anÁlise da incorporaÇÃo da gestÃo sustentÁvel...

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ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DA GESTÃO SUSTENTÁVEL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS Felipe Matos Bittencourt (MACKENZIE ) [email protected] Rafael Vasconcellos Lucania Frai (MACKENZIE ) [email protected] Raquel Cymrot (MACKENZIE ) [email protected] As organizações têm sido cada vez mais cobradas pela sociedade a adotarem medidas alinhadas com o desenvolvimento sustentável. Isso se dá pelo agravamento dos problemas ambientais ocorridos nas últimas décadas. Nesse cenário, as empresas sãão também responsáveis pelos impactos causados pelos seus fornecedores. Surge também um novo perfil de consumidores que passa a ponderar os impactos causados pelo seu consumo. É nesse contexto que se insere esse trabalho, que teve como objetivo principal analisar a incorporação de sustentabilidade na cadeia de suprimentos. Para tanto, foram utilizadas como base entrevistas em profundidade com 4 dos 13 fornecedores participantes da segunda edição do projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta do Walmart Brasil, objeto de estudo deste trabalho. Além disso, foi realizada uma pesquisa do tipo survey junto aos consumidores para verificar as atitudes e comportamentos dos mesmos frente a questões sustentáveis e posteriormente foram realizadas as análises estatísticas pertinentes. Os resultados indicam que as empresas estão evoluindo na adoção de práticas sustentáveis e acreditam que existe uma tendência do mercado a valorizar cada vez mais essa inserção. Embora se tenha verificado uma tendência dos consumidores a valorizar aspectos sustentáveis no momento da compra, os resultados mostram que ainda existe muito a se desenvolver nesse sentido. Palavras-chaves: Sustentabilidade, Cadeia de Suprimentos. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DA

GESTÃO SUSTENTÁVEL NA CADEIA

DE SUPRIMENTOS

Felipe Matos Bittencourt (MACKENZIE )

[email protected]

Rafael Vasconcellos Lucania Frai (MACKENZIE )

[email protected]

Raquel Cymrot (MACKENZIE )

[email protected]

As organizações têm sido cada vez mais cobradas pela sociedade a

adotarem medidas alinhadas com o desenvolvimento sustentável. Isso

se dá pelo agravamento dos problemas ambientais ocorridos nas

últimas décadas. Nesse cenário, as empresas sãão também

responsáveis pelos impactos causados pelos seus fornecedores. Surge

também um novo perfil de consumidores que passa a ponderar os

impactos causados pelo seu consumo. É nesse contexto que se insere

esse trabalho, que teve como objetivo principal analisar a

incorporação de sustentabilidade na cadeia de suprimentos. Para

tanto, foram utilizadas como base entrevistas em profundidade com 4

dos 13 fornecedores participantes da segunda edição do projeto

Sustentabilidade de Ponta a Ponta do Walmart Brasil, objeto de estudo

deste trabalho. Além disso, foi realizada uma pesquisa do tipo survey

junto aos consumidores para verificar as atitudes e comportamentos

dos mesmos frente a questões sustentáveis e posteriormente foram

realizadas as análises estatísticas pertinentes. Os resultados indicam

que as empresas estão evoluindo na adoção de práticas sustentáveis e

acreditam que existe uma tendência do mercado a valorizar cada vez

mais essa inserção. Embora se tenha verificado uma tendência dos

consumidores a valorizar aspectos sustentáveis no momento da

compra, os resultados mostram que ainda existe muito a se desenvolver

nesse sentido.

Palavras-chaves: Sustentabilidade, Cadeia de Suprimentos.

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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1. Introdução

A nova dinâmica econômica ocasionada pela globalização dos mercados nos últimos anos fez

com que diversos gestores observassem que lucratividade não representava o único elemento

de sucesso no longo prazo. Preocupações mais amplas com pessoas e meio ambiente

passaram a representar variáveis relevantes para perpetuidade dos negócios

(KLEINDORFER; SINGHAL; VAN WASSENHOVE, 2005).

Outra importante percepção é que além de se preocuparem com o ambiente intra-

organizacional, as empresas devem expandir a aplicação do conceito de sustentabilidade por

toda sua cadeia de suprimentos, visto que esta é fundamental para a estratégia da organização

e possibilita a visão integrada do negócio, de modo a agregar valor a todos os stakeholders,

isto é, “[...] pessoas ou grupos que têm ou reivindicam, propriedade, direitos ou interesses em

uma empresa e suas atividades passadas, presentes ou futuras.” (LUMMUS; DUCLOS;

VOKURKA, 2003).

Para Rao e Holt (2005), a gestão sustentável da cadeia de suprimentos promove eficiência e

sinergia entre os parceiros de negócios, além de contribuir para um aumento da performance

organizacional, redução de desperdícios e de custos. Tendo em vista tais fatores, a

implementação da sustentabilidade, segundo os autores, irá promover uma melhora da

imagem corporativa e alavancar as vantagens competitivas a todas que aderirem à

implementação de aspectos sustentáveis em suas cadeias de suprimentos. Entretanto, as

empresas só adotarão práticas de gestão sustentável na cadeia de suprimentos se identificarem

benefícios, especificamente nos resultados financeiros e operacionais.

A inserção de aspectos sustentáveis objetiva a redução dos danos resultantes das atividades,

de forma a criar valor econômico, social e ambiental e obter por meio de inovações em

produtos e processos, diferenciais competitivos no mercado. Desta forma, uma das iniciativas

do Walmart Brasil foi o “Pacto pela Sustentabilidade – Construindo a Cadeia de Suprimentos

do Futuro”, no qual um dos desdobramentos foi à criação em 2009 do Projeto

Sustentabilidade de Ponta a Ponta, o qual estabeleceu uma parceria entre o Walmart Brasil e

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seus fornecedores comerciais, com o objetivo de reduzir impactos ambientais e estimular a

melhoria contínua de produtos (WALMART BRASIL, 2011).

Em sua primeira edição em 2010 o projeto fez uma parceria com 10 fornecedores propondo o

desafio de tornar mais eficaz sua cadeia de valor, desde a origem das matérias-primas até o

descarte de seus resíduos pós-consumo. Em 2011 o projeto foi ampliado para 13 fornecedores.

A proposta aos parceiros foi inovar e olhar para o futuro como um mercado no qual o valor

está em oferecer não apenas melhores produtos, mas também assegurar aos consumidores que

suas escolhas estão ajudando a preservar os recursos ambientais e contribuindo para uma

economia mais inclusiva, sem necessariamente ter de pagar mais por isso (WALMART

BRASIL, 2011).

O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar como e porque as empresas participantes

deste projeto estão adotando estratégias de gestão sustentável na cadeia de suprimentos e

como os consumidores enxergam tais mudanças.

2. Metodologia

Após pesquisa da literatura, foram construídos dois instrumentos de pesquisa a serem

aplicados às empresas participantes do projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta e aos

consumidores. A pesquisa foi submetida e aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da

Instituição. Foram utilizadas entrevistas em profundidade com 4 dos 13 fornecedores

participantes da segunda edição do projeto e realizada uma pesquisa do tipo survey junto aos

consumidores para verificar as atitudes e comportamentos dos mesmos frente a questões

sustentáveis, sendo posteriormente realizadas as análises estatísticas pertinentes.

Buscou-se, com base nas entrevistas em profundidade, estabelecer um contato mais estreito

com as empresas participantes do projeto para melhor compreensão da problemática e para a

verificação de onde estão partindo as iniciativas sustentáveis.

Para a pesquisa com os consumidores foi construído um questionário anônimo, apresentado

no Apêndice, que foi aplicado no formato de formulário online disponibilizado na ferramenta

de pesquisa Google Docs. Esta pesquisa utilizou a metodologia “Bola de Neve” na qual os

participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes e assim sucessivamente, até

que seja alcançado o objetivo proposto, ou seja, a amostra coletada é constituída por

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respondentes comuns selecionados de modo que seja representativa no universo pesquisado

(ALBUQUERQUE, 2009).

3. Entrevistas em profundidade

Foram entrevistadas quatro empresas participantes. Os entrevistados foram colaboradores que

participaram ativamente de todo o projeto e conheciam as metas e diretrizes que foram

estabelecidas no início, bem como os resultados atingidos ao término do mesmo.

Buscou-se primeiramente identificar como aconteceu o convite para a participação na segunda

edição do projeto. Foram obtidas duas respostas distintas: aqueles que estavam participando

pela primeira vez responderam que o convite partiu do Walmart, no entanto, as empresas que

já haviam participado do projeto em sua primeira edição, mostraram interesse ao Walmart em

participar novamente devido aos resultados satisfatórios obtidos.

Vale ressaltar que o Walmart fez o convite para as empresas Top to Top`s, empresas que

possuem produtos líderes de mercado no ramo em que atuam. Com esta premissa o Walmart

buscou desmitificar que produtos com relevância sustentável são elitizados e mais caros, pois

se os mesmos são líderes de suas categorias permeiam grande parcela da população com

diferentes características socioeconômicas.

A primeira pergunta realizada na entrevista foi de onde estão partindo as iniciativas

sustentáveis, das empresas para os clientes ou dos clientes para as empresas. Segundo a

Empresa 1, há um movimento social muito grande nesse sentido e as empresas mais

estruturadas estão conseguindo atender essas necessidades dos consumidores que vem

surgindo, ela acredita que é uma preocupação das empresas, principalmente quando envolve

custos, mas parte da sociedade como um todo.

Com relação à influência de aspectos sustentáveis ser um diferencial competitivo para a

escolha de seus produtos por parte dos consumidores, algumas empresas reconhecem que

estes ainda estão mais preocupados com o quesito preço. Nesse sentido, pode-se verificar que

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a questão da percepção dos consumidores frente a iniciativas sustentáveis ainda está em fase

de amadurecimento. Desta forma, a introdução de aspectos sustentáveis aos produtos está

partindo muito mais de ações proativas das empresas do que por exigência dos consumidores.

A Empresa 2 argumentou que para uma pequena parcela da população sim, e isso tende a

evoluir porém, acredita que o consumidor brasileiro, em geral, ainda está mais direcionado ao

custo do produto do que aos impactos que ele gera ao meio ambiente.

Outro ponto a se destacar, foi que dentre as empresas que obtiveram resultados significativos

com a participação no projeto, quando perguntadas sobre ampliação da iniciativa de mudança

para outros produtos, várias delas mostraram-se favoráveis, como indica a argumentação da

Empresa 3 que disse que vários processos e ajustes realizados no Projeto Sustentabilidade de

Ponta a Ponta puderam ser aproveitados em outras linhas de produção, meios logísticos,

matérias-primas, etc.

Na segunda edição do Projeto o principal requisito para participar era modificar o produto em

algum processo do seu ciclo de vida, diferentemente da primeira edição do projeto, na qual

era permitido que os participantes modificassem apenas a embalagem. Nesse sentido foi

perguntado se as empresas acharam arriscado mexer em produtos líderes de mercado. As

empresas mostraram-se confortáveis quanto a esta questão, sendo que muitas delas nem

sequer divulgaram a mudança para seus consumidores. No entanto, mesmo percebendo que os

consumidores não estão engajados com a questão da sustentabilidade, as empresas tiveram

interesse e preocupação em serem pioneiras nessas iniciativas. A Empresa 4 argumenta que há

esse movimento social em busca de produtos que causam menos impacto ao meio ambiente, e

ela em parceria com o Walmart, encontrou uma forma de potencializar suas marcas líderes,

tendo um posicionamento de se antecipar e fortalecer ainda mais suas marcas nesse novo

contexto.

Outro questionamento feito aos pesquisados foi se a empresa notou alguma diferença no

posicionamento do produto modificado no projeto, mesmo porque este produto já era líder de

mercado. A partir do comentário da Empresa 2 pode-se verificar que o objetivo inicial do

projeto, que era manter a participação de mercado do produto, foi atingido. Ela disse que até o

momento, manteve o posicionamento anterior, já que as principais mudanças ocorreram em

um item e não em toda a marca.

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Seguindo esta mesma linha, foi levantado junto às empresas se estas acreditam que ter foco

em produtos que levem em conta alguns aspectos de sustentabilidade pode levar a vantagens

competitivas, apesar da percepção dos consumidores ainda ser deficiente no que tange à

sustentabilidade. Pode-se notar que existe uma tendência das empresas a se preocuparem cada

vez mais com este conceito, baseando se na colocação do presidente da Empresa 3. Ele

acredita que a sustentabilidade significa atender as expectativas desta e das próximas gerações

e é por isso que diariamente a empresa trabalha para promover uma vida melhor dos

funcionários, consumidores, clientes, parceiros comerciais e comunidade.

Ainda com relação às principais barreiras para implementação de aspectos sustentáveis ao

longo de toda a cadeia de suprimentos, foi levantado junto às empresas quais eram os

principais obstáculos para viabilização desta ideia, dentro do ambiente corporativo. A

Empresa 2 argumenta que esse é um processo gradativo e contínuo e ela busca sempre

ampliar esses métodos e conceitos sustentáveis em todos os produtos.

Conforme colocação acima pode-se perceber uma tendência das organizações a aderirem ao

conceito de sustentabilidade e indica que elas têm uma visão de longo prazo, uma vez que a

sociedade ainda está passando por um período de amadurecimento nesse sentido.

A partir das entrevistas nota-se que as organizações vêm adotando práticas sustentáveis nos

negócios, mesmo sabendo que grande parte da população ainda não leva esse aspecto como

diferencial no momento da compra. Desta forma, observa-se uma pro atividade na adoção de

iniciativas sustentáveis por parte do mundo corporativo, uma vez que este busca

continuamente a maximização dos resultados e a perpetuidade dos negócios.

4. Pesquisa com os consumidores

A amostra utilizada nessa pesquisa foi constituída de 121 indivíduos que responderam ao

questionário cujo link foi enviado via e-mail, utilizando a metodologia “Bola de Neve”. As

características levadas em conta para a validação da amostra foram idade e gênero.

Os dados para a validação foram encontrados em pesquisa realizada pela Associação Paulista

de Supermercados (2012). Houve aderência da distribuição da faixa etária (P=0,850) e gênero

(P=0,601). O Gráfico 1 apresenta os gráficos de setor para as variáveis gênero e idade, as

quais foram utilizadas para validação da amostra.

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Gráfico 1 – Faixa etária e gênero dos pesquisados

Fonte: Autoria própria (2013)

As questões de 1 a 6 caracterizavam o respondente quanto ao gênero, idade, estado civil,

escolaridade, número de moradores na residência e renda familiar.A questão 7 solicitava que

se enumerasse em escala, correspondendo 1 a menos importante, até 5, mais importante, quais

aspectos levaram em conta no momento de escolha dos produtos, dentre eles preço, marca,

aparência, aspectos sustentáveis e qualidade.

Foi realizado o teste não paramétrico de Friedman a fim de testar se os cinco aspectos tinham

igual importância. Tal hipótese foi rejeitada (P = 0,000), tendo, ao nível de significância de

5%, a qualidade recebido pontuação maior; preço, marca e aparência recebido pontuações

intermediárias e iguais, e aspectos sustentáveis recebido a menor pontuação. Tais resultados

foram confirmados por meio dos contrastes realizados (comparações duas a duas). Com essa

análise, pode-se perceber que os pesquisados revelaram importarem-se basicamente com a

qualidade e darem comparativamente menos importância aos aspectos de sustentabilidade.

Quando perguntados na questão 8 se eles se consideravam consumidores preocupados com

questões ambientais, 71,90% responderam afirmativamente (I.C.= [63,89; 79,91] %). Essa foi

uma pergunta balizadora para o estudo.

A seguir foram realizados alguns testes independência Quiquadrado com a finalidade de testar

se havia independência entre os respondentes declararem ser um consumidor preocupado com

questões ambientais e algumas variáveis aleatórias de interesse coletadas na pesquisa.

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A preocupação ambiental foi independente das seguintes variáveis gênero (P = 0,944),

escolaridade (P = 0,147), quantidade de pessoas por residência (P = 0,464) e renda (P =

0,286).

Referente à faixa etária, as idades foram agrupadas em cinco classes, a saber, 18 a 24, 25 a 29,

30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, acima de 60 anos. Houve dependência entre variável ter

preocupação ambiental e faixa etária (P = 0,000). Proporcionalmente, respondentes com

menos de 30 anos relataram menos preocupação ambiental e respondentes com mais de 60

anos relataram mais preocupação ambiental.

Segundo pesquisa 2010 realizada pelos institutos Ethos e Akatu sobre atitudes e

comportamentos frente ao consumo consciente, mostrou-se que os consumidores mais jovens

apresentam menor consciência ambiental. Tal informação mostra uma percepção similar à

encontrada em nossa pesquisa e caracterização da amostra muito parecida (INSTITUTO

AKATU; INSTITUTO ETHUS, 2010).

Para verificar se havia diferença entre os respondentes que declararam ter preocupação

ambiental e os demais, nos aspectos levados em conta no momento de escolha de um produto,

os respondentes foram segmentados em dois grupos: aqueles que se consideram preocupados

e os que não se consideram. O único aspecto que apresentou diferenças significantes foi o de

aspectos sustentáveis, como apresenta a Tabela 1.

Tabela 1 – Aspectos levados em conta na escolha de produtos

Não 3,31 1,69

Sim 3,07 0,88

Não 3,06 1,53

Sim 2,89 1,01

Não 2,96 1,01

Sim 2,75 0,67

Não 1,9 1,34

Sim 2,47 2,32

Não 3,72 1,53

Sim 3,98 2,05

Aspec.

Sustentáveis0,029 Não 0,981 Sim

Qualidade 0,391 Sim 0,201 Sim

Marca 0,427 Sim 0,02 Não

Aparência 0,282 Sim 0,122 Sim

valor-P Variâncias

Preço 0,263 Sim 0,014 Não

Aspecto Preocupação Média valor-P Médias Variância

Fonte: Autoria própria (2013)

O Gráfico 2 apresenta as médias das importâncias atribuídas pelos respondentes que relatam

não ter e ter preocupação ambiental. Nota-se que proporcionalmente respondentes que alegam

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ter preocupação ambiental apresentam dar mais importância a aspectos sustentáveis no

momento da compra.

O consumidor que relata ter comportamento sustentável deveria apresentar duas

características simultaneamente atitudes e comportamentos que reflitam sua preocupação

frente a questões de sustentabilidade. A pesquisa realizada pelos institutos Akatu e Ethos

(2010) mostra que atitudes estão relacionadas à adesão dos consumidores a valores e

conceitos dos mesmos e das empresas, no que tange os aspectos sustentáveis, já os

comportamentos estão diretamente ligados a ações cotidianas de consumo diante de questões

ambientais, sociais e econômicas.

Visando verificar tal relação, as questões de 9 a 14 são questões que retratam a frequência de

comportamentos dos consumidores na decisão de compra. Essas questões foram abordadas no

questionário, para aferir se os entrevistados que se consideraram preocupados com aspectos

sustentáveis, estavam refletindo essa atitude no seu comportamento cotidiano.

A fim de se medir a confiabilidade das respostas atribuídas às variáveis coletadas nas questões

de 9 a 14 foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach obtendo-se um valor igual a 0,76,

podendo-se confirmar a consistência entre as respostas, uma vez que este é superior a 0,70

(MARTINS, 2006).

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Gráfico 2 – Preocupação ambiental X importância dos aspectos na decisão de

compra

Fonte: Autoria própria (2013)

O Gráfico 3 apresenta os intervalos com 95% de confiança para frequência de

comportamentos do consumidor frente a aspectos ligados a sustentabilidade com a escala

variando de 1 para Nunca a 5 para Sempre.

Foi realizado o teste não paramétrico de Friedman a fim de testar se os seis comportamentos

tinham igual importância. Tal hipótese foi rejeitada (P = 0,000), tendo, ao nível de

significância de 5%, recursos escassos recebido pontuação maior; produtos com menor

impacto, empresas com ações sustentáveis, pagar mais por produtos sustentáveis, danos

devido à compra, recebido pontuações intermediárias e iguais, e influenciar amigos recebido a

menor pontuação. Tais resultados observados no Gráfico 3 foram confirmados por meio dos

contrastes realizados (comparações duas as duas).

Gráfico 3 – Frequência de Comportamento dos Consumidores

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Fonte: Autoria própria (2013)

Gráfico 4 – Proporção das Frequências de Comportamento dos Consumidores

Fonte: Autoria própria (2013)

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Para a realização do teste Quiquadrado de independência entre a variável ter preocupação

ambiental e as variáveis das questões de 9 a 14, os comportamentos dos consumidores na

decisão de compra foram agrupados em 3 classes, a saber: nunca ou quase nunca; às vezes,

quase sempre ou sempre.

As variáveis ter preocupação ambiental e frequência de escolha por produtos que geram

menor impacto ambiental não são independentes para todos os comportamentos questionados

(P = 0,000). Proporcionalmente, quem tem menor frequência relata menos preocupação

ambiental

Foram comparadas as frequências atribuídas a cada um dos comportamentos para os grupos

que não alegam e que alegam ter preocupação ambiental. Utilizou-se o teste de Levene para

comparação das variâncias nos dois grupos, pois as frequências atribuídas não tiveram

distribuição Normal. Em todos os casos não foi rejeitada a hipótese de igualdade entre as

variâncias. Para comparação das médias foi utilizado o teste t-de Student supondo variâncias

iguais. Todas as igualdades foram rejeitadas apresentando valor descritivo igual a 0,000. O

Gráfico 5 ilustra essa relação comprovada pelos testes Quiquadrado já relatados. Pode-se

verificar desta forma uma tendência dos consumidores que apresentam preocupação

ambiental a refletir essa preocupação em seus comportamentos cotidianos.

Gráfico 5 – Preocupação Ambiental X Frequência de Comportamento

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Fonte: Autoria própria (2013)

Para fazer os testes de independência relacionando o perfil do consumidor com suas

respectivas atitudes e comportamento em relação ao Projeto Sustentabilidade de Ponta a

Ponta, foi inserida a pergunta 15 que indagava quais dos produtos participantes do projeto o

entrevistado já havia utilizado. Os resultados são apresentados no Gráfico 6, que ilustra a

proporção quanto à utilização dos produtos.

Em seguida, foi perguntado aos entrevistados se eles haviam notado mudanças nos produtos

que utilizaram. Foram aplicados os testes Quiquadrado e de Fisher para testar a independência

envolvendo a variável ter preocupação ambiental e a percepção da mudança nos produtos.

Tais percepções foram agrupadas em duas classes distintas: os que perceberam as mudanças e

os que não perceberam as mudanças. A Tabela 2 ilustra os resultados obtidos.

Gráfico 6 – Utilização dos Produtos

Fonte: Autoria própria (2013)

Analisando os testes de independência apresentados na Tabela 2 foi possível concluir que os

respondentes que consideram ter preocupação ambiental, proporcionalmente, perceberam

mais as mudanças nos produtos que os que declararam não ter preocupação ambiental. O

Gráfico 7 que ilustra a proporção quanto ao tipo de percepção das mudanças ocorridas nos

produtos.

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Tabela 2 – Percepção da Mudança X Preocupação Ambiental

Produto n N Sample p IC 95% Test. Ind. P. A Resultados

Mudança

Guaraná26 105 0,2476 [0,1651; 0,3302] (P=0,000) Dependente

Mudança Halls 22 93 0,2366 [0,1502; 0,3229] (P=0,199) Dependente

Mudança Veja 15 71 0,2113 [0,1163; 0,3062] (P=0,904) Dependente

Mudança

Danoninho26 92 0,2826 [0,1906; 0,3746] (P=0,010) Dependente

Mudança Loreal 12 81 0,1481 [0,0708; 0,2255] (P=0,221) Dependente

Mudança Papel

Toalha28 91 0,3077 [0,2129; 0,4025] (P=0,046) Dependente

Mudança Papel

Higiênico19 82 0,2317 [0,1404; 0,3230] (P=0,405) Dependente

Mudança

Whiskas1 22 0,0455 [0,0000; 0,1325] * *

Mudança Café 28 78 0,3590 [0,2525; 0,4654] (P=0,007) Dependente

Mudança Pato 31 50 0,6200 [0,4855; 0,7545] (P=0,083) Dependente

Mudança Aveia 15 22 0,6818 [0,4872; 0,8764] * *

* Teste não possível de realizar, pois todos respondentes alegaram ter preocupação ambiental

Fonte autoria própria (2013)

Gráfico 7 – Proporção da percepção das mudanças nos produtos

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Fonte: Autoria própria (2013)

Para aferir se as mudanças motivaram a recompra do produto, foi perguntado aos usuários que

haviam percebido algum tipo de mudança, se essa mudança os motivou a comprar os produtos

mais vezes. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 3.

A Tabela 3 mostra que em todos os casos houve dependência entre os que perceberam a

mudança e também se consideram preocupados com questões ambientais e a motivação pela

recompra desses produtos.

Conforme mostrado nos testes de independência realizados, pode-se verificar que a variável

ter preocupação ambiental é dependente da percepção das mudanças no produto, assim como

da motivação pela recompra do produto. Desta forma foi verificado com um caso prático de

mudança em produtos líderes de mercado que os consumidores estão de certa forma refletindo

as atitudes sustentáveis em comportamentos no momento da compra.

Tabela 3 – Recompra dos Produto X Preocupação Ambiental

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Produto n N Sample p IC 95% Test. Ind. P. A Resultados

Recompra

Guaraná20 26 0,7692 [0,6073; 0,9312] * Dependente

Recompra Halls 13 22 0,5909 [0,3855; 0,7964] (P=0,444) Dependente

Recompra Veja 11 15 0,7333 [0,5095; 0,9571] * *

Recompra

Danoninho20 26 0,7692 [0,6072; 0,9312] (P=0,008) Dependente

Recompra Loreal 9 12 0,7500 [0,5050; 0,9950] (P=0,735) Dependente

Recompra Papel

Toalha17 28 0,6071 [0,4262; 0,7880] (P=0,825) Dependente

Recompra Papel

Higiênico11 19 0,5789 [0,3569; 0,8009] (P=0,599) Dependente

Recompra

Whiskas1 1 1,0000 * * *

Recompra Café 24 28 0,8571 [0,7275; 0,9868] (P=0,045) Dependente

Recompra Pato 17 31 0,3778 [0,2361; 0,5194] (P=1,000) Dependente

Recompra Aveia 14 15 0,9333 [0,8071; 1,0000] * *

* Teste não possível de realizar, pois todos respondentes alegaram ter preocupação ambiental

Fonte autoria própria (2013)

5. Conclusão

A análise das entrevistas em profundidade com as empresas participantes do Projeto

Sustentabilidade de Ponta a Ponta indicou que os motivadores-chave da inserção da gestão

sustentável na cadeia de suprimentos são questões relacionadas a custos, posicionamento da

empresa frente ao novo perfil de consumidores, além da preocupação das mesmas com a

imagem corporativa e atendimento às expectativas das próximas gerações.

Conforme os resultados apresentados no Projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta, as

empresas participantes obtiveram reduções significativas nos recursos do processo de

produção, sendo os principais: insumos, energia e resíduos. Segundo um dos entrevistados tais

melhorias puderam ser ampliadas a outros produtos motivadas pelos resultados obtidos. Foi

observado nas entrevistas em profundidade que a iniciativa está partindo da sociedade como

um todo, mas no caso do projeto em estudo a iniciativa partiu de uma proposta do Walmart

para os fornecedores.

A análise estatística revelou que 71,9% da amostra selecionada de consumidores têm

preocupação com questões ambientais, porém muitas vezes essa parcela obteve

comportamento muito similar aos que não declararam ter preocupação ambiental. Tal situação

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mostra que esta preocupação ainda não se reflete fortemente no comportamento cotidiano vai

de encontro também com o comentário de uma das empresas entrevistadas, que relatou

perceber que o processo de conscientização comportamental da população ainda está em fase

de evolução.

As empresas entrevistadas mostraram-se cautelosas quanto a gestão sustentável na cadeia de

suprimentos ser diferencial competitivo, em virtude da falta de amadurecimento do conceito.

Entretanto pode-se perceber que existe interesse das mesmas nesta implementação, pois elas

já perceberam que isso irá promover a melhora da imagem corporativa, a redução de

desperdícios e custos, logo estão se antecipando neste sentido a fim de fortalecer ainda mais

suas marcas nesse novo contexto. Percebe-se ainda, por meio dos testes estatísticos realizados

com a amostra de consumidores selecionada, que os mesmos ainda não enxergam produtos

com relevância sustentável como diferencial no momento de escolha, sendo os fatores mais

importantes à qualidade seguida pelo preço.

Verificou-se que os respondentes com atitudes positivas em relação à consciência ambiental

apresentaram um comportamento mais sustentável. A respeito dos comportamentos, em todos

os casos, concluiu-se que quem tem menor frequência de comportamentos sustentáveis relata

ter menor preocupação ambiental.

Os consumidores que relataram ter preocupação ambiental notaram mais mudanças nos

produtos. Além disso, dentro do universo dos que perceberam mudanças, grande parte

mostrou interesse na recompra do produto, ocasionado pela mudança percebida.

Os resultados alcançados com essa pesquisa fornecem implicações referentes a atitudes e

comportamentos dos consumidores com a questão ambiental, bem como a forma como as

empresas estão se posicionando frente a esse novo contexto. O produto que relaciona menor

impacto ao meio ambiente é algo que vem ganhando cada vez mais espaço, porém, como foi

apresentado, ainda precisa evoluir.

Obviamente, essas conclusões devem ser balizadas dentro das limitações dessa pesquisa, a

saber: utilização da Internet para operacionalização dos questionários, respondentes

representando uma pequena parcela da população, utilização de uma amostra selecionada não

probabilística composta em sua maior parte por uma população que desfruta de níveis

culturais e socioeconômicos diferenciados. Embora a capacidade de generalização para toda a

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população brasileira fica bastante comprometida devido a estas limitações, esta pesquisa abre

caminho para que estudos futuros venham a ser realizados.

Com esse trabalho, foram encontradas evidências claras de que existe um movimento das

empresas no sentido de adotarem práticas sustentáveis em suas cadeias de suprimentos, a fim

de melhorarem seus posicionamentos e se anteciparem frente ao amadurecimento da

população no que tange a comportamentos sustentáveis. No entanto, deve- se ter cautela com

essas conclusões, dadas as restrições apresentadas.

REFERÊNCIAS

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Sampling” na estimação de prevalências de Doenças Transmissíveis em populações

organizadas em redes complexas. Dissertação (Mestrado em Ciências na área de Saúde

Pública)-Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – ENSP; Ministério da Saúde –

Fiocruz, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:

<http//bvssp.icict.fiocruz.br/pdf/Albuquerqueemm.pdf>. Acesso em 6 abr. 2013.

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APÊNDICE

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