 mortos e centenas de feridos” (VILLA; CORDEIRO, 2006,

p.307) . Sob o risco de paralisação do Canal ou até mesmo de danos físicos causados a ele,

americanos e panamenhos começaram um ciclo de negociações acerca de um novo tratado

que trouxesse mais benefícios aos panamenhos. Houve pouco progresso nas negociações até

1968, quando o recém-eleito presidente nacionalista Arnulfo Arias reduziu os poderes da

Guarda Nacional. A Guarda Nacional, por sua vez, reagiu imediatamente com um golpe

militar, e apontou Omar Torrijos como novo presidente do Panamá, com apoio da CIA13

.

Em 1971 o governo panamenho assinou um acordo com o Programa de

Desenvolvimento das Nações Unidas para a administração e desenvolvimento dos portos do

país. Já se notava a atenção panamenha para o aprimoramento de seus sistema portuário, antes

mesmo do fim das negociações da Zona do Canal e do Canal (MUÑOZ; RIVIERA, 2010).

De acordo com Mann (2003 apud MELO, 2013, p.90), o governo de Torrijos

suspendeu a Constituição do Panamá, dissolveu a Assembleia Nacional e estipulou censura

para a imprensa. Torrijos colocou como principal objetivo de seu governo as negociações

sobre a Zona do Canal com os EUA. Sem obter sucesso, o presidente pressionou Washington

no campo internacional. Em 1973, o Panamá conseguiu o apoio de treze membros do

Conselho de Segurança da ONU para uma resolução de devolvia o controle sobre a Zona do

Canal ao Panamá. Os EUA vetaram a resolução, mas o Panamá obteve o apoio de outros

países latino americanos, o que levou o Departamento de Estado a retomar as negociações

com Torrijos, ainda que a conclusão destas tenha sido atrasada pela renúncia de Nixon em

1974 e as eleições para presidente dos EUA de 1976 (VILLA; CORDEIRO, 2006, p.307).

Em 7 de setembro de 1977, o presidente eleito dos EUA Jimmy Carter assinou o

Tratado do Canal do Panamá, o qual ditava que a Zona do Canal e o Canal passariam a ser

administrados pela Panama Canal Commission14

- PCC uma comissão mista de panamenhos e

norte-americanos, por um período de transição de 20 anos a partir de 1979, passando então

12

MAURER e YU (2008) dão mais detalhes sobre os efeitos diretos da administração norte-americana sobre a

Zona do Canal e o Panamá entre 1903 e 1937. 13

Central Intelligence Agency dos EUA. Em Português: Agência Central de Inteligência. 14 Em Português: Comissão do Canal do Panamá.

Page 35: análise das condições de atração de investimento direto externo no

35

para o controle total do Panamá em 31 de dezembro de 1999. Na mesma ocasião foi assinado

o Tratado da Neutralidade Permanente e Operação do Canal15

, pelo qual o Panamá se

comprometia assegurar a passagem de embarcações e passageiros de todas as nações sem

discriminação, independente do quadro político em que estejam envolvidos (PLESSIX, 2011).

Em 1981, falece o presidente Torrijos e o general Manuel Noriega toma o poder no

Panamá. Durante seu governo, Noriega foi acusado de promover narcotráfico e estar

envolvido em assassinatos, fraude eleitoral e corrupção. O fluxo do Canal diminui durante

esse período, a ferrovia Panamá Railroad foi fechada e o sistema portuário do país foi

estagnado. Perante tal situação, os EUA suspenderam assistência econômica e militar ao

Panamá. Realizaram-se eleições para Presidente em 1989, mas Noriega anulou-as quando a

oposição ao seu governo ganhou. Diante disso, George Bush enviou a Operação Causa Justa16

para reestabelecer a democracia e combater o tráfico de drogas. As tropas militares prenderam

Noriega e reestabeleceram os resultados das eleições anuladas (MELO, 2013, p.97). O

primeiro candidato eleito democraticamente após a ditadura foi Guillermo Endara.

Durante a gestão da PCC já na redemocratização do Panamá, foram privatizados os

terminais portuários de Manzanillo (capital norte-americano), Balboa, Cristóbal e Colón (os

três privatizados por capital de origem chinesa). Também foi criada a Autoridade Marítima do

Panamá – AMP17

, entidade autônoma do Governo panamenho, responsável por coordenar e

fiscalizar o sistema portuário nacional (AMP, 2013), além de promover o investimento

doméstico e estrangeiro no Panamá e apoiar o desenvolvimento de centros logísticos

multimodais (MUÑOZ; RIVIERA, 2010).

Ao término da gestão da PCC, foi instituída a Autoridade do Canal do Panamá –

ACP18

. De acordo com a Lei Orgânica de 11 de junho de 1997 (ACP, 2013), cabe

exclusivamente à ACP a responsabilidade de administração, operação, conservação

manutenção e modernização do Canal do Panamá e atividades relativas a ele, assim como o

repasse de parte dos lucros ao Tesouro Nacional do Panamá. Llácer (2005) a caracterizou

como uma corporação governamental, traço que a permitiria gerenciar o Canal como uma

empresa e não como uma agência governamental.

Melo (2013, p.93-94) afirma que a partir da gestão conjunta do Canal, e com a criação

da ACP e da AMP,

15

Originalmente em Inglês: Permanent Neutrality and Operation of the Canal Treaty. 16 Originalmente em Inglês: Operation Just Cause. 17 Originalmente em Espanhol: Autoridad Marítima de Panamá. 18

Originalmente em Espanhol: Autoridad del Canal de Panamá.

Page 36: análise das condições de atração de investimento direto externo no

36

“o setor marítimo e portuário do Panamá passou a ganhar autonomia de gestão por

conta tanto da saída dos EUA do controle do Canal e como pelo próprio

distanciamento do governo panamenho – induzido pelos norte-americanos – na

administração do Canal (...) Além disso, em consonância com as mudanças de tons

liberais em âmbito internacional, o setor portuário local passou por um processo de

privatização com significativa participação de grandes grupos estrangeiros no

período a partir da década de 1990”.

É inevitável notar que a história do país está intrinsecamente associada à história do

Canal e da malha logística decorrente dele, e que é justamente neste setor que, historicamente,

se encontra a maior concentração de IDE no Panamá.

3.3 A RELAÇÃO ENTRE O IDE E O CANAL DO PANAMÁ

Muñoz e Riviera (2010, p.48) dividem a história do Panamá sob a ótica dos

investimentos em duas fases: a primeira, que vai de 1850 até 1995, é caracterizada como

estágio de desenvolvimento de infraestrutura; a segunda, de 1995 aos dias atuais, é

caracterizada como o estágio de atração de investimento direto externo. Esta divisão é feita a

partir dos principais investimentos realizados no país e suas respectivas finalidades. Os

autores ressaltam que, historicamente, os grandes investimentos no país foram feitos

sobretudo para desenvolver sua capacidade logística, ainda que estes investimentos

beneficiassem muito mais os norte-americanos durante sua ocupação. Nesse sentido, Brito et

al (2011, p.4) afirmam que “a logística é um dos pilares econômicos do Panamá”. Segundo

Muñoz e Riviera (2010), a primeira fase é marcada pela grande influência norte-americana,

enquanto a segunda marca a transição da administração do Canal para o Governo panamenho.

O quadro a seguir reúne os eventos apontados nesta seção dentro das fases marcadas pelos

autores citados acima.

Page 37: análise das condições de atração de investimento direto externo no

37

Quadro 2: Síntese do histórico de IDE no Panamá

Fonte: Elaboração própria.

Pode-se concluir que, historicamente, o Canal do Panamá é o principal indutor para a

atração de IDE no país. A evolução do trânsito no Canal pode ser associada à sua gestão. No

período administrado somente por militares de carreira norte-americanos, o Canal era

relativamente ineficiente e o trânsito consistia basicamente de embarcações envolvidas no

comércio dos EUA. Com os primeiro investimentos em melhorias dos portos e aumento da

infraestrutura intermodal no país depois da Segunda Guerra Mundial, detaca-se o aumento do

fluxo de embarcações que passavam pelo Canal. Este fato pode ser associado ao efeito de

aglomeração apontado por Maskus (1997), a partir do aumento da qualidade da infraestrutura

de apoio (comércio, transporte, comunicação e energia).

Estágio Período Quadro político do Panamá Foco dos Investimentos

Maior

Investidor

Externo

Gestão do Canal

1501-1821 Colônia EspanholaDesbravamento de Estradas

e Rotas FluviaisEspanha -

1821-1903Parte da República da Grã-

Colômbia

Panama Railroad; Porto de

BalboaEUA -

1903-1914Independência >> Democracia

Constitucional

Construção do Canal e

Infraestrutura da Zona do

Canal; Porto de Cristobal

EUAMilitares Norte-

Americanos

1914-1968 Democracia Constitucional

Aeroporto Internacional de

Tocumen; Zona de Livre

Comércio de Colón

EUAMilitares Norte-

Americanos

1968-1977 Ditadura Militar - Torrijos Modernização dos Portos EUAMilitares Norte-

Americanos

1977-1981 Ditadura Militar - Torrijos Modernização dos Portos EUAPCC (gestão mista

EUA/Panamá)

1981-1989 Ditadura Militar - Noriega Modernização dos Portos EUAPCC (gestão mista

EUA/Panamá)

1989-1999 Democracia Constitucional

Autoridade Marítima do

Panamá; Privatização dos

Terminais de Manzanillo,

Balboa, Cristóbal e Colón

China, EUAPCC (gestão mista

EUA/Panamá)

1999 -

dias atuaisDemocracia Constitucional

Autoridade do Canal do

Panamá (Ampliação);

Panama Railroad

modernizada, Panamá

Pacífico

China, EUA,

CingapuraACP

Atração de IDE

Desenvolvimento

de Infraestrutura

Page 38: análise das condições de atração de investimento direto externo no

38

Figura 2: Trânsito no Canal do Panamá (quantidade de travessias por embarcações) por

ano – 1915 a 2009

Fonte: Adaptado de Llácer (2005)

O trânsito no Canal diminui com os efeitos das medidas de Noriega na ditadura

militar. Assim que se reinstitui a democracia no país, volta a aumentar o fluxo de

embarcações, principalmente com a gestão totalmente panamenha do Canal, orientada pela

liberalização econômica e autonomia do governo vigente. Este efeito pode ser visto em

detalhe na figura 3:

Page 39: análise das condições de atração de investimento direto externo no

39

Figura 3: Trânsito no Canal do Panamá (quantidade de travessias por embarcações) por

ano – 1989 a 2009

Fonte: Adaptado de Llácer (2005)

Melo (2013, p. 118) destaca que a partir do início da década de 1990 houve grande

interesse de grupos asiáticos e norte-americanos em investir na infraestrutura portuária do

Panamá para utilizá-los como centros logísticos de distribuição e de transbordo de carga. Na

Figura 4, é possível identificar o impacto do quadro político e da gestão do Canal nos fluxos

de investimento direto externo entrante no Panamá, conforme previam os determinantes de

estabilidade política e de desregulamentação do mercado (liberalização comercial) previstos

por Maskus (1997).

Figura 4: Investimento Direto Externo, entrada líquida (BP, em US$ de 2000)

Fonte: Elaboração própria a partir de World Bank (2013).

Page 40: análise das condições de atração de investimento direto externo no

40

Após o início da administração conjunta do Canal entre EUA e Panamá em 1977,

houve um pequeno aumento dos fluxos de IDE até o início do governo de Noriega. O

conturbado período sob comando do presidente militar viu os investimentos externos

diminuírem drasticamente. Investidores internacionais só voltaram a confiar no mercado

panamenho após o fim da ditadura militar, em 1989. Nota-se um considerável aumento dos

fluxos de IDE entre 1989 até 1997. Pode-se atribuir a queda dos investimentos neste ano

como reflexo da incerteza dos investidores internacionais perante a nova administração

unicamente panamenha do Canal (ACP). Porém, os primeiros anos de atuação da ACP foram

suficientes para provar seu comprometimento com o desenvolvimento do Canal e logo as

EMNs voltaram a investir no Panamá.

É possível evidenciar, portanto, o ganho de competitividade da economia panamenha

decorrente da desregulamentação do mercado, aumento da qualidade da infraestrutura de

apoio e da crescente estabilidade política no país. Na medida em que a gestão do Canal se

profissionaliza, aumenta o desenvolvimento do Canal, assim como o fluxo de mercadorias

que passam por ele e os investimentos diretos externos no país. Melo (2013, p.122) afirma

que:

“os investimentos não ficam limitados somente ao setor portuário, visto que incluem

uma grande variedade de serviços ligados ao setor financeiro, legal e de seguros. De

acordo com dados da ITC – Trade Map19

(2012), o setor de serviços tem recebido o

maior volume de IDE no país. Em 2009, o setor financeiro recebeu 32% do total

investido no país, seguidos pelos serviços de atacado e varejo com 20%, transporte e

comunicação com 16%, eletricidade e água com 12%, serviços administrativos com

9% e construção civil com 7%. Estes dados são particularmente importantes na

medida em que o Panamá tem se transformado em um centro de transbordamento de

cargas, sobretudo devido ao Canal e a Zona de Livre Comércio de Colón. Neste

sentido, as principais linhas de navegação internacional tem concentrado suas

atividades no país e gerado um efeito de transbordamento no setor de serviços do

país”.

O transbordamento das atividades do Canal para o resto da economia panamenha é

ilustrado na figura 5:

19

ITC: International Trade Center – Trade Map. Disponível em www.trademap.org.

Page 41: análise das condições de atração de investimento direto externo no

41

Figura 5: Diagrama do conglomerado de atividades econômica diretas (azul) e indiretas

(laranja) relacionadas ao Canal

Fonte: ACP (2009, apud BRITO et al, 2011)

Este diagrama ilustra a importância do Canal para a economia panamenha. Em 2009, o

PIB do país era composto por 75,5% de serviços, 18,2% de indústria e 6,3% de agricultura

(WTO, 2009 apud MUÑOZ; RIVIERA, 2010). A ACP (2006 apud MUÑOZ; RIVIERA,

2010) estimou que a economia secundária gerada pelo Canal contribui em cerca de 20% do

PIB, enquanto os serviços de exportação (incluindo serviços bancários e portuários, o Canal

do Panamá e a Zona do Canal) representam 52% do setor de serviços do país. Com a

ampliação do Canal, a expectativa é que seu impacto na economia panamenha seja maior

ainda.

Page 42: análise das condições de atração de investimento direto externo no

42

3.4 AUTONOMIA, AMPLIAÇÃO DO CANAL E DESREGULAMENTAÇÃO

Após estabelecer-se como gestora autônoma, a ACP tomou como prioridade a

continuação do processo de profissionalização do Canal e suas atividades, alinhando-se à

tendência de desregulamentação comercial. Uma vez realizados estudos de viabilidade

econômica e ambiental sobre uma possível ampliação do Canal, a ACP propôs um projeto de

alargamento e aprofundamento das entradas do Canal no Pacífico e no Atlântico, associados à

criação de uma nova linha de tráfego com dois novos complexos de eclusas em ambos os

lados, e o alargamento e aprofundamento do Canal do Lago Gatún, criado artificialmente para

facilitar as operações entre as eclusas do Canal (MELO, 2013). O projeto foi aprovado por um

referendo nacional em 2006, e suas obras começaram em 2007.

Foram investidos 5,25 bilhões de dólares na ampliação, 50% provenientes das receitas

da ACP por meio de cobrança de tarifas, e 50% financiados por agências multilaterais de

investimento (MELO, 2013). A atual previsão de conclusão das obras e inauguração do Canal

ampliado é Junho de 2015 (ACP, 2013).

Com a ampliação, navios de maior capacidade poderão passar pelo Canal, incluindo

aqueles do tipo Post-Panamax, nomenclatura dada a navios que não cabiam até então nas

dimensões do Canal. O impacto imediato desta ampliação será o aumento do fluxo de

mercadorias que passará pelo Canal, aumentando as receitas repassadas ao Tesouro Nacional

do Panamá que serão reinvestidas no desenvolvimento da infraestrutura logística no país.

Além disso, o novo Canal diminuirá o tempo de trânsito e seus custos para as embarcações.

Essas condições também aumentam a atratividade do país ao IDE.

3.4.2 Leis de Incentivo e “Áreas Econômicas Especiais”

Maskus (1997) destaca a importância da segurança proporcionada pelo do escopo

jurídico na decisão de realização do IDE. Riscos de expropriação e regras rígidas de

repatriamento do lucro têm impacto negativo na atração de IDE. Nesse sentido, Seabra e Melo

(2012, p. 41) afirmam que o Panamá vem se mostrando “mais liberal conforme o contexto

político e econômico internacional, proporcionando um ambiente favorável ao investimento,

Page 43: análise das condições de atração de investimento direto externo no

43

com marco legal e regulatório favorável ao capital privado, seja este panamenho ou

transnacional”.

Dessa forma, o governo panamenho vem mostrando um grande esforço em promover

sua economia como acessível ao investimento externo através de leis de incentivo e da

promoção de áreas econômicas especiais. O apoio governamental é apontado por Hayes

(2006, apud Brito et al, 2011) como a ação catalisadora mais importante para o sucesso de um

hub logístico, como é o caso do Panamá.

“O apoio do governo garante incentivos econômicos para empresas localizadas não

apenas no hub, mas também as que realizam negócios com empresas do hub, além

de motivar o aumento dos investimentos internacionais no país. Como Robinson

(1998) descreve, o desenvolvimento de hubs prósperos como Cingapura, Dubai e

Hong Kong foi intensificado por conta dessas ações catalisadoras”. (BRITO et al,

2011, p.6).

Brito et al (2011) e Muñoz e Rivera (2010) analisam os esforços do governo

panamenho em tornar o Panamá um hub logístico de ponta tal qual Cingapura e Dubai. As

principais ferramentas do governo para tal promoção são leis de incentivo ao IDE e áreas de

livre comércio dentro do país.

Em adição à Zona de Livre Comércio de Colón, o governo panamenho criou a Panamá

Pacífico em 2007, uma zona econômica especial, a partir da restauração da antiga base aérea

norte-americana Howard, na entrada do Canal do lado Pacífico. A Panamá Pacífico oferece

benefícios legais, alfandegários, de imigração, de trabalho e grandes incentivos fiscais. Além

disso, a Panamá Pacífico oferece serviços para todas as operações logísticas, serviços de

frotas marítimas e aéreas, e aglomeração de manufaturados leves e indústrias de montagem, e

centros de prestação de serviços.

A principal lei de incentivo ao IDE no Panamá é a Ley 41 de 2004, a qual prevê os

benefícios iniciais para empresas que queiram se instalar no Panamá. Em 2007, esta lei foi

complementada com adendos específicos para empresas que querem inserir suas sedes

regionais no Panamá.

Os principais incentivos fiscais previstos nas leis panamenhas para EMNs que

instalem suas sedes regionais no país são a isenção de imposto de renda e ITBMS (imposto

sobre bens e prestação de serviços) para serviços prestados ao seu grupo de negócios fora do

país; isenção de imposto de renda para os executivos, quando seus salários forem

provenientes de fontes estrangeiras e para os serviços prestados no âmbito da República do

Panamá, se paga a metade do imposto de renda sobre o montante a ser tributado.

Os vistos de trabalho e permissões de residência também são facilitados através das

leis de incentivo ao IDE. Um resumo da lei Panamá Sede de Empresas Multinacionales,

Page 44: análise das condições de atração de investimento direto externo no

44

assim como um resumo acerca das áreas econômicas especiais do Panamá, podem ser

encontrados no Apêndice deste trabalho.

3.4.3 Acordos de Livre Comércio e Integração Econômica

Segundo Maskus (1997), o tamanho do mercado do país receptor é um importante

determinante na decisão de IDE. Dessa forma, acordos regionais de livre comércio

potencializam a atração de IDE por aumentarem o tamanho da região que a produção local

pode alcançar sem restrições. Os acordos de livre comércio e de integração econômica

vigentes no Panamá foram sintetizados no quadro a seguir:

Quadro 3: Acordos de Livre Comércio & Acordos de Integração Econômica do Panamá

Nome do Acordo Países Envolvidos Cobertura

Canada - Panama Free

Trade AgreementCanadá e Panamá Bens e Serviços

EU-Central America

Association Agreement

Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, República Tcheca,

Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha,

Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,

Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal,

Romênia, Eslováquia, Eslovênia; Espanha, Suécia,

Reino Unido, Costa Rica, El Salvador, Guatemala,

Honduras, Nicarágua, Panamá

Bens e Serviços

Tratado de Libre Comercio

Chile - PanamáChile e Panamá Bens e Serviços

Tratado de Libre Comercio

entre Centroamérica y

Panamá

Protocolos bilaterais entre o Panamá e Costa Rica, El

Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua.Bens e Serviços

Tratado de Libre Comercio

Perú – PanamáPeru e Panamá Bens e Serviços

Panama-Singapore Free

Trade Agreement Cingapura e Panamá Bens e Serviços

Panama and the Separate

Customs Territory of

Taiwan, Penghu, Kinmen

and Matsu Free Trade

Agreement

Taipé Chinês e Panamá Bens e Serviços

United States – Panama

Trade Promotion

Agreement

EUA e Panamá Bens e Serviços

Page 45: análise das condições de atração de investimento direto externo no

45

Fonte: Elaboração própria a partir de WTO (2013).

Além disto, está em negociação um acordo entre o EFTA20

(Islândia, Liechtenstein,

Noruega e Suíça) e a Costa Rica, Guatemala, Honduras e Panamá. Nas condições atuais,

portanto, ao inserir-se no Panamá a EMN será isenta de tarifas ao exportar para Canadá,

Chile, Peru, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Cingapura e Taipê

Chinês. E a EMN usufruirá de condições favoráveis de exportação para os EUA e para a

União Europeia.

20

Sigla para European Free Trade Association. Em Português: Associação Europeia de Livre Comércio

Page 46: análise das condições de atração de investimento direto externo no

46

4 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PARA ATRAÇÃO DE IDE

O objetivo deste capítulo é fornecer um levantamento dos fatores do país destino que

devem ser considerados por uma empresa na tomada de decisão acerca de sua

internacionalização, conforme as teorias discutidas no segundo capítulo.

A análise das condições de atração de IDE para o Panamá tem como referência os

fatores que influenciam as decisões das EMNs apresentados no capítulo 2. Dessa forma, essa

análise parte da discussão do paradigma eclético de Dunning (2000) e dos determinantes do

IDE relacionados por Maskus (1997).

4.2 ANÁLISE MACROECONÔMICA

A análise dos fatores macroeconômicos determinantes do IDE é salientada por

Maskus (1997) como a análise primária que deve ser feita por uma EMN ao cogitar

investimentos em um certo país. Dessa forma, se observa nesta seção a trajetória do PIB, da

entrada de IDE no Panamá e relaciona-se esta com as entradas em demais países da América

Latina, as exportações e importações totais do país, e as exportações específicas ao EUA, seu

principal parceiro comercial.

O tamanho do mercado do país receptor do investimento medido pelo PIB ou PNB

real determina a magnitude do IDE entrante em um país. Quanto maior for o mercado, maior

é o incentivo para a entrada de IDE, cujo objetivo é aproveitar economias de escala. Dessa

forma, a figura 6 mostra que o PIB panamenho vem demonstrando trajetória crescente desde o

fim da ditadura militar. Verifica-se que a inclinação da curva é maior ainda uma vez que a

administração do Canal passa ao controle da ACP, ou seja, o país passou a crescer conforme

foi se especializando a gestão do seu principal indutor de IDE, o Canal do Panamá.

Page 47: análise das condições de atração de investimento direto externo no

47

Figura 6: PIB e entrada de IDE no Panamá, em US$ de 2000

Fonte: Elaboração própria a partir de The World Bank (2013)

A relação entre o PIB e o IDE fica mais evidente quando analisamos a taxa de

crescimento real do PIB e a porcentagem do IDE em relação ao PIB. Maskus afirma que a

taxa de crescimento do PIB real tem um efeito positivo sobre o IDE. Essa afirmação é

evidenciada ao analisarmos as trajetórias semelhantes das duas taxas desde o início da gestão

conjunta do Canal até os dias atuais.

Figura 7: Relação entre a taxa de crescimento do PIB panamenho e a porcentagem de

IDE em relação ao PIB

Fonte: Elaboração própria a partir de The World Bank (2013).

Page 48: análise das condições de atração de investimento direto externo no

48

O Banco Mundial coloca o Panamá na categoria de país de renda média alta. Na figura

8, é feita uma comparação das entradas líquidas de investimento direto externo no Panamá e

nas duas outras maiores economias de renda média alta da América Central, Costa Rica e

República Dominicana.

Figura 8: Entradas líquidas de IDE nos países de renda média alta da América Central,

em US$ correntes

Fonte: Elaboração própria a partir de The World Bank (2013)

Entre 2003 e 2009 o Panamá divide com a República Dominicana e a Costa Rica as

maiores concentrações de IDE destinando à América Central. A partir de 2009 o desponta

como maior recebedor de IDE dos países de renda média alta da América Central. Este fato

pode ser associado às obras de expansão do Canal.

A abertura comercial do país também é ressaltada por Maskus como importante

variável política dos determinantes de investimento direto externo. Ela pode ser medida

através do Coeficiente de Abertura Comercial, calculado a partir da soma entre exportações e

importações de um país, divida pelo seu PIB. Quanto maior é o coeficiente, mais aberto é o

país comercialmente, e portanto, mais atraente para investimentos estrangeiros.

Page 49: análise das condições de atração de investimento direto externo no

49

Tabela 1: Cálculo do Coeficiente de Abertura Comercial

Fonte: Elaboração própria a partir de The World Bank (2013) e UNCOMTRADE (2013).

A análise da evolução dos coeficientes de abertura da economia panamenha permite

concluir que os esforços do governo de desregulamentação do mercado e liberalização

econômica têm dados frutos positivos e tornam o cenário ainda mais favorável para a entrada

de IDE.

Ainda sob a ótica da balança comercial, nota-se na figura 9 que as exportações

panamenhas aumentaram desde 2005, principalmente após 2009 com o aumento do fluxo de

entrada de IDE no país. O montante de exportações para os EUA, principal parceiro comercial

do Panamá, aumentou tal qual a sua participação nas exportações totais do Panamá. Isto

evidencia uma maior integração do Panamá àquela economia, que refletirá posteriormente no

acordo de promoção comercial assinados pelos dois países em 2012.

Ano Total de Exportações - X Total de Importaçãoes - M PIB

Coeficiente de

Abertura

(X+M)/PIB

2005 963.763.726,00 4.154.931.245,00 15.464.700.000,00 0,33

2006 8.033.926.025,00 10.774.926.463,00 17.137.000.000,00 1,10

2007 8.820.595.019,00 13.268.934.578,00 19.793.659.790,42 1,12

2008 9.816.620.377,00 15.736.508.943,00 23.001.600.000,00 1,11

2009 10.716.686.967,00 13.876.550.265,00 24.080.100.000,00 1,02

2010 10.986.602.587,00 16.737.103.355,00 26.777.100.000,00 1,04

2011 14.554.815.811,00 21.801.598.457,00 26.778.100.000,00 1,36

Page 50: análise das condições de atração de investimento direto externo no

50

Figura 9: Total de exportações do Panamá e exportações para os EUA, relação com IDE

Fonte: Elaboração própria a partir de UNCOMTRADE (2013) e The World Bank (2013).

4.3 ÍNDICE DE DESEMPENHO LOGÍSTICO (LOGISTIC PERFORMANCE

INDEX)

Conforme exposto pela teoria, um dos determinantes do IDE é a qualidade da

infraestrutura de apoio (comércio, transporte, comunicação e energia). Este trabalho usa

Índice de Desempenho Logístico do Banco Mundial para analisar as condições físicas e

operacionais relacionadas a esta infraestrutura de apoio, com o intuito de obter uma atribuição

quantitativa do conjunto de fatores que caracteriza o desempenho da logística no Panamá.

O Índice de Desempenho Logístico – IDL mede a eficiência logística de 155 países.

Calculado a cada dois anos desde 2007, o índice é divulgado pelo Banco Mundial e o Banco

Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD na publicação conjunta

Connecting to Compete: Trade Logistics in the Global Economy21

. O IDL proporciona a

líderes nacionais, formuladores de políticas e comerciantes privados uma referência simples

para medir a facilidade logística de um país, com o objetivo de diminuir barreiras ao comércio

internacional (The World Bank, 2012). A publicação do Banco Mundial ainda afirma que:

21

Em Português: Conectando para Competir. Logística Comercial na Economia Global.

Page 51: análise das condições de atração de investimento direto externo no

51

a habilidade de um país em comercializar globalmente depende do acesso de seus

comerciantes a cargas globais e redes logísticas. E a eficiência da cadeia de

suprimentos de um país (em custo, tempo e confiança) depende de fatores

específicos de sua economia interna (desempenho da logística). Desempenhos

logísticos melhores e facilitação do comércio são fortemente associados à expansão

do comércio, diversificação das exportações, atração de investimentos direto externo

e crescimento econômico” (THE WORLD BANK 2012, p. 1)22

.

Esta avaliação multidimensional escala o desempenho logístico dos países entre 1 e 5,

sendo 1 o pior e 5 o melhor desempenho possível. As classificações são baseadas na resposta

de seis mil avaliações individuais de países por cerca de mil transitários de carga que

avaliaram os oito países estrangeiros nos quais sua companhia mais presta serviços, conforme

a metodologia apresentada no Anexo 1.

O índice é composto pela média ponderada de seis dimensões, as quais são avaliadas e

ponderadas da seguinte maneira:

Eficiência do processo de liberação (velocidade, simplicidade e previsibilidades das

formalidades) por parte dos controladores de fronteira, incluindo a inclusive a

alfândega: (1) para “muito baixa” e (5) para “muito alta”, peso 0,41;

Qualidade da infraestrutura de comércio e transporte (portos, ferrovias, rodovias e

tecnologia da informação): (1) para “muito baixa” e (5) para “muito alta”, peso 0,41;

Facilidade de providenciar fretes com preços competitivos: (1) para “muito difícil”

e (5) para “muito fácil”, peso 0,40;

Qualidade e competência dos serviços logísticos (operadores de transporte, agentes

alfandegários): (1) para “muito baixa” e (5) para “muito alta”, peso 0,42;

Habilidade no rastreamento das mercadorias: (1) para “muito baixa” e (5) para

“muito alta”, peso 0,41;

Frequência na qual as encomendas chegam ao destino dentro do prazo estipulado

ou esperado: (1) para “quase nunca” e (5) para “quase sempre”, peso 0,40.

O IDL é construído a partir destes seis indicadores utilizando o método de Análise de

Componentes Principais (PCA)23

como técnica estatística para diminuir a dimensionalidade

do conjunto de dados. As pontuações são normalizadas pela subtração da média da amostra e

divisão pelo desvio padrão antes de conduzir a PCA. Uma vez normalizadas, as pontuações

são multiplicadas pelo seu respectivo peso, o qual é escolhido de forma a maximizar o

percentual de variação em cada um dos seis indicadores originais do IDL24

.

22 Traduzido pela autora. 23

PCA se refere à sigla em Inglês para Principal Component Analysis 24

Para mais detalhes quanto à metodologia do índice, ver IBRD; The World Bank (2012. p.51-54).

Page 52: análise das condições de atração de investimento direto externo no

52

Apesar de ser a fonte de dados mais elucidativa para logística e facilitação do

comércio, o IDL possui duas limitações. A primeira é a discrepância da experiência entre

transitários de carga, que os diferencia quanto ao nível do serviço. A segunda limitação é que,

em países sem costa ou Estados formados por pequenas ilhas, o IDL pode refletir problemas

de acesso que na verdade dependem de complexos sistemas de trânsito internacional e fogem

do alcance de seus governos.

Uma vez calculadas as pontuações para todos os países participantes, é montado um

ranking conforme a pontuação, do país com a maior nota (melhor) ao país com menor nota

(pior desempenho).

Por levar em conta as condições de comércio, transporte e comunicação, este índice

pode ser usado para mensurar os efeitos de aglomeração no país conforme proposto por

Maskus (1997).

Tabela 2: Notas detalhadas do Panamá no Índice de Desempenho Logístico

Ano

Indicador 2007 2010 2012

Habilidade no rastreamento das mercadoria 2,93 3,26 3,01

Qualidade e competência dos serviços logísticos 2,73 2,83 2,84

Facilidade de providenciar fretes com preços competitivos 2,80 2,87 2,76

Eficiência do processo de liberação alfandegária 2,68 2,76 2,56

Frequência na qual as encomendas chegam ao destino dentro do prazo

estipulado ou esperado 3,43 3,76 3,47

Qualidade da infraestrutura de comércio e transporte 2,79 2,63 2,94

Nota Final do Índice de Desempenho Logístico 2,89 3,02 2,93 Fonte: The World Bank (2013), elaboração própria.

Das possíveis notas de 1 a 5, nota-se que o Panamá posiciona-se na média, ao redor

dos 3 pontos, em todos os quesitos. A melhor atribuição foi dada à frequência na qual as

encomendas chegam ao destino dentro do prazo estipulado ou esperado, no ano de 2010, com

3,76 pontos, após ter apresentado rendimento de 3,43 em 2007. Porém, este atributo acabou

piorando em 2012, decaindo para 3,94 pontos de 5 possíveis.

A qualidade e competência dos serviços logísticos, a facilidade de providenciar fretes

com preços competitivos e a eficiência do processo de liberação alfandegária não mostraram

Page 53: análise das condições de atração de investimento direto externo no

53

variações significativas. A habilidade no rastreamento das mercadorias teve um breve pico em

2010.

O pior desempenho foi atribuído à infraestrutura de comércio e transporte. Por se tratar

de um país que serve de ponte para o comércio marítimo mundial, essa avaliação pode ser

preocupante para os transitários de carga e EMNs que pensam em investir no Panamá. No

entanto, esse quesito mostrou ser o único que acompanhou o movimento de entrada de IDE no

país durante os anos analisados (Figura 4 – Investimento Direto Externo, entrada líquida (BP,

em US$ de 2000) e apresentou melhora de desempenho entre os anos de 2010 e 2012.

Ademais, vale destacar os esforços recentes do governo panamenho com investimentos em

infraestrutura para reverter esse quadro de deficiência logística, conforme discutido no

capítulo 3.

Quanto à posição do país no contexto mundial de desempenho logístico, o Panamá

apresentou resultado mediano. A tabela 4 mostra as respectivas colocações no país no IDL:

Tabela 3: Posição do Panamá no Ranking de 155 Países do Índice de Desempenho

Logístico25

Ano Posição Pontuação % em relação ao melhor desempenho no ano

2007 54º 2,89 68,76%

2010 51º 3,02 65,00%

2012 61º 2,93 61,60%

Fonte: The World Bank (2012; 2010; 2007), elaborado pela autora.

De 155 países, o desempenho logístico do Panamá foi apenas o quinquagésimo quarto

em 2007. Apesar de ter apresentado uma pequena melhora de 2007 para 2010, quando subiu

para a quinquagésima primeira posição, o Panamá caiu 10 posições entre 2010 e 2012.

Cingapura, primeiro colocado do ranking em 2007 e 2012 e segundo colocado em

2010, atrás somente da Alemanha, apresenta a característica de hub logístico do mesmo porte

que o Panamá. Ao compará-los, nota-se que a discrepância entre o desempenho dos dois

aumentou de 2007, quando o desempenho logístico do Panamá representava 68,76% do

desempenho de Cingapura, para 2012, quando o Panamá apresentou rendimento equivalente a

61,60%. Em 2005, a atuação do Panamá representava 65% do sucesso da atuação do primeiro

colocado, a Alemanha.

25 A porcentagem em relação ao melhor desempenho no ano é fornecida pelo Banco Mundial nas publicações de

2010 e 2012. A porcentagem de 2007 foi calculada pela autora a partir da mesma metodologia e ponderação.

Page 54: análise das condições de atração de investimento direto externo no

54

O Banco Mundial classifica o Panamá como um país de Renda Média-Alta (The

World Bank data, 2013). Nesta categoria, dentro da América Central, o Panamá obteve a

melhor colocação em 2012, à frente da Costa Rica (82º), República Dominicana (85º),

Jamaica (124º) e Cuba (144º). Esta vantagem de colocação perante seus vizinhos pode ser

acompanha as entradas de IDE nestes países, conforme mostrou a figura 8 da seção 4.2.

Figura 10: Notas dos países do IDL de 2012 em escala cromática

Fonte: Adaptado de The World Bank (2012)

A partir deste índice é possível concluir que o desempenho panamenho é ineficiente se

comparado com países da primeira dezena do ranking. Ainda assim, o Panamá recebe uma

quantidade de IDE maior do que seus vizinhos cuja magnitude da economia é semelhante.

Costa Rica e República Dominicana, cujos montantes de IDE nos últimos dez anos

aproximaram-se mais do Panamá dentre os países da América Central, encontram-se 20

posições atrás do mesmo no ranking de 2012 . Este fato pode ser intuitivamente associado ao

fato de que o país é o único hospedeiro do Canal que liga o Atlântico ao Pacífico.

Page 55: análise das condições de atração de investimento direto externo no

55

4.4 ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE GLOBAL (GLOBAL COMPETITIVENESS

INDEX)

O Índice de Competitividade Global – ICG mede a competitividade nacional de 144

países através de suas fundações micro e macroeconômicas. Este índice é calculado

anualmente pelo Fórum Econômico Mundial - WEF26

e publicado todo ano no Global

Competitiveness Report27

desde 2005. A definição de competitividade usada pelo WEF é o

conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um

país, que por sua vez, determina o nível de prosperidade que pode ser adquirido por uma

economia. O WEF (2013, p.4) ainda enfatiza que o nível de produtividade de um país, além

de determinar sua habilidade em manter um alto nível de renda, é um dos determinantes

centrais do retorno dos investimentos feitos no país, o qual é um dos fatores chave na

explicação do crescimento potencial de uma economia. Portanto, pode ser utilizado na

mensuração de atração de IDE para um país.

O WEF captura a complementaridade dos fatores que determinam a competitividade

de uma economia através da média ponderada entre componentes, cada um medindo um

aspecto da competitividade. Estes componentes elencados pelo WEF são agrupados em 12

pilares da competitividade, divididos em três subíndices:

Requisitos básicos: Instituições; Infraestrutura; Estabilidade macroeconômica; Saúde e

educação primária.

Potencializadores de eficiência; Educação superior e treinamento; Eficiência do

mercado de produtos; Eficiência do mercado de trabalho"; Sofisticação do mercado;

Prontidão tecnológica; Tamanho do mercado.

Inovação e Sofisticação: Sofisticação de negócios; Inovação.

A descrição de cada um destes pilares pode ser encontrada no quadro elaborado por

Carvalho, Serio e Vasconcellos (2012), no Anexo 2 deste trabalho.

É evidente que os pilares mencionados são importantes para todas as economias e

dependentes entre si, mas eles as afetarão de maneira diferente de acordo com o estágio de

desenvolvimento no qual a mesma se encontra. O ICG pressupõe que as economias que se

encontram no primeiro estágio competem internacionalmente em função de seus fatores

26

Sigla para World Economic Forum. 27 Em Português: Relatório de Competitividade Global.

Page 56: análise das condições de atração de investimento direto externo no

56

básicos de produção: força de trabalho barata e recursos naturais. O ICG dá o nome de estágio

de desenvolvimento dirigido pelos fatores. Manter a competitividade neste estágio depende

primariamente no funcionamento público e privado das instituições (pilar 1), infraestrutura

bem desenvolvida (pilar 2), um ambiente macroeconômico estável (pilar 3), e uma força de

trabalho saudável que recebeu pelo menos a educação básica (pilar 4).

Conforme um país se torna mais competitivo, a produtividade crescerá e os salários

aumentarão conforme avança o desenvolvimento. Os países então passarão para o estágio de

desenvolvimento dirigido pela eficiência. Neste estágio, a competitividade é orientada pelo

progresso da educação superior e treinamento (pilar 5), mercados de bens eficientes (pilar 6),

mercados de trabalho eficientes (pilar 7 ), mercados financeiros desenvolvidos (pilar 8),

habilidade de aproveitar a tecnologia disponível (pilar 9) e tamanho do mercado doméstico ou

internacional (pilar 10).

Por fim, os países passam para o estágio de desenvolvimento dirigido pela inovação

quando só conseguem manter o alto padrão de vida que alcançaram se seus negócios forem

capazes de competir com produtos, serviços, modelos e processos novos e/ou únicos. Neste

estágio, as empresas competem produzindo bens novos e diferentes através de novas

tecnologias (pilar 12) e/ou processo de produção modelos de negócios mais sofisticados (pilar

11).

Cada pilar, por sua vez, é composto por indicadores-chave que avaliarão o

desempenho do país no âmbito tratado no pilar28

. O ICG contabiliza cada estágio de

desenvolvimento atribuindo pesos maiores aos pilares mais relevantes para uma economia

dado o seu estágio de desenvolvimento. Para implantar este conceito, os pilares são

organizados em três subíndices: o subíndice de requisitos básicos reúne os pilares mais

críticos para os países no estágio dirigido por fatores; o subíndice de potencializadores da

eficiência reúne os pilares críticos para os países no estágio dirigido pela eficiência e por fim,

o subíndice de fatores de inovação e sofisticação inclui os pilares críticos aos países dirigidos

pela inovação. A Tabela 1 mostra o peso atribuído a cada subíndice em cada estágio de

desenvolvimento29

:

Tabela 4: Peso dos subíndices e patamares do PIB para os estágios de desenvolvimento

Estágio de desenvolvimento

28 A descrição completa dos indicadores está descrita em World Economic Forum (2013, p.379-380) 29 Para mais informações sobre a atribuição de cada peso e metodologia do índice, ver World Economic Forum

(2013, p.46-48; 69-78).

Page 57: análise das condições de atração de investimento direto externo no

57

Estágio 1:

dirigidos

por fatores

Transição

do estágio 1

para o

estágio 2

Estágio 2:

dirigidos

pela

eficiência

Transição do

estágio 2

para o

estágio 3

Estágio 3:

dirigidos

pela

inovação

Patamar do PIB per capita

(US$) <2,000 2,000–2,999 3,000–8,999 9,000–17,000 >17,000

Peso do subíndice de requisitos

básicos 60% 40–60% 40% 20–40% 20%

Peso do subíndice de

potencializadores da eficiência 35% 35–50% 50% 50% 50%

Peso do subíndice de fatores de

inovação e sofisticação 5% 5–10% 10% 10–30% 30%

Fonte: World Economic Forum (2013, p. 9).

Os dados utilizados na elaboração do índice são coletados pelo WEF da sua Enquete

de Opinião Executiva30

e de relatórios e base de dados das UNESCO, FMI e OMS, além de

outras agências de renome internacional.

A Enquete de Opinião Executiva utiliza a escala de 1 a 7 (1 representa a pior situação

possível e 7 representa a melhor situação possível) para avaliação do ambiente operacional de

seu país. Com um total de 14.059 enquetes respondidas em 2013 e uma media de 100

respondedores por país, estes são selecionados por uma amostra aleatória de uma lista

empresas que representam os principais setores da economia (agricultura, indústria

manufatureira, indústria artesanal e serviços), dividas entre empresas de grande porte e

empresas de pequeno e médio porte.

O Fórum Econômico Mundial afirma em seu Relatório de Competitividade Global de

2013 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2013, p. 31) que o Panamá vem apresentando um

progresso estável, fomentando seus tradicionais pontos fortes tais como a infraestrutura para

transportes, especialmente dos portos (indicador no qual se encontra na 4ª colocação entre os

144 países) e estabilidade macroeconômica, mesmo com a preocupante taxa de inflação de

6% no último ano.

30 Originalmente em Inglês: Executive Opinion Survey.

Page 58: análise das condições de atração de investimento direto externo no

58

Figura 11: Evolução da classificação do Panamá no ranking mundial, por subíndice e

total, de 2007 a 2013

Fonte: Elaboração própria a partir de WEF (2013-2007).

No contexto mundial, o Panamá demonstrou evolução da sua coloção final no ICG

entre 2007 e 2013, com uma breve queda para 59ª posição em 2010. O mesmo aconteceu

individualmente com os pilares do subíndice de potencializadores da eficiência. O subíndice

de fatores de inovação e sofisticação apresentou melhora de 2008 a 2010, quando atingiu a

54ª colocação, e nela permaneceu até 2013, quando subiu para a 48ª. Já os requisitos básicos

foram os únicos pilares que apresentaram uma queda conjunta de desempenho entre 2007 e

2013, caindo da 46ª posição mundial para a 50ª, respectivamente.

Page 59: análise das condições de atração de investimento direto externo no

59

Figura 12: Comparação Gráfica entre Desempenho de 2013 do Panamá e a Média das

Economias Dirigidas por Eficiência

Fonte: Adaptado de World Economic Forum (2013, p.286).

A figura 12 apresenta uma comparação gráfica entre as notas atribuídas ao Panamá em

2013 e a média das notas do conjunto de países dirigidos por eficiência. Nota-se que neste ano

o nível de competitividade da economia do Panamá esteve acima da média das economias

dirigidas por eficiência em todos os pilares que compõem o índice. Além disso, o WEF

(2013) ressalta que, pelo terceiro ano consecutivo, o Panamá é a economia mais competitiva

dentre os países da América Central. Este fato representa uma vantagem significativa do

Panamá perante seus vizinhos na atração de IDE.

Page 60: análise das condições de atração de investimento direto externo no

60

Figura 13: Pontuação do Panamá no ICG, por subíndice e total, de 2007 a 2013

Fonte: Elaboração própria a partir de WEF (2013-2007).

Quanto à pontuação atribuída a cada subíndice, o Panamá demonstrou estabilidade nos

fatores de inovação e sofisticação, com um aumento de 3,6 em 2007 para 3,8 em 2013. O

mesmo pode ser dito dos requisitos básicos, que passaram de 4,7 em 2007 para 4,8 em 2013,

com uma pequena queda em 2010, quando o país apresentou nota média de 4,5 para o

funcionamento público e privado das instituições, infraestrutura, estabilidade do ambiente

macroeconômico e saúde e educação básica da força de trabalho. O maior progresso foi

justamente no subíndice cujos pilares reúnem os indicadores críticos para os países no estágio

dirigido pela eficiência,que é o caso do Panamá. O país aumentou sua pontuação média neste

subíndice de 3,9 em 2007 para 4,4 em 2013. É neste subíndice que se encontram os três

indicadores que avaliam a relação do país como receptor de IDE.

O primeiro indicador é a Prevalência de Propriedade Estrangeira, o qual avalia quão

presente é a propriedade estrangeira de empresas no país, sendo 1 a nota para “muito rara” e 7

a nota para “altamente presente”. Este indicador faz parte do sexto pilar, eficiência do

mercado de bens. O Panamá apresentou a pontuação de 5,8 tanto em 2012 quanto em 2013, o

que lhe conferiu, respectivamente, as décima primeira (11ª) e nona (9ª) posições na

classificação mundial deste indicador.

O segundo indicador é o Impacto das Regras para IDE nos Negócios, o qual avalia a

que ponto as regras do governo local estimulam ou desestimulam o investimento direto

externo, sendo 1 a nota atribuída para “desestimulam fortemente” e 7 a nota atribuída para

“estimulam fortemente”. Assim como a Prevalência de Propriedade Estrangeira, este

indicador também é contabilizado no sexto pilar, eficiência do mercado de bens. O Panamá

Page 61: análise das condições de atração de investimento direto externo no

61

aumentou sua pontuação de 5,5 em 2012 para 5,8 em 2013, ambas consideradas excelentes

pontuações.

O terceiro indicador é IDE e Transferência de Tecnologia, o qual avalia a que ponto o

investimento direto externo traz novas tecnologias ao país receptor, sendo 1 a nota para “não

traz” e 7 a nota para “IDE é uma fonte primordial de novas tecnologias”. Este indicador faz

parte do nono pilar, prontidão tecnológica. Dos três indicadores que avaliam a relação do país

como receptor de IDE, este foi o melhor desempenho apresentado pelo Panamá. De 2012 para

2013 o país aumentou sua pontuação de 5,8 para 6,0, de 7,0 pontos possíveis. Esta nota de

destaque o consagrou como terceiro país na classificação mundial de relação entre IDE e

transferência tecnológica.

Figura 14: Evolução da classificação do Panamá no ranking mundial para os

indicadores relativos ao IDE

Fonte: Elaboração própria a partir de WEF (2013-2007).

A partir da figura 14 nota-se o evidente destaque do Panamá enquanto receptor de IDE

perante os 144 países avaliados pelo índice. Desde 2009, o país está entre os 25 primeiros

colocados no ranking individual de cada indicador. Dos três indicadores, a menor evolução,

ainda que de destaque, foi quanto à prevalência de propriedade estrangeira nas empresas do

país, que subiu da vigésima (20ª) colocação para a nona (9ª), com uma breve queda para a

vigésima quinta (25ª) colocação em 2010. Já o impacto das regras do governo para IDE sobre

os negócios teve uma evolução maior ainda, subindo 13 posições de 2009 para 2013. Houve

Page 62: análise das condições de atração de investimento direto externo no

62

uma breve queda para a vigésima segunda (22ª) colocação em 2010, mas o país rapidamente

retomou seu lugar entre os dez primeiros colocados. No entanto, a maior evolução foi quanto

à transferência de tecnologia para o país a partir da entrada de IDE, na qual o país demonstrou

uma ascensão constante e subiu 16 colocações de 2009 para 2013.

De acordo com os efeitos da aglomeração explicados por Maskus (1997), o bom

desempenho nestes quesitos representa o desenvolvimento de insumos diferenciados e de

maior qualidade (tecnologia, recursos humanos ou funções de infra-estrutura) e se mostra

vantajoso para novas firmas se instalarem na região. Portanto, conclui-se a partir destes três

indicadores a abertura para IDE do Panamá apresenta excelente desempenho e notável

vantagem na classificação mundial de países, de acordo com o Índice de Competitividade

Global.

Page 63: análise das condições de atração de investimento direto externo no

63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As teorias apresentadas concordam que os atrativos são primordiais para a decisão de

internacionalização de uma empresa. A empresa pode optar entre exportar e investir para

internacionalizar-se. O mercado consumidor panamenho é pequeno e por si só não traz

grandes vantagens como destino final para exportações. Mas, por já estar presente em várias

rotas comerciais, vale a pena usar o mercado panamenho para destinar parte das exportações

ou usá-lo como plataforma para alcançar mercados mais distantes.

Considerando que a busca pelo aumento da eficiência para aumentar os lucros é o

determinante da decisão de internacionalização, os incentivos do Panamá oferecem baixas nos

custos de produção. A mão de obra é relativamente barata, mas não é abundante e não há

tantos recursos naturais que possam servir, por exemplo, de matéria prima. Portanto, a real

atratividade para o IDE está nos incentivos do governo e na facilidade de escoamento da

produção (boa estrutura portuária e muitas opções de rotas pela posição estratégica) e

facilidade de importação de matéria-prima.

São evidentes os esforços do Panamá em se tornar mais atrativo ao IDE e em

promover a diversificação das atrações para acomodar diferentes atividades de uma empresa.

Através deste estudo, constatou-se que a atração de IDE para o Panamá consiste no esforço do

governo em promover leis amigáveis ao IDE e incentivos fiscais, e o desenvolvimento do hub

logístico para fazer o melhor uso possível da sua posição estratégica no comércio

internacional.

A expansão do Canal surge como uma grande oportunidade de expandir os negócios

para empresas já presentes no país, para os comerciantes que utilizam dele para sua

distribuição e para as empresas que pretendem instalar sua produção ou parte dela no país.

Neste último caso, conclui-se a partir da análise que as condições de atração de IDE no

Panamá favorecem, sobretudo, as empresas que pretendem realizar o investimento direto

externo vertical no Panamá, alocando a parte final de sua produção ou sede regional para usar

o país como plataforma para exportação. Nesse sentido, destacou-se que o maior destino das

exportações que passam pelo Panamá é o mercado norte-americano.

Apesar de mostrar-se ineficiente em alguns aspectos apresentados índices, na visão

geral a partir da análise dos resultados obtidos pelo Panamá, o país tem posição de destaque

em relação aos outros países da América Central. Além disso o aumento no fluxo de IDE no

país decorrente das obras de ampliação do Canal e do transbordamento às atividades

Page 64: análise das condições de atração de investimento direto externo no

64

relacionadas a ele reflete a escalada da classificação do Panamá em ambos os índices após

2007.

Avaliou-se que é necessário ao Panamá manter seus esforços em elevar a eficiência

dos processos logísticos portuários e garantir o desenvolvimento de sua economia, a qual deve

ser forte o suficiente para proporcionar o ganho de escala procurado pelas EMNs que desejam

realizar IDE. Sob o ponto de vista de destino potencial para investimento direto externo, este

trabalho avaliou que o Panamá apresenta uma evolução histórica na busca pelo

aperfeiçoamento de seu sistema logístico apoiado no Canal, seu maior trunfo. Os bons

resultados alcançados pelo país neste percurso foram evidenciados por este trabalho e

caracterizam um bom cenário de atração de investimentos diretos externos ao país.

Recomendações para estudos futuros:

Análise aprofundada da atração de IDE no Panamá a partir de apenas um dos índices

apresentados;

Análise comparativa entre as condições de atração de IDE no Panamá e em outro país,

levando em conta a relação entre IDE e população dos países.

Distinção detalhada do IDE entre greenfield ou F&A e distribuição ou produção;

Análise detalhada sobre a origem do IDE que entra no Panamá.

Page 65: análise das condições de atração de investimento direto externo no

65

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ANEXO 1: METODOLOGIA PARA SELEÇÃO DOS GRUPOS DE PAÍSES PARA OS

RESPONDEDORES DA PESQUISA PARA O IDL

Fonte: The World Bank (2012), tradução da autora.

Respondedores de

países de renda baixaRespondedores de países de renda média

Respondedores de países de

renda alta

Respondedores de

países costeiros

Os cinco países para

o qual mais exporta

+

Os três países dos

quais mais importa

Os quatro países para o qual mais exporta

+

O país do qual mais importa

+

Quatro países aleatórios, um de cada

grupo:

a. África

b. Leste Asiático e Asia Central

c. América Latina

d. OCDE e Europa menos

Ásia Central

Respondedores de

países sem costa

Os quatro países

para o qual mais

exporta

+

Os dois países dos

quais mais importa

+

Dois países "ponte

terrestre"

Os três países para o qual mais exporta

+

O país do qual mais importa

+

Dois países "ponte terrestre"

+

Dois países aleatórios, um de cada grupo:

a. África, Leste Asiático

e Ásia Central,

e América Latina

b. OCDE e Europa menos

Ásia Central

Dois países aleatórios de uma

lista com os cinco países para os

quais mais exporta e os cinco

países dos quais mais importa

+

Quatro países aleatórios, um de

cada grupo:

a. África

b. Leste Asiático e Asia Central

c. América Latina

d. OCDE e Europa menos

Ásia Central

+

Dois países aleatórios dos grupos

a, b, c, d combinados.

Page 70: análise das condições de atração de investimento direto externo no

70

ANEXO 2: PILARES DA COMPETITIVIDADE DO ICG

Fonte: Elaboração própria a partir de Carvalho; Serio e Vasconcellos (2012) e World Economic Forum (2013).

GrupoPilar da

competitividadeJustificativa

1 – Instituições

(institutions)

A qualidade das instituições influencia as decisões de investimentos e na

organização da produção. As instituições têm papel relevante na forma

como a sociedade distribui os lucros e arca com os custos de estratégias de

desenvolvimento.

2 – Infraestrutura

(infrastructure)

Infraestrutura bem desenvolvida reduz os efeitos da distância entre as regiões, com o

resultado de uma verdadeira integração do mercado nacional, e conecta-o a baixo custo a

mercados de outros países e regiões.

3 – Estabilidade

macroeconômica

(Macroeconomic

stability)

Embora a estabilidade macroeconômica por si só não aumente a produtividade da nação, é

reconhecido que um desarranjo macroeconômico prejudica a economia. O governo não pode

prestar serviços de modo eficiente se tiver que fazer pagamentos de juros elevados sobre as

suas dívidas passadas. As empresas não podem operar com eficiência quando as taxas de

inflação estão fora de alcance.

4 – Saúde e

educação primária

(Health and

primary education)

Baixa assistência à saúde leva a custos significativos para as empresas; os

trabalhadores doentes são, muitas vezes, ausentes ou operam em níveis mais baixos de

eficiência. Trabalhadores que tiveram pouca instrução formal realizam trabalhos manuais

mais simples e possuem dificuldades na adaptação de técnicas e processos de produção

mais avançados.

5 – Educação

superior e

treinamento

(Higher education

and training)

A qualidade de ensino superior é crucial para as economias que querem subir na cadeia de

valor para além dos processos de produção simples. A extensão da formação de pessoal

também é levada em consideração, visto que é negligenciada em muitas economias para

garantir uma atualização constante de competências dos trabalhadores às novas

necessidades da economia em evolução.

6 – Eficiência do

mercado de

produtos

(Goods market

efficiency)

Países com eficiência em mercados estão bem posicionados para produzir o mix correto de

produtos e serviços para atendimento às condições de demanda, bem como para garantir que

esses bens possam ser negociados de maneira mais eficaz na economia.

7 – Eficiência do

mercado de

trabalho

(Labor market

efficiency)

A eficiência e a flexibilidade do mercado de trabalho são fundamentais para garantir que os

trabalhadores estejam alocados para a sua eficiente utilização na economia e incentivados a

dar o seu melhor esforço em seus trabalhos. Assim, o mercado de trabalho eficiente deve

também garantir uma clara relação entre os incentivos dos trabalhadores e seus esforços,

bem como a melhor utilização dos talentos disponíveis, que inclui igualdade no ambiente de

negócios entre homens e mulheres.

8 – Sofisticação

do mercado

financeiro

(Financial market

sophistication)

O investimento empresarial é fundamental para produtividade. Assim, as economias requerem

sofisticados mercados financeiros que podem tornar o capital disponível para investimentos

do setor privado com base em fontes tais como empréstimos do setor bancário, bolsas de

valores, capital de risco e outros produtos financeiros.

9 – Prontidão

tecnológica

(Technological

readiness)

Refere-se à agilidade com que a economia adota as tecnologias existentes para melhorar a

produtividade da sua indústria. No mundo globalizado, a tecnologia tem se tornado um

elemento importante para as empresas para competir e prosperar. Em particular, a tecnologia

de informação e comunicação (TIC) tem evoluído para a “tecnologia de uso geral” do nosso

tempo, tendo em conta as repercussões importantes para o desenvolvimento econômico de

outros setores e o seu papel como infraestrutura eficiente para transações comerciais.

10 – Tamanho do

mercado

(Market size)

O tamanho do mercado afeta a produtividade, uma vez que os mercados de grandes empresas

permitem explorar as economias de escala. Tradicionalmente, os mercados disponíveis para

as empresas têm sido limitados pelas fronteiras nacionais. Na era da globalização, os

mercados internacionais tornaram-se um substituto para o mercado interno, especialmente

para os pequenos países.

11 – Sofisticação

de negócios

(Business

sophistication)

A sofisticação de negócios é propícia a uma maior eficiência na produção de bens e serviços.

Esta leva, por sua vez, ao aumento da produtividade, aumentando, assim, a competitividade

de uma nação. A sofisticação de negócios refere-se à qualidade das redes globais de negócio

do país, bem como à qualidade das estratégias de operações individuais das empresas.

12 – Inovação

(Innovation)

A inovação requer um ambiente que favorece a atividade inovadora, apoiada tanto pelo setor

público como pelo privado. Isso significa um importante investimento em pesquisa e

desenvolvimento (P&D), especialmente pelo setor privado, presença da alta qualidade das

instituições de pesquisa científica, extensa colaboração em pesquisa entre universidades e

indústria, bem como a proteção da propriedade intelectual.

Base da

Economia

Eficiência

da

Economia

Inovação

da

Economia

Page 71: análise das condições de atração de investimento direto externo no

71

APÊNDICE

Panama Multinational's Headquarters (Fonte: PROINVEX, 2013)

O governo, juntamente com o setor privado, criou as condições necessárias para que o

nosso país se torne um destino de empresas multinacionais e, por outro, através da Lei 41 de

2007, os diversos incentivos e benefícios foram descritos. A função de um escritório central

de uma empresa multinacional é a de fornecer serviços apenas para o grupo empresarial a que

pertence, em atenção às atividades permitidas.

Atividades permitidas

- Direção e/ou administração de operações em uma área geográfica específica ou global de

uma empresa do grupo empresarial.

-Os serviços de logística e/ou armazenagem de componentes ou peças sobressalentes

necessárias para a fabricação ou montagem de produtos a ser fabricados.

- A contabilidade do grupo empresarial.

- A elaboração de planos que fazem parte de projetos e/ou construções, ou da parte de

município que está em linha com a atividade típica da sede da empresa ou de qualquer uma de

suas subsidiárias.

- Consultoria, coordenação e acompanhamento de mercado e publicidade de bens e serviços

produzidos por seu grupo de negócios.

- O processamento eletrônico de qualquer atividade incluindo as consolidações das operações

para o grupo empresarial.

- Gestão Financeira (tesouraria) do grupo de negócios.

- Apoio operacional, a investigação e o desenvolvimento de produtos e serviços para grupos

empresariais.

- Quaisquer outros serviços similares anteriormente aprovados pelo Poder Executivo.

Incentivos fiscais

- Isenção de imposto de renda e ITBMS (imposto sobre bens e prestação de serviços) para

serviços prestados ao seu grupo de negócios fora do país.

- Isenção de imposto de renda para os executivos, quando seus salários forem provenientes de

fontes estrangeiras.

Page 72: análise das condições de atração de investimento direto externo no

72

- Para os serviços prestados no âmbito da República do Panamá, vai pagar a metade do

imposto de renda sobre o montante a ser tributado.

Incentivos ao trabalho

MEV (multinacional Head Office) podem contratar executivos estrangeiros de altos e médios

níveis que considerem necessários para efetuar as suas atividades.

Incentivos migratórios

- Vistos permanentes: estes são emitidos aos executivos e às pessoas que possuem seu cargo

para um mandato de cinco anos renovável.

- Vistos temporários: estes são emitidos para o pessoal da área técnica que a empresa exige,

numa base temporária.

IMPORTANTE: Todas as etapas são realizadas através do investimento One-Stop-Shop, do

Ministério de Comércio e Indústria. As empresas multinacionais com MEV [sede] Licença

apresentará seu imposto de renda - declaração do final do ano fiscal.

Outras leis de incentivo ao IDE no Panamá: Estabilidad Jurídica de las Inversiones en

Panamá; Incentivos para la Industria del Cine, Ley de Incentivos para el establecimiento de

Call Centers en Panamá, Fomento y Desarrollo de la Industria en Panamá, Certificado de

Fomento a las Agroexportaciones en Panamá (PROINVEX, 2013).

Special Economic Areas (Fonte: PROINVEX, 2013)

As Zonas de Livre Comércio criadas nos termos da Lei n° 32 de 5 de Abril de 2011,

são zonas livre de tarifários alfandegários, especificamente delimitado, em que todas as

infraestruturas, instalações, construções, sistemas de apoio e de serviços, são realizados sob

critério de máxima eficiência; para empresas estabelecidas de todo o mundo, cujas atividades

são a produção de bens e serviços e de alta tecnologia, pesquisa científica, os serviços de

logística, ensino superior, os serviços ambientais, serviços de saúde e serviços gerais.

Atividades permitidas

Dentro dessas zonas livres, encontramos as empresas envolvidas em atividades de produção,

montagem, transformação de produtos acabados ou semi-acabados, serviços de logística,

Page 73: análise das condições de atração de investimento direto externo no

73

ensino superior, investigação científica e de alta tecnologia, serviços ambientais, serviços de

saúde e serviços gerais.

Incentivos fiscais

- Serão isentas de impostos: Matérias-primas, produtos semi-acabados, aquisição e

importação de equipamentos e materiais de construção, máquinas, peças sobressalentes,

ferramentas, acessórios, consumíveis, materiais de embalagem e de qualquer propriedade ou

serviço necessários para as suas operações.

- Isenção do imposto de renda no contrato de arrendamento (Locação) e subarrendamento

(sublocação) para os promotores da zona de libre comercio.

- 100% isentos de imposto de renda para operação no exterior de: Empresas que prestação de

serviços, Logística Empresarial, as empresas de alta tecnologia, Centro de Pesquisa Científica

, Centros de Educação Superior, Serviços Gerais Empresa, centros especializados para a

prestação de serviços ambientais e de saúde das empresas.

Diferencial (disposições especiais)

O diferencial das Zonas de Livre Comércio, é que são considerados mais flexíveis do que as

empresas que operam no resto do território.

Incentivos migratórios

- Título de residência permanente como investidor.

- Título de residência temporária especial para membro da equipe, executivos, especialistas

e/ou técnicas válidas para o período de vigência do contrato.

- Vistos de curta duração para até 9 meses para os investidores e os operadores para executar

seus negócios nas zonas.

- Autorização temporária de políticas especiais: professor, aluno ou pesquisador de um Centro

de Ensino Superior e de Investigação Científica Centro de Zona de Livre Comércio.

- A autorização será prorrogada em igualdade de condições, para o cônjuge, filhos menores de

idade e idosos dependentes do requerente principal.

Importante: estas zonas podem ser estabelecidas em qualquer ponto do país.