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Dissertação de Mestrado ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA CLASSIFICAÇÃO MCT NA EXECUÇÃO DE BASES RODOVIÁRIAS COM UTILIZAÇÃO DE SOLOS LATERÍTICOS ESTABILIZADOS AUTOR: FELÍCIO GERALDO DE OLIVEIRA ORIENTADOR: Prof. Dr. Eleonardo Lucas Pereira PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP OURO PRETO - MARÇO DE 2018

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Dissertação de Mestrado

ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA CLASSIFICAÇÃO MCT NA EXECUÇÃO DE BASES RODOVIÁRIAS COM UTILIZAÇÃO

DE SOLOS LATERÍTICOS ESTABILIZADOS

AUTOR: FELÍCIO GERALDO DE OLIVEIRA

ORIENTADOR: Prof. Dr. Eleonardo Lucas Pereira

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

OURO PRETO - MARÇO DE 2018

ii

iii

EPÍGRAFE

“Na verdade, nada existe que seja tão árduo e difícil

que não se torne, com a ajuda divina, bem simples e

fácil”

Santo Agostinho (354 - 430 d.C)

iv

DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Sebastião de Oliveira (in memoriam),

minha mãe, Maria Aparecida e minha irmã Maria

Angélica, pelo exemplo de vida, pelo incentivo em

todas as batalhas e pelo sacrifício que suportaram.

v

AGRADECIMENTOS

A Deus, pai das luzes, fonte de toda boa dádiva e de todo dom perfeito.

Ao professor Eleonardo Lucas Pereira, pela orientação, o esforço e a dedicação que

dispensou em todas as fases, e que contribuíram valiosamente para a conclusão desse

trabalho.

Aos professores do NUGEO, Romero César Gomes, Rodrigo Peluci de Figueiredo,

Frederico Garcia Sobreira, pelos conhecimentos recebidos nas aulas, pela influência

positiva que tiveram na minha formação e pelas palavras de incentivo.

Ao professor Augusto Cesar da Silva Bezerra, do CEFET-MG, pelos incentivos e pela

colaboração que prestou, através da execução da Microscopia Eletrônica de Varredura.

Ao professores, Geraldo Luciano de Oliveira Marques, da UFJF, pelos valiosos

conhecimentos sobre Mecânica dos Pavimentos, Gilberto Fernandes do NUGEO-UFOP,

pelas aulas de Materiais de Pavimentação e ao professor Virlei Álvaro de Oliveira, do

IBGE-GO, conceituado pedólogo brasileiro, com quem tive a oportunidade de aprender

um pouco de Pedologia, num curso de Mapeamento e Classificação de Solos da Região

Centro-Oeste, realizado em outubro/ 2016, pela UFG/EMBRAPA/SBCS, em Goiânia-

GO. À eles meus sinceros agradecimentos.

Ao Professor Bruno Almeida Cunha de Castro, da Empresa Pattrol, de Belo

Horizonte/MG, ex- professor do NUGEO- UFOP e UFMG, criador da planilha eletrônica,

que após algumas adaptações, serviu de base para os cálculos dos ensaios da tecnologia

MCT. Sua colaboração na fase inicial de aprendizagem desses ensaios foi de grande

importância.

Aos meus amigos, Moacir, Rogério, João, Vandir, Lenir, Heloisa, Luiz Heleno

Albuquerque, Gilbert Kitamura e Gilmar.

Aos amigos de trabalho do DNIT, Olímpio Moraes, Renata Magalhães, Ronan Lana, Ana

Luiza Gazola, Danilo Rezende, André Lisboa, Davidson Carvalho, Péricles, Peres

Godinho, Giovan Estevani, Aline Vitorino e ao Superintendente Regional, Fabiano

Martins, meus sinceros agradecimentos pela valiosa colaboração que prestaram e pelo

incentivo.

vi

Aos meus amigos de trabalho do DNIT Minas Gerais, Altamir Costa, Rosana, Betânia,

Ivone, Janice, Isabela, Josele, George, Leonardo Rodrigues, Juliano, André, Renata

Gandra, Kadu, Mauro, Wellisson, Antônia, Lidia, Marcio Gusmão, Cristina Abrantes,

Meire, Carlyle, Ingred, Mozart, Sueli, Ricardo Meirelles, Rodrigo e Cláudia, Salomão,

Cláudio, Geraldo Simões, Clóvis, João Bosco, Diogo, André, Luciana, Adriana, Leonardo

Vasconcelos, João Camilo, Henrique, Ewerton, Breno, Natiele, e todos os demais, que

não vou citar por serem muitos, com os quais trabalhei nos últimos anos e que muito me

incentivaram.

Aos amigos da UFOP, Denise, Priscila, Rafael Carvalhais, Andyara, Viviane, Carla,

Bruno Couto, Thiago Marques, Wanderson, Fernanda, Maria Isabel, Gina, Hebert,

Ronderson, Bruno Silva, Lucius, Débora, Mateus, Magno e Ozório.

Aos meus amigos de trabalho do DNIT Tocantins, Eduardo Suassuna, Bolivar Euler,

Cezar, Geraldo Castro, Cassio Capanelli, Pedro, Joubert, Adaugilson, Saulo, Rênio,

Daniel, José Roberto, Isabela, Antônio Veras, Paulo Scold, André, Anax, Fábio, Luiz

Soares, Estela, Antônio e todos os demais, pela disponibilidade em ajudar e pelas palavras

de incentivo.

Às alunas do curso de Engenharia Civil da UFOP, Ayra, Iara e Patricia, pela colaboração

que prestaram na execução dos ensaios de caracterização.

vii

RESUMO

No Brasil, as rodovias desempenham um importante papel para o desenvolvimento

econômico e social da população. A rede rodoviária federal e as estaduais, juntas,

alcançam uma extensão de 381.628,80 km e a redes municipais aproximadamente

1.339.126,9 km, segundo o Sistema Nacional de Viação, versão 2015. Desse total, grande

parte ainda não está pavimentada e outras são consideradas apenas como planejadas. A

grande extensão de rodovias que necessitam ser implantadas, pavimentadas ou

restauradas, revela a importância de se estudar soluções que permitam a redução do custo

das obras rodoviárias. Para isso é fundamental o conhecimento das propriedades dos solos

lateríticos, típicos das regiões tropicais, como o Brasil e a adoção de novas técnicas mais

adequadas às suas características. Normalmente a comprovação do caráter laterítico ou

não laterítico dos solos é realizada através de um ensaio de análise química, a

determinação da relação sílica-sesquióxidos, que consiste numa relação entre o teor de

sílica e a soma dos teores dos óxidos de ferro e de alumínio, entretanto esta pesquisa visou

avaliar a possibilidade de utilização da classificação MCT, para esse fim. Nesse sentido,

este trabalho analisa a aplicabilidade da classificação MCT, para comprovação do caráter

laterítico ou não laterítico, de dezesseis misturas de solos. As dezesseis misturas foram

montadas através de combinações entre os materiais de duas jazidas de cascalho laterítico,

uma jazida de latossolo vermelho amarelo, de textura média e uma jazida de latossolo

vermelho, de textura argilosa, coletadas nas proximidades da rodovia BR-251/MG, na

região noroeste de Minas Gerais. Posteriormente as misturas foram separadas em três

grupos, de acordo com o seu enquadramento nas faixas granulométricas prescritas nas

normas do DNIT,para execução de base estabilizada granulometricamente, com ou sem

utilização de solos lateríticos. Os resultados da classificação MCT foram comparados

com os resultados obtidos através da relação sílica-sesquióxidos e algumas amostras

foram submetidas aos ensaios de difratometria de raios-X e microscopia eletrônica de

varredura, para auxiliar a análise. Todas as misturas foram submetidas aos ensaios de

Compactação e Índice Suporte Califórnia, para avaliação da expansão e da resistência

mecânica. Os resultados mostraram que as misturas que se enquadram nas faixas A ou B,

concebidas para execução de base com solos lateríticos, embora constituídas por uma

fração argilosa com mais de 25% passando na peneira nº 200, apresentam valores de ISC

suficientes para sua utilização em bases de pavimentos rodoviários, para Número N ≤ 5

x 106, ou para Número N > 5 x 106. As misturas que não se enquadram em nenhuma faixa

granulométrica apresentam baixos valores de ISC, abaixo dos exigidos pelas normas para

execução de base, e as que se enquadram na faixa D, tradicional, apresentam valores de

ISC superiores a 80, suficientes para a construção de bases com Número N > 5 x 106.

Finalmente, os resultados da Classificação MCT coincidem com os resultados inferidos

através da determinação da relação sílica-sesquióxidos, para quinze das dezesseis

misturas estudadas, mostrando a possibilidade da tecnologia MCT vir a ser utilizada como

pratica rotineira.

Palavras-chave: Classificação MCT, Solos tropicais, Solos lateríticos, Pavimentos, Base

de pavimento.

viii

ABSTRACT

In Brazil, highways play an important role for the economic and social development of

the population. Together, the federal and state road networks reach an extension of

381.628,80 km and the municipal network approximately 1.339.126,9 km, according to

the National Highway System, version 2015. Of this total, much of it is still unpaved and

others are considered only as planned. The great extension of roads that need to be

implanted, paved or restored, reveals the importance of studying solutions that allow the

reduction of the cost of road works. To this end, it is essential to know the properties of

lateritic soils, typical of tropical regions, such as Brazil and the adoption of new

techniques more appropriate to their characteristics. Usually the verification of the

lateritic or non-lateritic character of the soils is carried out by means of a chemical

analysis test, the determination of the silica-sesquioxides ratio, which consists of a

relation between the silica content and the sum of the iron and aluminum oxide contents

, however this research aimed to evaluate the possibility of using the MCT classification,

for this purpose. In this sense, this work analyzes the applicability of the MCT

classification, to prove the lateritic or nonlateritic character of sixteen soil mixtures. The

sixteen mixtures were assembled through combinations of materials from two lateritic

gravel deposits, a medium-textured yellow red latosol deposit and a clayey red latosol

deposit collected near the BR-251 / MG highway, in the northwest region of Minas

Gerais. Subsequently the mixtures were separated into three groups, according to their

classification in the grain size ranges prescribed in the DNIT standards, for the execution

of a granulometric stabilized base, with or without the use of lateritic soils. The results of

the MCT classification were compared with the results obtained through the silica-

sesquioxides ratio and some samples were submitted to the X-ray diffraction and scanning

electron microscopy tests to aid the analysis. All blends were submitted to the California

Compaction and Support Index assays for evaluation of expansion and mechanical

strength. The results showed that the mixtures that fall within bands A or B, designed for

base execution with lateritic soils, although constituted by a clay fraction with more than

25% passing in the No. 200 sieve, have values of ISC sufficient for their use in to N> 5 x

106, or to number N> 5 x 106. The mixtures which do not fall within any size range have

low ISC values below those required by the basic which fall within the traditional D

range, present ISC values above 80, enough to construct bases with number N> 5 x 106.

Finally, the results of the MCT Classification coincide with the results inferred through

the determination of the silica-sesquioxides ratio, for fifteen of the sixteen mixtures

studied, showing the possibility of MCT technology being used as routine practice.

Keywords: MCT classification, Tropical soils, Lateritic soils, Pavements, Base of

pavement.

ix

Lista de Figuras

Figura 2-1 - Argissolos ..................................................................................................... 6

Figura 2-2 - Latossolos ..................................................................................................... 7

Figura 2-3 - Nitossolos ..................................................................................................... 8

Figura 2-4 - Plintossolo pétrico concrecionário latossólico .............................................. 9

Figura 2-5 – Horizontes de solo tropical (solo saprolítico no horizonte C). ................... 9

Figura 2-6 - Características da macrofábrica dos solos lateríticos. ................................ 11

Figura 2-7 - Prensa de compactação Mini-MCV (NUGEO) .......................................... 15

Figura 2-8 – Exemplo de curvas Mini-MCV .................................................................. 16

Figura 2-9 – Exemplo de curvas de compactação .......................................................... 18

Figura 2-10 - Gráfico c’ versus e’ - Classificação MCT (Nogami e Villibor, 1995). .... 24

Figura 3-1 – Mapa de localização da região de amostragem dos materiais (Naime et al.,

2014) .......................................................................................................... 37

Figura 3-2 - Unidades Geológicas da Região (Adaptado de Bizzi et al.,(2001 e Rodrigues,

2008) .......................................................................................................... 39

Figura 3-3 - Rochas da região - Grupo Bambuí .............................................................. 39

Figura 3-4 - Rochas da região - Grupo Vazante ............................................................. 39

Figura 3-5 - Rochas da região - Grupo Bambuí .............................................................. 40

Figura 3-6 - Localização das jazidas J1, J2, E1 e E2, mostrando ao centro a BR-251 ... 42

Figura 3-7 - Coleta de amostras na jazida 1- cascalho J1 ............................................... 42

Figura 3-8 - Coleta de amostras - Armazenamento na UL Paracatú .............................. 43

Figura 3-9 - Depósito de amostras -NUGEO/UFOP ...................................................... 43

Figura 3-10 - Coleta de amostras - jazida 4- latossolo E1. ............................................. 43

Figura 3-11 – Vista do processo de secagem de amostras .............................................. 44

Figura 3-12 – Vista do processo de secagem de amostras .............................................. 44

Figura 3-13 - Esquema do código de identificação das misturas, com dois materiais. .. 46

Figura 3-14 – Preparação do material da jazida J3 ......................................................... 47

Figura 3-15 – Procedimento de pesagem para montagem das misturas ......................... 47

Figura 3-16 – Vista da preparação e armazenamento de amostras secas-compactação

Mini-MCV ................................................................................................. 50

Figura 3-17 – Vista da preparação e armazenamento de amostras-ecompactação Mini-

MCV .......................................................................................................... 50

Figura 3-18 – Vista da preparação e armazenamento de amostras úmidas para o ensaio

decompactação Mini-MCV ....................................................................... 51

x

Figura 3-19 – Vista da preparação de amostras úmidas para o ensaio decompactação Mini-

MCV .......................................................................................................... 52

Figura 3-20 – Vista das amostras prontas para o ensaio de compactação Mini-MCV ... 52

Figura 3-21 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Af ................................................. 54

Figura 3-22 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Pi .................................................. 54

Figura 3-23 – Vista do vazamento da amostra no pistão ............................................... 55

Figura 3-24 – Vista dos anéis de vedação e discos de polietileno .................................. 55

Figura 3-25 - Detalhe do anel de vedação inferior ......................................................... 56

Figura 3-26 – Detalhe do anel de vedação superior ........................................................ 56

Figura 3-27 – Detalhe da fuga do cilindro sobre a base durante o ensaio ...................... 57

Figura 3-28 – Fuga do corpo de prova no interior do cilindro durante o ensaio ............ 57

Figura 3-29 – Compactação Mini-MCV (instante 1) ...................................................... 58

Figura 3-30 – Compactação Mini-MCV (instante 2) ...................................................... 58

Figura 3-31 – Compactação Mini-MCV (instante 3) ...................................................... 58

Figura 3-32 – Compactação Mini-MCV (instante 4) ...................................................... 59

Figura 3-33 – Perda de Massa por Imersão (instante 1) ................................................. 59

Figura 3-34 – Perda de Massa por Imersão (instante 2) ................................................. 59

Figura 3-35 – Perda de Massa por Imersão (instante 3) ................................................. 60

Figura 3-36 – Perda de Massa por Imersão (instante 4) ................................................. 60

Figura 3-37 – Perda de Massa por Imersão (instante 5) ................................................. 60

Figura 3-38 – Vista das amostras preparadas para a realização dos ensaios ISC ........... 61

Figura 3-39 – Vista das amostras imersas para verificação da expansão ....................... 62

Figura 3-40 – Vista de dois corpos de prova após o ensaio de penetração ..................... 62

Figura 4-1 – Curvas granulométricas dos materiais J1, J2, E1 e E2, sem sedimentação 64

xi

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Granulometria do Material. Adaptado de DNIT (BRASIL, 2010). ............ 32

Tabela 2.2 - Composição Granulomértica. Adaptado de DNIT (BRASIL, 2007). ........ 33

Tabela 3.1 - Tipo de Solos da Região (Adaptado de Naime et al., 2014) ...................... 40

Tabela 3.2 - Composição e código de identificação das misturas .................................. 46

Tabela 4.1 – Análise granulométrica sem sedimentação, J1, J2, E1 e E2 ...................... 65

Tabela 4.2 – Distribuição granulométrica das misturas, previsto e executado ............... 66

Tabela 4.3 – Resultados dos ensaios de caracterização das misturas ............................ 67

Tabela 4.4 – Resultado da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina para J1, J2, E1 e

E2 ............................................................................................................... 71

Tabela 4.5 – Resultado da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina das misturas ... 71

Tabela 4.6 – Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para J1, J2, E1 e

E2 ............................................................................................................... 76

Tabela 4.7 - Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para as misturas. ... 76

Tabela 4.8 - Resultado dos ensaios de compactação e ISC ............................................ 81

xii

Lista de Símbolos, Nomenclaturas e Abreviações

AASHTO Americam Association of State Highway and Transportation Officials

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Af Altura final

Bi Horizonte B incipiente

BR Rodovia Federal

Bt Horizonte B textural

Bw Horizonte B latossólico

CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

ES Especificação de Serviço

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

g/cm3 Gramas por centímetro cúbico

HRB Highway Research Board

IG Índice de Grupo

IP Índice de Plasticidade

ISC Índice Suporte Califórnia

ISSME International Society for Small and Medium Enterprises

km Quilômetro

LL Limite de liquidez

LP Limite de plasticidade

MCT Miniatura, Compactado, Tropical

MCV Moisture Condition Value

ME Método de ensaio

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

NBR Norma Brasileira

NUGEO/UFOP Núcleo de Geotecnia da Universidade Federal de Ouro Preto

ºC Graus centígrados

pH Potencial hidrogeniônico

Pi Perda de Massa por Imersão

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

xiii

SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

SNV Sistema Nacional de Viação

TRB Transportation Research Board

UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USCS Unified Soil Classification System

dmax Massa específica seca máxima

wo Umidade ótima

xiv

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 1

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................... 1

1.2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ............................................................... 2

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 4

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5

2.1 SOLOS TROPICAIS ..................................................................................... 5

2.1.1 Solos lateríticos .............................................................................................. 5

2.1.2 Solos saprolíticos ........................................................................................... 9

2.1.3 Peculiaridades da constituição mineral dos solos tropicais ......................... 10

2.2 A TECNOLOGIA MCT .............................................................................. 13

2.2.1 Compactação Mini-MCV ............................................................................. 15

2.2.2 Perda de Massa por Imersão (Pi) ................................................................. 19

2.3 A CLASSIFICAÇÃO MCT ......................................................................... 20

2.3.1 As Classes e Grupos da Tecnologia MCT ................................................... 25

2.3.2 Vantagens e desvantagens ............................................................................ 27

2.4 BASES DE PAVIMENTO ESTABILIZADAS

GRANULOMETRICAMENTE ................................................................. 28

2.4.1 Critérios tradicionais para estabilização granulométrica e suas limitações . 30

2.4.2 Norma DNIT-ES 141/2010 - Base estabilizada granulometricamente ........ 32

2.4.3 Norma DNIT-ES 098/2007 - Base estabilizada granulometricamente com

utilização de solo laterítico .......................................................................... 33

2.5 A DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO SÍLICA-SESQUIÓXIDOS E

SÍLICA- ALUMINA EM SOLOS .............................................................. 34

2.6 DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X ............................................................. 34

CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 36

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 36

3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ..................................................... 36

3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO E COLETA DE MATERIAIS ..... 37

xv

3.2.1 Clima e vegetação da região ........................................................................ 37

3.2.2 Geologia regional ......................................................................................... 38

3.2.3 Características dos solos regionais ............................................................... 40

3.3 COLETA DE MATERIAIS ........................................................................ 40

3.4 MONTAGEM DAS MISTURAS ................................................................ 44

3.5 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................... 48

3.6 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO ................................. 48

3.6.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina .................... 48

3.6.2 Difratometria de raios-X .............................................................................. 49

3.6.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) .............................................. 49

3.6.4 A classificação MCT .................................................................................... 49

3.7 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO .......... 61

CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 63

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................. 63

4.1 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................... 63

4.2 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO ................................. 71

4.2.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos .............................................. 71

4.2.2 Difratometria de raios-X .............................................................................. 72

4.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) .............................................. 74

4.2.4 A Classificação MCT ................................................................................... 76

Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas

A ou B, para solos lateríticos ....................................................................... 79

Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra em

nenhuma faixa .............................................................................................. 79

Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa

tradicional D ................................................................................................. 80

4.3 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO .......... 81

4.3.1 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas

A ou B, para solos lateríticos ....................................................................... 81

4.3.2 Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra em

nenhuma faixa .............................................................................................. 82

4.3.3 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa

tradicional D ................................................................................................. 83

CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 84

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ................ 84

xvi

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 90

ANEXO A - RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT .................................... 95

ANEXO B - RESULTADOS DA DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X ................... 115

ANEXO C - FOTOGRAFIAS DAS MISTURAS MONTADAS ............................ 117

ANEXO D - FOTOGRAFIAS DOS CP’S DAS MISTURAS APÓS O

ROMPIMENTO ................................................................................................ 122

ANEXO E - FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS MCT.............................................. 128

1

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No Brasil as rodovias são consideradas um importante fator de desenvolvimento e

proporcionam uma infraestrutura indispensável para o bem-estar social e econômico de

toda a população. Segundo Menelau (2012), a priorização dos investimentos

governamentais para o modal rodoviário, ocorrida após a aprovação do Plano Viário

Nacional de 1951, contribuiu para a considerável ampliação das rodovias em comparação

com as ferrovias. Vargas (1994) afirma que, com base em pesquisas tecnológicas, entre

1950 e 1980, firmou-se definitivamente a construção mecanizada de estradas de rodagem

de tráfego pesado, com a abertura de 100 mil quilômetros de estradas federais, cobrindo

praticamente todo o território nacional.

Atualmente, a rede rodoviária federal alcança uma extensão de 120.066,0 km, dos quais

54,0% são pavimentados e 36,4% planejados (incluindo a rede estadual coincidente), e as

redes rodoviárias estaduais, alcançam uma extensão de 261.562,8 km, com 45,8%

pavimentados, 40,4% não pavimentados e 13,8% planejados. Para a redes municipais,

embora os dados fornecidos pelos municípios não sejam exatos, estima-se um total

1.339.126,9 km de rodovias, dos quais apenas 2,0 % são pavimentados (Sistema Nacional

de Viação (SNV), 2015) (BRASIL, 2015). Esses números revelam a importância de se

buscar soluções que, além de estarem fundamentadas nas modernas técnicas de

engenharia, sejam mais econômicas, para a construção e restauração de rodovias.

Para esse propósito, é fundamental o estudo mais profundo e o conhecimento detalhado

das propriedades dos materiais que utilizamos nas diversas fases de execução de

pavimentos no nosso país. Dentre os materiais disponíveis, grande parte corresponde aos

denominados solos lateríticos, que devido à ação do meio ambiente tropical no qual estão

inseridos, apresentam comportamento diverso do comportamento dos materiais

2

encontrados nos países de clima temperado, o que torna necessária a adoção de novas

metodologias de análise e de execução, para o seu melhor aproveitamento.

Os Solos lateríticos possuem uma fração areia com grãos de quartzo envolvidos por uma

película de óxidos de ferro e alumínio, que concede a elevação da massa específica seca

máxima dos solos. A fração argila apresenta minerais de baixa atividade coloidal, como

a Caulinita e óxidos de ferro e alumínio, como a Goethita, a Gipsita e a Hematita, que

conferem aos solos compactados uma baixa ou quase nula expansão e elevadas

resistências mecânicas (Nogami e Villibor, 1995).

As limitações dos métodos tradicionais de classificação de solos, baseados na

granulometria, limite de liquidez (LL) e limite de plasticidade (LP), em prever esse

comportamento peculiar dos solos tropicais lateríticos levaram Nogami e Villibor (1995),

a desenvolverem a tecnologia Miniatura, Compactado, Tropical (MCT), que permite a

verificação do comportamento laterítico ou não laterítico e dá subsídios à avaliação das

propriedades mecânicas e hidráulicas desses solos.

Considerando as características peculiares dos solos tropicais, a norma DNIT 098/2007-

ES (BRASIL, 2007), para execução de bases estabilizadas granulometricamente, com

utilização de solos lateríticos, criou duas novas faixas granulométricas, A e B, específicas

para solos que apresentem o comportamento laterítico. Em síntese, essa norma amplia a

tolerância à presença de solos mais finos e promove a elevação dos limites máximos de

LL e IP, estabelecidos pelas normas tradicionais.

A citada norma estabelece que a identificação do caráter laterítico ou não laterítico,

deverá ser confirmada pela realização de um ensaio de análise química, a relação sílica-

sesquióxidos em solos, cujos procedimentos baseiam-se na manipulação de diversos

produtos químicos.

1.2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A determinação da relação sílica-sesquióxidos consiste na realização em laboratório

apropriado, de análises químicas e operações com diversos produtos químicos, os quais,

normalmente não são realizados, na prática, pelos laboratoristas e engenheiros das nossas

3

obras rodoviárias. Estes procedimentos, além de trabalhosos, nem sempre são acessíveis.

Neste sentido, este trabalho se propõe a avaliar a aplicabilidade da classificação MCT na

determinação do caráter laterítico ou não laterítico, visando a sua utilização como um

método alternativo àquele exigido pela norma DNIT 098/2007-ES (BRASIL, 2007), pelo

fato dessa classificação ter sido concebida inclusive para permitir a identificação da

gênese dos solos tropicais e por estar ela baseada na execução de dois ensaios de fácil

execução, Compactação Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão, que embora ainda

não sejam bem assimilados atualmente, envolvem procedimentos comuns e relativamente

acessíveis ao pessoal dos laboratório de obras e de projetos.

O estudo é proposto, a partir um programa experimental de laboratório, com o uso de

combinações entre os materiais de duas jazidas de cascalho laterítico, uma jazida de

latossolo vermelho-amarelo de textura média e uma jazida de latossolo vermelho de

textura argilosa, todos coletados nas proximidades da rodovia BR-251/MG, na região

noroeste de Minas-Gerais. As combinações totalizam dezesseis misturas de solos

naturais.

A pesquisa objetiva avaliar, especificamente, a aplicabilidade da classificação MCT (com

ensaios de compactação Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão), para permitir a

identificação do caráter laterítico ou não laterítico de amostras separadas em três grupos

distintos: as que não se enquadram em nenhuma das faixas granulométricas indicadas

para a execução de bases estabilizadas granulometricamente; as que se enquadram em

uma das faixas tradicionais recomendadas pela norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL,

2010); e as que se enquadram em uma das faixas recomendadas para a execução de bases

com utilização de solos lateríticos, a norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007). Os

resultados serão comparados àqueles alcançados através da realização do ensaio de

determinação da relação sílica-sesquióxidos.

Adicionalmente, para todas as condições propostas (as que se enquadram ou não nos

procedimentos normativos), configura-se também como objetivo a obtenção e avaliação

dos valores aproximados da resistência mecânica e da expansão das misturas compostas

neste trabalho.

4

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A presente dissertação foi estruturada em cinco capítulos e quatro anexos. O Capitulo 1

apresenta as considerações iniciais sobre a malha rodoviária brasileira, uma síntese das

peculiaridades dos solos tropicais lateríticos e da classificação MCT, os objetivos, a

justificativa do trabalho e a sua estrutura organizacional.

O Capitulo 2 apresenta a revisão bibliográfica, destacando os assuntos ligados ao

desenvolvimento do trabalho. São abordadas as características dos solos tropicais,

lateríticos e saprolíticos e a classificação MCT. É apresentada também uma abordagem

geral sobre os coeficientes Kr e Ki, a difratometria de raios-X, e as classificações

tradicionais. As normas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(DNIT) para execução de bases estabilizadas granulometricamente também são

abordadas neste capítulo.

O Capitulo 3 descreve sobre os procedimentos de coleta dos materiais estudados e os

métodos experimentais utilizados no desenvolvimento do trabalho.

O Capitulo 4 trata da apresentação e discussão dos resultados obtidos nos estudos

experimentais realizados.

O Capitulo 5 apresenta as principais conclusões dos estudos realizados e as propostas

para pesquisas complementares.

5

CAPÍTULO 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SOLOS TROPICAIS

Os solos tropicais são caracterizados pela apresentação de peculiaridades de

comportamento e de propriedades, em relação aos solos não tropicais, em função da ação

de processos geológicos e/ou pedogenéticos típicos das regiões quentes e úmidas,

conforme destaca o Committee on Tropical Soils (1985) of International Society for Small

and Medium Enterprises (ISSME).

Para Nogami e Villibor (1995), os solos tropicais subdividem-se em duas classes: os solos

lateríticos e os solos saprolíticos.

2.1.1 Solos lateríticos

Os solos lateríticos são típicos das regiões tropicais úmidas e bem drenadas,

caracterizados por apresentarem horizonte B textural, latossólico ou nítico, (ou

concrecionário), segundo a nomeclatura da 3ª edição do Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos (SiBCS) elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA, 2013), que é o sistema taxonômico oficial utilizado no Brasil.

São destacadas, a seguir as principais características dos solos lateríticos.

Horizonte B textural- Bt

É um horizonte mineral superficial com textura francoarenosa ou menos fina, em que

houve incremento iluvial de argila. A cerosidade, importante atributo para a identificação

em campo da maioria dos horizontes B texturais, é constituída por películas de materiais

coloidais minerais, de aspecto lustroso e brilho graxo, que preenche os poros e reveste as

unidades estruturais dos solos.

Na ordem dos solos com horizonte B textural, de comportamento laterítico, situam-se os

Argissolos. Os Argissolos são constituídos por material mineral, com horizonte B textural

6

de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa, ou caráter

alítico. Em geral, apresentam incremento do teor de argila do horizonte A para o B e a

transição entre os horizontes A e Bt é usualmente clara, abrupta ou gradual (Figura 2.1)

Figura 2-1 - Argissolos

Os Argilssolos são de forte a moderadamente ácidos, com saturação por bases alta ou

baixa, predominantemente cauliníticos e com relação molecular Ki, em geral, variando

de 1,0 a 3,3. Geralmente, apresentam policromia, que é um atributo importante para

distingui-los dos Nitossolos.

Estes materiais compreendem os solos que anteriormente eram classificados como

Podzólico Vermelho-Amarelo, e, em pequena parte, de Terra Roxa Estruturada, de Terra

Roxa Estruturada Similar, de Terra Bruna Estruturada e Terra Bruna Estruturada Similar,

Podzólico Bruno-Acinzentado, Podzólico Vermelho-Escuro, Podzólico Amarelo e

Podzólico acinzentado.

Horizonte B latossólico-Bw

Este horizonte é caracterizado pelo avançado estágio de intemperização, típica da

transformação quase completa dos minerais facilmente alteráveis, seguida de intensa

dessilicificação, lixiviação de bases e concentração de sesquióxidos de ferro e alumínio

(e/ou argilominerais do tipo 1:1 e minerais resistentes ao intemperismo). Apresenta

diferenciação pouco nítida entre seus sub-horizontes, com transição em geral difusa, com

estrutura muito pequena ou pequena granular, ou em blocos subangulares de grau fraco

7

ou moderado. A textura varia de francoarenosa a argilosa. Na ordem dos solos com

horizonte B latossólico, de comportamento laterítico, situam-se os Latossolos.

Os Latossolos (Figura 2.2) são solos constituídos por material mineral, com horizonte B

latossólico imediatamente abaixo de qualquer horizonte diagnóstico, exceto hístico, o

qual é caracterizado pela coloração preta, escura ou brunada e pelo elevado teor de

matéria orgânica.

Figura 2-2 - Latossolos

Geralmente, ocorrem em regiões fortemente a bem drenadas, embora existam ocorrências

em regiões de drenagem moderada e ou mesmo de drenagem imperfeita. São

normalmente profundos com espessuras geralmente superiores a 1 m, podendo atingir

profundidades superiores a 10 m. As cores vivas, variando desde amarela ou bruno-

acinzentadas até vermelho-escuro-acinzentadas, e a estrutura geralmente granular, são

características marcantes. São, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação

por bases, ou distróficos, ou alumínicos e são típicos das regiões equatoriais e tropicais.

Horizonte B nítico

O Horizonte B nítico, tem característica mineral, não hidromórfico, de textura argilosa ou

muito argilosa, com relação textural B/A igual ou inferior a 1,5. A argila presente é de

baixa atividade ou caráter alítico. A estrutura característica é em blocos ou prismática e

8

apresenta cerosidade e/ou superfícies de compressão. Na ordem dos solos com horizonte

B nítico, de comportamento laterítico, situam-se os Nitossolos (Figura 2.3).

Figura 2-3 - Nitossolos

Os Nitossolos são constituídos por material mineral, com horizonte B nítico, textura

argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos ou prismática, de grau moderado ou forte,

geralmente com cerosidade expressiva e/ou superfícies de compressão. São profundos,

ocorrem em regiões bem drenadas e têm coloração vermelha ou brunada. Compreendem

os solos que anteriormente eram classificados, na maioria, como Terra Roxa Estruturada,

Terra Roxa Estruturada Similar, Terra Bruna Estruturada, Terra Bruna Estruturada

Similar e alguns Podzólicos Vermelho-Escuros e Podzólicos Vermelho-Amarelos.

Os solos apresentados anteriormente são os solos finos lateríticos existentes nas diversas

regiões do Brasil. Entretanto, existem também os solos que possuem um horizonte B

concrecionário e apresentam, muitas vezes, uma fração fina de comportamento laterítico.

São os Plintossolos Pétricos, muito utilizados em obras de pavimentação nas diversas

regiões do nosso país. Apresentamos a seguir as características solos concrecionários,

Horizonte B concrecionário

Trata-se de horizonte mineral superficial, constituído de 50% ou mais, em volume, de

material com predomínio de petroplintita, caracterizado por nódulos ou concreções de

9

ferro ou de ferro e alumínio, numa matriz terrosa. Este horizonte compreende os

chamados Plintossolos pétricos, (Figura 2.4).

Figura 2-4 - Plintossolo pétrico concrecionário latossólico

Os Plintossolos pétricos concrecionários iniciam-se nos primeiros 40 cm, a partir da

superfície e localizam-se geralmente em áreas de boa drenagem. Embora não sejam

relacionados entre os solos finos lateríticos, devido a presença de grande porcentagem

de concreções, esses solos também podem apresentar o comportamento laterítico.

Compreendem os solos que anteriormente eram classificados como Lateritas

Hidromórficas, Solos Concrecionários Lateríticos, Solos Concrecionários e

Petroplintossolos.

2.1.2 Solos saprolíticos

Figura 2-5 – Horizontes de solo tropical (solo saprolítico no horizonte C).

Horizonte A

Horizonte B

Horizonte C

10

Os Solos saprolíticos são aqueles que resultam da decomposição e/ou desagregação in

situ da rocha matriz pela ação das intempéries (chuvas, insolação, geladas) e mantém de

maneira nítida a estrutura da rocha que lhe deu origem. São genuinamente residuais, pois

derivam de uma rocha matriz e as partículas que o constituem permanecem no mesmo

,lugar em que se encontravam no estado pétreo, (Villibor D. F. et al, 2009).

Estes solos estão presentes tipicamente no horizonte C, normalmente são pouco alterados

pelos processos de formação e se caracterizam por apresentarem estrutura herdada da

rocha de origem, conforme já abordado. Apresentam-se imediatamente abaixo dos

horizontes A ou B. São mais heterogêneos e constituídos por uma mineralogia complexa,

contendo frequentemente minerais ainda em fase de decomposição.

São designados também de solos residuais jovens, em contraste com os solos superficiais

lateríticos que seriam maduros.

2.1.3 Peculiaridades da constituição mineral dos solos tropicais

Segundo Nogami e Villibor (1995), os solos tropicais apresentam algumas peculiaridades,

especialmente em termos de constituição mineral, que são sintetizadas a seguir.

Fração areia e pedregulho (solos lateríticos)

De maneira geral, o quartzo, é encontrado na forma predominante nas frações areia e

pedregulho, como acontece também nos solos não lateríticos. Entretanto, nos solos

lateríticos, são caracterizados pela presença de uma película de óxidos, que emprega aos

grãos uma tonalidade forte, variando do roxo-avermelhado ao amarelado.

A presença de magnetita e/ou ilmenita na fração areia, devido à elevada massa específica

dos grãos desses minerais, concede a elevação da massa específica seca máxima dos

solos. Observa-se também a presença de laterita ou concreção laterítica, na forma de

pedregulhos, normalmente associada ao quartzo, a magnetita, a ilmenita e a hematita, com

massa específica real consideravelmente maior e resistência mecânica muito menor em

relação ao quartzo. A fração areia, em geral, se apresenta envolvida em torrões de argila

não totalmente separáveis pelos processos de desagregação.

Fração argila (solos lateríticos)

A fração argila dos solos lateríticos caracteriza-se por apresentar elevada porcentagem de

óxidos hidratados e hidróxidos de Ferro, como a Goethita, a Limonita, a Ferrihidrita,

Hidróxidos de Alumínio, como a Gibsita e Bauxita, além de pequenas porcentagens de

11

óxidos anidros de ferro, como a Hematita e a Magnetita, que são responsáveis pelas cores

preta e avermelhada.

Segundo Nogami e Villibor (1995), os óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio, apesar

de possuírem elevada superfície específica e diminutas dimensões, não são plásticos, ou

são pouco plásticos, não são expansivos, possuem capacidade de troca catiônica

desprezível, nas condições de pH predominantes nos solos. Além disso, os óxidos de ferro

e de alumínio hidratados possuem propriedades cimentantes, desempenhando importante

papel na formação de torrões e de concreções lateríticas. A fração argila caracteriza-se

também pela presença da caulinita, argilomineral com baixa atividade coloidal.

Ainda, de acordo com os autores, eventualmente, ocorre a presença de substâncias

orgânicas na fração argila, na forma de húmus (subproduto da deposição de matérias

orgânicas). Apesar da atividade coloidal elevada dessas últimas substâncias, geralmente

ocorrem em pequenas quantidades, raramente alterando as propriedades mecânicas e

hidráulicas dos solos lateríticos.

Macrofábrica ou Macroestrutura (solos lateríticos)

Os solos lateríticos geralmente apresentam-se com uma macroestrutura homogênea, em

virtude da sua origem pedogenética peculiar. Outra característica para Nogami e Villibor

(1995), é a agregação ou “estruturação”, que confere às argilas e aos solos argilosos

lateríticos, em condições naturais, uma estrututa formada por “torrões”, quase sempre

bem distinguíveis (Figura 2.6).

Figura 2-6 - Características da macrofábrica dos solos lateríticos.

12

Cabe ressaltar que, em alguns casos, como nas argilas lateríticas, os agregados podem ser

de dimensões muito pequenas, com um aspecto de pó de café. Além disso, nos solos

lateríticos arenosos, os torrões normalmente não são percebidos.

Entretanto, para Nogami e Villibor (1995), a mais importante característica, do ponto de

vista geotécnico, consiste no fato da permanência da resistência dos solos lateríticos,

mesmo após o seu umedecimento, o que confere a esses solos as seguintes características:

manutenção de elevada porosidade aparente e permeabilidade quando, em estado

natural, são submetidos ao aumento de umidade;

permanência de torrões de argila na fração areia;

resistência à compressão e ao cisalhamento muito acima das esperadas através da

análise dos índices físicos tradicionais. Entretanto é importante destacar a

possibilidade de ocorrência do fenômeno do colapso, “que consiste na diminuição

brusca de volume do solo, quando carregado em estado natural não saturado e,

em seguida, imerso em água”.

Misturação fácil, em baixos e altos teores de umidade.

Microfábricas ou microestrutura (solos lateríticos)

Segundo Nogami e Villibor (1995), a microestrutura dos solos lateríticos não é destruída

totalmente pelos processos de construção das obras de terraplenagem e pavimentação e

permanece pouco alterada mesmo após a realização dos ensaios tradicionais de

caracterização de solos. Os grãos constituintes, com dimensões na ordem do micrômetro,

não aparecem muito individualizados, mas na maioria das vezes, ligados por uma massa

aparentemente amorfa.

Fração areia e pedregulho (solos saprolíticos)

A fração areia e pedregulho dos solos saprolíticos é constituída por grande variedade de

materiais, parcialmente intemperizados, com a presença de quartzo, feldspatos e micas.

Geralmente os feldspatos apresentam-se com apreciável absorção de água, as micas,

segundo Nogami e Villibor (1995), “promovem a elevação do limite de liquidez, a

elevação da expansividade, a diminuição da massa específica seca máxima do solo

13

compactado, a diminuição da capacidade de suporte e a redução sensível do módulo de

resiliência.” Os pedregulhos são formados por fragmentos de rocha, cujas propriedades

são dependentes da natureza da rocha de origem.

Fração argila (solos saprolíticos)

A fração argila caracteriza-se pela possibilidade de ocorrência, além da caulinita, de

minerais mais ativos, como a esmectita e a illita. Os argilominerais e outros materiais

presentes não se apresentam recobertos por óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio,

como ocorre no caso dos solos lateríticos. Caracteriza-se também, ao contrário dos solos

lateríticos, pela ausência de substâncias orgânicas sob a forma de húmus.

Macrofábrica ou Macroestrutura e Microfábrica (solos saprolíticos)

Os solos saprolíticos apresentam macroestrutura herdada da rocha matriz, geralmente não

homogênea, e em sua maioria manchada, variegada, xistosa, com listras ou vesículas. De

modo geral, as características da macroestrutura influenciam significativamente as

propriedades e comportamentos dos solos saprolíticos, tais como as suas propriedades

mecânicas e hidráulicas, teor de umidade, facilidade de escavação e espalhamento, etc.

Em termos de microestrutura, geralmente possuem a presença de cristais de contorno bem

definido.

2.2 A TECNOLOGIA MCT

Com o objetivo de estudar materiais alternativos para a execução de bases de pavimentos

rodoviários, o DER/SP construiu, do fim da década de 60 até o início da década de 70,

diversas pistas experimentais com bases de solos arenosos finos lateríticos que, até então,

eram considerados inapropriados para este fim. O excelente desempenho apresentado por

estas pistas comprovou as limitações dos critérios tradicionais de caracterização e

classificação de solos, para a seleção de materiais a serem utilizados na execução de bases

de pavimentos, em regiões tropicais. Mesmo não atendendo aos critérios tradicionais, elas

apresentavam um bom desempenho quanto à resistência e à durabilidade. Segundo

Nogami e Villibor (1995), isso mostrou a necessidade de se desenvolverem critérios mais

14

apropriados, não relacionados demasiadamente às propriedades índices tradicionais,

porém mais ligados a propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos compactados.

Então, no início da década de 80, os engenheiros Douglas Fadul Villibor e Job Shuji

Nogami , após algumas revisões, desenvolveram uma nova sistemática, que passou a ser

denominada tecnologia MCT (M - miniatura; C - compactado; T - tropical) e que inclui

também uma nova classificação de solos tropicais.

Esta metodologia foi apresentada em 1981, no Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em

Engenharia, realizado pela Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa

de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ). Ela baseia-se

na realização de um conjunto de ensaios para a avaliação das propriedades mecânicas e

hidráulicas dos materiais, tais como a permeabilidade, a infiltrabilidade, a contração por

secagem, a capacidade de suporte em condições mais realistas ao ambiente tropical, etc.

Em 1985, foi introduzido o procedimento com dimensões subminiatura, com corpos de

prova de 26 mm e a determinação do Mini-CBR em campo e recentemente, em 2017, foi

proposta a Classificação de Solos Tropicais de Granulação Fina e Grossa, que permite a

classificação MCT de solos granulares, MCT-G, (Villibor e Alves, 2017).

A relação dos principais ensaios que integram a tecnologia MCT( Miniatura Compactado

Tropical) está apresentada a seguir:

M1, Ensaio de Compactação Mini-Proctor;

M2, Ensaio Mini-CBR e Expansão;

M3, Ensaio de Contração;

M4, Ensaio de Infiltrabilidade e Permeabilidade;

M5, Ensaio de Compactação Mini-MCV;

M6, Ensaio de Penetração da Imprimadura Betuminoso;

M7, Ensaio Mini-CBR de Campo - Procedimento Dinâmico;

M8, Ensaio de Perda de Massa por Imersão;

M9, Classificação MCT.

15

2.2.1 Compactação Mini-MCV

O ensaio consiste numa adaptação do Moisture Condition Value (MCV), proposto por

Parsons, do Road Research Laboratory, na Inglaterra, em 1976, que utiliza moldes

cilíndricos de 100 mm de diâmetro e soquete de seção plena com 7 kg. Uma vista do

equipamento pertencente ao NUGEO é mostrada na Figura 2.7.

Figura 2-7 - Prensa de compactação Mini-MCV (NUGEO)

A execução do ensaio, descrita na norma DNER-ME 258/1994 (BRASIL, 1994a),

consiste em aplicar energia variável e crescente ao corpo de prova, com um determinado

teor de umidade, até não haver acréscimo significativo de sua densidade, ou ocorrer

exsudação. A energia de compactação é aplicada pela queda de um soquete cilíndrico de

aço, com altura de queda de 30,5 cm e peso de 2270 g, com sapata de 49,8 mm de

diâmetro. Os cilindros metálicos devem ter um diâmetro aproximado de 50 mm e altura

de 130 mm.

Segundo a norma DNER-ME 258/1994 (BRASIL, 1994a), deve-se dar golpes sucessivos

e efetuar leituras no extensômetro, para determinação da altura do corpo de prova,

16

correspondentes à seguinte série de golpes: 1, 2, 3, 4, 6, 12, 24, 32, 48, 64, 96, 128, 192,

256. O processo será interrompido quando for atendida uma das condições seguintes:

a diferença entre a leitura obtida após 4n golpes e a obtida após n golpes for menor

que 2,0 mm;

houver intensa exsudação de água no topo e na base do corpo de prova;

o número de golpes atingir 256.

Estas operações devem ser iniciadas com o corpo de prova de menor teor de umidade e

repetidas para os demais corpos de prova com maiores teores de umidade.

Curvas de deformabilidade e o coeficiente c'

Para a determinação do chamado coeficiente c’, inicialmente traçam-se curvas de Mini-

MCV, representando no eixo das abcissas o número de golpes e no eixo das ordenadas os

valores da diferença de alturas do corpo de prova (an), conforme mostra a Figura 2.8. O

valor de an é calculado com base na Equação 2.1.

Figura 2-8 – Exemplo de curvas Mini-MCV

17

an = An − A4n (2.1)

onde:

an = diferença de altura;

An = leitura obtida após n golpes;

A4n = leitura obtida após 4n golpes.

Para cada corpo de prova, ou teor de umidade, deve ser traçada uma curva, denominada

curva de deformabilidade, ou curva de Mini-MCV. Em seguida, toma-se a curva

correspondente a um determinado teor de umidade, e determina-se a sua interseção com

a reta de equação an = 2,0 mm, que é paralela ao eixo das abcissas. A partir desse ponto,

determina-se o seu correspondente número de golpes no eixo das abcissas, que será Bx.

O Mini-MCV é definido pela Equação 2.2.

MiniMCV = 10 log Bx (2.2)

onde:

Bx = número de golpes que resulta da interseção da curva Mini-MCV, para

a umidade x, com a reta de equação an = 2,0 mm.

O coeficiente c’ é o coeficiente angular (sem sinal) da curva de deformabilidade

correspondente a Mini-MCV =10, obtida geralmente, por procedimentos de interpolação

gráfica. O coeficiente c’, corresponde à razão da variação do afundamento pela variação

do Mini-MCV da parte retilínea da curva de deformabilidade.

Segundo Nogami e Villibor (1995), os solos argilosos apresentam coeficiente c’ pouco

variável, para uma grande faixa de teores de umidade, entretanto, nos solos siltosos e

arenosos ele é variável, obrigando a definição de uma curva para servir de base para a

classificação. Foi adotado então a curva correspondente ao Mini-MCV igual a 10.

18

Curvas de compactação e o coeficiente d'

Para determinação do coeficiente d’, também integrante da metodologia, calcula-se

inicialmente a massa especifica seca do solo compactado, conforme a norma DNER-ME

258/1994 (BRASIL, 1994a) e traça-se a família de curvas de compactação, representando

no eixo das abcissas os teores de umidade e no eixo das ordenadas os valores de massa

especifica seca. Em seguida unem-se os pontos de mesmo número de golpes.

O coeficiente d’ é a inclinação da reta correspondente ao ramo seco da curva de

compactação, para um número de golpes igual a 12, nas adjacências do ponto de massa

especifica seca máxima. A Figura 2.9 mostra a família de curvas de compactação, onde o

coeficiente d’ aparece tracejado em vermelho.

Figura 2-9 – Exemplo de curvas de compactação

Para Nogami e Villibor (1995), as areias argilosas apresentam curvas de compactação

com picos bem acentuados e ramo seco retilíneo, com inclinação que cresce

sensivelmente no caso da fração argilosa ser de natureza laterítica. As argilas lateríticas

apresentam o mesmo comportamento, porém com inclinação menos acentuada.

Os siltes e areias pouco ou não coesivas apresentam picos pouco definidos e

encurvamentos que dificultam a identificação de d’.

19

2.2.2 Perda de Massa por Imersão (Pi)

Após a compactação dos corpos de prova segundo a tecnologia MCT, utiliza-se a

alavanca de extração da prensa para deslocar o corpo de prova, de modo que ele fique

com uma saliência de 10 mm. Transfere-se em seguida o cilindro para uma cuba, na qual

foi colocada uma cápsula, responsável pela coleta do solo desagregado. O procedimento

seguinte ao enchimento da cuba com água, consiste em deixar o cilindro submerso por

cerca de 20 horas. Em seguida, retira-se a cápsula com o material desagregado do corpo

de prova e leva-se para secagem em estufa. Este valor é a massa do solo seco, da porção

desprendida, representada por (Md).A Perda de Massa por Imersão de cada corpo de

prova é dada pela Equação 2.3. Pi poderá ter o cálculo simplificado pelo uso da Equação

2.4.

Pi = Md x 100

Mo (2.3)

onde:

Pi = Perda de Massa por imersão, expressa em porcentagem;

Md = Massa do solo seco, em estufa, da porção desprendida do solo;

Mo = Massa de solo correspondente a 10 mm do corpo de prova, logo após a

compactação.

Pi = 10 x Md xA

Ms (2.4)

onde:

A = altura inicial do corpo de prova;

Ms = Massa seca do corpo de prova, que é determinada pela seguinte

expressão:

(MS= (100*Mu) / (100* Hc), (2.5)

onde;

Mu= Massa úmida do corpo-de-prova;

20

Hc= Teor de umidade de compactação

Após o cálculo da Perda de Massa de cada corpo de prova, calcula-se o valor de Pi a ser

utilizado na classificação, através da construção do gráfico Pi x Mini-MCV. Neste

gráfico, procura-se o valor de Mini-MCV igual a 15 para os solos de alta massa específica,

ou igual a 10 para os solos de baixa massa específica, de acordo com o seguinte critério:

traça-se o gráfico Mini-MCV x Af (altura final do corpo de prova);

procura-se o Mini-MCV = 10, no eixo das abscissas e determina-se o valor

correspondente de Af, no eixo das ordenadas;

se Af < 48 mm, o solo será considerado de alta massa específica;

se Af ≥ 48 mm, o solo será considerado de baixa massa específica.

Cálculo do coeficiente e’

Após a determinação de Pi, podemos calcular o valor de e’, por meio da Equação 2.6.

e′ = √𝑃𝑖

100

20

𝑑′

3 (2.6)

2.3 A CLASSIFICAÇÃO MCT

As limitações dos métodos tradicionais de classificação de solos, baseados na

granulometria, LL e LP, em prever o comportamento peculiar dos solos tropicais e a

comprovação do excelente desempenho de alguns trechos experimentais, executados com

bases de solos arenosos finos lateríticos, levaram Nogami e Villibor, a desenvolverem a

tecnologia MCT, baseada nas propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos tropicais

compactados. Segundo Nogami e Villibor (1995), a possibilidade de uma classificação

geotécnica de solos tropicais, através da determinação de parâmetros ligados à

compactação e utilizando equipamento miniatura, surgiu através da adaptação do

procedimento de compactação desenvolvido por Parsons, do Transport and Road

Research Laboratory, em 1976, na Inglaterra.

21

Parsons utilizou o ensaio de compactação MCV para fins classificatórios, com moldes

cilíndricos de 100 mm e soquete de seção plena de 7 kg (Parsons, 1976). Entretanto,

alguns coeficientes (a e b) por ele concebidos, não distinguiam os solos lateríticos dos

solos saprolíticos, levando Nogami e Villibor a sugerirem outros coeficientes (c’, d’, Pi

e e’), determinados através da realização dos ensaios de Compactação Mini-MCV e de

Perda de Massa por Imersão.

Segundo Villibor et al. (2009), essa classificação possibilitou a verificação do

comportamento laterítico, ou não laterítico dos solos, e fornece subsídios necessários para

avaliação das propriedades mecânicas e hídricas dos solos típicos dos climas tropicais

úmidos.

Coeficiente c’

Para Nogami e Villibor (1995), o coeficiente c’, que pode variar de zero (solos arenosos)

a 2,84 (solos argilosos), está relacionado com a granulometria dos solos da seguinte

forma:

valores elevados de c’, acima de 1,5, são característicos dos solos argilosos;

valores baixos, inferiores a 1,0, identificam as areias e os siltes não plásticos ou

com pouca coesão;

valores entre 1,0 e 1,5, agrupam as areias siltosas e areias argilosas, argilas

arenosas, argilas siltosas, etc.;

o valor de c’ varia pouco para as argilas e siltes e varia muito para as areias;

existe uma razoável correlação entre o valor de c’ e o limite de liquidez.

Este parâmetro , dentro da metodologia, é obtido a partir das curvas de deformabilidade

extraídas do ensaio Mini-MCV. Em geral, nas argilas as curvas de deformabilidade são

bastante inclinadas e quase relitílineas e nas areias, elas são retas quase horizontais. As

argilas arenosas, as areias argilosas e os siltes mostram condições intermediárias (Marson,

2004).

De acordo com Marson (2004), o parâmetro c’ é fundamental para a classificação do solo,

não havendo a necessidade de um ensaio granulométrico para a classificação do solo.

Moura et al. (2006) destaca que O coeficiente c’ indica uma combinação da graduação

22

com a coesão, expressa por um deformabilidade, traduzindo o efeito da granulometria

e da coesão do solo observado na compactação e não a distribuição granulométrica

propriamente dita (determinada em ensaio granulométrico por peneiramento e

sedimentação).

Coeficiente d’

Segundo Nogami e Villibor (1995), as experiências realizadas permitem estabelecer as

seguintes correlações para o coeficiente d’:

os solos argilosos de comportamento laterítico geralmente apresentam valores de

d’ superiores a 20;

os solos argilosos de comportamento não laterítico geralmente apresentam valores

de d’ inferiores a 10;

as areias puras apresentam baixos valores de d’;

as areias finas argilosas, apresentam valores elevados de d’, podendo ultrapassar

a 100;

os solos saprolíticos siltosos, apresentam baixos valores de d’, geralmente

inferiores a 5.

Segundo Nogami e Villibor (1995), o coeficiente d’ é um indicativo do comportamento

laterítico do solo. Os solos de comportamento laterítico apresentam microestrutura em

forma de “pipoca” que facilitam um ganho elevado de densificação, no ramo seco da

curva de compactação, se comparado com solos que não são de comportamento laterítico

Marson (2004) destaca a não adequação do parâmetro d’ para a classificação genética dos

solos, uma vez que ele não se correlaciona com a granulometria e é pouco sensível ao

caráter genético dos solos. A autora aborda a dificuldade de obtenção para alguns casos,

podendo gerar dúvidas e até erros na classificação dos solos.

Índice e’

O índice e’ foi concebido inicialmente objetivando expressar o comportamento laterítico

ou não laterítico dos solos, segundo a metodologia. Segundo Nogami e Villibor (1995),

23

o comportamento laterítico começa a se manifestar quando d > 20 e Pi < 100, o que

permitiu o estabelecimento da linha horizontal correspondente a e’ = 1,15, separando os

solos L dos solos N. Para solos pobres em finos a transição ocorre para valores mais

elevados de Pi, levando os mesmos autores a estabelecer a linha horizontal secundária

mais acima, com e’ = 1,4.

Cabe ressaltar, entretanto, que os autores informam que “para certos solos, a linha

horizontal principal apresenta, na realidade, uma pequena inclinação, que não foi

possível se calcular com suficiente precisão” (Nogami e Villibor, 1995), ou seja, podem

ocorrer casos em que o comportamento laterítico se manifeste para valores de e’ > 1,15.

Índice Pi

O índice é obtido a partir do ensaio de Perda de Massa por Imersão, desenvolvido com o

objetivo de distinguir os solos tropicais lateríticos dos solos não lateríticos. Segundo

Villibor e Nogami (2009), os valores de Pi dos solos lateríticos apresentam um

decréscimo nítido, após o teor de umidade correspondente ao Mini-MCV = 10. Nas

argilas e argilas arenosas lateríticas, geralmente o Pi próximo ao Mini-MCV = 10 é muito

baixa ou igual a zero. Para valores decrescentes de Mini-MCV o valor tende a crescer.

Nas areias argilosas lateríticas a tendência é similar, mas os menores valores de Pi

ocorrem para maiores valores de Mini-MCV, geralmente próximos de Mini-MCV = 15.

Argilas saprolíticas apresentam Pi na faixa intermediária, próximo de 100 e as areias

saprolíticas valores difíceis de serem previstos, pois podem ser altos ou baixos.

Ábaco de classificação

Para a conclusão da Classificação MCT do solo ensaiado, por exemplo, com os valores

de c’=1,33 e e’ = 0,77, esses valores devem ser lançados no Gráfico Classificatório. A

determinação da classificação do solo se dá pela localização, no ábaco, do ponto

correspondente aos valores de c’ e de e’. A Figura 2.10 apresenta o ábaco empregado para

classificação dos solos segundo a Tecnologia MCT.

24

Figura 2-10 - Gráfico c’ versus e’ - Classificação MCT (Nogami e Villibor, 1995).

Entretanto, de acordo com Marangon (2004) e Santos (1998), quando o ponto cai próximo

do limite das classes L e N, prevalece o seguinte critério, que foi adotado na presente

pesquisa, e que adota o conceito de solos transicionais:

será considerado “L”, quando o Pi decrescer sensivelmente tendendo a zero, no

intervalo de Mini-MCV de 10 a 20 e a curva Mini-MCV x w (teor de umidade)

apresenta concavidade voltada para cima, no intervalo Mini-MCV de 1 a 15;

será considerado “N”, quando o Pi variar de maneira diferente e a referida curva

apresentar-se sensivelmente retilínea ou com concavidade voltada para baixo;

será considerado transicional, quando as condições não corresponderem às acima

citadas. Neste caso será representado pelos símbolos dos dois grupos.

Ponto cai longe dos limites porém não satisfaz as condições descritas para a

identificação do comportamento “L” ou “N”. A interpretação dos grupos da

classificação pode ficar prejudicada.

Vertamatti (1988), ao estudar os solos tropicais da Amazônia, analisou o enquadramento

dos solos no ábaco classificatório, e observou que o grupo LG’ reunia tanto materiais

argilosos quanto arenosos finos, esses últimos localizados na transição LA’ – LG’ e, que

25

no grupo NG’ existiam tanto os solos argilosos quanto os silto-argilo arenosos finos,

localizados na transição NS’ – NG’. Segundo Vertamatti (1988), foi identificada uma

nova faixa, flutuando de ±3 em torno de c’ = 1,5, que representava melhor o

comportamento de grupos transitórios (NS’ G’ e LA’G’), com presença acentuada da

fração areia fina.

Marangon (2004) registra que o trabalho de Vertamatti (1988), utilizando bases

classificatórias MCT e resiliente, propôs a estruturação de novos grupos classificatórios,

constituindo na classificação MCT-M (versão modificada). Ressalta ainda que, a

estruturação de novos grupos contemplou os “solos transicionais”, como um novo padrão

de comportamento tecnológico.

Para Marson (2004), a denominação (Solos Transicionais) foi introduzida por Vertamatti

(1988), para designar solos transportados, geralmente coluvionares, ou ainda não muito

afetados pelos processos pedogenéticos estudados.

Segundo Castro (2002), “Vertamatti (1988) utilizou-se da classificação MCT e da

classificação resiliente, proposta por Preussler e Pinto (1981), para sugerir modificação

no ábaco MCT.” (BRASIL, 2006) (Preussler at al. 1981).

Para Castro (2002), o trabalho de Vertamatti (1988) destaca que “ embora a classificação

MCT não esteja vinculada em essência à granulometria ponderada, a partir de

observações desta característica dos solos ensaiados, a proposta de uma nova faixa de

ábaco, em que o valor de c’ varia de 1,2 a 1,8, representa melhor grupos transitórios

(NS’G’ e LA’G’) caracterizados pela presença marcante da fração areia fina.”

Para Marson (2004), eles solos são geralmente associados a formações sedimentares e

apresentam características que variam de acordo com o grau de laterização. Quanto mais

evoluídos geneticamente melhor o comportamento esperado, mas em geral, eles

necessitam de estudos apropriados, para serem utilizados em camadas de pavimentos.

2.3.1 As Classes e Grupos da Tecnologia MCT

Segundo Villibor e Nogami (2009), podemos identificar as propriedades e características

dos solos (destacadas a seguir), correspondentes aos grupos e classes da Tecnologia MCT.

26

Classe L - Comportamento laterítico

São aqueles que, do ponto de vista pedológico, com base no SiBCS - Sistema Brasileiro

de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013), possuem horizonte B do tipo textural,

latossólico ou nítico (ou concrecionário), e podem ser classificados como Argissolos,

Latossolos ou Nitossolos ( ou Plintossolos Pétricos).

O horizonte B, geralmente, caracteriza-se por apresentar cores vivas, variando do roxo-

avermelhado ao amarelo, grande espessura, grãos finos com intensa agregação e pouca

variação das propriedades ao longo da espessura.

Classe N - Comportamento não laterítico

São os solos saprolíticos, que apresentam características dependentes da rocha mãe e do

estado de decomposição, e os solos superficiais de comportamento não laterítico, que

normalmente são pouco frequentes.

Grupo NA (Areias não lateríticas)

São as areias, siltes e misturas de areia e silte, com grãos de quartzo e/ou mica. As

variedades micáceas da areia geralmente apresentam alta expansão, média ou baixa

capacidade de suporte e são muito erodíveis.

Grupo NA’ ( Não laterítico, arenoso)

São as misturas de areias quartzosas com finos passando na peneira de 0,075 mm, não

lateríticas. Geralmente são provenientes do horizonte saprolítico, de rochas ricas em

quartzo, tais como granitos, gnaisses, arenitos e quartzitos. Se a areia for bem graduada e

os finos atenderem às especificações tradicionais, podem apresentar propriedades

adequadas para uso em pavimentação.

Grupo NS’ ( Não laterítico, siltoso)

Compreende os solos saprolíticos silto-arenosos, resultantes de rochas eruptivas e

metamórficas e constituição mineralógica, onde predominam os feldspatos, micas e

quartzo. Apresentam baixa capacidade de suporte, baixo módulo de resiliência,

permeabilidade média, elevada expansibilidade e elevada erodibilidade.

27

Grupo NG’ ( Não laterítico, argiloso)

Compreende os solos saprolíticos argilosos, derivados de rochas sedimentares argilosas,

tais como folhelos, argilitos e siltitos, ou de rochas cristalinas pobres em quartzo e ricas

em anfobólios e piroxênios. Pertencem a este grupo os vertissolos (massapê). Quando

compactados apresentam as características das argilas, plásticas e expansivas.

Grupo LA ( Areias lateríticas)

São as areias com poucos finos de comportamento laterítico, conhecidos

pedologicamente como Neossolos quartzarênicos, SIBCs-Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos, (EMBRAPA, 2013). Apresentam baixa porcentagem de finos

lateríticos, elevada capacidade de suporte e módulos de resiliência relativamente altos,

mas podem ser muito permeáveis, pouco coesivos e pouco contrateis, quando

compactados, características essas pouco desejáveis para bases em regiões tropicais.

Grupo LA’ (Laterítico, arenoso)

São arenosos e podem ser classificados como Latossolos de textura arenosa ou Argissolos

de textura arenosa. Dão cortes firmes, não ou pouco erodíveis, nitidamente trincados

quando expostos à intempéries. Apresentam alta capacidade de suporte, elevado módulo

de resiliência e baixa expansibilidade, permitindo seu uso em bases de pavimentos.

Grupo LG’ (Laterítico, argiloso)

São as argilas e argilas arenosas que podem ser classificados como Nitossolos, Latossolos

de textura argilosa ou Argissolos de textura argilosa. Quando possuem quantidade

relativamente alta de areia, podem apresentar propriedades semelhantes à do grupo LA’.

São pouco erodíveis e marcantemente colapsíveis.

2.3.2 Vantagens e desvantagens

Citando trabalhos de Nogami (1989) e Nogami et al. (1998), Marson (2004) aborda uma

síntese das vantagens e desvantagens (limitações) da Classificação MCT. Dentre as

vantagens, a autora destaca os seguintes pontos:

28

a classificação distingue os diferentes tipos genéticos de solos tropicais, sem a

necessidade do uso de considerações geológicas, geoquímicas, pedológicas, etc.;

a classificação caracteriza os solos para finalidade viária de maneira abrangente;

a classificação pode orientar sondagens e amostragens, pois o fato de um solo

pertencer a um determinado grupo MCT quase sempre significa uma origem

geológica específica.

a classificação é baseada em ensaios de laboratório, que representam as condições

a que os solos são submetidos quando aplicados em obras viárias;

os ensaios apresentam custos relativamente mais baixos do que os tradicionais.

Em relação às limitações, Marson (2004) destaca que do ponto de vista operacional, a

metodologia é mais trabalhosa, quando comparada aos métodos tradicionais, pois exige

uma quantidade grande de medições, cálculos e gráficos para obtenção dos parâmetros

classificatórios. O procedimento exige a necessidade mínima de dois dias. O ensaio de

Perda de Massa por Imersão (Pi) demanda um tempo de 48 horas, enquanto do ensaio de

compactação tipo Mini-MCV necessita, em média, de 24 horas. Na sua pesquisa, Marson

(2004) aborda uma análise crítica da metodologia e propõe reduções de tempo de ensaio,

sem prejuízos aos resultados. A confiabilidade do sistema classificatório também é

destacada no trabalho.

2.4 BASES DE PAVIMENTO ESTABILIZADAS GRANULOMETRICAMENTE

Segundo o Manual de Pavimentação, elaborado pelo DNIT (BRASIL, 2006), o pavimento

é uma estrutura constituída por um sistema de camadas de espessuras finitas, assentes

sobre um terreno de fundação, ou subleito, o qual teoricamente é considerado de espessura

infinita. As camadas do pavimento são denominadas reforço do subleito, sub-base, base

e revestimento.

A base é a camada que tem como principal função absorver os esforços verticais oriundos

do tráfego, minimizando-os e transmitindo ao subleito e à sub-base esforços compatíveis

com as suas resistências. Geralmente, ela desempenha também a função de drenagem do

pavimento. Ela pode ser construída com materiais granulares naturais ou através de

mistura de solos, materiais britados, solos estabilizados cimento ou cal, cinza, etc.

29

A estabilização de um solo, conforme já destacava Vargas (1978), é um processo que

consiste em conferir ao mesmo uma maior resistência estável, por meio de compactação

e correção de sua granulometria e plasticidade ou através de adição de substâncias que

promovam a cimentação ou aglutinação dos grãos.

Estabilizar um solo consiste na utilização de processos tecnológicos que modifiquem

alguns de seus parâmetros de engenharia, de modo a atender a demandas técnicas

específicas. São destacadas diversas técnicas de estabilização, quais sejam: mecânica,

química, térmica e elétrica. Entre os principais métodos de estabilização de solos temos

a compactação, a correção granulométrica e a adição de estabilizantes químicos; estes

podem ser usados individualmente ou em conjunto. Quando a estabilização de um solo é

realizada exclusivamente por meio compactação, associada à correção da granulometria

e da plasticidade ( se necessárias), ela é chamada de ‘estabilização granulométrica’.

Pela definição de Vogt (1971), a estabilização é todo método que visa aumentar, de

maneira durável, durante todas as estações do ano, a resistência de um material aos

esforços desenvolvidos pelo tráfego e aos efeitos destruidores exercidos pelas

intempéries.

A estabilização de um solo pode ser definida como sendo a alteração de qualquer uma de

suas propriedades, de forma a melhorar seu comportamento sob o ponto de vista da

engenharia. Consiste em um tratamento artificial, por um processo físico, químico ou

físico-químico, tornando o solo estável para os limites de sua utilização, e ainda fazendo

com que a estabilização permaneça sob a ação de cargas exteriores e também sob ações

climáticas variáveis (Vizcarra, 2010).

Segundo Vargas (1978), os solos que se encontram estabilizados naturalmente,

apresentam a curva granulométrica semelhante à curva correspondente aos solos bem

graduados, e uma fração fina, que passa na peneira de 0,42 mm, não muito ativa, com

baixa expansão e baixa retração na presença de água . Quando não se consegue localizar

jazidas naturais de materiais com características para serem estabilizados, torna-se

necessário a utilização de misturas artificiais de solos, a fim de se obter materiais com a

distribuição granulométrica e a plasticidade adequadas.

30

Segundo Santos (1998), os critérios tradicionais exigem que um solo estabilizado

granulometricamente apresente uma elevada densidade, onde grande parte dos vazios

formados entre os grãos maiores são preenchidos pelos grãos menores, o que assegura

grande número de contatos granulares, implicando no aumento da resistência à

deformação e da resistência à ruptura por cisalhamento.

Tomando como base os solos-agregados finos, formados por partículas inferiores a 2,0

mm, Santanna (1998) estudou a variação das propriedades mecânicas em função das

características da fração retida na peneira de 0,075 mm. A autora verificou que tanto a

forma quanto o teor da fração retida na peneira de 0,075 mm, influenciam na massa

específica seca e na resistência mecânica dessas misturas de granulometria fina.

Em geral, as pesquisas com os solos-agregados finos indicam que a resistência mecânica

aumenta com o aumento do teor da fração mais grossa, retida na peneira de 0,075 mm,

até um certo limite, a partir do qual ela passa a decrescer, em função da insuficiência de

finos para o preenchimento dos vazios existentes entre os grãos da fração mais grossa. As

partículas mais grossas, com formas mais angulares e rugosas, permitem a obtenção de

maiores resistências mecânicas (Santanna, 1998).

Segundo Santos (1998), que estudou material de bases e sub-bases de solo laterítico “in

natura”, com agregados de granulação grossa, a densidade e o ISC crescem com o

aumento do diâmetro máximo do agregado, enquanto há um decréscimo do teor ótimo de

finos.

2.4.1 Critérios tradicionais para estabilização granulométrica e suas limitações

De maneira geral, a escolha de materiais para bases é feita tradicionalmente procurando

situar o material numa das diversas faixas granulométricas sugeridas pela literatura

técnica ou por uma determinada especificação técnica, tais como as normas da AASHTO,

ASTM, DNIT, etc. Todas essas especificações recomendam que as misturas obedeçam,

em parte ou integralmente, aos seguintes requisitos:

granulometria;

características de plasticidade da fração passando na peneira de 0,42mm (peneira

nº 40), expressas pelo limite de liquidez e pelo índice de plasticidade;

31

equivalente de areia;

porcentagem do material que passa na peneira n° 200;

resistência mínima dos grãos da fração mais grossa( retido na peneira n° 10).

Índice Suporte Califórnia – ISC ≥ 60% para Número N ≤ 5 X 106, ISC ≥ 80% para

Número N > 5 X 106, e Expansão ≤ 0,5%.

Estes requisitos indicam que, uma vez atendidos, pode-se esperar a estabilidade da

camada construída, quanto à deformação e à ruptura. Entretanto, os solos encontrados nas

regiões tropicais, como o Brasil, apresentam características próprias e as experiências tem

demonstrado que, quando usados em bases de pavimentos, apresentam bons resultados

nas obras, apesar de não se enquadrarem nas especificações tradicionais. De fato, existe

uma discrepância entre o comportamento previsto pelas classificações tradicionais e o

comportamento apresentado nas pistas. Isto ocorre porque essas especificações não levam

em consideração as peculiaridades dos solos tropicais, (Nogami e Villibor, 1985).

Diversos estudos foram realizados para analisar a influência dos fatores acima citados, na

qualidade dos materiais usados em bases construídas com solos lateríticos e as principais

divergências encontradas, entre os resultados alcançados e as previsões dos critérios

tradicionais, são destacadas, por exemplo, nos trabalhos de Serra (1987), Serra e Bernucci

(1993) e Nogami e Villibor (1995).

Em função das divergências apresentadas entre os métodos, órgãos rodoviários, como

DNER (DNIT) e LNEC, elaboraram alterações nas normas, que consiste basicamente na

ampliação das faixas granulométricas, ampliação das faixas de LL e IP, a ampliação da

faixa do limite de resistência dos grãos e a introdução do ensaio de ISC, que na época não

era exigido. Em termos normativos, a sistemática utilizada para a execução de bases

estabilizadas granulometricamente, em rodovias federais, é preconizada pelas seguintes

normas:

Norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL, 2010);

Norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007).

32

2.4.2 Norma DNIT-ES 141/2010 - Base estabilizada granulometricamente

Essa norma do DNIT estabelece a sistemática que deve ser empregada na execução da

camada de base com utilização de solos estabilizados granulometricamente, bem como

os requisitos para os equipamentos, materiais, execução, amostragem e ensaios,

condicionantes ambientais, controle de qualidade e critérios de medição dos serviços.

No que se refere às características geotécnicas dos materiais, a norma estabelece que,

quando submetidos aos ensaios tradicionais de caracterização, os materiais devem

apresentar as seguintes características:

devem possuir granulometria satisfazendo uma das faixas da Tabela 2.1;

Tabela 2.1 - Granulometria do Material. Adaptado de DNIT (BRASIL, 2010).

Tipos Para N ≥ 5 x 10 6 Para N ≤ 5 x 10 6

Peneiras

A B C D E F

% em peso passando

2” 100 100 - - - -

1” - 75-90 100 100 100 100

3/8” 30-65 40-75 50-85 60-100 - -

No 4 25-55 30-80 35-65 50-85 55-100 10-100

No 10 15-40 20-45 25-50 40-70 40-100 55-100

No 40 8-20 15-30 15-30 25-45 20-50 30-70

No 200 2-8 5-15 5-15 10-25 6-20 8-25

a fração que passa na peneira nº 40 deve apresentar LL ≤ 25 e IP ≤ 6;

apresentar porcentagem que passa na peneira nº 200 ≤ 2/3 da porcentagem que

passa na peneira nº 40;

apresentar ISC ≥ 60, para Número N ≤ 5 x 106, ISC ≥ 80; para Número N > 5 x

106 e expansão ≤ 0,5;

apresentar desgaste, quando levado ao ensaio de abrasão Los Angeles, ≤ 55%.

33

2.4.3 Norma DNIT-ES 098/2007 - Base estabilizada granulometricamente com

utilização de solo laterítico

Essa norma preconiza os procedimentos para execução de bases estabilizadas

granulometricamente, com a utilização de solos lateríticos. No que se refere às

características geotécnicas dos materiais a norma estabelece os seguintes critérios:

solos lateríticos são aqueles cuja relação molecular sílica-sesquióxidos (Equação

2.7), expressa pelo índice Kr, determinada pelo método de ensaio DNER-ME

030/1994 (BRASIL, 1994c), for menor que 2;

𝐾𝑟 = SiO2

60Al2O3

102+

Fe2O3160

(2.7)

Onde:

Kr = Relação molecular sílica-sesquióxido;

SiO2 = Sílica;

Al2 O3 = Sesquióxido de Alumínio;

Fe2 O3 = Sesquióxido de Ferro.

possuir composição granulométrica satisfazendo uma das faixas da Tabela 2.2,

mostrada a seguir;

Tabela 2.2 - Composição Granulomértica. Adaptado de DNIT (BRASIL, 2007).

Peneiras A B

% em peso passando

2” 100-100 -

1” 100-75 100-100

3/8” 85-40 95-60

No 4 75-20 85-30

No 10 60-15 60-15

No 40 45-10 45-10

No 200 30-5 30-5

apresentar ISC ≥ 60, para Número N ≤ 5 x 106; ISC ≥ 80, para Número N > 5 x

106 e expansão ≤ 0,2;

a fração que passa na peneira nº 40 deve apresentar LL ≤ 40 e IP ≤ 15;

apresentar equivalente de areia > 30;

34

apresentar porcentagem que passa na peneira nº 200 ≤ 2/3 da porcentagem que

passa na peneira nº 40;

o desgaste, quando submetido ao ensaio de abrasão Los Angeles ≤ 65 %,

admitindo-se a não realização desse ensaio nos casos em que o material tenha

apresentado desempenho satisfatório em utilização anterior.

2.5 A DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO SÍLICA-SESQUIÓXIDOS E SÍLICA-

ALUMINA EM SOLOS

Segundo Silva (2010), a mineralogia dos solos tropicais geralmente é composta por

minerais como a caulinita (Al2Si2O5(OH)4), goetita (Fe2O2H), gipsita (Al(OH)3), quartzo

(SiO2), hematita (Fe2O3) e outros como a ilmenita (FeTiO3) e magnetita (Fe3O4), de modo

que as determinações da composição mineralógica e dos índices a ela relacionados,

fornecem importantes resultados que permitem a avaliação do grau de intemperização de

um solo. Um desses índices é o Ki, proposto por Harrassovitz , ( Kehrig, 1949), (IBGE,

2015), para indicar a relação molar SiO2 / Al2O3 da fração argila do solo. No Brasil é

utilizado na definição do horizonte B latossólico, Ki < 2, (IBGE, 2015).

O índice Kr representa a relação molecular entre sílica e sesquióxidos e sesquióxidos de

ferro e alumínio, método de ensaio DNER-ME 030/1994 (BRASIL, 1994c), sendo

representada pela Equação 2.7, já apresentada.

O indice Kr, também é indicativo do grau de intemperização dos solos, sendo empregado

para separar os solos cauliníticos (kr > 0,75) de solos oxídicos ( Kr < 0,75), (IBGE, 2015).

O caráter de intemperização, definido pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007),

é definido pelos seguintes critérios:

Kr < 2,0 para solos lateríticos (muito intemperizados);

Kr > 2,0 para solos não lateríticos ( pouco intemperizados).

2.6 DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X

Conforme Fabris et al. (2016), a difração de raios-X pode ser explicada,

simplificadamente, em analogia à difração da luz plana. A radiação ao atravessar um

orifício ou obstáculo, de dimensão semelhante ao seu comprimento de onda, sofre um

35

desvio de sua trajetória, contornando o objeto ou se espalhando após a passagem. Como

os raios X tem comprimento de onda na mesma ordem de grandeza dos átomos e das

distâncias interatômicas no retículo cristalino, quando a radiação X atravessa um cristal

regular, produz-se o fenômeno da difração.

Para Fabris et al. (2016), os planos do retículo cristalino tridimensional funcionam como

refletores, desviando a radiação, porém para que seja possível a detecção da radiação

emergente, as ondas devem estar em fase.

De acordo com Resende et al. (2011), a difratometria de raios-X é a mais poderosa

ferramenta para estudo de minerais do solo, em especial os da fração argilosa.

36

CAPÍTULO 3

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Visando estudar a viabilidade da aplicação da classificação MCT na execução de bases

de pavimentos rodoviários que utilizam solos lateríticos estabilizados

granulometricamente, foram inicialmente propostas e montadas dezesseis misturas. Além

da proposta da utilização, também é compreendido como roteiro da metodologia a

avaliação do comportamento da resistência mecânica e da expansão, em função da

variação da composição granulométrica e da natureza dos solos.

Todas as misturas foram compostas a partir de associação de dois ou três materiais,

oriundos de duas jazidas de cascalho laterítico natural, denominados J1 e J2, um latossolo

vermelho-amarelo de textura média, denominado E1 e um latossolo vermelho, textura

argilosa, aqui chamado de E2.

Tomando como referência a Norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), que preconiza

os critérios para execução de bases, estabilizadas granulometricamente com a utilização

de solos lateríticos, algumas amostras foram submetidas ao ensaio para determinação da

relação sílica-sesquióxidos. Para complementar a análise, as amostras de E1 e E2, solos

finos utilizados na composição de todas as dezesseis misturas, foram submetidas à

difratometria por Raios-X.

Todas as misturas foram submetidas aos ensaios de compactação tipo Mini-MCV e Perda

de Massa por Imersão (Pi) e, posteriormente, classificadas segundo a metodologia MCT.

Essas classificações foram comparadas com os resultados da determinação da relação

sílica- sesquióxidos, com o objetivo de avaliar a aplicabilidade da classificação MCT para

a comprovação do caráter laterítico ou não laterítico das misturas.

37

Complementando a sequência experimental, as misturas foram submetidas aos ensaios

tradicionais de caracterização e aos ensaios de Compactação e ISC, para a avaliação de

forma aproximada da resistência mecânica e da expansão.

3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO E COLETA DE MATERIAIS

O procedimento experimental foi introduzido pela amostragem dos materiais na área

selecionada para a pesquisa. A área está situada na região noroeste de Minas Gerais, entre

os paralelos 14º 42’ e 18º 30’de latitude sul e os meridianos 45º 23’ e 47º 32’de longitude

a oeste de Greenwich, limitando-se a noroeste com o estado de Goiás e o Distrito Federal,

e ao norte com o estado da Bahia, compreendendo as Microrregiões Paracatu e Unaí

(Figura 3.1).

Figura 3-1 – Mapa de localização da região de amostragem dos materiais (Naime et al., 2014)

3.2.1 Clima e vegetação da região

O clima que predomina em quase toda a região de trabalho é tipicamente tropical úmido,

tipo Aw da classificação Köppen, com invernos secos e verões chuvosos, com

precipitação média anual variando de 1400 mm a 1500 mm. Em altitudes maiores que

38

800 m prevalece o clima Cwa. A temperatura média anual regional oscila entre 21 ºC e

23 ºC, sendo outubro o mês mais quente, com temperatura média entre 22 ºC e 24 ºC e

julho o mês mais frio, com temperatura média variando de 18 ºC a 20 ºC (Naime et al.,

2014).

A área está inserida na região do cerrado, tendo a leste e a noroeste inclusões da caatinga.

Dentro do complexo do cerrado podem ser identificadas formações vegetais como a

Floresta Tropical, Cerrado e Cerradão, esta última sendo a formação dominante.

Aparecem também áreas com Veredas, Campo Limpo e Campo de Várzea (Naime et al.,

2014).

3.2.2 Geologia regional

Em termos de orientação geológica, a região está inserida em dois domínios

geotectônicos, o cinturão de dobramentos denominado Faixa Brasília, que se estende do

centro até a parte ocidental e o cráton São Francisco, situado basicamente no extremo

oriental.

Nas áreas próximas aos locais de coleta de amostras, podemos identificar formações do

Grupo Bambuí, do Grupo Vazante e as coberturas terciárias, com as seguintes

características:

o Grupo Bambuí está representado pela ocorrência de lentes de calcáreos e

dolomitos com espessuras reduzidas, depositadas em meio a pelitos, camadas

lenticulares de margas associadas a pelitos, calcáreos maciços ou laminados de

cor cinza, preta e roxa (Campos et al., 2006);

o Grupo Vazante, está representado pela ocorrência de arenitos líticos, com

intercalações de finas lâminas pelíticas e dolomitos (Campos et al., 2006);

as coberturas detríticas, correspondentes ao terciário, são constituídas

basicamente de areias médias a finas, misturadas com material argiloso, às vezes

laterizadas, e horizonte de canga fossilizada na base (Naime et al., 2014).

A Figura 3.2 mostra um mapa destacando as unidades geológicas regionais, cuja

apresentação foi adaptada dos trabalhos de Bizzi et al. (2001) e Rodrigues (2008), onde

são percebidas. Em destaque, os grupos Bambuí e Vazante.

39

Figura 3-2 - Unidades Geológicas da Região (Adaptado de Bizzi et al.,(2001 e Rodrigues, 2008)

As Figuras 3.3 a 3.5 ilustram as rochas presente nas áreas de coleta, em cortes as margens

da BR-215/MG.

Figura 3-3 - Rochas da região - Grupo Bambuí

Figura 3-4 - Rochas da região - Grupo Vazante

40

Figura 3-5 - Rochas da região - Grupo Bambuí

3.2.3 Características dos solos regionais

A Tabela 3.1 apresenta a relação dos principais solos identificados no trabalho de

mapeamento e classificação dos solos realizado, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária

de Minas Gerais (EPAMIG) (Naime et al., 2014).

Tabela 3.1 - Tipo de Solos da Região (Adaptado de Naime et al., 2014)

Unidades de mapeamento por classes de

solos

Microrregião

Paracatu Unaí

Área (ha) % Área (ha) %

Latossolos 1.649.288,52 51,98 1.127.912,80 40,59

Argissolos 8.443,15 0,27 20.322,02 0,73

Cambissolos 895.171,58 28,22 919.956,45 33,11

Neossolos Litólicos 498.310,78 15,71 453.896,62 16,34

Neossolos Quatzarênicos 23.273,52 0,73 191.971,6 6,87

Neossolos Flúvicos 96.496,74 3,04 64.630,78 2,33

Gleissolos 1.637,58 0,05 763,88 0,03

Total 3.172.621,87 100 2.778.454,35 100

Observa-se, pela análise da tabela, que as maiores extensões correspondem aos latossolos

e em seguida aos Cambissolos e Neossolos litólicos, ambos de horizonte B incipiente. Os

nitossolos e Plintossolos não foram representados, devido as pequenas extensões que

ocupam em relação a área total.

3.3 COLETA DE MATERIAIS

A escolha da região foi motivada pelo conhecimento prévio das características geológicas

e da formação dos solos e, pela localização, da Unidade Local de Paracatu, que gerenciava

os serviços do DNIT na região e que disponibilizou apoio logístico na fase de coleta de

amostras.

41

Para a elaboração do plano de coleta, inicialmente foi realizada uma consulta ao

engenheiro Olímpio Moraes, da UL de Paracatu, a respeito da localização de todas as

jazidas de cascalho utilizadas para as obras de construção e restauração da rodovia BR-

251. Em seguida foi realizada uma consulta bibliográfica sobre as características

geológicas e dos solos da região. Nesta fase a publicação Solos e Avaliação do Potencial

Agrossilvipastoril das Microrregiões Paracatu e Unaí, em Minas Gerais (Naime et al.,

2014), possibilitou o conhecimento dos tipos de solos existentes na região.

A escolha das fontes de consulta foi de grande valia, pois o conhecimento das condições

de campo que dispunha a equipe técnica do DNIT, muito auxiliou na localização rápida

e precisa de três jazidas de cascalho laterítico, ou plintosolos pétricos, denominadas de

J1, J2 e J3, nas quais foram coletados os materiais da pesquisa, apesar do material de J3

não ter sido utilizado na montagem definitiva das misturas estudadas, por não satisfazer

as exigências da pesquisa. Além disso, foram fundamentais as informações da EPAMIG

(Naime et al., 2014), aliadas às observações de campo, que permitiram a localização e

coleta das amostras de solos finos. Inicialmente, foi seleciona uma área com a presença

de latossolo vermelho-amarelo, de textura média, e em seguida, uma ocorrência de

latossolo vermelho, de textura argilosa, que foram denominados E1 e E2,

respectivamente.

As amostras foram coletadas entre as profundidades de 10 cm e 70 cm e colocadas em

sacos de polietileno de 60 kg, totalizando aproximadamente três toneladas de material,

nos seguintes locais (Figura 3.6):

Jazida 1, caracterizada como cascalho laterítico, denominada J1, nas margens da

BR-251/MG, nas coordenadas 16°44'56.30"S (latitude) e 46°20'46.50"O

(longitude);

Jazida 2, caracterizada como cascalho laterítico, denominada J2, nas margens da

BR-251/MG, nas coordenadas 16°41'18.50"S (latitude) e 46°25'17.56"O

(longitude);

Jazida 3, caracterizada como cascalho laterítico, denominada J3, nas margens da

BR-040/MG, em Paracatu/MG, que foi descartada após a realização das primeiras

análises em laboratório;

42

Jazida 4, caracterizada como latossolo vermelho-amarelo, denominada E1,

próximo a Brasilândia de Minas, nas coordenadas 17°8'9.20"S (latitude) e

45°56'32.70"O (longitude);

Jazida 5, caracterizada como latossolo vermelho, denominada E2, nas margens da

BR-251/MG, nas coordenadas 16°41'40.50“S (latitude) e 46°26'55.30"O

(longitude).

Figura 3-6 - Localização das jazidas J1, J2, E1 e E2, mostrando ao centro a BR-251

As coletas foram realizadas no período de 15 a 24 de junho de 2016 e as amostras foram

armazenadas no pátio da UL de Paracatu. Concluída esta fase, foi contratado um

caminhão baú, que realizou o transporte de todas as amostras até a sala de triagem dos

laboratórios do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas, da Universidade Federal de

Ouro Preto (NUGEO/UFOP), em Ouro Preto/MG, no dia 05 de julho de 2016. As Figuras

3.7 a 3.10 ilustram a fase de coleta das amostras.

Figura 3-7 - Coleta de amostras na jazida 1- cascalho J1

43

Figura 3-8 - Coleta de amostras - Armazenamento na UL Paracatú

Figura 3-9 - Depósito de amostras -NUGEO/UFOP

Figura 3-10 - Coleta de amostras - jazida 4- latossolo E1.

44

3.4 MONTAGEM DAS MISTURAS

Os materiais das jazidas J1, J2, J3, E1 e E2 foram submetidos aos ensaios de

granulometria por peneiramento e, com base no resultado desses ensaios foram montadas

quinze misturas de solos, através de combinações desses materiais, dois a dois, ou três a

três, em diferentes proporções. Inicialmente, cada material foi espalhado e

homogeneizado sobre uma lona, por aproximadamente dez horas, para secagem ao ar e

ensacado novamente em sacos de polietileno de 60 kg. As Figuras 3.11 e 3.12 ilustram a

secagem das amostras.

Figura 3-11 – Vista do processo de secagem de amostras

Figura 3-12 – Vista do processo de secagem de amostras

Os materiais das cascalheiras J1, J2 e J3 foram passados na peneira de 19 mm e o material

retido foi descartado, conforme procedimento normativo. Após esta etapa passou-se para

a montagem das misturas, de acordo com as proporções estabelecidas previamente no

45

procedimento experimental. Foram utilizados materiais das três cascalheiras J1, J2, J3,

bem como os latossolos E1 e E2, mas, antes do início dos ensaios, devido a falta de

experiência anterior nesse tipo de montagem, muitas amostras foram perdidas.

Observou-se que algumas misturas não apresentavam características que atendessem aos

objetivos do trabalho, pois, ora se enquadravam numa faixa granulométrica recomendada

pela metodologia tradicional, ora não se enquadravam em nenhuma faixa, mas nunca se

enquadravam numa faixa indicada para solos lateríticos, que era um dos objetivos da

pesquisa.

Neste sentido, foi então realizada uma nova programação de misturas, conforme os

materiais e proporções apresentados na Tabela 3.2, num total de dezesseis misturas e

grande parte das amostras iniciais foi descartada. Ressalta-se que as misturas M-25 e M-

27 foram idealizadas numa etapa posterior, com o objetivo de se obter materiais que se

enquadrassem na faixa A para solos lateríticos.

Para Senço (2007), o problema da obtenção de uma mistura dentro de determinada faixa

granulométrica, partindo de materiais que individualmente não se enquadram na faixa

desejada, pode ser resolvido com diversos métodos de cálculo, como o algébrico, o das

tentativas, o de Rothfuchs e outros. Para a presente pesquisa, foi elaborada uma planilha

excel, que determina as porcentagens dos componentes, segundo o método das tentativas.

Para a identificação das misturas, adotou-se um código baseado na designação do nome

da jazida de cascalho, no nome da jazida de solo fino, ou latossolo, e na proporção entre

esses componentes. Dessa maneira, o primeiro número da identificação corresponde ao

número da jazida onde foi coletado o cascalho utilizado na mistura (1 para a jazida J1 e 2

para a jazida J2). O segundo número corresponde ao local onde foi coletado o solo fino

utilizado na mistura (1 para E1 e 2 para E2). O símbolo E foi adotado, porque

normalmente esses materiais são provenientes de caixas de empréstimo. O terceiro e

quarto números correspondem à proporção, em peso, do primeiro material da mistura (J1

ou J2) e o quinto e sexto números à proporção, em peso, do segundo material (E1 ou E2).

Para as misturas montadas com associação de três materiais, adotou-se o mesmo

princípio, entretanto com a representação de nove números.

46

90% de material proveniente de J1

10% de material proveniente do empréstimo E2

1 2 - 90 / 10

Empréstimo E2

Jazida J1

Figura 3-13 - Esquema do código de identificação das misturas, com dois materiais.

Tabela 3.2 - Composição e código de identificação das misturas

Mistura Materiais Proporção Código de Identificação

M-01 Jazida J1 + Empréstimo E2 80% de J1 + 20% de E2 12-80/20

M-03 Jazida J1 + Empréstimo E2 70% de J1 + 30% de E2 12-70/30

M-04 Jazida J1 + Empréstimo E1 70% de J1 + 30% de E1 11-70/30

M-05 Jazida J1 + Empréstimo E1 60% de J1 + 40% de E1 11-60/40

M-06 Jazida J1 + Empréstimo E1 50% de J1 + 50% de E1 11-50/50

M-07 Jazida J1 + Empréstimo E2 60% de J1 + 40% de E2 12-60/40

M-08 Jazida J1 + Empréstimo E2 50% de J1 +50% de E2 12-50/50

M-17 Jazida J2 + Empréstimo

E1+Empréstimo E2

70% de J2 + 10% de E1 +

20% de E2 212-70/10/20

M-18 Jazida J2 + Empréstimo

E1+Empréstimo E2

65% de J2 + 10% de E1 +

25% de E2 212-65/10/25

M-19 Jazida J2 + Empréstimo E1 60% de J2 + 40% de E1 21-60/40

M20 Jazida J2 + Empréstimo E2 80% de J2 + 20% de E1 22-80/20

M-21 Jazida J2 + Empréstimo E2 65% de J2 + 35% de E1 22-65/35

M-22 Jazida J2 + Empréstimo E1 70% de J2 + 30% de E1 21-70/30

M-23 Jazida J2 + Empréstimo E2 70% de J2 + 30% de E2 22-70/30

M-25 Jazida J1 + Empréstimo E2 70,5% de J1 + 29,5% de

E2 12-70,5/29,5

M-27 Jazida J1 + Empréstimo E2 68% de J1 + 32% de E2 12-68/32

Com base nos dados da Tabela 3.2, ( obtidos pelo método das tentativas) foram montadas

novas misturas, mas, devido a possibilidade de falta de material para a realização de todos

os ensaios previstos na campanha e pela dificuldade de obtenção de novas amostras, em

função da grande distância da área de ocorrência dos materiais, foi necessário fazer a

montagem, reservando para execução dos ensaios de compactação e ISC, três sacos de

7,0 kg para cada mistura. As misturas para realização da análise granulométrica foram

montadas em sacos de polietileno de 4,0 kg e de limites de liquidez e limite de

plasticidade, em sacos de 1,5 kg, cada.

47

Para realização dos ensaios compactação Mini-MCV e Pi, foram montadas misturas com

7,0 kg, e para realização dos ensaios de relação sílica-sesquióxidos, com 2,5 kg. Para a

montagem dessas misturas, adotou-se o método de preparar cada amostra, de 7,0 kg ou

4,0 kg, etc., em caixas individuais de polietileno, com as proporções adequadas de cada

material, e realizando a homogeneização com auxílio de colher de pedreiro.

As Figuras 3.14 e 3.15 mostram a fase de procedimento experimental associado à

montagem das misturas (Jazida J3).

Figura 3-14 – Preparação do material da jazida J3

Figura 3-15 – Procedimento de pesagem para montagem das misturas

Após a montagem das misturas e colocação em sacos de polietileno, todo o material foi

novamente armazenado na sala de triagem de amostras do NUGEO/UFOP. As amostras

foram submetidas aos ensaios de Índice de Suporte Califórnia, para avaliação da

48

resistência mecânica e expansão, aos ensaios tradicionais para caracterização e

classificação dos solos, e aos ensaios para identificação do caráter laterítico dos solos,

propostos nesta pesquisa.

3.5 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

As amostras, secas ao ar, foram submetidas aos ensaios de granulometria por

peneiramento e sedimentação, limite de liquidez e limite de plasticidade, conforme as

Normas Brasileiras NBR-7181 (ABNT, 2017b), NBR-6459 (ABNT, 2017a) e NBR-7180

(ABNT, 2016), respectivamente, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

3.6 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO

Segundo a norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), a comprovação do caráter

laterítico ou não laterítico dos solos deve ser realizada através da determinação da relação

sílica-sesquióxidos, que consiste na execução de um conjunto operações com soluções

químicas. Na pratica, os engenheiros e laboratoristas dos canteiros de obras de

terraplenagem e pavimentação não estão familiarizados com esta proposta, o que motivou

a realização desta pesquisa, visando a utilização de um método mais acessível em campo.

Com base nessa realidade exposta, a presente pesquisa procurou analisar a aplicabilidade

da classificação MCT na determinação do comportamento laterítico ou não laterítico

exigido pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), na busca de uma alternativa

tecnicamente viável, executada nos próprios laboratórios de pavimentação das obras, em

substituição à relação sílica sesquióxidos e, de forma complementar, a avaliação da

resistência mecânica das misturas, em função da variação da composição granulométrica.

Visando estabelecer uma comparação entre os resultados obtidos com a utilização da

norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007) e os obtidos neste trabalho, em primeiro

lugar foram realizados os ensaios de determinação da relação sílica-sesquióxidos,

difratometria de raios-X e microscopia eletrônica de varredura e, em seguida, a

classificação segundo a Tecnologia MCT.

3.6.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina

A determinação da relação sílica-sesquióxidos foi realizada no laboratório de Via Úmida

Inorgânica do Centro de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial (SENAI) - Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG),

Campus CETEC, em Belo Horizonte/MG. Neste sentido, foi possível determinar as

49

quantidades de SiO2, Fe2O3, Al2O3 e dos valores de Kr e Ki, de acordo com a metodologia

preconizada pela norma DNER-ME 030/1994 (BRASIL, 1994c).

3.6.2 Difratometria de raios-X

A difratometria de raios-X foi realizada no laboratório de Controle de Processos e

Caracterização Física do SENAI-FIEMG, em Belo Horizonte/MG, visando a

caracterização mineralógica de E1 e E2, que foram os solos finos utilizados na montagem

de todas as misturas.

Cada amostra foi triturada até o diâmetro que passasse pela peneira de 0,075 mm e

prensada em lâmina de alumínio, vazada pelo método backload, para aquisição de dados

no difratômetro. Esse método minimiza qualquer orientação preferencial que possa

ocorrer em decorrência da presença de argilominerais. O equipamento utilizado foi um

difratômetro Shimadzu XRD 6000, com radiação CuK (l = 1,5418Å), modo q-2q (Bragg-

Brentano), varredura de 5º a 80º 2θ, com velocidade de 2º/min e passo de 0,02º.

3.6.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Para Fabris et al. (2016), a MEV baseia-se no procedimento de varredura de amostras de

solos, devidamente preparadas, por uma ponta tão fina que termina em um átomo. Ela

permite a análise do arranjo estrutural das partículas sólidas da amostra ou, se associada

à equipamentos de microanálises, a realização de estudos microquímicos quantitativos,

em níveis de detalhamento inigualáveis em relação às outras técnicas não destrutivas.

De acordo Fabris et al. (2016), esta técnica é de grande precisão para análise mineralógica

das frações areia e silte. No entanto, para as argilas, que possuem cristais de tamanhos

menores, as informações sobre a natureza cristalográfica são relativamente limitadas.

A microscopia eletrônica de varredura dos materiais trabalhados nesta pesquisa foi

realizada nos laboratórios do CEFET-MG, em Belo Horizonte/MG, visando analisar a

estrutura de J1 e J2 e de algumas misturas montadas.

3.6.4 A classificação MCT

Para permitir a classificação segundo a tecnologia MCT, foram realizados os ensaios de

Compactação Mini-MCV e de Perda de Massa por Imersão (Pi), de acordo com as normas

DNER-ME 258/1994 (BRASIL, 1994a) e DNER-ME 256/94 (BRASIL, 1994b). Todos

os ensaios foram executados no laboratório de pavimentação do NUGEO/UFOP, que já

possuía todos os equipamentos, mas foi necessário aumentar o número de cilindros de

50

compactação e de suportes para cápsulas de Perda de Massa por Imersão devido ao grande

número de ensaios programados. Reforça-se que os resultados obtidos nesta etapa serão

comparados com aqueles obtidos com a utilização da norma DNER-ME 030/1994

(BRASIL, 1994c), que preconiza a determinação da relação sílica-sesquióxidos.

As dezesseis misturas utilizadas, já destacadas na Tabela 3.2, mais os materiais das

jazidas J1 e J2, e os solos finos E1 e E2, foram submetidas aos procedimentos. Para a

preparação das amostras, após ter sido seco ao ar, o material foi passado na peneira de

2,0 mm e, em seguida, colocado em sete saquinhos de polietileno, de 500 g.

Embora a norma recomende a preparação de cinco amostras de 500 g, que correspondem

a cinco pontos no gráfico, na prática, os executores do ensaio têm preferido preparar seis

ou sete amostras, pois pode ocorrer que, devido à incerteza quanto ao comportamento do

material, os cinco pontos compactados não sejam suficientes para gerar um conjunto de

curvas que permita a classificação. Desta forma, como procedimento experimental, é

conveniente compactar seis ou sete amostras e aproveitar apenas as cinco que permitam

a melhor representação do conjunto de curvas de compactação.

As Figuras 3.16 e. 3.17, ilustram a fase inicial de preparação de amostras, devidamente

ensacadas e cuidadosamente organizadas, preparadas para a fase de adição de água.

Figura 3-16 – Vista da preparação e armazenamento de amostras secas-compactação Mini-MCV

Figura 3-17 – Vista da preparação e armazenamento de amostras-ecompactação Mini-MCV

51

Em seguida realizou-se a adição de água em cada uma das amostras de 500 g, variando

de forma crescente, a cada 2% para solos arenosos, a cada 3% para solos argilosos

lateríticos e a cada 5% para as argilas não lateríticas e siltes micáceos ou cauliníticos, até

se conseguir abranger uma faixa de umidade tal, que permitisse o traçado completo da

curva de compactação. Caso não tivesse sido atingido este objetivo, devido à

inexperiência ou devido ao comportamento de algum material, diferente do esperado, o

recurso da preparação de mais de cinco amostras poderia auxiliar na obtenção da faixa de

umidade adequada.

Após a adição da água, na proporção adequada, cada amostra foi adequadamente

homogeneizada em bacias metálicas apropiadas, com a utilização de uma espátula de

polietileno, que foi adaptada para gerar mais eficiência a essa operação.

A utilização de provetas plásticas de 50 ml permitiu, na fase inicial, que a operação de

adição de água fosse realizada com uma precisão relativa para a realização do ensaio.

Utilizou-se este recurso no início da pesquisa, mas, posteriormente optou-se pela pesagem

das porções de água adicionada, o que proporcionou uma precisão ainda maior ao

processo de preparação e composição, razão pela qual foi adotado esse procedimento até

o final da pesquisa. As Figuras 3.18 e 3.19 ilustram esta fase da preparação das

amostras.Este procedimento permite que os ensaios sejam realizados, com precisão,

mesmo nas amostras com menos de 500 g.

Figura 3-18 – Vista da preparação e armazenamento de amostras úmidas para o ensaio

decompactação Mini-MCV

52

Figura 3-19 – Vista da preparação de amostras úmidas para o ensaio decompactação Mini-MCV

Após a adição de água e homogeneização, todas as amostras foram novamente colocadas

em sacos de polietileno e armazenadas até o dia seguinte (24 horas), para a realização da

compactação Mini-MCV. A Figura 3.20 ilustra esta fase da preparação das amostras.

Figura 3-20 – Vista das amostras prontas para o ensaio de compactação Mini-MCV

O ensaio poderia ser realizado com amostras pesando menos de 500 g, pois para a

compactação são necessários 200 g, e mais 100 g são suficientes para determinação do

teor de umidade. No entanto, esta redução poderia tornar a operação de adição de água

53

mais imprecisa, pois quanto menor o peso da amostra preparada, menor a quantidade de

água adicionada para se alcançar o teor de umidade desejado.

No dia seguinte ao da preparação das amostras executou-se a compactação dos corpos de

prova, conforme as recomendações da norma DNER-ME 258/1994 (BRASIL, 1994a).

Foram dados golpes sucessivos e efetuadas leituras no extensômetro, correspondentes à

seguinte série de golpes: 1, 2, 3, 4, 6, 12, 24, 32, 48, 64, 96, 128, 192, 256. Interrompeu-

se o processo quando foi atendida uma das seguintes condições, conforme recomendação

normativa:

a diferença entre a leitura obtida após 4n golpes e a obtida após n golpes foi menor

que 2,0 mm;

houve intensa exsudação de água no topo e na base do corpo de prova;

o número de golpes atingiu o valor de 256.

Após a compactação, procedeu-se a extração parcial do corpo de prova, com auxílio da

alavanca de extração da prensa, até que fosse obtida uma saliência de 10 mm. O corpo de

prova foi então colocado numa caixa com água, contendo uma cápsula para conter o

material desagregado, por um período de pelo menos 20 horas, observando-se os

primeiros minutos do seu comportamento e, anotando-se as eventuais peculiaridades, tais

como: desagregação, desprendimento de bolhas, inchamento e trincamento.

Após esse período as cápsulas com o material desagregado foram retiradas e levadas para

secagem em estufa, para permitir o cálculo da Perda de Massa por Imersão (Pi). A massa

do solo seco em estufa, da porção desprendida do corpo-de-prova, em gramas, é

denominada Md. Com o valor de Md associado aos valores da massa seca individual de

cada corpo de prova( Ms) e a altura inicial do corpo-de-prova , calculou-se o valor de Pi

que foi utilizado na classificação, por meio do gráfico Pi x Mini-MCV. Neste gráfico,

procurou-se o valor de Mini-MCV igual a 15 para os solos de alta massa específica, ou

igual a 10 para os solos de baixa massa específica, de acordo com o seguinte critério, já

destacado no Capítulo 2.

Traçou-se o gráfico Mini-MCV x Af (altura final do corpo de prova), procurou-se o Mini-

MCV = 10 no eixo das abscissas e determinou-se o valor correspondente de Af, no eixo

54

das ordenadas. Se Af fosse menor que 48 mm, o solo era considerado de alta massa

específica. Se Af fosse maior ou igual a 48 mm, o solo era considerado de baixa massa

específica. As Figuras 3.21 e 3.22 apresentam exemplo de curvas obtidas com estes

procedimentos.

Figura 3-21 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Af

Figura 3-22 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Pi

No início da execução dos ensaios ocorreram alguns casos de perda de material, entre o

soquete e o cilindro, acarretando a perda do corpo de prova. Isto ocorria na compactação

dos solos mais argilosos, nos pontos de teor de umidade próximos ou superiores à

umidade ótima.

Após uma consulta à bibliografia sobre a tecnologia MCT, foram encontradas

informações que este problema poderia ser resolvido com a colocação de anéis de vedação

nos cilindros (Marangon, 2004). Constatada como uma das maiores diculdades

experimentais na execução da compactação de alguns solos argilosos, o autor percebeu

que, em pontos com teor de umidade próximo ou superior a umidade ótima, foi observada

55

uma diferença na massa de solo final do corpo de prova. Passou-se também a adotar a

utilização dos anéis na sequência dos procedimentos de execução dos ensaios.

Foram utilizados os anéis existentes no laboratório do Núcleo de Geotecnia da UFOP. O

maior, de bronze, foi colocado na parte inferior do corpo de prova, e o menor, de aço

inoxidável, na parte superior. O volume dos anéis foi descontado no cálculo das massas

específicas e da perda de massa. Esta configuração da colocação dos anéis eliminou o

problema da perda de material, por isso não foi testada a configuração inversa, colocando

o anel maior em cima e o menor em baixo, que talvez seja a mais correta (Figuras 3.21 a

3.26).

Figura 3-23 – Vista do vazamento da amostra no pistão

Figura 3-24 – Vista dos anéis de vedação e discos de polietileno

56

Figura 3-25 - Detalhe do anel de vedação inferior

Figura 3-26 – Detalhe do anel de vedação superior

No que tange a determinação da altura do corpo de prova com relativa precisão, adotou-

se, desde o início da campanha de ensaios, o procedimento de aferição da prensa de

compactação, conforme a recomendação da própria norma DNER-ME 258/1994

(BRASIL, 1994a).

Na compactação das amostras que apresentavam menores teores de umidade, mais secas,

que exigiam a aplicação de 256 golpes, algumas vezes ocorreu a fuga do cilindro em

relação à base da prensa de compactação Mini-MCV. Durante a compactação

principalmente das amostras em que se utilizava um grande número de golpes, era comum

esta ocorrência. Nesses casos, a distância entre a face inferior do solo compactado e a

57

extremidade inferior do cilindro foi reduzindo gradativamente, até que, antes da aplicação

do número de golpes necessários para completar a série, a amostra alcançou a

extremidade do cilindro, fazendo que este saísse da base da prensa .

Como recomendação prática, Marangon (2004) afirma que é possível interromper

antecipadamente o ensaio e resolver esse problema, sem comprometimento do

procedimento. Entretanto, na presente pesquisa, adotou-se o procedimento de abandonar

o corpo de prova e moldar outro, com teor de umidade 0,5% a 1,5% maior, que foi

suficiente para sanar o problema. As Figuras 3.27 e 3.28 mostram a fuga do cilindro da

base no momento do ensaio. As Figuras 3.29 a 3.37 ilustram a sequência de execução dos

ensaios de Compactação Mini-MCV e de Perda de Massa por Imersão (Pi).

Figura 3-27 – Detalhe da fuga do cilindro sobre a base durante o ensaio

Figura 3-28 – Fuga do corpo de prova no interior do cilindro durante o ensaio

58

Figura 3-29 – Compactação Mini-MCV (instante 1)

Figura 3-30 – Compactação Mini-MCV (instante 2)

Figura 3-31 – Compactação Mini-MCV (instante 3)

59

Figura 3-32 – Compactação Mini-MCV (instante 4)

Figura 3-33 – Perda de Massa por Imersão (instante 1)

Figura 3-34 – Perda de Massa por Imersão (instante 2)

60

Figura 3-35 – Perda de Massa por Imersão (instante 3)

Figura 3-36 – Perda de Massa por Imersão (instante 4)

Figura 3-37 – Perda de Massa por Imersão (instante 5)

61

3.7 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO

A análise da resistência mecânica e da expansão foi realizada através da execução dos

ensaios de compactação e de Índice de Suporte Califórnia, nos laboratórios do

NUGEO/UFOP, segundo as normas NBR 7182 (NBR, 2016) e NBR 9895 (2017). Devido

à falta de material causada por perda de material na montagem das primeiras misturas e

por repetição de alguns ensaios na fase inicial, os ensaios foram realizados com a

compactação de três amostras, de forma a obter a resistência aproximada por 3 pontos.

Para estimativa da umidade ótima, adicionou-se à primeira amostra uma quantidade de

água tal que, após a homogeneização, ao se comprimir uma porção do solo na palma da

mão, ela formasse um bloco coeso e resistente, sem imprimir uma marca d’água na pele.

Em seguida calculou-se o teor de umidade correspondente à água adicionada e, dessa

forma, preparam-se as demais amostras, com 2% acima e 2% abaixo deste valor.

Após a compactação das amostras e a colocação das sobrecargas e dos extensômetros, os

corpos prova foram levados ao tanque com água e ficaram submersos por quatro dias,

conforme prescrição normativa. Em seguida, foram levados para o rompimento na prensa.

As Figuras 3.38 a 3.40 ilustram a sequência de execução dos ensaios ISC.

Figura 3-38 – Vista das amostras preparadas para a realização dos ensaios ISC

62

Figura 3-39 – Vista das amostras imersas para verificação da expansão

Figura 3-40 – Vista de dois corpos de prova após o ensaio de penetração

Estes procedimentos (incluindo todos os ensaios descritos) foram adotados como sendo

os métodos da pesquisa, cujos resultados são apresentados em discutidos no próximo

capítulo.

63

CAPÍTULO 4

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Conforme já destacado, o presente trabalho buscou analisar a aplicabilidade da

classificação MCT na execução de bases de pavimentos rodoviários que utilizam solos

lateríticos estabilizados granulometricamente. Neste sentido, foram propostas dezesseis

diferentes misturas, envolvendo diferentes materiais, a partir da associação de dois ou três

solos de duas jazidas de cascalho laterítico natural, denominados J1 e J2, um latossolo

vermelho-amarelo de textura média, denominado E1 e o E2, caracterizado como um

latossolo vermelho de textura argilosa.

Cabe destacar que o procedimento experimental envolve métodos acessíveis, em

condições reais de aplicação, visando a otimização e melhores condições de operação

para o pessoal envolvido nos processos construtivos. Embora esses métodos ainda não

sejam totalmente assimilados atualmente, eles envolvem procedimentos simples, e após

serem sanadas algumas dúvidas e subjetividades, poderão facilmente fazer parte da

prática cotidiana. Desta forma, a pesquisa configura-se como mecanismo significativo do

ponto de vista técnico e de aplicação para todas as rodovias brasileiras, especialmente nas

regiões trabalhadas e nas regiões Centro-Oeste e Norte do país.

4.1 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os ensaios foram realizados em conformidade com os princípios metodológicos expostos

no capítulo anterior, seguindo as normas vigentes, ou mesmo procedimentos específicos

propostos ao longo deste trabalho.

Neste sentido, são apresentados inicialmente os resultados associados à caracterização

dos diversos materiais envolvidos. As Figuras 4.1 e 4.2 mostram as curvas

granulométricas dos materiais J1, J2, E1 e E2 sem sedimentação e de todas as misturas

estudadas, com sedimentação, respectivamente. A Figura 4.3 apresenta as curvas de todas

as misturas após a análise granulométrica sem sedimentação.

64

Figura 4-1 – Curvas granulométricas dos materiais J1, J2, E1 e E2, sem sedimentação

Figura 4.2 – Curvas granulométricas das misturas, com sedimentação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Po

rcenta

gem

qu

e P

assa (

%)

J-1

J-2

E-1

E-2

Diâmetro (mm)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Po

rcenta

gem

qu

e P

assa (

%)

M-1

M-3

M-4

M-5

M-6

M-7

M-8

M-17

M-18

M-19

M-20

M-21

M-22

M-23

M-25

M-27

Diâmetro (mm)

65

Figura 4.3 – Curvas granulométricas das misturas, sem sedimentação

Os resultados, em termos da distribuição granulométrica, dos materiais J1, J2, E1 e E2

são apresentados na Tabela 4.1, e os resultados obtidos para todas as misturas são

apresentados na Tabela 4.2, que mostra a comparação entre a distribuição prevista na fase

de planejamento das misturas, e distribuição obtida como resultados dos ensaios, após a

montagem das misturas. Já a Tabela 4.3, apresentada na sequência, mostra a composição

granulométrica de todas as misturas e os percentuais correspondentes às frações

pedregulho, areia, silte e argila, os limites de Atterberg, as classificações UCSC e TRB e

a faixa granulométrica na qual a mistura se enquadra. Foram consideradas as faixas

tradicionais e as faixas indicadas para solos lateríticos.

Conforme citado no Capítulo 3, item 3.4, para a determinação das porcentagens dos

materiais, foi elaborada uma planilha eletrônica, com base no método das tentativas.

Tabela 4.1 – Análise granulométrica sem sedimentação, J1, J2, E1 e E2

Mistura Granulometria (% passante)

1" 3/8" nº 4 nº10 nº 40 nº 200

J1 100 84,40 47,20 24,40 20,30 9,70

J2 100 89,30 49,90 13,20 6,30 5,20

E1 100 100,00 100,00 100,00 96,50 42,50

E2 100 100,00 100,00 100,00 99,00 94,90

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Po

rcen

tage

m q

ue

Pa

ssa

(%

)

M-1

M-3

M-4

M-5

M-6

M-7

M-8

M-17

M-18

M-19

M-20

M-21

M-22

M-23

M-25

M-27

Diâmetro (mm)

66

Tabela 4.2 – Distribuição granulométrica das misturas, previsto e executado

Mistura M-1 M-3 M-4 M-5 M-6 M-7 M-8 M-17 M-18 M-19 M-20 M-21 M-22 M-23 M-25 M-27

Código

12

-80

/20

12

-70

/30

11

-70

/30

11

-60

/40

11

-50

/50

12

-60

/40

12

-50

/50

21

2-7

0/1

0/2

0

21

2-6

5/1

0/2

5

21

-60

/40

22

-80

/20

22

-65

/35

21

-70

/30

22

-70

/30

12

-70

,5/2

9,5

12

-68

/32

P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E

Gra

nu

lom

etri

a

(

% P

ass

an

te) 1" 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

3/8" 84,3 86,5 86,3 89,4 86,3 89,8 88,2 88,5 90,2 85,9 88,2 93,0 90,2 95,9 92,5 93,2 93,0 94,3 93,6 89,8 91,4 93,4 93,0 92,7 92,5 95,1 92,5 95,0 80,5 80,1 79,0 78,3

no. 4 57,8 57,5 63,0 67,1 63,0 65,5 68,3 69,8 73,6 68,9 68,3 77,0 73,6 81,6 64,9 69,1 67,4 71,2 69,9 64,8 59,9 67,4 67,4 70,8 64,9 71,3 64,9 74,8 58,4 55,0 58,0 53,4

no.10 39,5 37,8 47,1 47,6 47,1 47,9 54,6 55,8 62,2 56,9 54,6 60,8 62,2 66,4 39,2 41,3 43,6 44,4 47,9 44,1 30,6 34,1 43,6 45,0 39,2 40,1 39,2 45,3 41,4 38,4 41,5 39,3

no. 40 36,0 33,3 43,9 40,0 43,2 41,9 50,8 50,8 58,4 52,4 51,8 56,8 59,7 62,0 33,9 34,7 38,5 36,4 42,4 39,6 24,8 24,4 38,7 32,2 33,4 33,2 34,1 35,7 37,6 35,9 38,4 37,3

no.200 26,7 17,8 35,3 31,0 19,5 17,4 22,8 21,6 26,1 22,9 43,8 32,1 52,3 36,5 26,9 24,7 31,4 25,0 20,1 17,3 23,1 20,3 36,6 26,9 16,4 15,4 32,1 30,9 27,3 28,8 29,1 30,5

P - Previsto

E - Executado

67

Tabela 4.3 – Resultados dos ensaios de caracterização das misturas

Mistura Código

Granulometria (% Passante) / Peneira d

(g/cm3) Pedr. Areia Silte Argila LL LP IP IG

Classificação Faixa

Trad.

Faixa

S.

Lat. 1" 3/8" no 4 no 10 no 40 no 200 USCS TRB

M-01 12-80/20 100 86,48 57,46 37,75 33,31 17,75 2,085 62,2 21,4 6,6 9,8 25 18 7 0 SC-SM A-2-4 N. E. B

M-03 12-70/30 100 89,42 67,08 47,63 40,03 30,97 2,023 51,1 21,0 12,0 15,9 39 24 15 1 SC A-2-6 N. E. B

M-04 11-70/30 100 89,78 65,54 47,88 41,89 17,43 2,148 50,9 35,6 5,0 8,5 20 12 8 0 SC A-2-4 D B

M-05 11-60/40 100 88,52 69,77 55,84 50,80 21,61 2,170 43,1 37,8 7,3 11,8 19 17 2 0 SM A-2-4 N. E. N. E.

M-06 11-50/50 100 85,90 68,93 56,91 52,38 22,86 2,168 42,0 38,2 9,2 10,6 18 12 6 0 SC-SM A-2-4 N. E. N. E.

M-07 12-60/40 100 93,02 77,02 60,84 56,77 32,05 1,935 38,2 32,3 11,9 17,6 28 18 10 0 SC A-2-4 N. E. N. E.

M-08 12-50/50 100 95,87 81,61 66,35 61,99 36,48 1,920 32,8 36,7 15,1 15,4 29 21 8 0 SC A-4 N. E. N. E.

M-17 212-70/10/20 100 93,24 69,10 41,33 34,69 24,66 2,312 57,3 18,2 10,2 14,3 33 19 14 0 SC A-2-6 D B

M-18 212-65/10/25 100 94,31 71,18 44,44 36,35 24,96 2,300 54,2 20,6 12,0 13,2 31 22 9 0 SC A-2-4 D B

M-19 21-60/40 100 89,75 64,79 44,13 39,55 17,26 2,390 54,5 29,3 7,3 8,9 18 8 10 0 SC A-2-4 D B

M-20 22-80/20 100 93,40 67,44 34,10 24,36 20,27 2,310 64,3 15,0 8,6 12,1 38 24 14 0 SC A-2-6 N. E. B

M-21 22-65/35 100 92,71 70,78 45,00 32,22 26,85 2,200 53,7 18,7 15,0 12,6 31 20 11 0 SC A-2-6 N. E. B

M-22 21-70/30 100 95,10 71,26 40,05 33,16 15,39 2,405 58,8 26,6 6,5 8,1 19 15 4 0 SC-SM A-1-b D N. E.

M-23 22-70/30 100 94,97 74,76 45,28 35,72 30,91 2,030 53,4 15,9 14,3 16,4 44 29 15 1 SM A-2-7 N. E. B

M-25 12-70,5/29,5 100 80,10 55,03 38,35 35,85 28,78 2,130 61,6 13,2 11,6 13,6 36 26 10 0 SM A-2-4 N. E. A

M-27 12-68/32 100 78,25 53,37 39,30 37,34 30,47 2,070 60,7 12,6 12,6 14,1 37 26 11 0 SM A-2-6 N. E. A

Pedr. - Pedregulho

Faixa Trad. - Faixa Tradicional

Faixa S. Lat. - Faixa para Solos Lateríticos

N.E. – Não Enquadra

68

Observando os resultados apresentados na Tabela 4.1 e Figura 4.1, percebe-se que os

materiais das jazidas J1 e J2 não se enquadram em nenhuma das faixas estipuladas para

execução de bases estabilizadas granulometricamente, de acordo com recomendações

normativas. As misturas M-1 (12-80/20), M-7 (12-60/40), M-08 (12-50/50), M-18 (212-

65/10/25) e M-21 (22-80/20), apresentaram uma diferença acentuada entre a composição

granulométrica prevista e a executada, em especial na peneira nº 200 (Tabela 4.2).

Este comportamento pode ter sido causado por uma variação na composição do solo fino

E2, componente de todas essas misturas. As diferenças não invalidam os resultados, pois

foram adotados os valores executados, obtidos nos ensaios, e as amostras foram sempre

montadas na mesma proporção. Em função do processo empregado, antes da montagem

de todas misturas, cada material foi cuidadosamente homogeneizado, de modo a garantir

que todos os sacos de determinada mistura apresentassem uma composição uniforme.

As misturas M-03 (12-70/30) e M-23 (22-70/30), apesar de pequena, apresentam uma

porcentagem passando na peneira nº 200 maior do que o limite estabelecido pela norma

DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), que é de 30% (Tabela 4.3), Figura 4,2 e figura 4,3.

Ressalta-se que estas misturas foram selecionadas, visando a análise da influência desse

pequeno desvio no comportamento das misturas.

Buscando uma organização em grupos das diferentes misturas trabalhadas, com base no

resultado da composição granulométrica e no enquadramento nas faixas, estas foram

subdivididas em três grupos distintos:

o primeiro grupo é formado por aquelas misturas que se enquadram e uma das

faixas criadas para solos lateríticos, indicadas pela norma DNIT-ES 098/2007

(BRASIL, 2007). Esse grupo é composto pelas misturas M-01 (12-80/20), M-03

(12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35) e M-23 (22-70/30), que se

enquadraram na faixa B e pelas as misturas M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-

68/32), que se enquadraram na faixa A;

o segundo grupo compreende aquelas misturas que não se enquadraram em

nenhuma faixa granulométrica. Desse grupo fazem parte as misturas M-05 (11-

60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50);

69

o terceiro grupo compreende as misturas que se enquadraram em uma das faixas

tradicionais, determinadas pela norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL, 2010), para

bases estabilizadas granulometricamente. Esse grupo é composto pelas misturas

M-04 (11-70/30),

M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40) e M-22 (21-70/30),

que se enquadraram na faixa D.

As misturas M-03 (12-70/30), M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-20 (22-

80/20), M-21 (22-65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32),

apresentam porcentagem de material que passa na peneira nº 200 superior a 2/3 da

porcentagem que passa na peneira nº 40 e a mistura M-03 (12-70/30) apresenta LL >40.

Com base na classificação TRB, a maioria das misturas (M-01 (12-80/20), M-04 (11-

70/30), M-05 (11-60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40), M-17 (212-70/10/20), M-

18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35), M-23 (22-

70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), foram classificadas como A-2-4, A-2-

6 ou A-2-7, pertencentes ao grupo 2, que segundo Vargas (1978) e Baptista (1980), são

solos com grande variedade de materiais granulares, situados no limite entre os solos do

grupo 1 (pedras e areias) e os solos do grupo 4 (siltes ). Apresentam um comportamento

satisfatório quando empregados em bases de pavimentos e correspondem aos solos mal

graduados com finos, de bom comportamento como subleito. A mistura M-22 (21-70/30)

foi classificada como A-1-b, que corresponde às misturas de pedra, pedregulho e areia,

com excelente comportamento como subleito e, a mistura M-08 (12-50/50) como A-4.

Segundo Vargas (1978) a classificação A-4 representa os siltes e argilas de baixa

plasticidade, com precário comportamento quando utilizados como base, devido ao

inchamento causado pela saturação.

Já com base na classificação unificada, a maioria das misturas foi classificada como SC,

correspondente às areias argilosas com ou sem pedregulhos, com mais de 12% de finos e

algumas, como SM, correspondente às areias siltosas com pedregulho ou sem pedregulho,

ou mesmo SC-SM, correspondente às areias argilo-siltosas com ou sem pedregulho.

70

Segundo Vargas (1978) os solos SM correspondem às areias siltosas, equivalentes às

misturas mal graduadas de areia e silte, caracterizadas pela presença de finos não

plásticos. Os solos SC correspondem às areias argilosas, equivalentes às misturas mal

graduadas de areia e argila, caracterizadas pela presença de finos com plasticidade.

A comparação simples e direta entre as classificações tradicionais e a classificação MCT

não pode ser realizada neste caso, pois é preciso lembrar que, no presente trabalho, a

classificação MCT corresponde à fração do solo que passa na peneira nº 10 ( malha de

2,0 mm), enquanto as demais classificações consideram a granulometria integral das

amostras. Não foi realizada a classificação MCT-G, que foi lançada mais recentemente.

Mesmo considerando esse aspecto, ao confrontarmos o desempenho das misturas nos

ensaios de determinação da resistência mecânica e da expansão com o resultado das

classificações, podemos observar que a classificação MCT, por ser a única que consegue

informar características relacionadas à gênese da porção dos solos finos das misturas, é

muito mais eficaz na análise e previsão do comportamento dos solos tropicais. Como

exemplo, percebe-se que a classificação tradicional das misturas M-04 (11-70/30) ( SC

e A 2-4), M-17 (212-70/10/20) ( SC e A 2-6), M-19 (21-60/40) ( SC e A 2-4) e M-22 (21-

70/30) ( SC-SM e A 1-b), permite prevermos um desempenho de razoável a bom dessas

misturas, semelhante ao desempenho esperado para as misturas M-03 (12-70/30) ( SC e

A 2-6), M-18 (212-65/10/25) ( SC e A 2-4), M-20 (22-80/20) ( SC e A 2-6) e M-21 (22-

65/35) ( SC e A 2-6).

Entretanto, a classificação MCT dessas misturas, M-04 (11-70/30) ( LA’), M-17 (212-

70/10/20) ( LA’), M-19 (21-60/40) ( NA’ LA’) e M-22 (21-70/30) ( LA’NA’), nos

permite prever, devido ao comportamento laterítico ( ou parcialmente laterítico) e

arenoso dessas misturas, um desempenho superior ao desempenho das outras misturas,

M-03 (12-70/30) ( LG’), M-18 (212-65/10/25) ( LG’), M-20 (22-80/20) ( LG’) e M-21

(22-65/35) ( LG’), o que foi comprovado com o resultado dos ensaios. Para (M-01 (12-

80/20) ) ( SC-SM e A 2-4), embora a classificação MCT seja LG’, o percentual maior de

areia e pedregulho permitiu um desempenho superior dessa mistura, semelhante às

misturas de comportamento laterítico e arenoso.

71

4.2 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO

4.2.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos

Conforme já destacado anteriormente, a determinação da relação sílica-sesquióxidos e

sílica-alumina foi realizada no laboratório de Via Úmida Inorgânica do Centro de

Inovação e Tecnologia, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) -

Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Campus CETEC, em Belo

Horizonte/MG. As quantidades de SiO2, Fe2O3, Al2O3 e dos valores de Kr e Ki, foram

determinadas e são apresentadas nas Tabela 4.4 e 4.5, separadas, respectivamente para as

jazidas e áreas de empréstimo, bem como para as misturas.

Tabela 4.4 – Resultado da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina para J1, J2, E1 e E2

Parâmetro Resultados

J-01 J-02 E-01 E-02

Al2O3 3,76 7,48 8,03 19,80

Fe2O3 6,96 23,61 1,30 1,35

SiO2 9,58 7,38 9,10 22,40

Ki 4,327 1,678 1,927 1,923

Kr 1,986 0,557 1,746 1,516

Tabela 4.5 – Resultado da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina das misturas

Parâmetro

Resultados

M-01 M-03 M-17 M-18 M-20 M-21 M-22 M-23

12

-80

/20

12

-70

/30

21

2-7

0/1

0/2

0

21

2-6

5/1

0/2

5

22

-80

/20

22

-65

/35

21

-70

/30

22

-70

/30

Al2O3 14,45 15,14 13,31 12,38 14,26 14,33 8,10 14,94

Fe2O3 8,82 8,86 10,45 8,24 13,65 9,86 6,84 10,79

SiO2 17,27 16,64 16,80 15,36 16,73 17,28 9,75 18,03

Ki 2,033 1,868 2,084 2,109 1,994 2,049 2,047 2,052

Kr 1,463 1,361 1,402 1,481 1,238 1,424 1,331 1,405

A relação molecular entre os teores de sílica e alumina (SiO2/Al2O3), ou valor Ki é

usualmente utilizado como um indicador do grau de intemperismo dos solos. Para estes

solos intensamente intemperizados, Ki é essencialmente uma medida das proporções de

sílica e alumina.

72

Conforme mostra a Tabela 4.4, o material da jazida J-01, apresenta o valor de Ki = 4,327,

sendo o mais elevado, destoando-se das demais amostras, e incompatível com o valor

correspondente de Kr. J-02, E-01 e E-02 já apresentaram valores menores que 2,

tipicamente dos solos lateríticos. Nestes solos, os resultados mostram uma possibilidade

de ocorrência prévia da remoção parcial e/ou total da sílica e posterior concentração do

alumínio.

Para o caso dos resultados de Kr, que representa a relação molecular entre a sílica e

sesquióxidos (soma de Al2O3 e Fe2O3), todas as misturas apresentaram valores menores

do que 2. Os solos lateríticos são aqueles cuja relação molecular sílica/sesquióxido é

menor do que 2 , que são indicativos de solos muito intemperizados, com características

peculiares.

De fato, os solos apresentam relação molecular sílica/sesquióxidos menor que 2 e a

presença apreciável de sesquióxido de ferro, tendência para o concrecionamento e

endurecimento sob exposição ao sol, baixa expansibilidade e baixo teor de matéria

orgânica. Assim, com base nos valores de Kr inferiores a 2, pode-se inferir o caráter

laterítico à todas as oito misturas submetidas ao ensaio de determinação da relação sílica-

sesquióxidos, bem como aos materiais E1, E2, J1 e J2, componentes dessas misturas.

4.2.2 Difratometria de raios-X

A difratometria de raios-X foi realizada visando a caracterização mineralógica de E1 e

E2, que foram os solos finos utilizados na montagem de todas as misturas. Os

difratogramas de raios-X das amostras citadas são apresentados nas Figuras 4.4 e 4.5,

respectivamente.

Pelos espetros apresentados, na fração argila, nota-se a presença de fases associadas à

caulinita (Kln), e goethita (Gt), muito comuns nos solos lateríticos. Este óxido é, em geral,

pedogenético e origina-se de minerais primários contendo ferro em suas estruturas. A

detecção dos óxidos de titânio, rutilo (Rt) e anatásio (Ana), que segundo KÄMPF at al.

(2016), apresentam uma concentração mais elevada nos solos tropicais, também são

indicativos de solos muito intemperizados.

73

Figura 4.4 – Difratograma de raios-X da amostra E1

Figura 4.5 – Difratograma de raios-X da amostra E1

74

4.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As Figuras 4.6 a 4.10 apresentam as imagens microscópicas, obtidas.

Figura 4.6 – Imagem da MEV - J1 - ampliação 1000X

Figura 4.7 – Imagem da MEV - J2 - ampliação 1000X

Figura 4.8 – Imagem da MEV - Mistura M-07 - ampliação 1000X

75

Figura 4.9 – Imagem da MEV - Mistura M-18 - ampliação 500X

Figura 4.10 – Imagem da MEV - Mistura M-20 - ampliação 1000X.

As imagens apresentadas indicam uma estrutura onde as concreções de quartzo são

envolvidas por grãos menores, ligados por uma massa aparentemente amorfa,

característica dos solos lateríticos, segundo Nogami e Villibor (1995). As chamadas

concreções lateríticas presentes são auxiliadas pela presença do óxidos de ferro e de

alumínio, já detectados na difratometria de raios-X, que possuem propriedades

cimentantes, quando hidratados.

Em função do processo de laterização, em geral, os solos lateríticos associados à fração

argila são essencialmente constituídos por argilominerais do grupo das caulinitas e de

óxidos e hidróxidos de ferro e/ou de alumínio. Estes elementos, quando combinados,

tendem a formar agregações estáveis em presença de água, além de reduzirem a

76

capacidade de adsorção de água pelos argilominerais. Neste último caso, pode ocorrer

uma cimentação natural das partículas.

4.2.4 A Classificação MCT

Os resultados obtidos segundo a metodologia MCT, para os materiais J1, J2, E1 e E2, são

apresentados na Tabela 4.6. Além dos dados e parâmetros relacionados às amostras, os

resultados obtidos para as dezesseis misturas são apresentados na Tabela 4.7, destacada

na sequência. Deve-se ressaltar, que para execução dos ensaios, foi adotado o mesmo

procedimento de formação das amostras recomendado para as amostras submetidas ao

ensaio de determinação da relação sílica-sesquióxidos, norma DNER-ME 030/1994

(BRASIL, 1994c), que consiste na utilização da porção de solo que passa na peneira de

2,0 mm. A classificação refere-se portanto à fração de solos finos contida nas misturas.

Tabela 4.6 – Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para J1, J2, E1 e E2

Material c' d' Pi e' Classe (MCT)

J1 1,56 62,60 88,00 1,06 LA' NA'

J2 1,29 46,67 100,00 1,13 LA' NA'

E1 1,03 93,96 115,00 1,11 LA' NA'

E2 2,05 59,03 20,00 0,81 LG'

Tabela 4.7 - Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para as misturas.

Mistura Código c’ d’ Pi e’ Classe (MCT)

M-01 12-80/20 1,85 38,30 0,00 0,81 LG’

M-03 12-70/30 2,06 77,22 118,00 1,13 LG’

M-04 11-70/30 1,19 101,52 80,00 1,00 LA’ (?)

M-05 11-60/40 1,22 109,10 111,00 1,09 LA’NA’

M-06 11-50/50 1,01 66,88 80,00 1,03 LA’NA’

M-07 12-60/40 1,86 62,79 3,00 0,70 LG’

M-08 12-50/50 2,05 110,42 50,00 0,88 LG’

M-17 212-70/10/20 1,48 102,92 38,00 0,83 LA’

M-18 212-65/10/25 1,87 84,73 43,00 0,97 LG’

M-19 21-60/40 1,32 133,50 180,00 1,25 NA’ LA’

M-20 22-80/20 1,63 22,72 5,00 0,98 LG’

M-21 22-65/35 1,86 37,93 77,00 1,09 LG’

M-22 21-70/30 0,81 96,52 87,00 1,03 LA’NA’

M-23 22-70/30 1,89 61,93 28,00 0,84 LG’

M-25 12-70,5/29,5 1,79 80,92 60,00 0,95 LG’

M-27 12-68/32 1,85 75,87 40,00 0,87 LG’

77

Pela tabela 4.6, percebe-se que o material proveniente da jazida J1 foi classificado como

LA’NA’, de comportamento transicional, com caráter parcial de laterização, segundo

expressão utilizada por (Marson, 2004). Resalta-se que esta classificação, não exclui o

comportamento laterítico, Este resultado é equivalente ao resultado obtido através da

relação sílica-sesquióxidos, o qual indica para J1 o valor de Kr = 1,9864, próximo do

limite entre comportamento laterítico e não laterítico ( Kr =2,0).

Para J2, a relação sílica-sesquióxidos indicou Kr = 0,5569, correspondente aos solos

muito intemperizados, ao passo que segundo a classificação MCT, o material J2 foi

classificado como LA’NA’, também transicional, com caráter parcial de laterização.

Para o material E1, a classificação MCT indica comportamento transicional, LA’NA’,

enquanto a relação sílica-sesquióxidos classifica o material como laterítico ( kr = 1,746).

A classificação inferida através dos minerais identificados por meio da difratometria de

raios-X, também confirma o comportamento laterítico, para o material E1.

Observa-se que, pelos critérios da metodologia MCT convencional, os materiais J1, J2 e

E1, seriam classificados como LA’, de comportamento laterítico arenoso.

Já o solo E2, conforme o resultado apresentado, foi classificado como LG’, ou seja, de

comportamento laterítico argiloso, que é equivalente à classificação obtida através da

relação sílica-sesquióxidos ( kr = 1,516). Os minerais identificados através da

difratometria de raios-X, também indicaram solos com comportamento laterítico.

A análise da Tabela 4.7 indica que todas as misturas formadas por dois componentes nas

quais foi utilizado o material E2, foram classificadas como LG’, conforme esperado, visto

que, o caráter laterítico argiloso de E2, já tinha sido confirmado através da classificação

MCT, onde foi identificado como LG’, através da relação sílica-sesquióxidos e da

difratometria de raios-X.

Nas misturas formadas por dois componentes, em que o material fino utilizado foi a

amostra E1, quatro delas foram classificadas como LA’, comportamento laterítico

arenoso, e duas como transicionais (LA’NA’ e NA’LA’). Obviamente, estes resultados

também já eram esperados, pois o material E1 foi classificado como LA’NA’ na

78

classificação MCT (caráter parcial de laterização) e apresentou valor de Kr < 2,

correspondente aos solos muito intemperizados. A composição mineralógica por

difratometria de raios-X, com base no grau de intensidade dos minerais detectados, indica

que esse material apresenta um grau de intemperização, porém menos intenso do que

ocorre no material E2, conclusão que está coerente com os resultados da classificação

MCT.

A Figura 4.11 expõe os resultados obtidos do ponto de vista gráfico, inserindo no ábaco

todos os pontos obtidos pela relação c’ versus e’, considerando as amostras J1, J2, E1 e

E2, além de todas as misturas. Pela curva, observa-se que a nuvem de pontos obtidos

situa-se majoritariamente na região inferior do ábaco, evidenciando o comportamento

laterítico das amostras e misturas pesquisadas. A única mistura situada na parte superior,

após adotado o critério destacado no Capítulo 2, item 2.3, apresenta comportamento

transicional, com caráter parcial de laterização.Reforça-se que todos os gráficos

classificatórios, relacionados aos ensaios de compactação Mini-MCV e Perda de Massa

por Imersão (desenvolvido com o objetivo de distinguir os solos tropicais lateríticos dos

solos não lateríticos), responsáveis pela geração das curvas de deformabilidade e de

compactação (cálculo dos coeficientes c’ e d’) e, consequentemente, pelos cálculos do

índice e’ (que indicará se o solo tem comportamento laterítico ou não), são apresentados

no Anexo A desta dissertação.

Figura 4.11 – Gráfico classificatório MCT para as amostras J e E e das misturas estudadas

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

1,9

2

2,1

2,2

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Índ

ice

e'

Coeficiente c'

LA'

NA

LA

NA'

NS'

LG'

NG'

79

Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas A

ou B, para solos lateríticos

Todas as sete misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas A ou B,

específicas para solos lateríticos, M-01 (12-80/20), M-03 (12-70/30), M-20 (22-80/20),

M-21 (22-65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), tiveram a

comprovação do caráter laterítico através da classificação MCT. Todas foram

classificadas como LG’. Para Nogami e Villibor (1995), as argilas lateríticas possuem,

normalmente, valores de d’ superiores a 20, ao passo que as argilas não lateríticas

possuem valores de d’ inferiores a 10. Todas as misturas desse grupo apresentaram

valores de d’ superiores a 20, conforme esperado, reafirmando o caráter laterítico.

O resultado da relação sílica-sesquióxidos das cinco misturas, M-01 (12-80/20) (Kr =

1,463), M-03 (12-70/30) (Kr = 1,361), M-20 (22-80/20) (Kr = 1,238), M-21 (22-65/35)

(Kr = 1,424), e M-23 (22-70/30) (Kr = 1,405), permitiu inferir o caráter laterítico de todas

elas. Não há discordância entre esses resultados e aqueles obtidos através da classificação

MCT.

As misturas M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32) não foram submetidas ao ensaio de

determinação da relação sílica-sesquióxidos por terem sido montadas posteriormente,

mas, como elas foram formadas através de composições entre os materiais J1 e E2, com

parcelas de 29,5% e 32,0% de E2, respectivamente, pode-se inferir o caráter laterítico das

duas, a partir dos valores de Kr apresentado para estes materiais ( Kr = 1,986 para J1 e

Kr =1,516, para E2).

O caráter laterítico inferido ao material E2, em função do resultado da difratometria de

raios-X ( alto grau de intemperização), também permite inferir às misturas M-25 (12-

70,5/29,5) e M-27 (12-68/32) o caráter laterítico.

Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra em

nenhuma faixa

Todas as misturas do grupo caracterizado por conter composição granulométrica não

enquadrada em nenhuma faixa, M-05 (11-60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40) e M-

08 (12-50/50), tiveram a comprovação do caráter laterítico, segundo a classificação MCT.

As misturas M-05 (11-60/40) e M-06 (11-50/50) foram classificadas como LA’NA’, de

80

caráter parcial de laterização, M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50) como LG’, de caráter

laterítico argiloso. Ademais, os valores de d’ foram todos superiores a 60. Esta é uma

característica dos solos lateríticos.

Essas misturas não foram submetidas à determinação da relação sílica-sesquióxidos, mas

os valores de Kr dos seus materiais constituintes, J1 (Kr = 1,986), E1 (Kr = 1,746) e E2

(Kr = 1,516), permitem inferir o caráter laterítico de todas elas. Destaca-se também as

elevadas porcentagens de E1 e E2 nessas misturas.

Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa

tradicional D

No grupo das misturas que se enquadram na faixa tradicional D, M-04 (11-70/30), M-17

(212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40) e M-22 (21-70/30), segundo a

tecnologia MCT, duas foram identificadas com o caráter laterítico LA’, sendo elas, M-17

(212-70/10/20) e M-18 (212-65/10/25). Duas foram classificadas como transicionais: M-

19 (21-60/40) como NA’LA’ e M-22 (21-70/30) como LA’NA’, ambas com caráter

parcial de laterização.

A amostra M-04 (11-70/30), seria classificada como LA’, pelo procedimento

convencional, mas, aplicando-se o critério dos solos transicionais, ela não satisfaz as

condições descritas para a identificação do comportamento “L” ou “N”, situação que

ainda exige maiores estudos. Por isso, foi representada pelo símbolo LA’, com o ponto

de interrogação o lado. Ressalta-se que, com a definição de uma faixa mais ampla para

delimitação dos solos transicionais, essa mistura poderia ser classificada como NA’.

O comportamento laterítico inferido através da relação sílica-sesquióxidos das misturas

M-17 (212-70/10/20) (Kr = 1,402), M-18 (212-65/10/25) (Kr = 1,481) e M-22 (21-70/30)

(Kr = 1,331), coincide com o resultado da classificação MCT para estas misturas, já que

M-17 (212-70/10/20 e M-18 (212-65/10/25) foram identificadas com o caráter laterítico

( LA’ e LG’, respectivamente) e M-22 (21-70/30), com o caráter parcial de laterização

(LA’NA’).

M-04 (11-70/30) e M-19 (21-60/40) não foram submetidas ao ensaio para determinação

da relação sílica-sesquióxidos, mas, os valores de Kr dos seus componentes, J1 (Kr =

1,986), J2 (Kr = 0,557) e E1 (Kr = 1,746), permitem inferir o comportamento laterítico

81

dessas misturas. A mistura M-19 (21-60/40) foi classificada NA’LA’, com caráter parcial

de laterização, portanto, não há incompatibilidade entre o resultado da classificação MCT

e da relação sílica-sesquióxidos.

A mistura M-04 (11-70/30), entretanto, foi a única que apresentou um grau de incerteza

na classificação. Foi classificada como LA’, pelo procedimento convencional, mas,

aplicando-se o critério descrito no Capítulo 2 (item 2.3), ela teve a classificação

prejudicada, caracterizada pelo sinal de interrogação ( LA’ ?).

4.3 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO

Conforme destacado no capítulo anterior, a análise da resistência mecânica e da expansão

foi realizada através da execução dos ensaios de compactação e de ISC, nos laboratórios

do CTGA – NUGEO/UFOP, segundo as normas brasileiras. Os resultados dos ensaios de

compactação e de ISC são apresentados na Tabela 4.8.

Tabela 4.8 - Resultado dos ensaios de compactação e ISC

Mistura M-01 M-3 M-4 M-5 M-6 M-7 M-8 M-17 M-18 M-19 M-20 M-21 M-22 M-23 M-25 M-27

Código

12-8

0/2

0

12-7

0/3

0

11-7

0/3

0

11-6

0/4

0

11-5

0/5

0

12-6

0/4

0

12-5

0/5

0

212

-70/1

0/2

0

212

-65/1

0/2

5

21-6

0/4

0

22-8

0/2

0

22-6

5/3

5

21-7

0/3

0

22-7

0/3

0

12-7

0,5

/29

,5

12-6

8/3

2

wot (%) 11,40 11,70 9,30 8,10 7,50 14,50 14,70 9,10 9,30 7,0 10,50 11,0 6,30 10,60 11,60 12,00

d max

(g/cm3) 2,085 2,023 2,148 2,170 2,168 1,925 1,920 2,312 2,300 2,390 2,310 2,200 2,405 2,030 2,130 2,070

ISC 122 65 125 27 25 27 17 118 81 135 112 66 177 67 101 81

Expansão

(%) 0,05 0,10 0,08 0,03 0,04 0,05 0,38 0,04 0,02 0,03 0,00 0,05 0,01 0,03 0,02 0,03

4.3.1 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas

faixas A ou B, para solos lateríticos

As misturas do primeiro grupo, que se enquadram e uma das faixas A ou B, específicas

para solos lateríticos, M-01 (12-80/20), M-03 (12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-

65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), apresentam massa

específica seca máxima (dmax) variando de 2,023g/cm3 a 2,310 g/cm3.

82

As misturas M-03 (12-70/30) e M-23 (22-70/30), com 30,97% e 30,91% respectivamente,

passando na peneira no 200, apresentam ISC igual a 65 e 67, que são superiores ao limite

mínimo de ISC (igual a 60), indicado pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007),

para base de pavimentos rodoviários, com número N ≤ 5 x 106 . Entretanto a mistura M-

23(22-70/30), apresenta LL = 44, superior ao limite máximo permitido ( igual a 40). A

mistura M-21 (22-65/35), apresenta ISC= 66, também superior ao limite mínimo para

base com número N ≤ 5 x 106. Já os valores de ISC obtidos para as misturas M-01 (12-

80/20), M-20 (22-80/20), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), são superiores ao

limite mínimo de CBR (igual a 80), indicado pela mesma norma, para bases de

pavimentos rodoviários com número N > 5 x 106.

Todas as sete misturas desse grupo, apresentaram valores de ISC suficientes para a sua

utilização em bases de pavimentos rodoviários, comprovando que os solos lateríticos

possuem comportamento diferenciado, em relação aos solos das regiões temperadas.

Como essas misturas não se enquadram numa das faixas tradicionais, os bons resultados

alcançados não seriam possíveis, caso os solos lateríticos não apresentassem um

comportamento peculiar. Todas as misturas desse grupo apresentaram baixos valores de

expansão, característicos de solos com caráter laterítico.

4.3.2 Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra

em nenhuma faixa

Pelos resultados apresentados nas tabelas, observa-se que o grupo formado pelas misturas

que não se enquadraram em nenhuma faixa granulométrica, sejam M-05 (11-60/40), M-

06 (11-50/50), M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50), apresentam massa específica seca

máxima (dmax) variando de 1,92 g/cm3 a 2,170 g/cm3 e ISC variando entre 17 e 27.

Os valores de ISC dessas misturas estão muito abaixo dos valores recomendados pelas

normas, para execução de bases de pavimentos, conforme esperado. Em relação à

expansão, as misturas M-05 (11-60/40), M-06 (11-50/50) e M-07 (12-60/40) apresentam

baixos valores, no geral, inferiores a 0,2%. A mistura M-08 (12-50/50) apresenta o valor

de expansão igual a 0,38%, superior ao limite máximo de expansão ( igual a 0,2%)

permitido pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), para bases com solos

lateríticos.

83

4.3.3 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa

tradicional D

As misturas do terceiro grupo, que se enquadraram na faixa D, tradicional, M-04 (11-

70/30), M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40) e M-22 (21-70/30),

apresentam massa específica seca máxima (dmax) variando de 2,148g/cm3 a 2,405 g/cm3

e valores elevados de ISC, entre 81 e 177, conforme esperado. O resultado é coerente com

a característica do solo, pois o solo se enquadra numa faixa tradicional. Os valores de

expansão, das cinco amostras do segundo grupo são inferiores ao limite máximo

permitido pela norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL, 2010), que é 0,5%.

84

CAPÍTULO 5

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

A realização da pesquisa permitiu que fosse avaliada a aplicabilidade da classificação

MCT na identificação do caráter laterítico ou não laterítico conforme objeto inicial do

trabalho, e a análise, de forma aproximada, da resistência mecânica e da expansão das

misturas. Ressalta-se que estas conclusões, referentes aos resultados obtidos no programa

experimental proposto, estão associadas aos materiais estudados, em condições

especificas, necessitando da ampliação da pesquisa para outras amostras.

Para a avaliação da viabilidade da utilização das misturas como camadas de base de

pavimentos, tomou-se como referência a norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL, 2010),

referente à execução de base estabilizada granulometricamente e a norma DNIT

098/2007-ES (BRASIL, 2007), referente à execução de base estabilizada

granulometricamente, com utilização de solos lateríticos, entretanto no que trata da

determinação do caráter laterítico ou não laterítico, a pesquisa avaliou a viabilidade da

utilização da classificação MCT, em substituição a determinação da relação sílica-

sesquióxidos (Kr).

Todas as misturas estudadas apresentam baixos valores de expansão, conforme esperado,

por se tratar de misturas com solos de comportamento laterítico. A mistura M-08 (12-

50/50) apresenta expansão igual a 0,38%, que é superior ao valor estabelecido para sua

utilização na execução de base de pavimento com solo laterítico, entretanto, todas as

demais misturas apresentam expansão inferior a 0,20%, atendendo as exigências

estabelecidas para execução de bases com solos lateríticos ( ou não lateríticos).

As misturas que se enquadram nas faixas A ou B, da norma DNIT 098/2007-ES

(BRASIL, 2007), para base estabilizada granulometricamente, com utilização de solos

lateríticos, M-01 (12-80/20), M-03 (12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35), M-25

(12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), apresentam valores de LL variando entre 25 e 40, e

valores de IP variando de 7 a 15 ( A mistura M-23 (22-70/30), apresenta LL superior ao

85

limite que é LL=40), que são muito superiores aos valores exigidos pela norma DNIT-ES

141/2010 (BRASIL, 2010), tradicional, para execução de base. Entretanto, essas misturas

apresentaram valores de ISC superiores aos exigidos pela norma DNIT-ES 141/2010

(BRASIL, 2010), satisfazendo nesse requisito as exigências para utilização na construção

de base de pavimento.

Três misturas deste grupo, M-03 (12-70/30), M-21 (22-65/35) e M-23 (22-70/30),

apresentam valores de ISC superiores a 60 que é o limite inferior para execução de base

com número N ≤ 5 x 106, e as demais M-01 (12-80/20), M-20 (22-80/20), M-25 (12-

70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), apresentaram valores de ISC superiores a 80, que é o limite

inferior para execução de base com número N > 5 x 106.

Esses resultados confirmam o comportamento peculiar das misturas com solos lateríticos,

visto que as misturas M-01 (12-80/20), M-03 (12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-

65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), não se enquadram em

nenhuma das faixas granulométricas tradicionais, onde os bons resultados são esperados,

mas ao contrário apresentam teores de argila e plasticidade superiores aos limites

estabelecidos por tais normas, e mesmo assim apresentam um desempenho superior,

compatível com a sua utilização em bases de pavimentos.

As misturas que não se enquadram em nenhuma faixa granulométrica apresentam baixos

valores de ISC, inferiores aos exigidos para sua utilização em base de pavimento. Esses

valores indicam que mesmo que a mistura seja formada por solos lateríticos, caso ela não

se enquadre numa das faixas determinadas pelas normas, os valores de resistência

mecânica serão baixos.

As misturas que se enquadram na faixa D, da norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL,

2010), tradicional, apresentam altos valores de ISC, superiores a 80, que é o limite inferior

para execução de bases com número N > 5 x 106. Cabe destacar neste grupo, que a mistura

M-22 (21-70/30) se enquadra na faixa D, mas não se enquadra em nenhuma faixa da

norma DNIT 098/2007-ES (BRASIL, 2007), ao passo que as demais, M-04 (11-70/30),

M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25) e M-19 (21-60/40), se enquadram também

na faixa B, da norma DNIT 098/2007-ES (BRASIL, 2007). Os valores de ISC dessas

86

misturas indicam que, quando as misturas se enquadram em uma faixa tradicional, os

resultados de resistência mecânica são bons, seja para solos lateríticos ou para solos não

lateríticos.

Se levarmos em consideração a recomendação das normas DNIT-ES 141/2010 (BRASIL,

2010) e DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), em relação à porcentagem de material que

passa nas peneiras nº 200 e nº 40, verificamos que as misturas as misturas M-03 (12-

70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-

27 (12-68/32) do grupo 1, e as misturas M-17 (212-70/10/20) e M-18 (212-65/10/25) do

grupo 3, não possuem as características recomendadas, pois apresentam porcentagem de

material que passa na peneira nº 200 superior a 2/3 da porcentagem que passa na peneira

nº 40. Entretanto, a pesquisa revelou que os resultados de resistência mecânica e de

expansão destas misturas foram satisfatórios. Tais resultados sugerem para o futuro a

necessidade de estudos mais detalhados, das misturas de solos que apresentem caráter

laterítico, e que apresentem porcentagem de material que passa na peneira nº 200 superior

a 2/3 da porcentagem que passa na peneira nº 40.

A determinação do caráter laterítico resultante da classificação MCT coincidiu com

caráter laterítico inferido através dos valores de Kr, resultante da determinação da relação

sílica-sesquióxidos, para todas as misturas que foram submetidas a esse ensaio, M-01 (12-

80/20), M-03 (12-70/30), M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-20 (22-80/20),

M-21 (22-65/35), M-22 (21-70/30) e M-23 (22-70/30), comprovando a viabilidade da

utilização da classificação MCT. Ressalta-se que (M-22 (21-70/30) apresentou

comportamento transicional , equivalente ao caráter parcial de laterização.

Nas misturas que não foram submetidas ao ensaio de determinação da relação sílica-

sesquióxidos, o caráter laterítico foi inferido a partir dos resultados de Kr dos

componentes das misturas, E1, E2, J1 e J2, e dos teores desses componentes na fração

fina de cada uma das misturas. Também foram considerados os minerais detectados nos

componentes E1 e E2, através da difratometria de Raios-X. Com base nesses dados, foi

possível inferir o comportamento laterítico das misturas M-04 (11-70/30), M-05 (11-

60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40), M-08 (12-50/50), M-19 (21-60/40), M-25 (12-

87

70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), que coincidiu com o caráter laterítico resultante através da

classificação MCT, para todas essas misturas, comprovando também a viabilidade da

utilização da tecnologia MCT. Ressalta-se que M-05 (11-60/40), M-06 (11-50/50) e M-

19 (21-60/40), apresentaram o comportamento transicional, equivalente ao caráter parcial

de laterização.

A utilização do critério de solos transicionais, (NA’LA’), traduziu o comportamento

laterítico inferido através dos valores de Kr, e das proporções dos componentes J2 e E1,

empregados na composição da mistura (M-19 (21-60/40). Sem utilização desse critério a

mistura (M-19 (21-60/40) seria classificada como NA’.

Para a mistura M-22 (21-70/30), o critério de solo transicional (LA’ NA’), correspondente

ao comportamento de laterização parcial, coincidiu com as propriedades inferidas através

dos valores de Kr, entretanto neste caso, sem adoção do critério a amostra seria

classificada como LA’.

As misturas M-05 (11-60/40) e M-06 (11-50/50), que conforme o critério de solos

transicionais foram classificadas como LA’NA’, correspondente ao comportamento de

laterização parcial, pela metodologia convencional seriam classificadas como LA’.

A mistura M-04 (11-70/30), que conforme a metodologia convencional foi classificada

como LA’, segundo o critério de solos transicionais, teve a classificação prejudicada, pois

apesar de estar um pouco mais afastada da linha divisória entre os comportamentos

laterítico e não laterítico, apresentou a curva h X Mini MCV com aspecto nitidamente

retilíneo.

Para as misturas de comportamento laterítico argiloso, a classificação MCT foi realizada

tranquilamente, sem a identificação de situações que gerassem dúvidas.

Entretanto, para as misturas de comportamento arenoso, principalmente para as misturas

que se situam na faixa de transição entre o comportamento laterítico e o não laterítico,

observou-se maior coerência na utilização do critério de solos transicionais, para a

classificação MCT, quando comparados com os resultados inferidos através dos valores

88

de Kr, sugerindo que o conceito de solos transicionais pode ser útil para evolução da

tecnologia MCT.

Houve coincidência da classificação MCT com os resultados da relação sílica-

sesquióxidos para quinze das dezesseis misturas estudadas. Em uma das misturas a

classificação MCT ficou prejudicada, entretanto os resultados não foram conflitantes.

Finalmente, os resultados mostraram que, apesar necessidade de aperfeiçoamento dos

processos que ainda envolvem uma pequena subjetividade, como a determinação de c’ e

dos processos que envolvem a classificação dos solos situados na transição entre os

comportamentos laterítico e não laterítico, a classificação MCT envolve procedimentos

executados sem grandes dificuldades, e fornece resultados coerentes e aceitáveis,

permitindo que possa fazer parte da prática rotineira, com grandes benefícios para a

técnica e a engenharia brasileiras.

Conforme ressaltado anteriormente, a presente pesquisa obteve conclusões restritas às

amostras estudadas, não sendo possível, ainda, uma extrapolação para outros materiais.

Neste sentido, são sugeridos estudos baseados na metodologia utilizada nesta dissertação

para outras misturas, considerando, ainda:

─ O estudo mais detalhado das misturas que apresentam caráter laterítico e

porcentagem de material que passa na peneira nº 200 superior a 2/3 da

porcentagem que passa na peneira nº 40.

─ O estudo de um número maior de amostras de solos arenosos, de

comportamento transicional, entre o comportamento laterítico e não laterítico;

─ Um estudo mais detalhado para definição da amplitude da faixa que reúne os

solos arenosos de comportamento transicional, entre o comportamento

laterítico e o não laterítico;

─ O estudo mais detalhado dos processos que envolvem subjetividade, como a

determinação do coeficiente c’;

─ O estudo com misturas formadas com a utilização de Cambissolos, Neossolos

e outros solos de comportamento não laterítico;

89

─ O complemento, com a análise dos módulos de resiliência das misturas e a

análise completa da resistência mecânica.

─ A realização da classificação de todas as amostras segundo a metodologia

MCT-G.

90

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massa por imersão. Estabelece o método para determinar a perda de massa por imersão

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(corpos-de-prova cilíndricos com 50 mm de diâmetro). Brasília: DNER, 1994b. 6 p.

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Infraestrutura de Transportes. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Norma DNIT-ES

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serviço. Define a sistemática empregada na execução da camada de base de pavimento

91

utilizando solo estabilizado granulometricamente. São também apresentados os requisitos

concernentes a materiais, equipamentos, execução, inclusive plano de amostragem e de

ensaios, condicionantes ambientais, controle de qualidade, condições de conformidade e

não-conformidade e os critérios de medição dos serviços. Brasília: DNER, 2010. 9 p.

BRASIL. Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Método de ensaio

DNER-ME 030/1994 - Solos determinação das relações sílica-alumina e sílica-

sesquióxidos em solos. Norma técnica, prescreve o método a ser adotado na determinação

das relações sílica-alumina e sílica-sesquióxidos em solos. Indica a concentração dos

reagentes, o procedimento adotado, bem como os cálculos para determinação das relações

moleculares. Brasília: DNER, 1994c. 6 p.

BRASIL. Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Norma DNIT-ES

098/2007 - Pavimentação - base estabilizada granulometricamente com utilização de solo

laterítico - Especificação de serviço. Prescreve a sistemática empregada na execução da

camada de base de pavimento utilizando solos lateríticos de graduação graúda e

estabelece os requisitos concernentes a material, equipamento, manejo ambiental,

execução e controle da qualidade dos materiais empregados, além dos critérios para

aceitação, rejeição e medição dos serviços. Brasília: DNIT, 2007. 7p.

BRASIL. Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Instituto de Pesquisas

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DNER-ME 258/1994 - Solos compactados em equipamento miniature - Mini-MCV.

Contém um procedimento de compactação de solos passando na peneira de 2 mm de

abertura, realizado em laboratório, com corpos-de-prova tipo miniatura, de 50 mm de

diâmetro, denominado Mini-MCV. São determinados coeficientes empíricos utilizados

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95

Anexo A - RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

a n (

mm

)

96

CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 03

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

a n (

mm

)

97

CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 04

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

a n (

mm

)

98

CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 05

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

99

CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 06

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

100

CURVAS DA CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-07

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

101

CURVAS DA CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-08

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

102

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-17

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

103

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-18

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

104

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-19

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

105

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-20

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

106

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-21

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

107

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-22

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

108

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-23

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

109

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-25

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

110

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-27

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

111

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura J1

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

112

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura J2

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

113

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura E1

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

114

CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura E2

a n (

mm

)

Número de Golpes

d

(g/

cm3

)

Teor de umidade (%)

115

Anexo B - RESULTADOS DA DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X

116

117

Anexo C - FOTOGRAFIAS DAS MISTURAS MONTADAS

Materiais utilizados

Figura C.1 – Amotra do solo E1

Figura C.2 – Amotra do solo E2

Figura C.3 – Amotra da amostra J1

Figura C.4 – Amotra da amostra J2

118

Misturas

Figura C.5 – Mistura M1

Figura C.6 – Mistura M3

119

Figura C.7 – Mistura M4

Figura C.8 – Mistura M6

Figura C.9 – Mistura M7

120

Figura C.10 – Mistura M8

Figura C.11 – Mistura M17

Figura C.12 – Mistura M18

121

Figura C.13 – Mistura M21

Figura C.14 – Mistura M22

Figura C.15 – Mistura M23

122

Anexo D - FOTOGRAFIAS DOS CP’S DAS MISTURAS APÓS O

ROMPIMENTO

Figura D.1 – Mistura M1

Figura D.2 – Mistura M3

123

Figura D.3 – Mistura M4

Figura D.4 – Mistura M05

124

Figura D.5 – Mistura M7

Figura D.6 – Mistura M17

125

Figura D.7 – Mistura M18

Figura D.8 – Mistura M19

126

Figura D.9 – Mistura M20

Figura D.10 – Mistura M21

127

Figura D.11 – Mistura M22

Figura D.12 – Mistura M23

128

Anexo E - FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS MCT

Figura E.1 – Aparelhagem

Figura E.2– Aparelhagem

Figura E.3– Detalhe do CP

129

Figura E.4– Perda de massa por imersão-material úmido, após desagregação

Figura E.5– Perda de massa por imersão-material seco em estufa

Figura E.6– CP após imersão

130

Figura E.7– Detalhe da montagem do CP

Figura E.8– Detalhe do CP após compactação

Figura E.9– Detalhe do CP com saliencia