anais - núcleo de ensino e pesquisa em...

718
ANAIS 27 a 29 de abril de 2014, Caldas Novas/GO

Upload: phungnga

Post on 09-Nov-2018

249 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • ANAIS27 a 29 de abril de 2014, Caldas Novas/GO

  • CurrCulo, poltiCas pbliCas e formao de professores de geografia

    ANAIS

  • Coordenao Geral

    Profa. Dra. Eliana Marta Barbosa de Morais - UFG

    Secretaria

    Profa. Msc. Kamila Santos de Paula Rabelo - UFG

    Profa. Dra. Lucineide Mendes Pires - UEG/Morrinhos

    Profa. Msc. Suzana Ribeiro Lima Oliveira - UFG

    Mestrando Rgis Rodrigues de Almeida - UFG

    Mestranda Malu tala Arajo Souza - UFG

    Mestrando David Luiz Rodrigues de Almeida - UFPB

    Graduanda Emmanuelle Rodrigues Antnio - UFG

    Graduanda Izabelle de Cssia Chaves Galvo - UFG

    Tesouraria

    Profa. Msc. Karla Annyelly Teixeira de Oliveira - UEG/Gois

    Mestrando Ismael Donizete Cardoso de Moraes - UFG

    Comisso Cientfica

    Profa. Dra. Adriana Olvia Alves - UFG

    Profa. Dra. Lana de Souza Cavalcanti - UFG

    Mestrando Jos Augusto Coelho Pimenta - UFG

    Mestranda Flvia Gabriela Domingos Silva - UFG

    Graduanda Thamires Olimpia - UFG

    Divulgao e publicao

    Prof. Dr. Denis Richter - UFG

    Profa. Dra. Loandra Borges de Moraes - UEG/Anpolis

    Prof. Msc. Alexsander Batista e Silva - UEG/Gois

    Mestrando Magno Emerson Barbosa - UFG

    Mestrando Thiago Aires - UFG

    Transporte

    Profa. Dra. Miriam Aparecida Bueno - UFG

    Graduanda Andria Ferreira de Carvalho - UFG

    Graduando Endrigo Pereira da Silva - UFG

    Hospedagem e Logstica

    Prof. Dr. Vanilton Camilo de Souza - UFG

    Doutorando Robson Alves dos Santos - UFG

    Mestrando Hugo Gabriel Mota - UFG

    Mestrando Leovan Alves dos Santos - UFG

    Comisso Organizadora

    Lanamento de Livros e Patrocnio

    Profa. Msc. Lorena Francisco de Souza - UEG/Minau

    Mestranda Priscylla Karoline de Menezes - UFG

    Graduando Wagner Santos Luiz - UFG

    Graduanda Camylla Silva Otto - UFG

    Graduanda Ludmylla Teodoro da Silva - UFG

    Cultural, Cerimonial e Alimentao

    Profa. Msc. Claudia do Carmo Rosa - UEG/Porangatu

    Prof. Msc. Daniel Mallmamm Vallerius - UFPA

    Comit Cientfico

    Adriany de vila Melo Sampaio - UFU

    Anna Maria Kovacs Khaoule - UEG

    Antonio Carlos Pinheiro - UFPB

    Carla Cristina Reinaldo Gimenes de Sena - UNESP

    Carolina Machado Rocha Busch Pereira - UFT

    Claudia do Carmo Rosa - UEG

    Cristina Maria Costa Leite - UnB

    Daniel Mallmann Vallerius - UFPA

    Denis Richter - UFG

    Erclia Torres Steinke - UnB

    Eunice Isaias da Silva CEPAE - UFG

    Izabella Peracini Bento - UFG

    Kamila Santos de Paula Rabelo - UFG

    Liz Cristiane Dias Sobarzo - UFPEL

    Loandra Borges de Moraes - UEG

    Lucineide Mendes Pires - UEG

    Mrcia Virgnia Pinto Bonfim - UNESB

    Miriam Aparecida Bueno - UFG

    Odiones de Ftima Borba - UniEVANGLICA

    Rosana Alves Ribas Moragas - UFG

    Silvia Fernanda Cantia - UFMT

    Suzana Ribeiro Lima Oliveira - UFG

    Suzete Loureno Buque - UP Moambique

    Vanilton Camilo de Souza - UFG

  • Caldas Novas (GO)2014

    CurrCulo, poltiCas pbliCas e formao de professores de geografia

    ANAIS

  • Sumrio

    Apresentao .........................................................................................................................11

    GT 1 Linguagens para o ensino de geografia .........................................13

    A construo de mapas mentais no ensino de geografia: contribuies para a educao bsica .........................................................................................................15

    A imagem como recurso didtico no ensino de geografia: o caso do Colgio Estadual Alcntara de Carvalho, Jata (GO) ..................................................................25

    A linguagem grfica no ensino de climatologia: contribuies formao de professores do ensino bsico de geografia ..................................................................37

    Anos iniciais do ensino fundamental: discusses sobre mapa mental enquanto recurso didtico de aprendizagem em geografia ..........................................51

    Cartografia social a partir da fotografia: mapeamento do espao urbano sob a perspectiva do aluno ..................................................................................................65

    Ensino do mapa e desenvolvimento do raciocnio espacial: a construo do mapa dos trs lugares por professores das sries iniciais .........................................75

    Geografia e cinema: uma anlise flmica sobre os filmes brasileiros e suas abordagens sobre o racismo ...............................................................................................85

    Jogos didticos amarelinha sobre os biomas brasileiros voltados para o ensino de geografia ...........................................................................................................93

    Juventude contempornea e escola: conflitos e desafios .......................................... 103

    Memria e esquecimento e as interpretaes do espao da localidade .................. 113

    Novas possibilidades para o ensino de geografia urbana: o jogo de xadrez como instrumento didtico ............................................................................................ 127

    O estudo da organizao espacial atravs de maquete e planta baixa ttil: o lugar na ponta dos dedos ............................................................................................. 135

    O sensoriamento remoto e o geoprocessamento na produo de material didtico para educao bsica: a experincia do pibid de Geografia da uEG-unuCsEh ...................................................................................................... 147

    Oficinas de cartografia ttil: uma proposta metodolgica para a formao de professores ..................................................................................................................... 157

  • Tecnologias e mdias no ensino de geografia: o caso do pibid de Geografia da uEG-unuCsEh ........................................................................................................169um norte geogrfico no processo de ensino aprendizagem da Escola Municipal Jair de Oliveira Montes Claros MG ....................................................179

    GT 2 Metodologias e avaliao no ensino de geografia ..............191

    A educao no formal e a geografia escolar: proposta metodolgica para um novo modelo de ensino ..............................................................................................193A Rota dos ips: trilhas interpretativas na vi descida Ecolgica do Rio uru 2013 ..........................................................................................................................207Avaliao formativa da aprendizagem em geografia no ensino bsico: contribuio formao do raciocnio geogrfico ......................................................221Contribuio do sistema de avaliao diagnstica, desenvolvido por beijamim bloom para o ensino de geografia ................................................................233dificuldades no processo ensino aprendizagem: o ensino na disciplina de Geografia em so domingos do Araguaia-pA .......................................................241Ensinar geografia pela pesquisa: reflexes sobre sua efetivao na prtica escolar ...................................................................................................................................253prticas avaliativas dos docentes: uma reflexo do processo de avaliao no ensinar geografia ...........................................................................................................263uma anlise histrica do uso do livro didtico (final do sculo xix e inicio do xx): uma abordagem sobre as metodologias para geografia escolar ................275

    GT 3 Temas e contedos no ensino de geografia ...............................283

    A compreenso dos impactos ambientais na rede de drenagem e a contribuio da geografia para a formao cidad .......................................................285A escala do espao escolar na aprendizagem geogrfica .............................................299A geografia escolar no territrio brasileiro: algumas consideraes ........................309A importncia do estudo do movimento da terra e da atividade solar para o ensino de geografia .........................................................................................................319A ocupao do Cerrado brasileiro: uma reflexo acerca do tema nos livros didticos do ensino fundamental ....................................................................................329A transposio didtica da categoria de anlise geogrfica regio no ensino de geografia .............................................................................................................343

  • Abordagens e perspectivas do trabalho de campo em geografia no contexto das pesquisas do ix, x e xi Encontro Nacional de prticas de Ensino de Geografia ENpEG ....................................................................................................355Ao docente na construo do contedo de bacias hidrogrficas em escolas municipais localizadas na bacia do corrgo Cascavel em Goinia ...........................369Atlas geogrfico escolar municipal: primeiras experincias no Tringulo Mineiro e Alto paranaba, MG .......................................................................................377Formao cidad a partir da interveno de estagirios do curso de geografia em escolas de ensino bsico em Goinia .......................................................................387Geografia escolar e a educao ambiental: sugestes para o tema biomas brasileiros ..........................................................................................................................399Geografia na educao bsica: a importncia dos projetos interdisciplinares .......405indgenas e afrodescendentes no livro didtico de geografia dos anos finais do ensino fundamental ....................................................................................................417O conceito de ambiente: da epistemologia s prticas docentes ..............................425Oficinas de climatologia geografica: contribuies para o ensino e formao continuada ...........................................................................................................................435panorama das referncias terico-metodolgicas da geografia fsica e o ensino do conceito de paisagem na geografia escolar ..............................................447por um ensino crtico do contedo relevo: tendncias e desafios ............................461Questes geopolticas: uma anlise do contedo abordado no livro didtico de geografia do ensino mdio ..........................................................................................469uma experincia no curso de formao de professores: a cidade e a cultura no ensino de geografia Anpolis/GO no contexto .................................................479

    GT 4 Currculo, polticas pblicas e formao de professores de geografia ..............................................................................491

    A biblioteca na formao do professor de geografia ...................................................493A formao continuada do professor de geografia: o livro didtico como instrumento de mediao .................................................................................................507A geografia escolar no brasil: uma discusso histrica dos currculos de geografia no ensino secundrio (1880-1930)...............................................................517A geografia nos anos iniciais do ensino fundamental: um olhar a partir da formao e da prtica pedaggica dos professores do municpio de Alagoa Grande pb .......................................................................................................................529

  • A importncia do dilogo e articulao entre conhecimentos especficos epedaggicos no ensino de geografia ...............................................................................543A mulher e o magistrio: a rotina diria de trabalho de professoras do municpio de Morrinhos (GO).......................................................................................555Anlise e discusses sobre o papel da cartografia ttil no ensino regular: os Cadernos do Aluno do Estado de so paulo ...........................................................565Cartografia escolar na formao inicial do professor de geografia: a experincia de Ourinhos/sp .........................................................................................579Contribuies de Lee shulman e de Lev vygotsky para a formao de professores de geografia ....................................................................................................589Currculo, compreendendo sentidos: uma contribuio formao do professor de geografia ........................................................................................................601discusses tericas sobre os desafios e perspectivas aos formadores de professores em geografia ..................................................................................................613Estgio curricular supervisionado e subprojeto de geografia: teoria, didtica e prtica docente .................................................................................................................625Formao de professores de geografia: leituras sobre o Campus do serto da uFAL ..............................................................................................................................633O estgio supervisionado em geografia: reflexes a partir da diversidade do alunado ...........................................................................................................................645O programa institucional de bolsa de iniciao docncia pibid: suas contribuies para a formao docente .........................................................................657prtica de ensino e estgio supervisionado do curso de geografia da unicentro Campus de irati pR: os desafios da operacionalizao ....................667Redes de saberes ambientais para a formao de educadores no Colgio Estadual do Campo palmeirinha Guarapuava/pR ..................................................679Tendncias das pesquisas no campo do currculo na Associao Nacional de ps-Graduao em Educao: brasil 2003 a 2012.................................................687uma anlise do processo de Estgio supervisionado em curso de Licenciatura em Geografia no modelo 3+1 ..............................................................705

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 11

    ApreSentAo

    O Frum NEpEG de Formao de professores um evento cientfico realizado a cada dois anos em parceria com instituies de ensino superior do Estado de Gois, que possuem docentes vinculados ao NEpEG (Ncleo de En-sino e pesquisa em Educao Geogrfica), como a uFG (universidade Federal de Gois) e a uEG (universidade Estadual de Gois). Conta tambm, com o apoio de docentes de outras instituies brasileiras, a exemplo da uFu (univer-sidade Federal de uberlndia), uFMG (universidade Federal de Minas Gerais), uFT (universidade Federal do Tocantins), unb (universidade de braslia) e da uFpb (universidade Federal da paraba).

    O NEpEG, constitudo em 10 de agosto de 2004, tem como objetivos: promover estudos, pesquisas, publicaes e eventos em Educao Geogrfica; promover a cooperao, o intercmbio e a integrao de pesquisadores e pro-fessores que atuam na Geografia e reas afins, visando o desenvolvimento da Educao Geogrfica; promover a criao de comisses de estudos e pesquisas para a anlise de questes sobre a Educao Geogrfica; incentivar e publicar revistas, livros, artigos sobre Educao Geogrfica; firmar convnios com insti-tuies federais, estaduais ou municipais, bem como autarquias, sociedades de economia mista, fundaes, entidades estatais, universidades e agncias de apoio pesquisa.

    com o intuito de alcanar esses objetivos que o NEpEG vem realizando diversas atividades, dentre as quais ganha destaque o Frum NEpEG, visto que a partir desse evento que ocorre a integrao entre ensino, pesquisa e extenso, bem como entre ensino superior e ensino bsico, favorecendo a criao de um es-pao privilegiado para articular pesquisadores, professores e estudantes. E, com isso, proporcionar a comunicao, divulgao e discusso dos resultados obtidos em pesquisas cientficas da rea do Ensino de Geografia, de forma sistematizada nos anais e livros resultantes de cada um dos Fruns.

    A stima edio desse evento, intitulada VII Frum NEPEG de Forma-o de Professores - Currculo, Polticas Pblicas e Ensino de Geografia, rea-lizada entre os dias 27 e 29 de abril de 2014, na cidade de Caldas Novas/GO, tem como objetivo a discusso sobre a produo do conhecimento geogrfico no campo do currculo, das polticas pblicas educacionais e do ensino e apren-dizagem. O destaque a esses campos somados s possibilidade de interveno,

  • 12 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    garantem o fortalecimento da esfera pblica quanto ao processo de ensino e aprendizagem da Geografia em todos os mbitos.

    Este Frum destinado aos professores e estudantes de cursos de licencia-tura em Geografia; professores de Geografia da Educao bsica; pesquisadores do ensino de Geografia; estudantes envolvidos na iniciao cientfica; coordena-dores de cursos de graduao em licenciatura plena em Geografia; coordenado-res de prticas e de estgios, e demais interessados na sua temtica.

  • GT - 1Linguagens para

    o ensino de geografia

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 15

    A construo de mapas mentais no ensino de geografia: contribuies

    para a educao bsica

    Alyne Rodrigues Cndido LopesUniversidade Federal de Gois

    [email protected]

    Denis RichterUniversidade Federal de Gois

    [email protected]

    REsuMO: Nesse artigo apresentamos o mapa mental um recurso cartogr-fico proposto para ser utilizado nas aulas de Geografia, a partir da articulao entre contedos, conceitos geogrficos e saberes aprendidos pelos alunos ao longo da formao escolar. A pesquisa foi realizada numa escola pblica da ci-dade de Goinia com alunos de Ensino Mdio. buscamos conhecer as prticas dos professores de Geografia que atuam nessa fase da escolarizao e colaborar tanto na formao continuada desses profissionais como contribuir no desen-volvimento de atividades escolares atreladas ao uso do mapa mental. A produ-o de mapas mentais se mostrou muito importante para a aprendizagem dos alunos, pois por meio dela os estudantes puderam pensar sobre o seu espao de vivncia e os professores tiveram condies de identificar ou estar a par dos avanos e/ou dificuldades dos alunos em relao aos contedos de Geografia.

    Palavras-chave: Ensino de Geografia; Linguagem Cartogrfica; Mapas Mentais.

    Introduo

    O presente artigo resulta de uma pesquisa1 desenvolvida com alunos do Ensino Mdio que procurou integrar nas aulas de Geografia a utilizao da linguagem cartogrfica por meio da elaborao de mapas mentais e com isso, contribuir para o ensino de Geografia. O domnio da linguagem cartogrfica possibilita aos indivduos extrair, comunicar e analisar informaes em vrios

    1. PROLICEN/UFG.

  • 16 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    campos do conhecimento. No mbito da Geografia, espera-se que a Cartografia proporcione a leitura, anlise e compreenso dos fenmenos espaciais.

    Alm de ler, analisar e compreender o espao atravs de mapas julgamos importante os estudantes saberem construir o seu prprio mapa e para isso, a proposta do mapa mental que exige do aluno uma anlise espacial, ou seja, uma leitura de mundo. importante destacar que os conceitos geogrficos lugar, regio, territrio e paisagem, por exemplo , so de extrema importncia para o desenvolvimento do trabalho escolar, por entender que esses conceitos podero ser representados por meio da linguagem cartogrfica e nessa articulao contri-buir ao processo de leitura do mundo (CALLAi, 2005).

    Nesse contexto, o mapa mental tem a caracterstica de associar em seu processo de construo contedos, conceitos e saberes aprendidos pelos indi-vduos ao longo de sua formao escolar. Ele pode ser usado como uma meto-dologia nas aulas de Geografia e atravs dele o professor poder saber quais as interpretaes que os estudantes tm sobre o espao, quais so os avanos e os limites dos mesmos em relao aos contedos geogrficos.

    Este trabalho teve como objetivo contribuir na integrao e uso de ma-pas mentais, como recurso didtico, nas aulas de Geografia do Ensino Mdio, a partir da articulao entre contedos, conceitos geogrficos e saberes aprendidos pelos alunos ao longo da formao escolar. procurou-se destacar a importncia da linguagem cartogrfica para o processo de ensino aprendizagem de Geografia, com a proposta de integrao do uso do mapa mental como uma ferramenta didtica que possibilita o desenvolvimento de uma leitura mais crtica do espao vivido.

    Mapas mentais no ensino de geografia

    A linguagem cartogrfica, dentre tantas outras, de suma importncia para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem de Geografia (ALMEidA, 2001). O mapa pode ser considerado uma das linguagens mais pertinente no que diz respeito ao estudo do espao, o qual objeto de estudo da cincia geogrfica. A linguagem cartogrfica permite uma leitura muito ampla das questes espa-ciais que interferem na organizao humana, a partir dos produtos cartogrficos como mapas, Atlas, croquis, cartas topogrficas, globo terrestre, mapas mentais, etc. Ento, seria equivocado dissociar o mapa dos estudos e das anlises do espa-o, contexto este que possibilita a construo de uma leitura do mundo, como destaca Callai (2005, p. 228),

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 17

    uma forma de fazer a leitura do mundo por meio da leitura do espao, o qual faz em si todas as marcas da vida dos homens. desse modo, ler o mundo vai muito alm da leitura cartogrfica, cujas representaes refletem as realidades territoriais, por vezes distorcidas por conta das projees cartogrficas adotadas. Fazer a leitura do mundo no fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora seja muito importante. fazer a leitura do mundo da vida, construdo cotidianamente e que ex-pressa tanto as nossas utopias, como os limites que nos so postos, sejam eles do m-bito da natureza, sejam do mbito da sociedade (culturais, polticos, econmicos).

    diante destes apontamentos, pode-se destacar a importncia de integrar s prticas pedaggicas de Geografia o uso da construo e leitura de mapas como linguagem pertinente ao desenvolvimento de um raciocnio geogrfico. para atender as perspectivas de construo de mapas e na formao de uma an-lise espacial, o mapa mental pode ser citado como um recurso cartogrfico muito eficiente. para Kozel (2007, p. 121) os mapas mentais so considerados uma representao do mundo real visto atravs do olhar particular de um ser humano, passando pelo aporte cognitivo, pela viso de mundo e intencionalidades. desse modo, o mapa mental torna-se um recurso didtico muito importante para o processo de ensino e aprendizagem de Geografia, pois sua construo vai exigir do aluno uma anlise espacial, sendo esta integrada com os conhecimentos geo-grficos que so ensinados na escola.

    Os conceitos geogrficos so construdos cotidianamente, mas na escola que eles so sistematizados. O professor de Geografia tem o papel de confrontar os conhecimentos produzidos fora da escola com os conhecimentos cientficos para que haja aprendizagem, pois um ensino que centra suas aes na busca de uma aprendizagem significativa dos alunos deve ter como ponto bsico o conhe-cimento dos prprios alunos (CAvALCANTi, 2011).

    Nesse sentido, o ensino de Geografia pode formar alunos leitores do mun-do, e esses alunos s podero se tornar leitores do mundo com base na leitura do seu lugar de vivncia. portanto, o mapa mental um recurso didtico que pode ser utilizado para o estudante fazer essa leitura do lugar em que vive ao propiciar a estes indivduos o desenvolvimento de um olhar mais atento ao espao, desde a construo do mapa at a anlise ou interpretao dessa linguagem.

    Metodologia

    Essa pesquisa est sendo desenvolvida numa escola pblica da rede esta-dual de ensino de Gois, localizada na regio Norte da cidade de Goinia/GO,

  • 18 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    com alunos do 2 e 3 anos do Ensino Mdio, desde setembro de 2012. Esse estudo tem sido realizado por etapas, a primeira foi fazer as leituras com o pro-psito de aprofundar os estudos sobre o tema Cartografia para escolares, mapas mentais e sua articulao com o ensino de Geografia.

    A segunda etapa foi a realizao de visitas escola para uma aproximao com os docentes. por meio de entrevistas buscamos identificar e analisar como tem sido desenvolvido o trabalho didtico-pedaggico de Geografia nas aulas do ensino mdio, para conhecer quais so as dificuldades e os desafios presen-tes no cotidiano escolar, principalmente no que se refere ao uso da linguagem cartogrfica.

    Essa etapa da pesquisa nos possibilitou reconhecer que o mapa tem sido utilizado frequentemente pelos professores em suas aulas, contudo o seu uso est mais atrelado s atividades de leitura do que a construo da linguagem cartogr-fica. Alm disso, os docentes ressaltaram o fato de que os estudantes entendem a Geografia como uma cincia distante do seu cotidiano, que dificilmente conse-guem estabelecer relaes diretas com suas prticas sociais.

    Em relao aos mapas mentais, os professores nos disseram que ele tem sido utilizado com os alunos nas aulas de Geografia do Ensino Fundamental e Mdio, mas que os estudantes dessa ltima fase da Educao bsica apresentam uma certa resistncia em elabor-lo, pois o consideram como uma atividade mais infantil. podemos destacar que esse contexto ocorre, muitas vezes, em razo do modo que os docentes solicitam e integram o mapa mental em suas atividades escolares, geralmente proposto apenas para representar o caminho casa-escola e sem uma articulao com os contedos trabalhados em sala de aula.

    Tendo por base o relato das prticas pedaggicas realizadas pelos profes-sores, partimos para a terceira etapa que foi a organizao e construo de um curso de formao continuada (com carga horria de 10 h/a) sobre a utilizao de mapas mentais nas aulas de Geografia, destinado aos docentes participantes desse estudo. Esse curso buscou contribuir na formao continuada desses do-centes e lhes dar subsdios tericos e metodolgicos referente ao ensino de Geo-grafia e Cartografia escolar, com destaque ao uso de mapas mentais.

    Aps a realizao do curso, partiu-se para a quarta etapa, nela foi proposta aos professores que integrassem em suas prticas escolares a atividade de produ-o de mapas mentais aos alunos do Ensino Mdio, proposta que foi aceita pelos docentes. No dia em que essa atividade de mapas mentais foi aplicada acompa-nhamos o desenvolvimento desse trabalho junto aos alunos, tanto para auxiliar

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 19

    os professores nessa tarefa como para observar o trabalho dos estudantes. de acordo com a proposta, os professores deveriam solicitar aos alunos a construo do mapa associado aos contedos que eram trabalhados em sala de aula, nesse sentido os temas de referncia dos mapas mentais foram: atividade agrcolas no brasil no 2 ano do ensino mdio (1 turma - 28 alunos) e conflitos mundiais e violncias no 3 ano do ensino mdio (3 turmas - 85 alunos). interessante destacarmos que esses temas tratavam de escalas nacionais, regionais e globais, mas para a construo dos mapas os alunos deveriam transpor esse conhecimen-to para a escala local, num exerccio de compreender como esses mesmos con-textos interferem ou ocorrem na dinmica da cidade de Goinia. Esse primeiro desafio j foi uma atividade muito pertinente para o desenvolvimento do racio-cnio espacial dos alunos.

    A partir da observao do incio ao fim da atividade de produo dos ma-pas percebemos que a maioria dos alunos de todas as turmas tiveram algumas dificuldades como, relacionar o tema com a cidade de Goinia e especializar esses fenmenos no mapa, redimensionar a escala, percepo de distncia, em fazer o mapa individualmente sem olhar o trabalho do colega.

    A quinta etapa foi a realizao da anlise dos mapas mentais elaborados pelos estudantes. procuramos identificar nessas representaes cartogrficas a presena dos seguintes metadados/categorias: rea geogrfica, elementos do mapa e contedo geogrfico, e tendo como referncia metodolgica a pesquisa de Richter (2011). Em relao a rea geogrfica, procuramos saber se os alunos haviam representado a escala da rua, do bairro ou da cidade. Nos elementos do mapa, observamos quais elementos foram utilizados pelos alunos ao constru-rem suas representaes, como ttulo, legenda, orientao, simbologia e uso da escrita, considerando que esses elementos so relevantes para o entendimento/leitura do mapa mental do aluno. sobre o contedo geogrfico, foi analisado se os alunos, ao construrem o mapa mental, conseguiram relacionar no espao ur-bano de Goinia a presena das atividades agrcolas (2 ano) e a presena/ao da violncia (3 ano), e tambm se tiveram um olhar crtico sobre esses fenmenos no espao da cidade. para analisar esse contexto levamos em considerao a inte-grao entre os conhecimentos cotidianos dos alunos com os saberes cientficos aprendidos nas aulas de Geografia.

    A sexta e ltima etapa foi uma visita feita escola para ser apresentado e comentado aos professores e alunos os apontamentos sobre os mapas mentais elaborados pelos estudantes. Alm disso, aproveitou-se nesse momento para de-bater com os alunos sobre a pertinncia do desenvolvimento dessa atividade em

  • 20 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    sala de aula, na contribuio da mesma para o aprendizado do contedo como tambm na interpretao dos professores das turmas a respeito dessa proposta didtica. percebemos que os alunos comearam a ver os mapas mentais com ou-tros olhos, ou seja, no como uma atividade infantil, mas que os fizeram pensar sobre o espao cotidiano em que vivem e apresentarem como o percebem.

    Resultados

    A construo do mapa mental realizada pelos estudantes pode indicar a importante contribuio e relao existente entre o conhecimento dos alunos sobre o espao da cidade, suas prticas cotidianas com os saberes cientficos ensinados nas aulas de Geografia, por meio dos contedos escolares. O conjunto das categorias rea geogrfica, elementos do mapa e contedo geogrfico que nos possibilitou uma interpretao sobre o desenvolvimento de uma apren-dizagem atrelada a mobilizao dos contedos, conceitos geogrficos e saberes aprendidos pelos alunos ao longo da formao escolar.

    Os alunos do 2 ano usaram, na maioria dos mapas, a escala da rua ou do bairro como rea geogrfica para espacializar a presena das atividades agr-colas na cidade de Goinia. Eles no fizeram nenhuma representao na escala da cidade. diante disso, identificamos que o conhecimento do lugar vivido foi fundamental para que os alunos pudessem atender a proposta do mapa e que os elementos do cotidiano so fortes e marcantes para que os estudantes possam cruzar os saberes cientficos com a leitura e anlise de suas prticas sociais. Esse contexto est fortemente associado ao que prez (2005, p. 36) destaca:

    O cotidiano como um significante flutuante do real-social, implica a compre-enso de que na vida cotidiana os significados no so fixos, se fundamentam na prtica e emergem do modo pelo qual so usados na prtica concreta. A construo de significados um processo coletivo, que se encontra em contnua negociao-reviso-renegociao; portanto, aes, interpretaes e significaes, s podem ser analisadas e compreendidas a partir dos contextos especficos de relaes nos quais foram gestadas.

    Nos elementos do mapa como, por exemplo, o ttulo esteve presente em poucos mapas, somente um aluno colocou a orientao; a legenda tambm no foi to significante nas representaes e nem o uso da escrita. Em relao ao con-tedo geogrfico na maioria das representaes os alunos identificaram a presen-a das atividades agrcolas, mas no fizeram uma analise crtica.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 21

    Muitos alunos do 2 tiveram certa dificuldade em relacionar o tema Ati-vidades agrcolas no brasil com o espao urbano. Entendemos que essa barreira destacada pelos alunos provm de uma ideia de que os espaos campo e cidade esto/so fragmentados e no se relacionam. O prprio professor nos relatou que vem procurando romper com essa concepo dos estudantes, mas que na ati-vidade de construo dos mapas mentais isso ficou mais evidente. Nesse sentido, tivemos que orientar grande parte da turma no desenvolvimento desse trabalho, ajudando-os a pensar como as atividades agrcolas estavam presentes na cidade, a partir do comrcio e venda em feiras, mercados, produo de hortas em quintais das casas ou no limite urbano da cidade. A seguir, so apresentados dois mapas de alunos do 2 ano do Ensino Mdio (Figura 01), que tinham como tema A produo agrcola na cidade de Goinia.

    Figura 01: Mapas mentais pro-duzidos pelos alunos do 2 ano ensino mdio.

  • 22 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Os alunos do 3 ano representaram em seus mapas mentais em maior pro-poro as escalas da rea geogrfica bairro e cidade , as escalas representadas nos fizeram pensar que o tema em questo (violncia na cidade de Goinia) superava apenas o conhecimento do espao mais prximo, como a rua ou o bair-ro, mas possibilitou aos alunos representarem distintos locais da cidade. Muitas informaes que os alunos tinham sobre a violncia eram provenientes de noti-cirios/imprensa que divulgava fatos relacionados a esse tema em diversos pon-tos da cidade. Em relao ao contedo geogrfico muitos alunos conseguiram destacar uma relao pertinente/crtica da violncia no espao urbano, pelo fato de alm de localizarem a violncia apresentaram o tipo de violncia e as possveis causas da violncia no espao representado.

    Os mapas a seguir (Figura 02) so um exemplo das imagens mentais dos alunos sobre a violncia na cidade de Goinia, eles espacializaram e destacaram o tipo de violncia em cada lugar da cidade e apresentaram algumas causas da vio-lncia como a falta de policiamento, alto ndice de assaltos/roubos e problemas sociais que esto fortemente associados s questes de violncia urbana.

    Figura 02: Mapas mentais produzidos pelos alunos do

    3 ensino mdio.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 23

    A partir do desenvolvimento da atividade e dessa anlise, tivemos condi-es de observar que a produo de mapas mentais se mostrou muito importante para a formao dos alunos, pois por meio dela os estudantes puderam pensar so-bre o seu espao de vivncia, refletir sobre contextos que ainda no tinham per-cebido na cidade, seja na escala da rua, do bairro ou de toda extenso da cidade, e os professores de posse desses mapas tiveram e tero condies de identificar ou estarem a par dos avanos e/ou dificuldades dos alunos em relao aos contedos escolares ensinados nas aulas de Geografia.

    Consideraes finais

    Ao longo do desenvolvimento da pesquisa o mapa mental se mostrou um recurso didtico pertinente para ser trabalhado na Educao bsica, pois sua aplicao permite ao professor verificar as leituras sobre o espao e a aprendiza-gem dos alunos em relao aos contedos ministrados durante as aulas. por isso, destacamos a importncia da aplicao do mapa estar articulado ao contedo trabalhado pelo professor, para que o mapa no seja um recurso com um fim em si mesmo.

    Os mapas mentais tem uma caracterstica importante permitem ao aluno expressar suas mltiplas interpretaes, questes, dvidas ou anlises (Richter, 2011), contexto este que no possvel, de certo modo, ser feito nos mapas pa-dronizados pelo fato dos mesmos terem sido produzidos por outros indivduos.

    Nesse estudo, os mapas mentais construdos pelos alunos puderam apre-sentar como o conhecimento cotidiano foi fundamental para contribuir numa anlise crtica do espao, principalmente no caso dos alunos do 3 ano que con-seguiram realizar uma leitura crtica sobre a violncia na cidade de Goinia. Esse contexto, em concordncias com as pesquisas de Callai (2005) e Cavalcanti (2011), nos indicam a necessidade de buscarmos meios para darmos vozes aos alunos no processo de ensino e aprendizagem de Geografia.

    Referncias

    ALMEidA, Rosngela doin de. Do desenho ao mapa: iniciao cartogrfica na escola. so paulo: Contexto, 2001.

    CALLAi, helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. in: Cadernos do Cedes/Centro de Estudos Educao sociedade. vol. 25, n. 66. (maio/ago 2005) so paulo: Cortez, 2005. p. 227-247.

  • 24 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    CAvALCANTi, Lana de souza. Jovens escolares e suas prticas espaciais cotidianas: o que tem isso a ver com as tarefas de ensinar Geografia. in: CALLAi, helena Copetti. [et al] (org.). Educao Geogrfica: reflexo e prtica. iju: Ed. uniju, 2011. p. 35-59.

    KOZEL, salete. Mapas mentais uma forma de linguagem: perspectivas metodolgi-cas. in: KOZEL, s. [et al] (orgs.). Da percepo e cognio a representao: reconstruo tericas da Geografia Cultural e humanista. so paulo: Terceira Margem; Curitiba: NEER, 2007. p. 114-138.

    pREZ, Carmen Lcia. imagens do conhecimento do mundo. Mapas mentais e espaos praticados. uma investigao sobre as lgicas operatrias e as prticas espaciais das crian-as das classes populares. in: Caesura: Revista de Cincias sociais e humanas / universi-dade Luterana do brasil, n. 27 (jul./dez., 2005). Canoas: uLbRA, 2005.

    RiChTER, denis. O mapa mental no ensino de Geografia: concepes e propostas para o trabalho docente. so paulo: Cultura Acadmica, 2011.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 25

    A imAgem como recurSo didtico no enSino de geogrAfiA: o cASo do colgio eStAduAl

    AlcntArA de cArvAlho, JAtA (go)

    Uerlei de Jesus Universidade Federal de Gois

    [email protected]

    Jordana Rezende Souza LimaUniversidade Federal de Gois

    [email protected]

    REsuMO: O uso da imagem foi bastante utilizado no pretrito e tem-se difundido cada vez mais na atualidade, devido disseminao de aparelhos eletrnicos de informao (computador, tablete, dvd, mquina fotogrfica, celular etc.). desta forma, elegemos dentre as diversas formas de linguagem existentes a imagem como recurso didtico para discusso na prtica docente. Este estudo traz como tema a importncia do recurso didtico na mediao do ensino de Geografia, sobretudo com a utilizao da imagem no processo de ensino-aprendizagem. O presente trabalho1 foi desenvolvido com alunos do 3 ano do Ensino Mdio no Colgio Estadual Alcntara de Carvalho, locali-zado no municpio de Jata (GO), e teve como finalidade apresentar a imagem como recurso didtico para contribuir com ensino de Geografia na prtica docente. Como procedimentos metodolgicos utilizaram-se de bibliografias que abortassem o tema, ministrao de aulas, relacionando imagens aos con-tedos trabalhados e aplicao de questionrio para os estudantes. Os resulta-dos apresentam pouco uso da imagem pelo professor de Geografia do presente colgio, percebe-se que os estudantes consideram a imagem muito importante na construo do conhecimento, tendo em vista que 74% afirmaram ser im-portante o uso da imagem para a compreenso dos contedos.

    Palavras-chave: Educao, Recurso didtico, Ensino-aprendizagem, Metodologia.

    1. Este trabalho aborda parte do estudo apresentado em monografia, realizada na Universidade Federal de Gois Coordenao de Geografia (JESUS, 2014).

  • 26 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Introduo

    As linguagens no ensino de Geografia so utilizadas h tempos, mas, atual-mente com a revoluo tcnico-cientfica passam a ter mais possibilidade no seu uso, devido disseminao de aparelhos eletrnicos, digitais e transmisses via satlite. segundo santos (2008), os progressos tcnicos que, por intermdio dos satlites, permitem a fotografia do planeta, permitem-nos uma viso emprica da totalidade dos objetos instalados na face da terra. Essa tecnologia pode propor-cionar condies para usar diferentes tipos de linguagens no ensino de Geografia.

    Este trabalho realizado no Colgio Estadual Alcntara de Carvalho (CEAC) com a turma do 3 ano do ensino mdio noturno, traz a imagem como recurso didtico no ensino de Geografia, alm de avalia a aceitao dos estudan-tes sobre o uso da imagem na sala de aula.

    O ensino de Geografia com o uso de imagem vem para facilitar a com-preenso dos contedos, sobretudo para atrair a ateno e buscar uma melhor forma de envolvimento e de compreenso por parte dos alunos. diante disso, uma das funes primordiais da imagem a funo pedaggica ( JOLY, 1994, p. 52, grifo do autor).

    O uso de imagens sempre esteve presente no cotidiano das pessoas desde os tempos mais remotos, sejam por meio de pinturas rupestres, pinturas a leo, fotografias, revistas, televiso, jornais, computador ou embalagens de produtos. Entretanto, a sociedade contempornea passa atualmente por um processo de transformao jamais visto na histria da humanidade, a qual exige das pesso-as constante contato com diversas tecnologias, principalmente aquelas voltada para as reas da eletrnica e da informtica, surgidas a partir da revoluo tcni-ca-cientfica. isso exige que a educao acompanhe tais mudanas, exigindo que os professores tenham domnio de tecnologias e faam uso das mesmas como recurso didtico. Alm da facilidade na atualidade na obteno de imagem ser muito grande, seja pela internet, celular, mquina fotogrfica dentre outras.

    porm, o uso de imagem no ensino de Geografia precisa ser associado realidade do aluno, para que ele possa refletir quanto as suas vantagens e des-vantagens em seu uso. Conforme os parmetros Curriculares Nacionais (pCNs, 1998), fundamental que o professor reflita com seus alunos sobre a importn-cia das novas tecnologias para essas transformaes.

    Neste sentido, pretende-se contribuir para o trabalho docente, para que a relao entre professor-aluno e aluno-aluno se torne mais prazerosa. Fazer com que o estudante tome conscincia da importncia do estudo escolar e colabora-

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 27

    ram na construo do conhecimento geogrfico de forma dinmica e eficaz com o uso da imagem.

    O presente trabalho foi desenvolvido em trs etapas, a primeira foi recor-rida a pesquisa bibliogrfica acerca das linguagens no ensino de Geografia, no segundo momento fora ministrado aula com a utilizao de imagens associadas ao contedo de Geografia e na terceira etapa foi aplicado um questionrio para os estudantes.

    Metodologia

    As atividades foram desenvolvidas no municpio de Jata (GO), onde se encontra o Colgio Estadual Alcntara de Carvalho (Mapa 01), localizado na Rua Rio verde n 287, vila Olavo, Jata, mantido pelo poder pblico Estadual, vinculado secretaria Estadual de Educao sob a responsabilidade da subsecre-taria Regional de Educao de Jata.

    Mapa 01 Localizao do Colgio Estadual Alcntara de Carvalho (CEAC), municpio de Jata (GO).

    Fonte: sistema Estadual de Estatsticas e informaes Geogrfica de Gois.Organizao: Carvalho, L. s., 2013.

  • 28 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    O CEAC funciona atualmente em trs turnos e possui 404 alunos matri-culados. possuem dois aparelhos datashow, um laboratrio de informtica com 30 computadores, quadra poliesportiva e biblioteca.

    participaram da pesquisa sobre o uso e a importncia da imagem no en-sino de Geografia 34 alunos do 3 ano do ensino mdio noturno. utilizou-se como metodologia uma pesquisa de natureza qualitativa, por meio de pesquisa bibliogrfica e pesquisa de campo. Conforme Lakatos (2010), pesquisa de cam-po aquela utilizada com o objetivo de conseguir informaes e/ ou conheci-mentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou ainda, de descobrir novos fenmenos ou ralao entre eles.

    A pesquisa foi desenvolvida em trs etapas, a saber: reviso bibliografia acerca do uso de linguagens no ensino de Geografia; ministrao das aulas de geografia com contedos associados exibio de imagens; e aplicao de ques-tionrio aos alunos para avaliar a eficincia e eficcia do uso de imagens nas aulas.

    Resultados e discusso

    A imagem como recurso didtico no processo de ensino-aprendizagem vem para facilitar a compreenso dos contedos, sobretudo pelo fato da preca-riedade que se encontra as escolas pblicas. Numa sociedade de classes, a classe dominante no quer que os proletariados e seus filhos tenham acesso leitura2. dessa forma, o ensino de Geografia deve chegar da melhor forma para os estu-dantes, para que eles possam entender melhor os contedos no processo de ensi-no-aprendizagem. portanto, preciso que o professor busque diferentes recursos didticos, a imagem aqui vem proporcionar condies para que o aluno entenda o contedo estudado. Neste processo, o uso da imagem possibilita outra forma de ensinar o aluno a compreender o contedo, se utilizada como recurso did-tico pode vim a facilitar seu entendimento como ressalva Mussoi (2008, p. 08):

    utilizada como recurso didtico no ensino de geografia, a fotografia desenvolve no aluno sua percepo visual sobre o espao retratado. Ela no substitui tex-tos ou outras fontes de informaes geogrficas, mas se agrega a estes recursos cabendo ao professor ao fazer uso de diferentes linguagens, opo de incluir a fotografia como mais uma possibilidade para tornar as aulas mais dinmicas e prazerosas.

    2. Veja-se como exemplo de sociedade de classes em Conformismo e Resistncia: aspectos da cultura popular no Brasil. de Marilena Chaui (1986).

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 29

    O ensino de geografia deve fazer parte da realidade do aluno, fazer com que ele possa entender o processo de transformao que ocorre no mundo, e para que haja xito no ensino de geografia os professores devem estar atentos a desen-volver habilidades de percepo do espao, com metodologias que possibilitem uma viso dialtica das transformaes. Nesse sentido, os pCNs (1998, p. 25) afirmam que, a Geografia uma rea de conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensvel para os alunos, explicvel e passvel de transformaes.

    Os recursos didticos devem ser utilizados de forma adequada, onde o professor tenha conhecimento do material que est utilizando, para que pos-sa ser um poderoso instrumento didtico, e apresentar resultados significativos para a aprendizagem, se utilizado corretamente na sala de aula. Mas para isso de acordo com pontuschka, paganelli e Cacete (2009, p. 215):

    Os recursos didticos [...], na qualidade de mediadores do processo de ensino--aprendizagem, nos diferentes nveis, obedecem, em sua seleo e utilizao, a alguns critrios, tais como adequao aos objetos propostos, aos conceitos e contedos a ser trabalhados, ao encaminhamento do trabalho desenvolvido pelo professor em sala de aula e as caracterstica da turma.

    desse modo, para utilizar os recursos didticos antes preciso adequ-los a realidade de cada turma, para que possa ser utilizado no processo de ensino--aprendizagem. Ainda a referida autora, a esse respeito afirma que: Esses recur-sos, se adequadamente utilizados, permitem melhor aproveitamento, [...], maior participao e interao aluno-aluno e professor-aluno (pONTusChKA, pAGANELLi e CACETE 2009, p. 216). para que seja profcuo o uso de dife-rentes imagens, preciso que haja relao entre os contedos e as imagens utili-zadas no ensino de Geografia, no basta usar este recurso apenas de forma vaga, preciso contextualizar com o tema abordado.

    No caminho de uma educao de qualidade importante o educador ter conscincia da precariedade da educao pblica no brasil, entender a importn-cia do seu trabalho, e com isso, buscar na prtica do ensino minimizar esse pro-blema. As linguagens no ensino de Geografia devem ser utilizadas para aumentar a qualidade e a compreenso dos contedos estudados, assim, o educador tem a possibilidade de mediar o conhecimento utilizando a imagem e fazer com que o educando faa leitura do mundo atravs desse recurso didtico, dinamizando desta forma o processo de ensino-aprendizagem.

  • 30 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Os estudantes que participaram da pesquisa em sua maioria (97%), esto numa faixa etria entre 15 a 20 anos, os outros estudantes, representando 3%, possuem de 26 a 30 anos. Acerca do exerccio de atividade remunerada, 44% dos estudantes afirmam exercer atividades desse tipo. O gnero predominante entre os estudantes o feminino, representado por 59% dos estudantes.

    Em relao ao motivo que levam os alunos a estudarem, em primeiro lu-gar, apontam a busca pela profissionalizao (44%), seguido pela necessidade de escolarizar (24%), passar no vestibular (18%) e em ltimo lugar, buscando o conhecimento e a execuo dos direitos e deveres do cidado (15%). Nota-se que grande parte dos estudantes so motivados estudar para adquirir algum tipo de profissionalizao, ou seja, querem se capacitar para tornarem-se aptos ao mercado de trabalho. Evidenciando que os estudantes dispem de poucos re-cursos financeiros e so obrigados a iniciarem o mais rpido possvel no mercado de trabalho. A minoria dos estudantes veem na escola um smbolo do conheci-mento e uma instituio que possa auxiliar na execuo dos direitos e deveres do cidado, bem como os direitos polticos. segundo vasconcelos (1992), o edu-cador, muitas vezes, espera que o educando tenha interesse, motivao pelo que vai aprender, sem que ao menos tenha tido um contato com o objeto, para saber do que se trata. Trazer para sala de aula valores quanto ao trabalho uma forma para que o estudante tenha interesse nas aulas, j que a maioria dos alunos busca a profissionalizao.

    sobre a execuo das aulas de Geografia os estudantes caracterizaram-na como aulas dinmicas e participativas (47%), seguido por aulas cansativas e en-fadonhas (38%), e por fim (15%) os estudantes as definem com outras carac-tersticas. Entretanto, nota-se pouca motivao para se estudar a disciplina de Geografia.

    Nessa perspectiva, percebemos a importncia do uso da imagem para atrair a ateno do aluno e consequentemente incentiv-lo a estudar tal discipli-na. O professor de Geografia precisa usar linguagens na sala de aula para atrair o estudante e fazer com que eles interajam com os contedos. segundo Guimares (2007) o ensino de Geografia deve ser trabalhado pelo professor por meio da uti-lizao de diferentes linguagens que favoream aos alunos produzir e expressar ideias, opinies, sentimentos e conhecimento sobre o mundo.

    dessa forma, a utilizao de tais mtodos, possibilita fazer com que esses estudantes (38%) que caracterizam as aulas de Geografia como cansativas e en-fadonhas interajam com as linguagens diferenciadas, nesse caso com a utilizao da imagem, e passem a participar das aulas de forma dinmicas e participativas.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 31

    Quanto aos contedos ministrados pelo professor de Geografia do CEAC, a maioria dos estudantes responderam que pouco compreensvel (71%), enquanto apenas 29% aponta ser muito compreensvel. Acerca da relao que os estudantes fazem entre o contedo visto nas aulas de Geografia, e o seu dia a dia, a maioria (65%) afirma que esses contedos pouco auxiliam em seu co-tidiano, 26% afirma que auxiliam muito, e apenas (9%) afirma que em nada auxi-liam. percebemos que os estudantes no esto sendo capacitados a compreender que a Geografia est presente em seu dia a dia. para Cavalcante (2002), em suas atividades dirias, alunos e professores constroem Geografia, pois ao circularem, brincarem, trabalharem pela cidade, pelos bairros, constroem lugares, produzem espao, delimitam seu territrio (CAvALCANTi, 2002, p.13).

    Concordando com a autora supracitada, a Geografia de fato faz parte do dia a dia das pessoas, e percebe-se que os estudantes no conseguiram compre-ender esta relao. sendo assim, chama-se a ateno para o uso de imagem para contribuir com o entendimento e apreenso do conhecimento geogrfico.

    Em relao dificuldade de leitura do contedo atravs material didtico, 65% dos estudantes afirmam no ter nenhuma dificuldade, 32% tm um pouco, e somente 3% afirmou ter muita dificuldade na leitura do material didtico. des-sas dificuldades o que mais pesa a interpretao (47%), depois gramtica (9%) e 3% enumeraram outras dificuldades.

    Os estudantes apontam que dos recursos tecnolgicos utilizados pelo professor do CEAC em sala de aula, o datashow teve destaque, representando 74% (Grfico 01). Observa-se que, computador, retroprojetor, internet e outros ficaram com a mesma percentagem (5%) cada.

    A televiso, vdeo e imagem atingiram a menor percentagem, represen-tando 3%. portanto, percebermos a pouca utilizao da imagem no ensino de Geografia pelo professor. para pontuschka, paganelli e Cacete (2009) a escola responsvel pelo acesso informao e ao conhecimento, alm de promover o reconhecimento da importncia do uso das novas tecnologias. Logo, preciso que o professor busque junto ao colgio novas tecnologias para serem usadas em sala de aula, com o intuito de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.

    A utilizao de imagens durante as aulas de Geografia para a explicao dos contedos no muito comum no CEAC, apenas 12% dos estudantes afir-maram que a imagem utiliza em mais de 75% das aulas; 24% dos estudantes que afirmam que est entre 51 a 75%, seguido por 38% deles que afirmaram que essa proporo est entre 26 a 50%, e por fim 26% dos estudantes relatam que essa proporo fica abaixo de 25%.

  • 32 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Grfico 01- percentagem de recursos tecnolgicos utilizado pelo professor do CEAC na perspectiva dos estudantes.

    Fonte: JEsus, u. de, 2013.

    Os estudantes reconhecem que a utilizao de imagem para a compre-enso dos contedos, de muita valia e torna as aulas mais prazerosas, j que a grande maioria aponta (74%) ser muito importante, e apenas 26% apontou ser um pouco importante. diante disso, necessrio considerar que o uso da imagem benevolente na viso dos estudantes, isso nos mostra, que a imagem como recurso didtico no ensino de Geografia proporciona maior participao dos estudantes, e consequentemente facilita o processo de ensino-aprendizagem.

    Nessa perspectiva, dias (2012, p. 11) ressalva que, ensinar Geografia uti-lizando mltiplas linguagens como recurso metodolgico uma estratgia para que as aulas se tornem mais interessantes e, assim, despertem a ateno dos alu-nos. A insero de novas tecnologias amplia a maneira de usar diferentes tipos de imagens, sendo assim, o professor pode adaptar a imagem utilizada com a realidade do aluno.

    Constatou-se que atravs do uso de slides, fotografias, charges e outras ilustraes nas aulas de Geografia, os estudantes se sentem mais motivados e incentivados a participarem das aulas, 62% apontam sentir-se um pouco mo-tivados, seguidos 35% que apontaram se sentirem muito motivados, e 3% no responderam. Essa motivao dos alunos colaborou e facilitou a compreenso

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 33

    dos contedos ministrados por meio da utilizao das imagens, pois 50% dos estudantes afirmou que as imagens facilitaram muito o entendimento sobre o assunto abordado, seguidos 47% dos estudantes que afirmaram que o auxlio foi pouco, e 3% no responderam.

    Quanto frequncia no uso da imagem nas explicaes dos contedos, a maioria (82%) dos estudantes respondeu que gostaria que fosse usada com mui-ta frequncia, seguidos por um pouco (15%) e a menor percentagem (3%) no responderam.

    Aps as aulas com ministrao de contedos e insero de imagens e outras ilustraes relacionadas aos mesmos, observou-se que do total dos en-trevistados, 94% aprovaram o uso da imagem. A maioria dos alunos apontou terem ficado satisfeitos (65%) com o uso das imagens na sala de aula, seguidos por 29% deles muito satisfeitos, e apenas 3% ficaram pouco satisfeitos, 3% no responderam.

    Estes resultados corroboram a satisfao dos estudantes aps o uso da imagem ter mediado o ensino de Geografia, possibilitando assim uma melhor relao entre os alunos, bem como entre o professor e os alunos.

    sabido que as escolas pblicas no dispem de vastos recursos didticos, em geral, conforme Guimares (2009), em muitas escolas pblicas nem sequer possuem salas de informtica disposio dos alunos. Entretanto, possvel observar que muitas escolas j possuem aparelho de datashow, como o caso do CEAC, sendo assim torna-se possvel trabalhar com imagens no ensino de Geografia.

    da percebe-se o papel importante do professor em sua prtica pedag-gica, na qual ele deve buscar ministrar aulas dinmicas, onde haja interao en-tre professor e aluno, pois isso fundamental para o aprendizado dos alunos, e para isso, salienta-se a importncia do recurso didtico para o processo de ensino-aprendizagem.

    Consideraes finais

    O uso de linguagens no ensino de Geografia de grande importncia para a construo do conhecimento, ela pode proporcionar outra forma de percep-o da realidade. A imagem como recurso didtico quando relacionada com o contedo no ensino de Geografia traz outra perspectiva de compreenso, dando condies para o estudante entender o contedo estudado. evidente que so-mente a imagem no possibilita a compreenso dos contedos estudados, mas se

  • 34 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    usada como auxiliadora nas atividades em sala de aula, certamente seu uso ser profcuo na mediao do conhecimento.

    Reforamos o uso da imagem como metodologia no ensino de Geografia para facilitar e dinamizar o contedo estudado, motivar a compreenso dos alu-nos frente ao processo de globalizao mundial. Na atualidade a imensa maioria dos estudantes tem acesso a diferentes tipos de imagens, sejam elas outdoors, re-vistas, internet, televiso dentre outras, trazer essa realidade para a sala de aula de grande importncia, sobretudo porque muitas vezes a imagem usada de forma ideolgica e/ou manipuladora pelos meios de comunicao. discutir os contedos atravs da imagem, diversifica a maneira de ministrar aula e possibi-lita maior interao entre aluno-aluno e professor-aluno, alm de auxiliar esses alunos a construrem um pensamento crtico em relao a essas imagens que lhes so servidas diariamente.

    Evidente que aqui no pretende incentivar a reduo das leituras de tex-tos, pelo contrrio, pretendemos incentiv-las, sobretudo pelo fato de que quan-do os alunos no entendem o que est sendo lido, a tendncia rejeitar a leitura. Com o auxlio da imagem possvel que o aluno compreenda melhor o que est lendo. Neste sentido, quando a leitura compreendida certamente o aluno tem prazer em continuar a leitura, dessa forma adquirindo mais conhecimento.

    Considerando os avanos tecnolgicos nas reas de informtica e trans-misso via satlite, entende que esses recursos so pouco usados na educao. As possibilidades de obter imagens atravs de aparelhos eletrnicos digitais so muitas, sendo assim, tm-se vrias possibilidades de relacionar imagens aos con-tedos. A partir da atrair a ateno dos alunos para esses contedos e conse-quentemente tornar as aulas mais dinmicas e participativas.

    Os resultados alcanados por meio dessa pesquisa no CEAC evidenciam que o uso da imagem possibilita uma maior interao entre os alunos e o profes-sor, dessa forma contribuindo para o processo de ensino-aprendizagem. sendo assim, considera-se que o presente trabalho serve como ferramenta para a melho-ria do ensino de Geografia.

    Apesar da precariedade e das dificuldades enfrentadas nas escolas pbli-cas, percebe que possvel fazer uso da imagem no ensino de forma geral, so-bretudo devido ao acesso s tecnologias que podem ser adquiridas, em muitos casos, por um baixo custo, facilitando assim, a insero da imagem no processo de mediao dos contedos escolares.

    Entende-se que cada linguagem possui suas especificidades, e que o uso da imagem como recurso didtico facilitador do processo de ensino-aprendizagem,

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 35

    no exclusivo. Entretanto o uso da imagem pode complementar outras formas de ensino, pois quando trabalhada em parceria com a leitura de material textual, certamente auxiliar na compreenso dos estudantes.

    Referncias

    bRAsiL, Ministrio da Educao e desporto. secretaria de Educao Fundamental. pa-rmetros Curriculares Nacionais. Geografia. braslia. 1998. 156p.

    CAvALCANTi, Lana de souza. Geografia e prtica de ensino. Goinia: Ed. Alternativa, 2002. 127 p.

    diAs, Anglica Mara de Lima. Ensino de geografia: linguagem representao e smbolos. Campina Grande: REALiZE Editora, 2012, p. 132-145.

    GuiMAREs, iara. Ensino de Geografia, mdia e produo sentidos. Terra livre geo-grafia e ensino, presidente prudente, ano 23, v.1, n. 28, p. 45-66, 2007.

    GuiMAREs, iara. possibilidades criativas no ensino de Geografia: diferentes regis-tros e linguagens na sala de aula. in: FONsECA, selma Guimares. Ensino fundamental contedos, metodologias e prticas. Campinas, sp: ed. Alnea, 2009, p. 313-334.

    JOLY, Martine. Introduo anlise da imagem. Lisboa, Ed. 70 digitalizado por sou-za, R. 1994. 175p.

    LAKATOs, Eva Maria, MARCONi, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cientfica. 3. ed. so paulo: Atlas, 1991. 270p.

    MussOi, Arno bento. A fotografia como recurso didtico no ensino de geografia. Guara-puava, 2008. disponvel em http://www.uesb.br/eventos/ixsegeo/arquivos/pdf. Acesso em: 09/10/2013.

    pONTusChKA, Ndia Nacib; pAGANELLi, Tomoko Lyda; CACETE, Nria han-glei. Para ensinar e aprender geografia. so paulo: Cortez, 2009. 383p.

    sANTOs, Milton. Tcnica, espao, tempo: globalizao e meio tcnico-cientfico-infor-macional. 5. ed. so paulo: Editora da universidade de so paulo, 2008. 174p.

    vAsCONCELLOs, Celso dos santos s. Metodologia dialtica em sala de aula. in: Revista de educao AEC. braslia: Abril de 1992 (n. 83).

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 37

    A linguAgem grficA no enSino de climAtologiA: contribuieS formAo

    de profeSSoreS do enSino bSico de geogrAfiA

    Aristeu Geovani de Oliveira1 UEG/UnU Morrinhos,

    [email protected]

    Marta de Paiva Macdo2

    UEG/UnU Morrinhos, [email protected]

    REsuMO: Objetiva-se com esse estudo destacar a importncia das represen-taes grficas no ensino superior de climatologia, como subsdio aprendi-zagem dos graduandos3 de Geografia. A iniciativa partiu de experincias no ensino superior em disciplinas especficas da formao inicial em Geografia, quanto s dificuldades dos graduandos para aprender por processos de pen-samento, no ensino de contedos sobre clima. para tanto, buscou-se amparo nas regras semiolgicas dos mtodos da cartografia temtica, e no domnio dos contedos de climatologia, uma didtica colocada pela linguagem nas in-teraes verbais enunciativas dos contedos de ensino. pde-se notar que, as representaes grficas utilizadas para subsidiar o ensino podem potencializar a eficincia do processo de aprendizagem dos contedos, ao permitirem colo-car questes fundamentais aos graduandos quanto aos temas representados, conjugando linguagem grfica com enunciados capazes de subsidiar a prtica docente4. Nessa perspectiva, considera-se o ensino apoiado em elaboraes enunciativas que encaminhem o desenvolvimento de processos cognitivos na direo do raciocnio lgico-matemtico para expressar habilidades na leitura, anlise e interpretao de grficos. A importncia desse estudo reside entre outros fatores, recente implantao do Currculo Referncia da Rede Esta-dual de Educao de Gois que estabelece normas ao ensino de Geografia na

    1. Pesquisador em Climatologia Geogrfica.

    2. Pesquisadora em Ensino de Cartografia. Estagiria de Ps-Doutorado no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofa, Cincias Humanas e Letras FFLCH/USP, sob a superviso do Professor Doutor Marcello Martinelli.

    3. Os termos discentes e graduandos esto sendo utilizados indistintamente nesse estudo, e, alunos para designar os alunos da Educao Bsica.

    4. Docente e professor esto sendo utilizados como sinnimos nesse estudo.

  • 38 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Educao bsica, ou seja, aos futuros alunos dos graduandos de Geografia, em Gois, por referenciais cartogrficos.

    Palavras-chave: linguagem grfica, ensino superior, climatologia, formao de professores.

    Introduo

    A partir de experincias no ensino superior de Geografia, na universida-de Estadual de Gois, e, de preocupaes com a prtica docente, o presente estu-do consiste uma aproximao entre o ensino de climatologia com a cartografia temtica, em especial, com o uso de grficos como linguagem na comunicao visual dos contedos, visto que, as representaes grficas como linguagem, con-sistem uma postura que pode ser admitida para se trabalhar com a cartografia temtica no ensino.

    No sentido de dar sequncia aos estudos j realizados, agora experimenta-dos na ao didtica da sala de aula, objetiva-se mostrar como as representaes grficas servem ao ensino-aprendizagem sobre clima no mbito da academia.

    para tanto, parte-se da constatao de que os graduandos (futuros profes-sores do Ensino bsico de Geografia), pouco ou nada sabem sobre os contedos de climatologia, quando iniciam a Graduao. recorrente o fato de se deparar durante as aulas de climatologia com discentes que sempre apontam a falta de uma base de conhecimentos para aprender processos referentes a diversas disci-plinas na graduao.

    desse modo, entrevemos uma ao didtica que pode mobilizar a ativida-de cognitiva discente buscando o sentido dos contedos, expressos pela cartogra-fia presente nos diversos temas da disciplina de climatologia, apesar de compor--se de instrumentos simblicos de ensino, ditos especiais, a exemplo dos grficos.

    passa-se a consubstanciar os contedos de ensino pelos recursos cartogr-ficos, que, via de regra, sempre tem algo a dizer. Tal afirmao corrobada pelo fato de que as representaes grficas no ensino podem expressar os contedos da informao, mediante linguagem grfica, caracterizada por sentido nico, como entendido por Martinelli (1999; 2013), assim, parte de um sistema monossmi-co integrado por regras semiolgicas que permitem mobilizar um conjunto de variveis visuais segundo a natureza dos dados a cada tema representado.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 39

    A lgica que fundamenta o conhecimento da cartografia temtica nessas bases, a dessa disciplina integrada por uma gramtica5 que permite o desen-volvimento do raciocnio metodolgico, medida que tem no reconhecimento da natureza dos dados representados caractersticas que os individualizam, nos diversos contextos de aplicao, luz das regras semiolgicas monossmicas. diz-se de uma gramtica grfica estruturada para comunicar dados quantitativos (Q), qualitativos (), e ordenados (O), mediante as trs principais abordagens dos fenmenos, com manifestao em pontos, linhas ou reas (MARTiNELLi, 2013).

    Essa linguagem tem um potencial explicativo que em grande parte, serve aprendizagem diferenciada dos contedos por conjugar a linguagem verbal e a linguagem visual (OLivEiRA & ROMO, 2013) em uma mesma base de da-dos. Trata-se de linguagem estabelecida por regras semiolgicas advindas de pilar francs com as importantes contribuies de Jacques bertin, serge bonin, alm de outros importantes nomes que ampliaram o repertrio francs, a exemplo do pesquisador Marcello Martinelli durante sua carreira docente na universidade de so paulo.

    por isso, ao dispor de tais instrumentos de ensino, preciso colocar-se criticamente diante dos mesmos como forma de antever sua eficincia em termos de comunicao visual. Esse seria o primeiro passo na direo da didatizao6 dos contedos, que no fiquem restritos ao processo apenas instrucional, mas que esteja apoiado em bases do conhecimento sobre os processos mentais que levem compreenso a partir de diversos entendimentos.

    pensar sobre os objetivos da construo grfica ao ensino dos diversos te-mas da geografia tarefa essencial quando h dificuldades no ensino e na apren-dizagem que dependem de uma postura crtica, ativa e funcional do professor.

    Nisso, baseia-se a necessidade e a importncia do domnio dos contedos especficos de climatologia, passando-se formulao da ao didtica, como ato pedaggico auxiliado pelos instrumentos ao ensino, sobretudo aqueles relacio-nados com a cartografia. E aqui, situa-se o ensino de climatologia com o apoio das representaes grficas como o foco dessa preocupao, cujos reflexos sero sentidos pelo futuro professor de Geografia da Educao bsica.

    5. A designao de gramtica para a cartografia atribuda ao cartgrafo francs Jacques Bertin, e assim, com-preendida por tratar-se de um tipo especial de gramtica estruturada em bases visuais de reconhecimento da natureza dos dados.

    6. Termo utilizado para expressar a postura docente no ensino.

  • 40 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Pelo ensino de climatologia: situando os procedimentos metodolgicos

    O caminho metodolgico ao ensino de climatologia contempla em gran-de parte o domnio dos contedos especficos dessa disciplina, mas tambm recebe auxilio das demais disciplinas e, principalmente da cartografia. Trata-se de coordenao sequencial do ensino sobre clima pelas representaes grficas, amplamente disponveis, e necessrias conduo das aulas.

    Especificamente, esse estudo foi elaborado considerando-se diferentes referncias dos estudos geogrficos da climatologia e da cartografia, mas tam-bm de estudos utilizados pela pedagogia de base psicolgica, alm de questes sobre linguagem, sem a qual no h processo comunicativo, consistentes com os estudos de bakhtin.

    Assim, os procedimentos da pesquisa foram: 1- Referenciais da linguagem verbal como recurso dialgico do processo

    comunicacional, tendo-se bakhtin (2010) como referncia concer-nente aos estudos da linguagem. Essa referncia foi considerada no sentido de reiterar as bases da aprendizagem, em detrimento do uso sofisticado de ferramentas de ensino consoante ao processo de ensinar a aprender por recursos que estabeleam interaes mediacionais com-patveis com a dimenso cognitiva do ensino. desse modo, elementos do enunciado como unidade da comunicao discursiva perpassaram todo o estudo;

    2- Elegeu-se um contedo especfico de climatologia considerado de difcil aprendizagem para os alunos da graduao em Geografia. O intuito dessa escolha foi consubstanciar a prtica docente do ensino desse contedo por escolha didtica edificada sob as bases pedaggicas que estabelecessem condies de aprendizagem consistentes com um trabalho mediacional. para tanto, apoiou-se nos estudo de Mendona & danni-Oliveira (2007) como forma de dispor de contedos sobre tipologia climtica brasileira. Na sequencia, colocou-se dados das Nor-mais climatolgicas do Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria, publicados em 1992, para considerar dados da precipitao e tempera-tura de duas cidades brasileiras, visando o ensino pela explicao dessas variveis climatolgicas;

    3- Fez-se apontamentos da relao entre o ensino de climatologia pela cartografia, sobretudo pelos grficos como instrumentos simblicos

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 41

    de ensino. Nessa perspectiva, os grficos que representam dados clima-tolgicos comparecem como instrumentos psicolgicos, ou seja, so elementos essenciais e especiais da dimenso cultural no processo de aprendizagem, que precisam do ato mediador para a sua compreenso;

    4- Elaborou-se quadro de referncias pedaggicas mediacionais do ensi-no superior de climatologia. Esse quadro contou com o apoio de ele-mentos da teoria da Experincia da Aprendizagem Mediada (EAM) em Feuerstein & Feuerstein (1991) e Kozulin (2000). sua funo foi subsidiar prticas de ensino e a aprendizagem de climatologia tendo--se parmetros nos recursos dialgicos para explicar os fenmenos cli-mticos e a dinmica climatolgica, sobretudo quando se apropria de instrumentos simblicos especiais nesse processo.

    Representaes grficas como linguagem no ensino superior de climatologia: resultados e discusso

    A utilizao das representaes grficas para ensinar determinado conte-do, pode ser um diferencial no processo de ensino-aprendizagem nos diferentes nveis do ensino, quer seja no ensino fundamental, mdio ou superior. disso, surge a premente necessidade, do professor buscar a cada aula, novas possibili-dades que permitam um ensino adequado dos contedos especficos, e aqui, o ensino de climatologia foco da preocupao frente a diversas dificuldades de aprendizagem com as quais se tem deparado.

    Na graduao em Geografia, o ensino de determinadas disciplinas tem consistido um desafio na medida que a sofisticao dos recursos de ensino tem se sobreposto a diversos entendimentos sobre as estratgias do desenvolvimento cognitivo. Esse um pressuposto importante de ser analisado no ensino superior.

    sabido que no processo de aprendizagem, a informao revelada sob a forma de representao grfica pode ser interpretada pelo leitor com maior facilidade do que se essa mesma informao estivesse apenas sob a forma textual. Como exemplo do processo de ensinar a partir da forma grfica, tem-se na apli-cao dos contedos especficos da disciplina de climatologia, desde o ensino fundamental ao superior os contedos ensinados diferenciando-se apenas quan-to ao nvel de profundidade e abordagem didtica, contudo, preciso conside-rar os saberes profissionais do estatuto do professor universitrio quanto ao seu emprego nos atos pedaggicos.

  • 42 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    A ttulo de exemplificao, toma-se o referencial terico disponibilizado para o ensino do contedo sobre tipologia climtica das diferentes regies do brasil, denominado de Climas do brasil. Ao discorrer sobre determinado sub-tipo climtico do brasil, em contedo para o Ensino superior, utilizando-se da classificao a partir da atuao das massas de ar, Mendona & danni-Oliveira (2007) afirmaram textualmente:

    A temperatura mdia anual desse tipo climtico situa-se entre 24C e 26C; por-tanto, clima quente, [...]. Em algumas reas, o ndice mdio anual [pluviomtri-co] est acima de 3.000 mm [...] ao passo que em outras no passa de 1.600 mm [...] (MENdONA & dANNi-OLivEiRA, 2007, p. 152).

    Na citao, os autores buscam apresentar para o leitor a diversidade cli-matolgica da regio em relao mdia pluviomtrica, considerando a extenso territorial, e observa que esta pode variar em funo de fatores como a localiza-o (latitude, maritimidade/continentalidade e altitude).

    Em referncia ao tipo climtico Equatorial (com subseca), sob o qual est localizada a cidade de Manaus-AM, destacam que:

    [...] esse subtipo apresenta elevadas temperaturas em todos os meses do ano, com um ou dois meses menos chuvosos ou de subseca. [...] Junho a outubro o pe-rodo menos chuvoso, e maro a abril caracterizam-se como o perodo chuvoso. Os meses de maior temperatura coincidem com aqueles de menor pluviosidade (MENdONA & dANNi-OLivEiRA, 2007, p. 154-155).

    Complementando a informao apontam que a regio [...] apresenta pe-quena amplitude trmica anual, chegando a um mximo de cerca de 10C de diferena entre as mdias mximas das temperaturas mximas, e a mdia mnima da mnima (p.155).

    sobre o Clima subtropical mido, no qual encontra-se a cidade de bag--Rs, os autores afirmam:

    uma das principais caractersticas [...] a sua maior regularidade na distribuio anual da pluviometria (entre 1.250 mm e 2.000 mm), associadas s baixas tem-peraturas do inverno. [...] As mdias anuais [temperatura] situam-se entre 14C e 22C, mas podem cair para cerca de 10oC nas partes mais elevadas [...] (MEN-dONA & dANNi-OLivEiRA, 2007, p. 178).

    Apenas com as informaes sob a forma de texto, dificilmente o gradu-ando poder ter uma suficiente compreenso sobre esses dois diferentes tipos de

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 43

    clima. Nesse caso, as informaes se tornam abstratas, considerando-se que so valores correspondentes s mdias obtidas em um perodo de tempo, o que de-pender de um esforo intelectual do aluno para a visualizao dessa informao.

    A informao pode ser melhor apresentada, quando acrescida dos valores numricos que levaram s caracterizaes supracitadas, mediante discriminao dos dados de temperatura e precipitao das referidas regies, conforme o Quadro 1.

    Figura 1- dados da precipitao e temperatura de Manaus - AM e bag - Rs

    MesesManaus - AM Bag - RS

    Precipitao(mm)

    Temperatura(C)

    Precipitao(mm)

    Temperatura(C)

    janeiro 260 26,1 115 24

    fevereiro 288 26 133 23,4

    maro 313 26,1 123 21,5

    abril 300 26,3 103 17,6

    maio 256 26,3 103 14,7

    junho 113 26,4 126 12,3

    julho 87 26,5 141 12,5

    agosto 58 27 123 13,3

    setembro 83 27,5 149 15

    outubro 125 27,6 130 17,5

    novembro 183 27,3 112 20,1

    dezembro 216 26,7 105 22,7

    Fonte: Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria. Normais climatolgicas (1961-1990) (1992).

    Considerando os dados apresentados acima, o discente/leitor dever pri-meiramente estabelecer uma relao de equivalncia entre os valores isolados de temperatura e precipitao de cada localidade, a fim de constatar a variao des-ses valores, em cada localidade, correlacionando como o perodo de tempo em que o mesmo ocorreu. Neste caso, a concluso se dar pontualmente, de forma individualizada para cada varivel, o que requer vrios exerccios de comparaes para a totalizao da srie de dados analisados.

    Embora se tenha no quadro todas as informaes referentes temperatu-ra e precipitao (mdias) das regies de referncia, os dados por si s no indi-

  • 44 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    cam de imediato uma viso totalizadora da realidade climtica local, uma vez que demanda por parte do leitor a leitura, anlise e interpretao de todos os dados apresentados, para que a partir de ento, o mesmo possa conceber mentalmente a realidade contida nos dados.

    Constata-se desse modo, que esse processo, exige do leitor, uma capacida-de de abstrao, para que o mesmo possa analisar esses valores individualmente, objetivando uma posterior comparao dos resultados e consequente constitui-o de um conjunto de operaes mentais capazes de evidenciar as diferenas observadas. Entretanto, as representaes pelos instrumentos simblicos como os grficos podem favorecer esses entendimentos, tornando-se em subsdios aprendizagem.

    Essa realidade constantemente vivida pelos professores de climatologia em sala de aula, quando estes, abordando os contedos especficos de tempera-tura e precipitao, apresentam aos graduandos, na forma de quadro os dados brutos colhidos diretamente das estaes meteorolgicas.

    Ao solicitar aos graduandos que os mesmos faam uma descrio do com-portamento da temperatura e precipitaes entre as duas localidades, estes tero que observar os valores das variveis de temperatura e precipitao de forma iso-lada, comparando primeiro o dado mensal da varivel em anlise (temperatura ou precipitao) nas duas localidades, at chegar ao resultado esperado. isto de-manda um conjunto de comparaes mentais at que se chegue a uma concluso passvel de sustentar a referida descrio.

    Assim, para que os dados brutos de precipitao e temperatura, apre-sentados na forma de quadro, possam ser lidos e traduzidos mentalmente, e se complete na sequncia do processo de aprendizagem, necessita-se de estratgias complementares que possibilitem a sua visualizao instantaneamente, de modo a se alcanar os diversos entendimentos que levem compreenso, assim, ao co-nhecimento. E aqui, insere-se o papel dos grficos e mapas como meio de apro-ximao entre os dados e um mecanismo facilitador desse conhecimento, atravs da representao grfica como instrumento de mediao.

    Nesse contexto, far-se- necessrio representar graficamente os dados para que os mesmos possam ser vistos, lidos, analisados e interpretados (MAR-TiNELLi, 2003; 2013), consistindo em instrumento que permita a codifica-o do dado abstrato pela forma grfica que auxilie a extrao da informao cognoscvel. Nessa perspectiva, a representao grfica dos fenmenos, torna-se imprescindvel como etapa do processo de mediao da aprendizagem, assim, do conhecimento.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 45

    A construo de climogramas das duas cidades, referidas anteriormente, seguindo os mtodos de representao grfica, ainda que se utilize para isso o processo gerativo7, permite uma melhor visualizao dos dados contidos no qua-dro, conforme se observa nos grficos 1 e 2.

    No primeiro contato visual com o grfico, o leitor capaz de interpretar o conjunto dos dados, pelo impacto visual produzido. Os dados que antes com-punham um espectro de abstraes no ensino, tomam uma forma que facilita a visualizao instantnea do conjunto de dados.

    A visualizao de tais dados, pode ainda ser potencializada quando se amplia as estratgias de sua representao. um exemplo, quando as variveis so analisadas separadamente, conforme o grfico de comparao da variao da temperatura das duas cidades analisadas.

    Grfico 1 - Climograma da Cidade de Manaus - AM

    Fonte: Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria, 1992.

    7. Ao processo gerativo se est designando o software Excel para a gerao dos grficos, embora essa no ocorra sem os comandos do redator grfico (construtor das representaes), podendo-se deixar os grficos com forma-tos diversos segundo o impacto visual que se queira produzir.

  • 46 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Grfico 2 - Climograma da Cidade de bag - Rs

    Fonte: Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria, 1992.

    Grfico 3 - Grfico da temperatura mdia de Manaus - AM e bag - Rs

    Fonte: Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria, 1992.

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 47

    No Grfico 3, uma rpida observao das linhas correspondentes tem-peratura de cada localidade, suficiente se notar a diferena de temperatura existente entre as duas localidades, sem exigir maiores esforos de anlise ou de operaes mentais.

    Tomando como suporte tais exemplos, torna-se possvel afirmar que a representao grfica dos fenmenos expressos anteriormente em dados num-ricos como os do quadro (Quadro 1) constitui uma importante estratgia para o ensino, no s de climatologia, mas em todas as reas do conhecimento cient-fico. sem dvida, um suporte que no pode ser negligenciado pelo docente na sua prtica de ensino. Nesses termos, a partir da visualizao das informaes sob a forma de grfico, aquilo que at ento era conhecimento abstrato, destitudo de um referencial tmporo-espacial, torna-se visvel, passvel de apreenso.

    Fialho (2007) traz interessante trabalho que busca refletir sobre novas possibilidades de ensino de climatologia na formao de professores. sua preo-cupao decorre, assim como os motivos que desencadearam o estudo em tela, da necessidade de contribuir com o ensino de clima visando superar os dilemas em torno das dificuldades de aprendizagem dessa disciplina, frente importncia desse conhecimento como instrumento de aprendizagem de fenmenos presen-tes no cotidiano dos acadmicos, que podem ser aprendidos atravs da obser-vao, como uma das tcnicas do ensino especfico. suas reflexes confirmam a necessidade de reiterao das bases da aprendizagem como estratgia no encami-nhamento dos processos cognitivos na prtica docente.

    desse modo, algumas consideraes sobre o processo pedaggico na edu-cao superior so trazidas nesse percurso, pela necessidade de interveno me-diacional visando alcanar uma aprendizagem que qualifique a eficincia desse processo, especialmente como subsdio ao ensino e aprendizagem de climato-logia, conforme o Quadro 2.

    Quadro 2 - Atos mediacionais e expectativas cognitivas no ensino/aprendizagem supe-rior de climatologia

    Atos mediacionais (docentes) Expectativas cognitivas (discentes)

    intencionalidade docente permanente no processo pedaggico de ensino

    Atitude de reciprocidade quando da exposio aos estmulos cognitivos, com respostas aos processos de pensamento na explicao das dinmicas atmosfricas.

    (Continua)

  • 48 | ANAIS - VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia

    Atos mediacionais (docentes) Expectativas cognitivas (discentes)

    Construo e mediao dos significados dos contedos na aula como interveno cognitiva

    Aumento das interaes dialgicas com consequente potencializao da capacidade de linguagem para explicitar fenmenos climticos.

    Orientao para a transcendncia dos conhecimentos com estmulos explcitos

    Ampliao do potencial cognitivo como reflexo da aprendizagem significativa, com aplicao dos conhecimentos adquiridos a diversas situaes que envolvem os conhecimentos do clima.

    Fonte: Organizado pelos autores com base em elementos da Teoria da Experincia da Aprendizagem Mediada (EAM), em Feuerstein & Feuerstein (1991) e em Kozulin (2000).

    Kozulin (2000) destaca a importncia de instrumentos psicolgicos como recursos simblicos, a exemplo dos meios grfico-simblicos que auxiliam no domnio das funes psicolgicas da percepo, memria e ateno, dentre ou-tras. Ainda, segundo esse autor, tais instrumentos so elementos essenciais quan-to ao aspecto cognitivo para o ensino, uma vez que os mesmos engendram novas funes psicolgicas com origem sociocultural, de natureza supraindividual.

    sua apropriao, entretanto, precisa ser mediada, na medida, que so recursos culturais, cuja apropriao depender de atividades de aprendiza-gem especiais, por no constiturem instrumentos familiares dos sujeitos da aprendizagem.

    por isso, no ensino sobre clima, o desenvolvimento das aulas precisa am-pliar as possibilidades da aprendizagem, sobretudo quando h dificuldades ex-plcitas de aprendizagem.

    Assim, a mediao da aprendizagem comparece como um poderoso passo para desenvolver a atividade intelectual no caminho da aprendizagem signifi-cativa, quanto ao uso da visualizao do fenmeno sob a forma grfica. veja-se alguns indicadores para o ensino de climatologia:

    a) A utilizao da cartografia na construo das estratgias de mediao passa pelo conhecimento das regras semiolgicas bsicas pelo docente como forma de estabelecer exemplificaes eficientes diante do poder explicativo dos contedos pelas representaes grficas;

    b) A enunciao da mensagem para a explicao do contedo sobre cli-ma, e a mediao da aprendizagem precisa da insero de grficos, co-locando-se questes no ensino como procedimento que acompanhe os objetivos e a organizao da aula de climatologia. desse modo, as per-

  • VII Frum NEPEG de Formao de Professores de Geografia - ANAIS | 49

    guntas bsicas: O qu, Onde? Quando? devem frequentemente apa-recer na explicao dos processos, das dinmicas, e, por fim, preciso inserir no processo de ensino os significados dos fenmenos climato-lgicos e sua importncia na formao de professores para a Educao bsica. Tal importncia ser percebida pela suficiente compreenso dos contedos referentes, quando o repertrio do docente estiver de acordo com as necessidades da aprendizagem significativa dos acad-micos que seguiro para a sala de aula a ensinar geografia num certo nvel de compreenso dos fenmenos atmosfricos em conformidade com o currculo bsico pertinente.

    Nisso se v a importncia de se considerar dentro dos propsitos da sufi-ciente aprendizagem sobre climatologia ao Ensino bsico, as questes que per-passam a formao do professor de Geografia, visto que, a formao superior estabelece parmetros para se pensar tambm a aprendizagem significativa dos contedos pelos alunos do Ensino Fundamental e Mdio.

    Referncias

    bAKhTiN, M. Os Gneros do discurso. _____. Esttica da Criao Verbal. so paulo: Martins Fontes, 2010. p. 261-306.

    FiALhO, E. s. prticas do ensino de climatologia atravs da observao sensvel gora, santa Cruz do sul, v. 13, n. 1, p. 105-123, jan./jun. 2007. disponvel em