anÁlise da carga mÓvel e da protensÃo na...

114
i ANÁLISE DA CARGA MÓVEL E DA PROTENSÃO NA SUPERESTRUTURA DE PONTES BIAPOIADAS EM VIGAS PRÉ-MOLDADAS PROTENDIDAS João Pedro Montorfano Cruz Santos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Engenheiro. Orientadores: Mayra Soares Pereira Lima Perlingeiro Ricardo Valeriano Alves Rio de Janeiro Setembro de 2016

Upload: hoangkien

Post on 20-Sep-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

i

ANÁLISE DA CARGA MÓVEL E DA PROTENSÃO NA SUPERESTRUTURA DE

PONTES BIAPOIADAS EM VIGAS PRÉ-MOLDADAS PROTENDIDAS

João Pedro Montorfano Cruz Santos

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do Título de Engenheiro.

Orientadores:

Mayra Soares Pereira Lima Perlingeiro

Ricardo Valeriano Alves

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

ii

ANÁLISE DA CARGA MÓVEL E DA PROTENSÃO NA SUPERESTRUTURA

DE PONTES BIAPOIADAS EM VIGAS PRÉ-MOLDADAS PROTENDIDAS

João Pedro Montorfano Cruz Santos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PETRÓLEO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por :

________________________________________

Prof. Ricardo Valeriano Alves, D.Sc.

________________________________________

Prof. Mayra Soares Pereira Perlingeiro, D.Sc.

________________________________________

Prof. Flávia Moll de Souza Judice, D.Sc.

________________________________________

Prof. Francisco José Costa Reis, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO de 2016

iii

Santos, João Pedro Montorfano Cruz

Análise da carga móvel e da protensão na

superestrutura de pontes biapoiadas em vigas pré-moldadas

protendidas / João Pedro Montorfano Cruz Santos – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

xv, 100 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Ricardo Valeriano Alves, Mayra

Soares Pereira Lima Perlingeiro

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica /

Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p.95-96.

1. Pontes 2. Concreto Protendido 3. Carga-móvel

I. Alves, Ricardo Valeriano et al. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Civil. III. Análise da carga móvel e da protensão

na superestrutura de pontes biapoiadas em vigas pré-

moldadas protendidas.

iv

“es muβ sein”

(Beethoven, L. v.)

v

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo.

À minha família, pelo amor incondicional, pela educação que me foi dada e,

principalmente, por saber me cobrar mais como pessoa do que como profissional.

Aos meus amigos e colegas de profissão do Ciclo Básico, por todas as horas

gastas em momentos mais que memoráveis.

Aos três melhores collocs que poderia pedir – Márcio, João e José – que me

presentearam com a melhor convivência que já tive e dividiram comigo o ano mais

enriquecedor, pessoal e profissionalmente, que eu já vivi.

À École Centrale de Nantes, Emilie e Fouad pelo acolhimento, seriedade e

excelência no ensino do que é ser engenheiro.

À coordenação do curso de engenharia civil da Escola Politécnica e à chefia do

Departamento de Estruturas, pelo esforço e dedicação em tornar o curso melhor.

Aos professores que souberam transmitir não só a técnica, mas também a

inquietude que deve estar em cada engenheiro: Flávia Moll, Marcelo Miguez, Respício

Antônio, Eduardo Batista, Alessandra Conde, Fernando Danziger, Leonardo Becker,

Marcos Barreto, José Roberto Ribas, Antônio Santana, Fabrício Nogueira e também,

Fernanda Elbert, Jair Salvador e Marcelo Netto.

À professora Elaine Garrido Vasquez, por mostrar repetidas vezes que, muito

embora o sistema seja falho, ele ainda é feito de pessoas e cada uma delas pode

fazer a diferença quando desejar.

Ao meu professor e orientador, Ricardo Valeriano Alves, pelos incontáveis

ensinamentos técnicos transmitidos e, principalmente, por encarnar o verdadeiro

espírito de professor, instigando e fascinando os alunos pela profissão de engenheiro.

À professora e orientadora, Mayra Perlingeiro, pela paciência e dedicação

devotadas à elaboração do projeto, do início até o final.

Ao todos os meus colegas de trabalho, especialmente João, André e André,

pelo convívio extremamente produtivo tecnicamente.

Ao meu chefe e colega, Rafael Costa, pelos repetidos exemplos inspiradores e

conselhos técnicos imprescindíveis.

A minha mãe Jacqueline, por provar diversas vezes que me conhece mais que

eu mesmo e por me guiar pelo caminho da honestidade e compaixão.

Ao meu pai, Paulo Anibal, pelo amor explosivo e sincero.

Aos meus irmãos, Lucca, Antonio, pelas consecutivas demonstrações de

amadurecimento, que me fazem questionar quem deve dar exemplo a quem.

vi

A minha irmã, Maria Eduarda, pela alegria e personalidade que inundam meus

dias.

Ás minhas avós, Cely e Nazareth, pelo amor infinito.

Ao meu padrasto, Antônio Henrique, e minha madrasta, Márcia, pelo carinho e

dedicação.

A minha namorada Marina, por discordar de mim e me ensinar a escutar e

pensar diferente. Não só isso, mas também pelo apoio, paciência e companheirismo,

principalmente por dividir comigo todas as aflições que marcam o final da faculdade.

Aos que conviveram comigo durante a elaboração do projeto, em especial

Paulo, Márcia, Duda e Marina, por suportarem minhas repentinas mudanças de

humor.

Por fim, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram ao longo dessa

caminhada e me ajudaram a ser a pessoa e o profissional que sou.

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Análise da Carga Móvel e da Protensão na Superestrutura de Pontes

Biapoiadas em Vigas Pré-Moldadas Protendidas

João Pedro Montorfano Cruz Santos

Setembro/2016

Orientadores: Mayra Soares Pereira Lima Perlingeiro e Ricardo Valeriano Alves

Curso: Engenharia Civil

A malha viária brasileira ainda encontra-se bastante deficitária e desatualizada

e a necessidade de expansão e manutenção passa necessariamente por

melhorias nas pontes que a compõe.

Este trabalho apresenta um estudo sobre a superestrutura de pontes

biapoiadas, contendo ou não balanços, formada por vigas múltiplas pré-

moldadas que compõe cerca de metade das pontes existentes em rodovias

federais. Sendo a maioria dessas pontes em concreto armado, o estudo se

direcionou para a análise do concreto protendido, de maneira a avaliar uma

solução de melhor performance.

Para tal, foi desenvolvida uma marcha de cálculo simples que fornece um pré-

dimensionamento confiável. Durante esse processo, estudou-se a carga-móvel

rodoviária brasileira e sua consideração por métodos tradicionais simplificados.

Foi proposta uma consideração alternativa, utilizando o trem-tipo “negativo” de

forma a levar em conta situações possíveis e mais críticas às peças.

Também, analisaram-se os desvios decorrentes das simplificações e sua

influência no trem-tipo proposto.

Por fim, estudou-se a influência de parâmetros não usuais na consideração das

perdas de protensão em vigas que compõem a superestrutura das pontes em

questão e foram elaborados gráficos que ilustram as respostas obtidas.

Palavras-chave: Pontes, Concreto Protendido, Carga-Móvel

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

ANALYSIS OF THE LIVE LOAD AND PRESTRESS ON THE

SUPERSTRUCTURE OF BRIDGES OF SIMPLY SUPPORTED PRECAST AND

PRESTRESSED BEAMS

João Pedro Montorfano Cruz Santos

September/2016

Advisor: Mayra Soares Pereira Lima Perlingeiro and Ricardo Valeriano Alves

Course: Civil Engineering

The Brazilian highway system still is quite deficient and outdated and the need

for expansion and improvement passes necessarily by improvements in the

bridges that compose it.

This paper presents a study on the superstructure of simply supported bridges,

with or without cantilevers, composed by multiple precast girders that make up

about half of the existing bridges on federal roads. Since most of these bridges

were conceived in reinforced concrete, the study is directed to the analysis of a

prestressed concrete solution, in order to assess a better performance

alternative.

For such a simple calculation spreadsheet that provides a reliable preliminary

design was developed. During this process the Brazilian road live loads

standard and its consideration by simplified traditional methods were reviewed.

It was suggested an alternative way, using the "negative" live load in order to

take into account possible and more critical situations to the girders

Also, the deviations resulting from the simplifications and their influence on the

live load proposed were assessed.

Finally, the influence of unusual parameters in the consideration of the losses of

prestressing beams that compose the superstructure of the bridges of this study

was assessed and graphs illustrating the obtained behaviors were produced.

Keywords: Bridges, Prestressed Concrete, Live Load on Bridges

ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 5

2.1 VALIDADE DO ESTUDO ........................................................................................... 5

2.2 CONCRETO PROTENDIDO (C.P.) .......................................................................... 10

2.3 CARGA MÓVEL RODOVIÁRIA ................................................................................ 11

3 ESTUDO PROPOSTO ...................................................................................... 17

3.1 CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA ...................................................................... 17

3.2 PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UMA SEÇÃO .................................................... 18

4 HIPÓTESES DE ANÁLISE ............................................................................... 34

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ...................................................................... 34

4.2 AÇÕES E ESFORÇOS ........................................................................................... 35

4.3 COMBINAÇÃO DE AÇÕES E ESTADOS LIMITES ...................................................... 63

4.4 TRAÇADO DOS CABOS ......................................................................................... 66

4.5 DIMENSÕES E LIMITES GEOMÉTRICOS .................................................................. 67

5 AUTOMATIZAÇÃO DOS CÁLCULOS ............................................................. 69

5.1 DADOS DE ENTRADA ........................................................................................... 69

5.2 DADOS DE SAÍDA ................................................................................................ 70

5.3 EXEMPLO ........................................................................................................... 70

6 ANÁLISES DE SENSIBILIDADE ..................................................................... 75

6.1 INFLUÊNCIA DO TREM-TIPO NEGATIVO NO MOMENTO NO MEIO DO VÃO ................... 75

6.2 INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS NA PROTENSÃO ..................... 83

7 CONCLUSÕES ................................................................................................. 90

7.1 DESVIOS DAS HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS ........................................................ 91

x

7.2 SOLICITAÇÕES DO TREM-TIPO “NEGATIVO” ........................................................... 92

7.3 SENSIBILIDADE DAS PERDAS DE PROTENSÃO ....................................................... 92

7.4 SUGESTÕES DE CONTINUAÇÃO ............................................................................ 93

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 95

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Malha Rodoviária Federal. Fonte: Ministério dos Transportes .................................... 1

Figura 1.2 Ponte em vigas pré-moldadas. Fonte: [6] .................................................................... 3

Figura 1.3 Vigas pré-moldadas apoiadas sobre travessas Fonte: [7] ........................................... 3

Figura 1.4 Ponte em vigas pré-moldadas sobre rio. Fonte: [8] ..................................................... 3

Figura 2.1 Distribuição de pontes por sistema estrutural. Fonte: Adaptado de [2] ....................... 5

Figura 2.2 Distribuição de pontes por número de vãos. Fonte: Adaptado de [2] ......................... 6

Figura 2.3 Distribuição de pontes por faixa de extensão. Fonte: Adaptado de [2] ....................... 6

Figura 2.4 Distribuição de pontes por vão máximo. Fonte: Adaptado de [2] ................................ 7

Figura 2.5 Distribuição de pontes por faixa de largura. Fonte: Adaptado de [2] .......................... 7

Figura 2.6 Distribuição de pontes por trem-tipo. Fonte: Adaptado de [2] ..................................... 8

Figura 2.7 Sistema estrutural representativo das pontes ............................................................. 8

Figura 2.8 Malha viária da região Sudeste. Fonte: Ministério dos Transportes ........................... 9

Figura 2.9 Veículos utilizados na NB-6:1943 .............................................................................. 12

Figura 2.10 Veículos utilizados na NB-6:1960 ............................................................................ 13

Figura 2.11 Veículos na NBR-7188:1982 ................................................................................... 14

Figura 2.12 Representação geométrica do caminhão-tipo. Fonte: NBR7188:2013 ................... 15

Figura 2.13 Variação do Coeficiente de Impacto em função do vão .......................................... 17

Figura 3.1 Esquema estrutural da seção transversal.................................................................. 18

Figura 3.2 Esquema estrutural Longitudinal ............................................................................... 18

Figura 3.3 Características geométricas de um trapézio isósceles genérico ............................... 18

Figura 3.4 Seção transversal formada por trapézios .................................................................. 20

Figura 3.5 Modelo do Tabuleiro: corpo rígido sobre molas. Fonte [15] ...................................... 21

Figura 3.6 Carga unitária centrada sobre o corpo rígido. Fonte [15] .......................................... 21

Figura 3.7 Momento unitário no corpo rígido. Fonte [15] ............................................................ 21

Figura 3.8 Seção transversal com vigas igualmente espaçadas. Fonte [15] ............................. 22

Figura 3.9 Linha de influência transversal deduzida do método de Courbon ............................. 25

Figura 3.10 Comportamento dos parâmetros de Courbon. Adaptado de [15] ............................ 25

Figura 3.11 Linha de influência transversal para 2 e 10 vigas .................................................... 26

Figura 3.12 Sistema estrutural longitudinal – viga biapoiada ..................................................... 26

Figura 3.13 Viga biapoiada com liberação de rotação relativa no meio do vão ......................... 27

Figura 3.14 Ângulos na seção de meio de vão após rotação relativa ........................................ 27

Figura 3.15 Deslocamento no meio do vão para rotação unitária .............................................. 27

Figura 3.16 Aplicação de força unitária na viga com rotação unitária ........................................ 27

Figura 3.17 Linha de Influência para seção no meio do vão ...................................................... 28

Figura 3.18 Linha de influência de Momentos para a seção do apoio ....................................... 28

Figura 3.19 Distribuição de tensões em seção sob flexão composta elástica-linear ................. 29

Figura 3.20 Trecho elementar em curva do cabo ....................................................................... 30

Figura 3.21 Somatório diferencial da forças no cabo.................................................................. 31

xii

Figura 3.22 Tensões após perda por atrito ................................................................................. 32

Figura 3.23 Tensões após perdas localizadas por encunhamento ............................................ 32

Figura 3.24 Perdas em função do módulo do concreto .............................................................. 34

Figura 4.1 Representação da seção do tabuleiro com revestimento e barreiras ....................... 35

Figura 4.2 Seção típica de barreira. Fonte: [17] .......................................................................... 36

Figura 4.3 Representação do efeito do içamento na viga .......................................................... 37

Figura 4.4 Seções transversais do trem-tipo .............................................................................. 38

Figura 4.5 Parâmetros da distribuição transversal ...................................................................... 39

Figura 4.6 Posicionamento na seção AA .................................................................................... 39

Figura 4.7 Posicionamento na seção BB .................................................................................... 40

Figura 4.8 Posicionamento para a seção CC ............................................................................. 40

Figura 4.9 Posicionamento “negativo”para seção AA ................................................................. 41

Figura 4.10 Posicionamento “negativo” para seção BB .............................................................. 41

Figura 4.11 Posicionamento “negativo” para a seção CC .......................................................... 42

Figura 4.12 Esquema longitudinal do trem-tipo positivo ............................................................. 42

Figura 4.13 Esquema longitudinal do trem-tipo negativo ............................................................ 43

Figura 4.14 Geometria do trem-tipo longitudinal ......................................................................... 43

Figura 4.15 Linha de influência - seção de meio de vão ............................................................ 43

Figura 4.16 Linha de influência - seção do apoio ....................................................................... 44

Figura 4.17 Posicionamento das cargas longitudinalmente ....................................................... 44

Figura 4.18 Exemplo de posicionamento de cargas sobre o tabuleiro ....................................... 44

Figura 4.19 Posicionamento longitudinal das cargas concentradas ........................................... 45

Figura 4.20 Posicionamento longitudinal das cargas de multidão .............................................. 45

Figura 4.21 Posicionamento longitudinal das cargas interiores .................................................. 45

Figura 4.22 Posicionamento longitudinal das cargas no balanço ............................................... 46

Figura 4.23 Posicionamento longitudinal das cargas ................................................................. 46

Figura 4.24 Posicionamento das cargas no tabuleiro – forma 1 ................................................. 46

Figura 4.25 Posicionamento das cargas no tabuleiro - forma 2 ................................................. 47

Figura 4.26 Posicionamento longitudinal do trem-tipo para seção do balanço .......................... 47

Figura 4.27 Modelo unifilar de viga para análise. Fonte: Ftool ................................................... 48

Figura 4.28 Linha de Influência com ação de cargas pontuais ................................................... 48

Figura 4.29 Posicionamento e momentos fletores extremo resultantes para força interior........ 49

Figura 4.30 Momento fletor devido à carga de multidão no interior do caminhão ...................... 49

Figura 4.31 Momento fletor devido à carga de multidão em toda a extensão da viga ............... 50

Figura 4.32 Modelo 3D de uma ponte (CSI Bridge, 2016) .......................................................... 51

Figura 4.33 Superfície de influência no meio do vão .................................................................. 52

Figura 4.34 Vista 3D da superfície de influência no meio do vão ............................................... 52

Figura 4.35 Esquematização do bimomento. Fonte [15] ............................................................ 53

Figura 4.36 Efeito da torção não-uniforme em seções com vigas I. Adaptado de [19] .............. 53

Figura 4.37 Modelo Estrutural utilizado para estudo................................................................... 54

xiii

Figura 4.38 Deslocamento no meio do vão devido à carga unitária ........................................... 54

Figura 4.39 Modelo transversal de carregamento ...................................................................... 55

Figura 4.40 Reações de apoio do modelo de corpo rígido ......................................................... 55

Figura 4.41 Modelo estrutural com elementos de barra - SAP2000 ........................................... 56

Figura 4.42 Momento fletores no modelo sem rigidez (SAP2000) ............................................. 56

Figura 4.43 Momentos fletores considerando a rigidez à torção (SAP2000) ............................. 57

Figura 4.44 Momentos Torsores considerando a rigidez à torção (SAP2000) ........................... 57

Figura 4.45 Momentos Fletores considerando a torção das transversinas (SAP2000) ............. 58

Figura 4.46 Momento Fletor positivo ........................................................................................... 59

Figura 4.47 Momentos Fletores negativos .................................................................................. 59

Figura 4.48 Modelo de ponte com vigas modeladas pelo topo (SAP2000) ................................ 60

Figura 4.49 Excentricidade da força do tabuleiro ........................................................................ 60

Figura 4.50 Esquema de modelos estruturais ............................................................................ 62

Figura 4.51 Traçado padrão para viga com balanços................................................................. 67

Figura 4.52 Traçado padrão para viga sem balanços................................................................. 67

Figura 4.53 Regiões de verificação de armadura ....................................................................... 68

Figura 4.54 Esquema de posicionamento de bainhas ................................................................ 69

Figura 5.1 Dimensões da seção transversal ............................................................................... 71

Figura 5.2 Esquemas longitudinal e transversal da ponte .......................................................... 72

Figura 6.1 Modelo base de ponte................................................................................................ 76

Figura 6.2 Modelo de ponte com balanço transversal modificado .............................................. 76

Figura 6.3 Comparação do momento máximo no meio do vão .................................................. 77

Figura 6.4 Momentos mínimos no meio do vão .......................................................................... 78

Figura 6.5 Modelo de ponte com variação dos balanços transversais ....................................... 78

Figura 6.6 Diferenças entre os momentos mínimos no meio do vão – parte 2 .......................... 79

Figura 6.7 Posicionamento do caminhão-tipo no meio do vão para momento negativo ............ 80

Figura 6.8 Zonas de posicionamento do caminhão-tipo ............................................................. 81

Figura 6.9 Zonas de posicionamento do caminhão-tipo para trem-tipo reduzido ....................... 82

Figura 6.10 Modelo de ponte para análises de perdas de protensão......................................... 83

Figura 6.11 Perdas lentas em função da umidade ..................................................................... 84

Figura 6.12 Perdas por protensão sucessiva em função do dia de puxada ............................... 85

Figura 6.13 Variação das perdas por atrito e do encunhamento ................................................ 86

Figura 6.14 Perdas por protensão sucessiva .............................................................................. 87

Figura 6.15 Perdas em função do abatimento do concreto ........................................................ 88

Figura 6.16 Variação das perdas em função do módulo de elasticidade do aço ....................... 89

Figura 6.17 Perdas em função do módulo do concreto .............................................................. 90

xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 Principais características do Concreto Protendido .................................................. 10

Quadro 4.1 Características do concreto e do aço de protensão ................................................ 34

Quadro 4.2 Resultados comparativos entre momentos fletores ................................................. 61

Quadro 5.1 Porcentagem de armadura nas regiões-chave ........................................................ 74

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Combinações de Ações. Fonte [21] .......................................................................... 63

Tabela 4.2 Espaçamentos mínimos segundo [21] ...................................................................... 68

Tabela 5.1 Propriedades geométricas da seção transversal ...................................................... 71

Tabela 5.2 Momentos fletores - Carga Móvel ............................................................................. 72

Tabela 5.3 Momentos fletores - Cargas Permanentes ............................................................... 72

Tabela 5.4 Momento fletor e esforço normal - Içamento ............................................................ 73

Tabela 5.5 Características dos materiais e do cabo médio ........................................................ 73

Tabela 5.6 Tensões atuantes ...................................................................................................... 74

Tabela 5.7 Quantitativo ............................................................................................................... 74

1

1 Introdução

Segundo dados do Ministério do Transporte [1] , o Brasil conta, hoje, com cerca

de 1,7 milhão de quilômetros de estradas, com somente 7% destes compostos por

rodovias federais. Mais de 76% das estradas não são pavimentadas. Nessa malha,

encontram-se presentes mais de 5.500 pontes [2] construídas desde a década de

1940 e que assumem diversos sistemas estruturais.

A Figura 1.1 apresenta a distribuição da malha de rodovias federais e estaduais

na qual se pode confirmar a predominância do eixo SP-MG-RJ. Entretanto, essa

predominância não garante, necessariamente, qualidade às estradas.

Figura 1.1 Malha Rodoviária Federal. Fonte: Ministério dos Transportes

O modal rodoviário é utilizado para o transporte de mercadorias e pessoas. No

caso de mercadorias, por possuir frete superior aos modais hidroviário e ferroviário,

torna-se mais adequado para transporte de produtos de alto valor ou perecíveis. Já no

caso de pessoas, é utilizado como transporte entre origem e destino ou percorrendo

rotas turísticas.

A malha rodoviária brasileira apresenta graves problemas no que se refere ao

transporte de mercadorias, e.g. o escoamento de grãos de soja do cerrado brasileiro,

gerando sobre custos de 90% em comparação com Argentina e Estados Unidos [3] .

2

Além disso, os custos de oportunidade no setor de turismo rodoviário são igualmente

importantes. Mesmo existindo rotas turísticas já consolidadas como o Circuito das

Águas, o Roteiro do Vinho e a Estrada Real, vale destacar a conclusão da ABEOC

(Associação Brasileira de Empresas de Eventos) :

“A maior parte da malha viária brasileira está em péssimas condições. Se

houvesse mais investimento em nossas rodovias, muitas vezes em completo estado

de abandono, certamente haveria um crescimento exponencial do turismo regional,

com exceção ao estado de São Paulo, cuja malha viária é excelente, ao menos nos

principais eixos” (2011).

Também, devido a fatores conjunturais como alta do câmbio entre o real e as

principais divisas – euro e dólar – e alta das passagens aéreas [4] e fatores estruturais

como melhor informação da população e interesse em viajar pelo Brasil [5], o modal

rodoviário se apresenta como futuro receptor de demandas por melhorias e

expansões.

Nesse contexto, entende-se que as pontes rodoviárias são parte fundamental

da malha de estradas e rodovias. Considerando, ao menos, as cerca de 5.500 pontes

como citado anteriormente, é possível observar uma grande participação de sistemas

em concreto armado, com vigas múltiplas, biapoiadas e vãos de até 40,0 m [2].

Um sistema estrutural semelhante é o de vigas múltiplas pré-moldadas e

protendidas, cuja eficiência estrutural é reconhecidamente melhor que o sistema em

concreto armado. Por ser mais recente, não possui quantidade muito expressiva

dentro do universo das OAE’s (Obras de Arte Especiais).

Sendo assim, torna-se interessante aprofundar o estudo sobre esse sistema,

cuja aplicabilidade é comprovada e tende a ser crescente com os ganhos de

tecnologia e necessidades de melhorias em infraestrutura.

Este estudo concentra seus interesses na superestrutura de pontes biapoiadas

em tangente e de travessia ortogonal, formada por um conjunto de vigas pré-moldadas

protendidas, como ilustrado nas Figuras Figura 1.2 a Figura 1.4.

3

Figura 1.2 Ponte em vigas pré-moldadas. Fonte: [6]

Figura 1.3 Vigas pré-moldadas apoiadas sobre travessas Fonte: [7]

Figura 1.4 Ponte em vigas pré-moldadas sobre rio. Fonte: [8]

4

Normalmente, é possível dissociar o cálculo da superestrutura das demais

partes da ponte (meso e infraestrutura), não havendo perda significativa de qualidade

nos resultados.

As estruturas pré-moldadas apresentam uma vantagem importante em

comparação com estruturas moldadas in loco no tocante à qualidade de execução.

Além disso, a protensão busca aperfeiçoar o trabalho das peças de concreto, fazendo

com que o mesmo fique sempre comprimido – estado no qual apresenta melhor

desempenho. Contudo, há grande aumento na complexidade dos cálculos,

principalmente na definição do traçado e nas perdas de protensão, o que, ao longo do

tempo, contribuiu para retardar a difusão desse sistema.

O estudo desenvolvido visa a :

elaborar uma marcha de cálculo que possibilite o pré-dimensionamento

(anteprojeto) eficiente e rápido;

estudar a variação de diversas grandezas de interesse – momento fletor

devido à carga móvel e perdas de protensão – em função da geometria

da ponte e de características dos materiais.

No capítulo 2, faz-se uma revisão da literatura, caracterizando a distribuição de

pontes no país e considerações técnicas sobre o concreto protendido e sobre a carga

móvel em pontes rodoviárias.

O capítulo 3 trata das equações-base desenvolvidas e da metodologia adotada

para estudar o comportamento da estrutura – ponte biapoiada em vigas múltiplas pré-

moldadas e protendidas.

O capítulo 4 trata de hipóteses na análise da estrutura, os tipos de ações e

suas combinações. Nesse capítulo também é encontrado um estudo da consideração

da carga móvel e é feita uma comparação com um programa comercial.

O capítulo 5 contém informações sobre a automatização dos cálculos, além de

uma aplicação numérica.

No capítulo 6 são encontrados estudos comparativos e gráficos

correspondentes.

O capítulo 7 apresenta as considerações finais e propostas de futuros estudos

complementares a este trabalho.

No capítulo 8 estão as referências bibliográficas citadas ao longo do trabalho.

5

2 Revisão da literatura

Nesse capítulo são apresentados aprofundamentos na questão da validade do

estudo. A distribuição de pontes nas rodovias federais é caracterizada. Em seguida

são apresentados conceitos fundamentais sobre o concreto protendido, bem como o

conceito de carga-móvel em pontes.

2.1 Validade do estudo

Em [2], foi estudada a distribuição das pontes em rodovias federais brasileiras.

Desse estudo, foram retirados dados de interesse que são expostos e comentados a

seguir.

O gráfico da Figura 2.1 apresenta a distribuição das pontes existentes no Brasil

de acordo com diversos sistemas estruturais. Observa-se a extensa aplicação do

sistema em vigas de concreto armado e, em menor escala mas formando 10% do

conjunto, vigas de concreto protendido.

O gráfico da Figura 2.2 mostra que cerca de 50% das pontes são formadas por

um vão, com ou sem balanços.

Figura 2.1 Distribuição de pontes por sistema estrutural. Fonte: Adaptado de [2]

82,88%

11,06%

3,45%

0,12%

0,07%

0,50%

0,05%

1,44%

0,37%

0,05%

Viga C.A.

Viga C.P.

Laje C.A.

Laje C.P.

Arco Sup. C.A.

Arco Inf. C.A.

Arco Inf. Metal

Viga Mista (Laje C.A.)

Treliça Metálica

Viga Metálica c/Placa Ortotrópica

Sistema Estrutural

Distribuição de pontes por sistema estrutural

6

Figura 2.2 Distribuição de pontes por número de vãos. Fonte: Adaptado de [2]

Os gráficos das Figuras Figura 2.3 e Figura 2.4 se referem à extensão das

pontes e seus vãos máximos. Nota-se, de imediato, a preponderância de pontes de

até 50,0 m (63%). Além disso, os vãos máximos existentes são, em sua maioria – 93%

– inferiores a 40,0 m.

Figura 2.3 Distribuição de pontes por faixa de extensão. Fonte: Adaptado de [2]

7

Figura 2.4 Distribuição de pontes por vão máximo. Fonte: Adaptado de [2]

Os gráficos das Figuras Figura 2.5 e Figura 2.6 mostram a distribuição das

pontes por faixa de largura e o trem-tipo adotado no dimensionamento.

Figura 2.5 Distribuição de pontes por faixa de largura. Fonte: Adaptado de [2]

8

Figura 2.6 Distribuição de pontes por trem-tipo. Fonte: Adaptado de [2]

Pode-se perceber que 88% das pontes possui largura menor que 13,0 metros,

ou seja, menor que o recomendado pelo DNIT para ponte com duas faixas e

acostamentos. Além disso, no que se refere ao trem-tipo adotado em projeto, é

constatada a pouca participação do TB-450, que foi introduzido no início da década de

1980 – período de pouca produtividade na engenharia brasileira em geral. Uma parte

importante das pontes já construídas data de 1955 a 1980 [2] período no qual o maior

trem-tipo era o TB-360. Disso decorre a necessidade de se verificar tais pontes para a

passagem do TB-450, considerando a carga-móvel para a qual elas foram projetadas.

Tendo sido estudadas diversas características estruturais das pontes presentes

nas rodovias federais brasileiras, destaca-se, na Figura 2.7, o sistema estrutural que

representa 50 % dos casos: pontes biapoiadas com balanços, com vão inferior a

40,0m e largura de seção transversal entre 8,0 e 12,0 m.

Figura 2.7 Sistema estrutural representativo das pontes

8,0 m<L<12,0

0m<balanço<4,0 m

6,0 m<vão<40,0 m

50 % das obras

de pontes

9

2.1.1 Situação rodoviária eixo SP-MG-RJ

A predominância das rodovias federais e estaduais se dá na região Sudeste

por razões tanto históricas como econômicas. Porém, como a Figura 2.8 ilustra, essa

predominância não garante uma malha viária de excelente qualidade, caracterizada

por poucas rodovias duplicadas (em amarelo) com exceção do estado de São Paulo.

É relevante o grande número de acidentes rodoviários no estado de Minas

Gerais que, por exemplo, até 2010 apresentava taxas de mortalidade por número de

veículos muito superiores às da região Sudeste: 6,11 mortos a cada 10.000 veículos

para MG contra 4,52 para o Sudeste [9].

Fica, assim, latente a necessidade de melhorias e ampliações da malha viária,

mesmo na região de maior desenvolvimento da mesma.

Figura 2.8 Malha viária da região Sudeste. Fonte: Ministério dos Transportes

10

2.2 Concreto Protendido (C.P.)

“A protensão é um processo pelo qual se introduz um estado prévio de tensões

em uma estrutura, com a finalidade de melhorar sua resistência ou seu

comportamento sob diversas condições de carga” [10].

Uma vez que se tenha compreendido esse conceito fundamental, é possível

passar brevemente pela história dessa tecnologia.

No final do século XIX surgiu a primeira ideia de se pré-tensionar o concreto,

em São Francisco, EUA. Em seguida, diversas patentes foram criadas, porém sem

êxito, visto que a protensão era perdida devido aos efeitos de retração e fluência,

ainda desconhecidos.

Em 1928, o engenheiro francês Eugène Freyssinet apresentou o primeiro

trabalho consistente sobre o C.P., no qual foram apresentadas pesquisas sobre as

perdas de protensão, deformação lenta do concreto, aços e concretos especiais e

métodos construtivos. Nos anos subsequentes à 2a Guerra Mundial, as primeiras

pontes em C.P. foram concebidas, tanto na Europa quanto no Brasil, ganhando

destaque a ponte do Galeão, no Rio de Janeiro, em 1948.

Desde então, diversas empresas especializadas no setor foram criadas – a

STUP (Société Technique pour l’Utilisation de la Précontrainte), sua filial no Brasil e a

DYWIDAG – normas e recomendações foram desenvolvidas, e.g. DIN, CEB/FIP e

NBR.

O Quadro 2.1 relaciona as principais características do C.P. quando

comparado ao C.A.

Quadro 2.1 Principais características do Concreto Protendido

Vantagens Desvantagens

Seções mais esbeltas e leves

(materiais mais resistentes) Controle de execução rigoroso

Maior durabilidade

(eliminação das tensões de tração e

consequentes fissuras)

Forças de grande magnitude nas

ancoragens

Menores deformações

(utilização da seção com inércia bruta) Perdas de protensão

Maior economia Corrosão sob tensão

Resistência à fadiga Mão de obra qualificada

(projeto e execução)

11

As orientações normativas referentes ao concreto protendido recomendam

verificações de tensões no concreto para os diversos estados limites em serviço. A

prática corrente é verificar as tensões obtidas no concreto ainda com comportamento

elástico-linear para os Estados Limites de Serviço e realizar ao menos uma verificação

no Estado Limite Último. As tensões limites são definidas em cada norma vigente e

representam limites de descompressão no concreto e de compressão excessiva.

2.3 Carga Móvel Rodoviária

A carga móvel rodoviária é definida com atuação sobre a superfície de

rolamento. Assim, as cargas distribuídas são definidas por unidade de área (kN/m²) e

as cargas concentradas (kN), correspondentes às rodas, são posicionadas de acordo

com as dimensões do veículo tipo em planta.

As normas brasileiras já passaram por diversas modificações ao longo das

décadas para acompanhar a evolução dos veículos destinados ao transporte de carga.

E, nessa linha, muitos trabalhos e teses foram desenvolvidos para auxiliar a

atualização dessas normas, como pode ser visto em [11].

2.3.1 Breve histórico

Em 1940 foi publicada a primeira versão da NB-1 (atualmente a NBR 6118).

Com a iminente necessidade de prever situações específicas, como o projeto de

pontes, foram publicadas, em 1941, a primeira versão da NB-2 (atualmente a NBR

7187) e, em 1943, a primeira versão da NB-6.

Por sua vez, a NB-6 de 1943 foi a primeira norma brasileira dedicada a

prescrever a consideração de cargas móveis para o projeto de estruturas de pontes.

Ela dividia as rodovias em Classes I, II e III, sendo a classe I a de maior importância e

as mesmas eram verificadas com cargas de multidão e de veículos-tipo, à época,

compressores e caminhões, como indicado na Figura 2.9.

12

Figura 2.9 Veículos utilizados na NB-6:1943

A magnitude das cargas concentradas por eixo era de 200 kN, enquanto a

carga de multidão variava entre 3,0 e 4,5 kN/m².

Como descrito em [11] a sistemática da versão de 1943 da NB-6 foi baseada

nas versões antigas da norma alemã – DIN 1072 – que considerava tanques e

compressores para simular as cargas móveis nas pontes.

A partir de 1960, a NB-6 passou a indicar as Classes 36, 24 e 12 (Figura 2.10),

respectivamente, para rodovias com as características das classes I, II e III da NB-6 de

1943. Os veículos anteriores (compressor e caminhão) foram substituídos por um

único veículo com peso total de 360 kN, 240 kN e 120 kN, respectivamente. Vale

destacar que a geometria dos veículos de 360 kN e 240 kN se manteve até as versões

mais recentes da Norma.

13

Figura 2.10 Veículos utilizados na NB-6:1960

A carga distribuída (multidão) passou a ser decomposta em duas parcelas

distintas: uma na faixa do veículo e outra no restante da pista e nos passeios, cujos

valores eram fixados em função da classe, situando-se entre 3,0 e 5,0 kN/m².

Pode-se perceber que esta versão da NB-6 também era amplamente baseada

na norma alemã DIN 1072, que considerava, na versão de 1952, a mesma sistemática

de uma faixa de projeto, geometria do veículo-tipo e a carga distribuída interrompida

na faixa do veículo. Essa geometria de distribuição está presente na organização das

consagradas tabelas de Rüsch [12] para cálculo de esforços em tabuleiros de pontes.

A partir de 1982, a NBR7188 substituiu a NB-6 e passou a indicar as classes

45, 30 e 12. Os dois veículos mais pesados (36 e 24) da NB-6/1960 foram substituídos

por veículos com peso total de 450 kN e 300 kN. O veículo de 120 kN permaneceu

inalterado. Além disso, a carga distribuída passou a ser considerada de forma

diferente: uma parcela na pista inteira – independentemente da faixa do veículo – e

outra nos passeios, cujos valores também variavam em função da classe, mas

mantiveram sua ordem de grandeza. A Figura 2.11 ilustra os veículos-tipo da NBR

7188:1982

14

Figura 2.11 Veículos na NBR-7188:1982

No consideração das lajes do tabuleiro, as tabelas de Rüsch continuaram a ser

utilizadas, mas atribuindo-se o mesmo valor para as cargas fora e dentro da faixa do

veículo.

2.3.2 A versão atual da NBR7188:2013

A mais recente versão da NBR7188 definiu unicamente como carga móvel

rodoviária padrão o TB-450. A Figura 2.12 indica os valores atuais da geometria do

trem-tipo, cuja carga de multidão (p) é de 5 kN/m² e as cargas pontuais (P) de 75 kN.

Nos passeios mantém-se o valor da carga distribuída de 3,0 kN/m², conforme

as normas anteriores, na posição mais desfavorável, concomitante com a carga móvel

rodoviária, para a análise estrutural global.

No caso de estradas vicinais municipais com uma faixa e obras particulares, a

NBR7188 indica que a carga móvel rodoviária seja, no mínimo, igual a do tipo TB-240,

com geometria semelhante ao TB-450, porém com p=4,0 kN/m² e P=40 kN.

15

Figura 2.12 Representação geométrica do caminhão-tipo. Fonte: NBR7188:2013

2.3.3 O coeficiente de impacto

De acordo com [13]:

“O efeito dinâmico das cargas móveis deve ser analisado pela teoria da

dinâmica das estruturas. É permitido, no entanto assimilar as cargas móveis a cargas

estáticas, através de sua multiplicação pelos coeficientes de impacto definidos a seguir

(...)”.

O coeficiente de impacto rodoviário, introduzido na versão da norma de 1960

era calculado da seguinte maneira:

( ) - (2.1)

onde:

A última revisão vigente da NBR7188, de 2013, define o coeficiente de impacto

para pontes rodoviárias como:

( ) (2.2)

onde:

Cada um desses fatores tem seu cálculo descrito na NBR7188:2013, como

segue:

(2.3)

16

(

) (2.4)

onde Liv é o vão, em metros, das estruturas isostáticas e, no caso de vãos contínuos,

a média aritmética dos vãos.

O coeficiente de número de faixas, indicado na Equação (2.5) não se aplica ao

dimensionamento de peças transversais à direção do tráfego, como é o caso das

transversinas.

- ( - ) (2.5)

onde n é o número (inteiro) de faixas de tráfego rodoviário a serem carregadas sobre

um tabuleiro contínuo transversalmente. As faixas de segurança e acostamento não

são considerados.

De forma a se ter maior cuidado com as regiões de extremidade e com as

juntas estruturais, e.g. encontro de vigas e travessas, o coeficiente de impacto

adicional é aplicado em todas as seções dos elementos estruturais a menos de 5,0 m

dessas descontinuidades ou juntas, tal como mostra a Equação (2.6)

( ) ( ) (2.6)

De forma a estudar o comportamento do coeficiente de impacto, foi estudado o

produto entre CIV e CNF, que atuam de forma global sobre a estrutura. O resultado,

indicado no gráfico da Figura 2.13, é um comportamento inesperado, pois, para vãos

maiores que 140,0 m e número de faixas ≥4 (rodovias com 2 faixas por sentido),

obtém-se um coeficiente de impacto menor que 1. Não foram encontrados casos

similares na literatura. Visto que esse estudo não atinge vãos dessa magnitude, o

coeficiente de impacto foi adotado como sugere a NBR7187: 2013.

17

Figura 2.13 Variação do Coeficiente de Impacto em função do vão

3 Estudo proposto

O estudo, aqui apresentado, foi desenvolvido por um modelo matemático

simplificado tipo “bottom-up”, no qual equações fundamentais foram deduzidas,

combinadas e simplificadas para representar o comportamento estrutural do modelo.

Em seguida, foram efetuadas diversas análises de sensibilidade para criar

cenários com diferentes dados de entrada e, por fim, obter indicadores de

comportamento de valores de interesse. Os resultados foram tratados e apresentados

em forma de gráficos.

3.1 Características da Estrutura

A estrutura a ser analisada é de uma ponte reta e ortogonal, biapoiada com

balanços, composta por múltiplas vigas pré-moldadas e protendidas com pós-tensão

aderente. As vigas se apoiam sobre pilares por meio de aparelhos de apoio e são

interligadas por transversinas de apoio e de vão, como ilustram as Figuras Figura 1.2,

Figura 1.3 e Figura 1.4

Transversalmente, a estrutura conta com múltiplos vãos entre cada viga

longarina, além de regiões em balanço. Esse arranjo é representado na Figura 3.1.

Já longitudinalmente, a estrutura pode ser entendida como uma estrutura linear

biapoiada com um vão central principal e dois vãos secundários em balanço, como

representado na Figura 3.2.

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

5 55 105 155

CIV x CNF

Liv (m)

Comportamento do produto CIV x CNF

n=1

n=2

n=3

Antigo

n≥4

18

Figura 3.1 Esquema estrutural da seção transversal

Figura 3.2 Esquema estrutural Longitudinal

Diversas equações-base foram definidas para efetuar o estudo. Nas seções

seguintes são mostradas as deduções de cada grupo de equações.

3.2 Propriedades geométricas de uma seção

Na análise de vigas, é necessário conhecer algumas das principais

características geométricas de sua seção transversal. Para tal, apresenta-se uma

rotina de cálculo das propriedades para uma seção trapezoidal e a extrapolação dos

resultados para uma seção composta por trapézios.

A Figura 3.3 ilustra uma seção trapezoidal genérica.

Figura 3.3 Características geométricas de um trapézio isósceles genérico

As principais características do trapézio são:

A

2(B1 B2) (3.1)

( )

( ) (3.2)

Vão Balanço Balanço

B. sup (B1)

B. inf (B2)

C.G. Local

Altura

(H)

Coord. Z

Topo da seção

Centróide do

trapézio

Topo do trapézio

19

(3.3)

(3.4)

( ) (3.5)

- (3.6)

onde:

A é a rea

Consequentemente, as principais características da seção composta são:

∑ (3.7)

( ) ∑ (3.8)

- ( )

(3.9)

( ) ( ) ∑ - ( ) (3.10)

Para se obter o segundo momento de área da seção, é preciso determinar a

distância entre o C.G. de cada trapézio e o C.G. da seção composta. Chamando essa

distância de , obtém-se:

( ) ∑(

) (3.11)

Logo, os módulos de resistência superior e inferior são diretamente obtidos ao

se fazer:

(3.12)

-

(3.13)

O sinal negativo é adotado para representar tensão inferior oposta à superior,

para uma mesma solicitação de flexão.

Ainda nesse sentido, o módulo resistente de uma fibra, a uma distância

genérica do CG, é obtido substituindo o denominador por essa distância.

Ficam, assim, determinadas as propriedades geométricas de uma seção

qualquer composta por múltiplos trapézios como mostrado na Figura 3.4.

20

Figura 3.4 Seção transversal formada por trapézios

3.2.1 O método de Courbon

Em junho de 1940, a França assinou sua rendição à Alemanha nazista. Em

agosto do mesmo ano foi publicada uma circular – Circulaire du 29 août 1940 – na

qual ficava definido um novo trem-tipo rodoviário que deveria ser utilizado para a

reconstrução das pontes destruídas durante o confronto. Esse novo trem-tipo era

cerca de 50% mais pesado que o anterior e mais estreito, de forma a poder se

deslocar lateralmente no tabuleiro da ponte.

No final desse mesmo ano, o engenheiro francês Jean Courbon publicou um

estudo sobre pontes em vigas múltiplas, solidarizadas por transversinas, no qual são

abordados os efeitos da distribuição de cargas transversalmente em um tabuleiro de

ponte.

As hipóteses adotadas são:

A altura das transversinas possui ordem de grandeza similar a das

longarinas;

A transversina possui rigidez infinita e as longarinas são deformáveis;

A espessura das longarinas e das lajes são pequenas quando

comparadas com o vão;

O efeito da torção nas vigas é desconsiderado.

Adicionalmente, ressalta-se que o desenvolvimento inicial considera uma

repartição de cargas exatamente na seção onde há uma transversina, porém,

considerando um espaçamento máximo entre transversinas, o comportamento das

longarina em qualquer ponto pode ser bem representado pelos resultados da referida

seção [14].

Pode-se admitir um modelo de corpo rígido sobre apoios elásticos como

ilustrado na Figura 3.5Erro! Fonte de referência não encontrada., sendo k a rigidez

1

2

3

4

5

Topo da seção

21

vertical de cada uma das longarinas em uma seção qualquer, em especial nas seções

com transversinas.

Figura 3.5 Modelo do Tabuleiro: corpo rígido sobre molas. Fonte [15]

A ação da carga unitária em uma posição genérica pode, então, ser

considerada como a superposição de uma carga centrada e um momento. A ação da

carga unitária centrada ocasiona exclusivamente translação e o momento, rotação de

corpo rígido.

O efeito causado em cada longarina é a reação de apoio da respectiva mola e

é representado, no caso de uma carga centrada, por:

(3.14)

As Figuras Figura 3.6 e Figura 3.7mostram os movimentos de corpo rígido do

elemento estrutural submetido a uma carga centrada unitária e um momento, também

unitário.

Figura 3.6 Carga unitária centrada sobre o corpo rígido. Fonte [15]

Figura 3.7 Momento unitário no corpo rígido. Fonte [15]

22

As reações nas molas (Ri), decorrentes do momento aplicado, podem ser

expressas por:

(3.15)

Verificando-se o equilíbrio entre a ação do momento e as reações nas molas,

tem-se:

∑ (3.16)

onde:

n é o número de longarinas

Ora, para a carga unitária em uma posição xj, tem-se que:

(3.17)

Finalmente, sobrepondo-se os dois efeitos:

(3.18)

onde,

A Figura 3.8 ilustra uma seção transversal com n vigas, igualmente espaçadas entre

si. A distância do eixo de cada viga ao centro da seção é dada por ( )

Figura 3.8 Seção transversal com vigas igualmente espaçadas. Fonte [15]

É fácil observar que, para uma viga i, sua abscissa é dada por:

( - ) -( - )

( -

) (3.19)

Desenvolvendo-se o somatório dos quadrados das abscissas, obtém-se:

∑ *( -

) +

∑ ( - )

(∑ - ∑ ∑ ) (3.20)

23

com:

O primeiro somatório não tem seu resultado imediato, deduziu-se, então a

expressão analítica. Por indução finita, é possível provar que:

( )( ) (3.21)

Demonstração:

( ) ( )

( )( )

( )( )

( )

( ) ∑

Logo:

∑[(

) ]

( )( )

( )

[

( )( )

( )

( )

]

( )( )

( )

[

( )( ) ( )( )

]

]

( )

(3.22)

Como o valor das reações nas vigas varia linearmente com suas abscissas,

basta que sejam definidas duas ordenadas. Assim, a linha de distribuição transversal

para a viga i pode ser definida pelas ordenadas de extremidade sobre a viga 1 e sobre

a viga n, expressas por:

(

) (

)

( )

(3.23)

(

) (

)

( )

(3.24)

Os segundos termos podem ser simplificados:

(

) (

)

( )

(

) (

)

( )

( )( )

( )

24

( ) ( )

( )

( )

( )

( )

( ) (3.25)

Obtendo-se:

( )

( ) (3.26)

( )

( ) (3.27)

Como há (n-1) intervalos, a variação em ordenadas entre cada viga, , em

valor absoluto, pode ser dada pela diferença de ordenadas total dividida por (n-1),

sendo, portanto:

|

( )| |

( )

( )| (3.28)

As vigas mais solicitadas são as das extremidades. Pode-se perceber isso

intuitivamente pelo modelo de rotação de corpo rígido ou verificando-se a equação

acima estabelecida. Esse indicador nos leva a concentrar o estudo na análise desses

elementos.

Para análise do problema, particulariza-se o caso de i=1 (primeira viga) e,

então, obtém-se:

( )

( ) (3.29)

( )

( ) (3.30)

| ( )

( )|

( ) (3.31)

Pode-se, ainda, definir a variação de ordenadas por metro ao se dividir pela

distância entre vigas, tal que:

( ) (3.32)

onde:

Os resultados acima permitem traçar uma linha de influência transversal para

qualquer viga de extremidade e para qualquer número de linhas de longarina. Essa

linha de influência delimita duas regiões importantes em cada seção, como é

destacado na Figura 3.9, a saber:

Região 1, na qual qualquer carga vertical para baixo causa solicitações

de mesmo sentido na viga de extremidade.

Região 2, na qual cargas verticais para baixo causam solicitações em

sentido vertical para cima, na mesma viga de extremidade.

25

Um ponto nulo, no qual qualquer carga vertical aplicada não causa

efeito algum à viga de extremidade.

Torna-se interessante estudar, a priori, a variação de , e de em

função do número de vigas. Esse estudo está disposto no gráfico da Figura 3.10, que

contém também a variação de ordenadas entra as vigas de cada extremidade,

denominada .

Figura 3.10 Comportamento dos parâmetros de Courbon. Adaptado de [15]

É possível notar um comportamento crescente da derivada, no qual, partindo-

se de duas vigas e aumentando gradativamente o seu número, observam-se maiores

ganhos – traduzidos em menores valores de R1,1 – na região à esquerda do gráfico.

Por outro lado, a variação entre vigas diminui, levando à conclusão de que as

cargas passam a ser mais homogeneamente distribuídas. Esse resultado é mais bem

visto no gráfico da Figura 3.11, onde foram expostas as linhas de influência para dois

casos de número de vigas na seção.

-0,25

-0,05

0,15

0,35

0,55

0,75

0,95

2 3 4 5 6 7 8 9 10

Co

efic

ien

tes

número de vigas

Δ entre vigas extremasR1,1

ΔR

R1,n

Região 1 Região 2

Ponto nulo

R1,1

R1,n

ΔR

Figura 3.9 Linha de influência transversal deduzida do método de Courbon

26

Figura 3.11 Linha de influência transversal para 2 e 10 vigas

3.2.2 O princípio de Müller-Breslau para linha de influência

Uma vez compreendido como as vigas recebem as cargas distribuídas

transversalmente – válida para toda a extensão da ponte – é necessário estudar de

que forma as resultantes transversais geram momentos fletores quando posicionadas

ao longo do eixo longitudinal.

Para se estudar os esforços internos em uma seção de uma estrutura

reticulada, como é o caso de vigas, é bastante útil aplicar o conceito de linhas de

influência.

O princípio de Müller-Breslau pode ser deduzido para qualquer longarina da

estrutura em estudo com a ajuda do Princípio dos Trabalhos Virtuais [16] (ver Figura

3.12)

Figura 3.12 Sistema estrutural longitudinal – viga biapoiada

Ao se liberar o vínculo de momento na seção de meio de vão e aplicar uma

rotação relativa unitária virtual obtém-se a deformada da viga, ilustrada na Figura 3.13.

Figura 3.13 Viga biapoiada com liberação de rotação relativa no meio do vão

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1C

oef

icie

nte

de

dis

triib

uiç

ão

Posição relativa na seção transversal

10

2

L

balanço balanço

L

balanço balanço

27

Os ângulos na seção onde foi aplicada a rotação são mostrados na Figura

3.14.

Figura 3.14 Ângulos na seção de meio de vão após rotação relativa

Para o regime de pequenas deformações, pode-se aproximar . Logo,

o deslocamento no meio do vão é definido na Figura 3.15

Figura 3.15 Deslocamento no meio do vão para rotação unitária

E o deslocamento na ponta do balanço é, analogamente :

.

O momento no meio do vão, ao aplicarmos uma força unitária em qualquer

posição, é obtido fazendo-se o somatório dos trabalhos virtuais e igualando a 0 (zero).

Figura 3.16 Aplicação de força unitária na viga com rotação unitária

(3.33)

Sendo assim, a forma da linha de influência de uma determinada solicitação

corresponde à deformada da estrutura eliminando-se o vínculo a esta solicitação na

seção em estudo e impondo-se um deslocamento unitário na direção da ação da

mesma solicitação (positiva).

Para estruturas isostáticas, essa técnica permite a determinação correta da

magnitude da linha de influência e nessa seção são deduzidas as expressões

analíticas dos parâmetros básicos da L.I. da estrutura em estudo.

A análise dos momentos solicitantes máximos é realizada em duas seções

chave:

Θ 1 rad

Θ 0,5 rad

𝐿

𝛿𝑚 𝐿

𝜃

𝐿

𝜃

𝛿𝑓 𝑀 𝑀

28

No meio do vão central, para momentos positivos e negativos

Em um dos apoios, para momento negativo

A Figura 3.17 ilustra o traçado da linha de influência da seção do meio do vão

Figura 3.17 Linha de Influência para seção no meio do vão

As ordenadas da linha do meio do vão (HL) e dos extremos (HL,INV) são dadas

por:

onde:

Para a seção do apoio, a Figura 3.18 o traçado da LI.

Observa-se que:

onde:

HL

HL,inv

ΔRmL

vão balanço balanço

1,0 m

HL,apoio

ΔRmL,apoio

balanço

1,0 m

Figura 3.18 Linha de influência de Momentos para a seção do apoio

29

3.2.3 Distribuição de tensões normais

Sendo admitido o comportamento linear-elástico em uma seção qualquer

submetida à flexão composta reta, a distribuição de tensões ao longo dessa seção

assume a seguinte forma:

Uma parcela retangular – igualmente distribuída – de magnitude ;

Uma parcela bitriangular cujos extremos superior e inferior têm

magnitudes ⁄ ⁄

A Figura 3.19 ilustra essas parcelas de forma mais clara.

Figura 3.19 Distribuição de tensões em seção sob flexão composta elástica-linear

Ficam, assim, facilmente determinadas as tensões superior e inferior em uma

seção sob flexão composta de comportamento elástico-linear:

(3.34)

(3.35)

Ainda, pode-se concluir que essas tensões representam ora as tensões

máxima e mínima, ora o contrário, dependendo do sinal do momento fletor solicitante.

3.2.4 Perdas de protensão

Como a peça estrutural estudada é uma viga protendida com pós-tensão, faz-

se necessário analisar o comportamento da peça quando submetida aos diversos

carregamentos e, principalmente, como se dão as perdas de tensão nos cabos de

protensão ao longo da viga.

3.2.4.1 Efeito da protensão

Sendo a viga isostática, o efeito de protensão em uma seção qualquer pode ser

representado pela força resultante do produto entre a tensão nos cabos e a área total

𝑃

𝐴

𝑀

𝑊𝑠𝑢𝑝

𝑀

𝑊𝑖𝑛𝑓

M

P

30

dos cabos, associada à sua excentricidade em relação ao centroide da seção. Ao se

trazer a força para o centroide e associar a ela o momento devido à excentricidade, as

tensões nas fibras de concreto ficam imediatamente definidas como descrito em 3.2.3.

3.2.4.2 Perdas imediatas por atrito

Ao se tensionar os cabos dentro das bainhas de protensão, os mesmos

atritam-se com a superfície da bainha, gerando uma perda na tensão do cabo. Essa

perda pode ser expressa por:

- (3.36)

onde:

A Figura 3.20 ilustra um trecho elementar cuja variação angular é :

Figura 3.20 Trecho elementar em curva do cabo

Fazendo o somatório de forças na direção vertical, obtém-se, como ilustrado na

Figura 3.21:

( )

(3.37)

Como , é possível eliminar a variação dupla e fazer .

Logo :

𝑃 𝑃 𝑃 𝛼

𝛼

𝛼

𝑃

𝑃 𝑃

𝑁

31

Figura 3.21 Somatório diferencial da forças no cabo

Unindo as equações e tomando limite , tem-se:

Integrando:

Obtém-se

( )

Por fim, rearrumando, obtém-se:

( ) - (3.38)

onde P é a força de protensão a partir de uma ancoragem ativa numa trajetória circular

de ângulo central .

Ao considerar que a trajetória real do cabo pode ser decomposta em diversos

trechos que satisfazem a trajetória circular, obtém-se:

( ) - ∑ (3.39)

onde ∑ representa a variação angular acumulada em valor absoluto até o ponto

estudado, a partir de uma ancoragem ativa, onde houve puxada dos cabos.

Também é necessário considerar que, embora por trechos seja possível dividir

a trajetória em arcos de círculo, a materialização da mesma é feita com imperfeições –

o cabo se acomoda na bainha e é fixado em alguns pontos somente. Esse

“desalinhamento” é inevitável e contribui para o atrito causado. Ele é considerado

como uma taxa extra de variação angular por unidade de comprimento. Daí, a

Equação (3.39) passa a ser representada por:

( ) -( ∑ ) (3.40)

onde k é o coeficiente de curvatura adicional introduzido por unidade de comprimento.

As perdas por atrito aumentam, necessariamente, a partir do ponto de

ancoragem, tornando-se cada vez maiores para cabos longos. Para evitar isso, é

prática protender o cabo pelas duas extremidades. Nessa situação, considera-se cada

𝛼

𝑃

𝑃 𝑃

𝑁 𝛼

𝑃 𝛼

(𝑃 𝑃) 𝛼

32

diagrama independentemente e, ao superpô-los, a força final será a maior entre os

dois. Haverá, necessariamente, um ponto de força mínima. Esse é o ponto

indeslocável, que ao sofrer protensão de ambos os lados não se deslocou. Esse

comportamento está indicado na Figura 3.22.

Figura 3.22 Tensões após perda por atrito

3.2.4.3 Perdas imediatas por encunhamento das cordoalhas

Depois que os cabos são tracionados, faz-se o corte dos mesmos e a

materialização da ancoragem. Essa ação ocasiona um recuo da ancoragem, tendo

novamente a ação do atrito.

Os diagramas de tensões ao longo da armadura, no instante da protensão e

após a cravação da ancoragem, no trecho até o ponto de recuo nulo, são simétricos

em relação à reta rk, paralela ao eixo x. A Figura 3.23 ilustra essa situação.

Figura 3.23 Tensões após perdas localizadas por encunhamento

A determinação desse ponto de recuo nulo é feita igualando-se a área entre as

curvas no diagrama σ versus x com o produto do módulo de elasticidade do aço e o

recuo dos cabos.

protensão 2

protensão 1 Ponto Indeslocável

Ponto de recuo nulo

x

σ

σp0

σanc

rk

33

3.2.4.4 Perdas imediatas por protensão sucessiva

De acordo com a NBR-6118:2014, no item 9.6.3.3.2.1:

“Nos elementos estruturais com pós-tração, a protensão sucessiva de cada um

dos n cabos provoca uma deformação imediata do concreto e, consequentemente,

afrouxamento dos cabos anteriormente protendidos. A perda media de protensão, por

cabo, pode ser calculada pela expressão:”

( - )

(3.41)

onde:

( )

Para se obter o módulo de elasticidade de concreto, procede-se como

recomendam os itens 8.2.8 e 12.3.3 da NBR-6118:2014.

3.2.4.5 Perdas progressivas

Tanto o aço quanto o concreto sofrem processos reológicos de relaxação e

fluência. A consideração desses efeitos leva a perdas de protensão que aumentam ao

longo do tempo e se estabilizam em tempo infinito. Para aços tipo RB (relaxação

baixa) a NBR6118:2014 sugere um processo aproximado no item 9.6.3.4.3 :

( )]

( ) ( )

onde:

( )

3.2.4.6 Resumo das perdas

O gráfico da Figura 3.24 expõe a distribuição das tensões no cabo de

protensão ao longo de uma viga, após cada uma das etapas de perda supracitadas.

34

Figura 3.24 Perdas em função do módulo do concreto

4 Hipóteses de Análise

Algumas hipóteses e considerações foram feitas de forma a balizar o escopo

da análise. Aqui são apresentadas cada uma delas.

4.1 Caracterização dos Materiais

Diversos materiais foram considerados nesse estudo. Cada material pode ser

caracterizado por certas propriedades que podem variar de acordo com o projeto e,

consequentemente, devem ser um input na análise. O Quadro 4.1 resume os materiais

e suas características correspondentes.

Quadro 4.1 Características do concreto e do aço de protensão

𝜎𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑜

𝜎 𝜎𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝜎𝑒𝑛𝑐𝑢𝑛ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝜎𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑜 𝑠𝑢𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎

𝑥𝑟𝑒𝑙

𝜎 (𝑘𝑁 𝑐𝑚²⁄ )

fck 25 a 50 MPa

γ 25 kN/m³

basalto/diabásio

granito/gnaisse

calcário

CP-I

CP-II

CP-III

CP-IV

CP-V/ARI

idade protensão > 1 dia

idade final ∞ (1E8 dias)

Umidade(%) 0 a 100 %

Slump 0 a 15 cm

E Eci ou Ecs

Concreto

agregado

Cimento

CP 190 R.B.

CP 210 R.B.

E 190 a 210 GPa

fptk (tensão de ruptura) 190 ou 210 kN/cm²

fpyk

(tensão a 0,2% alongamento permanente)

171 ou 189 kN/cm²

σ puxada 140 ou 155 kN/cm²

Φ

(diametro da cordoalha)12,7 ou 15,2 mm

Ap (seção da cordoalha) 1,009 ou 1,434 cm²

μ (coef. Atrito) 0,1 a 0,3

Aço

Tipo

35

4.2 Ações e esforços

Diversas ações, ou carregamentos, solicitam a superestrutura de uma ponte ao

longo do tempo. Nessa seção são apresentadas as ações consideradas nesse estudo

e os efeitos decorrentes nas seções de meio de vão e do apoio.

4.2.1 Ações igualmente distribuídas

Para um carregamento genérico igualmente distribuído ao longo da ponte, o

momento fletor solicitante, decorrente do carregamento, pode ser obtido pela

integração da área da curva (duas retas) deduzida pelo método de Müller-Breslau.

Logo:

( ) (

-

) (4.1)

( ) - (

) (4.2)

4.2.1.1 Peso-próprio

O carregamento de peso-próprio é obtido a partir da definição da seção

transversal da longarina e é expresso por:

(

) (4.3)

onde:

.

Ele ocorre, inicialmente, com a seção isolada da viga e depois, com a

concretagem da laje do tabuleiro.

4.2.1.2 Sobrecarga permanente

O revestimento tem espessura definida a partir de uma superfície parabólica,

como ilustrado na Figura 4.1.

Figura 4.1 Representação da seção do tabuleiro com revestimento e barreiras

LT

hc hL

36

Descontando-se a largura das barreiras, obtém-se a largura da pista de

rolamento, LT, e as alturas de revestimento no eixo (hc) e nos bordos (hL). Em seguida,

é possível determinar a área total de revestimento por integral simples, resultando em:

-

( - ) (4.4)

(

)

(4.5)

A barreira tipo New Jersey, cujas dimensões em milímetros são determinadas

em [17], está ilustrada na Figura 4.2.

Figura 4.2 Seção típica de barreira. Fonte: [17]

O peso linear transferido para a longarina é, então, determinado por:

(

)

4.2.2 Lançamento

As longarinas são posicionadas sobre os pilares com o auxílio de guindastes. O

efeito do içamento nas peças, devido a essa ação, também deve ser estudado.

É possível garantir que as vigas sejam içadas nas mesmas abscissas dos

futuros pontos de apoio, logo o efeito do peso-próprio é o mesmo no içamento.

Contudo, os cabos causam forças horizontais extras devidas às respectivas

inclinações.

Também, para que a viga fique transversalmente estável, o exato ponto de

ancoragem para os cabos do içamento não se encontra a meia altura da seção e, sim,

ligeiramente acima da linha do centro de gravidade. Dessa forma, evita-se a

b0 ≥380

GUIA

RAMPA

MURETA

h1 =75

h2 =225

h3 ≥480

b3 ≥150 b2 =50

b1 =180

EIX

O D

E R

EF

RE

NC

IA

37

possibilidade de haver tombamento. Essa excentricidade faz com que a força

horizontal, acima referida, cause um momento fletor extra.

O comportamento da viga pode ser ilustrado na Figura 4.3.

Figura 4.3 Representação do efeito do içamento na viga

A força horizontal é expressa por:

( )

(4.6)

( ) (4.7)

Define-se o ângulo α igual a e a excentricidade vertical de valor igual a um

quarto da altura total da viga.

4.2.3 Carga Móvel

A carga móvel é, indiscutivelmente, a ação de maior magnitude na estrutura em

estudo e, sendo assim, a determinação dos esforços decorrentes dessa ação merece

maior detalhamento. Os cálculos são divididos em três etapas principais:

Obtenção da distribuição transversal e consequente trem-tipo longitudinal pelo

método de Courbon;

Posicionamento do trem-tipo longitudinalmente, seguindo o conceito de linhas

de influência;

Obtenção dos momentos fletores máximos solicitantes no meio do vão e no

apoio.

4.2.3.1 Análise Transversal

Transversalmente, a geometria do trem-tipo pode ser definida como:

distância entre eixos, denominada a’;

distância entre um eixo e o limite do veículo, denominada d’;

carga concentrada P;

carga de multidão q.

Vão

Apoio Meio do väo

e

α α

Bal. Bal.

C.G.

S0 S5 S10

38

Embora a NBR7188:2013 [18] permita a consideração do trem-tipo

simplificado, ao se seguir rigorosamente a geometria, existem três possibilidades de

seção transversal diferentes:

Seção AA: com eixos e carga de multidão fora da projeção do veículo;

Seção BB: com carga de multidão completamente distribuída;

Seção CC: localizada sobre o veículo, sem a carga dos eixos e com carga de

multidão somente fora da projeção do veículo.

Essas seções estão representadas na Figura 4.4.

Figura 4.4 Seções transversais do trem-tipo

Os parâmetros de interesse, representados na Figura 4.5, utilizados no

posicionamento das cargas são:

R1,1 – ordenada na viga de extremidade;

ΔR – variação da ordenada por viga;

d – distancia entre vigas;

ΔRm – variação da ordenada por metro;

D – distância da viga de bordo ao ponto de ordenada zero e igual a

;

Leff – Comprimento efetivo do triângulo de influência positiva (região 1), igual a

( )

H – Altura do mesmo triângulo igual a

P P

q

d’ a’ d’

q

AA

CC

BB

d’ d’ a’

q

a’ 2d’

q

q

39

Figura 4.5 Parâmetros da distribuição transversal

Para obtenção das forças referentes a cada seção, posicionam-se as cargas

concentradas e distribuídas da maneira mais desfavorável. O cálculo é feito impondo-

se uma abscissa a partir do bordo extremo e calculando-se as ordenadas com a

seguinte expressão:

- (4.8)

Para a carga concentrada, o resultado vem da simples multiplicação de P pela

ordenada. Para a carga de multidão, deve-se multiplicar q pela área da figura

carregada.

É necessário destacar que, mesmo o caminhão-tipo não representando

fisicamente nenhum veículo, deve ser respeitada a geometria dos eixos, que não

podem se aproximar da barreira mais que o limite d’.

Para a seção AA, o posicionamento está ilustrado na Figura 4.6.

Figura 4.6 Posicionamento na seção AA

A ação resultante na longarina é dada pela Equação (4.9)

( ) (

) (4.9)

R1,1

R1,n

ΔR

H

d

NJ

D

Leff

1,0 m

ΔRm

xi

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

Região 2

Região 1

d’

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

a’ d’ Lq

H1 H2 Hi

40

Para a seção BB, o posicionamento está ilustrado na Figura 4.7.

Figura 4.7 Posicionamento na seção BB

Carga de multidão começando na ordenada e se estendendo por

(

) (4.10)

Para a seção CC, o posicionamento está ilustrado na Figura 4.8.

Figura 4.8 Posicionamento para a seção CC

Vale somente a segunda parcela do carregamento da seção com carga

concentrada.

(

) (4.11)

Também é necessário estudar a influência de uma reação negativa (para cima)

que levanta a longarina. O estudo é feito carregando a parte negativa da linha de

influência transversal – região 2 – com a mesma divisão de seções feita anteriormente.

Para a seção AA, o posicionamento “negativo” está ilustrado na Figura

4.9Figura 4.6.

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

Leff

H

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

a’ 2d’ Lq

Hi

41

Figura 4.9 Posicionamento “negativo”para seção AA

( ) (

) (4.12)

Sendo que Lq pode ser tomado como zero no caso da carga de multidão ter

início na região 1 (positiva).

Para a seção BB, o posicionamento “negativo” está ilustrado na Figura

4.10Figura 4.6.

Figura 4.10 Posicionamento “negativo” para seção BB

(

) (4.13)

Para a seção CC, o posicionamento “negativo” está ilustrado na Figura

4.11Figura 4.6.

d’

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

a’ d’ Lq

H1 H2 Hi

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

Lq

Hinv

42

Figura 4.11 Posicionamento “negativo” para a seção CC

Vale somente a segunda parcela do carregamento da seção AA.

(

) (4.14)

Dessa forma, são definidos os seis tipos de força que compõem o trem-tipo

longitudinal, ilustrado nas Figuras Figura 4.12 e Figura 4.13, na qual cada uma das

forças pode assumir sub-índice positivo ou negativo. Essa forças estão listadas

abaixo.

( )

( )

( )

( )

( )

( )

Figura 4.12 Esquema longitudinal do trem-tipo positivo

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

a’ 2d’ Lq

Hi

1 1

2 2 1

3

F+ qM+ qM+

F+ F+

qi+

43

Figura 4.13 Esquema longitudinal do trem-tipo negativo

4.2.3.2 Análise Longitudinal

O trem-tipo longitudinal apresenta geometria caracterizada por:

Distância entre eixos, denominada a”;

Distância entre um eixo e o limite do veículo, denominada d”;

Forças determinadas na seção de análise transversal;

Uma melhor visão pode ser obtida observando-se a Figura 4.14.

Figura 4.14 Geometria do trem-tipo longitudinal

Os parâmetros de interesse são, como deduzido anteriormente apresentados

nas Figuras Figura 4.15 e Figura 4.16:

Figura 4.15 Linha de influência - seção de meio de vão

1 1

2 2 1

3

F- qM- qM-

F- F-

qi-

d’’ a’’ d’’ a’’

F qM qM

F F

qi

vão balanço balanço

1,0 m

44

Figura 4.16 Linha de influência - seção do apoio

Para analisar os momentos fletores de maior ou menor valor solicitante na

seção do meio do vão, são realizados três posicionamentos: um para momento fletor

positivo máximo e dois para momento fletor negativo máximo.

a-) Momento Fletor Positivo Máximo

Para se obter o momento fletor positivo máximo, deve-se carregar,

longitudinalmente, os pontos de ordenada positiva com carregamentos transversais

que geram resultantes positivas e os pontos de ordenada negativa com carregamentos

que geram resultantes negativas (levantam a viga). Isso significa aplicar no vão as

cargas

e nos balanços , definidas no item 4.2.3.1 A Figura 4.17

exemplifica a hipótese.

Figura 4.17 Posicionamento das cargas longitudinalmente

A Figura 4.18 mostra o posicionamento mais desfavorável do trem-tipo sobre a

laje para a obtenção do momento fletor máximo positivo para a seção do meio do vão.

Figura 4.18 Exemplo de posicionamento de cargas sobre o tabuleiro

balanço

1,0 m

𝐹 𝑞𝑚 𝑞𝑖

𝑞𝑚

𝑞𝑚

𝑞𝑚

𝑞𝑚

Direção longitudinal

45

A definição das ordenadas da linha de influência é função da sua ordenada

máxima. Para qualquer seção longitudinal, obtém-se a ordenada pela fórmula:

- (4.15)

Para as cargas concentradas; como indicado na Figura 4.19:

Figura 4.19 Posicionamento longitudinal das cargas concentradas

O momento fletor solicitante resultante é dado por:

( - ) (4.16)

Para as cargas concentradas; como indicado na Figura 4.20:

Figura 4.20 Posicionamento longitudinal das cargas de multidão

O momento fletor solicitante resultante é dado por:

(

- - )( - ( ))

(4.17)

Para as cargas interiores ao caminhão-tipo; como indicado na Figura 4.21:

Figura 4.21 Posicionamento longitudinal das cargas interiores

O momento fletor solicitante resultante é dado por:

a’’ a’’

HL

1m

ΔRmL

''

a’’ d’’

1m

ΔRmL

a’’ d’’

a’’ d’’

1m

ΔRmL

a’’ d’’

46

( d )( - ( a ))

(4.18)

Para as cargas de multidão nos balanços; como indicado na Figura 4.22:

Figura 4.22 Posicionamento longitudinal das cargas no balanço

O momento fletor solicitante resultante é dado por:

-

(4.19)

b-) Momento Negativo Máximo

Procede-se da mesma forma, porém invertendo as forças decorrentes da

análise transversal.

Também é investigada a hipótese do veículo-tipo estar no balanço (cargas

concentradas). O procedimento para determinação do momento máximo (mínimo) é

análogo: posicionam-se as cargas nos bordos mais desfavoráveis, com as abscissas

impostas pela geometria: obtém-se as ordenadas a partir da variação por metro.

As Figuras Figura 4.23 a Figura 4.25 ilustram o procedimento.

Figura 4.23 Posicionamento longitudinal das cargas

Figura 4.24 Posicionamento das cargas no tabuleiro – forma 1

balanço

1m

ΔRmL

HL,apoio

𝐹 𝑞𝑚 𝑞𝑖

𝑞𝑚 𝑞𝑚

Direção Longitudinal

47

Figura 4.25 Posicionamento das cargas no tabuleiro - forma 2

c-) Momento Fletor Máximo na seção do Apoio

Para a seção no apoio, o posicionamento do trem-tipo é bastante simplificado

conforme mostra o gráfico da linha de influência disposto no item 3.2.2 e descrito a

seguir:

: posiciona-se a primeira força no bordo extremo com ordenada HL,inv.,

posiciona-se a segunda força e calcula-se a ordenada, se for negativa, é

mantida, se for positiva, descartada, idem para a terceira força.

: posiciona-se o início da força e testa-se a ordenada, descarta-se se for

positiva ou estende-se até o ponto de ordenada NULA.

: posiciona-se o início da força no bordo do veículo-tipo e estende-se até o

ponto de ordenada NULA.

A Figura 4.26 ilustra esse posicionamento, nela, as linhas tracejadas representam

forças que podem ser consideradas ou não.

O momento fletor negativo máximo é resultado da soma das três parcelas.

Figura 4.26 Posicionamento longitudinal do trem-tipo para seção do balanço

𝑞𝑚

𝐹 𝑞𝑚 𝑞𝑖

𝑞𝑚

Direção Longitudinal

HL,apoio

ΔRmL,apoio

balanço

1,0 m

48

Percebe-se que é possível obter um momento positivo na seção do apoio

servindo-se de

e substituindo-as na Figura 4.26.

4.2.3.3 Validação e comparação da metodologia proposta

Para validar a rotina de cálculo proposta para obter a envoltória de momentos

fletores, carrega-se a linha de influência da seção do meio do vão. Os resultados são

comparados com os fornecidos pelo programa educacional Ftool versão 3.00.

Como exemplo, tem-se uma viga com vão central de 20,0m e balanços de

2,0m, como ilustrado na figura

Figura 4.27 Modelo unifilar de viga para análise. Fonte: Ftool

O trem-tipo longitudinal aplicado apresenta as seguintes características:

F = 136,6 kN

qM = 19,9 kN/m

qI = 6,8 kN/m

São determinados os momentos fletores, máximo e mínimo, na seção de meio

de vão, para cada uma das ações separadamente.

Para a contribuição das cargas pontuais (seção AA), obtém-se:

Figura 4.28 Linha de Influência com ação de cargas pontuais

Valores obtidos com cálculos propostos:

M+ = 1843,8 kN.m

49

M- = -170,7 kN.m

Para a contribuição das cargas na seção interior ao caminhão-tipo (seção CC),

obtém-se:

Figura 4.29 Posicionamento e momentos fletores extremo resultantes para força interior

Valores obtidos com cálculos propostos:

M+ = 174,1 kN.m

M- = -6,8 kN.m

Por fim, para a contribuição somente das cargas de multidão, visto que ela não

é uma carga contínua longitudinalmente (sendo interrompida nas seções onde atua a

força interior), é necessário simular uma carga interior de mesma magnitude e subtrair

esse valor de uma simulação com carga igualmente distribuída – isso se deve ao fato

do Ftool não posicionar a carga de multidão com um “vazio” no meio do vão – sendo

assim:

Figura 4.30 Momento fletor devido à carga de multidão no interior do caminhão

Carga interior

aplicada

50

Figura 4.31 Momento fletor devido à carga de multidão em toda a extensão da viga

Ao subtrair um do outro – para o momento positivo – e dividir por dois – para o

momento negativo, de forma a considerar um balanço carregado somente – obtém-se

os mesmos resultados no programa e seguindo os cálculos propostos:

M+ = 485,1 kN.m

M- = -19,8 kN.m

Dessa forma, é possível validar o processo de cálculo proposta e utilizá-lo para

futuras análises.

Entretanto, como já apresentado, existem outras regiões que devem ser

carregadas pelo trem-tipo para que seja gerado o momento fletor solicitante máximo.

São as regiões nas quais atua o trem-tipo “negativo” que suspende a viga localmente,

mas contribui para aumentar os momentos máximo e mínimo no meio do vão.

Embora o Ftool não possibilite obter esse resultado diretamente usando o

“trem-tipo negativo”, é possível chegar ao esforço máximo aplicando separadamente o

trem-tipo negativo – como se fosse positivo – e combinando os resultados de forma

oposta:

Momento máximo positivo do trem-tipo positivo com momento mínimo

negativo do trem-tipo negativo (em valores absolutos) e;

Momento mínimo negativo do trem-tipo positivo com momento máximo

positivo do trem-tipo negativo (em valores absolutos)

Para melhor analisar a influência dessas regiões, são analisadas geometrias

diversas com variação de vão e balanços. Os resultados estão dispostos no capítulo 6.

51

4.2.3.4 Comparações com programa comercial

4.2.3.4.1 Linha de influência de superfície

Não é usual a consideração do carregamento “invertido” posicionado nos

balanços. Para testar e validar essa hipótese, são feitas análises no programa

comercial CSI Bridge (2016).

A primeira análise baseia-se na geração de uma superfície de influência

numérica de momentos fletores para a viga de bordo em um tabuleiro de ponte como o

estudado.

A estrutura de análise foi modelada pelo Método dos Elementos Finitos e

possui, em sua superestrutura, quatro longarinas e duas transversinas de apoio

modeladas com elementos de barra além da laje do tabuleiro, modelada com

elementos de casca. A superestrutura conta com balanços longitudinais e transversais.

A meso e infraestruturas foram modeladas de maneira mais simples, também com

elementos de barra, pois considera-se que sua influência no comportamento estrutural

da superestrutura não é grande. A Figura 4.32 ilustra o modelo estrutural.

Figura 4.32 Modelo 3D de uma ponte (CSI Bridge, 2016)

Em seguida, define-se carga-móvel que trafega sobre todo o tabuleiro.

As Figuras Figura 4.33 e Figura 4.34 ilustram as superfícies de influência,

gerada numericamente, da seção do meio do vão.

52

Figura 4.33 Superfície de influência no meio do vão

Figura 4.34 Vista 3D da superfície de influência no meio do vão

Como pode ser notado nas Figuras Figura 4.33 e Figura 4.34, há uma região

nos extremos dos balanços cuja influência sobre o momento na seção de meio de vão

da viga é positiva, assim como previu o modelo proposto.

Essa influência é muito pequena quando aferida com a carga exatamente

sobre a seção, porém o comportamento sugerido pode ser validado com a

comparação.

4.2.3.4.2 Desvios da simplificação

Uma das hipóteses da metodologia de Courbon [14] é desconsiderar a

resistência à torção das vigas e do tabuleiro como um todo. A torção do tabuleiro foi

avaliada em seus estudos, mas desconsiderada pela presença das transversinas, que

enrijecem o conjunto.

A desconsideração da torção, para tabuleiros com seção aberta decorre da

pouca rigidez à torção do tabuleiro. No lugar da torção de Saint-Venant pura, o

53

fenômeno que mais se pronuncia é a torção de empenamento. A torção de

empenamento desperta, em seções compostas por perfis I, como é o caso do sistema

estrutural estudado, o bimomento, que é mais bem entendido analisando-se a Figura

4.35.

Figura 4.35 Esquematização do bimomento. Fonte [15]

Essa torção não-uniforme foi estudada em [19] e é possível identificar e

quantificar a influência desse efeito na Figura 4.36.

Figura 4.36 Efeito da torção não-uniforme em seções com vigas I. Adaptado de [19]

Percebe-se que o efeito da torção não-uniforme existe nas estruturas aqui

estudadas e chega a fazer parte de 50 % do efeito total.

Para conceitos mais aprofundados sobre a resistência ao empenamento,

sugere-se consultar [20] ou bibliografia especializada em torção de barras.

De forma a investigar a contribuição de cada consideração simplificadora,

foram concebidos modelos computacionais.

A ponte para análise apresenta as seguintes características:

Vão central – 25,0m

Balanços longitudinais – 4,0 m

Torção Mista Torção Uniforme Torção não-Uniforme

Torção concentrada

Torção distribuída

% de torção não-

uniforme

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0

relação entre rigidez à torção de Saint-Venant GJ e a rigidez à torção de empenamento EIw

54

Balanços transversais – 3,0 m

Largura total da seção – 12,0 m

4 vigas tipo AASHTO-6

O modelo pode ser representado pela Figura 4.37.

Figura 4.37 Modelo Estrutural utilizado para estudo

Primeiramente, obteve-se o coeficiente de rigidez referente à seção do meio do

vão para uma única viga sem laje tipo AASHTO-6 (ver Anexo A) de 25,0 m de vão

central. Ele foi obtido com auxílio do SAP2000 ao se aplicar uma carga unitária na

seção do meio do vão. A Figura 4.38 mostra o resultado (unidades em kN e m).

Figura 4.38 Deslocamento no meio do vão devido à carga unitária

A rigidez é imediatamente obtida e igual a : 29.868 kN/m.

Em seguida, estudou-se, para uma seção transversal de 12,0 m de largura, e

balanços de 3,0 m com quatro vigas da mesma geometria, qual a influência da

hipótese de corpo rígido sobre apoios elásticos no que se refere à distribuição de

reações para cada longarina. Embora a dimensão do balanço transversal seja um

pouco maior que o comum, foi escolhido o valor para melhor ilustrar o efeito do trem-

tipo negativo.

Foram aplicadas somente as cargas pontuais de uma seção AA, respeitando-

se os limites já definidos. A transversina considerada tem seção 50x150 cm

A Figura 4.39 representa o esquema da seção transversal (valores em kN).

12,0 m

4,0 m

25,0 m

4,0 m

3,0 m

4 perfis AASHTO-6

55

Figura 4.39 Modelo transversal de carregamento

Após o processamento, obtiveram-se as reações de apoio do modelo de corpo

rígido, ilustradas na Figura 4.40 (valores em kN).

Figura 4.40 Reações de apoio do modelo de corpo rígido

As reações extremas previstas pelo modelo proposto são iguais a 129,8 kN e -

54,8 kN. É possível estimar uma diferença de 2% para a reação positiva e 4% para o a

negativa. Tal diferença é esperada pois, no caso mais realista, a transversina sofre

alguma flexão, concentrando a reação de apoio mais próxima à carga aplicada e

“amortecendo” o efeito até chegar ao outro bordo, por isso a diferença maior na reação

negativa.

Para uma transversina de rigidez infinita, os resultados obtidos são

praticamente os mesmos, com uma diferença de 0,3 kN, que corresponde a 0,2%

Confirma-se, dessa forma, que a hipóteses de distribuição de esforços

considerando a transversina como um corpo rígido é valida, com desvios da ordem de

5,0 % (2,0 % e 4,0 % no caso exemplificado). É de se esperar que os desvios

aumentem caso a razão entre a rigidez à flexão da transversina e da longarina

diminua.

Para ser possível comparar os resultados com o modelo proposto, é necessário

obter os resultados de momento fletor calculados pelo modelo simplificado no meio do

vão. Os cálculos detalhados estão dispostos no Anexo B e os resultados são:

Momento fletor máximo positivo na viga de bordo: 811 kN.m

Momento fletor máximo negativo na viga de bordo: -342 kN.m

Analisou-se o modelo, sem laje, com uma transversina no meio do vão com

rigidez infinita e sem rigidez à torção nos elementos (longarinas ou transversinas),

como representado na Figura 4.41 (valores em kN).

56

Figura 4.41 Modelo estrutural com elementos de barra - SAP2000

Observa-se que, para esse caso, os resultados, tanto de reações da

transversina quanto de momentos, são idênticos ao previsto no modelo simplificado,

como representado na Figura 4.42. Dessa forma, conclui-se, de maneira preliminar,

que o modelo de Courbon pode ser obtido em programas de computador ao se:

eliminar a rigidez à torção de cada elemento reticular;

desconsiderar a ação do tabuleiro;

considerar a rigidez das transversinas infinita.

Figura 4.42 Momento fletores no modelo sem rigidez (SAP2000)

Em seguida, considerou-se a rigidez à torção das longarinas, de forma a se

distanciar um pouco do modelo previsto de torção de empenamento pura. Os

811 kN.m

342 kN.m

57

resultados obtidos são descritos a seguir e indicados nas Figuras Figura 4.43 e Figura

4.44:

Reações máxima e mínima : 111,8 kN e -36,4 kN

Momentos fletores máximo e mínimo: 697,5 kN.m e – 227,1 kN.m

Figura 4.43 Momentos fletores considerando a rigidez à torção (SAP2000)

Figura 4.44 Momentos Torsores considerando a rigidez à torção (SAP2000)

No modelo seguinte, a rigidez das transversinas foi adotada com seu valor real,

esperando obter um resultado semelhante ao do modelo da Figura 4.39, com menor

distribuição das reações. Obtém-se:

Reações máxima e mínima : 113,2 kN e -43,6 kN

Momentos fletores máximo e mínimo: 708,5 kN.m e – 216,0 kN.m

Na etapa seguinte, foi reintroduzida a rigidez à torção das transversinas e

obtiveram-se os seguintes resultados, também indicados na Figura 4.45.

697,5 kN.m

227,1 kN.m

15,24 kN.m

58

Reações máxima e mínima : 117,4 kN e -36,8 kN

Momentos fletores máximo e mínimo: 677,8 kN.m e – 182,05 kN.m

Figura 4.45 Momentos Fletores considerando a torção das transversinas (SAP2000)

Percebe-se, para esse caso, que as transversinas, ao poderem torcer na região

do apoio, criam um engaste elástico que muda o sinal do momento fletor, reduzindo a

magnitude do mesmo no meio do vão. Para ambos os bordos, o engaste elástico

absorve um momento da ordem de 50,0 kN.m.

A influência de cada uma das simplificações pode ser melhor compreendida

nos gráficos das Figuras Figura 4.46 e Figura 4.47, obtidos com valores do programa

computacional.

45 kN.m

50 kN.m

59

Figura 4.46 Momento Fletor positivo

Figura 4.47 Momentos Fletores negativos

Por fim, partindo-se do mesmo modelo com elementos de barra, modelou-se a

laje do tabuleiro com elementos de casca, com espessura equivalente de 25,0 cm,

sobre o topo das vigas, para que as rijezas sejam devidamente representadas, como

ilustrado na Figura 4.48.

812

697709

678

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 5 10 15 20 25M

om

ento

s F

leto

res (

kN

.m)

comprimento (m)

Método de Courbon (base)

+ torção das longarinas

+ rigidez real da transversina

+ rigidez torcional da transversina

-341

-227-216

-182

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

0 5 10 15 20 25

Mom

ento

s F

leto

res (

kN

.m)

comprimento (m)

Método de Courbon (base)

+ torção das longarinas

+ rigidez real da transversina

+ rigidez torcional da transversina

60

Figura 4.48 Modelo de ponte com vigas modeladas pelo topo (SAP2000)

Inicialmente, optou-se por considerar a laje sem solicitações axiais,

encontrando-se valores de momentos fletores no meio do vão de:

Momentos máximo e mínimo: 589,0 kN.m e – 94,0 kN.m

Percebe-se que a inserção da laje, mesmo que sem rigidez axial para contribuir

como me sa de compressão na flexão, transfere solicitação para os tramos em

balanço, aumentando a rigidez do conjunto e diminuindo os momentos fletores no

meio do vão.

Ao considerar o comportamento de membrana na direção longitudinal, como as

longarinas e transversinas foram modeladas pelo topo, como indicado na Figura 4.48,

devem-se somar as solicitações de membrana da laje com a respectiva excentricidade

de forma a obter o momento fletor solicitante na viga, como indicado na Figura 4.49.

Figura 4.49 Excentricidade da força do tabuleiro

Como a resultante de forças normais deve ser equilibrada, torna-se mais fácil

obter a resultante de esforços normais na laje analisando-se as forças normais

atuantes na viga, já que formam um binário.

Os resultados são:

Momentos máximo e mínimo: 651,82 kN.m e – 107,2 kN.m

Os resultados encontram-se no Quadro 4.2.

eixo do topo

da viga

laje contribuinte

eixo do

C.G.

Momento na viga

Resultante de forças

na laje contribuinte

Momento Total =

Momento na viga +

Forças na laje x

excentricidade

61

É possível extrair algumas conclusões a partir dos resultados encontrados,

ainda que preliminares, sobre a influência de cada simplificação no comportamento

geral da estrutura

Quadro 4.2 Resultados comparativos entre momentos fletores

Confirma-se a pouca influência da rigidez à flexão das transversinas: já que a

mesma é naturalmente mais importante que a rigidez à torção dos perfis I. Porém, a

consideração do modelo com rigidez real da transversina distribui os esforços mais

heterogeneamente causando um aumento da reação no lado positivo e diminuição no

lado negativo, ambas menores que 5,0 %.

A hipótese que a seção atua somente sob torção de empenamento causa um

aumento do momento positivo da ordem de 15,0 % e do negativo de 30,0 %, isso

ocorre porque a viga do bordo oposto às cargas (onde se analisa o momento negativo)

tem a contribuição devida à excentricidade da carga diminuída, se aproximando do

caso em que há distribuição homogênea de reações.

A influência da torção das transversinas, como descrito anteriormente, cria uma

mola rotacional na região dos apoios, mudando o sinal do momento e “levantando” o

diagrama. Esse efeito não reduz proporcionalmente o momento e depende

principalmente da rigidez à flexão da transversina quando a mesma é analisada como

placa. Para efeito de estimativa, a redução do momento foi de 4,0 % para o positivo e

10 % para o negativo.

Com relação às conclusões sobre a rigidez torcional dos elementos, é

necessário ressaltar que, na prática, as vigas de concreto – armado ou protendido –

não possuirão toda a resistência como previsto no modelo computacional, já que a

resistência à torção de peças de concreto é reduzida devido à fissuração e,

consequentemente, o resultado real se encontra em algum ponto entre os extremos:

com e sem torção das longarinas.

A influência do tabuleiro deve ser melhor avaliada visto que foi identificada

certa influência do mesmo quando atuando como membrana.

A Figura 4.50 ilustra os efeitos investigados com os modelos executados.

SimplificadoSem torção e

rigidez infinita

Com torção das

Longarinas

Com rigidez real

da Transversina

Com torção das

Transversinas

Tabuleiro sem

Solicitação Axial

Tabuleiro com

solicitação Axial

Mmax 810 811 697,5 708,5 677,8 589 651,82

Mmin -342 -341 -227,1 -216 -182,05 -94 -107,2

62

Figura 4.50 Esquema de modelos estruturais

+ -

MODELO BÁSICO :

CORPO RÍGIDO SOBRE APOIOS

ELÁSTICOS

REAÇÕES PROPORCIONAIS À

DISTÂNCIA AO C.G.

MODELO COM FLEXÃO DA

TRANSVERSINA : DISTRIBUIÇÃO

DE REAÇÕES MAIS PRÓXIMA À

CARGA

- -

MODELO COM TORÇÃO DA

LONGARINA : RESULTANTES

REDUZIDAS DEVIDO AO

MOMENTO

MODELO COM TORÇÃO DA

TRANSVERSINA : ENGASTE

ELÁSTICO SUSPENDE O

DIAGRAMA

DESVIO: 5 %

DESVIO: 15 A 30 %

DESVIO: 4 A 10 %

63

4.3 Combinação de Ações e Estados Limites

Segundo a Tabela 13.4 da NBR-6118:2014, as combinações de ações são

definidas, para o concreto protendido, segundo as Classes de Agressividade

Ambiental (CAA), às quais a estrutura está submetida.

Nas seções seguintes são detalhados os Estados Limites de Serviço utilizados

nas verificações e as combinações de ações.

São propostos três níveis de protensão na NBR-6118:2014. São eles:

Protensão Completa

Protensão Limitada

Protensão Parcial

Como a protensão parcial permite a abertura de fissuras no concreto, optou-se

por não incluir esse nível de protensão no estudo, já que uma das grandes vantagens

do C.P. é justamente inibir a abertura de fissuras, aumentando a durabilidade das

peças. Sendo assim, para os estados de protensão Completa e Limitada, são

verificados três estados limites de serviço:

ELS-D: Descompressão

ELS-F: Formação de fissuras

ELS-CE: Compressão excessiva

Os estados limites de serviço são verificados para diferentes tipos de

combinação:

Combinação quase-permanente

Combinação frequente

Combinação rara

A interação entre os itens acima dispostos pode ser vista no trecho da tabela

13.4 da NBR6118, ilustrada na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Combinações de Ações. Fonte [21]

64

Uma das diferenças entre os níveis 2 (Limitado) e 3 (Completo) de protensão

está nas combinações, sendo mais rigorosa para o nível 3.

De forma abrangente, como as pontes consideradas nessa análise são

estruturas relativamente de menor porte e grande quantidade e a maioria do território

nacional está sujeito a chuvas frequentes e clima úmido, foi considerada CAA-III como

satisfatória.

Essa escolha permite que a estrutura seja projetada com protensão limitada

para os casos de pós-tensão e que sejam verificados dois Estados Limites de Serviço

distintas – de descompressão e de formação de fissuras – que implicam em

combinações diferentes: Combinação quase-permanente e frequente respectivamente.

Além disso, no item 17.2.4.3 da NBR6118:2014 é descrito o procedimento de

cálculo para verificação, no E.L.U., da peça no ato da protensão. Essa verificação se

enquadra no estado limite de compressão excessiva.

4.3.1 ELS-D

No Estado Limite de Serviço de Descompressão não há tensões de tração em

nenhuma fibra da seção de concreto, podendo haver um ou mais pontos de tensão

nula. Na prática, para tensões distribuídas linearmente, é o estado no qual as tensões

no concreto apresentam distribuição triangular.

4.3.2 ELS- F

No Estado Limite de Serviço de Formação de Fissuras admite-se que a tensão

máxima de tração na seção seja igual à resistência do concreto à tração na flexão, fct,f.

Na prática, para tensões distribuídas linearmente, é o estado no qual as tensões no

concreto apresentam distribuição bitriangular com tração máxima igual a fct,f.

Pode-se definir fct,f a partir do item 17.3.1 da NBR6118:2014, no qual é

abordado o momento de fissuração e definido o fator α, que correlaciona a resistência

à tração na flexão com a resistência direta à tração de forma aproximada:

Ainda nesse item, é indicada a utilização do fctk,inf no estado limite de formação

de fissuras. Assim:

Logo,

⁄ (4.20)

65

4.3.3 ELS-CE

Concomitante às exigências de tração já definidas, é necessário verificar as

tensões compressivas na seção de concreto.

Embora a NBR6118:2014 não explicite o limite de compressão no item 3.2.7,

em seu item 14.3.3 é indicado que, para carregamento monotônico, as tensões de

compressão no concreto não devem ultrapassar 0,5 fck. Também, no item 8.2.10.11, é

indicado que, para tensões menores que 0,5 fck, o concreto apresenta relação linear

entre tensão e deformação. Como a verificação no estado limite de serviço é realizada

ainda com o concreto apresentando diagrama de tensões lineares, conclui-se que a

adoção desse limite é coerente.

A consideração simplificada desse estado limite, descrita no item 17.2.4.3.2 da

referida norma, admite o concreto no estádio I (sem fissurar e, ainda, com

comportamento linear-elástico). Essa consideração é válida desde que:

a tensão máxima de compressão na seção não ultrapasse 70% da

resistência à compressão característica no dia da protensão, fckj;

a tensão máxima de tração do concreto não ultrapasse 1,2 vez a

resistência à tração média, fctm, correspondente ao fckj;

em havendo tensões de tração, deve haver armadura de tração

calculada no estádio II, cuja força é igual à resultante das tensões de

tração no concreto no estádio I e na qual a tensão atuante não pode

ser superior a 150 MPa para fios ou barras e 250 MPa para barras

nervuradas.

Essa consideração tem, associada a ela, os seguintes coeficientes de

ponderação:

( ) ( )

( ) ( )

No âmbito desse estudo, não foi automatizada a verificação de tensões no

instante da protensão.

4.3.4 Combinação Quase-Permanente

A combinação de ações quase-permanente é definida, em norma, como:

∑ ∑ (4.21)

onde:

66

De forma prática, como a única carga variável considerada é a carga-móvel

rodoviária, pode-se considerar ψ2 como descrito na Tabela 6 da NBR8681:2003 [22]

com valor de 0,3.

4.3.5 Combinação Frequente

Analogamente, a combinação de ações frequente é definida, em norma, como:

∑ ∑ (4.22)

onde:

De forma prática, como a única carga variável considerada é a carga-móvel

rodoviária, pode-se considerar ψ1 como descrito na Tabela 6 da NBR8681:2003 [22]

com valor 0,5.

4.3.6 Combinação Rara

Por fim, a combinação rara é definida como:

∑ ∑ (4.23)

onde:

De forma prática, como a única carga variável considerada é a carga-móvel

rodoviária, pode-se considerar, nessa combinação, a carga móvel com seu valor

característico integral.

4.4 Traçado dos cabos

A definição do traçado dos cabos de um projeto de vigas protendidas requer

experiência do projetista. Sendo o objetivo desse estudo somente o pré-

dimensionamento, foram adotadas hipóteses quanto ao traçado dos cabos. São elas:

a-) Limites de excentricidade dos cabos:

Início da viga : cabo médio no C.G. da seção

Seção do apoio: cabo médio 15,0 cm abaixo do topo da viga

67

Seção do meio do vão: cabo médio 15,0 cm acima do fundo da viga

A Figura 4.51 ilustra o traçado do cabo médio para uma viga biapoiada com

balanços, seguindo as seguintes considerações:

Parábola entre o início da viga e a seção do apoio

Curva cúbica entre a seção do apoio e um terço do vão central

Traçado reto entre um terço do vão central e o meio do vão central

Traçado simétrico a partir do eixo de simetria

A Figura 4.52 ilustra o traçado do cabo médio para uma viga biapoiada sem

balanços, seguindo as seguintes considerações:

Parábola entre o início da viga um quarto do vão

Traçado reto entre um quarto do vão e o meio do vão

Traçado simétrico a partir do eixo de simetria

Figura 4.51 Traçado padrão para viga com balanços

Figura 4.52 Traçado padrão para viga sem balanços

4.5 Dimensões e limites geométricos

Algumas dimensões também foram parametrizadas, tais como:

A laje tem espessura média de 25,0 cm;

Vãobal bal

C.G.

15 cm

15 cm

parábola

cúbica

reta

⁄ 𝑣 𝑜

Vãobal bal

parábola

reta C.G.

15 cm

⁄ 𝑣 𝑜

68

A largura da alma na seção do apoio é o dobro da largura da alma no

vão.

Embora, por vezes, seja matematicamente possível protender a viga, devem

ser respeitados os limites geométricos da seção. Esses limites na seção se traduzem

na quantidade de armadura máxima que pode ser disposta.

Três situações são verificadas:

Cabos na mesa inferior – representando a seção do meio do vão

Cabos na mesa superior – representando a seção do apoio

Cabos ao longo da altura com largura da alma - representando a região

de ancoragem.

A Figura 4.53 ilustra cada uma das situações.

Figura 4.53 Regiões de verificação de armadura

Para cada região considerada, de forma a atender o disposto em 18.6.2.3 da

NBR-6118:2014, referente aos espaçamentos mínimos (ver Tabela 4.2), foi estipulado

que a taxa máxima de armadura possível é de 15 % da área de concreto.

Tabela 4.2 Espaçamentos mínimos segundo [21]

O limite foi estabelecido, de maneira conservadora, considerando que a seção

transversal das bainhas é similar à dos cabos de protensão e que é necessário

respeitar o espaçamento livre de, ao menos, 5,0 cm na vertical e na horizontal. O

diâmetro da bainha de protensão foi tomado como sendo 6,0 cm após a enfiação dos

69

cabos, referente a uma bainha tipo Rudloff para seis cordoalhas de 12,7 mm [23]. Tal

como esquematizado na Figura 4.54.

Figura 4.54 Esquema de posicionamento de bainhas

5 Automatização dos cálculos

Para que os cálculos e verificações atendam ao objetivo inicial de pré-

dimensionar vigas de forma ágil e eficiente, foi concebida uma planilha em Excel que

agrupa os dados de entrada, os cálculos e os dados de saída. Nessa seção são

apresentados cada um deles e, ao final, um exemplo de dimensionamento.

5.1 Dados de Entrada

Os dados de entrada são classificados em três principais grupos:

Perfil da viga

Características da ponte

Características dos materiais

5.1.1 Perfis de viga

Foi construída uma base de dados com vinte e cinco diferentes perfis

mostrados no Anexo A, sendo:

3 perfis tipo PREMAG

9 perfis tipo AASHTO (American Association of State Highway and

Transportation Officials)

12 perfis tipo CalTrans (California Department of Transportation)

Uma possibilidade de perfil personalizado pelo usuário

5.1.2 Características da ponte

Os dados de entrada referentes à ponte são:

Largura total do tabuleiro

φext 6,0cm

5,0 cm + φext

5,0 cm φext

70

Comprimento do balanço – transversalmente – da laje do tabuleiro

Comprimento do vão central da ponte

Comprimento dos balanços

Trem-tipo dimensionante

5.1.3 Características dos materiais

Os dados referentes aos materiais são:

Resistência à compressão característica (fck) do concreto

Tipo de agregado

Tipo de cimento

Dia da protensão após a concretagem da viga

Utilização do módulo secante ou tangente

Umidade relativa

Slump

Tipo de Protensão

Tipo de aço

Módulo de elasticidade do aço

Diâmetro da cordoalha

Número de cordoalhas

Número de cabos

Coeficiente de atrito entre o cabo e a cordoalha

5.2 Dados de Saída

Os principais dados de saída são:

Tensões nas fibras inferior e superior da viga e na fibra superior da laje;

Porcentagem de aço nas regiões de verificação (mesas superior e

inferior e ao longo da altura para a região de ancoragem);

Quantitativos de concreto do conjunto de vigas, em m³, e de aço de

protensão, em kg.

5.3 Exemplo

A metodologia proposta, apresentada nos capítulos anteriores, foi

automatizada na forma de planilha eletrônica. O usuário deve fornecer dados iniciais

descritos a seguir e verificar o pré-dimensionamento executado. Um exemplo é

desenvolvido para mostrar a eficiência da metodologia proposta.

A Figura 5.1 mostra as dimensões da seção transversal de um perfil tipo

AASHTO-5, na seção corrente e na do apoio.

71

Figura 5.1 Dimensões da seção transversal

A Tabela 5.1 apresenta as propriedades geométricas obtidas pelo métodos dos

trapézios.

Tabela 5.1 Propriedades geométricas da seção transversal

A ponte tem um vão de 29,0 m, com dois balanços de 4,0 m cada, perfazendo

um comprimento total de 37,0 m. A seção transversal é composta por quatro

longarinas, com intereixo de vigas de 2,73 m e balanços de 2,0 m, totalizando 12,2 m.

Longarina AASHTO-5

h 160,0 cm

b_sup 106,7 cm

h_sup 12,7 cm

mis_sup 7,6 cm

b_inf 71,1 cm

h_inf 20,3 cm

mis_inf 25,4 cm

b_alma 20,3 cm

b_apoio 40,6 cm

b_laje 328,1 cm

h_laje 25,0 cm

Entradas

h

b_inf

h_laje

h_inf

b_sup

b_alma

h_sup

mis_sup

mis_inf

b_la je

b_apoio

Área 0,635 m² Área 0,839 m²

Inércia 0,21072 m4 Inércia 0,23020 m4

D (CG-sup) 80,49 cm D (CG-sup) 77,81 cm

D (CG-inf) 79,53 cm D (CG-inf) 82,21 cm

Wsup 0,26179 m³ Wsup 0,29583 m³

Winf -0,26496 m³ Winf -0,28003 m³

Área 1,456 m² Área 1,659 m²

Inércia 0,52462 m4 Inércia 0,57635 m4

D (CG-sup) 53,09 cm D (CG-sup) 58,16 cm

D (CG-inf) 131,93 cm D (CG-inf) 126,86 cm

Wsup 0,98812 m³ Wsup 0,99104 m³

Wsup-viga 1,86743 m³ Wsup-viga 1,73830 m³

Winf -0,398 m³ Winf -0,45431 m³

Perímetro 484,7 cm²

Área p/ cabos 2606,4 cm²

Área p/ cabos-sup 1838,7 cm²

Área p/ cabos-cabeça 3251,6 cm²

Vão Apoio

Propriedades sem laje

Propriedades com laje

Vão Apoio

72

A Figura 5.2 ilustra o desenho esquemático longitudinal e transversal da

estrutura em análise. O trem-tipo utilizado é o TB-450.

Figura 5.2 Esquemas longitudinal e transversal da ponte

As Tabelas Tabela 5.2, Tabela 5.3 e Tabela 5.4 mostram os momentos fletores

e esforço normal devidos à carga móvel, às cargas permanentes e ao içamento da

viga pré-moldada, respectivamente

Tabela 5.2 Momentos fletores - Carga Móvel

Tabela 5.3 Momentos fletores - Cargas Permanentes

Vãobalanço

Apoio Meio do Vão

balanço

vão entre vigas = 8,2balanço balanço

n. de vigas

Total

M+max 4747,3 kN.m

M-max -1262,5 kN.m

M-max -1527,6 kN.m

M+max 401,8 kN.m

Meio do Vão

Apoio

Viga Isolada 1543 Viga Isolada -127

Laje p/ viga 1851 Laje p/ viga -153

Revestimento 327 Revestimento -27

Barreiras 141 Barreiras -12

M. Apoio (kN.m)M. Meio do Vão (kN.m)

73

Tabela 5.4 Momento fletor e esforço normal - Içamento

A Tabela 5.5 mostra as características do aço de protensão e do concreto da

viga protendida. Os limites das tensões de compressão e de tração na seção são

definidos a partir da classe de agressividade ambiental e do tipo de protensão aplicada

na estrutura. Define-se, também, a unidade de protensão, o número de cabos

adotados e os parâmetros geométricos para ajuste do traçado do cabo médio.

Nessa tabela, os valores de σcc, σct e σct, f representam os limites de tensão

do concreto no ELS-CE, ELS-D e ELS-F, respectivamente. Além disso, os parâmetros

geométricos indicados representam as excentricidades adotadas como premissas de

análise para o ajuste do traçado dos cabos.

Tabela 5.5 Características dos materiais e do cabo médio

A Tabela 5.6 apresenta do valores das tensões devidas aos carregamentos

atuantes, no instante da protensão e no tempo infinito, para os estados limites em

serviço pertinentes ao nível de protensão adotado, nas seções do apoio e de meio de

vão.

Offset Long. - m

Offset Altura 40,005 cm

Ângulo 60 °

Normal 169,7 kN

Momento 67,88 kN.m

Içamento

fck 40 MPa CAA - III

Tipo CP 190 R.B. agregado granito/gnaisse Protensão Limitada

Eaço 200,000 GPa Cimento CP-II

Φ 12.7 mm idade prot. 5 dias σcc 20,0 MPa

Módulo Eci σct 0,0 MPa

idade final 10000000 dias σct,f -3,2 MPa

U(%) 50%

Slump 0-4 cm

F1 = 145,0 cm no cordoalhas 6

F2 = 15,0 cm no cabos 8

e = 80,5 cm μ (coef. Atrito) 0,2

k (coef. perda) 0,002

Limites no ConcretoCaracterísticas do Aço Características do Concreto

Características dos CabosParâmetros Geométricos

74

Tabela 5.6 Tensões atuantes

O Quadro 5.1 resume as verificações de porcentagem de armadura nas

regiões definidas no item 4.5.

Quadro 5.1 Porcentagem de armadura nas regiões-chave

A Tabela 5.7 resume o quantitativo de concreto e de aço de protensão.

Tabela 5.7 Quantitativo

Etapa σsup,0 (MPa) σinf (MPa)

E.L.S [PP+Prot] 1,0 16,1

E.L.S [PP + Lançamento + Prot] 1,6 16,1

E.L.S [PP + Laje + Prot] 8,1 9,1

E.L.S [PP + Laje + Rev. + GR + Prot] 8,4 7,9

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Positivo] 9,1 4,3

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Positivo] 9,6 1,9

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Negativo] 8,2 8,8

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Negativo] 8,0 9,5

E.L.S [PP + Laje + Rev. + GR + Prot] 9,3 3,8

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Positivo] 10,0 0,2

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Positivo] 10,5 -2,2

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Negativo] 9,1 4,8

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Negativo] 8,9 5,4

Máximos 10,5 16,1

Mínimos 1,0 -2,2

E.L.S [PP+Prot] 5,3 6,2

E.L.S [PP + Lançamento + Prot] 5,8 6,2

E.L.S [PP + Laje + Prot] 4,8 6,8

E.L.S [PP + Laje + Rev. + GR + Prot] 4,8 6,9

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Positivo] 4,9 6,6

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Positivo] 4,9 6,4

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Negativo] 4,5 7,9

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Negativo] 4,4 8,5

E.L.S [PP + Laje + Rev. + GR + Prot] 3,8 5,8

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Positivo] 3,8 5,5

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Positivo] 3,9 5,4

E.L.S. D- CQP [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,3*Carga Móvel Negativo] 3,5 6,8

E.L.S. F- CF [PP + Prot. + Laje + Rev. + GR +0,5*Carga Móvel Negativo] 3,3 7,5

Máximos 5,8 8,5

Mínimos 3,3 5,4

Meio do Vão

Apoio

T =

∞T =

0T =

0T =

% As Inferior 1,9%

% As Superior 2,6%

% As Cabeça 1,5%

Verificação Ok

Total de Concreto 100,1 m³

Total de Aço 1419,5 kg

Quantitativos

75

6 Análises de sensibilidade

Foram realizadas diversas análises de sensibilidade para investigar a influência

de alguns parâmetros na análise de estruturas de pontes/viadutos compostos por um

vão, com ou sem balanços. É possível separar as análises em dois grupos principais.

O primeiro trata da influência do trem-tipo “negativo” nos esforços resultantes

devido à carga móvel. Como exposto no item 4.2.3.4.2, o método simplificado implica

um desvio, a favor da segurança, da ordem de 40%, porém muito contra a economia,

o que não é recomendado para projetos de maior porte como o de uma ponte.

Considerando o comportamento real da estrutura, é possível corrigir os resultados por

esse fator após realizar análises com o modelo simplificado.

Demonstra-se que, ao se considerar o modelo simplificado proposto por

Courbon, algumas situações de carregamento não são consideradas, o que levaria a

esforços de maior magnitude. Como a simplificação do modelo atua muito a favor da

segurança, não há inversão de momentos nos resultados, porém mantém-se

necessário o conhecimento quantitativo desses desvios.

O segundo grupo trata da sensibilidade da protensão segundo a variabilidade

de diversos parâmetros que, por muitas vezes, não são obtidos com precisão no

período de projeto, tais como: a umidade relativa, o abatimento do concreto e o

coeficiente de atrito cabo-bainha. O objetivo dessas análises é fornecer maior

conhecimento sobre cada parâmetro de projeto e, também, fornecer balizadores ao

projetista quando não se possui certeza sobre um ou outro parâmetro.

6.1 Influência do trem-tipo negativo no momento no meio do vão

6.1.1 Momento positivo máximo

A proposta de se carregar o balanço longitudinal com o trem-tipo “negativo”,

como descrito no item 4.2.3.2, acarreta um aumento do momento máximo positivo na

seção do meio do vão. As principais dimensões que influenciam o desvio são:

A extensão do balanço longitudinal, que permite uma maior área para

carregamento

A extensão do balanço transversal, para uma largura de tabuleiro

constante, que possibilita o aumento da magnitude do trem-tipo

“negativo”

Sendo assim, foi escolhido uma configuração base da estrutura, ilustrada na

Figura 6.1, e que pode ser resumido em:

76

4 longarinas

balanços transversais de 2,0 m

largura total de 12,0 m

balanços longitudinais de 4,0 m

vão central variando de 15,0 a 50,0 m

Figura 6.1 Modelo base de ponte

Ao se variar o comprimento do vão central, obtêm-se diferentes relações entre

o comprimento do balanço longitudinal e o vão central longitudinal: de 8,0 % a 26,6 %.

Dessa maneira, espera-se cobrir um número representativo de situações de projeto.

Além disso, para se confirmar a influência dos balanços transversais, foi

realizada nova rodada de análises, alterando o comprimento do balanço transversal

para 3,5 m, como ilustrado na Figura 6.2.

Figura 6.2 Modelo de ponte com balanço transversal modificado

Em seguida, aumentou-se o número de vigas de quatro para seis, buscando

avaliar o comportamento de distribuição de reações nas vigas.

Os resultados, representados no gráfico da Figura 6.3, foram extraídos a partir

da relação:

- ( )

- ( ) (6.1)

12,0 m

4,0 m

15,0 a 50,0 m

4,0 m

2,0 m

4 longarinas

12,0 m

4,0 m

15,0 a 50,0 m

4,0 m

3,5 m

4 longarinas

77

Figura 6.3 Comparação do momento máximo no meio do vão

Observa-se o aumento da variação entre propostas à medida que se

aumentam os comprimentos dos balanços, longitudinal ou transversal. Além disso, o

aumento no número de vigas resulta em uma melhor distribuição das solicitações (ver

Figura 3.11) e no aumento da variação em relação ao modelo base, mas em menor

escala que o aumento do comprimento do balanço.

Contudo, para todos os casos, a diferença entre as propostas não ultrapassou

3%, indicando aceitabilidade do método tradicional de aplicação da carga móvel sobre

a laje.

6.1.2 Momento negativo máximo tradicional

A proposta do trem-tipo negativo também influencia o cálculo do momento

negativo máximo no meio do vão, visto que é possível carregar o vão central com o

trem-tipo negativo (parcela de multidão) ao mesmo tempo em que se carregam os

balanços com o caminhão tipo e a carga de multidão (ver Figura 4.25)

Possivelmente, os fatores que mais influenciam na diferença são:

A extensão do vão central, que na análise tradicional não é carregado

com o trem-tipo negativo

A geometria transversal, que, assim como para o momento máximo no

meio do vão, influencia a magnitude do trem-tipo “negativo”

Os resultados, representados no gráfico da Figura 6.4, apresentam a diferença

entre propostas para o momento mínimo no meio do vão considerando o caminhão-

tipo no balanço e foram extraídos a partir da relação:

- ( )

- ( ) (6.2)

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Variação

Razão balanço/vão central

> balanço transversal

+vigas

Modelo Base

78

Figura 6.4 Momentos mínimos no meio do vão

Em seguida, optou-se por analisar o cenário base com extensão do vão central

média – 25,0 m – variando-se a extensão do comprimento do balanço transversal

entre mais e menos 100,0 % do seu valor inicial – de 0 a 4,0 m – como disposto na

Figura 6.5.

Figura 6.5 Modelo de ponte com variação dos balanços transversais

Os resultados foram tomados segundo a Equação (6.2) e dispostos no gráfico

da Figura 6.6.

0%

50%

100%

150%

200%

250%

300%

350%

3 5 7 9 11 13

Variação

Razão vão/balanço

> balanço transversal

+vigas

Base

12,0 m

4,0 m

25,0 m

4,0 m

0 a 4,0 m

4 longarinas

79

Figura 6.6 Diferenças entre os momentos mínimos no meio do vão – parte 2

Confirmou-se a hipótese da influência do balanço transversal no aumento do

desvio. Contudo, verificou-se preponderância do efeito da extensão do vão central,

ressaltando que, em não havendo balanços, a metodologia tradicional não contempla

momentos fletores negativos no meio do vão, enquanto que a metodologia proposta

mostra a importância desses momentos fletores devido ao comportamento sugerido

em [14].

Esse desvio, que chega a valores duas vezes maiores que o previsto

tradicionalmente, pode ser reduzido considerando o comportamento estudado no item

4.2.3.4.2. Aplicando uma redução de 40,0 % na contribuição do trem-tipo negativo

obtém-se, ainda, valores 1,2 vezes maiores para o momento negativo no meio do vão,

o que deve ser considerado no dimensionamento das estruturas da OAE.

Além dessa redução, também deve ser levado em conta o fato do

carregamento permanente – peso-próprio e sobrecarga permanente – reduzir o

momento fletor negativo no meio do vão. A contribuição da carga móvel na obtenção

do momento fletor negativo pode ser expressa como porcentagem do momento fletor

positivo causado pelo carregamento permanente, variando consideravelmente em

função do vão analisado. Essa razão pode ser estimada com sendo da ordem de 20%,

sem a consideração do coeficiente de impacto e, aumentada para 25% tendo em vista

o uso desse coeficiente. Esse valores, em uma análise preliminar, garantem o

momento positivo no meio do vão.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

-150% -100% -50% 0% 50% 100% 150%

Variação dos balanços transversais em relação ao cenário base

80

Muito embora esse resultado aparente garantir segurança com relação ao

momento fletor negativo, para pontes mais esbeltas, nas quais o peso-próprio não é

tão relevante, é necessário investigar a possibilidade de inversão de momentos

fletores no meio do vão e, principalmente, calcular o fator de fadiga, considerando o

momento fletor mínimo proposto.

6.1.3 Momento negativo máximo com caminhão no vão

A grande influência da extensão do vão no valor do momento fletor negativo na

seção central, como visto em 6.1.2, sugere que seja possível posicionar o caminhão-

tipo no meio do vão, no lado oposto à viga de bordo considerada, de maneira a criar

uma situação de maior momento negativo solicitante, como indicado nas Figura 4.24 e

Figura 6.7.

Figura 6.7 Posicionamento do caminhão-tipo no meio do vão para momento negativo

Como existem duas possibilidades de posicionamento do caminhão-tipo, e a

metodologia tradicional adota uma delas – o caminhão nos balanços – torna-se

interessante investigar para quais dimensões, ou proporção entre dimensões, cada

uma das posições é a mais crítica.

Dessa forma, foi analisada a configuração base da estrutura descrita na Figura

6.1 e analisou-se qual posicionamento fornece o momento fletor mais elevado.

Em seguida, variou-se o comprimento dos balanços transversais, buscando

modificar a magnitude do trem-tipo negativo.

Os resultados foram organizados a partir das diferentes zonas de

posicionamento do caminhão tipo: à esquerda da reta sub-vertical o posicionamento

crítico é o tradicional, caminhão no balanço, porém, considerando o carregamento

“negativo” distribuído (ver Figura 4.25). E à direita da reta, o posicionamento com o

caminhão-tipo no meio do vão (ver Figura 4.24).

A representação pode ser melhor vista no gráfico da Figura 6.8.

… Viga de bordo

analisada

81

Figura 6.8 Zonas de posicionamento do caminhão-tipo

Percebe-se, de imediato, que, quanto maior o vão central em relação aos

balanços longitudinais, maior a probabilidade de posicionar o caminhão-tipo no vão e

não no balanço.

Também, constatou-se que aumentando o comprimento dos balanços

transversais, a magnitude do trem-tipo “negativo” cresce e, consequentemente, a

razão longitudinal mínima para se posicionar no vão reduz.

Porém, como estudado no item 4.2.3.4.2, existe um desvio de resultados ao se

considerar o modelo estrutural real. Para tentar representar essa situação, foram

efetuadas as mesmas análises, considerando uma redução de 40,0 % nas parcelas

devidas ao trem-tipo “negativo”.

Essa redução de 40,0 % é estimada levando em conta as análises realizadas

previamente, visando ilustrar o comportamento estrutural real.

Os resultados foram consolidados no gráfico da Figura 6.9.

0

1

0 2 4 6 8 10 12 14

Zona de posicionamento

Razão vão/balanço longitudinal

Diferentes zonas de posicionamento do caminhão-tipo

Retas sub-verticais

82

Figura 6.9 Zonas de posicionamento do caminhão-tipo para trem-tipo reduzido

Percebe-se que a magnitude do trem-tipo, ao ser corrigida para se aproximar

do modelo real, diminui, fazendo com que a zona de posicionamento alternativa (no

meio do vão) também diminua. Esse resultado fica caracterizado pelo movimento das

retas sub-verticais, que se deslocam para a direita, indicando maiores proporções

entre vãos e balanços para que se possa considerar o posicionamento alternativo.

Destaca-se que, para o modelo sem balanços, não foi encontrado caso com

posicionamento no meio do vão.

Por fim, como orientação genérica, é possível dizer que para pontes com

comprimento do vão superior a cinco vezes o comprimento dos balanços, recomenda-

se avaliar o posicionamento do caminhão-tipo no vão, como trem-tipo “negativo”.

0

1

0 2 4 6 8 10 12 14

Zona de posicionamento

Razão vão/balanço longitudinal

Diferentes zonas de posicionamento do caminhão-tipo com redução do fator "negativo"

83

6.2 Influência das características dos materiais na protensão

Existem diversos parâmetros/características dos materiais que compõem a

estrutura que influenciam a protensão, principalmente as perdas de protensão. Para

avaliar essa influência, analisou-se a estrutura ilustrada na Figura 6.10 utilizando as

planilhas de pré-dimensionamento de vigas protendidas, mostradas no item 5.3. Para

tal, verificou-se a variação das seguintes características:

Umidade relativa do ar (U%)

Dia de protensão após a concretagem da peça

Resistência à compressão característica (fck) do concreto utilizado

Coeficiente de atrito entre o cabo e a bainha

Tipo de cimento adotado

Abatimento/Slump do concreto

Módulo de elasticidade do aço

Módulo de elasticidade longitudinal do concreto

Figura 6.10 Modelo de ponte para análises de perdas de protensão

12,2 m

4,0 m

29,0 m

4,0 m

2,0 m

4 perfis AASHTO-5

84

6.2.1 Influência da umidade relativa do ar

Variou-se a umidade relativa do ar de 2,5% a 100 %, estudando-se a razão

entre a perda lenta (que é afetada pela umidade) e a tensão existente em tempo zero,

ou seja, após as perdas iniciais.

Em seguida, variou-se o dia de protensão de 5 para 3, 20 ou 30 dias e, por fim,

reduziu-se o fck para 25 MPa de forma a verificar o comportamento sobre outros

aspectos.

Os resultados se encontram no gráfico da Figura 6.11.

Figura 6.11 Perdas lentas em função da umidade

Percebe-se que as perdas apresentam um comportamento linear, diminuindo à

medida que se aumenta a umidade relativa do ar. Também, percebe-se que, quanto

maior for o tempo de espera para a puxada dos cabos, menores são as perdas – o

que é de se esperar, visto que o módulo de elasticidade do concreto cresce até os 28

dias.

Vale destacar que, entre localizações com climas diferentes, como Rio de

Janeiro, onde a umidade fica em torno dos 75 %, e Brasília ou Goiânia, onde os

valores se aproximam de 30 %, as perdas podem variar mais de 5%, o que já é

considerável em se tratando de concreto protendido. Como exemplo de caso extremo,

10%

12%

14%

16%

18%

20%

22%

24%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Perdas Lentas / Tensão incial

Umidade Relativa do Ar

3 dias

5 dias

redução fck

20 dias

30 dias

Rio de Janeiro Votuparanga-SP

(mínimo histórico)

Brasília-DF

85

destaca-se o município de Votuparanga-SP, que em 2011 registrou umidades abaixo

de 20,0 % chegando ao pico de 6,0 % no dia 06 de setembro [24].

Por fim, observa-se que o fck não apresentou influência nas perdas.

6.2.2 Influência do dia de protensão e do fck

Foi estudada a influência do dia da protensão dos cabos na parcela das perdas

devido à protensão sucessiva. O módulo de elasticidade longitudinal do concreto deve

ser obtido conforme prescreve a NBR6118:2014, em seu item 8.2.8, para idades de

protensão menores inferiores a 28 dias. Embora esse item dê indicações para o

módulo de elasticidade a partir dos 7 dias, na falta de estudos mais aprofundados, foi

extrapolada a equação para períodos menores que 7 dias.

O gráfico da Figura 6.12 ilustra o comportamento das perdas por protensão

sucessiva relativa à tensão de protensão inicial no cabo médio. Optou-se por variar o

fck do concreto, buscando-se balizar os resultados dentro de uma faixa coerente.

Figura 6.12 Perdas por protensão sucessiva em função do dia de puxada

Percebe-se que, embora haja uma diminuição aguda das perdas por protensão

sucessiva dos cabos nos primeiros dias, resultado do ganho rápido de resistência

inicial, a ordem de grandeza da variação das perdas fica entre 1,0 e 2,0%, de forma

que os ganhos de produtividade por protender os cabos da estrutura mais rapidamente

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Porcentagem de Perdas

Dias até a protensão

Perdas em função do dia da protensão

fck-25

fck-30

fck-40

fck-50

Região de extrapolação

86

podem superar a perda de tensão nos cabos. Além disso, essa perda tem pouca

influência no valor total das perdas de protensão.

É constatado que, para concretos de resistência (fck) menores, o ganho de

tensão nos cabos por esperar mais dias é significativamente maior que para concretos

de maior fck. Por outro lado, os concretos com fck mais elevado, além de naturalmente

fornecerem maiores resistências, possibilitam a protensão mais cedo, com menores

perdas.

6.2.3 Influência do coeficiente de atrito

No item 9.6.3.3.2.2 da NBR-6118:2014 são sugeridos valores do coeficiente de

atrito a serem adotados entre o cabo e a bainha. Normalmente, adota-se 0,2. Porém,

as condições de armazenamento dos cabos na obra podem influenciar na variação

desse valor.

Sendo assim, foi estudada a variação das perdas por atrito na seção do meio

do vão ao se modificar o coeficiente de atrito de mais ou menos 50,0 % do seu valor

previsto em norma – ficando entre 0,1 e 0,3.

Também, estudou-se, para a geometria dada, a razão entre o recuo do cabo no

momento do encunhamento e o vão total da viga.

Os resultados estão resumidos no gráfico da Figura 6.13, que apresenta as

perdas e o recuo em função do coeficiente de atrito.

Figura 6.13 Variação das perdas por atrito e do encunhamento

O comportamento apresentado já é algo esperado, contudo, observa-se a

relação linear entre coeficiente de atrito e as perdas e o impacto que a má avaliação

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

-50% -40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40% 50%

Variação do coeficiente de atrito

Perdas e recuo em função do coeficiente de atrito

Perdas por atrito

Recuo do cabo

Bainha lubrificada fios com saliências

padrão

Porcentagem de perdas

87

do atrito pode trazer para a magnitude das perdas e, principalmente, para a área

influenciada pelo encunhamento.

6.2.4 Influência do tipo de cimento

Foi investigada a influência do tipo de cimento nas perdas de protensão. Como

o tipo de cimento influencia principalmente o módulo de elasticidade inicial do concreto

antes dos 28 dias, foi escolhido avaliar as perdas devidas à protensão sucessiva em

função do dia de protensão e do tipo de cimento. O gráfico da Figura 6.14 ilustra os

resultados.

Figura 6.14 Perdas por protensão sucessiva

Confirma-se a influência do tipo de cimento na idade do concreto no momento

da protensão. Além disso, é possível extrair uma ordem de grandeza do ganho de se

utilizar cimentos com alta resistência inicial; em torno de 2,0 %.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

0 5 10 15 20 25 30

Dia de protensão

Perdas em função do tipo de cimento

CP-III/CP-IV

CP-I/CP-II

CP-V/ARI

Região de extrapolação

Idade da protensão

88

6.2.5 Influência do Slump

Um dos parâmetros que influencia as perdas lentas na protensão é o

abatimento, ou slump, do concreto. Optou-se por representar, no gráfico daFigura

6.15, as perdas em função da umidade relativa (eixo das abscissas) com curvas

semelhantes, cada uma para uma faixa de abatimento.

Figura 6.15 Perdas em função do abatimento do concreto

Percebe-se que o abatimento é responsável por diferenças da ordem de 5,0 %

nas perdas, e, também, que essa diferença é tanto maior quanto mais seco for o

ambiente.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

ΔP

erd

as d

e P

rote

nssão

Umidade relativa

Perdas em função do abtimento ou slump

10-15 cm

5-9 cm

0-4 cm

89

6.2.6 Influência do módulo de elasticidade do aço

O módulo de elasticidade do aço de protensão, tradicionalmente estimado em

200 GPa, pode apresentar valores ligeiramente diferentes. Dessa forma, avaliou-se o

comportamento das perdas por protensão sucessiva e das perdas lentas ao se variar o

módulo de elasticidade do aço entre 190 e 210 GPa, e a idade de protensão.

O gráfico da Figura 6.16 explicita os resultados

Figura 6.16 Variação das perdas em função do módulo de elasticidade do aço

Pode-se perceber um comportamento linear das perdas em função do módulo

de elasticidade. Logo, como a variação dos valores do módulo de elasticidade do aço

se situa a mais ou menos 10,0 %, as perdas não apresentaram grande diferenças no

resultado.

No mais, percebe-se novamente que o concreto fica mais suscetível às perdas

nos primeiros dias após a concretagem.

6.2.7 Influência do módulo de elasticidade longitudinal do concreto

Tradicionalmente se utiliza o módulo de elasticidade inicial ou tangente na

análise das perdas de protensão.

Contudo, o ato da protensão é um dos momentos, ou o principal deles, nos

quais o concreto está sendo mais solicitado. Assim sendo, foi investigada a hipótese

da utilização do módulo de elasticidade secante nas análises das perdas.

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

185 190 195 200 205 210 215

Pe

rce

ntu

al d

e P

erd

as

E aço (GPa)

5 dias

15 dias

30 dias

Perdas Lentas

Perdas por protensão sucessiva

90

Os resultados obtidos são dispostos em função do fck, no eixo das abcissas, e

da diferença entre o percentual de perdas ao se utilizar o módulo secante ou o módulo

tangente, no eixo das ordenadas.

Figura 6.17 Perdas em função do módulo do concreto

O principal resultado que extraído do gráfico da Figura 6.17 é que a utilização

de qualquer um dos módulos influencia em cerca de 2,0 % das perdas totais.

O comportamento apresentado ao final da curva, a partir do fck igual a 45 MPa,

é devido à consideração tanto do coeficiente de fluência rápida, definido no Anexo A

da NBR6118:2014 [21], que apresenta derivada descontínua entre os fcks 45 e 50,

quanto do coeficiente de deformação lenta irreversível, que apresenta descontinuidade

para fck igual a 50 MPa.

7 Conclusões

Ao longo desse trabalho buscou-se apresentar não só os aspectos técnicos de

uma estrutura corrente – a ponte biapoiada em vigas múltiplas de concreto - mas

também sua extensa aplicabilidade no sistema de infraestrutura do país.

Foram desenvolvidas equações e métodos para se realizar um pré-

dimensionamento eficiente e, ao longo do processo, foi proposta e avaliada uma

maneira alternativa de se considerar a carga móvel rodoviária.

Além disso, a sensibilidade das perdas de protensão, fator muito importante na

análise de estruturas protendidas, com relação a parâmetros menos tradicionais, como

0,0%

0,2%

0,4%

0,6%

0,8%

1,0%

1,2%

1,4%

1,6%

1,8%

2,0%

20 25 30 35 40 45 50 55

Pecentu

al de P

erd

as

fck (MPa)

Perda Lenta

ProtensãoSucessiva

Coeficiente de

fluência rápida

Coeficiente de

deformação lenta

irreversível

91

slump e umidade relativa, foi investigada e deduziram-se gráficos representando essa

influência.

Os aspectos supracitados foram analisados na estrutura base, variando-se os

comprimentos do vão e dos balanços longitudinais, bem como a largura da seção

transversal e o comprimento dos balanços transversais. As conclusões mais

importantes estão resumidas e separadas em três grupos: desvio das hipóteses

simplificadoras, solicitações devidas ao trem-tipo “negativo” e sensibilidade das perdas

de protensão.

7.1 Desvios das hipóteses simplificadoras

O estudo das hipóteses simplificadoras buscou partir do modelo mais simples,

proposto por [14] e, com ajuda de programas de análise estrutural, representar de

forma mais realista o comportamento da estrutura, analisando as diferenças nos

resultados obtidos em cada etapa.

As hipóteses simplificadoras adotadas, que permitem análises expeditas da

ponte, mostraram ser a favor da segurança.

Se, por um lado, a consideração da rigidez real da transversina aumenta

ligeiramente o momento fletor positivo máximo na viga de bordo – em torno de 5,0 % –

a consideração da torção nas longarinas e transversinas reduz os esforços em

situações reais.

Ressalta-se que, diferentemente da prática em concreto armado, na qual,

frequentemente, adota-se a rigidez torcional das vigas igual a zero, as estruturas em

concreto protendido, nas quais as fissuras são bastante reduzidas, tem maior rigidez

torcional. Se aproximam, então, do modelo computacional com rigidez completa.

Contudo, como disposto no item 4.2.3.4.2, a rigidez à torção de perfis I de concreto

ainda necessita de maiores estudos, havendo apresentado desvios entre 15% e 30%.

O mesmo se aplica à torção das transversinas, que, ao ser considerada, passa

a existir um engaste elástico na região dos apoios. Essa consideração gerou desvios

menores, que dependem da rigidez à torção das transversinas, mas se encontraram

entre 4% e 10%.

Não foi escopo desse estudo a quantificação da influência da laje do tabuleiro,

atuando como elemento enrijecedor do conjunto, embora alguns casos tenham sido

analisados. A atuação do tabuleiro como mesa de compressão solidariza a grelha de

vigas, distribuindo melhor os esforços.

Consideradas as simplificações mostradas no item 4.2.3, observou-se uma

variação entre os resultados da análise simplificada e da análise refinada da ordem de

20 % para o trem-tipo positivo e 40 % para o trem-tipo negativo.

92

7.2 Solicitações do trem-tipo “negativo”

A metodologia proposta por [14] indica a adoção de um trem-tipo “negativo”,

que usualmente não é utilizado, mas que pode ser posicionado ora no balanço, ora no

vão, aumentando a magnitude dos momentos fletores máximos solicitantes devidos à

carga móvel. A influência desse trem-tipo foi estudada para diversas situações.

O uso do trem-tipo negativo, carregando o balanço longitudinal oposto

transversalmente à longarina analisada (ver 4.2.3.2) resultou em um aumento de

momento fletor positivo no meio do vão de 3,0 %. Verifica-se que, considerando as

hipóteses simplificadoras, essa diferença não é relevante, validando a metodologia

atual.

Por outro lado, o trem-tipo “negativo” apresentou grande influência na

consideração do momento mínimo no meio do vão. Isso fica evidente ao se posicionar

o caminhão-tipo no balanço – proposta tradicional – pois permite carregar toda a

extensão do vão central. Os valores de momento fletor no meio do vão foram três

vezes maiores para vãos de comprimento da ordem de dez vezes o comprimento dos

balanços. Nesse caso deve ser considerado que o efeito real é cerca de 40% menor

devido aos desvios oriundos das hipóteses simplificadoras. Além disso, confirmou-se

que a influência das dimensões longitudinais prepondera sobre a das dimensões

transversais, para esse tipo de carregamento.

Ainda analisando o momento mínimo no meio do vão, constatou-se que com o

caminhão-tipo no vão central, em um bordo da laje, surgem momentos fletores

negativos na longarina do bordo oposto. Esse posicionamento, que não é adotado

tradicionalmente, passa a ser crítico a partir de vãos de comprimento cinco vezes

maiores que o comprimento dos balanços – já considerando as reduções devidas aos

desvios das simplificações. Para vãos superiores a oito vezes o balanço, essa

hipótese deve ser investigada.

Uma breve análise da influência do momento fletor negativo na composição

dos momentos fletores dimensionantes da seção do meio do vão mostrou que a

inversão de momentos é um tanto rara. Entretanto, para a análise de fadiga de

armaduras, por exemplo, a consideração do momento mínimo proposto pode levar a

maiores amplitudes nos valores dos momentos fletores.

7.3 Sensibilidade das perdas de protensão

As perdas de protensão são relevantes na análise de uma estrutura protendida,

já que atuam em diversos estágios de sua vida útil. Sendo assim, várias hipóteses

foram estudadas de maneira a avaliar como se comportam as perdas com relação a

parâmetros menos tradicionais de projeto.

93

Constatou-se que:

As perdas variam linearmente com a umidade relativa do ar, sendo

tanto maiores quanto menor for a umidade. Há uma variação de cerca

de 5% no total de perdas ao se projetar estruturas em lugares úmidos,

como Manaus ou Rio de Janeiro, ou em regiões mais secas, como

Brasília.

Os cinco primeiros dias após a protensão são os que apresentam

maiores ganhos de resistência do concreto e, consequentemente, maior

taxa de redução de perdas por dia. Sendo assim, a situação ideal seria

esperar ao menos cinco dias para executar a protensão. Esse efeito é

minimizado com o aumento do fck do concreto, pois o ganho relativo de

resistência é menor.

A avaliação do coeficiente de atrito entre o cabo e a bainha torna-se

importante na medida em que as perdas variam aproximadamente em

1:4 (um para quatro). Uma variação de 20%, para mais ou para menos,

do coeficiente de atrito acarreta 5% de variação das perdas.

O tipo de cimento apresenta importância nos casos em que se busca

protensão dos cabos em uma idade inferior a cinco dias após a

concretagem do elemento estrutural.

A influência do slump, ou abatimento, do concreto gira em torno de 5 %

e será tanto maior quanto menor for a umidade relativa. Observou-se

que quanto maior o abatimento, maiores são as perdas.

A variação do módulo de elasticidade do aço de protensão, em 10% do

valor característico (200 GPa), não causa variação das perdas maior

que 1%.

A adoção do módulo de elasticidade secante do concreto a despeito do

módulo tangente gera, em média, um aumento de perdas de 2,0 %. É

interessante confirmar qual das hipóteses mais se aproxima da

realidade.

7.4 Sugestões de continuação

Alguns aspectos desse estudo merecem maior aprofundamento, são eles:

A análise comparativa entre metodologia proposta – simplificada – e um

modelo tridimensional com elementos que representem o tabuleiro de

forma adequada;

94

Uma melhor maneira de automatizar a verificação das tensões nas

seções de cálculo, e mesmo uma possível expansão para diversas

seções-chave, se aproximando da prática detalhada de projeto;

A mesma verificação de tensões normais devidas à flexão aplicada às

tensões cisalhantes devidas ao esforço cortante;

Consideração de uma segunda etapa de protensão, de costura,

considerando as hipóteses necessárias;

Automatização da verificação da compressão no instante da protensão.

Melhor consideração do módulo de elasticidade do concreto entre 1 e 7

dias.

Mais importante que o já citado, é a inclusão de critérios de projeto que

considerem não só a quantidade de material consumido para cada solução, mas

também possibilitem uma comparação consistente de valores econômicos e

ambientais, de maneira a antecipar as demandas sociais por uma prática de

engenharia mais “verde”.

Todas as sugestões propostas apontam para um objetivo maior, que é a

pesquisa e obtenção de modelos estruturais otimizados para esse tipo de ponte, com

o propósito de se obter ganhos de escala, tanto econômicos quanto ambientais.

95

8 Referências Bibliográficas

[

1]

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportres - DNIT, “Sistema

Nacional de Viação,” 2014.

[

2]

P. d. T. C. Mendes, “Contribuição para um modelo de gestão de pontes de

concreto aplicado à rede de rodovias brasileiras,” Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2009.

[

3]

EMBRAPA, 17 julho 2016. [Online]. Available:

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/soja/arvore/CONTAG01_15_271020

069131.html.

[

4]

FGV, “Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo - 12ª Edição,”

Rio de Janeiro, 2016.

[

5]

FGV, “Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo - 8ª Edição,”

FGV, Rio de Janeiro, 2012.

[

6]

I. Z. Stern, “I.Stern - Y.D.E. Engineers,” 2006. [Online]. Available:

http://www.yde.co.il/spliced-girder-bridges-the-way-to-maximize-spandepth-ratio/.

[Acesso em 15 setembro 2016].

[

7]

Arcus Consultoria e Projetos, “Arcus Consultoria e Projetos,” [Online].

Available: http://www.arcus.eng.br/obras-de-arte-especiais.php. [Acesso em 15

setembro 2016].

[

8]

PCA, “PCA - Portland Cement Association,” 06 Outubro 2014. [Online].

Available: http://www.cement.org/news/2014/10/06/2014-concrete-bridge-award-

winners-announced. [Acesso em 15 Setembro 2016].

[

9]

Vias Seguras, “Estatísticas de acidentes no Estado de Minas Gerais,” 24

Agosto 2016. [Online]. Available: http://vias-

seguras.com/os_acidentes/estatisticas/estatisticas_estaduais/estatisticas_de_acid

entes_no_estado_de_minas_gerais.

[

10]

W. Pfeil, Concreto Protendido Vol. 1 - Introdução, Rio de Janeiro, RJ: LTC

Editora, 1984.

[

11]

C. E. Rossigali, “Atualização do modelo de cargas móveis para pontes

rodoviárias de pequenos vãos no Brasil. Tese de D.Sc.,” COPPE/UFRJ, Rio de

Janeiro, 2013.

[ H. Rüsch, Berechnungstafeln für schiefwinklige Fahrbahnplatten von

96

12] Strassenbrücken, Berlim/Munique: Verlag Von Wilhelm Ernst & Sohn, 1965.

[

13]

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR-7187:2003 -

Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido - Procedimento,”

ABNT, Rio de Janeiro, 2003.

[

14]

J. Courbon, “Calcul des ponts a poutres multiples solidarisées par des

entretoises,” Annales de Ponts et Chaussées, Agosto 1940.

[

15]

R. V. Alves, Apostila da disciplina Pontes I, Rio de Janeiro: Escola

Politécnica - UFRJ, 2015.

[

16]

A. Kassimali, Structural Analysis: SI Edition, Stamford: CT: Cengage

Learning, 2011.

[

17]

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, “Obras

complementares - Segurança no tráfego rodoviário - Projeto de barreiras de

concreto - Procedimento,” DNIT, RIo de Janeiro, 2009.

[

18]

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR7188:2103 -

Carga Móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras

estruturas,” ABNT, Rio de Janeiro, 2013.

[

19]

J.-P. Lebet e A. H. Manfred, Ponts en Acier - Concepcion et

dimmensionnement des ponts métalliques et mixtes acier-béton, Lausanne.

[

20]

V. Vlasov, Thin-Walled Elastic Bars, Moscou: Fizmatgiz, 1959.

[

21]

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR6118:2014 -

Projeto de Estrutura de Concreto - Procedimento,” ABNT, Rio de Janeiro, 2014.

[

22]

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR-8681:2004 -

Ações e segurança nas estruturas - Procedimento,” ABNT, Rio de Janeiro, 2004.

[

23]

Rudloff, “Downloads,” [Online]. Available:

http://www.rudloff.com.br/downloads/catalogo_concreto_protendido_rev-06.pdf.

[Acesso em 18 Setembro 2016].

[

24]

TV TEM, “Votuparanga registra menor umidade do país,” 7 setembro

2011. [Online]. Available:

http://tn.temmais.com/noticia/9/54198/votuporanga_registra_menor_umidade_do_

ar_do_pais.htm.

97

ANEXO A

Base de perfis inserida no programa de pré-dimensionamento

h

b_inf

h_inf

b_sup

b_alma

h_sup

mis_sup

mis_inf

TIPO h b_sup h_sup mis_sup b_inf h_inf mis_inf b_alma

PreMag 140/12 140,0 42,5 5,0 6,0 44,0 12,5 5,5 12,0

PreMag 85/27 85,0 44,0 0,0 23,0 44,0 12,0 0,0 27,0

PreMag 85/16 85,0 33,0 0,0 23,0 44,0 12,0 0,0 16,0

AASHTO-1 71,1 30,5 10,2 7,6 40,6 12,7 12,7 15,2

AASHTO-2 91,4 30,5 15,2 7,6 45,7 15,2 15,2 15,2

AASHTO-3 114,3 40,6 17,8 11,4 55,9 17,8 19,1 17,8

AASHTO-4 137,2 50,8 20,3 15,2 66,0 20,3 22,9 20,3

AASHTO-5 160,0 106,7 12,7 7,6 71,1 20,3 25,4 20,3

AASHTO-6 182,9 106,7 12,7 7,6 71,1 20,3 25,4 20,3

AASHTO-BT-54 137,2 106,7 8,9 5,1 66,0 15,2 11,4 15,2

AASHTO-BT-63 160,0 106,7 8,9 5,1 66,0 15,2 11,4 15,2

AASHTO-BT-72 182,9 106,7 8,9 5,1 66,0 15,2 11,4 15,2

CalTrans-914 91,4 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-1067 106,7 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-1219 121,9 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-1372 137,2 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-1524 152,4 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-1676 167,6 48,3 7,6 15,2 48,3 15,2 15,2 17,9

CalTrans-BT-1400 140,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

CalTrans-BT-1550 155,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

CalTrans-BT-1700 170,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

CalTrans-BT-1850 185,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

CalTrans-BT-2000 200,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

CalTrans-BT-2150 215,0 120,0 10,0 10,0 75,0 20,0 15,0 20,0

LONGARINA (dimensões em centímetros)

98

ANEXO B

Cálculos detalhados do modelo proposto na comparação com programas comerciais.

Resumo do modelo estrutural:

Só são consideradas duas cargas pontuais de 75 kN atuando no meio do vão.

Parâmetros de Courbon:

( )

( ) ( )

( )

( )

( ) ( )

( )

Posicionamento transversal:

Sabendo que:

Para reação positiva, tem-se:

Logo:

( )

E para reação negativa, tem-se:

( )

Logo:

( )

A figura a seguir relembra os parâmetro geométricos de distribuição transversal

12,0 m

4,0 m

25,0 m

4,0 m

3,0 m

4 perfis AASHTO-6

99

Posicionamento longitudinal para o meio do vão:

A figura a seguir ilustra a linha de influência para a seção do meio do vão

A ordenada da linha no meio do vão (HL) é dada por::

( )

Sendo assim, podemos obter o momento no meio do vão devido aos trens-tipo positivo

e negativo:

R1,1

R1,n

ΔR

H

d

NJ

D

Leff

1,0 m

ΔRm

xi

𝑅𝑖 𝐻 𝑥𝑖 𝑅𝑚

Região 2

HL

HL,inv

ΔRmL

25,0 m 4,0 m

1,0 m

4,0 m