análise crítica susana

5
Análise Crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Tudo o que sei é ela que me ensina. O que saberei, o que não saberei nunca, Está na biblioteca em verde murmúrio De flauta-percalina eternamente. Carlos Drumond de Andrade Biblioteca Verde” O MODELO ENQUANTO INSTRUMENTO PEDAGÓGICOE DE MELHORIA.CONCEITOS IMPILICADOS O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares surge como um documento que visa ser um “instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita...avaliar o trabalho da biblioteca escolar...as áreas de sucesso e aquelas que...requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas”, sendo, portanto, orientador da qualidade do trabalho a desenvolver na BE. A importância do referido modelo nas escolas é reconhecida, pois permite identificar as prioridades para a melhoria, apontando um caminho e mostrando o que se pretende da biblioteca escolar. Os conceitos ou ideias-chave implícitos na construção e aplicação deste modelo são a “noção de valor”, que se prende com os resultados que contribuem para a concretização dos objectivos da escola onde se insere a BE; a “melhoria contínua” , que leva a reflectir sobre a mudança/melhoria que a BE provocou no processo ensino aprendizagem e no desenvolvimento de competências para a

Upload: susana-martins

Post on 05-Aug-2015

296 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AnáLise CríTica Susana

Análise Crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

Tudo o que sei é ela que me ensina. O que saberei, o que não saberei nunca, Está na biblioteca em verde murmúrio De flauta-percalina eternamente.

Carlos Drumond de Andrade “Biblioteca Verde”

O MODELO ENQUANTO INSTRUMENTO PEDAGÓGICOE DE

MELHORIA.CONCEITOS IMPILICADOS

O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares surge como

um documento que visa ser um “instrumento pedagógico e de

melhoria contínua que permita...avaliar o trabalho da biblioteca

escolar...as áreas de sucesso e aquelas que...requerem maior

investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das

práticas”, sendo, portanto, orientador da qualidade do trabalho a

desenvolver na BE.

A importância do referido modelo nas escolas é reconhecida, pois

permite identificar as prioridades para a melhoria, apontando um

caminho e mostrando o que se pretende da biblioteca escolar.

Os conceitos ou ideias-chave implícitos na construção e aplicação

deste modelo são a “noção de valor”, que se prende com os

resultados que contribuem para a concretização dos objectivos da

escola onde se insere a BE; a “melhoria contínua” , que leva a reflectir

sobre a mudança/melhoria que a BE provocou no processo ensino

aprendizagem e no desenvolvimento de competências para a

Page 2: AnáLise CríTica Susana

aprendizagem ao longo da vida , e, ainda, a “necessidade de fazer a

Auto-Avaliação”, pois só através da reflexão inerente a este processo,

encontrando pontos fortes e pontos fracos, se conseguirão as mudanças

concretas que se pretendem.

PERTINÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE UM MODELO DE

AVALIAÇÃO PARA AS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Durante muito tempo, a avaliação das actividades de uma

biblioteca resumia-se a um relatório final, suportado por questionários

que, muitas vezes, identificavam factores quantitativos do serviço

realizado: número de empréstimos, de visitas e de recursos físicos e

humanos e verbas atribuídas e gastas. Faltava, no entanto, encontrar

um modelo comum de actuação que permitisse, nas escolas, fazer a

avaliação do trabalho realizado pelas BE’s.

A ideia de que as Bibliotecas Escolares contribuem de forma

significativa para a melhoria do processo ensino/aprendizagem e para o

sucesso educativo está amplamente difundida internacionalmente e

começa, agora, a ser aceite no nosso país.

Assim, a pertinência de um modelo de auto-avaliação prende-se

com vários aspectos, pois ele passa a permitir avaliar a actual qualidade

e a eficácia da biblioteca escolar; permite apontar um caminho a seguir;

desenvolver esforços para o implementar; estabelecer metas a atingir

por todas as escolas e por todos os coordenadores de bibliotecas;

orientar a criação de uma planificação estratégica, de modo a satisfazer

mais alunos e professores; identificar pontos fortes e pontos fracos, de

forma a determinar as prioridades das melhorias a implementar e apoiar,

de forma mais eficaz, o ensino e a aprendizagem; mostrar as evidências

do valor da biblioteca, do trabalho do coordenador e dos resultados

obtidos.

Page 3: AnáLise CríTica Susana

ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E FUNCIONAL.

ADEQUAÇÃO E CONSTRANGIMENTOS

O Modelo de Auto-Avaliação adopta uma aproximação à realidade

por etapas que, tendo em conta o contexto interno e externo da BE,

devem conduzir o professor bibliotecário a seleccionar o domínio a ser

objecto de aplicação dos instrumentos. A organização estrutural do

modelo integra as diferentes funções que são atribuídas a uma

Biblioteca Escolar e organiza-se em quatro domínios:

♦ O domínio A: Apoio ao Desenvolvimento Curricular

compreende dois subdomínios: A.1. Articulação da BE com as

estruturas pedagógicas e A. 2. Desenvolvimento da literacia da

informação;

♦ O domínio B refere-se à Leitura e literacias;

♦ O domínio C prende-se com os Projectos, Parcerias e

Actividades Livres e de Abertura à Comunidade e compreende os

subdomínios: C 1. Apoio a actividades livres, de natureza extra

curricular e C2. Projectos e parcerias.

♦ O domínio D refere-se à Gestão da Biblioteca, com os

subdomínios: D.1.Articulação da BE com a escola; D.2.Condições

humanas e materiais para a prestação de serviços e D.3. Gestão da

colecção.

“O ciclo de avaliação completa-se ao fim de quatro anos e deve

permitir uma visão holística e global da BE.”

Este parece-me ser um modelo exigente, mas adequado aos

objectivos que se propõe atingir. Quanto aos constrangimentos, é-me

difícil fazer uma análise crítica uma vez que a Biblioteca que coordeno, a

Biblioteca Escolar do Agrupamento Vertical de Escolas de Lordelo,

apenas entrou na Rede de Bibliotecas Escolares no ano lectivo de

Page 4: AnáLise CríTica Susana

2008/2009 (1º ano como biblioteca integrada) e, como tal, este modelo

ainda não foi posto em prática na minha escola .

INTEGRAÇÃO/ APLICAÇÃO À REALIDADE DA ESCOLA

Sendo este ano, pela primeira vez Professora Bibliotecária a

tempo inteiro, ainda não tenho uma opinião muito concreta sobre a

implementação deste modelo.

Sem descurar aspectos fundamentais como os referenciados pelos

vários estudos internacionais relativos à avaliação das BE’S, considero

que este processo de auto-avaliação deve fazer-se de forma integral, ou

seja, tendo em consideração os aspectos de gestão dos recursos, mas

também os aspectos relacionados com o impacto no processo

ensino/aprendizagem. Deve ser um processo abrangente, tendo em

consideração a escola no seu todo, o Plano Anual de Actividades e as

metas e os objectivos constantes no Projecto Educativo de

Agrupamento.

Assim, concordo, “O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas

Escolares enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento

das bibliotecas escolares portuguesas...”.

COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR BIBLIOTECÁRIO E

ESTRATÉGIAS IMPLICADAS NA SUA APLICAÇÃO

“O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização.

A obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização

esteja preparada para a aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação

individual dos seus membros e a liderança forte do professor

coordenador, que tem de mobilizar a escola para a necessidade e

implementação do processo avaliativo.”

Page 5: AnáLise CríTica Susana

Importa, portanto, salientar que o professor bibliotecário deverá

ser, acima de tudo, um profissional especializado (julgo ser isso que

pretende a portaria nº756/2009 de 14 de Julho). Deverá assumir um

papel de liderança neste processo de avaliação da Biblioteca Escolar,

de modo a que todos reconheçam a importância da biblioteca na

melhoria dos resultados escolares. Assim, Tem que ser capaz de:

♦ “Pensar estrategicamente;

♦ Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola

e para o sucesso;

♦ Promover uma cultura de avaliação;

♦ Comunicar permanentemente. Articular prioridades.”

Concluindo, o professor bibliotecário deverá ter a capacidade, a

motivação e a determinação de se tornar indispensável para o

funcionamento da escola, de acordo com os objectivos inerentes a este

projecto de mudança que começa agora a alicerçar-se:

“The school librarian can run his or her program in collaboration

with classroom teachers, reading specialists, and other educators,

exciting students about books and media, as well as providing easy

access to rich book and media collections. As a reading advocate,

school librarians fulfill the teacher and instructional partnership

expectations of Information Power.”

BIBLIOGRAFIA

Texto da Sessão;

Modelo de Auto-Avaliação;

“This Man Wants To Change Your Job” ficheiro

A Formanda: Susana Ramalhete dos Santos Ladeira Martins