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Doing Business Fazendo negócios Edição Português-Inglês Portuguese-English Edition Brasil

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Doing BusinessFazendo negócios

Edição Português-Inglês Portuguese-English Edition

Israel

Doing BusinessFazendo negócios

Edição Português-InglêsPortuguese-English Edition

Brasil

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� Tributação - Brasil Português - English �

índice

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28

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Estrutura político-Econômica BrasilEira

E do mErcosul

Political & economic structure: Brazil and mercosur35

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43

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57

60

capital EstrangEiro Foreign caPital

modalidadEs sociEtárias

triButação

rEgimEs E Encargos traBalhistas

Vistos

corPorate modalities

taxation

laBor systems and incumBencies

Visas

propriEdadE industrial

industrial ProPerty

lEi antitrustE antitrust law

aquisição dE BEns imóVEis no Brasil

acquisition oF real estate in Brazil

dirEito do consumidor

consumer rights

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Português �

editorial

Neste início do século XXI, as relações comerciais entre o Brasil e o Estado de Israel têm desenvolvido uma curva ascendente. A assinatura do tratado Mercosul-Israel, em dezembro de 2007, refletirá nos próximos anos num avanço ainda maior nesse relacionamento.

A Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria tem como missão incentivar o intercâmbio entre os dois países, ampliando as sociedades comerciais e industriais, assim como a divulgação dos avanços tecnológicos, que propiciam o encontro de parcerias cada vez mais frutíferas, assim como o desenvolvimento de ações que levem ao aprofundamento dessas afinidades.

No intuito de colaborar com esse caminho de mão dupla, apresentamos Doing Business/Fazendo Negócios, este guia editado pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, com informações detalhadas sobre os principais tópicos que envolvem os primeiros passos para a concretização de futuras parcerias.

Escrito por profissionais de renomados escritórios de advocacia – nacionais e internacionais --, com tradução para o inglês, este guia aborda os aspectos das leis brasileiras e israelenses que devem ser do conhecimento de empresários interessados em iniciar o contato comercial, seja no Brasil ou em Israel.

Contribuímos, assim, para a facilitação do diálogo e o desenvolvimento de bons negócios. Esperamos que Doing Business/Fazendo Negócios seja proveitoso!

Jayme BlayPresidente

Este trabalho, cujos direitos autorais pertencem exclusivamente à Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, foi elaborado por escritórios associados à entidade e tem por objetivo consolidar os principais aspectos jurídicos brasileiros com as informações básicas necessárias para empresas israelenses que têm interesse em se instalar no mercado brasileiro.

The copyrights of this material belong exclusively to the Brazil-Israel Chamber of Commerce and Industry, and was drafted by Law Offices associated to the Chamber in order to provide Israeli companies with basic information on the Brazilian legal system, in order to foster Israeli investments in Brazil.

Elaborado sob a coordenação de/Coordinated by:Léo Rosenbaum – [email protected] Advocacia

Com a colaboração de/Collaborators: Renato Ochman – [email protected], Real Amadeo AdvogadosLionel Zaclis – [email protected] Ferreira, Kujawski, Brancher e Gonçalves Sociedade de AdvogadosBeno Suchodolski – [email protected] Advogados Associados

Realização – Blumberg Editora Ltda. André Blumberg

Edição e Revisão/Editing and Proofreading: Tania Plapler TarandachTradução/Translation: Lilia Wachsmann Projeto Gráfico e Produção/Design and Production: Smart PropagandaDiretor de Criação/Creative Director: Gilberto SatoDiretor de Arte/Art Director: Gilberto GouveiaCoordenação/Coordinator: Priscila Seabra

Impressão/Printed by: Vox Editora

Câmara Brasil-Israel de Comércio e IndústriaRua Caçapava, 150 – 3º andar – sala 3CEP 01408-010 – São Paulo – SP – BrasilFone e Fax: (55 11) 3063.4427 – [email protected]

Fazendo negócios

doing Business

exp

edie

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Brasil – PORQUE INVESTIRLocalização e Mercado: O Brasil possui uma área territorial de 8.514.876,599 Km2

e uma população de cerca de 190 milhões de habitantes, com um PIB medido, em PPP, representando 35% do total da América Latina. Em 2007, alcançou mais de US$ 2 trilhões de PPP.

Crescimento Sustentado: O mercado de consumo supera 900 milhões de potenciais consumidores, considerando Brasil, América Latina e América do Norte. A taxa de cresci-mento do PIB atingiu 5,3% em 2007, tendo as exportações brasileiras colaborado, desde 2003, com este crescimento e aumentado a participação nacional no comércio mundial.

Inovação e Tecnologia: O Brasil apresenta um diferencial competitivo nos setores de construção de aeronaves, exploração de petróleo em águas profundas e desenvolvimento de software. A taxa de crescimento do número de computadores entre 2002 e 2007, foi superior a 120%, com mais de 29 (vinte e nove) milhões de computadores pessoais, o que representa 40% do total existente na América Latina, o mesmo acontecendo com o acesso à Internet. Neste segmento, nos últimos 5 (cinco) anos, o Brasil cresceu importantes 270%, atingindo 53 (cinqüenta e três) milhões de usuários.

O País consolidou-se internacionalmente como produtor de combustível à base de eta-nol e biodiesel.

Infra-estrutura: São 70 (setenta) aeroportos, que atendem mais de 75 (setenta e cinco) milhões de passageiros/ano, 54 (cinquenta e quatro) portos com capacidade para mais de 500 (quinhentos) milhões de toneladas/ano, 31.000km de ferrovias e a terceira maior malha rodoviária do mundo, com expressivos 1,6 milhões de km. A perspectiva é que, até 2010, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, serão feitos investimentos de US$ 16,5 (dezesseis e meio bilhões de dólares) em rodovias, US$ 3,9 (três bilhões e novecentos mil dólares) em ferrovias e US$ 1,3 (um

1. esTRuTuRa PoLÍTico-econÔMica BRasiLeiRa e do MeRcosuL

� Estrutura Político-Econômica Brasileira e do Mercosul - Brasil

bilhão e trezentos mil dólares) em portos. São mais de 135 (cento e trinta e cinco milhões) de assinantes no Serviço Móvel Pes-

soal (SMP), com aproximadamente 42 (quarenta e dois milhões) de linhas fixas e mais de um milhão de telefones públicos, em sua totalidade no padrão digital.

Rentabilidade: Nos últimos anos, o retorno do investimento no Brasil tem supe-rado a média de 26% anuais. A legislação permite liberdade para que empresas aqui instaladas remetam seus lucros para suas matrizes. Em 2007, o Brasil recebeu 30% do Investimento Estrangeiro Direto destinado à América Latina, resultando em uma taxa de crescimento de 99%.

Capital Humano: A população brasileira economicamente ativa representa 36% do total da América Latina, somando 92 milhões de pessoas em 2007. O país conta, ainda, com aproximadamente 16 milhões de pessoas com formação superior inseridas em ocupações técnico-científicas, com um total de seis milhões de matrículas no ensino superior e técnico em 2007.

Recursos: O Brasil é, hoje, um dos maiores produtores e exportadores de produtos agrí-colas do mundo, sendo o maior produtor mundial de etanol, com 308 plantas de produção instaladas e responsáveis pela geração de 17,7 bilhões de litros/ano; maior produtor e ex-portador de café, cana-de-açúcar e suco de frutas, além de ser o maior exportador mundial de soja, carne, frango e couro. É o maior produtor mundial de minério de ferro, tendo se tornado recentemente auto-suficiente em petróleo.

A matriz energética do Brasil tem 45% das suas fontes renováveis, enquanto no mundo esta razão é de 14%.

ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO MERCOSUL-ISRAELO Mercosul e Israel assinaram, em 18 de dezembro de 2007, em Montevidéu, o Acordo

de Livre Comércio (ALC), finalizando um processo de negociações iniciado em 2005. Foi o primeiro acordo de livre comércio com parceiro extra-regional.

O Acordo cobre os seguintes temas: comércio de bens, regras de origem, salvaguardas, cooperação em normas técnicas, cooperação em normas sanitárias e fitossanitárias, coope-ração tecnológica e técnica e cooperação aduaneira. O ALC tem cestas nas seguintes cate-gorias: A (desgravação imediata), B (quatro anos), C (oito anos), D (dez anos) e E (quotas ou margens de referência). A oferta israelense para o Mercosul nas cestas A a D cobre 95% do total das exportações brasileiras (sendo que Israel ofertou, na cesta A, 75% de suas linhas tarifárias). A oferta do Mercosul para Israel, nas cestas A a D, cobre 92% do volume impor-tado pelo Brasil daquele país (sendo que o Mercosul ofertou 35% de suas linhas tarifárias na cesta C, 27% na D e 24% na A).

Para entrar em vigor, o ALC depende da aprovação dos Congressos Nacionais dos países envolvidos. No Brasil, a expectativa é que seja aprovado até o final de 2008.

A Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria está preparada para assessorar empre-sários interessados em diferentes oportunidades e será o foro adequado para a confluência dos interesses comerciais israelenses e brasileiros. A íntegra do acordo, além de outras con-siderações, está no site da Câmara: www.cambici.org.br.

Português �

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2.1. LegislaçãoO capital estrangeiro no Brasil é regido pelas leis 4.131, de 3 de setembro de 1962, e

4.390, de 29 de outubro de 1964, ambas regulamentadas pelo Decreto 55.762, de 17 de fevereiro de 1965.

2.2. ConceitoO artigo 1° da Lei n° 4.131, de 3 de setembro de 1962, define como sendo capital

estrangeiro, os bens, as máquinas e os equipamentos entrados no Brasil sem dispêndio inicial de divisas, destinados à produção de bens ou serviços, bem como os recursos fi-nanceiros ou monetários introduzidos no país para aplicação em atividades econômicas desde que, em ambas as hipóteses, pertençam a pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no exterior.

A esse capital estrangeiro investido no País, a lei brasileira confere tratamento idên-tico ao capital nacional, em igualdade de condições, sendo vedada qualquer forma de discriminação.

Das várias modalidades de capital estrangeiro existentes, chamamos a atenção para aqueles que ingressarem no País sob a forma de investimento direto ou de empréstimo, seja ele em moeda, seja em bens, pois constituem a maior parte do ingresso de capi-tal em países em desenvolvimento. A Circular BACEN n° 2997/00 define o Investimento Estrangeiro Direto (IED) como sendo as participações no capital social de empresas no País, pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no

Por Renato Ochman e Lisandra Caloghero Pereira Brasil - Ochman, Real Amadeo Advogados

2. caPiTaL esTRangeiRo

exterior, integralizadas ou adquiridas na forma da legislação em vigor, bem como o capital destacado de empresas estrangeiras autorizadas a operar no País.

Cumpre destacar também as aplicações de capital estrangeiro nos mercados finan-ceiros e de capitais (chamadas de investimentos em portfólio) regulamentadas pela Re-solução n° 2.689 do Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelas Circulares BACEN n°s 2.963 e 2.975, de 2000. Tanto investidores institucionais quanto investidores individuais podem investir no mercado financeiro e de capitais brasileiro. É necessário, entretanto, que o investidor estrangeiro nomeie um representante para ficar responsável pela pres-tação de informações e registros perante o Banco Central do Brasil e perante a Comissão de Valores Mobiliários. Se este representante for pessoa não financeira, o investidor deve nomear também uma instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, a qual ficará co-responsável pelo cumprimento de suas obrigações.

2.3. RegistroTodo capital estrangeiro deve ser registrado. Somente com o registro se tornam

possíveis quaisquer movimentações de recursos recebidos e remetidos ao exterior, destacando-se a remessa dos lucros, dividendos, juros sobre o capital próprio, rein-vestimento desse lucro na empresa receptora em que foram gerados, o repatriamento de capital, dentre outros.

Referido registro deve ser efetuado perante o Banco Central do Brasil, em seu Sistema de Informações (SISBACEN), através do Módulo RDE-IED (Registro Declaratório Eletrônico – Investimento Externo Direto).

O registro é de responsabilidade da empresa receptora do investimento externo direto e do investidor estrangeiro, através de seu representante no País. Se as informações a se-rem prestadas forem omitidas, se estiverem incorretas e/ou incompletas, ou ainda, forem prestadas fora do prazo, os responsáveis pelo registro estarão sujeitos às penalidades pre-vistas em lei, podendo ocasionar a suspensão ou cancelamento do respectivo registro.

O registro deve ser feito no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de seu ingresso no País. Exceções: 1) registro de investimentos em bens tangíveis = 90 dias contados da data do desembaraço alfandegário; 2) adiantamento para futuro aumento de capital.

O artigo 4° da Lei 4.131/1962 dispõe que o registro será efetuado na moeda do país de origem. No caso de reinvestimento de lucro, o registro será feito, simultaneamente, em moeda nacional e na moeda do país para o qual poderiam ter sido remetidos. Quando se tratar de capital representado por bens, na falta de comprovantes satisfatórios, o registro será feito segundo os valores apurados na contabilidade da empresa receptora do capital ou ainda pelo critério de avaliação que for determinado em regulamento.

O registro do capital estrangeiro não se sujeita à prévia análise do Banco Cen-tral do Brasil.

Recomendamos que seja feita sempre uma consulta prévia à legislação específica, face as constantes atualizações recebidas.

Importante ressaltar que, em algumas atividades empresariais no Brasil, é vedada ou restrita a participação de investidores estrangeiros.

� Capital Estrangeiro - Brasil Português �

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3.1. IntroduçãoNos termos do artigo 981 do Código Civil Brasileiro, celebram contrato de sociedade

as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

3.2. Sociedades PersonificadasA lei brasileira confere personalidade jurídica às sociedades a partir da inscrição de

seus atos constitutivos no registro competente - o empresário e a sociedade empresária sujeitam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais (órgãos de jurisdição estadual) e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Ju-rídicas. O patrimônio da sociedade não se confunde com o patrimônio de seus sócios. No entanto, quando verificado o uso abusivo da sociedade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, conforme previsto no artigo 50 do Código Civil Brasileiro, poderá o juiz “levantar o véu” da pessoa jurídica para atingir os bens particula-res dos sócios, de forma a impedir a concretização de fraude à lei ou contra terceiros.

Dependendo do objeto da sociedade, ela poderá ser empresária ou simples. Será em-presária a sociedade que tiver por objeto o exercício de atividades próprias de empresário, ou seja, o exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Nas demais hipóteses, a sociedade será simples. A única exceção que se faz é quanto à sociedade anônima e à cooperativa em que, independente-mente de sua finalidade, serão consideradas, respectivamente, empresária e simples.

3.2.1. Sociedade Simples (artigos 997 a 1.038 do Código Civil Brasileiro)O legislador contemplou às sociedades que tenham por objetivo outras atividades,

que não as de um empresário, o tipo societário simples. Sendo assim, o exercício de atividades intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, desde que não cons-

Por Renato Ochman e Lisandra Caloghero Pereira Brasil - Ochman, Real Amadeo Advogados

3. ModaLidades socieTÁRias

titua elemento de empresa, será objeto da sociedade simples. Seus sócios poderão ser responsabilizados subsidiariamente pelas obrigações sociais, se os bens sociais não forem suficientes para cobrirem o montante da dívida. Admite-se, no entanto, que o contrato estipule regras de responsabilidade solidária.

As sociedades simples, bem como as empresárias, podem ainda constituir-se de con-formidade com os tipos societários abaixo relacionados, ressalvado que a sociedade sim-ples não poderá estruturar-se na forma de sociedade anônima, tão pouco na forma de comandita por ações, por estas últimas possuirem natureza essencialmente empresária.

3.2.2. Sociedade em Nome Coletivo (artigos 1.039 a 1.044 do Código Civil Brasileiro)

Somente as pessoas físicas podem figurar como sócias desta modalidade societária, respondendo solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. A administração da so-ciedade em nome coletivo deve, necessariamente, ser exercida por seus sócios.

3.2.3. Sociedade em Comandita Simples (artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil Brasileiro)

Na sociedade em comandita simples, temos 2 (duas) categorias de sócios que devem ser discriminados no contrato, quais sejam: os sócios comanditados e os sócios comandi-tários. Os sócios comanditados só podem ser pessoas físicas, são responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais e a eles compete a administração da sociedade. Já os sócios comanditários podem ser pessoas físicas ou jurídicas e sua responsabilidade é limitada às suas contribuições ao capital social.

3.2.4. Sociedade Limitada (artigos 1.052 a 1.087 do Código Civil Brasileiro)É a modalidade societária predominante no Brasil. Na sociedade limitada, o capital so-

cial é dividido em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas delas a cada sócio. São necessários, no mínimo, dois sócios, podendo estes ser pessoas físicas ou jurídicas.

A responsabilidade de cada sócio, nos termos do artigo 1.052 do Código Civil Bra-sileiro, é restrita ao valor de suas quotas, porém todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

A única restrição é que na sociedade limitada é vedada a contribuição que consista em prestação de serviços.

A administração deste tipo societário poderá ser exercida por pessoas físicas, sejam elas sócias ou não da sociedade.

Por fim, é necessário mencionar que as sociedades limitadas poderão adotar supleti-vamente as normas das sociedades anônimas, que veremos a seguir.

3.2.5. Sociedade Anônima (artigos 1.088 a 1.089 do Código Civil Brasileiro; Lei n° 6.404/1976 e suas posteriores alterações)

Outro tipo societário de grande incidência no Brasil é a sociedade anônima. A socie-dade anônima ou companhia tem o capital dividido em ações e a responsabilidade de

10 Modalidades Societárias - Brasil Português 11

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seus sócios será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas, devendo ter, no mínimo, dois acionistas, pessoas físicas ou jurídicas. A companhia será aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.

As ações, por sua vez, devem ser nominativas e podem ser de diferentes espécies: (a) ordinárias: são obrigatórias em todas as companhias e conferem aos seus titulares o direito de voto nas deliberações sociais; (b) preferenciais: seus titulares podem não ter o direito de voto ou tê-lo de modo restrito. Em compensação, poderão ser instituídas a estas, vantagens especiais como, por exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos ou ainda no reembolso de capital. Não se admite a constituição de uma sociedade anô-nima composta apenas por ações preferenciais, sua quantidade é limitada pelo legislador. Atualmente o número de ações preferenciais de uma companhia não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas; e (c) de fruição: são aquelas resultantes da amortização das ações ordinárias e/ou preferenciais.

Admite-se na sociedade anônima que os acionistas celebrem um acordo para regular a compra e venda de ações e a preferência para adquiri-las, o exercício do direito de voto ou do poder de controle. A este acordo de acionistas a lei confere a possibilidade de exe-cução específica das obrigações ali assumidas.

Os principais órgãos da sociedade por ações são: a assembléia geral, o conselho de administração, a diretoria e o conselho fiscal.

A assembléia geral é órgão soberano à qual se reúnem os acionistas, na sede da socie-dade, para deliberar acerca dos assuntos de sua competência, assim fixados em lei.

A administração da companhia competirá ao Conselho de Administração e à Diretoria. O Conselho de Administração, órgão de deliberação colegiada, é obrigatório nas socieda-des anônimas de capital aberto e nas de capital autorizado, sendo, portanto, facultativo nas companhias fechadas. A Diretoria, por sua vez, é indispensável em qualquer espécie de sociedade anônima, por constituir órgão de representação da companhia.

Já o Conselho Fiscal, ainda que obrigatório no estatuto, poderá ter seu funcionamento permanente ou eventual e tem por finalidade fiscalizar os órgãos incumbidos da adminis-tração da sociedade, protegendo assim os interesses da companhia e, conseqüentemente, de seus acionistas.

3.2.6. Sociedade em Comandita por Ações (artigos 1.090 a 1.092 do Código Civil Brasileiro; artigos 280 a 284 da Lei n° 6.404/1976)

Aplica-se à sociedade em comandita por ações as mesmas disposições relativas às sociedades anônimas com algumas restrições, principalmente no tocante ao con-selho de administração, autorização estatutária de aumento de capital e emissão de bônus de subscrição.

O capital desta sociedade também é dividido em ações e tem como principal carac-terística a responsabilidade subsidiária, ilimitada e solidária dos diretores ou gerentes. O cargo de diretor ou gerente só pode ser exercido por acionistas da sociedade e sua desti-tuição se opera por deliberação de 2/3 (dois terços) do capital social.

Por este motivo é que se proíbe, sem o consentimento dos diretores ou gerentes, a alteração do objetivo essencial da sociedade, bem como do seu prazo de duração, capital social, dentre outros.

3.2.7. Sociedade em Conta de Participação (artigos 991 a 996 do Código Civil Brasileiro)

A lei não confere a esta sociedade personalidade jurídica.Na sociedade em conta de participação temos, também, 2 (dois) tipos de sócios: o sócio

ostensivo e o sócio participante. O sócio ostensivo tem responsabilidade ilimitada e pessoal na medida em que assume as obrigações sociais em seu próprio nome. Os sócios participan-tes respondem somente perante os ostensivos, conforme pactuado entre eles e não perante terceiros. As contribuições ao patrimônio desta sociedade constituem um patrimônio espe-cial. Caso o sócio ostensivo vir a falência, caracterizará a dissolução da sociedade em conta de participação. A prestação de contas ocorre na forma da lei processual.

3.3. Outras formasFinalmente, vale dizer que a legislação brasileira também confere personalidade

jurídica às associações (união de pessoas para fins não lucrativos), fundações (des-tinadas a fins religiosos, morais, culturais ou de assistência) e cooperativas (cons-tituídas para prestar serviços aos seus associados, não objetivam lucro e possuem particularidades próprias).

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Os dividendos pagos e os lucros distribuídos, gerados a partir de janeiro de 1996, por empresas brasileiras a pessoas físicas ou jurídicas sediadas no Brasil ou no exterior não sofrem incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte.

4.2. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)A CSLL é outro tributo incidente sobre o lucro líquido ajustado, à alíquota de 9%.

A ela se aplicam diversas regras do IRPJ, inclusive os métodos de apuração pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado.

4.3. Contribuições para a Seguridade Social (PIS e COFINS)Essas contribuições incidem sobre o faturamento da empresa, entendido como o

total da receita bruta auferida. As alíquotas de COFINS e PIS serão de 7,6% e 1,65%, respectivamente, quando a empresa apurar o IRPJ pelo lucro real e poderá abater cré-ditos de PIS e COFINS calculados sobre despesas e custos relacionados à atividade da empresa. Caso a empresa adote a apuração pelo lucro presumido, a COFINS terá alíquota de 3% e o PIS de 0,65%, e não haverá possibilidade de utilização de créditos. Entretanto, as alíquotas de PIS/COFINS podem variar dependendo do tipo do produto comercializado e da prestação de serviços.

4.4. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)

A CIDE incide sobre remessas feitas ao exterior a título de: i) licença de uso ou aqui-sição de conhecimentos tecnológicos e transferência de tecnologia; ii) serviços técnicos e de assistência administrativa; e iii) royalties. A alíquota da contribuição é de 10%. O contribuinte é a empresa remetente.

4.5. Imposto de Importação (II)O II incide na importação de produtos e mercadorias ao Brasil. A alíquota varia

conforme o tipo de produto importado. Sobre o valor CIF da importação, acrescido do II, há ainda a incidência do IPI, do ICMS e das Contribuições para a Seguridade Social (PIS e COFINS).

4.6. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)O IPI incide na saída de produtos industrializados, realizada por estabelecimento

industrial ou equiparado a industrial e na entrada no Brasil de produtos importados. A alíquota do imposto depende do tipo do produto. O IPI também permite o abatimento dos créditos recolhidos nas operações anteriores, pois é um tributo não-cumulativo.

4.7. ICMSIncide sobre a circulação de mercadorias no mercado interno, na importação de

produtos estrangeiros, sobre os serviços de comunicação e de transporte interestadual e intermunicipal. A alíquota do ICMS varia de acordo com o Estado e com o tipo da ope-ração, sendo que, na maioria dos Estados, a alíquota interna gira em torno de 18% para

Português 1�

A legislação brasileira prevê a incidência de diversos tributos, nas esferas Federal, Estadual e Municipal. Os mais relevantes são:

4.1. Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)O IRPJ incide à alíquota de 15% sobre o lucro líquido ajustado da empresa (lucro

real). Caso esse lucro apurado no ano ultrapasse R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) haverá incidência adicional de 10%.

A legislação fiscal prevê três métodos de apuração do IRPJ: (i) A apuração pelo Lu-cro Real permite a dedução dos custos e despesas determinados na legislação tributária para fins de determinação da base de cálculo do imposto; (ii) A apuração pelo Lucro Presumido não permite a dedução das despesas incorridas pela empresa. A legislação brasileira presume a margem de lucro aplicável sobre a receita bruta da empresa. A margem de lucro presumido varia, dependendo da atividade da empresa, entre 1,6% a 32%. Para atividades industriais e comerciais, a margem de lucro presumido é de 8%. Há algumas restrições para se optar por esse método de apuração, por exemplo, a em-presa deve ter receita bruta anual inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais); (iii) A apuração pelo Lucro Arbitrado aplica-se quando o contribuinte não mantém registro dos seus rendimentos, custos e despesas.

Por Lionel Zaclis – Barreto Ferreira, Kujawski, Brancher e Gonçalves Sociedade de Advogados

4. TRiBuTaÇÃo

14 Tributação - Brasil

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Português 1�1� Tributação - Brasil

circulação e importação de mercadorias, e de 25% sobre os serviços de comunicação. É um tributo não-cumulativo, compensando-se créditos com débitos.

4.8. Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)O ISS incide sobre a prestação de determinados serviços. A alíquota varia entre 2%

a 5%, dependendo do tipo do serviço e do município no qual o prestador de serviços está estabelecido.

4.9. Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF)O IRPF incide sobre os rendimentos auferidos pela pessoa física, à alíquota progres-

siva de 15% a 27,5%. A legislação brasileira permite a dedução de algumas despesas determinadas em lei, para fins de apuração da base de cálculo do IRPF.

4.10. Acordos Internacionais para evitar a Dupla TributaçãoA incidência do Imposto de Renda e a fixação de suas alíquotas podem restar limita-

das por Acordos Internacionais firmados pelo Brasil, a fim de evitar a Dupla Tributação. Segue a relação de países que firmaram Acordos Internacionais com o Brasil:

África do Sul, Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, China, Coréia, Dinamarca, Equador, Espanha, Filipinas, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Índia, Isra-el, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Portugal, República Checa e Eslováquia, Suécia e Ucrânia.

4.11. Acordo Internacional entre Brasil e IsraelBrasil e Israel firmaram Acordo Internacional para evitar a Dupla Tributação para

fins de Imposto de Renda em 2002, o qual foi promulgado no Brasil através do Decreto n° 5.576, de 8 de novembro de 2005.

5.1. Regras Gerais do Direito do TrabalhoNo Brasil, o Direito do Trabalho tem sua regulamentação estabelecida na Constituição

Federal de 1988, e a base da legislação trabalhista encontra-se prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei no. 5.452, de 1o de maio de 1943), conhecida interna-mente como CLT. Há ainda a previsão de leis específicas, bem como as Convenções Cole-tivas de cada categoria profissional, firmadas pelos sindicatos laborais, e as Convenções e Tratados Internacionais.

A relação empregador e empregado se estabelece pelos denominados Contratos de Trabalho, que podem ser realizados de forma verbal ou escrita e que descrevem, de forma detalhada, os direitos e deveres de ambas as partes.

Por Nina Bueno Lahoz Moya – Rosenbaum Advocacia

5. RegiMes e encaRgos TRaBaLHisTas

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Para maior segurança das relações trabalhistas, aconselha-se que os Contratos de Tra-balho se formalizem por escrito, garantindo às partes a possibilidade de registrarem os termos e condições do pacto laboral, definindo qual será a função do empregado, sua carga horária, seu salário e outros termos importantes que evitarão possíveis controvérsias durante a vigência deste contrato.

Os Contratos de Trabalho podem ter diferentes períodos de duração, podendo ser por prazo indeterminado, sem um termo final definido, ou por prazo determinado, onde as partes ajustam uma data inicial e final ao contrato, podendo durar no máximo dois anos. A forma mais comum no Brasil é o contrato por prazo indeterminado.

Diversos são os tipos de regimes trabalhistas que gerenciam a relação entre empre-gado e empregador, sendo que os principais são os contratos estabelecidos pela CLT e o contrato autônomo.

A principal diferença entre o empregado e o trabalhador autônomo está na subordina-ção, pois o empregado é trabalhador subordinado, realizando suas tarefas para outrem que assume os riscos da atividade desenvolvida, enquanto o autônomo trabalha sem subordi-nação, por conta própria, suportando os riscos de sua atividade.

Ademais, as relações trabalhistas contêm diferentes encargos que variam conforme o regime de trabalho escolhido, podendo haver Encargos Sociais e Encargos Trabalhistas. Os Encargos Sociais são taxas e contribuições pagas pelo empregador para financiamento das políticas públicas, que beneficiam de forma indireta o trabalhador, e incluem a Seguridade e Previdência Social – INSS e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. Já os En-cargos Trabalhistas são os valores pagos diretamente ao empregado, mensalmente ou no final de seu contrato de trabalho.

Os empregados em regime celetista, estabelecidos na CLT, em regra recebem como en-cargos trabalhistas, além da carteira assinada a partir do primeiro dia de trabalho, um sa-lário fixo ou variável, décimo terceiro salário, descanso semanal remunerado (DSR), inter-valos, licenças, hora extra, adicional noturno, de insalubridade e de periculosidade, quando devidos, férias acrescidas do terço constitucional, salário família, aviso prévio, entre outros benefícios devidos em casos específicos.

Ressalta-se, ainda, que ao iniciar o pacto laboral, o empregado assina um Contrato de Experiência, que não pode exceder o período de 90 (noventa) dias, podendo ser dividido em um período de 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por mais 45 (quarenta e cinco) dias.

Em outro plano, estão as relações trabalhistas autônomas, com regras, institutos e princípios jurídicos próprios. Os autônomos não estão sujeitos a um controle diário de sua jornada de trabalho e não há necessariamente uma exclusividade de prestação de serviços para determinado empregador, recebendo, em contrapartida dos serviços prestados, ape-nas seu salário e direitos previdenciários.

5.2. Encargos Sociais5.2.1. Seguridade e Previdência Social

A Seguridade Social está destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, à previ-dência e à assistência social. Já a Previdência Social, mediante contribuição, atenderá a:

i) cobertura de eventos de doença, invalidez, morte, incluída os resultantes de acidente do trabalho, velhice e reclusão; ii) ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda; proteção à maternidade, especialmente à gestante; iv) proteção ao trabalha-dor em situação de desemprego involuntário; e v) pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

5.2.2. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTSÉ recolhido em um importe de 8% sobre o salário do trabalhador e, mensalmente, de-

positado em uma conta específica, que é bloqueada e só poderá ser movimentada quando o funcionário é demitido sem justa causa, ocasião em que recebe, ainda, uma multa de 40% sobre o FGTS já depositado ou 3 (três) anos após o pedido de demissão do empregado.

5.3. Encargos Trabalhistas5.3.1. Salário

Montante definido ao início do contrato de trabalho, entre empregador e empregado.

5.3.2. Décimo Terceiro SalárioBenefício correspondente a 1/12 do salário mensal do trabalhador. O benefício poderá

ser pago em duas parcelas, sendo que a primeira até o dia 30 de novembro e a segunda parcela até o dia 20 de dezembro.

5.3.3. Descanso Semanal Remunerado (DSR)Todo trabalhador tem direito a repouso remunerado de no mínimo onze horas consecu-

tivas para descanso - entre duas jornadas de trabalho, um descanso semanal de 24 horas consecutivas e nos feriados civis e religiosos de acordo com a tradição local. Existem di-versos acordos coletivos de compensação de horas para que o sábado seja livre, totalizando uma carga horária mensal de 40 horas.

5.3.4. IntervalosO empregado tem direito a intervalos para descanso e refeição, variando conforme sua

carga horária de trabalho.

5.3.5. LicençasAs principais são licença paternidade, licença maternidade, licença para tratamento de

saúde, entre outras.

5.3.6. Hora ExtraA legislação trabalhista vigente estabelece que a duração normal do trabalho, salvo

os casos especiais, é de 8 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) horas semanais, no máximo. Caso o empregado exceda este horário, receberá um adicional de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho ser acres-cida de horas suplementares, em número não excedente a duas, no máximo, para efeito

Português 1�1� Regimes e Encargos Trabalhistas - Brasil

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de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido.

5.3.7. Adicionais de RemuneraçãoOs adicionais de remuneração incidem sobre as atividades penosas, insalubres e peri-

gosas. Os percentuais variam entre 5% e 40%.O Adicional de Periculosidade é para os que trabalham com habitualidade em locais

perigosos. São consideradas atividades perigosas, na forma da regularização aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem no contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.

O Adicional de Insalubridade incide para os que trabalham com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida.

Já o Adicional Noturno destina-se aos trabalhadores que efetuam serviços realizados entre as 22h00 de um dia às 5h00 do dia seguinte. A hora normal tem a duração de 60 (sessenta) minutos e a hora noturna, por disposição legal, nas atividades urbanas, é com-putada como sendo de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. Ou seja, cada hora noturna sofre a redução de 7 (sete) minutos e 30 (trinta) segundos ou ainda 12,5% sobre o valor da hora diurna.

5.3.8. FériasA cada 12 (doze) meses de trabalho, o trabalhador fará jus a 30 (trinta) dias de férias,

recebendo o equivalente a um mês de salário. As férias podem ser acumuladas, até o máxi-mo de 2 (dois) anos, no caso de necessidades do serviço, ressalvadas nas hipóteses em que haja legislação específica. Será concedido o Adicional de Férias (ou Abono Constitucional) que é a complementação correspondente a 1/3 (um terço) do período de férias, calculado sobre a remuneração.

5.3.9. Salário FamíliaBenefício pago aos trabalhadores com salário mensal de até R$ 710,08 (setecentos e

dez reais e oito centavos), para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 (quatorze) anos incompletos ou inválidos. O valor do salário família será de R$ 24,23 (vinte e quatro reais e vinte e três reais), por filho, para quem ganhar até R$ 472,43 (quatrocentos e setenta e dois reais e quarenta e três centavos). Para o trabalhador que receber de R$ 472,44 (qua-trocentos e setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos) até R$ 710,08 (setecentos e dez reais e oito centavos), o valor do salário família por filho será de R$ R$ 17,07 (dezes-sete reais e sete centavos).

5.3.10. Aviso PrévioA Constituição Federal garante ao trabalhador aviso prévio proporcional ao tempo de

serviço. No caso dos trabalhadores que recebem salários mensalmente, o aviso deverá ser de, no mínimo, 30 (trinta) dias de antecedência.

Português �1�0 Regimes e Encargos Trabalhistas - Brasil

O Brasil possui um acordo com Israel no sentido de não ser necessário visto prévio para turismo e/ou negócio. Por este motivo, o visto será classificado por ocasião da entra-da do estrangeiro no País. Contudo, para exercer alguma atividade laboral no Brasil, assim como em qualquer país do mundo, o visto sempre será necessário.

6.1. Visto de TuristaO Visto de Turista deverá ser utilizado única e exclusivamente para fins de lazer, sendo

vedada qualquer atividade voltada a trabalho, remunerado ou não. Conforme mencionado acima, o visto será classificado por ocasião da entrada do estrangeiro no País.

6.2. Visto de NegóciosNa hipótese em que o estrangeiro venha a negócios, para participar de reuniões, con-

gressos e/ou contatos comerciais, por conta de sua empregadora no exterior, ou mesmo por conta própria, o visto correto é o de negócios. Conforme mencionado acima, o visto será classificado por ocasião da entrada do estrangeiro no país.

6.3. Visto Temporário de TrabalhoNa hipótese em que o estrangeiro venha trabalhar no Brasil, deverá ser solicitado um

Visto Temporário. Este tipo de visto está dividido nas seguintes categorias:

Por Edson Zular Zveibil – Rosenbaum Advocacia

6. VisTos

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Português ���� Vistos - Brasil

6.3.1. Com Vínculo Empregatício – CLTNesta hipótese, o estrangeiro passa a integrar a folha de pagamento da empresa bra-

sileira e o seu Contrato de Trabalho é regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT brasileira. Este visto pode ser autorizado por até 2 (dois) anos, possível de prorrogação por igual período, e transformado em permanente após 4 (quatro) anos, pelo Ministério da Justiça, sendo exigido que o estrangeiro tenha no mínimo 1 (um) ano de experiência profissional, caso tenha nível superior de ensino, e 2 (dois) anos para nível médio.

6.3.2. Sem Vínculo EmpregatícioNão havendo o vínculo empregatício, ou seja, permanecendo o estrangeiro em-

pregado da empresa no exterior, o seu visto é autorizado com base em um Contrato de Transferência de Tecnologia, Assistência Técnica ou Cooperação Técnica, firmado entre a empresa brasileira e a empresa estrangeira. Será autorizado um visto de um ano, prorrogável por mais um ano. Para esta categoria é exigido o mínimo de 3 (três) anos de experiência na área de atuação, sendo vedada a prestação de serviços nas áreas administrativa, financeira e gerencial. Ainda, para prestação de serviços técnicos de curta duração, o visto é mais simplificado. O prazo será de 90 (noventa) dias e improrrogável.

6.4. Visto PermanenteEste tipo de visto é destinado àqueles estrangeiros que venham ocupar cargo de Ad-

ministrador ou Representante Legal em empresa brasileira, em que a empresa estran-geira tenha investido valor igual ou superior a U$ 200.000,00 (duzentos mil dólares), a título de investimento de capital a longo prazo, devidamente registrado no Banco Central do Brasil.

Também poderá ser concedido o Visto Permanente para administrador, com investi-mento igual ou superior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares), desde que a empresa brasileira apresente um plano de criação de, no mínimo, 10 (dez) novos empregos no prazo de 2 (dois) anos.

O valor do investimento para a concessão de um Visto Permanente para Investidor Pessoa Física, foi reduzido para US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares), não sendo mais necessário apresentar um plano de absorção de mão de obra nacional.

A critério do Conselho Nacional de Imigração, poderá ser concedido Visto Perma-nente a Investidor Pessoa Física, com investimento inferior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares), desde que seja apresentado um plano de absorção de mão de obra brasi-leira, de no mínimo 10 (dez) pessoas, para o período de 5 (cinco) anos.

A proteção conferida no Brasil à propriedade industrial decorre da Constituição Fede-ral, bem como de diversas leis federais e tratados internacionais assinados e ratificados pelo Brasil. A legislação brasileira está adequada aos padrões mínimos estipulados no TRIPS – Trade Related Aspects of Intelectual Proprety Rights (Acordo Relativo aos Aspec-tos de Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio), elaborado pela OMC – Organização Mundial do Comércio. O INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial é o órgão governamental responsável pela regulação e execução das normas de propriedade industrial, estabelecidas pela Lei no. 9.279/1996.

7.1. MarcasO registro da marca no Brasil pode ser requerido como marca brasileira ou estran-

geira, sendo que a marca estrangeira é registrada nos termos da Convenção de Paris, que estabelece um período de prioridade exclusiva de 6 (seis) meses, a contar do pedido de registro no país de origem, para que seu titular requeira o registro da mesma marca em outros países signatários.

O uso da marca é essencial para sua proteção no Brasil, sendo que o registro cadu-cará caso a marca não seja utilizada durante 5 (cinco) anos após a data de seu registro. Também caducará nos casos em que o uso seja interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos. O registro da marca será válido por 10 (dez) anos, sendo que tal proteção poderá ser renovada por períodos idênticos e sucessivos.

Para requerer o registro de marca no Brasil é necessário apresentar alguns documen-tos ao INPI, dentre eles: (i) cópia certificada do pedido de registro ou do certificado da marca no país de origem, no caso do pedido ser depositado com reivindicação de priori-dade; (ii) declaração comprovando que a empresa é constituída legalmente em seu país e especificando as atividades que desenvolve, que deverão ser diretamente relacionadas

Por Edson Zular Zveibil – Rosenbaum Advocacia

7. PRoPRiedade indusTRiaL

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Português ���4 Propriedade Industrial - Brasil

com os produtos/serviços para os quais pretende se obter registro no Brasil; (iii) amostras das marcas a serem registradas, se as mesmas forem constituídas por símbolos, desenhos, cores ou letras estilizadas; e (iv) procuração que deverá incluir poderes expressos para que o procurador receba citações judiciais referentes a ações que, eventualmente, digam respeito a questões envolvendo o titular da marca.

7.2. PatentesA legislação brasileira prevê 2 (dois) tipos de modalidade de patente: Patente de In-

venção e Patente de Utilidade. Para ambos os tipos é necessário se realizar um exame téc-nico quanto aos seguintes requisitos: (i) novidade; (ii) atividade inventiva e ato inventivo; e (iii) aplicação industrial.

A solicitação de uma patente deve ser apresentada, detalhando os requisitos acima, perante o INPI, que terá o prazo de até 18 (dezoito) meses para emitir um certificado de solicitação de patente. Passado este período, o pedido do inventor será publicado, inician-do-se um prazo de 36 (trinta e seis) meses para que qualquer interessado requeira uma análise formal do produto desenvolvido, período este que possibilitará o questionamento da invenção. Somente após este período de exame formal é que o INPI concederá, caso não haja objeções fundadas que prejudiquem o pedido, a carta-patente, mediante o pa-gamento de uma taxa. É possível ao inventor solicitar a publicação de seu invento antes do período de 18 (dezoito) meses, sem que isto prejudique o requisito da novidade.

Uma patente de invenção tem vigência de 20 (vinte) anos e a patente de modelo de utilidade 15 (quinze) anos, ambas contadas a partir da data de depósito do pedido perante o INPI ou da reivindicação de prioridade.

A patente poderá ser extinta nos seguintes casos: (i) término do prazo de vigência; (ii) caducidade; iii) falta de pagamento da taxa anual; (iv) renúncia de seu titular; (v) ausência de procurador no Brasil com poderes expressos para receber citações judiciais referentes a ações que, eventualmente, digam respeito a questões envolvendo a patente; ou (vi) me-diante decisão transitada em julgado através de processo administrativo ou judicial.

A patente deverá ser utilizada comercialmente no território brasileiro em até 3 (três) anos após o registro no INPI, ainda que através de outras pessoas autorizadas, para evitar uma licença forçada ou a perda da proteção e dos direitos oriundos da concessão da patente.

7.3. Transferência de TecnologiaTambém regulada pelo INPI, a transferência de tecnologia envolve todo o conheci-

mento que não é tutelado por uma patente.Os contratos de transferência de tecnologia devem especificar qual o seu objeto e

qual propriedade industrial está envolvida, bem como indicar os termos e as condições do uso e comercialização da tecnologia. Todos estes contratos devem ser averbados no INPI com a finalidade de: (i) tornar possível a remessa de pagamentos para o exterior, observadas as regras cambiais e tributárias; (ii) permitir a dedutibilidade fiscal destes pagamentos, observada a legislação tributária; e (iii) validade contra terceiros.

O INPI admitirá a vigência máxima de 5 (cinco) anos, renováveis por igual período, desde que justificada a necessidade de se continuar a receber a tecnologia.

Os contratos não podem contemplar o retorno/devolução dos conhecimentos tec-nológicos recebidos pelo receptor e a cessação do uso da tecnologia, quando do término do contrato, pois não se admite o conceito licença de tecnologia, mas tão somente a transferência de tecnologia. Também não é possível contemplar pagamen-tos retroativos de royaltyies.

A remuneração pela transferência da tecnologia pode ser estipulada em um preço fixo; preço determinado para cada item vendido; porcentagem dos lucros oriundos com a transferência; porcentagem sobre o preço líquido de venda.

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Português ���� Lei Antitruste - Brasil

O governo brasileiro, por meio da Lei n.o 8.884 de 11 de junho de 1994 (Lei Antitruste), instituiu o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). Esse sistema consiste na atuação de 3 (três) órgãos governamentais na prevenção e combate às infrações contra a ordem econômica. São eles: a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), a Secreta-ria de Direito Econômico (SDE) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

O trabalho desses órgãos divide-se da seguinte forma: (i) a SEAE é responsável por emitir pareceres econômicos em atos de concentração, investigar condutas para oferecer representação à SDE, bem como elaborar pareceres em investigações sobre condutas an-ticoncorrenciais; (ii) a SDE é o órgão responsável por instruir a análise concorrencial dos atos de concentração econômica (fusões, aquisições, etc.), bem como investigar infrações à ordem econômica; (iii) o CADE é responsável por julgar, na esfera administrativa, tanto os processos administrativos que tratam de condutas anticoncorrenciais quanto as análises de atos de concentração econômica, após receber os pareceres da SDE e SEAE, que não lhe são vinculativos.

A atuação desses órgãos, segundo disposto no artigo 1o da Lei Antitruste, deverá ser sempre “orientada pelos ditames constitucionais da liberdade de iniciativa, livre concor-rência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso de poder econômico”.

O principal objetivo do SBDC é proteger a coletividade, através da criação e manutenção de um ambiente concorrencial saudável, propício ao desenvolvimento econômico, onde seja possível encontrar diversificação e inovação de produtos e serviços, além de maior qualida-de a preços mais baixos.

Nesse sentido, a Lei Antitruste determina serem lesivas à ordem econômica as práticas comerciais que tenham por objeto ou que possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não venham a ser alcançados: (i) limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou livre iniciativa; (ii) dominar mercado relevante de bens ou serviços; (iii)

Por Lionel Zaclis – Barreto Ferreira, Kujawski, Brancher e Gonçalves Sociedade de Advogados

8. Lei anTiTRusTe

aumentar arbitrariamente os lucros; ou (iv) exercer de forma abusiva posição dominante.Em virtude de tal artigo, é necessário verificar a finalidade da conduta, não existindo

assim infrações per se. Eficiências comprovadas que se contraponham a eventuais condutas anticoncorrenciais podem ser suficientes para não haver penalização pelo SBDC.

Uma das condutas consideradas mais grave é a formação de cartel, que consiste em um acordo entre concorrentes visando, entre outras coisas, a fixação de preços ou quotas de produção, a divisão de clientes e de mercados de atuação.

Com o intuito de combater tal prática, o governo brasileiro reformulou recentemente o Programa de Leniência, existente desde 2000, a fim de torná-lo mais eficaz. Por meio do Programa de Leniência, a SDE está autorizada a celebrar acordos com pessoas físicas ou jurídicas, concedendo benefícios em troca de efetiva colaboração nas investigações de casos de cartel. O benefício pode ser a imunidade administrativa total ou parcial e a imunidade criminal dos dirigentes e administradores da empresa beneficiária do acordo, desde que eles o assinem e observem os requisitos do Acordo de Leniência.

Para ser beneficiário de um Acordo de Leniência, o proponente precisa se apresentar à SDE e confessar a sua participação na prática denunciada, cessar seu envolvimento na prática, cooperar plenamente na investigação, auxiliando na identificação dos envolvidos e na obtenção de provas que demonstrem a prática denunciada. Além disso, é necessário que o órgão não possua provas suficientes para condená-lo e que nenhum outro membro do cartel tenha se apresentado antes.

Ao analisar as condutas anticoncorrências, caso verifique algum prejuízo para o merca-do, o CADE poderá aplicar diversas penalidades às empresas, incluindo multa no valor de 1% a 30% do faturamento, e multa, de até 50% do valor aplicado à empresa, ao administrador ou responsável.

No que diz respeito às decisões do CADE, não cabe recurso no âmbito administrativo, porém é facultado às partes questionar judicialmente a decisão do órgão. Na decisão mais recente do judiciário sobre uma sanção imposta pelo CADE, o Tribunal Regional da 1a Região (Processo no 2006.3400.037076-4 TRF 1a Região) manteve a multa aplicada pelo órgão a uma empresa por fazer parte de um cartel investigado pela SDE e pelo CADE.

Os atos de concentração devem ser objetivamente submetidos à apreciação do CADE sempre que um desses atos resultar em participação superior a 20% do mercado relevante, ou quando pelo menos um dos grupos de empresas envolvidos na operação tenha faturamento igual ou superior a R$400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) anuais no Brasil.

O processo administrativo de análise de ato de concentração, que requer o pagamento da taxa processual no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), dura em média 120 dias, no rito ordinário, ou 90 dias quando requerido pela parte que a análise obedeça ao rito sumário, podendo variar para mais, dependendo da necessidade de novas informações para instruir o processo.

Como se pode observar, o Brasil vem aprimorando a aplicação do direito antitruste, através de uma política concorrencial que busca alcançar o equilíbrio entre a livre iniciativa e o bem-estar social, a partir de sua atuação preventiva e repressiva.

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Português ���� Aquisição de Bens Imóveis - Brasil

9.1. IntroduçãoNo Brasil, as questões relativas a bens imóveis encontram-se disciplinadas pelo Código

Civil Brasileiro.Bens imóveis, por definição legal, constituem-se do solo ou tudo aquilo fixado ao

solo que possua caráter de imobilidade e que não possa ser removido sem dano ou desvalorização.

Em via de regra, o proprietário do solo é também o proprietário do subsolo e do seu res-pectivo espaço aéreo, podendo explorar sua profundidade e/ou sua altura para construções que lhe sejam úteis, como garagens subterrâneas ou edifícios, respectivamente. Todavia, o Estado reserva para si a exploração econômica dos recursos minerais encontrados no sub-solo, cabendo às entidades privadas obterem licenças para sua exploração.

A mesma regra é aplicada ao espaço aéreo, sendo permitido ao proprietário construir verticalmente, cabendo aos municípios impor limites de altura, os quais são estabelecidos pelas normas de zoneamento.

9.2. Direito à Posse e Direito à PropriedadeA legislação nacional trata da questão dos bens imóveis com muita atenção, cobrindo-

os de formalidades que buscam proteger referidos bens e o direito à posse e à propriedade de seus agentes.

Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade. A posse inicia-se a partir do momento em que o agente exterioriza

Por Ivan Luvisotto – Suchodolski Advogados Associados

9. aQuisiÇÃo de Bens iMóVeis no BRasiL

um comportamento de dono do imóvel, como por exemplo, percebe frutos do mesmo.Já o direito à propriedade, absoluto e exclusivo, é o que possui maior relevância dentre

os direitos relacionados aos bens. O Código Civil define o proprietário como sendo aquele que possui o direito de usar, gozar e dispor da coisa.

9.3. Aquisição de Bens ImóveisEmpresas estrangeiras deparam-se com as mesmas previsões legais aplicadas às so-

ciedades brasileiras. Algumas condições especiais podem aplicar-se à aquisição de pro-priedades localizadas próximas à costa ou fronteiras, em áreas rurais ou certas áreas específicas, consideradas como de segurança nacional. Todavia, não há restrições para aquisição de bens imóveis no perímetro urbano.

A propriedade de bens imóveis pode ser adquirida no Brasil das seguintes formas: (i) transação entre partes; (ii) usucapião, que ocorre quando há a posse incontestada da propriedade por um determinado número de anos; (iii) através de sucessão; ou (iv) por deslocamentos naturais do solo.

Em se tratando de transações contratuais, forma mais usual de aquisição de bens imóveis por empresas, o contrato de compra e venda deve ser feito por escrito, através de um instrumento público. Após a lavratura da escritura de compra e venda de bem imóvel, esta deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente para que gere os efeitos jurídicos da aquisição da propriedade perante terceiros. Assim, é importante res-saltar que, conforme dispõe a lei brasileira, sem o referido registro, não haverá a aquisição da propriedade. O contrato de compra e venda surtirá efeitos entre as partes, contudo, não poderá ser oposto a terceiros.

Considerando que existem exigências para o registro da escritura de compra e venda no cartório competente, incluindo a apresentação ao referido cartório de di-versos documentos, que poderão estar indisponíveis no momento em que se pretende proceder à aquisição, é comum que as partes celebrem um pré-contrato, denominado ‘promessa de compra e venda de bem imóvel’. Referido instrumento contém os termos básicos da transação, tais como o valor e a forma de pagamento, como meio de res-guardar seus direitos até que seja possível registrar a escritura e, finalmente, obter a propriedade do bem imóvel.

9.4. TributaçãoO Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), de competência dos municípios,

incide sobre a transferência inter vivos, a título oneroso, de bens imóveis, bem como a cessão de direitos reais a eles relativos. Desta forma, ao adquirir um bem imóvel, referido tributo incidirá sobre o valor da transação, o qual é usualmente suportado pelo com-prador. Sendo o ITBI de competência municipal, sua alíquota varia entre cidades, a qual poderá ser progressiva, tomando como base o valor do imóvel.

Entretanto, nos casos onde a transmissão da propriedade surge de conferência do bem imóvel ao capital social de uma sociedade, ou ainda decorrente de fusão, cisão, in-corporação ou extinção de pessoas jurídicas, referida transmissão estará isenta de ITBI, a

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não ser que mais que 50% (cinqüenta por cento) do faturamento da sociedade adquirente provenha de locação ou comercialização de bens imóveis.

9.5. Locação de Bens ImóveisNo Brasil, os contratos de locação possuem diferentes regimes jurídicos, os quais levam

em consideração: (i) a localidade do imóvel, seja ele localizado em perímetro urbano ou rural; ou ainda (ii) sua finalidade, seja ela comercial ou residencial. Os contratos de locação podem ser livremente negociados, observados certos limites legais.

As locações podem ser contratadas por tempo determinado ou indeterminado. No pri-meiro caso, o locador deverá respeitar o prazo de locação, enquanto que o locatário pode rescindir o contrato a qualquer tempo, com o pagamento de multa estipulada em contrato. Já na locação com prazo indeterminado, caso não haja disposição contratual diferente, qualquer das partes pode rescindir o contrato sem encargo algum, através de simples noti-ficação com 30 (trinta) dias de antecedência.

Nas locações de bens imóveis com fim comercial, a Lei 8.245/91, que rege as locações urbanas, estabelece que, caso a locação persista pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos e o lo-catário tenha explorado seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos, este terá direito à renovação da locação, independente da vontade do locador.

Por fim, importante mencionar que, caso o locador deseje alienar o imóvel objeto do contrato durante a vigência do mesmo, o locatário possuirá direito de preferência na compra do imóvel.

Português �1�0 Aquisição de Bens Imóveis - Brasil

10.1. Introdução e Visão GeralA proteção dos direitos dos consumidores tem sido considerada um princípio basilar do

ordenamento brasileiro desde 1988, quando a nova Constituição Cidadã consagrou tais di-reitos como fundamentais. A matéria foi regulada em maior detalhe com a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor (CDC), promulgado pela Lei Federal 8.078, de 1990. O CDC é a norma encarregada de regular e proteger os consumidores e suas relações com os fornecedores de produtos e serviços em geral.

10.2. DefiniçõesPara entender a quem se aplica o Direito do Consumidor é essencial a compreensão de

duas definições:

10.2.1. ConsumidorÉ definido como sendo “Toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou

serviço como destinatário final”.

Por Ivan Luvisotto – Suchodolski Advogados Associados

10. diReiTo do consuMidoR

* Investimentos Estrangeiros * Fusões e Aquisições * Societário e Tributário * Contencioso * Família e Sucessão

Rua Augusta, 1819, 24º andar / 01413-000 - São Paulo - SP, Brasil.Telefone: (55 11) 3372-1300 - www.suchodolski.com.br

* Planejamento Patrimonial e Sucessório * Contratos * Arbitragens e Mediações * Imobiliário

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�� Direito do Consumidor - Brasil

10.2.2. FornecedorEntendido como sendo “Toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvam atividades de produ-ção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”

As definições transcritas acima são do CDC e o Código optou por deixar as definições como facilmente aplicáveis à maioria dos casos. Apesar disso, a jurisprudência tende a in-terpretar restritivamente essas definições para coibir possíveis abusos por parte dos ‘pseu-do-consumidores’.

10.3. CaracterísticasEm termos gerais, é possível afirmar que o CDC favorece principalmente a figura do

consumidor por reconhecer este como parte mais vulnerável e, portanto, carecedora de uma legislação mais benevolente. O melhor exemplo desse favoritismo é a inversão do ônus da prova que pode ser decretado pelo juiz.

Outro traço marcante do CDC é que ele prevê a responsabilidade objetiva para os forne-cedores. Isto é, o elemento ‘culpa’ não precisa ser provado pelo consumidor: basta o dano e o liame causal ligando este ao produto/serviço. Essa regra geral, contudo, não se aplica aos profissionais liberais, que possuem responsabilidade subjetiva.

10.4. Práticas e Cláusulas Contratuais AbusivasO CDC condena o uso das práticas e cláusulas abusivas, ou determinando que tais atos/

cláusulas são nulas, ou estabelecendo uma sanção para elas. O que se enquadra como ‘abusivo’ não fica restrito aos exemplos do Código e, por isso, recomenda-se que os fornece-dores sempre busquem aconselhamento jurídico para descobrir como a jurisprudência anda interpretando esse critério.

10.5. Oferta e publicidade dos produtosAos consumidores é garantido o direito à informação adequada sobre o produto que

pretendem adquirir. Assim, a apresentação dos produtos/serviços deve ser clara, precisa, os-tensiva e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, compo-sição, preço, garantia, prazos de validade, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e à segurança dos consumidores. É, igualmente, vedada a publicidade enganosa ou abusiva.

10.6. Defesa do ConsumidorA defesa dos direitos do consumidor é, usualmente, feita através de meios judiciais.

Tanto os consumidores como os fornecedores devem ser representados por advogados e são garantidos por um devido processo legal. Os consumidores são, freqüentemente, repre-sentados por ONGs ou entidades públicas como a PROCON e o IDEC, que tornam a defesa desses direitos acessíveis às classes menos privilegiadas. Os tribunais, geralmente, sancio-nam os fornecedores condenados com punições pecuniárias ou impondo-lhes obrigações de fazer ou não fazer.

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